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Disciplina: Legislação Penal Especial

Professor: Paulo Henrique Fuller


Aula: 10 | Data: 11/06/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

II. LEI MARIA DA PENA – nº 11.340/2006


7. Consequências de aplicação da Lei Maria da Penha

II. LEI MARIA DA PENA – nº 11.340/2006

7. Consequências de aplicação da Lei Maria da Penha (continuação)

III. Vedação de aplicação de 3 penas – art. 17 da Lei Maria da Penha

“Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e


familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique
o pagamento isolado de multa”.

É vedada a aplicação das seguintes penas no âmbito da Lei Maria da Penha:

a) Cesta básica;
b) Prestação pecuniária propriamente dita (para a vítima ou entidade prestacional);
c) Multa isolada.

Ex.: a ameaça é crime com pena cominada de detenção de 1 a 6 meses OU multa (de forma alternada); ocorrendo
ameaça no âmbito da Lei Maria da Penha não será possível fixar apenas a multa devendo o juiz fixar a pena de
restrição de liberdade.

No mesmo sentido, a súmula 588 do STJ dispõe que:

Súmula 588, STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a


mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico
impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos.

A súmula 588 do STJ pretendeu afastar essa possibilidade nas infrações sujeitas à Lei Maria da Penha, já que esta
afasta o menor potencial ofensivo de qualquer infração penal. Tal entendimento se dá, pois, como regra geral, a
jurisprudência admite a substituição por penas restritivas de direitos nas infrações penais de menor potencial
ofensivo mesmo que contenham violência ou grave ameaça à pessoa (em contraposição ao art. 44, I, do CP1), com
base no seguinte raciocínio: se na transação penal pode ser aplicada pena restritiva, também poderia ser aplicada
em decisão condenatória.

1“Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
(...)
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que
seja a pena aplicada, se o crime for culposo;”.

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
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Ex.: lesão leve, art. 129, “caput”, CP, pena de detenção de 3 meses a 1 ano – competência do JECRIM, o STJ entende
que cabe substituição de privativa de liberdade, exceto no âmbito da Lei Maria da Penha.

IV. Art. 41 da Lei Maria da Penha

“Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar


contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica
a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995”. (grifo nosso)

Regra geral, quando o Código Penal menciona “crime” deve-se excluir a contravenção penal (quando a lei deseja
abranger a ideia de crime + contravenção penal utiliza a expressão “infrações penais”).

Entretanto, o STF entendeu que o art. 41 da Lei Maria da Penha, apesar de se referir a “crimes”, abrangeria qualquer
infração penal, inclusive as contravenções penais praticadas com violência doméstica, familiar ou afetiva contra a
mulher (portanto, onde se lê “crime” deve-se entender “infração penal”).

Assim, a prática da contravenção penal do art. 21, do Decreto-lei 3688/41 (“vias de fato”) no âmbito da Lei Maria
da Penha afasta a aplicação da Lei 9.099/95.

Obs.: em suma, o STF entende que o afastamento da Lei 9099/95 alcança qualquer infração penal (crimes e
contravenções penais) praticadas com violência doméstica ou familiar ou afetiva contra a mulher (onde o art. 41
refere a “crimes” deve ser lido “qualquer infração penal”, abrangendo, assim, as contravenções penais).

A súmula 589 do STJ estabelece a proibição da incidência do princípio da insignificância nas condutas submetidas à
Lei Maria da Penha.

CP, 147: ameaça – fora do âmbito da L. 11.340/06 CP, 147: ameaça – âmbito da Lei Maria da Penha
Detenção de 1 a 6 meses, ou multa Ação penal pública incondicionada
Ação penal pública condicionada à representação
É IMPO, isto é, a competência é do JECRIM = Termo Inaplicável JECRIM = Inquérito Policial.
circunstanciado.
A ação correrá em vara especializada; na falta, na vara
criminal (artigos 14 e 33 da Lei Maria da Penha).

Retratação: art. 16 da Lei – deve ser feita perante o juiz.

Permite a composição civil com efeito de extinção da Vedação de multa isolada (art. 17 da Lei).
punibilidade (renúncia ao direito de representação) –
art. 74, parágrafo único da Lei 9.099/95. Perda das possibilidades de composição civil, transação
Permite transação penal (art. 76, Lei 9.099/95). penal e suspensão condicional do processo (institutos
Permite suspensão condicional do processo (art. 89, Lei previstos na Lei 9.099/95).
9.099/95).
Súmula 536 do STJ: “a suspensão condicional do
processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da
Penha”.

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Súmula 589 do STJ: “é inaplicável o princípio da
insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas”. Ou seja, impede a aplicação do princípio
da insignificância nas infrações penais sujeitas à Lei
Maria da Penha.

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