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Tubarão
2022
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Tubarão
2022
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que sem ele nada seria possível, que me deu forças e me manteve com fé em
momentos difíceis em minha vida, que me iluminou e me abençoou até este momento.
A meu pai Silvio, a minha mãe Maria Aparecida, a minha madrasta Viviane, a minha
irmã Renata, pelo amor e incentivo incondicionais.
Ao meu professor orientador Josias, por aceitar meu convite de orientação, de
disponibilizar seu tempo e auxiliar sempre que lhe comunico sobre as dúvidas advindas do
trabalho.
Ao Senhor MM Juiz Guilherme Mattei Borsói da 1ª Vara Criminal da Comarca de
Tubarão/SC, pelo acolhimento do pedido de vista dos processos julgados, permitindo acesso a
todos os setores vinculantes ao objetivo deste trabalho acadêmico.
Aos professores em especial que compõe a banca examinadora para este Trabalho de
Curso em Direito e Orientação Individual.
A todos os professores do curso de Direito da Unisul de Tubarão/SC, que me
lecionaram ao longo da trajetória deste curso, ajudando a me tornar o indivíduo, profissional e
aluno que sou hoje.
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RESUMO
ABSTRACT
OBJECTIVE: The general objective of the present academic work is to analyze the intentional
crimes against life in the last 5 (five) years committed and judged by the 1st Criminal Court of
the District of Tubarão/SC, more specifically to the crimes of intentional homicide and
femicides, discussing its elements, characteristics and analysis of concrete cases. METHOD:
The method used is exploratory; as for its approach, it is qualitative and quantitative; in
relation to the depth of the study, it is considered exploratory; on data procedures,
bibliographic and documentary research was used, based on legal doctrines, jurisprudence and
scientific articles, as well as analysis of the investigated cases. RESULTS: The present study
reached the conclusion that from the processes sentenced in the first instance, one can have a
view as to the motivation of the individuals of the crimes committed by them, verifying if the
reasons that led to consummate such an act were a preponderant factor or not for conviction,
acquittal, increase or decrease of sentence. Presenting its characteristics inserted in the
Brazilian penal code, as well as lecturing on the history of the jury court and its sentencing
council, its composition, analyzing the dosimetry of the penalty and its three-phase system. In
addition to dissecting the observed crimes demonstrating their qualifications, mitigating and
aggravating, as well as their doctrinal structures. Resulting in that: the preponderant
motivation for the crimes of homicide were for clumsy reasons with 40.70% of the crimes
observed, which are related to drug trafficking, then those with futile motivation, which
corresponds to 33.33% of the intentional crimes, and for Finally, those related to privileged
homicides motivated by violent emotion, corresponding to 14.81% of the cases. On the other
hand, femicides: motivation resulting from the condition of the female sex in romantic
relationships that were broken, corresponding to 100% of the cases analyzed. Concluding that
motivation alone is not a factor for the penalty, but respecting the elements belonging to the
sentence with emphasis on articles 59 and 68 of the Penal Code.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
1.1 OBJETO ............................................................................................................................. 12
1.1.1 Tema ............................................................................................................................... 12
1.1.2 Descrição da situação problema ................................................................................... 12
1.1.3 Formulação do problema .............................................................................................. 13
1.1.4 Hipótese .......................................................................................................................... 13
1.1.5 Definição dos conceitos operacionais ........................................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
1.3.1 Geral ............................................................................................................................... 15
1.3.2 Específicos ...................................................................................................................... 16
2 TRIBUNAL DO JÚRI: SURGIMENTO, ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OS
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA ............................................................................ 17
2.1 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELO TRIBUNAL DO JÚRI E A POSSIBILIDADE
DE RECURSO.......................................................................................................................... 18
3 DA MOTIVAÇÃO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA............................... 20
3.1 A MOTIVAÇÃO NAS QUALIFICADORAS E AGRAVANTES DA PENA ................... 23
3.2 MODALIDADE DOLOSA VERSUS MODALIDADE CULPOSA ................................. 25
3.3 DA MOTIVAÇÃO DOS HOMICÍDIOS DOLOSOS E SUA MODALIDADE SIMPLES 26
3.3.1 Da motivação do homicídio privilegiado ..................................................................... 30
3.3.2 Do motivo de relevante valor social versus valor moral ............................................ 32
3.3.3 Do motivo fútil versus motivo torpe............................................................................. 33
3.4 FEMINICÍDIO: ORIGEM HISTÓRICA, RELEVÂNCIA E ALTERAÇÃO PENAL ...... 34
3.4.1 Razões dos crimes de feminicídio ................................................................................. 36
3.4.2 Violência doméstica e familiar contra a mulher ......................................................... 36
3.4.3 Menosprezo à condição de mulher ............................................................................... 37
4 DA ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DOS
CRIMES JULGADOS PELO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE TUBARÃO
NO PERÍODO ENTRE JANEIRO/2017 A DEZEMBRO/2021. ....................................... 38
4.1 DOS CRIMES DE HOMICÍDIO DOLOSO E FEMINICÍDIO .......................................... 38
4.1.1 Características predominante da motivação dos homicídios dolosos.............................. 38
4.1.2 Característica predominante da motivação dos feminicídios .......................................... 40
10
1 INTRODUÇÃO
Os crimes dolosos contra a vida possuem características elementos próprios, seja por
sua tipificação penal ou a forma que tais crimes serão julgados perante o Poder Judiciário,
bem como perante a sociedade. Considerando inúmeros critérios que surgem a partir da ação
ilícita cometida pelo homicida na consumação ou tentativa de seu ato delituoso, havendo
neste estudo ênfase na consciência e a vontade do agente e consequentemente sua motivação.
