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INSTRUÇÃO Nº 2.03.

01/22-11ª RPM

MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE
EGRESSOS DO SISTEMA PRISIONAL EM
SITUAÇÃO DE SEMILIBERDADE

Montes Claros
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2022

COMANDANTE DA 11ª RPM


CEL PM GILDÁSIO RÔMULO GONÇALVES

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA 11ª RPM


TEN CEL PM JEFFERSON DO CARMO JÚNIOR

CHEFE DA SEÇÃO DE INTELIGÊNCIA DA 11ª RPM


CAP PM FREDERICO LIMA LESSA

CHEFE DA SEÇÃO DE PLANEJAMENTO DA 11ª RPM


CAP PM EVALDO FERNANDES DE OLIVEIRA

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MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE EGRESSOS DO SISTEMA PRISIONAL EM SITUAÇÃO DE
SEMILIBERDADE

Elaborado a partir:

Do princípio constitucional da eficiência, regente dos atos da Administração Pública, contido no art. 37, caput,
da Constituição Federal, e art. 13, caput, da Constituição do Estado de Minas Gerais;
Do dever do Estado em assegurar os direitos reservados aos sentenciados, notadamente a oferta das condições
necessárias para a harmônica integração social do condenado;
Da Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho de 1984, que instituiu a Lei de Execução Penal;
Da Lei Estadual nº 11.404, de 25 de janeiro de 1994, que contém normas de execução penal;
Da Portaria Conjunta no 1/PR/2016, de 02 de agosto de 2016;

Do Memorando no 2004.3/2019-EMPM, de 05 de dezembro de 2019;


Da Resolução Conjunta SEJUSP/PMMG/PCMG/CBMMG nº 04, de 10 de dezembro de 2019;
Dos pressupostos procedimentais básicos de Polícia Comunitária e Atuação Integrada do Sistema de Defesa
Social, previstos na Diretriz Geral de Emprego Operacional da PMMG;
Da estratégia de Policiamento Orientado ao Problema, que tem como objetivo principal melhorar o policiamento
profissional, acrescentando reflexão e prevenção criminal, prevista na Diretriz para a Produção de Serviços de
Segurança Pública nº 3.01.06/2011-CG;
Dos fundamentos Inovação e Atuação em Rede, previstos na Diretriz para a Excelência em Gestão da PMMG;
Do aprendizado do Programa Ressocializar, implantado em 2015 na Comarca de Montes Claros, e sua
atualização em 2020 (Projeto Ressocializar 2.0), com a utilização do Sistema Eletrônico de Execução Unificado
(SEEU);

Do aprendizado do Projeto Panóptico da 12ª Região da Polícia Militar.

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INSTRUÇÃO Nº 2.03.01/22-11ª RPM

Regula os procedimentos para a execução do monitoramento


e fiscalização de egressos do sistema prisional em situação de
semiliberdade, no âmbito da 11ª Região da Polícia Militar.

1 INTRODUÇÃO

Para o cumprimento da pena privativa de liberdade, o Brasil adotou um sistema progressivo, com a transferência
do condenado para regime menos rigoroso quando cumprida parte da pena no regime anterior e o recuperando
possuir bom comportamento carcerário.

Concomitantemente à progressão de regime, aos condenados em situação de semiliberdade também são


concedidos benefícios a serem usufruídos fora das unidades prisionais, como saídas temporárias, remições de
pena pelo trabalho e estudo durante o regime semiaberto, prisão domiciliar e livramento condicional.

Condições específicas de caráter preventivo, visando a reabilitação dos condenados, são impostas para o gozo
desses benefícios, como não cometer novas infrações penais, proibição de frequentar lugares determinados,
obrigatoriedade de recolher ao domicílio em horários fixados, trabalhar, estudar, dentre outras.

A Lei de Execução Penal, apesar de prever condições para a manutenção dos benefícios da execução penal,
não criou cargos públicos de agentes de fiscalização do cumprimento da pena como os Parole/Probation
Officers 1, o que limitou ao acaso a certificação do cumprimento da pena aos egressos do sistema prisional em
0F

situação de semiliberdade.

Não obstante a aparente omissão legislativa, em atuação integrada com o Ministério Público de Minas Gerais
(MPMG), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública
(SEJUSP), a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), em algumas Comarcas do Estado, tem realizado o
monitoramento e a fiscalização in loco das condições impostas aos egressos em semiliberdade, com
comunicação ao juízo de execução criminal de eventuais incidentes de descumprimento, através Sistema
Eletrônico de Execução Unificado (SEEU), contribuindo para o processo de reabilitação desses reeducandos e
para o controle da reincidência criminal.

