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PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de
Trânsito Brasileiro
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
Fábio Roque e Flávia Araújo
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Lei n. 9.503/1997 - Crimes no Código de Trânsito Brasileiro..................................................................5
1. Disposições Gerais dos Crimes de Trânsito. .................................................................................................5
1.1. Aplicação Subsidiária do CP, CPP e da Lei 9.099/95, no que Couber (art. 291, Caput
do CTB)....................................................................................................................................................................................5
1.2. Ação Penal nos Crimes de Trânsito...............................................................................................................6
1.3. Fixação da Pena-Base nos Crimes de Trânsito (Art. 291, §4º).......................................................6
1.4. Suspensão ou Proibição do Direito de Dirigir (Art. 292 a 296 do CTB)....................................7
1.5. Circunstâncias Agravantes dos Crimes de Trânsito (Art. 298).....................................................9
1.6. Prisão em Flagrante e Fiança (Art. 301 Do CTB)................................................................................. 10
2. Crimes de Trânsito em Espécie (Art. 302 a 312-B).. .............................................................................. 10
a) Homicídio Culposo (Art. 302).. .............................................................................................................................11
b) Lesão Corporal Culposa (Art. 303 do CTB)................................................................................................19
c) Crime de Omissão de Socorro (Art. 304 do CTB).................................................................................... 24
d) Fuga do Local do Acidente (Art. 305 do CTB). .........................................................................................26
e) Embriaguez ao Volante (Art. 306 do CTB).................................................................................................27
f) Violação da Suspensão ou Proibição ao Direito de Dirigir (Art. 307 do CTB)........................31
g) Participação não Autorizada em Competições Automobilísticas ou em Exibições de
Manobras em Veículo Automotor (Art. 308 do CTB).................................................................................34
h) Dirigir sem Habilitação (Art. 309 do CTB).................................................................................................37
i) Entregar a Direção de Veículo Automotor à Pessoa não Habilitada, com Habilitação
Cassada, com o Direito de Dirigir Suspenso ou que não Esteja em Condições de
Conduzir o Veículo com Segurança (Art. 310). ...............................................................................................39
j) Trafegar com Velocidade Incompatível à Segurança de Determinados Locais (Art.
311 do CTB).........................................................................................................................................................................40
k) Inovação Artificiosa (Art. 312 do CTB). .........................................................................................................41
3. Substituição da Pena Privativa de Liberdade pela Pena Restritiva de Direitos (Arts.
312-A e 312-B do CTB).. ...............................................................................................................................................42
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Resumo................................................................................................................................................................................44
Mapas mentais................................................................................................................................................................47
Questões de Concurso.................................................................................................................................................51
Gabarito............................................................................................................................................................................... 69
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................70
Referências......................................................................................................................................................................120
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Apresentação
Olá, futuro(a) concursado(a)!
Nós e toda a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de concurso e criando questões inéditas para que você consiga
fixar todo o conteúdo estudado!
As referências bibliográficas estarão presentes ao final da aula. Assim, você terá um su-
porte caso queira um aprofundamento sobre os temas.
Traremos, também, jurisprudência atualizada, pois, sabemos que não basta saber a legis-
lação ou as considerações doutrinárias sobre Legislação Penal Especial, sendo imprescindí-
vel o estudo das compreensões dos tribunais.
Aqui, nesta aula iremos estudar sobre os Crimes previstos no Código de Trânsito Brasilei-
ro (Lei 9.503/98). Iremos tratar sobre suas disposições normativas e os principais posiciona-
mentos doutrinários e jurisprudenciais sobre o tema.
Esperamos que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: ma-
terial obrigatório! Então, fica ligado no curso GRAN. Estamos esperando as dúvidas no Fó-
rum do aluno!
Vamos começar?
Flávia Araújo
Advogada, professora,
Mestra em Políticas Sociais e Cidadania (Ucsal).
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Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, apli-
cam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não
dispuser de modo diverso, bem como a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
De acordo com este artigo, as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo
Penal serão aplicadas subsidiariamente aos crimes de trânsito. Em regra, havendo conflito
aparente entre estas normas, deve-se respeitar as disposições do CTB, em razão do princípio
da especialidade.
Os crimes de trânsito cuja lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, serão
considerados “infrações penais de menor potencial ofensivo”, submetendo-se, assim, às re-
gras previstas na Lei 9.099/95. Nestes casos, ao tomar conhecimento do crime, a Autoridade
Policial deverá lavrar termo circunstanciado de ocorrência (e não inquérito policial), e será
possível a aplicação de institutos despenalizadores como a composição civil dos danos e a
transação penal.
Lembre-se que, quando preenchidos os demais requisitos previstos no art. 89 da Lei
9.099/95, a suspensão condicional do processo poderá ser aplicável aos crimes em que a
pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano, independentemente de tratar-se, ou
não, de infração penal de menor potencial ofensivo.
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§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição
ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente;
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
Portanto, nas hipóteses descritas no art. 291, §1º, a lesão corporal culposa no trânsito:
a) Não será submetida à composição civil dos danos (prevista no art. 74 da Lei 9.099/94),
b) Não será submetida à transação penal (prevista no art. 76 da Lei 9.099/95),
c) O crime praticado será de Ação Penal Pública Incondicionada (não sendo aplicável a
disposição do art. 88 da Lei 9.099/95)
d) A investigação será realizada por meio da instauração de inquérito policial (e não por
meio da lavratura de Termo Circunstanciado), como prevê o art. 291, §2º do CTB.
Resumindo...
• Em regra, os crimes previstos no CTB são de Ação Penal Pública Incondicionada.
• Exceção: O crime de lesão corporal culposa (previsto no art. 303 do CTB) é de ação pe-
nal pública condicionada à representação, por força do art. 88 da Lei 9.099/94.
• Exceção da exceção: Nos casos previstos no art. 291, §1º do CTB, o crime de lesão cor-
poral culposa será de ação penal pública incondicionada.
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§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às
circunstâncias e consequências do crime.
Sabemos que, na primeira fase da dosimetria da pena, o juiz irá fixar a pena-base após
a análise das oito circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal, que são: a)
culpabilidade; b) antecedentes; c) conduta social; d) personalidade do agente, e) motivos do
crime; f) circunstâncias do crime e g) consequências do crime.
Todas as circunstâncias judiciais, previstas no art. 59 do CP, devem ser analisadas na
dosimetria da pena-base dor crime de trânsito. Porém, o art. 291, §4º do CTB prevê que o juiz
deverá dar especial atenção a três delas:
1) Culpabilidade do agente
2) Circunstâncias do crime
3) Consequências do crime
Como penalidade, esta restrição ao direito de dirigir poderá ser imposta tanto em proces-
so administrativo (como suspensão), quanto por decisão judicial, em processo penal.
O art. 292 do CTB prevê que esta pena pode ser imposta isolada ou cumulativamente
com outras penalidades, devendo ter prazo de duração de 2 (dois) meses a 5 (cinco) anos
(art. 293).
Perceba que, no processo penal, a “suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor” não terá, necessariamente, o mesmo prazo que a
pena de privação de liberdade!!
Este prazo da pena de “suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilita-
ção para dirigir veículo automotor” não se inicia enquanto o sentenciado estiver recolhido em
estabelecimento penal. Desta forma, o art. 293, §2º estabelece que:
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Veremos, em breve, que o art. 307 tipifica a conduta de violar a decisão que impõe a pe-
nalidade de “suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor”.
De acordo com o STJ, o crime previsto neste artigo só se configura quando a restrição
ao direito de dirigir tiver sido imposta por meio de decisão judicial, em processo penal sobre
crime de trânsito. A conduta será atípica caso a violação seja à decisão administrativa (STJ
– Informativo 641).
O art. 293, §1º estabelece que, no processo penal, “Transitada em julgado a sentença con-
denatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a
Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação”.
Incorre em crime, o condenado que não entregar a Permissão para Dirigir ou a Carteira
de Habilitação, no prazo de 48 horas após o trânsito em julgado (art. 307, parágrafo úni-
co do CTB).
O art. 296 estabelece que “Se o réu for reincidente na prática de crime de trânsito, o juiz
aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automo-
tor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis”. Perceba que a reincidência específica
gera a pena de “suspensão” não de “proibição”!
Há casos, porém, que o tipo penal incriminador prevê a cumulação obrigatória da pena
privativa de liberdade com a pena de “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor”, independentemente da reincidência do agente,
como é o caso dos crimes previstos nos arts. 302, 303, 306, 307 e 308 do CTB.
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia
da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada,
a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua
obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
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d) Legitimados:
d.1) A requerimento do MP
d.2) mediante Representação da Autoridade Policial
e) Recurso cabível contra a decisão que decretar ou indeferir o requerimento do MP – Re-
curso em Sentido Estrito
Obs.: O Pacote Anticrime alterou o art. 282, §2º do CPP, retirando a possibilidade de o magis-
trado decretar medidas cautelares de ofício. O art. 294 do CTB deve ser interpretado
com base nesta alteração. Assim, o juiz não poderá decretar, de ofício a medida cau-
telar de “suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou
a proibição de sua obtenção”.
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Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
Lembre-se que as infrações penais de menor potencial ofensivo, em regra, não admitem
prisão em flagrante, e nem exigem fiança, quando, após a lavratura do termo circunstancia-
do, o agente for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer (art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95).
Portanto, a prisão em flagrante não será aplicada aos crimes do CTB em que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos (exceto quando o agente não assumir o compro-
misso de comparecer ao juizado).
O crime de lesão corporal culposa no trânsito, por exemplo, constitui infração penal de
menor potencial ofensivo, não sendo admitida a prisão em flagrante (exceto nas hipóteses
previstas no art. 291, §1º do CTB).
Por outro lado, o crime de homicídio culposo (302 do CTB) não se submete às regras pre-
vistas na Lei 9.099/95 logo, nestes casos, seria cabível a prisão em flagrante.
Contudo, o art. 301 do CTB estabelece que não se imporá prisão em flagrante, e nem se
exigirá fiança, ao condutor que prestar pronto e integral socorro à vítima.
Portanto, nos crimes de trânsito, a prisão em flagrante e a fiança (quando admitidas), não
serão aplicadas, quando:
a) Se tratar de crime culposo com vítima e
b) o condutor prestar pronto e integral socorro à esta
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Os crimes de homicídio culposo (art. 302) e lesão corporal culposa (art. 303) constituem
crime de dano, ou seja, para a consumação destes delitos é necessária a ocorrência de efe-
tiva lesão ao bem jurídico penalmente protegido. As demais infrações penais previstas no
CTB, configuram crimes de perigo, que, por sua vez, se dividem em crime de perigo abstrato
ou concreto.
Os crimes de perigo não exigem a efetiva produção de um resultado danoso para que haja
sua consumação. Nestas hipóteses, a consumação do delito ocorre com a mera exposição do
bem jurídico à perigo de lesão. Como sabemos, os crimes de perigo podem ser divididos em
perigo concreto ou perigo abstrato.
Os crimes de perigo concreto não exigem a produção de resultado danoso (não são cri-
mes de dano), mas exigem a demonstração de que a conduta praticada pelo agente, expôs o
bem jurídico a risco (perigo) de lesão. Já nos crimes de perigo abstrato, não é necessário a
demonstração de que a conduta praticada expôs o bem jurídico à risco. Ou seja, nos crimes
de perigo abstrato, uma vez realizada a conduta, a exposição do bem jurídico à perigo de le-
são já é presumida pela lei.
Vamos analisar os tipos penais previstos nesta norma?
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JURISPRUDÊNCIA
É inepta a denúncia que imputa a prática de homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 da Lei 9.503/1997) sem descrever, de forma clara e precisa, a con-
duta negligente, imperita ou imprudente que teria gerado o resultado morte, sendo
insuficiente a simples menção de que o suposto autor estava na direção do veículo no
momento do acidente. (STJ - HC 305.194-PB, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
11/11/2014, DJe 1º/12/2014).
Por ser crime culposo, o homicídio previsto no art. 302 do CTB não admite tentativa!!
Por estarmos diante de um crime culposo, será cabível a aplicação do perdão judicial, no
caso previsto no art. 121, §5º do CP, que assim dispõe:
Art. 121, §5º do CP. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária.
Assim, é possível o perdão judicial, diante da existência de um vínculo prévio entre o agen-
te e a vítima, de modo que a consequência do crime torna a aplicação da pena desnecessária
ou, até mesmo, exacerbada. É o que ocorre, por exemplo, quando a vítima do homicídio cul-
poso é mãe do agente.
Ainda em relação ao perdão judicial, o STJ entende que, em caso de concurso formal em
homicídio culposo causado na direção de veículo automotor, os efeitos do perdão judicial
concedido em razão da morte de uma das vítimas não se estendem à outra, se não ficar com-
provado a existência de liame subjetivo desta com o autor do fato.
Vamos exemplificar este entendimento...
Imagine que um sujeito estava dirigindo veículo automotor levando a mãe e uma amiga da
mãe como caronas e, por imprudência, acaba capotando o carro, causando a morte das duas
passageiras. Neste caso, este agente responderá, em concurso formal, pelo crime de homicí-
dio culposo previsto no art. 302 do CTB, né?
Pois bem, de acordo com o STJ, o perdão judicial concedido em razão da morte da mãe,
não gera a extensão dos seus efeitos para o homicídio culposo praticado contra a outra víti-
ma, se não ficar comprovado a existência de vínculo subjetivo prévio entre esta e o infrator.
JURISPRUDÊNCIA
O fato de os delitos haverem sido cometidos em concurso formal não autoriza a exten-
são dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou com-
provado, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima
fatal (STJ - REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, jul-
gado em 1/6/2017, DJe 9/6/2017. Informativo 606).
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JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. CRIME DE TRÂNSITO. HOMICÍDIO CULPOSO. VIOLAÇÃO AO ART.
296 DA LEI 9.503/97. INEXISTÊNCIA. A sanção penal estabelecida no art. 302 do Código
de Trânsito Brasileiro, de suspender ou proibir a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor, deve ser aplicada conjuntamente com a pena corporal, não sendo
necessário a reincidência do Réu. Inaplicabilidade do art. 296 da Lei 9.503/97. Recurso
não conhecido (STJ – Resp 556.928. Rel. Min. Laurita Vaz. Quinta Turma. Julgado em
17/08/2004. Dje 13/09/2004).
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nal condenado por homicídio culposo no trânsito. De acordo com a Corte, esta penalidade é
coerente com o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI) e respeita o princípio
da proporcionalidade.
JURISPRUDÊNCIA
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR. MOTORISTA PROFISSIONAL. SUSPENSÃO DE HABILITAÇÃO PARA DIRI-
GIR. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O recorrido, motorista profissional, foi condenado, em
razão da prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor, à pena de alter-
nativa de pagamento de prestação pecuniária de três salários-mínimos, bem como à
pena de suspensão da habilitação para dirigir, prevista no art. 302 do Código de Trânsito
Brasileiro, pelo prazo de dois anos e oito meses. 2. A norma é perfeitamente compatí-
vel com a Constituição. É legítimo suspender a habilitação de qualquer motorista que
tenha sido condenado por homicídio culposo na direção de veículo. Com maior razão, a
suspensão deve ser aplicada ao motorista profissional, que maneja o veículo com habi-
tualidade e, assim, produz risco ainda mais elevado para os demais motoristas e pedes-
tres. 3. Em primeiro lugar, inexiste direito absoluto ao exercício de atividade profissio-
nais (CF, art. 5º, XIII). É razoável e legítima a restrição imposta pelo legislador, visando
proteger bens jurídicos relevantes de terceiros, como a vida e a integridade física. 4. Em
segundo lugar, a medida é coerente com o princípio da individualização da pena (CF,
art. 5º, XLVI). A suspensão do direito de dirigir do condenado por homicídio culposo na
direção de veículo automotor é um dos melhores exemplos de pena adequada ao delito,
já que, mais do que punir o autor da infração, previne eficazmente o cometimento de
outros delitos da mesma espécie. 5. Em terceiro lugar, a medida respeita o princípio
da proporcionalidade. A suspensão do direito de dirigir não impossibilita o motorista
profissional de auferir recursos para sobreviver, já que ele pode extrair seu sustento de
qualquer outra atividade econômica. 6. Mais grave é a sanção principal, a pena privativa
de liberdade, que obsta completamente as atividades laborais do condenado. In casu,
e com acerto, substituiu-se a pena corporal por prestação pecuniária. Porém, de todo
modo, se a Constituição autoriza o legislador a privar o indivíduo de sua liberdade e,
consequentemente, de sua atividade laboral, em razão do cometimento de crime, certa-
mente também autoriza a pena menos gravosa de suspensão da habilitação para dirigir.
7. Recurso extraordinário provido. 8. Fixação da seguinte tese: É constitucional a impo-
sição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista
profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. STF – RE 607107/MG, Rel.
Min. Roberto Barroso, Plenário, julgado em 12/2/2020, Dje 14/04/2020. Repercussão
Geral – tema 486. Informativo 966).
