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PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LILIANE OKADA DOS SANTOS - 64609111934, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Olá, caro(a) aluno(a)! Eu sou o professor Sérgio Bautzer e, como você já sabe, leciono as
Leis Penais Especiais.
Hoje estudaremos juntos a Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Peço
que dê especial atenção para a polêmica que existe sobre os crimes relacionados à gestão
temerária e fraudulenta por conta da questão da habitualidade. Outra polêmica que cerca a
nossa aula é a da fraude em contrato de leasing, que num primeiro momento você achará que
é delito de estelionato, mas não é, pois é uma lesão contra uma instituição financeira. Ah, e
não importa, mesmo o banco sendo regional, como é o caso do BRB, dependendo da conduta,
haverá crime contra o sistema financeiro nacional. Por conta das diversas operações da Lava
Jato, o crime de evasão de divisas voltou ao foco. A remessa de dinheiro para o exterior sem
declarar às autoridades competentes é crime previsto no art. 22 da presente lei. Quero que
você tenha especial atenção com tal delito. Também quero que sempre fique atento(a) aos
crimes previstos na Lei dos Crimes contra Ordem Tributária e no Código de Defesa do Consu-
midor, pois os examinadores acabam por tentar confundi-lo(a) perguntando tais normas na
mesma questão. Qualquer dúvida, você poderá me mandar pelo fórum do Gran Cursos Online,
que é o maior, melhor e mais completo curso virtual preparatório para concursos públicos do
país.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Indicação Bibliográfica
• Leis Penais Especiais. Editora Juspodvm. Autores: Rogério Sanches, Ronaldo Batista
Pinto e Renee de Ó Souza;
• Legislação Criminal Especial Comentada. Autor: Renato Brasileiro de Lima.
Considerações Iniciais
Inicialmente, ressalte-se que nos crimes previstos nos artigos 8º, 9º, 10, 11, 12, 16, 18, 21
e 23, é possível a concessão da suspensão condicional do processo, desde que preenchidos
os requisitos previstos no art. 89 da Lei n. 9.099/1995, pois a pena mínima cominada nesses
crimes é de 1 (um) ano. Ainda, a ação penal para todos os tipos descritos nesta lei é pública
incondicionada.
Conforme conceitua Rogério Sanches Cunha,
a ação penal de iniciativa pública incondicionada tem como titular o Ministério Público (Código de
Processo Penal, art.24; CP, art.100; CF, art.129, I). A titularidade, no caso, é privativa. Embora a CF
(art.129, I) se refira à exclusividade deste órgão no ajuizamento da ação penal pública, certo é que
há uma exceção (também constitucional): quando a ação penal pública não é intentada no prazo,
pode a vítima promover a chamada ação penal privada subsidiária da pública, caso em que o par-
ticular supre a inércia do órgão público1.
1
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral. 2 ed. rev., ampl., e atual. Salvador: Juspodivm, 2014.
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a principal finalidade da Lei é proibir os entes da Federação de gastarem mais do que arrecadam,
estabelecendo, para tanto, limites e condições para o endividamento público. Ela surge no bojo de
uma unanimidade na opinião pública, reclamando que as finanças públicas deveriam ser discipli-
nadas por regras inflexíveis, para por termo aos gastos exacerbados3.
Importa destacar que todos os crimes desta lei são dolosos, não existindo a figura cul-
posa, sendo estes punidos com reclusão ou detenção e com multa, todos de competência da
Justiça Federal.
Fundamento constitucional: a teleologia do art. 192 da Constituição Federal de 1988 prevê
como objetivos do Sistema Financeiro Nacional:
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equili-
brado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abran-
gendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive,
sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
Bem jurídico protegido: é o Sistema Financeiro Nacional, sendo que “o bem jurídico tutela-
do imediato não é a instituição em si, mas o conjunto de instituições financeiras cuja função
é promover o desenvolvimento equilibrado do País e servir aos interesses da coletividade”4. É
um bem jurídico supraindividual.
Com efeito, o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é de suma im-
portância para o desenvolvimento das finanças públicas e da economia nacional.
2
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Contra o Mercado de Capi-
tais. 3. ed. 2. tir. São Paulo: Saraiva, 2014.
3
CAPEZ, Fernando. Legislação Penal Especial. v. 1 e v. 2. São Paulo. Damásio de Jesus, 2004.
4
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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Em outro sentido, há quem defenda que o bem jurídico tutelado por alguns dispositivos da Lei é a
fé pública dos documentos comprobatórios de investimento e o patrimônio dos investidores, o que
caracterizaria a pluriofensividade delitiva6.
Outros defendem que o bem jurídico salvaguardado pela lei penal é a ordem econômica
atrelada ao financiamento do Estado e ao desenvolvimento do país, sendo notadamente su-
praindividual. Isso porque podem repercutir de forma sistêmica na estabilidade econômica
do país.
Por essa razão, condutas que aparentemente atingem apenas indivíduos, mas que, de
modo mais amplo, afetam as bases sobre as quais se estrutura o SFN e, por conseguinte,
recebem o amparo legal da Lei n. 7.492/1986. De fato, estaremos sempre diante de um delito
relacionado às finanças públicas.
Análise do Artigo 1º
Art. 1º Considera-se como instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito
público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (vetado) de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou admi-
nistração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se a instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, cambio, consórcio, capitalização ou qual-
quer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de for-
ma eventual.
5
COSTA JR, Paulo José da; MACHADO, Charles M. Crimes do Colarinho Branco. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
6
PRADO, Luiz Regis. Direito Penal Econômico. 2ª Ed. São Paulo: RT, 2007.
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O artigo 1º da Lei n. 7.492/1986 é uma norma penal explicativa, que fixa um conceito am-
plo de instituição financeira (NUCCI).
Instituições financeiras de direito público: são as que estão enumeradas no art. 1º da Lei
n. 4.595/19647:
Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presente Lei, será constituído:
I – do Conselho Monetário Nacional;
II – do Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Del n. 278, de 28/02/67)
III – do Banco do Brasil S. A.;
IV – do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
V – das demais instituições financeiras públicas e privadas.
Instituições financeiras por equiparação: estão previstas nos incisos do parágrafo único
do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986:
• representativas de seguradoras;
• casas de câmbio;
• empresas administradoras de consórcios e de capitalização ou poupança;
• empresas que se dedicam a captação de qualquer recurso de terceiros.
7
BRASIL. Lei 4.595. De 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Credi-
tícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências. Por H. Castelo Branco. Disponível em: < http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4595.htm>.
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a Lei n.7.492/1986 – Leis dos Crimes contra o Sistema Financeiro – deve ser analisada e interpre-
tada à luz da Constituição Federal de 1988, e, principalmente, à luz dos princípios reitores do direito
penal da culpabilidade de um Estado Democrático de Direito, bem como dos princípios vetores
relativos ao novo modelo econômico vigente em nosso país8.
O seu artigo 1º, supracitado, é uma norma explicativa e limitadora do alcance do conceito
de instituição financeira, não coincidindo com o conceito previsto na Lei n. 4.595/1964, porém
convergente com o artigo 192 da CF.
A principal diferença, presente, com a Lei n. 4.595/1964,
reside na origem dos recursos financeiros: para a Lei n.7.492/1986, somente as entidades que
tenham como atividade aplicar recursos financeiros de terceiros são consideradas instituições fi-
nanceiras para fins penais (art. 1º).
8
BRASIL. Lei 4.595. De 31 de dezembro de 1964. Op. Cit.
9
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.
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Quanto às atividades típicas das instituições financeiras, Quiroga Mosquera, citado por
Bitencourt, afirma que
Nesse sentido, portanto, o Poder Judiciário entendeu que a Lei n. 4.595/1964 aprovou como indica-
dor de atividade típica de instituição financeira a coleta acoplada com a intermediação, ou a coleta
seguida da aplicação; tendo-se em mente que coleta significa recolher a terceiros. Concluindo, a
presença de uma das atividades previstas no art.17, isoladamente, em uma operação realizada por
uma determinada pessoa (física ou jurídica), não pode caracterizá-la como instituição financeira11.
10
BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro. 120º da Independência e
53º da República. Getúlio Vargas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.
htm>.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
11
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.
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não é razoável tratar o particular que pratica uma operação de captação e intermediação de recur-
sos de terceiros como se constituísse uma instituição financeira. Se assim fosse possível, bastava
que um indivíduo captasse recursos de dois ou três amigos, com a promessa de aplicá-los no
sistema financeiro, para que a lei o considerasse para fins penais equiparado ao presidente de um
banco múltiplo 12.
Análise do Artigo 2º
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
Na Lei do Mercado de Capitais, Lei n. 4.728/1965, em seu artigo 7313, pela primeira vez,
tipificaram-se os delitos hoje contidos no artigo 2º da Lei n. 7.492/1986. Vejamos:
Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas
que as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da
sociedade, com firmas reconhecidas.
§ 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação
legal da sociedade.
Cezar Roberto Bitencourt14, em sua obra, afirma que o artigo 2º atual “se trata de uma
previsão legal obsoleta, considerando-se o elevado nível de informatização atingido pelos
setores público e privado”.
Sujeito ativo: em quaisquer das condutas previstas no artigo, não é exigida qualidade es-
pecial do agente. É, portanto, crime comum. Além dos sujeitos previstos no artigo 25 da Lei n.
7.492/1986, quaisquer outras pessoas podem cometer este delito (os concursos costumam
cobrar).
Coautoria e participação: é possível a coautoria e participação, embora este não seja o
entendimento pacífico na doutrina. No sentido oposto, José Carlos Tórtima afirmar que
12
Ibidem.
13
BRASIL. Lei 4.728. OP. Cit.
14
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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em se tratando da modalidade de impressão irregular dos títulos, contemplada no caput, não sendo
os mesmos falsos, somente funcionário da sociedade emissora, destituído de poder para autorizar
a emissão dos papéis, poderia determinar a confecção dos referidos papéis irregulares, responden-
do, assim, pelo crime, na condição de mandante 15.
Sujeito passivo: o sujeito passivo formal sempre será o Estado, em quaisquer dos cri-
mes capitulados nos diplomas penais. Além disso, figuram também como vítimas as pessoas
que porventura sejam afetadas, físicas ou jurídicas, podendo cogitar, eventualmente, os entes
despersonalizados, como, por exemplo, o espólio ou a massa falida.
Tipo objetivo: as condutas tipificadas ou os verbos-núcleo são imprimir, reproduzir, fa-
bricar ou por em circulação títulos de valores mobiliários. Nos dois últimos verbos do caput,
o legislador recorreu à interpretação analógica, fornecendo a fórmula genérica que seguirá
outra fórmula casuística, a depender do caso prático. O exegeta, no entanto, deverá observar
a máxima hermenêutica que sustenta que normas materiais que restringem direitos devem
ser interpretadas restritivamente.
Para Bitencourt, trata-se de condutas superpostas, na medida em que umas absorvem as
outras, pelo menos as três primeiras, pois quem fabrica, imprime e reproduz.
O parágrafo único traz em seu bojo os verbos em que as penas são equiparadas às do
caput. Destaque-se a autoria mediata premente na expressão “faz distribuir”, que assegurará
somente ao autor da ordem. Entretanto, havendo liame subjetivo entre agentes para a condu-
ta da distribuição, o verbo analisado será “distribuir”, acarretando o raciocínio do aplicador à
luz da doutrina do concurso de pessoas.
Bem jurídico tutelado: o bem jurídico tutelado pelo artigo 2º, para Bitencourt, é, especifi-
camente,
15
TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen, Juris, 2009. p.21. In:
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
16
TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen, Juris, 2009. p.21. In:
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Elemento normativo: quaisquer das condutas descritas no tipo exigem o elemento nor-
mativo sem autorização escrita da sociedade emissora, não sendo suficiente a autorização
oral. Como aduz Bitencourt, “trata-se, na realidade, de uma característica negativa do tipo,
pois é sua ausência que permite a adequação típica” 17.
Tipo subjetivo: constituído somente pelo dolo, elemento subjetivo geral. É necessária, ain-
da, a presença de um elemento intelectual, qual seja, que o sujeito ativo saiba que pratica as
condutas tipificadas neste artigo sem autorização escrita da sociedade emissora.
Para Bitencourt, a ausência desse elemento intelectual gera erro de tipo, muito embora
inúmeras posições consideram que gera erro de proibição. Afirma que
há grande polêmica em relação ao erro que incide sobre esses elementos: para alguns constitui
erro de tipo, porque nele se localiza, devendo ser abrangido pelo dolo; para outros, constitui erro
de proibição, porque, afinal, aqueles elementos tratam, exatamente da antijuridicidade da conduta.
nem sempre constitui um erro de tipo, nem sempre um erro de proibição (como se aceita em geral),
mas pode ser ora um ora outro, segundo se refira a circunstâncias determinantes do injusto ou
somente à antijuridicidade da ação18.
o caráter sequencial das distintas categorias obriga a comprovar o primeiro o problema do erro de
tipo e somente solucionado este se pode analisar o problema do erro de proibição”, logo deve ser
tratado como erro de tipo 21.
17
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
18
ROXIN, Claus. Teoría del tipo penal. Buenos Aires: Depalma, 1979. p.217. In: Ibidem
19
JESCHECK, H.H. Tratado de derecho penal. Trad. Santiago Mir Puig e Francisco Muñoz Conde. Barcelona: Bosch, 1981.p.
337. In: Ibidem.
20
Ibidem.
21
MUÑOZ CONDE, Francisco. El error em derecho penal, Valencia: Tirant lo Blanch, 1989. p.60. In: Ibidem.
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Análise do Artigo 3º
Para alguns doutrinadores, este artigo se assemelha ao artigo 177, § 1º, I, CP23. Vejamos
sua redação:
Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunica-
ção ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia
popular.
§ 1º – Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei
n. 1.521, de 1951)
I – o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer,
balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco-
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
(…)24
22
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
23
24
BRASIL. Código Penal. Instituído pelo Decreto– Lei n. 2.848. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da Indepen-
dência e 52º da República. Presidente Getúlio Vargas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>.
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especial, tipificando um crime comum, contra o patrimônio, o qual poderia atingir pessoas indeter-
minadas, em geral, ou os acionistas em particular. Destaca ainda que o legislador da norma espe-
cial, optando por uma definição reduzida da conduta proibida, paradoxalmente, ampliou o alcance
da norma. Não definindo os agentes que podem praticar o crime, deixou em aberto a qualificação
daqueles que podem ser seu sujeito ativo, não lhes exigindo qualquer qualidade ou condição es-
pecial 25.
Trata-se de conflito aparente de normas e deve ser resolvido com base nos princípios da
subsidiariedade e especialidade. Enquanto o Código Penal trata de um crime próprio ou espe-
cial, o artigo 3º da Lei n. 7.492/1986 tipifica um crime comum.
Bem jurídico tutelado: conforme Bitencourt26,
os bens jurídicos protegidos por este tipo penal são plúrimos, ou seja, protege-se, em um primeiro
momento, a instituição financeira contra a qual é divulgada a informação inverídica (falsa ou pre-
judicialmente incompleta), que é atingida negativamente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, portanto, trata-se de crime comum, admitindo a coautoria
e a participação. Para Bitencourt, é necessário, no entanto, que o sujeito ativo
exerça ou se encontre numa situação ou posição que lhe dê alguma credibilidade para “divulgar
informação sobre instituição financeira”, falsa ou verdadeira. Caso contrário, se não representar a
instituição financeira, não pertencer a nenhum órgão, entidade ou instituição fiscalizadora, oficial
ou extraoficial, ou não gozar de determinado status no mercado financeiro, de capitais, mercado-
lógico ou similar, que relevância a declaração de um anônimo poderia ter nesse mundo especiali-
zado? 27.
Nesta visão, um simples anônimo não pode ser considerado sujeito ativo deste crime,
sendo indispensável ao Juiz, quando julgar caso a caso, uma análise criteriosa.
Sujeito passivo: o SFN, a instituição financeira da qual informação falsa foi divulgada,
bem como os investidores que, porventura, tenham sido prejudicados.
Tipo objetivo: o verbo-núcleo é “divulgar”, sem obrigatoriedade de que haja, para tanto, a
utilização de meios oficiais, bastando que haja potencialidade para atingir o conhecimento de
um número indeterminado de pessoas.
25
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
26
Ibidem.
27
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“Informação falsa” é aquela que, dolosamente, infere situação não condizente com a re-
alidade da instituição, ao passo que a informação prejudicialmente incompleta é a que omite
dados. Entretanto, a divulgação de informação incompleta não configura, por si só, um crime
omissivo, sendo, tão somente, seu objeto material.