O SEEU, software que viabiliza o processamento digital das execuções penais, bem como a agilização da
apreciação de benefícios, começou a ser implantando em Minas Gerais a partir de 2017. Através dele, a PMMG,

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São agentes de aplicação da lei que possuem a atribuição de fiscalizar e assistir aos egressos do sistema prisional em
situação de semiliberdade.
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atuando como um órgão de execução penal, é notificada de todos os benefícios concedidos, regressões de
regime decretadas e mandados de prisão expedidos, bem como oficia dentro do processo eletrônico, fazendo
inserções de boletins de ocorrência indicadores de descumprimentos de condições, possibilitando maior
integração e eficiência dos atores do Sistema de Justiça Criminal, tanto no controle da criminalidade, quanto na
reabilitação dos recuperandos.

Em 10 de dezembro de 2019, a Resolução Conjunta SEJUSP/PMMG/PCMG/CBMMG nº 04, dispôs sobre a


padronização, controle e fiscalização no cumprimento das saídas temporárias. Em que pese a relevância de tal
normatização, esta não abarcou outros importantes benefícios usufruídos fora do cárcere.

Esta Instrução regulamenta, no âmbito da 11ª RPM, o Monitoramento e Fiscalização de Egressos do Sistema
Prisional em Situação de Semiliberdade, englobando tanto as saídas temporárias e as saídas para trabalho e
estudo externos, como os benefícios de livramento condicional e prisão domiciliar.

A ausência de vigilância fora do cárcere aos condenados em processo de ressocialização, nos dias atuais,
estimula o cometimento de novos delitos. Esta estratégia prevê a utilização dos recursos ordinários da Polícia
Militar em fiscalizações dos egressos em semiliberdade, numa ação preventiva de intervenção focada,
direcionando o empenho dos profissionais de segurança pública em substituição às abordagens aleatórias
baseadas na seletividade e discricionariedade.

Tal direcionamento das ações da Polícia Militar aos casos prioritários tende a produzir efeitos mais profundos e
permanentes, gerando nos recuperandos sentimento de que estão ou poderão ser fiscalizados a qualquer
momento e, consequentemente, levando-os a adotar comportamento desejado e necessário ao propósito da
reabilitação, bem como proporcionando redução da reincidência criminal.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Assegurar efetividade da ressocialização e harmônica integração social dos recuperandos quando do gozo de
benefícios fora do cárcere, bem como reduzir a reincidência criminal.

2.2 Objetivos Específicos

2.2.1 Auxiliar o Poder Judiciário e o Ministério Público na fiscalização das condições legalmente impostas aos
egressos beneficiários de saídas temporárias, regime semiaberto/trabalho externo, regime semiaberto/estudo
externo, prisão domiciliar e livramento condicional;

2.2.2 Proteger os egressos do sistema prisional em situação de semiliberdade e seus familiares de eventuais
ações criminosas perpetradas por desafetos, possibilitando, assim, sua harmônica integração social;

2.2.3 Prevenir a reincidência criminal, assegurando aos egressos em semiliberdade e às suas famílias a
orientação prévia e, derradeiramente, a repressão imediata em defesa e proteção da coletividade.

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3 SANÇÃO PENAL E EXECUÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

O Direito Penal brasileiro estabeleceu três espécies de penas: privativas de liberdade, restritivas de direito e
multa. Não obstante a existência de críticas às penas privativas de liberdade, estas têm sido justificadas por ser,
no curto prazo, para os delitos mais graves, menos onerosas do que qualquer alternativa institucional inteligente;
porque servem, de fato, à proteção da sociedade; e porque enfatizam a inaceitabilidade social do
comportamento criminoso, pretendendo-se, com isso, servir de desestímulo aos demais membros da sociedade.
Ela, segundo Foucault (2011, p. 218), “é a detestável solução, de que não se pode abrir mão”.

3.1 Finalidades da pena

Prevê o Código Penal, em seu art. 59, que as penas devem ser necessárias e suficientes à reprovação e
prevenção do crime, in verbis:

Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
(BRASIL, 1940) (grifo nosso)

As teorias absolutas e relativas advogam, respectivamente, as teses de retribuição e prevenção como


finalidades da pena. Segundo Greco (2016, p. 585), “na reprovação, segundo a teoria absoluta, reside o caráter
retributivo da pena”.

A teoria relativa, por seu turno, se fundamenta no critério da prevenção. “Para essa teoria, a pena tem que ser
um instrumento imprescindível e útil na prevenção da criminalidade” (SANTOS, 2009, p. 148), podendo ser
prevenção geral, negativa e positiva; e prevenção especial, também negativa e positiva.

Na prevenção geral negativa, a pena aplicada ao autor do crime coage psicologicamente toda a coletividade,
intimidando-a a não praticar qualquer delito. Nesta espécie de prevenção, o Estado demonstra à população que
ainda não delinquiu, se valendo da pena por ele aplicada, que o descumprimento das leis tem consequências.

Na prevenção geral positiva, a intenção “não é intimidar, mas estimular a confiança da coletividade na higidez
e poder do Estado de execução do ordenamento jurídico” (CUNHA, 2015, p. 384).

