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LEGISLAÇÃO

PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

Crimes contra o Sistema Financeiro................................................................................5


Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986 – “Crimes do Colarinho Branco”. . ............................5
Indicação Bibliográfica.....................................................................................................5
Considerações Iniciais. .....................................................................................................5
Análise do Artigo 6º...................................................................................................... 27
Procedimento Criminal da Lei n. 7492/1986. . ................................................................ 81
Mapas Mentais..............................................................................................................94
Questões de Concurso.................................................................................................. 96
Gabarito........................................................................................................................ 111
Gabarito Comentado. .................................................................................................... 112
Referências Bibliográficas........................................................................................... 144

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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

Olá, caro(a) aluno(a)! Eu sou o professor Sérgio Bautzer e, como você já sabe, leciono as
Leis Penais Especiais.
Hoje estudaremos juntos a Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Peço
que dê especial atenção para a polêmica que existe sobre os crimes relacionados à gestão
temerária e fraudulenta por conta da questão da habitualidade. Outra polêmica que cerca a
nossa aula é a da fraude em contrato de leasing, que num primeiro momento você achará que
é delito de estelionato, mas não é, pois é uma lesão contra uma instituição financeira. Ah, e
não importa, mesmo o banco sendo regional, como é o caso do BRB, dependendo da conduta,
haverá crime contra o sistema financeiro nacional. Por conta das diversas operações da Lava
Jato, o crime de evasão de divisas voltou ao foco. A remessa de dinheiro para o exterior sem
declarar às autoridades competentes é crime previsto no art. 22 da presente lei. Quero que
você tenha especial atenção com tal delito. Também quero que sempre fique atento(a) aos
crimes previstos na Lei dos Crimes contra Ordem Tributária e no Código de Defesa do Consu-
midor, pois os examinadores acabam por tentar confundi-lo(a) perguntando tais normas na
mesma questão. Qualquer dúvida, você poderá me mandar pelo fórum do Gran Cursos Online,
que é o maior, melhor e mais completo curso virtual preparatório para concursos públicos do
país.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986 – “Crimes do Colarinho Branco”

Indicação Bibliográfica
• Leis Penais Especiais. Editora Juspodvm. Autores: Rogério Sanches, Ronaldo Batista
Pinto e Renee de Ó Souza;
• Legislação Criminal Especial Comentada. Autor: Renato Brasileiro de Lima.

Considerações Iniciais

Inicialmente, ressalte-se que nos crimes previstos nos artigos 8º, 9º, 10, 11, 12, 16, 18, 21
e 23, é possível a concessão da suspensão condicional do processo, desde que preenchidos
os requisitos previstos no art. 89 da Lei n. 9.099/1995, pois a pena mínima cominada nesses
crimes é de 1 (um) ano. Ainda, a ação penal para todos os tipos descritos nesta lei é pública
incondicionada.
Conforme conceitua Rogério Sanches Cunha,

a ação penal de iniciativa pública incondicionada tem como titular o Ministério Público (Código de
Processo Penal, art.24; CP, art.100; CF, art.129, I). A titularidade, no caso, é privativa. Embora a CF
(art.129, I) se refira à exclusividade deste órgão no ajuizamento da ação penal pública, certo é que
há uma exceção (também constitucional): quando a ação penal pública não é intentada no prazo,
pode a vítima promover a chamada ação penal privada subsidiária da pública, caso em que o par-
ticular supre a inércia do órgão público1.

Existe essa possibilidade na Lei em estudo, conforme veremos adiante.


Histórico: antes da Lei n. 7.492/1986, algumas das condutas eram criminalizadas pela
Lei n. 4.595/1964, a qual “Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e
Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências”.
Porém, os dispositivos penais da Lei n. 4.595/1964 foram revogados pela Lei n. 7.492/1986,
sendo mantidos os dispositivos relativos às sanções administrativas.

1
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral. 2 ed. rev., ampl., e atual. Salvador: Juspodivm, 2014.

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Conceito de Sistema Financeiro Nacional: compreende-se por Sistema Financeiro Na-


cional o conjunto de instituições, sejam monetárias, bancárias e sociedades por ações, e o
mercado financeiro de capitais e valores mobiliários. Como afirma Cezar Roberto Bitencourt,
“essas instituições desempenham a indispensável função de interligação entre os função de
interligação entre os diferentes polos de negociação existentes no mercado” 2.
A Lei n. 7.492/1986 também é denominada de “Lei do Colarinho Branco”. Segundo Luiz
Flávio Gomes e Alice Bianchini citados por Fernando Capez,

a principal finalidade da Lei é proibir os entes da Federação de gastarem mais do que arrecadam,
estabelecendo, para tanto, limites e condições para o endividamento público. Ela surge no bojo de
uma unanimidade na opinião pública, reclamando que as finanças públicas deveriam ser discipli-
nadas por regras inflexíveis, para por termo aos gastos exacerbados3.

Importa destacar que todos os crimes desta lei são dolosos, não existindo a figura cul-
posa, sendo estes punidos com reclusão ou detenção e com multa, todos de competência da
Justiça Federal.
Fundamento constitucional: a teleologia do art. 192 da Constituição Federal de 1988 prevê
como objetivos do Sistema Financeiro Nacional:

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equili-
brado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abran-
gendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive,
sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

Bem jurídico protegido: é o Sistema Financeiro Nacional, sendo que “o bem jurídico tutela-
do imediato não é a instituição em si, mas o conjunto de instituições financeiras cuja função
é promover o desenvolvimento equilibrado do País e servir aos interesses da coletividade”4. É
um bem jurídico supraindividual.
Com efeito, o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é de suma im-
portância para o desenvolvimento das finanças públicas e da economia nacional.

2
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Contra o Mercado de Capi-
tais. 3. ed. 2. tir. São Paulo: Saraiva, 2014.
3
CAPEZ, Fernando. Legislação Penal Especial. v. 1 e v. 2. São Paulo. Damásio de Jesus, 2004.
4
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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É mister a exata delimitação do bem jurídico tutelado na Lei em comento. No entanto, a


questão não é pacífica. Há controvérsias sobre qual seria o objeto jurídico nos tipos penais
incriminadores dos delitos contra o SFN.
“Na doutrina, há quem entenda que o bem jurídico protegido seria a tutela da política eco-
nômica do estado, mas vislumbram em um segundo plano outros bens, tais quais a fé pública
e o patrimônio.”5

Em outro sentido, há quem defenda que o bem jurídico tutelado por alguns dispositivos da Lei é a
fé pública dos documentos comprobatórios de investimento e o patrimônio dos investidores, o que
caracterizaria a pluriofensividade delitiva6.

Outros defendem que o bem jurídico salvaguardado pela lei penal é a ordem econômica
atrelada ao financiamento do Estado e ao desenvolvimento do país, sendo notadamente su-
praindividual. Isso porque podem repercutir de forma sistêmica na estabilidade econômica
do país.
Por essa razão, condutas que aparentemente atingem apenas indivíduos, mas que, de
modo mais amplo, afetam as bases sobre as quais se estrutura o SFN e, por conseguinte,
recebem o amparo legal da Lei n. 7.492/1986. De fato, estaremos sempre diante de um delito
relacionado às finanças públicas.

Análise do Artigo 1º

A Lei n. 7.492/1986, em seu art. 1º, conceitua instituição financeira, in verbis:

Art. 1º Considera-se como instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito
público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (vetado) de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou admi-
nistração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se a instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, cambio, consórcio, capitalização ou qual-
quer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de for-
ma eventual.

5
COSTA JR, Paulo José da; MACHADO, Charles M. Crimes do Colarinho Branco. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
6
PRADO, Luiz Regis. Direito Penal Econômico. 2ª Ed. São Paulo: RT, 2007.

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O artigo 1º da Lei n. 7.492/1986 é uma norma penal explicativa, que fixa um conceito am-
plo de instituição financeira (NUCCI).
Instituições financeiras de direito público: são as que estão enumeradas no art. 1º da Lei
n. 4.595/19647:

Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presente Lei, será constituído:
I – do Conselho Monetário Nacional;
II – do Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Del n. 278, de 28/02/67)
III – do Banco do Brasil S. A.;
IV – do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
V – das demais instituições financeiras públicas e privadas.

Instituições financeiras de direito privado:


• sociedades de financiamento e investimentos;
• sociedades de crédito imobiliário;
• bancos de investimento;
• fundos de investimento;
• cooperativas de crédito;
• associações de poupança;
• bolsa de valores;
• empresas corretoras;
• empresas distribuidoras.

Instituições financeiras por equiparação: estão previstas nos incisos do parágrafo único
do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986:
• representativas de seguradoras;
• casas de câmbio;
• empresas administradoras de consórcios e de capitalização ou poupança;
• empresas que se dedicam a captação de qualquer recurso de terceiros.

7
BRASIL. Lei 4.595. De 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Credi-
tícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências. Por H. Castelo Branco. Disponível em: < http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4595.htm>.

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Bitencourt analisa as diferenças do conceito de instituição financeira entre a Lei n.


4.595/1964 e a Lei n. 7.492/1986, em estudo. Diz que

a Lei n.7.492/1986 – Leis dos Crimes contra o Sistema Financeiro – deve ser analisada e interpre-
tada à luz da Constituição Federal de 1988, e, principalmente, à luz dos princípios reitores do direito
penal da culpabilidade de um Estado Democrático de Direito, bem como dos princípios vetores
relativos ao novo modelo econômico vigente em nosso país8.

O seu artigo 1º, supracitado, é uma norma explicativa e limitadora do alcance do conceito
de instituição financeira, não coincidindo com o conceito previsto na Lei n. 4.595/1964, porém
convergente com o artigo 192 da CF.
A principal diferença, presente, com a Lei n. 4.595/1964,

reside na origem dos recursos financeiros: para a Lei n.7.492/1986, somente as entidades que
tenham como atividade aplicar recursos financeiros de terceiros são consideradas instituições fi-
nanceiras para fins penais (art. 1º).

Para a Lei n. 4.595/1964, conhecida como Lei da Reforma Bancária, indiferentemente da


origem desses recursos – próprios ou de terceiros –, as entidades que tenham como finalida-
de captar, intermediar, administrar ou aplicar recursos financeiros são consideradas institui-
ções financeiras (art. 17). Enfim, para a Lei n. 7.492/1986, as entidades que administram so-
mente recursos próprios não são consideradas instituições financeiras, e eventual cobrança
de juros, taxas ou comissões acima do legalmente permitido deve recair sob a Lei da Usura
(Lei n. 1.521/1951)9.
Nos crimes societários em geral e, em especial, os praticados em detrimento do SFN,
apresentam-se dificuldades iniciais no sentido de individualizar a responsabilidade de cada
diretor ou controlador. Porém, não há como imputar um crime sem descrever a conduta indi-
vidualmente praticada.

8
BRASIL. Lei 4.595. De 31 de dezembro de 1964. Op. Cit.
9
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.

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Segundo o art. 41 do Código de Processo Penal10 e o HC n. 86.879/STF, a individualização


da indicação da conduta dos acusados é necessária para a observância dos princípios do
devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório e da dignidade da pessoa humana.
Atividades das instituições financeiras:
• captar: atrair;
• intermediar: deslocar de um lugar para outro;
• aplicar: investir para obter ganho;
• custodiar: guardar, tutelar;
• emitir: colocar em circulação;
• distribuir: entregar a outros;
• negociar;
• administrar.

Quanto às atividades típicas das instituições financeiras, Quiroga Mosquera, citado por
Bitencourt, afirma que

Nesse sentido, portanto, o Poder Judiciário entendeu que a Lei n. 4.595/1964 aprovou como indica-
dor de atividade típica de instituição financeira a coleta acoplada com a intermediação, ou a coleta
seguida da aplicação; tendo-se em mente que coleta significa recolher a terceiros. Concluindo, a
presença de uma das atividades previstas no art.17, isoladamente, em uma operação realizada por
uma determinada pessoa (física ou jurídica), não pode caracterizá-la como instituição financeira11.

A controvérsia gira em torno da expressão “ainda que de forma eventual” do inciso II do


parágrafo único do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986: se interpretada literalmente, para alguns
doutrinadores, iria ferir o princípio da legalidade e, segundo Bitencourt, em sua obra já citada,
foi exatamente isso que ocorreu, pois dá margem à incerteza e insegurança jurídica. Afirma
que

10
BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro. 120º da Independência e
53º da República. Getúlio Vargas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.
htm>.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
11
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.

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não é razoável tratar o particular que pratica uma operação de captação e intermediação de recur-
sos de terceiros como se constituísse uma instituição financeira. Se assim fosse possível, bastava
que um indivíduo captasse recursos de dois ou três amigos, com a promessa de aplicá-los no
sistema financeiro, para que a lei o considerasse para fins penais equiparado ao presidente de um
banco múltiplo 12.

Análise do Artigo 2º

Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.

Na Lei do Mercado de Capitais, Lei n. 4.728/1965, em seu artigo 7313, pela primeira vez,
tipificaram-se os delitos hoje contidos no artigo 2º da Lei n. 7.492/1986. Vejamos:

Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas
que as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da
sociedade, com firmas reconhecidas.
§ 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação
legal da sociedade.

Cezar Roberto Bitencourt14, em sua obra, afirma que o artigo 2º atual “se trata de uma
previsão legal obsoleta, considerando-se o elevado nível de informatização atingido pelos
setores público e privado”.
Sujeito ativo: em quaisquer das condutas previstas no artigo, não é exigida qualidade es-
pecial do agente. É, portanto, crime comum. Além dos sujeitos previstos no artigo 25 da Lei n.
7.492/1986, quaisquer outras pessoas podem cometer este delito (os concursos costumam
cobrar).
Coautoria e participação: é possível a coautoria e participação, embora este não seja o
entendimento pacífico na doutrina. No sentido oposto, José Carlos Tórtima afirmar que

12
Ibidem.
13
BRASIL. Lei 4.728. OP. Cit.
14
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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em se tratando da modalidade de impressão irregular dos títulos, contemplada no caput, não sendo
os mesmos falsos, somente funcionário da sociedade emissora, destituído de poder para autorizar
a emissão dos papéis, poderia determinar a confecção dos referidos papéis irregulares, responden-
do, assim, pelo crime, na condição de mandante 15.

Sujeito passivo: o sujeito passivo formal sempre será o Estado, em quaisquer dos cri-
mes capitulados nos diplomas penais. Além disso, figuram também como vítimas as pessoas
que porventura sejam afetadas, físicas ou jurídicas, podendo cogitar, eventualmente, os entes
despersonalizados, como, por exemplo, o espólio ou a massa falida.
Tipo objetivo: as condutas tipificadas ou os verbos-núcleo são imprimir, reproduzir, fa-
bricar ou por em circulação títulos de valores mobiliários. Nos dois últimos verbos do caput,
o legislador recorreu à interpretação analógica, fornecendo a fórmula genérica que seguirá
outra fórmula casuística, a depender do caso prático. O exegeta, no entanto, deverá observar
a máxima hermenêutica que sustenta que normas materiais que restringem direitos devem
ser interpretadas restritivamente.
Para Bitencourt, trata-se de condutas superpostas, na medida em que umas absorvem as
outras, pelo menos as três primeiras, pois quem fabrica, imprime e reproduz.
O parágrafo único traz em seu bojo os verbos em que as penas são equiparadas às do
caput. Destaque-se a autoria mediata premente na expressão “faz distribuir”, que assegurará
somente ao autor da ordem. Entretanto, havendo liame subjetivo entre agentes para a condu-
ta da distribuição, o verbo analisado será “distribuir”, acarretando o raciocínio do aplicador à
luz da doutrina do concurso de pessoas.
Bem jurídico tutelado: o bem jurídico tutelado pelo artigo 2º, para Bitencourt, é, especifi-
camente,

a regularidade formal do processo de emissão e negociação de valores mobiliários, e por extensão,


a credibilidade e a estabilidade do sistema financeiro nacional. (…) a proteção penal impõe-se in-
dependentemente de ser boa ou equivocada a política econômica do governo; portanto não é e não
podem ser políticas governamentais, puras e simples objeto de proteção penal, como se fossem
bens jurídicos dignos de tal proteção 16.

15
TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen, Juris, 2009. p.21. In:
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
16
TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen, Juris, 2009. p.21. In:
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Elemento normativo: quaisquer das condutas descritas no tipo exigem o elemento nor-
mativo sem autorização escrita da sociedade emissora, não sendo suficiente a autorização
oral. Como aduz Bitencourt, “trata-se, na realidade, de uma característica negativa do tipo,
pois é sua ausência que permite a adequação típica” 17.
Tipo subjetivo: constituído somente pelo dolo, elemento subjetivo geral. É necessária, ain-
da, a presença de um elemento intelectual, qual seja, que o sujeito ativo saiba que pratica as
condutas tipificadas neste artigo sem autorização escrita da sociedade emissora.
Para Bitencourt, a ausência desse elemento intelectual gera erro de tipo, muito embora
inúmeras posições consideram que gera erro de proibição. Afirma que

há grande polêmica em relação ao erro que incide sobre esses elementos: para alguns constitui
erro de tipo, porque nele se localiza, devendo ser abrangido pelo dolo; para outros, constitui erro
de proibição, porque, afinal, aqueles elementos tratam, exatamente da antijuridicidade da conduta.

Para Claus Roxin,

nem sempre constitui um erro de tipo, nem sempre um erro de proibição (como se aceita em geral),
mas pode ser ora um ora outro, segundo se refira a circunstâncias determinantes do injusto ou
somente à antijuridicidade da ação18.

Em sentido semelhante, para Jescheck, “trata-se de elementos de valoração global do


fato”19, que devem, pois, ser decompostos, de um lado, naquelas partes que os integram (des-
critivos e normativos), que afetam as bases do juízo de valor, e, de outro, naquelas que afetam
o próprio juízo de valor. Os primeiros pertencem ao tipo; os últimos, à antijuridicidade 20.
Contudo, Bitencourt considera a posição de Muñoz Conde a mais adequada, ou seja, erro
de tipo, senão

o caráter sequencial das distintas categorias obriga a comprovar o primeiro o problema do erro de
tipo e somente solucionado este se pode analisar o problema do erro de proibição”, logo deve ser
tratado como erro de tipo 21.

17
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
18
ROXIN, Claus. Teoría del tipo penal. Buenos Aires: Depalma, 1979. p.217. In: Ibidem
19
JESCHECK, H.H. Tratado de derecho penal. Trad. Santiago Mir Puig e Francisco Muñoz Conde. Barcelona: Bosch, 1981.p.
337. In: Ibidem.
20
Ibidem.
21
MUÑOZ CONDE, Francisco. El error em derecho penal, Valencia: Tirant lo Blanch, 1989. p.60. In: Ibidem.

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Consumação e tentativa: apesar de controvérsias, para o doutrinador, “as condutas des-


critas no caput, com exceção de ‘pôr em circulação’, são crimes materiais” 22. Assim, o pre-
juízo, se ocorrer, será mero exaurimento do crime. Sendo assim, a tentativa é possível, com
exceção da modalidade “por em circulação”, na qual o crime é considerado formal. Ademais,
são considerados crimes instantâneos.
Classificação: crime comum, formal, de perigo abstrato, de forma livre, comissivo, instan-
tâneo e, eventualmente, pode ser permanente (exemplo: quando a divulgação se prorroga no
tempo). É unissubjetivo e plurissubsistente.

Análise do Artigo 3º

Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Para alguns doutrinadores, este artigo se assemelha ao artigo 177, § 1º, I, CP23. Vejamos
sua redação:

Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunica-
ção ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia
popular.
§ 1º – Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei
n. 1.521, de 1951)
I – o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer,
balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco-
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
(…)24

Bitencourt destaca que

na hipótese desse dispositivo foram indicados, expressamente, os agentes do delito e os meios


que podem ser utilizados para a afirmação falsa, ao contrário do que fez o dispositivo da norma

22
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
23
24
BRASIL. Código Penal. Instituído pelo Decreto– Lei n. 2.848. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da Indepen-
dência e 52º da República. Presidente Getúlio Vargas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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especial, tipificando um crime comum, contra o patrimônio, o qual poderia atingir pessoas indeter-
minadas, em geral, ou os acionistas em particular. Destaca ainda que o legislador da norma espe-
cial, optando por uma definição reduzida da conduta proibida, paradoxalmente, ampliou o alcance
da norma. Não definindo os agentes que podem praticar o crime, deixou em aberto a qualificação
daqueles que podem ser seu sujeito ativo, não lhes exigindo qualquer qualidade ou condição es-
pecial 25.

Trata-se de conflito aparente de normas e deve ser resolvido com base nos princípios da
subsidiariedade e especialidade. Enquanto o Código Penal trata de um crime próprio ou espe-
cial, o artigo 3º da Lei n. 7.492/1986 tipifica um crime comum.
Bem jurídico tutelado: conforme Bitencourt26,

os bens jurídicos protegidos por este tipo penal são plúrimos, ou seja, protege-se, em um primeiro
momento, a instituição financeira contra a qual é divulgada a informação inverídica (falsa ou pre-
judicialmente incompleta), que é atingida negativamente.

Sujeito ativo: qualquer pessoa, portanto, trata-se de crime comum, admitindo a coautoria
e a participação. Para Bitencourt, é necessário, no entanto, que o sujeito ativo

exerça ou se encontre numa situação ou posição que lhe dê alguma credibilidade para “divulgar
informação sobre instituição financeira”, falsa ou verdadeira. Caso contrário, se não representar a
instituição financeira, não pertencer a nenhum órgão, entidade ou instituição fiscalizadora, oficial
ou extraoficial, ou não gozar de determinado status no mercado financeiro, de capitais, mercado-
lógico ou similar, que relevância a declaração de um anônimo poderia ter nesse mundo especiali-
zado? 27.

Nesta visão, um simples anônimo não pode ser considerado sujeito ativo deste crime,
sendo indispensável ao Juiz, quando julgar caso a caso, uma análise criteriosa.
Sujeito passivo: o SFN, a instituição financeira da qual informação falsa foi divulgada,
bem como os investidores que, porventura, tenham sido prejudicados.
Tipo objetivo: o verbo-núcleo é “divulgar”, sem obrigatoriedade de que haja, para tanto, a
utilização de meios oficiais, bastando que haja potencialidade para atingir o conhecimento de
um número indeterminado de pessoas.

25
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
26
Ibidem.
27
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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“Informação falsa” é aquela que, dolosamente, infere situação não condizente com a re-
alidade da instituição, ao passo que a informação prejudicialmente incompleta é a que omite
dados. Entretanto, a divulgação de informação incompleta não configura, por si só, um crime
omissivo, sendo, tão somente, seu objeto material.
A divulgação pode ser falsa integral ou parcialmente e deve ser referente ao objeto-fim
da instituição financeira atingida. Nesta modalidade, “divulgar informação prejudicialmente
incompleta”, Cezar Roberto Bitencourt afirma que

não é necessário que a divulgação seja falsa, na medida em que a prejudicialidade deve decorrer
da incompletude ou da insuficiência da informação, capaz, isto é, idônea a causar prejuízo, dano
ou, de qualquer forma, apresentar potencial lesivo ao sistema financeiro, à instituição financeira ou
a potencial investidor 28.

É importante destacar que o tipo penal não exige que a informação divulgada seja sigilosa,
bastando que seja relevante para ocasionar prejuízos. Ainda, conforme já exposto na análise
do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986, é necessário, nos termos do artigo 41 do CPP, a descrição e
individualização clara e precisa da natureza da informação, realizando um contraponto com a
que deveria ter constado, para que reste demonstrada a existência da consciência de praticar
a ação e da obtenção do resultado.
Divulgação falsa de informação sigilosa: Bitencourt, em sua obra, discute acerca da exis-
tência ou não de concurso de crimes, formal ou material, entre o artigo 3º, em análise, e o
artigo 18 do mesmo diploma legal. A conclusão que chega é que

a disparidade das elementares típicas, além da natureza de crime comum (art. 3º) e crime próprio
(art.18), apontam como norma específica a contida nesse último dispositivo, resultando como nor-
ma geral a previsão do art. 3º. Em outros termos, sempre que a divulgação falsa ou incompleta
for praticada, “com conhecimento em razão de ofício”, e “violando sigilo de operação ou serviço
prestado por instituição financeira”, não restará qualquer dúvida sobre a adequação típica: violação
de sigilo de operação financeira. É irrelevante a semelhança ou a divergência dos bens jurídicos
tutelados, bem como a maior ou menor cominação penal de um ou de outro tipo penal29.

Tipo subjetivo: dolo, ou seja, vontade consciente, esta devendo ser atual e efetiva da ili-
citude, de divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta. Não existe modalidade
28
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
29
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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culposa, sendo fato atípico a divulgação por imperícia, imprudência ou negligência. É impor-
tante destacar que se presume verdadeira a informação até que se prove o contrário.
Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que alguém toma conhecimento
da informação falsa, sendo o prejuízo mero exaurimento do tipo penal. Ainda, sendo crime
plurissubsistente, é cabível a tentativa, porém de difícil ocorrência quando a divulgação for
oral, eventualmente permanente, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.
Classificação: crime comum, formal, de perigo abstrato na forma “informação falsa”, mas
de perigo concreto na modalidade “prejudicialmente incompleta”. É de forma livre, comissivo,
excepcionalmente comissivo por omissão, instantâneo, eventualmente permanente, unissub-
jetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.30

Análise do Caput do Artigo 4º

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

Este artigo é muito cobrado nas provas de concurso!


Conflito com a Lei n. 1.521/1951: A conduta do presente artigo é denominada “gestão
fraudulenta”. A primeira vez que tal conduta foi tipificada no ordenamento jurídico foi na, ain-
da vigente, Lei de Economia Popular, Lei n. 1.521/1951, em seu artigo 3º, inciso IX31. Vejamos:

Art. 3º São também crimes desta natureza:


(…)
IX – gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitali-
zação; sociedades de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou
financiamento de construções e de vendas e imóveis a prestações, com ou sem sorteio ou pre-
ferência por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de
beneficência, socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios, pensão e aposentadoria; caixas cons-
trutoras; cooperativas; sociedades de economia coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou
não cumprindo qualquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;

30
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
31
BRASIL. Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia
popular. Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1951; 130º da Independência e 63º da República. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L1521.htm.

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De acordo com os critérios da sucessividade, deve prevalecer o disposto no artigo 4º, da


lei em estudo, em relação à Lei de Economia Popular.
Inconstitucionalidade: este artigo 4º, em estudo, tem ensejado discussões na doutrina
acerca da sua constitucionalidade duvidosa, visto que a expressão “fraudulentamente” é ge-
nérica e imprecisa. Dessa forma, haveria violação aos princípios da legalidade e da reserva
legal, insculpidos no art. 5º, incisos II e XXIX, da Constituição Federal. Porém, prevalece o
entendimento de que este dispositivo legal é constitucional.
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, ou seja, protege mais de um bem jurídico.
Além do patrimônio da coletividade, conforme alega Bitencourt,

destaca-se, fundamentalmente, o sistema financeiro brasileiro contra gestões fraudulentas ou ar-


riscadas levadas a efeito por seus controladores, administradores, diretores e gerentes. As insti-
tuições financeiras, enquanto entidades individualmente relevantes no sistema financeiro, também
são objeto da tutela penal, inclusive aquelas pertencentes à iniciativa privada. Nesse sentido, pro-
tege-se a lisura, correção e honestidade das operações atribuídas e realizadas pelas instituições
financeiras e assemelhadas. O bom e regular funcionamento do sistema financeiro repousa na
confiança que a coletividade lhe credita. A credibilidade é um atributo que assegura o regular e
exitoso funcionamento do sistema financeiro como um todo32.

Sujeito ativo: é um crime próprio, praticado pelo administrador e controlador da institui-


ção financeira, considerados como os descritos no artigo 25 e seu § 1º, da Lei em estudo.
Cuidado como o § 2º do artigo 25, deste diploma legal, nele estão descritos os sujeitos ativos
equiparados a administradores. Pode ocorrer a participação de terceiros, sendo possível o
concurso de pessoas.
É preciso zelo ao considerar um gerente, por exemplo, pessoa única de uma instituição
financeira, como o sujeito ativo, pois se corre o risco de aplicar a responsabilidade penal ob-
jetiva, vedada em nosso ordenamento jurídico. É preciso demonstrar que este gerente tinha
poder decisório, independente das normas gerais adotadas pelo controle da instituição finan-
ceira para a qual trabalha.
Sujeito passivo: o art. 4º, caput, da lei em comento, tem como vítimas o Estado, a empresa
e eventuais particulares envolvidos no processo, tais como investidores e correntistas.

32
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.57.

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Tipo objetivo: o fato típico consiste em “gerir” fraudulentamente instituição financeira.


Gerir significa exercer as atividades de administração, direção. Por sua vez, é necessário que
essa gestão seja fraudulenta – aquela exercida por meio de artifícios ou manobras que visam
ludibriar terceiros – e praticada por atos reiterados que caracterizem a fraude.
Crime habitual impróprio: gestão fraudulenta e gestão temerária são crimes habituais im-
próprios.
Elemento normativo: o elemento normativo do tipo penal é “gerir fraudulentamente”, as-
sim, na denúncia, é imperioso que conste a fraude especificada, seus atos caracterizadores,
modalidades de fraude e que estas sejam habituais, sendo atos típicos de gestão, não bas-
tando os atos irrelevantes para a administração da instituição financeira.
Como aduz Cezar Roberto Bitencourt,

não se deve esquecer, ademais, que a interpretação em matéria penal repressiva deve ser sempre
restritiva, e somente nesse sentido negativo é que se pode admitir o arbítrio judicial, sem ser viola-
da a taxatividade do princípio da reserva legal 33.