A divulgação pode ser falsa integral ou parcialmente e deve ser referente ao objeto-fim
da instituição financeira atingida. Nesta modalidade, “divulgar informação prejudicialmente
incompleta”, Cezar Roberto Bitencourt afirma que
não é necessário que a divulgação seja falsa, na medida em que a prejudicialidade deve decorrer
da incompletude ou da insuficiência da informação, capaz, isto é, idônea a causar prejuízo, dano
ou, de qualquer forma, apresentar potencial lesivo ao sistema financeiro, à instituição financeira ou
a potencial investidor 28.
É importante destacar que o tipo penal não exige que a informação divulgada seja sigilosa,
bastando que seja relevante para ocasionar prejuízos. Ainda, conforme já exposto na análise
do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986, é necessário, nos termos do artigo 41 do CPP, a descrição e
individualização clara e precisa da natureza da informação, realizando um contraponto com a
que deveria ter constado, para que reste demonstrada a existência da consciência de praticar
a ação e da obtenção do resultado.
Divulgação falsa de informação sigilosa: Bitencourt, em sua obra, discute acerca da exis-
tência ou não de concurso de crimes, formal ou material, entre o artigo 3º, em análise, e o
artigo 18 do mesmo diploma legal. A conclusão que chega é que
a disparidade das elementares típicas, além da natureza de crime comum (art. 3º) e crime próprio
(art.18), apontam como norma específica a contida nesse último dispositivo, resultando como nor-
ma geral a previsão do art. 3º. Em outros termos, sempre que a divulgação falsa ou incompleta
for praticada, “com conhecimento em razão de ofício”, e “violando sigilo de operação ou serviço
prestado por instituição financeira”, não restará qualquer dúvida sobre a adequação típica: violação
de sigilo de operação financeira. É irrelevante a semelhança ou a divergência dos bens jurídicos
tutelados, bem como a maior ou menor cominação penal de um ou de outro tipo penal29.
Tipo subjetivo: dolo, ou seja, vontade consciente, esta devendo ser atual e efetiva da ili-
citude, de divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta. Não existe modalidade
28
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
29
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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culposa, sendo fato atípico a divulgação por imperícia, imprudência ou negligência. É impor-
tante destacar que se presume verdadeira a informação até que se prove o contrário.
Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que alguém toma conhecimento
da informação falsa, sendo o prejuízo mero exaurimento do tipo penal. Ainda, sendo crime
plurissubsistente, é cabível a tentativa, porém de difícil ocorrência quando a divulgação for
oral, eventualmente permanente, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.
Classificação: crime comum, formal, de perigo abstrato na forma “informação falsa”, mas
de perigo concreto na modalidade “prejudicialmente incompleta”. É de forma livre, comissivo,
excepcionalmente comissivo por omissão, instantâneo, eventualmente permanente, unissub-
jetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.30
30
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
31
BRASIL. Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia
popular. Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1951; 130º da Independência e 63º da República. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L1521.htm.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.57.
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não se deve esquecer, ademais, que a interpretação em matéria penal repressiva deve ser sempre
restritiva, e somente nesse sentido negativo é que se pode admitir o arbítrio judicial, sem ser viola-
da a taxatividade do princípio da reserva legal 33.
33
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.65.
34
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
(…)
§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:(Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984).
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BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.66.
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Constitucionalidade deste dispositivo legal: as maiores críticas que envolvem estes dis-
positivos giram em torno da violação do princípio da taxatividade, pela vulnerabilidade do
elemento normativo do tipo: temerário, que significa arriscado, perigoso e imprudente.
O princípio da taxatividade, que é um subprincípio da legalidade, preconiza que a condu-
ta criminosa deve ser minuciosamente descrita no tipo penal, de modo que o cidadão saiba
o que é proibido e o que é permitido. O termo temerário extremamente vago e aberto, o que
violaria o princípio da taxatividade, uma vez que o gestor não saberia o exato conteúdo da
expressão.
A gestão temerária é aquela que desobedece às normas e diretivas internas, aumentando
o risco de que as atividades empresariais terminem por causar prejuízos a terceiros, ou por
malversar o dinheiro empregado na sociedade infratora.
A posição que prevalece, no entanto, é a de que este parágrafo único do artigo 4º é cons-
titucional.
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, protege o sistema financeiro nacional, as ins-
tituições financeiras e o patrimônio da coletividade.
Sujeito ativo: podem ser sujeitos ativos os elencados no artigo 25, §§ 1º e 2º da Lei em
comento, sendo crime próprio. Admite a participação de terceiros nos termos do artigo 29 do
CP.
Sujeito passivo: é o Estado, a própria instituição financeira, os investidores e os correntis-
tas quando lesados.
Gestão temerária e o gerente de instituição financeira: é importante destacar que uma
agência é apenas uma minúscula parcela de uma instituição financeira, a qual geralmente
concentra seus atos e poderes decisórios nas inúmeras matrizes que possui. Dessa forma, é
necessária cautela ao responsabilizar o gerente de uma única agência por gestão temerária,
considerando que seu vínculo com a instituição é empregatício e que não tem poder de dire-
ção, sendo necessária a autorização de seus superiores para muitos de seus atos, tais como
liberação de empréstimos. Conforme Cezar Roberto Bitencourt,
quando, no entanto, se puder demonstrar que o gerente realmente detém poder decisório, inde-
pendentemente das diretrizes determinadas pelo controle central da instituição financeira, e o fizer
contrariando a boa práxis bancária, ou o uso corriqueiro dessas instituições, e, principalmente,
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Tipo objetivo: a imprecisão do legislador deixou margens para dúvidas quanto à limitação
entre crime culposo e doloso de gestão temerária. Cezar Roberto Bitencourt considera que
para se evitar a criação de “tipos penais”, por analogia, pelos juízes de primeiro grau, configurando
a mais perigosa das ditaduras, que é a ditadura judicial, sugerimos a combinação de dois diplomas
legais, ambos em vigor, para não prejudicar o acusado, evitando-se, assim, a responsabilidade pe-
nal objetiva, quer por analogia, quer por interpretação analógica, ou por qualquer outro fundamento
(…) assim, far-se-ia a combinação de dois diplomas legais, ou seja, o art.4º da Lei n.7.492/1986
com o inciso IX do art.3º da Lei n. 1.521/51. Sustentando a possibilidade de conjugar-se aspectos
favoráveis de uma lei anterior com os aspectos favoráveis de lei posterior, tivemos a oportunidade
de afirmar o seguinte: parte da doutrina opõe-se a essa possibilidade, porque isso representaria a
criação de uma terceira lei, travestindo o juiz de legislador 37.
36
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
37
Ibidem.
38
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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cia. Assim, a impossibilidade da forma tentada não decorre da característica de crime formal,
e sim de sua habitualidade.
Comparação das penas aplicadas ao caput e ao parágrafo único do artigo 4º: a pena
aplicada aos delitos descritos no caput e parágrafo único desse artigo 4º mostram-se dis-
crepantes: reclusão de 3 a 12 anos cumulada com pena pecuniária de multa para a gestão
fraudulenta; e reclusão de 2 a 8 anos cumulada com pena pecuniária de multa para a gestão
temerária. Há uma clara violação ao princípio da proporcionalidade e, ainda, há de se consi-
derar a dificuldade em diferenciar gestão temerária da fraudulenta, conforme antes exposto, o
que dá uma maior discricionariedade ao juiz na hora de aplicar a pena.
Análise do Artigo 5º
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título,
valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei,
que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem auto-
rização de quem de direito.
É um delito análogo às condutas de peculato, sendo seu viés, no entanto, voltado à Admi-
nistração Financeira. Para Bitencourt, assemelha-se ao crime de apropriação indébita previs-
to no Código Penal. Vejamos:
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(…)39
39
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
40
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op.
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Bem jurídico tutelado: para Guilherme de Souza Nucci, é “a credibilidade do mercado fi-
nanceiro e a proteção do investidor”41. Bitencourt diz ser
o dispositivo em exame protege mais do que simples direito de propriedade, ou seja, os direitos
de garantia, como o usufruto e o penhor, também estão protegidos penalmente, uma vez que o
usufrutuário, assim como o devedor, pode apropriar-se indevidamente da res, violando o direito do
nu-proprietário ou do credor pignoratício44.
41
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5ª Ed. São Paulo: RT, 2010.
42
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
43
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
44
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
45
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
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desconhecendo essa condição, o dolo do particular não abrange todos os elementos constitutivos
do tipo, configurando-se o conhecido erro de tipo, que afasta a tipicidade da conduta. Responderá,
no entanto, por outro crime, consoante o permissivo contido no art.29, § 2º, do CP, que abriga a
chamada cooperação dolosamente distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por crime
menos grave 46.
esse elemento subjetivo está implícito na primeira figura, “em proveito próprio”, pois seria incom-
preensível apropriar-se em benefício de terceiro, e explícito na segunda, “desviá-los em proveito
próprio ou de alheio”. Com efeito, se o desvio operar-se em benefício da própria instituição finan-
ceira, não haverá apropriação indébita financeira, propriamente, mas o desvio do objeto material
poderá configurar outro crime, e não este. Em outros termos, o desvio dos bens, objeto material
desta infração penal, não encontra adequação típica no preceito primário deste art.5º47.
para se caracterizar a apropriação indébita, tanto a tradicional como a especial (financeira), é fun-
damental a presença do elemento subjetivo transformador da natureza da posse, de alheia para
própria. Ao contrário do crime de furto, o agente tem a posse lícita da coisa. Recebe-se legitima-
mente. Muda somente o animus que o liga à coisa ou aos objetos mencionados expressamente n
dispositivo sub examen 49.
46
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
47
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
48
Ibidem.
49
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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50
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Análise do Artigo 6º
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente
a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
nesse dispositivo, tem-se a impressão de que o legislador pretendeu normatizar as relações in-
ternas da instituição financeira, protegendo os interesses de sócio, investidor e repartição pública
relativamente ao acesso às informações verdadeiras, a respeito dos aspectos operacionais e fi-
nanceiros da sociedade51.
para que haja correlação entre a ação (induzir ou manter) do sujeito ativo e o efeito (ou objeto)
sentido pelo sujeito passivo, o erro, é necessária a existência de um contexto comunicacional, que
permita a relação da ação do sujeito ativo com seu interlocutor, que sofre a consequência do agir
típico, ou seja, é indispensável que se possa identificar a existência da conhecida “relação causa
e efeito”53.
51
PIMENTEL, Manoel Pedro. Crimes contra o sistema financeiro nacional, p.62, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA,
Juliano.Op. Cit.
52
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
53
Ibidem.
54
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
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Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(…)
Para enganar sócio, investidor ou repartição pública, induzindo-o ou mantendo-o em erro, ao con-
trário do estelionato que admite o emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento,
o crime especial do art.6º somente pode ser executado “sonegando informação ou prestando-a
falsamente”, que são os dois únicos meios fraudulentos previstos no tipo penal55.
Delito que tipifica a conduta do autor mediato, que atua por ação ou omissão própria.
Destaque-se que, se o autor do delito ocupar a posição de garantidor da não ocorrência do
resultado, a responsabilidade sobre ele recairá de maneira imprópria, o que importará na au-
toria do delito principal, e não do delito in tela.
Sujeito ativo: o delito é comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, sem a neces-
sidade de que a ação seja praticada em benefício próprio ou alheio. Admite-se o concurso de
pessoas, devendo ficar atento, o julgador, para não o presumir, sob pena de ocorrer responsa-
bilidade penal objetiva.
Sujeito passivo: Estado e, secundariamente, sócio ou investidor, se lesados. Bitencourt56,
no entanto, coloca o Estado como sujeito passivo secundário e o sócio e investidor como
sujeitos passivos primários. Para alguns doutrinadores, a lei fere o princípio da taxatividade,
pois a conduta de enganar não é contra a repartição pública, como referida no caput do artigo
em comento, mas, sim, contra os agentes do Estado que atuam nessa repartição.
Consumação e tentativa: no local e no momento em que a vítima é enganada, induzida ou
mantida em erro, sendo imprescindível a obtenção de vantagem ilícita e prejuízo patrimonial
de outrem para ocorrência. Por ser crime material, admite a tentativa quando o iter criminis é
interrompido por causas estranhas à vontade do agente.
Ação penal: a competência territorial é do juízo do local onde são articuladas as opera-
ções fraudulentas na Bolsa de Valores, e não no local da efetiva realização das transações57.
55
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
56
Ib idem.
57
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
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Análise do Artigo 7º
Art. 72. Ninguém poderá gravar ou produzir clichês, compor tipograficamente, imprimir, fazer, re-
produzir ou fabricar de qualquer forma, papéis representativos de ações ou cautelas, que os repre-
sentem, ou títulos negociáveis de sociedades, sem autorização escrita e assinada pelos respecti-
vos representantes legais, na quantidade autorizada.
Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas
que as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da
sociedade, com firmas reconhecidas.
§ 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação
legal da sociedade.
§ 2º A violação de qualquer dos dispositivos constituirá crime de ação pública, punido com pena
de 1 a 3 anos de detenção, recaindo a responsabilidade, quando se tratar de pessoa jurídica, em
todos os seus diretores.
Art. 74. Quem colocar no mercado ações de sociedade anônima ou cautelas que a representem,
falsas ou falsificadas, responderá por delito de ação pública, e será punido com pena de (um) a 4
(quatro) anos de reclusão. (Redação dada pela Lei n. 5.589, de 1970)
58
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
59
BRASIL. Lei 4.728. De 14 de julho de 1965. Disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvi-
mento. Op.Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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emitir significa colocar em circulação; oferecer quer dizer apresentar algo para que seja aceito; ne-
gociar significa transacionar, comerciar. Os objetos das condutas são os títulos (documentos que
certificam um direito) ou valores mobiliários (são os títulos emitidos por sociedades anônimas, que
podem ser negociados em bolsa), preenchidas as hipóteses descritas nos incisos. Cuida-se de tipo
misto alternativo, ou seja, há três condutas possíveis e mesmo que o agente pratique todas, será
punido por um só delito.
o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Porém, algumas formas podem exigir sujeito qualificado,
como o gestor da instituição financeira, que teria condições de emitir um valor mobiliário, sem o re-
gistro prévio junto à autoridade competente. Outra pessoa não poderia fazê-lo em seu lugar, salvo
se cometesse, concomitantemente, o crime de falsidade documental.
Como afirma José Paulo Baltazar Júnior60, “nada impede que haja conluio entre a insti-
tuição financeira e os administradores. O sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, as
pessoas prejudicadas pelas condutas típicas”.
Bitencourt afirma que “nas três condutas incriminadas, é perfeitamente admissível o con-
curso eventual de pessoas na modalidade de coautoria e participação”61. Para ele, assim o
Estado é o sujeito passivo secundário e as pessoas, porventura, lesadas, sujeito passivo pri-
mário.
Tipo subjetivo: é o dolo. Conforme Nucci, “não se exige elemento subjetivo específico,
nem se pune a forma culposa” 62.
É indispensável a consciência, pelo sujeito ativo, da irregularidade de seus títulos ou va-
lores, devendo ser esta consciência atual, diferente de consciência da ilicitude, que pode ser
potencial, conforme leciona Bitencourt63.
Norma penal em branco: conforme Nucci,
a expressão ‘de qualquer modo’ dá a entender, em um primeiro momento, que o crime possui forma
livre e pode ser cometido de acordo com a inesgotável imaginação do agente. Entretanto, o sentido
nos parece diverso. Títulos e valores mobiliários, para serem emitidos, oferecidos e negociados,
60
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais.Op. Cit.
61
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
62
NUCCI, Guilherme de Souza. Op.Cit.
63
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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possuem leis específicas regentes, razão pela qual há dependência do conhecimento dessas re-
gras para se captar quais os modos pelos quais as condutas típicas têm condições de realização
64
.
pode ser o Banco Central do Brasil (para títulos em geral) ou a Comissão de Valores Mobiliários
(para valores mobiliários). Aliás, por tal razão, mencionamos anteriormente, possuir o tipo uma
forma vinculada e ser norma penal em branco. É preciso conhecer o modo pelo qual um título ou
valor mobiliário se forma e pode circular67.
• Lastro e garantia:
lastro é base ou sustento de algo; garantia é seguro ou certo de ocorrer. Títulos e valores mobiliá-
rios precisam, evidentemente, ter lastro e garantia suficientes para poder circular como se fosse a
‘moeda’ do sistema financeiro. É fundamental consultar a legislação própria para ter noção desses
valores. Checar a Lei n. 6.404/1976 (Sociedade por ações)68.
64
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
65
Ibidem.
66
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.135.
67
Ibidem.
68
Ibidem.