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JURISPRUDÊNCIA
Em homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB), ainda que
realizada composição civil entre o autor do crime e a família da vítima, é inaplicável o
arrependimento posterior (art. 16 do CP). O STJ possui entendimento de que, para que
seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal,
faz-se necessário que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais
(HC 47.922-PR, Quinta Turma, DJ 10/12/2007; e REsp 1.242.294-PR, Sexta Turma, DJe
3/2/2015). Na hipótese em análise, a tutela penal abrange o bem jurídico, o direito fun-
damental mais importante do ordenamento jurídico, a vida, que, uma vez ceifada, jamais
poderá ser restituída, reparada. Não se pode, assim, falar que o delito do art. 302 do CTB
é um crime patrimonial ou de efeito patrimonial. Além disso, não se pode reconhecer o
arrependimento posterior pela impossibilidade de reparação do dano cometido contra o
bem jurídico vida e, por conseguinte, pela impossibilidade de aproveitamento pela vítima
da composição financeira entre a agente e a sua família. Sendo assim, inviável o reco-
nhecimento do arrependimento posterior na hipótese de homicídio culposo na direção
de veículo automotor. (STJ - REsp 1.561.276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 28/6/2016, DJe 15/9/2016. Informativo 590)
O art. 302, §1º do CTB estabelece que a pena por homicídio culposo será aumentada, de
1/3 até a metade, se o agente:
1) Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
2) Praticar o crime em faixa de pedestres ou na calçada;
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3) Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente
4) No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
Em relação à primeira causa de aumento de pena (aplicável se o agente não possuir Per-
missão para Dirigir ou Carteira de Habilitação), o STJ entende que sua incidência não é apli-
cável quando o agente estiver com a carteira de habilitação vencida.
Em outras palavras, “O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo auto-
motor estar com a CNH vencida não justifica a aplicação da causa especial de aumento de
pena descrita no § 1º, I, do art. 302 do CTB”. (STJ - HC 226.128-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 7/4/2016, DJe 20/4/2016 – Informativo 581).
Em relação à segunda majorante (aplicável se o agente praticar o homicídio culposo em
faixa de pedestres ou na calçada), o STJ entende que “A causa de aumento prevista no art. 302,
§ 1º, II, do Código de Trânsito Brasileiro não exige que o agente esteja trafegando na calçada,
sendo suficiente que o ilícito ocorra nesse local.” (STJ - AgRg nos EDcl no REsp 1.499.912-
SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 05/03/2020, DJe
23/03/2020. Informativo 668).
Lembre-se que a incidência desta causa de aumento de pena (prevista no art. 302, §1º,
II), afasta a possibilidade de aplicação da agravante estabelecida no art. 298, VII, sob pena de
haver bis in idem.
A quarta majorante do crime de homicídio culposo no trânsito, está prevista no art. 302,
§1º, IV, sendo aplicável se o agente, “no exercício de sua profissão ou atividade, estiver con-
duzindo veículo de transporte de passageiros”. Esta causa de aumento de pena é aplicada
ao motorista profissional que, no exercício de sua profissão ou atividade, venha a cometer
homicídio culposo.
De acordo com o STJ, para a aplicação desta majorante, não é necessário que o agente
esteja transpostanto passageiros no momento da ocorrência do crime (basta que ele esteja,
no exercício de sua profissão ou atividade, conduzindo o veículo destinado ao transporte de
passageiros).
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO CULPOSO COMETIDO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. CAUSA DE AUMENTO PENA DO ART. 302, PARÁ-
GRAFO ÚNICO, IV, DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE
PASSAGEIROS NO INTERIOR DO VEÍCULO QUANDO DA COLISÃO FATAL. IRRELEVÂN-
CIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A majorante do art. 302, parágrafo único, inciso
IV, do Código de Trânsito Brasileiro, exige que se trate de motorista profissional, que
esteja no exercício de seu mister e conduzindo veículo de transporte de passageiros,
mas não refere à necessidade de estar transportando clientes no momento da colisão
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e não distingue entre veículos de grande ou pequeno porte.2. Recurso especial provido.
(STJ – Resp 13.58214/ RS. Rel. Min. Campos Marques. Julgado em 09/04/2013. Dje
15/04/2013).
Lembre-se que a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 302, §1º, IV,
afasta a possibilidade de aplicação da agravante estabelecida no art. 298, V, sob pena de ha-
ver bis in idem.
O art. 302, §3º do CTB traz a hipótese de homicídio culposo qualificado, que ocorre quan-
do “o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra subs-
tância psicoativa que determine dependência”.
Pena – aplicada ao homicídio culposo qualificado: reclusão, de cinco a oito anos, e sus-
pensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
Como a pena privativa de liberdade máxima é superior a 4 (quatro) anos, a fiança não po-
derá ser concedida pela autoridade policial, em razão da vedação prevista no art. 322 do CPP.
No homicídio culposo qualificado, não será possível a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, em razão da vedação prevista no art. 312-B, acrescido ao
CTB por meio da Lei 14.071/20.
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JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DA LEI N. 9.503⁄1997) E
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO (ART. 302 DA LEI N. 9.503⁄1997). PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO. INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. (...)
2. O crime de embriaguez (art. 306 da Lei n. 9.503⁄1997) ao volante é antefato impunível
do crime de homicídio culposo no trânsito (art. 302 da Lei n. 9.503⁄1997), porquanto a
conduta antecedente está de tal forma vinculada à subsequente que não há como sepa-
rar sua avaliação (ambos integram o mesmo conteúdo de injusto). Precedentes.
3. Recurso especial provido, a fim de que seja o réu absolvido do crime descrito no art.
306 da Lei n. 9.503⁄1997. (STJ – Resp 1481023/DF. Rel. Min Rogério Schietti Cruz. Sexta
Turma. Julgado em 05/05/2015. Dje 08/05/2015).
JURISPRUDÊNCIA
(...) 5. É possível, em crimes de homicídio na direção de veículo automotor, o reconheci-
mento do dolo eventual na conduta do autor, desde que se justifique tal excepcional con-
clusão a partir de circunstâncias fáticas que, subjacentes ao comportamento delitivo, indi-
quem haver o agente previsto e anuído ao resultado morte. 6. A embriaguez do agente
condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades que ultrapassem a vio-
lação do dever de cuidado objetivo, inerente ao tipo culposo, não pode servir de premissa
bastante para a afirmação do dolo eventual. Conquanto tal circunstância contribua para a
análise do elemento anímico que move o agente, não se ajusta ao melhor direito presumir o
consentimento do agente com o resultado danoso apenas porque, sem outra peculiaridade
excedente ao seu agir ilícito, estaria sob efeito de bebida alcoólica ao colidir seu veículo
contra o automóvel conduzido pela vítima. (...). (REsp 1689173/SC, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 21/11/2017, DJe 26/03/2018. Informativo 623).
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Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
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O art. 303 do CTB tipifica o crime de lesão corporal culposa praticada na direção de veí-
culo automotor.
Como vimos, a lesão corporal culposa na direção de veículo automotor constitui crime de
dano, exigindo a efetiva lesão ao bem jurídico.
O art. 303 prevê que este crime será realizado, necessariamente, na direção de veículo
automotor, que por sua vez, está definido no Anexo I do CTB
Perceba que o Código de Trânsito não regula sobre lesão corporal dolosa. Desta forma,
caso o agente utilize o veículo automotor com a intenção deliberada de causar lesão corporal
em alguém, responderá pelo crime previsto no art. 129 do Código Penal.
A lesão corporal culposa, na direção de veículo automotor, poderá ocorrer nas modalida-
des “culpa consciente” ou “culpa inconsciente”. Sua concretização ocorre em razão da quebra
do dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia, como prevê o art.
18, II do CP.
Por ser crime culposo, a lesão corporal prevista no art. 303 do CTB, não admite tentativa.
Quanto ao sujeito ativo: O condutor do veículo automotor.
Quanto ao sujeito passivo: Qualquer pessoa poderá ser vítima deste crime.
Quanto ao elemento subjetivo: Culpa consciente ou inconsciente. Como vimos, o CTB só
tipifica a lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor em razão de negli-
gência, imprudência ou imperícia do agente.
Quanto a pena (da lesão corporal simples): detenção, de seis meses a dois anos e sus-
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Antes de mais nada, perceba que, na lesão corporal culposa, a sanção de “suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor” deverá ser
aplicada de forma cumulativa à pena privativa de liberdade, independentemente de o réu ser,
ou não, reincidente (assim como ocorre com o homicídio culposo).
Como a pena máxima, prevista na lei, não é superior a 2 anos, estamos diante de uma
infração penal de menor potencial ofensivo. Logo, em regra, o crime de lesão corporal, reali-
zada no trânsito, será submetido ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados
Especiais, sendo possível a aplicação da composição civil dos danos e da transação penal,
previstos, respectivamente, nos art. 74 e 76 da Lei 9.099/95.
Em regra, o crime de lesão corporal culposa é de ação penal pública condicionada à re-
presentação do ofendido, em razão da previsão do art. 88 da Lei 9.099/95, que assim dispõe:
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Art. 291, §1º. Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74,
76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição
ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente;
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
Por estar submetido à Lei 9.099/95, quando a autoridade policial tomar conhecimento da
ocorrência da lesão corporal culposa, deverá lavrará termo circunstanciado. Entretanto, nas
hipóteses descritas no art. 291, §1º do CTB, o crime será investigado por meio da instauração
de inquérito policial.
A doutrina aponta que, nos casos previstos no art. 291, §1º, a lesão corporal não consti-
tuirá crime de menor potencial ofensivo. Por esta razão, não será cabível a aplicação dos arts.
74, 76 e 88 da Lei 9.099/95 nestas hipóteses.
É importante lembrarmos, porém, que o art. 89 da Lei 9.099/95 não exige que o crime seja
de menor potencial ofensivo para que haja a aplicação da suspensão condicional do processo.
Portanto, no crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, admite-se
a suspensão condicional do processo, independentemente da incidência das hipóteses des-
critas no art. 291, §1º, já que, neste caso, a pena mínima cominada no art. 303 do CTB não
ultrapassa um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei 9.099/95).
No crime de lesão corporal culposa simples, será possível a substituição da pena privativa
de liberdade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos
no art. 44 do CP.
É interessante observarmos, ainda, que a pena prevista no art. 303 do CTB (detenção, de
seis meses a dois anos), é mais grave do que aquela prevista no art. 129 do Código Penal (de-
tenção, de três meses a um ano.).
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O art. 303, §1º do CTB estabelece que “Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se
ocorrer qualquer das hipóteses do § 1º do art. 302.”
Portanto, as causas de aumento de pena do crime de lesão corporal culposa na direção
de veículo automotor são as mesmas previstas para o crime de homicídio culposo, previsto
no art. 302 do CTB.
A pena de lesão corporal culposa será aumentada, de 1/3 até a metade, se o agente:
1) Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
2) Praticar o crime em faixa de pedestres ou na calçada;
3) Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente
4) No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
O art. 309 do CTB tipifica a conduta de “Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a
devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, geran-
do perigo de dano:”. A partir desta previsão, surge a seguinte pergunta: haverá concurso de
crimes se o agente, ao dirigir o veículo sem ter carteira de habilitação, vier a provocar lesão
corporal em alguém?
De acordo com o STJ, nesta hipótese, o crime de lesão corporal culposa absorverá o crime
de direção sem habilitação, sendo aplicável o princípio da consunção. Assim, o agente res-
ponderá pelo crime de lesão corporal culposa com aplicação da causa de aumento de pena
prevista no art. 302, §1º, I.
JURISPRUDÊNCIA
Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal culposa
(art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB), funcio-
nando este como causa de aumento de pena (art. 303, parágrafo único, do CTB). (STJ –
Jurisprudência em Teses n. 114. Item 4).
Ainda em relação a esta questão, é importante lembrarmos que o crime de lesão corporal
culposa (art. 303 do CTB) é, em regra, de ação penal pública condicionada à representação, já
o crime de “dirigir sem habilitação” (art. 309 do CTB) é de ação penal pública incondicionada.
Diante desta informação, outra dúvida nos surge:
Na hipótese de a lesão corporal ter sido praticada por sujeito sem habilitação, se a vítima
optar por não exercer seu direito de representação no prazo legal, o Ministério Público poderá
denunciar o agente pelo crime previsto no art. 309?
De acordo com o STF, a resposta é não!
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A Corte entende que o crime de “dirigir sem habilitação” é absorvido pelo crime de lesão
corporal culposa, passando a constituir mera hipótese de aumento de pena (nos termos do
art. 303, §1º e 302, §1º, I do CTB). Como o crime de lesão corporal é, em regra, de ação penal
pública condicionada, a ausência de representação da pessoa ofendida gera a extinção da
punibilidade. Logo, havendo absorção, o MP não poderá denunciar o agente pelo crime pre-
visto no art. 309 do CTB.
JURISPRUDÊNCIA
(...) A Turma consignou que o crime de dirigir sem habilitação seria absorvido pelo delito
de lesão corporal culposa em direta aplicação do princípio da consunção. Isso porque,
de acordo com o CTB, já seria causa de aumento de pena para o crime de lesão corporal
culposa na direção de veículo automotor o fato de o agente não possuir permissão para
dirigir ou carteira de habilitação. Assim, em decorrência da vedação de “bis in idem”, não
se poderia admitir que o mesmo fato fosse atribuído ao paciente como crime autônomo
e, simultaneamente, como causa especial de aumento de pena. Além disso, o crime do
art. 303 do CTB, imputado ao paciente, seria de ação pública condicionada à representa-
ção, que, como se inferiria da própria nomenclatura, só poderia ser perseguido mediante
a representação do ofendido. Diante da ausência de representação, seria imperativo
reconhecer a extinção da punibilidade do crime de dirigir sem habilitação. (STF – HC
128921/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, julgado em 25/8/2015. Informativo 796).
O art. 303, §2º do CTB prevê uma qualificadora do crime de lesão corporal praticada na
direção de veículo automotor ao dispor que:
Art. 303, §2º. A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine depen-
dência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
A lesão corporal qualificada ocorre quando o agente conduz o veículo com capacidade psi-
comotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que de-
termine dependência e, em razão disso, praticar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
Podemos perceber, então, que o crime de lesão corporal será qualificado se houver o pre-
enchimento dos seguintes requisitos:
a) O agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influên-
cia de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência e, em razão disso,
acaba praticando
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JURISPRUDÊNCIA
Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em
direção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio
normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo, não
havendo falar em aplicação do princípio da consunção (Jurisprudência em Teses n. 114.
Item 5).
Assim como ocorre com o homicídio culposo qualificado, o crime de lesão corporal qualifica-
da não admitirá a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos,
em razão da vedação prevista no art. 312-B, acrescido ao CTB por meio da Lei 14.071/20.
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Nos casos de lesões corporais qualificadas cometidas antes da entrada em vigor da Lei
14.071/20, será possível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direi-
tos, desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 44 do CP. Porém, a substituição não
será mais cabível aos crimes cometidos após a vigência desta norma.
O art. 304 do CTB trata do crime de omissão de socorro. Vamos analisar seu texto:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à víti-
ma, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Perceba que, diante de um acidente, o condutor do veículo deverá prestar imediato socor-
ro à vítima. A solicitação de auxílio da autoridade pública só será cabível em hipótese supleti-
va, quando, por justa causa, este agente não puder prestar o socorro diretamente.
Como vimos, no CTB, apenas o homicídio e a lesão corporal são crimes de dano, que
exigem a efetiva lesão a bem jurídico. Os demais tipos previstos nesta norma, constituem
crimes de perigo, que não exigem a efetiva produção de um resultado danoso para que haja
sua consumação.
No caso específico da omissão de socorro, falamos em crime de perigo abstrato, não
sendo necessária a comprovação de que o bem jurídico foi exposto à risco, diante da prática
da conduta.
É interessante pontuarmos, ainda, que o crime de omissão de socorro é classificado como
subsidiário. Assim, sua incidência só ocorre quando a omissão não configurar outro crime, de
natureza mais grave.
Imagine por exemplo, a hipótese em que o condutor do veículo deixa de prestar socorro
e a vítima morre, em razão do acidente. Nesta hipótese, havendo comprovação da culpa do
agente (pela constatação da imprudência, negligência ou imperícia), a omissão de socorro
configurará causa de aumento de pena do crime de homicídio culposo, conforme prevê o art.
302, §1º, III do CTB.
O mesmo ocorre quando o condutor, ao dirigir com imprudência, negligência ou imperí-
cia, vem a causar lesão corporal na vítima, não prestando o socorro devido. Neste caso, este
agente responderá pelo crime de lesão corporal culposa e terá sua pena aumentada (de 1/3
até a metade) por “deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
vítima do acidente”
Por outro lado, imagine a hipótese em que o agente dirige o veículo observando todos os
deveres de cuidado, não havendo constatação de imprudência, negligência ou imperícia de
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sua parte, mas acaba atropelando uma pessoa que atravessa a rua sem olhar que o sinal.
Neste caso, havendo ferimentos ou morte da vítima, não poderíamos falar em lesão corporal
ou homicídio culposo. Porém, se este condutor deixar de prestar o socorro, responderá pelo
crime previsto no art. 304 do CTB.
Quanto ao sujeito ativo: O condutor do veículo.
O terceiro (não condutor) que deixar de prestar socorro à vítima do acidente, poderá, a de-
pender do caso, responder pelo crime de omissão de socorro previsto no art. 135 do CP, que
assim dispõe: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave
e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”
Quanto ao sujeito passivo: Qualquer pessoa poderá ser vítima deste crime.
Quanto ao elemento subjetivo: Dolo. O condutor do veículo deve agir com “consciência e
vontade” de se omitir na prestação de socorro à vítima do acidente de trânsito. Não se exige
o dolo específico (especial finalidade no agir).
Quanto a pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Neste caso, se o réu for reincidente na prática de crime previsto no CTB, a pena de “sus-
pensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor” poderá ser aplicada
cumulativamente à sanção prevista no art. 304, conforme prevê o art. 296.
Como a pena máxima, prevista na lei, não é superior a 2 anos, estamos diante de uma
infração penal de menor potencial ofensivo. Logo, em regra, o crime de omissão de socorro
do condutor, em acidente de trânsito, será submetido ao procedimento sumaríssimo previsto
na Lei de Juizados Especiais, sendo possível a aplicação da composição civil dos danos e da
transação penal, previstos, respectivamente, nos art. 74 e 76 da Lei 9.099/95.
