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PENAL ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do
Desarmamento
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
Fábio Roque e Flávia Araújo
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento. .......................................................................................5
1. Considerações Iniciais...............................................................................................................................................5
2. Os Capítulos da Lei n. 10.826/2003..................................................................................................................5
2.1. Capítulo I: Sistema Nacional de Armas (Art. 1º e 2º)............................................................................5
2.2. Capítulo II: Do Registro (Art. 3º ao 5º). ........................................................................................................6
2.3. Capítulo III: Do Porte de Arma de Fogo.................................................................................................... 10
2.4. Capítulo IV: Dos Crimes Previstos no Estatuto do Desarmamento.........................................15
2.5. Capítulo V: Disposições Gerais do Estatuto..........................................................................................15
3. Dos Crimes e das Penas – Arts. 12 ao 21 da Lei n. 10.826/2003. ...................................................17
3.1. Conceituação de “Armas de Fogo, Munições e Acessórios”.........................................................17
3.2. Banco Nacional de Dados de Perfis Balísticos. ....................................................................................18
3.3. Crime de Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido (Art. 12 da Lei n.
10.826/2003)....................................................................................................................................................................19
3.4. Crime de Omissão de Cautela (Art. 13 da Lei n. 10.826/2003)................................................... 22
3.5. Crime de Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido (Art. 14 da Lei n.
10.826/2003)...................................................................................................................................................................25
3.6. Crime de Disparo de Arma de Fogo (Art. 15 da Lei n. 10.826/2003)........................................30
3.7. Crime de Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito (Art. 16 da Lei n.
10.825/2003)....................................................................................................................................................................31
3.8. Situações e Condutas Equiparadas ao Crime de Posse e Porte Ilegal de Arma de
Fogo de Uso Restrito (Art. 16, §1º). . .....................................................................................................................36
3.9. Crime de Comércio Ilegal de Arma de Fogo (Art. 17 da Lei n. 10.826/2003).......................42
3.10. Crime de Tráfico Internacional de Arma de Fogo (Art. 18 da Lei n. 10.826/2003)........44
4. Causas de Aumento de Pena Previstas nos Arts. 19 e 20 do Estatuto do
Desarmamento................................................................................................................................................................47
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4.1. Das Causas de Aumento de Pena para os Crimes de Comércio Ilegal de Arma de
Fogo (Art.17) e Tráfico Internacional de Arma de Fogo (Art. 18) – Casos em que a Arma
de Fogo, Acessório ou Munição Forem de Uso Proibido ou Restrito. ..............................................47
4.2. Das Causas de Aumento de Pena para os Crimes Previstos nos Arts. 14, 15, 16, 17
e 18 do Estatuto do Desarmamento (Art. 20 da Lei n. 10.826/2003)..............................................47
5. Da Inconstitucionalidade do Art. 20 da Lei n. 10.826/2003. ...........................................................49
Resumo................................................................................................................................................................................50
Mapa Mental.....................................................................................................................................................................54
Questões de Concurso................................................................................................................................................55
Gabarito...............................................................................................................................................................................66
Gabarito Comentado.................................................................................................................................................... 67
Referências.........................................................................................................................................................................91
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Apresentação
Olá, futuro concursado!
Nós e toda a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de concurso e criando questões inéditas para que você consiga
fixar todo o conteúdo estudado!
As referências bibliográficas estarão presentes ao final da aula. Assim, você terá um supor-
te, caso queira um aprofundamento sobre os temas.
Traremos, também, jurisprudência atualizada, pois sabemos que não basta saber a legisla-
ção ou as considerações doutrinárias sobre Legislação Penal Especial, sendo imprescindível o
estudo das compreensões dos tribunais.
Aqui, nesta aula sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), analisaremos a
sua estrutura organizacional e estudaremos cada um dos crimes previstos em seus artigos.
Esperamos que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, fica ligado no curso GRAN. Estamos esperando as dúvidas no Fórum do aluno!
Vamos começar?
Flávia Araújo
Advogada, professora,
Mestra em Políticas Sociais e Cidadania (Ucsal).
Fábio Roque Araújo (@professorfabioroque)
Juiz Federal, professor e autor de obras jurídicas;
Doutor e Mestre em Direito Público pela UFBA.
Canal no Youtube: Fábio Roque Araújo
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O art. 2º, por sua vez, elenca as atribuições do Sistema Nacional de Armas. Vamos a elas:
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IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetí-
veis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segu-
rança privada e de transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais
e judiciais;
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores
autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de
microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados
pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e
autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro
atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas
e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.
O parágrafo único do art. 2º exclui, do rol de competências do SINARM, as armas de fogo das For-
ças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios. Portan-
to, as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares estão excluídas da abrangência do SINARM.
Os requisitos necessários para a aquisição de arma de fogo de uso permitido, estão previs-
tos no art. 4º Do Estatuto, que assim dispõe:
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I – comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes cri-
minais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;
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II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo,
atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormen-
te estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
§ 2º A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada
e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a ven-
da à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características
da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por
essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente
será efetivada mediante autorização do Sinarm.
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º será concedida, ou recusada com a devida
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
§ 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos
I, II e III deste artigo.
§ 8º Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma do
regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar autori-
zado a portar arma com as mesmas características daquela a ser adquirida.
Obs.: O art. 28 do Estatuto do Desarmamento veda que menores de 25 (vinte e cinco) anos
adquiriram arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades previstas no art.
6º, incisos I, II, III, V, VI, VII e X.
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Enquanto o art. 4º trata dos requisitos necessários para se adquirir arma de fogo de uso per-
mitido, o art. 5º do Estatuto do Desarmamento trata do certificado de registro desta arma de fogo.
Este Certificado será expedido pela Polícia Federal após autorização do SINARM (art. 5º, §1º).
Vamos à leitura deste artigo:
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, au-
toriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido
de autorização do Sinarm.
§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4º deverão ser comprovados periodica-
mente, em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento
desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
§ 3º O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão
estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espon-
tânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia
31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e compro-
vante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais
exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
§ 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede mundial
de computadores - internet, na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir:
I – emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
II – revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo
prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro de propriedade.
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se resi-
dência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.
É importante notar que o Certificado de Registro de Arma de Fogo terá validade em todo o
território nacional e autoriza, apenas, a posse da arma, (manutenção do artefato no interior da
residência ou do trabalho).
A Lei Anticrime (Lei n. 13.870/2019) acrescentou o §5º ao art. 5º, estabelecendo que “aos
residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residên-
cia ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.”
Neste ponto é importante nos atentarmos para a diferença entre POSSE de arma de fogo
e PORTE de arma de fogo. A posse da arma de fogo só permite que o proprietário mantenha o
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artefato em sua residência ou no local do trabalho (caso ele seja o titular ou o responsável legal
pelo estabelecimento ou empresa). É o caso descrito no art. 5º do Estatuto do Desarmamento.
Ou seja, o Certificado de Registro de Arma de Fogo (autorizado pelo SINARM e expedido pela
polícia federal) permite a posse da arma, autorizando que o proprietário a mantenha dentro de
sua residência ou em seu trabalho, conforme podemos notar no art. 5º da Lei n. 10.826/2003.
Já o porte de arma de fogo permite a circulação do artefato em outras áreas, além da re-
sidência e do trabalho do proprietário. O porte de arma é, em regra, proibido no Brasil, sendo
permitido nas hipóteses previstas em lei legislação própria e no Estatuto do Desarmamento.
Em síntese, é possível afirmar que a posse de arma de fogo é permitida para o cidadão co-
mum desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 4º da Lei n. 10.826/2003 e art. 12 do
Decreto n. 9.287/2019. Já a porte de arma de fogo só é autorizada nos casos previstos em lei.
Dito isto, frise-se que o certificado de registro de arma de fogo (posse), deverá ser renova-
do periodicamente, no prazo máximo de 03 anos. Logo, os requisitos previstos nos incisos do
art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, no prazo de até 03 anos, conforme art. 5º,
§2º da Lei n. 10.826/2003:
Art. 5º, §2º: Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4º deverão ser comprovados
periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regula-
mento desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
RESUMO!
1. O Ministério da Justiça: INSTITUI o Sistema Nacional de Armas (SINARM)
2. O SINARM: expede a AUTORIZAÇÃO DE AQUISIÇÃO DE ARMA DE FOGO, após preenchi-
mento dos requisitos contidos no art. 4º.
3. O SINARM: AUTORIZA o Certificado de Registro (de posse) de Arma de Fogo de uso per-
mitido, após preenchimento dos requisitos legais
3. Polícia Federal: EXPEDE o Certificado de Registro de Arma de Fogo (esta expedição só
ocorrerá após a autorização realizada pelo SINARM); (art. 4º c/c art. 5º, §1º)
4. O certificado de registro de arma de fogo (autorizado pelo SINARM e posteriormente expe-
dido pela polícia Federal) deverá ser renovado periodicamente no prazo máximo de 03 anos. Nes-
ta renovação, o interessado deverá comprovar o preenchimento dos requisitos do art. 4º da Lei.
Obs.: Como vimos, o Certificado de Registro de Arma de Fogo será autorizado pelo SINARM
e, posteriormente, será expedido pela Polícia Federal. Porém, antes do advento da Lei
n. 10.826/2003, era possível que órgãos públicos estaduais realizassem esta expedi-
ção. A fim de respeitar a segurança jurídica, o Estatuto do Desarmamento estabeleceu
um prazo para que estes registros antigos fossem renovados e expedidos pela polícia
federal. Este prazo, entretanto, expirou em 31 de dezembro de 2009. Logo, atualmente,
os certificados de registros estaduais não possuem validade.
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Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previs-
tos em legislação própria e para:
I – os integrantes das Forças Armadas;
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição
Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV – os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
de presos e as guardas portuárias;
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades espor-
tivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
couber, a legislação ambiental.
X – integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Tra-
balho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário
XI – os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios
Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que
efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo
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fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aque-
las constantes dos incisos I, II, V e VI
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de
fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora
de serviço, desde que estejam:
I – submetidos a regime de dedicação exclusiva;
II – sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e
III – subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.
§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos inci-
sos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere
o inciso III do caput do art. 4º desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à forma-
ção funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência
de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento
desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça.
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal,
bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4º,
ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
regulamento desta Lei.
§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender
do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de
uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou infe-
rior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao
qual deverão ser anexados os seguintes documentos:
I – documento de identificação pessoal
II – comprovante de residência em área rural; e
III – atestado de bons antecedentes.
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de
outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
fogo de uso permitido.
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas
será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço
Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de
transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guar-
da das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas
observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de transporte de valo-
res responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais
sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
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§ 2º A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação compro-
batória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei quanto aos empregados
que portarão arma de fogo.
§ 3º A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada semes-
tralmente junto ao Sinarm.
Art. 7º-A As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas no inciso XI do art.
6º serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo
ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expe-
didos pela Polícia Federal em nome da instituição.
§ 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe do pagamento de taxa.
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os servidores de seus quadros
pessoais no exercício de funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite
máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores que exerçam funções de segurança.
§ 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este artigo fica condicionado à apre-
sentação de documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º desta
Lei, bem como à formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de
mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser atualizada semes-
tralmente no Sinarm.
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à
Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e
munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obe-
decer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo
o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei.
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacio-
nal oficial de tiro realizada no território nacional.
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial
limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ame-
aça à sua integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no
órgão competente.
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
substâncias químicas ou alucinógenas.
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Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
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Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela presta-
ção de serviços relativos:
I – ao registro de arma de fogo;
II – à renovação de registro de arma de fogo;
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
V – à renovação de porte de arma de fogo;
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das atividades do Sinarm, da
Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades.
§ 2º São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo as pessoas e as instituições a que
se referem os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei.
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as condições do credenciamento de profis-
sionais pela Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para
o manuseio de arma de fogo
§ 1º Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder
ao valor médio dos honorários profissionais para realização de avaliação psicológica constante do
item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia.
§ 2º Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não
poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da munição.
§ 3º A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo implicará o descre-
denciamento do profissional pela Polícia Federal.
O STF, na ADI 5.538/2021, considerou inconstitucional o art. 6º, III e IV, que restringe o porte de
arma de fogo, destinado aos guardas municipais, com base no critério da quantidade populacio-
nal do município. De acordo com a Corte, os Guardas Municipais exercem atividade de seguran-
ça pública (com base no art. 144, §7º da CF). Deste modo, entendeu-se que a restrição do porte
de arma de fogo a membros de Segurança Pública, se possível, deve respeitar critérios atinentes
aos índices de violência e de ocorrências policiais, e não ao número populacional da cidade.
JURISPRUDÊNCIA
1. É evidente a necessidade de união de esforços para o combate à criminalidade orga-
nizada e violenta, não se justificando, nos dias atuais da realidade brasileira, a atuação
separada e estanque de cada uma das Polícias Federal, Civis e Militares e das Guardas
Municipais; pois todas fazem parte do Sistema Único de Segurança Pública.