69
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Objetos material e jurídico: para Nucci, “os objetos materiais são os títulos e os valores
mobiliários; os objetos jurídicos são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção ao
investidor” 70.
Consumação: consuma-se com a ocorrência das condutas descritas no tipo: emitir, ofe-
recer ou negociar; não dependendo da ocorrência do resultado em nenhum dos incisos do
artigo em comento.
Tentativa: é cabível na conduta de “negociar”, por ser crime plurissubsistente, ocorrendo
quando for interrompida contra a vontade do agente. Já nas condutas de “emitir” e “oferecer”,
não é cabível a tentativa, pois são crimes unissubsistentes.
Classificação: nos ensinamentos de Nucci,
é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Eventualmente, pode assumir a feição de
delito próprio (exige sujeito qualificado, isto é, aquele que detém competência para emitir o título ou
valor mobiliário); formal (não depende da ocorrência de efeito prejuízo para a instituição ou para o
mercado financeiro); de forma vinculada (só pode ser cometido dentro das regras para a emissão,
oferecimento ou negociação de títulos e valores mobiliários); comissivo (os verbos indicam ações);
instantâneo (a consumação ocorre em momento definido); unissubjetivo (pode ser cometido por
uma só pessoa); unissubsistente (cometido em um único ato, nas formas emitir e oferecer) ou plu-
rissubsistente (cometido por mais de um ato na modalidade negociar; admite tentativa na forma
plurissubsistente) 71.
Diferença entre falso e falsificado: Nucci diferencia as duas expressões. Afirma que
a diversidade de termos nos parece despicienda. Bastaria mencionar falso. O que é falsificado é
igualmente falso (não verdadeiro, não autêntico), pouco interessando se a falsidade é material
(comento integralmente construído ou parcialmente modificado) ou ideológica (documento ver-
dadeiro, mas preenchido de modo irregular, por completo ou parcialmente). Pretender dizer que
falsificado é o título ou valor mobiliário parcialmente falso representa, apenas, uma tentativa de
justificar o excesso de linguagem utilizado na redação do inciso I deste artigo. Lembremos, ainda,
que a falsidade grosseira (facilmente perceptível) não é suficiente para constituir o crime (consul-
tar a nota 24-A ao art. 297 do nosso Código Penal comentado)72.
Pena – aplicada: Bitencourt considera a sanção penal aplicável ao caso absurdamente gra-
ve: reclusão de 2 a 8 anos e multa, cumulativamente, pois “sem obedecer qualquer parâmetro
70
Ibidem.
71
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
72
Ibidem.
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objetivo, ignorando-se que não é a gravidade da pena que pode surtir efeito preventivo geral,
mas a certeza de sua punição, segundo postulado de Beccaria”73.
Análise do Artigo 8º
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de remu-
neração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de
consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Essa infração assemelha-se ao crime de extorsão, previsto no art. 158 do CP, e concussão,
previsto no art. 316 do CP, bem como ao crime de usura descrito na Lei de Economia Popular,
Lei n. 1.521/1951, em seu art. 4º, a. Vejamos:
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para
si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º – Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.
§ 2º – Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide
Lei n. 8.072, de 25.7.90
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§ § 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei n. 11.923, de 2009)74
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019).75
Art. 4º Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa
permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moe-
da estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de crédito;
(Vide Lei n. 1.807, de 1953)
(…)76
73
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
74
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
75
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
76
BRASIL. Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia
popular. Op.Cit..
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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Como o artigo 4º da Lei n. 1.521/1951 ainda está em vigor, pode ocorrer conflito com a lei
em estudo. Resolve-se da seguinte forma: quando a conduta mão estiver ligada ao mercado
financeiro, aplica-se a Lei n. 1.521/1951.
Sujeito ativo: é um crime comum, portanto, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Admite
as figuras da coautoria e participação. Bitencourt acrescenta que
embora se trate de crime comum, há um mínimo de exigência, qual seja, a de que o sujeito ativo
exerça ou se encontre numa situação ou posição que lhe autorize poder exigir ou condicionar a
operação desejada ao cumprimento de sua exigência, devendo, portanto, pelo menos, ser um ope-
rador do mercado financeiro. A mesma exigência fora do mercado, isto é, fora do âmbito do sistema
financeiro, não será abrangida pelas normativas desse diploma legal, constituindo, por conseguin-
te, crime da competência da Justiça Estadual 77.
Para o STJ, conforme alguns precedentes, não persiste a tipificação como delito contra o
Sistema Financeiro Nacional, de acordo com a Lei n. 7.492/1986, quando o seu sujeito ativo
não é instituição financeira ou pessoa, física ou jurídica, a ela equiparada. Ou seja, o sujeito
ativo é próprio, estando adstrito a uma classe de pessoas.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, inclusive a própria instituição financeira e o Estado,
desde que, eventualmente, lesados pelos autores do delito.
Bem jurídico tutelado: a doutrina majoritária considera que é, prioritariamente, o sistema
financeiro nacional e, secundariamente, os demais bens jurídicos. Porém, Bitencourt discorda
e afirma que
na verdade, a nosso juízo, protege-se a lisura, a correção e a honestidade das operações atribu-
ídas e realizadas pelas instituições financeiras e assemelhadas. O bom e regular funcionamento
do sistema financeiro repousa na confiança que a coletividade lhe atribui. A credibilidade é um
atributo que assegura o regular e exitoso funcionamento do sistema financeiro como um todo.
Secundariamente, por certo, está o objetivo de resguardar essa confiabilidade que o sistema finan-
ceiro nacional requer, cujos reflexos na “boa execução da política econômica do governo” são uma
expectativa de todos nós78.
Tipo objetivo: “exigir” sem violência, mas impondo, cobrando, ordenando. Bitencourt con-
sidera este tipo penal fantasioso. Aduz que
77
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
78
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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a exigência decorrente do seu verbo nuclear, exigir, não é material, mas puramente ideológica, con-
siderando-se o significado atribuído nos tipos penais similares do Código Penal, como extorsão
(art.158) e concussão (316), na medida em que, nesses tipos penais, a conduta deve ser idônea
para impor, no sujeito passivo, temor, receio de, em não atendendo a exigência, sofrer consequ-
ências graves. Certamente, não se pode, a despeito da similitude referida, dar o mesmo sentido à
ação de exigir constante neste tipo penal, ao atribuído naqueles similares antes mencionados, que
sugerem violência implícita, poder de coação, enfim, a capacidade de fazer a vítima, submeter-se
à exigência 79.
Tipo subjetivo: constituído apenas pelo dolo, devendo, no entanto, restar demonstrada a
vontade consciente do agente em cometer o delito e a consciência de que a exigência está em
desacordo com a legislação. Não existe modalidade culposa.
Elementar normativa: conforme ensina Bitencourt,
a elementar normativa constante do tipo penal – exigência em desacordo com a legislação –, in-
discutivelmente, é uma forma diferente de o legislador proibir a obtenção coercitiva de vantagem
indevida, para não dizer ilegal. (…) Ademais, a vantagem pode ser presente ou futura 80.
79
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
80
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
81
Ibidem. p.145.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Análise do Artigo 9º
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três
anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
parte.
O traço que marca os delitos desta Lei com o CP e ainda, dos tipos da Lei da Economia
Popular (Lei n. 1.521/1951) é o critério da especialidade, mormente pelo fato de que, para o
presente artigo desta Lei, a fraude consiste na inserção dos dados falsos ou em fazer sua
inserção, dando-se em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mo-
biliários afetos a pessoas determinadas e em uma instituição financeira conceituada no art.
1º da Lei n. 7.492/1986.
Bitencourt, acerca das diferenças deste artigo 9º com o crime de falsidade ideológica do
CP, afirma que
a diferença mais relevante das duas figuras reside no especial fim de agir consagrado em cada
tipo penal: no tipo especial (art.9º), o fim é fraudar a fiscalização ou o investidor, ao passo que na
falsidade ideológica do Código Penal, o especial fim é “prejudicar direito, criar obrigação ou alterar
a verdade sobre fato juridicamente relevante”. Mas até mesmo esse elemento subjetivo especial
do injusto dos dois tipos é parecido, com a diferença de que o tipo em exame é mais específico
(fraudar a fiscalização ou o investidor), enquanto o fim especial do art.299 é mais abrangente (…)83.
82
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
83
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, ca-
racterística, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços:
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
84
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasí-
lia. Fernando Collor. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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o resultado encontra-se temporalmente separado da conduta. Com efeito, o resultado ocorre so-
mente quando é atingido o objetivo de fraudar a fiscalização ou o investidor. Consuma-se o crime,
enfim, com a efetiva realização do falso, o que ocorre quando a inserção se dá 85.
Análise do Artigo 10
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa
Assim como o artigo 9º, já estudado, o artigo 10 dessa Lei também é uma modalidade
especial da falsidade ideológica prevista no artigo 299 do Código Penal.
Bem jurídico tutelado: Paulo José da Costa Júnior diz que o bem jurídico é: “a execução
satisfatória da política econômica do governo” 86. Para Bitencourt, assim como no artigo 9º,
aqui o bem jurídico tutelado também é
Sujeito ativo: Na modalidade de “fazer inserir”, o delito é comum, podendo ser pratica-
do por qualquer pessoa, mas, na conduta de “omitir”, deve se buscar na lei ou em algum
85
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
86
COSTA JR, Paulo José da; MACHADO, Charles M. Crimes do Colarinho Branco. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
87
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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a semelhança, contudo, atribuída aos dois dispositivos não passa de simples aparência, na medida
em que o falsum descrito no art.9º não é crime em si, ao contrário do que ocorre com a inserção
de elemento falso prevista no art.10. Com efeito, o falso contido na falsidade ideológica financeira
(art.9º) constitui, como lá afirmamos, somente o meio ou o modo de realização do crime nele pre-
visto, que é exatamente a fraude praticada contra a fiscalização ou o investidor; ou seja, “o núcleo
é fraudar”, cujos modos ou formas de realizá-la é inserindo ou fazendo inserir declaração falsa ou
diversa da que deveria constar. (…) Ao passo que as condutas incriminadas neste art.10 são “fazer
inserir” elemento falso ou “omitir” elemento exigido pela legislação, que são diferentes daquela
contida no artigo anterior e também alteram, como se constata, o objeto material das ações, que
são “demonstrativos contábeis de instituição financeira” lato sensu89.
Tipo subjetivo: é o dolo, sendo indispensável a comprovação de que o sujeito ativo tinha
ciência da verdade referente ao documento que devia ser inserido ou da exigência de inclusão,
pela lei, daquilo que foi omitido. Bitencourt90 considera que, no caso de “falsidade de demons-
trativos contábeis”, “há exigência, implícita, do elemento subjetivo especial do injusto, espe-
cificador do dolo, qual seja, o especial fim de fazer inserir elemento falso ou omitir elemento
exigido pela legislação”. Não há previsão da modalidade culposa.
Objeto material: demonstrativos contábeis das instituições financeiras, seguradora ou
instituição integrante do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários. Exemplos:
balanços e demonstrativos de resultados.
88
Ibidem.
89
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit..
90
Ibidem.
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Lei penal em branco: o delito em tela é lei penal em branco no que diz respeito ao “elemen-
to exigido pela legislação em demonstrativos contábeis”.
Consumação: na modalidade “fazer inserir”, o delito se consuma com a inserção do ele-
mento falso no demonstrativo contábil. Bitencourt91 contraria a maioria da doutrina que con-
sidera o delito formal e aduz ser esta uma infração material, pois o resultado está separado
temporalmente da conduta. Na modalidade “omitir elemento exigido pela legislação”, a con-
sumação ocorre no momento e local em que a ação deveria ter ocorrido, ou seja, quando da
elaboração do demonstrativo contábil.
Tentativa: a tentativa só é admissível na modalidade “fazer inserir” restando-a vedada na
forma omissiva por se tratar de delito omissivo próprio.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista neste artigo é de
1 ano, assim como ocorre nos artigos 8º e 9º dessa Lei, é cabível a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo.
Análise do Artigo 11
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legis-
lação:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
91
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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pecial próprio podendo ser cometido apenas pelo controlador, administradores de instituição
financeira, interventor, síndico, o liquidante judicial.
Sujeito passivo: o Estado e, secundariamente, as pessoas eventualmente lesadas.
Tipo objetivo: as condutas criminalizadas são “manter” e “movimentar” recurso ou valor
paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. Para Nucci92, “manter significa conser-
var ou sustentar algo; movimentar quer dizer mover ou deslocar de um lugar a outro”. Como
afirma Fernando Fragoso, “em outros termos, criminaliza-se, na verdade, a omissão constitu-
ída pela não contabilização de receitas da instituição financeira e do resultado de operações
e movimentações financeiras alheias à escrituração contábil oficial” 93.
Tipo subjetivo: o dolo, sem necessidade de especial fim de agir. Contudo, como afirma
Bitencourt94, “deve abranger todos os elementos configuradores da descrição típica. Eventual
desconhecimento de um ou outro elemento constitutivo do tipo constitui erro de tipo, exclu-
dente do dolo”.
Consumação: a conduta de “manter” é um delito habitual, portanto exige a atuação rei-
terada e uniforme. Bitencourt95, no entanto, considera que esta conduta é crime permanente,
pois “a execução da medida alonga-se no tempo, perdurando ao mesmo tempo em que se
consuma ou, em outros termos, a consumação protai-se no tempo”. Quanto à conduta de
“movimentar”, Bitencourt96 considera que o delito é instantâneo, assim “consuma-se com o
simples movimento de recurso ou valor paralelo, embora o verbo ‘movimentar’ indique repe-
tição de conduta”.
Tentativa: a tentativa é inadmissível em ambas as formas, uma vez que os delitos são,
respectivamente, de mera atividade e habituais, embora haja opiniões em sentido contrário.
Delito permanente também não admite a tentativa, conforme o posicionamento de Bitencourt
para a conduta de “manter”, assim como também não é admitida na conduta de “movimen-
tar”, já que o autor o considerava crime formal.
Norma penal em branco: Nucci considera ser uma norma penal em branco. Afirma que
92
NUCCI, Guilherme de Souza. Op.Cit.
93
FRAGOSO, Fernando. Crimes contra o sistema financeiro. p. 703, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
94
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
95
Ibidem.
96
Ibidem.
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admite-se o concurso de delitos, isto é, a configuração do art.11 desta Lei com outros, como fal-
sidade material ou ideológica, estelionato, corrupção ativa, bem como com crime contra a ordem
tributária. Um caixa dois de instituição financeira pode ter variadas finalidades, sem que o tipo
tenha feito menção a qualquer delas.98
Lavagem de capitais: a consecução do delito em tela pode ser, além de delito antecessor
da lavagem de capitais, uma forma autônoma do crime em concurso formal com o branque-
amento de ativos ou com o delito de manipulação do mercado de capitais.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista neste artigo é de 1
ano, assim como ocorre nos artigos 8º, 9º e 10 dessa Lei, é cabível a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo.
Análise do Artigo 12
em primeiro plano, o regular saneamento ou extinção das instituições financeiras que tiverem difi-
culdade em oferecer garantia, segurança e credibilidade quanto a sua capacidade de honrar seus
97
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
98
Ibidem.
99
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Sujeito ativo: é crime próprio, pois o sujeito ativo exige a condição de ser ex-administra-
dor de instituição financeira, conforme previsto no artigo 25, § 1º desta Lei, não sendo pos-
sível aqui, a atuação ativa dos sujeitos previstos no § 2º do mesmo dispositivo legal. É um
crime próprio.
Bitencourt afirma que
a condição especial de ex-administrador, no entanto, como elementar dessa infração pena, co-
munica-se ao particular que eventualmente concorra, na condição de coautor ou partícipe, para
a prática do crime nos termos da previsão do art.30 do CP. Dessa forma, é necessário que pelo
menos um dos autores reúna a condição especial exigida pelo tipo penal, podendo os demais não
possuir tal qualidade”. É indispensável, contudo, que o particular (extraneus) tenha consciência da
qualidade especial de ex-administrador de instituição financeira, sob pena de não responder por
esse crime que é próprio. Desconhecendo esta condição, o dolo do particular não abrande todos
os elementos constitutivos do tipo ou não os abrange corretamente, configurando-se o conhecido
erro de tipo, que afasta a tipicidade da conduta. Responderá, no entanto, por outro crime, conso-
ante o permissivo contido no art.29, § 2º, do CP, que abriga a chamada cooperação dolosamente
distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por crime menos grave 100.
