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PENAL ESPECIAL
Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
Fábio Roque e Flávia Araújo
Sumário
Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha............................................................................................................3
Apresentação......................................................................................................................................................................3
1. Disposições Preliminares sobre a Lei Maria da Penha (Art. 1º ao 4º)...........................................3
1.1. Breve Histórico da Lei Maria da Penha. ........................................................................................................3
1.2. Sujeito Passivo da Lei Maria da Penha. .......................................................................................................5
1.3. Sujeito Ativo da Lei Maria da Penha. .............................................................................................................7
2. Da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Art. 5º e 6º da Lei 11.340/06)...........9
2.1. Definição de “Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” e Âmbito de
Incidência da Lei Maria da Penha (Art. 5º).........................................................................................................9
2.2. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e Violação aos Direitos Humanos
(Art. 6º).................................................................................................................................................................................13
2.3 Das Formas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Art. 7º)............................14
3. Da Assistência à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Art. 8º e 9º).15
4. Do Atendimento pela Autoridade Policial (Art. 10 a 12-C). ................................................................18
4.1. Atendimento Policial e Pericial (Art. 10-A, caput)..............................................................................21
4.2. Procedimentos Adotados, pela Autoridade Policial, após a Realização do Registro
de Ocorrência (Art. 12).. ...............................................................................................................................................22
4.3. Criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams),
de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de Equipes Especializadas para o
Atendimento e a Investigação das Violências Graves contra a Mulher (Art. 12-A)................ 24
4.4. Afastado do Lar, Domicílio ou Local de Convivência com a Ofendida (Art. 12-C)............ 24
5. Dos Procedimentos (Art. 13 ao 28). . ...............................................................................................................26
5.1. Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.....................................................26
5.2. Retratação da Representação nos Crimes de Ação Penal Pública Condicionada
(Art. 16).................................................................................................................................................................................30
5.3. Penas Vedadas pela Lei Maria da Penha (Art.17)..............................................................................32
6. Das Medidas Protetivas de Urgência (Art. 18 ao 24-A)......................................................................34
6.1. Medias Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor (Art. 22)..........................................37
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No caso em apreço, os tribunais brasileiros não chegaram a proferir uma sentença definitiva depois
de 17 anos, e esse atraso vem se aproximando da possível impunidade definitiva por prescrição, com
a consequente impossibilidade de ressarcimento que, de qualquer maneira, seria tardia. A Comissão
considera que as decisões judiciais internas neste caso apresentam uma ineficácia, negligência ou
omissão por parte das autoridades judiciais brasileira e uma demora injustificada no julgamento de
um acusado, bem como põem em risco definitivo a possibilidade de punir o acusado e indenizar a
vítima, pela possível prescrição do delito. Demonstram que o Estado não foi capaz de organizar sua
estrutura para garantir esses direitos. Tudo isso é uma violação independente dos artigos 8 e 25 da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos em relação com o artigo 1 da mesma, e dos artigos
correspondentes da Declaração.1
Art. 1º. Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar.
1
Relatório 54/01, do Caso 12.051, de 20 de agosto de 1998. Disponível em https://www.cidh.oas.org/annual-
rep/2000port/12051.htm Acesso em 22 de fevereiro de 2022.
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Como podemos perceber, a Lei Maria da Penha possui natureza multidisciplinar e tem,
como objetivos:
a) Criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher
b) Dispor sobre a criação de Juizados especializados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher
c) Estabelecer medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar.
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura,
nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sen-
do-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segu-
rança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer,
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres
no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli-
gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo
exercício dos direitos enunciados no caput.
A Lei 11.340/06 traz regramentos para o caso de violência doméstica ou familiar cometi-
do contra mulheres. Ou seja, a mulher é o sujeito passivo protegido pela norma (podendo ser
criança, adulta, idosa, portadora de deficiência etc.)
Portanto, a Lei Maria da Penha não será aplicada a casos de violência doméstica ou fami-
liar praticada contra homens. Sobre o tema, o STJ entendeu que a Lei 11.3406/06 não poderia
ser aplicada ao crime de lesão corporal cometido por filho contra seu pai, idoso.
1. Conquanto se esteja diante de crime em tese praticado no âmbito das relações domés-
ticas e familiares, já que o acusado é filho da vítima, o certo é que esta última é pessoa
do sexo masculino, o que afasta as disposições específicas previstas na Lei 11.340/2006
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– cuja incidência é restrita à violência praticada contra mulher -, notadamente a que dis-
pensa a representação do ofendido para que possa ser iniciada a persecução penal nos
delitos de lesão corporal. (STJ – RHC 51.481/SC, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma,
julgado em 21/10/2014, DJe 29/10/2014).
Em linha de conclusão, o Relator, Min Marco Aurélio afirmou, ainda, que a mulher se en-
contra em posição de vulnerabilidade social. Logo, a Lei Maria da Penha busca a promoção
da isonomia em seu sentido material, tendo, como base, o princípio da proibição de proteção
insuficiente dos direitos fundamentais.
Desta maneira, os tribunais superiores reconhecem a existência de uma desigualdade na
estrutura de poder, em que a mulher se encontra em posição de vulnerabilidade em relação ao
homem, o que justifica a constitucionalidade da Lei 11.340/06.
Sobre este tema, recentemente o STJ entendeu que, nos casos de violência doméstica ou
familiar, a vulnerabilidade da mulher é presumida, não sendo necessária a demonstração espe-
cífica da subjugação feminina para que haja incidência da Lei Maria da Penha.
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(...) 2. Esta Corte Superior entende ser presumida, pela Lei n.11.340/2006, a hipossu-
ficiência e a vulnerabilidade da mulher em contexto de violência doméstica e familiar.
É desnecessária, portanto, a demonstração específica da subjugação feminina para
que seja aplicado o sistema protetivo da Lei Maria da Penha. Isso porque a organiza-
ção social brasileira ainda é fundada em um sistema hierárquico de poder baseado no
gênero, situação que o referido diploma legal busca coibir.
3. Na espécie, deve ser reconhecida a competência do Juizado de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher, tendo em vista que o suposto delito foi cometido dentro do
âmbito da família, por filho contra mãe.4. Agravo regimental não provido. (STJ – AgRg no
RHC 92.825, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca; 6ª Turma. Julgado em 29/09/2021.
Dje em 20/09/2021).
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Portanto, o sujeito ativo, da violência doméstica e familiar praticada contra a mulher, pode-
rá ser de qualquer gênero.
O STJ entendeu que cabia ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
julgar crime de tortura cometido contra criança do sexo feminino, praticado em âmbito domés-
tico. Na hipótese, o sujeito ativo do delito era a tia da vítima.
(...) 4. O delito em tese foi cometido contra criança do sexo feminino com abuso da con-
dição de hipossuficiência, inferioridade física e econômica, pois a violência teria ocorrido
dentro do âmbito doméstico e familiar. As Pacientes – tia e prima da vítima – foram acu-
sadas de torturar vítima que detinham a guarda por decisão judicial. 5. “Sujeito passivo
da violência doméstica, objeto da referida lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o
homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação doméstica,
familiar ou de afetividade.” (CC n. 88.027/MG, Relator Ministro OG FERNANDES, DJ de
18/12/2008) 6. Habeas corpus não conhecido. (STJ – HC 250435/RJ, 5ª Turma, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 19/09/2013.)
Mais recentemente, o STJ entendeu que a Lei 11.340/06 deveria ser aplicada no caso de
violência cometida em âmbito familiar, entre mãe e filha.
É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relações entre mãe
e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da Lei 11.340/2006, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimo-
nial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de coabitação. Da análise do dispositivo citado, infe-
re-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só em
relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que
conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. Nessa mesma linha,
entende a jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem
como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por
uma relação de poder e submissão. (STJ – HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado
em 6/11/2014. Informativo 551).