Neste sentido, estudo dos casos observados torna-se crucial para que seja possível traçar um
perfil predominante das motivações que geraram a conduta delituosa, bem como suas
consequências jurídicas. Diante deste cenário, deve-se ainda verificar nas decisões judiciais a
figura da motivação como elemento crucial para a condenação ou absolvição do agente, tendo
em vista, que foi aprofundado casos concretos os quais as circunstâncias em que o sujeito
homicida está inserido foi crucial para a causa-efeito da decisão. Tendo em vista a
importância da motivação como elemento que auxilia na tipificação da conduta considerada
criminosa, não apenas como um elemento a mais a ser analisada em um caso atípico, mas
também demonstra o cenário e o contexto social o qual o indivíduo está inserido. Isto porque,
esta tipificação penal impede ao autor de ter a possibilidade futura de sua reparação, como
será abordado, em suma são crimes dos quais atentam ao valor cultural da sociedade,
valorando o que conhecemos de vida. Pelo fato deste grupo de indivíduos terem violado tais
regras de convívio social e tal fundamento de valor moral, conhecendo seus motivos,
podemos partir do delito que cometeram também o fator determinante que os fizeram
transgredir preceitos morais em algum momento de suas vidas. Ressalta-se ainda, que não
podemos analisar os referidos casos, sem antes inserirmos o atual contexto socioeconômico
do Brasil, destacando-se neste estudo o cenário dos municípios que abrange a Comarca de
Tubarão/SC (Tubarão e Pedras Grandes). Não raro, chegarmos a uma semelhança nos casos
investigados, seja uma relação os quais estes agentes são economicamente desfavorecidos ou
inseridos em um cenário de desemprego e condições desiguais de distribuição de renda. Desta
forma, estudar os crimes dolosos contra a vida julgados na Comarca de Tubarão/SC, durante o
período de janeiro/2017 a dezembro/2021, poderá presente estudo determinar, com
levantamento dos dados, traçar paralelos aos casos e determinar se a motivação trouxe
consequências jurídicas a suas ações.
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1.1 OBJETO
1.1.1 Tema
Este dever jurisdicional estatal ramifica-se de diversas maneiras, sendo uma delas o
Direito Penal que possui elementos exclusivos dos demais, sendo para Nucci (2016, p. 53):
“O ramo mais rígido do Direito, prevendo-se as mais graves sanções viáveis para o ser
humano, como é o caso da privação da liberdade”.
Neste sentido, dentre os elementos inseridos no ramo penal, destaca-se a figura e
conceituação de crime, presente na Lei de Introdução do Código Penal em seu artigo
inaugural apresentando sua definição como “infração penal que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativamente ou cumulativamente com pena de
multa” (BRASIL, 1941).
No que se referem aos crimes dolosos contra a vida, estes possuem peculiaridades,
seja por sua gravidade, seja pelo modo em que o ordenamento jurídico lhe introduz, pois
consiste em crimes graves os quais geram repulsa social, devido ao fato de visarem a
destruição do bem jurídico tutelado mais bem protegido, a vida humana.
Interessa notar, desta tipificação penal, o elemento motivador torna-se peça
fundamental para sua análise, tendo em vista constituir em variáveis formas e circunstâncias
que levam o indivíduo a consumação desta conduta criminosa, destaca Capez (2013, p. 490-
491): “São precedentes psicológicos propulsores da conduta. (...). Caso o motivo configure
qualificadora, agravante ou atenuante genérica, causa de aumento ou de diminuição, não
13
1.1.4 Hipótese
14
A motivação é fator subjetivo da condenação, porém ela por si só, não pode ser fator
unilateral para uma decisão condenatória, e sim todos os elementos que compõe a conduta do
homicida para julgamento pelo Tribunal do Juri, sendo elemento qualificador e subjetivo, não
sendo exclusivo para aumento da pena, diminuição ou absolvição do acusado estando
condicionado ao caso concreto.
Crimes dolosos contra a vida: aqueles os quais são de competência do Tribunal do Júri
para julgamento, para fins desta pesquisa, serão analisados homicídios dolosos e feminicídios
(art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “d” da Constituição Federal (BRASIL, 1988); art. 121, do
Código Penal (BRASIL, 1941) e Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015 (BRASIL, 2015)).
Motivação dos crimes dolosos contra a vida: para fins desta pesquisa, considerar-se-á
como análise da motivação dos crimes, as circunstâncias do crime, o perfil dos autores e das
vítimas, bem como se o fato motivador foi “torpe”, “motivo fútil”, “violência emoção” aos
homicídios dolosos, quanto aos feminicídio considera-se motivos “em razão do menosprezo à
condição da mulher” e “violência doméstica e familiar contra a mulher” observando-se tais
condições se houve aumento, diminuição ou absolvição do acusado julgada pelo Tribunal do
Júri.
1.2 JUSTIFICATIVA
O presente estudo visa analisar os crimes dolosos contra a vida nos últimos 5 (cinco)
anos cometidos e julgados na Comarca de Tubarão/SC. Trata-se da investigação qualitativa e
quantitativa dos processos judiciais julgados pela Vara do Tribunal do Júri desta Comarca, no
período entre 2017 e 2021.
A importância do tema se dá pela própria tipificação dos crimes analisados, aqueles os
quais revestem de reprovação social, infringindo o direito constitucional à vida, previsto no
artigo 5º, caput da Constituição Federal (BRASIL, 1988), bem como a direitos humanos
outorgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em seu artigo 3º, o qual o país é
signatário (Declaração de Direitos Humanos, 1948).
