Legislação Penal

1. Código Penal 5
Introdução 5
Direito penal 6
Pacote anticrime 7
Impactos da lei anticrime 7

2. Processo Penal 13
Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 13
Juiz de garantias 13
Defensor para servidores das polícias 15
Arquivamento de inquérito 16
Acordo de não persecução penal 16
Bens 18
Ilicitude Probatória 19
Cadeia de custódia da prova 20
Audiência de custódia 20
Medidas cautelares pessoais 21
Execução provisória da pena em condenação no Tribunal
do Júri 26

3. Lei de Execução Penal 29

Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. 29
Impactos da Lei Anticrime na Execução Penal 30
Identificação do Perfil Genético. 30
Falta Grave 30
Regime disciplinar diferenciado 30
Saída Temporária 34

4. Lei dos Crimes Hediondos 37

Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 37
Crimes equiparados a hediondos 39
Impactos da lei anticrime 39

5. Lei de Improbidade Administrativa 43

Conceito 43
Sanções 45
02
 Impactos da lei anticrime 46

6. Lei de Interceptações Telefônica e Lei de Lavagem de

Capitais 48
Interceptação telefônica 48
Incidência lei anticrime nas interceptações telefônicas 49
Lei de Lavagem de Capitais 50
Incidência do Pacote Anticrime na Lei de Lavagem de
Capitais 50

7. Estatuto do Desarmamento e Lei de Drogas 53

Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 53
Impactos da lei Anticrime Estatuto do desarmamento 53
Lei de drogas e pacote anticrime 55

8. Demais Normas Penais Afetadas Pela Lei Anticrime 58

Lei do Sistema Penitenciário Federal 58
Lei de Identificação Criminal 60
Lei nº 12.694/2012 (Julgamento de organizações
criminosas) 61
Lei de Organizações Criminosas 62
Lei de Serviço telefônico e recebimento de denúncias 64
Lei nº 8.038/1990 (Processo nos Tribunais Superiores) 65
Lei nº 13.756/2018 (Fundo Nacional de Segurança 65
Pública) 65
Código de Processo Penal Militar 66

9. Referências Bibliográficas 68

3
04
LEGISLAÇÃO PENAL
1. Código Penal
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/procurar/jur%C3%ADdico/
Introdução
O Direito Penal é composto por
um complexo de normas
esparsas. Embora o Código Penal
(decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940) e o Código de
Processo Penal (decreto-lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941) ten-
ham maior visibilidade, os demais
regulamentos desta seara são igual-
mente pertinentes. Portanto, a
legislação penal especial abrange
regulamentações diversas.
Nesse sentido, observe a
seguir quais são os diplomas legais
que norteiam a tratativa penal:
 Lei de Drogas (lei nº 11.343, de
23 de agosto de 2006);
 Crimes Ambientais (lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de
1998);
 Crimes Hediondos (lei nº
8.072, de 25 de julho de 1990);
 Lei de Intercepção Telefônica
(lei nº 9.296, de 24 de julho de
1996);
 Crime Organizado (lei nº
12.850, de 2 de agosto de
2013);
 Lei de Lavagem de Capitais (lei
nº 9.613, de 3 de março de
1998);
5
LEGISLAÇÃO PENAL
 Juizados Especiais Criminais
(lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995);
 Crimes Contra a Ordem Tribu-
tária (lei nº 8.137, de 27 de
dezembro de 1990);
 Lei de Tortura (lei nº 9.455, de
7 de abril de 1997);
 Lei de Violência Doméstica e
Familiar Contra Mulher (lei nº
11.340, de 7 de agosto de
2006);
 Crimes Resultantes de Precon-
ceito (lei nº 7.716, de 5 de
janeiro de 1989);
 Abuso de Autoridade (lei nº
13.869, de 5 de setembro de
2019);
 Crimes de Trânsito (lei nº
9.503, de 23 de setembro de
1997);
 Lei Antiterrorismo (lei nº
13.260, de 16 de março de
2016);
 Sistema Financeiro (lei no
7.492, de 16 de junho de 1986);
 Lei de Execução Penal (lei nº
7.210, de 11 de julho de 1984);
 Lei de Contravenções Penais
(decreto-lei nº 3.688, de 3 de
outubro de 1941);
 Estatuto do Desarmamento
(lei no 10.826, de 22 de
dezembro de 2003).
Aproveitaremos para, junta-
mente com o estudo da legislação
penal, dar enfoque a recente
reforma, trazida pela lei nº 13.964,
de 24 de dezembro de 2019,
conhecida como pacote anticrime.
Direito penal
O conceito de direito penal não
é consensual. Mas, para fins
didáticos, adotaremos o conceito
mais aceito pela doutrina atual, qual
seja: “ o direito penal é um composto
de normas que regulamentam o
poder/ dever do Estado em dizer o
direito, ao definir crimes e a
consequente sanção a ele aplicada”.
Portanto, o direito penal é
ramo do direito público, que visa a
proteção dos bens jurídicos de
ultima ratio, tendo como fonte
formal imediata a lei, e como fonte
formal secundária os costumes, os
princípios gerais do direito e o ato
administrativo.
Nesse sentido, são princípios
do direito penal: Legalidade/
anterioridade da lei penal;
presunção de inocência; devido
processo legal; contraditório; ampla
defesa; intransmissibilidade da
Pena; individualidade da pena.
6
LEGISLAÇÃO PENAL
Ademais, o Código Penal,
decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940, é dividido em
duas partes: a parte geral (artigo 1º
a 120), e a parte especial, que trata
dos crimes em espécie.
Nesse ponto, é de suma
importância analisarmos as
alterações trazidas pelo pacote
anticrime que impactaram de forma
direta o decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940.
Pacote anticrime
O pacote anticrime, lei nº
13.964, de 24 de dezembro de 2019,
alterou consideravelmente as legis-
lações penais, dentre os destaques
temos a maior rigidez na aplicação
das penas e na progressão de
regime, a possibilidade de prisão
imediata de condenados pelo tribu-
nal do júri, bem como o aumento da
pena máxima de trinta para
quarenta anos de prisão, além de
outros pontos importantes que
apresentaremos em seguida.
Considerando que a lei foi
publicada no dia 24 de dezembro de
2019 e o vacatio legis é de trinta
dias, começou a vigorar no dia 24 de
janeiro de 2020.
Nesse sentido, tendo em vista
o princípio da anterioridade, só será
aplicada aos crimes cometidos
posteriormente a sua vigência. Ou
seja, a lei nº 13.964/2019 não tem
incidência sobre os crimes
cometidos antes do dia 24 de janeiro
de 2020.
Passemos agora a análise dos
impactos da lei anticrime nos
diplomas penais, a começar pelo
código penal.
Impactos da lei anticrime
As alterações trazidas pelo
pacote anticrime tiveram reflexo em
diplomas penais diversos. A seguir
destacaremos os impactos das
mudanças da lei nº 13.964/2019 no
Código Penal
A primeira mudança tange o
artigo 25, que trata da legitima
defesa, a esse dispositivo foi inserido
um novo parágrafo. O objetivo é
ampliar as hipóteses de legitima
defesa, englobando a ação defensiva
do agente de segurança pública.
Assim:
Parágrafo único. Observados os
requisitos previstos no caput
deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o
agente de segurança pública
que repele agressão ou risco de
agressão a vítima mantida
refém durante a prática de
7
LEGISLAÇÃO PENAL

crimes1. interruptivas e no que concerne às

suspensivas da causas interru-
A inserção deste dispositivo foi prescrição. ptivas e suspen-
criticada pelos operadores do sivas da prescri-
direito, haja vista sua ção2.
desnecessidade. Isso porque, a
hipótese de legitima defesa nele Antes da edição da lei
mencionado já configuraria legitima anticrime, havia grande discussão
defesa de terceiro, prevista no dentro dos tribunais referente a
ordenamento penal muito antes da competência para executar as
edição da nova lei. multas provindas de sentenças
Outro impacto da lei anticrime penais.
no código penal refletiu sobre a O próprio Superior Tribunal
execução da pena de multa, de Justiça em seu posicionamento,
disciplinada no artigo 51. De acordo ora entendia que a legitimação para
com a nova redação o juiz da execução era do Ministério Público,
execução penal é competente, frente as varas de execução penal,
também, para executar penas de ora entendia que em virtude da lei
multa. Vejam o quadro comparativo 9.268/1996, a competência seria da
da antiga e atual redação: Procuradoria da Fazenda Pública,
por se tratar de dívida de valor.
REDAÇÃO REDAÇÃO Nesse aspecto, a lei anticrime
ANTIGA ATUAL foi eficaz para dirimir as
Transitada em Transitada em jul- divergências, pois aponta o juiz da
julgado a sentença gado a sentença execução penal como competente
condenatória, a condenatória, a para executar penas de multas.
multa será multa será exe-
Em relação ao tempo de
considerada dívida cutada perante o
de valor, aplican- juiz da execução
cumprimento da pena, houve
do-se-lhes as penal e será alteração no artigo 75, do código
normas da legis- considerada dívida penal. Sendo assim, o tempo
lação relativa à de valor, aplicáveis máximo de cumprimento da pena
dívida ativa da as normas rela- privativa de liberdade passou de 30
Fazenda Pública, tivas à dívida ativa
para 40 anos, observada a
inclusive no que da Fazenda
concerne às causas Pública, inclusive
unificação da pena quando a
condenação for superior a 40 anos.

1 BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de 2 BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de

dezembro de 1940. Código Penal. Poder dezembro de 1940. Código Penal. Poder
Executivo. Brasília,DF, 1940. Executivo. Brasília,DF, 1940.

8
LEGISLAÇÃO PENAL

Por outro lado, no que toca o do crime, desde que se trate de pena
livramento condicional, foram superior a 6 anos.
modificadas as hipóteses para sua Para compreender melhor,
concessão. Assim, o artigo 83, III, leia o novo artigo na íntegra:
passa a vigora com nova redação:
Art. 91-A. Na hipótese de
REDAÇÃO REDAÇÃO condenação por infrações às
quais a lei comine pena máxima
ANTIGA ATUAL
superior a 6 (seis) anos de
III – comprovado III – comprovado: reclusão, poderá ser decretada
comportamento a) bom compor- a perda, como produto ou
satisfatório duran- tamento durante a proveito do crime, dos bens
te a execução da execução da pena; correspondentes à diferença
pena, bom desem- b) não cometi- entre o valor do patrimônio do
penho no trabalho mento de falta condenado e aquele que seja
compatível com o seu
que lhe foi atribuí- grave nos últimos rendimento lícito.
do e aptidão para 12 (doze) meses; § 1º Para efeito da perda
prover à própria c) bom desem- prevista no caput deste artigo,
subsistência me- penho no trabalho entende-se por patrimônio do
diante trabalho que lhe foi condenado todos os bens:
honesto atribuído; e I - de sua titularidade, ou em
relação aos quais ele tenha o
d) aptidão para
domínio e o benefício direto ou
prover a própria indireto, na data da infração
subsistência penal ou recebidos
mediante traba- posteriormente; e
lho honesto ;3 II - Transferidos a terceiros a
título gratuito ou mediante
contraprestação irrisória, a
Observe, portanto, a inclusão partir do início da atividade
de mais uma circunstância para criminal.
concessão do livramento condicio- § 2º O condenado poderá
demonstrar a inexistência da
nal, qual seja: o não cometimento de incompatibilidade ou a
falta grave nos últimos doze meses e, procedência lícita do
ainda, que essas condições foram patrimônio.
§ 3º A perda prevista neste
fragmentadas em alíneas. artigo deverá ser requerida
Ademais, foi adicionado ao expressamente pelo Ministério
Público, por ocasião do
código penal o artigo 91-A. Por meio
oferecimento da denúncia, com
dele, o legislador possibilitou a indicação da diferença apurada.
decretação de perda de bens e § 4º Na sentença condenatória,
o juiz deve declarar o valor da
valores correspondentes ao produto
diferença apurada e especificar