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O art. 5º da Lei 11.340/06 traz a definição do que devemos entender como violência do-
méstica e familiar contra a mulher, prevendo o âmbito de incidência da Lei Maria da Penha.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Primeiramente, é importante registrarmos que a Lei Maria da Penha não tipifica condutas
(exceto o crime de descumprimento de medidas protetivas). Assim, a Lei 11.340/06 será apli-
cada quando o crime ou contravenção penal, previstos em outros diplomas normativos, se
enquadrar como violência doméstica ou familiar contra a mulher.
Assim, de acordo com o art. 5º, constitui violência doméstica e familiar contra a mulher:
a) Qualquer ação ou omissão, baseada no gênero
b) Que cause: morte, lesão, sofrimento físico, sofrimento sexual, sofrimento psicológico,
dano moral ou dano patrimonial
c) No âmbito: da unidade doméstica; da família ou em qualquer relação íntima de afeto.
Resumindo: será submetida às regras da Lei Maria da Penha, a infração penal (crime ou
contravenção) que seja praticada contra a mulher, de forma comissiva ou omissiva, no âmbito
da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto, e que venha a causar
“morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano material ou patrimonial”.
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Súmula 600 do STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo
5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.
1. (...). 2. A Lei Maria da Penha dispõe que a violência doméstica e familiar contra a
mulher consiste em qualquer ação ou omissão baseada no gênero, que cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. O inciso I do
art. 5º estabelece que a violência doméstica e familiar contra a mulher estará configurada
quando praticada no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica-
mente agregadas. 3. Neste caso, o suposto agressor e a vítima partilhavam, em caráter
diário e permanente, a unidade doméstica onde os fatos teriam ocorrido. Além disso, há
inegável relação hierárquica e hipossuficiência entre a vítima e o suposto agressor, o que
enseja a aplicação do art. 5º, inciso I, da Lei n. 11.340/2003. (...). (STJ – HC: 500314 PE
2019/0083059-1, Relator: Ministro Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma. Julgado
emlivro
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O STJ entendeu que a Lei Maria da Penha seria aplicada nos casos de violência pratica-
da contra empregada doméstica ainda que o sujeito ativo não seja o empregador e não haja
coabitação. No caso em questão, o agressor praticou o crime de violência sexual contra a
empregada doméstica que trabalhava na residência de sua avó. Frise-se que o agente não co-
abitava com a empregadora. O Tribunal entendeu que este autor deverá responder pelo crime
praticado, com base nos regramentos previstos na Lei Maria da Penha, já que esta não exige a
coabitação e nem o vínculo familiar para sua incidência.
b) Âmbito da Família: compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expres-
sa (art. 5º, II).
Como vimos, para que haja aplicação da Lei Maria da Penha não é necessário que o agres-
sor coabite com a vítima (Súmula 600). Portanto, na hipótese de violência contra a mulher
praticada em âmbito familiar, não é necessário que os sujeitos morem juntos.
Apenas como exemplo, o STJ entendeu pela incidência da Lei Maria da Penha no crime de
ameaça cometido por irmão contra a irmã, já que a infração foi cometida no âmbito familiar
(art. 5º, II), embora não houvesse coabitação entre o autor e a vítima.
1. A Lei n.º 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, tem o intuito de proteger a
mulher da violência doméstica e familiar que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, sendo que o crime deve ser cometido
no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. 2.
Na espécie, apurou-se que o Réu foi à casa da vítima para ameaçá-la, ocasião em que
provocou danos em seu carro ao atirar pedras. Após, foi constatado o envio rotineiro de
mensagens pelo telefone celular com o claro intuito de intimidá-la e forçá-la a abrir mão
“do controle financeiro da pensão recebida pela mãe” de ambos. 3. Nesse contexto, inar-
redável concluir pela incidência da Lei n.º 11.343/06, tendo em vista o sofrimento psico-
lógico em tese sofrido por mulher em âmbito familiar, nos termos expressos do art. 5º,
inciso II, da mencionada legislação. (...). (STJ – REsp 1239850/DF. Rel. Min. Rel. Laurita
Vaz, julgado em 16/02/2012).
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Para incidência da Lei Maria da Penha, não é exigida a consanguinidade entre as partes
para que seja considerado o “âmbito de família”. O art. 5º, II prevê que a relação familiar poderá
ocorrer por laços naturais, afinidade ou por vontade expressa.
Assim, é possível a incidência da Lei 11.340/06 no caso de violência praticada pelo genro
contra sua sogra, por exemplo (STJ – RHC 50847/BA). Neste caso, há laços de familiaridade
entre os sujeitos. O mesmo ocorre em relação à violência perpetrada por padrasto contra sua
enteada (STJ – RHC 42092/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/03/2014) etc.
c) Em qualquer relação íntima de afeto: na qual o agressor conviva ou tenha convivido com
a ofendida, independentemente de coabitação (art. 5º, III).
Na relação íntima de afeto o agressor convive ou conviveu com a vítima, sem ter com ela
relação familiar. Não precisa haver coabitação nesta convivência.
Para o STJ, a Lei Maria da Penha será aplicada no caso de violência praticada por ex-namo-
rado, desde que a vítima tenha convivido com o agressor. Por outro lado, a Corte ressalta que
não haverá incidência da Lei 11.340/06 na hipótese de “relacionamento passageiro, fugaz ou
esporádico” já que, neste caso, não há de se falar em “relação íntima de afeto”.
Na espécie, foi lavrado termo circunstanciado para apurar a conduta do réu, suspeito de
ameaçar sua ex-namorada. O juízo de Direito declinou da competência para o juizado
especial, aduzindo que a conduta narrada nos autos não se encontra dentro das perspec-
tivas e finalidades inerentes à Lei da Violência Doméstica. Por sua vez, o juizado especial
criminal entendeu por suscitar conflito perante o Tribunal de Justiça, pois o caso em aná-
lise enquadrar-se-ia na Lei Maria da Penha, e este declinou da competência para o STJ.
A Min. Relatora entendeu que a Lei n. 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, em
seu art. 5º, III, caracteriza como violência doméstica aquela em que o agressor conviva
ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Contudo é neces-
sário salientar que a aplicabilidade da mencionada legislação a relações íntimas de afeto,
como o namoro, deve ser analisada em face do caso concreto. Não se pode ampliar o
termo “relação íntima de afeto” para abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou
esporádico. In casu, verifica-se nexo de causalidade entre a conduta criminosa e a relação
de intimidade existente entre agressor e vítima, que estaria sendo ameaçada de morte
após romper o namoro de quase dois anos, situação apta a atrair a incidência da referida
lei. Assim, a Seção conheceu do conflito para declarar a competência do juízo de Direito.
Precedente citado: CC 90.767-MG, DJe 19/12/2008. CC 100.654-MG, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 25/3/2009. Informativo 388. (grifo nosso)
A relação íntima de afeto entre a vítima e o agressor não precisa, necessariamente, ter na-
tureza amorosa-conjugal. Pense, por exemplo, na hipótese em que o ex-padrasto pratica lesão
corporal contra a ex-enteada. Neste caso, embora não possamos falar que o crime foi pratica-
do no âmbito da relação familiar, seria possível a aplicação da Lei Maria da Penha em razão da
existência
O conteúdo (ainda que
deste livro eletrônico pretérita)
é licenciado de relação
para LILIANE íntima
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SANTOS afeto, prevista
vedada,no
porart. 5º, III.
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Obs.: O art. 5º parágrafo único da Lei 11.340/06 estabelece que “As relações pessoais enun-
ciadas neste artigo independem de orientação sexual.” Sobre o tema, a Jurisprudência
em Teses do STJ assevera que:
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos.