Diante do estudo destes crimes, terá ênfase à motivação do indivíduo para a prática de
tal ato, classificando-as de acordo com a doutrina, bem como analisado se este é fator
motivador é preponderante ou não para a condenação, absolvição, aumento ou diminuição da
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pena.
Compreende-se que o fator motivacional possui relevância para a condenação “[...]
não há dúvidas de que, de acordo com a motivação que levou o agente a delinquir, sua
conduta poderá ser bem mais ou bem menos reprovável. O motivo constitui a origem
propulsora da vontade criminosa” (SCHMITT, 2013, p. 133).
Desta maneira, traçar um perfil motivacional do indivíduo, possibilitando traçar
paralelo deste agente às condições socioeconômicas e as circunstâncias que o levaram a
prática do crime, também identificando semelhanças e paralelos dos casos julgados pelo
Tribunal do Júri.
Neste sentido, pode-se verificar a contribuição social para os municípios de
Tubarão/SC e Pedras Grandes/SC que abrangem a Comarca de Tubarão/SC, os quais poderão
trazer um panorama geral dos crimes praticados contra a vida em sua municipalidade e ainda
contribuir para práticas públicas de prevenção e até mesmo amparo a determinados grupos
sociais vulneráveis.
Embora estejam inseridos ambos os municípios na unidade federativa de Santa
Catarina, a qual possuiu uma das menores taxas de homicídios do país, com base no índice de
homicídios divulgados pelo IPEA – Atlas da Violência “Em 2018, entre as UFs com menores
taxas de homicídio, tínhamos São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais [...]” (IPEA, 2020),
tais condutas ainda são presentes, mesmo em níveis baixos comparados a média nacional.
Portanto, o tema analisado versa sobre assunto de grande relevância jurídica e social,
de valores da ética e moralidade, bem como analisar os processos judiciais transitados em
julgado, visando inovar no estudo destes casos.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
1.3.2 Específicos
(...) o Tribunal do Júri surge como uma forma de participação popular no Judiciário,
tendo tomado corpo a partir de reações ao absolutismo e à concentração do poder
nas mãos de poucos, como na figura de um monarca ou mesmo das oligarquias, o
que impedia a participação das demais estratos da sociedade na tomada de decisões.
(PARANÁ, 2021)
Em terras brasileiras surge com o advento do decreto outorgado pelo então Príncipe
Regente, Dom Pedro I em 18 de junho de 1822, difere-se dos ideais, antes expostos, uma vez
que a concentração de poder foi fruto da formulação do júri no país, tendo como objetivo em
sua primeira aparição como um instrumento de repressão contra a imprensa da época,
conforme Almeida (1999, p. 23) esclarece: “Príncipe regente, de acordo com o seu Conselho
de Estado, instituiu o Júri no Brasil, mas com competência limitada para conhecer da
criminalidade dos escritos abusivos”.
Mais tarde, em 1824, com o advento da primeira constituição do Brasil, surge como
um ramo do Poder Judiciário tanto para área cível e penal, conforme preceitua seus artigos
151 e 152:
Ao longo dos anos foi sendo aperfeiçoada a figura do júri popular, desvinculando-se
de um elemento estrutural do Poder Judiciário e configurando-se como um direito e garantia
individual. Com o advento da Constituição de 1988 trouxe-se ao júri o status de cláusula
pétrea, não podendo deste modo ser renunciado.
O procedimento de julgamento dos crimes contra a vida se difere dos demais crimes
inseridos na legislação penal brasileira, havendo a relevância e a opinião da sociedade, como
critério primordial para julgamento.
Surge a figura do “juiz leigo” aos crimes contra a vida, que nada mais são do que os
cidadãos escolhidos através de sorteio a fazerem parte de sua composição, havendo critérios,
princípios e procedimentos que devem ser resguardados para o prosseguimento do
julgamento, tanto para a composição do júri, mas também para o decurso do processo que
serão abordados ao longo deste trabalho monográfico.
A competência mínima que cabe ao júri popular, trata-se das modalidades tentadas e
consumadas, rechaçando as modalidades culposas e privilegiadas, como será esclarecido
posteriormente, sua composição é formada por um juiz togado e vinte e cinco cidadãos
maiores de 18 anos, que necessitam ter um caráter idôneo ante a sociedade.
Deve-se ressaltar, que há divergências quanto a competência data ao júri,
especificamente quando se trata dos crimes dolosos contra a vida, com ênfase aos que estão
inclusos no rol taxativo inserido nos artigos 121 a 127 do Código Penal, bem como sua
modalidade tentada e relação a outros crimes, ou seja, conexos.
Através da Lei n. 11.698 de 2008 trouxe procedimentos especiais para os crimes
julgados, constituindo duas fases de julgamento que se diferem (NUCCI, 2008, p. 46).
A primeira fase tem como objetivo analisar a existência ou não do ato criminoso pelo
juízo togado responsável por presidir o julgamento, constatando a autoria do acusado ou
havendo elementos que possam identificar sua participação na conduta criminosa,
caracterizando-se sua culpabilidade, pronuncia o caso e remete ao Tribunal do Júri para a
próxima fase do processo.
Em caso de impronúncia, ou seja, não identificado os elementos supramencionados, há
absolvição sumária ou desclassificação do crime praticado conforme artigos 413 a 421 do
Código de Processo Penal.
19
Diante do cenário da importância dos crimes dolosos contra a vida em âmbito social,
possui elementos e características próprias na condução e processamento de seu julgamento
com visto anteriormente, isto porque visa a lesão contra o bem mais bem resguardado das
garantias e direitos fundamentais: a vida humana extrauterina.
Sobre tais crimes tem-se a ciência do agente em consumir ou tentar a conduta (dolo),
transferindo a tipificação penal uma gravidade em sua punição, há neste caso um agravamento
na pena, se comparada a condutas meramente culposas, não intencionais, pelo fato de sua
ação ou omissão ser um fator determinante como será abordado.