Há duas formas possíveis de a conduta do sujeito ativo realizar-se (uma omissiva ou ativa): (a)
deixando o agente de apresentar as informações, declarações ou documentos devidos, no prazo
legal, sua omissão adéqua-se à previsão contida no dispositivo sub examen; ou, ainda, (b) mesmo
que as apresente nos prazos legais, mas sem satisfazer as condições legalmente exigidas para o
ato, igualmente, sua conduta, mesmo que ativa, isto é, tenha apresentado no prazo devido, será
igualmente típica por não haver cumprido as formalidades legais (condições) 102 .
100
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
101
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
102
Ibidem.
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Tipo subjetivo: é o dolo, devendo o sujeito ativo conhecer as circunstâncias fáticas que
o constituem para ser responsabilizado pelo delito. Não há exigência de elemento subjetivo
específico e não há previsão de forma culposa.
Objeto material: são as informações, declarações ou documentos que estiverem sob a
responsabilidade o ex-administrador.
Consumação: para Bitencourt, “como crime omissivo próprio – deixar de apresentar –,
(…) consuma-se no lugar e no momento em que a atividade devida tinha de ser realizada” 103.
Tentativa: Bitencourt posiciona-se no sentido de que, sendo crime omissivo próprio, não
cabe a tentativa.
Lei penal em branco: trata-se de lei penal em branco que deverá ser complementada por
outra norma, para, assim, ter eficácia. Nucci explica que “torna-se fundamental conhecer a
legislação própria, conhecendo-se quais são os prazos e as condições fixadas em lei para que
haja a apresentação das informações, declarações ou documentos necessários” 104.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista neste artigo é de 1
ano, assim como ocorre nos artigos 8º ao 11 dessa Lei, é cabível a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo.
Análise do Artigo 13
Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção,
liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira.
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar de
bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
Norma penal em branco: a expressão “bem alcançado pela indisponibilidade legal” pre-
cisa ser complementada. Esta é a função dos artigos 36 ao 38 da Lei n. 6.024/74105, disposi-
tivos legais que estabelecem quais são estes bens citados, sem incluir, no entanto, os bens
impenhoráveis ou inalienáveis. Vejamos:
103
Ibidem.
104
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
105
BRASIL. Lei 6.024, de 13 de março de 1974, dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financei-
ras, e dá outras providências. Brasília. 153º da Independência e 86º da República. Disponível em: < http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L6024.htm>.
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desviar significa dar destino diverso do anterior ou afastar de algum lugar. Envolve o bem con-
siderado indisponível em razão de intervenção do órgão competente, liquidação extrajudicial ou
falência da instituição financeira. Quanto à possibilidade de ocorrência de falência 106.
106
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
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é a inviolabilidade patrimonial da própria instituição financeira cujo passivo deve ser, ainda que
parcialmente, coberto pelo patrimônio de seus administradores, desde que fique demonstrado, no
encerramento de processo instituído pela Lei n.6.024/74, que resultou, total ou parcialmente, de
107
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
108
Ibidem.
109
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
110
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culpa daqueles. Tutela-se, igualmente, o direito dos acionistas, dos investidores e dos aplicadores
de serem, proporcionalmente, ressarcidos em eventuais prejuízos que sofrerem em razão da má ou
temerária administração da referida instituição financeira111.
é de difícil precisão, pois depende, em última análise, de uma atitude subjetiva. Consuma-se, enfim,
com a inversão da natureza da posse, caracterizada por ato demonstrativo de disposição de coisa
alheia (…) ou pela negativa em devolvê-la a quem de direito113.
Tentativa: sendo crime material, a tentativa é cabível. Sobre o tema, Bitencourt afirma que
existiria um conflito aparente de normas entre este delito e a apropriação descrita no art. 5º. Porém,
resolve-se pela regra da especialidade. Quando o bem desviado ou sujeito à apropriação for alcan-
çado pela indisponibilidade, aplica-se o art. 13. Do contrário, pode-se utilizar o art. 5º. Além disso, é
preciso atenção para o sujeito ativo, que, no caso do art. 13, pode ser igualmente qualificado, como
no parágrafo único (interventor, liquidante ou administrador judicial) 115.
111
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
112
Ibidem.
113
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
114
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
115
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Indisponibilidade legal: Nucci leciona acerca da indisponibilidade legal dos bens e nos
ensina que
cuida o artigo apenas da indisponibilidade gerada pela intervenção, não envolvendo bens impe-
nhoráveis ou inalienáveis, como os bens de família (Lei n. 8.009/1990). Trata-se de norma penal
em branco, dependendo de consulta às normas que permitem a colocação dos bens da instituição
financeira em indisponibilidade (arts. 36 a 38 da Lei n. 6.024/1974) 116.
significa que o Banco Central do Brasil, encarregado de fiscalizar a atuação das instituições finan-
ceiras, pode ingressar na administração de alguma delas que esteja apresentando problemas e
irregularidades no seu funcionamento. Para tanto, nomeia um interventor, que assume a direção.
Dentre as hipóteses autorizadoras da intervenção, para exemplificar, temos: a) a entidade sofre
prejuízo, decorrente de má administração, sujeitando a riscos os seus credores; b) são verificadas
reiteradas infrações a dispositivos da legislação bancária, não regularizadas após as determina-
ções do Banco Central do Brasil (art. 2º, I e II, Lei n. 6.024/1974). A intervenção é decretada ex of-
ficio pelo Banco Central do Brasil, ou por solicitação dos administradores da instituição, caso pos-
suam esta competência, com indicação das causas do pedido (art. 3º, Lei n. 6.024/1974). O período
da intervenção não excederá a 6 meses, o qual, por decisão do Banco Central do Brasil, poderá ser
prorrogado, uma única vez, até o máximo de outros 6 meses (art. 4º). A intervenção produz, desde
sua decretação, os seguintes efeitos: a) suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas; b)
suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas anteriormente contraídas; c) inexigibi-
lidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação (art. 6º, Lei n. 6.024/1974). Cessará a
intervenção: ‘a) se os interessados, apresentando as necessárias condições de garantia, julgados a
critério do Banco Central do Brasil, tomarem a si o prosseguimento das atividades econômicas da
empresa; b) quando, a critério do Banco Central do Brasil, a situação da entidade se houver norma-
lizado; c) se decretada a liquidação extrajudicial, ou a falência da entidade’ (art. 7º)117.
Liquidação extrajudicial: acerca da liquidação extrajudicial, Nucci, em sua obra, afirma que
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Central do Brasil que a morosidade de sua administração pode acarretar prejuízo para os cre-
dores’. Pode haver requerimento dos administradores ou proposta do interventor (art. 15, Lei n.
6.024/1974). Se o Banco Central optar pela liquidação, em lugar de mera intervenção’, ‘indicará a
data em que se tenha caracterizado o estão que a determinou, fixando o termo legal da liquidação
que não poderá ser superior a 60 (sessenta) dias contados do primeiro protesto por falta de paga-
mento ou, na falta deste, do ato que haja decretado a intervenção ou a liquidação’ (art. 15, § 2º, Lei
n. 6.024/1974). A ‘liquidação extrajudicial será executada por liquidante nomeado pelo Banco Cen-
tral do Brasil, com amplos poderes de administração e liquidação, especialmente os de verificação
e classificação dos créditos, podendo nomear e demitir funcionário; fixando-lhes os vencimentos,
outorgar e cassar mandatos, propor ações e representar a massa em juízo ou fora dele’ (art. 16,
caput, Lei n. 6.024/1974) 118.
conforme previsão feita no art. 21 da Lei n. 6.024/1974, ‘à vista do relatório ou da proposta pre-
vistos no art. 11, apresentados pelo liquidante na conformidade do artigo anterior, o Banco Central
do Brasil poderá autorizá-lo a: (…) b) requerer a falência da entidade, quando o seu ativo não for
suficiente para cobrir pelo menos a metade do valor dos créditos quirografários, ou quando houver
fundados indícios de crimes falimentares’. A despeito disso, o art. 2º da Lei n. 11.101/2005 (Lei
de Recuperação de Empresa e Falência) estipula que ‘esta lei não se aplica a: (…) II – instituição
financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência comple-
mentar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores’. Sobre a possibilidade de
decretação da falência de instituição financeira, entretanto, ensina Mauro Rodrigues Penteado que
as instituições financeiras ‘apenas não ingressam, de imediato, no processo judicial de execução
coletiva empresarial, passando antes, por intervenção e liquidação extrajudicial. Porém, tal seja o
desfecho da liquidação, ou a constatação de fatos que constituam crimes falimentares, no curso
do processo administrativo, a falência poderá ser decretada, quando, então, a nova lei passará ser
a elas aplicável, ao reverso do que reza a cabeça do artigo, redigida sem qualquer ressalva quanto a
esse aspecto. É o caso, por exemplo, das instituições financeiras, das entidades abertas, e mesmo
algumas fechadas, de previdência privada, das sociedades operadoras de planos de saúde privada
e das sociedades seguradoras’ (Comentários à lei de recuperação de empresas e falência, p. 104-
105)119.
Análise do Artigo 14
118
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
119
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
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Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como ver-
dadeiro, crédito que não o seja.
O legislador optou por fracionar as condutas do falso. No presente artigo, embora haja
celeuma sobre a autoria, se própria ou imprópria, é pacífico o entendimento de que a falsidade
presente pode ser tanto a material quanto a ideal.
Comparação com a legislação da falência: a antiga Lei de Falências (Decreto-Lei n.
7.661/1945) trazia em seu bojo infração semelhante a esta constante no artigo em análise.
Vejamos:
A nova Lei de Falências, Lei n. 11.101/2005, contém também dispositivo muito semelhan-
te ao artigo 14, em estudo. Vejamos:
Art. 175. Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relação de cré-
ditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Como a Lei n. 11.101/2005 coexiste com a Lei n. 7.492/1986, a solução para a escolha do
dispositivo aplicado é a seguinte: quando se tratar de instituição financeira, inclusive quanto
ao seu processo de falência. Já o artigo 175 da Lei n. 11.101/2005 é aplicável somente quan-
do não for instituição financeira.
Bem jurídico tutelado: para Bitencourt, é
o patrimônio da instituição financeira e, por extensão, dos seus credores, que visam partilhá-lo no
final do processo de liquidação extrajudicial ou de falência pelo regular saneamento ou extinção
das instituições financeiras em dificuldades insanáveis120.
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a previsão constante do caput objetiva a proteção dos bens mencionados, no interesse da institui-
ção e de seus credores, contra a fraudulenta postulação de créditos inexistentes ou além do real-
mente existente. No entanto, a previsão constante do parágrafo único objetiva proteger os mesmos
bens jurídicos contra a conivente e fraudulenta conduta do próprio ex-administrador, que valida a
postulação de crédito inexistente ou apenas superior ao realmente devido121.
na figura do caput, poderá ser agente do crime qualquer pessoa que ostente a qualidade de credor
da instituição financeira. Já na hipótese do parágrafo único, trata-se de crime próprio, em que a lei
exige a qualidade de ex-administrador do falido122.
Os equiparados, presentes no § 2º do artigo 25 desta Lei não podem ser sujeitos ativos.
Bitencourt explica que
a condição especial de ex-administrador, no entanto, como elementar desta infração penal, comu-
nica-se ao particular que eventualmente concorra, na condição de coautor ou partícipe, para a prá-
tica do crime nos termos da previsão do art.30 do CP. Dessa forma, é necessário que pelo menos
um dos autores reúna a condição especial exigida pelo tipo penal, podendo os demais não possuir
tal qualidade” 123. O autor também complementa, dizendo que “é indispensável, contudo, que o
particular (extraneus) tenha consciência da qualidade ou da condição especial do controlador ou
administrador de instituição financeira, sob pena de não responder por esse crime, que é próprio.
Desconhecendo (…) configura-se o conhecido erro de tipo que afasta a ilicitude da conduta. Res-
ponderá, no entanto, por outro crime, consoante o permissivo contido no artigo 29, § 1º, do CP, que
a briga a chamada cooperação dolosamente distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por
crime menos grave.124.
pode ser a própria instituição financeira, seus acionistas, investidores e correntistas. (…) qualquer
credor legítimo que tem direito de participar do rateio de ativos, inclusive o Estado, sempre credor
de impostos. Secundariamente, também o Estado enquanto responsável pela estabilidade, confia-
bilidade e idoneidade do sistema financeiro nacional126.
121
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
122
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ª Edição. São Paulo. Ed. Saraiva, 2009,
123
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
124
Ibidem.
125
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
126
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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pode ocorrer, caso a pessoa que apresente a declaração de crédito falsa seja a mesma que provi-
denciou a falsificação de um título para acompanhar a referida documentação. Entretanto, o crime
de uso de documento falso (art.304, CP), sendo genérico, cede espaço à aplicação deste (art.14, Lei
n. 7.492/1986) por ser especial127.
Tipo objetivo: Para Andreucci, a conduta objetiva “vem representada pelos verbos ‘apre-
sentar’ e ‘juntar’, no caput, e ‘reconhecer’ no parágrafo único” 128.
Bitencourt ressalta que
Tentativa: nas modalidades “apresentar” e “juntar” é de difícil ocorrência, sendo que al-
guns autores consideram que teoricamente, se estas ações forem interrompidas antes do
127
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
128
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
129
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
130
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
131
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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resultado, ocorre a forma tentada. Bitencourt, no entanto, alerta que, “a ação de reconhecer,
crime de ato único, não admite fracionamento, sendo inadmissível a figura tentada”132.
Análise do Artigo 15
O artigo 189, IV, da Antiga Lei de Falências, Decreto-Lei n. 7.661/1945133, punia conduta
semelhante. A Nova Lei de Falências, Lei n. 11.101/2005, em seu artigo 171, faz o mesmo.
Como este artigo 171 coexiste com o artigo 15, em estudo, quando se tratar de instituição
financeira, aplica-se a Lei n.7.492/1986, em análise, pelo princípio da especialidade, e o artigo
171 da Lei n. 11.101/2005134 será aplicável nos demais casos:
Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo de falência, de
recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro o juiz, o Ministério
Público, os credores, a assembleia-geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
a regularidade e a boa marcha dos processos de liquidação, intervenção e falência das institui-
ções financeiras ou entidades equiparadas (…) além das instituições financeiras, têm o objetivo de
salvaguardar os interesses dos credores e investidores.(…) Secundariamente, à evidência, protege,
igualmente, o sistema financeiro nacional contra os maus administradores e, nessa hipótese, con-
tra interventor, liquidante e síndico que, porventura, afastem-se de seus compromissos éticos, que
as respectivas funções lhes exigem135.
132
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
133
BRASIL. Decreto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945. Lei de Falências. Op. Cit. Acesso em: 03 de agosto de 2015.
“Art. 189. Será punido com reclusão de um a três anos:
(…)
IV – o síndico que der informações, pareceres ou extratos dos livres do falido inexatos ou falsos, ou que apresentar exposição
ou relatórios contrários à verdade.”
134
BRASIl. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e
da sociedade empresária. Op.Cit. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.
htm>..
135
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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136
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
137
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
138
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
139
Ibidem.
140
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
141
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Elemento subjetivo: é o dolo. Não se pune a forma culposa. Bitencourt, no entanto, res-
salta que “é indispensável, por outro lado, que o agente tenha consciência da falsidade da
manifestação e de que é relativa à instituição financeira”142.
Objeto material: assunto pertinente à intervenção, falência ou liquidação extrajudicial de
instituição financeira.
Consumação: é crime formal “manifestar-se falsamente”, consumando-se com a prática
da atividade descrita no tipo, seja oral ou por escrito, não precisando da ocorrência do resul-
tado. Bitencourt destaca que
Tentativa: manifestar-se falsamente é crime de ato único, não sendo cabível a tentativa.
Bitencourt afirma que há exceção, quando ocorre “interrupção, por qualquer meio de manifes-
tação, estará configurada a tentativa”144.
Análise do Artigo 16
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração
(Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa
A Lei n. 4.595/1964, em seu artigo 44, § 7º145, definia crime semelhante ao do artigo 16 em
análise, porém mais abrangente. Vejamos:
Art. 44. As infrações aos dispositivos desta lei sujeitam as instituições financeiras, seus diretores,
membros de conselhos administrativos, fiscais e semelhantes, e gerentes, às seguintes penalida-
des, sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação vigente:
I – Advertência.
II – Multa pecuniária variável.
III – Suspensão do exercício de cargos.
142
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.
143
Ibidem.
144
Ibidem.
145
Brasil. Lei 4.595. Op.Cit. Acesso em: 17 agosto 2015.
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Este dispositivo foi revogado pela Lei em estudo. Manoel Pedro Pimentel afirmava:
Como leciona Nucci, “em face do disposto no art. 16 desta Lei, não mais se aplica o crime
previsto no art. 44, § 7º, da Lei n. 4.595/1964”. Porém, a edição da Lei n. 10.303/2001 não
influiu na vigência do art. 16, ora em comento.