2. Dentro dessa nova perspectiva de atuação na área de segurança pública, o Plenário
desta SUPREMA CORTE, no julgamento do RE 846.854/SP, reconheceu que as Guardas
Municipais executam atividade de segurança pública (art. 144, § 8º, da CF), essencial ao
atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade (art. 9º, § 1º, da CF).
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As autorizações de porte, previstas no art. 6º não possui rol taxativo. Logo, é possível que outra
lei autorize o porte de arma de fogo para determinada categoria. É o que ocorre, por exemplo, com
a autorização de porte de arma conferida a membros da Magistratura e do Ministério Público.
“A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm”,
conforme previsão contida no art. 10 da Lei n. 10.826/2003.
1
STF – ADI 5.538. Rel. Min. Alexandre de Moraes. Julgado em 01/03/2021. Disponível em https://portal.stf.jus.br/proces-
sos/downloadPeca.asp?id=15346443722&ext=.pdf Acesso em 10 de agosto de 2021.
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Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal para
o cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e demais pro-
dutos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão dis-
ciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército.
§ 1º Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas em embalagens
com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabrican-
te e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regulamento desta Lei.
§ 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão expedidas autorizações de compra de munição
com identificação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
§ 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data de publicação desta Lei conterão
dispositivo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo re-
gulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6º.
§ 4º As instituições de ensino policial e as guardas municipais referidas nos incisos III e IV do caput
do art. 6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição para
o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante autorização concedida nos termos de-
finidos em regulamento
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao
Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos
órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
§ 1º As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército que receberem parecer favorável à
doação, obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Comando do
Exército, serão arroladas em relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições,
abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse.
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§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em decorrência do tráfico de drogas de abuso,
ou de qualquer forma utilizadas em atividades ilícitas de produção ou comercialização de drogas
abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recursos provenientes do tráfico de drogas de
abuso, perdidas em favor da União e encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser, após
perícia ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas com prioridade para os órgãos de se-
gurança pública e do sistema penitenciário da unidade da federação responsável pela apreensão.
§ 2º O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a serem doadas ao juiz competente,
que determinará o seu perdimento em favor da instituição beneficiada.
§ 3º O transporte das armas de fogo doadas será de responsabilidade da instituição beneficiada,
que procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma.
§ 5º O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma,
conforme se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de armas
acauteladas em juízo, mencionando suas características e o local onde se encontram.
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, répli-
cas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo
de uso restrito.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os inte-
grantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6º desta Lei.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias
após a publicação desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade superior a 90 (noventa) dias po-
derá renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e 10 desta Lei, no prazo de
90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o requerente.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deve-
rão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento
de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra
ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declara-
ção firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando
este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos
incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no caput deste artigo, o proprietário de arma
de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedi-
do na forma do § 4º do art. 5º desta Lei
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, me-
diante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.
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Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),
conforme especificar o regulamento desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que delibera-
damente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição
sem a devida autorização ou com inobservância das normas de segurança;
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize publicidade para venda, estimu-
lando o uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um mil)
pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o ingresso de
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5º da Constituição Federal.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos serviços de transporte internacional
e interestadual de passageiros adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de
passageiros armados.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco
Nacional de Perfis Balísticos.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar carac-
terísticas de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma de fogo
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de mu-
nição deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às
apurações criminais federais, estaduais e distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal.
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que
permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial
responderá civil, penal e administrativamente.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados
em ato do Poder Executivo federal.
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Armas de brinquedo ou simulacros de armas, de qualquer natureza, não são objetos materiais
aptos à consumação dos crimes previstos na Lei n. 10.826/2003.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco
Nacional de Perfis Balísticos
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por
arma de fogo.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de mu-
nição deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às
apurações criminais federais, estaduais e distritais
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal.
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que
permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial
responderá civil, penal e administrativamente.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis
Balísticos.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados
em ato do Poder Executivo federal.
Com a implementação do Banco Nacional de Dados de Perfis Balísticos, será possível criar
um cadastro uniforme com informações acerca das armas de fogo, projéteis e estojos de mu-
nição. Este Banco terá caráter sigiloso e contribuirá para as investigações de infrações penais.
Após a previsão legal, sua implementação necessita de ato do Poder Executivo Federal.
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Art. 12 Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
O tipo penal se consubstancia quando o agente possui ou mantém, em sua casa, arma de fogo,
acessório ou munição de uso permitido, mas em desacordo com determinação legal ou regula-
mentar. Trata-se de norma penal em branco, que carece de regulamentação prevista em outra nor-
ma ou ato infralegal. Deste modo, só saberemos se há incorrência do tipo penal após averiguarmos
se o agente detém ou possui o objeto em desacordo com “determinação legal ou regulamentar”.
Esta “determinação legal ou regulamentar”, por sua vez, diz respeito ao Certificado de Re-
gistro de Arma de Fogo, previsto no art. 5º da Lei n. 10.826/2003 e no Decreto n. 9.685/2019.
Deste modo, comete crime de “posse irregular de arma de fogo de uso permitido” aquele que
possui ou mantém, sob sua guarda, arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
sem o respectivo Certificado de Registro de Arma de Fogo.
Lembrando que este Certificado – autorizado pelo SISNARM e expedido pela Polícia Fede-
ral – permite a posse de arma de fogo na residência do proprietário, ou em seu trabalho, desde
que, neste caso, ele seja o titular ou responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. Por-
tanto, aquele que não possuir o Certificado de Registro de Arma de Fogo, incorrerá no crime
previsto no art. 12 da Lei n. 10.826/2003.
O crime do art. 12 se consubstancia quando o agente mantém, em sua residência ou traba-
lho, porte de arma de fogo, munição ou acessório, sem ter o Certificado de Registro de Arma
de Fogo. Portanto, o local de ocorrência do crime é a residência ou trabalho do sujeito ativo.
Portanto, se o sujeito ativo estiver com a arma em local distinto, que não seja a sua resi-
dência ou trabalho, incorrerá no crime de porte ilegal de arma de fogo, previsto no art. 14 do
Estatuto do Desarmamento.
De acordo com o STJ, o crime de “posse irregular de arma de fogo de uso permitido” ocorre se o
agente possuir ou mantiver a arma de fogo, acessório ou munição sem o seu respectivo Regis-
tro. Assim, se o registro existir, mas estiver com a validade vencida, não haverá crime e sim, mera
infração administrativa, que autoriza, apenas, a apreensão do artefato e a aplicação de multa.2
2
STJ – APn 686/AP. Rel. Ministro João Otávio de Noronha. Quinta Turma. Julgado em 21/10/2015. Disponível em https://
mail.google.com/mail/u/0/#search/f%C3%A1bio+roque/FMfcgzGkZGmMHWKmwMvtSQvGBGNGFBbZ?projector=1&-
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O crime de “posse irregular de arma de fogo de uso permitido” é de perigo abstrato, ou pre-
sumido, ou seja, não precisa haver a efetiva violação ao bem jurídico para que ele se consubs-
tancie. Deste modo, por entender que se trata de crime de perigo abstrato, o STF e o STJ enten-
dem que a previsão contida no art. 12 se concretiza ainda que a arma esteja desmuniciada.3
Convém ressaltar que a Lei anterior ao Estatuto do Desarmamento (Lei n. 9.437/1997) previa
a pena de 1 (um) a 2 (dois) anos para o crime de “posse irregular de arma de fogo de uso permi-
tido”. Com a revogação desta norma pela Lei n. 10.986/2003, esta pena passou a ser de 1 (um) a
3 (três) anos. Deste modo, por ser uma norma penal recrudescida, não poderá retroagir aos fatos
anteriores à sua vigência, em razão do princípio da irretroatividade da lei penal maléfica.
Ainda no que se refere a pena a ser cominada para este tipo penal, algumas observações
merecem destaque:
a) Não é infração penal de menor potencial ofensivo, já que sua pena máxima ultrapassa
os 2 (dois) anos. Portanto, o crime de “posse irregular de arma de fogo de uso permitido” não
admite a transação penal prevista no art. 76 da Lei n. 9.099/1995.
b) Como a pena mínima prevista no art. 12 é de 1 (um) ano, será possível a suspensão
condicional do processo (também chamada de sursis processual), ainda que não se trate de
crime de menor potencial ofensivo. Isto porque o art. 89 da Lei n. 9.099/1995 estabelece que:
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta
Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena
c) Por se tratar de um crime cometido sem violência ou grave ameaça que não ultrapassa
04 (quatro) anos, será possível a pena seja convertida em restritiva de direitos, se preenchidos
os demais requisitos contidos no art. 44 do CP.
d) Como a pena máxima não ultrapassa 4 (quatro) anos, o delegado poderá arbitrar fiança,
conforme dispõe o art. 322 do CPP.
e) Como a pena mínima é inferior a 4 (quatro) anos, é possível o acordo de não persecução
penal desde que presentes os demais requisitos contidos no art. 28-A do CPP.
Demais observações acerca do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido:
1. Ação Penal: Pública Incondicionada.
2. Elemento Subjetivo: Dolo. Não há previsão de modalidade culposa.
3. Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou munição.
4. Bem jurídico tutelado: Segurança Pública, incolumidade pública, segurança nacional e
paz social.
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Obs.: Por ser crime permanente, a “posse irregular de arma de fogo de uso permitido” terá
as seguintes consequências: a) Enquanto não cessada a permanência, será possível a
prisão em flagrante; b) O curso do prazo prescricional só se inicia após a cessação da
permanência; c) A entrada em vigor de uma lei penal mais gravosa poderá ser aplicada
ao caso, se ainda não tiver cessado a permanência.
Abolitio Criminis Temporária: Como vimos, o Certificado de Registro de Arma de Fogo será
autorizado pelo SINARM e, posteriormente, será expedido pela Polícia Federal. Porém, antes
do advento da Lei n. 10.826/2003, era possível que órgãos públicos estaduais realizassem
esta expedição. A fim de respeitar a segurança jurídica, o Estatuto do Desarmamento estabe-
leceu um prazo para que estes registros fossem renovados e expedidos pela polícia federal.
Este prazo, entretanto, expirou em 31 de dezembro de 2009. Logo, atualmente, os certificados
de registros estaduais não possuem validade.
Porém, caso a pessoa possuísse uma Certidão de Registro expedida por órgão público
estadual e ainda estivesse dentro do prazo para realizar a regulamentação perante a polícia
federal (até 31/12/2009), não seria punido pelo crime previsto no art. 12 da Lei n. 10.826/2003.
Deste modo, houve uma abolitio criminis temporária para o crime de posse irregular de
arma de fogo de uso permitido. Após várias alterações legislativas, estabeleceu-se que o prazo
final para que o possuidor regularize a arma foi até 31/12/2009. Portanto esta abolitio ocorreu
até a data prevista para regulamentação (31/12/2009), passado este prazo, o agente que não
tiver realizado a expedição da “Certidão de Registro de Arma de fogo” perante a polícia federal,
incorrerá no crime previsto no art. 12.
Importante destacar, que a redação originária do Estatuto do desarmamento também con-
feriu abolitio criminis temporária para as condutas relacionadas às armas de uso restrito e
àquelas que lhes são equiparadas por Lei, como as armas de numeração raspada, suprimida
ou adulterada (art. 16). Entretanto, as alterações legislativas posteriores (que prorrogaram o
prazo para a regularização) não abrangeu este delito, de forma que, em relação a este tipo de
arma, a abolitio criminis cessou em 23/10/2005, conforme dispõe a Súmula 513 do STJ:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 513/STJ: “A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao
crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
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Como veremos em breve, o crime de posse de armas de fogo de uso permitido que tiverem
com numeração, marca ou outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, se
equipara ao crime de porte ou posse de arma de fogo de uso restrito, conforme previsão con-
tida no art. 16, § 1º, IV, do Estatuto do Desarmamento.
RESUMO DOS CASOS DE ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA:
• Crime de Posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art.12): A abolitio criminis
temporária cessou em 31 de dezembro de 2009.
• Crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido: não foi abarcado pela abolitio
criminis temporária.
• Crime de posse de arma de fogo de uso restrito e as que lhe são equiparas (art. 16,
caput e §1º): A abolitio criminis temporária cessou em 23 de outubro de 2005.
Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,
nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou
que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
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ou portador de deficiência mental, se apodere de arma de fogo. Esta falta de dever de cuidado
se caracteriza pela negligência do agente. Trata-se, pois, de um crime culposo!
Perceba que, para a consumação do delito, faz-se necessário que o menor, ou a pessoa
portadora de deficiência mental, se apodere de arma de fogo. O artigo em análise não faz men-
ção ao apoderamento de munição ou acessórios para a incorrência do crime.
Deste modo, em respeito ao princípio da legalidade, não haverá crime de omissão de cau-
tela se o agente faltar com dever de cuidado, deixando de impedir que menor de 18 anos ou
portador de deficiência mental se apodere de munição ou acessórios de armas de fogo.