Dentre os elementos caracterizam-se como uma conduta dolosa a instantaneidade, a
qual consiste que seja realizada de momento, não sendo aceita na legislação brasileira o dolo
realizado de forma anterior ou posterior.
Com base no princípio da potencialidade lesiva, há a necessidade de que o delito seja
praticado tendo influência no resultado que se espera. Em contrapartida, caso o ato seja
totalmente incapaz de êxito, ocorrerá um crime impossível, o qual seja isento de punibilidade,
conforme previsão no artigo 17 do Código Penal:
A partir de tais substratos, cabe destacar que com a adoção da Teoria Finalista do
crime, a “Voluntariedade”, ou seja, a vontade do agente, passou a integra a “Conduta”, que
por sua vez integra o próprio “Fato Típico”.
Há ainda, duas importantes modalidades de dolo sendo elas o “Dolo Direto” e o “Dolo
Eventual” descritos no artigo 18, I, supracitado. O primeiro há uma consciência em relação a
ao delito por parte do agente (elemento cognitivo) e uma vontade da ocorrência da prática
criminosa (volitivo), neste caso a necessidade da ocorrência de ambas para sua configuração.
Quanto ao “Dolo Eventual” este necessita que o agente tenha noção do risco de sua
conduta, porém agindo com conformismo tendo consciência do resultado que eventualmente
possa ser praticado.
Descrevendo sobre o assunto temos Cunha (2015, p. 191-192):
491): “São precedentes psicológicos propulsores da conduta. (...). Caso o motivo configure
qualificadora, agravante ou atenuante genérica, causa de aumento ou de diminuição, não
poderá ser considerado como circunstância judicial”.
Para Cunha (2014, p. 383), a motivação só corresponderá ao “porquê” da infração
penal, quando não integrar a própria tipificação do delito, evitando-se assim o bis in idem, da
conduta.
Seu julgamento leva em consideração inúmeros critérios que surgem juntamente com
indivíduo que cometeu o ato delituoso, sendo eles: sua consciência e vontade. Portanto,
identificar e analisar os casos em tela, torna-se crucial para que seja possível traçar um perfil
predominante das motivações que geraram a conduta.
Salienta-se também, que as motivações dos crimes dolosos contra a vida possui um elo
entre Direito Penal e o estudo da Criminologia, ciência esta que visa, identificar a conduta
criminosa e o criminoso, buscando entender suas razões, elaboração de seu perfil e traçar as
características do criminoso.
Tal ciência visa identificar quais métodos preventivos serão mais eficazes buscando
evitar a reincidência do ato criminoso, entendendo a motivação, forma e o agir do indivíduo.
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) (grifou- se) (BRASIL, 1941)
Desta maneira as circunstância judicial são aplicadas nos casos em que em que a pena-
base tenha sido superior ao mínimo legal, ocorrendo este fato, há uma diminuição da pena,
sendo utilizada sempre a favor do acusado e nunca desfavorável como forma de agravamento
no cálculo em caso de condenação.
Cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código;
em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último,
as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) (BRASIL, 1941).
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação
dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou
de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada. (BRASIL, 1941)
Tais hipóteses elevam o cálculo da dosimetria da pena, caso haja sua incidência,
diferem-se das qualificadoras, por estarem previstas no Código Penal aplicando-se nos mais
variados crimes, dos quais a legislação estabelecer. Porém, neste caso, são preponderantes a
utilização das qualificadoras às agravantes, pois está a primeira inserida na tipificação penal
do crime, ou seja, depende do crime para que esta seja aplicada.
A modalidade culposa, não se enquadra aos crimes a serem julgados pelo Tribunal do
Júri, isto porque é fruto de uma negligência, imprudência ou imperícia, fatores que excluem o
elemento motivador e voluntário da conduta, não havendo uma motivação que seja oriunda de
uma vontade a consumação do ato, esta tipicidade é julgada pelo procedimento comum da
Ação Penal, sendo analisado pelo juízo singular que decidirá sobre o caso concreto.
No que se refere aos crimes dolosos contra a vida, estes possuem peculiaridades, seja
por sua gravida, seja pelo modo em que o ordenamento jurídico lhe introduz, pois consiste em
crimes graves os quais geram repulsa social, devido ao fato de visarem a destruição do bem
jurídico tutelado mais bem protegido.
Neste sentido, a ciência do agente em consumir ou tentar a conduta, transfere a
tipificação penal uma gravidade em sua punição, havendo assim um agravamento na pena, se
comparada a condutas meramente culposas, não intencionais, tal fato se dá também, pela
composição de quem o julgará, cabendo ao júri popular (representante da sociedade), em
decidir pela condenação ou absolvição do acusado, como os demais elementos constituídos
em um julgamento.
Verifica-se, por exemplo, a diferença das penas em casos de homicídio simples doloso
(pena – reclusão, de seis a vinte anos), para a modalidade simples culposa (pena – detenção,
26
de um a três anos).
Não apenas o tempo de condenação se altera, mas também a forma a qual o indivíduo
iniciará seu cumprimento de pena (pena de detenção: poderá ser cumprido em regime
semiaberto ou aberto; pena de reclusão: regime inicial obrigatoriamente fechado).
Previsto no Código Penal em seu artigo 121, possui esta tipificação penal
peculiaridades e elementos que o fazem ser único e estarem inseridos em um escopo de
crimes dos quais possuem penas e procedimentos especiais. O referido artigo possui a redação
seguinte:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo
de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime
for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante
ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I,
II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela
Lei nº 13.771, de 2018). (BRASIL, 1941)
Sobre esta tipificação trata Nucci (2018, p. 78) “é a supressão da vida de um ser
humano causada por outro. Constituindo a vida o bem mais precioso que o homem possui,
trata- se de um dos mais graves crimes existentes nas legislações penais”.