Modalidade omissiva da gestão fraudulenta: este delito é comissivo, porém, excepcional-


mente, pode ocorrer na modalidade omissiva sendo, portanto, comissivo por omissão, no qual
haveria a figura do garante agindo como verdadeiro gestor.
É importante frisar que a omissão própria não é possível, pois violaria o princípio da le-
galidade. Porém, a omissão imprópria é possível, nos termos do artigo 13, § 2º, do Código
Penal34. Para Bitencourt, não é possível a responsabilização do administrador, por omissão,
por eventuais fraudes praticadas pelos diretores e administradores que efetivamente gerirem
a instituição, sob pena de atribuir-se-lhe verdadeira responsabilidade penal objetiva. Para ele,

33
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.65.
34
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
(…)
§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:(Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984).

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o simples conhecimento da realização de uma infração penal ou mesmo a concordância psicoló-


gica caracterizam, no máximo, “conivência”, que não é punível, nem a título de participação, se não
constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma,
uma infração típica. Tampouco será responsabilizado como partícipe quem, tendo ciência da re-
alização de um delito, não o denuncia às autoridades, salvo se tiver o dever jurídico de fazê-lo 35.

Tipo subjetivo: é crime doloso. O desconhecimento de algum dos elementos constitutivos


do tipo pode gerar erro de tipo, excludente do dolo. Portanto, é necessário que o sujeito ativo
tenha vontade e consciência de gerir fraudulentamente a instituição financeira. Não existe a
modalidade culposa deste delito.
Consumação: é habitual, necessita da prática de vários atos de gestão para ocorrer a con-
sumação. A fraude deve ocorrer na captação, aplicação, intermediação e administração dos
recursos financeiros ou na emissão, distribuição, intermediação ou administração de títulos e
valores mobiliários que sejam a atividade-fim da instituição lesada.
É crime formal ou de consumação antecipada, portanto a ocorrência do resultado é mero
exaurimento da conduta.
Tentativa: por ser crime formal, é possível a tentativa. No entanto, esta é de difícil com-
provação, considerando que o iter criminis é formado por atos complexos, o que torna quase
impossível a sua decomposição.
Classificação: é crime de perigo concreto, de forma livre, instantâneo, muito embora seja
crime habitual, e unissubjetivo.

Análise do Parágrafo Único do Artigo 4º

Parágrafo único. Se a gestão é temerária:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa

Este dispositivo é muito cobrado em provas de concurso!


Definição de gestão temerária: gestão na qual o administrador atua de forma imprudente
em transações perigosas, sem o devido zelo que deveria ter diante de tais situações.

35
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.66.

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Constitucionalidade deste dispositivo legal: as maiores críticas que envolvem estes dis-
positivos giram em torno da violação do princípio da taxatividade, pela vulnerabilidade do
elemento normativo do tipo: temerário, que significa arriscado, perigoso e imprudente.
O princípio da taxatividade, que é um subprincípio da legalidade, preconiza que a condu-
ta criminosa deve ser minuciosamente descrita no tipo penal, de modo que o cidadão saiba
o que é proibido e o que é permitido. O termo temerário extremamente vago e aberto, o que
violaria o princípio da taxatividade, uma vez que o gestor não saberia o exato conteúdo da
expressão.
A gestão temerária é aquela que desobedece às normas e diretivas internas, aumentando
o risco de que as atividades empresariais terminem por causar prejuízos a terceiros, ou por
malversar o dinheiro empregado na sociedade infratora.
A posição que prevalece, no entanto, é a de que este parágrafo único do artigo 4º é cons-
titucional.
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, protege o sistema financeiro nacional, as ins-
tituições financeiras e o patrimônio da coletividade.
Sujeito ativo: podem ser sujeitos ativos os elencados no artigo 25, §§ 1º e 2º da Lei em
comento, sendo crime próprio. Admite a participação de terceiros nos termos do artigo 29 do
CP.
Sujeito passivo: é o Estado, a própria instituição financeira, os investidores e os correntis-
tas quando lesados.
Gestão temerária e o gerente de instituição financeira: é importante destacar que uma
agência é apenas uma minúscula parcela de uma instituição financeira, a qual geralmente
concentra seus atos e poderes decisórios nas inúmeras matrizes que possui. Dessa forma, é
necessária cautela ao responsabilizar o gerente de uma única agência por gestão temerária,
considerando que seu vínculo com a instituição é empregatício e que não tem poder de dire-
ção, sendo necessária a autorização de seus superiores para muitos de seus atos, tais como
liberação de empréstimos. Conforme Cezar Roberto Bitencourt,

quando, no entanto, se puder demonstrar que o gerente realmente detém poder decisório, inde-
pendentemente das diretrizes determinadas pelo controle central da instituição financeira, e o fizer
contrariando a boa práxis bancária, ou o uso corriqueiro dessas instituições, e, principalmente,

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desobedecendo orientação superior, autodeterminando-se nessas hipóteses criteriosamente exa-


minadas, poder-se-á imputar-lhe a prática de gestão temerária, atribuindo-se-lhe a responsabi-
lidade por gerir inadequadamente, pelo menos parte, de instituição financeira, desde que calcada
em sérias e robustas provas36.

Tipo objetivo: a imprecisão do legislador deixou margens para dúvidas quanto à limitação
entre crime culposo e doloso de gestão temerária. Cezar Roberto Bitencourt considera que

para se evitar a criação de “tipos penais”, por analogia, pelos juízes de primeiro grau, configurando
a mais perigosa das ditaduras, que é a ditadura judicial, sugerimos a combinação de dois diplomas
legais, ambos em vigor, para não prejudicar o acusado, evitando-se, assim, a responsabilidade pe-
nal objetiva, quer por analogia, quer por interpretação analógica, ou por qualquer outro fundamento
(…) assim, far-se-ia a combinação de dois diplomas legais, ou seja, o art.4º da Lei n.7.492/1986
com o inciso IX do art.3º da Lei n. 1.521/51. Sustentando a possibilidade de conjugar-se aspectos
favoráveis de uma lei anterior com os aspectos favoráveis de lei posterior, tivemos a oportunidade
de afirmar o seguinte: parte da doutrina opõe-se a essa possibilidade, porque isso representaria a
criação de uma terceira lei, travestindo o juiz de legislador 37.

Tipo subjetivo: inexiste na gestão temerária a vontade consciente de ocasionar prejuízo


a instituição. Por isso, Cezar Roberto Bitencourt afirma que “o mais razoável é que se admita,
no máximo, dolo eventual, mais próxima da culpa consciente, que é afastada pela ausência de
previsão legal expressa” 38. Não há previsão de modalidade culposa desta conduta.
Crime habitual: a gestão temerária é, sem dúvida, também, crime habitual. Ocorre na ges-
tão de uma instituição financeira a prática de atos arriscados e é até mesmo necessária,
razão pela qual, atos esporádicos não podem ser tipificados como crime. É imprescindível
a comprovação da habitualidade da conduta temerária para que se possa responsabilizar o
gestor ou administrador.
Consumação: consuma-se com a prática reiterada de atos de gestão arriscados, teme-
rários. Embora seja crime formal, não se exige o resultado para a consumação, neste caso, é
imprescindível que tenha ocorrido algum prejuízo para a instituição financeira.
Tentativa: conforme dito na análise do caput do artigo 4º, por ser crime impropriamente
habitual, ou seja, apesar da habitualidade, é crime instantâneo, a tentativa é de difícil ocorrên-

36
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
37
Ibidem.
38
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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cia. Assim, a impossibilidade da forma tentada não decorre da característica de crime formal,
e sim de sua habitualidade.
Comparação das penas aplicadas ao caput e ao parágrafo único do artigo 4º: a pena
aplicada aos delitos descritos no caput e parágrafo único desse artigo 4º mostram-se dis-
crepantes: reclusão de 3 a 12 anos cumulada com pena pecuniária de multa para a gestão
fraudulenta; e reclusão de 2 a 8 anos cumulada com pena pecuniária de multa para a gestão
temerária. Há uma clara violação ao princípio da proporcionalidade e, ainda, há de se consi-
derar a dificuldade em diferenciar gestão temerária da fraudulenta, conforme antes exposto, o
que dá uma maior discricionariedade ao juiz na hora de aplicar a pena.

Análise do Artigo 5º

Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título,
valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei,
que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem auto-
rização de quem de direito.

É um delito análogo às condutas de peculato, sendo seu viés, no entanto, voltado à Admi-
nistração Financeira. Para Bitencourt, assemelha-se ao crime de apropriação indébita previs-
to no Código Penal. Vejamos:

Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(…)39

O autor afirma que

distingue-se, fundamentalmente, em dois aspectos básicos: de um lado, a apropriação indébita


contida no Código Penal tem como objeto material “coisa alheia móvel”, ao passo que a previsão
do dispositivo em exame tem como objeto “título, valor ou qualquer outro bem móvel”; de outro
lado, o Código Penal refere-se à coisa alheia móvel “de que tem a posse ou a detenção”, enquanto
o dispositivo especial refere-se semente àqueles bens “de que tem a posse”, acrescentando, no
entanto, a figura de “desviá-lo em proveito próprio ou alheio40.

39
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
40
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op.

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Bem jurídico tutelado: para Guilherme de Souza Nucci, é “a credibilidade do mercado fi-
nanceiro e a proteção do investidor”41. Bitencourt diz ser

fundamentalmente, o sistema financeiro nacional, protegendo-o dos maus administradores, es-


pecialmente contra atos ou gestões fraudulentas, temerárias ou arriscadas, levadas a efeito por
inescrupulosos controladores, administradores ou diretores42.

O autor complementa que, quanto ao artigo 5º em análise, especificamente,

é a inviolabilidade patrimonial da própria instituição financeira, dos investidores, em particular, e


da coletividade, em geral, especificamente em relação ao direito de propriedade, e não ao direito
possessório43.

Aduz, ainda, que

o dispositivo em exame protege mais do que simples direito de propriedade, ou seja, os direitos
de garantia, como o usufruto e o penhor, também estão protegidos penalmente, uma vez que o
usufrutuário, assim como o devedor, pode apropriar-se indevidamente da res, violando o direito do
nu-proprietário ou do credor pignoratício44.

Sujeito ativo: são os controladores e administradores das instituições, conforme artigo


25, §§ 1º e 2º, da lei em estudo. Entretanto, jamais poderão ser punidos o controlador, o admi-
nistrador, o diretor e o gerente de instituição financeira, pela simples condição que ostentam,
a não ser que tenham praticado as condutas descritas. Portanto, trata-se de crime próprio
pela atuação dolosa, não pela qualidade que os sujeitos ostentam consigo.
A condição especial de administrador ou controlador é elementar o delito, comunican-
do-se ao particular – se este tiver consciência da qualidade especial do outro sujeito ativo –
que, porventura, venha a concorrer na conduta, conforme artigo 30 do CP45.
Como leciona Bitencourt, quanto à consciência da qualidade especial do sujeito descrito
no caput pelo particular, que

41
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5ª Ed. São Paulo: RT, 2010.
42
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
43
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
44
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
45
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desconhecendo essa condição, o dolo do particular não abrange todos os elementos constitutivos
do tipo, configurando-se o conhecido erro de tipo, que afasta a tipicidade da conduta. Responderá,
no entanto, por outro crime, consoante o permissivo contido no art.29, § 2º, do CP, que abriga a
chamada cooperação dolosamente distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por crime
menos grave 46.

Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, a própria instituição financeira e os inves-


tidores e correntistas, quando lesados.
Elemento subjetivo: é o dolo. Considerando que, na modalidade “desviar”, exige um fim
específico, que é a obtenção de proveito para si ou para outrem. Na modalidade “apropriar-
-se”, não é exigido um fim específico. Bitencourt denomina este fim específico de elemento
subjetivo especial do injusto e complementa dizendo que

esse elemento subjetivo está implícito na primeira figura, “em proveito próprio”, pois seria incom-
preensível apropriar-se em benefício de terceiro, e explícito na segunda, “desviá-los em proveito
próprio ou de alheio”. Com efeito, se o desvio operar-se em benefício da própria instituição finan-
ceira, não haverá apropriação indébita financeira, propriamente, mas o desvio do objeto material
poderá configurar outro crime, e não este. Em outros termos, o desvio dos bens, objeto material
desta infração penal, não encontra adequação típica no preceito primário deste art.5º47.

É importante ressaltar que, no crime de apropriação indébita financeira, assim como no


crime de apropriação indébita previsto no Código Penal, ocorre a inversão do título da posse.
Assim, para a ocorrência dos tipos previstos no art. 5º, em estudo, é necessária a anterior
posse lícita do objeto material indevidamente apropriado por outrem. Conforme afirma Biten-
court, “o dolo é subsequente, pois a apropriação segue-se à posse da coisa”48. Aduz, ainda,
que

para se caracterizar a apropriação indébita, tanto a tradicional como a especial (financeira), é fun-
damental a presença do elemento subjetivo transformador da natureza da posse, de alheia para
própria. Ao contrário do crime de furto, o agente tem a posse lícita da coisa. Recebe-se legitima-
mente. Muda somente o animus que o liga à coisa ou aos objetos mencionados expressamente n
dispositivo sub examen 49.

46
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
47
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
48
Ibidem.
49
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

Tipo objetivo: apropriar-se, o gerente ou administrador da instituição financeira, de di-


nheiro, títulos ou outros bens depositados ou custodiados por esta, ou desviá-los em proveito
próprio ou alheio. É importante ressaltar que as expressões “ou qualquer outro bem móvel”,
presente no caput, e “ou qualquer bem móvel ou imóvel”, presente no parágrafo único, ambas
no art. 5º em estudo, permitem uma interpretação extensiva ou analógica. Ainda, o proveito
necessário para configurar o delito pode ser de qualquer natureza, patrimonial, funcional, mo-
ral ou outras.
Elementar do tipo: “sem autorização de quem de direito”, que é ao mesmo tempo um ele-
mento normativo imprescindível para a ocorrência do delito.
Consumação: na modalidade “apropriar-se”, o delito consuma-se com a inversão do título
da posse sobre a coisa, por ato voluntário e consciente do agente, passando a agir como se
dono fosse. É necessária a comprovação de atos externos que não deixem dúvidas quanto à
intenção do agente em não devolver a coisa alheia, uma vez que a simples demora na devo-
lução da res à vítima não configura o delito.
Na modalidade “desviar”, o crime consuma-se com o efetivo desvio – desde que este faça
parte do elemento subjetivo especial do tipo – não precisando ocorrer a real obtenção de
proveito próprio ou alheio. Por fim, trata-se de crime instantâneo, uma vez que não há lapso
temporal entre a ação e o resultado.
Tentativa: é um crime material, portanto a tentativa, apesar de difícil comprovação, é pos-
sível. Sobre o tema, Bitencourt leciona que

a despeito da dificuldade de sua comprovação, a identificação da tentativa fica na dependência da


possibilidade concreta de se constatar a exteriorização do ato de vontade do sujeito ativo, capaz de
demonstrar a alteração da intenção do agente de apropriar-se do bem alheio, invertendo a natureza
da posse. Não se pode negar a configuração da tentativa quando, por exemplo, o proprietário sur-
preende o possuidor efetuando a vendo do bem que lhe pertence e somente a intervenção daquele
– circunstância alheia à vontade do agente – impede a tradição do objeto ao comprador, desde que
nenhum ato anterior tenha demonstrado essa intenção50.

50
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

Análise do Artigo 6º
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente
a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Bem jurídico tutelado: inviolabilidade e credibilidade do mercado de capitais. É crime plu-


riofensivo, pois, como afirma Manoel Pedro Pimentel,

nesse dispositivo, tem-se a impressão de que o legislador pretendeu normatizar as relações in-
ternas da instituição financeira, protegendo os interesses de sócio, investidor e repartição pública
relativamente ao acesso às informações verdadeiras, a respeito dos aspectos operacionais e fi-
nanceiros da sociedade51.

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo de sonegar informação ou prestá-la falsa-


mente, abrangendo, além da ação, o meio fraudulento e a vantagem indevida relativos à ope-
ração financeira. Não existe a modalidade culposa.
Tipo objetivo: o tipo incrimina as condutas de “induzir” e “manter” em erro sócio, inves-
tidor ou repartição pública competente, ocorrendo semelhanças com o crime de estelionato
previsto no Código Penal.
Para Bitencourt, sonegar informação ou prestá-la falsamente, “não representa, as con-
dutas incriminadas, mas apenas indicam o modo ou a forma de realizar aquelas (induzir ou
manter)”52. Afirma que

para que haja correlação entre a ação (induzir ou manter) do sujeito ativo e o efeito (ou objeto)
sentido pelo sujeito passivo, o erro, é necessária a existência de um contexto comunicacional, que
permita a relação da ação do sujeito ativo com seu interlocutor, que sofre a consequência do agir
típico, ou seja, é indispensável que se possa identificar a existência da conhecida “relação causa
e efeito”53.

Comparação com o crime de estelionato previsto no artigo 171, CP54:

51
PIMENTEL, Manoel Pedro. Crimes contra o sistema financeiro nacional, p.62, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA,
Juliano.Op. Cit.
52
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
53
Ibidem.
54
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(…)

A explicação de Bitencourt, em sua obra, diferencia de forma sucinta os dois delitos.

Para enganar sócio, investidor ou repartição pública, induzindo-o ou mantendo-o em erro, ao con-
trário do estelionato que admite o emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento,
o crime especial do art.6º somente pode ser executado “sonegando informação ou prestando-a
falsamente”, que são os dois únicos meios fraudulentos previstos no tipo penal55.

Delito que tipifica a conduta do autor mediato, que atua por ação ou omissão própria.
Destaque-se que, se o autor do delito ocupar a posição de garantidor da não ocorrência do
resultado, a responsabilidade sobre ele recairá de maneira imprópria, o que importará na au-
toria do delito principal, e não do delito in tela.
Sujeito ativo: o delito é comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, sem a neces-
sidade de que a ação seja praticada em benefício próprio ou alheio. Admite-se o concurso de
pessoas, devendo ficar atento, o julgador, para não o presumir, sob pena de ocorrer responsa-
bilidade penal objetiva.
Sujeito passivo: Estado e, secundariamente, sócio ou investidor, se lesados. Bitencourt56,
no entanto, coloca o Estado como sujeito passivo secundário e o sócio e investidor como
sujeitos passivos primários. Para alguns doutrinadores, a lei fere o princípio da taxatividade,
pois a conduta de enganar não é contra a repartição pública, como referida no caput do artigo
em comento, mas, sim, contra os agentes do Estado que atuam nessa repartição.
Consumação e tentativa: no local e no momento em que a vítima é enganada, induzida ou
mantida em erro, sendo imprescindível a obtenção de vantagem ilícita e prejuízo patrimonial
de outrem para ocorrência. Por ser crime material, admite a tentativa quando o iter criminis é
interrompido por causas estranhas à vontade do agente.
Ação penal: a competência territorial é do juízo do local onde são articuladas as opera-
ções fraudulentas na Bolsa de Valores, e não no local da efetiva realização das transações57.
55
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
56
Ib idem.
57
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Análise do Artigo 7º

Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:


I – falsos ou falsificados;
II – sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das
constantes do registro ou irregularmente registrados;
III – sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
IV – sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Norma complementar: Nucci aconselha “checar as Leis n. 6.385/1976 (Mercado de valo-


res mobiliários) e n. 4.728/1965 (Mercado de capitais)” 58. Ocorre que as condutas descritas
no artigo 7º foram, anteriormente, de forma semelhante, disciplinadas pelos artigos 72, 73 e
74 da Lei n. 4.728/196559. Vejamos, por questão de curiosidade:

Art. 72. Ninguém poderá gravar ou produzir clichês, compor tipograficamente, imprimir, fazer, re-
produzir ou fabricar de qualquer forma, papéis representativos de ações ou cautelas, que os repre-
sentem, ou títulos negociáveis de sociedades, sem autorização escrita e assinada pelos respecti-
vos representantes legais, na quantidade autorizada.
Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas
que as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da
sociedade, com firmas reconhecidas.
§ 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação
legal da sociedade.
§ 2º A violação de qualquer dos dispositivos constituirá crime de ação pública, punido com pena
de 1 a 3 anos de detenção, recaindo a responsabilidade, quando se tratar de pessoa jurídica, em
todos os seus diretores.
Art. 74. Quem colocar no mercado ações de sociedade anônima ou cautelas que a representem,
falsas ou falsificadas, responderá por delito de ação pública, e será punido com pena de (um) a 4
(quatro) anos de reclusão. (Redação dada pela Lei n. 5.589, de 1970)

Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, tutelando o patrimônio dos investidores e a


fé pública que possui o mercado mobiliário e financeiro. Secundariamente, protege a inviola-
bilidade, a credibilidade e a regularidade das transações.

58
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
59
BRASIL. Lei 4.728. De 14 de julho de 1965. Disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvi-
mento. Op.Cit.

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Tipo objetivo: Nucci afirma que

emitir significa colocar em circulação; oferecer quer dizer apresentar algo para que seja aceito; ne-
gociar significa transacionar, comerciar. Os objetos das condutas são os títulos (documentos que
certificam um direito) ou valores mobiliários (são os títulos emitidos por sociedades anônimas, que
podem ser negociados em bolsa), preenchidas as hipóteses descritas nos incisos. Cuida-se de tipo
misto alternativo, ou seja, há três condutas possíveis e mesmo que o agente pratique todas, será
punido por um só delito.

Sujeitos ativo e passivo: para Nucci,

o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Porém, algumas formas podem exigir sujeito qualificado,
como o gestor da instituição financeira, que teria condições de emitir um valor mobiliário, sem o re-
gistro prévio junto à autoridade competente. Outra pessoa não poderia fazê-lo em seu lugar, salvo
se cometesse, concomitantemente, o crime de falsidade documental.

Como afirma José Paulo Baltazar Júnior60, “nada impede que haja conluio entre a insti-
tuição financeira e os administradores. O sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, as
pessoas prejudicadas pelas condutas típicas”.
Bitencourt afirma que “nas três condutas incriminadas, é perfeitamente admissível o con-
curso eventual de pessoas na modalidade de coautoria e participação”61. Para ele, assim o
Estado é o sujeito passivo secundário e as pessoas, porventura, lesadas, sujeito passivo pri-
mário.
Tipo subjetivo: é o dolo. Conforme Nucci, “não se exige elemento subjetivo específico,
nem se pune a forma culposa” 62.
É indispensável a consciência, pelo sujeito ativo, da irregularidade de seus títulos ou va-
lores, devendo ser esta consciência atual, diferente de consciência da ilicitude, que pode ser
potencial, conforme leciona Bitencourt63.
Norma penal em branco: conforme Nucci,

a expressão ‘de qualquer modo’ dá a entender, em um primeiro momento, que o crime possui forma
livre e pode ser cometido de acordo com a inesgotável imaginação do agente. Entretanto, o sentido
nos parece diverso. Títulos e valores mobiliários, para serem emitidos, oferecidos e negociados,
60
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais.Op. Cit.
61
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
62
NUCCI, Guilherme de Souza. Op.Cit.
63
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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possuem leis específicas regentes, razão pela qual há dependência do conhecimento dessas re-
gras para se captar quais os modos pelos quais as condutas típicas têm condições de realização
64
.

Conceitos, conforme ensinamento de Nucci:


• Títulos: “são os documentos representativos de um direito” 65.
• Valores mobiliários: “são os títulos emitidos por sociedades anônimas, que podem ser
negociados em bolsa (ex.: ações)” 66.
• Autoridade competente:

pode ser o Banco Central do Brasil (para títulos em geral) ou a Comissão de Valores Mobiliários
(para valores mobiliários). Aliás, por tal razão, mencionamos anteriormente, possuir o tipo uma
forma vinculada e ser norma penal em branco. É preciso conhecer o modo pelo qual um título ou
valor mobiliário se forma e pode circular67.

• Lastro e garantia:

lastro é base ou sustento de algo; garantia é seguro ou certo de ocorrer. Títulos e valores mobiliá-
rios precisam, evidentemente, ter lastro e garantia suficientes para poder circular como se fosse a
‘moeda’ do sistema financeiro. É fundamental consultar a legislação própria para ter noção desses
valores. Checar a Lei n. 6.404/1976 (Sociedade por ações)68.

• Autorização prévia da autoridade competente: como já mencionado, além de os títulos


e valores mobiliários necessitarem de registro regular junto às instituições competen-
tes (Banco Central ou Comissão de Valores Mobiliários), há também a participação do
Conselho Monetário Nacional, que define as bases do mercado de valores mobiliários
(art. 3º da Lei n. 6.385/1976). “Cuida-se, por certo, de norma penal em branco, havendo
exigência de conhecimento das regras impostas em outras leis extrapenais” 69.

64
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
65
Ibidem.
66
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.135.
67
Ibidem.
68
Ibidem.
69
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Objetos material e jurídico: para Nucci, “os objetos materiais são os títulos e os valores
mobiliários; os objetos jurídicos são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção ao
investidor” 70.
Consumação: consuma-se com a ocorrência das condutas descritas no tipo: emitir, ofe-
recer ou negociar; não dependendo da ocorrência do resultado em nenhum dos incisos do
artigo em comento.
Tentativa: é cabível na conduta de “negociar”, por ser crime plurissubsistente, ocorrendo
quando for interrompida contra a vontade do agente. Já nas condutas de “emitir” e “oferecer”,
não é cabível a tentativa, pois são crimes unissubsistentes.
Classificação: nos ensinamentos de Nucci,

é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Eventualmente, pode assumir a feição de
delito próprio (exige sujeito qualificado, isto é, aquele que detém competência para emitir o título ou
valor mobiliário); formal (não depende da ocorrência de efeito prejuízo para a instituição ou para o
mercado financeiro); de forma vinculada (só pode ser cometido dentro das regras para a emissão,
oferecimento ou negociação de títulos e valores mobiliários); comissivo (os verbos indicam ações);
instantâneo (a consumação ocorre em momento definido); unissubjetivo (pode ser cometido por
uma só pessoa); unissubsistente (cometido em um único ato, nas formas emitir e oferecer) ou plu-
rissubsistente (cometido por mais de um ato na modalidade negociar; admite tentativa na forma
plurissubsistente) 71.

Diferença entre falso e falsificado: Nucci diferencia as duas expressões. Afirma que

a diversidade de termos nos parece despicienda. Bastaria mencionar falso. O que é falsificado é
igualmente falso (não verdadeiro, não autêntico), pouco interessando se a falsidade é material
(comento integralmente construído ou parcialmente modificado) ou ideológica (documento ver-
dadeiro, mas preenchido de modo irregular, por completo ou parcialmente). Pretender dizer que
falsificado é o título ou valor mobiliário parcialmente falso representa, apenas, uma tentativa de
justificar o excesso de linguagem utilizado na redação do inciso I deste artigo. Lembremos, ainda,
que a falsidade grosseira (facilmente perceptível) não é suficiente para constituir o crime (consul-
tar a nota 24-A ao art. 297 do nosso Código Penal comentado)72.

Pena – aplicada: Bitencourt considera a sanção penal aplicável ao caso absurdamente gra-
ve: reclusão de 2 a 8 anos e multa, cumulativamente, pois “sem obedecer qualquer parâmetro

70
Ibidem.
71
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
72
Ibidem.

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objetivo, ignorando-se que não é a gravidade da pena que pode surtir efeito preventivo geral,
mas a certeza de sua punição, segundo postulado de Beccaria”73.

Análise do Artigo 8º

Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de remu-
neração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de
consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Essa infração assemelha-se ao crime de extorsão, previsto no art. 158 do CP, e concussão,
previsto no art. 316 do CP, bem como ao crime de usura descrito na Lei de Economia Popular,
Lei n. 1.521/1951, em seu art. 4º, a. Vejamos:

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para
si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º – Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.
§ 2º – Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide
Lei n. 8.072, de 25.7.90
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§ § 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei n. 11.923, de 2009)74
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019).75
Art. 4º Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa
permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moe-
da estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de crédito;
(Vide Lei n. 1.807, de 1953)
(…)76

73
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
74
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
75
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
76
BRASIL. Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia
popular. Op.Cit..

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Como o artigo 4º da Lei n. 1.521/1951 ainda está em vigor, pode ocorrer conflito com a lei
em estudo. Resolve-se da seguinte forma: quando a conduta mão estiver ligada ao mercado
financeiro, aplica-se a Lei n. 1.521/1951.
Sujeito ativo: é um crime comum, portanto, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Admite
as figuras da coautoria e participação. Bitencourt acrescenta que

embora se trate de crime comum, há um mínimo de exigência, qual seja, a de que o sujeito ativo
exerça ou se encontre numa situação ou posição que lhe autorize poder exigir ou condicionar a
operação desejada ao cumprimento de sua exigência, devendo, portanto, pelo menos, ser um ope-
rador do mercado financeiro. A mesma exigência fora do mercado, isto é, fora do âmbito do sistema
financeiro, não será abrangida pelas normativas desse diploma legal, constituindo, por conseguin-
te, crime da competência da Justiça Estadual 77.