3 Idem

9
LEGISLAÇÃO PENAL
os bens cuja perda for
decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados
para a prática de crimes por
organizações criminosas e
milícias deverão ser declarados
perdidos em favor da União ou
do Estado, dependendo da
Justiça onde tramita a ação
penal, ainda que não ponham
em perigo a segurança das
pessoas, a moral ou a ordem
pública, nem ofereçam sério
risco de ser utilizados para o
cometimento de novos crimes4.
Feita a leitura, note duas
situações peculiares que geraram
bastante discussão entre os juristas.
A primeira delas é referente ao ônus
de provar a origem licita dos bens,
conforme parágrafo § 2º, será do
condenado, embora nas disciplinas
penais seja dever do acusador
comprovar o que se alega.
Outro ponto que merece
destaque tange a obrigatoriedade de
prestação de contas em todas
condenações penais superiores a 6
anos. Os contrários a essa disposição
entendem ser injustificável.
Passemos a outro item, agora
as alterações relativas à prescrição
(artigo 116, CP). Por meio da lei nº
13.964/2019, o legislador incluiu
duas novas hipóteses suspensivas da
prescrição. Desse modo, também,
4 BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940. Código Penal. Poder
Executivo. Brasília,DF, 1940.
será suspensa a prescrição: na
pendência de embargos de
declaração ou de recursos aos
Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis e enquanto não
cumprido ou não rescindido o
acordo de não persecução penal5.
O inciso II também foi
modificado, a palavra “estrangeiro”
foi trocada pela palavra “exterior”.
No entanto, trata-se apenas de uma
adaptação gramatical que não surte
efeitos legais.
No que concerne a aplicação
da pena para o crime de roubo,
também tivemos alterações. Foram
acrescentadas duas causas de
aumento de pena, consignadas no §
2º, VII e § 2º-B, do artigo 157, do CP.
Portanto, dando destaque as
alterações da lei anticrime, a pena
será aumentada de 1/3 até a metade
se a violência ou grave ameaça é
exercida com emprego de arma
branca6 e, por outro lado, se a
violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de
uso restrito ou proibido, a pena será
dobrada.7
Quanto ao artigo 141, houve
uma clara mudança estrutural em
relação aos parágrafos, mas que em
nada modifica o entendimento legal,
5 BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940. Código Penal. Poder
Executivo. Brasília,DF, 1940.
6 Idem
7 Ibidem
10
LEGISLAÇÃO PENAL

por essa razão, o estudo desse artigo Art.91 – A, CP Artigo novo:

enquanto alteração trazida pelo perdimento de
bens
pacote anticrime é irrelevante.
Art. 116, CP Novas hipóteses de
No artigo 171, do código penal, suspensão da
encontramos outra modificação. O prescrição.
estelionato, que era crime de ação Art. 157, CP Aumento de pena
pública incondicionada passa a ser para o cri-me de
crime de ação pública condicionada roubo
a representação. Todavia, ainda se Art. 171, CP Estelionato:
passou de ação
aplica a ação incondicionada em se
penal pública
tratando de: administração pública, incondicionada
direta ou indireta; criança ou para ação penal
adolescente; pessoa com deficiência condicionada a
mental; maior de 70 (setenta) anos representação
de idade ou incapaz (vide § 5º). Art. 316, CP Aumento da pena
máxima para os
Outra alteração toca o crime
crimes de
de concussão, disposto no artigo concussão.
316, do código penal. A pena
máxima para esse delito aumentou
de oito para doze anos de reclusão.
Para memorizar os impactos
da lei anticrime no código penal,
observe o quadro abaixo:

ARTIGO ALTERAÇÃO
Art. 25, CP Ampliação da
legitima defesa
Art. 51, CP Competência para
execução da pena
de multa
Art. 75, CP Aumento do tempo
de cumprimento
da pena máxima
Art. 83, CP Novo requisito
para concessão do
livramento
condicional

11
1
2
LEGISLAÇÃO PENAL

2. Processo Penal

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/

Decreto-lei nº 3.689, de 3 analisaremos as mudanças atinentes

de outubro de 1941 a essa norma:

O Decreto-lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941, denominado
Código de Processo Penal, é ramo do
Juiz de garantias

Os artigos 3-A, 3B, 3-C, 3-D, 3-

direito público, responsável pela E e 3-F, inseridos no código de
materialização/ aplicação do direito processo penal por força da lei nº
penal, pois regulamenta os 13.964/2019, formulam uma
procedimentos de sua inovação significante no que diz
aplicabilidade. São princípios respeito aos procedimentos e
norteadores dessa norma: ampla processos penais.
defesa; presunção de inocência; A proposta cerne é o a inserção
publicidade; contraditório; devido de um juízo de garantias na fase de
processo legal; non bis in idem; instrução do inquérito. Aqui, o juiz
dentre outros. terá a atribuição de averiguar a
O Código de Processo Penal foi licitude das provas que instruirão
a legislação mais impactada pelo um provável processo.
pacote anticrime. Por essa razão, Sendo assim, compete ao juiz

13
LEGISLAÇÃO PENAL
das garantias o controle da
legalidade da investigação criminal e
a salvaguarda dos direitos
individuais durante o procedimento
inquisitivo (inquérito). Nesse
sentido, o artigo 3º-B, do Código de
Processo Penal, prevê a competência
do juiz das garantias. Dentre elas
podemos destacar a autoridade para
decidir sobre requerimentos de:
 Interceptação telefônica, do
fluxo de comunicações em
sistemas de informática e
telemática ou de outras formas
de comunicação;
 Afastamento dos sigilos fiscal,
bancário, de dados e
telefônico;
 Busca e apreensão domiciliar;
 Acesso a informações
sigilosas; outros meios de
obtenção da prova que res-
trinjam direitos fundamen-
tais do investigado8;
Além dessas hipóteses, o
artigo 3-B, do Código de Processo
Penal elenca diversas outras
atribuições do juiz de garantias. Por
essa razão, é indispensável a leitura
integral do mencionado dispositivo
legal.
8 BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de
outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941
Com efeito, note a existência
de dois juízes durante a persecução
penal, um de garantias e outro de
instrução. O juiz de instrução só
atuará a partir do oferecimento da
denúncia e o juiz de garantias
somente atuará na fase do inquérito
policial.
JUIZ DE GARAN- JUIZ DE INSTRU-
TIAS ÇÃO
Somente atuará na Só atuará a partir
fase do inquérito do oferecimento
policial. da denúncia
Desse modo, a atuação do juiz
de garantias se encerra a partir do
oferecimento da denúncia ou queixa
crime, a partir daí a competência
para atuar no processo será do juiz
de instrução.
Vele ressaltar, por fim, que o
juiz da instrução não está
subordinado ao juiz das garantias e
este não poderá atuar na fase
processual, onde há julgamento do
mérito.
Por outro lado, a competência
do juiz de garantias não abrange
infrações de menor potencial
ofensivo.
A forma como o juiz das
14
LEGISLAÇÃO PENAL
garantias funcionará na pratica
levantou muitos questionamentos,
principalmente em razão da
dificuldade que seria organizar os
tribunais para tanto. Nessa toada,
será importante observar a Portaria
CNJ nº 214/2019, criada pelo
ministro Dias Toffoli, para viabilizar
a efetivação do pacote anticrime.
ATENÇÃO
Até o fechamento desta após-
tila, o artigo 28 foi suspenso por
tempo indeterminado.
Ou seja, a figura do juiz de
garantias ainda não tem
aplicabilidade no ordenamento
jurídico brasileiro.
ENTENDA A SUSPENSÃO
Após a aprovação do pacote
anticrime, foram ajuizadas várias
ações diretas de inconstitucional-
lidade (STF), com pedido de liminar,
contra a figura de juiz de garantias.
São responsáveis pelo ajuizamento
desta ação: Associação dos Juízes
Federais do Brasil; Associação dos
Magistrados Brasileiros; Partido
político Podemos e Partido político
Cidadania.
Ao analisar referidas liminares
durante o período de recesso do
judiciário, o ministro José Antônio
Dias Toffoli (Presidente do STF),
deliberou pelo adiamento da
implementação do juiz das garantias
pelo prazo de 180 dias.
Todavia, findado o recesso
judiciário, no dia 23 de janeiro de
2020, um dia antes da entreda em
vigor da lei nº 13.964/2019, o
ministro relator, Luiz Fux, atento as
liminares, decidiu pela suspensão,
por prazo indeterminado, da figura
do juiz de garantias.
Ademais, também foram
suspensas, com a decisão do
ministro Luiz Fux, tratativas
referentes ao arquivamento de
inquérito (artigo 28, CPP); ilicitude
probatória (artigo 157, §5º, CPP) e
audiência de custódia (artigo 310, §
4º).
Vale observar que esses
dispositivos não foram considerados
inconstitucionais, eles continuam na
lei, porém com aplicabilidade sus-
pensa. (vide ADIs 6.298, 6.229,
6.300 e 6.305).
Defensor para servidores
das polícias
O artigo 14-A, que foi inserido
no Código de Processo Penal pela lei
anticrime, enfatiza a necessidade de
defesa técnica em ações criminais
em que figurem como polo passivo
integrantes da polícia federal,
polícia rodoviária federal, polícia
15
LEGISLAÇÃO PENAL
ferroviária federal, polícias civis,
polícias militares e corpos de
bombeiros militares, polícias penais
federal, estaduais e distrital.
Em suma, especifica os
inquéritos policiais militares e
demais procedimentos extrajudicia-
is em que o objeto for a investigação
de fatos relacionados ao uso da força
letal praticados no exercício profis-
sional, bem como os delitos pratica-
dos em estado de necessidade, legíti-
ma defesa, estrito cumprimento de
dever legal ou no exercício regular
de direito.
Arquivamento de inquérito
Nesse ponto, a lei nº
13.964/2019, modificou o artigo 28,
do código de processo penal,
mudando por completo o sistema de
arquivamento do inquérito.
Antes da lei anticrime, o artigo
28, CPP disciplinava que caso o
representante do Ministério Público
decidisse pelo arquivamento do
inquérito e o não oferecimento da
denúncia, o juiz, em desacordo com
essa decisão, poderia remeter o
inquérito a autoridade superior
(desembargador), para que esta
reavaliasse a hipótese de
arquivamento do inquérito. Se a
autoridade superior decidisse por
manter o arquivamento, o inquérito
seria definitivamente arquivado.
Mas se, ao contrário, decidisse pelo
oferecimento da denúncia, poderia
optar por fazê-la ou nomear outro
representante do Parquet para
tanto.
Mas a lei anticrime alterou
completamente essa tratativa.
Assim, determina que quando o
representante do Parquet optar pelo
arquivamento do inquérito, deverá
remeter essa decisão para o órgão
superior do próprio Ministério
Público para homologação, sendo
certo que a vítima terá a faculdade
de se manifestar contra o
arquivamento.
Desse modo, o juiz não tem
mais a prerrogativa de se manifestar
contra decisão do Ministério Público
sobre o arquivamento de um
inquérito.
ATENÇÃO
Até o fechamento desta
apostila, o artigo 28 foi suspenso por
tempo indeterminado.
Ou seja, o novo sistema de
arquivamento do inquérito ainda
não tem aplicabilidade no ordena-
mento jurídico brasileiro.
Para entender a suspensão
desse dispositivo, retorne ao tópico
“Entenda a Suspensão”.
Acordo de não persecução
16
LEGISLAÇÃO PENAL
penal
O acordo de não persecução
penal foi incorporado ao código de
processo penal por meio do artigo
28-A, para compreender do que se
trata, basta atentar-se a redação do
caput:
Art. 28-A. Não sendo caso de
arquivamento e tendo o
investigado confessado formal
e circunstancialmente a prática
de infração penal sem violência
ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro)
anos, o Ministério Público
poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que
necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do
crime9 .
Todavia, é necessário observar
os requisitos necessários para a
celebração desde acordo. São eles:
 Reparar o dano ou restituir a
coisa à vítima, exceto na im-
possibilidade de fazê-lo;
 Renunciar voluntariamente a
bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como ins-
trumentos, produto ou provei-
to do crime;
 Prestar serviço à comunidade
ou a entidades públicas por
9 BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de
outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941
período correspondente à pe-
na mínima cominada ao delito
diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo
juízo da execução;
 Pagar prestação pecuniária a
entidade pública ou de inte-
resse social, a ser indicada pe-
lo juízo da execução, que
tenha, preferencialmente, co-
mo função proteger bens
jurídicos iguais ou semelhan-
tes aos aparentemente lesados
pelo delito;
 Cumprir, por prazo determi-
nado, outra condição indicada
pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível
com a infração penal impu-
tada10 .
Contudo, conforme §5º, do
28-A, CPP, se o juiz entender que as
provas juntadas no acordo de não
persecução são insuficientes, inade-
quadas ou abusivas, os autos serão
devolvidos ao Parquet para
formulação de uma nova proposta
de acordo.
Lado outro, em caso de
descumprimento, o acordo será
rescindo e a persecução penal
correrá normalmente.
Por fim, cumpre ressaltar que
se o Ministério Público recusar a
10 Idem
17
LEGISLAÇÃO PENAL

proposta de acordo, caberá a Parágrafo único.

proposição de Recurso em Sentido Do dinheiro apura-
do será recolhido
Estrito para que órgão superior
ao Tesouro Nacio-
decida sobre a matéria. nal o que não cou-
ber ao lesado ou a
Bens terceiro de boa-fé.