Visa, portanto, cercear a vida humana extrauterina, podendo ser caracterizado como
um crime simples doutrinariamente, pois o bem jurídico a ser protegido e tutelado desta
tipicidade penal é único. Além do mais, torna-se comum, na medida que é praticado por
qualquer pessoa, ao contrário dos crimes os quais são caracterizados como próprios, como por
exemplo o crime de aborto que exige que o agente seja alguém específico para a conduta
(artigo 126, Código Penal), no caso a genitora.
Há também uma consumação instantânea em seu ato (exclua-se a forma tentada),
28
sendo necessário a confirmação da morte por meio de laudo de exame necroscópico assinado
por legista constatando a ausência de atividade encefálica da vítima (Lei nº 9.434/97, artigo
3º).
Ainda conforme Nucci (2018) a vida do ser humano tornou-se o primeiro bem jurídico
tutelado na história da sociedade, antes dos demais, tratando-se do ponto de vista cronológico,
tendo que ser estudado além da conduta propriamente dita, mas também as motivações que
levam o indivíduo a desestabilizar a vida em coletividade, conhecer profundamente os
defeitos e imperfeições da personalidade.
Na modalidade dolosa torna-se mais evidente este desvio de conduta social,
evidenciado pelo homicida estar em uma condição racional e coesa com suas próprias razões,
mesmo sendo elas contrárias ao que a sociedade visa como ações positivas e cobertas de
moralidade.
A expressa vontade e consciência humana, caracteriza-se como elemento para o
homicídio doloso, mas ressalta Bitencourt (2012, p. 117): “Na verdade, não basta que essa
“consciência” seja potencial, como ocorre na culpabilidade, mas, tratando-se do elemento
intelectual do dolo, deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da ação, quando ela
está sendo realizada”.
Agindo de forma consciente a prática do homicídio doloso, difere-se dos casos os
quais o indivíduo possui uma incapacidade total ou que não haja autodeterminação em suas
ações, apesar de agir de forma dolosa, ainda é uma conduta cometida por uma irregularidade
mental.
De forma majoritária é compreendido pela doutrina que o crime doloso não é baseado
de forma exclusiva na intenção, mas sim principalmente no que se refere a consciência e
vontade de realizar a conduta, fazendo-se necessário saber o que faz e querer realizar o ato
(MARTINELLI; BEM, 2018).
Não basta configurar a vontade e o querer do agente, também deve-se verificar que o
indivíduo não se desvinculou em momento algum para evitar o resultado desejado, seja neste
caso o homicídio pretendido, agindo por uma decisão do homicida: “O conceito de decisão,
como todos os conceitos jurídicos, não deve ser valorado com mero fenômeno psicológico,
mas sim conforme parâmetros 9 normativos; estamos diante, portanto, e como ele mesmo
reconhece, de um normativismo volitivo” (ROXIN, 1964, p. 449 apud VIANA, 2017, p. 139).
Destarte, Roxin (1964 apud VIANA, 2017) disserta que a escolha é fundamental para
o resultado, fruto de uma decisão tomada pelo agente que possui discernimento de seus atos
vindo a praticá-los ou deixa de praticá-los em prol de um resultado aparente, no qual seja
29
Inúmeras podem ser as causas de ceifar a vida humana pelo indivíduo e quando se
trata da circunstância com dolo no homicídio simples, pode-se entender, que há nesta razões e
consequências que levam a cometer tal crime.
Advento disso, por se tratar de crime comum, ou seja, praticado por qualquer pessoa,
não havendo uma qualificação do agente tipicamente prevista na legislação penal,
distanciando daquelas dos quais há previsão de agravamento da pena, como o homicídio
qualificado, por exemplo.
Infinitas podem ser também a figura do sujeito passivo da conduta desde que esteja
vivo, afastando-se novamente daquelas tipificações exclusivas que a legislação estabelece,
como o feminicídio, por exemplo, anteriormente mencionado.
Cumpre esclarecer a inserção de uma conduta dolosa a qual se assume o risco na
produção do resultado morte, podendo ser do dolo direto propriamente dito, mas também de
30
No dolo eventual, o agente prevê o resultado como provável ou, ao menos, como
possível, mas, apesar de prevê-lo, age aceitando o risco de produzi-lo, demonstrando
indiferença em relação a ele. A consciência e a vontade, que representam a essência
do dolo, também devem estar presentes no dolo eventual.
A conduta doloso do homicídio, traz consigo sua punição prevista, porém necessitou o
legislador de outras circunstâncias e qualificadoras para preencherem condutas praticadas em
determinados casos e ações específicas, preenchendo lacunas como as agravantes, atenuantes,
qualificadoras e causas de absolvição para uma melhor aplicabilidade nos casos concretos.
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
31
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta)
anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II- o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato
injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
(BRASIL, 1941)
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779) (BRASIL, 1941)
Sobre o tema, pode-se diferenciar que a legítima defesa é promovida através de uma
ação coberta de licitude, ou seja, responde a injusta agressão dentro da legalidade. Fator este,
não se observa na conduta privilegiada, que agindo com razões próprias, o indivíduo recorre a
ilicitude da conduta, com meios e circunstâncias que eventualmente poderiam ser evitados.
Há também de se mencionar sua modalidade qualificadora, neste sentido, torna-se
indispensável que as qualificadoras da conduta delituosa, sejam de natureza objetiva.