Em outras palavras, o objeto material do crime em tela é, apenas, a arma de fogo (não abarcan-
do munições ou acessórios). Contudo, como o art. 13 não especifica qual a modalidade de arma
de fogo, o crime de “omissão de cautela” se consumará sendo, esta, de uso permitido ou restrito.
Observe que nada impede que haja concurso de crimes. É possível, por exemplo, que o
agente responda por “omissão de cautela” (ao não impedir que menor de 18 anos ou pessoa
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo) e, também, pelo crime de “posse
irregular de arma de fogo de uso permitido” (se, neste mesmo exemplo, a arma apoderada pelo
menor não possuir Certificado de Registro).
Vamos trazer um rol de observações acerca do crime de omissão de cautela:
1. Quanto aos Sujeitos:
a) Sujeito Ativo: trata-se de crime comum. Não se exige uma qualidade especial do agente.
Portanto, qualquer um poderá ser sujeito ativo do crime de omissão de cautela.
b) Sujeito Passivo: Será a coletividade.
2. Quanto ao objeto material: arma de fogo (seja esta de uso permitido ou restrito). Lem-
bre-se que o art. 13 não faz menção à acessórios ou munição como objetos deste crime.
3. Quanto ao elemento subjetivo: O crime de omissão de cautela se consuma em razão
da negligência do sujeito ativo, que falta com o seu dever de cuidado. Portanto, a culpa é o
elemento subjetivo do tipo.
4. Por se tratar de crime culposo, a omissão de cautela não admite a tentativa!
5. Consumação: Trata-se de um crime material, que exige a produção do resultado natu-
ralístico para a sua consumação. Este resultado naturalístico, por sua vez, ocorre quando o
menor de 18 (dezoito) anos, ou o portador de deficiência mental, se apodera da arma de fogo
em razão da falta de cautela do sujeito ativo.
6. Ação Penal: Pública Incondicionada.
A pena para o crime de omissão de cautela será de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Com
base nesta informação, podemos chegar às seguintes conclusões:
a) Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, já que a pena máxima não ultrapassa os
02 (dois) anos (art. 61 da Lei n. 9.099/1995).
b) Por ser crime de menor potencial ofensivo, é possível a transação penal, nos termos do
art. 76 da Lei n. 9.099/1995.
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c) Como a pena mínima é igual a 01 (um) ano, é possível a suspensão condicional do pro-
cesso, também chamada de sursis processual, desde que preenchidos os demais requisitos
previstos no art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
d) Como a pena máxima não ultrapassa 4 (quatro) anos, o delegado poderá arbitrar fiança,
conforme dispõe o art. 322 do CPP.
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da perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição, sem que
os agentes tenham registrado a ocorrência policial e comunicado à Polícia Federal.
Obs.:
Por ser crime doloso, faz-se necessário que o proprietário ou diretor tenha conhecimen-
to do fato ocorrido. Assim, o prazo de 24 horas não começará a correr se o agente não
tiver conhecimento do fato (perda, furto, roubo ou extravio de arma de fogo, acessório
ou munição), já que o elemento subjetivo “dolo” exige o binômio “consciência e vontade”.
Obs.: A Lei n. 10.630/2021 alterou o art. 13 do Decreto n. 9.847/2019, que passou a ter a
seguinte redação: “O proprietário de arma de fogo fica obrigado a comunicar, imedia-
tamente após à ciência dos fatos, à polícia judiciária e ao Sinarm, o extravio, o furto, o
roubo e a recuperação de arma de fogo ou do Certificado de Registro de Arma de Fogo”.
Portanto, a Pessoa Física, proprietária de arma de fogo, tem o dever de comunicar, à auto-
ridade judiciária e ao Sinarm, ocorrências relacionadas a extravio, furto, roubo e recuperação
desta arma. Porém, por ausência de previsão normativa, e em respeito ao princípio da lega-
lidade, a inobservância deste dever de comunicação não gera responsabilidade criminal do
proprietário, já que o art. 13, parágrafo único, do Estatuto do Desarmamento se refere, apenas,
ao proprietário ou diretor responsável pela empresa de segurança e de transporte de valores.
Em relação ao crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, vamos analisar o art.
14 do Estatuto do Desarmamento.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita-
mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou mu-
nição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente.
Embora o tipo penal tenha recebido o nome de “porte ilegal de arma de fogo de uso proibi-
do”, podemos notar que este crime se consuma mediante a prática de inúmeras outras condu-
tas, que não são definidas como porte (a exemplo de adquirir, fornecer, receber, ter em depósi-
to, ceder, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar).
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Trata-se de um crime de ação múltipla (também chamado de tipo penal misto ou alternati-
vo). Neste, a realização de mais de uma conduta (descrita na norma), dentro de um mesmo con-
texto fático e em relação ao mesmo objeto material, ensejará a ocorrência de um único delito.
Assim, o agente que, por exemplo, adquire arma de fogo e, posteriormente, a empresta, terá
praticado duas condutas (previstas no mesmo tipo penal), dentro de um mesmo contexto fáti-
co e em relação ao mesmo objeto material (no caso, a arma de fogo adquirida e emprestada).
Neste caso, embora haja pluralidade de condutas, este agente só responderá por um crime
(previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003).
Além disso, é importante observar que o artigo em tela nos informa que será crime, o ato
de “portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, emprestar, re-
meter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
A expressão “em desacordo com determinação legal ou regulamentar” nos informa que o crime
de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” é uma norma penal em branco, que necessita de
complementação, a ser obtida por meio de ato legal ou infralegal. Deste modo, a lei ou regulamento
estabelece os casos em que serão permitidos o porte de arma de fogo de uso permitido. Por con-
sequência, será considerado crime toda a conduta que não se adeque às hipóteses ali previstas.
Assim como ocorre com o art. 12, o tipo penal previsto no art. 14 (porte ilegal de arma de
fogo de uso permitido) é um crime de perigo abstrato, que não necessita de lesão efetiva ou
exposição concreta a bem jurídico, para que haja sua consumação! Deste modo, assim como
vimos no art. 12, o STF entende que o crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido”
poderá ocorrer ainda que a arma esteja desmuniciada. Neste sentido, convém trazer julgado
previsto no Informativo 493, do STJ:
JURISPRUDÊNCIA
ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. TIPICIDADE. A Turma, acompanhando recente assen-
tada, quando do julgamento, por maioria, do REsp 1.193.805- SP, manteve o entendimento
de que o porte ilegal de arma de fogo é crime de perigo abstrato, cuja consumação se
caracteriza pelo simples ato de alguém levar consigo arma de fogo sem autorização ou
em desacordo com determinação legal - sendo irrelevante a demonstração de efetivo cará-
ter ofensivo. Isso porque, nos termos do disposto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei n.
10.826/2003, o legislador teve como objetivo proteger a incolumidade pública, transcen-
dendo a mera proteção à incolumidade pessoal, bastando, assim, para a configuração do
delito em discussão a probabilidade de dano, e não sua ocorrência. Segundo se observou, a
lei antecipa a punição para o ato de portar arma de fogo; é, portanto, um tipo penal preven-
tivo, que busca minimizar o risco de comportamentos que vêm produzindo efeitos danosos
à sociedade, na tentativa de garantir aos cidadãos o exercício do direito à segurança e à
própria vida. Conclui-se, assim, ser irrelevante aferir a eficácia da arma para a configuração
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A pena para o crime previsto no art. 14 será de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa. Com base nesta informação, podemos chegar às seguintes conclusões:
a) Não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo, já que estas, exigem a pena
máxima “não superior a 02 (dois) anos”, conforme art. 61 da Lei n. 9.099/1995.
b) Por não se tratar de infração de menor potencial ofensivo, o crime de “porte ilegal de arma
de fogo de uso permitido”, não admite a transação penal prevista no art. 76. Lei n. 9.099/1995.
c) Como a pena mínima deste crime ultrapassa 01 (um ano), não é possível a suspensão condi-
cional do processo, também chamada de sursis processual e prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
d) Por se tratar de um crime cometido sem violência ou grave ameaça que não ultrapassa
04 (quatro) anos, será possível a pena seja convertida em restritiva de direitos, se preenchidos
os demais requisitos contidos no art. 44 do CP.
e) Como a pena mínima é inferior a 4 (quatro) anos, é possível o acordo de não persecução
penal desde que estejam presentes os demais requisitos contidos no art. 28-A do CPP.
Obs.:
A Lei n. 9.437/1997, revogada pelo Estatuto do Desarmamento, previa a pena de 01 a
02 anos para os crimes de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido”. Desta forma,
podemos perceber que a Lei n. 10.826/2003, ao prescrever a pena de 02 a 04 anos,
trouxe um tratamento mais gravoso à matéria só podendo, ser aplicada aos fatos ocorri-
dos após a sua vigência, em respeito ao princípio da irretroatividade da lei penal maléfica.
Ainda em relação a previsão contida no art. 14 da Lei 10.826/03, convém fazermos as se-
guintes observações:
1. Quanto aos Sujeitos:
a) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum. Logo, não se exige qualidade especial do agente
para a configuração deste tipo penal.
b) Sujeito Passivo: coletividade.
2. Quanto ao objeto material: arma de fogo, acessório ou munição.
3. Quanto ao elemento subjetivo: Este crime só se consuma por meio de dolo (formado
pelo binômio consciência e vontade). Portanto não se admite a modalidade culposa.
4
STJ - HC 211.823-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 22/3/2012. Disponível em https://www.stj.
jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informjurisdata/article/view/4622/4799 Acesso em 08 de agosto de 2021.
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JURISPRUDÊNCIA
A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de “porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido” e de “disparo de arma de fogo”, mostra-se desarrazoada, porquanto
são crimes de mera conduta, que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou
ameaça de lesão à vida ou à propriedade.6
Deste modo, o crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” é afiançável e,
como sua pena máxima não ultrapassa 4 (quatro) anos, o próprio delegado poderá arbitrar
esta fiança, conforme dispõe o art. 322 do CPP.
O crime de porte ilegal de arma de fogo, quando esta arma for empregada com a finalidade
de cometer outro crime, deverá ser absorvido pelo crime maior? Em outras palavras, deverá
5
STJ – REsp 1735871/AM, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 12/06/2018. Disponível em https://processo.stj.
jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201800032418&dt_publicacao=28/06/2018 Acesso em 10 de agosto de 2021
6
STF – ADIN 3112, Relator Min Ricardo Lewandowski. Julgado em 02/05/2007. Disponível em https://redir.stf.jus.br/pagina-
dorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=491806 Acesso em 10 de agosto de 2021.
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Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
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haver consunção se o crime previsto no art. 14, do Estatuto do Desarmamento, tiver sido prati-
cado com vistas ao cometimento de um outro delito?
Pense, por exemplo, na hipótese em que o agente utiliza uma arma de fogo de uso permitido para
cometer o crime de homicídio. Nesta hipótese, o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permi-
tido deverá, necessariamente, ser absorvido pelo crime contra a vida, ou haveria crimes autônomos?
A respeito do tema, o STJ entende que a existência de consunção, ou de concurso de cri-
mes, dependerá da análise do caso concreto. Assim, haverá consunção se o crime de porte
ilegal de arma de fogo for praticado, exclusivamente, como meio necessário para a prática de
outro crime. Ou seja, a consunção pressupõe que o crime previsto no estatuto do desarma-
mento seja um “estágio de preparação ou execução” de um delito mais grave.7 8
Deste modo, se, por exemplo, o agente estiver portando arma de fogo com a finalidade úni-
ca e exclusiva de cometer crime de homicídio, haverá absorção. Se, por outro lado, este agente
estiver transitando na rua portando arma de fogo e acabar praticando o crime de homicídio,
não haverá de se falar em absorção, e sim em concurso de crimes. Neste último caso, o porte
ilegal de arma de fogo e o homicídio serão considerados crimes autônomos.
Ainda acerca do tema, o STF manifestou-se no seguinte sentido:
JURISPRUDÊNCIA
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: HOMICÍDIO E POSSE ILEGAL DE ARMA. A 1ª Turma, por
maioria, julgou extinto habeas corpus em que se discutia a aplicabilidade do princípio da
consunção em hipótese de prática de homicídio com o uso de arma de fogo de nume-
ração raspada. No caso, o paciente fora absolvido sumariamente em relação ao delito
de homicídio, uma vez sua conduta haver caracterizado legítima defesa. Não obstante,
remanescia a persecução penal no tocante ao crime de posse e porte de arma de fogo. A
Turma reputou que os tipos penais seriam diversos, e que a excludente de ilicitude reco-
nhecida quanto ao homicídio não alcançaria a posse ilegal de arma de fogo com nume-
ração raspada. Vencido o Ministro Luiz Fux (relator), que concedia a ordem de ofício, por
entender incidir o princípio da consunção. STF - HC 120678/PR, rel. orig. Min. Luiz Fux,
red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 24.2.2015. 1ª T. (Info 775)9
7
STJ, HC 226.373/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/02/2013, DJe 06/03/2013. Disponível em https://stj.jusbrasil.
com.br/jurisprudencia/24158722/habeas-corpus-hc-217321-sp-2011-0206724-0-stj/inteiro-teor-24158723 Acesso em 09
de agosto de 2021
8
STJ, HC 168.171/RS, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 04/10/2011, DJe 09/11/2011. Disponível em
https://jurisprudencia.s3.amazonaws.com/STJ/IT/HC_168171_RS_1326911568532.pdf?AWSAccessKeyId=AKIARMMD5JEA-
O67SMCVA&Expires=1628742094&Signature=61mWqOGok8XkWl5xtF6eMja6qV4%3D Acesso em 09 de agosto de 2021
9
STF - HC 120678/PR, Rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 24.2.2015. 1ª T. Disponível
em http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo775.htm Acesso em 10 de agosto de 2021.