No que tange aos bens, temos Note que a principal mudança

reflexo direto sobre os artigos 122, referente a caput diz respeito ao
124-A, 133 e 133-A, ambos do Código prazo de 90 dias. Ademais, como já
de Processo Penal. dito, houve a revogação integral do
O artigo 122, do CP, teve o parágrafo único.
parágrafo único revogado e recebeu No artigo 124-A, por sua vez,
nova redação, Vejamos: observamos uma inovação no
sentido de destinar bens artísticos
REDAÇÃO REDAÇÃO aos museus públicos quando houver
ANTIGA ATUAL perdimento da obra que não tenha
Art. 122. Sem Sem prejuízo do
vítima determinada.
prejuízo do disposto no art.
disposto nos arts. 120, as coisas
De outro modo, o artigo 133
120 e 133, apreendidas serão teve a redação do caput modificada
decorrido o prazo alienadas nos ter- e a inserção de um parágrafo. Assim,
de 90 dias, após mos do disposto no o antigo parágrafo único tronou-se §
transitar em art. 133 deste 1º, o acréscimo referido é notado no
julgado a sentença Código11 .
§ 2º. Portanto, é, também,
condenatória, o
juiz decretará, se
importante destacar a comparação
for caso, a perda, da redação antiga com a redação
em favor da União, atual para elucidar o que se expõe:
das coisas
apreendidas (art. REDAÇÃO REDAÇÃO
74, II, a e b do ANTIGA ATUAL
Código Penal) e Art. 133. Transi- Art. 133. Tran-
ordenará que se- tada em julgado a sitada em julgado a
jam vendidas em sentença condena- sentença condena-
leilão público. tória, o juiz, de tória, o juiz, de
ofício ou a requeri- ofício ou a re-

11BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de

outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941

18
LEGISLAÇÃO PENAL

mento do interes- querimento do in- qualquer medida assecuratória

sado, determinará teressado ou do pelos órgãos de segurança pública
a avaliação e a Ministério Público,
do sistema prisional, do sistema
venda dos bens em determinará a ava-
leilão público. liação e a venda
socioeducativo, da Força Nacional
dos bens em leilão de Segurança Pública e do Instituto
Parágrafo único. público cujo perdi- Geral de Perícia, para o desempenho
Do dinheiro apura- mento tenha sido de suas atividades, desde que exista
do, será recolhido decretado. interesse público.
ao Tesouro Na- § 1º Do dinheiro
cional o que não apurado, será re-
couber ao lesado colhido aos cofres Ilicitude Probatória
ou a terceiro de públicos o que não
boa-fé. couber ao lesado Aqui, a inovação está no § 5º,
ou a terceiro de do artigo 157, CPP. Assim:
boa-fé.
§ 2º O valor § 5º O juiz que conhecer do
apurado deverá ser conteúdo da prova declarada
recolhido ao Fun- inadmissível não poderá
do Penitenciário proferir a sentença ou acór-
Nacional, exceto se dão13.
houver previsão
diversa em lei Nesse sentido, sempre que o
especial12 . juiz declarar a ilicitude de um de
alguma matéria que já tenha
Nesse aspecto, notamos duas conhecido anteriormente, será
novidades pertinentes. A primeira substituído.
referente a inclusão do Ministério
Público como legitimado ativo e a ATENÇÃO
segunda diz respeito a reserva do
valor apurado ao Fundo Peniten-
O parágrafo § 5º, do artigo 157,
ciário Nacional.
CPP, até o fechamento desta
Ainda no que tange a tratativa
apostila, foi suspenso por tempo
referente a bens, outro artigo
indeterminado. Por essa razão, a
inserido pela lei 13.964/2019 foi o
ilicitude probatória ainda não tem
133-A, este disciplina sobre a
aplicabilidade no ordenamento
possibilidade de utilização de bem
jurídico brasileiro.
sequestrado, apreendido ou sujeito a

12BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de 13 Idem

outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941

19
LEGISLAÇÃO PENAL
Para entender a suspensão
desse dispositivo, retorne ao tópico
“Entenda a Suspensão”.
Cadeia de custódia da
prova
A cadeia de custodia da prova
é mais uma novidade inaugurada
pela lei anticrime, é disciplina pelos
artigos 158-A; 158-B; 158-C; 158-D;
158-E e 159-F.
Como definido pelo artigo 158-
A:
Cadeia de custódia é o conjunto
de todos os procedimentos
utilizados para manter e
documentar a história crono-
lógica do vestígio coletado em
locais ou em vítimas de crimes,
para rastrear sua posse e manu-
seio a partir de seu reconhe-
cimento até o descarte14.
O objetivo é garantir a
integridade de todo o componente
probatório. Destarte, é responsabi-
lidade de todas as agências do
conjunto de justiça criminal zelar
pela observância à cadeia de
custódia.
Com efeito, como se vê do
artigo 158-B, a cadeia de custodia
será dividida em fases, quais sejam:
reconhecimento; isolamento; fixa-
14BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de
outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941
ção; coleta; acondicionamento;
transporte; recebimento; processa-
mento; armazenamento e descarte.
De outro modo, o artigo 158-C, CPP,
regulamenta como deve ocorrer a
coleta das provas e o seu respectivo
encaminhamento.
Nesse sentido, destaca-se que
a coleta dos vestígios deverá ser feita
preferencialmente por oficiais e en-
caminhada obrigatoriamente para a
central de custodia, ainda que algum
exame complementar esteja pen-
dente.
Os demais artigos atinentes ao
capítulo da custódia e das perícias
em geral, tratam das regras de
necessária observação para manu-
tenção da confiabilidade das provas.
Como, por exemplo, é caso do § 5º,
do artigo 158-D, CPP, que disciplina:
“O lacre rompido deverá ser
acondicionado no interior do
novo recipiente”15.
Por fim, faz-se necessária a
leitura integral dos artigos 158-A a
159-F, do Código de Processo Penal
(decreto-lei nº 3.689/1941) para
entender e memorizar os aspectos
alterados pela lei anticrime.
Audiência de custódia
15BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de
outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941
20
LEGISLAÇÃO PENAL
A audiência de custodia já era
medida prevista pela Convenção
Americana de Direitos Humanos e,
por meio da lei nº 13.964/2019, a
sua previsão no Código de Processo
Penal ganhou nova redação. Nesse
sentido:
Art. 310. Após receber o auto de
prisão em flagrante, no prazo
máximo de até 24 (vinte e
quatro) horas após a realização
da prisão, o juiz deverá
promover audiência
custódia com a presença do
acusado, seu advogado con-
stituído ou membro
Defensoria Pública e o membro
do Ministério Público16.
Ainda segundo o artigo 310, do
CPP, na audiência de custódia, serão
tratadas questões referentes a:
 Relaxamento da a prisão
ilegal;
 Conversão da prisão em
flagrante em preventiva, se for
o caso;
 Concessão da liberdade
provisória, com ou sem fiança.
Lado outro, também foi
inserido o suspenso § 4º, que trata
do relaxamento da prisão na
hipótese de não realização da
audiência de custódia se decorridos
24 do prazo estabelecido no caput,
anteriormente transcrito.
16 Idem
ATENÇÃO
O § 4º, do artigo 310, CPP, até
o fechamento desta apostila, foi
suspenso por tempo indeterminado.
Ou seja, a não realização de
audiência de custódia dentro de 24
horas não ensejará a ilegalidade da
prisão. Isso porque, o dispositivo
supramencionado não terá aplicabi-
lidade no ordenamento jurídico
de brasileiro enquanto sobrevier a sus-
pensão.
Para elucidar dúvidas sobre a
da
suspensão desse dispositivo, retorne
ao tópico “Entenda a Suspensão”.
Medidas cautelares pes-
soais
No que se refere as medidas
cautelares pessoais, foram atingidos
pela lei anticrime os artigos 282;
283 287; 311; 312; 313; 315 e 316,
ambos do CPP.
Comecemos pela análise da
nova redação dada ao § 2º, do artigo
282, do CPP.
REDAÇÃO REDAÇÃO
ANTIGA ATUAL
§ 2º As medidas § 2º As medidas
cautelares serão cautelares serão
decretadas pelo decretadas pelo
21
LEGISLAÇÃO PENAL

juiz, de ofício ou a juiz a requerimen- mação da parte nará a intimação

requerimento das to das partes ou, contrária, acom- da parte contrária,
partes ou, quando quando no curso panhada de cópia para se manifestar
no curso da da investigação do requerimento e no prazo de 5
investigação crimi- criminal, por re- das peças neces- (cinco) dias, a-
nal, por repre- presentação da sárias, permane- companhada de
sentação da auto- autoridade poli- cendo os autos em cópia do reque-
ridade policial ou cial ou mediante juízo. rimento e das
mediante requeri- requerimento do peças necessárias,
mento do Ministé- Ministério Públi- permanecendo os
rio Público. co17 . autos em juízo, e os
casos de urgência
Observe, portanto, a mudança ou de perigo deve-
rão ser justificados
referente ao arbitro do juiz para
e fundamentados
deliberar sobre as medidas caute- em decisão que
lares. Se anteriormente poderia ser contenha elemen-
decretada de oficio pelo juiz, agora tos do caso concre-
depende de posicionamento das to que justifiquem
partes. essa medida exce-
pcional18 .
De maneira semelhante, o §
3º, do mesmo artigo também foi
A preocupação da nova
impactado pela lei nº 13.964/2019.
redação é ratificar a importância do
Por essa razão é, também, de suma
contraditório prévio na hipótese de
importância, analisarmos as inova-
concessão de medidas cautelares,
ções na redação. Assim:
desde de que não exista perigo de
ineficácia da medida solicitada.
REDAÇÃO REDAÇÃO
Lado outro, ainda no que
ANTIGA ATUAL tange o artigo 282, do CPP, há
§ 3º Ressalvados § 3º Ressalva-dos também alteração do § 4º:
os casos de urgên- os casos de
cia ou de perigo de urgência ou de
ineficácia da medi- perigo de inefi- REDAÇÃO REDAÇÃO
da, o juiz, ao re- cácia da medida, o ANTIGA ATUAL
ceber o pedido de juiz, ao receber o § 4º No caso de § 4º No caso de
medida cautelar, pedido de medida descumprimento descumprimento
determinará a inti- cautelar, determi- de qualquer das de qualquer das o-

17 BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de 18BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de

outubro de 1941. Código de Processo Penal. outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941 Poder Executivo. Brasília, DF,1941