Embora o homicídio privilegiado seja de natureza subjetiva do agente (motivação),
ocorre duas exceções das quais a qualificadora torna-se objetiva, sendo elas: por meio cruel e
meio insidioso.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
- por motivo futil;
- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; (grifou-se) (BRASIL, 1941)
Entende-se como meio insidioso uma conduta ardilosa do agente, empregando veneno
e sendo camuflada sua ação. Quanto ao meio cruel, gera um sofrimento a vítima, um
homicídio agônico, podendo ser, emprego de fogo, veneno, tortura e asfixia, resultando em
um sofrimento atroz (NUCCI, 2016, p. 603).
mas, sim, o interesse de uma coletividade. Nesse caso, ao contrário do gozo dos
prazeres da infração, o agente se coloca na posição de sacrifício, eis que sofrerá as
sanções da pena sem desfrutar de eventuais benefícios do ilícito, que restarão para a
comunidade que ele quis beneficiar
Por outro lado, distingue-se da motivação moral, sendo esta defensora da moralidade
de um grupo de indivíduos ou dele propriamente dito, um interesse íntimo do qual o
particular age por suas próprias razões das quais foram lesadas, Nucci (2019, p. 94): “No
caso do relevante valor moral, o interesse em questão leva em conta sentimento de ordem
pessoal. Ex.: agressão (ou morte) desfechada pelo pai contra o estuprador da filha”.
Observa-se que em ambos os casos o agente age no intuito de acreditar estar fazendo
um ato justificável, mesmo o Estado ser o detentor do caráter punitivo, este resguarda a
diminuição da pena nas modalidades supramencionadas, sendo a infringência da lei penal uma
conduta ilícita, porém revestida de relevância, seja social ou moral.
Portanto, traz como consequência jurídica a diminuição da pena, podendo o juiz
reduzir de um 1/6 a um 1/3, conforme preceitua artigo 121, § 1º do Código Penal.
qual a uma repulsa pela coletividade, de um ato desprezível, vexatório, de repulsa moral. Esta
qualificadora prevê como uma de suas hipóteses o homicídio praticado mediante paga ou
promessa de recompensa, sobre o tema tratam Gueiros e Japiassíu (2018, p. 580): “Nesses
termos, matar por dinheiro – o chamado crime mercenário ou assassinato – é homicídio torpe
por excelência. Isso porque, em tais circunstâncias, o agente não tem motivos para querer a
morte da vítima, matando-a apenas em função de vantagem pessoal”.
Há neste caso, uma motivação, diferente do motivo fútil, mesmo que esta seja por
razões pouco louváveis de se ter, exemplificada pela própria legislação penal, no que se
referente ao pagamento ou promessa para execução de uma assassinato mandado.
Por se tratar de duas modalidade de homicídio qualificado, a futilidade e o motivo
torpe do crime estão previstos nos parâmetros fixados no art. 121, § 2º, incisos I e II, do CP,
com um agravamento da pena, podendo esta ser de reclusão de doze a trinta anos.
Advindo de ser uma espécie de homicídio, não se torna pouco importante sua análise
35
nos casos apresentados, o crime de feminicídio possui sua relevância e merece seu estudo de
caso. A condição de vulnerabilidade da vítima, destacou-se com o advento da legislação penal
vigente, porém deve-se conter e destacar sua motivação, conforme será abordado.
Este trabalho enfatizar esta tipificação penal, faz com que se analise também as razões
e motivações que levam o indivíduo a praticar tal conduta delituosa em um ambiente mais
próximo a realidade regional do estudo acadêmico.
Segundo o Bueno (2021): “Apenas entre março de 2020, mês que marca o início da
pandemia de covid-19 no país, e dezembro de 2021, último mês de dados disponíveis, foram
2.451 feminicídios”.
A inclusão desta nova legislação trouxe ao Brasil, a recepção desta tipificação penal
em concordância aos tratados e convenções internacionais de direitos humanos o qual o país é
signatário, havendo sua inclusão anuência também as garantias e direitos fundamentais
previstos no artigo 5ª na Constituição Federal.
Com o advento de sua tipificação penal explicita na legislação penal, ganhou ênfase o
feminicídio como o ato de assinar alguém por seu gênero “mulher”, anteriormente de sua
vigência, enquadrava-se a uma conduta ao crime genérico de homicídio prevista no artigo 121
do Código Penal na expressão “matar alguém”, sobre o tema Nucci (2016, p. 605):
Nesta tipificação penal, deixou-se de se focar nas motivações que levaram o conjugue,
companheiro ou homem a utilizar-se do assassinato consumado ou tentado, passando a ótica
na proteção da condição do sexo feminino como um todo, excluindo como homicídio
qualificado por motivo torpe, fútil, ou em razão da dificuldade de defesa da vítima.
Fato este também punível nas relações homoafetivas, decorrendo de ato de uma
mulher assassinar a outra em razão da disparidade de força entre elas, adotando-se também a
condição típica de feminicídio.
Além disso, embora a pena seja a mesma do homicídio qualificado (reclusão de doze a
trinta anos) a criação de tipificação própria trouxe ao feminicídio precisão no rol taxativo de
crimes hediondos puníveis no Brasil, crimes os quais possuem natureza de extrema gravidade
36
na legislação penal vigente e com características próprias tratadas neste trabalho acadêmico.
Inserido de forma taxativa no rol apresentado do artigo 121, § 2º, VI do Código Penal,
o feminicídio decorre da motivação “por razões da condição de sexo feminino”, ganhou-se
destaque e abrangeu todo um gênero o qual a séculos sofreu perseguição e discriminação.
Tal condição está prevista nas hipóteses dos incisos I e II do artigo supramencionado
“violência doméstica e familiar; e menosprezo ou discriminação à condição da mulher.
