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LEGISLAÇÃO

ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do
Desarmamento

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
Douglas Vargas

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento. .......................................................................................4
Introdução – Estatuto do Desarmamento – Lei n. 10.826/2003..........................................................4
1. Art. 10 – Porte de Arma de Fogo de Uso Permitido.................................................................................11
2. Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido.............................................................................12
3. Omissão de Cautela.. ................................................................................................................................................14
4. Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido.....................................................................................15
5. Disparo de Arma de Fogo......................................................................................................................................16
6. Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito...................................................................17
7. Comércio Ilegal de Arma de Fogo....................................................................................................................20
8. Tráfico Internacional de Arma de Fogo........................................................................................................ 22
9. Causas de Aumento de Pena (Lei n. 13.964, de 2019)..........................................................................23
9.1. Hediondez do Crime de Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Proibido........... 24
10. Jurisprudência Associada. . ................................................................................................................................25
Resumo................................................................................................................................................................................ 28
Questões de Concurso................................................................................................................................................32
Gabarito...............................................................................................................................................................................37
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................38

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Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)!
Seja muito bem-vindo(a) a nossa aula de Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003).
Iremos estudar o diploma legal de forma estruturada e esquematizada, como temos feito
no restante de nosso material.
Ao final, como de praxe, faremos uma lista de exercícios completa e atualizada. para maxi-
mizar o nosso aprendizado.
Espero que tenham um estudo proveitoso!
Enfatizo que estou sempre às ordens de todos vocês no fórum de dúvidas.
Prof. Douglas

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LEI N. 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO


Introdução – Estatuto do Desarmamento – Lei n. 10.826/2003

A Lei n. 10.826/2003, o chamado Estatuto do Desarmamento visou corrigir as falhas da


lei 9.437/97, diploma anterior sobre a matéria e responsável por criminalizar o porte ilegal de
arma de fogo em nosso país.
É isso mesmo: Antes da lei 9.437/97, porte ilegal de arma de fogo era contravenção penal,
e não crime, como ocorre atualmente.
Nesse sentido, o Estatuto do Desarmamento trouxe em seu texto restrições à venda, regis-
tro e autorização de porte de arma de fogo, e a criminalização de diversas condutas, as quais
iremos estudar nessa aula – em detalhes.
• Conceito de arma

Primeiramente, devemos é claro tratar dos conceitos de ARMA, para efeitos da legis-
lação penal:

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Armas propriamente ditas


São as armas de fogo.

Armas impróprias
Instrumentos destinados à outras finalidades que
podem ser utilizados como arma.
(Faca, facão, chave de fenda, foice)

• SINARM

Previsto no art. 1º da Lei n. 10.826/2003, é um sistema instituído no Ministério da Justiça,


no âmbito da Polícia Federal. Sua competência está prevista no art. 2º da referida lei, que me-
rece ser lido.
Dentre tais competências, no entanto, merece destaque a atribuição de cadastrar as armas
de fogo produzidas, importadas e vendidas no País, bem como o de cadastrar as autorizações
de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela polícia federal.

O SINARM não alcança as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como demais
armas que constem em registros próprios (parágrafo único do art. 2º).

Dessa forma, as chamadas armas de fogo de uso restrito não têm seu cadastro controlado
pelo SINARM, e sim através do sistema SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas).
Sobre a matéria dispõe também o art. 3º da lei em estudo:

Art. 3º. É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.


Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na
forma do regulamento desta Lei.
• Aquisição e porte de arma de fogo de uso PERMITIDO

Para aquisição de arma de fogo de uso PERMITIDO, temos os requisitos do parágrafo 4º,
que merece ser lido. De forma resumida, temos o seguinte:

Comprovar
Comprovação de Comprovar
capacidade
idoneidade, nos ocupação lícita e
técnica e aptidão
temos da lei. residência certa.
psicológica.

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• Idade

A idade mínima para portar arma de fogo é de 25 anos.


Entretanto, cuidado!
Tal limitação não se aplica ao chamado porte funcional de arma de fogo, o qual estudare-
mos mais à frente.
A limitação em questão se aplica apenas ao porte comum, para armas de fogo de uso
permitido. Não estamos falando de armas de fogo de calibre restrito, utilizadas por exemplo,
pelas forças de segurança.
É por isso que aquele concurseiro precoce, muito dedicado e talentoso, que com apenas 21
anos vai passar no concurso da Polícia Federal em todas as etapas não precisa ficar preocu-
pado: poderá portar sua pistola Glock funcional normalmente. O limite de idade não se aplica
nesse caso!
• Porte x Registro

Uma vez que estamos tratando do assunto porte de arma de fogo e registro de arma de
fogo, é importante desde já fazer a diferenciação:

Veja só o que rege o art. 5º:

Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, au-
toriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular
ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

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Note que o indivíduo que possui uma arma de fogo devidamente registrada, mas que não
possui porte de arma de fogo de uso permitido, deverá manter seu armamento EXCLUSIVA-
MENTE em sua residência ou em seu trabalho (e no caso desse último, APENAS se for o res-
ponsável legal ou titular do estabelecimento).
São muito comuns questões elaboradas afirmando que um funcionário qualquer de um
estabelecimento (padaria, posto de gasolina, escritório) mantinha uma arma devidamente re-
gistrada em seu local de trabalho, do qual não era titular ou responsável legal.
Nesses casos, note que haverá crime, pois o registro de arma de fogo não lhes garante
o direito de manter o armamento no local de trabalho sem a qualidade de titular ou respon-
sável legal!
• Do porte

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos
em legislação própria e para [...]

A regra, em nosso país, portanto, é a proibição do porte de arma de fogo. A exceção,


no entanto, pode estar prevista em legislação própria e nos casos arrolados no art. 6º da lei
em estudo.

O art. 6º é extenso – mas DEVE ser lido pelo aluno – pois arrola os indivíduos aos quais o Es-
tatuto do Desarmamento garante expressamente o direito ao porte de arma de fogo.

Antes mesmo de estudar as hipóteses de porte de arma de fogo nos ditames da lei, preci-
samos entender que tal instituto está dividido em três categorias:

Porte FUNCIONAL de arma de fogo.


(Armas de uso restrito)
Em regra, é aquele detido por membro das
instituições de segurança pública (Policiais
Federais, Civis, Militares, etc.)

Porte REGIONAL de arma de fogo.


Também prevista no art. 6º, mas aplicável a
outras categorias que possuem uma espécie de
porte funcional mais restrito (como guardas
municipais, dependendo do caso).

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Porte de arma de fogo comum (uso permitido).


É o porte concedido nos termos do art. 10, ao
cidadão comum, nas hipóteses excepcionais
autorizadas por lei.

Analisando o art. 6º:


Vamos agora analisar o art. 6º, de forma detalhada, verificando as peculiaridades de
cada caso.
• Porte FUNCIONAL de arma de fogo

São elencados como detentores de porte FUNCIONAL (art. 6º, § 1º):


− Integrantes das forças armadas;
− Integrantes do CAPUT do art. 144 da CF;
◦ Polícia Federal;
◦ Polícias Civis dos Estados e do DF;
◦ Polícias Militares;
◦ Corpo de Bombeiros;
◦ Polícia Rodoviária Federal;
◦ Polícia Ferroviária Federal.
− Guardas municipais de capitais dos estados e de municípios com mais de 500.000
habitantes:

Recentemente foram ajuizadas duas ações diretas de inconstitucionalidade contra essa pre-
visão legal, a qual restringia o porte de arma de fogo ao número de habitantes do município.
Nesse sentido, o STF se posicionou da seguinte maneira:

É inconstitucional a restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de guardas muni-


cipais das capitais dos estados e dos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil)
habitantes e de guardas municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil)
e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço.
STF. Plenário. ADC 38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgados em 27/2/2021 (Info 1007). Fonte: dizer o direito.