Também será possível a aplicação da suspensão condicional do processo já que, neste
caso, a pena mínima cominada é inferior a um ano, requisito exigido no art. 89 da Lei 9.099/95.
O crime previsto no art. 304 do CTB (omissão de socorro), admite a substituição da pena
privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos
previstos no art. 44 do CP.
Não admite a tentativa: De acordo com a doutrina, o crime de omissão de socorro não
pode ser fracionado em diversos atos, logo, trata-se de crime unissubsistente, que não admi-
te a tentativa.
De acordo com o art. 304, o condutor do veículo responderá pela omissão de socorro
ainda que:
a) A omissão seja suprima por terceiros
b) Haja a morte instantânea da vítima
d) A vítima tenha ferimentos leves.
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Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade
penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
De antemão, é importante deixarmos claro que este crime só se configura caso o aci-
dente não tenha gerado vítimas, tendo causado, apenas, danos de natureza patrimonial.
Logo, se, por exemplo, o condutor do veículo causar a morte de alguém e, para fugir da
responsabilidade penal ou civil, se afastar do local do acidente, haverá incidência do crime
de homicídio culposo com aplicação da majorante prevista no art. 302, §1º, III do CTB (“dei-
xar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente”).
Parte da doutrina entende que o crime tipificado no art. 305 do CTB é inconstitucional,
por violar o princípio de que “ninguém é obrigado a constituir prova contra si mesmo” (nemo
tenetur se detegere). De acordo com este entendimento, o condutor do veículo não é obriga-
do a ficar no local do acidente e assumir a autoria do dano.
O STF, porém, entendeu pela constitucionalidade deste dispositivo no RE 971.959, e rati-
ficou este entendimento na ADC 35/DF. De acordo com a Corte a exigência de que o condu-
tor permaneça no local do acidente não o obriga a assumir responsabilidade cível ou penal
pelo fato. Portanto...
JURISPRUDÊNCIA
A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97)
é constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o
direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuri-
dicidade. (STF - RE 971.959/RS, Plenário, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018.
Informativo 923).
Como vimos, no CTB, apenas o homicídio e a lesão corporal são crimes de dano, que
exigem a efetiva lesão a bem jurídico. Os demais tipos previstos nesta norma, constituem
crimes de perigo, que não exigem a efetiva produção de um resultado danoso para que haja
sua consumação.
No caso específico de “fuga do local do acidente”, a doutrina entende tratar-se de crime
de perigo abstrato, não sendo necessária a comprovação de que o bem jurídico foi exposto
à risco, diante da prática da conduta.
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Quanto ao objeto jurídico: Como a conduta do agente é realizada com a intenção de fugir
da responsabilidade penal ou civil decorrente do acidente, o bem jurídico primário, tutelado
pelo art. 305, é a “Administração da Justiça”. Secundariamente tutela-se o patrimônio alheio.
Quanto ao Sujeito Ativo: O condutor do veículo.
Quanto ao Sujeito Passivo: O sujeito passivo é o Estado (no que se refere ao bem jurí-
dico “administração da justiça”) e a pessoa que teve seu patrimônio danificado em razão
do acidente.
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. O condutor do veículo deve agir com consciência e
vontade de “afastar-se do local do acidente”. Além do dolo genérico, exige-se, ainda, a pre-
sença do dolo específico (especial finalidade no agir), já que o agente pratica a conduta com
o objetivo de “fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída”.
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Neste caso, se o réu for reincidente na prática de crime previsto no CTB, a pena de “sus-
pensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor” poderá ser aplicada
cumulativamente à sanção prevista no art. 305, conforme prevê o art. 296.
Estamos diante de uma infração penal de menor potencial ofensivo. Logo, em regra, o
crime de omissão de socorro do condutor, em acidente de trânsito, será submetido ao proce-
dimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais, sendo possível a aplicação da
composição civil dos danos e da transação penal, previstos, respectivamente, nos art. 74 e 76
da Lei 9.099/95.
Será possível a aplicação da suspensão condicional do processo já que, neste caso, a
pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei 9.099/95).
O crime previsto no art. 305 do CTB admite a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no
art. 44 do CP.
Tentativa: É admitida. De acordo com a doutrina, a conduta de “afastar-se do local do aci-
dente” pode ser fracionada em vários atos, tratando-se, assim, de crimes plurissubsistente.
Como o elemento subjetivo é o dolo, é possível a tentativa, nestes casos.
O art. 306 do CTB prevê o crime de “embriaguez ao volante”, realizado por meio da seguin-
te conduta:
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
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A embriaguez ao volante constitui crime de perigo abstrato, não sendo necessária a de-
monstração de que a conduta praticada tenha gerado, efetivamente, a exposição à lesão do
bem jurídico. Neste sentido, o STJ entende que:
JURISPRUDÊNCIA
O crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo despicienda a demonstração da
efetiva potencialidade lesiva da conduta. (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 6).
O crime se realiza quando o agente dirige veículo automotor com a capacidade psicomo-
tora alterada, em razão da influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine
dependência. Esta substância psicoativa poderá ser lícita ou ilícita.
Quanto ao Sujeito Ativo: O condutor do veículo.
Quanto ao Sujeito Passivo: É a coletividade. Não é necessário que haja a individualização
de vítima.
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. O condutor do veículo deve agir com consciência e
vontade de “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”. Não se
exige o dolo específico (especial finalidade no agir do agente).
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Antes de mais nada, perceba que, no crime de embriaguez ao volante, a sanção de “sus-
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”
deverá ser aplicada de forma cumulativa à pena privativa de liberdade, independentemente de
o réu ser, ou não, reincidente (assim como ocorre com os crimes de homicídio culposo e lesão
corporal culposa).
Como a pena máxima cominada na lei é superior a 2 (dois) anos, não estamos diante de
uma infração penal de menor potencial ofensivo. Logo, o crime de embriaguez ao volante não
será submetido ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais, não
sendo possível a aplicação da composição civil dos danos e da transação penal.
Por outro lado, será possível a aplicação da suspensão condicional do processo já que,
neste caso, a pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei
9.099/95).
O crime previsto no art. 306 do CTB admite a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no
art. 44 do CP.
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Como vimos, não haverá concurso entre os crimes previstos no art. 302 e 306, caso a
conduta de dirigir veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada, (em razão da
influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa que cause dependência), acarrete a
morte de alguém. Nesta hipótese, o STJ entende que o agente responderá pelo crime de ho-
micídio culposo qualificado, previsto no art. 302, §3º do CTB, que assim dispõe:
Art. 302, § 2º. Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer
outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão, de cinco a oito anos,
e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
Do mesmo modo, também não haverá concurso entre os crimes previstos no art. 303 e
306, caso a conduta de dirigir veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada, (em
razão da influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa que cause dependência),
acarrete lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. Nesta hipótese, o agente responderá
pelo crime de lesão corporal qualificada, previsto no art. 303, §2º do CTB, que assim dispõe:
Art. 302, § 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine depen-
dência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
Por outro lado, vimos também que se a embriaguez ao volante gerar lesão corporal de na-
tureza leve, não haverá aplicação do princípio da consunção. Logo, o agente responderá pelos
crimes previstos no art. 303 e 306 do CTB.
JURISPRUDÊNCIA
Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em dire-
ção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio normal,
nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo, não havendo falar
em aplicação do princípio da consunção. (STJ - Jurisprudência em Teses n. 114. Item 5)
Resumindo...
• Homicídio Culposo + Embriagues ao volante = Homicídio culposo qualificado (art. 302,
§3º do CTB)
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Assim, o §1º do art. 306 prevê as seguintes formas de constatação do estado de embria-
guez do condutor:
1) Exame de Sangue: Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por li-
tro de sangue
2) Etilômetro (também chamado de bafômetro): Concentração igual ou superior a 0,3 mi-
ligrama de álcool por litro de ar alveolar
3) Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora.
O art. 306, §1º do CTB foi introduzido pela Lei 12.760/12. O STJ entende que, antes do
advento desta lei, a configuração do crime de embriaguez ao volante só era possível mediante
a aferição da concentração de álcool no organismo do condutor, sendo exigido o exame de
sangue ou o teste etilômetro.
JURISPRUDÊNCIA
Para a configuração do delito tipificado no art. 306 do CTB, antes da alteração introdu-
zida pela Lei n. 12.760/2012, é imprescindível a aferição da concentração de álcool no
sangue por meio de teste de etilômetro ou de exame de sangue, conforme parâmetros
normativos. (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 7).
A lei 12.660/12 passou a prever que a embriaguez do condutor poderá ser constatada por
meio da aferição da concentração de álcool em seu organismo (art. 396, §1º, I) ou por meio
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de “Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psico-
motora” (art. 306, §1º, II).
Portanto, atualmente o condutor não é obrigado a realizar o exame de sangue ou o bafô-
metro, (já que “Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo”) porém, ainda que es-
tes exames não sejam realizados, a constatação da embriaguez poderá ser obtida por outros
meios, como “sinais indicativos”, disciplinados pelo Contran.
O art. 306, §1º, II do CTB constitui norma penal em branco, complementada pela Resolu-
ção 432/2013 do Contran. Esta Resolução prevê quais são os sinais indicadores a serem ana-
lisados para a constatação da alteração da capacidade psicomotora do condutor, causada
pelo consumo de álcool ou de outra substância psicoativa que cause dependência.
Seguindo entendimento jurisprudencial, o art. 306, §2º do CTB nos informa que “A veri-
ficação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxico-
lógico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova”. Neste mesmo sentido, o STJ estabelece que:
JURISPRUDÊNCIA
Com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306 do CTB, foi reconhecido
ser dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admitindo-se a com-
provação da embriaguez do condutor de veículo automotor por vídeo, testemunhos ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (STJ -
Jurisprudência em Teses n. 114. Item 10).
Lembre-se que o crime previsto no art. 306 ocorrerá quando o agente tiver com a capaci-
dade psicomotora alterada em razão do consumo de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que cause dependência.
Assim, caso a embriaguez seja causada em razão de substâncias psicoativas, a constata-
ção do ilícito será realizada por meio de exames toxicológicos. Neste sentido, o art. 306, §3º
prevê que “O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou
toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.”
A realização dos exames de alcoolemia e toxicológicos poderá ser realizada por meio do
emprego de qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade
e Tecnologia – INMETRO (art. 306, §4º).
f)
Violação da Suspensão ou Proibição ao Direito de Dirigir (Art.
307 do CTB)
O art. 307 do CTB possui a seguinte redação:
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Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico pra-
zo de suspensão ou de proibição.
A restrição ao direito de dirigir constitui uma sanção, que poderá ser imposta mediante
processo administrativo (como suspensão) ou mediante processo penal.
Na esfera penal, vimos que se o réu for reincidente na prática de crime de trânsito, o juiz
aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo auto-
motor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis (art. 296). Há casos, porém, que
o tipo penal incriminador prevê a cumulação obrigatória das penas, independentemente da
reincidência do agente, como é o caso, por exemplo, do homicídio culposo e da lesão corpo-
ral culposa.
O art. 293 do CTB estabelece que esta sanção terá duração de dois meses a cinco anos,
e não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a
estabelecimento prisional.
Dito isto, podemos entender que o art. 307 tipifica a conduta de violar a penalidade de
“suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor”.
De acordo com o STJ, o crime previsto no art. 307 só se configura quando a restrição ao
direito de dirigir tiver sido imposta por meio de decisão judicial, em processo penal sobre cri-
me de trânsito. A conduta será atípica caso a violação seja à decisão administrativa.
JURISPRUDÊNCIA
(...) A conduta de violar decisão administrativa que suspende a habilitação para dirigir
veículo automotor não configura o crime do artigo 307, caput, do CTB, embora possa
constituir outra espécie de infração administrativa, segundo as normas correlatas., pois,
dada a natureza penal da sanção, somente a decisão lavrada por juízo penal pode ser
objeto do descumprimento previsto no tipo do art. 307, caput, do CTB no referido tipo.
(STJ - HC 427.472-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma. julgado em
23/08/2018. Informativo 641).
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Quanto ao objeto jurídico: O bem jurídico tutelado pelo art. 307 é a “Administração da Jus-
tiça”. De forma secundária, tutela-se também a segurança viária.
Quanto ao Sujeito Ativo: A pessoa submetida à sanção penal que restringe o direito a di-
rigir. Logo, trata-se de crime próprio.
Quanto ao Sujeito Passivo: O sujeito passivo é o Estado (no que se refere ao bem jurídi-
co “administração da justiça”) e a coletividade (no que se refere ao bem jurídico “seguran-
ça viária”).
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. O agente deve agir com “consciência e vontade” de
violar a decisão penal que restringe o direito à dirigir. Não se exige o dolo específico do agente
(especial finalidade no agir).
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional
de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
A pena de “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor” será novamente aplicada ao agente, cumulativamente à pena privativa de
liberdade.
Como a pena máxima cominada na lei não é superior a 2 (dois) anos, estamos diante de
uma infração penal de menor potencial ofensivo. Logo, em regra, o crime previsto no art. 307
será submetido ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais, sendo
possível a aplicação da composição civil dos danos e da transação penal, previstos, respec-
tivamente, nos art. 74 e 76 da Lei 9.099/95.
Será possível a aplicação da suspensão condicional do processo já que, neste caso, a
pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei 9.099/95).
O crime previsto no art. 307 do CTB admite a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no
art. 44 do CP.
Art. 307, §1º. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabeleci-
do no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
De acordo com o art. 293, §1º, transitada em julgado a sentença penal condenatória que
impõe a penalidade de “suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação,
para dirigir veículo automotor”, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em qua-
renta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
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Incorrerá em crime equiparado ao do art. 307, o agente que não entregar a Permissão para
Dirigir ou a Carteira de Habilitação, 48 horas após o trânsito em julgado da sentença conde-
natória que tiver imposto esta sanção.
Trata-se, portanto, de um crime omissivo, que se consuma diante da abstenção do agente.
Quanto ao sujeito ativo, estamos diante de um crime próprio, que só pode ser cometido
pela pessoa condenada à pena de “suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a
habilitação, para dirigir veículo automotor” que não tenha entregado a Permissão para Dirigir
ou a Carteira de Habilitação no prazo de 48 horas após o trânsito em julgado da sentença.
Este crime não admite a tentativa (crime omissivo próprio).
Lembre-se que, na hipótese descrita no art. 293, §1º, a Permissão para Dirigir ou a Cartei-
ra de Habilitação deverá ser entregue à autoridade judiciária.
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou com-
petição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada:
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Trata-se de crime unissubjetivo, que pode ser cometido por um ou mais agentes. Desta
forma, as condutas de “exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automo-
tor”, (acrescidas pela Lei 13.546/17), poderão ser praticadas por um ou mais agentes. Já a
conduta de participar de “corrida, disputa ou competição automobilística”, precisará de dois
ou mais agentes para a sua realização.
As condutas descritas no art. 308 devem gerar “situação de risco à incolumidade pública
ou privada.” Portanto, estamos diante de um crime de perigo concreto, exigindo-se, a com-
provação de que o bem jurídico tutelado foi efetivamente exposto à risco de lesão. Por outro
lado, se não for demonstrado o perigo de lesão à incolumidade pública ou privada, o fato será
considerado atípico.
As condutas descritas no art. 308 só constituem crimes se forem praticadas sem a auto-
rização da autoridade competente. Havendo autorização, o agente atuará no exercício regular
de um direito, que constitui excludente de ilicitude.
Quanto ao objeto jurídico: O bem jurídico tutelado pelo art. 308 é a segurança viária.
Quanto ao Sujeito Ativo: Qualquer pessoa poderá praticar as condutas descritas neste
tipo penal (trata-se de crime comum).
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O art. 308, §1º e §2º do CTB estabelecem duas qualificadoras do crime de “participação
não autorizada em competições automobilísticas ou em exibições de manobras em veículo
automotor”. Na primeira, a conduta gera lesão corporal grave. Na segunda, a conduta prati-
cada gera morte.
As qualificadoras, previstas nos parágrafos 1º e 2º do art. 308, configuram crimes preter-
dolosos, em que o agente pratica a conduta dolosamente, mas não tem a intenção de provo-
car o resultado (lesão corporal grave ou morte).
Caso seja comprovado o dolo (direto ou eventual) no resultado, haverá incidência do Có-
digo Penal, e não do CTB.
O STJ tem entendido que, nos casos de lesões corporais graves e homicídios decorrentes
da prática do crime de “racha” (art. 308), todos os participantes responderão pelo mesmo cri-
me, independentemente de o resultado ter sido praticado por apenas um agente.
JURISPRUDÊNCIA
(...) 3. Tratando-se de crime praticado em concurso de pessoas, o nosso Código Penal,
inspirado na legislação italiana, adotou, como regra, a Teoria Monista ou Unitária, ou
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g.1.1. Qualificadora do art. 308, §1º do CTB: resultado lesão corporal grave
Art. 308, §1º: Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e
as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produ-
zi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras
penas previstas neste artigo.
Perceba que, para a ocorrência da qualificadora prevista no art. 308, §1º é necessário que:
a) o crime do art. 308 resulte em lesão corporal grave
b) haja culpa no resultado (ou seja, as circunstâncias devem demonstrar que o agente não
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo).
Pena – Reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, multa, e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Nesta hipótese qualificadora, não será possível a aplicação da suspensão condicional do
processo já que a pena mínima cominada é superior a um ano.