Diferente das demais modalidades motivadoras, o feminicídio possuí um caráter
simplificativo e subjetivo, havendo de se tratar de uma alteração relativamente recente na
legislação penal, o que se observa é a grande quantidade de casos que ainda ocorrem nos
últimos anos, afirma Biachini (2016, p. 14):
Entre os 364 processos analisados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo
no estudo Raio-X do Feminicídio, 240 tratavam de feminicídio íntimo, ou seja,
cometido por namorado, marido ou ex. A principal motivação para o crime é o
inconformismo com a separação (45%), seguida de ciúmes/posse/machismo (30%).
(INSTITUTO PATRÍCIA GALVÃO, 2018)
Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. (BRASIL, 2006)
Com essas informações, podemos concluir que se pode ter uma violência ocorrida
no âmbito doméstico que envolva, inclusive, uma relação familiar (violência do
marido contra a mulher dentro do lar do casal, por exemplo), mas que não configure
uma violência doméstica e familiar por razões da condição de sexo feminino (Ex.
marido que mata a mulher por questões vinculadas ao consumo de drogas).
acadêmico que grande parte dos crimes dolosos cometidos foram em bairros periféricos e em
regiões das quais o poder público carece de amparo a qualidade de vida daqueles que lá
residem.
Tal fator, constata-se ao analisar que a maioria dos crimes dolosos foram realizados
em condutas decorrentes do tráfico de drogas, conflito entre organizações criminosas
(facções) ou de indivíduos que já pertencem a determinados grupos e possuem antecedentes
criminais neste contexto o qual está inserido.
A localidade onde ocorreram os crimes, demonstra uma reincidências nos locais
denominados popularmente de “Área Verde” e “Beco da Valdete”, onde a questão do tráfico
de drogas ramificou-se a outras formas de delitos, sendo nestes caso, homicídios, com
destaque aqueles oriundos da utilização de arma de fogo, fator decorrente entre conflitos deste
meio.
Quanto as motivações propriamente ditas pode-se classificá-las como: motivo torpe,
fútil, privilegiado (violenta emoção), das mais variadas formas e meios encontrados, havendo
prevalência e destaque naqueles o qual o júri considerou motivo torpe como razão para
condenação do acusado de homicídio correspondendo a 40,70% dos casos analisados.
As razões decorrentes de motivação fútil corresponderam a 33,33% dos casos, sendo
que foram aquelas com as mais variáveis circunstâncias, seja por circunstâncias decorrentes
de discussão de relacionamento amoroso (não enquadradas como feminicídio), desavenças de
brigas de trânsito, conflito em unidade prisional, que ocasionaram no cerceamento da vida.
Isto porque o destempero do homicida na prática do crime é instantâneo, podendo ocorrer
dada a falta de limite em suas ações.
Fruto das motivações ocasionadas por violenta emoção corresponderam a 14,81% dos
homicídios, constata-se uma predominância aquelas vindas de relacionamentos amorosos.
Neste caso, o fator discussão e rompimento da relação conduz o agente a praticar o ato
decorrente de uma injusta agressão da vítima, ocasionadas em situações os quais os
indivíduos de forma imediata e instantânea praticam o crime, não havendo contextualização
que corroborasse para um contexto mais amplo. Assim, as razões por trás destes assassinatos
foram em sua maioria questões relacionadas a discussões calorosas em suas circunstâncias
diversas, desde briga em festa, desavença de moradores em situação de rua e indivíduos
usuários de drogas.
Neste sentido, no julgamento em plenária houve por parte da defesa uma insistência
em utilizar-se da questão do homicídio privilegiado, como causa da atitude homicida, visto
que, neste caso sua condenação reduz a pena, se comparada aos casos de motivação fútil ou
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acontecer, em casos os quais o indivíduo já possua um histórico violento e uma ficha criminal
com antecedentes ou reincidência na prática delituosa.
condenações pela mesma motivação com penas mais brandas, destacando-se estas, de
individuos inseridos a facções criminosas que em uma relação conflituosa, seja por dívida,
desavenças dentro da organização, ou disputa de ponto de drogas, que acabou corroborando a
causa mortis.
Aqueles relacionados a motivos fúteis possuiram penas que variam entre o mínimo de
quinze e máximo de vinte anos de reclusão, observando que a média aritimética da pena
cuminou também em dezesseis anos de reclusão, apesar de sua menor valoração se
comparadas aos de motivação torpe.
Quanto aos homicídios privilegiados, sendo estes exclusivos de violenta emoção,
possuiram penas mínimas de dois anos e máximas de dezoito anos de reclusão, sendo a média
aritimética das penas nestes casos de oito anos reclusão.
Como parâmetro exemplificativo, também é se destacar aqueles em que na fase
inaugural estavam inseridos a uma motivação condenatória, que ao seu julgamento o júri
absolve o acusado por outros elementos apresentados, configurando em muitos casos o
entendimento pelo júri de homicídios culposos e legítima defesa.
Sobre os crimes de feminicídio, seguem a linha da motivação em razão as condições
do sexo feminino aqueles com pena-base fixada entre doze anos e trinta anos reclusão,
obtendo como média aritimética destes casos a pena de vinte e um anos de reclusão. Contexto
da violência doméstica trazida também é um fator que evidencia a condenação ao seu grau
máximo, porém está condicionada a sua tipificação penal que depende da dosimetria penal.
Muito embora esteja previsto no rol dos crimes de homicídio previstos no artigo 121
do Código Penal, foi possível ao analisar os processos julgados pelo tribunal do júri, a
importância trazida pela Lei 13.104/15 e seus efeitos na condenação do acusado, visto que,
trouxe a questão da violência contra a mulher um rol taxativo dentre aqueles previstos nos
crimes hediondos julgados pelo tribunal do júri e uma maior serenidade aos casos
apresentados.