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Como podemos notar da redação do art. 15, o crime de “disparo de arma de fogo” só será
aplicado quando a conduta praticada não tiver, como finalidade principal, a prática de outro
tipo penal. Trata-se, portanto, de um crime subsidiário.
Assim, se, por exemplo, o sujeito ativo dispara arma de fogo, em via pública ou lugar habi-
tado, sem a intenção de cometer outro delito, responderá pelo crime em tela. Porém, se este
agente faz disparos de armas de fogo, em via pública, com a intenção de matar alguém, não
responderá pelo crime de “disparo de arma de fogo” e sim pelo crime de homicídio (tentado ou
consumado) previsto no art. 121 do CP.
Outro ponto que merece destaque é que, de acordo com o art. 15 da Lei n. 10.826/2003, o
crime só será praticado se o agente fizer o disparo em “lugar habitado ou suas adjacências”,
em “via pública em direção a ela”. Deste modo, não haverá crime se o disparo de arma de fogo
for efetuado em lugar ermo ou deserto!
A pena para o crime previsto no art. 15 será de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa. Com base nesta informação, podemos chegar às seguintes conclusões:
a) Não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo, já que estas, exigem a pena
máxima “não superior a 02 (dois) anos”, conforme art. 61 da Lei n. 9.099/1995.
b) Por não se tratar de infração de menor potencial ofensivo, o crime de “porte ilegal de arma
de fogo de uso permitido”, não admite a transação penal prevista no art. 76. Lei n. 9.099/1995.
c) Como a pena mínima deste crime ultrapassa 01 (um ano), não é possível a suspensão condi-
cional do processo, também chamada de sursis processual e prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
d) Por se tratar de um crime cometido sem violência ou grave ameaça que não ultrapassa
04 (quatro) anos, será possível a pena seja convertida em restritiva de direitos, se preenchidos
os demais requisitos contidos no art. 44 do CP.
e) Como a pena mínima é inferior a 4 (quatro) anos, é possível o acordo de não persecução
penal desde que estejam presentes os demais requisitos contidos no art. 28-A do CPP.
Obs.: Como vimos, O STF, na ADIN 3112, declarou inconstitucional os parágrafos únicos dos
arts. 14 e 15 da Lei n. 10.826/2003, os quais preveem a inafiançabilidade aos crimes
de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” e de “disparo de arma de fogo”.
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Deste modo, o crime de “disparo de arma de fogo” é afiançável e, como sua pena máxima
não ultrapassa 4 (quatro) anos, o próprio delegado poderá arbitrar esta fiança, conforme dis-
põe o art. 322 do CPP.
Ainda em relação ao crime de “disparo de arma de fogo”, algumas observações mere-
cem destaque:
1. Quanto aos Sujeitos:
a) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa,
não se exigindo, pois, uma qualidade ou condição especial do agente.
b) Sujeito Passivo: Será a coletividade.
2. Quanto ao objeto material: arma de fogo ou munição.
3. Quanto ao elemento subjetivo: Este crime só se consuma por meio de dolo (este, por sua
vez, se caracteriza pelo binômio “consciência e vontade”). Deste modo, o crime de disparo de
arma de fogo não admite a modalidade culposa.
4. Consumação: O crime previsto no art. 15 se consuma com o disparo de arma de fogo ou
com o acionamento da munição. Logo, trata-se de crime formal, que não exige a produção de
um resultado naturalístico (como a efetiva lesão a alguém ou a algo).
5. Ação Penal: Pública Incondicionada.
6. Não se admite a tentativa, nestes casos.
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Forças Armadas, Policiais, empregados de empresas privadas de segurança etc. Assim, entre as
muitas condutas previstas no crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” (art. 14),
está a de circular com estes objetos sem ter autorização para tanto.
Assim, a grande diferença entre os arts. 12, 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento, se re-
fere à arma, acessório ou munição possuídos ou portados pelo agente. Em síntese, os crimes
previstos nos arts. 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento se referem, respectivamente, à pos-
se e ao porte de arma de fogo, acessório e munição de uso permitido. Já o art. 16, criminaliza a
posse e o porte de arma de fogo, acessório e munição de uso restrito (caput) ou proibido (§2º).
Em razão de seu potencial bélico, as armas de uso restrito não podem ser adquiridas por
qualquer pessoa física ou jurídica que preencha os requisitos previstos no art. 4º do Estatuto
do Desarmamento. Tratam-se, pois, de armas destinadas ao uso das instituições de seguran-
ça, das forças armadas e pessoas físicas ou jurídicas habilitadas pelo Comando do Exército.
De acordo com o art. 3º, parágrafo único do Estatuto do Desarmamento, “as armas de fogo
de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei”.
O art. 27 da mesma Lei nos informa que “caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcio-
nalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.” Portanto, enquanto a autorização de
compra de arma de fogo de uso permitido é realizada pelo SINARM (art. 4º, §1º), caberá, ao
Exército, efetivar esta autorização quando se tratar de armas de uso restrito.
O art. 3º, II, do Decreto n. 10.627, de 12 de fevereiro de 2021, estabelece, como de uso
restrito, as armas de fogo automáticas, de qualquer tipo ou calibre, semiautomáticas ou de
repetição que sejam:
a) não portáteis;
b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano
de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou
c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum,
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil
seiscentos e vinte joules.
Já o inciso IV, do mesmo Decreto, define as munições de uso restrito como aquelas que:
a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de fogo de porte ou de armas de fogo portáteis
de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas;
c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou
d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza.
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Art. 3º, Parágrafo único. Para fins do disposto neste Regulamento, considera-se:
III – arma de fogo de uso proibido:
a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos ou tratados internacionais dos
quais a República Federativa do Brasil seja signatária; e
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos;
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Art. 16: Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Como podemos observar em sua redação, o crime de “porte e posse ilegal de arma de fogo
de uso restrito” possui inúmeras condutas: Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob sua guarda ou ocultar.
Trata-se, pois, de um crime de ação múltipla (também chamado de tipo penal misto ou
alternativo). Neste, a realização de mais de uma conduta (descrita na norma), dentro de um
mesmo contexto fático e em relação ao mesmo objeto material, ensejará a ocorrência de um
único delito. Assim, o agente que, por exemplo, adquire arma de fogo e, posteriormente, a em-
presta, responderá por um único crime, previsto no art. 16 da Lei n. 10.826/2003, embora tenha
realizado duas condutas típicas.
A expressão “em desacordo com determinação legal ou regulamentar” nos informa que o
crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” é uma norma penal em branco, que
necessita de complementação, a ser obtida por meio de ato legal ou infralegal.
Ademais, o crime de “posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito” é de perigo abstrato,
ou presumido. Logo, não precisa haver a efetiva violação ao bem jurídico para que ele se consubs-
tancie. Por este motivo, assim como falamos em relação aos crimes previstos nos arts. 12 e 14, o
STF entende que a previsão contida no art. 16 se concretiza ainda que a arma esteja desmuniciada.
Neste sentido, o STJ estabelece que “o simples fato de possuir ou portar munição caracte-
riza os delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, por se tratar de crime de
perigo abstrato e de mera conduta, sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo
concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública”10
A pena para o crime previsto no caput do art. 16 será de reclusão, de 03 (três) a 06 (seis)
anos, e multa. Com base nesta informação, podemos chegar às seguintes conclusões:
a) Por possuir pena máxima de 06 anos, não se trata de infração penal de menor potencial
ofensivo (já que estas, exigem a pena máxima “não superior a 02 (dois) anos”, conforme art.
61 da Lei n. 9.099/1995).
b) Por não se tratar de infração de menor potencial ofensivo, o crime de “porte ilegal de arma
de fogo de uso permitido”, não admite a transação penal prevista no art. 76. Lei n. 9.099/1995.
c) Como a pena mínima deste crime ultrapassa 01 (um ano), não é possível a suspensão condi-
cional do processo, também chamada de sursis processual e prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
10
STJ – Jurisprudência em teses, 108 – Estatuto do Desarmamento II.
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d) Como a pena mínima é inferior a 4 (quatro) anos, é possível o acordo de não persecução
penal desde que estejam presentes os demais requisitos contidos no art. 28-A do CPP.
e) O delegado não poderá arbitrar fiança, pois a pena máxima prevista em Lei ultrapassa
quatro anos (conferir comentários ao art. 21 sobre o cabimento da liberdade provisória). Por-
tanto, a fiança deverá ser arbitrada pelo juiz. Lembrando, porém, que no caso previsto no §2º
do art. 16, o crime será inafiançável, tendo em vista sua natureza hedionda.
Da impossibilidade de concessão de Liberdade provisória (art. 21): O art. 21 do Estatuto do
Desarmamento estabelece que os crimes previstos em seus art. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de
liberdade provisória. Tal previsão, entretanto, embora não tenha sido expressamente revogada,
foi declarada inconstitucional em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Desta
maneira, o STF, na ADIN 3.112, entendeu que o art. 21, da Lei 10.826/03, viola o princípio da pre-
sunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão.11
Ainda em relação ao crime previsto no art. 16 do Estatuto do Desarmamento, algumas ob-
servações merecem destaque:
1. Quanto aos Sujeitos:
a) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa,
não se exigindo, pois, uma qualidade ou condição especial do agente.
b) Sujeito Passivo: coletividade.
2. Quanto ao objeto material: arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito (art. 16,
caput) ou proibido (art. 16, §2º).
3. Quanto ao elemento subjetivo: Este crime só se consuma por meio de dolo (este, por sua
vez, se caracteriza pelo binômio “consciência e vontade”), não sendo admita a modalidade culposa.
4. Consumação: Trata-se de crime de mera conduta. Deste modo, a consumação deste
crime ocorrerá mediante a prática de qualquer das condutas descritas no art. 16 (portar, deter,
adquirir, fornecer etc.), não havendo resultado naturalístico.
5. Tentativa: é possível a tentativa, quando, por exemplo, o agente inicia os atos de execu-
ção, mas não logra êxito em adquirir a arma de fogo de uso proibido.
6. Ação Penal: Pública Incondicionada.
Extinção da punibilidade após entrega voluntária de arma de fogo: Como vimos, o art.
32 do Estatuto do Desarmamento prevê que “os possuidores e proprietários de arma de fogo
poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão in-
denizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular
da referida arma”. Perceba que, nestes casos, o agente que entregar voluntariamente a arma
de fogo, terá a extinção da punibilidade dos crimes de posse. Para a doutrina, esta extinção
abarcará tanto os crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12), quanto
os crimes de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito ou proibido (art. 16).
11
STF – ADIN 3112, Relator Min Ricardo Lewandowski. Julgado em 02/05/2007. Disponível em https://www.lexml.gov.br/urn/
urn:lex:br:supremo.tribunal.federal;plenario:acordao;adi:2007-05-02;3112-2194197 Acesso em 10 de agosto de 2021.
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Obs.: Como vimos, o prazo da abolitio criminis temporária para os crimes de posse ilegal
de arma de fogo de uso restrito, e os que lhe são equiparados por lei, (como as armas
de uso permitido com numeração raspada, suprimida ou adulterada - art. 16, §1º, IV),
expirou em 23 de outubro de 2005, conforme dispõe a Súmula 513 do STJ:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 513, STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao
crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
O parágrafo 1º do art. 16 estabelece outros delitos, sujeitos à mesma pena prevista para o
crime de “porte ou posse ilegal de fogo de uso restrito”. Vamos analisar cada uma das condu-
tas descritas nos incisos do parágrafo em questão.
I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de
fogo ou artefato:
A conduta de “suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação”
dificulta que o Estado proceda ao controle das armas de fogo ou artefato existentes no país.
A ausência deste controle, por sua vez, contribui para que estas armas sejam destinadas a
finalidades criminosas.
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É importante notar que este tipo penal se realizará através do elemento subjetivo “dolo”.
Contudo, não se exige que este dolo tenha a finalidade específica de dificultar o controle das
armas de fogo e artefatos por parte do Estado.
Em razão disso, o inciso I discorre sobre o ato de suprimir ou alterar sinais de identificação
de arma ou artefato. Perceba que não é qualquer modificação que gerará a incidência deste
tipo penal, e sim aquela que altere qualquer sinal de identificação do objeto.