Para o STJ, conforme alguns precedentes, não persiste a tipificação como delito contra o
Sistema Financeiro Nacional, de acordo com a Lei n. 7.492/1986, quando o seu sujeito ativo
não é instituição financeira ou pessoa, física ou jurídica, a ela equiparada. Ou seja, o sujeito
ativo é próprio, estando adstrito a uma classe de pessoas.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, inclusive a própria instituição financeira e o Estado,
desde que, eventualmente, lesados pelos autores do delito.
Bem jurídico tutelado: a doutrina majoritária considera que é, prioritariamente, o sistema
financeiro nacional e, secundariamente, os demais bens jurídicos. Porém, Bitencourt discorda
e afirma que

na verdade, a nosso juízo, protege-se a lisura, a correção e a honestidade das operações atribu-
ídas e realizadas pelas instituições financeiras e assemelhadas. O bom e regular funcionamento
do sistema financeiro repousa na confiança que a coletividade lhe atribui. A credibilidade é um
atributo que assegura o regular e exitoso funcionamento do sistema financeiro como um todo.
Secundariamente, por certo, está o objetivo de resguardar essa confiabilidade que o sistema finan-
ceiro nacional requer, cujos reflexos na “boa execução da política econômica do governo” são uma
expectativa de todos nós78.

Tipo objetivo: “exigir” sem violência, mas impondo, cobrando, ordenando. Bitencourt con-
sidera este tipo penal fantasioso. Aduz que

77
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
78
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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a exigência decorrente do seu verbo nuclear, exigir, não é material, mas puramente ideológica, con-
siderando-se o significado atribuído nos tipos penais similares do Código Penal, como extorsão
(art.158) e concussão (316), na medida em que, nesses tipos penais, a conduta deve ser idônea
para impor, no sujeito passivo, temor, receio de, em não atendendo a exigência, sofrer consequ-
ências graves. Certamente, não se pode, a despeito da similitude referida, dar o mesmo sentido à
ação de exigir constante neste tipo penal, ao atribuído naqueles similares antes mencionados, que
sugerem violência implícita, poder de coação, enfim, a capacidade de fazer a vítima, submeter-se
à exigência 79.

Tipo subjetivo: constituído apenas pelo dolo, devendo, no entanto, restar demonstrada a
vontade consciente do agente em cometer o delito e a consciência de que a exigência está em
desacordo com a legislação. Não existe modalidade culposa.
Elementar normativa: conforme ensina Bitencourt,

a elementar normativa constante do tipo penal – exigência em desacordo com a legislação –, in-
discutivelmente, é uma forma diferente de o legislador proibir a obtenção coercitiva de vantagem
indevida, para não dizer ilegal. (…) Ademais, a vantagem pode ser presente ou futura 80.

Objeto material: “juro”, que é o rendimento de um capital, “comissão”, que é a retribuição


entregue a um intermediário, e “qualquer outro tipo de remuneração sobre operação de crédi-
to ou de seguro”.
Consumação: é crime formal, consuma-se com a mera exigência da vantagem indevida
em desacordo com a legislação. Se a exigência for aceita, será mero exaurimento do delito.
Tentativa: por ser crime unissubsistente, que não se fraciona, a tentativa não é inadmis-
sível. No entanto, como alega Bitencourt81, pode ser que a exigência se revista de diversos
atos, podendo ser fracionada, sendo assim, cabível, ao menos teoricamente, a tentativa. Por
exemplo: exigência de vantagem indevida feita por correspondência que é interceptada pela
autoridade policial antes de chegar ao conhecimento da vítima.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista no art. 8º é de 1
ano, é cabível a aplicação dos institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a sus-
pensão condicional do processo.

79
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
80
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
81
Ibidem. p.145.

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Análise do Artigo 9º

Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento compro-


batório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele
deveria constar:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

O delito tipificado no artigo 9º é uma modalidade especial de falsidade ideológica prevista


no artigo 299, CP82. Vejamos:

Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três
anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
parte.

O traço que marca os delitos desta Lei com o CP e ainda, dos tipos da Lei da Economia
Popular (Lei n. 1.521/1951) é o critério da especialidade, mormente pelo fato de que, para o
presente artigo desta Lei, a fraude consiste na inserção dos dados falsos ou em fazer sua
inserção, dando-se em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mo-
biliários afetos a pessoas determinadas e em uma instituição financeira conceituada no art.
1º da Lei n. 7.492/1986.
Bitencourt, acerca das diferenças deste artigo 9º com o crime de falsidade ideológica do
CP, afirma que

a diferença mais relevante das duas figuras reside no especial fim de agir consagrado em cada
tipo penal: no tipo especial (art.9º), o fim é fraudar a fiscalização ou o investidor, ao passo que na
falsidade ideológica do Código Penal, o especial fim é “prejudicar direito, criar obrigação ou alterar
a verdade sobre fato juridicamente relevante”. Mas até mesmo esse elemento subjetivo especial
do injusto dos dois tipos é parecido, com a diferença de que o tipo em exame é mais específico
(fraudar a fiscalização ou o investidor), enquanto o fim especial do art.299 é mais abrangente (…)83.

82
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.

83
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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O artigo 9º, em estudo, também se assemelha ao artigo 66 da Lei n. 8.078/199084. Veja-


mos:

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, ca-
racterística, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços:
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.

Neste caso, a aparente antinomia resolve-se pelo critério da especialidade. A relação de


consumo minimizaria a questão como se o problema fosse estritamente atinente ao consu-
midor e a veracidade da declaração.
Diferença entre falsidade ideológica e falsidade material: é importante destacar que o ar-
tigo 9º não trata de falsidade material, e sim ideológica.
Objeto material: é o elemento jurídico-normativo do tipo, o documento comprobatório de
investimento em títulos ou valores mobiliários.
Bem jurídico tutelado: Para Bitencourt, é inviolabilidade e credibilidade do mercado de
capitais, bem como a regularidade das transações financeiras. Secundariamente, a fé pública
dos documentos e o patrimônio das instituições financeiras e dos investidores.
Sujeito ativo: é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo possível a
coautoria e a participação.
Sujeito passivo: o Estado e, secundariamente, os investidores lesados. Como ocorre em
outros dispositivos já mencionados, Bitencourt inverte esta ordem, considerando os investi-
dores lesados como sujeitos passivos primários e o Estado, secundário.
Tipo subjetivo: é o dolo. É indispensável, no entanto, a comprovação de que o autor sabia
a verdade quanto à declaração a ser inserida no documento. Este é o elemento intelectual do
dolo.
Consumação: é crime formal, consumando-se com a efetiva fraude. Bitencourt tem um
entendimento diverso ao da maioria, considerando este um crime material, pois, conforme
alega,

84
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasí-
lia. Fernando Collor. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>.

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o resultado encontra-se temporalmente separado da conduta. Com efeito, o resultado ocorre so-
mente quando é atingido o objetivo de fraudar a fiscalização ou o investidor. Consuma-se o crime,
enfim, com a efetiva realização do falso, o que ocorre quando a inserção se dá 85.

Tentativa: se considerado crime material, conforme Bitencourt o faz, a tentativa é cabível


nas modalidades de “inserir” e “fazer inserir”.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista no artigo 9º em
estudo, assim como anteriormente exposto no artigo 8º desta Lei, é de 1 ano, é cabível a apli-
cação dos institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional
do processo.

Análise do Artigo 10

Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa

Assim como o artigo 9º, já estudado, o artigo 10 dessa Lei também é uma modalidade
especial da falsidade ideológica prevista no artigo 299 do Código Penal.
Bem jurídico tutelado: Paulo José da Costa Júnior diz que o bem jurídico é: “a execução
satisfatória da política econômica do governo” 86. Para Bitencourt, assim como no artigo 9º,
aqui o bem jurídico tutelado também é

a inviolabilidade e a credibilidade do sistema financeiro, zelando pela regularidade e pela correção


da contabilidade das instituições financeiras. Para o bom e regular funcionamento desse mercado,
é indispensável assegurar-se da retidão da contabilidade das respectivas instituições, tutelando-
-se, dessa forma, a fé pública de seus balanços, além do patrimônio dos investidores e das próprias
instituições financeiras. Indiscutivelmente procura-se resguardar o patrimônio dos investidores e
dos acionistas das referidas instituições87.

Sujeito ativo: Na modalidade de “fazer inserir”, o delito é comum, podendo ser pratica-
do por qualquer pessoa, mas, na conduta de “omitir”, deve se buscar na lei ou em algum

85
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
86
COSTA JR, Paulo José da; MACHADO, Charles M. Crimes do Colarinho Branco. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
87
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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ato administrativo da instituição donde se subsome a obrigação de evitar o resultado ou ter


criado o risco da ocorrência dele, ou seja, quem tem o dever jurídico de agir.
O concurso de agentes é possível, porém, com a ressalva de que na conduta omissiva
apenas na modalidade de participação, e não coautoria do delito.
Sujeito passivo: qualquer pessoa que, eventualmente, seja lesada pelos autores do delito.
Bitencourt88 destaca “o investidor; podendo, inclusive, ser a própria instituição financeira e,
secundariamente, o Estado, que é o responsável pelo sistema financeiro nacional”.
Tipo objetivo: percebe-se que há muitas semelhanças entre o dispositivo em estudo e o
anterior, artigo 9º. No entanto, vislumbra Bitencourt que

a semelhança, contudo, atribuída aos dois dispositivos não passa de simples aparência, na medida
em que o falsum descrito no art.9º não é crime em si, ao contrário do que ocorre com a inserção
de elemento falso prevista no art.10. Com efeito, o falso contido na falsidade ideológica financeira
(art.9º) constitui, como lá afirmamos, somente o meio ou o modo de realização do crime nele pre-
visto, que é exatamente a fraude praticada contra a fiscalização ou o investidor; ou seja, “o núcleo
é fraudar”, cujos modos ou formas de realizá-la é inserindo ou fazendo inserir declaração falsa ou
diversa da que deveria constar. (…) Ao passo que as condutas incriminadas neste art.10 são “fazer
inserir” elemento falso ou “omitir” elemento exigido pela legislação, que são diferentes daquela
contida no artigo anterior e também alteram, como se constata, o objeto material das ações, que
são “demonstrativos contábeis de instituição financeira” lato sensu89.

Tipo subjetivo: é o dolo, sendo indispensável a comprovação de que o sujeito ativo tinha
ciência da verdade referente ao documento que devia ser inserido ou da exigência de inclusão,
pela lei, daquilo que foi omitido. Bitencourt90 considera que, no caso de “falsidade de demons-
trativos contábeis”, “há exigência, implícita, do elemento subjetivo especial do injusto, espe-
cificador do dolo, qual seja, o especial fim de fazer inserir elemento falso ou omitir elemento
exigido pela legislação”. Não há previsão da modalidade culposa.
Objeto material: demonstrativos contábeis das instituições financeiras, seguradora ou
instituição integrante do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários. Exemplos:
balanços e demonstrativos de resultados.

88
Ibidem.
89
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit..
90
Ibidem.

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Lei penal em branco: o delito em tela é lei penal em branco no que diz respeito ao “elemen-
to exigido pela legislação em demonstrativos contábeis”.
Consumação: na modalidade “fazer inserir”, o delito se consuma com a inserção do ele-
mento falso no demonstrativo contábil. Bitencourt91 contraria a maioria da doutrina que con-
sidera o delito formal e aduz ser esta uma infração material, pois o resultado está separado
temporalmente da conduta. Na modalidade “omitir elemento exigido pela legislação”, a con-
sumação ocorre no momento e local em que a ação deveria ter ocorrido, ou seja, quando da
elaboração do demonstrativo contábil.
Tentativa: a tentativa só é admissível na modalidade “fazer inserir” restando-a vedada na
forma omissiva por se tratar de delito omissivo próprio.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista neste artigo é de
1 ano, assim como ocorre nos artigos 8º e 9º dessa Lei, é cabível a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo.

Análise do Artigo 11

Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legis-
lação:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

O delito do art. 11 da Lei n. 7.492/1986 traz consigo a figura do vulgarmente chamado de


“caixa dois”, no qual o autor mantém recursos não registrados oficialmente com finalidade
diversa. Exemplos: sonegação fiscal, evasão de divisas, pagamento de propinas e subornos
etc. Cumpre ressaltar que o “caixa 2” de empresas diversas de instituições financeiras não
configura este delito.
Bem jurídico tutelado: o bem juridicamente tutelado seria o mesmo dos delitos já estu-
dados, a fé pública, sua veracidade para a circulação da economia e o patrimônio dos inves-
tidores.
Sujeito ativo: a interpretação do art. 25 da Lei n. 7.492/1986 traz no bojo que o delito do
art. 11 do mesmo diploma penal conduz a necessária conclusão que está diante de delito es-

91
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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pecial próprio podendo ser cometido apenas pelo controlador, administradores de instituição
financeira, interventor, síndico, o liquidante judicial.
Sujeito passivo: o Estado e, secundariamente, as pessoas eventualmente lesadas.
Tipo objetivo: as condutas criminalizadas são “manter” e “movimentar” recurso ou valor
paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. Para Nucci92, “manter significa conser-
var ou sustentar algo; movimentar quer dizer mover ou deslocar de um lugar a outro”. Como
afirma Fernando Fragoso, “em outros termos, criminaliza-se, na verdade, a omissão constitu-
ída pela não contabilização de receitas da instituição financeira e do resultado de operações
e movimentações financeiras alheias à escrituração contábil oficial” 93.
Tipo subjetivo: o dolo, sem necessidade de especial fim de agir. Contudo, como afirma
Bitencourt94, “deve abranger todos os elementos configuradores da descrição típica. Eventual
desconhecimento de um ou outro elemento constitutivo do tipo constitui erro de tipo, exclu-
dente do dolo”.
Consumação: a conduta de “manter” é um delito habitual, portanto exige a atuação rei-
terada e uniforme. Bitencourt95, no entanto, considera que esta conduta é crime permanente,
pois “a execução da medida alonga-se no tempo, perdurando ao mesmo tempo em que se
consuma ou, em outros termos, a consumação protai-se no tempo”. Quanto à conduta de
“movimentar”, Bitencourt96 considera que o delito é instantâneo, assim “consuma-se com o
simples movimento de recurso ou valor paralelo, embora o verbo ‘movimentar’ indique repe-
tição de conduta”.
Tentativa: a tentativa é inadmissível em ambas as formas, uma vez que os delitos são,
respectivamente, de mera atividade e habituais, embora haja opiniões em sentido contrário.
Delito permanente também não admite a tentativa, conforme o posicionamento de Bitencourt
para a conduta de “manter”, assim como também não é admitida na conduta de “movimen-
tar”, já que o autor o considerava crime formal.
Norma penal em branco: Nucci considera ser uma norma penal em branco. Afirma que
92
NUCCI, Guilherme de Souza. Op.Cit.
93
FRAGOSO, Fernando. Crimes contra o sistema financeiro. p. 703, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
94
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
95
Ibidem.
96
Ibidem.

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é preciso conhecer a legislação referente à contabilidade necessária para a regularidade de capta-


ção e aplicação de recursos da instituição financeira. Assim sendo, pode-se saber se há desvio de
recursos ou valores para destinos não oficiais97.

Concurso de crimes: Nucci leciona que

admite-se o concurso de delitos, isto é, a configuração do art.11 desta Lei com outros, como fal-
sidade material ou ideológica, estelionato, corrupção ativa, bem como com crime contra a ordem
tributária. Um caixa dois de instituição financeira pode ter variadas finalidades, sem que o tipo
tenha feito menção a qualquer delas.98

Lavagem de capitais: a consecução do delito em tela pode ser, além de delito antecessor
da lavagem de capitais, uma forma autônoma do crime em concurso formal com o branque-
amento de ativos ou com o delito de manipulação do mercado de capitais.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista neste artigo é de 1
ano, assim como ocorre nos artigos 8º, 9º e 10 dessa Lei, é cabível a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo.

Análise do Artigo 12

Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liqui-


dante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou
documentos de sua responsabilidade:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Na antiga Lei de Falências, Decreto-Lei n. 7.661/1974 estabelecia deveres para os ex-


-administradores das empresas falidas. No entanto, não existem precedentes em nosso or-
denamento jurídico tipificando conduta semelhante à do artigo 12, em estudo. Bitencourt99
alega que, “na realidade, o disposto neste art.12 é sancionador do disposto no art. 10 da Lei
n. 6.424/1974, que é aplicável também às liquidações judiciais”.
Bem jurídico tutelado: para Bitencourt,

em primeiro plano, o regular saneamento ou extinção das instituições financeiras que tiverem difi-
culdade em oferecer garantia, segurança e credibilidade quanto a sua capacidade de honrar seus
97
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
98
Ibidem.
99
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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compromissos com credores, investidores e acionistas. (…) protege-se igualmente as instituições


financeiras, mas objetiva também assegurar os direitos dos respectivos credores.

Sujeito ativo: é crime próprio, pois o sujeito ativo exige a condição de ser ex-administra-
dor de instituição financeira, conforme previsto no artigo 25, § 1º desta Lei, não sendo pos-
sível aqui, a atuação ativa dos sujeitos previstos no § 2º do mesmo dispositivo legal. É um
crime próprio.
Bitencourt afirma que

a condição especial de ex-administrador, no entanto, como elementar dessa infração pena, co-
munica-se ao particular que eventualmente concorra, na condição de coautor ou partícipe, para
a prática do crime nos termos da previsão do art.30 do CP. Dessa forma, é necessário que pelo
menos um dos autores reúna a condição especial exigida pelo tipo penal, podendo os demais não
possuir tal qualidade”. É indispensável, contudo, que o particular (extraneus) tenha consciência da
qualidade especial de ex-administrador de instituição financeira, sob pena de não responder por
esse crime que é próprio. Desconhecendo esta condição, o dolo do particular não abrande todos
os elementos constitutivos do tipo ou não os abrange corretamente, configurando-se o conhecido
erro de tipo, que afasta a tipicidade da conduta. Responderá, no entanto, por outro crime, conso-
ante o permissivo contido no art.29, § 2º, do CP, que abriga a chamada cooperação dolosamente
distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por crime menos grave 100.

Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, qualquer pessoa, física ou jurídica preju-


dicadas com a sonegação de dados. Bitencourt101, no entanto, coloca o Estado como sujeito
passivo secundário e qualquer pessoa como sujeito primário.
Tipo objetivo: a conduta incriminada é “deixar de apresentar”, ou seja, importa na abs-
tenção de algum ato, o qual deveria fazer por comando legal, em que se cuida de um delito
omissivo próprio. Para Bitencourt, este delito pode ocorrer tanto de forma ativa quanto omis-
sa. Vejamos:

Há duas formas possíveis de a conduta do sujeito ativo realizar-se (uma omissiva ou ativa): (a)
deixando o agente de apresentar as informações, declarações ou documentos devidos, no prazo
legal, sua omissão adéqua-se à previsão contida no dispositivo sub examen; ou, ainda, (b) mesmo
que as apresente nos prazos legais, mas sem satisfazer as condições legalmente exigidas para o
ato, igualmente, sua conduta, mesmo que ativa, isto é, tenha apresentado no prazo devido, será
igualmente típica por não haver cumprido as formalidades legais (condições) 102 .
100
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
101
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
102
Ibidem.

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Tipo subjetivo: é o dolo, devendo o sujeito ativo conhecer as circunstâncias fáticas que
o constituem para ser responsabilizado pelo delito. Não há exigência de elemento subjetivo
específico e não há previsão de forma culposa.
Objeto material: são as informações, declarações ou documentos que estiverem sob a
responsabilidade o ex-administrador.
Consumação: para Bitencourt, “como crime omissivo próprio – deixar de apresentar –,
(…) consuma-se no lugar e no momento em que a atividade devida tinha de ser realizada” 103.
Tentativa: Bitencourt posiciona-se no sentido de que, sendo crime omissivo próprio, não
cabe a tentativa.
Lei penal em branco: trata-se de lei penal em branco que deverá ser complementada por
outra norma, para, assim, ter eficácia. Nucci explica que “torna-se fundamental conhecer a
legislação própria, conhecendo-se quais são os prazos e as condições fixadas em lei para que
haja a apresentação das informações, declarações ou documentos necessários” 104.
Medidas despenalizadoras: considerando que a pena mínima prevista neste artigo é de 1
ano, assim como ocorre nos artigos 8º ao 11 dessa Lei, é cabível a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo.

Análise do Artigo 13

Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção,
liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira.
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar de
bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.

Norma penal em branco: a expressão “bem alcançado pela indisponibilidade legal” pre-
cisa ser complementada. Esta é a função dos artigos 36 ao 38 da Lei n. 6.024/74105, disposi-
tivos legais que estabelecem quais são estes bens citados, sem incluir, no entanto, os bens
impenhoráveis ou inalienáveis. Vejamos:
103
Ibidem.
104
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
105
BRASIL. Lei 6.024, de 13 de março de 1974, dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financei-
ras, e dá outras providências. Brasília. 153º da Independência e 86º da República. Disponível em: < http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L6024.htm>.

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Art. 36. Os administradores das instituições financeiras em intervenção, em liquidação extrajudicial


ou em falência, ficarão com todos os seus bens indisponíveis, não podendo, por qualquer forma, di-
reta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até apuração e liquidação final de suas responsabilidades.
§ 1º A indisponibilidade prevista neste artigo decorre do ato que decretar a intervenção, a liqui-
dação extrajudicial ou a falência, e atinge a todos aqueles que tenham estado no exercício das
funções nos doze meses anteriores ao mesmo ato.
§ 2º Por proposta do Banco Central do Brasil, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, a indis-
ponibilidade prevista neste artigo poderá ser estendida:
a) aos bens de gerentes, conselheiros fiscais e aos de todos aqueles que, até o limite da responsa-
bilidade estimada de cada um, tenham concorrido, nos últimos doze meses, para a decretação da
intervenção ou da liquidação extrajudicial;
b) aos bens de pessoas que, nos últimos doze meses, os tenham a qualquer título, adquirido de
administradores da instituição, ou das pessoas referidas na alínea anterior desde que haja seguros
elementos de convicção de que se trata de simulada transferência com o fim de evitar os efeitos
desta Lei.
§ 3º Não se incluem nas disposições deste artigo os bens considerados inalienáveis ou impenho-
ráveis pela legislação em vigor.
§ 4º Não são igualmente atingidos pela indisponibilidade os bens objeto de contrato de alienação,
de promessa de compra e venda, de cessão ou promessa de cessão de direitos, desde que os res-
pectivos instrumentos tenham sido levados ao competente registro público, anteriormente à data
da decretação da intervenção, da liquidação extrajudicial ou da falência.
Art. 37. Os abrangidos pela indisponibilidade de bens de que trata o artigo anterior, não poderão
ausentar-se do foro, da intervenção, da liquidação extrajudicial ou da falência, sem prévia e expres-
sa autorização do Banco Central do Brasil ou do juiz da falência.
Art. 38. Decretada a intervenção, a liquidação extrajudicial ou a falência, o interventor, o liquidante
ou o escrivão da falência comunicará ao registro público competente e às Bolsas de Valores a in-
disponibilidade de bens imposta no artigo 36.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade competente ficará relativamente a esses
bens impedida de:
a) fazer transcrições, inscrições ou averbações de documentos públicos ou particulares;
b) arquivar atos ou contratos que importem em transferência de cotas sociais, ações ou partes
beneficiárias;
c) realizar ou registrar operações e títulos de qualquer natureza;
d) processar a transferência de propriedade de veículos automotores

Tipo objetivo: Para Nucci,

desviar significa dar destino diverso do anterior ou afastar de algum lugar. Envolve o bem con-
siderado indisponível em razão de intervenção do órgão competente, liquidação extrajudicial ou
falência da instituição financeira. Quanto à possibilidade de ocorrência de falência 106.

106
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Bitencourt complementa afirmando que “neste dispositivo, o legislador evitou falar em


apropriação, na medida em que, regra geral, sujeito ativo desta conduta será o proprietário
dos bens alcançados pela indisponibilidade” 107.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, crime comum. O parágrafo único, no entanto, é crime pró-
prio, pois somente o interventor, o liquidante ou o administrador judicial podem sujeitos ati-
vos, as figuras equiparadas aos controladores e administradores de instituição financeira.
Bitencourt ressalta que

o rol contido no § 1º do art.25 da Lei n. 7.492/1986 – interventor, liquidante ou síndico – é numerus


clausus, não admitindo a inclusão de qualquer outra hipótese semelhante (…) sob pena de violar o
princípio da reserva legal108.

Sujeito passivo: Para Nucci, é o Estado e, secundariamente, a pessoa eventualmente le-


sada pelo desvio, tanto no caput quanto no parágrafo único do dispositivo em estudo. Para
Bitencourt109, o Estado é sujeito passivo secundário e as pessoas lesadas, sujeitos passivos
primários. Exclui a instituição financeira deste rol por considerar que os bens pertencem aos
ex-administradores ou ex-controladores desta, e não a ela ou à massa falida.
Elemento subjetivo: na figura típica do caput, é o dolo, sem necessidade da presença de
elemento subjetivo específico. Já na figura típica do parágrafo único, além do dolo, é neces-
sária a presença do elemento específico, consistente na vontade de obter proveito para si ou
para outrem. Não há previsão da forma culposa em nenhum dos casos.
Objeto material: Para Nucci, no caput é o bem considerado indisponível e, no parágrafo
único, é o bem indisponível da instituição financeira.
Bem jurídico tutelado: Conforme Nucci110, “os objetos jurídicos são a credibilidade do
mercado financeiro e a proteção ao investidor”, tanto no caput quanto no parágrafo único.
Bitencourt alerta que o bem jurídico tutelado

é a inviolabilidade patrimonial da própria instituição financeira cujo passivo deve ser, ainda que
parcialmente, coberto pelo patrimônio de seus administradores, desde que fique demonstrado, no
encerramento de processo instituído pela Lei n.6.024/74, que resultou, total ou parcialmente, de
107
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
108
Ibidem.
109
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
110
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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culpa daqueles. Tutela-se, igualmente, o direito dos acionistas, dos investidores e dos aplicadores
de serem, proporcionalmente, ressarcidos em eventuais prejuízos que sofrerem em razão da má ou
temerária administração da referida instituição financeira111.

Consumação: na modalidade “desviar”, consuma-se quando agente concretiza o desvio


do bem alcançado pela indisponibilidade e o transfere a terceiro, onera-o indevidamente ou
dar-lhe destinação diversa da que deveria. Bitencourt completa dizendo que “consuma-se,
igualmente, no momento em que o agente recuse-se a devolver quando lhe é solicitado por
quem de direito” 112. Quanto à figura típica presente no parágrafo único, o crime de apropria-
ção indébita, Bitencourt afirma que

é de difícil precisão, pois depende, em última análise, de uma atitude subjetiva. Consuma-se, enfim,
com a inversão da natureza da posse, caracterizada por ato demonstrativo de disposição de coisa
alheia (…) ou pela negativa em devolvê-la a quem de direito113.

Tentativa: sendo crime material, a tentativa é cabível. Sobre o tema, Bitencourt afirma que

tratando-se de crime material, a tentativa é, teoricamente, possível, embora de difícil configuração.


A despeito da dificuldade de sua comprovação, a identificação da tentativa fica na dependência da
possibilidade concreta de se constatar a exteriorização do ato de vontade do sujeito ativo, capaz de
demonstrar a alteração da intenção do agente de apropriar-se do bem alheio, invertendo a natureza
da posse. Não se pode negar a configuração da tentativa quando, por exemplo, o proprietário sur-
preende o possuidor efetuando a venda do bem que lhe pertence e somente a intervenção daquele
– circunstância alheia à vontade do agente – impede a tradição do objeto ao comprador, desde que
nenhum ato anterior tenha demonstrado essa intenção114.

Conflito aparente de normas: Nucci leciona que

existiria um conflito aparente de normas entre este delito e a apropriação descrita no art. 5º. Porém,
resolve-se pela regra da especialidade. Quando o bem desviado ou sujeito à apropriação for alcan-
çado pela indisponibilidade, aplica-se o art. 13. Do contrário, pode-se utilizar o art. 5º. Além disso, é
preciso atenção para o sujeito ativo, que, no caso do art. 13, pode ser igualmente qualificado, como
no parágrafo único (interventor, liquidante ou administrador judicial) 115.

111
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
112
Ibidem.
113
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
114
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
115
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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Indisponibilidade legal: Nucci leciona acerca da indisponibilidade legal dos bens e nos
ensina que

cuida o artigo apenas da indisponibilidade gerada pela intervenção, não envolvendo bens impe-
nhoráveis ou inalienáveis, como os bens de família (Lei n. 8.009/1990). Trata-se de norma penal
em branco, dependendo de consulta às normas que permitem a colocação dos bens da instituição
financeira em indisponibilidade (arts. 36 a 38 da Lei n. 6.024/1974) 116.

Intervenção: conforme leciona Nucci,

significa que o Banco Central do Brasil, encarregado de fiscalizar a atuação das instituições finan-
ceiras, pode ingressar na administração de alguma delas que esteja apresentando problemas e
irregularidades no seu funcionamento. Para tanto, nomeia um interventor, que assume a direção.
Dentre as hipóteses autorizadoras da intervenção, para exemplificar, temos: a) a entidade sofre
prejuízo, decorrente de má administração, sujeitando a riscos os seus credores; b) são verificadas
reiteradas infrações a dispositivos da legislação bancária, não regularizadas após as determina-
ções do Banco Central do Brasil (art. 2º, I e II, Lei n. 6.024/1974). A intervenção é decretada ex of-
ficio pelo Banco Central do Brasil, ou por solicitação dos administradores da instituição, caso pos-
suam esta competência, com indicação das causas do pedido (art. 3º, Lei n. 6.024/1974). O período
da intervenção não excederá a 6 meses, o qual, por decisão do Banco Central do Brasil, poderá ser
prorrogado, uma única vez, até o máximo de outros 6 meses (art. 4º). A intervenção produz, desde
sua decretação, os seguintes efeitos: a) suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas; b)
suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas anteriormente contraídas; c) inexigibi-
lidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação (art. 6º, Lei n. 6.024/1974). Cessará a
intervenção: ‘a) se os interessados, apresentando as necessárias condições de garantia, julgados a
critério do Banco Central do Brasil, tomarem a si o prosseguimento das atividades econômicas da
empresa; b) quando, a critério do Banco Central do Brasil, a situação da entidade se houver norma-
lizado; c) se decretada a liquidação extrajudicial, ou a falência da entidade’ (art. 7º)117.