Art. 308, §2º. Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias de-
monstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privati-
va de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas
neste artigo.
Perceba que, para a ocorrência da qualificadora prevista no art. 308, §1º é necessário que:
a) o crime do art. 308 resulte em morte
b) haja culpa no resultado (ou seja, as circunstâncias devem demonstrar que o agente não
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo).
Pena – reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, multa, e suspensão ou proibição de se obter
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Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita-
ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Primeiramente, lembre-se que a agravante prevista no art. 298, III do CTB constitui ele-
mentar deste crime logo, não poderá ser aplicada, sob pena de haver dupla valoração e, con-
sequentemente, bis in idem.
As condutas descritas no art. 309 devem gerar “perigo de dano.” Portanto, estamos diante
de um crime de perigo concreto, exigindo-se, a comprovação de que o bem jurídico tutelado
foi efetivamente exposto à risco de lesão.
Por outro lado, se não for demonstrado que a conduta do agente gerou “perigo de dano” o
fato será considerado atípico.
No crime previsto no art. 309 o agente pratica a conduta de dirigir veículo automotor em
via pública, causando perigo de dano,
a) Sem Permissão para dirigir
b) Sem habilitação
c) Cassado o direito de dirigir
De acordo com o STJ, dirigir veículo automotor com a habilitação vencida não configura crime!
JURISPRUDÊNCIA
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. DIRIGIR VEÍCULO SEM HABILITAÇÃO GERANDO PERIGO
DE DANO. ABSOLVIÇÃO. CONDUTOR HABILITADO. EXAME MÉDICO VENCIDO. ATIPICI-
DADE. RECURSO DESPROVIDO. I. Hipótese em que o réu foi absolvido, ao fundamento de
que o ato de conduzir veículo automotor com carteira de habilitação vencida não cons-
titui a conduta tipificada no art. 309 do CTB. II. Se o bem jurídico tutelado pela norma é a
incolumidade pública, para que exista o crime é necessário que o condutor do veículo não
possua Permissão para Dirigir ou Habilitação, o que não inclui o condutor que, embora
habilitado, esteja com a Carteira de Habilitação vencida. III. Não se pode equiparar a
situação do condutor que deixou de renovar o exame médico com a daquele que sequer
prestou exames para obter a habilitação. IV. Recurso desprovido. (STJ - REsp 1188333/
SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 01/02/2011).
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O fato de o condutor não estar portando a CNH também não configura crime.
Já vimos que “Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão cor-
poral culposa (art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB),
funcionando este como causa de aumento de pena”. (STJ – Jurisprudência em Teses n.
114. Item 4).
Quanto ao Sujeito Ativo: Qualquer pessoa poderá praticar as condutas descritas neste
tipo penal (trata-se de crime comum).
Quanto ao Sujeito Passivo: A coletividade.
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. O agente deve agir com “consciência e vontade”
de praticar a conduta descrita no art. 309. Não se exige o dolo específico (especial finalida-
de no agir).
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Neste caso, se o agente for reincidente em crime de trânsito, o juiz poderá aplicar a pena
de “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
motor” cumulativamente à pena privativa de liberdade, nos termos do art. 296 do CTB.
Como a pena máxima, cominada na lei, é inferior a 2 (dois) anos, estamos diante de uma
infração penal de menor potencial ofensivo. Logo o crime previsto no art. 309 será submetido
ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais, sendo possível a com-
posição civil dos danos e a transação penal.
Também será possível a aplicação da suspensão condicional do processo, já que, nes-
te caso, a pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei
9.099/95).
O crime previsto no art. 309 do CTB admite a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no
art. 44 do CP.
Obs.: O art. 32 do Decreto-lei 3.688/41, prevê, como contravenção penal, a conduta de “Diri-
gir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas
públicas”. Este dispositivo, porém, foi parcialmente revogado pelo Código de Trânsito.
Assim, a conduta de dirigir, veículo na via pública sem habilitação, deixou de ser con-
travenção penal e passou a ser crime, previsto no art. 309 do CTB. Já a conduta de
dirigir veículo automotor em águas públicas, continua sendo considerada contraven-
ção penal. Neste sentido, a Súmula 720 do STF estabelece que:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do
fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à
direção sem habilitação em vias terrestres.
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Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saú-
de, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
De acordo com este tipo penal, constitui crime de trânsito as condutas de permitir, confiar
ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa:
a) Não habilitada
b) Com habilitação cassada
c) Com direito de dirigir suspenso
d) Que não esteja em condições de conduzir o veículo com segurança, em razão de seu
estado de saúde (física ou mental) ou por embriaguez.
O STJ entende que o crime previsto no art. 310 do CTB é de perigo abstrato, não sendo
necessária a comprovação de que a conduta do agente expôs o bem jurídico tutelado à risco
de lesão. Neste sentido, a Súmula 575 do STJ, dispõe que:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção
de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer
das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão
ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.
Quanto ao Sujeito Ativo: Qualquer pessoa poderá praticar as condutas descritas neste
tipo penal (trata-se de crime comum).
Quanto ao Sujeito Passivo: A coletividade.
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. O agente deve agir com “consciência e vontade”
de praticar a conduta descrita no art. 310. Não se exige o dolo específico (especial finalida-
de no agir).
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Neste caso, se o agente for reincidente em crime de trânsito, o juiz poderá aplicar a pena
de “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
motor” cumulativamente à pena privativa de liberdade, nos termos do art. 296 do CTB.
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Como a pena máxima, cominada na lei, é inferior a 2 (dois) anos, estamos diante de uma
infração penal de menor potencial ofensivo. Logo o crime previsto no art. 310 será submetido
ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais, sendo possível a com-
posição civil dos danos e a transação penal.
Também será possível a aplicação da suspensão condicional do processo, já que, nes-
te caso, a pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei
9.099/95).
O crime previsto no art. 310 do CTB admite a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no
art. 44 do CP.
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hos-
pitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Para que haja configuração do delito previsto no art. 311 do CTB é necessário que o agen-
te trafegue em velocidade incompatível com a segurança, nas proximidades dos seguin-
tes locais:
a) escolas
b) hospitais
c) estações de embarque e desembarque de passageiros
d) logradouros estreitos
e) ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas
Perceba que a conduta descrita no art. 311 é de “trafegar em velocidade incompatível
com a segurança”. Não se trata, necessariamente, de direção acima da velocidade legalmente
permitida. Imagine, por exemplo, que uma via pública com limite de velocidade de 80 km/h,
esteja com grande concentração de pessoas que se uniram para uma manifestação. Neste
caso, o condutor que passa por esta via com velocidade de 60km/h não estará acima do limite
de velocidade admitida, mas poderá colocar em risco a segurança daqueles que se encon-
tram no local.
A norma aponta que, para a configuração do delito, é necessário que a conduta do agente
gere “perigo de dano”. Logo, estamos diante de um crime de perigo concreto, exigindo-se, a
comprovação de que a conduta praticada pelo autor expôs, efetivamente, o bem jurídico à
risco de lesão.
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Quanto ao Sujeito Ativo: Qualquer pessoa poderá praticar as condutas descritas neste
tipo penal (trata-se de crime comum).
Quanto ao Sujeito Passivo: A coletividade.
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. O agente deve ter conhecimento de que está tra-
fegando em velocidade incompatível com a segurança do local, agindo com “consciência e
vontade” de praticar a conduta descrita no art. 311. Não se exige o dolo específico (especial
finalidade no agir).
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Neste caso, se o agente for reincidente em crime de trânsito, o juiz poderá aplicar a pena
de “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
motor” cumulativamente à pena privativa de liberdade, nos termos do art. 296 do CTB.
Como a pena máxima, cominada na lei, é inferior a 2 (dois) anos, estamos diante de uma
infração penal de menor potencial ofensivo. Logo o crime previsto no art. 311 será submetido
ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais, sendo possível a com-
posição civil dos danos e a transação penal.
Também será possível a aplicação da suspensão condicional do processo, já que, nes-
te caso, a pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei
9.099/95).
O crime previsto no art. 311 do CTB admite a substituição da pena privativa de liber-
dade pela pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no
art. 44 do CP.
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência
do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
Este crime pode ser praticado em qualquer momento da persecução penal (na fase in-
vestigativa ou processual) ou, até mesmo, antes de iniciado o procedimento preparatório ou
o inquérito.
Trata-se de um crime de perigo abstrato, logo, a potencialidade lesiva da conduta é pre-
sumida no próprio tipo penal, não precisando ser demonstrada.
Quanto ao objeto jurídico: Este artigo busca tutelar a Administração da Justiça.
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Fábio Roque e Flávia Araújo
Quanto ao Sujeito Ativo: Qualquer pessoa poderá praticar as condutas descritas neste
tipo penal (trata-se de crime comum).
Quanto ao Sujeito Passivo: A coletividade.
Quanto ao Elemento Subjetivo: Dolo. Exige-se, ainda, o dolo específico (especial finalidade
no agir). Neste caso, o agente pratica a conduta com a finalidade de induzir a erro o agente
policial, o perito, ou juiz.
Estamos diante de um crime formal, logo, sua consumação ocorre com a prática da con-
duta de “inovação artificiosa”. praticada com o dolo específico de induzir a erro o agente po-
licial, o perito, ou juiz. Não é necessário que o agente consiga realizar a finalidade pretendida.
A conduta de inovar artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, em caso
de acidente automobilístico com vítima, poderá ser fracionada em vários atos de execução,
tratando-se, assim, de crime plurissubsistente, sendo admitida a tentativa.
Ação Penal: Pública Incondicionada
Quanto a pena: detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Neste caso, se o agente for reincidente em crime de trânsito, o juiz poderá aplicar a pena
de “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
motor” cumulativamente à pena privativa de liberdade, nos termos do art. 296 do CTB.
Trata-se de uma infração penal de menor potencial ofensivo. Logo o crime previsto no
art. 312 será submetido ao procedimento sumaríssimo previsto na Lei de Juizados Especiais,
sendo possível a composição civil dos danos e a transação penal.
Também será possível a aplicação da suspensão condicional do processo, já que, nes-
te caso, a pena mínima cominada é inferior a um ano (requisito exigido no art. 89 da Lei
9.099/95).
O crime previsto no art. 311 do CTB admite a substituição da pena privativa de liberdade pela
pena restritiva de direitos, se estiverem preenchidos os requisitos previstos no art. 44 do CP.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
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Exceção: O crime de homicídio culposo qualificado (art. 302, §3º do CTB) e o crime de
lesão corporal qualificada (art. 303, §2º do CTB) não admitem a substituição da pena priva-
tiva de liberdade pela restritiva de direitos, em razão de expressa vedação do art. 312-B, que
assim dispõe:
312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o
disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal).
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o
juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá
ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes ativi-
dades:
I – trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras uni-
dades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito;
II – trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de
acidente de trânsito e politraumatizados;
III – trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;
IV – outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes
de trânsito.
Perceba que o art. 312-A afirma que a pena restritiva de direitos, quando aplicada pelo
juiz, “deverá” ser a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas. Trata-se, por-
tanto, de uma obrigatoriedade, ou seja, nas condenações por crimes de trânsito, o magistrado
não poderá aplicar outra espécie de pena restritiva de direitos prevista no art. 43 do CP.
Esta pena de “prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas” deverá ser
prestada em uma das seguintes atividades:
1) Trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em
outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito;
2) Trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem
vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados;
3) Trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados
de trânsito;
4) Outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de
acidentes de trânsito.
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RESUMO
Antes de fazermos as questões sobre os crimes previstos no Código de Trânsito Brasilei-
ro, vamos fazer uma breve revisão dos temas abordados em nossa aula!
• Agravantes: De acordo com art. 298 do CTB, as penalidades dos crimes de trânsito são
agravadas quando o condutor comete a infração:
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1. Com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano
patrimonial a terceiros;
2. Utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
3. Sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
4. Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da
do veículo;
5. Quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de
passageiros ou de carga;
6. Utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características
que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade
prescritos nas especificações do fabricante;
7. Sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.
• Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro
àquela (art. 301 do CTB)
• Modalidade de pena restritiva de direitos admitida nos Crimes de Trânsito: prestação
de serviço à comunidade ou a entidades públicas.
• Atividades de prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas a serem exe-
cutadas, pelo condenado, nos casos de crimes de trânsito:
• Crimes de trânsito que não admitem a substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos: Homicídio Culposo Qualificado (art. 302, §3º) e Lesão corporal
culposa qualificada (art. 303, §2º)
• Homicídio Culposo:
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sem descrever, de forma clara e precisa, a conduta negligente, imperita ou imprudente que
teria gerado o resultado morte, sendo insuficiente a simples menção de que o suposto autor
estava na direção do veículo no momento do acidente. (STJ - HC 305.194-PB).
c) Será cabível a aplicação do perdão judicial (art. 121, §5º do CP) - O fato de os delitos
haverem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão
judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovado, quanto ao outro, a existên-
cia do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal (STJ - Informativo 606).
d) De acordo com o STF, é constitucional a aplicação da pena de “suspensão ou proibição
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor” ao motorista profis-
sional condenado por homicídio culposo no trânsito. (STF – Informativo 966)
e) o instituto do arrependimento posterior não é aplicável ao crime de homicídio culposo
na direção de veículo automotor (STF - Informativo 590)
f) Homicídio culposo qualificado – o agente que conduz veículo automotor sob a influên-
cia de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência
g) Causas de aumento de pena (de 1/3 até a metade):
1. Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação - O fato de o autor de
homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH vencida não justifica a
aplicação da causa de aumento de pena descrita no § 1º, I, do art. 302 do CTB (STJ - Infor-
mativo 581)
2. Praticar o crime em faixa de pedestres ou na calçada - não exige que o agente esteja tra-
fegando na calçada, sendo suficiente que o ilícito ocorra nesse local (STJ – Informativo 668)
3. Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente
4. No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros - não é necessário que o agente esteja transpostanto passageiros no momento
da ocorrência do crime (STJ – Resp 13.58214/ RS)
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (UFMT/PJC – MT/ESCRIVÃO DE POLÍCIA E INVESTIGADOR/2022) Instrução: Tendo em
vista as disposições do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/1997 e alterações), acer-
ca dos crimes de trânsito, inclusive quanto à aplicação da Lei dos Juizados Especiais (Lei n.
9.099/1995 e alterações), analise a situação hipotética dada para responder à questão.
Maricota estava conduzindo seu veículo quando se envolveu em um acidente de trânsito. Foi
indiciada pela prática de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. O termo
circunstanciado lavrado pela autoridade policial foi remetido ao Juizado Especial.
Na audiência preliminar, presentes o representante do Ministério Público, Maricota e a vítima,
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclareceu sobre a possibilidade da composi-
ção dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de
liberdade.
Em caso de aceitação pela autora da infração e seu defensor da proposta de aplicação imedia-
ta de pena restritiva de direitos, a legislação de trânsito estabelece que tal pena deverá ser de
a) interdição temporária de direitos consistente na proibição de inscrição em concurso, ava-
liação ou exame públicos.
b) interdição temporária de direitos consistente na proibição de frequentar determina-
dos lugares.
c) limitação de fim de semana consistente na obrigação de frequentar cursos e palestras ou
atividades educativas correlatas.
d) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas em atividades de resgate,
atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.
e) perda de bens e valores em favor dos órgãos e entidades de trânsito para promoção de
atividades educativas de prevenção de acidentes.
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penal, veio a ser condenado, com base na legislação vigente, à pena alternativa de pagamento
de prestação pecuniária e à proibição de dirigir veículo automotor por dois anos.
Considerando que Ernesto possui família a sustentar, é correto afirmar, à luz da sistemática
constitucional, que:
a) o direito ao exercício da profissão de motorista profissional se enquadra na perspectiva da
dignidade humana, logo, não poderia ser restringido;
b) a proibição de dirigir veículo automotor é legítima, considerando o objetivo de proteger
bens jurídicos relevantes de terceiros, como vida e integridade física;
c) a aplicação da penalidade de proibição de dirigir veículo automotor afronta o princípio da
individualização da pena, por não ter considerado a condição pessoal de Ernesto;
d) a ponderação de interesses não pode gerar a ineficácia de um dos princípios envolvidos,
sendo ilícita a proibição imposta a Ernesto ao eliminar o conteúdo essencial do direito.
004. (FAPEC/PC – MS/PERITO MÉDICO LEGISTA/2021) Assinale a alternativa que não confi-
gura causa de aumento de pena do crime de homicídio culposo na direção de veículo automo-
tor, prevista no § 1º, do artigo 302, da Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro):
a) não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação.
b) praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada.
c) deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
d) no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
e) se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra subs-
tância psicoativa que determine dependência.
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automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolu-
midade pública ou privada.
c) Trafegar em velocidade incompatível com a segurança onde haja grande movimentação
ou concentração de pessoas – escolas, hospitais, paradas de ônibus etc. –, gerando peri-
go de dano.
d) Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não possa ou
não esteja em condições de dirigir – por exemplo, pessoa não habilitada, com CNH cassada,
suspensa, com seu estado de saúde, física ou mental alterado, ou embriagada.
e) Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de batedores, de socorro de incêndio e
salvamento, de polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambulâncias, quando em
serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentados de alarme
sonoro e iluminação vermelha intermitentes.
007. (VUNESP/TJ – SP/JUIZ SUBSTITUTO/2021) Ao levar sua namorada para casa, Tácio
atropela uma pessoa e foge, sem prestar-lhe socorro. Em razão do ocorrido, a vítima morre
algumas semanas depois.