Para que haja a ocorrência deste crime é necessário que o agente proceda a supressão ou
alteração de marca, numeração ou outro sinal de identificação da arma ou artefato. Se, por ou-
tro lado, o sujeito ativo não tiver feito esta alteração, mas “portar, possuir, adquirir, transportar
ou fornecer a arma de fogo com marca, numeração ou outro sinal de identificação suprimido
ou alterado”, não responderá pelo tipo penal previsto no inc. I, e sim pelo crime previsto no in-
ciso IV deste mesmo parágrafo.
Porém, caso este agente pratique a conduta de suprimir ou alterar identificação de arma ou
artefato e, posteriormente, realize alguma das condutas previstas no inciso IV, estaremos dian-
te de crime único, em que a primeira conduta (inciso I) será absorvida pela segunda (inciso IV).
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a
erro autoridade policial, perito ou juiz:
Esta previsão legal é composta por uma conduta, que, por sua vez, será realizada a fim de
se obter uma das duas finalidades mencionadas no tipo. Em outras palavras, o inciso II narra
uma conduta e dois elementos subjetivos específicos.
A conduta descrita consiste em “modificar as características de arma de fogo”. Este ato
será realizado com o objetivo de se alcançar uma das duas finalidades previstas no mesmo in-
ciso, quais sejam: a) torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou b) para
fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
Os elementos subjetivos, previstos na norma, poderão ocorrer de forma autônoma. Ou seja,
o crime ocorrerá estando presentes a conduta (modificar as características de arma de fogo)
e qualquer uma das finalidades acima destacadas. Em síntese, o crime previsto no inciso II
ocorrerá em duas hipóteses:
1ª) Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma
de fogo de uso proibido ou restrito: Neste caso, o agente modifica uma arma de fogo de uso
permitido para torná-la equivalente a uma arma de fogo de uso restrito ou proibido. Ou seja, o
objeto material, neste crime, será a arma de fogo de uso permitido, que será modificada.
2ª) Modificar as características de arma de fogo para fins de dificultar ou, de qualquer
modo, induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz: Neste caso, a arma modificada poderá
ser de uso permitido, restrito ou proibido, já que a lei não estabeleceu uma delimitação.
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Por fim, observe que, para que o crime se consume, não é necessário que o agente tenha
obtido êxito em sua finalidade delituosa. É possível afirmar, então, que a consumação do crime
não depende da realização do elemento subjetivo almejado.
Desta forma, o crime estará consumado se, por exemplo, o sujeito ativo modificar as ca-
racterísticas de uma arma, para induzir autoridade policial à erro, ainda que esta autoridade
perceba a ocorrência desta modificação.
Como se pode observar, o elemento subjetivo deste delito será o dolo, não sendo admitida
a sua ocorrência na modalidade culposa.
III – Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autori-
zação ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
A conduta do crime em questão consiste em “possuir, deter, fabricar ou empregar artefato
explosivo ou incendiário”.
O objeto material do delito, por sua vez, será o “artefato explosivo” e o “artefato incendiário”.
De acordo com o Decreto n. 10.030/2019, artefato explosivo consiste em un “tipo de matéria que,
quando iniciada, sofre decomposição muito rápida, com grande liberação de calor e desenvolvimen-
to súbito de pressão” Artefato incendiário, por sua vez, é o objeto idôneo à produção de incêndios.
A expressão “em desacordo com determinação legal ou regulamentar” nos informa que o
crime previsto neste inciso III é uma norma penal em branco, que necessita de complementa-
ção, a ser obtida por meio de ato legal ou infralegal. Deste modo, a lei ou regulamento estabele-
cerá os casos em que serão permitidas “a posse, detenção, fabricação ou emprego de artefato
explosivo ou incendiário”. Por consequência, será considerado crime toda a conduta que não
se adeque às hipóteses ali previstas.
Trata-se de um crime de ação múltipla (também chamado de tipo penal misto ou alterna-
tivo). Neste, a realização de mais de uma conduta (descrita na norma), dentro de um mesmo
contexto fático, e em relação ao mesmo objeto material, ensejará a ocorrência de um único
delito. Logo, se, por exemplo, o agente praticar a conduta de fabricar o artefato incendiário e,
posteriormente, vier a empregar este artefato, terá realizado um único crime.
Trata-se de um crime formal. Logo, ele se consumará independentemente da produção de
um resultado naturalístico.
O elemento subjetivo do delito será o dolo, não sendo, pois, admitido a sua ocorrência na
modalidade culposa.
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Para o STJ, gás lacrimogênio ou granada de gás de pimenta não se enquadram no conceito de ar-
tefatos explosivos. Logo, a conduta de portar granada de gás lacrimogênio ou granada de gás de
pimenta não se subsome ao delito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei n. 10.826/2003.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. PENAL. ESTATUTO DO DESARMAMENTO. DELITO TIPIFICADO NO
ARTIGO 16, PARÁGRAFO ÚNICO, III, DA LEI N. 10.826/2003. PORTE DE ARTEFATO EXPLO-
SIVO. GRANADA DE GÁS LACRIMOGÊNEO/PIMENTA. INADEQUAÇÃO TÍPICA. RECURSO
IMPROVIDO. 1. Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que
pode se decompor rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é denomi-
nado de explosão e é acompanhado por uma intensa liberação de energia, que pode ser
feita sob diversas formas e gera uma considerável destruição decorrente da liberação
dessa energia. 2. Não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por
explosivo, não projete e nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plás-
tico quebradiço, não possuindo, portanto, considerável potencial de destruição. 3. Para a
adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual seja,
o artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser tipificado
neste crime a posse de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo
eventual tipificação em outro crime. 4. Recurso especial improvido (STJ. 6ª Turma. REsp
1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017)12.
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado:
A conduta criminosa, presente no inciso I, consiste em suprimir ou alterar marca, nume-
ração ou qualquer outro sinal de identificação de arma de fogo ou artefato. Já no inciso IV, o
agente não realiza esta alteração, sua conduta se limita a “portar, possuir, adquirir, transportar
ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação ras-
pado, suprimido ou adulterado”.
Contudo, conforme já analisamos, o agente que praticar o ato de suprimir ou alterar identificação
de arma ou artefato e, posteriormente, realizar alguma das condutas previstas no inciso IV, responderá
por um único crime. Neste caso, a primeira conduta (inciso I) será absorvida pela segunda (inciso IV).
12
STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017. Disponível em https://
www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.6:acordao;resp:2017-02-21;1627028-1597518 Acesso em
12 de agosto de 2021.
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O objeto material do delito previsto no inciso IV será a arma de fogo. Como a lei não prevê
qualquer delimitação, esta arma poderá ser de uso permitido, restrito ou proibido.
Importante observar que, se o agente portar arma de fogo de uso permitido, com sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, não responderá pelo crime previsto no art. 14
(porte ilegal de arma de fogo de uso permitido), e sim pelo crime estabelecido no art. 16, §1º,
IV. Nesta hipótese, a infração do art. 14 será absorvida, não havendo de se falar em concurso
de crimes. Neste sentido, vamos analisar o Informativo 364 do STJ:
JURISPRUDÊNCIA
POSSE. ARMA DE FOGO. NUMERAÇÃO RASPADA. Aquele que está na posse de arma de
fogo com numeração raspada tem sua conduta tipificada no art. 16, parágrafo único, IV,
e não no art. 12, caput, da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o calibre do armamento cor-
responda a uma arma de uso permitido. Precedente citado do STF: RHC 89.889-DF, DJ
27/2/2008. (REsp 1.036.597-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 21/8/2008).13
Do mesmo modo, se o agente portar arma de fogo de uso restrito, com sinal de identifi-
cação raspado, suprimido ou adulterado, não responderá pelo crime do art. 16, caput em con-
curso com o crime previsto em seu §1º, inciso IV. Neste caso, também haverá crime único, e a
primeira conduta (art.16, caput) será absorvida pela última (art. 16, §1º, IV).
Assim como ocorre com os demais crimes previstos no art. 16, o elemento subjetivo do
tipo penal em apreço será o dolo, não sendo admitida a sua ocorrência de forma culposa.
Importante lembrarmos que o dolo pressupõe a existência conjunta dos elementos “cons-
ciência e vontade”. Portanto, não haverá crime se o agente não tiver conhecimento de que a
arma de fogo esteja com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado.
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, mu-
nição ou explosivo a criança ou adolescente:
O conceito de criança e adolescente está previsto no art. 2º da Lei n. 8.069/1990, o qual
estabelece: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.
O art. 242 do ECA criminaliza a conduta de “vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo”. Esta previsão nor-
mativa foi parcialmente revogada (derrogação) pelo art. 16, §1º, V do Estatuto do Desarmamento.
Deste modo, a conduta de “vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de
fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente” será punida nos termos da
Lei n. 10.826/2003. Porém, o art. 242 do ECA continua em vigor quando o objeto do crime não
13
STJ - REsp 1.036.597-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 21/8/2008. Disponível em https://www.stj.jus.br/publicacaoins-
titucional/index.php/informjurisdata/article/view/4393/4612
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recair sobre arma de fogo e sim sobre armas brancas, já que o Estatuto do Desarmamento não
traz esta previsão.
Embora o art. 16, §1º, V, utilize a expressão “vender” como uma de suas condutas delituo-
sas, é importante perceber que se esta venda ocorrer através do exercício de atividade comer-
cial ou industrial, o agente responderá pelo crime de comércio ilegal de arma de fogo, previsto
no art. 17, cuja pena de reclusão será de 04 (quatro) a 08 (oito) anos.
VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer for-
ma, munição ou explosivo:
Como podemos notar, o objeto material deste crime será a “munição ou explosivo”. Logo,
este artigo não faz menção à arma de fogo e acessórios.
As condutas de “produzir, recarregar e reciclar” munição ou explosivo só serão considera-
das criminosas se forem praticadas sem autorização legal. Perceba que estamos diante de
uma norma penal em branco, porém, a sua complementação só poderá ocorrer por meio de
outra lei. Ou seja, ato infralegal não terá o condão de autorizar a produção, recarregamento ou
reciclagem de munição ou explosivo.
Trata-se de um crime de ação múltipla (também chamado de tipo penal misto ou alterna-
tivo). Assim, a realização de mais de uma conduta (descrita na mesma norma), dentro de um
mesmo contexto fático e em relação ao mesmo objeto material, ensejará a ocorrência de um
único delito. Se, por exemplo, o agente produzir a munição sem autorização legal e, posterior-
mente, vier a recarregar o mesmo objeto, responderá por crime único (previsto no art. 16, §1º,
VI), embora tenha cometido mais de uma conduta criminosa.
Como vimos, a possibilidade de consunção de crimes deve ser analisada à luz de cada caso
concreto. Quando se trata dos crimes previstos nos arts. 12, 14 e 16 do Estatuto do Desarma-
mento, o STJ vem entendendo que não há possibilidade de absorção, por se tratar de delitos
autônomos. Portanto, se um agente for apreendido portando, por exemplo, arma de fogo de
uso permitido (sem autorização) e munições de uso restrito, deverá responder tanto pelo crime
disposto no art. 14, quanto pelo crime previsto no art. 16.
JURISPRUDÊNCIA
Os tipos penais dos arts. 12, 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento tutelam bens jurídicos
distintos, o que torna inviável o reconhecimento do crime único quando o agente é denun-
ciado e condenado por infração a mais de um dispositivo legal. (STJ, AgRg no REsp 1497670/
GO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 30/03/2017)14
14
STJ, AgRg no REsp 1497670/GO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 30/03/2017. Disponível https://
stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/860533535/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1497670-go-2014-0307855-6/
inteiro-teor-860533545?ref=juris-tabs Acesso em 10 de agosto.
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O crime de comércio ilegal de arma de fogo possui várias condutas (adquirir, alugar, rece-
ber, transportar etc.). Trata-se de um crime de ação múltipla (também chamado de tipo penal
misto ou alternativo). Desta forma, a realização de mais de uma conduta (descrita na norma),
dentro de um mesmo contexto fático e em relação ao mesmo objeto material, ensejará a ocor-
rência de um único delito. O agente que, por exemplo, adquirir arma de fogo, armazená-la em
depósito e, posteriormente, vendê-la, responderá por um único crime (de comércio ilegal de
arma de fogo), ainda que tenha cometido três condutas.
O art.17 configura um crime de perigo abstrato, que não necessita de lesão efetiva, ou ex-
posição concreta, a bem jurídico, para sua ocorrência, conforme nos informa o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17 da Lei n.
10.826/2003) é delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, bastando para sua
caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo prescindível a demonstra-
ção de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública15.
15
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O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição não foi abrangido pela abo-
litio criminis temporária!16
O crime de tráfico internacional de arma de fogo poderá ser praticado por meio da prática
de qualquer das três condutas, descritas no tipo penal: “importar”, “exportar” e “favorecer a
entrada ou saída”.
Trata-se de um crime de ação múltipla (também chamado de tipo penal misto ou alternativo).
Assim, a realização de mais de uma conduta (descrita na norma), dentro de um mesmo contexto
fático e em relação ao mesmo objeto material, ensejará a ocorrência de um único delito. Portanto,
o sujeito ativo que promove, por exemplo, a importação e exportação de arma de fogo, acessório
ou munição, responderá por apenas um crime, previsto no art. 18 do Estatuto do Desarmamento.