22
LEGISLAÇÃO PENAL

obrigações impos- brigações impôs- rem razões que a

tas, o juiz, de ofício tas, o juiz, median- justifiquem19 .
ou mediante re- te requerimento do
querimento do Mi- Ministério Público, A alteração tem como fim
nistério Público, de seu assistente
aperfeiçoar a redação do parágrafo.
de seu assistente ou do querelante,
ou do querelante, poderá substituir a Portanto, na hipótese especificada
poderá substituir a medida, impor ou- acima (sobrevierem razões que a
medida, impor ou- tra em cumulação, justifiquem), o juiz pode decretar a
tra em cumulação, ou, em último ca- preventiva de oficio.
ou, em último ca- so, decretar a pri- O ao § 6º do art. 282, do
so, decretar a pri- são preventiva, nos
Código de Processo Penal, vem
são preventiva termos do parágra-
(art. 312, parágrafo fo único do art. 312 reforçar a ideia de que a prisão é a
único). deste Código . última medida que deve ser tomada.
Ou seja, em primeiro momento
Conforme nova redação, o juiz aplica-se a medida cautelar. Portan-
deixa de ter a prerrogativa de to:
decretar medidas cautelares mais
gravosas de ofício na hipótese de § 6º A prisão preventiva
somente será determinada
descumprimento de outra medida quando não for cabível a sua
cautelar. substituição por outra medida
Passemos ao § 5º, também do cautelar, observado o art. 319
deste Código, e o não
artigo 282, do CPP cabimento da substituição por
outra medida cautelar deverá
REDAÇÃO REDAÇÃO ser justificado de forma
ANTIGA ATUAL fundamentada nos elementos
presentes do caso concreto, de
§ 5º O juiz poderá § 5º O juiz poderá, forma individualizada20 .
revogar a medida de ofício ou a
cautelar ou substi- pedido das partes,
O artigo 283, é mais uma
tuí-la quando veri- revogar a medida
ficar a falta de mo- cautelar ou substi- alteração com o fim de aperfeiçoar a
tivo para que tuí-la quando veri- redação:
subsista, bem ficar a falta de mo- REDAÇÃO REDAÇÃO
como voltar a tivo para que ANTIGA ATUAL
decretá-la, se so- subsista, bem co- Art. 283. Nin- Art. 283. Nin-
brevierem razões mo voltar a decre- guém poderá ser guém poderá ser
que a justifiquem. tá-la, se sobrevie- preso senão em preso senão em

19 Idem 20BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de

outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941

23
LEGISLAÇÃO PENAL

flagrante delito ou flagrante delito ou cretada pelo juiz, cretada pelo juiz, a
por ordem escrita e por ordem escrita e de ofício, se no requerimento do
fundamentada da fundamentada da curso da ação Ministério Pú-
autoridade judicia- autoridade judicia- penal, ou a re- blico, do quere-
ria competente, em ria competente, em querimento do lante ou do
decorrência de decorrência de pri- Ministério Público, assistente, ou por
semtença conde- são cautelar ou em do querelante ou representação da
natória transitada virtude de conde- do assistente, ou autoridade
em julgado ou, no nação criminal por representação policial22.
curso da investiga- transitada em jul- da autoridade
ção ou do proces- gado21 . policial.
so, em virtude de
prisão temporária
No artigo 312, por sua vez,
ou prisão preven-
tiva. verificamos o acréscimo do §2º, para
ratificar o entendimento do Supre-
Outrossim, o artigo 287 teve o mo Tribunal Federal de que a prisão
texto alterado apenas para incluir a preventiva deve sempre se fundar
seguinte redação: “para a realização em fatos concretos. Para entender
de audiência de custódia”. Portanto, melhor, faça a leitura do
referida modificação não produz mencionado dispositivo.
grandes efeitos legislativos. Em relação ao artigo 313,
Ao contrário, o efeito no artigo verificamos o acréscimo de um
311 é significativo, pois descarta a parágrafo. Vejamos:
possibilidade de o juiz decretar
§ 2º Não será admitida a
medida cautelar de oficio. Dessa decretação da prisão preventiva
forma: com a finalidade de antecipação
de cumprimento de pena ou
REDAÇÃO REDAÇÃO como decorrência imediata de
investigação criminal ou da
ANTIGA ATUAL apresentação ou recebimento
Art. 311. Em Art. 311. Em de denúncia23 .
qualquer fase da qualquer fase da
investigação po- investigação po- Também tratada da prisão
licial ou do pro- licial ou do pro-
preventiva, mas aqui destaca a sua
cesso penal, ca- cesso penal, ca-
berá a prisão berá a prisão inaplicabilidade como antecipação
preventiva de- preventiva de- do cumprimento de pena.
Quanto ao artigo 315, leia com

21 Idem 23BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de

22 Ibdem outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941

24
LEGISLAÇÃO PENAL

atenção a nova redação: precedente invocado pela parte,

sem demonstrar a existência de
distinção no caso em
“Art. 315. A decisão que julgamento ou a superação do
decretar, substituir ou denegar entendimento24 .”
a prisão preventiva será sempre
motivada e fundamentada.
§ 1º Na motivação da Por fim, o artigo 316, conta
decretação da prisão preventiva com um novo texto e o acréscimo do
ou de qualquer outra cautelar, o
parágrafo único, logo:
juiz deverá indicar
concretamente a existência de
fatos novos ou contemporâneos REDAÇÃO REDAÇÃO
que justifiquem a aplicação da ANTIGA ATUAL
medida adotada. Art. 316. O juiz Art. 316. O juiz
§ 2º Não se considera
poderá revogar a poderá, de ofício
fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela prisão preventiva ou a pedido das
interlocutória, sentença ou se, no correr do partes, revogar a
acórdão, que: processo, verificar prisão preventiva
I - limitar-se à indicação, à a falta de motivo se, no correr da
reprodução ou à paráfrase de para que subsista, investigação ou do
ato normativo, sem explicar sua bem como de novo processo, verificar
relação com a causa ou a
decretá-la, se so- a falta de motivo
questão decidida;
II - empregar conceitos brevierem razões para que ela
jurídicos indeterminados, sem que a justifiquem. subsista, bem co-
explicar o motivo concreto de mo novamente de-
sua incidência no caso; cretá-la, se sobre-
III - invocar motivos que se vierem razões que
prestariam a justificar qualquer
a justifiquem.
outra decisão;
IV - não enfrentar todos os Parágrafo único.
argumentos deduzidos no Decretada a prisão
processo capazes de, em tese, preventiva, deverá
infirmar a conclusão adotada o órgão emissor da
pelo julgador; decisão revisar a
V - limitar-se a invocar necessidade de sua
precedente ou enunciado de
manutenção a cada
súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes 90 (noventa) dias,
nem demonstrar que o caso sob mediante decisão
julgamento se ajusta àqueles fundamentada, de
fundamentos; ofício, sob pena de
VI - deixar de seguir enunciado tornar a prisão ile-
de súmula, jurisprudência ou gal25.

24 Idem 25BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de

outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941

25
LEGISLAÇÃO PENAL

mesma.
Execução provisória da pena O artigo 581, XXV, CPP, inova
em condenação no Tribunal ao ampliar a hipótese de cabimento
do Júri do Recurso em Sentido Estrito.
Portanto, de acordo com a nova
Neste tópico trataremos de redação:
modificações legislativas atinentes
aos artigos 492; 564; 581 e 638, Art. 581. Caberá recurso, no
ambos do Código de Processo Penal. sentido estrito, da decisão,
despacho ou sentença:
Comecemos com o artigo 492, XXV - que recusar
que teve alteração considerável no homologação à proposta de
inciso I, alínea “e” e nos parágrafos acordo de não persecução
penal, previsto no art. 28-A
3º ao 6º. Verifica-se das alterações a desta Lei26.
possibilidade de execução provisória
da pena superior a 15 anos de Por fim, a nova redação do
reclusão, quando se tratar de artigo 638, CPP, tem como objetivo
condenação do Tribunal do júri. incluir a hipótese de recurso
Mas, atenção as exceções. A especial. Dessa forma:
execução da pena não ocorrerá
provisoriamente quando o juiz REDAÇÃO REDAÇÃO
presidente identificar matéria ANTIGA ATUAL
substancial passível de revisão da Art. 638. O recurso Art. 638. O recurso
extraordinário extraordinário e o
condenação pelo tribunal ao qual
será processado e recurso especial
competir o julgamento ou, ainda, se julgado no Supre- serão processados
o Tribunal que julga o recurso mo Tribunal Fede- e julgados no Su-
verificar grande possibilidade de ral na forma esta- premo Tribunal
anulação da sentença e a belecida pelo res- Federal e no Supe-
consequente absolvição do réu. pectivo regimento rior Tribunal de
interno. Justiça na forma
De outro modo, o artigo 564,
estabelecida por
V, do CPP, ratifica a ideia da leis especiais, pela
necessidade das fundamentações lei processual civil
judiciais. Nesse sentido, a não e pelos respectivos
fundamentação das decisões regimentos
judicias acarretará em nulidade da internos.

26BRASIL. Decreto lei nº 3.689, de 03 de

outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Poder Executivo. Brasília, DF,1941

26
LEGISLAÇÃO PENAL ARTIGO (s) ALTERAÇÃO
Arts. 3-A; 3B; 3-C; Juiz de garantias
3-D; 3-E e 3-F, artigos.
todos do CPP SUSPENSO
A seguir, acompanhe o quadro
Art. 14-A, CP Defensor para ser-
resumo de todas as alterações que o vidores das polí-
pacote anticrime promoveu no cias.
Código de Processo penal. Art. 28, CPP Sistemática de ar-
A memorização desse quadro é quivamento de in-
de suma importância, pois lhe a quérito.
SUSPENSO
ajudará a fixar toda a mateira
Art. 28-A, CPP Acordo de não
estudada neste capítulo. persecução penal.
Arts. 122; 124-A; Bens
133, 133-A, todos
do CPP
Art. 157, CPP Ilicitude Probató-
ria. SUSPENSO
Arts 158-A; 158-B; Cadeia de custó-
158-C; 158-D; 158- dia da prova
E e 159-F, todos do
CPP
Art. 310, § 4º, CPP Audiência de cus-
tódia SUSPENSO
Arts. 282; 283 287; Medidas cautela-
311; 312; 313; 315 e res pessoais
316, todos do CPP
Arts. 492; 564; 581 Execução provi-
e 638, todos do sória da pena em
CPP condenação no
Tribunal do Júri

27
LEGISLAÇÃO PENAL

3. Lei de Execução Penal

Fonte:https://www.pexels.com/pt-br/procurar/

Lei nº 7.210, de 11 de julho a harmônica integração social

do condenado e do internado27.
de 1984.
Nessa fase, evidentemente, é

A execução penal, regulamenta-

da no Brasil pela lei nº 7.210,
de 11 de julho de 1984, tem como
objetivo fazer cumprir o que impõe a
sentença. Conforme artigo 1º desse
diploma legal:
A execução penal tem por
objetivo efetivar as disposições
de sentença ou decisão criminal
e proporcionar condições para
de suma importância observar todas
as garantias constitucionais. Sendo
assim, são princípios norteadores da
execução penal:
 Legalidade;
 Jurisdicionalidade;
 Devido processo legal;
 Verdade real;
 Imparcialidade do Juiz;

27BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de

1984. Institui a Lei de Execução Penal. Poder
Executivo. Brasília, DF,1984

29
LEGISLAÇÃO PENAL
 Igualdade das partes;
 Contraditório e ampla defesa;
 Iniciativa das partes;
 Publicidade;
 Oficialidade;
 Intranscendência.
Na execução temos duas
figuras marcantes, o exequente e o
executado. Embora existam
hipóteses de ações penais privadas
ou condicionadas a representação, a
responsabilidade exclusiva de
executar a sentença é do Estado.
Portanto, na execução temos o
exequente como sendo o Estado e o
executado é a pessoa condenada.
Impactos da Lei Anticrime
na Execução Penal
A lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984, também sofreu notório
impacto da lei anticrime. Por essa
razão, a seguir, faremos um estudo
comparado dos pontos alterados
pela lei nº 13.964, de 24 de
dezembro de 2019. Vejamos:
Identificação do Perfil
Genético.
O primeiro ponto da alteração
tange os §§ 1º-A, 3º, 4º e 8º, do
28BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984. Institui a Lei de Execução Penal. Poder
Executivo. Brasília, DF,1984
artigo 9º, da lei nº 7.210/1984.Faça
a leitura integral destes dispositivos
e note a inserção do § 1º-A, tratando
das garantias mínimas de proteção
aos dados genéticos.
Por outro lado, o § 3º, do
mesmo dispositivo possibilita que o
titular dos dados tenha acesso aos
mesmos, bem como aos documentos
de custódia que os geraram.
Falta Grave
A lei nº 13.964/2019, inclui o
inciso VIII ao artigo 50, da Lei de
Execuções Penais para ampliar as
hipóteses de falta grave. Logo:
Art. 50. Comete falta grave o
condenado à pena privativa de
liberdade que:
VIII - recusar submeter-se ao
procedimento de identificação
do perfil genético28.
Regime disciplinar diferen-
ciado
As alterações percebidas no
artigo 52, igualmente impactado
pela lei anticrime, é de fácil
compressão se realizado o estudo
comparado das modificações.
Diante disto, analise:
30
LEGISLAÇÃO PENAL
REDAÇÃO ANTIGA (artigo 52,
da lei nº 7.210/1984)
Art. 52. A prática de fato previsto
como crime doloso constitui falta
grave e, quando ocasione subversão
da ordem ou disciplina internas,
sujeita o preso provisório, ou
condenado, sem prejuízo da sanção
penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes
características:
I - duração máxima de trezentos e
sessenta dias, sem prejuízo de
repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie, até o limite
de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas
pessoas, sem contar as crianças, com
duração de duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da
cela por 2 horas diárias para banho
de sol.
§ 1º O regime disciplinar
diferenciado também poderá
abrigar presos provisórios ou
condenados, nacionais ou
estrangeiros, que apresentem alto
risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da
sociedade.
§ 2º Estará igualmente sujeito ao
regime disciplinar diferenciado o
preso provisório ou o condenado sob
o qual recaiam fundadas suspeitas
de envolvimento ou participação, a
qualquer título, em organizações
criminosas, quadrilha ou bando.
REDAÇÃO ATUAL (artigo 52,
da lei nº 7.210/1984)
Art. 52. A prática de fato
previsto como crime doloso
constitui falta grave e, quando
ocasionar subversão da ordem ou
disciplina internas, sujeitará o preso
provisório, ou condenado, nacional
ou estrangeiro, sem prejuízo da
sanção penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes
características:
I - duração máxima de até 2 (dois)
anos, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de
mesma espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas)
pessoas por vez, a serem realizadas
em instalações equipadas para
impedir o contato físico e a
passagem de objetos, por pessoa da
família ou, no caso de terceiro,
autorizado judicialmente, com
duração de 2 (duas) horas;
IV - direito do preso à saída da cela
por 2 (duas) horas diárias para
banho de sol, em grupos de até 4
(quatro) presos, desde que não haja
contato com presos do mesmo grupo
criminoso;
V - entrevistas sempre monito-
radas, exceto aquelas com seu
31
LEGISLAÇÃO PENAL
defensor, em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a
passagem de objetos, salvo expressa
autorização judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da
correspondência;
VII - participação em audiências
judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a
participação do defensor no mesmo
ambiente do preso.
§ 1º O regime disciplinar
diferenciado também será aplicado
aos presos provisórios ou
condenados, nacionais ou
estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a
ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da
sociedade;
II - sob os quais recaiam fundadas
suspeitas de envolvimento ou
participação, a qualquer título, em
organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, inde-
pendentemente da prática de falta
grave.
§ 2º (Revogado).
§ 3º Existindo indícios de que o
preso exerce liderança em
organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou que
tenha atuação criminosa em 2 (dois)
ou mais Estados da Federação, o
regime disciplinar diferenciado será
obrigatoriamente cumprido em
estabelecimento prisional federal.
§ 4º Na hipótese dos parágrafos
anteriores, o regime disciplinar
diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1
(um) ano, existindo indícios de que
o preso:
I - continua apresentando alto risco
para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal de origem ou
da sociedade;
II - mantém os vínculos com
organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada,
considerados também o perfil
criminal e a função desempenhada
por ele no grupo criminoso, a
operação duradoura do grupo, a
superveniência de novos processos
criminais e os resultados do
tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º
deste artigo, o regime disciplinar
diferenciado deverá contar com alta
segurança interna e externa,
principalmente no que diz respeito à
necessidade de se evitar contato do
preso com membros de sua
organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou de
grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III
do caput deste artigo será gravada
em sistema de áudio ou de áudio e
vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses
de regime disciplinar diferenciado, o
32
LEGISLAÇÃO PENAL
preso que não receber a visita de que
trata o inciso III do caput deste
artigo poderá, após prévio agenda-
mento, ter contato telefônico, que
será gravado, com uma pessoa da
família, 2 (duas) vezes por mês e por
10 (dez) minutos29.
Feita leitura completa do
alterado artigo 52, passemos agora a
análise das mudanças concernentes
ao artigo 112, da lei de execução
penal, em que houve alteração na
redação do artigo, bem como a
inclusão dos §§ 5º e 6º.
Execução da pena privativa
de liberdade
REDAÇÃO ANTIGA (artigo 112,
lei nº 7.210/1984)
Art. 112. A pena privativa de
liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um
sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor
do estabelecimento, respeitadas as
normas que vedam a progressão.
29BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984. Institui a Lei de Execução Penal. Poder
Executivo. Brasília, DF,1984
§ 1º A decisão será sempre motivada
e precedida de manifestação do
Ministério Público e do defensor.
§ 2º Idêntico procedimento será
adotado na concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de
penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes.
REDAÇÃO ATUAL (artigo 112,
lei nº 7.210/1984)
Art. 112. A pena privativa de
liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da
pena, se o apenado for primário e o
crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em
crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da
pena, se o apenado for primário e o
crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em
crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
33
LEGISLAÇÃO PENAL
V - 40% (quarenta por cento) da
pena, se o apenado for condenado
pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da
pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, com
resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o
comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada
para a prática de crime hediondo ou
equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime
de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da
pena, se o apenado for reincidente
na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da
pena, se o apenado for reincidente
em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o
livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só
terá direito à progressão de regime
se ostentar boa conduta carcerária,
comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as
normas que vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que
determinar a progressão de regime
30BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984. Institui a Lei de Execução Penal. Poder
Executivo. Brasília, DF,1984
será sempre motivada e precedida
de manifestação do Ministério
Público e do defensor, procedimento
que também será adotado na
concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de
penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes.
§ 5º Não se considera hediondo ou
equiparado, para os fins deste
artigo, o crime de tráfico de drogas
previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº
11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave
durante a execução da pena
privativa de liberdade interrompe o
prazo para a obtenção da progressão
no regime de cumprimento da pena,
caso em que o reinício da contagem
do requisito objetivo terá como base
a pena remanescente30.
Saída Temporária
Em relação ao artigo 122,
notamos a inserção de um novo
parágrafo, notadamente o §2º, que
disciplina a impossibilidade de saída
temporária ao condenado por crime
hediondo.
São esses os impactos da lei
anticrime na execução penal. Para
melhor memorizar as alterações
34
LEGISLAÇÃO PENAL

aqui tratadas, analise o quadro a

seguir:

ARTIGO (S) ALTERAÇÕES

Art. 9º, §§ 1º-A, 3º, Identificação do
4º e 8º, perfil genético.
Art. 50, VIII Falta grave.
Art. 52 Regime discipli-
nar diferenciado
Art. 112, Execução da pena
privativa de
liberdade
Art. 122, § 1º Saída Temporária

Se comparada às legislações
estudas anteriormente (direito
penal e processual penal), os
impactos da lei nº 13.964/2019 na
execução penal foram poucos, mas
não menos importantes. Por isso a
necessidade de estudá-los e,
também, de memorizar a as
mudanças.

35
36
LEGISLAÇÃO PENAL

4. Lei dos Crimes Hediondos

Finte: http://direito.folha.uol.com.br/blog/o-que-so-crimes-hediondos

Lei nº 8.072, de 25 de julho  Lesão corporal dolosa de

de 1990 natureza gravíssima e lesão
corporal seguida de morte,
quando praticadas contra
A caracterização dos crimes
hediondos é encontrada no
artigo 1º, da lei nº 8.072/1990.
autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal,
Nesse sentido, são considerados integrantes do sistema
crimes hediondos: prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no
exercício da função ou em
 O homicídio, quando
decorrência dela, ou contra
praticado em atividade típica
seu cônjuge, companheiro ou
de grupo de extermínio, ainda
parente consanguíneo até
que cometido por um só
terceiro grau, em razão dessa
agente, e homicídio
condição;
qualificado;

37
LEGISLAÇÃO PENAL

 Roubo circunstanciado pela As mencionadas hipóte-

restrição de liberdade da víti- ses de crimes hediondos fazem
ma, pelo emprego de arma de parte do rol taxativo do artigo
fogo ou pelo emprego de arma 1º. Portanto, se não estiver
de fogo de uso proibido ou
previsto neste dispositivo, não
restrito, qualificado pelo
resultado lesão corporal grave há que se falar em crime
ou morte; hediondo.
Por outro lado, a
 Extorsão qualificada pela res- qualificação de um crime
trição da liberdade da vítima, como hediondo encontra
ocorrência de lesão corporal fundamento na Constituição
ou morte;
Federal, no artigo 5º, XLIII:
 Extorsão mediante sequestro e
XLIII - a lei considerará crimes
na forma qualificada;
inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da
 Estupro; tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o
 Estupro de vulnerável; terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os
 Epidemia com resultado executores e os que, podendo
morte; evitá-los, se omitirem32

 Falsificação, corrupção, adul- Portanto, as infrações penais

teração ou alteração de pro- mais graves (crimes hediondos)
duto destinado a fins terapêu- serão punidas de forma mais
ticos ou medicinais;
rigorosa, como se vê do dispositivo
 Favorecimento da prostituição legal supramencionado, esses
ou de outra forma de explora- crimes não são suscetíveis de fiança,
ção sexual de criança ou graça ou anistia.
adolescente ou de vulnerável; Ademais, também serão
considerados hediondos os crimes
 Furto qualificado pelo empre- de (artigo 1º, parágrafo único, lei
go de explosivo ou de artefato
8.072/1990:
análogo que cause perigo co-
mum31;  Genocídio;

31BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 32 BRASIL. Constituição da República

1990. Poder Executivo. Brasília, DF,1990 Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal, 1988.

38
LEGISLAÇÃO PENAL

 Posse ou porte ilegal de arma Isto posto, leia novamente o

de fogo de uso proibido; artigo 5º, XLIII para verificar onde
os crimes equiparados a hediondos
 Comércio ilegal de armas de encontram respaldo.
fogo;

 Tráfico internacional de arma Impactos da lei anticrime

de fogo, acessório ou munição;
As alterações trazidas pela lei
 Organização criminosa, nº 13.964, de 24 de dezembro de
quando direcionado à prática 2019, impactam apenas o artigo 1º,
de crime hediondo ou já tratado aqui. Nesse sentido,
equiparado33. vejamos:

Inciso I:
Crimes equiparados a
hediondos REDAÇÃO REDAÇÃO
ANTIGA ATUAL
Como dito, o rol de crimes I – homicídio (art. I - homicídio (art.
hediondos definido no artigo 1º, da 121), quando pra- 121), quando pra-
ticado em ativida- ticado em ativida-
lei 8.072/1990 é taxativo. Mas há
de típica de grupo de típica de grupo
outros crimes não mencionado de extermínio, ain- de extermínio, ain-
nesse dispositivo que recebem da que cometido da que cometido
tratativa de hediondos, por essa por um só agente, e por um só agente, e
razão são denominados crimes homicídio qualifi- homicídio quali-
hediondos por equiparação: cado (art. 121, § 2º, ficado (art. 121, §
incisos I, II, III, IV, 2º, incisos I, II, III,
V, VI e VII) IV, V, VI, VII e
 Tráfico ilícito de entorpecen- VIII)34
tes ou drogas afins (artigos 33,
caput e § 1º, e 34 da Lei nº
O inciso I foi erroneamente
11.343/2006);
alterado, isso porque o inciso VIII do
 Terrorismo (lei n. § 2º do artigo 121 do Código Penal
13.260/2016); foi vetado. Assim sendo, cabe a
correção desse erro material.
 Tortura (lei n. 9.455/97).
Inciso II

33BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 34 Idem

1990. Poder Executivo. Brasília, DF,1990

39
LEGISLAÇÃO PENAL

hediondos os seguintes crimes

[...]
A antiga redação do inciso II
IX - furto qualificado pelo
previa apenas o latrocínio como emprego de explosivo ou de
crime hediondo, mas com as artefato análogo que cause
perigo comum (art. 155, § 4º-
alterações trazidas pela lei A)37.
anticrime, será considerado crime
hediondo o roubo circunstanciado Por outro lado, o parágrafo
pela restrição de liberdade da único também teve a redação
vítima; circunstanciado pelo alterada. Vejamos:
emprego de arma de fogo ou pelo
emprego de arma de fogo de uso REDAÇÃO REDAÇÃO
proibido ou restrito ou; qualificado ANTIGA ATUAL
pelo resultado lesão corporal grave Parágrafo único. Parágrafo único.
ou morte35. Consideram-se Consideram-se
também hedion- também hedion-
dos o crime de dos, tentados ou
Inciso III genocídio previsto consumados:
nos arts. 1º, 2º e 3º I - o crime de
Antes da vigência da nova lei da Lei nº 2.889, de genocídio, previsto
anticrime, no inciso III, era previsto 1º de outubro de nos arts. 1º, 2º e 3º
com crime hediondo apenas a 1956, e o de posse da Lei nº 2.889, de
ou porte ilegal de 1º de outubro de
extorsão qualificada pela morte.
arma de fogo de 1956;
Atualmente, esse dispositivo elenca uso restrito, pre- II - o crime de pos-
como crimes hediondos a extorsão visto no art. 16 da se ou porte ilegal
qualificada pela restrição da Lei nº 10.826, de de arma de fogo de
liberdade da vítima, pela ocorrência 22 de dezembro de uso proibido, pre-
de lesão corporal ou morte36. 2003, todos tenta- visto no art. 16 da
dos ou consuma- Lei nº 10.826, de
dos. 22 de dezembro de
Inciso IX 2003;
III - o crime de
Em razão da lei nº comércio ilegal de
13.964/2019, o inciso IX foi armas de fogo, pre-
acrescido a lei de crimes hediondos, visto no art. 17 da
Lei nº 10.826, de
com a seguinte redação:
22 de dezembro de
2003;
Art. 1º São considerados

35BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 36 Idem

1990. Poder Executivo. Brasília, DF,1990. 37 Ibdem

40
LEGISLAÇÃO PENAL

IV - o crime de
tráfico internacio-
nal de arma de
fogo, acessório ou
munição, previsto
no art. 18 da Lei nº
10.826, de 22 de
dezembro de 2003
V - o crime de
organização crime-
nosa, quando dire-
cionado à prática
de crime hediondo
ou equiparado38.

38BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de

1990. Poder Executivo. Brasília, DF,1990.

41
42
LEGISLAÇÃO PENAL

5. Lei de Improbidade Administrativa

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/procurar/dinheiro%20ilegal%20/

Conceito administrativa, dispõe de forma

mais especifica, em seu artigo 9º, o

C onsidera-se improbidade
administrativa a atuação do
agente público que, utilizando de
que constitui ato de improbidade.
Vejamos:

seu cargo ou função, faz mal  Receber, para si ou para

gerência dos recursos do Estado. outrem, dinheiro, bem móvel
Pode ocorrer por meio de ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta
enriquecimento ilícito, ofensa aos
ou indireta, a título de
princípios da administração pública comissão, percentagem, grati-
ou até mesmo através de atos que ficação ou presente de quem
causem prejuízo ao erário. tenha interesse, direto ou
A lei nº 8.429, de 2 de junho de indireto, que possa ser
1992, que regulamenta a tratativa atingido ou amparado por
dada aos atos de improbidade ação ou omissão decorrente

43
TITULO DA APOSTILA
das atribuições do agente
público;
 Perceber vantagem econô-
mica, direta ou indireta, para
facilitar a aquisição, permuta
ou locação de bem móvel ou
imóvel, ou a contratação de
serviços pelas entidades
referidas no art. 1° por preço
superior ao valor de mercado;
 Perceber vantagem econô-
mica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta
ou locação de bem público ou
o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior
ao valor de mercado;
 Utilizar, em obra ou serviço
particular, veículos, máqui-
nas, equipamentos ou mate-
rial de qualquer natureza, de
propriedade ou à disposição
de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta
lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, emprega-
dos ou terceiros contratados
por essas entidades;
 Receber vantagem econômica
de qualquer natureza, direta
ou indireta, para tolerar a
exploração ou a prática de
jogos de azar, de lenocínio, de
narcotráfico, de contrabando,
de usura ou de qualquer outra
atividade ilícita, ou aceitar
promessa de tal vantagem;
 Receber vantagem econômica
de qualquer natureza, direta
ou indireta, para fazer
declaração falsa sobre medi-
ção ou avaliação em obras
públicas ou qualquer outro
serviço, ou sobre quantidade,
peso, medida, qualidade ou
característica de mercadorias
ou bens fornecidos a qualquer
das entidades mencionadas no
art. 1º desta lei;
 Adquirir, para si ou para
outrem, no exercício de
mandato, cargo, emprego ou
função pública, bens de
qualquer natureza cujo valor
seja desproporcional à evolu-
ção do patrimônio ou à renda
do agente público;
 Aceitar emprego, comissão ou
exercer atividade de con-
sultoria ou assessoramento
para pessoa física ou jurídica
que tenha interesse suscetível
de ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decor-
rente das atribuições do
agente público, durante a
atividade;
 Perceber vantagem econômica
para intermediar a liberação
ou aplicação de verba pública
de qualquer natureza;
 Receber vantagem econômica
de qualquer natureza, direta
ou indiretamente, para omitir
ato de ofício, providência ou
4
4
TITULO DA APOSTILA
declaração a que esteja
obrigado;
 Incorporar, por qualquer
forma, ao seu patrimônio
bens, rendas, verbas ou valo-
res integrantes do acervo
patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta
lei;
 Usar, em proveito próprio,
bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta
lei39.
Sanções
A improbidade administrativa
será sancionada de acordo com o ato
praticado. Nesse sentido, se do ato
improbo resultar enriquecimento
ilícito, o infrator será punido com
perda de bens e valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio;
ressarcimento integral do dano,
quando houver; perda da função
pública; suspensão dos direitos
políticos de oito a dez anos;
pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo
patrimonial e proibição de contratar
com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente,
39 BRASIL. leinº 8.429, de 2 de junho de 1992.
Poder Executivo. Brasília, DF,1992.
ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritá-
rio, pelo prazo de dez anos40.
De outro modo, se a
improbidade causar prejuízo ao
erário, o transgressor sofrerá com
ressarcimento integral do dano, se
houver; perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimô-
nio, se concorrer esta circunstância;
perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de cinco a oito
anos; pagamento de multa civil de
até duas vezes o valor do dano e
proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de cinco anos41.
Por fim, se do ato de
improbidade resultar desrespeito
aos princípios da administração,
teremos as seguintes punições:
ressarcimento integral do dano;
perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de três a cinco
anos; pagamento de multa civil de
até cem vezes o valor da
remuneração percebida pelo agente
e proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefício ou
incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que
40 Idem
41 Ibdem
45
TITULO DA APOSTILA

por intermédio de pessoa jurídica da do prazo para a

qual seja sócio majoritário, pelo contestação, por
prazo não superior
prazo de três anos42.
a 90 (noventa)
dias.
Impactos da lei anticrime

Os impactos do pacote
anticrime na lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992 (lei de Improbidade
Administrativa) permeiam o artigo
17. O objetivo da modificação
legislativa é permitir a realização de
acordos de não persecução civil em
improbidade administrativa.
O rito da realização deste
acordo, disposto no artigo 17-A, foi
inteiramente vetado pelo Presidente
da República. Dessa forma, vigora
com nova redação o § 1º e, ainda,
nota-se a inclusão do § 10-A, do
artigo 17:

REDAÇÃO REDAÇÃO
ANTIGA ATUAL
§ 1º É vedada a § 1º As ações de
transação, acordo que trata este
ou conciliação nas artigo admitem a
ações de que trata celebração de acor-
o caput do de não persecu-
ção cível, nos ter-
mos desta lei.
§ 10-A. Havendo a
possibilidade de
solução consen-
sual, poderão as
partes requerer ao
juiz a interrupção

42BRASIL. lei nº 8.429, de 2 de junho de

1992. Poder Executivo. Brasília, DF,1992.

46
47
LEGISLAÇÃO PENAL

6. Lei de Interceptações Telefônica e Lei de

Lavagem de Capitais

Fonte: https://www.waldineypassos.com.br/

Interceptação telefônica do processo criminal, preser-

vando-se o sigilo das diligên-

A
interceptação telefônica é uma
forma de coleta de provas na
fase policial, sendo regulamentada
pela lei nº 9.296, de 24 de julho de
1996. Conforme artigo 8º desta lei:
Art. 8° A interceptação de
comunicação telefônica, de
qualquer natureza, ocorrerá em
autos apartados, apensados aos
autos do inquérito policial ou
cias, gravações e transcrições
respectivas43.
Outrossim, a interceptação
telefônica só pode ser realizada
mediante atenção de todos os
requisitos legais. Nesse sentido, o
objeto deve ser licito, com fins
criminais e deve haver previa
autorização.

43BRASIL. Lei nº 9.296, de 24 de julho de

1996. Poder Executivo. Brasília, DF,1996.

48
LEGISLAÇÃO PENAL
É utilizada apenas como
última medida para a coleta de
provas, sendo certo que viola o
direito a intimidade. Por essa razão,
só será admitida se extremamente
necessária e se não houver outra
forma de obter provas.
Com efeito, as interceptações
telefônicas são admitidas pela
Constituição Federal, como se vê do
artigo 5°, XII:
XII - é inviolável o sigilo da
correspondência e das
comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de
investigação criminal
instrução processual penal 44
Cumpre salientar, por fim, que
a lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996
tem por objeto a regulamentação do
dispositivo supramencionado, o
artigo 5º, XII, da Constituição
Federal.
Ademais, essa também foi
uma norma atingida pela lei
anticrime. É o que estudaremos a
seguir.
44 BRASIL. Constituição da República
Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal, 1988.
Incidência lei anticrime nas
interceptações telefônicas
Em razão do pacote anticrime,
foram inseridos dois novos artigos a
lei de interceptação telefônica: 8º-A
e 10-A.
O artigo 8ª-A é voltado a
regulamentação da captação am-
biental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos. Portanto, o
Ministério Público ou a autoridade
policial só poderá realizar a
interceptação telefônica se
 A prova não puder ser feita por
outros meios disponíveis e
eficazes;
ou
 Houver elementos probatórios
razoáveis de autoria e
participação em infrações
criminais cujas penas
máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos ou em infrações
penais conexas.
De outro modo, o artigo 10-A
trata da realização de captação de
sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos:
Art. 10-A. Realizar captação
ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos para investigação ou
instrução criminal sem
49
LEGISLAÇÃO PENAL
autorização judicial, quando
esta for exigida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa.
§ 1º Não há crime se a captação
é realizada por um dos
interlocutores.
§ 2º A pena será aplicada em
dobro ao funcionário público
que descumprir determinação
de sigilo das investigações que
envolvam a captação ambiental
ou revelar o conteúdo das
gravações enquanto mantido o
sigilo judicial45.
Lei de Lavagem de Capitais
Lavagem de capitais é uma
pratica criminosa que se concretiza
com ocultação de bens, direitos e
valores, com o propósito de coloca-
los em circulação novamente como
se tivesse origem licita
(mascaramento da lavagem de
capitais).
Conforme entendimento dou-
trinário dominante, a lavagem de
dinheiro é dividida em três fases:
colocação, ocultação e integração.
Na fase de colocação, os
recursos ilícitos são colocados no
sistema econômico, como se fossem
legais. De outro modo, na fase de
ocultação, os criminosos se utilizam
de mecanismos para evitar o
rastreamento dos valores (quebra da
cadeia de evidências).
45BRASIL. Lei nº 9.296, de 24 de julho de
1996. Poder Executivo. Brasília, DF,1996.
Na terceira e última fase, os
bens ilícitos são integrados no
sistema econômico de maneira
formal e com aparência de lícito.
A lavagem de capitais é
regulamentada pela lei nº 9.613, de
3 de março de 1998, alterada pela lei
nº 12.683, de 9 de julho de 2012. E,
atualmente, também foi alvo da lei
anticrime. Vejamos a seguir as
mudanças trazidas pela lei nº
13.964, de 24 de dezembro de 2019.
Incidência do Pacote Anti-
crime na Lei de Lavagem
de Capitais
O pacote anticrime alterou a
lei nº 9.613/1998 ao inserir um novo
dispositivo ao artigo 1º, qual seja o §
6º. Assim:
Art. 1º Ocultar ou dissimular a
natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos
ou valores provenientes, direta
ou indiretamente, de infração
penal.
[...]
§ 6º Para a apuração do
crime de que trata este
artigo, admite-se a
utilização da ação
controlada e da infiltração
de agentes46. (Grifos nossos)
46 BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de
1998. Poder Executivo. Brasília, DF,1998.
50
LEGISLAÇÃO PENAL

Nesse sentido, verifique que

passa a ser válido o emprego de ação
controlada e infiltração de agentes
com o objetivo de investigar a
existência de lavagem de dinheiro.
Por fim, e não menos
importante, cumpre ressaltar que a
ação controlada e a infiltração de
agentes já eram previstas na lei de
organização criminosa (lei nº
12.850, artigo 3º, III e VII) antes
mesmo do pacote anticrime.