O fato de a violência contra a mulher constituir uma forma de violação dos direitos huma-
nos não significa dizer que a Justiça Federal será a competente para julgar crimes e contraven-
ções relativos a este tema!
Em regra, caberá à Justiça Estadual processar e julgar crimes e contravenções penais su-
jeitos aos regramentos da Lei Maria da Penha. A Justiça Federal só será competente nas hipó-
teses previstas no art. 109 da CF.
No caso de crimes praticados por meio da Internet, a competência estadual permanece
sendo a regra geral. Nestas hipóteses, a Justiça Federal só será competente se ficar compro-
vado que o crime praticado teve caráter de internacionalidade.
Com base neste raciocínio, o STJ admitiu a competência da Justiça Federal para julgar
o crime de ameaça, praticado por ex-namorado por meio da Internet. No caso em questão, o
agressor encontrava-se em território estrangeiro, o que caracterizou o caráter de internaciona-
lidade da conduta do agente, com aplicação do art. 109, V da CF.
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vel crime à distância, tendo em vista que as ameaças foram praticadas nos EUA, mas
a suposta vítima teria tomado conhecimento do seu teor no Brasil. Observe-se que, de
fato, não se tem, propriamente, crime previsto em tratado ou convenção internacional.
Isto porque, embora o Brasil seja signatário de acordos internacionais que asseguram os
direitos das mulheres, tais convenções não descrevem tipos penais. Em outras palavras,
referidas convenções apenas apresentam conceitos e recomendações sobre a erradi-
cação de qualquer forma de discriminação e violência contra as mulheres. Entretanto,
em situação semelhante ao caso concreto, o argumento de ausência de tipificação em
convenção internacional foi derrubado pelo Supremo quando da análise de crimes de
pedofilia na Internet (RE 628.624). Segundo a tese vencedora, o Estatuto da Criança e
do Adolescente é produto de tratado e convenção internacional subscritos pelo Brasil.
Dessarte, à luz do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, embora as con-
venções internacionais firmadas pelo Brasil não tipifiquem ameaças à mulher, a Lei Maria
da Penha, que prevê medidas protetivas, veio concretizar o dever assumido pelo Estado
Brasileiro de proteção à mulher. Assim, é evidente a internacionalidade das ameaças que
tiveram início nos EUA, por meio de rede social de grande alcance, o que resulta na com-
petência da Justiça Federal. (STJ – CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 10/10/2018. Informativo 636)
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Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violên-
cia doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (grifo nosso).
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I – a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com
as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II – a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a pers-
pectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III – o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da famí-
lia, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º, no inciso IV do art. 3º e no inciso IV
do art. 221 da Constituição Federal;
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IV – a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas
Delegacias de Atendimento à Mulher;
V – a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e
familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI – a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de
parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por obje-
tivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII – a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bom-
beiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII – a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito
à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX – o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos
aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica
e familiar contra a mulher.
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica:
I – acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou
indireta;
II – manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por
até seis meses.
III – encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamen-
to da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união
estável perante o juízo competente.
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o aces-
so aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços
de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e ca-
bíveis nos casos de violência sexual.
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano
moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de
saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar,
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas
unidades de saúde que prestarem os serviços.
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§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados
para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas pro-
tetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer
natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar
possibilidade de substituição da pena aplicada
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus
dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para
essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrên-
cia policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso.
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos
conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao
Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público.
O art. 9º, §2º, II da Lei 11.340 estabelece que o juiz assegurará à mulher em situação de
violência doméstica e familiar a manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afas-
tamento do local de trabalho, por até seis meses. O STJ entende que, durante os primeiros 15
dias, o empregador ficará responsável pelo pagamento da empregada afastada. Após este
período, o INSS deverá arcar com a remuneração.
A natureza jurídica do afastamento por até seis meses em razão de violência doméstica
e familiar é de interrupção do contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxí-
lio-doença, devendo a empresa se responsabilizar pelo pagamento dos quinze primei-
ros dias, ficando o restante do período a cargo do INSS. (STJ – REsp 1.757.775-SP, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 20/08/2019, DJe
02/09/2019).
De acordo com o art. 9º, §4º e §5º da Lei Maria da Penha, aquele que causar lesão, violên-
cia física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir
todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), os custos
relativos aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de
violência doméstica e familiar. Os custos com os dispositivos de segurança, destinados ao uso
em caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas amparadas
por medidas protetivas, também deverão ser ressarcidos pelo agressor.
Além destes ressarcimentos, a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher
indenização. Assim, a sentença criminal poderá estipular um valor mínimo de indenização, à
título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida. Este
pedido de condenação por dano moral não precisa especificar a quantia.
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Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é pos-
sível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido
expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e inde-
pendentemente de instrução probatória. (STJ – REsp 1.643.051-MS, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em 28/02/2018, DJe 08/03/2018. Informativo 621).
De acordo com o STJ, a posterior reconciliação entre o agressor e a vítima não afasta a
condenação prevista no art. 387, IV do CPP (consistente na fixação do valor mínimo para repa-
ração dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido).
A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é fundamento suficiente para afas-
tar a necessidade de fixação do valor mínimo previsto no art. 387, inciso IV, do Código de
Processo Penal, seja porque não há previsão legal nesse sentido, seja porque compete à
própria vítima decidir se irá promover a execução ou não do título executivo, sendo vedado
ao Poder Judiciário omitir-se na aplicação da legislação processual penal que determina a
fixação de valor mínimo em favor da vítima (STJ – Resp. 1819504/MS, Rel. Ministra Laurita
Vaz, Sexta Turma, julgado em 10/09/2019, DJe 30/09/2019 – Informativo 657)
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher,
a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
legais cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva
de urgência deferida.
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e
pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores – preferencialmente do sexo feminino
– previamente capacitados.
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de
violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
I – salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condi-
ção peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
II – garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e fami-
liar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
relacionadas;
III – não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbi-
tos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
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§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de
delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento:
I – a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equi-
pamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou
testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida
II – quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência
doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial
III – o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a
mídia integrar o inquérito.
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade poli-
cial deverá, entre outras providências:
I – garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e
ao Poder Judiciário;
II – encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III – fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando
houver risco de vida;
IV – se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da
ocorrência ou do domicílio familiar;
V – informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os
de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separa-
ção judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável.
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da
ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem preju-
ízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV – determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
V – ouvir o agressor e as testemunhas;
VI – ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VI – A – verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese
de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res-
ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de
dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
VII – remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I – qualificação da ofendida e do agressor;
II – nome e idade dos dependentes;
III – descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
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IV – informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida
resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente.
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o boletim de ocorrência e
cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hos-
pitais e postos de saúde.
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento
à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil,
à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigati-
vos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências
graves contra a mulher.§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários
à defesa da mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psico-
lógica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
I – pela autoridade judicial
II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca;
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no
momento da denúncia.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máxi-
mo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.
O art. 10 nos informa que a autoridade policial, ao tomar conhecimento sobre a ocorrência,
ou iminência da ocorrência, de violência doméstica e familiar, deverá adotar, de imediato, as
providências legais cabíveis. O mesmo ocorre no caso de conhecimento sobre o descumpri-
mento de medida protetiva de urgência, que constitui crime, previsto no art. 24-A da Lei Ma-
ria da Penha.
De acordo com o STJ, a palavra da vítima tem especial relevância, para fundamentar o rece-
bimento da denúncia e a condenação, nos crimes que envolvam violência doméstica e familiar
contra a mulher.
Nos crimes praticados no âmbito doméstico e familiar, a palavra da vítima tem especial rele-
vância para fundamentar o recebimento da denúncia ou a condenação, pois normalmente
são cometidos sem testemunhas (STJ – Jurisprudência em Teses n. 41. Enunciado 13).