Nessa hipotética situação, é correto afirmar que
a) Tácio responderá pelo delito de homicídio culposo no trânsito, em concurso material com
o delito de omissão de socorro, ambos previstos no Código de Trânsito.
b) Tácio e sua namorada responderão pelo delito de homicídio culposo no trânsito, com a inci-
dência da causa de aumento em razão da omissão de socorro prevista no Código de Trânsito.
c) Tácio e sua namorada responderão pelo delito de homicídio culposo no trânsito, em con-
curso material com o delito de omissão de socorro, este último previsto no Código Penal.
d) Tácio responderá pelo delito de homicídio culposo no trânsito, com a incidência da causa
de aumento em razão da omissão de socorro prevista no Código de Trânsito.
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009. (NC – UFPR/PC – PR/DELEGADO/2021) O art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro as-
sim dispõe:
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da in-
fluência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por:
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora.
A partir do exposto, e de acordo com a interpretação do STJ, assinale a alternativa que apre-
senta a classificação desse crime e sua correspondente demonstração da efetiva potenciali-
dade lesiva da conduta para a caracterização típica, respectivamente.
a) Crime de perigo abstrato – demonstração desnecessária.
b) Crime de perigo concreto–demonstração desnecessária.
c) Crime de perigo abstrato – demonstração indispensável.
d) Crime de perigo concreto – demonstração indispensável.
e) Crime de perigo concreto – demonstração presumida.
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uma viatura da fiscalização de trânsito se aproximou ao notar que Maria estava praticando
movimentos irregulares. Ao ser abordada pelos agentes de trânsito, foi solicitado que Maria
fizesse o teste do etilômetro e entregasse sua habilitação e o documento do veículo. No teste
do etilômetro foi constatado 0,39 miligrama de álcool por litro de ar alveolar. Além disso, os
agentes verificaram que a habilitação de Maria estava vencida desde setembro 2020.
Com relação ao exposto acima, é correto afirmar que Maria poderá responder:
a) pelos crimes de conduzir veículo automotor sob a influência de álcool e dirigir com habili-
tação vencida há mais de 30 dias.
b) somente pelo crime de embriaguez ao volante, uma vez que o fato de a habilitação estar
vencida constitui apenas uma infração administrativa.
c) somente pelo crime de habilitação vencida há mais de 30 dias, uma vez que dirigir sob a
influência de álcool constitui apenas uma infração administrativa.
d) somente pelo crime de dirigir com habilitação vencida há mais de 30 dias, pois dirigir sob
a influência de álcool só configura crime quando ocorre acidente de trânsito com vítima fatal.
e) Maria não responderá por nenhum crime, pois o Código de Trânsito não tem previsão
para crimes.
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016. (FGV/PC – RN/AGENTE ESCRIVÃO/2021) Andressa dirigia seu carro, em velocidade com-
patível com o local, quando, por desatenção, perdeu a direção do veículo e atropelou Zilda, que
sofreu lesões gravíssimas. Cientificada do fato, a autoridade policial se dirigiu ao hospital da
localidade, lá encontrando Andressa, que prontamente havia socorrido a vítima e aguardava a
chegada de familiares desta. O exame de alcoolemia constatou que Andressa não havia feito
uso de álcool ou entorpecentes. Em seu relatório de vida pregressa, constava a existência de
uma única anotação relacionada também a crime de trânsito.
Tratando-se de delito de trânsito, ocorre que:
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022. (CESPE/PRF/2019) Ana dirigia pela BR 101, na altura do distrito de Campos dos Goy-
tacazes, a 60 km/h, quando resolveu ler uma mensagem no celular e, então, atropelou um
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homem de cinquenta e sete anos de idade. Apesar de Ana ter prestado total socorro, tendo
inclusive chamado socorro especializado, a vítima teve diversas fraturas. Policiais rodoviá-
rios federais que faziam patrulhamento na região não prenderam Ana em flagrante, porém
relataram em boletim de ocorrência circunstanciado de forma bastante minuciosa o ocorrido
e as lesões sofridas pela vítima.
A partir da situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue.
Os policiais rodoviários federais agiram de forma correta ao não prenderem em flagrante Ana,
pois se tratava de um crime de trânsito, no qual Ana prestou socorro à vítima.
024. (VUNESP/TJ – RJ/JUIZ DE DIREITO/2019) Aquele que conduz veículo automotor sob a
influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência e,
nessas condições, causa morte de terceiro por imprudência responde por
a) homicídio culposo na direção de veículo automotor e embriaguez ao volante, em con-
curso formal.
b) homicídio culposo na direção de veículo automotor, qualificado.
c) homicídio culposo na direção de veículo automotor e embriaguez ao volante, em concur-
so material.
d) homicídio doloso, na modalidade dolo eventual e embriaguez ao volante, em concurso formal.
e) homicídio doloso, na modalidade dolo eventual e embriaguez ao volante, em concur-
so material.
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027. (INSTITUTO ACESSO/PC – ES/DELEGADO/2019) João, muito feliz com seu noivado com
Isabel, marcou um churrasco comemorativo com os familiares de ambos. A comemoração foi
marcada para o dia 21/07/2017 e ocorreu na casa de Isabel. O festejo teve início às 12 horas,
perdurando até às 22 horas. Por volta das 23 horas, João se despediu da noiva e partiu para
casa em seu carro. No caminho de regresso, João – que estava com sua capacidade psico-
motora visivelmente alterada, em decorrência de bebida alcoólica que ingeriu durante a co-
memoração – subiu com seu carro em uma calçada e atropelou Marcos, causando-lhe lesões
leves, em diversas partes do corpo. João pediu socorro, ligando para o corpo de bombeiros e a
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polícia. Com a chegada dos policiais João foi submetido ao teste de dosagem alcoólica no ar
expirado (exame de bafômetro), que fez voluntariamente. Constatou-se que a concentração
de álcool por litro de seu sangue era superior à quantidade permitida na lei. Marcos, por sua
vez, foi atendido e encaminhado para um hospital.
Tendo em vista a situação narrada e as regras sobre os crimes de trânsito constantes no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB - Lei n. 9.503/97), é INCORRETO afirmar que, no presente
caso, incide
a) uma causa especial de aumento de pena conforme determina o § 1º do art. 303 combinado
com o art. 302, § 1º, II todos do CTB.
b) o § 2º do art. 291 do CTB e deverá ser lavrado um termo circunstanciado sobre a ocorrência.
c) o § 2º do art. 291 do CTB e deverá ser aberto inquérito policial para investigar a infração.
d) o rol de crimes previstos nos art. 303, caput, (lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor) bem como o previsto no art. 306, caput, (condução de veículo automotor com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool) ambos do CTB, todos
fundamentados pelo art. 69 do Código Penal (CP).
e) a circunstância prevista no art. 291, § 1º, I do CTB, em razão da lesão corporal culposa de-
corrente da condução de veículo automotor sob a influência de álcool e se afasta, portanto, a
possibilidade da aplicação de benefícios presente na Lei 9.099/95.
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036. (CESPE/PRF/2019) Wellington, maior e capaz, sem habilitação ou permissão para dirigir
veículo automotor, tomou emprestado de Sandro, também maior e capaz, seu veículo, para
visitar a namorada em um bairro próximo àquele onde ambos residiam. Sandro, mesmo ciente
da falta de habilitação de Wellington, emprestou o veículo.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, à luz do Código
de Trânsito Brasileiro.
Sandro responderá por crime de trânsito somente se a condução de Wellington causar peri-
go de dano.
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039. (MPE – PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Assinale das alternativas abaixo a única que
não é considerada causa de aumento de pena para o autor do crime de homicídio culposo na
direção de veículo automotor:
a) Não possuir Carteira de Habilitação.
b) Praticar o crime em faixa de pedestres.
c) Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
d) Estar com sua Carteira de Habilitação suspensa.
e) No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
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GABARITO
1. d 37. C
2. c 38. E
3. b 39. d
4. e 40. c
5. E 41. c
6. e 42. C
7. d 43. E
8. c 44. c
9. a 45. c
10. C 46. b
11. b 47. b
12. e 48. c
13. a 49. b
14. C 50. c
15. a
16. c
17. d
18. a
19. c
20. b
21. e
22. C
23. C
24. b
25. a
26. e
27. b
28. E
29. E
30. d
31. c
32. E
33. E
34. C
35. c
36. E
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GABARITO COMENTADO
001. (UFMT/PJC – MT/ESCRIVÃO DE POLÍCIA E INVESTIGADOR/2022) Instrução: Tendo em
vista as disposições do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/1997 e alterações), acer-
ca dos crimes de trânsito, inclusive quanto à aplicação da Lei dos Juizados Especiais (Lei n.
9.099/1995 e alterações), analise a situação hipotética dada para responder à questão.
Maricota estava conduzindo seu veículo quando se envolveu em um acidente de trânsito. Foi
indiciada pela prática de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. O termo
circunstanciado lavrado pela autoridade policial foi remetido ao Juizado Especial.
Na audiência preliminar, presentes o representante do Ministério Público, Maricota e a vítima,
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclareceu sobre a possibilidade da composi-
ção dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de
liberdade.
Em caso de aceitação pela autora da infração e seu defensor da proposta de aplicação imedia-
ta de pena restritiva de direitos, a legislação de trânsito estabelece que tal pena deverá ser de
a) interdição temporária de direitos consistente na proibição de inscrição em concurso, ava-
liação ou exame públicos.
b) interdição temporária de direitos consistente na proibição de frequentar determina-
dos lugares.
c) limitação de fim de semana consistente na obrigação de frequentar cursos e palestras ou
atividades educativas correlatas.
d) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas em atividades de resgate,
atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.
e) perda de bens e valores em favor dos órgãos e entidades de trânsito para promoção de
atividades educativas de prevenção de acidentes.
a) Errada. De acordo com o art. 312-B do CTB as penas restritivas de direitos, nos crimes de
trânsito, deverão ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas. Logo, a
Lei 9.503 não prevê a interdição temporária de direitos como modalidade de pena restritiva.
b) Errada. Logo, o art. 312-B da Lei 9.503 não prevê a interdição temporária de direitos como
modalidade de pena restritiva.
c) Errada. A limitação de fim de semana não constitui modalidade de pena restritiva de direi-
tos prevista no art. 312-B do CTB.
d) Correta.
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a) Errada. De acordo com o art. 291, §1º, III do CTB, não será cabível a transação penal (pre-
vista no art. 76 da Lei 9.099/95) nos crimes de lesão corporal, se o agente estiver transitando
em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros
por hora).
b) Errada. Nas hipóteses descritas no art. 291, §1º do CTB o crime de lesão corporal será de
ação penal pública incondicionada, não havendo aplicação do art.88 da Lei 9.099/95.
c) Correta. A inabilitação para dirigir constitui causa de aumento de pena para o crime de le-
são corporal culposa (conforme prevê o art. 303, §1º e 302, §1º, I). A suspensão condicional
do processo, prevista no art. 89 da Lei 9.099/95, é aplicável aos crimes em que a pena mínima
cominada for igual ou inferior a um ano. A pena de lesão corporal é de detenção, de seis me-
ses a dois anos. Ainda que seja aplicada a causa de aumento de pena (de 1/3 até a metade),
será possível a aplicação da suspensão condicional do processo, prevista no art. 89 da Lei
9.099/95, já que a pena mínima não será igual ou superior a 1 ano.
d) Errada. Em regra, o crime de lesão corporal no trânsito é de ação penal pública condicio-
nada à representação (nos termos do art. 88 da Lei 9.099/95). Este crime será de ação penal
incondicionada nas hipóteses previstas no art. 291, §1º do CTB. É importante perceber que
o fato de o agente estar inabilitado, constitui causa de aumento de pena do crime de lesão
corporal, mas não figura entre as hipóteses previstas no art. 291, §1º, que tornam este delito
de ação penal pública incondicionada.
Letra c.
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penal, veio a ser condenado, com base na legislação vigente, à pena alternativa de pagamento
de prestação pecuniária e à proibição de dirigir veículo automotor por dois anos.
Considerando que Ernesto possui família a sustentar, é correto afirmar, à luz da sistemática
constitucional, que:
a) o direito ao exercício da profissão de motorista profissional se enquadra na perspectiva da
dignidade humana, logo, não poderia ser restringido;
b) a proibição de dirigir veículo automotor é legítima, considerando o objetivo de proteger
bens jurídicos relevantes de terceiros, como vida e integridade física;
c) a aplicação da penalidade de proibição de dirigir veículo automotor afronta o princípio da
individualização da pena, por não ter considerado a condição pessoal de Ernesto;
d) a ponderação de interesses não pode gerar a ineficácia de um dos princípios envolvidos,
sendo ilícita a proibição imposta a Ernesto ao eliminar o conteúdo essencial do direito.
JURISPRUDÊNCIA
O fato de a infração ao art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB ter sido praticada
por motorista profissional não conduz à substituição da pena acessória de suspensão do
direito de dirigir por outra reprimenda, pois é justamente de tal categoria que se espera
maior cuidado e responsabilidade no trânsito. (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 2).
b) Correta. A alternativa traz trecho do julgado do STF que, no RE 607170/MG, entendeu pela
constitucionalidade da imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo
automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. Neste jul-
gado, a Corte afirmou que
JURISPRUDÊNCIA
Em primeiro lugar, inexiste direito absoluto ao exercício de atividade profissionais (CF,
art. 5º, XIII). É razoável e legítima a restrição imposta pelo legislador, visando proteger
bens jurídicos relevantes de terceiros, como a vida e a integridade física. (STF. Plenário.
RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2020. Repercussão geral –
Tema 486 - Informativo 966).
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JURISPRUDÊNCIA
“(...) a medida é coerente com o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI).
A suspensão do direito de dirigir do condenado por homicídio culposo na direção de veí-
culo automotor é um dos melhores exemplos de pena adequada ao delito, já que, mais
do que punir o autor da infração, previne eficazmente o cometimento de outros delitos
da mesma espécie”. (STF. Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 12/2/2020. Repercussão geral – Tema 486 - Informativo 966). (Grifamos)
d) Errada. De acordo com o STF a pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo auto-
motor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito, é constitucio-
nal (RE 607107/MG. Informativo 966).
Letra b.
004. (FAPEC/PC – MS/PERITO MÉDICO LEGISTA/2021) Assinale a alternativa que não confi-
gura causa de aumento de pena do crime de homicídio culposo na direção de veículo automo-
tor, prevista no § 1º, do artigo 302, da Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro):
a) não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação.
b) praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada.
c) deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
d) no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
e) se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra subs-
tância psicoativa que determine dependência.
O art. 302, §1º traz as hipóteses de aumento de pena ao homicídio culposo cometido na di-
reção de veículo automotor.
Art. 302, § 1º
No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) à metade, se o agente:
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de pas-
sageiros.
a) Errada. Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação, constitui hipótese de
aumento de pena previsto no art. 302, §1º, I.
b) Errada. Praticar o homicídio culposo em faixa de pedestres ou na calçada constitui hipóte-
se de aumento de pena previsto no art. 302, §1º, II.
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c) Errada. “Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente” constitui hipótese de aumento de pena previsto no art. 302, §1º, III.
d) Errada. Se o agente “No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo
de transporte de passageiros”, a pena por homicídio culposo será aumentada, conforme prevê
o art. 302, §1º, IV.
e) Correta. Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer
outra substância psicoativa que determine dependência incorrerá em hipótese qualificadora
do homicídio culposo, sujeita a pena de reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proi-
bição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, nos
termos do art. 302, §3º do CTB.
Letra e.
“Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra subs-
tância psicoativa que determine dependência” incorrerá em hipótese qualificadora do homicí-
dio culposo, nos termos do art. 302, §3º do CTB.
Desta forma, não há concurso dos crimes 302 e 306 do CTB caso o agente cometa homicídio
culposo ao conduzir veículo automotor sob a influência de álcool (ou de outra substância
psicoativa que determine dependência). Nesta hipótese, este agente responderá, apenas, pelo
homicídio culposo qualificado, nos termos do art. 302, §3º.
Neste sentido, o STJ pontua que:
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DA LEI N. 9.503⁄1997) E
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO (ART. 302 DA LEI N. 9.503⁄1997). PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO. INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A violação da norma que regula o fato de menor gravidade, relacionada, em termos, à
proibição de um ato que conduza ao fato mais grave, esgota-se concretamente no resul-
tado desse último.
2. O crime de embriaguez (art. 306 da Lei n. 9.503⁄1997) ao volante é antefato impunível
do crime de homicídio culposo no trânsito (art. 302 da Lei n. 9.503⁄1997), porquanto a
conduta antecedente está de tal forma vinculada à subsequente que não há como sepa-
rar sua avaliação (ambos integram o mesmo conteúdo de injusto). Precedentes.
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3. Recurso especial provido, a fim de que seja o réu absolvido do crime descrito no art.
306 da Lei n. 9.503⁄1997. (STJ – Resp 1481023/DF. Rel. Min Rogério Schietti Cruz. Sexta
Turma. Julgado em 05/05/2015. Dje 08/05/2015).
Errado.
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007. (VUNESP/TJ – SP/JUIZ SUBSTITUTO/2021) Ao levar sua namorada para casa, Tácio
atropela uma pessoa e foge, sem prestar-lhe socorro. Em razão do ocorrido, a vítima morre
algumas semanas depois.