Liquidação extrajudicial: acerca da liquidação extrajudicial, Nucci, em sua obra, afirma que

decreta-se a liquidação extrajudicial da instituição financeira, de ofício, pelo Banco Central: a) em


razão de ocorrências que comprometam sua situação econômica ou financeira especialmente
quando deixar de satisfazer, com pontualidade, seus compromissos ou quando se caracterizar
qualquer dos motivos que autorizem a declaração de falência; b) quando a administração violar
gravemente as normas legais e estatutárias que disciplinam a atividade de instituição, bem como
as determinações do Conselho Monetário Nacional ou do Banco Central do Brasil, no uso de suas
atribuições legais; c) quando a instituição sofrer prejuízo que sujeite a risco anormal seus credo-
res quirografários; d) quando, cassada a autorização para funcionar, a instituição não iniciar, nos
90 (noventa) dias seguintes, sua liquidação ordinária, ou quando, iniciada esta, verificar o Banco
116
Ibidem.
117
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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Central do Brasil que a morosidade de sua administração pode acarretar prejuízo para os cre-
dores’. Pode haver requerimento dos administradores ou proposta do interventor (art. 15, Lei n.
6.024/1974). Se o Banco Central optar pela liquidação, em lugar de mera intervenção’, ‘indicará a
data em que se tenha caracterizado o estão que a determinou, fixando o termo legal da liquidação
que não poderá ser superior a 60 (sessenta) dias contados do primeiro protesto por falta de paga-
mento ou, na falta deste, do ato que haja decretado a intervenção ou a liquidação’ (art. 15, § 2º, Lei
n. 6.024/1974). A ‘liquidação extrajudicial será executada por liquidante nomeado pelo Banco Cen-
tral do Brasil, com amplos poderes de administração e liquidação, especialmente os de verificação
e classificação dos créditos, podendo nomear e demitir funcionário; fixando-lhes os vencimentos,
outorgar e cassar mandatos, propor ações e representar a massa em juízo ou fora dele’ (art. 16,
caput, Lei n. 6.024/1974) 118.

Falência: Nucci ensina que

conforme previsão feita no art. 21 da Lei n. 6.024/1974, ‘à vista do relatório ou da proposta pre-
vistos no art. 11, apresentados pelo liquidante na conformidade do artigo anterior, o Banco Central
do Brasil poderá autorizá-lo a: (…) b) requerer a falência da entidade, quando o seu ativo não for
suficiente para cobrir pelo menos a metade do valor dos créditos quirografários, ou quando houver
fundados indícios de crimes falimentares’. A despeito disso, o art. 2º da Lei n. 11.101/2005 (Lei
de Recuperação de Empresa e Falência) estipula que ‘esta lei não se aplica a: (…) II – instituição
financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência comple-
mentar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores’. Sobre a possibilidade de
decretação da falência de instituição financeira, entretanto, ensina Mauro Rodrigues Penteado que
as instituições financeiras ‘apenas não ingressam, de imediato, no processo judicial de execução
coletiva empresarial, passando antes, por intervenção e liquidação extrajudicial. Porém, tal seja o
desfecho da liquidação, ou a constatação de fatos que constituam crimes falimentares, no curso
do processo administrativo, a falência poderá ser decretada, quando, então, a nova lei passará ser
a elas aplicável, ao reverso do que reza a cabeça do artigo, redigida sem qualquer ressalva quanto a
esse aspecto. É o caso, por exemplo, das instituições financeiras, das entidades abertas, e mesmo
algumas fechadas, de previdência privada, das sociedades operadoras de planos de saúde privada
e das sociedades seguradoras’ (Comentários à lei de recuperação de empresas e falência, p. 104-
105)119.

Análise do Artigo 14

Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração


de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

118
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
119
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como ver-
dadeiro, crédito que não o seja.

O legislador optou por fracionar as condutas do falso. No presente artigo, embora haja
celeuma sobre a autoria, se própria ou imprópria, é pacífico o entendimento de que a falsidade
presente pode ser tanto a material quanto a ideal.
Comparação com a legislação da falência: a antiga Lei de Falências (Decreto-Lei n.
7.661/1945) trazia em seu bojo infração semelhante a esta constante no artigo em análise.
Vejamos:

Art. 189. Será punido com reclusão de um a três anos:


(…)
II – quem quer que, por si ou interposta pessoa, ou por procurador, apresentar, na falência ou na
concordata preventiva, declarações ou reclamações falsas, ou juntar a elas títulos falsos ou simu-
lados;
III – o devedor que reconhecer como verdadeiros créditos falsos ou simulados;
(…)

A nova Lei de Falências, Lei n. 11.101/2005, contém também dispositivo muito semelhan-
te ao artigo 14, em estudo. Vejamos:

Art. 175. Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relação de cré-
ditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Como a Lei n. 11.101/2005 coexiste com a Lei n. 7.492/1986, a solução para a escolha do
dispositivo aplicado é a seguinte: quando se tratar de instituição financeira, inclusive quanto
ao seu processo de falência. Já o artigo 175 da Lei n. 11.101/2005 é aplicável somente quan-
do não for instituição financeira.
Bem jurídico tutelado: para Bitencourt, é

o patrimônio da instituição financeira e, por extensão, dos seus credores, que visam partilhá-lo no
final do processo de liquidação extrajudicial ou de falência pelo regular saneamento ou extinção
das instituições financeiras em dificuldades insanáveis120.

E detalha o seu entendimento afirmando que


120
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit

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a previsão constante do caput objetiva a proteção dos bens mencionados, no interesse da institui-
ção e de seus credores, contra a fraudulenta postulação de créditos inexistentes ou além do real-
mente existente. No entanto, a previsão constante do parágrafo único objetiva proteger os mesmos
bens jurídicos contra a conivente e fraudulenta conduta do próprio ex-administrador, que valida a
postulação de crédito inexistente ou apenas superior ao realmente devido121.

Sujeito ativo: Ricardo Andreucci afirma que

na figura do caput, poderá ser agente do crime qualquer pessoa que ostente a qualidade de credor
da instituição financeira. Já na hipótese do parágrafo único, trata-se de crime próprio, em que a lei
exige a qualidade de ex-administrador do falido122.

Os equiparados, presentes no § 2º do artigo 25 desta Lei não podem ser sujeitos ativos.
Bitencourt explica que

a condição especial de ex-administrador, no entanto, como elementar desta infração penal, comu-
nica-se ao particular que eventualmente concorra, na condição de coautor ou partícipe, para a prá-
tica do crime nos termos da previsão do art.30 do CP. Dessa forma, é necessário que pelo menos
um dos autores reúna a condição especial exigida pelo tipo penal, podendo os demais não possuir
tal qualidade” 123. O autor também complementa, dizendo que “é indispensável, contudo, que o
particular (extraneus) tenha consciência da qualidade ou da condição especial do controlador ou
administrador de instituição financeira, sob pena de não responder por esse crime, que é próprio.
Desconhecendo (…) configura-se o conhecido erro de tipo que afasta a ilicitude da conduta. Res-
ponderá, no entanto, por outro crime, consoante o permissivo contido no artigo 29, § 1º, do CP, que
a briga a chamada cooperação dolosamente distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por
crime menos grave.124.

Sujeito passivo: segundo Andreucci, “o Estado (Sistema Financeiro Nacional). Secunda-


riamente, o terceiro eventualmente prejudicado”125. Para Bitencourt, no entanto,

pode ser a própria instituição financeira, seus acionistas, investidores e correntistas. (…) qualquer
credor legítimo que tem direito de participar do rateio de ativos, inclusive o Estado, sempre credor
de impostos. Secundariamente, também o Estado enquanto responsável pela estabilidade, confia-
bilidade e idoneidade do sistema financeiro nacional126.

121
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
122
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ª Edição. São Paulo. Ed. Saraiva, 2009,
123
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
124
Ibidem.
125
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
126
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Concurso de crimes: Nucci afirma, em sua obra, que o concurso de crimes

pode ocorrer, caso a pessoa que apresente a declaração de crédito falsa seja a mesma que provi-
denciou a falsificação de um título para acompanhar a referida documentação. Entretanto, o crime
de uso de documento falso (art.304, CP), sendo genérico, cede espaço à aplicação deste (art.14, Lei
n. 7.492/1986) por ser especial127.

Tipo objetivo: Para Andreucci, a conduta objetiva “vem representada pelos verbos ‘apre-
sentar’ e ‘juntar’, no caput, e ‘reconhecer’ no parágrafo único” 128.
Bitencourt ressalta que

há um pressuposto fático-jurídico das condutas criminosas tipificadas neste dispositivo, quais


sejam, a preexistência de sentença declaratória de falência ou a decretação de liquidação extraju-
dicial pelo Banco Central, que é uma condição objetiva de punibilidade.129

Elemento subjetivo: dolo. No caput é necessária, ainda, a presença da consciência, pelo


agente, da falsidade da declaração de crédito ou da reclamação, assim como da falsidade do
título juntado. Já no parágrafo único, além do dolo, é necessária, também, que o agente tenha
ciência da falsidade do crédito que reconhece. Não há modalidade culposa.
Objeto material: é a declaração de crédito ou reclamação falsa.
Consumação: é crime formal. Conforme Andreucci,

ocorre com a apresentação ou juntada do documento falso ou simulado, na modalidade do caput,


e com o reconhecimento, no parágrafo único como verdadeiro, de crédito que não o seja” 130. Biten-
court leciona que, “na modalidade apresentar e juntar, constantes do caput, e reconhecer, constan-
te do parágrafo único, são crimes formais que se consumam com a simples prática das atividades
descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer outro resultado131.

Tentativa: nas modalidades “apresentar” e “juntar” é de difícil ocorrência, sendo que al-
guns autores consideram que teoricamente, se estas ações forem interrompidas antes do

127
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
128
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
129
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
130
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
131
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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resultado, ocorre a forma tentada. Bitencourt, no entanto, alerta que, “a ação de reconhecer,
crime de ato único, não admite fracionamento, sendo inadmissível a figura tentada”132.

Análise do Artigo 15

Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico, (Vetado) a respeito de


assunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

O artigo 189, IV, da Antiga Lei de Falências, Decreto-Lei n. 7.661/1945133, punia conduta
semelhante. A Nova Lei de Falências, Lei n. 11.101/2005, em seu artigo 171, faz o mesmo.
Como este artigo 171 coexiste com o artigo 15, em estudo, quando se tratar de instituição
financeira, aplica-se a Lei n.7.492/1986, em análise, pelo princípio da especialidade, e o artigo
171 da Lei n. 11.101/2005134 será aplicável nos demais casos:

Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo de falência, de
recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro o juiz, o Ministério
Público, os credores, a assembleia-geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Bem jurídico tutelado: Bitencourt leciona que é

a regularidade e a boa marcha dos processos de liquidação, intervenção e falência das institui-
ções financeiras ou entidades equiparadas (…) além das instituições financeiras, têm o objetivo de
salvaguardar os interesses dos credores e investidores.(…) Secundariamente, à evidência, protege,
igualmente, o sistema financeiro nacional contra os maus administradores e, nessa hipótese, con-
tra interventor, liquidante e síndico que, porventura, afastem-se de seus compromissos éticos, que
as respectivas funções lhes exigem135.

132
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
133
BRASIL. Decreto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945. Lei de Falências. Op. Cit. Acesso em: 03 de agosto de 2015.
“Art. 189. Será punido com reclusão de um a três anos:
(…)
IV – o síndico que der informações, pareceres ou extratos dos livres do falido inexatos ou falsos, ou que apresentar exposição
ou relatórios contrários à verdade.”
134
BRASIl. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e
da sociedade empresária. Op.Cit. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.
htm>..
135
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Para Nucci, os bens jurídicos tutelados “são a credibilidade do mercado financeiro e a


proteção ao investidor”136.
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, podendo ser autor somente o interventor, o liqui-
dante ou síndico/administrador judicial. Bitencourt sustenta que se admite “por evidência,
qualquer pessoa que possa ser alcançada pelo disposto no art. 29 do CP”137.
Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, as pessoas lesadas pela informação fal-
sa. Bitencourt, no entanto, alega ser

a própria instituição financeira, seus acionistas, investidores e correntistas. (…) Secundariamente,


também o Estado enquanto responsável pela estabilidade, confiabilidade e idoneidade do sistema
financeiro nacional138.

Tipo Objetivo: a conduta incriminada é “manifestar-se falsamente”. Bitencourt afirma que,


assim como ocorre no artigo 14 já estudado, aqui também

é indispensável a satisfação de uma condição objetiva de punibilidade, ou seja, um pressuposto


fático-jurídico da conduta criminosa tipificada neste dispositivo, a preexistência de sentença de-
claratória de falência ou a decretação de liquidação extrajudicial pelo Banco Central139.

Do contrário, será crime impossível.


Tipo penal aberto: para Bitencourt estamos diante de um tipo penal demasiadamente
aberto, “podendo levar à impressão de que qualquer manifestação falsa dos sujeitos ativos
referidos, relativamente à intervenção, liquidação ou falência de instituição financeira, possa
tipificar esse crime”140. Nucci afirma que “exige-se, por óbvio, que a divulgação de informe
não autêntico tenha potencialidade lesiva, não podendo cingir-se a assuntos supérfluos e
inofensivos”141.
Ainda, é importante destacar que a ontologia do artigo indica que a única forma de falsi-
dade neste ato é a ideológica, ou seja, a do conteúdo, a ideal.

136
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
137
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
138
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
139
Ibidem.
140
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
141
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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Elemento subjetivo: é o dolo. Não se pune a forma culposa. Bitencourt, no entanto, res-
salta que “é indispensável, por outro lado, que o agente tenha consciência da falsidade da
manifestação e de que é relativa à instituição financeira”142.
Objeto material: assunto pertinente à intervenção, falência ou liquidação extrajudicial de
instituição financeira.
Consumação: é crime formal “manifestar-se falsamente”, consumando-se com a prática
da atividade descrita no tipo, seja oral ou por escrito, não precisando da ocorrência do resul-
tado. Bitencourt destaca que

tratando-se, contudo, de crime de falsum, é indispensável que a falsidade seja suficientemente


idônea para enganar, não configurando, a infração penal, eventual manifestação grosseiramente
falsa, perceptível pelos homos medius143.

Tentativa: manifestar-se falsamente é crime de ato único, não sendo cabível a tentativa.
Bitencourt afirma que há exceção, quando ocorre “interrupção, por qualquer meio de manifes-
tação, estará configurada a tentativa”144.

Análise do Artigo 16

Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração
(Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa

A Lei n. 4.595/1964, em seu artigo 44, § 7º145, definia crime semelhante ao do artigo 16 em
análise, porém mais abrangente. Vejamos:

Art. 44. As infrações aos dispositivos desta lei sujeitam as instituições financeiras, seus diretores,
membros de conselhos administrativos, fiscais e semelhantes, e gerentes, às seguintes penalida-
des, sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação vigente:
I – Advertência.
II – Multa pecuniária variável.
III – Suspensão do exercício de cargos.

142
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.
143
Ibidem.
144
Ibidem.
145
Brasil. Lei 4.595. Op.Cit. Acesso em: 17 agosto 2015.

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IV – Inabilitação temporária ou permanente para o exercício de cargos de direção na administração


ou gerência em instituições financeiras.
V – Cassação da autorização de funcionamento das instituições financeiras públicas, exceto as
federais, ou privadas.
VI – Detenção, nos termos do § 7º, deste artigo.
VII – Reclusão, nos termos dos artigos 34 e 38, desta lei.
(…)
§ 7º Quaisquer pessoas físicas ou jurídicas que atuem como instituição financeira, sem estar de-
vidamente autorizadas pelo Banco Central da República do Brasil, ficam sujeitas à multa referida
neste artigo e detenção de 1 a 2 anos, ficando a esta sujeitos, quando pessoa jurídica, seus direto-
res e administradores.

Este dispositivo foi revogado pela Lei em estudo. Manoel Pedro Pimentel afirmava:

Transparece claramente o objetivo, entre outros, de combater a agiotagem, cerceando-se o mer-


cado paralelo de dinheiro, por meio da obrigatória fiscalização de todas as operações financeiras.
A autorização concedida pelo Banco Central implica essa oficialização e possibilita a fiscalização,
primeiro passo para o sucesso de uma política orientada no sentido de coibir as transações abusi-
vas, para o fim de regularizar a situação do mercado de capitais146.

Como leciona Nucci, “em face do disposto no art. 16 desta Lei, não mais se aplica o crime
previsto no art. 44, § 7º, da Lei n. 4.595/1964”. Porém, a edição da Lei n. 10.303/2001 não
influiu na vigência do art. 16, ora em comento.
Revogação parcial deste artigo 16, em análise, pelo artigo 27-E da Lei n.10.303/2001:
Bitencourt trata deste tema em sua obra. Aduz que “a Lei n.10.303/2001, por sua vez, criou
proibição semelhante, destinada ao sistema imobiliário (mercado de capitais), acrescentando
o art.25-E na Lei 6.385/76”147.
É um tipo penal semelhante ao previsto no artigo 16 em estudo, com

um diferencial, isto é, a Lei posterior apresenta um elemento especializante em relação ao art.16


da Lei n.7.492/1986. Esse elemento especial é exatamente o âmbito de atuação do sujeito ativo,
qual seja, o mercado de valores mobiliários, para a previsão da Lei n. 10.303/2001, enquanto esse
âmbito de atuação, na hipótese do art.16 da Lei n. 7.492/1986 são o mercado financeiro, o mercado
cambial e o mercado de valores mobiliários. Em outros termos, a lei posterior restringe o âmbito
de atuação – somente ao mercado de valores mobiliários –, mas amplia as condutas proibidas, na

146
Manoel Pedro Pimentel, Crimes contra o sistema financeiro nacional, p.120, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA,
Juliano.Op. Cit.
147
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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medida em que incrimina também o exercício de qualquer das atividades vinculadas ao mercado
de valores mobiliários, algo inocorrente no art.16 da lei anterior148.

Bem jurídico tutelado: conforme Bitencourt,

é a inviolabilidade e a credibilidade do sistema financeiro, zelando pela regularidade e a correção


do funcionamento e da operacionalização das instituições financeiras. (…) Tutela-se, igualmente,
o patrimônio e os interesses econômico-financeiros dos investidores e das próprias instituições
financeiras, bem como dos acionistas das referidas instituições. Protege-se, enfim, o interesse
estatal na fiscalização do mercado financeiro em geral, visando assegurar a sua estabilidade e
credibilidade, indispensáveis para o seu regular funcionamento149.

Sujeito ativo: para Nucci,

o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Se a instituição funciona sem autorização, portanto, sem
o reconhecimento oficial do Banco Central do Brasil, qualquer um pode dirigi-la, tomando medidas
para que opere no mercado financeiro. Logo, não se exige qualidade especial do agente. Mesmo no
caso de concessão de autorização, mas mediante o oferecimento de declaração falsa, o dirigente
da instituição pode ser qualquer pessoa, não se tratando, pois, de um autêntico dirigente. É um
simulacro de instituição, conduzida por um arremedo de administrador150.

Bitencourt destaca que

é absolutamente equivocada a orientação que admite a incursão neste art.16 de pessoa física que,
como cidadão, adquire dólar no mercado informal (mercado paralelo), para realização de poupan-
ça, por acreditar na maior sustentabilidade dessa moeda151.

Sujeito passivo: é, primariamente, o Estado e, secundariamente, a pessoa lesada pelas


operações realizadas.
Elemento subjetivo: é o dolo, sem necessidade de elemento subjetivo específico. Não pune
a forma culposa. Bitencourt complementa, afirmando que, na modalidade

fazer operar instituição financeira sem a devida autorização, embora não esteja expressa, há a
exigência implícita do elemento subjetivo especial do injusto, especificador do dolo, qual seja, o
especial fim de operar a instituição financeira, sem a devida autorização ou com autorização obtida

148
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
149
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
150
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
151
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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mediante declaração falsa. Não ocorrendo essa finalidade especial, o tipo penal não se aperfeiçoa,
não havendo, por conseguinte, justa causa para a ação penal152.

Tipo objetivo: para Nucci,

fazer operar significa entrar em funcionamento. O objeto da conduta é a instituição financeira. Sa-
be-se que é indispensável autorização do Banco Central para que qualquer instituição financeira
possa operar (art. 10, X, Lei n. 4.595/1964), de modo que o tipo penal visa coibir a atividade não
autorizada ou cuja permissão adveio do fornecimento à autoridade competente de documentação
não autêntica para a finalidade153.

Norma penal em branco: Nucci alega que

a inserção da expressão sem a devida autorização (elemento normativo do tipo) implica na neces-
sidade de consulta à legislação própria para saber qual é a autorização indispensável, qual o órgão
emissor e quais os requisitos para tanto. O mesmo se diga quanto à expressão com autorização
obtido mediante declaração falsa154.

Bitencourt destaca que

a fraude requerida na norma incriminadora sub examine limita-se às duas formas expressas no
respectivo dispositivo: sem a devida autorização ou com autorização obtida mediante declaração
falsa. Essa declaração, inexistente ou obtida mediante declaração falsa, deve dizer respeito tanto
ao aspecto formal quanto material da instituição, ou seja, deve referir-se à autorização de funcio-
namento concedida pelo Banco Central155.

Objeto material: instituição financeira.


Objeto jurídico: para Nucci, “são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção ao
investidor”156.
Consumação: é crime instantâneo, ou seja, a consumação ocorre em momento definido.
Nucci afirma que “eventualmente, o crime pode adquirir um caráter permanente, desde que a
instituição mantenha-se em funcionamento irregular”157. Já Bitencourt diz que

152
Ibidem.
153
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
154
Ibidem..
155
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
156
Ibidem.
157
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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consuma-se o crime de fazer operar instituição financeira quando o agente pratica reiteradamente
atividades próprias dessa instituição sem a devida autorização ou com autorização obtida me-
diante declaração falsa. Pode consumar-se com a prática efetiva de atividades exclusivas de ins-
tituição financeira. Consuma-se o crime, enfim, com o efetivo exercício de atividade genuinamente
de instituição financeira158.

Tentativa: admite tentativa. Bitencourt, no entanto, aduz que “a tentativa, considerando-


-se sua natureza impropriamente habitual, é, no mínimo, de difícil configuração, embora ca-
suisticamente possa, eventualmente, vir a configurar-se dependendo das circunstâncias”159.

Análise do Artigo 17

Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25,
ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei n. 4.595, de 31 de
dezembro de 1964: (Redação dada pela Lei n. 13.506, de 2017)
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I – em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder
ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas
condições referidas neste artigo;
II – de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira

Conflito aparente de normas: O artigo 34 da Lei n. 4.595/1964 previa conduta semelhante


e foi revogado por este artigo 17 da Lei n. 7.492/1986, considerando que agora a matéria foi
inteiramente disciplinada. Como aduz Bitencourt, “permanece em vigor, contudo, a matéria
administrativa, que não foi alcançada pelo diploma posterior”160. Ainda, ressalta que o crime
do artigo 17, em estudo,

apresenta alguma semelhança com o chamado de apropriação indébita, embora seja específico
em relação a diretor ou gerente (crime próprio), que apenas usa ou toma por empréstimo bens da
sociedade a que serve. A grande diferença da apropriação indébita reside, exatamente na falta do
animus apropriandi, pois o abuso do patrimônio alheio limita-se a seu uso indevido161.

Nucci ensina que


158
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

159 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.


160
Ibidem.
161
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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em função do critério da sucessividade, lei mais recente afasta a aplicação de lei anterior. Por isso,
o art.17 desta Lei deve prevalecer sobre o delito previsto no art.34, § 1º, da Lei n. 4.595/1964. Por
outro lado, em razão do critério da especialidade, prevalece o disposto no art.17, quando se cuidar
de instituição financeira e nas específicas condutas descritas neste tipo, em detrimento do art.177,
§ 1º, III, do Código Penal162.

Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, protegendo tanto o sistema financeiro nacio-
nal quanto o patrimônio da instituição financeira, sócios, acionistas e investidores. Bitencourt
destaca que

relativamente, às empresas de consórcio o patrimônio que se protege é aquele pertencente aos


consorciados, de sorte que eventual empréstimo ou adiantamento à empresa coligada, retirado do
patrimônio da própria sociedade de consórcio, não tipifica a conduta descrita no caput do disposi-
tivo objeto de análise163.

Arnaldo Malheiros Filho, referindo-se ao art. 17, aduz que

o empréstimo a diretor é em princípio negócio de risco, mas não há sentido em proibir uma ins-
tituição de grande porte de oferecer a um diretor empregado um financiamento para aquisição
de casa própria ou de automóvel que, além da boa garantia, é de montante insignificante frente à
financiadora164.

Tipo objetivo: o tipo penal incrimina as condutas de “tomar”, “receber” e “deferir”, no caput;
“conceder” e “receber” no inciso I do parágrafo único; e “promover” ou “receber” no inciso II,
também do parágrafo único. Bitencourt ressalta que

a criminalização da concessão ou do deferimento de empréstimo ou antecipação a parentes do


controlador ou administrador visa combater, direta ou indiretamente, uma espécie de “nepotismo”
privado165.

É importante destacar a lição de Bitencourt sobre a atipicidade do uso de coisas de insti-


tuição financeira. O autor destaca que

162
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
163
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
164
MALHEIROS FILHO, Arnaldo. Crimes contra o sistema financeiro na virada do milênio. Boletim IBCCRIM, São
Paulo, n. 83 (esp.), out. 1999,
165
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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este dispositivo legal (art.17) não criminaliza o uso de bens (móveis ou imóveis) ou haveres sociais
(haveres em geral, como títulos, dinheiro etc.), ao contrário do que faz o Código Penal relativamente
às sociedades por ações (art.177, § 1º, III), e, ainda assim, somente se não houver a ‘prévia autori-
zação da Assembleia Geral’166.

Tipo subjetivo: é o dolo, não se punindo a forma culposa. Bitencourt alerta que

o dolo deve abranger todos os elementos configuradores da descrição típica, sejam eles fáticos,
jurídicos ou culturais. (….) Eventual desconhecimento de um ou outro elemento constitutivo do tipo,
objetivo, normativo ou subjetivo, pode constituir erro de tipo, excludente de dolo167.

Sujeitos ativo e passivo: crime próprio. Nucci afirma que, nas condutas de tomar ou rece-
ber,

o sujeito ativo somente pode ser o controlador, os administradores da instituição financeira (di-
retores e gerentes) ou, por equiparação, o interventor, o liquidante ou o administrador judicial da
falência. O sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, a pessoa lesada pela conduta do agente,
como, por exemplo, o investidor168.

No caso do inciso I do parágrafo único,

o sujeito ativo é o controlador ou o administrador. Exclui-se o interventor, o liquidante e o adminis-


trador judicial (…). O Sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, a pessoa lesada pelo adianta-
mento realizado169.

Após a alteração do caput, a opinião de Arnaldo Malheiros Filho passou a fazer todo senti-
do. Afirmava este autor, antes mesmo da menção expressa na lei, que o artigo fazia remissão
às figuras elencadas no art. 25:

o controlador, os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores e ge-


rentes. Portanto, o rol é exaustivo, por tratar-se de Lei penal material. Ainda, elenca-se o rol de
possíveis autores, já que o delito é próprio170.

Bitencourt aduz que

166
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
167
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
168
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
169
Ibidem.
170
MALHEIROS FILHO, Arnaldo. Op. Cit.

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na hipótese do inciso I do parágrafo único, somente controlador ou administrador, isto é, sujeitos


que efetivamente exerçam essas funções ou ostentem essa condição, podem praticar as ações
de conceder ou receber adiantamento de honorário, remuneração, salário ou qualquer outro paga-
mento nas condições referidas no artigo. Na previsão desse inciso, não se aplica a genérica equi-
paração constante no § 1º, do art.25. (…) Na hipótese das condutas descritas no inciso II do mesmo
parágrafo, no entanto, podem ser os mesmos sujeitos passivos habilitados a realizar as condutas
descritas no caput, não havendo exigência de qualquer outra qualidade ou condição especial171.

Consumação: ocorre com a efetiva tomada do empréstimo, recebimento do adiantamento,


ou com o ato de deferir qualquer uma destas condutas. Bitencourt detalha bem o tipo penal,
sendo interessante colacionar aqui seus ensinamentos. Aduz que

nas duas primeiras modalidades constantes do caput, o crime consuma-se quando o agente, efe-
tivamente, toma o empréstimo ou recebe o adiantamento, isto é, quando realmente passa a ter dis-
ponibilidade dos valores correspondentes às referidas operações. Na hipótese, contudo, de deferir,
o crime consuma-se com a simples prática da ação, independentemente de qualquer resultado172.