Já na prevenção especial negativa, a finalidade da pena é neutralizar aquele que praticou a infração penal,
através de sua segregação no cárcere. A retirada momentânea do agente do convívio social, em caso de pena
privativa de liberdade, o impede de praticar novos delitos, pelo menos fora do cárcere.

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Derradeiramente, a prevenção especial positiva consiste unicamente em fazer com que o autor desista de
cometer novos delitos, denotando “seu caráter ressocializador, fazendo com que o agente medite sobre o crime,
sopesando suas consequências, inibindo-o ao cometimento de outros” (GRECO, 2016, p. 586).

O Código Penal pátrio não se pronunciou sobre a teoria adotada, mas “em razão da redação contida no caput
do art. 59 [...], podemos concluir pela adoção, em nossa lei penal, de uma teoria mista ou unificadora da pena”
(GRECO, 2016, p.587), havendo uma unificação das teorias absoluta e relativa, ou seja, dos critérios de
retribuição e prevenção.

É necessário, porém, repensar a punição para além da simples consequência do crime, verificando o seu
cumprimento para além da pessoa do infrator. E, assim, na busca de novos paradigmas de interpretação e
enfrentamento do problema, trabalhar os fatores sociais causadores da criminalidade com os indivíduos
desviantes, inclusive, o sentimento de impunidade gerada pelo “faz de conta” do cumprimento das condições
impostas para o gozo dos benefícios da execução penal.

3.2 Regimes de Cumprimento da Pena Privativa de Liberdade

O Sistema Progressivo de cumprimento da pena privativa de liberdade é o adotado atualmente pela maioria dos
países e também pelo Brasil, conforme previsto no art. 112 da LEP:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto
da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
§ 1º. A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor.
§ 2º. Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação
de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. (BRASIL, 1984)

A execução da pena pode também ocorrer de forma regressiva, com a transferência para quaisquer dos
regimes mais rigorosos. E isso ocorrerá quando o condenado praticar fato definido como crime doloso ou
falta grave 2, ou sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução,
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torne incabível o regime (art. 118, caput, da LEP). O condenado, ainda, será transferido do regime aberto para
o semiaberto se frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo fazê-lo, a multa cumulativamente imposta
(art. 118, § 1º, da LEP); e também sofrerá regressão de regime se violar o monitoramento eletrônico (art.
146-C da LEP).

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As faltas disciplinares graves estão elencadas no art. 50 da LEP: incitar ou participar de movimento para subverter a
ordem ou a disciplina; fugir; possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; provocar
acidente de trabalho; descumprir, no regime aberto, as condições impostas; inobservar os deveres previstos nos incisos II
e V, do artigo 39, da LEP; e tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.

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A lei de execução penal brasileira é muito moderna e está em consonância com os principais documentos
internacionais sobre o tema, contudo, carente de eficácia social, sendo sua concretização prática realidade
distinta. As progressões de regime, importante mecanismo à ressocialização dos apenados, são “uma fraude,
porque não há controle rigoroso do preso, no semi-aberto e no aberto, o que enseja fugas e/ou prática de crimes,
perpetuando o retorno do egresso ao sistema, pela reincidência” (SOARES, 2006, p. 95).

O regime inicialmente fechado de cumprimento da pena privativa de liberdade destina-se ao condenado a pena
de reclusão superior a oito anos (art. 33, § 2º, “a”, do CP). Não obstante o legislador ter estabelecido o quantum
de pena como o principal critério orientador do regime prisional, este não é o único, pois a determinação do
regime inicial de cumprimento de pena far-se-á também com observância aos critérios estipulados no art. 59 do
Código Penal (art. 33, § 3º, do CP).

O regime semiaberto da pena privativa de liberdade pode ser cumprido, desde o início, pelo condenado não
reincidente a pena de reclusão ou detenção superior a quatro anos e que não exceda a oito anos (art. 33, § 2º,
“b”, do CP). Neste regime, o condenado tem direito a trabalho comum durante o dia, no próprio estabelecimento
prisional, contudo poderá também trabalhar externamente. Igualmente é admissível a frequência a cursos
supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior (art. 35, §§ 1º e 2º, do CP).

O regime aberto pode ser cumprido, desde o início, por condenado, não reincidente, a pena de reclusão ou
detenção igual ou inferior a quatro anos (art. 33, § 2º, “c”, do CP). Referido regime baseia-se na autodisciplina
e no senso de responsabilidade do condenado e permite que este, fora do estabelecimento e sem vigilância,
trabalhe, frequente curso ou exerça outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período
noturno e nos dias de folga (art. 36, caput, e § 1º, do CP).