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Tome nota:
− os índices de criminalidade não estão necessariamente relacionados com o número
de habitantes;
− todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de
fogo, em serviço ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de habi-
tantes do Município.
− Agentes da ABIN e do DSGSI (Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República;
− Integrantes da Polícia Legislativa;
− Integrantes do quadro efetivo de agentes prisionais.

Apenas esses indivíduos possuem o chamado porte funcional de arma de fogo, o qual lhes
concede a seguinte prerrogativa:
− podem portar armas, tanto funcionais quanto particulares, dentro e fora do período
de serviço.

Ademais, os integrantes de tais forças possuem a prerrogativa de portar armas em todo o


território nacional, EXCETO os integrantes das guardas municipais e das guardas prisionais, os
quais só possuem o chamado porte REGIONAL.
• Outras carreiras que possuem porte funcional

São outras carreiras que também possuem porte de arma de fogo:


− integrantes de escoltas de presos e guardas portuárias;
− empresas de segurança privada e de transportes de valores;
− integrantes de entidades de tiro desportivo;
− integrantes das carreiras de AUDITORIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL e AUDITO-
RIA-FISCAL DO TRABALHO, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;
− tribunais do Poder Judiciário e os Ministérios Públicos.

Os integrantes do órgãos arrolados acima, no entanto, não estão incluídos no rol do pará-
grafo 1º do art. 6º. A lei, portanto, não lhes garante expressamente o porte de arma de fogo
fora de serviço.
• Observações IMPORTANTÍSSIMAS

Façamos agora algumas observações muito importantes sobre o porte de arma de fogo
para os integrantes do art. 6º:

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Art. 6º, § 2º

• Agentes da ABIN, do DSGSI, da Polícia Legislativa, das


Guardas Prisionais, Escoltas de Presos e Guardas
Portuárias, bem como os integrantes das carreiras de
Auditoria (inciso X) se submetem ao requisito de
comprovar capacidade técnica e psicológica para
concessão do porte de arma de fogo.
• Note que os integrantes da Polícia Legislativa diferem dos
demais integrantes de carreiras policiais, que não estão são
submetidos a este requisito.
Art. 6º, § 4º

• O Estatuto do Desarmamento dispensa aos integrantes das


Forças armadas, das Polícias Federais, dos Estados e do
DF, do cumprimento de TODOS os requisitos do art. 4º.
• Cabe observar, no entanto, que os membros de tais forças
de segurança já se submetem à comprovar tais requisitos
ao serem selecionados para ocupar seus cargos públicos,
como parte do processo de nomeação.

Tribunais & Empresas de Segurança

• Quanto aos integrantes de tribunais do Poder Judiciário e


de empresas de segurança priva e transporte de valores,
cabe observar que a lei garante o porte às pessoas jurídicas,
e não a seus integrantes.
• Os servidores de ambas as instituições, portanto, não
detém o porte em seu nome. Quem o faz é a instituição!
Muito cuidado com esse detalhe.

• Porte de caçador

Por fim, devemos ainda listar o chamado porte de arma de fogo na categoria caçador para
subsistência, modalidade facilitada pela lei com o objetivo de atingir residentes em áreas ru-
rais, que precisam empregar armas de fogo para prover sua subsistência:

§5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Po-
lícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso
permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a

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16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual
deverão ser anexados os seguintes documentos:
I – Documento de identificação pessoal;
II – Comprovante de residência em área rural; e
III – Atestado de bons antecedentes.
§6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de
outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
fogo de uso permitido.
• Estrangeiros

Por fim, cabe observar a quem compete autorizar o porte de arma de fogo em dois casos
relacionados à estrangeiros:
− Porte de arma por responsáveis pela segurança de cidadão estrangeiro em visita ou
sediado no Brasil: É competência do Ministério da Justiça.
− Porte em trânsito para colecionadores, atiradores e caçadores, bem como de repre-
sentantes estrangeiros em competição internacional oficial realizada em território na-
cional: Comando do Exército.

1. Art. 10 – Porte de Arma de Fogo de Uso Permitido


Podemos finalmente discutir o chamado porte precário de arma de fogo, que nada mais é
do que a autorização para porte de arma de fogo de uso permitido, nos termos do art. 10 da
Lei n. 10.826/2003.
Os integrantes das forças de segurança, em regra (Polícia Federal, Civil, Militar, entre ou-
tras) portam armamentos de uso restrito, cujo potencial ofensivo é maior do que o de um
armamento comum.
Já o cidadão comum, que não integra tais forças de segurança, nos casos em que a lei lhe
permite, irá portar armas de fogo de uso permitido, cujo potencial ofensivo, embora ainda muito
grande quando comparado com o de armas brancas, é menor do que o do armamento restrito.
Como você já sabe, a regra em nosso ordenamento jurídico está na proibição do porte de
arma de fogo em todo o território nacional. Vejamos qual é a exceção:

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial
limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ame-
aça à sua integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no
órgão competente.

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Uma vez que são atendidos os requisitos acima, pode ocorrer a concessão excepcional
do porte de arma de fogo ao indivíduo que não possui o porte garantido no art. 6º da Lei n.
10.826/2003.
É assunto interessante (e recorrente em provas) a possibilidade de o indivíduo perder o
porte de arma de fogo de uso permitido, nos seguintes casos:
• Automaticamente, caso o portador seja detido ou abordado em estado de embriaguez
ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas;
• Se o portador for encontrado em local de grande aglomeração (show, estádio de fute-
bol) portando sua arma de fogo.
− Essa segunda previsão, no entanto, não se encontra na Lei n. 10.826/2003, mas sim
em regulamento.

As hipóteses de perda acima listadas se aplicam APENAS AOS INDIVÍDUOS que tiveram o por-
te concedido por meio do art. 10 da Lei n. 10.826/2003.

Pronto! Assim finalizamos o nosso estudo sobre a POSSE e o PORTE de arma de fogo, nos
ditames da lei. É hora de falar sobre os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento.

2. Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido


Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Pena – — detenção, de um a três anos, e multa.

Como você já sabe, o indivíduo que quer adquirir uma arma de fogo (ou seja, obter seu
registro e o direito de POSSE – não de porte) deve preencher os requisitos previstos na Lei n.
10.826/2003 e solicitar ao Sinarm a emissão de uma autorização para a compra da arma.
Realizada a aquisição, o indivíduo deve registrar a arma de fogo nos termos da lei, de modo
que seja emitido o CRAF (Certificado de Registro de Arma de Fogo).
Feito isso, o indivíduo passa a ter o direito de manter a arma de fogo adquirida exclusiva-
mente no interior de sua residência, ou em seu local de trabalho, desde que este seja o titular
ou o responsável legal do estabelecimento.
Dessa forma, manter uma arma de fogo em sua residência ou em seu local de trabalho, na
qualidade de titular ou responsável legal, sem o devido registro, configura o delito do art. 12.
A configuração do delito do art. 12 da Lei n. 10.826/2003 é algo bastante singular, e você
deve tomar muito cuidado para não entender como POSSE IRREGULAR uma conduta de POR-
TE ILEGAL DE ARMA DE FOGO:

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• manter arma de fogo em residência alheia: PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO;


• manter arma de fogo na boleia do caminhão, onde o motorista reside: PORTE ILEGAL DE
ARMA DE FOGO;
• manter arma de fogo no local de trabalho, do qual o indivíduo não é responsável legal ou
titular: PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO.