Nessa hipotética situação, é correto afirmar que
a) Tácio responderá pelo delito de homicídio culposo no trânsito, em concurso material com
o delito de omissão de socorro, ambos previstos no Código de Trânsito.
b) Tácio e sua namorada responderão pelo delito de homicídio culposo no trânsito, com a inci-
dência da causa de aumento em razão da omissão de socorro prevista no Código de Trânsito.
c) Tácio e sua namorada responderão pelo delito de homicídio culposo no trânsito, em con-
curso material com o delito de omissão de socorro, este último previsto no Código Penal.
d) Tácio responderá pelo delito de homicídio culposo no trânsito, com a incidência da causa
de aumento em razão da omissão de socorro prevista no Código de Trânsito.
a) Errada. Não podemos falar em concurso material entre o crime de homicídio culposo e o
crime de omissão de socorro, já que o art. 302, §1º, III do CTB prevê que a pena de homicídio
culposo, na direção de veículo automotor, será aumentada de 1/3 (um terço) à metade quan-
do o agente deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente. Portanto, Tácio responderá pelo crime de homicídio culposo com aumento de pena
de 1/3 (um terço) à metade por ter deixado de prestar socorro, conforme aponta o art. 302,
§1º, III do CTB
b) Errada. De acordo com a maior parte da doutrina, os crimes de trânsito são de “mão-pró-
pria”, não se admitindo a coautoria. Logo, no caso em questão, a namorada de Tácio não res-
ponde pelo homicídio culposo cometido no trânsito.
c) Errada. acordo com a maior parte da doutrina, os crimes de trânsito são de “mão-própria”,
não se admitindo a coautoria. Logo, no caso em questão, a namorada de Tácio não responde
pelo homicídio culposo cometido no trânsito. Além disso, não podemos falar em concurso
material entre o crime de homicídio culposo e o crime de omissão de socorro, já que o art. 302,
§1º, III do CTB prevê que a pena de homicídio culposo, na direção de veículo automotor, será
aumentada de 1/3 (um terço) à metade quando o agente deixar de prestar socorro, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
d) Correta. O art. 302, §1º, III do CTB prevê que a pena de homicídio culposo, na direção de
veículo automotor, será aumentada de 1/3 (um terço) à metade quando o agente deixar de
prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente. Portanto,
Tácio responderá pelo crime de homicídio culposo com aumento de pena de 1/3 (um terço) à
metade por ter deixado de prestar socorro à vítima, conforme aponta o art. 302, §1º, III do CTB
Letra d.
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Sobre a afirmativa I – Correta. O STJ entende que “Os crimes de embriaguez ao volante (art.
306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em direção de veículo automotor (art. 303 do CTB)
são autônomos e o primeiro não é meio normal, nem fase de preparação ou de execução para
o cometimento do segundo, não havendo falar em aplicação do princípio da consunção” (Ju-
risprudência em Teses n. 114. Item 5).
Sobre a afirmativa II – Correta. O crime de embriaguez ao volante está previsto no art. 306 do
CTB. De acordo com o STJ “O crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo despicien-
da a demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta”. (Jurisprudência em Teses n.
114. Item 6).
Sobre a afirmativa III – Errada. De acordo com o STJ “Com o advento da Lei n. 12.760/2012,
que modificou o art. 306 do CTB, foi reconhecido ser dispensável a submissão do acusado a
exames de alcoolemia, admitindo-se a comprovação da embriaguez do condutor de veículo
automotor por vídeo, testemunhos ou outros meios de prova em direito admitidos, observado
o direito à contraprova”. (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 10).
Estão corretas as afirmativas I e II.
Letra c.
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Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da in-
fluência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por:
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora.
A partir do exposto, e de acordo com a interpretação do STJ, assinale a alternativa que apre-
senta a classificação desse crime e sua correspondente demonstração da efetiva potenciali-
dade lesiva da conduta para a caracterização típica, respectivamente.
a) Crime de perigo abstrato – demonstração desnecessária.
b) Crime de perigo concreto–demonstração desnecessária.
c) Crime de perigo abstrato – demonstração indispensável.
d) Crime de perigo concreto – demonstração indispensável.
e) Crime de perigo concreto – demonstração presumida.
A questão nos traz o crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306 do CTB. De acordo
com o STJ, trata-se de um crime de perigo abstrato, não sendo necessária a demonstração
de efetiva potencialidade lesiva para que haja sua configuração.
JURISPRUDÊNCIA
O crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo despicienda a demonstração da
efetiva potencialidade lesiva da conduta. (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 6).
Letra d.
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Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. (grifamos).
Certo.
a) Errada. A conduta de dirigir com habilitação vencida não constitui crime, previsto no art.
309 do CTB, e sim infração administrativa, prevista no art. 162, V. Neste sentido, o STJ esta-
belece que:
JURISPRUDÊNCIA
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. DIRIGIR VEÍCULO SEM HABILITAÇÃO GERANDO PERIGO
DE DANO. ABSOLVIÇÃO. CONDUTOR HABILITADO. EXAME MÉDICO VENCIDO. ATIPICI-
DADE. RECURSO DESPROVIDO. I. Hipótese em que o réu foi absolvido, ao fundamento de
que o ato de conduzir veículo automotor com carteira de habilitação vencida não cons-
titui a conduta tipificada no art. 309 do CTB. II. Se o bem jurídico tutelado pela norma é a
incolumidade pública, para que exista o crime é necessário que o condutor do veículo não
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possua Permissão para Dirigir ou Habilitação, o que não inclui o condutor que, embora
habilitado, esteja com a Carteira de Habilitação vencida. III. Não se pode equiparar a
situação do condutor que deixou de renovar o exame médico com a daquele que sequer
prestou exames para obter a habilitação. IV. Recurso desprovido. (STJ - REsp 1188333/
SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 01/02/2011).
b) Correta. Maria responderá pelo crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306 do
CTB. A conduta de dirigir com habilitação vencida não constitui crime e sim infração adminis-
trativa, prevista no art. 162, V do CTB.
c) Errada. A conduta de “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine depen-
dência”, constitui crime previsto no art. 306 do CTB. Por outro lado, a conduta de dirigir com
habilitação vencida não constitui crime e sim infração administrativa, prevista no art. 162, V
da mesma norma.
d) Errada. A conduta de dirigir sob a influência de álcool, constitui crime previsto no art. 306
do CTB. De acordo com o STJ, a embriaguez ao volante constitui crime de perigo abstrato,
sendo desnecessária a demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta. Logo, para
a configuração desta infração penal, não é necessária a ocorrência de acidente de trânsito
com vítima fatal, como afirma a alternativa. Além disso, a conduta de “dirigir com habilitação
vencida” não constitui crime e sim ilícito administrativo, previsto no art. 162, V do CTB.
e) Errada. No teste etilômetro de Maria foi constatado 0,39 miligrama de álcool por litro de ar
alveolar. O art. 306, §1º, I do CTB afirma que as condutas de “Conduzir veículo automotor com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência” podem ser constatadas pela “concentração igual ou
superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de
álcool por litro de ar alveolar” (grifamos). Logo, Maria responderá pelo crime de embriaguez
ao volante, previsto no art. 306 do CTB.
Letra b.
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a) Errada. Homicídio doloso não é regulado pelo CTB e sim pelo Código Penal. A questão
afirma que devemos responder a questão “com base no CTB”. Apenas com base nesta pers-
pectiva já podemos notar que José não poderá responder por homicídio doloso. Além disso, a
própria questão deixa claro que o agente não praticou o ato com “consciência e vontade”, não
havendo de se falar em dolo.
b) Errada. O CTB não tipifica homicídio doloso. Neste caso, não podemos falar que o agente
agiu com “consciência e vontade” de matar o ciclista. Portanto, estamos diante de um caso
de homicídio culposo, e a pena será aumentada de 1/3 à metade, em razão de o agente estar,
no exercício de sua profissão ou atividade, conduzindo veículo de transporte de passageiros
(art. 302, §1º, IV do CTB).
c) Errada. O agente responde por homicídio culposo, e a pena será aumentada de 1/3 à meta-
de, por estar, no exercício de sua profissão ou atividade, conduzindo veículo de transporte de
passageiros (art. 302, §1º, IV do CTB).
d) Errada. José responderá por homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor,
previsto no art. 302 do CTB. Além da “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor”, este crime também estará sujeito à pena de de-
tenção, de dois a quatro anos (com acréscimo de 1/3 à metade, nos termos do art. 302, §1º,
IV do CTB).
e) Correta. José responderá por homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor.
Este crime está previsto no art. 302 do CTB e sujeita-se à pena de “detenção, de dois a quatro
anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor”. Na hipótese descrita na questão, a pena será aumentada de 1/3 até a metade
em razão de o agente estar, no exercício de sua profissão ou atividade, conduzindo veículo de
transporte de passageiros (art. 302, §1º, IV do CTB).
Letra e.
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a) embriaguez ao volante.
b) direção sem habilitação.
c) embriaguez ao volante em concurso material com direção sem habilitação.
d) embriaguez ao volante em concurso formal com direção sem habilitação.
e) conduta atípica.
a) Correta. Carlos responderá pelo crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306 do
CTB, não sendo necessária a realização de teste etilômetro, uma vez que a conduta poderá
ser constatada por “sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da
capacidade psicomotora”, como estabelece o art. 306, §1º, II do CTB. Neste sentido, o STJ
entende que;
JURISPRUDÊNCIA
Com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306 do CTB, foi reconhecido
ser dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admitindo-se a com-
provação da embriaguez do condutor de veículo automotor por vídeo, testemunhos ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (STJ –
Jurisprudência em Teses n. 114. Item 10).
b) Errada. A conduta de “dirigir com habilitação vencida” não constitui crime previsto no art.
309 do CTB, e sim infração administrativa, prevista no art. 162, V do CTB.
JURISPRUDÊNCIA
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. DIRIGIR VEÍCULO SEM HABILITAÇÃO GERANDO PERIGO
DE DANO. ABSOLVIÇÃO. CONDUTOR HABILITADO. EXAME MÉDICO VENCIDO. ATIPICI-
DADE. RECURSO DESPROVIDO. I. Hipótese em que o réu foi absolvido, ao fundamento de
que o ato de conduzir veículo automotor com carteira de habilitação vencida não cons-
titui a conduta tipificada no art. 309 do CTB. II. Se o bem jurídico tutelado pela norma é a
incolumidade pública, para que exista o crime é necessário que o condutor do veículo não
possua Permissão para Dirigir ou Habilitação, o que não inclui o condutor que, embora
habilitado, esteja com a Carteira de Habilitação vencida. III. Não se pode equiparar a
situação do condutor que deixou de renovar o exame médico com a daquele que sequer
prestou exames para obter a habilitação. IV. Recurso desprovido. (STJ - REsp 1188333/
SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 01/02/2011).
c) Errada. No caso em tela, Carlos está com a Habilitação vencida, não havendo ocorrência de
crime e sim, de mera infração administrativa, prevista no art. 162, V do CTB. Portanto, não po-
demos falar que o agente responderá por embriaguez ao volante em concurso material com
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“direção sem habilitação” já que a carteira de habilitação vencida não se enquadra no crime
previsto no art. 309 do CTB.
d) A habilitação vencida, por si só, não se enquadra no crime previsto no art. 309 do CTB cuja
conduta consiste em “Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para
Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano”. Neste
caso, Carlos não comete crime por estar com a habilitação vencida.
e) Errada. Carlos comete o crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306 do CTB com
a seguinte redação:
Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álco-
ol ou de outra substância psicoativa que determine dependência.
Letra d.
Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo au-
tomotor imposta com fundamento neste Código.
Para o STJ, só há incidência do crime previsto no art. 307 quando o agente viola decisão judi-
cial, que preveja a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir
veículo automotor. A conduta será atípica caso a violação seja à decisão administrativa.
Assim, de acordo com o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
É atípica a conduta contida no art. 307 do CTB quando a suspensão ou a proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor advém de restrição
administrativa (STJ - Informativo 641).
A controvérsia jurídica cinge-se a analisar se a tipicidade requerida pela descrição penal
do art. 307 do CTB abrange tanto a restrição administrativa quanto a judicial que impõe
a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor. A suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor, antes restrita a
mera penalidade de cunho administrativo, passou a ser disciplinada como sanção crimi-
nal autônoma, tanto pelo Código Penal - CP, ao defini-la como modalidade de pena res-
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tritiva de direitos, como pelo Código de Trânsito Brasileiro - CTB, ao definir penas para
o denominados “crimes de trânsito”. Dessarte, resta evidente que o legislador quis qua-
lificar a suspensão ou proibição para dirigir veículo automotor como pena de natureza
penal, deixando para a hipótese administrativa o seu viés peculiar. A conduta de violar
decisão administrativa que suspende a habilitação para dirigir veículo automotor não
configura o crime do artigo 307, caput, do CTB, embora possa constituir outra espécie de
infração administrativa, segundo as normas correlatas., pois, dada a natureza penal da
sanção, somente a decisão lavrada por juízo penal pode ser objeto do descumprimento
previsto no tipo do art. 307, caput, do CTB no referido tipo. (STJ - HC 427.472-SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma. julgado em 23/08/2018. Informativo 641).
Certo.
015. (FGV/PC – RN/DELEGADO/2021) Durante almoço comemorativo, José emprestou seu car-
ro a Matheus, para que ele fosse buscar sua namorada, ciente de que este não possuía carteira
de habilitação. Quando trafegava normalmente pela via pública, Matheus foi parado em blitz
rotineira, sendo constatado que não possuía a devida autorização legal para dirigir. Diante desse
quadro fático, de acordo com as previsões legais e jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
a) José responderá pelo crime de entregar veículo automotor a pessoa não habilitada, en-
quanto Matheus deverá ser absolvido em razão da atipicidade comportamental;
b) José e Matheus não responderão por qualquer infração penal, pois suas condutas não ge-
raram qualquer perigo de dano ao bem jurídico protegido;
c) a conduta de José é atípica, devendo Matheus responder pelo crime de dirigir veículo em
via pública sem a devida permissão ou habilitação;
d) caso viesse a causar lesão culposa em terceiro, Matheus responderia pelos crimes de lesão
culposa na direção de veículo automotor e de dirigir em via pública sem a devida permissão
ou habilitação, em concurso material;
e) José responderá pelo crime de entregar veículo automotor a pessoa não habilitada, en-
quanto Matheus responderá pelo crime de dirigir veículo em via pública sem a devida permis-
são ou habilitação.
O crime de entregar veículo automotor a pessoa não habilitada, previsto no art. 310 do CTB, é
de perigo abstrato se consumando independentemente de lesão ou de comprovação da po-
tencialidade lesiva, conforme prevê a Súmula 575 do STJ, que assim dispõe:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção
de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer
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Já o crime de “dirigir veículo automotor sem habilitação” (art. 309), constitui crime de perigo
concreto, ou seja, para a sua configuração é necessário a comprovação de que a conduta do
agente expôs o bem jurídico tutelado a perigo de lesão.
Art. 309 do CTB: Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano.
JURISPRUDÊNCIA
Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal culposa
(art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB), funcio-
nando este como causa de aumento de pena (art. 303, parágrafo único, do CTB). (STJ –
Jurisprudência em Teses n. 114. Item 4).
Sobre a letra E - José responderá pelo crime de entregar veículo automotor a pessoa não ha-
bilitada (art. 310 do CTB) e Matheus só responderia pelo crime previsto no art. 309 se fosse
demonstrada a existência de perigo de dano.
Letra d.
016. (FGV/PC – RN/AGENTE ESCRIVÃO/2021) Andressa dirigia seu carro, em velocidade com-
patível com o local, quando, por desatenção, perdeu a direção do veículo e atropelou Zilda, que
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a) O crime de lesão corporal culposa, ocorrida no trânsito, é de ação penal pública condicio-
nada à representação (exceto nas hipóteses previstas no art. 291, §1º).
b) Errada. O crime de lesão corporal ocorrida no trânsito será qualificado (alterando sua tipi-
ficação), no caso previsto no art. 303, §2º do CTB, que assim dispõe:
A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em ra-
zão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do
crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
Perceba que, para que a lesão corporal seja considerada qualificada, é necessário a existência
cumulativa de dois requisitos: a) conduzir o veículo com capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência e
b) do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. Na hipótese descrita na
questão, Andressa não estava com a capacidade psicomotora alterada em razão da influên-
cia de álcool ou de outra substância psicoativa.
c) Correta. O art. 301 do CTB estabelece que:
Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela”(grifamos).
d) Errada. A suspensão da habilitação para dirigir é decretada pelo juiz, conforme estabelece
o art. 294, CTB.
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e) Errada. Não será cabível a decretação de prisão preventiva para Andressa já que sua con-
duta não se amolda aos casos previstos no art. 313 do CPP. Para que possamos falar em
reincidência específica, seria necessário que Andressa tivesse cometido a lesão corporal do-
losamente (hipótese que não se enquadraria no CTB) e tivesse sido anteriormente condenada
por outro crime doloso.
Letra c.
JURISPRUDÊNCIA
Em homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB), ainda que rea-
lizada composição civil entre o autor do crime e a família da vítima, é inaplicável o arre-
pendimento posterior (art. 16 do CP) (STJ – REsp 1.561.276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, 6ª Turma, julgado em 28/6/2016. Informativo 590).
b) Errada. O crime de entregar veículo automotor a pessoa não habilitada, previsto no art. 310
do CTB, é de perigo abstrato se consumando independentemente de lesão ou de potenciali-
dade lesiva, conforme prevê a Súmula 575 do STJ, que assim dispõe:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção
de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer
das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão
ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.
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JURISPRUDÊNCIA
É atípica a conduta contida no art. 307 do CTB quando a suspensão ou a proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor advém de restrição
administrativa (STJ - HC 427.472-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma.
julgado em 23/08/2018. Informativo 641).