Revogação parcial deste artigo 16, em análise, pelo artigo 27-E da Lei n.10.303/2001:
Bitencourt trata deste tema em sua obra. Aduz que “a Lei n.10.303/2001, por sua vez, criou
proibição semelhante, destinada ao sistema imobiliário (mercado de capitais), acrescentando
o art.25-E na Lei 6.385/76”147.
É um tipo penal semelhante ao previsto no artigo 16 em estudo, com
146
Manoel Pedro Pimentel, Crimes contra o sistema financeiro nacional, p.120, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA,
Juliano.Op. Cit.
147
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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medida em que incrimina também o exercício de qualquer das atividades vinculadas ao mercado
de valores mobiliários, algo inocorrente no art.16 da lei anterior148.
o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Se a instituição funciona sem autorização, portanto, sem
o reconhecimento oficial do Banco Central do Brasil, qualquer um pode dirigi-la, tomando medidas
para que opere no mercado financeiro. Logo, não se exige qualidade especial do agente. Mesmo no
caso de concessão de autorização, mas mediante o oferecimento de declaração falsa, o dirigente
da instituição pode ser qualquer pessoa, não se tratando, pois, de um autêntico dirigente. É um
simulacro de instituição, conduzida por um arremedo de administrador150.
é absolutamente equivocada a orientação que admite a incursão neste art.16 de pessoa física que,
como cidadão, adquire dólar no mercado informal (mercado paralelo), para realização de poupan-
ça, por acreditar na maior sustentabilidade dessa moeda151.
fazer operar instituição financeira sem a devida autorização, embora não esteja expressa, há a
exigência implícita do elemento subjetivo especial do injusto, especificador do dolo, qual seja, o
especial fim de operar a instituição financeira, sem a devida autorização ou com autorização obtida
148
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
149
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
150
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
151
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mediante declaração falsa. Não ocorrendo essa finalidade especial, o tipo penal não se aperfeiçoa,
não havendo, por conseguinte, justa causa para a ação penal152.
fazer operar significa entrar em funcionamento. O objeto da conduta é a instituição financeira. Sa-
be-se que é indispensável autorização do Banco Central para que qualquer instituição financeira
possa operar (art. 10, X, Lei n. 4.595/1964), de modo que o tipo penal visa coibir a atividade não
autorizada ou cuja permissão adveio do fornecimento à autoridade competente de documentação
não autêntica para a finalidade153.
a inserção da expressão sem a devida autorização (elemento normativo do tipo) implica na neces-
sidade de consulta à legislação própria para saber qual é a autorização indispensável, qual o órgão
emissor e quais os requisitos para tanto. O mesmo se diga quanto à expressão com autorização
obtido mediante declaração falsa154.
a fraude requerida na norma incriminadora sub examine limita-se às duas formas expressas no
respectivo dispositivo: sem a devida autorização ou com autorização obtida mediante declaração
falsa. Essa declaração, inexistente ou obtida mediante declaração falsa, deve dizer respeito tanto
ao aspecto formal quanto material da instituição, ou seja, deve referir-se à autorização de funcio-
namento concedida pelo Banco Central155.
152
Ibidem.
153
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
154
Ibidem..
155
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
156
Ibidem.
157
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consuma-se o crime de fazer operar instituição financeira quando o agente pratica reiteradamente
atividades próprias dessa instituição sem a devida autorização ou com autorização obtida me-
diante declaração falsa. Pode consumar-se com a prática efetiva de atividades exclusivas de ins-
tituição financeira. Consuma-se o crime, enfim, com o efetivo exercício de atividade genuinamente
de instituição financeira158.
Análise do Artigo 17
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25,
ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei n. 4.595, de 31 de
dezembro de 1964: (Redação dada pela Lei n. 13.506, de 2017)
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I – em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder
ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas
condições referidas neste artigo;
II – de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira
apresenta alguma semelhança com o chamado de apropriação indébita, embora seja específico
em relação a diretor ou gerente (crime próprio), que apenas usa ou toma por empréstimo bens da
sociedade a que serve. A grande diferença da apropriação indébita reside, exatamente na falta do
animus apropriandi, pois o abuso do patrimônio alheio limita-se a seu uso indevido161.
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em função do critério da sucessividade, lei mais recente afasta a aplicação de lei anterior. Por isso,
o art.17 desta Lei deve prevalecer sobre o delito previsto no art.34, § 1º, da Lei n. 4.595/1964. Por
outro lado, em razão do critério da especialidade, prevalece o disposto no art.17, quando se cuidar
de instituição financeira e nas específicas condutas descritas neste tipo, em detrimento do art.177,
§ 1º, III, do Código Penal162.
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, protegendo tanto o sistema financeiro nacio-
nal quanto o patrimônio da instituição financeira, sócios, acionistas e investidores. Bitencourt
destaca que
o empréstimo a diretor é em princípio negócio de risco, mas não há sentido em proibir uma ins-
tituição de grande porte de oferecer a um diretor empregado um financiamento para aquisição
de casa própria ou de automóvel que, além da boa garantia, é de montante insignificante frente à
financiadora164.
Tipo objetivo: o tipo penal incrimina as condutas de “tomar”, “receber” e “deferir”, no caput;
“conceder” e “receber” no inciso I do parágrafo único; e “promover” ou “receber” no inciso II,
também do parágrafo único. Bitencourt ressalta que
162
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
163
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
164
MALHEIROS FILHO, Arnaldo. Crimes contra o sistema financeiro na virada do milênio. Boletim IBCCRIM, São
Paulo, n. 83 (esp.), out. 1999,
165
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este dispositivo legal (art.17) não criminaliza o uso de bens (móveis ou imóveis) ou haveres sociais
(haveres em geral, como títulos, dinheiro etc.), ao contrário do que faz o Código Penal relativamente
às sociedades por ações (art.177, § 1º, III), e, ainda assim, somente se não houver a ‘prévia autori-
zação da Assembleia Geral’166.
Tipo subjetivo: é o dolo, não se punindo a forma culposa. Bitencourt alerta que
o dolo deve abranger todos os elementos configuradores da descrição típica, sejam eles fáticos,
jurídicos ou culturais. (….) Eventual desconhecimento de um ou outro elemento constitutivo do tipo,
objetivo, normativo ou subjetivo, pode constituir erro de tipo, excludente de dolo167.
Sujeitos ativo e passivo: crime próprio. Nucci afirma que, nas condutas de tomar ou rece-
ber,
o sujeito ativo somente pode ser o controlador, os administradores da instituição financeira (di-
retores e gerentes) ou, por equiparação, o interventor, o liquidante ou o administrador judicial da
falência. O sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, a pessoa lesada pela conduta do agente,
como, por exemplo, o investidor168.
Após a alteração do caput, a opinião de Arnaldo Malheiros Filho passou a fazer todo senti-
do. Afirmava este autor, antes mesmo da menção expressa na lei, que o artigo fazia remissão
às figuras elencadas no art. 25:
166
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
167
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
168
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
169
Ibidem.
170
MALHEIROS FILHO, Arnaldo. Op. Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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nas duas primeiras modalidades constantes do caput, o crime consuma-se quando o agente, efe-
tivamente, toma o empréstimo ou recebe o adiantamento, isto é, quando realmente passa a ter dis-
ponibilidade dos valores correspondentes às referidas operações. Na hipótese, contudo, de deferir,
o crime consuma-se com a simples prática da ação, independentemente de qualquer resultado172.
Isso por tratar-se de crime de mera conduta. O autor fala ainda que
nas duas figuras constantes do inciso I do parágrafo único – conceder e receber – têm formas de
consumação distintas entre si, mas iguais a duas figuras do caput. Na ação de receber, igualmente,
o crime consuma-se quando o agente efetivamente recebe o adiantamento de honorários, remu-
neração, salário ou qualquer outro pagamento. Na ação de conceder, como crime de mera conduta,
a exemplo de deferir, consuma-se com a simples atividade, independentemente de qualquer resul-
tado. (…) Por fim, nas duas figuras constantes do inciso II do mesmo parágrafo, a consumação é
igualmente distinta: na modalidade de ‘promover a distribuição’ de lucros de instituição financeira,
como crime formal, consuma-se com a simples prática da atividade, independentemente de re-
sultarem disponíveis pelo beneficiário. Resultando disponível, se houver, representará somente o
exaurimento do crime. Na modalidade de receber lucros, a exemplo do que ocorre no caput, somen-
te se consuma com o efetivo recebimento de tais lucros, ou seja, gozando de sua disponibilidade
em sua conta ou em suas mãos173.
Tentativa: Bitencourt afirma que “com exceção das modalidades de ‘deferir’ empréstimo
ou adiantamento e ‘promover distribuição’ de lucros, que são crimes de mera conduta, todas
as demais admitem a figura do crime tentado”174.
171
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
172
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
173
Ibidem.
174
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Análise do Artigo 18
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do
sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
em nosso entendimento, este artigo não tem mais aplicação, pois foi revogado, tacitamente, pelo
art. 10 da Lei Complementar n. 105/2001. Embora a pena seja idêntica, aplica-se à violação de si-
gilo nas operações e serviços prestados por instituição financeira, bem como para a integrante do
sistema de distribuição de títulos mobiliários (considerada instituição financeira pelo art. 1º, II, da
Lei Complementar n. 105/2001) o tipo penal do art. 10 supra mencionado. No mesmo prisma, foi
revogado o art. 38 da Lei n. 4.595/1964, que cuidava do mesmo tema (este, por expressa disposi-
ção do art. 13 da Lei Complementar n. 105/2001).
é a preservação do sigilo de operação ou serviço prestado por instituição financeira, cuja divulga-
ção pode causar dano à instituição ou aos investidores e correntistas, diretamente, e indiretamente
ao sistema financeiro nacional. (…) é, igualmente, a funcionalidade, a credibilidade e a eficiência
do sistema financeiro, sua probidade institucional. (…) Protege, ainda, o patrimônio tanto da insti-
tuição financeira como dos investidores e correntistas que confiam suas economias à instituição
financeira, podendo, com a violação do sigilo, sofrer graves prejuízos176.
175
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
176
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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somente pode ser quem tem ciência de operação ou serviço sigiloso prestado por instituição fi-
nanceira em razão de ofício. Trata-se de uma modalidade muito peculiar de crime próprio, uma vez
que a condição especial não se encontra no sujeito ativo propriamente – atividade, profissão ou
ofício –, mas na natureza da atividade, ou melhor, ofício, em razão do qual tem conhecimento do
sigilo financeiro, ressalvada, evidentemente, a possibilidade do concurso eventual de pessoas177.
é, prioritariamente, a instituição financeira e o titular do segredo tutelado, isto é, a pessoa cuja re-
velação do fato deveria ser mantida em segredo (…); secundariamente, a nosso juízo, é o sistema
financeiro nacional que se vê abalado em sua crebibilidade178.
sujeito passivo não se confunde com prejudicado; embora, de regra, coincidam, na mesma pessoa,
as condições de sujeito passivo e prejudicado, podem recair, no entanto, em sujeitos distintos. (…)
Na verdade, o sujeito passivo, além do direito de representar contra o sujeito ativo, pode habilitar-
-se como assistente do Ministério Público no processo criminal (art.268 do CP) e ainda tem o di-
reito à reparação ex delicto, ao passo que ao prejudicado resta somente a possibilidade de buscar
a reparação do dano na esfera cível179.
consciência de que se trata de fato protegido por sigilo financeiro ou bancário e que o dever fun-
cional lhe impede que o divulgue, ou seja, com conhecimento de todos os elementos constitutivos
da descrição típica180.
Não se pune a forma culposa nem se exige a presença de elemento subjetivo especial.
Consumação: para Bitencourt,
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que a revelação tenha potencialidade para produzir a lesão, que, se ocorrer, constituirá o exauri-
mento do crime181.
é de difícil configuração, mas teoricamente possível, especialmente por meio de meio escrito, pois
não se trata de crime de ato único, e o fato de prever a potencialidade de dano decorrente da con-
duta de violar, por si só, não a torna impossível. O dano potencial pode ser de qualquer natureza:
patrimonial, moral, público ou privado182.
Análise do Artigo 19
Sujeito ativo: é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Admite o concurso
de pessoas do artigo 29 do CP.
Sujeito passivo: nos dizeres do Professor Ricardo Antônio Andreucci, é
o Estado (Sistema Financeiro Nacional). Secundariamente, a pessoa física ou jurídica lesada” 184.
Para Bitencourt, o sujeito passivo, “imediato, é necessariamente a instituição financeira lesada em
decorrência da celebração de contrato de financiamento fraudulento, bem como os acionistas, os
sócios e os investidores da respectiva instituição. Secundariamente, igualmente, também é sujeito
181
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
182
Ibidem.
183
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
184
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ª Edição. São Paulo: ed. Saraiva, 2009.
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passivo o Estado, que é o responsável pela regularidade e o bom funcionamento do sistema finan-
ceiro nacional185.
vem representada pelo verbo “obter” (conseguir, lograr). O financiamento em instituição financeira
deve ser obtido mediante fraude, isto é, por meio de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudu-
lento”186. Bitencourt sustenta que, “é indispensável que o meio fraudulento seja suficientemente
idôneo para enganar a vítima, isto é, para induzi-la a erro. A inidoneidade do meio, no entanto, pode
ser relativa ou absoluta: sendo relativamente inidôneo o meio fraudulento para enganar a vítima,
poderá configurar-se tentativa da figura típica; contudo, se a inidoneidade for absoluta, tratar-se-á
de crime impossível, por absoluta ineficácia do meio empregado (art.17 do CP)187.
Elemento subjetivo: o dolo. Não exige elemento subjetivo específico e não pune a forma
culposa. Bitencourt ressalta que “não se configura o crime sem a vontade consciente mente
dirigida à astucia mala que provoca ou mantém o erro de quem concede o financiamento da
instituição financeira”188. Não exige elemento subjetivo especial e não pune a forma culposa.
Consumação: Andreucci afirma que se consuma
com a efetiva obtenção do financiamento. Sebastião Oliveira Lima e Carlos Augusto Tosta de Lima
(Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, São Paulo: Atlas, 2003, p. 106) entendem que a
consumação ocorre ‘no momento em que o mutuário saca do estabelecimento financeiro o valor
do financiamento’189.
Ou seja, é crime instantâneo. Bitencourt complementa que se trata “na verdade, de crime
instantâneo com efeitos permanentes”190.
Tentativa: podendo ser fracionado o iter criminis, admite-se a tentativa.
Causa de aumento de pena: este delito possui uma causa de aumento de pena no seu
parágrafo único. Nucci leciona que
185
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
186
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op.Cit .
187
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
188
Ibidem.
189
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op.Cit .
190
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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mercado financeiro. Afinal, é sabido que as instituições oficiais geram, naturalmente, maior con-
fiança aos investidores191.
Análise do Artigo 20
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de
financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para re-
passá-lo:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Sujeito ativo: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Admite o
concurso de pessoas do artigo 29 do CP.
Sujeito passivo: Andreucci diz que é
o Estado (Sistema Financeiro Nacional). Secundariamente, a pessoa física ou jurídica lesada com
a aplicação irregular do financiamento obtido” 192. Já Bitencourt diz que, o “imediato, é necessaria-
mente a instituição financeira lesada em decorrência da celebração de contrato de financiamento
desviado de sua finalidade, bem como o Estado que teve os recursos destinados ao fomento de
determinados setores da sociedade desviados de suas finalidades. Secundariamente, da mesma
forma, também é o Estado sujeito passivo, na condição de responsável pela regularidade e o bom
funcionamento do sistema financeiro nacional193.
bens jurídicos tutelados, como crime pluriofensivo, são o patrimônio ou os recursos financeiros
pertencentes ao erário público (receita), eventualmente destinados a fomentar segmentos indus-
triais, sociais, agropastoril etc., tais como agricultura, modernização do parque nacional industrial;
191
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
192
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
193
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
194
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
195
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
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e incentivar determinado setor, como o explorador do biodiesel, entre outros, via instituição oficial
ou instituição credenciada para repassá-lo. (…) Tutela-se, secundariamente, a inviolabilidade e a
credibilidade do sistema financeiro, zelando pela regularidade das transações e operações realiza-
das por essas instituições196.
investir, empregar, injetar recursos em operação ou projeto, diverso do previsto em lei ou contrato,
objetivando obter rendimentos financeiros. (….) a lei coíbe o desvio de recursos, para outras fina-
lidades, concedidos para a realização de atividades ou projetos determinados, específicos, tais
como agricultura, incorporações imobiliárias, capital de giro de determinadas empresas, aquisição
de maquinário industrial ou agrícola etc.c
a característica fundamental deste tipo penal é a fraude, mas, contrariamente ao que ocorre na fi-
gura do estelionato, não é utilizada para obter o financiamento, mas usada para aplicar os recursos
provenientes dele, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato. A fraude, pode-se afirmar,
ocorrer a posteriori, ou seja, não na causa, mas no fim197.
significa somente aplicação que contrariar expressa previsão legal ou contratual, ou seja, estando
ausente esses dois instrumentos jurídicos – lei e contrato –, não se configura o crime, ainda que
haja outra forma de acordo ou determinação regulamentar. O princípio da reserva legal impede que
se amplie a interpretação para abranger condutas não descritas expressamente no texto legal.