Veja, portanto, que a configuração do delito de POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO vai
se restringir ao caso do indivíduo que se restringiu a manter a arma de fogo em sua residência,
ou em seu trabalho (na qualidade de titular ou responsável legal), da forma como determina a
lei – porém sem o devido registro.
Se as circunstâncias não se adequarem perfeitamente à descrição do art. 12, não tenha
dúvidas: O delito será o de porte ilegal de arma de fogo (ou até mesmo outro delito).
Lembre-se sempre: saiu da residência ou do local de trabalho em que o indivíduo é o titu-
lar, deixa de ser POSSE, e passa a ser PORTE.
Além disso, cabe observar que se a arma encontrada for de uso RESTRITO, não se configu-
ra o delito em estudo – e sim crime mais grave, o qual iremos conhecer em breve.

Munições e acessórios também podem ser objeto do delito.

Portanto, se o indivíduo mantém em sua residência, nas condições do art. 12, munição ou
acessório de arma de fogo, também incorrerá no delito em estudo.

Características – Art. 12

• É crime comum.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• Se consuma no momento em que a arma entra na
residência ou estabelecimento comercial.
• É crime permanente.
• É crime de perigo abstrato e de mera conduta.
• Admite-se a tentativa.

Tome nota: É conduta atípica a posse ilegal de arma de fogo de uso permitido com regis-
tro vencido:

Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei n. 10.826/2003) a
conduta do agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo
de uso permitido com registro vencido. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a

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expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do


artefato e aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal. Ex: a
Polícia, ao realizar busca e apreensão na casa de João, lá encontrou um revólver, de uso
permitido. João apresentou o registro da arma de fogo localizada, porém ele estava ven-
cido há mais de um ano. João não praticou crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12
da Lei n. 10.826/2003).
STJ. Corte Especial. APn 686-AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/10/2015
(Info 572). STJ. 5ª Turma. HC 294078/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
26/08/2014. Fonte: Dizer o Direito.

3. Omissão de Cautela
Art. 13, caput. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de dezoito anos
ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade:
Pena – — detenção, de um a dois anos, e multa.

Trata-se de delito cuja conduta é basicamente culposa, pois o autor é negligente e deixa
de impedir que menor de 18 anos ou pessoa portadora de deficiência se apodere de arma de
fogo que está sob sua posse ou que é de sua propriedade.
É muito importante observar que o delito se configura apenas se menor de 18 anos ou
pessoa portadora de deficiência se apoderar da arma. Dessa forma, se um indivíduo que pos-
sui regular porte de arma de fogo vem a deixar sua arma em cima da mesa de sua residência,
na qual não reside nenhum menor de 18 anos ou portador de deficiência, e um outro impu-
tável, perfeitamente capaz, vem a se apoderar de seu armamento, não se configura o delito
em estudo.

Características – Art. 13 (Caput)

• É crime comum.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• É crime material. Se consuma quando o menor ou deficiente
efetivamente se apodera da arma de fogo.
• É crime de perigo abstrato.
• A tentativa não é admitida, pois é delito culposo. Dessa forma, se
há um menor de idade ou deficiente na residência, mas este não
chega a se apoderar da arma, não haverá crime.

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Conduta Equiparada

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou mu-
nição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

A conduta equiparada, por sua vez, é DOLOSA, posto que o proprietário ou diretor da em-
presa de segurança deixa de comunicar à Polícia Federal alguma forma de extravio de arma de
fogo, munição ou acessório sob sua guarda.
Não se trata de mero esquecimento ou negligência – o autor, propositalmente, deixa de
comunicar o fato à autoridade competente.

Características – Art. 13, parágrafo único

• É crime próprio, praticado pelo proprietário ou diretor


responsável pela empresa.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• A consumação ocorre com o decurso de 24 horas, previsto no
tipo.
• Só começa a contar o prazo depois de descoberta a subtração,
perda ou extravio.
• É considerado pela doutrina como crime a prazo.
• Não se admite a tentativa.

4. Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra-
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Em primeiro lugar, note que a conduta não é meramente portar arma de fogo ilegalmente.
Os verbos previstos no tipo incluem ações como adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
entre outras diversas condutas que, se praticadas, irão configurar o delito de porte ilegal de
arma de fogo.
O delito é de ação múltipla ou conteúdo variado – de modo que se o autor praticar mais de
uma conduta, em um mesmo contexto fático, irá praticar um único crime.
Por esse motivo, se o indivíduo adquire e logo em seguida porta a arma de fogo, incorrerá
em um único crime.

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Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
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Observações importantes

Se a arma for de uso restrito, ou estiver raspada, o agente incidirá no art. 16, o qual iremos
estudar em breve.
Se a arma estiver TOTALMENTE INUTILIZADA, o delito não se configura (fato atípico).
Se a arma estiver quebrada, mas for passível de conserto, configura-se o delito.
Se a arma estiver sem munição, ou o indivíduo for encontrado portando acessório ou mu-
nição, mas sem a arma, ainda assim irá se configurar o delito do art. 14.
Portar arma de brinquedo, simulacro ou réplica não configura o delito em estudo.

Características – Art. 14

• É crime comum.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• É crime de mera conduta, que se consuma no
momento da ação, independentemente de
resultado.
• A tentativa é possível (o autor pode, por exemplo,
tentar adquirir uma arma de fogo de uso permitido).

Embora a Lei n. 10.826/2003 trata o delito do art. 14 como INAFIANÇÁVEL, tal norma foi con-
siderada INCONSTITUCIONAL pelo STF. O delito em estudo, portanto, é sim afiançável, ao con-
trário do que prevê o texto legal.

5. Disparo de Arma de Fogo


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime:
Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Trata-se de crime de perigo concreto, e cuja conduta é subsidiária – só irá se configurar se


não for crime-meio para outro delito.
Portanto, se o indivíduo dispara arma de fogo para praticar um homicídio, por exemplo, irá
responder apenas pelo art. 121 do Código Penal, (seja na forma tentada ou consumada), e o
delito de disparo de arma de fogo restará absorvido.
Novamente, assim como ocorre com o art. 14, o delito é afiançável, visto que a previsão do
parágrafo único foi também considerada inconstitucional pelo STF.

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Características – Art. 15

• É crime comum.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• A consumação ocorre no momento em que se
realiza o disparo ou em que a munição vem a
ser acionada.
• A tentativa é admissível.

6. Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Esse delito exige um estudo um pouco mais refinado, em razão das inúmeras condutas
equiparadas previstas em seu parágrafo único. Mas comecemos pelo básico:
Incide nas penas do art. 16 tanto o PORTE quanto a POSSE de arma de fogo de uso restrito.
Se a arma de fogo for de uso restrito, portanto, não importa o local ou as circunstâncias
em que foi encontrada – configura-se o art. 16, cuja pena é bem mais grave do que a prevista
nos artigos 12 (POSSE) e 14 (PORTE), respectivamente.
Por exemplo:
• é encontrada uma arma de fogo de calibre de uso restrito na residência do indivíduo.
Configura-se o delito do art. 16, e não o delito do art. 12;
• é encontrada uma arma de fogo de uso restrito escondida na cintura de um indivíduo
que foi abordado no meio da rua: Configura-se o delito do art. 16, e não o delito do art.
14.