51
52
LEGISLAÇÃO PENAL

7. Estatuto do Desarmamento e Lei de Drogas

Fonte: Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil2/trafico-de-armas.htm

o bem jurídico protegido é a

Lei nº 10.826, de 22 de sociedade de forma geral, por essa
dezembro de 2003 razão a ação penal é pública e
incondicionada a representação.

O Estatuto do desarmamento, lei A lei nº 10.826/2003 sofreu

nº 10.826/2003, visa alterações advindas da lei anticrime.
regulamentar o comércio de armas, É o que analisaremos a seguir
munições e acessórios, bem como o
registro e posse da armas de fogo em Impactos da lei Anticrime
todo território nacional. Tem como Estatuto do desarmamen-
objetivo o desarmamento da to
população de forma geral, para
evitar a disseminação da violência. A primeira alteração
Nessa toada, vale ressaltar que verificada tange o artigo 16, que

53
LEGISLAÇÃO PENAL

reafirma as proibições relativas a multa, bem como a inclusão de um

arma de fogo, inserindo um novo parágrafo neste dispositivo:
parágrafo (§ 2º), que trata de uma
qualificadora: Parágrafo único. Incorre na
mesma pena quem vende ou
entrega arma de fogo, acessório
§ 2º Se as condutas descritas no ou munição, em operação de
caput e no § 1º deste artigo importação, sem autorização da
envolverem arma de fogo de autoridade competente, a agen-
uso proibido, a pena é de te policial disfarçado, quando
reclusão, de 4 (quatro) a 12 presentes elementos probató-
(doze) anos47. rios razoáveis de conduta
criminal preexistente49.
No artigo 17, houve alteração,
inclusive, do preceito secundário. A Outra mudança atinente a lei
pena de reclusão que era de 4 nº 10.826/2003 diz respeito ao
(quatro) a 8 (oito) anos e multa acréscimo de causa de aumento de
passou para 6 (seis) a 12 (doze) anos, pena, notadamente em seu artigo
e multa. 20. Observe as redações compa-
Além disso, há a inserção de radas:
um novo parágrafo:
REDAÇÃO REDAÇÃO
ANTIGA ATUAL
§ 2º Incorre na mesma pena
quem vende ou entrega arma de Art. 20. Nos crimes Art. 20. Nos crimes
fogo, acessório ou munição, previstos nos arts. previstos nos arts.
sem autorização ou em dessa- 14, 15, 16, 17 e 18, a 14, 15, 16, 17 e 18, a
cordo com a determinação legal pena é aumentada pena é aumentada
ou regulamentar, a agente poli- da metade se da metade se:
cial disfarçado, quando presen- forem praticados I - forem
tes elementos probatórios razo-
por integrante dos praticados por
áveis de conduta criminal pre-
existente48. órgãos e empresas integrante dos
referidas nos arts. órgãos e empresas
6º, 7º e 8º desta referidas nos arts.
Subsequentemente, no artigo
Lei. 6º, 7º e 8º desta
18, também, encontramos a Lei; ou
alteração no preceito secundário de II - o agente for
4 (quatro) a 8 (oito) anos e multa reincidente espe-
para 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos e cífico em crimes
dessa natureza50.

Brasil. Lei no 10.826, de 22 de dezembro de

47 49 Ibdem
2003. Poder Executivo. Brasília, DF, 2003.
50 Ibdem
48 Idem

54
LEGISLAÇÃO PENAL
Note, portanto, que foram
acrescidos os incisos I e II para
abranger as hipóteses de aumento
de pena, sendo certo que a novidade
maior está consignada no inciso II.
Outra inovação trazida à lei do
desarmamento pelo pacote
anticrime diz respeito a criação do
Banco Nacional de Perfis Balísticos,
disposta no artigo 34-A. Observe,
por exemplo o § 2º, do mencionado
artigo:
§ 2º O Banco Nacional de Perfis
Balísticos será constituído
pelos registros de elementos de
munição deflagrados por armas
de fogo relacionados a crimes,
para subsidiar ações destinadas
às apurações criminais federais,
estaduais e distritais51.
Para se atentar a novidade
referente ao Banco Nacional de
Perfis Balísticos, faça a leitura
completa do artigo 34-A, da lei nº
10.826/2003.
ARTIGO ALTERAÇÃO
Art. 16 Posse ou porte
ilegal de arma de
fogo de uso restrito
Art. 17 Comércio ilegal de
arma de fogo
Art. 18. Tráfico internacio-
nal de arma de
fogo
Brasil. Lei no 10.826, de 22 de dezembro de
51
2003. Poder Executivo. Brasília, DF, 2003.
Art. 20 Acréscimo de
causa de aumento
de pena
Art. 34-A Banco
Nacional de Perfis
Balísticos
Lei de drogas e pacote
anticrime
A lei nº 11.343, de 23 de agosto
de 2006, também denominada lei de
drogas, que institui o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas (Sisnad), da mesma forma
que os demais diplomas penais já
mencionados foi alvo de mudança
trazida pelo pacote anticrime. Nesse
sentido, analisaremos o artigo 33.
O objetivo da mudança foi o de
acrescentar mais uma hipótese de
conduta equiparada ao tráfico de
drogas. Assim, temos o inciso IV, do
artigo §1º, do 33:
Art. 33. Importar, exportar,
remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo
ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com
determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15
55
LEGISLAÇÃO PENAL

(quinze) anos e pagamento de

500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre
quem
IV - vende ou entrega drogas ou
matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à
preparação de drogas, sem
autorização ou em desacordo
com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes
elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal
preexistente52.

52BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de

2006. Poder Executivo. Brasília, DF,2006

56
57
LEGISLAÇÃO PENAL
8. Demais Normas
Anticrime
Fonte: https://www.politize.com.br/codigo-penal/
Lei do Sistema Penitenciá-
rio Federal
O Sisitema Penitenciário Federal
é regido pela lei nº 11.671, de
8 de maio de 2008, que dispõe
sobrea transferência e inclusão de
presos em estabelecimentos penais
federais de segurança máxima53.
53BRASIL. Lei nº 11.671, de 8 de maio de
2008. Poder Executivo. Brasília, DF,2008.
Penais Afetadas Pela Lei
Essa normativa também foi
alvo de alterações advindas da lei nº
13.964/2019, é o que estudaremos a
seguir.
Logo no artigo 2º, que trata da
atividade jurisdicional de execução
penal nos estabelecimentos penais
federais, encontramos a inclusão de
um parágrafo único, cujo objetivo é
delegar ao juízo federal de execução
penal competência para as ações de
58
LEGISLAÇÃO PENAL
natureza penal que tenham por
objeto fatos ou incidentes
relacionados à execução da pena ou
infrações penais ocorridas no
estabelecimento penal federal54.
Por outro lado, o artigo 3º teve
sua redação alterada para adicionar
novas diretrizes para inclusão de
presos e especificação de medidas de
rigor carcerário. Observe:
Art. 3º Serão incluídos em
estabelecimentos penais fede-
rais de segurança máxima
aqueles para quem a medida se
justifique no interesse da segu-
rança pública ou do próprio
preso, condenado ou provisó-
rio.
§ 1º A inclusão em
estabelecimento penal federal
de segurança máxima, no aten-
dimento do interesse da segu-
rança pública, será em regime
fechado de segurança máxima,
com as seguintes característi-
cas:
I - recolhimento em cela
individual;
II - visita do cônjuge, do com-
panheiro, de parentes e de ami-
gos somente em dias determi-
nados, por meio virtual ou no
parlatório, com o máximo de 2
(duas) pessoas por vez, além de
eventuais crianças, separados
por vidro e comunicação por
meio de interfone, com filma-
gem e gravações;
III - banho de sol de até 2 (duas)
horas diárias; e
IV - monitoramento de todos os
meios de comunicação, inclusi-
54BRASIL. Lei nº 11.671, de 8 de maio de
2008. Poder Executivo. Brasília, DF,2008.
ve de correspondência escrita.
§ 2º Os estabelecimentos
penais federais de segurança
máxima deverão dispor de
monitoramento de áudio e
vídeo no parlatório e nas áreas
comuns, para fins de preser-
vação da ordem interna e da
segurança pública, vedado seu
uso nas celas e no atendimento
advocatício, salvo expressa
autorização judicial em contrá-
rio.
§ 3º As gravações das visitas
não poderão ser utilizadas co-
mo meio de prova de infrações
penais pretéritas ao ingresso do
preso no estabelecimento.
§ 4º Os diretores dos estabeleci-
mentos penais federais de
segurança máxima ou o Diretor
do Sistema Penitenciário
Federal poderão suspender e
restringir o direito de visitas
previsto no inciso II do § 1º
deste artigo por meio de ato
fundamentado.
§ 5º Configura o crime do art.
325 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), a violação ao disposto
no § 2º deste artigo55.
Ainda em relação a lei nº
11.671/2008, observe a alteração
promovida no artigo 10, § 1º. Note
que houve aumento no período
máximo de permanência do
condenado na prisão de segurança
máxima, de 360 dias para 3 anos,
podendo ser prorrogado.
Além disso, notamos a
inserção de dois novos artigos neste
55 Idem
59
LEGISLAÇÃO PENAL

diploma legal: artigos 11-A e 11-B,

tratando sobre a transferência de A identificação criminal é
presos para estabelecimentos fede- regulamentada pela lei nº 12.037, de
rais de segurança máxima: 1º de outubro de 2009, que dispõe
sobre a identificação criminal do
Art. 11-A. As decisões relativas à civilmente identificado, conforme
transferência ou à prorrogação
artigo 5º, inciso LVIII, da
da permanência do preso em
estabelecimento penal federal Constituição Federal58.
de segurança máxima, à Aqui, dois artigos têm
concessão ou à denegação de
benefícios prisionais ou à
destaque no que se refere as
imposição de sanções ao preso alterações trazidas pela lei
federal poderão ser tomadas anticrime: 7º-A e 7º-C. Faça o
por órgão colegiado de juízes,
na forma das normas de
estudo comparado da nova redação:
organização interna dos
tribunais .
56
Artigo 7º - A
“Art. 11-B. Os Estados e o
Distrito Federal poderão REDAÇÃO REDAÇÃO
construir estabelecimentos ANTIGA ATUAL
penais de segurança máxima, Art. 7º-A. A Art. 7º-A. A
ou adaptar os já existentes, aos exclusão dos perfis exclusão dos perfis
quais será aplicável, no que genéticos dos ban- genéticos dos ban-
couber, o disposto nesta Lei57.
cos de dados ocor- cos de dados ocor-
rerá no término do rerá:
ARTIGO ALTERAÇÃO
prazo estabelecido I - no caso de
Art. 2º Competência em lei para a pres- absolvição do acu-
Art. 3º Medidas de rigor crição do delito. sado; ou
carcerário II - no caso de
Art. 10 Permanência em condenação do
estabelecimento acusado, median-
penal federal te requerimento,
Arts. 11-A; 11-B Transferência de após decorridos 20
presos para unida- (vinte) anos do
des federais de cumprimento da
segurança máxima pena.
Note, portanto, que a alteração
Lei de Identificação Crimi- da redação concerne na mudança do
nal