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O art. 11 traz um rol exemplificativo de providências a serem tomadas pela autoridade po-
licial no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar:
1) Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário;
2) Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal – O
art. 158, parágrafo único, inciso I do CPP, alterado pela Lei n.. 13.721/18, passou a prever que
os crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher ou violência contra
criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, terão prioridade na realização do exa-
me de corpo de delito.
3) Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro,
quando houver risco de vida – O poder público estadual é o responsável pelo oferecimento
do transporte. O abrigo também deve ser fornecido pelo Poder Executivo. Porém, na prática,
vemos a falta de investimento público que promova a efetivação desta medida.
4) Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do
local da ocorrência ou do domicílio familiar;
5) Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis,
inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de
união estável.
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O §1º do art. 10-A traz as seguintes diretrizes, que devem ser tomadas no momento da
inquirição da mulher em situação de violência doméstica, e de testemunhas do fato:
1) salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua
condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
2) garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e
familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pes-
soas a eles relacionadas;
3) não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada
O §2º do art. 10-A traz os seguintes procedimentos, que devem ser tomados no momento
da inquirição da mulher em situação de violência doméstica, e de testemunhas do fato:
1) A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá
os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica
e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida.
2) Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em vio-
lência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
3) O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação
e a mídia integrar o inquérito.
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10) Remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público –
Após a conclusão da investigação, os autos do inquérito serão encaminhados para o juiz e o
MP. A Lei Maria da Penha não previu um prazo para conclusão do inquérito policial, devendo-se,
assim, seguir as regras previstas no art. 10 do CPP. Portanto, se o investigado estiver preso, o
inquérito deverá ser concluído no prazo de 10 (dez) dias. Se o indiciado estiver solto, o prazo
será de 30 (trinta) dias.
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psico-
lógica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
I – pela autoridade judicial;
II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no
momento da denúncia.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máxi-
mo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.
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O art. 22, II da Lei Maria da Penha prevê o “afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
vência com a ofendida” como modalidade de medida protetiva de urgência que obriga o agres-
sor. Em regra, por se tratar de medida cautelar de ordem pessoal, este afastamento dependerá
de decisão judicial devidamente motivada, e não se limitará às situações de risco atual ou
iminente à vida ou a integridade física da vítima.
Porém, o art. 12-C (acrescentado pela Lei 13.837/19 e posteriormente alterado pela Lei
14.188/19) prevê a possibilidade de o agressor ser imediatamente afastado do lar, domicílio ou
local de convivência com a ofendida, quando verificada a existência de risco atual ou iminente
à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e
familiar, ou de seus dependentes. Seguindo a regra geral prevista no art. 22, II, este afastamen-
to será ordenado, preferencialmente, pela autoridade judicial. Porém, quando o município não
for sede de comarca, o delegado de polícia poderá determinar este afastamento. Caso não
haja delegado disponível no momento da denúncia, o próprio policial poderá fazê-lo.
Caso o afastamento (do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida) tenha sido
ordenado por delegado ou policial, “o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e
quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida apli-
cada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.”
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) propôs a ADI n. 6138 buscando a declara-
ção da inconstitucionalidade do art. 12-C incisos II e III. Em linha argumentativa, a Associação
afirma que o delegado de polícia e o policial não poderão decretar o afastamento domiciliar
do agressor, sob pena de violação ao art. 5º, XI da CF, (o qual estabelece que “a casa é asilo
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
nação judicial”). Assim, de acordo com a Associação, apenas o magistrado poderá determinar
o afastamento do agressor, por meio de decisão fundamentada. Vamos acompanhar o enten-
dimento do STF sobre o tema...
O art. 12-C, §2º prevê que “Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da
medida éprotetiva
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Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territó-
rios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática
de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
as normas de organização judiciária.
A Lei Maria da Penha prevê a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher, que constituirão órgãos da Justiça Ordinária com competência para processamento,
julgamento e execução de causas cíveis ou penais.
O art. 14-A prevê que os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher te-
rão competência para processamento e julgamento de ações de divórcio ou dissolução de
união estável. Porém, não terão competência para julgamento de questões relacionadas à par-
tilha de bens.
os juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher não têm competência para pro-
cessar pretensão relacionada à partilha de bens.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
pretensão relacionada à partilha de bens.
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou
de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
Fábio Roque e Flávia Araújo
O art. 9º, §2º, II da Lei Maria da Penha estabelece que o juiz assegurará à mulher em situ-
ação de violência doméstica e familiar, a manutenção do seu vínculo trabalhista por até seis
meses, quando for necessário o afastamento do local de trabalho. De acordo com o STJ, a
manutenção do vínculo trabalhista não será decretada pelo Juiz do Trabalho e sim pelo Juiz
do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (ou, pelo juízo criminal, caso não
haja vara especializada na localidade).
O art. 33 da Lei 11.340/06 dispõe que “Enquanto não estruturados os Juizados de Violên-
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível
e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e
familiar contra a mulher” (grifamos).
A constitucionalidade deste artigo foi objeto de discussão na ADC n.19. Alguns membros
da magistratura entendiam que a previsão de criação do Juizado de Violência Doméstica e
Familiar Contra a Mulher e a definição da competência das varas criminais nos locais que não
tiverem estes juizados estruturados, constituiria violação ao art. 96, I, “a” da CF/88, que garan-
te, aos Tribunais, a atribuição de elaboração dos seus regimentos internos, dispondo sobre a
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos.
O STF, entendeu que o art. 33 da Lei Maria da Penha é constitucional. O Relator da ADC
n.19, Min. Marco Aurélio, afirmou que:
Não há ofensa aos artigos 96, inciso I, alínea “a”, e 125, § 1º, da Carta da República,
mediante os quais se confere aos estados a competência para disciplinar a organização
judiciária local. A Lei Maria da Penha não implicou a obrigação, mas a faculdade de cria-
ção dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
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Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
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(...)
Por meio do artigo 33 da Lei Maria da Penha, não se criam varas judiciais, não se definem
limites de comarcas e não se estabelece o número de magistrados a serem alocados aos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar, temas evidentemente concernentes às pecu-
liaridades e às circunstâncias locais. No preceito, apenas se faculta a criação desses jui-
zados e se atribui ao juízo da vara criminal a competência cumulativa das ações cíveis e
criminais envolvendo violência doméstica contra a mulher, ante a necessidade de conferir
tratamento uniforme, especializado e célere, em todo território nacional, às causas sobre
a matéria. (STF – ADC n. 19/DF. Rel. Min. Marco Aurélio)
Nas localidades em que os Juizados de Violência Doméstica e Familiar ainda não tiverem
sido estruturados, será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo
e o julgamento das causas submetidas às regras da Lei Maria da Penha, conforme dispõe o
art. 33, parágrafo único.
O art. 14-A da Lei Maria da Penha estabelece que “A ofendida tem a opção de propor ação de
divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar con-
tra a Mulher”.
Errado.
Como acabamos de ver, a Lei Maria da Penha prevê a criação de Juizados de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher, com competência para processamento e julgamento de
demandas cíveis ou penais.
Nos processos cíveis, a competência territorial destes juizados será definida com base no
foro de eleição da vítima, podendo ser:
a) do seu domicílio ou de sua residência;
b) do lugar do fato em que se baseou a demanda;
c) do domicílio do agressor.
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Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
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Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I – do seu domicílio ou de sua residência;
II – do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III – do domicílio do agressor.
O local de acolhimento da ofendida não consta como hipótese de competência territorial para
os processos cíveis relacionados à violência doméstica ou familiar contra a mulher.
O art. 15 da Lei Maria da Penha prevê que “É competente, por opção da ofendida, para os pro-
cessos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I – do seu domicílio ou de sua residência; II – do
lugar do fato em que se baseou a demanda; III – do domicílio do agressor.”