3.3 Benefícios da Execução Penal

A LEP prevê uma série de benefícios aos condenados a penas privativas de liberdade, objetivando a
reintegração social dos reeducandos, v. g. as progressões de regime; a remição da pena pelo trabalho e estudo;
as permissões de saída, mediante escolta, para tratamento médico, falecimento ou doença grave de cônjuge,
companheira, ascendente, descendente ou irmão; as saídas temporárias com ou sem monitoração eletrônica; o
trabalho e estudo externos ao cárcere; o livramento condicional; as prisões domiciliares com ou sem monitoração
eletrônica; a suspensão condicional da pena; e as anistias e indultos.

Abaixo, serão explicitados apenas aqueles benefícios, que são exercidos fora do cárcere, sem vigilância direta,
e que, para seu gozo, são impostas condições aos beneficiários, a saber: saídas temporárias; trabalho e estudo
externos; prisão domiciliar e livramento condicional.

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3.3.1 Saída temporária

A saída temporária trata-se de benefício destinado aos condenados do regime semiaberto, “como forma de
viabilizar, cada vez mais, a reeducação, desenvolvendo-lhes o senso de responsabilidade, para, no futuro,
ingressar no regime aberto, bem como para dar início ao processo de ressocialização” (NUCCI, 2007a, p. 504).

Tal benefício objetiva proporcionar ao detento de bom comportamento carcerário uma maior proximidade com
a sua família, além de estudar nos limites da Comarca de execução da pena e participar de atividades que
possibilitem o seu retorno ao convívio social.

A concessão de tal benefício será, em regra, por prazo não superior a sete dias em até cinco vezes ao ano, com
intervalo mínimo de 45 dias entre eles, e estará condicionado a satisfação dos seguintes requisitos:
comportamento adequado do condenado; cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e
de 1/4, se reincidente; e compatibilidade do benefício com os objetivos da pena (arts. 123 e 124, da LEP).

Em atendimento à finalidade de reintegração social, o legislador sabiamente estipulou na LEP condições


obrigatórias ao beneficiário da saída temporária e previu a possibilidade de ser impostas outras condições
compatíveis com as circunstâncias e a situação pessoal do condenado, in verbis:

Art. 124. [...]


§ 1º. Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras
que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante
o gozo do benefício;
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. (BRASIL, 1984)

O benefício será revogado automaticamente em caso de descumprimento das condições impostas, baixo
grau de aproveitamento do curso ou cometimento de falta disciplinar grave ou crime doloso.

Com a publicação da Lei n° 12.258, de 15 de junho de 2010, que alterou a LEP, houve a possibilidade de
fiscalização do condenado, por meio da monitoração eletrônica, em sede de execução penal, em duas hipóteses:
a) quando for autorizada a saída temporária no regime semiaberto, ou quando a pena estiver sendo cumprida
em prisão domiciliar (art. 146-B, I e IV, da LEP).

3.3.2 Trabalho e estudo externos no regime semiaberto

O condenado em regime semiaberto tem direito ao trabalho interno, e, na falta deste, ao externo, sem vigilância
direta.

A autorização de trabalho externo ao preso será revogada se este vier a praticar fato definido como crime,
for punido por falta grave ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos de disciplina e
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responsabilidade, tanto no trabalho quanto na vida carcerária (MIRABETE e FABBRINI, 2014). Assim, impõe-
se ao condenado beneficiário do trabalho externo condições para o gozo do benefício, como cumprimento de
horários previamente fixados para sair e retornar ao estabelecimento prisional, não praticar crimes e não cometer
faltas graves.

Admite-se ao condenado em regime semiaberto, fora do cárcere, a frequência a cursos supletivos


profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior (art. 35, § 2º, do CP). Para exercício desse direito,
a LEP previu sua concretização através de saídas temporárias pelo tempo necessário às atividades discentes
(arts. 122 e 124, § 2º).

Igualmente, previu a LEP a possibilidade de o magistrado impor condições específicas para o gozo do direito de
estudar fora do estabelecimento prisional (art. 123, § 1º) e de revogar tal benefício em caso de o condenado
praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas
na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso (art. 125, caput).

3.3.3 Prisão domiciliar

Em quatro hipóteses será admitida a prisão domiciliar para condenados em regime aberto, a saber: condenado
maior de 70 anos; condenado acometido de doença grave; condenada com filho menor ou deficiente físico ou
mental; e condenada gestante.

Em que pese a taxativa enumeração acima, excepcionalmente, diante da inexistência de locais adequados para
o cumprimento da prisão albergue, os magistrados a têm concedido, com recolhimento na própria residência do
condenado.

Apesar da justiça da decisão, a prisão domiciliar tem sido “transformada em verdadeiro simulacro da execução
da pena pela inexistência de qualquer controle de fiscalização na obediência das condições impostas”
(MIRABETE e FABBRINI, 2014, p. 507). Mirabete e Fabbrini (2014, p. 507) arrematam:

A destinação do condenado em regime aberto à residência particular sem que haja qualquer controle de
fiscalização por parte da Administração, como tem ocorrido, significa a total impunidade pelo crime
praticado.