Importante destacar que, para a configuração deste delito, não se exige habitualidade da
conduta praticada. Logo, o agente que importar, uma única vez, arma de fogo sem a autoriza-
ção da autoridade competente, deverá responder pelo crime de “tráfico internacional de arma
de fogo”, nos termos do art. 18 da Lei 10.826/03.
Da mesma forma que ocorreu com o artigo anterior, a Lei 13.964/19 também acrescentou
uma hipótese de equiparação ao crime de “tráfico internacional de arma de fogo” nos casos em
que o sujeito ativo, em operação de importação, vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, a agente policial disfarçado. Neste sentido o parágrafo único do art. 18 estabelece que:
Parágrafo único: Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou mu-
nição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
16
STJ - AgRg no REsp 1692637/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA. Julgado em 16/05/2018. Dis-
ponível em https://processo.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201702154473&dt_publicacao=16/05/2018
Acesso em 11 de agosto de 2021.
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Este parágrafo único estabelece, portanto, uma hipótese de equiparação de conduta, im-
pondo ao sujeito ativo as mesmas penas previstas para o crime de tráfico internacional de
arma de fogo, qual seja: reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos.
Como já vimos, não haverá aplicação deste parágrafo único se o agente policial disfarçado
provocar o sujeito ativo para que este pratique a conduta prevista no tipo penal. O STF entende
que, esta hipótese (chamada de flagrante preparado ou provocado), configura crime impossí-
vel. Neste sentido, a Súmula 145 estabelece: “Não há crime, quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação”.
A Lei Anticrime também alterou a pena cominada para as infrações previstas no art. 18 do
Estatuto do Desarmamento. Antes do advento desta norma, aplicava-se, para estes casos, a
pena de reclusão, de 04 (quatro) a 08 (oito) anos e multa. Porém, a Lei n. 13.964/2019 recrudes-
ceu esta penalidade, que passou a ser de 08 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. Por se tratar
de norma mais rigorosa, não poderá retroagir para abarcar os casos anteriores à sua vigência.
Importante destacar que o crime em comento não é de menor potencial ofensivo. Ade-
mais, a pena de 08 a 16 anos, não permite que o agente seja beneficiado com institutos des-
penalizadores, como a transação penal e a suspensão condicional do processo.
Ainda em relação a esta modalidade criminosa, é importante que façamos as seguintes
observações:
1. Quanto aos Sujeitos:
a) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum. Logo, não se exige qualidade especial do agente
para a configuração deste tipo penal.
b) Sujeito Passivo: coletividade.
2. Quanto ao objeto material: arma de fogo, acessório ou munição.
Obs.: Em respeito ao princípio da legalidade, não haverá crime para a condutas de impor-
tação ou exportação de armas brancas, já que o art. 18 é específico ao trazer, como
objetos materiais do delito, a “arma de fogo, acessório ou munição”.
3. Quanto ao elemento subjetivo: Este crime só se consuma por meio de dolo (este, por sua
vez, se caracteriza pelo binômio “consciência e vontade”). Contudo, não se exige a presença de
elemento subjetivo específico, ou seja, o agente não precisa ter uma finalidade especial para
praticar a conduta.
4. Consumação: A consumação deste crime ocorrerá no momento em que a arma de fogo,
acessório ou munição, ingressa ou é exportada do país. Trata-se de um crime de perigo abstrato,
que não necessita de lesão efetiva ou exposição concreta a bem jurídico, para sua ocorrência.
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Obs.: Por ser de perigo abstrato, a consumação do crime de tráfico internacional de arma de
fogo ocorre com a prática da conduta prevista no tipo penal, independentemente de
a arma estar municiada ou pronta para a utilização. Portanto, haverá consumação do
delito se o agente, por exemplo, importar ou exportar arma desmontada.17
5. Ação Penal: Pública Incondicionada. Por se tratar de tráfico Internacional, esta ação será
proposta pelo MPF, sendo julgada e processada perante a Justiça Federal.18
6. Admite-se a tentativa.
Obs.:
Inaplicabilidade do princípio da insignificância: É pacífico o entendimento jurisprudencial no
sentido de não haver possibilidade de aplicação do princípio da insignificância ao crime de
tráfico internacional de arma de fogo. Por se tratar de um delito de perigo abstrato, o resul-
tado concreto da ação não é levado em consideração para a consumação do tipo, motivo
pelo qual não há de se falar em “mínima ofensividade da conduta”. Nestes termos, vejamos:
JURISPRUDÊNCIA
HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO OU MUNIÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 18 DA LEI 10.826/2003. TIPICIDADE RECONHECIDA. CRIME DE
PERIGO ABSTRATO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ORDEM DENEGADA. I – A objetividade jurídica da
norma penal transcende a mera proteção da incolumidade pessoal, para alcançar também
a tutela da liberdade individual e do corpo social como um todo, asseguradas ambas pelo
incremento dos níveis de segurança coletiva que a lei propicia. II – No caso em exame, a proi-
bição da conduta pela qual o paciente está sendo processado visa, especialmente, combater
e prevenir o tráfico internacional de armas e munições, cuja maior clientela é o crime orga-
nizado transnacional, que, via de regra, abastece o seu arsenal por meio do mercado ilegal,
nacional ou internacional, de armas. III – Mostra-se irrelevante, no caso, cogitar-se da mínima
ofensividade da conduta (em face da quantidade apreendida), ou, também, da ausência de
periculosidade da ação, porque a hipótese é de crime de perigo abstrato, para o qual não
importa o resultado concreto da ação, o que também afasta a possibilidade de aplicação do
princípio da insignificância. IV – É reiterada a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido
de que o trancamento de ação penal constitui medida reservada a hipóteses excepcionais,
como “a manifesta atipicidade da conduta, a presença de causa de extinção da punibilidade
17
STJ - AgRg no REsp 1386771/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 05/09/2017, DJe 13/09/2017 Dis-
ponível em https://processo.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201301847147&dt_publicacao=13/09/2017
Acesso em 10 de agosto de 2021.
18
STJ - CC 130267/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/04/2017. Disponível em https://processo.stj.
jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201303263039&dt_publicacao=09/05/2017 Acesso em 10 de agosto de 2021
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Por fim, é importante observar que, de acordo com o STJ, para a configuração do crime de
tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, não basta apenas a procedência
estrangeira do artefato, sendo necessária a comprovação da internacionalidade da ação.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se:
I – forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou
II – o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.
O art. 20 estabelece duas causas de aumento de pena (até a metade) para os seguin-
tes crimes:
• Art. 14: Porte ilegal de arma de Fogo de uso permitido
19
(STF, HC 97777, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 26/10/2010, DJe-223. Disponível
em http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo606.htm Acesso em 11 de agosto de 2021).
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As penas, para estes crimes, serão aumentadas até a metade nas seguintes situações:
I – Se o crime for praticado por integrantes de órgãos e empresas que tiverem autorização
para o porte de arma:
Primeiramente, é importante lembrarmos que o porte de arma de fogo concede, ao seu titular,
a possibilidade de circular com o artefato para além dos limites de sua residência ou trabalho. Este
porte, entretanto, é, em regra proibido para pessoas físicas e jurídicas em geral, salvo nos casos
previstos no Estatuto do Desarmamento e em legislação própria, conforme prevê o caput do art. 6º.
Como vimos, os arts. 6º, 7º e 8º da Lei n. 10.825/2003, estabelecem quais são as pessoas
que possuem autorização para o porte de arma de fogo. Estas, por sua vez, podem ser divididas
em 03 grupos: a) Servidores Públicos (art. 6º); b) pessoas que trabalham com segurança privada
e transporte de valores (art. 6º, VIII c/c art. 7º); c) desportistas de tiro (art. 6º, IX c/c art. 8º).
II – O agente for reincidente específico em crimes dessa natureza:
Esta hipótese de aumento de pena, para os crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, foi
acrescentada pela Lei Anticrime. Por se tratar de norma penal maléfica para o réu, este inciso
só será aplicado para os casos ocorridos após o dia 23 de janeiro de 2020, data que entrou em
vigor a Lei n. 13.964/2019.
Assim, a partir de 23 de janeiro de 2020, o agente terá sua pena aumentada até a metade, caso
seja reincidente específico nos crimes de porte Ilegal de: Porte ilegal de arma de fogo de uso permi-
tido (art. 14), Disparo de arma de fogo (art. 15), Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
(art. 16), Comércio Ilegal de arma de fogo (art. 17) ou Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18).
Importante sabermos que estas causas de aumento de pena, trazidas na Lei n. 10.826/2003,
são conciliáveis, logo, podem ser aplicadas de forma concomitante. Assim, se por exemplo,
um agente é reincidente específico no crime de importar arma de fogo de uso proibido, terá sua
pena aumentada em razão do tráfico internacional de arma de uso restrito (art. 18 c/c art. 19)
e em razão da reincidência específica (art. 20, II).
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Entretanto, há entendimento doutrinário no sentido de que, para estes casos, deverá ser
aplicado, por analogia, o art. 68, parágrafo único, do CP, o qual estabelece: “No concurso de cau-
sas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só au-
mento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua”.
De acordo com este entendimento, o juiz poderá optar entre uma das causas de aumento
de pena previstas no art. 19 ou no art. 20.
JURISPRUDÊNCIA
(...) V - Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts.
16, 17 e 18. Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a
prisão ex lege, em face dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade
de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judiciária competente. VI -
Identificação das armas e munições, de modo a permitir o rastreamento dos respectivos
fabricantes e adquirentes, medida que não se mostra irrazoável. (...) IX - Ação julgada
procedente, em parte, para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos
artigos 14 e 15 e do artigo 21 da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003. (STF – ADIN
3112, Relator Min Ricardo Lewandowski. Julgado em 02/05/2007).
Obs.: O art. 1º, parágrafo único, II, da Lei n. 8.072/1990 confere natureza hedionda ao crime
de “posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido”. Este crime, por sua vez,
encontra-se previsto no art. 16, §2º, do Estatuto do Desarmamento.
É importante nos atentarmos que, por ter caráter hediondo, este crime será inafiançável. Con-
tudo, o juiz poderá, à luz do caso concreto, conceder a liberdade provisória, sem fiança, ao agente.
20
STF – ADIN 3112, Relator Min Ricardo Lewandowski. Julgado em 02/05/2007. Disponível em https://www.lexml.gov.br/urn/
urn:lex:br:supremo.tribunal.federal;plenario:acordao;adi:2007-05-02;3112-2194197 Acesso em 10 de agosto de 2021.
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RESUMO
Chegamos ao fim de nossa aula. Mas antes que possamos nos despedir, vamos revisar os
pontos estudados!
1) SOBRE O CRIME DE POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (art. 12):
• O agente possui a arma de fogo, acessório ou munição, no interior de sua residência ou
no trabalho (desde que ele seja o proprietário ou titular legal do estabelecimento ou em-
presa), sem o Certificado de Registro de Autorização de Arma de Fogo. Este certificado,
por sua vez, será expedido pela Polícia Federal após autorização do SINARM.
• De acordo com o STJ, “o crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de
uso permitido (art. 12 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato, prescindindo de demons-
tração de efetiva situação de perigo, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade
física e sim a segurança pública e a paz social” (STJ – Jurisprudência em Teses 102, Item 1).
• Abolitio criminis temporária: até 31 de dezembro de 2009.
• Elemento Subjetivo: Dolo.
• Não é possível a transação penal, mas é possível a suspensão condicional do processo
e o arbitramento de fiança pelo delegado.
3) SOBRE O CRIME DE PORTE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (art. 14):
• Tipo penal misto ou crime de ação múltipla.
• Crime de perigo abstrato: Se consuma com o simples porte, sendo desnecessária a de-
monstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado. Para os tribunais,
haverá incidência do tipo penal ainda que a arma esteja desmuniciada.
• De acordo com o STJ, “o crime de porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição
de uso permitido (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato e de mera conduta,
bastando para sua caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo des-
necessária a realização de perícia” (STJ – Jurisprudência em Teses 102, Item 2).
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• De acordo com o STJ, “o art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é norma penal em branco, que
exige complementação por meio de ato regulador, com vistas a fornecer parâmetros e
critérios legais para a penalização das condutas ali descritas” (STJ – Jurisprudência em
Teses 102, Item 3).
• Para o STJ, a apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada de arma de
fogo poderá, a depender do caso concreto, levar a atipicidade da conduta.
• Não é possível a transação penal, a suspensão condicional do processo, mas o próprio
delegado pode arbitrar fiança.
• Elemento subjetivo: Dolo. Não admite a modalidade culposa.
• É admitida a fiança (parágrafo único do art. 14 foi declaro inconstitucional pelo STF).
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• De acordo com o STJ, “a abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-
-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até
23/10/2005” (Súmula n. 513/STJ) (STJ – Jurisprudência em Teses 102. Item 5).
• De acordo com o STJ, “demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para
o disparo, é atípica a conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência
de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela
ineficácia absoluta do meio” (Jurisprudência em Teses 108, Item 3).
