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LIVRAMENTO CONDICIONAL

É um direito que o condenado possui, ao preencher


determinados requisitos objetivos e subjetivos, de não cumprir
encarcerado a totalidade de sua pena privativa de liberdade e, assim, ser
reintegrado novamente ao convívio social, submetendo-se, contudo, ao
cumprimento de certas condições enquanto livre. "Coloca-se de novo no
convívio social o criminoso que já apresenta índice suficiente de
regeneração, permitindo-se que complete o tempo da pena em liberdade,
embora submetido a certas condições" Mirabete (2005, p. 335). O
condenado é posto em liberdade e fechará o ciclo completo da pena
enquanto solto. 
Ao satisfazer todos os requisitos legais, o condenado conquista
o direito subjetivo de reivindicar o livramento condicional, sendo
imperioso o juiz de execuções lhe conceder o benefício. A decisão do
magistrado "será sempre motivada e precedida de Manifestação do
Ministério Público e do defensor", como preceitua o § 2º do art. 112 da
Lei de Execução Penal (LEP). 

FUNDAMENTO LEGAL: Está previsto nos arts. 83 a 90 do CP e arts


131 a 146 da LEP). É um benefício concedido quando ao condenado
possibilitando-lhe, poder cumprir solto o período restante da pena já
cumprida, mediante determinadas condições.

Requisitos

1. pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos;

2. ter cumprido mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em


crime doloso e tiver bons antecedentes;        

3. ter cumprido mais da metade se o condenado for reincidente em crime


doloso;  

4. ter cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em
crimes dessa natureza.             

5. ter comprovado:

        a) bom comportamento durante a execução da pena;             


        b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;

        c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e             

        d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto:

5. tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela


infração;          
  

Nos crimes dolosos com violência ou grave ameaça à pessoa, a


concessão do livramento condicional é mais rigorosa, ficando também
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que
o liberado não voltará a delinqüir – (CP, art. 83, parágrafo único).

Segundo a Lei nº 8.072/90 (crimes hediondos, tortura,


entorpecentes e terrorismo), o livramento condicional exige cumprimento
de dois terços da pena e ausência de reincidência específica, ou seja, na
reincidência em que o agente pratica outro crime da mesma natureza, com
a violação do mesmo artigo. Também não cabe livramento nos casos de
cometimento de crime hediondo com resultado morte. ( primário ou
reincidente)

Revogação

Revogação obrigatória – o livramento será revogado obrigatoriamente se


o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível, por crime anterior ou cometido durante a vigência
do benefício – (CP, art. 86).

Revogação facultativa – O juiz poderá, também, revogar o livramento se


houver descumprimento das condições impostas ou houver condenação
irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena que não se já privativa de
liberdade – (CP, art. 87).

“Se até o seu término, o livramento não é revogado, considera-se


extinta a pena privativa de liberdade” – (CP, art. 90).

Efeitos da Revogação – (CP, art . 88)


Por crime praticado durante o benefício – Não se desconta o tempo em
que o sentenciado esteve solto e deve cumprir integralmente a sua pena,
só podendo obter novo livramento com relação à nova condenação.

Por crime anterior ao benefício – É descontado o tempo em que o


sentenciado esteve solto, devendo cumprir preso apenas o tempo que falta
para completar o período de prova. Além disso, terá direito a somar o que
resta da pena com a nova condenação, calculando o livramento sobre esse
total – (CP, art. 84 e LEP, art. 141).

Por descumprimento das condições impostas – Não é descontado o


tempo em que esteve solto e não pode obter novo livramento em relação a
essa pena, uma vez que traiu a confiança do Juízo.