Errado.
A Lei 11.340/06 não traz regras de competência territorial para os processos criminais
relacionados à violência doméstica ou familiar contra a mulher, aplicando-se, assim, as dispo-
sições do CPP.
Logo, a competência territorial de demandas penais relacionadas à violência doméstica e
familiar contra a mulher será ajuizada:
a) Em regra, no local da consumação. No caso de crimes tentados, a competência será a
do lugar do último ato de execução (art. 70, caput, CPP).
b) Se o lugar da infração não for conhecido, a competência territorial será o local de domi-
cílio ou residência do réu (art. 72, CPP).
Exceção: Nas ações penais privadas exclusivas (e personalíssimas), a vítima (querelante)
poderá optar pelo foro do domicílio ou residência do réu, mesmo sabendo o local em que o
crime ocorreu (art.73). Este direito de opção não se aplica aos casos de ação penal privada
subsidiária da pública.
Perceba que o domicílio da vítima não define a competência territorial na esfera penal.
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Assim, em regra, nos processos criminais a competência territorial será fixada no local de
consumação da infração (art. 70 do CPP). De acordo com o STJ, os crimes de ameaça contra a
mulher, cometidos por meio da internet, (a exemplo do Whatsapp e Facebook), serão conside-
rados consumados no local onde a vítima tiver tomado conhecimento das ameaças.
1. O crime de natureza formal, tal qual o tipo do art. 147 do Código Penal, se consuma
no momento em que a vítima toma conhecimento da ameaça. 2. Segundo o art. 70, pri-
meira parte, do Código de Processo Penal, “A competência será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração”. 3. No caso, a vítima tomou conhecimento
das ameaças, proferidas via Whatsapp e pela rede social Facebook, na Comarca de Navi-
raí, por meio do seu celular, local de consumação do delito e de onde requereu medidas
protetivas. 4. Independentemente do local em que praticadas as condutas de ameaça e
da existência de fato anterior ocorrido na Comarca de Curitiba, deve-se compreender a
medida protetiva como tutela inibitória que prestigia a sua finalidade de prevenção de
riscos para a mulher, frente à possibilidade de violência doméstica e familiar. 5. Conflito
conhecido para declarar a competência do Juízo da 1º Vara Criminal da Comarca de Navi-
raí/MS, ora suscitado.
(STJ – CC 156.284/PR, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Terceira Seção, julgado em
28/02/2018, DJe 06/03/2018).
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trina entende que a ofendida deverá estar acompanhada por advogado (constituído, defensor
público ou dativo) na audiência designada para a retratação da representação.
Vamos para a leitura do art. 16 da Lei Maria da Penha:
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei,
só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
A doutrina aponta uma atecnia na redação deste artigo, ao utilizar a expressão “renúncia”
e não “retratação”. Perceba que, na hipótese prevista no art. 16, a vítima poderá representar o
ofendido, novamente pelo mesmo fato, desde que dentro do prazo decadencial. Isso não seria
possível se estivéssemos diante de uma renúncia.
Resumo! Requisitos para a retratação da mulher, vítima de violência doméstica e familiar,
nos casos de ação penal pública condicionada à representação:
1. Momento: A retratação poderá ser realizada até o recebimento da denúncia
2. Na presença do juiz
3. Em audiência especialmente designada para a retratação
4. O MP deve ser ouvido
5. A ofendida deverá estar acompanhada de advogado (constituído, defensor público
ou dativo)
Obs.: Não custa lembrarmos que, em razão da inaplicabilidade do art. 88 da Lei n. 9.099/95
aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, o STJ entende, na
Súmula 542, que o crime de lesão corporal leve ou culposa são de ação penal pública
incondicionada.
Após a entrada em vigor da Lei n. 13.718/2018, todos dos crimes contra a dignidade
sexual passaram a ser de ação penal pública incondicionada, não dependendo, assim,
de representação da vítima. Por ser mais gravosa, esta lei é irretroativa.
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Como vimos, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher a retratação da víti-
ma, nas ações penais condicionadas à representação, deverá ocorrer antes do recebimento (e
não do oferecimento) da denúncia, conforme aponta o art. 16 da Lei Maria da Penha.
Errado.
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas
de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique
o pagamento isolado de multa.
O art. 17 da Lei Maria da Penha estabelece que “É vedada a aplicação, nos casos de violên-
cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação
pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”.
(grifo nosso).
Errado.
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Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Contudo, o STJ veda a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
nos casos de crimes ou contravenções penais cometidas por meio de violência doméstica e
familiar contra a mulher!
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com vio-
lência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena pri-
vativa de liberdade por restritiva de direitos.
O STF, por outro lado, não tem entendimento pacífico sobre o tema. A 2ª Turma do Tribunal
vem entendendo pela possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restriti-
va de direitos na hipótese de contravenção penal, ainda que praticada com violência ou grave
ameaça contra a mulher. De acordo com a Turma, o requisito previsto no art. 44, I do Código
Penal se refere, apenas, à prática de crimes.
1. É viável a conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direito nos moldes
previstos no art. 17 da Lei Maria da Penal aos condenados pela prática da contravenção
penal de vias de fato, por se tratar de modalidade de infração penal não alcançada pelo
óbice do inciso I do art. 44 do Código Penal. Precedente. 2. No particular, o paciente foi
condenado à pena de 20 dias de prisão, no regime aberto, pela prática da contravenção
prevista no art. 21 do Decreto-Lei 3.688/41 contra pessoa com quem manteve relacio-
namento amoroso, razão pela qual o Tribunal de Justiça substituiu a pena corporal por
restritiva de direito. (STF – HC 131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016).
(grifamos).
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A medida protetiva de urgência poderá ser requerida pela ofendida ou pelo MP. Este reque-
rimento poderá ocorrer na fase investigativa ou na fase processual. A concessão da medida,
por sua vez, dependerá de decisão judicial (art. 19).
A Lei Maria da Penha não prevê a possibilidade de decretação da medida protetiva de
ofício. Antigamente, entendia-se que o juiz poderia decretá-las ex ofício na fase processual.
Porém, o art. 282, §2º do CPP foi alterado pela Lei 13.964/19, retirando a possibilidade de o
magistrado conceder medidas cautelares sem que haja requerimento.
As medidas protetivas de urgência não poderão ser decretadas de ofício pelo juiz.
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a mulher, a autoridade policial deverá remeter ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) ho-
ras, em expediente apartado, o pedido da ofendida para a concessão de medidas protetivas
de urgência.
Recebido o expediente com o pedido da ofendida, o magistrado irá tomar as seguintes
providências, no prazo de 48 horas (art. 18):
1) Conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
2) determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando
for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação
de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente;
3) Comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
4) Determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.
Em razão da situação de vulnerabilidade da mulher, o juiz poderá conceder a medida prote-
tiva de urgência de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação
do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado (art. 19, §1º). Neste caso,
haverá um contraditório postergado, ou diferido, em que o juiz concede a medida e, depois,
permite a manifestação da parte e do MP.
Neste sentido, o STJ e o FONAVID entendem que o juiz poderá conceder a medida protetiva
de urgência com base, apenas, na palavra da mulher.
Art. 19, §2º. As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e
poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
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Como vimos, a medida protetiva de urgência será decretada, em regra, pelo magistrado. Po-
rém, a Lei n. 13.827/2019, acrescentou o art. 12-C à Lei Maria da Penha, trazendo uma exceção
a esta regra, ao permitir que o delegado de polícia ou o policial concedam a medida protetiva
de afastamento do lar, (prevista no art. 22, II), quando verificada a existência de risco atual
ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência
doméstica e familiar e o município não for sede de comarca. (No caso da concessão feita por
policial, o afastamento só poderá ser concedido quando o município não for sede de comarca
e não haja delegado disponível no momento da denúncia).