Isso por tratar-se de crime de mera conduta. O autor fala ainda que

nas duas figuras constantes do inciso I do parágrafo único – conceder e receber – têm formas de
consumação distintas entre si, mas iguais a duas figuras do caput. Na ação de receber, igualmente,
o crime consuma-se quando o agente efetivamente recebe o adiantamento de honorários, remu-
neração, salário ou qualquer outro pagamento. Na ação de conceder, como crime de mera conduta,
a exemplo de deferir, consuma-se com a simples atividade, independentemente de qualquer resul-
tado. (…) Por fim, nas duas figuras constantes do inciso II do mesmo parágrafo, a consumação é
igualmente distinta: na modalidade de ‘promover a distribuição’ de lucros de instituição financeira,
como crime formal, consuma-se com a simples prática da atividade, independentemente de re-
sultarem disponíveis pelo beneficiário. Resultando disponível, se houver, representará somente o
exaurimento do crime. Na modalidade de receber lucros, a exemplo do que ocorre no caput, somen-
te se consuma com o efetivo recebimento de tais lucros, ou seja, gozando de sua disponibilidade
em sua conta ou em suas mãos173.

Tentativa: Bitencourt afirma que “com exceção das modalidades de ‘deferir’ empréstimo
ou adiantamento e ‘promover distribuição’ de lucros, que são crimes de mera conduta, todas
as demais admitem a figura do crime tentado”174.

171
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
172
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
173
Ibidem.
174
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Análise do Artigo 18

Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do
sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Sobre os precedentes acerca da inviolabilidade de sigilo no nosso ordenamento criminal,


Bitencourt ressalta que

após tutelar a liberdade sob o aspecto da inviolabilidade da correspondência, o Código Penal de


1940 continua protegendo a liberdade, agora sob o aspecto dos segredos e das confidências. A
proteção da liberdade não seria completa se não fosse assegurado ao indivíduo o direito de manter
em sigilo determinados atos, fatos ou aspectos de sua vida particular e profissional, cuja divul-
gação possa produzir dano pessoal ou a terceiros. Este direito integra o direito de privacidade, a
que nos referimos ao abordar o crime de violação de correspondência (art.151), isto é, o direito de
liberdade de todos, em sentido amplo175.

Artigo revogado: em sua obra, Nucci leciona que

em nosso entendimento, este artigo não tem mais aplicação, pois foi revogado, tacitamente, pelo
art. 10 da Lei Complementar n. 105/2001. Embora a pena seja idêntica, aplica-se à violação de si-
gilo nas operações e serviços prestados por instituição financeira, bem como para a integrante do
sistema de distribuição de títulos mobiliários (considerada instituição financeira pelo art. 1º, II, da
Lei Complementar n. 105/2001) o tipo penal do art. 10 supra mencionado. No mesmo prisma, foi
revogado o art. 38 da Lei n. 4.595/1964, que cuidava do mesmo tema (este, por expressa disposi-
ção do art. 13 da Lei Complementar n. 105/2001).

Bem jurídico tutelado: Bitencourt leciona que

é a preservação do sigilo de operação ou serviço prestado por instituição financeira, cuja divulga-
ção pode causar dano à instituição ou aos investidores e correntistas, diretamente, e indiretamente
ao sistema financeiro nacional. (…) é, igualmente, a funcionalidade, a credibilidade e a eficiência
do sistema financeiro, sua probidade institucional. (…) Protege, ainda, o patrimônio tanto da insti-
tuição financeira como dos investidores e correntistas que confiam suas economias à instituição
financeira, podendo, com a violação do sigilo, sofrer graves prejuízos176.

Sujeito ativo: é crime próprio. Como afirma Bitencourt,

175
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
176
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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somente pode ser quem tem ciência de operação ou serviço sigiloso prestado por instituição fi-
nanceira em razão de ofício. Trata-se de uma modalidade muito peculiar de crime próprio, uma vez
que a condição especial não se encontra no sujeito ativo propriamente – atividade, profissão ou
ofício –, mas na natureza da atividade, ou melhor, ofício, em razão do qual tem conhecimento do
sigilo financeiro, ressalvada, evidentemente, a possibilidade do concurso eventual de pessoas177.

Sujeito passivo: para Bitencourt,

é, prioritariamente, a instituição financeira e o titular do segredo tutelado, isto é, a pessoa cuja re-
velação do fato deveria ser mantida em segredo (…); secundariamente, a nosso juízo, é o sistema
financeiro nacional que se vê abalado em sua crebibilidade178.

Bitencourt destaca, ao realizar a análise desse tipo penal, que

sujeito passivo não se confunde com prejudicado; embora, de regra, coincidam, na mesma pessoa,
as condições de sujeito passivo e prejudicado, podem recair, no entanto, em sujeitos distintos. (…)
Na verdade, o sujeito passivo, além do direito de representar contra o sujeito ativo, pode habilitar-
-se como assistente do Ministério Público no processo criminal (art.268 do CP) e ainda tem o di-
reito à reparação ex delicto, ao passo que ao prejudicado resta somente a possibilidade de buscar
a reparação do dano na esfera cível179.

Tipo objetivo: formado pelo verbo “violar”.


Tipo subjetivo: é o dolo. Bitencourt destaca que é necessário ter

consciência de que se trata de fato protegido por sigilo financeiro ou bancário e que o dever fun-
cional lhe impede que o divulgue, ou seja, com conhecimento de todos os elementos constitutivos
da descrição típica180.

Não se pune a forma culposa nem se exige a presença de elemento subjetivo especial.
Consumação: para Bitencourt,

consuma-se o crime de violação de sigilo financeiro com a revelação do segredo de operação


ou serviço prestado por instituição financeira, independentemente da produção efetiva de dano;
consuma-se no momento em que o sujeito ativo revela a alguém o conteúdo, a abrangência ou
qualquer outro aspecto relevante de operação ou serviço prestado sigiloso que teve ciência no tipo
penal, isto é, em razão do seu ofício, e que deve ser mantido em segredo; consuma-se, enfim, com
o simples ato de violar o sigilo, independentemente da ocorrência efetiva de dano, pois é suficiente
177
Ibidem
178
Ibidem.
179
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
180
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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que a revelação tenha potencialidade para produzir a lesão, que, se ocorrer, constituirá o exauri-
mento do crime181.

Isso devido a sua característica de crime de perigo concreto.


Tentativa: É crime formal. Bitencourt afirma que

é de difícil configuração, mas teoricamente possível, especialmente por meio de meio escrito, pois
não se trata de crime de ato único, e o fato de prever a potencialidade de dano decorrente da con-
duta de violar, por si só, não a torna impossível. O dano potencial pode ser de qualquer natureza:
patrimonial, moral, público ou privado182.

Análise do Artigo 19

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de
instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo. Para Bitencourt,

tutela-se imediatamente o patrimônio da própria instituição, de seus sócios ou acionistas, investi-


dores, correntistas e aplicadores que confiam na instituição. Tutela-se, igualmente, a inviolabilida-
de e a credibilidade do sistema financeiro, zelando pela regularidade das transações e operações
realizadas por essas instituições (…). Tutela-se, enfim, tanto o interesse social, representado pela
confiança recíproca que deve presidir os relacionamentos patrimoniais individuais e comerciais
no sistema financeiro nacional, quanto o interesse público de reprimir a fraude causadora de dano
tanto às instituições financeiras como ao sistema como um todo183.

Sujeito ativo: é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Admite o concurso
de pessoas do artigo 29 do CP.
Sujeito passivo: nos dizeres do Professor Ricardo Antônio Andreucci, é

o Estado (Sistema Financeiro Nacional). Secundariamente, a pessoa física ou jurídica lesada” 184.
Para Bitencourt, o sujeito passivo, “imediato, é necessariamente a instituição financeira lesada em
decorrência da celebração de contrato de financiamento fraudulento, bem como os acionistas, os
sócios e os investidores da respectiva instituição. Secundariamente, igualmente, também é sujeito

181
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
182
Ibidem.
183
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
184
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ª Edição. São Paulo: ed. Saraiva, 2009.

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passivo o Estado, que é o responsável pela regularidade e o bom funcionamento do sistema finan-
ceiro nacional185.

Tipo objetivo: para Andreucci,

vem representada pelo verbo “obter” (conseguir, lograr). O financiamento em instituição financeira
deve ser obtido mediante fraude, isto é, por meio de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudu-
lento”186. Bitencourt sustenta que, “é indispensável que o meio fraudulento seja suficientemente
idôneo para enganar a vítima, isto é, para induzi-la a erro. A inidoneidade do meio, no entanto, pode
ser relativa ou absoluta: sendo relativamente inidôneo o meio fraudulento para enganar a vítima,
poderá configurar-se tentativa da figura típica; contudo, se a inidoneidade for absoluta, tratar-se-á
de crime impossível, por absoluta ineficácia do meio empregado (art.17 do CP)187.

Elemento subjetivo: o dolo. Não exige elemento subjetivo específico e não pune a forma
culposa. Bitencourt ressalta que “não se configura o crime sem a vontade consciente mente
dirigida à astucia mala que provoca ou mantém o erro de quem concede o financiamento da
instituição financeira”188. Não exige elemento subjetivo especial e não pune a forma culposa.
Consumação: Andreucci afirma que se consuma

com a efetiva obtenção do financiamento. Sebastião Oliveira Lima e Carlos Augusto Tosta de Lima
(Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, São Paulo: Atlas, 2003, p. 106) entendem que a
consumação ocorre ‘no momento em que o mutuário saca do estabelecimento financeiro o valor
do financiamento’189.

Ou seja, é crime instantâneo. Bitencourt complementa que se trata “na verdade, de crime
instantâneo com efeitos permanentes”190.
Tentativa: podendo ser fracionado o iter criminis, admite-se a tentativa.
Causa de aumento de pena: este delito possui uma causa de aumento de pena no seu
parágrafo único. Nucci leciona que

a obtenção de financiamento, mediante fraude, em instituição financeira estatal ou sob a respon-


sabilidade do Estado, torna a conduta mais grave, pois maior o risco de lesão à credibilidade do

185
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
186
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op.Cit .
187
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
188
Ibidem.
189
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op.Cit .
190
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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mercado financeiro. Afinal, é sabido que as instituições oficiais geram, naturalmente, maior con-
fiança aos investidores191.

Análise do Artigo 20

Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de
financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para re-
passá-lo:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Sujeito ativo: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Admite o
concurso de pessoas do artigo 29 do CP.
Sujeito passivo: Andreucci diz que é

o Estado (Sistema Financeiro Nacional). Secundariamente, a pessoa física ou jurídica lesada com
a aplicação irregular do financiamento obtido” 192. Já Bitencourt diz que, o “imediato, é necessaria-
mente a instituição financeira lesada em decorrência da celebração de contrato de financiamento
desviado de sua finalidade, bem como o Estado que teve os recursos destinados ao fomento de
determinados setores da sociedade desviados de suas finalidades. Secundariamente, da mesma
forma, também é o Estado sujeito passivo, na condição de responsável pela regularidade e o bom
funcionamento do sistema financeiro nacional193.

Objeto material: Andreucci afirma que são os “recursos provenientes de financiamento


concedido por instituição financeira oficial (financiamento público direto) ou por instituição
credenciada para repassá-lo (financiamento público indireto)”194.
Objeto jurídico: segundo Nucci, “são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção
do investidor”195.
Bem jurídico tutelado: o patrimônio das instituições financeiras e do sistema financeiro
nacional. Na concepção de Bitencourt, no entanto,

bens jurídicos tutelados, como crime pluriofensivo, são o patrimônio ou os recursos financeiros
pertencentes ao erário público (receita), eventualmente destinados a fomentar segmentos indus-
triais, sociais, agropastoril etc., tais como agricultura, modernização do parque nacional industrial;

191
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
192
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
193
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
194
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
195
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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e incentivar determinado setor, como o explorador do biodiesel, entre outros, via instituição oficial
ou instituição credenciada para repassá-lo. (…) Tutela-se, secundariamente, a inviolabilidade e a
credibilidade do sistema financeiro, zelando pela regularidade das transações e operações realiza-
das por essas instituições196.

Tipo objetivo: a conduta nuclear é “aplicar”, ou seja, conforme explica Bitencourt,

investir, empregar, injetar recursos em operação ou projeto, diverso do previsto em lei ou contrato,
objetivando obter rendimentos financeiros. (….) a lei coíbe o desvio de recursos, para outras fina-
lidades, concedidos para a realização de atividades ou projetos determinados, específicos, tais
como agricultura, incorporações imobiliárias, capital de giro de determinadas empresas, aquisição
de maquinário industrial ou agrícola etc.c

O autor complementa dizendo que

a característica fundamental deste tipo penal é a fraude, mas, contrariamente ao que ocorre na fi-
gura do estelionato, não é utilizada para obter o financiamento, mas usada para aplicar os recursos
provenientes dele, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato. A fraude, pode-se afirmar,
ocorrer a posteriori, ou seja, não na causa, mas no fim197.

Elementar normativa: a elementar normativa deste tipo penal é a “finalidade diversa da


prevista em lei ou contrato” que, conforme Bitencourt,

significa somente aplicação que contrariar expressa previsão legal ou contratual, ou seja, estando
ausente esses dois instrumentos jurídicos – lei e contrato –, não se configura o crime, ainda que
haja outra forma de acordo ou determinação regulamentar. O princípio da reserva legal impede que
se amplie a interpretação para abranger condutas não descritas expressamente no texto legal.
(…) É indispensável, no entanto, que a denúncia do Ministério Público descreva em que finalidade
diversa os recursos foram aplicados, demonstrando, inclusive, a concreta aplicação dos referidos
recursos, que não podem resumir-se a meras ilações ou simples presunções, sem comprovação
efetiva198.

Tipo subjetivo: dolo. Não exige elemento subjetivo especial e não pune a forma culposa.
Bitencourt ressalta que o dolo “deve abranger não apenas a ação, como também a aplicação
dos recursos em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato”199.

196
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
197
Ibidem.
198
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
199
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Consumação: é crime instantâneo. Para Andreucci, ocorre “no momento da efetiva aplica-
ção dos recursos em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato”200. Para Bitencourt, é
“crime instantâneo de efeitos permanentes”201. Explica que

não basta a simples não aplicação na finalidade devida para o crime consumar-se, sendo indis-
pensável a real aplicação em outra finalidade, tratando-se, por conseguinte, de crime material. (…)
é irrelevante a existência de prejuízo para a instituição financeira. Por essa razão, é irrelevante para
a consumação do crime o fato de o agente, posteriormente, honrar as obrigações contratualmente
assumidas na obtenção do financiamento202.

Tentativa: é crime material e Andreucci afirma que “podendo ser fracionado o iter criminis,
admite-se a tentativa”203.
Conceito de lei: Nucci chama a atenção para a expressão “lei” presente no dispositivo
em apreço. Afirma que “tratando-se de tipo penal incriminador, o conceito de lei deve ser
restritivo, significando emanada do Poder Legislativo, não se incluindo decretos, portarias,
provimentos etc.”204
Normal penal em branco: Nucci alega que “para a exata compreensão deste tipo penal, é
preciso consultar a lei, que tutela o emprego de financiamentos públicos, ou o contrato cele-
brado entre a instituição financeira e o particular”205.
Conflito aparente de normas: Há muitas semelhanças entre o artigo em estudo e o tipo
descrito no artigo 315 do CP. Acerca disso, Nucci cita que

o tipo penal do art.315 do Código Penal (‘dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei’) é genérico; logo, pelo critério da especialidade, cuidando-se de financiamento
obtido em instituição financeira, prevalece o crime previsto no art.20 desta Lei206.

Análise do Artigo 21

Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio:
Pena – Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
200
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
201
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
202
Ibidem.
203
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Op. Cit.
204
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit
205
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
206
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia
prestar ou presta informação falsa.

O crime ocorrerá tanto quando o indivíduo utilize identidade falsa, fazendo-se passar por
outrem, quanto quando atribua a terceiro identidade que não é a sua.
Tipo objetivo: no caput a conduta tipificada é “atribuir”, ou seja, imputar, conferir. Nucci
leciona que

o objeto da conduta é a falsa (não autêntica) identidade. (…) Não se inclui no conceito de identidade
o endereço ou o telefone. Assim agindo, torna difícil ou impossível a fiscalização que o Banco Cen-
tral exerce sobre as operações de câmbio, de modo a evitar muitos outros delitos, como a lavagem
de dinheiro, a evasão de divisas e a sonegação fiscal207.

Já no parágrafo único, as condutas são “sonegar” informação que devida prestar e “pres-
tar” informação falsa. Como afirma Nucci,

o parágrafo único não cuida da identidade do agente que realiza a operação de câmbio, mas dos
dados por ele passados à instituição financeira (por exemplo, omitindo que já realizou operação de
câmbio anterior, ultrapassando a cota permitida pelo Banco Central ou fornecendo informe falso a
respeito da viagem ao exterior que pretende realizar)208.

Bitencourt destaca que

a conduta de sonegar informação, que devia prestá-la, constante do parágrafo único sub examen,
não se confunde com o conteúdo do vocábulo ‘sonegando informação’ constante do art. 6º, que
é meio de realizar a ação proibida naquele dispositivo. Aqui representa ação omissiva, lá simples
modo ou forma comissiva de realizar a conduta de induzir ou manter em erro209.

Elemento subjetivo: aqui, além do dolo, exige-se a especial finalidade de agir. Conforme
aduz Bitencourt, exige-se “o elemento subjetivo especial do injusto, consistente no especial
fim de agir qual seja ‘para realização de operação de câmbio’ (…)”210. Não prevê punição para
a forma culposa.

207
Ibidem.
208
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
209
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
210
Ibidem.

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Sujeito ativo: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Bitencourt
ressalta que “admite, naturalmente, a possibilidade do concurso de pessoas nas modalidades
de coautoria e participação em sentido estrito”211.
Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, as pessoas lesadas pela operação de
câmbio realizada.
Elemento objetivo normativo: é a “operação de câmbio”, que consiste, em última análise,
na operação de compra e venda de moeda estrangeira, ou seja, troca de uma moeda por outra.
Objeto material: é a operação de crédito.
Bem jurídico protegido: Nucci leciona que

os objetos jurídicos são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção ao investidor. Se as


operações de câmbio não forem corretamente fiscalizadas, há vários riscos para a saúde financei-
ra das instituições, logo, compromete-se a credibilidade do mercado212.

Bitencourt, em sua obra, afirma que o

bem jurídico protegido é a fé pública, no tocante à identidade pessoal. A fé pública, aqui, ao con-
trário das hipóteses anteriores, relaciona-se à identidade individual, pessoal, própria ou de terceiro
que pretende realizar operação de câmbio213.

Consumação: é delito instantâneo. Bitencourt aduz que “consuma-se o crime com a atri-
buição efetiva da falsa identidade, independentemente de atingir o especial fim de agir, qual
seja, a ‘realização de operação de câmbio’”214.
Tentativa: Bitencourt frisa que a tentativa pode ocorrer, embora considere de difícil ocor-
rência,

em razão de tratar-se de crime formal, além da dificuldade de se distinguirem os atos preparató-


rios e os de execução. Na modalidade omissiva, por razões dogmáticas, não é admissível a figura
do crime tentado. A possibilidade mais comum e tentativa ocorre quando se utiliza a modalidade
escrita215.

211
Ibidem.
212
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
213
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
214
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
215
Ibidem.

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Conflito aparente de normas: o artigo 21, em comento, é muito semelhante ao artigo 307
do CP216. Nucci nos ensina que, “no art. 21 desta Lei, a meta é a realização de operação de
câmbio. No art. 307 é a obtenção de qualquer vantagem para si ou para outrem ou a geração
de dano a terceiro.”217. A solução para este conflito é a aplicação subsidiária deste, ou seja,
quando a intenção do agente com a falsa identidade é obter outra vantagem que não a reali-
zação de câmbio ou a geração de outrem.
Delito equiparado: o parágrafo único do art. 21 incrimina, por equiparação, a conduta da-
quele que, com o mesmo especial fim de agir, sonega informação que devia prestar ou a pres-
ta de maneira falsa. Bitencourt ressalta que

a previsão deste parágrafo está diretamente vinculada com a previsão do caput, ou seja, a informa-
ção sonegada ou prestada falsamente refere-se à identidade falsa para realização de câmbio, ou
não tem razão de ser pela abertura em que seu enunciado propiciaria218.

Atipicidade do ingresso irregular de divisas equivocadas: em sua obra, Bitencourt susten-


ta que

a entrada irregular de divisas no Brasil não se amolda à descrição típica constante do art.21 e seu
parágrafo único (…). Com efeito, o conteúdo do parágrafo único constitui um tipo penal absur-
damente aberto, abrangente, genérico, impossível de ser delimitado se pretender-se interpretá-lo
desvinculado do conteúdo do caput. Convém destaca que não estamos diante de uma norma penal
em branco, isto é, carente de complemento, no particular, mas somente de um tipo penal aberto,
que deve ser interpretado nos limites de seu conteúdo vinculado ao conteúdo do caput. A lei deve
ser compreendida, tanto quanto possível, com o conteúdo gramatical, segundo os termos que em-
prega. Não é permitido à Administração Pública ampliar o tipo penal, com textos interpretativos
que – a rigor – nada mais fazem do que deturpar o conteúdo do texto legal. Admiti-lo significaria
violentar o princípio da reserva legal219.

Tipo misto alternativo: Nucci leciona que

216
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
“ Art. 307 – Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
causar dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.”
217
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
218
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
219
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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a composição do tipo penal demonstra haver alternatividade nas condutas, vale dizer, o agente
pode praticar uma só delas (ex.: ‘atribuir-se falsa identidade’) ou mais de uma (ex.: ‘atribuir-se
falsa identidade’ e ‘prestar informação falsa’) desde que voltado à mesma operação de câmbio e
responderá por um único crime. Somente de efetivar mais de uma operação de câmbio ocorrerá
concurso material (ou crime continuado, conforme o caso)220.

Análise do Artigo 22

Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente

Bem jurídico tutelado: Nucci aduz que

os objetos jurídicos são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção ao investidor. A rea-


lização de câmbio ilegal, buscando retirar moeda estrangeira do país, tem a capacidade de lesar
a saúde financeira das instituições, comprometendo a política econômico-financeira do Estado,
prejudicando, pois, em último grau, o próprio investidor221.

Na visão de Bitencourt,

o bem jurídico, direto e imediato, a exemplo da primeira figura (caput), é a tutela do controle do Es-
tado sobre o tráfego internacional de divisas, isto é, a saída de moeda ou divisas, como diz o texto
legal, para o exterior. Esse controle faz-se necessário para permitir ao Estado manter, reorientar ou
intensificar a política cambial brasileira222.

Quanto à segunda figura do parágrafo único, qual seja manutenção de depósitos não de-
clarados, Bitencourt afirma que

o objeto material, à evidência, são os depósitos mantidos no exterior, clandestinamente, em moeda


ou divisa, a qualquer título: fundos de investimento, empréstimos, financiamentos, aplicações em
poupança, ações em bolsa de valores, certificados de depósitos bancários etc.c

220
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
221
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
222
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Sujeito ativo: trata-se de crime comum, podendo qualquer pessoa figurar como sujeito
ativo. Como afirma Bitencourt,

responderão, por conseguinte, por essa infração penal do caput, tanto o doleiro quanto o benefici-
ário que, em conjunto, efetuem operação de câmbio não autorizada com o fim de promover evasão
de divisas do País223.

Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, as pessoas eventualmente lesadas pela


operação ilícita. Para Bitencourt, “somente pode ser o Estado, particularmente a União, que é
a responsável pelo controle, pelo planejamento e pela execução da política econômico-finan-
ceira por meio do SISBACEN”224.
Consumação: é crime instantâneo. Bitencourt diz que a conduta descrita no caput do
art.22

caracteriza crime formal que se consuma independentemente da efetiva saída de divisa, sendo
suficiente que a operação de câmbio tenha esse objetivo. (…) A mera celebração do contrato de
câmbio irregular consuma o crime, desde que tenha a finalidade de enviar as divisas para o exterior,
ainda que lá não os consiga disponibilizar. (…) Resultando, no entanto, dessa operação a efetiva
saída de divisas para o exterior, não o transformará em outra tipificação (a da primeira parte do
parágrafo único, que é crime material), como referem alguns autores, mas representará somente o
exaurimento da figura descrita no caput225.

Ainda, destaca que

a simples conclusão da operação cambial, em desconformidade com as normativas cambiais, com


essa finalidade, consuma o crime de evasão de divisas, independentemente de conseguir disponi-
bilizá-las fora do País226.

Sobre a conduta prevista no parágrafo único, Bitencourt leciona que

consuma-se essa espécie de evasão no momento em que o agente consegue efetivamente a saída
de moeda ou divisa gozando de sua disponibilidade no exterior. Tratando-se, no entanto, de eva-
são em espécie, consuma-se no momento em que o objeto material (moeda ou divisa) transpuser
nossas fronteiras, ingressando em outro país227.
223
Ibidem.
224
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
225
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
226
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
227
Ibidem..

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Tentativa: admite a tentativa. Nucci diz que a conduta do parágrafo único “admite tenta-
tiva, exceto na forma habitual”228. Bitencourt, sobre o caput do artigo em estudo, afirma que

tratando-se de crime formal e plurissubjetivo, efetuar operação de câmbio não autorizada admite,
sem maiores dificuldades, a figura tentada. (…) Em outros termos, sempre que a operação de câm-
bio desautorizada não se complete, por qualquer razão estranha à vontade do agente, o rime será
tentado229.

Sobre o parágrafo único, Bitencourt leciona que cabe tentativa, pois

tratando-se de crime material, cujo curso executório pode ser fracionado. (…) Na hipótese de o
agente levar consigo o objeto de evasão, haverá tentativa quando for preso ainda em território
nacional230.

Elemento subjetivo: é o dolo. Na conduta descrita no caput, exige-se a finalidade especial


de agir, qual seja o fim de promover evasão de divisas. A evasão não pressupõe, necessa-
riamente, a saída física do numerário, consistindo, de fato, no prejuízo às reservas cambiais
brasileiras, independentemente de estar entrando ou saindo o dinheiro do País. Já na conduta
descrita no parágrafo único, nas palavras de Nucci, “não há elemento subjetivo específico
(note-se que a expressão a qualquer título abre inúmeras opções demonstrativas de não ha-
ver um objetivo especial)”231. Bitencourt leciona acerca do parágrafo único do artigo 22 em
estudo, que o dolo também é o elemento subjetivo da sua primeira figura, sendo

indispensável que o agente tenha consciência de está promovendo evasão contra legis, isto é, que
está violando a proibição legal de enviar moeda ou divisa para o exterior, pois ‘sem autorização
legal’ é uma elementar normativa do tipo que também deve ser abrangida pelo dolo. (…) Nessa mo-
dalidade de evasão de divisas, o tipo subjetivo completa-se somente com a configuração do dolo,
não sendo exigido qualquer elemento subjetivo especial do injusto, ao contrário do que ocorre na
figura descrita no caput do dispositivo sub examen232.

A forma culposa não é punida em nenhuma das hipóteses.


Elemento objetivo: efetuar operação de câmbio sem autorização. Nucci frisa que

228
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
229
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
230
Ibidem.
231
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
232
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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o objeto da conduta é a operação de câmbio não autorizada. Diversamente do delito previsto no art.
21, onde se cuida de operação de câmbio permitida, muito embora o agente se apresente com falsa
identidade, sem que se exija finalidade específica (…), no caso do art. 22, há uma dupla demanda: a
operação de câmbio deve ser proibida e a finalidade precisa ser a evasão de divisas. (…) podemos
visualizar o concurso de crimes entre os arts. 21 e 22 se o agente, com falsa identidade, realiza
operação de câmbio e, depois, leva o montante para o exterior em quantidade que deveria ter sido
declarada à repartição federal233.

Elementares normativas: no caput são duas: “operação de câmbio” e “não autorizada”.


Bitencourt explica que

operação de câmbio é a troca de moedas, isto é, a troca de moeda de um país pela moeda de ou-
tro, que, normalmente, têm valores distintos, v.g., real por dólar, dólar por euro etc., mas todas de
existência efetiva, atual e em circulação. (…) A elementar normativa constante do caput do art.22,
não autorizada não tem o mesmo sentido nem a mesma abrangência da elementar semelhante
constante do parágrafo único, qual seja, sem autorização legal. (…) Operação de câmbio não auto-
rizada não significa que cada operação de câmbio tenha que receber uma autorização específica,
individual, a priori, como pode parecer a primeira vista, mas quer dizer que a operação de câmbio
não pode ser realizada em desconformidade com as normas cambiais incidentes234.

No parágrafo único há ainda a elementar “divisas” que, nas palavras de Tórtima,

são os títulos financeiros conversíveis em moedas estrangeiras (letras, cheques, ordens de pa-
gamento) e, sobretudo, os próprios estoques de moedas conversíveis, disponíveis no País. É re-
levante lembrar que para serem consideradas divisas, tais títulos ou estoques de moedas devem
não apenas estar em poder de residentes no País, mas devidamente contabilizados no balanço de
pagamentos, sob controle do Banco Central do Brasil235.

Norma penal em branco: Nucci alega que, “é preciso consultar a legislação que regula-
menta as operações de câmbio para estar ciente da sua regularidade”236. No tocante ao texto
do parágrafo único, afirma que “é preciso tomar conhecimento da legislação específica, que
regulamenta a saída de moeda ou divisa para o exterior e a mantença de depósito fora do
Brasil”237. Como aduz Bitencourt,

233
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
234
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
235
TÓRTIMA, José Carlos; TÓRTIMA, Fernanda Lara. Evasão de divisas. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 23 in
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
236
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
237
Ibidem.

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a elementar normativa, sem autorização legal, exige que outra norma a complemente, definindo
em que circunstâncias ou condições é permitida ou autorizada a saída de moeda ou diva ‘para o
exterior’, repetindo o pleonasmo do tipo penal (parágrafo único)238.