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (IBFC/GUARDA MUNICIPAL/PREFEITURA DE VINHEDO–SP/2020) Com relação às
disposições da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) e suas alterações posteriores,
acerca do porte, assinale a alternativa correta.
a) É proibida a cobrança de taxas para os serviços relativos ao registro e renovação do registro
de arma de fogo, sendo permitida a cobrança para a expedição de segunda via de registro
b) A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência das guardas municipais
c) As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obe-
decer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respon-
dendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento
da Lei n. 10.826/2003
d) Compete às guardas municipais a autorização do porte de arma para os responsáveis pela
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil
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d) O disparo de arma de fogo em via pública constitui crime inafiançável, mesmo que o autor a
esteja portando regularmente.
e) Comete crime cuja pena se equipara à do delito omissão de cautela o proprietário de em-
presa de segurança e de transporte de valores que deixa de registrar ocorrência policial e de
comunicar a Polícia Federal furto ou roubo de arma de fogo sob sua guarda, nas primeiras vinte
e quatro horas após o ocorrido.
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disparo para o alto. Imediatamente, Lucas foi abordado por autoridade policial que estava pró-
xima ao local onde ocorrera o fato.
Nessa situação hipotética, a conduta de Lucas poderá ser enquadrada como
a) crime inafiançável.
b) contravenção penal.
c) crime, com possibilidade de aumento de pena, devido ao fato de ele ser delegado de polícia.
d) crime insuscetível de liberdade provisória.
e) atípica, devido ao fato de ele ser delegado de polícia.
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b) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de vinte e um anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade.
c) Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen-
te, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou muni-
ção, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
d) Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou de-
pendência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável
legal do estabelecimento ou empresa.
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Sebastião havia ganhado a arma do avô há muitos anos e não possuía qualquer registro ou
permissão para transportar esse armamento.
Nessa seara, em desfavor de Sebastião, é CORRETO afirmar que deverá ser tomada a se-
guinte medida:
a) Sebastião será preso e conduzido até a delegacia em razão da prática do crime de porte
ilegal de arma de fogo, previsto no artigo 14 do Estatuto do Desarmamento.
b) Sebastião será detido e levado até a autoridade policial em razão do cometimento do crime
de posse ilegal de arma de fogo, tipificado no artigo 12 da Lei n. 10.826/2003.
c) Sebastião será flagrado em razão de contravenção penal.
d) Sebastião será liberado no local, considerando que a arma de Sebastião tem origem idônea.
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o porta-malas de seu veículo e ele concordou. No local, encontraram uma espingarda de calibre
permitido e numeração regular. Beltrano, porém, não possuía autorização de porte. Preso em
flagrante e apreendida a arma de fogo, Beltrano pagou fiança e foi solto. Posteriormente, restou
indiciado pelo crime de porte de arma de fogo de uso permitido, delito que prevê reclusão de dois
a quatro anos e multa. Como Beltrano é portador de bons antecedentes, é correto afirmar que
a) ele terá direito à transação penal, vez que a pena abstrata de menor potencial ofensivo e
seus bons antecedentes lhe garantem o benefício.
b) ele não terá direito a nenhum tipo de negócio processual penal, uma vez que o delito em
questão não é de menor potencial ofensivo.
c) ele, caso denunciado, pode celebrar suspensão condicional do processo, contanto que con-
fesse, circunstanciadamente, o cometimento do delito.
d) ele, caso denunciado, poderá celebrar acordo de não persecução penal, contanto que con-
fesse circunstanciadamente o cometimento do delito.
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b) A abolitio criminis temporária, prevista nos artigos 5º, § 3º, e 30, durante a sua vigência tem-
poral, abrangeu todos os crimes previstos na Lei n. 10.826/2003.
c) A atipicidade de conduta do agente que detém posse de arma de fogo sem autorização e
em desacordo com a determinação legal/regulamentar deve ser reconhecida quando a total
ineficácia dessa arma for demonstrada por laudo pericial.
d) A comprovação da lesividade da conduta é indispensável para a caracterização típica do cri-
me de “disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela”.
e) A comprovação da internacionalidade da ação é dispensável para a configuração do tráfico
internacional de arma de fogo, acessório ou munição, bastando que se comprove a procedên-
cia estrangeira do artefato.
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GABARITO
1. c
2. a
3. b
4. d
5. b
6. e
7. c
8. c
9. c
10. e
11. E
12. b
13. c
14. C
15. C
16. E
17. E
18. C
19. E
20. E
21. E
22. E
23. a
24. a
25. E
26. e
27. C
28. E
29. E
30. d
31. c
32. E
33. e
34. b
35. a
36. c
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GABARITO COMENTADO
001. (IBFC/GUARDA MUNICIPAL/PREFEITURA DE VINHEDO–SP/2020) Com relação às
disposições da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) e suas alterações posteriores,
acerca do porte, assinale a alternativa correta.
a) É proibida a cobrança de taxas para os serviços relativos ao registro e renovação do registro
de arma de fogo, sendo permitida a cobrança para a expedição de segunda via de registro
b) A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência das guardas municipais
c) As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obe-
decer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respon-
dendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento
da Lei n. 10.826/2003
d) Compete às guardas municipais a autorização do porte de arma para os responsáveis pela
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil
a) Errada. A cobrança de taxa para os serviços relativos ao registro e renovação do registro de
arma de fogo está prevista no art. 11, incisos I e II, da Lei n. 10.826/2003.
b) Errada. O art. 10 da Lei n. 10.826/2003 estabelece que “a autorização para o porte de arma
de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e
somente será concedida após autorização do Sinarm.” (grifamos).
c) Certa. Trata-se da previsão do art. 8º da Lei n. 10.826/2003 que assim dispõe:
d
) Errada. O art. 9º da Lei n. 10.826/2003 dispõe que “compete ao Ministério da Justiça a autoriza-
ção do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou
sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a
concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de re-
presentantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional.”
Letra c.
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a) Errada. O art. 4º, §5º, da Lei n. 10.826/2003 estabelece que “a comercialização de armas de
fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autoriza-
ção do Sinarm.” (grifamos).
b) Certa. Trata-se da literalidade do art. 3º do Estatuto do Desarmamento.
c) Certa. Trata-se de disposição prevista no art. 4º, §3º, da Lei n. 10.826/2003.
d) Certa. Trata-se de disposição prevista no art. 4º, §4º, da Lei n. 10.826/2003.
Letra a.
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
Letra b.
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c) portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado
d) deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade
e) produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, mu-
nição ou explosivo
a) Errada. A alternativa trata do crime comissivo previsto no art. 16, §1º, V, da Lei n. 10.826/2003.
b) Errada. A alternativa trata do crime comissivo previsto no art. 15 da Lei n. 10.826/2003.
c) Errada. A alternativa trata do crime comissivo previsto no art. 16, §1º, IV, da Lei n. 10.826/2003.
d) Certa. A alternativa trata do crime previsto no art. 13 da Lei n. 10.836/2003 que se realiza
por meio da omissão de cautela do agente.
e) Errada. A alternativa trata do crime comissivo previsto no art. 16, §1º, VI, da Lei n. 10.826/2003.
Letra d.
a) Errada. O art. 23 do Estatuto do Desarmamento estabelece que “a classificação legal, técni-
ca e geral bem como a definição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos
proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato do
chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército.” (grifamos).
b) Certa. Trata-se da previsão do art. 26, caput, da Lei n. 10.826/2003.
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) Errada. O art. 23, §1º, da Lei n. 10.826/2003 estabelece que “todas as munições comercia-
c
lizadas no País deverão estar acondicionadas em embalagens com sistema de código de bar-
ras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, entre
outras informações definidas pelo regulamento desta Lei.” (grifamos)
d) Errada. O art. 27 do Estatuto do Desarmamento prevê que “caberá ao Comando do Exército
autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.” (grifamos).
e) Errada. O art. 25 do Estatuto do Desarmamento prevê que “as armas de fogo apreendidas,
após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem
à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no
prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança
pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.” (grifamos).
Letra b.
a) Errada. O STF declarou inconstitucional os parágrafos únicos dos arts. 14 e 15 da Lei n.
10.826/2003, os quais preveem a inafiançabilidade aos crimes de “porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido” e de “Disparo de arma de fogo” (STF - ADIN 3112)
b) Errada. Possuir arma de fogo de uso permitido com numeração raspada constitui crime
previsto no art. 16, §1º, IV, do Estatuto do Desarmamento, cuja pena se equipara a do crime
previsto no art. 16, caput.
c) Errada. O art. 21 do Estatuto do Desarmamento estabelece que os crimes previstos em seus
art. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. Tal previsão, entretanto, embora não
tenha sido expressamente revogada, foi declarada inconstitucional em sede de controle con-
centrado de constitucionalidade. (STF - ADIN 3112)
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d) Errada. O STF declarou inconstitucional os parágrafos únicos dos arts. 14 e 15 da Lei
10.826/03, os quais preveem a inafiançabilidade aos crimes de “porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido” e de “Disparo de arma de fogo” (STF - ADIN 3112)
e) Certa. Trata-se da previsão do art. 13, parágrafo único, do Estatuto do Desarmamento.
Letra e.
a) Errada. A posse e guarda de arma de fogo no interior da residência ou no local de trabalho
só autorizada, se a arma de fogo for de uso permitido e o titular tenha o Certificado de Registro
de Arma de Fogo (autorizado pelo SINARM e expedido pela Polícia Federal). Ademais, a posse
da arma em ambiente de trabalho só é permitida se o proprietário do artefato for titular ou o
responsável legal do estabelecimento ou empresa. (Art. 5º do Estatuto do Desarmamento).
b) Errada. A parte penal do Estatuto do Desarmamento regula condutas envolvendo armas de
fogo de uso permitido, restrito ou proibido. Importante lembrar que armas de brinquedo, ou
simulacros de arma, embora sejam proibidos pelo parágrafo único do art. 26, não podem ser
considerados crimes, em razão da ausência de previsão legislativa.
c ) Certa. De fato, o artigo 14 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o porte de arma de fogo
de uso permitido e o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre o porte de arma de fogo de uso restrito.
d) Errada. Como vimos, o dolo é o elemento subjetivo do crime de “disparo de arma de fogo”
(previsto no artigo 15 do Estatuto). Logo, este crime não admite modalidade culposa.
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e) Errada. Os objetos materiais dos crimes previstos nos art. 14 (porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido) e 12 (posse irregular de arma de fogo de uso permitido), são a arma de fogo,
acessórios e munições. Conforme podemos perceber em suas redações:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita-
mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou mu-
nição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Letra c.
a) Errada. O STF, na ADI 3.1121, declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos
arts. 14 e 15 do Estatuto do Desarmamento, que preveem a inafiançabilidade dos crimes de
porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo. De acordo com a Corte:
JURISPRUDÊNCIA
A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de “porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido” e de “disparo de arma de fogo”, mostra-se desarrazoada, porquanto
são crimes de mera conduta, que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou
ameaça de lesão à vida ou à propriedade.
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b) Errada. o agente que importa ou exporta arma de fogo de uso permitido, sem autorização
da autoridade competente, comete o delito de tráfico internacional de arma de fogo, previsto
no art. 18 do Estatuto do desarmamento.
c) Certa. A conduta de portar arma de uso permitido é equiparada a de portar arma de uso res-
trito para efeito da aplicação da pena, quando a referida arma estiver com a numeração, marca
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. Nestes casos, será
aplicado o art. 16, §1º, IV.
d) Errada. Como vimos, o crime de omissão de cautela (art. 13) não admite a tentativa.
e) Errada. O proprietário ou diretor de empresa de segurança que não registrar ocorrência poli-
cial e não comunicar à Polícia Federal nas primeiras vinte e quatro horas depois de ocorrido a
perda, o furtou ou roubo de arma de fogo, acessório ou munição, que estejam sob sua guarda
responderá na esfera civil, administrativa e penal. Na esfera penal, este agente incorrerá no
crime previsto no art. 13, §único do Estatuto do desarmamento.
Letra c.
a) Errada. O STF, na ADI 3112, declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 15,
o qual prever a inafiançabilidade do crime de disparo de arma de fogo.
b) Errada. O Estatuto do desarmamento não prevê contravenções penais. No caso em tela, o
agente cometeu o crime de disparo de arma de fogo, previsto no art. 15 da Lei n. 10.826/2003.
c
) Certa. O agente cometeu o crime de disparo de arma de fogo, previsto no art. 15 do Estatuto do
Desarmamento. Por ser delegado, haverá uma causa de aumento de pena previsto no art. 20, o qual
estabelece que: “Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade
se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei”.
d ) Errada. O crime de disparo de arma de fogo é passível de liberdade provisória antes mesmo de
o STF, na ADI 3112, ter declarado a inconstitucionalidade do art. 21, já que este, não mencionava o
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art. 15, ao prever a impossibilidade de concessão de liberdade provisória aos tipos previstos nos
arts. 16, 17 e 18.
e) Errada. O fato de o agente ser delegado de polícia não torna o crime atípico, pelo contrário,
constitui causa de aumento de pena prevista no art. 20 do Estatuto do Desarmamento.