(…) É indispensável, no entanto, que a denúncia do Ministério Público descreva em que finalidade
diversa os recursos foram aplicados, demonstrando, inclusive, a concreta aplicação dos referidos
recursos, que não podem resumir-se a meras ilações ou simples presunções, sem comprovação
efetiva198.
Tipo subjetivo: dolo. Não exige elemento subjetivo especial e não pune a forma culposa.
Bitencourt ressalta que o dolo “deve abranger não apenas a ação, como também a aplicação
dos recursos em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato”199.
196
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
197
Ibidem.
198
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
199
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Consumação: é crime instantâneo. Para Andreucci, ocorre “no momento da efetiva aplica-
ção dos recursos em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato”200. Para Bitencourt, é
“crime instantâneo de efeitos permanentes”201. Explica que
não basta a simples não aplicação na finalidade devida para o crime consumar-se, sendo indis-
pensável a real aplicação em outra finalidade, tratando-se, por conseguinte, de crime material. (…)
é irrelevante a existência de prejuízo para a instituição financeira. Por essa razão, é irrelevante para
a consumação do crime o fato de o agente, posteriormente, honrar as obrigações contratualmente
assumidas na obtenção do financiamento202.
Tentativa: é crime material e Andreucci afirma que “podendo ser fracionado o iter criminis,
admite-se a tentativa”203.
Conceito de lei: Nucci chama a atenção para a expressão “lei” presente no dispositivo
em apreço. Afirma que “tratando-se de tipo penal incriminador, o conceito de lei deve ser
restritivo, significando emanada do Poder Legislativo, não se incluindo decretos, portarias,
provimentos etc.”204
Normal penal em branco: Nucci alega que “para a exata compreensão deste tipo penal, é
preciso consultar a lei, que tutela o emprego de financiamentos públicos, ou o contrato cele-
brado entre a instituição financeira e o particular”205.
Conflito aparente de normas: Há muitas semelhanças entre o artigo em estudo e o tipo
descrito no artigo 315 do CP. Acerca disso, Nucci cita que
o tipo penal do art.315 do Código Penal (‘dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei’) é genérico; logo, pelo critério da especialidade, cuidando-se de financiamento
obtido em instituição financeira, prevalece o crime previsto no art.20 desta Lei206.
Análise do Artigo 21
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio:
Pena – Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
200
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
201
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
202
Ibidem.
203
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
204
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit
205
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
206
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia
prestar ou presta informação falsa.
O crime ocorrerá tanto quando o indivíduo utilize identidade falsa, fazendo-se passar por
outrem, quanto quando atribua a terceiro identidade que não é a sua.
Tipo objetivo: no caput a conduta tipificada é “atribuir”, ou seja, imputar, conferir. Nucci
leciona que
o objeto da conduta é a falsa (não autêntica) identidade. (…) Não se inclui no conceito de identidade
o endereço ou o telefone. Assim agindo, torna difícil ou impossível a fiscalização que o Banco Cen-
tral exerce sobre as operações de câmbio, de modo a evitar muitos outros delitos, como a lavagem
de dinheiro, a evasão de divisas e a sonegação fiscal207.
Já no parágrafo único, as condutas são “sonegar” informação que devida prestar e “pres-
tar” informação falsa. Como afirma Nucci,
o parágrafo único não cuida da identidade do agente que realiza a operação de câmbio, mas dos
dados por ele passados à instituição financeira (por exemplo, omitindo que já realizou operação de
câmbio anterior, ultrapassando a cota permitida pelo Banco Central ou fornecendo informe falso a
respeito da viagem ao exterior que pretende realizar)208.
a conduta de sonegar informação, que devia prestá-la, constante do parágrafo único sub examen,
não se confunde com o conteúdo do vocábulo ‘sonegando informação’ constante do art. 6º, que
é meio de realizar a ação proibida naquele dispositivo. Aqui representa ação omissiva, lá simples
modo ou forma comissiva de realizar a conduta de induzir ou manter em erro209.
Elemento subjetivo: aqui, além do dolo, exige-se a especial finalidade de agir. Conforme
aduz Bitencourt, exige-se “o elemento subjetivo especial do injusto, consistente no especial
fim de agir qual seja ‘para realização de operação de câmbio’ (…)”210. Não prevê punição para
a forma culposa.
207
Ibidem.
208
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
209
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
210
Ibidem.
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Sujeito ativo: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Bitencourt
ressalta que “admite, naturalmente, a possibilidade do concurso de pessoas nas modalidades
de coautoria e participação em sentido estrito”211.
Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, as pessoas lesadas pela operação de
câmbio realizada.
Elemento objetivo normativo: é a “operação de câmbio”, que consiste, em última análise,
na operação de compra e venda de moeda estrangeira, ou seja, troca de uma moeda por outra.
Objeto material: é a operação de crédito.
Bem jurídico protegido: Nucci leciona que
bem jurídico protegido é a fé pública, no tocante à identidade pessoal. A fé pública, aqui, ao con-
trário das hipóteses anteriores, relaciona-se à identidade individual, pessoal, própria ou de terceiro
que pretende realizar operação de câmbio213.
Consumação: é delito instantâneo. Bitencourt aduz que “consuma-se o crime com a atri-
buição efetiva da falsa identidade, independentemente de atingir o especial fim de agir, qual
seja, a ‘realização de operação de câmbio’”214.
Tentativa: Bitencourt frisa que a tentativa pode ocorrer, embora considere de difícil ocor-
rência,
211
Ibidem.
212
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
213
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
214
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
215
Ibidem.
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Conflito aparente de normas: o artigo 21, em comento, é muito semelhante ao artigo 307
do CP216. Nucci nos ensina que, “no art. 21 desta Lei, a meta é a realização de operação de
câmbio. No art. 307 é a obtenção de qualquer vantagem para si ou para outrem ou a geração
de dano a terceiro.”217. A solução para este conflito é a aplicação subsidiária deste, ou seja,
quando a intenção do agente com a falsa identidade é obter outra vantagem que não a reali-
zação de câmbio ou a geração de outrem.
Delito equiparado: o parágrafo único do art. 21 incrimina, por equiparação, a conduta da-
quele que, com o mesmo especial fim de agir, sonega informação que devia prestar ou a pres-
ta de maneira falsa. Bitencourt ressalta que
a previsão deste parágrafo está diretamente vinculada com a previsão do caput, ou seja, a informa-
ção sonegada ou prestada falsamente refere-se à identidade falsa para realização de câmbio, ou
não tem razão de ser pela abertura em que seu enunciado propiciaria218.
a entrada irregular de divisas no Brasil não se amolda à descrição típica constante do art.21 e seu
parágrafo único (…). Com efeito, o conteúdo do parágrafo único constitui um tipo penal absur-
damente aberto, abrangente, genérico, impossível de ser delimitado se pretender-se interpretá-lo
desvinculado do conteúdo do caput. Convém destaca que não estamos diante de uma norma penal
em branco, isto é, carente de complemento, no particular, mas somente de um tipo penal aberto,
que deve ser interpretado nos limites de seu conteúdo vinculado ao conteúdo do caput. A lei deve
ser compreendida, tanto quanto possível, com o conteúdo gramatical, segundo os termos que em-
prega. Não é permitido à Administração Pública ampliar o tipo penal, com textos interpretativos
que – a rigor – nada mais fazem do que deturpar o conteúdo do texto legal. Admiti-lo significaria
violentar o princípio da reserva legal219.
216
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
“ Art. 307 – Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
causar dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.”
217
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
218
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
219
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a composição do tipo penal demonstra haver alternatividade nas condutas, vale dizer, o agente
pode praticar uma só delas (ex.: ‘atribuir-se falsa identidade’) ou mais de uma (ex.: ‘atribuir-se
falsa identidade’ e ‘prestar informação falsa’) desde que voltado à mesma operação de câmbio e
responderá por um único crime. Somente de efetivar mais de uma operação de câmbio ocorrerá
concurso material (ou crime continuado, conforme o caso)220.
Análise do Artigo 22
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente
Na visão de Bitencourt,
o bem jurídico, direto e imediato, a exemplo da primeira figura (caput), é a tutela do controle do Es-
tado sobre o tráfego internacional de divisas, isto é, a saída de moeda ou divisas, como diz o texto
legal, para o exterior. Esse controle faz-se necessário para permitir ao Estado manter, reorientar ou
intensificar a política cambial brasileira222.
Quanto à segunda figura do parágrafo único, qual seja manutenção de depósitos não de-
clarados, Bitencourt afirma que
220
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
221
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
222
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Sujeito ativo: trata-se de crime comum, podendo qualquer pessoa figurar como sujeito
ativo. Como afirma Bitencourt,
responderão, por conseguinte, por essa infração penal do caput, tanto o doleiro quanto o benefici-
ário que, em conjunto, efetuem operação de câmbio não autorizada com o fim de promover evasão
de divisas do País223.
caracteriza crime formal que se consuma independentemente da efetiva saída de divisa, sendo
suficiente que a operação de câmbio tenha esse objetivo. (…) A mera celebração do contrato de
câmbio irregular consuma o crime, desde que tenha a finalidade de enviar as divisas para o exterior,
ainda que lá não os consiga disponibilizar. (…) Resultando, no entanto, dessa operação a efetiva
saída de divisas para o exterior, não o transformará em outra tipificação (a da primeira parte do
parágrafo único, que é crime material), como referem alguns autores, mas representará somente o
exaurimento da figura descrita no caput225.
consuma-se essa espécie de evasão no momento em que o agente consegue efetivamente a saída
de moeda ou divisa gozando de sua disponibilidade no exterior. Tratando-se, no entanto, de eva-
são em espécie, consuma-se no momento em que o objeto material (moeda ou divisa) transpuser
nossas fronteiras, ingressando em outro país227.
223
Ibidem.
224
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
225
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
226
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
227
Ibidem..
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Tentativa: admite a tentativa. Nucci diz que a conduta do parágrafo único “admite tenta-
tiva, exceto na forma habitual”228. Bitencourt, sobre o caput do artigo em estudo, afirma que
tratando-se de crime formal e plurissubjetivo, efetuar operação de câmbio não autorizada admite,
sem maiores dificuldades, a figura tentada. (…) Em outros termos, sempre que a operação de câm-
bio desautorizada não se complete, por qualquer razão estranha à vontade do agente, o rime será
tentado229.
tratando-se de crime material, cujo curso executório pode ser fracionado. (…) Na hipótese de o
agente levar consigo o objeto de evasão, haverá tentativa quando for preso ainda em território
nacional230.
indispensável que o agente tenha consciência de está promovendo evasão contra legis, isto é, que
está violando a proibição legal de enviar moeda ou divisa para o exterior, pois ‘sem autorização
legal’ é uma elementar normativa do tipo que também deve ser abrangida pelo dolo. (…) Nessa mo-
dalidade de evasão de divisas, o tipo subjetivo completa-se somente com a configuração do dolo,
não sendo exigido qualquer elemento subjetivo especial do injusto, ao contrário do que ocorre na
figura descrita no caput do dispositivo sub examen232.
228
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
229
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
230
Ibidem.
231
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
232
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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o objeto da conduta é a operação de câmbio não autorizada. Diversamente do delito previsto no art.
21, onde se cuida de operação de câmbio permitida, muito embora o agente se apresente com falsa
identidade, sem que se exija finalidade específica (…), no caso do art. 22, há uma dupla demanda: a
operação de câmbio deve ser proibida e a finalidade precisa ser a evasão de divisas. (…) podemos
visualizar o concurso de crimes entre os arts. 21 e 22 se o agente, com falsa identidade, realiza
operação de câmbio e, depois, leva o montante para o exterior em quantidade que deveria ter sido
declarada à repartição federal233.
operação de câmbio é a troca de moedas, isto é, a troca de moeda de um país pela moeda de ou-
tro, que, normalmente, têm valores distintos, v.g., real por dólar, dólar por euro etc., mas todas de
existência efetiva, atual e em circulação. (…) A elementar normativa constante do caput do art.22,
não autorizada não tem o mesmo sentido nem a mesma abrangência da elementar semelhante
constante do parágrafo único, qual seja, sem autorização legal. (…) Operação de câmbio não auto-
rizada não significa que cada operação de câmbio tenha que receber uma autorização específica,
individual, a priori, como pode parecer a primeira vista, mas quer dizer que a operação de câmbio
não pode ser realizada em desconformidade com as normas cambiais incidentes234.
são os títulos financeiros conversíveis em moedas estrangeiras (letras, cheques, ordens de pa-
gamento) e, sobretudo, os próprios estoques de moedas conversíveis, disponíveis no País. É re-
levante lembrar que para serem consideradas divisas, tais títulos ou estoques de moedas devem
não apenas estar em poder de residentes no País, mas devidamente contabilizados no balanço de
pagamentos, sob controle do Banco Central do Brasil235.
Norma penal em branco: Nucci alega que, “é preciso consultar a legislação que regula-
menta as operações de câmbio para estar ciente da sua regularidade”236. No tocante ao texto
do parágrafo único, afirma que “é preciso tomar conhecimento da legislação específica, que
regulamenta a saída de moeda ou divisa para o exterior e a mantença de depósito fora do
Brasil”237. Como aduz Bitencourt,
233
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
234
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
235
TÓRTIMA, José Carlos; TÓRTIMA, Fernanda Lara. Evasão de divisas. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 23 in
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
236
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
237
Ibidem.
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a elementar normativa, sem autorização legal, exige que outra norma a complemente, definindo
em que circunstâncias ou condições é permitida ou autorizada a saída de moeda ou diva ‘para o
exterior’, repetindo o pleonasmo do tipo penal (parágrafo único)238.
Evasão imprópria: O delito configura uma evasão imprópria, haja vista que não se trata de
saída do país ou remessa de divisas para o exterior, mas somente a conservação de depósi-
tos, que inclusive podem ter origem no próprio exterior. É importante destacar que a manu-
tenção de conta bancária em instituição financeira com sede no exterior não é proibida, desde
que regularmente declarada à receita federal. É lícita a saída de divisas do Brasil, ou mesmo
a poupança de brasileiros no exterior, aliás, em economias abertas convém que a entrada e a
saída do capital sejam livres.
Câmbio paralelo: consiste na compra de dólares fora de instituições credenciadas, não
configurando crime face à aplicação do Princípio da Adequação Social.
Competência de foro: a competência para processar e julgar crimes contra o sistema fi-
nanceiro nacional é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, inciso VI, da CF e artigo 26
desta Lei. Porém, neste delito do art. 22 e seu parágrafo único, em comento, há uma maior
complexidade em definir a competência de foro. Sobre o tema, destacamos os ensinamentos
de Bitencourt em sua obra, ao afirmar que
na modalidade prevista no caput do art.22, qual seja efetuar operação de câmbio não autorizada
com o fim de evadir divisas do País, a competência, necessariamente, deve ser a do lugar da in-
fração, que é a primeira e principal regra em matéria de competência. Trata-se, evidentemente de
crime instantâneo, que se consuma no lugar e no momento em que a ação (efetuar operação cam-
bial não autorizada) é praticada; o eventual resultado, nesse crime, não integra a definição típica e,
se ocorrer, representará somente o exaurimento desse crime tido como formal. No entanto, em se
tratando da primeira figura do parágrafo único – a qualquer título, promover, sem autorização legal,
evasão de moeda ou divisas para o exterior, – a situação é diferente: trata-se de crime material, que
somente se consuma com a efetiva saída dos valores para o exterior. Na verdade, a execução dessa
238
Ibidem.