Na hipótese prevista no art. 12-C, caso a medida de afastamento do lar seja concedida por
Delegado ou por policial, o Juiz será comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em
igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao
Ministério Público concomitantemente.
O art. 20 da Lei Maria da Penha dispõe sobre a possibilidade de decretação da prisão pre-
ventiva do agressor em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal. Esta prisão
poderá ser decretada, pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade policial.
A prisão preventiva poderá ser decretada em caso de descumprimento de medida protetiva
de urgência. O art. 313, III do CPP prevê que será admitida a decretação da prisão preventi-
va: se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.
Para os tribunais, não será admitida a decretação de prisão preventiva nas hipóteses de
contravenções penais envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, já que o art.
313 do CPP trata, apenas, de crimes.
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“O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência para julgar
a execução de alimentos que tenham sido fixados a título de medida protetiva de urgên-
cia fundada na Lei Maria da Penha em favor de filho do casal em conflito” (REsp REsp
1.475.006-MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, 3ª Turma, julgado em 14/10/2014. Informativo 550).
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As medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha serão concedidas pelo juiz,
após o pedido da ofendida ou requerimento do Ministério Público, conforme nos informa o art.
19 da Lei Maria da Penha.
Errado.
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6.3. Medidas que Podem Ser Adotadas pelo Juiz para a Proteção
Patrimonial dos Bens da Sociedade Conjugal ou Daqueles de Propriedade
Particular da Mulher (Art. 24)
Como vimos, o art. 7º, IV da Lei Maria da Penha prevê a violência patrimonial como uma
forma de violência doméstica e familiar contra a mulher. Nestes casos, o magistrado poderá
determinar, liminarmente, as seguintes medidas:
1) Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
2) Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação
de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial – Neste caso, o juiz deverá
oficiar ao cartório competente (art. 24, parágrafo único)
3) Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor – Neste caso, o juiz
deverá oficiar ao cartório competente (art. 24, parágrafo único)
4) Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos mate-
riais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
medidas.
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.
Quanto ao objeto material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta delituosa): O cri-
me recai sobre a decisão judicial que concede a medida protetiva de urgência.
Quanto ao sujeito ativo: Estamos diante de um crime comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa, não se exigindo uma qualidade especial do agente. Lembre-se que tanto ho-
mem quanto a mulher poderão praticar violência doméstica e familiar contra a mulher.
Sujeito Passivo: O Estado.
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Elemento Subjetivo: O crime previsto no art. 24-A da Lei Maria da Penha só poderá ser
cometido por meio de dolo (com consciência e vontade de praticar o descumprimento). Não
se exige a presença do dolo específico (especial finalidade no agir). Não se admite a modali-
dade culposa.
Consumação: Trata-se de crime formal, que se consuma com a realização da conduta ilíci-
ta (descumprir medida protetiva), independentemente da produção do resultado naturalístico.
Não é necessário que o descumprimento ocorra por meio de violência ou grave ameaça. O não
comparecimento, injustificado, do agressor a programas de recuperação e reeducação, por
exemplo, poderá configurar crime de descumprimento de medida protetiva de urgência, sem
que o agente tenha agido mediante violência ou grave ameaça.
Ação Penal: Neste caso, a Ação Penal será Pública Incondicionada
Lembre-se que, no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, as medidas
protetivas de urgência poderão ser concedidas tanto em processos cíveis quanto em proces-
sos penais. Assim, o §1º do art. 24-A estabelece que “A configuração do crime independe da
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas”.
Na hipótese de prisão em flagrante, por crime de descumprimento de medida protetiva de
urgência, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança!!
O §3º do art. 24-A estabelece que “O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras
sanções cabíveis.” Assim, o agente que descumprir a medida protetiva de urgência poderá es-
tar sujeito às seguintes sanções:
a) Execução da multa (art. 22, §4º)
b) Prisão Preventiva (art. 20 e art. 313, III do CPP)
c) Pena de detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos (art. 24-A)
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Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:
I – requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de
segurança, entre outros;
II – fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabí-
veis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
III – cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
O art. 21 da Lei 11.340/06 prevê que “A ofendida deverá ser notificada dos atos processu-
ais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem
prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público”.
Importante sabermos que, para não ser colocada em nenhum tipo de risco, “A ofendida não
poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.”
O art. 28 estabelece que “É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica
e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita,
nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.”
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Não confunda! A Suspensão Condicional do Processo não será admitida nos delitos sub-
metidos à Lei 11.340/06. Porém, será possível a aplicação da Suspensão Condicional da Pena,
a estes casos, desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 77 do Código Penal.
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O art. 88 da Lei de Juizados estabelece que os crimes de lesões corporais leves e lesões
culposas são de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Porém, como
a Lei 9.099/95 não poderá ser aplicada aos casos regidos pela Lei Maria da Penha, o STJ
sedimentou o entendimento de que o crime de lesão corporal, cometido em situação de vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher, será de ação penal pública incondicionada (STJ
– Súmula 542).
Finalizamos aqui a nossa aula sobre a Lei Maria da Penha. Lembre-se que a leitura da lei é
fundamental para os nossos estudos, especialmente para as provas objetivas.
Bons estudos!
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
Fábio Roque e Flávia Araújo
RESUMO
Antes de fazermos as questões sobre a Lei Maria da Penha, vamos fazer uma breve revisão
dos principais temas abordados em nossa aula!
• O STJ entende ser presumida, pela Lei n.11.340/2006, a hipossuficiência e a vulnerabili-
dade da mulher em contexto de violência doméstica e familiar.
• O sujeito ativo da Lei Maria da Penha pode ser tanto o homem quanto a mulher.
• Será submetida às regras da Lei Maria da Penha, a infração penal (crime ou contraven-
ção) que seja praticada contra a mulher, de forma comissiva ou omissiva, no âmbito
da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto, e que venha a
causar “morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano material ou patri-
monial”.
• Em regra, caberá à Justiça Estadual processar e julgar crimes e contravenções penais
sujeitos aos regramentos da Lei Maria da Penha.
• Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 7º): física, psicológica,
sexual, patrimonial e moral.
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Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
Fábio Roque e Flávia Araújo
• O art. 14-A prevê que os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher te-
rão competência para processamento e julgamento de ações de divórcio ou dissolução
de união estável. Porém, não terão competência para julgamento de questões relaciona-
das à partilha de bens.
• O STJ entende que:
• Nos processos cíveis, a competência territorial destes juizados será definida com base
no foro de eleição da vítima, podendo ser: a) do seu domicílio ou de sua residência; b) do
lugar do fato em que se baseou a demanda; c) do domicílio do agressor.
• A Lei 11.340/06 não traz regras de competência territorial para os processos criminais
relacionados à violência doméstica ou familiar contra a mulher, aplicando-se, assim, as
disposições do CPP.
• Requisitos para a retratação da mulher, vítima de violência doméstica e familiar, nos ca-
sos de ação penal pública condicionada à representação:
a) Cestas Básicas;
b) Outra Prestação Pecuniária;
c) Pagamento isolado de Multa.
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com vio-
lência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena pri-
vativa de liberdade por restritiva de direitos.
• A medida protetiva de urgência poderá ser requerida pela ofendida ou pelo MP. Este re-
querimento poderá ocorrer na fase investigativa ou na fase processual.
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• O art. 313, III do CPP prevê que será admitida a decretação da prisão preventiva: se o cri-
me envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.
• De acordo com o STJ, não será admitida a decretação de prisão preventiva nas hipóte-
ses de contravenções penais envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher,
já que o art. 313 do CPP trata, apenas, de crimes. (STJ – Informativo 632).