Características – Art. 16 – Caput

• É crime comum.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• O crime é de mera conduta e se consuma no momento da
ação – independentemente do resultado.
• A tentativa é possível.

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Figuras Equiparadas

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo
de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Exemplo de arma de fogo com numeração suprimida

As figuras equiparadas do art. 16 merecem toda a sua atenção – pois são um dos assuntos
favoritos das bancas.
O inciso I trata da supressão ou alteração de marca, numeração ou sinal de identificação
da arma de fogo.
O armamento é sempre produzido com um número de série, muito útil em situações de pe-
rícia e para o rastreamento de sua origem – o que justifica o interesse do legislador em aplicar
uma pena mais grave para aquele que suprime tal dado contido no armamento.
O inciso II trata da modificação da arma de fogo, para torná-la equivalente a uma arma de
fogo de uso proibido ou para induzir em erro a autoridade policial, perito ou juiz.

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EXEMPLO
Indivíduo é armeiro e substitui o cano de uma pistola.38 de forma a adaptá-la para receber
munições.40 S&W (uso restrito).

O inciso III trata dos artefatos explosivos ou incendiários.

EXEMPLO
Coquetel Molotov

O inciso IV trata da conduta do indivíduo que porta, possui, adquire, fornece ou transporta
armamento com o sinal de identificação ou numeração suprimido. Note, portanto, que não é
apenas a SUPRESSÃO da numeração que está prevista como conduta equiparada ao art. 16 –
mas também o porte e a posse do armamento nessas condições.
O inciso V trata da conduta de entregar arma de fogo ou equiparado para criança ou adoles-
cente. Esse delito também está previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), mas
em regra deve-se aplicar a previsão contida na Lei n. 10.826/2003, que é posterior.
Por fim, o inciso VI trata da conduta de quem produz, recarrega ou recicla, sem autorização
legal, ou adultera, munição ou explosivo. Note que não precisa ser munição de uso restrito – a
conduta se configura com a recarga ou produção de qualquer tipo de munição.

Esquematizando

Vamos esquematizar os delitos que estudamos até agora, para facilitar:

A arma é de uso
Art. 14
permitido

Porte ilegal de arma A arma é de uso


Art. 16
de fogo restrito

A arma é raspada
Art. 16, parágrafo
(numeração
único, IV
suprimida)

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Posse
irregular de
arma de fogo

Na Arma
Residência
residência ou raspada
ou empresa
na empresa (numeração
de outrem
(titular) suprimida)

Art. 16,
Arma de uso Arma de uso Arma de uso Arma de uso
parágrafo
permitido restrito permitido restrito
único, IV

Art. 12 Art. 16 Art. 14 Art. 16

7. Comércio Ilegal de Arma de Fogo

Cena de compra de armas no filme “John Wick 2”

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

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O delito do art. 17 é um crime que exige o exercício de atividade comercial ou industrial.


Por esse motivo, não basta vender armas de fogo, acessórios ou munições em desacordo com
determinação legal ou sem autorização: é necessária a atividade comercial e o fim lucrativo
da conduta.
Por esse motivo, se o autor vende uma arma de fogo clandestinamente, mas exercendo a
conduta de forma eventual (e não como atividade comercial), irá incidir no art. 14 ou 16, depen-
dendo do caso – mas não no art. 17.

É interessante notar que o legislador foi cuidadoso o suficiente para incluir o verbo CONDUZIR
no tipo penal em estudo. Algumas armas de fogo efetivamente podem ser conduzidas (como
tanques de guerra, por exemplo).

Características – Art. 17

• É crime próprio, praticado por comerciante ou


industrial.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• O delito é de mera conduta (não requer resultado para
sua consumação).
• A tentativa é possível.

Atividade comercial ou industrial exercida em residência

De acordo com o art. 17, § 1º, da Lei n. 10.826/2003:

Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de presta-
ção de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
(Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

Condutas equiparadas

Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autori-
zação ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)

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8. Tráfico Internacional de Arma de Fogo

Tráfico internacional de armas no filme “Lord of War”(2005)

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de
2019)

O tráfico internacional de armas de fogo é caracterizado pela entrada ou saída de armas de


fogo das faixas de fronteira do país. Ao contrário do art. 17, o delito não requer o fim de lucro.
Outra peculiaridade importante: Em razão do caráter de internacionalidade, o delito do art.
18 é de competência da Justiça Federal.

Características – Art. 18

• É crime comum.
• O sujeito passivo é a coletividade.
• O delito se consuma quando as armas saem ou entram em
território nacional.
• A tentativa é possível.

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Condutas equiparadas

Mais uma inovação legislativa. De acordo com o art. 18, parágrafo único, da Lei n.
10.826/2003:

Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação
de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)

9. Causas de Aumento de Pena (Lei n. 13.964, de 2019)


A pena será aumentada da metade nos crimes de:
• comércio ilegal de arma de fogo (art. 17);
• tráfico internacional de arma de fogo (art. 18).

Se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito (art. 19 do


Estatuto do Desarmamento).
A pena é aumentada da metade nos seguintes crimes:
• porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14);
• disparo de arma de fogo (art. 15);
• posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16);
• comércio ilegal de arma de fogo (art. 17);
• tráfico internacional de arma de fogo (art. 18).

Se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
ou se o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza (art. 20 do Estatuto do Desar-
mamento). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Seria o caso, por exemplo, de um policial federal que viesse a ser preso praticando tráfico
internacional de armas de fogo. Responderia pelo delito em questão com a pena aumentada
da metade, haja vista ser o autor é integrante do rol do art. 6º do diploma legal.
E finalmente, cabe informar que a vedação de liberdade provisória prevista no art. 21 da
Lei n. 10.826/2003 foi também considerada inconstitucional. Dessa forma, admite-se sim a
liberdade provisória diante da prática dos delitos que estudamos na aula de hoje.

Observações Finais
• Recomendação de Leitura

Recomenda-se a leitura dos artigos 22 ao 35 da Lei n. 10.826/2003, de forma complemen-


tar à essa aula.

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Tal recomendação se baseia na baixa frequência com que tais artigos são objeto de prova,
bem como na forma com que tais normas costumam ser cobradas: Se restringindo basica-
mente ao texto de lei.

9.1. Hediondez do Crime de Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo


de Uso Proibido

Lei n. 8.072/90, art. 1º, parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consuma-
dos: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n.
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido recebeu significativa mu-
dança tanto na Lei n. 10.826/2003 quanto na Lei de Crimes Hediondos.
Anteriormente, as armas de fogo de uso restrito ou proibido recebiam tratamento idêntico.
Atualmente, isso não acontece. Veja que, no Estatuto do Desarmamento, o porte ilegal de arma
de fogo de uso proibido recebeu parágrafo distinto da arma de fogo de uso restrito:

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
[...]
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proi-
bido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Verifica-se, portanto, que apenas o porte previsto no §2º (de arma de fogo de uso proibido)
estaria eivado de hediondez.
Cabe ressaltar que a interpretação acima é doutrinária, e está aberta para debate e análise
em sentido contrário (dificilmente seria objeto de prova). No entanto, a jurisprudência já tem
começado a se posicionar nesse sentido.
Por exemplo, as condutas equiparadas do art. 16 (equiparadas ao porte de arma de fogo de
uso restrito) já possuem julgado do STJ no sentido do afastamento da hediondez, em que pese
sobre fato ocorrido antes da vigência da Lei 13.964/19. Vejamos um trecho do referido julgado:

No mais, importante ainda esclarecer que a Lei n. 13.964/2019 alterou a redação da Lei
de Crimes Hediondos. Antes da vigência de tal norma, o dispositivo legal considerava
equiparado à hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res-
trito, previsto no art. 16 da Lei n.º 10.826/2003. Atualmente, considera-se equiparado à
hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no

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art. 16 da Lei n.º 10.826/2003. Embora o crime ora em análise tenha sido praticado antes
da vigência da Lei n.º 13.964/2019, deve-se destacar que a alteração na redação da Lei
de Crimes Hediondos apenas reforça o entendimento ora afirmado, no sentido da natu-
reza não hedionda do porte ou posse de arma de fogo de uso permitido com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. Por
oportuno, ressalta-se que no Relatório apresentado pelo Grupo de Trabalho, coordenado
pela Deputada Federal Margarete Coelho, destinado a analisar e debater as mudanças
promovidas na Legislação Penal e Processual Penal pelos Projetos de Lei n. 10.372, de
2018, n. 10.373, de 2018, e n. 882, de 2019 (GTPENAL), foi afirmada a especial gravidade
da conduta de posse ou porte de arma de fogo de uso restrito ou proibido, de modo que
se deve “coibir mais severamente os criminosos que adquirem ou “alugam” armamento
pesado [...], ampliando consideravelmente o mercado do tráfico de armas”. Outrossim,
ao alterar a redação do art. 16 da Lei n.º 10.826/2003, com a imposição de penas dife-
renciadas para o posse ou porte de arma de fogo de uso restrito e de uso proibido, a
Lei n. 13.964/2019 atribuiu reprovação criminal diversa a depender da classificação do
armamento como de uso permitido, restrito ou proibido. Vale ainda referir que esta Corte
Superior, até o momento, afirmava que os Legisladores atribuíram reprovação criminal
equivalente às condutas descritas no caput do art. 16 da Lei n.º 10.826/2003 e ao porte
ou posse de arma de fogo de uso permitido com numeração suprimida, equiparando a
gravidade da ação e do resultado. Todavia, diante dos fundamentos ora apresentados, tal
entendimento deve ser superado (overruling).1

Lei n. 8.072/90, art. 1º, parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consuma-
dos: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n.
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei n. 10.826, de 22 de de-
zembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da
Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

10. Jurisprudência Associada


Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte é necessário que a arma de fogo
tenha sido apreendida e periciada?

1
stj-hc-arma-nueracao-raspada1.pdf (conjur.com.br).

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NÃO. É irrelevante (desnecessária) a realização de exame pericial para a comprovação da


potencialidade lesiva do artefato, pois basta o simples porte de arma de fogo, ainda que
desmuniciada, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para a incidência
do tipo penal. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003
são de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1294551/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/08/2014.
Fonte: Dizer o direito.

O porte de arma de fogo desmuniciada configura crime?

SIM. O porte de arma de fogo (art. 14, Lei n. 10.826/2003) configura crime, mesmo que
esteja desmuniciada. Trata-se, atualmente, de posição pacífica tanto no STF como no
STJ. Para a jurisprudência, o simples porte de arma, munição ou acessório de uso permi-
tido — sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar — con-
figura o crime previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003, por ser delito de perigo abstrato,
de forma a ser irrelevante o fato de a arma apreendida estar desacompanhada de muni-
ção, porquanto o bem jurídico tutelado é a segurança pública e a paz social.
STJ. 3ª Seção. AgRg nos EAREsp 260556/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
26/03/2014.
STF. 2ª Turma. HC 95073/MS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 19/3/2013 (Info
699). Fonte: Dizer o direito.

Guardas municipais e porte por número de habitantes

O art. 6º, III e IV, da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) somente previa
porte de arma de fogo para os guardas municipais das capitais e dos Municípios com
maior número de habitantes. Assim, os integrantes das guardas municipais dos peque-
nos Municípios (em termos populacionais) não tinham direito ao porte de arma de fogo.
O STF considerou que esse critério escolhido pela lei é inconstitucional porque os índices
de criminalidade não estão necessariamente relacionados com o número de habitantes.
Assim, é inconstitucional a restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de guardas
municipais das capitais dos estados e dos municípios com mais de 500.000 (quinhentos
mil) habitantes e de guardas municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta
mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço. Com a decisão
do STF todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de
fogo, em serviço ou mesmo fora de serviço. Não interessa o número de habitantes do
Município.

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STF. Plenário. ADC 38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgados em 27/2/2021 (Info 1007). Fonte: Dizer o direito.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
Douglas Vargas

RESUMO
Estatuto do desarmamento
Conceito de arma

Armas propriamente ditas


São as armas de fogo.

Armas impróprias
Instrumentos destinados à outras finalidades que
podem ser utilizados como arma.
(Faca, facão, chave de fenda, foice)

SINARM
• Sistema instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal.
• O SINARM não alcança as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como
demais armas que constem em registros próprios.

Aquisição de arma de fogo de uso permitido


• Requisitos

Comprovar
Comprovação de Comprovar
capacidade
idoneidade, nos ocupação lícita e
técnica e aptidão
temos da lei. residência certa.
psicológica.
• Idade
− A idade mínima para portar arma de fogo é de 25 anos.
− Tal limitação não se aplica ao chamado porte funcional de arma de fogo.

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Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
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Porte x Registro

Do Porte

Porte FUNCIONAL de arma de fogo.


(Armas de uso restrito)
Em regra, é aquele detido por membro das
instituições de segurança pública (Policiais
Federais, Civis, Militares, etc.)

Porte de arma de fogo comum (uso permitido).


É o porte concedido nos termos do art. 10, ao
cidadão comum, nas hipóteses excepcionais
autorizadas por lei.

Porte REGIONAL de arma de fogo.


Também prevista no art. 6º, mas aplicável a
outras categorias que possuem uma espécie de
porte funcional mais restrito (como guardas
municipais, dependendo do caso).

Dos Delitos
• Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

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Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
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Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou de-
pendência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável
legal do estabelecimento ou empresa.
Munições e acessórios também podem ser objeto do delito.
• Omissão de Cautela

Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de dezoito anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade.
• Conduta Equiparada

Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segu-


rança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocor-
rido o fato.
• Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratui-
tamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Embora a Lei n. 10.826/2003 trata o delito do art. 14 como INAFIANÇÁVEL, tal norma foi
considerada INCONSTITUCIONAL pelo STF.
• Disparo de arma de fogo

Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em


via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática
de outro crime
Trata-se de crime de perigo concreto, e cuja conduta é subsidiária – só irá se configurar se
não for crime-meio para outro delito.
• Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de
fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.
Incide nas penas do art. 16 tanto o PORTE quanto a POSSE de arma de fogo de uso restrito.

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Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
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Figuras Equiparadas
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo
de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
• Comércio Ilegal de Arma de Fogo

Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
• Tráfico internacional de arma de fogo

Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de


arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente
− É competência da Justiça Federal.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CEBRASPE/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2021) A respeito da identificação
criminal, do crime de tortura, do abuso de direito, da prevenção do uso indevido de drogas, da
comercialização de armas de fogo e dos crimes hediondos, julgue o item que se segue.
Conduzir arma de fogo, no exercício de atividade comercial, sem autorização, configura comér-
cio ilegal de arma de fogo.