239
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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conduta pode desdobrar-se em vários atos, afora o fato de a conduta em si poder ser livremente
praticada, podendo o iter criminis percorrer várias instituições financeiras, resultando a saída para
o exterior em local, cidade ou estado completamente diferente daquele em que inicialmente se
determinou sua remessa ao exterior. Por essa razão, sustentamos que a competência deve ser a
do local da última escala dos valores em território nacional, independentemente do domicílio fiscal
da pessoa física ou jurídica titular dos valores. (…) Finalmente, a terceira hipótese contemplada do
crime de evasão de divisas – a manutenção de depósitos no exterior não declarados – é conhecida
como evasão imprópria. Afasta-se do plano da extraterritorialidade, posto que o crime não é prati-
cado no exterior, mas em território nacional, no local onde o agente deveria ter feito a declaração de
bens mantidos no exterior, embora as divisas possam ter sido adquiridas fora do País. Na ausência
de previsão específica para essa modalidade de infração penal, parece-nos mais do que razoável
fazer-se uma opção segura e pragmática, qual seja fixando-se a competência territorial pelo local
do domicílio fiscal do infrator. Afinal, será e seu domicílio fiscal onde deverá prestar contas com o
Fisco, além da própria declaração ao Banco Central240.
Análise do Artigo 23
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preserva-
ção dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa
Sujeito ativo: trata-se de uma modalidade de prevaricação praticada por funcionário pú-
blico. Assim, é um crime próprio, pois exige uma especial qualidade do agente, qual seja ser
funcionário público. Como aduz Nucci, “o sujeito ativo é o funcionário público (podemos nos
valer do disposto no art.327 do Código Penal, definindo o que vem a ser funcionário público
para fins penais)”241. Bitencourt ressalta que
nada impede que o sujeito ativo, qualificado pela condição de funcionário público, consorcie-se
com um extraneus para a prática do crime, com a abrangência autorizada pelo art.29 do CP, desde
que, evidentemente, saiba da condição especial do autor; pode, inclusive, um funcionário público,
agindo como particular, participar de prevaricação, nas mesmas condições de um extraneus, al-
cançado pelo mesmo art.29242.
240
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
241
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
242
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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o Estado é sempre sujeito passivo secundário de todos os crimes, naquela linha de que a Lei Penal
tutela o interesse da ordem jurídica geral, da qual aquele é titular. No entanto, há crimes, como este
que ora estudamos, em que o próprio Estado surge como sujeito passivo particular, individual, pois
lhe pertence o bem jurídico ofendido pela ação do funcionário infiel244.
Elemento objetivo: é formado pelos verbos “omitir”, “retardar” ou “praticar”. “O objeto des-
tas condutas alternativas é o ato de ofício (conduta pertinente a uma função) necessário ao
regular funcionamento do sistema financeiro nacional”245, conforme analisa Nucci. Bitencourt
explica que
Elemento subjetivo: é o dolo, sem exigência de elemento específico. Bitencourt frisa, as-
sim como nos outros tipos penais dessa Lei, que é imprescindível
que o dolo abranja todos os elementos constitutivos do tipo penal, sob pena de configurar o erro
de tipo, que, por ausência de dolo (ou por dolo defeituoso), afasta a tipicidade, salvo se se tratar de
simulacro de erro247.
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funcionários vinculados ao sistema financeiro nacional”249. Bitencourt ressalta ainda que não
encontra
forma de identifica bem jurídico merecedor de tutela penal contido na locução, ‘bem como à pre-
servação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira’. Trata-se, na verdade, de ele-
mentar absolutamente irrelevante, inócua, por assim dizer, desnecessária à tipificação penal, de
sorte a ser ignorada sem resultar qualquer alteração ao escrito no referido dispositivo legal250.
o crime de prevaricação especial consuma-se, nas modalidades omissivas, com a omissão ou re-
tardamento de ato de ofício, sem justa causa, ou com a prática de ato de ofício contra disposição
expressa de lei. Nas duas primeiras hipóteses, como crime omissivo próprio que são, consumam-
-se no lugar e no momento em que o ato de ofício devia ter sido realizado e não o foi, não havendo
espaço, portanto, para a figura tentada. Na terceira figura típica, o crime é comissivo e consuma-se
com a prática de ato de ofício, contrariando expressa disposição de lei, independentemente de
qualquer outro resultado251.
Tentativa: não é admissível na conduta omitir. Se puder ser fracionada, a conduta na mo-
dalidade retardar será possível a tentativa. Por fim, é pacífico que o verbo-núcleo “praticar”
admita a modalidade tentada.
Norma penal em branco: Nucci aduz ser este dispositivo uma norma penal em branco,
uma vez que “é fundamental conhecer a legislação que regulamenta os deveres do funcioná-
rio público para a verificação deste tipo penal”252. Bitencourt explica que
a locução ‘contra disposição expressa de lei’, refere-se a ato legislativo emanado do poder com-
petente, isto é, do Poder Legislativo, e elaborado de acordo com o processo legislativo previsto no
texto constitucional. Portanto, a expressão ‘lei’ utilizada no tipo penal tem o significado restrito,
formal, compreendendo o conteúdo e o sentido desse tipo de diploma jurídico, que o comando
normativo deve ser claro, preciso e expresso de tal forma a não pairar dúvida ou obscuridade a
respeito do procedimento a adotar253.
249
Ibidem.
250
Ibidem.
251
Ibidem.
252
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
253
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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não há, por fim, exigência de qualquer elemento subjetivo especial do injusto, ao contrário da pre-
varicação prevista no art.319 do CP, que exige o especial fim de agir (…). Pode-se, em razão de sua
estrutura tipológica, classificar-se como uma espécie de sui generis de prevaricação, sem a exi-
gência de elemento subjetivo especial256.
Análise do Artigo 25
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
Esse dispositivo legal define a responsabilidade penal dos agentes nos crimes praticados
contra o sistema financeiro nacional, devendo ser interpretado nos moldes da CF/1988 e do
Código Penal.
Analisando a redação do art. 25 da Lei n. 7.492/1986 e demais artigos que remetem ao úl-
timo, fica claro que a intenção do legislador era de definir os sujeitos ativos dos crimes contra
o sistema financeiro como os controladores e administradores das instituições. Entretanto,
jamais poderão ser punidos o controlador, o administrador, o diretor e o gerente de instituição
254
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
“Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa
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financeira, pela simples condição que ostentam. Em outras palavras, o crime deve ser impu-
tado a quem pratica a conduta ilícita, e não a quem simplesmente ocupa determinado cargo.
Em vários casos, as duas situações coincidem.
A mera invocação da condição de diretor ou de administrador de instituição financei-
ra, sem a correspondente e objetiva descrição de determinado comportamento típico que o
vincule, concretamente, à prática criminosa, não constitui fator suficiente apto a legitimar
a formulação de acusação estatal ou a autorizar a prolação de decreto judicial condenató-
rio. Como afirma Bitencourt, “a responsabilidade penal dos controladores ou administradores
será sempre possível, desde que devidamente individualizada e orientada subjetivamente”257.
Bitencourt afirma que
Portanto, permanece vigente o dogma nulla poena sine culpa, que impossibilita a respon-
sabilidade objetiva. É importante ressaltar que o disposto no art. 25, em estudo, coincide com
os princípios fundamentais do Direito Penal da culpabilidade e da subsidiariedade
Acerca da previsão do artigo 225, § 3º, da CF, que, ao tratar do meio ambiente, deixou
margem para que muitos autores consagrassem a responsabilidade penal da pessoa jurídica,
Bitencourt afirma que esta “ainda se encontra limitada à responsabilidade subjetiva e indivi-
dual”259. Dessa forma, para contrariar a tese de que a atual Constituição consagrou a respon-
sabilidade penal da pessoa jurídica, importa colacionar o artigo 173, § 5º, que regula a Ordem
Econômica Financeira. Vejamos:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade eco-
nômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
(…)
257
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
258
Ibidem..
259
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabele-
cerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos
praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.260
pois cada tipo penal poderia conter, quando fosse o caso (vide o exemplo do art.5º), a relação dos
agentes possíveis. Por outro lado, somente o § 1º tem maior eficiência, já que estipula quem seria
responsável por equiparação aos controladores e administradores da instituição financeira262.
em vários casos de crimes contra o sistema financeiro, a diversidade de autores, coautores e par-
tícipes pode ser bastante extensa, justificando a apresentação de uma denúncia genérica, ou seja,
sem a especificação precisa do comportamento de cada um dos agentes para a consecução do
delito”263. Bitencourt complementa alegando que “a responsabilidade penal continua a ser pessoal
e individual (art.5º, XLV). Por isso, quando se identificar e se puder individualizar quem são os au-
tores físicos dos fatos praticados em nome de uma pessoa jurídica tidos como criminosos, aí sim
deverão ser responsabilizados penalmente. Em não sendo assim, corremos o risco de ter de nos
contentarmos com a pura penalização formal da pessoa jurídica, que, ante a dificuldade probatória
e operacional, esgotaria a real atividade judiciária em mais uma comprovação da função simbólica
do Direito Penal264.
260
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Op. Cit. Acesso em: 17 setembro 2015.
261
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
262
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
263
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
264
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o imputado no curso da persecutio criminis, pode assumir a culpa sem incriminar terceiros, forne-
cendo, por exemplo, informações acerca da localização do produto do crime, caso em que é tido
como mero colaborador. Pode, de outro lado, assumir culpa (confessar) e delatar outras pessoas
– nessa hipótese é que se fala em delação premiada (ou chamamento de corréu). Só há falar em
delação se o investigado ou acusado também confessa a autoria da infração penal. Do contrário,
se a nega, imputando-a a terceiro, tem-se simples testemunho. A colaboração premiada funciona,
portanto, como gênero, do qual a deleção premiada será espécie265.
delação premiada consiste na redução da pena (podendo chegar, em algumas hipóteses, até mes-
mo a total isenção de pena), para o delinquente que delatar seus comparsas, concedida pelo juiz na
sentença final. (…) Foi inaugurada no ordenamento jurídico brasileiro com a Lei dos Crimes Hedion-
dos (Lei n. 8.072, art.8º, parágrafo único), proliferou em nossa legislação esparsa, atingindo níveis
de vulgaridade: assim, passou a integrar as leis contra o sistema financeiro266.
Aduz que
o fundamento invocado é a confessada falência do Estado para combater a dita ‘criminalidade or-
ganizada’, que é mais produto da omissão dos governantes ao logo dos anos do que propriamente
alguma ‘organização’ ou ‘sofisticação’ operacional da delinquência massificada267.
Bitencourt discorre que, apesar de todo questionamento ético que existe em torno da de-
lação premiada, alguns consideram ser uma forma de dedurar o parceiro de crime.
A verdade é que a delação premiada passou a ser, via importação, um instituto adotado em nosso
direito positivo. (…) Por outro lado, a legislação brasileira é omissa em disciplinar o modus operandi
a ser observado na celebração desse ‘acordo processual’. (…) A despeito da ausência de previsão
legal, deve ser voluntária, isto é, produto da livre manifestação do delator, sem sofrer qualquer tipo
de pressão física, moral ou mental, representando, em outras palavras, intenção ou desejo de aban-
donar o empreendimento criminoso, sendo indiferentes as razões que o levam a essa decisão. (…)
A definição do quantum a reduzi deve vincular-se a critério objetivo que permita justificar maior ou
menor redução de pena dentro dos limites estabelecidos de um a dois terços. (…) Mutatis mutandis,
nos crimes financeiros, deve-se considerar o período de tempo que referidos crimes vinham sendo
praticados, a quantidade de crimes perpetrados, além da continuidade delitiva etc.c
265
BRASILEIRO, Renato de Lima. Manual de Processo Penal. Vol. Único. 2 ed. 3 tir. rev., ampl.e atual. Salvador: 2014,
266
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
267
Ibidem.
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Análise do Artigo 26
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
Ação Penal: os crimes contra o sistema financeiro são de ação penal pública e incondi-
cionada, não estando subordinada à conclusão do processo administrativo eventualmente
instaurado perante o órgão de fiscalização268. Portanto, a ação penal será promovida pelo
Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
Assistente de acusação: independentemente da atuação do Ministério Público, afetos ao
ofendido ou seu representante legal, ou na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art.
268 do Código de Processo Penal269, podem atuar como assistentes, quando:
a) delitos cometidos no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização da Comis-
são de Valores Mobiliários;
b) delitos cometidos no âmbito do Banco Central do Brasil quando, fora da hipótese aci-
ma, houver o crime sido cometido na órbita de atividade sujeita a sua disciplina e fiscalização.
Nucci complementa afirmando que
nos casos dos delitos da Lei n. 7.492/1986, o sujeito passivo é sempre o Estado. Porém, há órgãos,
como a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central do Brasil com interesse concomitante
e maior grau de especialização no assunto, com possibilidade de auxiliar o Ministério Público Fe-
deral no polo ativo”270. Defende ainda que “a intervenção de pessoas jurídicas, de direito público ou
privado, como assistentes do Ministério Público, diante do interesse público a preservar, é perfei-
tamente viável271.
268
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
269
BRASIL. Código de Processo Penal. Op.Cit.
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu
representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
270
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
271
Ibidem.
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Conforme Nucci,
não fosse o disposto no art.26, alguns delitos poderiam ser da competência da Justiça Estadual,
por não envolver diretamente o interesse da União ou de entidades autárquicas ou empresas pú-
blicas federais. (…) A meta, naturalmente, é considerar qualquer ofensa à credibilidade do mercado
financeiro, mesmo que localizada em determinada unidade da Federação, algo que possa atingir o
sistema financeiro nacional, direta ou indiretamente272.
Sociedade de economia mista: conforme Nucci273, ela não atrai a competência federal.
Análise do Artigo 27
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao
Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público
para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
cabe ao Ministério Público Federal a titularidade, exclusiva, para a propositura da ação penal, com
relação aos crimes previstos nesta Lei. Se, recebido o inquérito policial e outras peças de informa-
ção, decorrer o prazo legal para o oferecimento da denúncia (15 dias para indiciado solto; 5 dias
para preso conforme art.46, caput, CPP), a ação pode ser intentada pelo ofendido (art.29, CPP)274.
272
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
273
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
274
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit. p.1180.
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Isso porque, apesar de ser o Estado o sujeito passivo, eventualmente, outras pessoas po-
dem ser prejudicadas, como os investidores. Assim, complementa que é
natural que o Ministério Público Federal tome as providências necessárias para coibir eventual
retardo injustificado pelo Procurador da República, responsável pela ação penal.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade poli-
cial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente
os autos.
§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da
denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Mi-
nistério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que
não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo
Por outro lado, caso o Ministério Público entenda não haver elementos suficientes para a propo-
situra, o caminho é a promoção do arquivamento junto ao Poder Judiciário, nos termos do art.28,
CPP275.
Com o pacote anticrime, Lei n. 13.964/2019, este artigo 28 foi substancialmente alterado.
Vejamos:
275
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit. p.1180.
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Análise do Artigo 28
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá in-
formar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do
fato.
Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pelo interventor, liquidante ou
síndico que, no curso de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de
crime de que trata esta lei.
devem comunicar ao Ministério Público Federal a ocorrência de crime contra o sistema financeiro,
quando dele tomarem conhecimento. Pensamos, inclusive, que tais órgãos podem, igualmente,
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oficiar à Polícia Federal ou comunicar ao juiz federal, desde que alguma atitude seja tomada. Se
não o fizer, o agente pode ser responsabilizado funcionalmente276.
se o Ministério Público obtiver provas regularmente formadas por outros meios, é dispensável o
inquérito. (…) Uma investigação promovida por órgão legalmente encarregado de fiscalizar as ati-
vidades de instituição financeira (Banco Central ou CVM) pode redundar na colheita de provas
suficientes para evidenciar o cometimento de crime por algum diretor ou gerente. Enviando as
peças do Ministério Público, não há necessidade de se repetir a produção da prova em inquérito
policial277.
é natural que o interventor, o liquidante e o administrador judicial (antigo síndico) tenham igual
dever, pois estão lidando, diretamente, com a instituição financeira, conhecendo, pois, sua situação
e as eventuais irregularidades passíveis de tipificação penal278.
Análise do Artigo 29
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos
nesta lei.
Parágrafo único. O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice
ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.
Este artigo trata da possibilidade de requisição de documento pelo MP. É, porém, contro-
vertida a questão do acesso do membro do MP a informações financeiras, sem autorização
judicial. A crítica decorre da circunstância de não ser o MP um órgão imparcial, mas idêntica
objeção poderia ser feita à Receita Federal.
Análise do Artigo 30
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-
-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto
nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (Vetado)
276
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
277
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
278
Ibidem.