56 BRASIL. Lei nº 11.671, de 8 de maio de BRASIL. Lei nº 12.037, de 1º de outubro de

58

2008. Poder Executivo. Brasília, DF,2008. 2009. Poder Executivo. Brasília, DF,2009.
57 Idem

60
LEGISLAÇÃO PENAL
momento de exclusão dos perfis
genéticos.
Isto posto, passemos ao artigo
7º-C, que consigna a criação do
Banco Nacional Multibiométrico e
de Impressões Digitais (BNMID).
Daremos destaque para o § 8º, que
trata do caráter sigiloso de todos os
dados armazenados:
§ 8º Os dados constantes do
Banco Nacional Multibiomé-
trico e de Impressões Digitais
terão caráter sigiloso, e aquele
que permitir ou promover sua
utilização para fins diversos dos
previstos nesta Lei ou em
decisão judicial responderá
civil, penal e administrativa-
mente59.
Cumpre ressaltar que qual-
quer tipo de comercialização desses
dados é expressamente proibida e,
ainda, que o acesso do Ministério
Público aos mesmo só ocorrerá por
meio de requerimento ao juiz
competente.
Com o intuito de atentar-se a
todos as alterações constantes neste
artigo, faça a leitura completa do
mesmo.
ARTIGO ALTERAÇÃO
Art. 7º-A Exclusão dos perfis
genéticos dos ban-
cos de dados
59BRASIL. Lei nº 12.037, de 1º de outubro de
2009. Poder Executivo. Brasília, DF,2009
Art. 7º-C Banco Nacional
Multibiométrico e
de Impressões
Digitais
Lei nº 12.694/2012 (Julga-
mento de organizações
criminosas)
A lei nº 12.694, de 24 de julho
de 2012 dispõe sobre o processo e o
julgamento colegiado em primeiro
grau de jurisdição de crimes
praticados por organizações
criminosas60, também foi atingida
pelo pacote anticrime, notadamente
em relação aos artigos 1º-A e seus
artigos.
A proposta é que os tribunais
criem Varas Criminais Colegiadas
para julgarem ocorrências envolven-
do organizações criminosas. Veja a
redação do novo artigo:
Art. 1º-A. Os Tribunais de
Justiça e os Tribunais Regiona-
is Federais poderão instalar,
nas comarcas sedes de Circun-
scrição ou Seção Judiciária,
mediante resolução, Varas Cri-
minais Colegiadas com compe-
tência para o processo e julga-
mento:
I - de crimes de pertinência a
organizações criminosas arma-
das ou que tenham armas à
disposição;
II - do crime do art. 288-A do
60BRASIL. Lei nº 12.694, de 24 de julho de
2012. Poder Executivo. Brasília, DF,2012
61
LEGISLAÇÃO PENAL
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código
Penal); e
III - das infrações penais cone-
xas aos crimes a que se referem
os incisos I e II do caput deste
artigo.
§ 1º As Varas Criminais
Colegiadas terão competência
para todos os atos jurisdicio-
nais no decorrer da investiga-
ção, da ação penal e da execu-
ção da pena, inclusive a transfe-
rência do preso para estabeleci-
mento prisional de segurança
máxima ou para regime disci-
plinar diferenciado.
§ 2º Ao receber, segundo as
regras normais de distribuição,
processos ou procedimentos
que tenham por objeto os
crimes mencionados no caput
deste artigo, o juiz deverá
declinar da competência e
remeter os autos, em qualquer
fase em que se encontrem, à
Vara Criminal Colegiada de sua
Circunscrição ou Seção
Judiciária.
§ 3º Feita a remessa mencio-
nada no § 2º deste artigo, a
Vara Criminal Colegiada terá
competência para todos os atos
processuais posteriores, in-
cluindo os da fase de execu-
ção61.
Lei de Organizações Crimi-
nosas
61BRASIL. Lei nº 12.694, de 24 de julho de
2012. Poder Executivo. Brasília, DF,2012.
A lei nº 12.850, de 2 de agosto
de 2013, que define organização
criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento crime-
nal62, teve seus artigos 2º, 3º-A , 3º-
B , 3º-C, 4º, 4º-A, 5º, 7º, 10-A, 10-B,
10-C, 10-D e 11 impactados pelo
pacote anticrime.
Para memorização de todas as
alterações, observe o quadro a
seguir:
ARTIGO ALTERAÇÃO
Art. 2º, §§ 8º e 9º Cumprimento da
pena em estabele-
cimentos penais de
segurança máxi-
ma/ manutenção
do vínculo associa-
tivo: vedação de
progressão e livra-
mento condicio-
nal.
Arts. 3º-A , 3º-B, Acordo de cola-
3º-C boração premiada.
Art. 4º O Ministério
Público poderá
deixar de oferecer
denúncia se a
proposta de acordo
de colaboração re-
62BRASL. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de
2013. Poder Executivo. Brasília, DF,2013.
62
LEGISLAÇÃO PENAL

ferir-se a infração bancos de dados

de cuja existência próprios.
não tenha prévio
conhecimento Por fim, o artigo 11 conta com
4º-A Considera-se exis-
a inserção de um novo parágrafo, o
tente o conheci-
mento prévio da parágrafo único:
infração quando o
Ministério Público Parágrafo único. Os órgãos de
tenha instaurado registro e cadastro público
poderão incluir nos bancos de
inquérito para
dados próprios, mediante
apuração dos fatos procedimento sigiloso e
apresentados pelo requisição da autoridade judi-
colaborador cial, as informações necessárias
Art 5º, VI A prisão cautelar à efetividade da identidade
do colaborador fictícia criada, nos casos de
será em estabeleci- infiltração de agentes na
internet63
mento penal diver-
so dos demais cor-
réus ou conde- No artigo 2º, notamos a
nados. inserção de dois novos parágrafos: o
Art 7º, § 3º O acordo de cola- 8º (início de cumprimento da pena
boração premiada em estabelecimentos penais de
tem caráter sigilo- segurança máxima) e 9º (ao
o
condenado por integrar organização
Arts 10-A, 10-B, Regulamenta a
10-C, 10-D infiltração virtual
criminosa é vedado progressão de
de agentes de regime e livramento condicional se
polícia, na inter- houver manutenção do vínculo
net, com o fim de associativo).
investigar os cri- O artigo 3º-A é uma grande
mes previstos na
novidade:
lei de organizações
criminosas e de-
mais conexos Art. 3º-A. O acordo de
colaboração premiada é
Art.11, Parágrafo Os órgãos de negócio jurídico processual e
único registro e cadas- meio de obtenção de prova, que
tro público po- pressupõe utilidade e interesse
derão incluir nos públicos64.

63BRASL. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 64 Idem

2013. Poder Executivo. Brasília, DF,2013.

63
LEGISLAÇÃO PENAL
Outrossim, o artigo 3-B e seus
parágrafos também é mais uma
novidade incluída pela lei nº
13.964/2019. Para se inteirar da
mudança é necessário ler todo o
artigo.
Feita a leitura do artigo
supramencionado, passemos a
análise da próxima alteração.
Lei de Serviço telefônico e
recebimento de denúncias
Neste ponto tratamos da lei nº
13.608, de 10 de janeiro de 2018,
que regulamenta o serviço telefônico
de recebimento de denúncias e
recompensa por informações que
auxiliem nas investigações policia-
is65. A mudança trazida pela lei nº
13.964/2019, tange os artigos 4º-A,
4º-B e 4º-C, que foram acrescidos a
lei de serviços telefônicos e recebi-
mento de denúncias.
Observe a redação dos novos
dispositivos:
Art. 4º-A. A União, os Estados,
o Distrito Federal e os
Municípios e suas autarquias e
fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista
manterão unidade de ouvidoria
ou correição, para assegurar a
qualquer pessoa o direito de
relatar informações sobre cri-
mes contra a administração
65BRASIL.Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de
2018. Poder Executivo. Brasília, DF,2018
pública, ilícitos administrativos
ou quaisquer ações ou omissões
lesivas ao interesse público.
Parágrafo único. Considerado
razoável o relato pela unidade
de ouvidoria ou correição e
procedido o encaminhamento
para apuração, ao informante
serão asseguradas proteção
integral contra retaliações e
isenção de responsabilização
civil ou penal em relação ao
relato, exceto se o informante
tiver apresentado, de modo
consciente, informações ou
provas falsas66.
“Art. 4º-B. O informante terá
direito à preservação de sua
identidade, a qual apenas será
revelada em caso de relevante
interesse público ou interesse
concreto para a apuração dos
fatos.
Parágrafo único. A revelação da
identidade somente será efeti-
vada mediante comunicação
prévia ao informante e com sua
concordância formal67.
“Art. 4º-C. Além das medidas
de proteção previstas na Lei nº
9.807, de 13 de julho de 1999,
será assegurada ao informante
proteção contra ações ou omis-
sões praticadas em retaliação
ao exercício do direito de rela-
tar, tais como demissão arbitrá-
ria, alteração injustificada de
funções ou atribuições, imposi-
ção de sanções, de prejuízos
remuneratórios ou materiais de
qualquer espécie, retirada de
benefícios, diretos ou indiretos,
ou negativa de fornecimento de
66BRASIL.Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de
2018. Poder Executivo. Brasília, DF,2018
67 Idem
64
LEGISLAÇÃO PENAL
referências profissionais positi-
vas.
§ 1º A prática de ações ou omis-
sões de retaliação ao informan-
te configurará falta disciplinar
grave e sujeitará o agente à
demissão a bem do serviço
público.
§ 2º O informante será
ressarcido em dobro por even-
tuais danos materiais causados
por ações ou omissões pratica-
das em retaliação, sem prejuízo
de danos morais.
§ 3º Quando as informações
disponibilizadas resultarem em
recuperação de produto de
crime contra a administração
pública, poderá ser fixada
recompensa em favor do infor-
mante em até 5% (cinco por
cento) do valor recuperado68.
Lei nº 8.038/1990 (Processo
nos Tribunais Superiores)
O processo penal nos
Tribunais superiores também foi
alterado pela lei anticrime. O
destaque é para a inclusão do § 3º,
no artigo 1º.
Objetiva-se o acordo de não
persecução penal também em
processos de competência originária
no Tribunal Superior. Para propor o
acordo, o Ministério Público deve
verificar a existência dos seguintes
requisitos:
 Não for o caso de
arquivamento do inquérito;
68 Ibdem
 O investigado tenha
confessado formal e
circunstanciadamente a con-
duta praticada;
 Ausência de violência ou grave
ameaça na conduta praticada;
 Pena mínima inferior a 4
(quatro) anos;
 Seja a medida necessária e
suficiente para a reprovação e
prevenção do crime.
Lei nº 13.756/2018 (Fundo
Nacional de Segurança
Pública)
A lei nº 13.756, de 12 de
dezembro de 2018, que dispõe sobre
o Fundo Nacional de Segurança
Pública (FNSP), teve o artigo 3º
modificado pela lei anticrime, tendo
em vista a inclusão dos inciso V, VI,
VII, VIII
O cerne é o financiamento de
recursos para a área de segurança
pública. Para entender melhor, faça
a leitura dos mencionados incisos:
V - os recursos provenientes de
convênios, contratos ou acor-
dos firmados com entidades
públicas ou privadas, nacionais,
internacionais ou estrangeiras;
65
LEGISLAÇÃO PENAL

VI - os recursos confiscados ou
provenientes da alienação dos
bens perdidos em favor da
União Federal, nos termos da
legislação penal ou processual
penal;
VII - as fianças quebradas ou
perdidas, em conformidade
com o disposto na lei proces-
sual penal;
VIII - os rendimentos de qual-
quer natureza, auferidos como
remuneração, decorrentes de
aplicação do patrimônio do
FNSP69.

Código de Processo Penal

Militar

No código de Processo Penal

Militar, decreto-lei nº 1.002, de 21
de outubro de 1969, a modificação
anticrime concerne o artigo 16-A. O
novo artigo tem como objetivo fixar
a necessidade de defesa técnica aos
militares, já tratada em outro
momento durante o estudo do
Código de Processo Penal (c0mum).
Não se esqueça de fazer,
também, a leitura integral desse
novo dispositivo: artigo 16-A, do
CPP.

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