Conclui o autor, afirmando que

a norma incriminadora prevista no parágrafo único do art.22 da Lei n. 7.492/1986 é reconhecida


como uma normal penal em branco, que só pode ser concretizada por meio de lei complementar,
ainda inexistentes em nosso ordenamento jurídico239.

Evasão imprópria: O delito configura uma evasão imprópria, haja vista que não se trata de
saída do país ou remessa de divisas para o exterior, mas somente a conservação de depósi-
tos, que inclusive podem ter origem no próprio exterior. É importante destacar que a manu-
tenção de conta bancária em instituição financeira com sede no exterior não é proibida, desde
que regularmente declarada à receita federal. É lícita a saída de divisas do Brasil, ou mesmo
a poupança de brasileiros no exterior, aliás, em economias abertas convém que a entrada e a
saída do capital sejam livres.
Câmbio paralelo: consiste na compra de dólares fora de instituições credenciadas, não
configurando crime face à aplicação do Princípio da Adequação Social.
Competência de foro: a competência para processar e julgar crimes contra o sistema fi-
nanceiro nacional é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, inciso VI, da CF e artigo 26
desta Lei. Porém, neste delito do art. 22 e seu parágrafo único, em comento, há uma maior
complexidade em definir a competência de foro. Sobre o tema, destacamos os ensinamentos
de Bitencourt em sua obra, ao afirmar que

na modalidade prevista no caput do art.22, qual seja efetuar operação de câmbio não autorizada
com o fim de evadir divisas do País, a competência, necessariamente, deve ser a do lugar da in-
fração, que é a primeira e principal regra em matéria de competência. Trata-se, evidentemente de
crime instantâneo, que se consuma no lugar e no momento em que a ação (efetuar operação cam-
bial não autorizada) é praticada; o eventual resultado, nesse crime, não integra a definição típica e,
se ocorrer, representará somente o exaurimento desse crime tido como formal. No entanto, em se
tratando da primeira figura do parágrafo único – a qualquer título, promover, sem autorização legal,
evasão de moeda ou divisas para o exterior, – a situação é diferente: trata-se de crime material, que
somente se consuma com a efetiva saída dos valores para o exterior. Na verdade, a execução dessa

238
Ibidem.
239
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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conduta pode desdobrar-se em vários atos, afora o fato de a conduta em si poder ser livremente
praticada, podendo o iter criminis percorrer várias instituições financeiras, resultando a saída para
o exterior em local, cidade ou estado completamente diferente daquele em que inicialmente se
determinou sua remessa ao exterior. Por essa razão, sustentamos que a competência deve ser a
do local da última escala dos valores em território nacional, independentemente do domicílio fiscal
da pessoa física ou jurídica titular dos valores. (…) Finalmente, a terceira hipótese contemplada do
crime de evasão de divisas – a manutenção de depósitos no exterior não declarados – é conhecida
como evasão imprópria. Afasta-se do plano da extraterritorialidade, posto que o crime não é prati-
cado no exterior, mas em território nacional, no local onde o agente deveria ter feito a declaração de
bens mantidos no exterior, embora as divisas possam ter sido adquiridas fora do País. Na ausência
de previsão específica para essa modalidade de infração penal, parece-nos mais do que razoável
fazer-se uma opção segura e pragmática, qual seja fixando-se a competência territorial pelo local
do domicílio fiscal do infrator. Afinal, será e seu domicílio fiscal onde deverá prestar contas com o
Fisco, além da própria declaração ao Banco Central240.

Análise do Artigo 23

Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preserva-
ção dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa

Sujeito ativo: trata-se de uma modalidade de prevaricação praticada por funcionário pú-
blico. Assim, é um crime próprio, pois exige uma especial qualidade do agente, qual seja ser
funcionário público. Como aduz Nucci, “o sujeito ativo é o funcionário público (podemos nos
valer do disposto no art.327 do Código Penal, definindo o que vem a ser funcionário público
para fins penais)”241. Bitencourt ressalta que

nada impede que o sujeito ativo, qualificado pela condição de funcionário público, consorcie-se
com um extraneus para a prática do crime, com a abrangência autorizada pelo art.29 do CP, desde
que, evidentemente, saiba da condição especial do autor; pode, inclusive, um funcionário público,
agindo como particular, participar de prevaricação, nas mesmas condições de um extraneus, al-
cançado pelo mesmo art.29242.

240
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
241
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
242
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Sujeito passivo: Para Nucci, “é o Estado. Secundariamente, a pessoa prejudicada pela


conduta típica”243. Para Bitencourt,

o Estado é sempre sujeito passivo secundário de todos os crimes, naquela linha de que a Lei Penal
tutela o interesse da ordem jurídica geral, da qual aquele é titular. No entanto, há crimes, como este
que ora estudamos, em que o próprio Estado surge como sujeito passivo particular, individual, pois
lhe pertence o bem jurídico ofendido pela ação do funcionário infiel244.

Elemento objetivo: é formado pelos verbos “omitir”, “retardar” ou “praticar”. “O objeto des-
tas condutas alternativas é o ato de ofício (conduta pertinente a uma função) necessário ao
regular funcionamento do sistema financeiro nacional”245, conforme analisa Nucci. Bitencourt
explica que

as duas primeiras modalidades são omissivas e a última é comissiva. A criminalização dessas


condutas tem por objetivo evitar procedimento, contra legem, por funcionário público, no exercício
da função, que deprecie, menospreze ou denigra os bens jurídicos aqui protegidos. (…) A omissão
também, pode ser executada por meio da obstrução, em que o agente, a pretexto de cumprir rigo-
rosamente o regulamento ou a instrução, retarda ou deixa de praticar o ato de ofício, ardilosamente,
com o deliberado propósito de omitir-se na realização do ato, tendo consciência de que a interpre-
tação da norma regulamentadora permitia a realização do ato omitido ou retardado246.

Elemento subjetivo: é o dolo, sem exigência de elemento específico. Bitencourt frisa, as-
sim como nos outros tipos penais dessa Lei, que é imprescindível

que o dolo abranja todos os elementos constitutivos do tipo penal, sob pena de configurar o erro
de tipo, que, por ausência de dolo (ou por dolo defeituoso), afasta a tipicidade, salvo se se tratar de
simulacro de erro247.

Não se pune a forma culposa.


Bem jurídico tutelado: para Nucci, os bens jurídicos protegidos “são a credibilidade do
sistema financeiro e a proteção ao investidor”248. Para Bitencourt, além do que Nucci já ci-
tou, “é a probidade de função pública, sua respeitabilidade, bem como a integridade de seus
243
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
244
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
245
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
246
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
247
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
248
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.

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funcionários vinculados ao sistema financeiro nacional”249. Bitencourt ressalta ainda que não
encontra

forma de identifica bem jurídico merecedor de tutela penal contido na locução, ‘bem como à pre-
servação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira’. Trata-se, na verdade, de ele-
mentar absolutamente irrelevante, inócua, por assim dizer, desnecessária à tipificação penal, de
sorte a ser ignorada sem resultar qualquer alteração ao escrito no referido dispositivo legal250.

Consumação: é crime instantâneo e formal. Como explica Bitencourt,

o crime de prevaricação especial consuma-se, nas modalidades omissivas, com a omissão ou re-
tardamento de ato de ofício, sem justa causa, ou com a prática de ato de ofício contra disposição
expressa de lei. Nas duas primeiras hipóteses, como crime omissivo próprio que são, consumam-
-se no lugar e no momento em que o ato de ofício devia ter sido realizado e não o foi, não havendo
espaço, portanto, para a figura tentada. Na terceira figura típica, o crime é comissivo e consuma-se
com a prática de ato de ofício, contrariando expressa disposição de lei, independentemente de
qualquer outro resultado251.

Tentativa: não é admissível na conduta omitir. Se puder ser fracionada, a conduta na mo-
dalidade retardar será possível a tentativa. Por fim, é pacífico que o verbo-núcleo “praticar”
admita a modalidade tentada.
Norma penal em branco: Nucci aduz ser este dispositivo uma norma penal em branco,
uma vez que “é fundamental conhecer a legislação que regulamenta os deveres do funcioná-
rio público para a verificação deste tipo penal”252. Bitencourt explica que

a locução ‘contra disposição expressa de lei’, refere-se a ato legislativo emanado do poder com-
petente, isto é, do Poder Legislativo, e elaborado de acordo com o processo legislativo previsto no
texto constitucional. Portanto, a expressão ‘lei’ utilizada no tipo penal tem o significado restrito,
formal, compreendendo o conteúdo e o sentido desse tipo de diploma jurídico, que o comando
normativo deve ser claro, preciso e expresso de tal forma a não pairar dúvida ou obscuridade a
respeito do procedimento a adotar253.

249
Ibidem.
250
Ibidem.
251
Ibidem.
252
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
253
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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Conflito aparente de normas: conforme já dito, este tipo se assemelha à prevaricação do


artigo 319 do CP254. Nucci afirma que, confrontando os tipos penais, apesar do art. 319 do CP,
“possuir elemento subjetivo específico (‘para satisfazer interesse ou sentimento pessoal’), o
importante é o critério da especialidade. Logo, dá-se preferência à aplicação do art.23 desta
Lei”255. No mesmo sentindo, Bitencourt alerta que, no delito tipificado no artigo em estudo,

não há, por fim, exigência de qualquer elemento subjetivo especial do injusto, ao contrário da pre-
varicação prevista no art.319 do CP, que exige o especial fim de agir (…). Pode-se, em razão de sua
estrutura tipológica, classificar-se como uma espécie de sui generis de prevaricação, sem a exi-
gência de elemento subjetivo especial256.

Procedimento Criminal da Lei n. 7492/1986

Análise do Artigo 25

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Esse dispositivo legal define a responsabilidade penal dos agentes nos crimes praticados
contra o sistema financeiro nacional, devendo ser interpretado nos moldes da CF/1988 e do
Código Penal.
Analisando a redação do art. 25 da Lei n. 7.492/1986 e demais artigos que remetem ao úl-
timo, fica claro que a intenção do legislador era de definir os sujeitos ativos dos crimes contra
o sistema financeiro como os controladores e administradores das instituições. Entretanto,
jamais poderão ser punidos o controlador, o administrador, o diretor e o gerente de instituição
254
BRASIL. Código Penal. Op.Cit.

“Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa

de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:


Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.”
255
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
256
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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financeira, pela simples condição que ostentam. Em outras palavras, o crime deve ser impu-
tado a quem pratica a conduta ilícita, e não a quem simplesmente ocupa determinado cargo.
Em vários casos, as duas situações coincidem.
A mera invocação da condição de diretor ou de administrador de instituição financei-
ra, sem a correspondente e objetiva descrição de determinado comportamento típico que o
vincule, concretamente, à prática criminosa, não constitui fator suficiente apto a legitimar
a formulação de acusação estatal ou a autorizar a prolação de decreto judicial condenató-
rio. Como afirma Bitencourt, “a responsabilidade penal dos controladores ou administradores
será sempre possível, desde que devidamente individualizada e orientada subjetivamente”257.
Bitencourt afirma que

a responsabilidade penal dos controladores e administradores de instituição financeira será única


e exclusivamente a responsabilidade subjetiva e não pelo simples fato de ostentarem a condição
de controlador ou administrador, como pode parecer à primeira vista. Entendimento contrário im-
portará em reconhecer a responsabilidade penal objetiva, vedada pelo texto constitucional e pelo
moderno Direito Penal da culpabilidade258.

Portanto, permanece vigente o dogma nulla poena sine culpa, que impossibilita a respon-
sabilidade objetiva. É importante ressaltar que o disposto no art. 25, em estudo, coincide com
os princípios fundamentais do Direito Penal da culpabilidade e da subsidiariedade
Acerca da previsão do artigo 225, § 3º, da CF, que, ao tratar do meio ambiente, deixou
margem para que muitos autores consagrassem a responsabilidade penal da pessoa jurídica,
Bitencourt afirma que esta “ainda se encontra limitada à responsabilidade subjetiva e indivi-
dual”259. Dessa forma, para contrariar a tese de que a atual Constituição consagrou a respon-
sabilidade penal da pessoa jurídica, importa colacionar o artigo 173, § 5º, que regula a Ordem
Econômica Financeira. Vejamos:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade eco-
nômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
(…)

257
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
258
Ibidem..
259
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.

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§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabele-
cerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos
praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.260

Portanto, na visão de Bitencourt,

podem-se tirar as seguintes conclusões:


1ª) a responsabilidade pessoal dos dirigentes não se confunde com a responsabilidade da pessoa
jurídica;
2ª) a Constituição não dotou a pessoa jurídica de responsabilidade penal. Ao contrário, condicio-
nou a sua responsabilidade à aplicação de sanções compatíveis com a sua natureza, que, certa-
mente, não são as de natureza penal261.

Nucci alega não nos parecer útil o artigo em estudo,

pois cada tipo penal poderia conter, quando fosse o caso (vide o exemplo do art.5º), a relação dos
agentes possíveis. Por outro lado, somente o § 1º tem maior eficiência, já que estipula quem seria
responsável por equiparação aos controladores e administradores da instituição financeira262.

Denúncia genérica: Nucci afirma que

em vários casos de crimes contra o sistema financeiro, a diversidade de autores, coautores e par-
tícipes pode ser bastante extensa, justificando a apresentação de uma denúncia genérica, ou seja,
sem a especificação precisa do comportamento de cada um dos agentes para a consecução do
delito”263. Bitencourt complementa alegando que “a responsabilidade penal continua a ser pessoal
e individual (art.5º, XLV). Por isso, quando se identificar e se puder individualizar quem são os au-
tores físicos dos fatos praticados em nome de uma pessoa jurídica tidos como criminosos, aí sim
deverão ser responsabilizados penalmente. Em não sendo assim, corremos o risco de ter de nos
contentarmos com a pura penalização formal da pessoa jurídica, que, ante a dificuldade probatória
e operacional, esgotaria a real atividade judiciária em mais uma comprovação da função simbólica
do Direito Penal264.

Delação Premiada: alguns autores consideram colaboração e delação premiada sinôni-


mos. Nos dizeres de Renato Brasileiro de Lima, a colaboração premiada ocorre quando

260
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Op. Cit. Acesso em: 17 setembro 2015.
261
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
262
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
263
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
264
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.

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o imputado no curso da persecutio criminis, pode assumir a culpa sem incriminar terceiros, forne-
cendo, por exemplo, informações acerca da localização do produto do crime, caso em que é tido
como mero colaborador. Pode, de outro lado, assumir culpa (confessar) e delatar outras pessoas
– nessa hipótese é que se fala em delação premiada (ou chamamento de corréu). Só há falar em
delação se o investigado ou acusado também confessa a autoria da infração penal. Do contrário,
se a nega, imputando-a a terceiro, tem-se simples testemunho. A colaboração premiada funciona,
portanto, como gênero, do qual a deleção premiada será espécie265.

Bitencourt ressalta que

delação premiada consiste na redução da pena (podendo chegar, em algumas hipóteses, até mes-
mo a total isenção de pena), para o delinquente que delatar seus comparsas, concedida pelo juiz na
sentença final. (…) Foi inaugurada no ordenamento jurídico brasileiro com a Lei dos Crimes Hedion-
dos (Lei n. 8.072, art.8º, parágrafo único), proliferou em nossa legislação esparsa, atingindo níveis
de vulgaridade: assim, passou a integrar as leis contra o sistema financeiro266.

Aduz que

o fundamento invocado é a confessada falência do Estado para combater a dita ‘criminalidade or-
ganizada’, que é mais produto da omissão dos governantes ao logo dos anos do que propriamente
alguma ‘organização’ ou ‘sofisticação’ operacional da delinquência massificada267.

Bitencourt discorre que, apesar de todo questionamento ético que existe em torno da de-
lação premiada, alguns consideram ser uma forma de dedurar o parceiro de crime.

A verdade é que a delação premiada passou a ser, via importação, um instituto adotado em nosso
direito positivo. (…) Por outro lado, a legislação brasileira é omissa em disciplinar o modus operandi
a ser observado na celebração desse ‘acordo processual’. (…) A despeito da ausência de previsão
legal, deve ser voluntária, isto é, produto da livre manifestação do delator, sem sofrer qualquer tipo
de pressão física, moral ou mental, representando, em outras palavras, intenção ou desejo de aban-
donar o empreendimento criminoso, sendo indiferentes as razões que o levam a essa decisão. (…)
A definição do quantum a reduzi deve vincular-se a critério objetivo que permita justificar maior ou
menor redução de pena dentro dos limites estabelecidos de um a dois terços. (…) Mutatis mutandis,
nos crimes financeiros, deve-se considerar o período de tempo que referidos crimes vinham sendo
praticados, a quantidade de crimes perpetrados, além da continuidade delitiva etc.c

265
BRASILEIRO, Renato de Lima. Manual de Processo Penal. Vol. Único. 2 ed. 3 tir. rev., ampl.e atual. Salvador: 2014,
266
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
267
Ibidem.

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Análise do Artigo 26

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

Ação Penal: os crimes contra o sistema financeiro são de ação penal pública e incondi-
cionada, não estando subordinada à conclusão do processo administrativo eventualmente
instaurado perante o órgão de fiscalização268. Portanto, a ação penal será promovida pelo
Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
Assistente de acusação: independentemente da atuação do Ministério Público, afetos ao
ofendido ou seu representante legal, ou na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art.
268 do Código de Processo Penal269, podem atuar como assistentes, quando:
a) delitos cometidos no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização da Comis-
são de Valores Mobiliários;
b) delitos cometidos no âmbito do Banco Central do Brasil quando, fora da hipótese aci-
ma, houver o crime sido cometido na órbita de atividade sujeita a sua disciplina e fiscalização.
Nucci complementa afirmando que

nos casos dos delitos da Lei n. 7.492/1986, o sujeito passivo é sempre o Estado. Porém, há órgãos,
como a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central do Brasil com interesse concomitante
e maior grau de especialização no assunto, com possibilidade de auxiliar o Ministério Público Fe-
deral no polo ativo”270. Defende ainda que “a intervenção de pessoas jurídicas, de direito público ou
privado, como assistentes do Ministério Público, diante do interesse público a preservar, é perfei-
tamente viável271.

268
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
269
BRASIL. Código de Processo Penal. Op.Cit.
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu
representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
270
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
271
Ibidem.

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Competência da Justiça Federal: o art. 26 da Lei n. 7.492/1986 estipula que a competên-


cia para processar e julgar os crimes contra o sistema financeiro nacional é da Justiça Fede-
ral, nos termos do artigo 109, inciso VI, CF. Vejamos:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


(…)
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o siste-
ma financeiro e a ordem econômico-financeira;

Conforme Nucci,

não fosse o disposto no art.26, alguns delitos poderiam ser da competência da Justiça Estadual,
por não envolver diretamente o interesse da União ou de entidades autárquicas ou empresas pú-
blicas federais. (…) A meta, naturalmente, é considerar qualquer ofensa à credibilidade do mercado
financeiro, mesmo que localizada em determinada unidade da Federação, algo que possa atingir o
sistema financeiro nacional, direta ou indiretamente272.

Sociedade de economia mista: conforme Nucci273, ela não atrai a competência federal.

Análise do Artigo 27

Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao
Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público
para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.

O dispositivo prevê a possibilidade e representação do ofendido ao Procurador-Geral de


Justiça em caso de inércia do órgão local do MPF. O órgão designado pelo PGR é obrigado a
propor a denúncia, pois não age em nome próprio, e, sim, em nome do chefe da instituição do
qual é uma longa manus.
Titularidade para propor a ação penal: Nucci aduz que

cabe ao Ministério Público Federal a titularidade, exclusiva, para a propositura da ação penal, com
relação aos crimes previstos nesta Lei. Se, recebido o inquérito policial e outras peças de informa-
ção, decorrer o prazo legal para o oferecimento da denúncia (15 dias para indiciado solto; 5 dias
para preso conforme art.46, caput, CPP), a ação pode ser intentada pelo ofendido (art.29, CPP)274.

272
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
273
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
274
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit. p.1180.

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Isso porque, apesar de ser o Estado o sujeito passivo, eventualmente, outras pessoas po-
dem ser prejudicadas, como os investidores. Assim, complementa que é

natural que o Ministério Público Federal tome as providências necessárias para coibir eventual
retardo injustificado pelo Procurador da República, responsável pela ação penal.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade poli-
cial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente
os autos.
§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da
denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Mi-
nistério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que
não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo
Por outro lado, caso o Ministério Público entenda não haver elementos suficientes para a propo-
situra, o caminho é a promoção do arquivamento junto ao Poder Judiciário, nos termos do art.28,
CPP275.

Com o pacote anticrime, Lei n. 13.964/2019, este artigo 28 foi substancialmente alterado.
Vejamos:

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da


mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação,
na forma da lei. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito po-
licial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
(Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios,
a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que

275
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit. p.1180.

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necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições


ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
(Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei
n. 13.964, de 2019)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da
lei; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
(Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Inclu-
ído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro
do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu
defensor, e sua legalidade. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo
de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a
proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)

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§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao


Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quan-
do não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descum-
primento. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
denúncia. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão
de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído
pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a
extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
deste Código. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Análise do Artigo 28

Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá in-
formar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do
fato.
Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pelo interventor, liquidante ou
síndico que, no curso de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de
crime de que trata esta lei.

Dever de comunicação: este dispositivo impõe que os agentes do Banco Central ou da


Comissão de Valores Mobiliários, como afirma Nucci,

devem comunicar ao Ministério Público Federal a ocorrência de crime contra o sistema financeiro,
quando dele tomarem conhecimento. Pensamos, inclusive, que tais órgãos podem, igualmente,

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oficiar à Polícia Federal ou comunicar ao juiz federal, desde que alguma atitude seja tomada. Se
não o fizer, o agente pode ser responsabilizado funcionalmente276.

Dispensabilidade do Inquérito: Nucci sustenta que

se o Ministério Público obtiver provas regularmente formadas por outros meios, é dispensável o
inquérito. (…) Uma investigação promovida por órgão legalmente encarregado de fiscalizar as ati-
vidades de instituição financeira (Banco Central ou CVM) pode redundar na colheita de provas
suficientes para evidenciar o cometimento de crime por algum diretor ou gerente. Enviando as
peças do Ministério Público, não há necessidade de se repetir a produção da prova em inquérito
policial277.

Dever de agir: Nucci afirma que

é natural que o interventor, o liquidante e o administrador judicial (antigo síndico) tenham igual
dever, pois estão lidando, diretamente, com a instituição financeira, conhecendo, pois, sua situação
e as eventuais irregularidades passíveis de tipificação penal278.

Análise do Artigo 29

Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos
nesta lei.
Parágrafo único. O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice
ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.

Este artigo trata da possibilidade de requisição de documento pelo MP. É, porém, contro-
vertida a questão do acesso do membro do MP a informações financeiras, sem autorização
judicial. A crítica decorre da circunstância de não ser o MP um órgão imparcial, mas idêntica
objeção poderia ser feita à Receita Federal.

Análise do Artigo 30

Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-
-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto
nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (Vetado)

276
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
277
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit.
278
Ibidem.

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Cogita-se da possibilidade de o art. 30 ter estabelecido uma nova hipótese para a decre-
tação da prisão preventiva. No entanto, a maioria doutrinária entende não haver fundamento
autônomo para a decretação da custódia cautelar. Ou seja: a magnitude da lesão causada
pelo ilícito não pode ser parâmetro único para a decretação da medida cautelar, devendo ser
considerada amplamente com os demais requisitos autorizados da medida, conforme prevê
o art. 312 do CPP, que não foi excepcionado pela norma em tela. Os Tribunais têm assim de-
cidido:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL, CORRUPÇÃO
ATIVA, LAVAGEM DE DINHEIRO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. PRISÃO PREVENTIVA.
NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. GRAVIDADE CONCRETA DA CONDUTA
DELITUOSA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. EXCESSO DE PRAZO. NÃO OCORRÊNCIA.
COMPLEXIDADE DA CAUSA. ELEVADO NÚMERO DE RÉUS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CARACTERIZADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO, COM RECOMENDAÇÃO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que
não cabe HABEAS CORPUS substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese,
impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência
de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. Havendo prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, a prisão pre-
ventiva, nos termos do art. 312 do CPP, poderá ser decretada para garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal.
3. A prisão cautelar do paciente encontra-se devidamente fundamentada na necessi-
dade de garantia da ordem pública, porquanto ele é acusado de integrar estruturada
organização criminosa, responsável pela prática de diversas fraudes previdenciárias e é
apontado como comandante e principal membro de todo o esquema criminoso. 4. Ade-
mais, o paciente responde a outros processos criminais por crimes semelhantes, inclu-
sive em outras localidades, circunstância que também autoriza sua segregação caute-
lar, para garantia da ordem pública, como forma de evitar a reiteração delitiva.
5. Quanto ao pedido de extensão, não houve comprovação, por parte do paciente, da
exata similitude fática entre a sua situação e a dos outros apenados que teriam sido

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beneficiados com a possibilidade do recurso em liberdade, o que impede a concessão


do benefício.
6. Conforme orientação pacificada nesta Quinta Turma, “o prazo para a conclusão da ins-
trução criminal não tem as características de fatalidade e de improrrogabilidade, fazen-
do-se imprescindível raciocinar com o juízo de razoabilidade, não se ponderando a mera
soma aritmética dos prazos para a realização dos atos processuais” (RHC 58.140/GO,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/9/2015, DJe 30/9/2015).
7. No caso dos autos, eventual retardo no término da instrução processual se deve ao
elevado número de réus com procuradores diversos e à necessidade de realização de
diligências. Não há falar em desídia, portanto, por parte do Poder Judiciário.
8. HABEAS CORPUS não conhecido, com recomendação.
(HC 508.463/PA, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2019,
DJe 20/08/2019)

Análise do Artigo 31

Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar
fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se
estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.

Conforme notícia extraída do site www.stf.jus.br, a 2ª Turma do STF entendeu pela in-
constitucionalidade da exigência prevista no art. 31 da Lei do Colarinho Branco:

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu HABEAS CORPUS (HC n.
103.986) em favor de Vasco Bruno Lemas, condenado pela Justiça Federal à pena de 14
anos e oito meses de reclusão em regime inicial fechado por gestão fraudulenta de con-
sórcios (arts. 4º, 5º, 6º e 11 da Lei n. 7.492/1986 ou Lei do Colarinho Branco). Com base
em dispositivo da mesma lei (art. 31), cujo conteúdo é análogo ao disposto no art. 594
do Código de Processo Penal (CPP), o juiz da 5ª Vara Federal de Santos (SP) decretou a
prisão preventiva do réu e sentenciou que ele não poderia apelar da sentença antes de
ser recolhido à prisão, já que se encontrava foragido.
De acordo com o ministro Gilmar Mendes, relator do HC, em recente julgamento (no RHC
n. 83.810) o Plenário do STF julgou que a exigência de recolhimento compulsório do

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condenado para recorrer – contida no art. 594 do CPP e no art. 31 da Lei do Colarinho
Branco ─, sem que estejam presentes os pressupostos que justificam a prisão preven-
tiva, não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. O entendimento da Corte é
o de que a exigência viola os direitos de ampla defesa e de igualdade entre as partes no
processo. Além disso, a exigência foi revogada expressamente pela Lei n. 11.719/2008.
O HC concedido pela Segunda Turma do STF havia sido negado pelo TRF da 3ª Região
e o STJ.
Enfatizo que o juízo, ao invocar o fato de o paciente não ter sido localizado como funda-
mento idôneo a ensejar a manutenção da prisão cautelar, afastou-se da melhor jurispru-
dência que vem sendo sufragada por esta Corte. Por oportuno, atesto que, em julgados
recentes, tenho me filiado à jurisprudência que assenta ser equivocada a tese de que o
réu tem o dever de colaborar com a instrução e que a fuga do distrito da culpa, por si só,
autoriza o decreto constritivo. Por isso, estou concedendo a ordem, confirmando a limi-
nar antes concedida, para que seja devolvido o prazo recursal, bem como seja expedido
contramandado de prisão em favor do paciente, concluiu o ministro.

Análise do Artigo 33

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se refere
o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de.1940,
pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada.

Nunca é demais citar os ensinamentos do Professor Ricardo Andreucci279. De certo pre-


tendeu o legislador referir-se à situação cogitada pelo art. 60, § 1º, do Código Penal, em que
o juiz pode aumentar o valor da pena de multa, embora aplicada no máximo até o triplo, se
considerar ser ela ineficaz em virtude da situação econômica do réu. Assim, o mais correto é
entender que, nos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, o juiz poderá aumentar o va-
lor da pena de multa, embora aplicada no máximo, até o décuplo, se considerar ser ela ineficaz
em virtude da situação econômica do réu.

279
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. Op. Cit.

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MAPAS MENTAIS

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (2004/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL/
NACIONAL) Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue os itens seguintes.
Se a empresa Alfa S.A. mantiver, no exterior, depósito bancário não declarado à repartição
competente da administração pública federal, essa empresa será sujeito ativo de crime con-
tra o sistema financeiro nacional.

Questão 2 (2012/BANCA CESGRANRIO/CAIXA/ADVOGADO) O diretor da instituição finan-


ceira Y colocou em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, documento
representativo de valor mobiliário. Tal ato é tipificado como crime contra a(o)
a) licitação
b) administração pública
c) ordem econômica
d) livre circulação de ideias
e) sistema financeiro nacional

Questão 3 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:
A ação penal, nesses crimes, será promovida pelo Ministério Público Federal ou Estadual, pe-
rante a Justiça Federal ou Estadual, de acordo com o tipo penal no caso concreto.

