Resumo
Não é feita uma distinção de gênero por vítima visto que o texto da lei traz
em si uma disposição que abrange também as uniões por afinidade, ficando assim
incluídas as uniões homo-afetivas, mesmo ainda não sendo legalizadas no Brasil,
como afirmam Iglesias Rabelo e Rodrigo Saraiva (2006).
Por fim, a Conclusão, que expressa as reflexões sobre o tema a partir dos
autores pesquisados.
Iglesias Rabelo e Rodrigo Saraiva (2006), relatam a razão pela qual a lei
recebeu o nome de “Maria da Penha” da seguinte forma:
1
Texto retirado da Lei integral no site do planalto
Esta lei recebeu o nome de "lei Maria da Penha" como forma de
homenagear a mulher, Maria da Penha Fernandes, símbolo da luta contra
a violência familiar e doméstica.
Em breves linhas, aquela mulher sofreu duas tentativas de homicídio por
parte do ex-marido. Primeiro, levou um tiro enquanto dormia, sendo que o
agressor alegou que houve uma tentativa de roubo. Em decorrência do
tiro, ficou paraplégica. Como se não bastasse, duas semanas depois de
regressar do hospital, ainda durante o período de recuperação, Maria da
Penha sofreu um segundo atentado contra sua vida: seu ex-marido,
sabendo de sua condição, tentou eletrocutá-la enquanto se banhava.
( Iglesias RABELO e Rodrigo SARAIVA, 2006, s.p.)
A lei Maria da Penha foi criada com o intuito de acabar com casos como o
desta mulher.
Esta visão esta baseada na idéia de que esta lei dá brecha para que a
desigualdade entre os sexos seja legalizada, visto que as mulheres seriam
beneficiadas com “melhores mecanismos de proteção” do que os homens. Visto
que estes não disporiam dos mesmos mecanismos se viessem a ser vítimas de
violência doméstica, ou familiar, como afirmam Barbosa e Cavalcanti (2007).
2
SANTINI, Valter Foleto. Igualdade Constitucional na Violência Doméstica. Disponível em:
<http://www.apmp.com.br/juridico/santin>. Acesso em: 28/11/2009.
3
CAMPOS, Roberta Toledo. Aspectos Constitucionais e Penais Significativos da Lei Maria da Penha.
Disponível em: <http://www.blogdolfg.com.br>. Acesso em: 28/11/2009.
distinção de qualquer natureza, garantindo a todos direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e a propriedade”.
Neste aspecto, quando se afirma que a igualdade deve ser buscada sem
distinção, não significa que a lei deve tratar a todos abstratamente iguais. (SILVA,
2005). Na Antiguidade, Aristóteles já ensinava que a verdadeira igualdade, que
almeja primordialmente a dignidade da pessoa humana, consiste em tratar
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.
Quanto a este ponto, Moraes (2005) afirma que o que a lei veda são as
diferenciações arbitrárias e as discriminações absurdas. Tal elemento
discriminador só será válido se estiver a serviço de alguma finalidade acolhida
pelo Direito, como por exemplo, na busca da igualdade de condições sociais.
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
4
Em sublinhado
5
NUNES JÙNIOR e ARAÙJO, 2006, p.26.
6
NUNES JÙNIOR e ARAÙJO, 2006, p. 28.
7
NUNES JÙNIOR e ARAÙJO, 2006, p.59.
8
NUNES JÙNIOR e ARAÙJO, 2006, p.64.
A lei Maria da Penha faz parte do ordenamento brasileiro, ao ser proposta uma
lei ou uma emenda constitucional primeiramente o projeto é submetido às
Comissões Legislativas, estas Comissões são dividas por temas. O projeto é
mandado para a Comissão responsável pela análise daquele tipo de lei, por
exemplo, se é uma lei referente à saúde ele é encaminhado para Comissão sobre
este assunto. A Comissão pela qual todos os projetos são obrigatoriamente
submetidos é a de Constituição e Justiça.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de encarrega de analisar se o
projeto esta de acordo com a Constituição brasileira no que se refere aos aspectos
formais e materiais, depois de analisar ela dá um parecer a respeito deste ponto.
Se o parecer da CCJ for favorável então o projeto pode continuar o processo de
tramitação para ser promulgado, mas nem sempre o parecer da CCJ é terminativo.
A Lei nº 11.340, pode ter sua constitucionalidade contestada, para tanto ela
deve ser analisada pelos instrumentos cabíveis. Poderia ser objeto de Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) ou também de uma Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC), dependendo do caso concreto.
9
NUNES JÙNIOR e ARAÙJO, 2006, p. 25.
De acordo com Andressa Barbosa e Stela Cavalcanti (2007):
O caso vivido por Maria da Penha Fernandes não é uma exceção, o que
muitos estudos comprovam é o contrário, estes acontecimentos são regra em
diversas famílias brasileiras.
Este é um fator que demonstra a importância da lei, ela foi criada para atender
a uma necessidade social e não com o intuito de criar uma diferença de direitos
entre homens e mulheres.
Em seu texto a lei Maria da Penha prevê alterações no código penal brasileiro
nos seguintes artigos:
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
a vigorar com as seguintes alterações:
..................................................................
..................................................................
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência.” (NR) 10
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a
vigorar com a seguinte redação:
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR) 11
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
10
Texto retirado da Lei integral no site do planalto
11
Ibid
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio,
após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
guarda dos filhos e alimentos;
A norma traz expresso em seu texto sua função: “Cria mecanismos para coibir
a violência doméstica e familiar contra a mulher (...)” 13. Numa sociedade onde a
mulher está sujeita a tal tipo de coação dentro de sua própria residência é um
contra senso alegar que essa lei não é inconstitucional.
Para o autor Jeferson Moreira de Carvalho (2008), a lei Maria da Penha não é
capaz de cumprir o que propõe, seguindo ele:
12
Ibid
13
Op. Cit.
De acordo com esta análise, apesar de todas as divergências quanto à sua
constitucionalidade e a criação de maiores benefícios para as mulheres, a lei Maria
da Penha seria insuficiente para punir os agressores e coibir a violência doméstica.
No que concerne a Lei Maria da Penha e sua criação, é preciso atentar para
as razões sociais que geraram a demanda por esta lei.
A autora complementa:
Ana Dubex e Samanta Sallum (2009) fizeram uma análise sobre os dados
referentes às mulheres vítimas de agressão doméstica:
Nota-se que com a lei muitas mulheres sentiram-se mais confiantes para
denunciar os casos de agressão e procurar ajuda.
Conclusão
DUBEX, Ana. e SALLUM, Samanta. Desde que a Lei Maria da Penha foi
instituída 14 mil mulheres já buscaram a Justiça. Disponível em:
<http://www.observe.ufba.br/noticias/exibir/59>. Acesso em: 27 Nov de 2009.