002. (CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO/2021) Com relação aos crimes previstos


em legislação especial, julgue o item a seguir.
É conduta atípica o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro de caute-
la vencido.

003. (CEBRASPE/DEPEN/AGENTE FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL/2021) Com base na le-


gislação especial, julgue o próximo item.
Quando não mais interessarem à investigação, as armas de fogo apreendidas serão encami-
nhadas ao Ministério da Justiça para destruição.

004. (CEBRASPE/DEPEN/AGENTE FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL/2021) Com base na le-


gislação penal, julgue o item seguinte.
É permitido a agentes e guardas prisionais não submetidos a regime de dedicação exclusi-
va portar arma de fogo particular ou fornecida por sua corporação enquanto não estiverem
de serviço.

005. (GUALIMP/PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DE MACABU-RJ/GUARDA MUNICIPAL/2020)


Para fins de aquisição de arma de fogo de uso permitido e de emissão do Certificado de Regis-
tro de Arma de Fogo, o interessado NÃO deverá:
a) Ter, no mínimo, trinta e cinco anos de idade.
b) Apresentar original e cópia de documento de identificação pessoal.
c) Comprovar a idoneidade moral e a inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por
meio de certidões de antecedentes criminais das Justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral.
d) Apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência fixa.

006. (CESPE/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2019) No item a seguir é apresentada


uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada considerando-se o Estatuto
do Desarmamento, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas.
Em uma operação da PRF, foram encontradas, no veículo de Sandro, munições de arma de fogo
de uso permitido e, no veículo de Eurípedes, munições de uso restrito. Nenhum deles tinha

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autorização para o transporte desses artefatos. Nessa situação, considerando-se o previsto


no Estatuto de Desarmamento, Sandro responderá por infração administrativa e Eurípedes res-
ponderá por crime.

007. (NUCEPE/PREFEITURA DE TERESINA-PI/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2019) Com base


no Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), assinale a alternativa CORRETA.
a) Para adquirir arma de fogo de uso restrito, o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender, dentre outros requisitos, a comprovação de idoneidade, com a apresen-
tação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Esta-
dual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal,
que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos.
b) O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as condições do credenciamento de profissio-
nais pela Polícia Civil de cada Estado para comprovação da aptidão psicológica e da capacida-
de técnica para o manuseio de arma de fogo.
c) A Posse irregular de arma de fogo de uso permitido e o Porte ilegal de arma de fogo de
uso permitido são crimes que apresentam as mesmas penas, tanto que constituem o mesmo
tipo penal.
d) Em relação ao crime de Comércio ilegal de arma de fogo, equipara-se à atividade comercial
ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
e) Possuir apenas munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, não configura crime.

008. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2019) De acordo com a Lei n.


10.826/03 (estatuto do desarmamento), o sujeito que for preso em via pública portando arma
de fogo, que não contém mecanismo de acionamento, terá sua conduta considerada como
atípica em razão do instituto
a) da legítima defesa.
b) do crime impossível.
c) do erro sobre elementos do tipo.
d) da discriminante putativa.
e) da relação de causalidade.

009. (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2019) De acordo


com as previsões da Lei de Armas (Lei n. 10.826/03), analise as afirmativas a seguir.
I – A posse isolada de grande quantidade de munições de uso permitido, em desacordo com
as determinações legais ou regulamentares, quando desacompanhada da apreensão de arma
de fogo, não constitui crime.

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II – A cessão, mesmo que gratuita, de arma de fogo de uso restrito, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, configura crime, punido com a mes-
ma sanção penal daquele que transporta arma de fogo de calibre permitido com numeração
suprimida.
III – O crime de disparo de arma de fogo é expressamente subsidiário, somente havendo puni-
ção do agente caso a finalidade com o disparo não seja praticar outro crime.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

010. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) A respeito dos delitos tipificados na le-


gislação extravagante, julgue o item a seguir, considerando a jurisprudência dos tribunais
superiores.
O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regula-
mentar, ainda que a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar dispa-
ros, configura delito de porte ilegal de arma de fogo.

011. (INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2019) O


crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo concreto.

012. (INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2019)


Se o objeto mediante o qual for praticado o crime de posse de arma de fogo for uma arma de
fogo com numeração suprimida pelo sujeito, ocorrerá um concurso formal de delitos entre a
posse e a supressão (Lei n. 10.826/2003).

013. (VUNESP/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2019) Nos


moldes do que estabelece a Lei n. 10.826/2003, o certificado de registro de arma de fogo em
geral, que será precedido de autorização do Sinarm, será expedido
a) pela Polícia Federal.
b) pela Polícia Civil.
c) pela Polícia Militar.
d) pelo Exército.
e) pelas Guardas Municipais.

014. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO – SEGURANÇA/2015) O ato de montar ou des-


montar uma arma de fogo, munição ou um acessório de uso restrito, sem autorização, no exer-

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cício de atividade comercial constitui crime de comércio ilegal de arma de fogo, com a pena
aumentada pela metade.

015. (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS/2015) Conforme


jurisprudência pacificada no STJ, o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é
de perigo concreto.

016. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2016) O tipo penal do art.


15 da Lei n. 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) prevê pena de reclusão e multa para a con-
duta de disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, apresentando, contudo, uma ressalva que caracteriza ser
o crime referido de natureza subsidiária, qual seja, desde que as condutas acima referidas não
tenham como finalidade a prática de outro crime.

017. (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS/2015) A conduta


de importar uma mira telescópica de uso restrito, desacompanhada do armamento, é atípica,
pois a simples importação do acessório para arma de fogo não configura a prática de delito
previsto no Estatuto do Desarmamento.

018. (CESPE/MPU/TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITUCIONAL E TRANSPOR-


TE/2015) Com referência ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item subsecutivo.
Se uma pessoa for flagrada portando um punhal que tenha mais de 12 cm e dois gumes, ela
poderá responder pelo crime de porte ilegal de arma, previsto no Estatuto do Desarmamento.

019. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Tales foi preso em flagrante delito quando


transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois revólveres de calibre 38 desmunicia-
dos e com numerações raspadas.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, com base na jurisprudência do-
minante dos tribunais superiores relativa a esse tema.
O fato de as armas apreendidas estarem desmuniciadas não tipifica o crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito em razão da total ausência de potencial lesivo da conduta.

020. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2014) Comete crime de


posse irregular de arma de fogo de uso permitido cidadão que é pego mantendo sob sua guar-
da, no interior do quarto de sua residência, embaixo da cama, uma pistola.40, de uso restrito e
com numeração suprimida.

021. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO – CONSULTOR LEGIS-


LATIVO/2014) Julgue o seguinte item, acerca de crimes relacionados a arma de fogo e à pro-
priedade industrial.

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Se um indivíduo que não possua porte de arma de fogo transportar, a pedido de um amigo que
possua o referido porte, munição de uma arma de fogo e, estando sozinho nessas circunstân-
cias, for encontrado pela polícia, tal fato configurará crime previsto em lei.

022. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE ADMINISTRATIVO/2014) Considere que, em uma


briga de trânsito, Joaquim tenha sacado uma arma de fogo e efetuado vários disparos contra
Gilmar, com a intenção de matá-lo, e que nenhum dos tiros tenha atingido o alvo. Nessa situa-
ção, Joaquim responderá tão somente pela prática do crime de disparo de arma de fogo.

023. (CESPE/STF/TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2013) Incorrerá em


contravenção penal por portar munição em desacordo com a legislação vigente uma pessoa
que, durante abordagem em barreira policial, for surpreendida com munições calibre.38 sem
que esteja autorizada a portá-la.