No mesmo sentido, é o posicionamento de Nucci (2007a, p. 501):

O que, na prática, houve, lamentavelmente, em decorrência do descaso do Poder Executivo de vários


Estados brasileiros, foi a proliferação dessa modalidade de prisão a todos os sentenciados em regime
aberto, por total ausência de Casas do Albergado. Cuida-se de nítida forma de impunidade, até pelo fato
de não haver fiscalização para atestar o cumprimento das condições fixadas pelo juiz, já que estão
recolhidos, em tese, em suas próprias casas, cada qual situada em lugar diverso da cidade.

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Apesar das críticas, diante da falta de vagas em casas do albergado ou locais adequados é aceitável o
recolhimento de condenados em regime aberto em suas próprias residências. Inadmissível, entretanto, é a
ausência de fiscalização do efetivo cumprimento da pena imposta. Tal ausência de controle fomenta a
impunidade e favorece a reincidência criminal. (GONÇALVES, 2017)

Mais recentemente, com a pandemia da Covid-19, o TJMG, em conjunto com o Governo do Estado de Minas
Gerais e a SEJUSP, através da Portaria Conjunta no 19/PR-TJMG/2020, de 16/03/2020, recomendou que todos
os presos condenados em regime aberto e semiaberto fossem colocados em prisão domiciliar, mediante
condições a serem definidas pelo Juiz da Execução, excetuando os presos que estão respondendo a processo
disciplinar por falta grave.

3.3.4 Livramento condicional

O livramento condicional é a última etapa do sistema progressivo. “Por meio desse substitutivo penal, coloca-se
de novo no convívio social o criminoso que apresenta sinais de estar em condições de reintegrar-se socialmente,
embora submetido a certas condições que, desatendidas, determinarão novamente seu encarceramento”
(MIRABETE e FABBRINI, 2014, p. 606).

Tal benefício tem a mesma duração do restante da pena que está sendo executada. Terá direito ao livramento
condicional o condenado à pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos, desde que atendidos os
requisitos do art. 83 do CP:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho
que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não
for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. (BRASIL, 1940)

Preenchidos os requisitos legais acima, o juiz especificará as condições a que fica condicionado o livramento.
Por sua vez, são condições obrigatórias do livramento, as obrigações previstas no art. 132, § 1º, do LEP, a
saber: a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; b) comunicar
periodicamente ao magistrado sua ocupação; e c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução,
sem prévia autorização deste.

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Ademais, o magistrado poderá impor ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes: a) não
mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada; e c) não frequentar determinados lugares (art. 132, § 1º, da
LEP).

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4 MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE EGRESSOS DO SISTEMA PRISIONAL EM SEMILIBERDADE

A ascensão dos índices criminais e, em especial, o aumento da população carcerária e da reincidência criminal,
evidenciam a necessidade de se buscar respostas não tradicionais para o enfrentamento do problema, sendo
imprescindível “pensar fora da caixa” 3.2F

Ao impor condições ao gozo dos benefícios da execução penal, mas diante da inexistência da vigilância direta,
inevitável concluir que não haverá efetividade da fiscalização da regularidade do cumprimento da pena e
dependerá do acaso. Nesse sentido:

Em outras palavras, só o acaso, representado casualmente por prisão em flagrante fora do domicílio em
horário de recolhimento obrigatório, poderá demonstrar a prática de falta pelo sentenciado.
O aspecto mais grave da medida, entretanto, remonta à constatação de que, tal qual se verifica na
legislação vigente, há imposição de condições para o cumprimento de pena em liberdade, com fixação
de sanções para a inobservância, mas não há definição de quais serão os agentes encarregados da
fiscalização.
A conclusão é que, inevitavelmente, se estabelecem previsões normativas com o nítido propósito de que
elas sejam descumpridas.
Efetivamente, há estímulo à violação da lei quando se fixam condições à prisão domiciliar, ao livramento
condicional e às saídas temporárias, mas se consigna a inexistência de vigilância direta e se deixa de
definir quem será encarregado da fiscalização. (CABRAL, 2014)

A prisão em flagrante de um condenado em semiliberdade no gozo de algum benefício legal, em si, pode não
significar nada no processo de execução penal, pois não há uma comunicação direta e em tempo hábil das
polícias Civil e Militar e dos atores do processo criminal com o processo de execução penal, demonstrando uma
“frouxa articulação” do Sistema de Justiça Criminal 4. 3F

4.1 Embasamento Legal e Doutrinário

A não fiscalização pela PMMG das condições impostas aos egressos do sistema prisional em semiliberdade
perpassa pela possibilidade de ser tal atividade usurpação de função pública e de ser desconhecido o seu
alcance no controle da criminalidade. Sobre tal temor, algumas reflexões são necessárias.

Primeiramente, para se cogitar usurpação de função pública é necessário que tal função esteja prevista em
norma como atribuição a servidor público determinado, o que não aconteceu na Lei de Execução Penal nem em
outra norma relativamente às fiscalizações in loco das condições dos benefícios da execução penal.