Pode-se então frisar que o legislador ao trazer a taxatividade do homicídio decorrente
de feminicídio, traz ao júri popular a visão da sociedade possui em relação a este tipo de
crime, havendo de ser uma questão de relevante valor social, refletindo a necessidade que o
legislador obteve na criação da norma, bem como amparado aos tratados e convenções de
direitos humanos o qual o Brasil é signatário.
Quando de seus crimes, em sua maioria, houve a aplicação máxima prevista a norma,
podendo ser observado casos em que houve condenação a pena máxima prevista que é trinta
anos de reclusão.
43
Isto porque, como dito anteriormente, não se pode basear a condenação bom base
exclusivamente em um único elemento, seja ele a motivação ou outro parâmetro apresentado.
Dito isso, a motivação tem seu papel crucial e está interligada a culpabilidade do
acusado com seu aspecto subjetivo, mas não se pode haver como um elemento empoderado
aos demais que devem ser observados pelo magistrado ao fixar a pena do acusado.
44
5 CONCLUSÃO
violenta emoção ou até mesmo relacionado a um valor moral, resultando em uma ação que em
condições normais o agente não cometeria, neste caso sua condenação poderá ser reduzida de
1/6 a 1/3 dependendo das circunstâncias do crime, bem como a utilização do rol taxativo
previsto no artigo 65 do Código Penal das suas atenuantes.
A compreensão da diferença entre o homicídio privilegiado e a legitima defesa
prevista no artigo 25 do Código Penal, havendo de ser a primeira fruto de uma conduta ilícita
e a segunda uma conduta lícita moderada.
Houve a necessidade de explicar a divisão entre uma conduta de motivo relevante
social e sua diferença em relação a uma de valor moral, sendo a primeira relacionada um
interesse comunitário e coletivo e a segunda decorrente de um interesse próprio do agente.
Por fim, a motivação fútil e a motivação torpe, não confundindo suas conceituações,
sendo a primeira fruto de uma ação sem motivos aparentes que justificassem tal ato e a
segunda surge de uma conduta reprovável e intolerável perante a sociedade, que traz repulsa.
Cumpre salientar sobre o crime de feminicídio, sua origem histórica, relevância e
alteração na legislação penal vigente, previsto no artigo 121, § 2º, VI do Código Penal através
da lei 13.104/15 que normatizou a questão do homicídio decorrente da condição do sexo
feminino e deste pode-se extrair duas razões previstas: violência doméstica e familiar contra a
mulher e menosprezo a condição do sexo feminino.
Como dito, o legislador procurou dissecar a conduta do agente, em vários elementos
que rodeiam o crime e com base neles estabelecer os parâmetros para fixação de decisão, seja
ela condenatória ou de absolvição,
Portanto, a motivação preponderante aos crimes de homicídio foram: motivo torpe,
correspondendo a 40,70% dos casos, com penas que variam entre dezoito a trinta anos de
reclusão, com média aritimética de dezesseis anos e relação com organizações criminosas,
com ênfase no tráfico de drogas; feminicídio: motivação resultante do menozprezo a condição
do sexo feminino, correspondendo a 100% dos casos desta tipificação analisados, com penas
que variam entre doze a trinta anos de reclusão, com média aritimética correspondente a vinte
um anos de reclusão, frutos de desavenças de relacionamento, bem como de seu rompimento.
Entretanto, entender as razões da conduta dos crimes hediondos aqui apresentados foi
além da observação jurisdicional e processual, levando a questão ao patamar social que traz o
Direito como instrumento de análise comportamental dos indivíduos a margem da sociedade.
Haja vista, que em sua grande maioria, os crimes foram cometidos em regiões
periféricas, em bairros popularmente conhecidos pelo histórico de insegurança, dos quais
carecem de atenção do poder público ao acesso aos indivíduos principalmente no que se
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REFERÊNCIAS
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qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para
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doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça - STJ. (Quinta Turma). Habeas corpus impetrado em
substituição ao recurso previsto no ordenamento jurídico. 1. Não cabimento. Modificação de
entendimento jurisprudencial. Restrição do remédio constitucional. Exame excepcional que
visa privilegiar a ampla defesa e o devido processo legal. 2. Homicídio na direção de veículo
automotor. Dolo eventual. Decisão de pronúncia. Excesso de linguagem. Desclassificação
realizada pelo tribunal de origem. Restabelecimento pelo STJ. Idoneidade da decisão de
pronúncia não aferida pela corte a quo. Supressão de instância. Análise, ainda que superficial,
já realizada por esta corte. Duplo empecilho ao exame do tema. 3. Dosimetria da pena.
Circunstâncias judiciais valoradas de forma equivocada. Conceito analítico de crime,
elemento subjetivo do tipo e aspectos próprios do tipo penal. Inviabilidade de valoração na
dosimetria, sob pena de bis idem. 4. Comportamento da vítima. Impossibilidade de
consideração em desfavor do paciente. 5. Incidência da agravante do art. 61, ii, "h", do cp.
Condição especial da vítima - idosa. Inviabilidade. Condição que não ingressou na esfera de
conhecimento do paciente. Responsabilidade penal objetiva. Não admissão no ordenamento
jurídico pátrio. 6. Concurso formal de crimes. Fração de aumento. Quantidade de crimes. 7.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para redimensionar a pena. Relator:
Ministro Marco Aurélio Bellizze. Impetrante: Bruno Rodrigues. Impetrado: Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais. Paciente: Ademar Pessoa Cardoso. Data do Julgamento:
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