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Disciplina: Legislação Penal Especial

Professor: Paulo Henrique Fuller


Aula: 15 | Data: 05/07/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

III. HEDIONDOS
1. Lei 8.072/90
IV. LEI DE DROGAS – Lei 11.343/06

III. HEDIONDOS (...)

1. Lei 8.072/90 (continuação)

O art. 2º, §2º da Lei 8072/90 trata da progressão de regime:

“Art. 2º (...)
§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos),
se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei
nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal)”.

- Se primário: 2/5;
- Se reincidente: 3/5 (reincidência simples ou genérica);

Aos crimes hediondos também se aplica à chamada progressão especial se cumprido 1/8 da pena, conforme o art.
112, §§3º e 4º da LEP.

“Art. 112 (...)


§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de
regime são, cumulativamente:
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime
anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa.
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a
revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo”.

 Prisão temporária

O art. 2º, §4º da Lei 8072/90 dispõe sobre a prisão temporária:

“Art. 2º (...)

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
§4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de
30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade”. (grifo nosso)

Relembrando que, como regra geral, a prisão temporária prevista na Lei 7960/89, art. 2º, caput dispõe que o prazo
dessa prisão será de 5 dias prorrogável por mais 5 dias.

 Livramento condicional, art. 83 do CP x crimes hediondos

O livramento condicional é uma antecipação de liberdade, por isso exige requisitos mais duros:

O art. 83 do CP dispõe que:


“Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois)
anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em
crime doloso;
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da
pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão
para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano
causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação
por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza”. (grifo nosso)

Os incisos I e II tratam de crimes comuns.

Em se tratando de crimes hediondos ou equiparados (tráfico de drogas, tortura e terrorismo): exige-se o


cumprimento de +2/3 e o apenado não seja reincidente específico em crime hediondo ou equiparado/tráfico de
pessoas. Ex.: agente, primário, comete tráfico de drogas (aqui caberia livramento condicional com o cumprimento
de 2/3 da pena) e posteriormente um estupro – em relação ao estupro será vedado o livramento condicional, pois
configurada a reincidência específica entre crimes hediondos ou equiparados/tráfico de pessoas. Contudo, se o
agente, primário, primeiro cometeu um furto (aqui caberia livramento condicional com o cumprimento de +1/3 da
pena) e posteriormente um estupro (aqui não há proibição de livramento condicional, pois a reincidência não é
específica. Poderá ser concedido o livramento com o cumprimento de + 2/3 da pena).

CUIDADO: a lei estabeleceu ao crime de tráfico de pessoas as mesmas condições de livramento para os hediondos
e equiparados. Para efeito de livramento, pois, o tráfico de pessoas foi equiparado a hediondo.
Em suma, o crime de tráfico de pessoas (art. 149-A do CP), embora não considerado hediondo, foi submetido às
mesmas regras do art. 83, V do CP, que trata do livramento condicional de crimes hediondos e equiparados.

IV. LEI DE DROGAS – Lei 11.343/06

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Trata-se de norma penal em branco heterogênea/sentido estrito ou própria, pois o conceito de drogas está previsto
em portaria do Ministério da Saúde.

Art. 28 da Lei Art. 33 da Lei


“Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, “Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
transportar ou trouxer consigo, para consumo produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
determinação legal ou regulamentar será submetido às guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
seguintes penas: fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
I - advertência sobre os efeitos das drogas; autorização ou em desacordo com determinação legal
II - prestação de serviços à comunidade; ou regulamentar:
III - medida educativa de comparecimento a programa Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
ou curso educativo”. (grifo nosso) pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa”.

O art. 28, caput, da Lei, ao contrário do que ocorre no É crime equiparado a hediondo.
art. 33, pressupõe um fim especial: o consumo pessoal O fim especial no tráfico é entregar a terceiros (não
(elemento subjetivo). necessariamente envolve onerosidade, podendo ser
gratuito).

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