3
Pensar fora da caixa é se permitir pensar diferente, ver por outro ângulo, inclusive, rompendo paradigmas. Refere-se ao
desafio de todos a mudar estilos, pensamentos e rotinas, essenciais ao crescimento. Essa expressão, utilizada por Mike
Vance e Diane Deacon, em seu livro Think Out of the Box, destaca a necessidade humana de mudar perspectivas e o
quanto isso é importante para o intelecto e as emoções.
4
Para saber mais a respeito da crítica sobre a “frouxa articulação” do Sistema de Justiça Criminal, veja SAPORI, Luís
Flávio. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2007.
18
Previu a Lei de Execução Penal tão somente atribuições de fiscalização ou colaboração à fiscalização
convencional-formal, nos limites físicos do Judiciário, das unidades prisionais e dos órgãos de observação
cautelar e proteção 5, ao Patronato 6, ao Conselho da Comunidade 7, ao serviço social penitenciário, ao Ministério
4F 5F 6F

Público, ao diretor da unidade prisional e ao Conselho Penitenciário 8 (arts. 67; 79, III; 81; 125; 137; 139, I; 143;
7F

145; 146; e 158, §§ 2º, 3º e 4º, todos da LEP; e art. 725, I, do CPP). (GONÇALVES, 2017)

A competência prevista no texto constitucional às polícias militares, em seu art. 144, é o exercício da polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública. A missão constitucional das polícias militares, em uma perspectiva
contemporânea, tem de ser compreendida para além da realização do policiamento ostensivo, puro e simples.
E, segundo Lazzarini (1991), engloba todas as atribuições de preservação da ordem pública que não seja
atribuição dos demais órgãos públicos elencados no art. 144 da Constituição Federal de 1988, inclusive em caso
de falência ou inoperância das demais organizações:

A exegese do art. 144 da Carta, na combinação do caput com o seu § 5º, deixa clara que ‘na preservação
da ordem pública a competência residual de exercício de toda atividade policial de segurança pública,
não atribuída aos demais órgãos, cabe à Polícia Militar’.
A extensa competência da Polícia Militar na preservação da ordem pública engloba, inclusive, a
competência específica dos demais órgãos policiais, no caso de falência operacional deles, a exemplo
de greves ou outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas
atribuições, funcionando, então, a Polícia Militar como a verdadeira força pública da sociedade, como
previsto na bicentenária Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. (LAZZARINI, 1991,
p. 52)

Ao instituir o Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)
previu expressamente a possibilidade da participação de organizações do Poder Executivo no acompanhamento
e fiscalização das condições impostas a beneficiários da execução penal, in verbis:

5
Apesar de a LEP indicar uma “autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção”, não especificou quem seria
essa autoridade. O CPP, em seu art. 725, previu que tal observação cautelar e proteção será realizada por serviço social
penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares. Assim, entidades similares encarregadas da
observação cautelar e proteção, em Minas Gerais, são os coordenadores dos Centros de Prevenção da Criminalidade e
os Comandantes da PMMG onde haja programas institucionalizados de proteção, monitoramento e fiscalização de
condenados em liberdade, beneficiários da execução penal. (GONÇALVES, 2017)
6
Trata-se de órgão da execução penal destinado à prestação de assistência aos albergados e aos egressos, cabendo-
lhe a orientação aos condenados à pena restritiva de direitos, fiscalização do cumprimento das penas de prestação de
serviço à comunidade e de limitação de fim de semana e colaboração na fiscalização das condições da suspensão e do
livramento condicionais.
7
É órgão da execução penal formado, em cada comarca, por representantes da comunidade, dentre os quais, um
advogado indicado pela OAB, um defensor público, um assistente social e um representante da associação comercial ou
industrial, incumbindo-lhe visitar os estabelecimentos penais, entrevistar presos, apresentar relatórios ao Juiz da execução
e ao Conselho Penitenciário, diligenciar para a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao
preso ou internado e fiscalização de condições da execução penal.
8
É órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena, integrado por membros nomeados pelo Governador do Estado e
do Distrito Federal, dentre professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
correlatas e representantes da comunidade. Incumbe-lhe emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, inspecionar
estabelecimentos e serviços penais, apresentar relatórios ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e
supervisionar os patronatos e a assistência aos egressos.
19
Art. 16. Após a audiência, o sentenciado será encaminhado para entidades cadastradas ou para
programa de acompanhamento e fiscalização de penas e medidas alternativas, mantido pela SEDS.