JURISPRUDÊNCIA
A majorante do art. 302, parágrafo único, inciso IV, do Código de Trânsito Brasileiro,
exige que se trate de motorista profissional, que esteja no exercício de seu mister e con-
duzindo veículo de transporte de passageiros, mas não refere à necessidade de estar
transportando clientes no momento da colisão e não distingue entre veículos de grande
ou pequeno porte (STJ – Resp 13.58214/ RS. Rel. Min. Campos Marques. Julgado em
09/04/2013. Dje 15/04/2013).
e) Errada.
JURISPRUDÊNCIA
O fato de os delitos haverem sido cometidos em concurso formal não autoriza a exten-
são dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou com-
provado, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima
fatal. (STJ - REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, jul-
gado em 1/6/2017, DJe 9/6/2017. Informativo 606).
Letra d.
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Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judi-
ciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. (grifamos).
A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
(grifamos).
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Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as
normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de
modo diverso, bem como a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
Letra c.
O agente, ao atropelar e causar lesões em uma pessoa comete lesão corporal culposa, nos
termos do art. 303 do CTB. Como a vítima estava na faixa de pedestre, a pena de lesão corpo-
ral será aumentada de 1/3 a metade, nos termos do art. 303, §1º.
De acordo com o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal culposa
(art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB), funcio-
nando este como causa de aumento de pena.
Assim, na hipótese narrada, o fato de o agente não possuir carteira de habilitação constitui
causa de aumento de pena do crime de lesão corporal culposa.
Portanto, Xerestício responderá pelo crime de lesão corporal culposa com dupla causa de au-
mento de pena (em razão de a vítima estar sobre a faixa de pedestre e em razão de o agente
não possuir carteira de habilitação).
Letra b.
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022. (CESPE/PRF/2019) Ana dirigia pela BR 101, na altura do distrito de Campos dos Goy-
tacazes, a 60 km/h, quando resolveu ler uma mensagem no celular e, então, atropelou um
homem de cinquenta e sete anos de idade. Apesar de Ana ter prestado total socorro, tendo
inclusive chamado socorro especializado, a vítima teve diversas fraturas. Policiais rodoviá-
rios federais que faziam patrulhamento na região não prenderam Ana em flagrante, porém
relataram em boletim de ocorrência circunstanciado de forma bastante minuciosa o ocorrido
e as lesões sofridas pela vítima.
A partir da situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue.
Os policiais rodoviários federais agiram de forma correta ao não prenderem em flagrante Ana,
pois se tratava de um crime de trânsito, no qual Ana prestou socorro à vítima.
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O art. 301 do CTB estabelece que “Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito
de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar
pronto e integral socorro àquela”.
No caso em questão, Ana prestou socorro à vítima, não sendo cabível, assim, a prisão em
flagrante.
Certo.
A questão traz a previsão do art. 304, parágrafo único do CTB, que trata do crime de omissão
de socorro cometido por condutor de veículo. De acordo com este artigo:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à víti-
ma, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com feri-
mentos leves. (grifamos).
Certo.
024. (VUNESP/TJ – RJ/JUIZ DE DIREITO/2019) Aquele que conduz veículo automotor sob a
influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência e,
nessas condições, causa morte de terceiro por imprudência responde por
a) homicídio culposo na direção de veículo automotor e embriaguez ao volante, em con-
curso formal.
b) homicídio culposo na direção de veículo automotor, qualificado.
c) homicídio culposo na direção de veículo automotor e embriaguez ao volante, em concur-
so material.
d) homicídio doloso, na modalidade dolo eventual e embriaguez ao volante, em concurso formal.
e) homicídio doloso, na modalidade dolo eventual e embriaguez ao volante, em concur-
so material.
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a) Errada. Responde por homicídio culposo qualificado o agente que, sob a influência de álco-
ol ou de outra substância psicoativa que determine dependência, causar a morte de alguém
no trânsito. Nesta hipótese, o STJ entende que não haverá concurso dos crimes 302 e 306
do CTB. Ou seja, o crime de embriaguez ao volante será absorvido pelo crime de homicídio
culposo qualificado, previsto no art. 302, §3º do CTB.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DA LEI N. 9.503⁄1997) E
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO (ART. 302 DA LEI N. 9.503⁄1997). PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO. INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A violação da norma que regula o fato de menor gravidade, relacionada, em termos, à
proibição de um ato que conduza ao fato mais grave, esgota-se concretamente no resul-
tado desse último.
2. O crime de embriaguez (art. 306 da Lei n. 9.503⁄1997) ao volante é antefato impunível
do crime de homicídio culposo no trânsito (art. 302 da Lei n. 9.503⁄1997), porquanto a
conduta antecedente está de tal forma vinculada à subsequente que não há como sepa-
rar sua avaliação (ambos integram o mesmo conteúdo de injusto). Precedentes.
3. Recurso especial provido, a fim de que seja o réu absolvido do crime descrito no art.
306 da Lei n. 9.503⁄1997. (STJ – Resp 1481023/DF. Rel. Min Rogério Schietti Cruz. Sexta
Turma. Julgado em 05/05/2015. Dje 08/05/2015).
JURISPRUDÊNCIA
A embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiarida-
des que ultrapassem a violação do dever de cuidado objetivo, inerente ao tipo culposo,
não pode servir de premissa bastante para a afirmação do dolo eventual. (STJ - REsp
1689173/SC, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 21/11/2017,
DJe 26/03/2018. Informativo 623).
e) Errada. O STJ entende que a embriaguez do agente não gera, por si só, a presunção au-
tomática de existência de dolo eventual. Além disso, a Corte entende, ainda, que o crime de
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embriaguez ao volante será absorvido pelo crime de homicídio culposo qualificado, previsto
no art. 302, §3º
Letra b.
a) Correta. No que se refere ao neto que morreu, Mévio responderá por homicídio culposo de
trânsito (art. 302 do CTB). E responderá por lesão corporal culposa, em relação ao neto que
teve a perna amputada (art. 303 do CTB).
b) Errada. A influência de substância que altera a capacidade psicomotora não constitui cau-
sa de aumento de pena dos crimes de homicídio culposo e de lesão corporal, já que não há
previsão deste fator no art. 302, §1º do CTB.
c) Errada. O art. 302, §3º prevê o homicídio culposo qualificado, que ocorre “Se o agente
conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psico-
ativa que determine dependência”. Como podemos perceber, para que haja configuração do
homicídio qualificado, é necessário que a substância psicoativa cause dependência. No caso
em tela, não poderíamos falar em homicídio qualificado já que, como informado na questão,
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o remédio utilizado por Mévio, apesar de comprometer a capacidade psicomotora, não causa
dependência. Portanto, o agente responderá por homicídio culposo simples e lesão corpo-
ral simples.
d) Errada. Mévio infringiu norma objetiva de cuidado ao descumprir a proibição médica de não
dirigir. Em razão disso, há incidência de crime de trânsito.
e) Errada. O art. 303, §2º prevê lesão corporal qualificada, “se o agente conduz o veículo com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza gra-
ve ou gravíssima”. Na hipótese descrita na questão, não podemos falar em lesão corporal
qualificada, já que o remédio utilizado por Mévio, não causa dependência.
Letra d.
JURISPRUDÊNCIA
Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal culposa (art.
303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB), funcionando
este como causa de aumento de pena (art. 303, parágrafo único, do CTB) (STJ – Jurispru-
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dência em Teses n. 114. Item 4). Em regra, a lesão corporal culposa decorrente de acidente
de trânsito é de ação penal pública condicionada à representação. Já o crime de dirigir
sem habilitação, é de ação penal pública incondicionada. Porém, ocorrendo absorção entre
estes delitos, o STF entende que, a ausência de representação da vítima gera a extinção da
punibilidade tanto da lesão corporal como da conduta de dirigir sem habilitação. (STF. 2ª
Turma. HC 128921/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/8/2015 - Informativo 796).
b) Errada. De fato, o crime de conduzir automóvel sem possuir permissão para dirigir ou ha-
bilitação é classificado como sendo de perigo concreto, cuja tipificação exige a prova de ge-
ração do perigo de dano. Porém, este crime só se configura quando a direção sem habilitação
ocorre em via pública. Neste sentido, o art. 309 do CTB tipifica a conduta de:
Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano (grifamos).
c) Errada. O art. 32 do Decreto-lei 3.688/41, prevê, como contravenção penal, a conduta de “Di-
rigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públi-
cas”. Este dispositivo, porém, foi parcialmente revogado (derrogação) pelo Código de Trânsito.
Assim, a conduta de dirigir, veículo na via pública sem habilitação, deixou de ser contravenção
penal e passou a ser crime, previsto no art. 309 do CTB. Já a conduta de dirigir veículo automo-
tor em águas públicas, continua sendo considerada contravenção penal. É importante desta-
carmos, ainda, que o tipo penal previsto no art. 309 do CTB constitui crime de perigo concreto.
d) Errada. O crime de embriaguez ao volante é de perigo abstrato. Neste sentido, o STJ
afirma que:
JURISPRUDÊNCIA
O crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo despicienda a demonstração da
efetiva potencialidade lesiva da conduta (STJ – Jurisprudência em Teses n. 114. Item 6).
e) Correta. Para o STJ, só há incidência do crime previsto no art. 307 quando o agente viola
decisão judicial, que preveja a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação
para dirigir veículo automotor. A conduta será atípica caso a violação seja à decisão adminis-
trativa. Assim, de acordo com o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
É atípica a conduta contida no art. 307 do CTB quando a suspensão ou a proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor advém de restrição
administrativa (STJ - Informativo 641).
Letra e.
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027. (INSTITUTO ACESSO/PC – ES/DELEGADO/2019) João, muito feliz com seu noivado com
Isabel, marcou um churrasco comemorativo com os familiares de ambos. A comemoração foi
marcada para o dia 21/07/2017 e ocorreu na casa de Isabel. O festejo teve início às 12 horas,
perdurando até às 22 horas. Por volta das 23 horas, João se despediu da noiva e partiu para
casa em seu carro. No caminho de regresso, João – que estava com sua capacidade psico-
motora visivelmente alterada, em decorrência de bebida alcoólica que ingeriu durante a co-
memoração – subiu com seu carro em uma calçada e atropelou Marcos, causando-lhe lesões
leves, em diversas partes do corpo. João pediu socorro, ligando para o corpo de bombeiros e a
polícia. Com a chegada dos policiais João foi submetido ao teste de dosagem alcoólica no ar
expirado (exame de bafômetro), que fez voluntariamente. Constatou-se que a concentração
de álcool por litro de seu sangue era superior à quantidade permitida na lei. Marcos, por sua
vez, foi atendido e encaminhado para um hospital.
Tendo em vista a situação narrada e as regras sobre os crimes de trânsito constantes no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB - Lei n. 9.503/97), é INCORRETO afirmar que, no presente
caso, incide
a) uma causa especial de aumento de pena conforme determina o § 1º do art. 303 combinado
com o art. 302, § 1º, II todos do CTB.
b) o § 2º do art. 291 do CTB e deverá ser lavrado um termo circunstanciado sobre a ocorrência.
c) o § 2º do art. 291 do CTB e deverá ser aberto inquérito policial para investigar a infração.
d) o rol de crimes previstos nos art. 303, caput, (lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor) bem como o previsto no art. 306, caput, (condução de veículo automotor com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool) ambos do CTB, todos
fundamentados pelo art. 69 do Código Penal (CP).
e) a circunstância prevista no art. 291, § 1º, I do CTB, em razão da lesão corporal culposa de-
corrente da condução de veículo automotor sob a influência de álcool e se afasta, portanto, a
possibilidade da aplicação de benefícios presente na Lei 9.099/95.
a) Correta. Na hipótese em questão, João responderá pelo crime de lesão corporal culposa,
com a pena aumentada de 1/3 à metade em razão de a vítima se encontrar na calçada. (art.
303, §1º e art. 302, §1º, II do CTB).
b) Errada. No caso em questão, o agente estava sob a influência de álcool, logo, deverá ser
instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal, e não termo circunstancia-
do. (art. 291, §2º e art. 291, §1º, I do CTB).
c) Correta. Como João estava sob influência de álcool, deverá ser instaurado inquérito policial
para a investigação da infração penal, nos termos do art. 291, §1º do CTB.
d) Correta. No caso em questão, João responderá, em concurso material (art. 69 do CP), pelos
crimes de lesão corporal e embriaguez ao volante, não havendo consunção entre os delitos.
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JURISPRUDÊNCIA
Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em
direção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio
normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo, não
havendo falar em aplicação do princípio da consunção. (STJ - Jurisprudência em Teses
n. 114. Item 5)
Responde por homicídio culposo qualificado o agente que, sob a influência de álcool ou de
outra substância psicoativa que determine dependência, causar a morte de alguém no trân-
sito. O STJ entende que, neste caso, o crime de embriaguez ao volante será absorvido pelo
crime de homicídio culposo qualificado (art. 302, §3º do CTB).
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DA LEI N. 9.503⁄1997) E
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO (ART. 302 DA LEI N. 9.503⁄1997). PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO. INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A violação da norma que regula o fato de menor gravidade, relacionada, em termos, à
proibição de um ato que conduza ao fato mais grave, esgota-se concretamente no resul-
tado desse último.
2. O crime de embriaguez (art. 306 da Lei n. 9.503⁄1997) ao volante é antefato impunível
do crime de homicídio culposo no trânsito (art. 302 da Lei n. 9.503⁄1997), porquanto a
conduta antecedente está de tal forma vinculada à subsequente que não há como sepa-
rar sua avaliação (ambos integram o mesmo conteúdo de injusto). Precedentes.
3. Recurso especial provido, a fim de que seja o réu absolvido do crime descrito no art.
306 da Lei n. 9.503⁄1997. (STJ – Resp 1481023/DF. Rel. Min Rogério Schietti Cruz. Sexta
Turma. Julgado em 05/05/2015. Dje 08/05/2015).
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O erro da questão está em afirmar que a direção de veículo com habilitação vencida constitui
causa de aumento de pena. Vamos analisar mais detalhadamente o caso....
Primeiramente, é importante sabermos que Simão responderá, pelos crimes de lesão corpo-
ral e embriaguez ao volante, não havendo consunção entre os delitos. Neste sentido, o STJ
afirma que:
JURISPRUDÊNCIA
Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em
direção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio
normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo, não
havendo falar em aplicação do princípio da consunção. (STJ - Jurisprudência em Teses
n. 114. Item 5)
O STJ entende que a o crime de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) absorve o delito de
direção sem habilitação (art. 309 do CTB). De acordo com este entendimento, a direção sem
habilitação funciona como causa de aumento de pena do crime de lesão corporal.
Porém, na hipótese em questão, a carteira de habilitação vencida não configura o crime pre-
visto no art. 309 do CTB, e sim mera infração administrativa, como podemos analisar a partir
do seguinte julgado:
JURISPRUDÊNCIA
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. DIRIGIR VEÍCULO SEM HABILITAÇÃO GERANDO PERIGO
DE DANO. ABSOLVIÇÃO. CONDUTOR HABILITADO. EXAME MÉDICO VENCIDO. ATIPICI-
DADE. RECURSO DESPROVIDO. I. Hipótese em que o réu foi absolvido, ao fundamento de
que o ato de conduzir veículo automotor com carteira de habilitação vencida não cons-
titui a conduta tipificada no art. 309 do CTB. II. Se o bem jurídico tutelado pela norma é a
incolumidade pública, para que exista o crime é necessário que o condutor do veículo não
possua Permissão para Dirigir ou Habilitação, o que não inclui o condutor que, embora
habilitado, esteja com a Carteira de Habilitação vencida. III. Não se pode equiparar a
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
Fábio Roque e Flávia Araújo
situação do condutor que deixou de renovar o exame médico com a daquele que sequer
prestou exames para obter a habilitação. IV. Recurso desprovido. (STJ - REsp 1188333/
SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 01/02/2011).
Logo, o fato de o agente estar com a carteira de habilitação vencida não constitui crime pre-
visto no art. 309 do CTB, e, portanto, não podemos falar em absorção, ou causa de aumento
de pena, ao crime de lesão corporal.
Errado.
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JURISPRUDÊNCIA
A desobediência a ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou por seus agen-
tes, ou por policiais ou outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas
ao trânsito, não constitui crime de desobediência, pois há previsão de sanção adminis-
trativa específica no art. 195 do CTB, o qual não estabelece a possibilidade de cumula-
ção de punição penal. (STJ – Jurisprudência em Teses n. 114. Item 12).
Errado.
O crime previsto no art. 310 do CTB é de perigo abstrato, logo, sua consumação não depende
da existência de lesão ou perigo concreto de lesão a algum bem jurídico. Neste sentido, a Sú-
mula 575 do STJ estabelece que:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575, STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das
situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de
perigo de dano concreto na condução do veículo.
Errado.
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JURISPRUDÊNCIA
Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal culposa
(art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB), funcio-
nando este como causa de aumento de pena. (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 4)
Certo.
I – Errada. O crime previsto no art. 310 do CTB é de perigo abstrato, logo, sua consumação
não depende da existência de lesão ou perigo concreto de lesão a algum bem jurídico. Neste
sentido, a Súmula 575 do STJ estabelece que:
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575, STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das
situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de
perigo de dano concreto na condução do veículo.
II – Correta. Em regra, a transação penal é aplicada aos crimes de lesão corporal culposa co-
metidos no trânsito. Porém, o art. 291, §1º, I do CTB prevê que os institutos despenalizadores
previstos no art. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95 não serão aplicáveis se o agente estiver “sob a
influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”.
III – Errada. A remoção do veículo por seu condutor imediatamente após a ocorrência de aci-
dente automobilístico só configura crime de fraude processual se a conduta for praticada a
fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz, conforme estabelece o art. 312 do CTB.