No que diz respeito ao Livramento Condicional, o instituto também


sofreu impacto significativo com a vedação da concessão do direito ao
livramento, vejamos:

Requisitos objetivos para livramento condicional de Lei atual  


acordo com alterações do "Pacote Anticrime" - Lei
13.964/2019
Sem violência Primário Sem alteração Mais de 1/3 - Artigo 83, do 
ou grave específica Código Penal
ameaça

Reincidente Sem alteração Mais de 1/2 - Artigo 83, do 


específica Código Penal
Com violência Primário Sem alteração Mais de 1/3 -  
ou grave específica Artigo 83, do
ameaça Código Penal
Reincidente Sem alteração Mais de 1/2 -  
específica Artigo 83, do
Código Penal
Crime Se houver morte é vedado oSe não houver  
hediondo ou Primário livramento condicional morte,
- Mais de 2/3
equiparado Artigo 112, inciso VI,- Artigo 83, do  
alínea "a", da LEP Código Penal
Reincidente Se houver morte é vedado  
o livramento condicional -  
Artigo 112, inciso VIII, da
LEP
Comando, individual ou coletivo, Se houver elementos  
de organização criminosa probatórios que indiquem
estruturada para a prática de crime a manutenção do vínculo
hediondo ou equiparado associativo, é vedado o
livramento condicional -
Artigo 2º, §9º, da Lei
12.850/13
Milícia privada Sem alteração Mais de 1/3 para  
específica primários e mais de
1/2 para
reincidentes -
Artigo 83, do
Código Penal

Assim, segundo as novas regras do pacote anticrime ( lei 13.694/19,


nos casos de condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte, estará vedado o livramento condicional, mesmo que seja primário
ou reincidente.
 
O mesmo ocorre para quem foi condenado pelo Comando, individual
ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo
ou equiparado, Se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do
vínculo associativo, é vedado o livramento condicional - Artigo 2º, §9º, da Lei
12.850/13.

Endereçamento: Ao juiz da vara de execuções penais.

Tese: Comprovar que os requisitos estão preenchidos.

Pedido: Pedir a concessão do benefício, bem como a expedição da carta


de livramento.
PROBLEMAS - LIVRAMENTO CONDICIONAL

1) Manoel foi condenado a 12 anos de reclusão pelo crime de homicídio


simples, já tendo cumprido mais de 1/3 da pena, tendo bom
comportamento carcerário, promessa de emprego para quando sair da
prisão, contrata-o como advogado e pretende ser libertado.

QUESTÃO: Apresentar medida cabível.

2) Mevio foi condenado a 10 anos de reclusão pelo crime de roubo, no


terceiro ano de cumprimento de pena, assassina o seu companheiro de cela,
e por este homicídio simples foi condenado a cumprir mais 6 anos.
Decorrido mais de 8 anos da pena e diante do bom comportamento
carcerário e proposta de emprego, Mévio contratou você como advogado,
e pretende ser libertado.
QUESTÃO: Apresentar medida cabível.

3) Luciana foi condenada por haver infringido o artigo 158 do Código


Penal, à pena corporal de 7 anos de reclusão, tendo a r. sentença transitado
em julgado. Passados 3 anos de cumprimento da pena e diante dos bons
antecedentes, e oferta de emprego e bom comportamento carcerário
procurou você objetivando sua libertação.

QUESTÃO: Apresentar medida cabível.


PEDIDO DE LIVRAMENTO CONDICIONAL
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuções
Criminais da ...................SP

Execução Penal nº

"NOME DO CLIENTE", já qualificado, nos autos da


execução penal, acima epigrafada, por seu advogado infra assinado, vem, com
todo acatamento e respeito, à presença de Vossa Excelência, com fundamento
no artigo 83 do Código Penal c.c. os artigos 131 e seguintes da LEP, requerer o
benefício do

LIVRAMENTO CONDICIONAL,

pelas razões que passa a expor:

I. DOS FATOS:

(contar o problema substituindo "nome do cliente" por sentenciado,


executado)

II. DO DIREITO:
Com efeito, tendo o sentenciado cumpriu mais
de ............(um terço da pena, metade, dois terços, conforme o caso), e
com bom comportamento carcerário faz jus ao benefício.

Os artigos 83 do CP e artigo 131 do LEP, preveem


o preenchimento dos requisitos temporais e de bom comportamento
carcerário pelo sentenciado.

Portanto, o livramento condicional pode ser


concedido ao sentenciado.

III. DO PEDIDO:

Diante de todo o exposto, vem requerer, após o


parecer do Digno Representante do Ministério Público, seja concedido o
Livramento Condicional ao sentenciado, bem como a consequente
expedição da carta de livramento em seu favor como medida de
JUSTIÇA.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.

São Paulo, de de 2___.

Nome do advogado (a)


OAB/SP nº

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