Art. 17. O TJMG, por ato próprio, em conjunto com a SEDS, providenciará a criação de perfil no SEEU-
CNJ de entidades e de programas do Poder Executivo, dedicado ao acompanhamento das penas e
medidas alternativas, de maneira a viabilizar que as informações e comunicações acerca do
cumprimento da pena se processem de modo eletrônico. (MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça, 2016)

Em sua identidade organizacional, a PMMG externou como sua visão ser “uma instituição de Estado
reconhecida pela excelência em gestão e inovação, exemplo de sustentabilidade e efetividade na prestação de
serviços de segurança pública” (MINAS GERAIS. Polícia Militar, 2019). A visão de futuro é “declaração concisa
que define as metas a médio e a longo prazos da organização. Deve representar a percepção externa, ser
orientada (para o seu público-alvo) e deve expressar - geralmente em termos motivadores ou ‘visionários’ - como
a organização quer ser percebida pelo mundo” (KAPLAN e NORTON, 2004 apud PMMG. Polícia Militar, 2015a,
p. 22).

Assim, em sua visão de futuro, a PMMG demonstra desejar, além de ser uma instituição de Estado reconhecida
pela excelência em gestão e inovação, ser exemplo de sustentabilidade e efetividade na prestação de serviços
de segurança pública, um dos pilares da ordem pública, também contribuir para a construção de um ambiente
seguro em Minas Gerais. Com isso, demonstra reconhecer que é um, entre outros órgãos públicos e a própria
sociedade, com responsabilidade e legitimidade na promoção da tranquilidade pública.

Derradeiramente, em sua diretriz para a excelência em gestão, a PMMG na busca pela qualidade na prestação
de serviços, adotou o Modelo de Excelência da Gestão (MEG), que está alicerçado por um conjunto de conceitos
denominados Fundamentos da Excelência em Gestão. São fundamentos do MEG: pensamento sistêmico,
atuação em rede, aprendizado organizacional, inovação e agilidade (MINAS GERAIS. Polícia Militar, 2016b).
Dentre tais fundamentos, relaciona-se, direta ou indiretamente, ao monitoramento e à fiscalização de
condenados em liberdade, a atuação em rede e a inovação (GONÇALVES, 2017).

A atuação em rede é “o desenvolvimento de relações e atividades, em cooperação entre organizações ou


indivíduos com interesses comuns e competências complementares” (MINAS GERAIS. Polícia Militar, 2016b, p.
24). A inovação, por sua vez, é “a promoção de um ambiente favorável à criatividade, experimentação e
implementação de novas ideias, capazes de gerar ganhos de competitividade com desenvolvimento sustentável”
(MINAS GERAIS. Polícia Militar, 2016b, p. 24). Especificamente, a inovação do monitoramento e fiscalização
de condenados em liberdade consiste não no ineditismo da ação, mas na geração do conhecimento não como
uma atividade isolada, mas sim, produto da integração e colaboração de seus integrantes e de parceria com
outras organizações.

20
Diante do exposto, pode-se concluir que a Polícia Militar tem lastro legal para monitorar e realizar fiscalizações
presenciais das condições legalmente impostas aos beneficiários da execução penal e que, assim procedendo,
não estará, de maneira alguma, usurpando função pública.

Ademais, referidas fiscalizações encontram respaldo nos pressupostos básicos de emprego da PMMG de polícia
comunitária e de atuação integrada no Sistema de Defesa Social, na estratégia de policiamento orientado ao
problema, bem como nos seus fundamentos de excelência em gestão de atuação em rede e inovação. E mais
recentemente na Portaria Conjunta no 1/PR/2016, de 02 de agosto de 2016; na Resolução Conjunta
SEJUSP/PMMG/PCMG/CBMMG nº 04, de 10 de dezembro de 2019; e no Memorando no 2004.3/2019-EMPM,
de 05 de dezembro de 2019.

4.2 Acesso ao Sistema Eletrônico de Execução Unificado

Primeiramente, contatos deverão ser mantidos com os Magistrados e Promotores de Justiça atuantes nos juízos
de execução criminal e com os Diretores das unidades prisionais, sensibilizando-os da necessidade do
estabelecimento de parceria para o monitoramento e fiscalização dos egressos em situação de semiliberdade,
em gozo de benefícios fora do cárcere.

Em seguida serão designados policiais militares integrantes do SIPOM, para acesso ao SEEU de todas as
Comarcas das UEOp’s. A estes servidores, após gestão junto aos Magistrados das Varas de Execução Criminal,
serão disponibilizadas login e senha de acesso ao SEEU, com perfil de usuário .DEPEN, que permite ser
comunicados de todos os benefícios concedidos, condições impostas, períodos de gozo, e de comunicar no
próprio processo eletrônico de execução os incidentes/descumprimentos de condições.

Estes policiais militares designados com acesso ao SEEU serão os responsáveis para manter rigoroso controle
de todos os beneficiários de saídas temporárias, trabalho e estudo externos ao cárcere, prisão domiciliar e
livramento condicional das Comarcas da UEOp e socializar tal informação com a tropa, inclusive períodos de
gozo e as condições impostas.