024. (CESPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/2013) A conduta de uma pessoa que disparar


arma de fogo, devidamente registrada e com porte, em local ermo e desabitado será conside-
rada atípica.

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GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. E
5. a
6. E
7. d
8. b
9. d
10. E
11. E
12. E
13. a
14. C
15. E
16. C
17. E
18. E
19. E
20. E
21. C
22. E
23. E
24. C

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GABARITO COMENTADO
001. (CEBRASPE/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2021) A respeito da identificação
criminal, do crime de tortura, do abuso de direito, da prevenção do uso indevido de drogas, da
comercialização de armas de fogo e dos crimes hediondos, julgue o item que se segue.
Conduzir arma de fogo, no exercício de atividade comercial, sem autorização, configura comér-
cio ilegal de arma de fogo.

Exatamente isso. É o crime do art.17 da Lei n. 10.826/2003:

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Certo.

002. (CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO/2021) Com relação aos crimes previstos


em legislação especial, julgue o item a seguir.
É conduta atípica o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro de caute-
la vencido.

Muito cuidado! De acordo com o STJ, é atípica a conduta de POSSE ilegal de arma de fogo de
uso permitido com registro vencido.
Dessa forma, o registro vencido é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão
do artefato e aplicação de multa. Portanto, a conduta não caracteriza crime.
Errado.

003. (CEBRASPE/DEPEN/AGENTE FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL/2021) Com base na le-


gislação especial, julgue o próximo item.
Quando não mais interessarem à investigação, as armas de fogo apreendidas serão encami-
nhadas ao Ministério da Justiça para destruição.

Nos termos do art. 25 do Estatuto, caberá ao comando do exército tal destruição:

Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao
Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos
órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
Errado.

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004. (CEBRASPE/DEPEN/AGENTE FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL/2021) Com base na le-


gislação penal, julgue o item seguinte.
É permitido a agentes e guardas prisionais não submetidos a regime de dedicação exclusi-
va portar arma de fogo particular ou fornecida por sua corporação enquanto não estiverem
de serviço.

De acordo com o Estatuto do Desarmamento, esses agentes devem estar submetidos a regime
de dedicação exclusiva:

Art. 6º, § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar
arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mes-
mo fora de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei n. 12.993, de 2014)
I – submetidos a regime de dedicação exclusiva.
Errado.

005. (GUALIMP/PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DE MACABU-RJ/GUARDA MUNICIPAL/2020)


Para fins de aquisição de arma de fogo de uso permitido e de emissão do Certificado de Regis-
tro de Arma de Fogo, o interessado NÃO deverá:
a) Ter, no mínimo, trinta e cinco anos de idade.
b) Apresentar original e cópia de documento de identificação pessoal.
c) Comprovar a idoneidade moral e a inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por
meio de certidões de antecedentes criminais das Justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral.
d) Apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência fixa.

De acordo com o art. 25 da Lei n. 10.826/2003,

É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6º desta Lei.
Os demais requisitos estão presentes no art. 4º da Lei.
Letra a.

006. (CESPE/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2019) No item a seguir é apresentada


uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada considerando-se o Estatuto
do Desarmamento, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas.
Em uma operação da PRF, foram encontradas, no veículo de Sandro, munições de arma de fogo
de uso permitido e, no veículo de Eurípedes, munições de uso restrito. Nenhum deles tinha
autorização para o transporte desses artefatos. Nessa situação, considerando-se o previsto

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no Estatuto de Desarmamento, Sandro responderá por infração administrativa e Eurípedes res-


ponderá por crime.

As duas condutas são tipificadas como crime no ordenamento jurídico brasileiro.


Conforme estudamos, Sandro responderá nos termos do art. 14 da Lei n. 10.826/2003 (Porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido). Já Eurípedes responderá nos termos do art. 16 do
Estatuto do Desarmamento (Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito).
Errado.

007. (NUCEPE/PREFEITURA DE TERESINA-PI/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2019) Com base


no Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), assinale a alternativa CORRETA.
a) Para adquirir arma de fogo de uso restrito, o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender, dentre outros requisitos, a comprovação de idoneidade, com a apresen-
tação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Esta-
dual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal,
que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos.
b) O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as condições do credenciamento de profissio-
nais pela Polícia Civil de cada Estado para comprovação da aptidão psicológica e da capacida-
de técnica para o manuseio de arma de fogo.
c) A Posse irregular de arma de fogo de uso permitido e o Porte ilegal de arma de fogo de
uso permitido são crimes que apresentam as mesmas penas, tanto que constituem o mesmo
tipo penal.
d) Em relação ao crime de Comércio ilegal de arma de fogo, equipara-se à atividade comercial
ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
e) Possuir apenas munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, não configura crime.

Vejamos caso a caso:


a) Errada. Nos termos do art. 4º da Lei, a aquisição é de arma de fogo de uso permitido:

Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva neces-
sidade, atender aos seguintes requisitos...
b) Errada. Nos termos do art. 11-A:

O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as condições do credenciamento de profissionais pela


Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para o manuseio
de arma de fogo.

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Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento
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c) Errada. São tipos penais distintos:


• art. 12 (Posse irregular de arma de fogo de uso permitido); e
• art. 14 (Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido).
d) Certa. É a previsão do art. 17, § 1º, da Lei:

Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de presta-
ção de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
(Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
e) Errada. É crime:

Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimen-
to ou empresa.
Letra d.

008. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2019) De acordo com a Lei n.


10.826/03 (estatuto do desarmamento), o sujeito que for preso em via pública portando arma
de fogo, que não contém mecanismo de acionamento, terá sua conduta considerada como
atípica em razão do instituto
a) da legítima defesa.
b) do crime impossível.
c) do erro sobre elementos do tipo.
d) da discriminante putativa.
e) da relação de causalidade.

De acordo com a doutrina, o crime impossível é também chamado de tentativa inidônea, tenta-
tiva inadequada ou quase-crime, é aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela
impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de se consumar.
Letra b.

009. (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2019) De acordo


com as previsões da Lei de Armas (Lei n. 10.826/03), analise as afirmativas a seguir.
I – A posse isolada de grande quantidade de munições de uso permitido, em desacordo com
as determinações legais ou regulamentares, quando desacompanhada da apreensão de arma
de fogo, não constitui crime.
II – A cessão, mesmo que gratuita, de arma de fogo de uso restrito, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, configura crime, punido com a mes-

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ma sanção penal daquele que transporta arma de fogo de calibre permitido com numeração
suprimida.
III – O crime de disparo de arma de fogo é expressamente subsidiário, somente havendo puni-
ção do agente caso a finalidade com o disparo não seja praticar outro crime.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Vejamos:
I – Errado. É crime do art. 12 da Lei n. 10.826/2003:

Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimen-
to ou empresa.
II – Certo. Responderá nos termos do art. 16, § 1º:

Nas mesmas penas incorre quem:


IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.
III – Certo. É crime subsidiário:

Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via públi-
ca ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime.
Letra d.

010. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) A respeito dos delitos tipificados na le-


gislação extravagante, julgue o item a seguir, considerando a jurisprudência dos tribunais
superiores.
O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regula-
mentar, ainda que a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar dispa-
ros, configura delito de porte ilegal de arma de fogo.