• As medidas protetivas de urgência estão previstas em rol exemplificativo nos art. 22 a
24 da Lei Maria da Penha
• De acordo com o STJ
• Antes da inserção do art. 24-A à Lei Maria da Penha, o STJ entendia que o descumpri-
mento de medida protetiva de urgência não configurava crime.
• A Lei 13.641/18, que inseriu o crime de descumprimento de medida protetiva, não pode-
rá retroagir a fatos anteriores a sua vigência.
• Apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança no crime de descumprimento de
medida protetiva!
O art. 41 da Lei Maria da Penha estabelece que “Aos crimes praticados com violência domés-
tica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099”.
• Será possível a aplicação da Suspensão Condicional da Pena, a estes casos, desde que
preenchidos os requisitos previstos no art. 77 do Código Penal.
Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violên-
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ciareprodução,
a sua doméstica cópia, contra
divulgaçãoaoumulher é pública
distribuição, incondicionada.
sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (IBFC/SEAP-PR/PSICOLÓGICO/2021) A violência doméstica foi reconhecida apenas na
década de 90 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela pode ser física, sexual ou psico-
lógica, cometidas por parceiros íntimos. A Lei Maria da Penha (Lei 11340/2006) originou-se de
um caso verídico. Maria da Penha é o nome de uma senhora que sofria agressões do marido,
que por duas vezes tentou matá-la. No entanto, essa lei foi alterada em 2019 pela Lei n. 13.827,
de 13 de maio. Analise as afirmativas abaixo:
I – A nova Lei (2019) autoriza aplicação de medida protetiva de urgência, pela autoridade ju-
dicial ou policial, apenas à mulher em situação de violência doméstica e familiar, deixando,
dessa forma, sem proteção seus dependentes.
II – Pela nova Lei, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convi-
vência com a ofendida.
III – Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva
de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.
Assinale a alternativa correta.
a) As afirmativas I, II e III estão corretas
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
c) Apenas a afirmativa II está correta
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
e) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
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c) Não é possível a aplicação do princípio da insignificância nos delitos praticados com violên-
cia ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas e familiares contra a mulher.
d) O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria da Penha é apenas a mulher, e
o sujeito ativo é apenas o homem.
e) O descumprimento de medida protetiva de urgência configura o crime de desobediência em
face da inexistência de outras sanções previstas no ordenamento jurídico para a hipótese.
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d) Será observada, como diretriz, a realização de sucessivas inquirições sobre o mesmo fato
nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada,
desde que em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou tes-
temunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida.
e) Serão admitidos como meios de prova, os laudos ou prontuários médicos fornecidos por
hospitais e postos de saúde.
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GABARITO
1. b
2. d
3. a
4. a
5. c
6. a
7. c
8. b
9. a
10. a
11. a
12. d
13. c
14. d
15. e
16. e
17. b
18. a
19. E
20. C
21. c
22. c
23. E
24. C
25. d
26. C
27. b
28. c
29. d
30. C
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GABARITO COMENTADO
001. (IBFC/SEAP-PR/PSICOLÓGICO/2021) A violência doméstica foi reconhecida apenas na
década de 90 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela pode ser física, sexual ou psico-
lógica, cometidas por parceiros íntimos. A Lei Maria da Penha (Lei 11340/2006) originou-se de
um caso verídico. Maria da Penha é o nome de uma senhora que sofria agressões do marido,
que por duas vezes tentou matá-la. No entanto, essa lei foi alterada em 2019 pela Lei n. 13.827,
de 13 de maio. Analise as afirmativas abaixo:
I – A nova Lei (2019) autoriza aplicação de medida protetiva de urgência, pela autoridade ju-
dicial ou policial, apenas à mulher em situação de violência doméstica e familiar, deixando,
dessa forma, sem proteção seus dependentes.
II – Pela nova Lei, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convi-
vência com a ofendida.
III – Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva
de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.
Assinale a alternativa correta.
a) As afirmativas I, II e III estão corretas
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
c) Apenas a afirmativa II está correta
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
e) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
I – Errada. O art. 1º da Lei 13.827/19 “Esta Lei altera a Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
Maria da Penha), para autorizar, nas hipóteses que especifica, a aplicação de medida protetiva
de urgência, pela autoridade judicial ou policial, à mulher em situação de violência doméstica e
familiar, ou a seus dependentes, e para determinar o registro da medida protetiva de urgência
em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.” (grifamos).
II – Certa. A Lei 13.827/19 acrescentou o art. 12-C à Lei Maria da Penha, de modo a prever, em
seu caput, que “Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agres-
sor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:”
(grifamos).
III – Certa. A Lei 13.827/19 acrescentou o art. 12-C à Lei Maria da Penha que, em seu §2º, es-
tabelece que “Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida
protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.”
Letra b.
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I – Certa. O art. 12-C da Lei Maria da Penha A Lei Maria da Penha autoriza a aplicação de me-
dida protetiva de urgência, pela autoridade judicial pelo Delegado (quando o Município não for
sede de comarca) ou pelo policial (quando o Município não for sede de comarca e não houver
delegado disponível no momento da denúncia).
II – Certa. Trata-se da previsão do art. 12-C, caput, da Lei Maria da Penha.
III – Errada. O art. 12-C, §2º da Lei Maria da Penha estabelece que “Nos casos de risco à integri-
dade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida
liberdade provisória ao preso.” (grifamos).
Letra a.
a) Errada. O art. 22 não prevê a “proibição de ir trabalhar” como modalidade de medida prote-
tiva de urgência.
b) Certa. Trata-se da previsão do art. 22, II da Lei Maria da Penha.
c) Certa. Trata-se da previsão do art. 22, III, “b” da Lei Maria da Penha.
d) Certa. Trata-se da previsão do art. 22, IV da Lei Maria da Penha.
Letra a.
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Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: V – a violência
moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. (grifamos).
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a) Errada. O art. 25 da Lei 11.340/06 estabelece que “O Ministério Público intervirá, quando não
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra
a mulher.”
b) Errada. O art. 26 estabelece que “Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher
em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressal-
vado o previsto no art. 19 desta Lei.” (grifamos).
c) Certa. Trata-se da literalidade do art. 29 da Lei 11.340/06.
d) Errada. O art. 34 da Lei 11.340/06 estabelece que “A instituição dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das curado-
rias necessárias e do serviço de assistência judiciária.” (grifamos).
Letra c.
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A questão discorre sobre a violência psicológica, prevista no art. 7º, II da Lei 11.340/06, que
assim estabelece:
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e dimi-
nuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chanta-
gem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qual-
quer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (grifamos).
Letra
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a) Certa. O art. 7º da Lei Maria da Penha prevê, expressamente, a violência física, psicológica,
sexual, patrimonial e moral e, em seu caput, admite a existência de outras formas de violência
para seus efeitos.
b) Errada. O art. 7º, caput, da Lei Maria da Penha admite a existência de outras formas de vio-
lência para seus efeitos.
c) Errada. O art. 7º da Lei Maria da Penha prevê, expressamente, em rol exemplificativo, a vio-
lência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
d) Errada. O art. 7º da Lei Maria da Penha prevê, expressamente, a violência física, psicológica,
sexual, patrimonial e moral e, em seu caput, admite a existência de outras formas de violência
para seus efeitos.
e) Errada. O art. 7º da Lei Maria da Penha prevê, expressamente, a violência física, psicológica,
sexual, patrimonial e moral e, em seu caput, admite a existência de outras formas de violência
para seus efeitos.
Letra a.
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a) Errada. Não é o caso de competência absoluta. O art. 15 da Lei 11.340/06 estabelece que
É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I –
do seu domicílio ou de sua residência; II – do lugar do fato em que se baseou a demanda; III – do
domicílio do agressor. (grifamos).
b) Errada. Não é o caso de competência absoluta. O art. 15 da Lei 11.340/06 estabelece que
É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I –
do seu domicílio ou de sua residência; II – do lugar do fato em que se baseou a demanda; III – do
domicílio do agressor. (grifamos).