Questão 4 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) Considere a seguinte


situação hipotética. Edmar contraiu, de forma regular, empréstimo em instituição financeira
oficial, com previsão contratual de que os valores seriam empregados em pastagens de sua
propriedade rural. No entanto, utilizou a quantia para a compra de uma caminhonete cabine
dupla, zero quilômetro. Nessa situação, Edmar não cometeu delito contra o SFN.

Questão 5 (2008/PC-RJ/PC-RJ/INSPETOR DE POLÍCIA) Na Lei dos Crimes contra o Siste-


ma Financeiro Nacional (Lei n. 7.492/1986), não está previsto o seguinte crime:

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a) gerir fraudulentamente instituição financeira.


b) induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamen-
te a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente.
c) fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distri-
buição de títulos de valores mobiliários.
d) ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou pro-
priedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime contra o
sistema financeiro nacional.
e) efetuar operação de câmbio não autorizada, com o –m de promover evasão de divisas do
país.

Questão 6 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
O interventor, o síndico e o liquidante não podem ser penalmente equiparados a administra-
dores de instituição financeira, ou seja, não podem responder penalmente.

Questão 7 (2007/FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR-FISCAL DO MUNICÍPIO)


Nos crimes contra o sistema financeiro a pena de multa pode ser elevada até o triplo.

Questão 8 (2010/ESAF/SMF-RJ/FISCAL DE RENDAS) Salazar, rico comerciante, apresenta


documentação falsa junto à Caixa Econômica Federal com a finalidade de obter financiamen-
to para a aquisição de apartamento em programa federal que privilegia as pessoas de baixa
renda que não possuem imóveis próprios. Assim, Salazar apresenta certidão falsa de que não
possui outro imóvel. Também, na mesma oportunidade, apresenta contracheque falso que in-
dica ter renda de dois salários-mínimos. À luz do previsto nos Crimes contra o Sistema Finan-
ceiro Nacional e nos Crimes contra o Patrimônio, julgue os itens abaixo assinalando o correto.
I – Salazar ao obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira comete cri-
me previsto na Lei n. 7.492/1986 (Lei dos Crimes do Colarinho Branco);
II – Salazar comete o crime de furto mediante fraude;

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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III – Salazar comete o crime de estelionato;


IV – Salazar comete o crime de apropriação indébita.

a) Todos estão corretos.


b) I e IV estão corretos.
c) Somente I está correto.
d) I e III estão corretos.
e) III e IV estão corretos.

Questão 9 (2009/CESPE/CEBRASPE/PC-RN/DELEGADO DE POLÍCIA) Paulo e Pedro, am-


bos funcionários públicos, em coautoria, retardaram, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Com base nessa
situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Paulo e Pedro praticaram o delito de prevaricação.
b) Os objetos jurídicos do delito praticado são a credibilidade do sistema financeiro e a pro-
teção ao investidor.
c) O delito em espécie pode ser punido tanto na forma culposa como na dolosa.
d) No delito em questão, se Paulo, em confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou
judicial toda a trama delituosa, terá a sua pena reduzida pela metade.
e) A ação penal, no crime em comento, será promovida pelo MP estadual, perante a justiça
estadual.

Questão 10 (2007/FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/ AUDITOR-FISCAL DO MUNICÍPIO)


Nos crimes contra o sistema financeiro, a ação penal pode ser pública ou privada.

Questão 11 (2010/CESPE/CEBRASPE/MPU/ANALISTA PROCESSUAL) Julgue os próximos


itens, relativos a direito penal.
No que diz respeito à responsabilidade penal nos crimes contra o sistema financeiro, a legis-
lação de regência prevê sistema próprio de responsabilização para os agentes controladores,
administradores, diretores e gerentes de instituição financeira e, divergindo do sistema do
Código Penal, impõe-lhes responsabilidade objetiva.

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Questão 12 (2010/CESGRANRIO/BNDES/ADVOGADO) Tício obtém, mediante fraude, crédito


vinculado a leasing financeiro, sendo denunciado pelo Ministério Público como incurso nas
penas do art. 19, da Lei n. 7.492/1986, que regulamenta os crimes contra o Sistema Financei-
ro Nacional. Alega que inexistiu crime uma vez que o Banco não teria natureza pública. Diante
de tal quadro, conclui-se que
a) a obtenção de crédito fraudulentamente, mediante leasing, não caracteriza crime contra o
Sistema Financeiro Nacional.
b) a pena cominada é a mesma, seja em instituição privada ou pública, em fatos dessa natu-
reza.
c) a origem da instituição, quer pública ou privada, é irrelevante para tipificar o crime descrito.
d) o crime descrito implica a necessidade de que recursos públicos estejam envolvidos para
ser tipificado.
e) somente os mútuos bancários, em sentido estrito, caracterizam o delito em foco.

Questão 13 (2010/CESPE/CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) A respeito das


leis penais especiais, julgue os itens a seguir.
No que tange aos crimes contra o sistema financeiro, para a divulgação de informação falsa
ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira, está prevista a modalidade cul-
posa.

Questão 14 (2004/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE FEDERAL DA POLÍCIA


FEDERAL/NACIONAL) Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.
Sabrina recebeu, de fonte anônima, um e-mail indicando que um determinado banco privado
estava prestes a falir e que as pessoas que não retirassem seu dinheiro imediatamente cor-
reriam o risco de sofrer sérios prejuízos. Temendo que fosse verdadeira a notícia, ela reenviou
essa mensagem a todos os seus contatos. Porém, foi logo demonstrado que a informação era
absolutamente falsa. Nessa situação, Sabrina cometeu o crime de divulgação de informação
falsa sobre instituição financeira.

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Questão 15 (2010/CESPE/CEBRASPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL) Acerca dos crimes


contra o Sistema Financeiro Nacional e contra a organização do trabalho, julgue os seguintes
itens.
O crime de gestão fraudulenta é classificado como crime próprio, formal e de perigo concreto,
tendo como elemento subjetivo apenas o dolo, não havendo a forma culposa.

Questão 16 (2009/FGV/TJ-PA/JUIZ) Anísio Estélio enviou valores para o estrangeiro com


o fim específico de se furtar ao pagamento do imposto devido. Antes da denúncia, efetuou o
pagamento do tributo. O Ministério Público o denuncia pelo crime de evasão de divisas. Nesse
caso:
a) aplica-se o princípio da consunção e extingue-se a punibilidade.
b) o crime meio (evasão de divisas) é absorvido pelo crime fim (sonegação), sendo extinta a
punibilidade pelo pagamento.
c) aplica-se a analogia in bonam partem, uma vez que, embora os crimes tenham natureza
diversa, um absorve o outro.
d) há concurso formal, heterogêneo, de crimes, aplicando-se a pena mais grave, acrescida de
1/6.
e) há concurso material, sendo um delito contra a Ordem Financeira Nacional e outro contra a
Ordem Tributária e o primeiro será punido.

Questão 17 (2010/CESGRANRIO/BACEN/ANALISTA DO BANCO CENTRAL) Uma instituição


financeira fiscalizada pelo Banco Central do Brasil foi vítima de informações falsas sobre seu
estado de liquidez, por meio de remessa de cartas e de mensagens eletrônicas para diversos
meios de comunicação. Após descoberto o autor do crime, foi instaurado inquérito policial
que concluiu por seu indiciamento, sendo oferecida denúncia pelo
Ministério Público, recebida pelo Juiz. O autor do ilícito veio a ser condenado pela caracteri-
zação de crime contra o sistema financeiro nacional. Com base nesses dados, afirma-se que
I – o crime praticado foi de gestão fraudulenta;
II – a hipótese descrita não está tipificada na lei especial;
III – há responsabilidade penal objetiva do autor;

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IV – o delito caracterizado foi de divulgação de informação falsa;


V – o crime em tela somente pode ocorrer mediante apresentação de queixa. É(São) corre-
ta(s) APENAS a(s) afirmação(ões)

a) IV.
b) I e III.
c) III e V.
d) IV e V.
e) I, II e III.

Questão 18 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
Nos crimes contra o sistema financeiro, não é admitida a delação premiada como forma de
redução de pena.

Questão 19 (2009/FUNIVERSA/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA) Importante atuação da Polícia


judiciária deve ser a boa atuação no processamento dos crimes contra o sistema financeiro
nacional. Acerca da Lei n. 7.492/1986, assinale a alternativa correta.
a) Foi ela apelidada de lei da lavagem de dinheiro.
b) Para a configuração dos tipos culposos ali previstos, faz-se necessário provar a negligên-
cia, imperícia ou imprudência do agente.
c) Se Aristóteles empresta suas economias a juro abusivo, é dever da autoridade policial que
disso tomar conhecimento tomar as providências penais cabíveis com base na referida lei.
d) A ação penal decorrente da aplicação da referida lei é de exclusiva competência do Minis-
tério Público Federal, perante o juízo federal.
e) Nos crimes decorrentes da referida lei, não é lícita a concessão de fiança.

Questão 20 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:

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Quando tais crimes forem cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que,
por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama deli-
tuosa, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Questão 21 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) Art. 27-E. Atuar, ain-


da que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do
sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo
de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário, ou
exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado
ou registrado junto à autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regu-
lamento.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Lei n. 6.385/1976. Artigo incluído
pela Lei n. 10.303/2001.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante decla-
ração (vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou
de câmbio:
Pena – Reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Lei n. 7.492/1986.
Considerando as disposições normativas relativas aos crimes contra o mercado de capitais e
contra o SFN, especialmente aquelas transcritas acima, analise:
O STF entende que o art. 16 da Lei n. 7.492/1986 foi revogado pelo art. 27-E da Lei n.
6.385/1976, com a redação da Lei n.o 10.303/2001, uma vez que esses tipos penais possuem
a mesma objetividade jurídica, e deve incidir, no caso, o princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica.

Questão 22 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) Os prazos prescricio-


nais para os delitos contra o SFN são regulados pelo CP, aplicável subsidiariamente, uma vez
que a Lei n. 7.492/1986 não trata do assunto.

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Questão 23 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) A jurisprudência do


STF é de que o delito contra o SFN não deve ser processado e julgado pela justiça federal,
quando o prejuízo decorrente for suportado exclusivamente por empresa financeira privada.

Questão 24 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:
Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o prejudicado poderá representar perante
o Corregedor Geral da Justiça Federal para que determine ao órgão ministerial as providên-
cias cabíveis.

Questão 25 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com base


na Lei n. 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional admite
coautoria ou participação, e, se ocorrer confissão espontânea que revele toda a trama delitu-
osa, será concedido o perdão judicial da pena.

Questão 26 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
Constitui crime manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida
pela legislação.

Questão 27 (2018/TRF 2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Para fins de aplicação das


normas penais contidas na Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986, denominada Lei dos Crimes
de Colarinho Branco, considera-se instituição financeira:
a) Apenas a pessoa jurídica de direito privado que desempenhe atividade financeira bancária,
de captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros seus ou de terceiros, em
moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermedia-
ção, ou administração de valores mobiliários.
b) Apenas a pessoa jurídica de direito público que desempenhe atividade financeira bancá-
ria de captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda

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nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação, ou


administração de valores mobiliários.
c) A pessoa jurídica de direito público ou privado que tenha como atividade principal ou aces-
sória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos finan-
ceiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,
negociação, intermediação, ou administração de valores mobiliários.
d) A pessoa jurídica de direito privado que tenha como atividade principal, e a pessoa jurídica
de direito púbico que tenha como atividade acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros em geral, em moeda nacional ou estran-
geira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação, ou administração de
valores mobiliários.
e) A pessoa jurídica de direito público ou privado que tenha como atividade principal ou aces-
sória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financei-
ros seus ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribui-
ção, negociação, intermediação, ou administração de valores mobiliários.

Questão 28 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:
Nos crimes apenados com reclusão, contra o Sistema Financeiro Nacional, o réu poderá pres-
tar fiança e apelar em liberdade, desde que primário e de bons antecedentes, estando ou não
configurada situação justificadora de prisão preventiva.

Questão 29 (2018/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Acerca de execução penal, de crimes de abuso de autoridade, de crimes contra a criança e o
adolescente e de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, julgue o item que se segue.
Em se tratando de crimes praticados por administrador ou gestor de pessoa jurídica de direi-
to privado contra o Sistema Financeiro Nacional, a ação penal se processa mediante queixa
oferecida pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários.

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Questão 30 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com base


na Lei n. 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional admite
coautoria ou participação, e, se ocorrer confissão espontânea que revele toda a trama delitu-
osa, a pena será reduzida de um a dois terços.

Questão 31 (2018/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Julgue o item que se segue, relativos a execução penal, desarmamento, abuso de autoridade
e evasão de dívidas.
Segundo entendimento do STF, a configuração do crime de evasão de divisas pressupõe a
saída física de moeda nacional ou estrangeira do território nacional sem o conhecimento da
Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil.

Questão 32 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
Considera-se crime imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação,
ainda que com autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro docu-
mento representativo de título ou valor mobiliário.

Questão 33 (2018/CESGRANRIO/TRANSPETRO/ADVOGADO JÚNIOR) De acordo com a Lei


n. 7.492/1986, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina
e à fiscalização da CVM, essa autarquia poderá requerer, no processo, o seu ingresso como
a) assistente
b) chamado
c) interveniente
d) litisconsorte
e) nomeado

Questão 34 (2013/VUNESP/COREN-SP/ADVOGADO) De acordo com a Lei n. 7.492, de 16 de


junho de 1986, assinale a alternativa correta.
a) Constitui crime, independentemente do valor, a manutenção no exterior de depósitos não
declarados à repartição federal competente.

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b) Para fins de responsabilidade penal, equiparam-se aos administradores de instituição fi-


nanceira o interventor, o liquidante, o síndico, os diretores e os sócios da pessoa jurídica.
c) Equipara-se, nos termos da Lei, às instituições financeiras a pessoa física que exerça, ainda
que de modo eventual, quaisquer de suas atividades típicas, tais como a captação ou inter-
mediação de recursos financeiros de terceiros.
d) Os crimes previstos na Lei são de competência da Justiça Estadual, definindo-se a compe-
tência territorial pelo local onde a instituição financeira mantém a sua sede ou matriz.
e) Na hipótese de crimes cometidos em concurso de pessoas, o coautor ou partícipe, que por
meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial toda a trama delituosa, terá reco-
nhecida a extinção de sua punibilidade.

Questão 35 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com base


na Lei n. 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional inadmite
confissão espontânea perante autoridade policial.

Questão 36 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acordo


com a Lei n. 7.492/1986, o indivíduo que gerir fraudulentamente determinada instituição fi-
nanceira cometerá crime cuja ação penal será promovida pelo MPF.

Questão 37 (2014/VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP/AUDITOR-FIS-


CAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) Gerir fraudulentamente e gerir temerariamente instituição fi-
nanceira trata-se de
a) condutas criminosas, sendo que a primeira é punida mais gravemente do que a segunda.
b) condutas delituosas, sendo que a primeira é punida mais brandamente que a segunda.
c) infrações penais, punidas exclusivamente com multa.
d) ilícitos penais, punidos exatamente com a mesma pena.
e) ilícitos administrativos que não geram responsabilidade penal.

Questão 38 (2015/VUNESP/PC-CE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE) O crime de


“obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira” (art. 19 da Lei n 7.492/1986)
tem pena aumentada de 1/3 se cometido

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a) em momento de grave recessão.


b) por agente público.
c) em detrimento de instituição financeira oficial.
d) com intuito de causar risco sistêmico.
e) por intermédio de pessoa jurídica.

Questão 39 (2014/CETRO/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR-FISCAL MUNICIPAL/


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Sobre os crimes contra o Sistema Financeiro, marque V para
verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência
correta.
 (  ) Os administradores e síndicos judicialmente nomeados, bem como os interventores e
liquidantes nomeados pelo Banco Central podem ser equiparados aos administradores
de instituição financeira para efeito de responsabilidade penal.
 (  ) A violação de sigilo bancário está regulada, primordialmente, pela Lei n. 7.492/1986 que
define os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
 (  ) A competência para julgar crimes relacionados ao Sistema Financeiro Nacional é da
Justiça Federal, podendo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central do
Brasil (Bacen) serem admitidos como assistentes no processo judicial.
 (  ) O bem jurídico a ser tutelado na legislação referente a crimes contra o sistema financei-
ro nacional é o patrimônio das instituições e investidores afetados.
a) F/ V/ V/ F
b) F/ V/ F/ F
c) V/ F/ F/ V
d) V/ F/ V/ F
e) V/ V/ F/ V

Questão 40 (2014/VUNESP/DESENVOLVESP/ADVOGADO) Nos termos do art. 26, da Lei n.


7.492/1986, os crimes lá definidos serão de competência da
a) Justiça Federal, sempre.
b) Justiça Estadual, sempre.

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c) Justiça Federal ou da Justiça Estadual, definindo-se a questão pela regra da prevenção.


d) Justiça Federal ou da Justiça Estadual, definindo-se a questão pela regra intuito personae.
e) Justiça Estadual, como regra, mas da Justiça Federal caso se trate de delito transnacional.

Questão 41 (2013/CESPE/CEBRASPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL) Acerca da legislação


penal especial e dos crimes contra a administração pública e contra a fé pública, julgue os
itens subsequentes.
Aquele que fizer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação em demons-
trativos contábeis de instituição financeira cometerá o delito de falsidade ideológica.

Questão 42 (2006/CESPE/CEBRASPE/CAIXA/ADVOGADO) Acerca dos crimes contra a ad-


ministração pública, dos crimes contra o sistema financeiro nacional e dos crimes de lavagem
de dinheiro, julgue os itens a seguir.
Todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são próprios, uma vez que somente
podem ser praticados pelo controlador e pelos administradores da instituição financeira, ou
seja, diretores e gerentes.

Questão 43 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Parte da doutrina classifica-os como crimes habituais impróprios ou acidentalmente habitu-
ais, nos quais uma única ação no sentido de gerir fraudulenta ou temerariamente tem relevân-
cia para consubstanciar o tipo, embora sua reiteração não configure pluralidade de crimes.
Apesar da existência de jurisprudência em sentido inverso, a maior parte dos julgados, tanto
do STJ quanto do STF, corroboram esta assertiva.

Questão 44 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Parte da doutrina considera que o elemento normativo jurídico temerária, contido no pará-
grafo único, do art. 4º, não ofende o princípio constitucional da legalidade, na vertente da
taxatividade, sendo, a temeridade, associada à gestão altamente afoita, arrojada ou arriscada.

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Contudo, a jurisprudência do STJ e do STF tem sido no sentido do reconhecimento da sua


inconstitucionalidade, em razão do seu caráter vago e indeterminado.

Questão 45 (2016/CESPE/CEBRASPE/PG-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acor-


do com a Lei n. 7.492/1986, o indivíduo que gerir fraudulentamente determinada instituição
financeira responderá por crime, ainda que tenha agido culposamente.

Questão 46 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Consoante doutrina e jurisprudência majoritária, a redação do art. 4º e seu parágrafo único,
ao retirar a previsão, contida na lei anterior, de as condutas acarretarem falência ou insol-
vência da instituição financeira, ou prejuízos aos investidores, transformou-os em crimes de
dano, no caso de gestão fraudulenta, e de perigo abstrato, no caso de gestão temerária, tendo
em conta o bem jurídico Sistema Financeiro Nacional.

Questão 47 (2016/CESPE/CEBRASPE/PG-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acor-


do com a Lei n. 7.492/1986, o indivíduo que gerir fraudulentamente determinada instituição
financeira terá sua pena aumentada de um terço, se a gestão tiver sido temerária.

Questão 48 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Com relação ao sujeito ativo, cuidam-se de crimes próprios, sendo penalmente responsáveis
o controlador e o administrador de instituição financeira, assim considerados os diretores e
os gerentes. Não obstante, a jurisprudência do STJ e do STF é pacífica no sentido de excluir
daquele rol os gerentes de agências bancárias, pois os atos de gestão que lhes incumbe rea-
lizar não têm aptidão para ofender o Sistema Financeiro Nacional.

Questão 49 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, é analise a afirmação:

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O órgão do Ministério Público poderá requerer ao juiz da causa que requisite quaisquer infor-
mações, documentos ou diligências para subsidiar as provas dos crimes investigados, sendo
defeso fazê-lo diretamente.

Questão 50 (2007/FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR-FISCAL DO MUNICÍPIO)


Nos crimes contra o sistema financeiro são considerados sujeitos ativos os controladores e
os administradores da instituição financeira, excluídos os diretores e os gerentes.

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GABARITO
1. E 28. E
2. e 29. E
3. E 30. C
4. E 31. E
5. d 32. E
6. E 33. a
7. E 34. c
8. c 35. E
9. b 36. C
10. E 37. a
11. E 38. c
12. c 39. d
13. E 40. a
14. E 41. E
15. C 42. E
16. e 43. C
17. a 44. E
18. E 45. E
19. d 46. E
20. C 47. E
21. E 48. E
22. C 49. E
23. E 50. E
24. E
25. E
26. C
27. c

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

GABARITO COMENTADO
Questão 1 (2004/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL/
NACIONAL) Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue os itens seguintes.
Se a empresa Alfa S.A. mantiver, no exterior, depósito bancário não declarado à repartição
competente da administração pública federal, essa empresa será sujeito ativo de crime con-
tra o sistema financeiro nacional.

Errado.
Conforme o art. 25 da Lei n. 7.492/1986, empresa não é sujeito ativo de crime contra o siste-
ma financeiro nacional. Vejamos:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).

Questão 2 (2012/BANCA CESGRANRIO/CAIXA/ADVOGADO) O diretor da instituição finan-


ceira Y colocou em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, documento
representativo de valor mobiliário. Tal ato é tipificado como crime contra a(o)
a) licitação
b) administração pública
c) ordem econômica
d) livre circulação de ideias
e) sistema financeiro nacional

Letra e.
É crime contra o sistema financeiro nacional, conforme:

Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.

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Questão 3 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:
A ação penal, nesses crimes, será promovida pelo Ministério Público Federal ou Estadual, pe-
rante a Justiça Federal ou Estadual, de acordo com o tipo penal no caso concreto.

Errado.
O artigo 26, caput, da Lei n. 7.492/1986, prevê que a ação penal, nos crimes previstos nesta lei,
será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal sempre.

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.

Questão 4 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) Considere a seguinte


situação hipotética. Edmar contraiu, de forma regular, empréstimo em instituição financeira
oficial, com previsão contratual de que os valores seriam empregados em pastagens de sua
propriedade rural. No entanto, utilizou a quantia para a compra de uma caminhonete cabine
dupla, zero quilômetro. Nessa situação, Edmar não cometeu delito contra o SFN.

Errado.
Cometeu o delito previsto no art. 20 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de
financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para re-
passá-lo.

Questão 5 (2008/PC-RJ/PC-RJ/INSPETOR DE POLÍCIA) Na Lei dos Crimes contra o Siste-


ma Financeiro Nacional (Lei n. 7.492/1986), não está previsto o seguinte crime:
a) gerir fraudulentamente instituição financeira.
b) induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamen-
te a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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c) fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distri-
buição de títulos de valores mobiliários.
d) ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou pro-
priedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime contra o
sistema financeiro nacional.
e) efetuar operação de câmbio não autorizada, com o –m de promover evasão de divisas do
país.

Letra d.
a) Certa. Delito previsto no art. 4º da Lei n. 7.492/1986:

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa

b) Certa. Delito previsto no art. 6º da Lei n. 7.492/1986:

Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente
a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

c) Certa. Delito previsto no art. 10 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

d) Errada. É crime de lavagem de capitais, conforme o art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998.
Vejamos:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou pro-


priedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Re-
dação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

e) Certa. Delito previsto no art. 22 da Lei n. 7.492/1986:

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Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente.

Questão 6 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
O interventor, o síndico e o liquidante não podem ser penalmente equiparados a administra-
dores de instituição financeira, ou seja, não podem responder penalmente.

Errado.
Conforme o § 1º do artigo 25 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 7 (2007/FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR-FISCAL DO MUNICÍPIO)


Nos crimes contra o sistema financeiro a pena de multa pode ser elevada até o triplo.

Errado.
Conforme o art. 33 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se refere
o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de.1940,
pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada.

Questão 8 (2010/ESAF/SMF-RJ/FISCAL DE RENDAS) Salazar, rico comerciante, apresenta


documentação falsa junto à Caixa Econômica Federal com a finalidade de obter financiamen-
to para a aquisição de apartamento em programa federal que privilegia as pessoas de baixa

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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renda que não possuem imóveis próprios. Assim, Salazar apresenta certidão falsa de que não
possui outro imóvel. Também, na mesma oportunidade, apresenta contracheque falso que in-
dica ter renda de dois salários-mínimos. À luz do previsto nos Crimes contra o Sistema Finan-
ceiro Nacional e nos Crimes contra o Patrimônio, julgue os itens abaixo assinalando o correto.
I – Salazar ao obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira comete cri-
me previsto na Lei n. 7.492/1986 (Lei dos Crimes do Colarinho Branco);
II – Salazar comete o crime de furto mediante fraude;
III – Salazar comete o crime de estelionato;
IV – Salazar comete o crime de apropriação indébita.

a) Todos estão corretos.


b) I e IV estão corretos.
c) Somente I está correto.
d) I e III estão corretos.
e) III e IV estão corretos.

Letra c.
O item I está correto, conforme artigo 19 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de
instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

Questão 9 (2009/CESPE/CEBRASPE/PC-RN/DELEGADO DE POLÍCIA) Paulo e Pedro, am-


bos funcionários públicos, em coautoria, retardaram, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Com base nessa
situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Paulo e Pedro praticaram o delito de prevaricação.
b) Os objetos jurídicos do delito praticado são a credibilidade do sistema financeiro e a pro-
teção ao investidor.
c) O delito em espécie pode ser punido tanto na forma culposa como na dolosa.

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d) No delito em questão, se Paulo, em confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou


judicial toda a trama delituosa, terá a sua pena reduzida pela metade.
e) A ação penal, no crime em comento, será promovida pelo MP estadual, perante a justiça
estadual.

Letra b.
a) Errada. O delito descrito está tipificado no artigo 23 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preserva-
ção dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

b) Certa. Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 7.492/1986 estão corretos.


c) Errada. Na Lei n. 7.492/1986, não há previsão de crimes culposos.
d) Errada. Paulo teria sua pena reduzida de um a dois terços, conforme o § 2º do art. 25 da Lei
n. 7.492/1986:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

e) Errada. Conforme art. 26 da Lei n. 7.492/1986, a ação penal é promovida pelo Ministério
Público Federal, perante a Justiça Federal:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

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Questão 10 (2007/FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/ AUDITOR-FISCAL DO MUNICÍPIO)


Nos crimes contra o sistema financeiro, a ação penal pode ser pública ou privada.

Errado.
Conforme o art. 26 da Lei n. 7.492/1986, é ação penal pública, só o Ministério Público pode
propor:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

Questão 11 (2010/CESPE/CEBRASPE/MPU/ANALISTA PROCESSUAL) Julgue os próximos


itens, relativos a direito penal.
No que diz respeito à responsabilidade penal nos crimes contra o sistema financeiro, a legis-
lação de regência prevê sistema próprio de responsabilização para os agentes controladores,
administradores, diretores e gerentes de instituição financeira e, divergindo do sistema do
Código Penal, impõe-lhes responsabilidade objetiva.

Errado.
Não há responsabilização objetiva na Lei n. 7.492/1986. É preciso comprovar o dolo.

Questão 12 (2010/CESGRANRIO/BNDES/ADVOGADO) Tício obtém, mediante fraude, crédito


vinculado a leasing financeiro, sendo denunciado pelo Ministério Público como incurso nas
penas do art. 19, da Lei n. 7.492/1986, que regulamenta os crimes contra o Sistema Financei-
ro Nacional. Alega que inexistiu crime uma vez que o Banco não teria natureza pública. Diante
de tal quadro, conclui-se que
a) a obtenção de crédito fraudulentamente, mediante leasing, não caracteriza crime contra o
Sistema Financeiro Nacional.

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b) a pena cominada é a mesma, seja em instituição privada ou pública, em fatos dessa natu-
reza.
c) a origem da instituição, quer pública ou privada, é irrelevante para tipificar o crime descrito.
d) o crime descrito implica a necessidade de que recursos públicos estejam envolvidos para
ser tipificado.
e) somente os mútuos bancários, em sentido estrito, caracterizam o delito em foco.

Letra c.
a) Errada. A obtenção de crédito fraudulentamente está tipificada no art. 19 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
(…)

b) Errada. Conforme o parágrafo único do art. 19 da Lei n. 7.492/1986, a pena é aumentada de


1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela
credenciada para o repasse de financiamento.

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de
instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

c) Certa. Conforme o caput do art. 1º da Lei n. 7.492/1986, tanto a instituição pública quanto
a privada são sujeitos ativos:

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.

d) Errada. Nesse caso haveria uma causa de aumento da pena, conforme o parágrafo único do
art. 19 da Lei n. 7.492/1986.
e) Errada. Por exemplo, o leasing.

Questão 13 (2010/CESPE/CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) A respeito das


leis penais especiais, julgue os itens a seguir.

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No que tange aos crimes contra o sistema financeiro, para a divulgação de informação falsa
ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira, está prevista a modalidade cul-
posa.

Errado.
Na Lei n. 7.492/1986, não existem modalidades culposas de delitos.