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Cogita-se da possibilidade de o art. 30 ter estabelecido uma nova hipótese para a decre-
tação da prisão preventiva. No entanto, a maioria doutrinária entende não haver fundamento
autônomo para a decretação da custódia cautelar. Ou seja: a magnitude da lesão causada
pelo ilícito não pode ser parâmetro único para a decretação da medida cautelar, devendo ser
considerada amplamente com os demais requisitos autorizados da medida, conforme prevê
o art. 312 do CPP, que não foi excepcionado pela norma em tela. Os Tribunais têm assim de-
cidido:
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Análise do Artigo 31
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar
fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se
estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
Conforme notícia extraída do site www.stf.jus.br, a 2ª Turma do STF entendeu pela in-
constitucionalidade da exigência prevista no art. 31 da Lei do Colarinho Branco:
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu HABEAS CORPUS (HC n.
103.986) em favor de Vasco Bruno Lemas, condenado pela Justiça Federal à pena de 14
anos e oito meses de reclusão em regime inicial fechado por gestão fraudulenta de con-
sórcios (arts. 4º, 5º, 6º e 11 da Lei n. 7.492/1986 ou Lei do Colarinho Branco). Com base
em dispositivo da mesma lei (art. 31), cujo conteúdo é análogo ao disposto no art. 594
do Código de Processo Penal (CPP), o juiz da 5ª Vara Federal de Santos (SP) decretou a
prisão preventiva do réu e sentenciou que ele não poderia apelar da sentença antes de
ser recolhido à prisão, já que se encontrava foragido.
De acordo com o ministro Gilmar Mendes, relator do HC, em recente julgamento (no RHC
n. 83.810) o Plenário do STF julgou que a exigência de recolhimento compulsório do
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condenado para recorrer – contida no art. 594 do CPP e no art. 31 da Lei do Colarinho
Branco ─, sem que estejam presentes os pressupostos que justificam a prisão preven-
tiva, não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. O entendimento da Corte é
o de que a exigência viola os direitos de ampla defesa e de igualdade entre as partes no
processo. Além disso, a exigência foi revogada expressamente pela Lei n. 11.719/2008.
O HC concedido pela Segunda Turma do STF havia sido negado pelo TRF da 3ª Região
e o STJ.
Enfatizo que o juízo, ao invocar o fato de o paciente não ter sido localizado como funda-
mento idôneo a ensejar a manutenção da prisão cautelar, afastou-se da melhor jurispru-
dência que vem sendo sufragada por esta Corte. Por oportuno, atesto que, em julgados
recentes, tenho me filiado à jurisprudência que assenta ser equivocada a tese de que o
réu tem o dever de colaborar com a instrução e que a fuga do distrito da culpa, por si só,
autoriza o decreto constritivo. Por isso, estou concedendo a ordem, confirmando a limi-
nar antes concedida, para que seja devolvido o prazo recursal, bem como seja expedido
contramandado de prisão em favor do paciente, concluiu o ministro.
Análise do Artigo 33
Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se refere
o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de.1940,
pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada.
279
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. Op. Cit.
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MAPAS MENTAIS
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (2004/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL/
NACIONAL) Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue os itens seguintes.
Se a empresa Alfa S.A. mantiver, no exterior, depósito bancário não declarado à repartição
competente da administração pública federal, essa empresa será sujeito ativo de crime con-
tra o sistema financeiro nacional.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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a) IV.
b) I e III.
c) III e V.
d) IV e V.
e) I, II e III.
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Quando tais crimes forem cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que,
por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama deli-
tuosa, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
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O órgão do Ministério Público poderá requerer ao juiz da causa que requisite quaisquer infor-
mações, documentos ou diligências para subsidiar as provas dos crimes investigados, sendo
defeso fazê-lo diretamente.
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GABARITO
1. E 28. E
2. e 29. E
3. E 30. C
4. E 31. E
5. d 32. E
6. E 33. a
7. E 34. c
8. c 35. E
9. b 36. C
10. E 37. a
11. E 38. c
12. c 39. d
13. E 40. a
14. E 41. E
15. C 42. E
16. e 43. C
17. a 44. E
18. E 45. E
19. d 46. E
20. C 47. E
21. E 48. E
22. C 49. E
23. E 50. E
24. E
25. E
26. C
27. c
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (2004/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL/
NACIONAL) Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue os itens seguintes.
Se a empresa Alfa S.A. mantiver, no exterior, depósito bancário não declarado à repartição
competente da administração pública federal, essa empresa será sujeito ativo de crime con-
tra o sistema financeiro nacional.
Errado.
Conforme o art. 25 da Lei n. 7.492/1986, empresa não é sujeito ativo de crime contra o siste-
ma financeiro nacional. Vejamos:
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
Letra e.
É crime contra o sistema financeiro nacional, conforme:
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
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Errado.
O artigo 26, caput, da Lei n. 7.492/1986, prevê que a ação penal, nos crimes previstos nesta lei,
será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal sempre.
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Errado.
Cometeu o delito previsto no art. 20 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de
financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para re-
passá-lo.
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c) fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distri-
buição de títulos de valores mobiliários.
d) ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou pro-
priedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime contra o
sistema financeiro nacional.
e) efetuar operação de câmbio não autorizada, com o –m de promover evasão de divisas do
país.
Letra d.
a) Certa. Delito previsto no art. 4º da Lei n. 7.492/1986:
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente
a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
d) Errada. É crime de lavagem de capitais, conforme o art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998.
Vejamos:
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Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente.
Errado.
Conforme o § 1º do artigo 25 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
Errado.
Conforme o art. 33 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se refere
o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de.1940,
pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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renda que não possuem imóveis próprios. Assim, Salazar apresenta certidão falsa de que não
possui outro imóvel. Também, na mesma oportunidade, apresenta contracheque falso que in-
dica ter renda de dois salários-mínimos. À luz do previsto nos Crimes contra o Sistema Finan-
ceiro Nacional e nos Crimes contra o Patrimônio, julgue os itens abaixo assinalando o correto.
I – Salazar ao obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira comete cri-
me previsto na Lei n. 7.492/1986 (Lei dos Crimes do Colarinho Branco);
II – Salazar comete o crime de furto mediante fraude;
III – Salazar comete o crime de estelionato;
IV – Salazar comete o crime de apropriação indébita.
Letra c.
O item I está correto, conforme artigo 19 da Lei n. 7.492/1986:
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Letra b.
a) Errada. O delito descrito está tipificado no artigo 23 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preserva-
ção dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
e) Errada. Conforme art. 26 da Lei n. 7.492/1986, a ação penal é promovida pelo Ministério
Público Federal, perante a Justiça Federal:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
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Errado.
Conforme o art. 26 da Lei n. 7.492/1986, é ação penal pública, só o Ministério Público pode
propor:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
Errado.
Não há responsabilização objetiva na Lei n. 7.492/1986. É preciso comprovar o dolo.
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b) a pena cominada é a mesma, seja em instituição privada ou pública, em fatos dessa natu-
reza.
c) a origem da instituição, quer pública ou privada, é irrelevante para tipificar o crime descrito.
d) o crime descrito implica a necessidade de que recursos públicos estejam envolvidos para
ser tipificado.
e) somente os mútuos bancários, em sentido estrito, caracterizam o delito em foco.
Letra c.
a) Errada. A obtenção de crédito fraudulentamente está tipificada no art. 19 da Lei n. 7.492/1986:
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de
instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.
c) Certa. Conforme o caput do art. 1º da Lei n. 7.492/1986, tanto a instituição pública quanto
a privada são sujeitos ativos:
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.
d) Errada. Nesse caso haveria uma causa de aumento da pena, conforme o parágrafo único do
art. 19 da Lei n. 7.492/1986.
e) Errada. Por exemplo, o leasing.
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No que tange aos crimes contra o sistema financeiro, para a divulgação de informação falsa
ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira, está prevista a modalidade cul-
posa.
Errado.
Na Lei n. 7.492/1986, não existem modalidades culposas de delitos.
Errado.
O delito em questão está previsto no art. 3º da Lei n. 7.492/1986. Porém, Sabrina não agiu
com dolo e a lei não pune modalidades culposas:
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Certo.
O delito de gestão fraudulenta está previsto no art. 4º, caput, da Lei n. 7.492/1986, que é espé-
cie de delito de mão própria (art. 25 da Lei), formal e de perigo concreto (dependente de prova
da potencialidade lesiva). Nenhum delito previsto nesta lei existe na modalidade culposa.
Letra e.
Segue julgado:
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EMENTA: Ação penal. Denúncia. Evasão fiscal. Imputação do crime previsto no art. 22,
§ único, da Lei n. 7.492/1986. Pagamento espontâneo dos tributos no curso do inqué-
rito. Extinção da punibilidade do delito tipificado no art. 1º da Lei n. 8.137/90. Reco-
nhecimento antes da denúncia. Trancamento da ação penal. Inadmissibilidade. Rela-
ção de meio a fim entre os delitos. Inexistência. Absorção do crime objeto da denúncia
pelo de sonegação fiscal. Inadmissibilidade. Inaplicabilidade do princípio da consunção.
Caso teórico de concurso real de crimes. HC denegado. Quem envia, ilicitamente, valo-
res ao exterior, sonegando pagamento de imposto sobre a operação, incorre, em tese,
em concurso material ou real de crimes, de modo que extinção da punibilidade do delito
de sonegação não descaracteriza nem apaga o de evasão de divisas. (HC 87208, Rela-
tor(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 23/09/2008, DJe-211 DIVULG
06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-02 PP-00348 RTJ VOL-00208-03
PP-01093 RT v. 98, n. 881, 2009, p. 505-509)
a) IV.
b) I e III.
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c) III e V.
d) IV e V.
e) I, II e III.
Letra a.
Item I: o crime praticado foi de divulgação de informação falsa ou prejudicialmente incomple-
ta sobre instituição financeira, nos termos do art. 3º da Lei n. 7.492/1986.
Errado.
É admitida a delação premiada, conforme o § 2º do artigo 25 da Lei n. 7.492/1986.
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
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Letra d.
a) Errada. Ela foi apelidada de “Lei do Colarinho Branco”. A Lei de Lavagem de Dinheiro é a Lei
n. 9.613/1998.
b) Errada. Não há previsão de crimes culposos na lei.
c) Errada. Não. Vejamos os artigos 26 e 27 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Pro-
curador Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do MP para oferecê-la ou
determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
d) Certa. Conforme arts. 26 e 27 da Lei n. 7.492/1986, está correta. Porém, algumas divergên-
cias surgiram quanto à expressão “exclusiva”, considerando o que dispõe o art. 27. A banca,
no entanto, considerou esta alternativa correta.
e) Errada. A alternativa está nos termos do artigo 31. Este artigo, no entanto, foi considerado
inconstitucional, conforme indicado no resumo da aula. No ano de aplicação do concurso,
porém, ainda não havia sido considerado inconstitucional.
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar
fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se
estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
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Certo.
Embora o crime de quadrilha tenha sido alterado pela Lei n. 12.850/2013, passando agora a
chamar-se associação criminosa, conforme artigo 288 do Código Penal, o cerne da questão
diz respeito às consequências da delação premiada nos crimes contra o sistema financeiro
nacional. Nos termos do art. 25, § 2º, da Lei n. 7.492/1986, a alternativa está correta.
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Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Lei n. 6.385/1976. Artigo incluído
pela Lei n. 10.303/2001.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante decla-
ração (vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou
de câmbio:
Pena – Reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Lei n. 7.492/1986.
Considerando as disposições normativas relativas aos crimes contra o mercado de capitais e
contra o SFN, especialmente aquelas transcritas acima, analise:
O STF entende que o art. 16 da Lei n. 7.492/1986 foi revogado pelo art. 27-E da Lei n.
6.385/1976, com a redação da Lei n.o 10.303/2001, uma vez que esses tipos penais possuem
a mesma objetividade jurídica, e deve incidir, no caso, o princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica.
Errado.
A Lei n. 6.385/1976 dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Va-
lores Mobiliários. Em momento algum, colidiu com a Lei n. 7.492/1986.
Certo.
Quando lei específica não dispõe acerca de determinado tema, aplica-se subsidiariamente o
disposto no Código Penal.
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Errado.
Na época da questão, ano de 2009, o STF decidia assim:
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Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o prejudicado poderá representar perante
o Corregedor Geral da Justiça Federal para que determine ao órgão ministerial as providên-
cias cabíveis.
Errado.
Está errado, nos termos do art. 27 da Lei n. 7.492/1986, que prevê:
Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procura-
dor-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
Errado.
Conforme o art. 25, § 2º, da Lei, a pena será reduzida de um a dois terços.
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
Certo.
É o que prevê o artigo 11 da Lei n. 7.492/1986:
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Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legis-
lação:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
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Letra c.
A alternativa C está de acordo com o previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 7.492/1986.
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.
Errado.
A questão está errada, conforme prevê o art. 31 da Lei n. 7.492/1986:
Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança,
nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver
configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
Errado.
Está errada conforme artigo 26, caput, c/c artigo 28, caput, ambos da Lei n. 7.492/1986:
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Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá in-
formar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do
fato.
Certo.
Está de acordo com o § 2º do artigo 25 da Lei.:
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
Errado.
O artigo 22 da Lei n. 7.492/1986 tipifica o delito de evasão de divisas:
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente.
Conforme o STF,
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Errado.
O crime prevê que as condutas sejam praticadas sem autorização, conforme o caput do artigo
2º da Lei n. 7.492/1986.
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
Letra a.
É o que dispõe o artigo 26, parágrafo único da Lei:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
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Letra c.
A alternativa C está de acordo com o art. 1º, parágrafo único, inciso II, da Lei:
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qual-
quer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de for-
ma eventual.
Errado.
Conforme o § 2º do artigo 25, é cabível a confissão espontânea:
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
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§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
Certo.
Conforme artigo 26 da Lei n. 7.492/1986,
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Letra a.
É o que prevê o art. 4º e seu parágrafo único da Lei n. 7.492/1986. Vejamos:
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Letra c.
É o que dispõe o art. 19, parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986: “A pena é aumentada de 1/3
(um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela
credenciada para o repasse de financiamento”.
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e) V/ V/ F/ V
Letra d.
1ª alternativa: verdadeira, conforme o § 1º do art. 25 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e ser-
viços prestados.
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
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Letra a.
É o que dispõe o artigo 26 da Lei n. 7.492/1986:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
Errado.
O crime de falsidade ideológica está tipificado no artigo 299 do Código Penal:
Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
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Errado.
Nem todos os crimes da Lei são próprios. O delito do artigo 2º, que trata de fabricação não
autorizada de papel representativo de valor mobiliário, por exemplo, pode ser praticado por
qualquer pessoa, sendo crime comum.
Certo.
Vejamos a posição do STJ:
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Errado.
Discutiu-se a constitucionalidade dos tipos do art. 4º, ao argumento que seriam excessiva-
mente abertos. Conforme José Paulo de Baltazar Júnior, não há inconstitucionalidade, uma
vez que certa indeterminação é própria da linguagem, não havendo, no tipo em questão, ofen-
sa ao princípio da legalidade estrita ou taxatividade.
Errado.
O elemento subjetivo é o dolo. Não há previsão de tipo culposo na lei.
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Errado.
Conforme José Paulo de Baltazar Júnior, são delitos de perigo, sendo desnecessária a efetiva
ocorrência do dano ou outro resultado material externo à conduta do agente para sua consu-
mação.
Errado.
Conforme o parágrafo único do art. 4º da Lei, se ocorrer gestão temerária, a pena é de reclu-
são de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa:
Errado.
O posicionamento do STJ é no sentido de considerar gerentes de agências bancárias sujeitos
ativos dos crimes de gestão fraudulenta e gestão temerária. Vejamos:
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Errado.
Conforme o artigo 29 da Lei n. 7.492/1986, o órgão do Ministério Público Federal, sempre que
julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou dili-
gência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei:
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Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos
nesta lei.
Parágrafo único. O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice
ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.
Errado.
Lei n. 7.492/1986
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes.
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Belo Horizonte: Del Rey, 2000.
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1940; 119º da Independência e 52º da República. Presidente Getúlio Vargas. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil–03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em 06 de
setembro de 2015.
––––––. Decreto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945. Lei de Falências. Rio de Janeiro. 124º
da Independência e 57º da República. Getúlio Vargas. Disponível em:< http://www.planalto.
gov.br/ccivil–03/decreto-lei/Del7661.htm>. Acesso em: 03 de agosto de 2015.
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trajudicial de instituições financeiras, e dá outras providências. Brasília. 153º da Independên-
cia e 86º da República. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil–03/LEIS/L6024.
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CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral (arts.1º ao 120). 2 ed. rev.,
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NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Especiais. 5 ed. rev. atual. e
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TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro:
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–––––––, José Carlos; TÓRTIMA, Fernanda Lara. Evasão de divisas. 3 ed. Rio de Janeiro:
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