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c) Errada. A competência será definida por opção da ofendida. Desta forma, o art. 15 da Lei
11.340/06 estabelece que
É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I –
do seu domicílio ou de sua residência; II – do lugar do fato em que se baseou a demanda; III – do
domicílio do agressor. (grifamos).
d) Certa. Trata-se da previsão do art. 15 da Lei Maria da Penha.
Letra d.
Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão
contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especiali-
zados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. (grifamos).
Letra c.
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A questão trata da violência patrimonial, prevista no art. 7º, IV da Lei Maria da Penha nos se-
guintes termos:
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
V – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, des-
truição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; (grifamos).
Letra d.
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Conquanto se esteja diante de crime em tese praticado no âmbito das relações domésti-
cas e familiares, já que o acusado é filho da vítima, o certo é que esta última é pessoa do
sexo masculino, o que afasta as disposições específicas previstas na Lei 11.340/2006
– cuja incidência é restrita à violência praticada contra mulher -, notadamente a que dis-
pensa a representação do ofendido para que possa ser iniciada a persecução penal nos
delitos de lesão corporal. (STJ – RHC 51.481/SC)
Letra e.
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a) Errada. A Súmula 542 do STJ estabelece que “A ação penal relativa ao crime de lesão corpo-
ral resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. (grifo nosso).
Logo, neste caso, não será possível a retratação da vítima.
b) Certa. Trata-se do entendimento do STJ, previsto no Súmula 542.
c) Errada. O art. 11, IV da Lei Maria da Penha estabelece que “Art. 11. No atendimento à mu-
lher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
providências: IV – se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;” (grifamos).
d) Errada. A súmula 536 do STJ dispõe que “A suspensão condicional do processo e a transa-
ção penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”
e) Errada. A súmula 536 do STJ dispõe que “A suspensão condicional do processo e a transa-
ção penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”
Letra b.
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Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da
ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem preju-
ízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV – determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
V – ouvir o agressor e as testemunhas;
VI – ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VI – A – verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese
de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res-
ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de
dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
VII – remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
a) Certa. O art. 12 não estabelece que a autoridade policial deverá realizar o procedimento de
“colher nome e idade dos dependentes e encaminhá-los a uma Casa de Abrigo.”
b) Errada. Trata-se de procedimento previsto no art. 12, I da Lei 11.340/06.
c) Errada. Trata-se de procedimento previsto no art. 12, II da Lei 11;340/06.
d) Errada. Trata-se de procedimento previsto no art. 12, III da Lei 11;340/06.
e) Errada. Trata-se de procedimento previsto no art. 12, IV da Lei 11;340/06.
Letra a.
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a) Errada. A Súmula 542 do STJ estabelece que “A ação penal relativa ao crime de lesão corpo-
ral resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. (grifo nosso).
b) Errada. A súmula 536 do STJ dispõe que “A suspensão condicional do processo e a transa-
ção penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”
c) Certa. A Súmula 589 do STJ estabelece que “É inaplicável o princípio da insignificância nos cri-
mes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.”
d) Errada. O Enunciado 3 da Jurisprudência em Teses n. 41 do STJ deixa claro que “O sujeito
passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode
ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação do-
méstica, familiar ou de afetividade, além da convivência, com ou sem coabitação.”
e) Com a entrada em vigor da Lei 13.641/18, o descumprimento de medida protetiva de urgên-
cia passou a ser crime, expressamente previsto no art. 24-A da Lei Maria da Penha
Letra c.
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d) Errada. Em caso de infração penal pública condicionada à representação, a retratação da
ofendida só será eficaz se realizada na presença do juiz, em audiência especialmente designa-
da para esta finalidade, ouvido o MP, até antes do recebimento de denúncia.
e) Errada. O art. 16 da Lei Maria da Penha estabelece que a retratação poderá ser realizada até
antes do recebimento (e não do oferecimento) da denúncia.
Letra c.
A Lei de Juizados Especiais não será aplicada aos crimes de violência doméstica e familiar
contra a mulher, como estabelece o art. 41 da Lei Maria da Penha.
Errado.
O art. 5º, caput, da Lei Maria da Penha estabelece que “Para os efeitos desta Lei, configura vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
(...)” (grifamos).
Certo.
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d) Será observada, como diretriz, a realização de sucessivas inquirições sobre o mesmo fato
nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada,
desde que em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou tes-
temunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida.
e) Serão admitidos como meios de prova, os laudos ou prontuários médicos fornecidos por
hospitais e postos de saúde.
O art. 5º, parágrafo único da Lei Maria da Penha deixa claro que as relações pessoais (no âm-
bito da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto) independem de
orientação sexual.
Além disso, a Súmula 600 do STJ estabelece que “Para configuração da violência doméstica e
familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação
entre autor e vítima”.
Certo.
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(...)3. A jurisprudência desta Corte é firme em assinalar ser possível a concessão de sus-
pensão condicional da pena aos crimes e às contravenções penais praticados em con-
texto de violência doméstica, desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 77
do Código Penal, nos termos reconhecidos na sentença condenatória restabelecida. 4.
Agravo regimental não provido.
(STJ – AgRg no REsp 1691667/RJ, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, jul-
gado em 02/08/2018, DJe 09/08/2018).
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a) Errada. O art. 10-A, §2º, II da Lei Maria da Penha prevê que “quando for o caso, a inquirição
será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado
pela autoridade judiciária ou policial”. Portanto, a presença deste profissional especializado
não será obrigatória.
b) Errada. O art. 10-A da Lei Maria da Penha estabelece que “É direito da mulher em situação
de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto
e prestado por servidores – preferencialmente do sexo feminino – previamente capacitados.”
c) Certa. Trata-se da literalidade do art. 10-A, o qual dispõe que “É direito da mulher em situação
de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto
e prestado por servidores – preferencialmente do sexo feminino – previamente capacitados.”
d) Errada. O art. 10-A da Lei Maria da Penha estabelece que:
quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência do-
méstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial.
Portanto, a presença deste profissional especializado não será obrigatória. Portanto, a presen-
ça deste profissional especializado não será obrigatória.
Letra c.
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Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da
ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem preju-
ízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência. (grifamos).
IV – Errada. A Lei Maria da Penha não prevê a possibilidade de o Delegado dispensar a oitiva
do agressor.
Letra d.
O art. 7º, V da Lei Maria da Penha prevê, expressamente, a violência psicológica como uma
forma de violência praticada contra a mulher.
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
V – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e dimi-
nuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chanta-
gem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qual-
quer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (grifamos)
Certo.
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REFERÊNCIAS
ALENCAR, Rosmar Rodrigues; ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor; Legislação Penal para
Concursos. Editora JusPODIVM, 2021.
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4ª ed. Salvador: Editora
JusPODIVM, 2021.
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10ª ed.
Salvador: Editora JusPODIVM, 2021.
BRASIL Lei 11.340/2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra
a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Elimi-
nação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interameri-
cana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Pe-
nal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.. Disponível em http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
BRASIL. Lei n. 13.869/19. Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei n. 7.960,
de 21 de dezembro de 1989, a Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei n. 8.069, de 13 de julho
de 1990, e a Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei n. 4.898, de 9 de dezembro de
1965, e dispositivos do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Dispo-
nível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm
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Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha
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BRASIL. Lei n. 9.099/95. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras
providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm
BRASIL. Lei n. 13.882/19. Altera a Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha),
para garantir a matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar
em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
Fábio Roque
Juiz federal. Doutor e mestre em Direito Público pela UFBA. Professor. Autor.
Flávia Araújo
Professora de cursos para concurso. Advogada. Professora. Mestre em Políticas Sociais e Cidadania
(UCSAL).
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