Questão 14 (2004/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE FEDERAL DA POLÍCIA


FEDERAL/NACIONAL) Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.
Sabrina recebeu, de fonte anônima, um e-mail indicando que um determinado banco privado
estava prestes a falir e que as pessoas que não retirassem seu dinheiro imediatamente cor-
reriam o risco de sofrer sérios prejuízos. Temendo que fosse verdadeira a notícia, ela reenviou
essa mensagem a todos os seus contatos. Porém, foi logo demonstrado que a informação era
absolutamente falsa. Nessa situação, Sabrina cometeu o crime de divulgação de informação
falsa sobre instituição financeira.

Errado.
O delito em questão está previsto no art. 3º da Lei n. 7.492/1986. Porém, Sabrina não agiu
com dolo e a lei não pune modalidades culposas:

Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Questão 15 (2010/CESPE/CEBRASPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL) Acerca dos crimes


contra o Sistema Financeiro Nacional e contra a organização do trabalho, julgue os seguintes
itens.
O crime de gestão fraudulenta é classificado como crime próprio, formal e de perigo concreto,
tendo como elemento subjetivo apenas o dolo, não havendo a forma culposa.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Certo.
O delito de gestão fraudulenta está previsto no art. 4º, caput, da Lei n. 7.492/1986, que é espé-
cie de delito de mão própria (art. 25 da Lei), formal e de perigo concreto (dependente de prova
da potencialidade lesiva). Nenhum delito previsto nesta lei existe na modalidade culposa.

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa
(…)
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 16 (2009/FGV/TJ-PA/JUIZ) Anísio Estélio enviou valores para o estrangeiro com


o fim específico de se furtar ao pagamento do imposto devido. Antes da denúncia, efetuou o
pagamento do tributo. O Ministério Público o denuncia pelo crime de evasão de divisas. Nesse
caso:
a) aplica-se o princípio da consunção e extingue-se a punibilidade.
b) o crime meio (evasão de divisas) é absorvido pelo crime fim (sonegação), sendo extinta a
punibilidade pelo pagamento.
c) aplica-se a analogia in bonam partem, uma vez que, embora os crimes tenham natureza
diversa, um absorve o outro.
d) há concurso formal, heterogêneo, de crimes, aplicando-se a pena mais grave, acrescida de
1/6.
e) há concurso material, sendo um delito contra a Ordem Financeira Nacional e outro contra a
Ordem Tributária e o primeiro será punido.

Letra e.
Segue julgado:

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EMENTA: Ação penal. Denúncia. Evasão fiscal. Imputação do crime previsto no art. 22,
§ único, da Lei n. 7.492/1986. Pagamento espontâneo dos tributos no curso do inqué-
rito. Extinção da punibilidade do delito tipificado no art. 1º da Lei n. 8.137/90. Reco-
nhecimento antes da denúncia. Trancamento da ação penal. Inadmissibilidade. Rela-
ção de meio a fim entre os delitos. Inexistência. Absorção do crime objeto da denúncia
pelo de sonegação fiscal. Inadmissibilidade. Inaplicabilidade do princípio da consunção.
Caso teórico de concurso real de crimes. HC denegado. Quem envia, ilicitamente, valo-
res ao exterior, sonegando pagamento de imposto sobre a operação, incorre, em tese,
em concurso material ou real de crimes, de modo que extinção da punibilidade do delito
de sonegação não descaracteriza nem apaga o de evasão de divisas. (HC 87208, Rela-
tor(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 23/09/2008, DJe-211 DIVULG
06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-02 PP-00348 RTJ VOL-00208-03
PP-01093 RT v. 98, n. 881, 2009, p. 505-509)

Questão 17 (2010/CESGRANRIO/BACEN/ANALISTA DO BANCO CENTRAL) Uma instituição


financeira fiscalizada pelo Banco Central do Brasil foi vítima de informações falsas sobre seu
estado de liquidez, por meio de remessa de cartas e de mensagens eletrônicas para diversos
meios de comunicação. Após descoberto o autor do crime, foi instaurado inquérito policial
que concluiu por seu indiciamento, sendo oferecida denúncia pelo
Ministério Público, recebida pelo Juiz. O autor do ilícito veio a ser condenado pela caracteri-
zação de crime contra o sistema financeiro nacional. Com base nesses dados, afirma-se que
I – o crime praticado foi de gestão fraudulenta;
II – a hipótese descrita não está tipificada na lei especial;
III – há responsabilidade penal objetiva do autor;
IV – o delito caracterizado foi de divulgação de informação falsa;
V – o crime em tela somente pode ocorrer mediante apresentação de queixa. É(São) cor-
reta(s) APENAS a(s) afirmação(ões)

a) IV.
b) I e III.

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c) III e V.
d) IV e V.
e) I, II e III.

Letra a.
Item I: o crime praticado foi de divulgação de informação falsa ou prejudicialmente incomple-
ta sobre instituição financeira, nos termos do art. 3º da Lei n. 7.492/1986.

Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Item II: está tipificada no art. 3º da Lei n. 7.492/1986.


Item III: não há responsabilização objetiva. É necessário comprovar o dolo.
Item IV: está correta, conforme já exposto.
Item V: é crime de ação penal pública.

Questão 18 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
Nos crimes contra o sistema financeiro, não é admitida a delação premiada como forma de
redução de pena.

Errado.
É admitida a delação premiada, conforme o § 2º do artigo 25 da Lei n. 7.492/1986.

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 19 (2009/FUNIVERSA/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA) Importante atuação da Polícia


judiciária deve ser a boa atuação no processamento dos crimes contra o sistema financeiro
nacional. Acerca da Lei n. 7.492/1986, assinale a alternativa correta.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho

a) Foi ela apelidada de lei da lavagem de dinheiro.


b) Para a configuração dos tipos culposos ali previstos, faz-se necessário provar a negligên-
cia, imperícia ou imprudência do agente.
c) Se Aristóteles empresta suas economias a juro abusivo, é dever da autoridade policial que
disso tomar conhecimento tomar as providências penais cabíveis com base na referida lei.
d) A ação penal decorrente da aplicação da referida lei é de exclusiva competência do Minis-
tério Público Federal, perante o juízo federal.
e) Nos crimes decorrentes da referida lei, não é lícita a concessão de fiança.

Letra d.
a) Errada. Ela foi apelidada de “Lei do Colarinho Branco”. A Lei de Lavagem de Dinheiro é a Lei
n. 9.613/1998.
b) Errada. Não há previsão de crimes culposos na lei.
c) Errada. Não. Vejamos os artigos 26 e 27 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Pro-
curador Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do MP para oferecê-la ou
determine o arquivamento das peças de informação recebidas.

d) Certa. Conforme arts. 26 e 27 da Lei n. 7.492/1986, está correta. Porém, algumas divergên-
cias surgiram quanto à expressão “exclusiva”, considerando o que dispõe o art. 27. A banca,
no entanto, considerou esta alternativa correta.
e) Errada. A alternativa está nos termos do artigo 31. Este artigo, no entanto, foi considerado
inconstitucional, conforme indicado no resumo da aula. No ano de aplicação do concurso,
porém, ainda não havia sido considerado inconstitucional.

Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar
fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se
estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.

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Questão 20 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:
Quando tais crimes forem cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que,
por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama deli-
tuosa, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Certo.
Embora o crime de quadrilha tenha sido alterado pela Lei n. 12.850/2013, passando agora a
chamar-se associação criminosa, conforme artigo 288 do Código Penal, o cerne da questão
diz respeito às consequências da delação premiada nos crimes contra o sistema financeiro
nacional. Nos termos do art. 25, § 2º, da Lei n. 7.492/1986, a alternativa está correta.

Código Penal: Associação Criminosa


Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Reda-
ção dada pela Lei n. 12.850, de 2013) (Vigência)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei n. 12.850, de 2013) (Vigência)
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a parti-
cipação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei n. 12.850, de 2013) (Vigência)
Lei n. 7.492/1986
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 21 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) Art. 27-E. Atuar, ain-


da que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do
sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo
de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário, ou
exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado
ou registrado junto à autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regu-
lamento.

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Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Lei n. 6.385/1976. Artigo incluído
pela Lei n. 10.303/2001.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante decla-
ração (vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou
de câmbio:
Pena – Reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Lei n. 7.492/1986.
Considerando as disposições normativas relativas aos crimes contra o mercado de capitais e
contra o SFN, especialmente aquelas transcritas acima, analise:
O STF entende que o art. 16 da Lei n. 7.492/1986 foi revogado pelo art. 27-E da Lei n.
6.385/1976, com a redação da Lei n.o 10.303/2001, uma vez que esses tipos penais possuem
a mesma objetividade jurídica, e deve incidir, no caso, o princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica.

Errado.
A Lei n. 6.385/1976 dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Va-
lores Mobiliários. Em momento algum, colidiu com a Lei n. 7.492/1986.

Questão 22 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) Os prazos prescricio-


nais para os delitos contra o SFN são regulados pelo CP, aplicável subsidiariamente, uma vez
que a Lei n. 7.492/1986 não trata do assunto.

Certo.
Quando lei específica não dispõe acerca de determinado tema, aplica-se subsidiariamente o
disposto no Código Penal.

Questão 23 (2009/CESPE/CEBRASPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) A jurisprudência do


STF é de que o delito contra o SFN não deve ser processado e julgado pela justiça federal,
quando o prejuízo decorrente for suportado exclusivamente por empresa financeira privada.

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Errado.
Na época da questão, ano de 2009, o STF decidia assim:

EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O SIS-


TEMA FINANCEIRO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INCISO VI DO ART. 109 DA
CF. ORDEM DENEGADA. 1. A competência da Justiça Federal para julgar crimes contra
o sistema financeiro nacional tem assento constitucional. A alegação de que o preju-
ízo decorrente do delito foi suportado exclusivamente por instituição financeira privada
não afasta tal regra constitucional. Interesse da União na segurança e na confiabili-
dade do sistema financeiro nacional. (…) (HC 93733, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,
Primeira Turma, julgado em 17/06/2008, DJe-064 DIVULG 02-04-2009 PUBLIC 03-04-
2009 EMENT VOL-02355-02 PP-00366 RTJ VOL-00211– PP-00362)

Em 2010, o STF decidiu o oposto:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CRIME CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. LEI N. 7.492/1986. INTERESSE DA UNIÃO. COMPE-
TÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ARTIGO 109, VI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. Com-
pete à Justiça Federal processar e julgar os crimes previstos no artigo 26 da Lei n.
7.492/1986. O prejuízo não se restringiu aos particulares, mas atingiu também o Sis-
tema Financeiro Nacional, o que atrai a competência da Justiça Federal [artigo 109, VI,
da Constituição do Brasil]. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
(RE 603463 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 27/04/2010,
DJe-091 DIVULG 20-05-2010 PUBLIC 21-05-2010 EMENT VOL-02402-07 PP-01473)

Portanto, deve-se ficar atento(a) aos novos posicionamentos.

Questão 24 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:

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Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o prejudicado poderá representar perante
o Corregedor Geral da Justiça Federal para que determine ao órgão ministerial as providên-
cias cabíveis.

Errado.
Está errado, nos termos do art. 27 da Lei n. 7.492/1986, que prevê:

Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procura-
dor-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.

Questão 25 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com base


na Lei n. 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional admite
coautoria ou participação, e, se ocorrer confissão espontânea que revele toda a trama delitu-
osa, será concedido o perdão judicial da pena.

Errado.
Conforme o art. 25, § 2º, da Lei, a pena será reduzida de um a dois terços.

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 26 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
Constitui crime manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida
pela legislação.

Certo.
É o que prevê o artigo 11 da Lei n. 7.492/1986:

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Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legis-
lação:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Questão 27 (2018/TRF 2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Para fins de aplicação das


normas penais contidas na Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986, denominada Lei dos Crimes
de Colarinho Branco, considera-se instituição financeira:
a) Apenas a pessoa jurídica de direito privado que desempenhe atividade financeira bancária,
de captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros seus ou de terceiros, em
moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermedia-
ção, ou administração de valores mobiliários.
b) Apenas a pessoa jurídica de direito público que desempenhe atividade financeira bancá-
ria de captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação, ou
administração de valores mobiliários.
c) A pessoa jurídica de direito público ou privado que tenha como atividade principal ou aces-
sória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos finan-
ceiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,
negociação, intermediação, ou administração de valores mobiliários.
d) A pessoa jurídica de direito privado que tenha como atividade principal, e a pessoa jurídica
de direito púbico que tenha como atividade acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros em geral, em moeda nacional ou estran-
geira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação, ou administração de
valores mobiliários.
e) A pessoa jurídica de direito público ou privado que tenha como atividade principal ou aces-
sória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financei-
ros seus ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribui-
ção, negociação, intermediação, ou administração de valores mobiliários.

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Letra c.
A alternativa C está de acordo com o previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 7.492/1986.

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.

Questão 28 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, analise a afirmação:
Nos crimes apenados com reclusão, contra o Sistema Financeiro Nacional, o réu poderá pres-
tar fiança e apelar em liberdade, desde que primário e de bons antecedentes, estando ou não
configurada situação justificadora de prisão preventiva.

Errado.
A questão está errada, conforme prevê o art. 31 da Lei n. 7.492/1986:

Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança,
nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver
configurada situação que autoriza a prisão preventiva.

Questão 29 (2018/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Acerca de execução penal, de crimes de abuso de autoridade, de crimes contra a criança e o
adolescente e de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, julgue o item que se segue.
Em se tratando de crimes praticados por administrador ou gestor de pessoa jurídica de direi-
to privado contra o Sistema Financeiro Nacional, a ação penal se processa mediante queixa
oferecida pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários.

Errado.
Está errada conforme artigo 26, caput, c/c artigo 28, caput, ambos da Lei n. 7.492/1986:

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Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá in-
formar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do
fato.

Questão 30 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com base


na Lei n. 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional admite
coautoria ou participação, e, se ocorrer confissão espontânea que revele toda a trama delitu-
osa, a pena será reduzida de um a dois terços.

Certo.
Está de acordo com o § 2º do artigo 25 da Lei.:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 31 (2018/CESPE/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Julgue o item que se segue, relativos a execução penal, desarmamento, abuso de autoridade
e evasão de dívidas.
Segundo entendimento do STF, a configuração do crime de evasão de divisas pressupõe a
saída física de moeda nacional ou estrangeira do território nacional sem o conhecimento da
Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil.

Errado.
O artigo 22 da Lei n. 7.492/1986 tipifica o delito de evasão de divisas:

Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente.

Conforme o STF,

EVASÃO DE DIVISAS (ART. 22, PARÁGRAFO ÚNICO, PRIMEIRA PARTE, DA LEI N.


7.492/1986). PROMOÇÃO DE OPERAÇÕES ILEGAIS DE SAÍDA DE MOEDA OU DIVISAS
PARA O EXTERIOR. PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO. No período de 21.02.2003 a
02.01.2004, membros do denominado “núcleo publicitário” ou “operacional” realizaram,
sem autorização legal, por meio do grupo Rural e de doleiros, cinquenta e três depósi-
tos em conta mantida no exterior. Desses depósitos, vinte e quatro se deram por meio
do conglomerado Rural, cujos principais dirigentes à época se valeram, inclusive, de
offshore sediada nas Ilhas Cayman (Trade Link Bank), que também integra, clandestina-
mente, o grupo Rural, conforme apontado pelo Banco Central do Brasil. A materialização
do delito de evasão de divisas prescinde da saída física de moeda do território nacional.
Por conseguinte, mesmo aceitando-se a alegação de que os depósitos em conta no
exterior teriam sido feitos mediante as chamadas operações “dólar-cabo”, aquele que
efetua pagamento em reais no Brasil, com o objetivo de disponibilizar, por meio do outro
que recebeu tal pagamento, o respectivo montante em moeda estrangeira no exterior,
também incorre no ilícito de evasão de divisas. Caracterização do crime previsto no art.
22, parágrafo único, primeira parte, da Lei n. 7.492/1986, que tipifica a conduta daquele
que, “a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para
o exterior. (AP 470, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em
17/12/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-074 DIVULG 19-04-2013 PUBLIC 22-04-2013
RTJ VOL-00225-01 PP-00011)

Questão 32 (2018/VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Considerando a legislação


acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), analise a alternativa.
Considera-se crime imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação,
ainda que com autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro docu-
mento representativo de título ou valor mobiliário.

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Errado.
O crime prevê que as condutas sejam praticadas sem autorização, conforme o caput do artigo
2º da Lei n. 7.492/1986.

Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.

Questão 33 (2018/CESGRANRIO/TRANSPETRO/ADVOGADO JÚNIOR) De acordo com a Lei


n. 7.492/1986, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina
e à fiscalização da CVM, essa autarquia poderá requerer, no processo, o seu ingresso como
a) assistente
b) chamado
c) interveniente
d) litisconsorte
e) nomeado

Letra a.
É o que dispõe o artigo 26, parágrafo único da Lei:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

Questão 34 (2013/VUNESP/COREN-SP/ADVOGADO) De acordo com a Lei n. 7.492, de 16 de


junho de 1986, assinale a alternativa correta.
a) Constitui crime, independentemente do valor, a manutenção no exterior de depósitos não
declarados à repartição federal competente.

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b) Para fins de responsabilidade penal, equiparam-se aos administradores de instituição fi-


nanceira o interventor, o liquidante, o síndico, os diretores e os sócios da pessoa jurídica.
c) Equipara-se, nos termos da Lei, às instituições financeiras a pessoa física que exerça, ainda
que de modo eventual, quaisquer de suas atividades típicas, tais como a captação ou inter-
mediação de recursos financeiros de terceiros.
d) Os crimes previstos na Lei são de competência da Justiça Estadual, definindo-se a compe-
tência territorial pelo local onde a instituição financeira mantém a sua sede ou matriz.
e) Na hipótese de crimes cometidos em concurso de pessoas, o coautor ou partícipe, que por
meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial toda a trama delituosa, terá reco-
nhecida a extinção de sua punibilidade.

Letra c.
A alternativa C está de acordo com o art. 1º, parágrafo único, inciso II, da Lei:

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qual-
quer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de for-
ma eventual.

Questão 35 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com base


na Lei n. 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional inadmite
confissão espontânea perante autoridade policial.

Errado.
Conforme o § 2º do artigo 25, é cabível a confissão espontânea:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
(…)

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe
que por meio de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delitu-
osa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)

Questão 36 (2016/CESPE/CEBRASPE/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acor-


do com a Lei n. 7.492/1986, o indivíduo que gerir fraudulentamente determinada instituição
financeira cometerá crime cuja ação penal será promovida pelo MPF.

Certo.
Conforme artigo 26 da Lei n. 7.492/1986,

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.

Questão 37 (2014/VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP/AUDITOR-FIS-


CAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) Gerir fraudulentamente e gerir temerariamente instituição fi-
nanceira trata-se de
a) condutas criminosas, sendo que a primeira é punida mais gravemente do que a segunda.
b) condutas delituosas, sendo que a primeira é punida mais brandamente que a segunda.
c) infrações penais, punidas exclusivamente com multa.
d) ilícitos penais, punidos exatamente com a mesma pena.
e) ilícitos administrativos que não geram responsabilidade penal.

Letra a.
É o que prevê o art. 4º e seu parágrafo único da Lei n. 7.492/1986. Vejamos:

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Questão 38 (2015/VUNESP/PC-CE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE) O crime de


“obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira” (art. 19 da Lei n 7.492/1986)
tem pena aumentada de 1/3 se cometido

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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a) em momento de grave recessão.


b) por agente público.
c) em detrimento de instituição financeira oficial.
d) com intuito de causar risco sistêmico.
e) por intermédio de pessoa jurídica.

Letra c.
É o que dispõe o art. 19, parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986: “A pena é aumentada de 1/3
(um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela
credenciada para o repasse de financiamento”.

Questão 39 (2014/CETRO/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR-FISCAL MUNICIPAL/


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Sobre os crimes contra o Sistema Financeiro, marque V para
verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência
correta.
 (  ) Os administradores e síndicos judicialmente nomeados, bem como os interventores e
liquidantes nomeados pelo Banco Central podem ser equiparados aos administradores
de instituição financeira para efeito de responsabilidade penal.
 (  ) A violação de sigilo bancário está regulada, primordialmente, pela Lei n. 7.492/1986 que
define os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
 (  ) A competência para julgar crimes relacionados ao Sistema Financeiro Nacional é da
Justiça Federal, podendo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central do
Brasil (Bacen) serem admitidos como assistentes no processo judicial.
 (  ) O bem jurídico a ser tutelado na legislação referente a crimes contra o sistema finan-
ceiro nacional é o patrimônio das instituições e investidores afetados.
a) F/ V/ V/ F
b) F/ V/ F/ F
c) V/ F/ F/ V
d) V/ F/ V/ F

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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e) V/ V/ F/ V

Letra d.
1ª alternativa: verdadeira, conforme o § 1º do art. 25 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidan-
te ou o síndico.

2ª alternativa: falsa. A violação de sigilo bancário está prevista na Lei Complementar n.


105/2001:

Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e ser-
viços prestados.

3ª alternativa: verdadeira, conforme art. 26 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

4ª alternativa: falsa. O bem jurídico protegido é o sistema financeiro nacional. O patrimônio da


instituição financeira e dos investidores pode ser atingido reflexamente, sem que seja crime
contra o sistema financeiro.

Questão 40 (2014/VUNESP/DESENVOLVESP/ADVOGADO) Nos termos do art. 26, da Lei n.


7.492/1986, os crimes lá definidos serão de competência da
a) Justiça Federal, sempre.
b) Justiça Estadual, sempre.
c) Justiça Federal ou da Justiça Estadual, definindo-se a questão pela regra da prevenção.
d) Justiça Federal ou da Justiça Estadual, definindo-se a questão pela regra intuito personae.
e) Justiça Estadual, como regra, mas da Justiça Federal caso se trate de delito transnacional.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Letra a.
É o que dispõe o artigo 26 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Fede-
ral, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

Questão 41 (2013/CESPE/CEBRASPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL) Acerca da legislação


penal especial e dos crimes contra a administração pública e contra a fé pública, julgue os
itens subsequentes.
Aquele que fizer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação em demons-
trativos contábeis de instituição financeira cometerá o delito de falsidade ideológica.

Errado.
O crime de falsidade ideológica está tipificado no artigo 299 do Código Penal:

Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

Já a conduta da alternativa está tipificada no artigo 10 da Lei n. 7.492/1986:

Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Questão 42 (2006/CESPE/CEBRASPE/CAIXA/ADVOGADO) Acerca dos crimes contra a ad-


ministração pública, dos crimes contra o sistema financeiro nacional e dos crimes de lavagem
de dinheiro, julgue os itens a seguir.
Todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são próprios, uma vez que somente
podem ser praticados pelo controlador e pelos administradores da instituição financeira, ou
seja, diretores e gerentes.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Errado.
Nem todos os crimes da Lei são próprios. O delito do artigo 2º, que trata de fabricação não
autorizada de papel representativo de valor mobiliário, por exemplo, pode ser praticado por
qualquer pessoa, sendo crime comum.

Questão 43 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Parte da doutrina classifica-os como crimes habituais impróprios ou acidentalmente habitu-
ais, nos quais uma única ação no sentido de gerir fraudulenta ou temerariamente tem relevân-
cia para consubstanciar o tipo, embora sua reiteração não configure pluralidade de crimes.
Apesar da existência de jurisprudência em sentido inverso, a maior parte dos julgados, tanto
do STJ quanto do STF, corroboram esta assertiva.

Certo.
Vejamos a posição do STJ:

GESTÃO TEMERÁRIA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. TRANCAMENTO. AÇÃO PENAL.


Na espécie, a ora paciente, integrante de diretoria colegiada de instituição financeira, foi
denunciada por gestão temerária em razão da falta de prudência no processamento de
operação de mútuo concedido à empresa construtora. A Turma, ao prosseguir o julga-
mento, concedeu a ordem para trancar a ação penal, por entender que, para a consuma-
ção do crime descrito no art. 4º, parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 (gestão temerária),
exige-se uma sequência de atos na direção da empresa, não bastando um fato isolado
no tempo. É necessária a habitualidade para que se legitime a denúncia pelo crime men-
cionado. Ademais, no caso, a conduta não revela temeridade, mas os riscos próprios da
atividade financeira, o que afasta o elemento subjetivo (dolo eventual). HC 97.357-GO,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/9/2010 (ver Informativo n. 448).

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Questão 44 44. (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes


tipificados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa
abaixo.
Parte da doutrina considera que o elemento normativo jurídico temerária, contido no pará-
grafo único, do art. 4º, não ofende o princípio constitucional da legalidade, na vertente da
taxatividade, sendo, a temeridade, associada à gestão altamente afoita, arrojada ou arriscada.
Contudo, a jurisprudência do STJ e do STF tem sido no sentido do reconhecimento da sua
inconstitucionalidade, em razão do seu caráter vago e indeterminado.

Errado.
Discutiu-se a constitucionalidade dos tipos do art. 4º, ao argumento que seriam excessiva-
mente abertos. Conforme José Paulo de Baltazar Júnior, não há inconstitucionalidade, uma
vez que certa indeterminação é própria da linguagem, não havendo, no tipo em questão, ofen-
sa ao princípio da legalidade estrita ou taxatividade.

Questão 45 (2016/CESPE/CEBRASPE/PG-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acor-


do com a Lei n. 7.492/1986, o indivíduo que gerir fraudulentamente determinada instituição
financeira responderá por crime, ainda que tenha agido culposamente.

Errado.
O elemento subjetivo é o dolo. Não há previsão de tipo culposo na lei.

Questão 46 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Consoante doutrina e jurisprudência majoritária, a redação do art. 4º e seu parágrafo único,
ao retirar a previsão, contida na lei anterior, de as condutas acarretarem falência ou insol-
vência da instituição financeira, ou prejuízos aos investidores, transformou-os em crimes de
dano, no caso de gestão fraudulenta, e de perigo abstrato, no caso de gestão temerária, tendo
em conta o bem jurídico Sistema Financeiro Nacional.

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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Errado.
Conforme José Paulo de Baltazar Júnior, são delitos de perigo, sendo desnecessária a efetiva
ocorrência do dano ou outro resultado material externo à conduta do agente para sua consu-
mação.

Questão 47 (2016/CESPE/CEBRASPE/PG-GO/AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acor-


do com a Lei n. 7.492/1986, o indivíduo que gerir fraudulentamente determinada instituição
financeira terá sua pena aumentada de um terço, se a gestão tiver sido temerária.

Errado.
Conforme o parágrafo único do art. 4º da Lei, se ocorrer gestão temerária, a pena é de reclu-
são de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa:

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:


Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Questão 48 (2013/PGR/PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA) Com relação aos crimes tipifi-


cados no art. 4º, caput e seu parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986 julgue a afirmativa abaixo.
Com relação ao sujeito ativo, cuidam-se de crimes próprios, sendo penalmente responsáveis
o controlador e o administrador de instituição financeira, assim considerados os diretores e
os gerentes. Não obstante, a jurisprudência do STJ e do STF é pacífica no sentido de excluir
daquele rol os gerentes de agências bancárias, pois os atos de gestão que lhes incumbe rea-
lizar não têm aptidão para ofender o Sistema Financeiro Nacional.

Errado.
O posicionamento do STJ é no sentido de considerar gerentes de agências bancárias sujeitos
ativos dos crimes de gestão fraudulenta e gestão temerária. Vejamos:

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PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA O SISTEMA


FINANCEIRO. ART. 25 DA LEI N. 7.492/1986. GESTÃO FRAUDULENTA E GESTÃO TEME-
RÁRIA. GERENTES DE AGÊNCIA BANCÁRIA. SUJEITO ATIVO.
POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PODER DE GESTÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIO-
NAMENTO. ABSOLVIÇÃO PELA PRÁTICA DO DELITO TIPIFICADO NO ART. 22 DA LEI N.
7.492/1986. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL ANTE O RECONHECIMENTO DA PRES-
CRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte é pela possibilidade de gerentes de agên-
cia bancária serem sujeitos ativos dos delitos de gestão fraudulenta e de gestão teme-
rária, desde que na análise do caso concreto esteja configurada a atuação com uso de
poderes próprios de gestão.
2. Carece de prequestionamento a tese de ausência de poder de gestão para configura-
ção do delito do art. 4º da Lei n. 7.492/1986, embora tenha constado do voto vencido,
conforme Súmula 320 do Superior Tribunal de Justiça – STJ.
3. O pleito absolutório carece de interesse recursal, porquanto o reconhecimento da
prescrição da pretensão punitiva pelo Tribunal de origem se equipara ao acolhimento da
absolvição no que diz respeito aos efeitos da condenação. Precedentes.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1374090/PR, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, jul-
gado em 07/08/2018, DJe 15/08/2018)

Questão 49 (2019/FCC/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Quanto à aplicação e


ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro Nacio-
nal, é analise a afirmação:
O órgão do Ministério Público poderá requerer ao juiz da causa que requisite quaisquer infor-
mações, documentos ou diligências para subsidiar as provas dos crimes investigados, sendo
defeso fazê-lo diretamente.

Errado.
Conforme o artigo 29 da Lei n. 7.492/1986, o órgão do Ministério Público Federal, sempre que
julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou dili-
gência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei:

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Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos
nesta lei.
Parágrafo único. O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice
ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.

Questão 50 (2007/FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR-FISCAL DO MUNICÍPIO)


Nos crimes contra o sistema financeiro são considerados sujeitos ativos os controladores e
os administradores da instituição financeira, excluídos os diretores e os gerentes.

Errado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 1 vol. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

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