IV – Correta. O art. 301 do CTB estabelece que:
Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
Letra c.
036. (CESPE/PRF/2019) Wellington, maior e capaz, sem habilitação ou permissão para dirigir
veículo automotor, tomou emprestado de Sandro, também maior e capaz, seu veículo, para
visitar a namorada em um bairro próximo àquele onde ambos residiam. Sandro, mesmo ciente
da falta de habilitação de Wellington, emprestou o veículo.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, à luz do Código
de Trânsito Brasileiro.
Sandro responderá por crime de trânsito somente se a condução de Wellington causar peri-
go de dano.
O crime previsto no art. 310 do CTB é de perigo abstrato, logo, sua consumação não depende
da existência de lesão ou perigo concreto de lesão a algum bem jurídico. Neste sentido, a Sú-
mula 575 do STJ estabelece que:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575, STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das
situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de
perigo de dano concreto na condução do veículo.
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Em regra, o crime de lesão corporal culposa é de ação penal pública condicionada à represen-
tação do ofendido, conforme estabelece o art. 88 da Lei 9.099/95.
O art. 291, §1º prevê hipóteses em que não será possível a aplicação do disposto no art. 74, 76
e 88 da Lei 9.099/95 aos crimes de lesão corporal culposa. Ou seja, nas hipóteses trazidas por
este parágrafo, não será cabível a composição civil dos danos, a transação penal, e o crime
será de ação penal pública incondicionada.
Art. 291. § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76
e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição
ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente;
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
Na hipótese trazida pela questão, Ana trafegava à velocidade de 85 km/h, quando o máximo
permitido para a via era de 40 km/h. Para que estivéssemos diante da previsão contida no art.
291, §1º, III do CTB, seria necessário que a condutora estivesse transitando em velocidade
superior à máxima permitida em 50km/h. Ou seja, ela teria que estar trafegando a 90km/h (40
+ 50), o que não foi o caso.
Portanto, a lesão corporal cometido por Ana não se enquadra nas hipóteses previstas no
art. 291, §1º do CTB, tratando-se assim, de crime de ação penal pública condicionada à re-
presentação.
O MP não agiu corretamente, ao oferecer a denúncia, já que Elza fez constar, na ocorrência
policial, que não desejava realizar a representação criminal.
Errado.
039. (MPE – PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Assinale das alternativas abaixo a única que
não é considerada causa de aumento de pena para o autor do crime de homicídio culposo na
direção de veículo automotor:
a) Não possuir Carteira de Habilitação.
b) Praticar o crime em faixa de pedestres.
c) Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
d) Estar com sua Carteira de Habilitação suspensa.
e) No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
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a) Errada. Não possuir Carteira de Habilitação constitui causa de aumento de pena do homi-
cídio culposo de trânsito, conforme prevê o art. 302, §1º I do CTB.
b) Errada. Praticar o crime em faixa de pedestres constitui causa de aumento de pena do ho-
micídio culposo de trânsito, conforme prevê o art. 302, §1º II do CTB.
c) Errada. Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente constitui causa de aumento de pena do homicídio culposo de trânsito, conforme
prevê o art. 302, §1º III do CTB.
d) Correta. Estar com a Carteira de Habilitação suspensa não consta no art. 302, §1º do CTB
como hipótese de aumento de pena do crime de homicídio culposo de trânsito.
e) Errada. A pena de homicídio culposo é aumentada (de 1/3 a metade) se o agente no exer-
cício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros
(art. 302, §1º, IV do CTB).
Letra d.
De acordo com o STJ “Para a configuração do delito tipificado no art. 306 do CTB, antes da
alteração introduzida pela Lei n. 12.760/2012, é imprescindível a aferição da concentração de
álcool no sangue por meio de teste de etilômetro ou de exame de sangue, conforme parâme-
tros normativos” (Jurisprudência em Teses n. 114. Item 7).
Após a entrada em vigor da Lei 12.760/12, que alterou o CTB, para a configuração do crime
previsto no art. 306 do CTB, não se exige mais a aferição da concentração de álcool no sangue
por meio da a realização de teste de etilômetro ou de exame de sangue. Neste sentido, o STJ
pontua que
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JURISPRUDÊNCIA
Com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306 do CTB, foi reconhecido
ser dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admitindo-se a com-
provação da embriaguez do condutor de veículo automotor por vídeo, testemunhos ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Juris-
prudência n. 114. Item 10).
O art. 306, §1º prevê que a materialidade do crime de embriaguez ao volante pode ser cons-
tatada por:
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
JURISPRUDÊNCIA
O crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo despicienda a demonstração da
efetiva potencialidade lesiva da conduta (Jurisprudência em Teses n.114. Item 6).
A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicoló-
gico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admiti-
dos, observado o direito à contraprova.
d) Errada. O art. 306 não exige que o condutor do veículo seja habilitado, para que haja a con-
figuração do crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306 do CTB.
e) Errada. A conduta de “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependên-
cia”, configura crime, previsto no art. 306 do CTB.
Letra c.
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a) no Art. 306 do CTB: “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”
em concurso com o crime previsto no Art. 302 do CTB: “Praticar homicídio culposo na direção
de veículo automotor”.
b) no Art. 306 do CTB: “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”
em concurso com o crime previsto no Art. 121 do CP: “Matar alguém”, tendo em vista que o
CTB não previu a modalidade dolosa do homicídio.
c) no Art. 302 do CTB: “Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor” qualifi-
cado pelo “agente conduzir veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência”.
d) no Art. 306 do CTB: “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”
em concurso com o crime previsto no Art. 121, parágrafo terceiro do CP: “Matar alguém” de
forma culposa.
e) no Art. 121, parágrafo segundo, inciso III do CP: “Matar alguém” com “emprego de veneno,
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar pe-
rigo comum”.
Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência. Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou
proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
JURISPRUDÊNCIA
A embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiarida-
des que ultrapassem a violação do dever de cuidado objetivo, inerente ao tipo culposo,
não pode servir de premissa bastante para a afirmação do dolo eventual (REsp 1689173/
SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe
26/03/2018. Informativo 623).
c) Correta. Na hipótese descrita na questão, o agente responderá por homicídio culposo qua-
lificado, nos termos do art. 302, §3º do CTB.
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d) Errada. O crime previsto no art. 306 (embriaguez ao volante) será absorvido pelo crime de
homicídio culposo qualificado, previsto no art. 302, §3º do CTB. Na hipótese em questão, não
se aplica o código Penal e sim o CTB, em razão do princípio da especialidade.
e) Errada. Em razão do princípio da especialidade, o crime de homicídio culposo, cometido
na direção de veículo automotor, estará sujeito às normas do CTB. Neste caso, estaremos
diante de homicídio culposo qualificado, sujeito à pena de reclusão, de cinco a oito anos, e
suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor (art. 302, §3º do CTB).
Letra c.
Apenas o condutor do veículo poderá ser sujeito ativo do crime de omissão de socorro, pre-
visto no CTB. Neste sentido, o art. 304 da Lei 9.503/97 assim dispõe:
Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou,
não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública
(grifamos).
Portanto, os terceiros não envolvidos no acidente não responderão pelo crime de omissão de
socorro previsto no Código de Trânsito Brasileiro.
Por outro lado, é possível que estes terceiros respondam pelo crime de omissão de socorro
previsto no art. 135 do Código Penal, desde que incorram na conduta descrita neste tipo penal:
Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Certo.
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e deverá responder em liberdade por crime de trânsito. Conforme os policiais, José, de vinte e
dois anos de idade, se recusou a submeter-se ao teste do bafômetro, mas o médico legista do
Instituto Médico Legal (IML) que o examinou comprovou alteração da capacidade psicomoto-
ra em razão do consumo de substância psicoativa que determina dependência. José também
pagou fiança para ser liberado.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
A conduta de conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de substância psicoativa que não seja bebida alcóolica não está prevista como
crime no Código de Trânsito Brasileiro.
Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álco-
ol ou de outra substância psicoativa que determine dependência.
Errado.
a) Errada. Nos crimes de trânsito, em regra, a lesão corporal culposa constitui crime de ação
penal pública condicionada à representação do ofendido. Porém, nos casos previstos no art.
291, §1º do CTB, este crime será de ação penal pública incondicionada, não sendo aplicável
o art. 88 da Lei 9.099/95. Portanto, será de ação penal pública incondicionada o crime de le-
são corporal se o agente estiver: a) sob a influência de álcool ou qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência; b) participando, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente; c) Transitando em velocidade supe-
rior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).
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b) Errada. A exceção dos crimes de lesão corporal não sujeitos às hipóteses descritas no art.
291, §1º do CTB, os demais crimes de trânsito são de ação penal pública incondicionada.
c) Correta. A transação penal só é cabível para as infrações penais de menor potencial ofen-
sivo (ou seja, para os crimes e contravenções a que a lei comine pena máxima não superior
a 2 anos). O crime de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) é apenável com detenção, de
seis meses a três anos, logo, não constitui infração penal de menor potencial ofensivo, não
sendo admitida a transação penal. Por outro lado, a suspensão condicional do processo é
admitida para os crimes em que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano.
Assim, o autor do crime de embriaguez ao volante (cuja pena mínima é de seis meses) poderá
ser beneficiado por este instituto, desde que preenchidos os demais requisitos previstos no
art. 89 da Lei 9.099/95.
d) Errada. O art. 89 da Lei 9.099/95 admite a suspensão condicional do processo para os cri-
mes em que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano. O art. 307 do CTB prevê
que o crime de “violação da suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou habilitação
para dirigir veículo” está sujeito à pena de detenção, de seis meses a um ano, e multa. Logo,
como a pena mínima para esta infração é inferior a um ano, será possível a aplicação da sus-
pensão condicional do processo, desde que preenchidos os demais requisitos previstos na
Lei 9.099/95.
e) Errada. O art. 305 do CTB tipifica a conduta de “Afastar-se o condutor do veículo do local do
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída”. Neste caso,
a lei prevê a pena de detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Trata-se, portanto, de uma
infração penal de menor potencial ofensivo, já que a pena abstratamente cominada é inferior
a 2 anos (art. 61 da Lei 9.099/95).
Letra c.
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c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
I – Errada. Confiar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada constitui crime pre-
visto no art. 310 do CTB. De acordo com a Súmula 575 do STJ, este crime é de perigo abstrato,
não sendo necessária a demonstração da lesão ou do risco de lesão.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 575 do STJ. Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção
de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer
das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão
ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.
II – Correta. De acordo com o STJ, o crime de lesão corporal e de embriaguez ao volante são
autônomos, não sendo possível a aplicação do princípio da consunção.
JURISPRUDÊNCIA
Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em
direção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio
normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo, não
havendo falar em aplicação do princípio da consunção. (STJ – Jurisprudência em Teses
n. 114. Item 5).
III – Correta. De acordo com o STJ, é admitido o princípio da consunção no crime de homi-
cídio culposo no trânsito consequente do crime de embriaguez ao volante. Neste caso, o
agente responderá, apenas, pelo crime de homicídio culposo qualificado, previsto no art. 302,
§3º do CTB.
JURISPRUDÊNCIA
O crime de embriaguez (art. 306 da Lei n. 9.503⁄1997) ao volante é antefato impunível
do crime de homicídio culposo no trânsito (art. 302 da Lei n. 9.503⁄1997), porquanto
a conduta antecedente está de tal forma vinculada à subsequente que não há como
separar sua avaliação (ambos integram o mesmo conteúdo de injusto). (STJ – Resp
1481023/DF. Rel. Min Rogério Schietti Cruz. Sexta Turma. Julgado em 05/05/2015. Dje
08/05/2015).
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JURISPRUDÊNCIA
É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo
automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito (STF
- RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, Plenário. Julgado em 12/2/2020. Repercus-
são Geral – Tema 486. Informativo 966).
JURISPRUDÊNCIA
A embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiarida-
des que ultrapassem a violação do dever de cuidado objetivo, inerente ao tipo culposo,
não pode servir de premissa bastante para a afirmação do dolo eventual. (STJ - REsp
1689173/SC, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 21/11/2017,
DJe 26/03/2018. Informativo 623).
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a) Errada. O efeito de álcool ou drogas não constitui causa de aumento de pena previsto no
art. 302, §1º do CTB. Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência, haverá homicídio culposo
será qualificado (art. 302, §3º).
b) Correta. O fato de o agente não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação
constitui causa de aumento de pena do homicídio culposo, prevista no art. 302, §1º, I do CTB.
c) Errada. O fato de o agente ser contumaz infrator das leis de trânsito não constitui causa de
aumento de pena, previsto no art. 302, §1º do CTB.
d) Errada. O fato de o agente estar conduzindo o veículo em velocidade excessiva não consti-
tui causa de aumento de pena do crime de homicídio, por não haver disposição neste sentido
no art. 302, §1º do CTB.
e) Errada. A prática de disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade
competente constitui crime autônomo, previsto no art. 308 do CTB. O §2º deste artigo esta-
belece que, se a prática das condutas descritas no caput resultar morte, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras pe-
nas previstas neste artigo.
Letra b.
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A velocidade máxima permitida na Rua A é de 50 Km/h. “Y”, conduzindo seu veículo a 120
Km/h pela Rua A, atropela “Z”, provocando-lhe lesões corporais. Diante do exposto e consi-
derando que “Y” cometeu um crime culposo de trânsito nos termos da Lei no 9.503/1997, é
correto afirmar que a conduta de “Y” tipifica o crime de
a) lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, de ação penal pública condicionada
e com possibilidade de aplicação da composição dos danos civis prevista na Lei no 9.099/95.
b) lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, de ação penal pública condiciona-
da e com possibilidade de aplicação da transação penal prevista na Lei no 9.099/95.
c) lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, de ação penal pública incondicio-
nada, não sendo possível a aplicação da transação penal prevista na Lei no 9.099/95.
d) lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, de ação penal pública incondi-
cionada e com possibilidade de aplicação da composição dos danos civis prevista na Lei
no 9.099/95.
e) tentativa de homicídio na direção de veículo automotor, de ação penal pública incondicio-
nada, não sendo possível a aplicação da transação penal prevista na Lei no 9.099/95.
a) Errada. Em regra, os crimes de lesão corporal previstos no CTB são de ação penal pública
condicionada à representação. Porém, Y incorreu na hipótese prevista no art. 291, §1º, III (es-
tar transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h cinquenta
quilômetros por hora), logo, o crime de lesão corporal, por ele praticado, será de ação penal
pública incondicionada, não sendo possível a aplicação dos arts. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95.
Assim, o crime em questão será de ação penal pública incondicionada e não será possível a
composição dos danos.
b) Errada. Y responderá pelo crime de lesão corporal culposa. Por incorrer na hipótese des-
crita no art. 291, §1º, III do CTB, este crime será de ação penal pública incondicionada, e não
será possível a aplicação da transação penal, prevista no art. 76 da Lei 9.099/95.
c) Correta. Em regra, os crimes de lesão corporal previstos no CTB são de ação penal pública
condicionada à representação. Porém, Y incorreu na hipótese prevista no art. 291, §1º, III (es-
tar transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h cinquenta
quilômetros por hora), logo, o crime de lesão corporal, por ele praticado, será de ação penal
pública incondicionada, não sendo possível a aplicação dos art. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95.
d) Errada. No caso em questão, por estar transitando em velocidade superior à máxima per-
mitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora), não será possível a aplicação
da composição dos danos civis, prevista no art. 74 da Lei 9.099/95, por força da disposição
prevista no art. 291, §1º do CTB.
e) Errada. A tentativa de homicídio pressupõe dolo do agente. No caso em questão, não é
possível afirmar que Y agiu com a intenção de cometer homicídio (hipótese em que seria apli-
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cado o CP e não o CTB). Portanto, Y não responderá por tentativa de homicídio e sim por lesão
corporal culposa, prevista no art. 303 do CTB.
Letra c.
Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais
sanções penais cabíveis. (grifamos).
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em
favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49
do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime. (grifamos).
d) Errada. De fato, a prática do crime de trânsito em faixa de pedestres constitui causa de au-
mento do homicídio culposo (art. 302, §1º) e da lesão corporal culposa (art. 303, §1º). Porém,
nos demais tipos penais previstos no CTB, o crime cometido em faixa de pedestre configura
agravante da pena, prevista no art. 298, VII, que assim dispõe:
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Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano.
Pela leitura do artigo, podemos concluir que o fato de a habilitação estar suspensa não con-
figura o crime de trânsito previsto no art. 309 do CTB, e sim, mera infração administrativa,
constante no art. 162, II da mesma norma.
b) Errada. De acordo com o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
Com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306 do CTB, foi reconhecido
ser dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admitindo-se a com-
provação da embriaguez do condutor de veículo automotor por vídeo, testemunhos ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Juris-
prudência em Teses n. 114. Item 10).
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c) Correta. Em regra, o crime de lesão corporal, regulado no CTB, é de ação penal pública
condicionada à representação do ofendido. Porém, se o agente estiver sob a influência de
álcool, o crime será de ação penal pública incondicionada, não sendo aplicável o art. 88 da Lei
9.099/95 (art. 291, §1º do CTB)
d) Errada. O art. 293 do CTB estabelece que:
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REFERÊNCIAS
ALENCAR, Rosmar Rodrigues; ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor; Legislação Penal para
Concursos. Editora JusPODIVM, 2021.
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4ª ed. Salvador: Editora
JusPODIVM, 2021.
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10ª ed.
Salvador: Editora JusPODIVM, 2021.
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Flávia Araújo
Professora de cursos para concurso. Advogada. Professora. Mestre em Políticas Sociais e Cidadania
(UCSAL).
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