Letra c.
a) Errada. Suprimir ou Alterar Numeração, Marca ou Sinal de Identificação será caracterizado
Porte de Arma de Fogo de Uso Restrito, nos termos do art. 16, §1º, I, da Lei n. 10.826/2003.
b) Errada. O art. 16, §1º, III, prevê, como crime as condutas de possuir, deter, fabricar ou em-
pregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar.
c) Errada. O art. 17, §1º, prevê que “equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito
deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência”.
d) Errada. O crime de disparo de arma de fogo (art.15) não admite a modalidade culposa.
e) Certa. Quando a arma de fogo é de uso restrito, posse e porte são punidos pelo mesmo tipo
penal previsto no art. 16 do Estatuto do Desarmamento.
Letra e.
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O crime de Tráfico Internacional de Arma de Fogo está previsto no art. 18 do Estatuto do De-
sarmamento com a seguinte redação: “Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter-
ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente”.
Os objetos materiais do crime em comento serão arma de fogo, acessório e munição, sejam
estes de uso permitido, restrito ou proibido.
Errado.
a) Errada. A conduta descrita configura crime de disparo de arma de fogo, previsto no art. 15
do Estatuto do Desarmamento
b) Certa. A conduta descrita não se coaduna com a previsão do art. 13 do Estatuto do Desar-
mamento, já que, o crime de omissão de cautela consiste em “deixar de observar as cautelas
necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade”.
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c) Errada. A conduta descrita configura crime de Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido,
previsto no art. 14 do Estatuto do Desarmamento.
d) Errada. A conduta descrita configura crime de Posse irregular de arma de fogo de uso per-
mitido, previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento.
Letra b.
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Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou
que seja de sua propriedade.
Este tipo penal não exige que o apoderamento da arma de fogo, feita por menor ou por pessoa
portadora de deficiência mental, gere consequências mais gravosas.
Certo.
“As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao COMAN-
DO DO EXÉRCITO, no prazo de até 48 horas, para DESTRUIÇÃO OU DOAÇÃO aos órgãos de seguran-
ça pública ou às Forças Armadas”.
Errado.
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culposamente, Samuel responderá pelo crime de disparo de arma de fogo, previsto no Estatuto
do Desarmamento.
O certificado de registro de arma de fogo, expedido pela Polícia Federal após prévia autoriza-
ção do SINARM, permite a posse da arma, e não o seu porte. Neste sentido, o art. 5º do Esta-
tuto do Desarmamento estabelece que:
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, au-
toriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
Certo.
O porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14) é um crime de perigo abstrato. Logo, não ne-
cessita de lesão efetiva, ou exposição concreta a bem jurídico, para que haja sua consumação. Neste
sentido, o STF entende que o crime de porte de arma de fogo se configurará ainda que a arma esteja
desmuniciada. [STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016].
Errado.
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Assertiva: Nessa situação, a autoridade policial não poderá conceder fiança, porquanto o Es-
tatuto do Desarmamento prevê que o fato de a arma não estar registrada no nome do agente
torna inafiançável o delito.
O STF declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 14, que prevê a inafiançabili-
dade do crime de porte ilegal de arma de fogo, salvo quando a arma de fogo estiver registrada
em nome do agente.
Portanto, o crime em comento, admitirá fiança.
Errado.
A conduta de Sandro se enquadra no crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido,
prevista no art. 14 do Estatuto do Desarmamento com a seguinte redação:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita-
mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou mu-
nição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Já Eurípedes responderá pelo crime de Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito,
previsto no art. 16 da Lei n. 10.826/2003 com a seguinte redação:
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Errado.
O porte ou a posse ilegal de arma de fogo de uso restrito deixou de ser considerado crime he-
diondo, após alteração promovida pela Lei Anticrime.
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Neste sentido, será considerado crime hediondo o porte ou a posse de arma de fogo de uso
proibido, previsto no art. 16, §2º, do Estatuto do Desarmamento.
Errado.
a) Certa. Sebastião responderá pelo crime de porte ilegal de arma de fogo, previsto no art. 14
do Estatuto do Desarmamento.
b) Errada. O crime de posse irregular de arma de fogo se consubstancia quando o agente pos-
sui ou mantém “sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal
do estabelecimento ou empresa”
c) Errada. O Estatuto do Desarmamento não prevê contravenções penais.
d) Errada. Ainda que a arma de fogo seja de uso permitido, o agente não poderá portá-la, ex-
ceto nas hipóteses autorizadas por lei. Como informa o enunciado da questão, o agente não
possuía qualquer registro ou permissão para transportar o armamento, logo, terá cometido o
crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Letra a.
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2. Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá comprovar capacidade
técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, sendo dispensada a apresen-
tação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa.
3. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de
fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo
fora de serviço, desde que estejam submetidos a regime de dedicação exclusiva.
4. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência da Polícia Civil e da Polícia Federal e somente será concedida após autori-
zação do Sinarm.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
Afirmativa 1 – Certa. Art. 6, §1º, da Lei de Crimes Hediondos nos informa que as Forças Arma-
das terão posse de arma de fogo em todo o território nacional.
Afirmativa 2 – Errada. O art. 4º, II do Estatuto do Desarmamento estabelece que:
Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva neces-
sidade, atender aos seguintes requisitos:
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa.
Afirmativa 3 – Certa. Trata-se da redação do art. 6º, §1º-B, I, o qual dispõe que:
Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de servi-
ço, desde que estejam:
I – submetidos a regime de dedicação exclusiva;
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altura da Vila São Sebastião, afirmou que já havia sido preso várias vezes, apesar de não o me-
recer; por isso, iria continuar chefiando o jogo. Considerava absurdo o jogo ser proibido, pois
este ajudava financeiramente muitas pessoas e apenas lhes fazia o bem. Em suas palavras,
manifestava que “o jogo do bicho deve continuar, pois este dinheiro realmente ajuda as pes-
soas carentes”. Em razão de suas falas, os policiais rodoviários que acompanhavam a mani-
festação às margens da rodovia federal prenderam Luizinho de Jesus em flagrante. O bicheiro
portava um revólver marca Taurus, calibre 38, sem a documentação para tal.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Luizinho de Jesus responderá por crime de apologia a fato criminoso em concurso com porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Na hipótese em questão, Luizinho responderá, apenas, pelo porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido, previsto no art. 14 do Estatuto do Desarmamento.
A manifestação pela descriminalização de uma conduta não configura crime de apologia pre-
visto no art. 287 do CP.
Errado.
O caso descreve o crime de Tráfico internacional de arma de fogo, previsto no art. 18 do Esta-
tuto do Desarmamento com a seguinte redação:
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Letra e.
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A questão descreve o crime de Comércio ilegal de arma de fogo, previsto no art. 17 do Estatuto
do Desarmamento com a seguinte redação:
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Certo.
De acordo com o STJ, a posse de arma de fogo com o registro vencido, não configura crime, e
sim mera irregularidade.
Já o porte de arma de fogo de uso permitido com o registro de cautela vencido, configura cri-
me, previsto no art. 14 do Estatuto do Desarmamento.
JURISPRUDÊNCIA
[...] A jurisprudência dominante desta Corte é firme no sentido de que “caso a arma esteja
registrada e o sujeito mantiver o artefato em residência ou local de trabalho, nos termos
do art. 5º do Estatuto do Armamento - é a atipicidade da conduta. Contrário sensu, típica
deverá ser a conduta se o sujeito mantiver sob sua guarda arma de fogo registrada
em qualquer local, diverso da residência ou de trabalho” (RHC 51.739/DF, Rei. Ministro
ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 12435DJe 17/12/2014).
Caracteriza ilícito penal o porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003)
ou de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/2003) com registro de cautela
vencido. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885.281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 28/04/2020 (Info 671).
Errado.
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cumprimento do mandado, foi apreendida na residência uma arma de fogo sem registro, sendo
certo que Lúcio não tinha autorização legal para portar ou possuir qualquer tipo de arma. Res-
tando comprovados os fatos por prova oral e pericial, Lúcio responderá apenas pelo crime de
disparo de arma de fogo, ficando o crime de posse absorvido pela consunção.
O STJ possui entendimento pacificado no sentido de que “Não se aplica o princípio da consun-
ção quando os delitos de posse ilegal de arma de fogo e disparo de arma em via pública são
praticados em momentos diversos e em contextos distintos”.
Na hipótese em questão, não haverá absorção dos crimes, já que a posse da arma não ocorreu
com a finalidade exclusiva de se cometer o crime de disparo.
Portanto, o agente responderá, em concurso material, pelo crime de posse de arma de fogo e
de disparo de arma de fogo.
Errado.
a) Errada. Não se trata de um crime de menor potencial ofensivo, logo, não será possível a
transação penal.
b) Errada. O agente terá direito ao acordo de não persecução penal desde que presentes os
demais requisitos previstos no art. 28-A do CPP
c) Errada. Não será possível a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima previs-
ta para o crime ultrapassa um ano.
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d) Certa. O agente terá direito ao acordo de não persecução penal desde que presentes os
demais requisitos previstos no art. 28-A do CPP.
Letra d.
a) Errada. O Art. 1º, Lei n. 10.826/2003 estabelece que O SINARM é instituído no Ministério da
Justiça (e não “Ministério da Defesa”).
b) Errada. Art. 4º, §1º, Lei n. 10.826/2003 prevê que o SINARM (e não a “Polícia Militar”) expedi-
rá autorização de compra de arma de fogo, após atendidos os requisitos anteriormente estabe-
lecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
c) Certa. Trata-se da redação do Art. 4º, §2º, da Lei n. 10.826/2003, a qual prevê que “a aqui-
sição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na
quantidade estabelecida no regulamento desta Lei”.
d
) Errada. O Art. 2º, VIII, Lei n. 10.826/2003 estabelece que compete ao SINARM (e não ao Exército):
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;
e
) Errada. De acordo com o Art. 10 da Lei n. 10.826/2003, a autorização para o porte de arma de
fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal (e não
“SINARM”) e somente será concedida após autorização do Sinarm (e não da “Polícia Federal”).
Letra c.
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Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de servi-
ço, desde que estejam:
I – submetidos a regime de dedicação exclusiva;
II – sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e
III – subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.
Errado.
I – Errado. De acordo com jurisprudência dos tribunais superiores o crime de porte ilegal de
arma de fogo é de perigo abstrato.
II – Errado. Por ser crime de perigo abstrato, não se faz necessária a demonstração de efetiva
lesão, ou exposição, a bem jurídico
III – Errado. O bem jurídico protetivo é a coletividade.
IV – Certo. Trata-se de um tipo penal preventivo, que busca minimizar o risco de comportamen-
tos que vêm produzindo efeitos danosos à sociedade.
Está correta apenas a afirmativa IV.
Letra e.
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JURISPRUDÊNCIA
O crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art.
12 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva
situação de perigo, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim
a segurança pública e a paz social. (STJ – Jurisprudência em Teses 102. Item 1)
JURIPSRUDÊNCIA
O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art. 17, caput
e parágrafo único, da Lei de Armas, nunca foi abrangido pela abolitio criminis temporária
prevista nos arts. 5º, § 3º, e 30 da Lei de Armas ou nos diplomas legais que prorrogaram os
prazos previstos nos referidos dispositivos. (STJ – Jurisprudência em Teses 108. Item 6).
JURISPRUDÊNCIA
Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a
conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem
jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta
do meio (STJ – Jurisprudência em Teses 108. Item 3).
JURISPRUDÊNCIA
O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abs-
trato, que presume a ocorrência de dano à segurança pública e prescinde, para sua carac-
terização, de comprovação da lesividade ao bem jurídico tutelado. (STJ – Jurisprudência
em Teses 102. Item 4)
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JURISPRUDÊNCIA
Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não
basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove
a internacionalidade da ação. (STJ – Jurisprudência em Teses 108. Item 6).
Letra c.
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REFERÊNCIAS
ALENCAR, Rosmar Rodrigues; ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor; Legislação Penal para
Concursos. Editora JusPODIVM, 2021.
BRASIL. Decreto n. 9.685/2019. Altera o Decreto n. 5.123, de 1º de julho de 2004, que regula-
menta a Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comer-
cialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define
crimes. Disponível em https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/con-
tent/id/59109815 Acesso em 08 de agosto de 2021
BRASIL. Lei n. 10.826/2003. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo
e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providên-
cias. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.826.htm
BRASIL. Lei n. 9.099/1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras
providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm Acesso em
06 de agosto de 2021.
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BRASIL. Lei n. 10.630/2021. Altera o Decreto n. 9.847, de 25 de junho de 2019, que regulamen-
ta a Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o re-
gistro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional
de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/Decreto/D10630.htm Acesso em 10 de agosto de 2021.
Fábio Roque
Juiz federal. Doutor e mestre em Direito Público pela UFBA. Professor. Autor.
Flávia Araújo
Professora de cursos para concurso. Advogada. Professora. Mestre em Políticas Sociais e Cidadania
(UCSAL).
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