Primeiramente, devemos destacar que o entendimento jurisprudencial é no sentido de que é


desnecessária a realização de exame pericial para a comprovação da potencialidade lesiva da
arma de fogo:

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Basta o simples porte de arma de fogo, ainda que desmuniciada, em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, para a incidência do tipo penal. Isso porque os
crimes previstos no arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, cujo
objeto jurídico imediato é a segurança coletiva.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1294551/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/08/2014.

Mas caso o laudo pericial seja realizado e constate que o artefato está quebrado, não ha-
verá crime:

No entanto, se o laudo pericial for produzido e ficar constatado que a arma não tem
nenhuma condição de efetuar disparos, não haverá crime.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.451.397-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
15/9/2015 (Info 570).
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 397.473/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
19/08/2014.

 Obs.: A posse (art. 12 da Lei n. 10.826/2003) ou o porte (art. 14) de arma de fogo configura
crime mesmo que ela esteja desmuniciada.
Errado.

011. (INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2019) O


crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo concreto.

Conforme estudamos, é crime de perigo abstrato, no qual se presume a situação de perigo.


Errado.

012. (INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2019)


Se o objeto mediante o qual for praticado o crime de posse de arma de fogo for uma arma de
fogo com numeração suprimida pelo sujeito, ocorrerá um concurso formal de delitos entre a
posse e a supressão (Lei n. 10.826/2003).

Na situação apresentada, o agente responderá apenas pelo art. 16 da Lei n. 10.826/2003 (Pos-
se ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito):

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

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§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.
Errado.

013. (VUNESP/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2019) Nos


moldes do que estabelece a Lei n. 10.826/2003, o certificado de registro de arma de fogo em
geral, que será precedido de autorização do Sinarm, será expedido
a) pela Polícia Federal.
b) pela Polícia Civil.
c) pela Polícia Militar.
d) pelo Exército.
e) pelas Guardas Municipais.

De acordo com o art. 5º, § 1º, da Lei, o certificado de registro de arma de fogo será expedido
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
Letra a.

014. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO – SEGURANÇA/2015) O ato de montar ou des-


montar uma arma de fogo, munição ou um acessório de uso restrito, sem autorização, no exer-
cício de atividade comercial constitui crime de comércio ilegal de arma de fogo, com a pena
aumentada pela metade.

Vamos relembrar o que preconiza os artigos 17 e 19 da Lei n. 10.826/2003:

Comércio ilegal de arma de fogo


Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer
forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exerci-
do em residência.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Exatamente isso!
Certo.

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015. (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS/2015) Conforme


jurisprudência pacificada no STJ, o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é
de perigo concreto.

É importante relembrar que o crime de porte ilegal de arma de forma é de perigo ABSTRATO. O
perigo da conduta é presumido pelo legislador – não precisa ser comprovado.
Errado.

016. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2016) O tipo penal do art.


15 da Lei n. 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) prevê pena de reclusão e multa para a con-
duta de disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, apresentando, contudo, uma ressalva que caracteriza ser
o crime referido de natureza subsidiária, qual seja, desde que as condutas acima referidas não
tenham como finalidade a prática de outro crime.

Isso mesmo. A tipificação do art. 15 traz o requisito de que a conduta do agente não tenha
como finalidade a prática de outro crime. Vamos ler novamente o artigo em comento:

Disparo de arma de fogo


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Certo.

017. (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS/2015) A conduta


de importar uma mira telescópica de uso restrito, desacompanhada do armamento, é atípica,
pois a simples importação do acessório para arma de fogo não configura a prática de delito
previsto no Estatuto do Desarmamento.

Negativo! Mira telescópica é acessório, de modo que essa conduta esta sim tipificada no art.
18 da lei em estudo:

Tráfico internacional de arma de fogo


Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Errado.

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018. (CESPE/MPU/TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITUCIONAL E TRANSPOR-


TE/2015) Com referência ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item subsecutivo.
Se uma pessoa for flagrada portando um punhal que tenha mais de 12 cm e dois gumes, ela
poderá responder pelo crime de porte ilegal de arma, previsto no Estatuto do Desarmamento.

Negativo! Essa pessoa vai ser responsabilizada de acordo com a lei das contravenções penais,
art. 19 – Porte de arma branca.
Errado.

019. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Tales foi preso em flagrante delito quando


transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois revólveres de calibre 38 desmunicia-
dos e com numerações raspadas.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, com base na jurisprudência do-
minante dos tribunais superiores relativa a esse tema.
O fato de as armas apreendidas estarem desmuniciadas não tipifica o crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito em razão da total ausência de potencial lesivo da conduta.

Negativo. Não é necessário que a arma esteja carregada para a prática da conduta do art. 16.
Além do mais, apesar do revólver calibre 38 ser de uso permitido, a numeração raspada enseja
a aplicação do art. 16:

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determina-
ção legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo
de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e

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VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.
Errado.

020. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2014) Comete crime de


posse irregular de arma de fogo de uso permitido cidadão que é pego mantendo sob sua guar-
da, no interior do quarto de sua residência, embaixo da cama, uma pistola.40, de uso restrito e
com numeração suprimida.

Para responder esse item é necessário rever novamente o art. 16 da lei em estudo:

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determi-
nação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Logo, o indivíduo não irá incorrer nas penas do art. 14 (posse irregular de arma de fogo de
uso permitido) e sim nas penas do art. 16, visto que a pistola é de uso restrito. A numeração
estar suprimida acabou “sobrando”, pois é só um fator extra que iria ensejar a aplicação do
mesmo artigo.
Errado.

021. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO – CONSULTOR LEGIS-


LATIVO/2014) Julgue o seguinte item, acerca de crimes relacionados a arma de fogo e à pro-
priedade industrial.
Se um indivíduo que não possua porte de arma de fogo transportar, a pedido de um amigo que
possua o referido porte, munição de uma arma de fogo e, estando sozinho nessas circunstân-
cias, for encontrado pela polícia, tal fato configurará crime previsto em lei.

Mas com certeza! O porte de arma é pessoal e intransferível. Só pelo fato de estar portando a
munição já configura o delito!
Certo.

022. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE ADMINISTRATIVO/2014) Considere que, em uma


briga de trânsito, Joaquim tenha sacado uma arma de fogo e efetuado vários disparos contra
Gilmar, com a intenção de matá-lo, e que nenhum dos tiros tenha atingido o alvo. Nessa situa-
ção, Joaquim responderá tão somente pela prática do crime de disparo de arma de fogo.

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Negativo. Nesse caso Joaquim vai responder por tentativa de homicídio. Já vimos que para
que o agente pratique o delito de disparo de arma de fogo sua conduta não pode ter como
finalidade a prática de outro crime (pois do contrário, o crime fim irá absorver o delito do art.
15 do Estatuto do Desarmamento, que será o crime meio).
Errado.

023. (CESPE/STF/TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2013) Incorrerá em


contravenção penal por portar munição em desacordo com a legislação vigente uma pessoa
que, durante abordagem em barreira policial, for surpreendida com munições calibre.38 sem
que esteja autorizada a portá-la.

Nada disso. O indivíduo irá incorrer no art. 14 do Estatuto do Desarmamento:

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra-
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Errado.

024. (CESPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/2013) A conduta de uma pessoa que disparar


arma de fogo, devidamente registrada e com porte, em local ermo e desabitado será conside-
rada atípica.

Perfeito. Para que ocorra crime é necessário disparar arma de fogo ou acionar munição em
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime. Não é qualquer disparo que será
capaz de configurar o delito do art. 15 da Lei n. 10.826/2003!
Certo.

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Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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