4.3 Monitoramento e Fiscalização

4.3.1 As Seções de Inteligência das Unidades, através de integrantes do SIPOM designados, deverão elaborar
planilha/relação on line ou outra forma de controle contendo as qualificações de todos os beneficiários da
execução penal, por Comarca, em gozo de saídas temporárias, trabalho e estudos externos ao cárcere, prisão
domiciliar e livramento condicional, indicando, ainda, as condições impostas e, se for o caso, os períodos de
gozo dos respectivos benefícios.

21
4.3.2 Considerando que os magistrados, ao conceder o benefício de saídas temporárias, não estipulam, em
regra, os períodos do ano em que os apenados gozarão tal benefício, ficando tal definição a critério dos diretores
das unidades prisionais; e que, não raras vezes, tais informações são lançadas no SEEU somente após o início
das saídas temporárias; as Seções de Inteligência das UEOp´s deverão fazer a devida gestão junto aos diretores
dos presídios para recebimento oportuno da informação.

4.3.3 Para qualificar os esforços, as Seções de Inteligência selecionarão os beneficiários da execução penal em
categorias de prioridade de fiscalização, conforme itens seguintes. Referida classificação deverá ser revista
sempre que a situação recomendar.

4.3.3.1 Atenção especial deve ser dada ao monitoramento e fiscalização dos egressos em semiliberdade que
sejam autores ou vítimas em potencial de morte (consumada ou tentada) ou integrantes de organizações
criminosas, sendo estes classificados como PRIORIDADE 1.

4.3.3.2 Os egressos em semiliberdade que sejam autores em potencial dos demais crimes violentos
(roubos, estupros, estupros de vulnerável, extorsões, sequestros/cárceres privados e extorsões
mediante sequestro) deverão ser classificados como PRIORIDADE 2.

4.3.3.3 Os autores em potencial de crimes de tráfico de drogas (de pequena quantidade) e de furto e de outros
crimes de médio impacto, egressos em semiliberdade, devem receber classificação PRIORIDADE 3 para fins
de fiscalização das condições impostas. Os demais condenados de crimes de pequeno impacto e que não
tenham mais envolvimento com o crime serão classificados como PRIORIDADE 4.

4.3.4 A relação com os alvos classificados em prioridade, constantemente atualizada, deverá ser disponibilizada
pela Seção de Inteligência para consulta, monitoramento e fiscalização da tropa. Excepcionalmente,
considerando o bom comportamento do beneficiário, a ausência de vínculos com criminosos em potencial e o
baixo risco de reincidência criminal nos casos dos beneficiários classificados como prioridade 1, ou o contrário
nos casos das demais prioridades, o beneficiário poderá ser reclassificado pela respectiva AA.

4.3.5 A Seção de Planejamento e Emprego Operacional, por sua vez, deverá, em Ordem de Serviço específica,
determinar aos Comandantes de Cias/Pel PM a realização da Operação Panóptico, conforme Minuta constante
no Anexo B desta Instrução, em suas respectivas subáreas/setores, fiscalizando o cumprimento das condições
impostas para o gozo dos benefícios, incluindo a quantidade de visitas/fiscalizações e a periodicidade.

4.3.6 A equipe policial designada deverá comparecer aos locais de gozo dos benefícios dos egressos em
situação de semiliberdade e fiscalizar se estes estão cumprindo as condições impostas pelo Poder Judiciário.
Caso não sejam detectadas irregularidades, deverá ser lavrado um BOS, natureza A23.001, endereçado ao
respectivo Comandante do Pel/Cia PM.

22
4.3.7 Em caso de descumprimento da condição legalmente imposta, deverá ser registrado um REDS, de
natureza A23.002, endereçado ao Juiz da Execução Criminal da respectiva Comarca, descrevendo
detalhadamente as circunstâncias do descumprimento, podendo ser juntado, inclusive, fotografias e vídeos.

4.3.8 A Administração da Cia PM, na primeira oportunidade, deverá indicar à Seção de Inteligência da UEOp os
REDS lavrados descritos em 4.3.7, para as devidas inserções nos respectivos processos eletrônicos de
execução,via SEEU.

4.3.9 As Unidades poderão definir a melhor maneira de fazer os registros chegarem ao destinatário final,
observando suas peculiaridades e a realidade de cada Comarca, desde que cumpram integralmente o
Memorando no 30.114.2/21–EMPM.

4.3.10 Na Comarca de Montes Claros, onde há responsabilidade territorial de duas UEOp’s, as atribuições
indicadas nos itens 4.3.1, 4.3.2 e 4.3.9 desta Instrução serão executadas pela AR/11ª RPM e compartilhadas
com as AA’s do 10o e 50o BPM’s.

4.4 Atuação Ordinária das Equipes Policiais

4.4.1 Nas abordagens policiais rotineiras, a equipe policial poderá realizar consultas em relações de beneficiários
socializadas pela Seção de Inteligência ou através de consultas públicas no SEEU, verificando se o abordado é
egresso em semiliberdade no gozo de algum benefício de execução penal.

4.4.2 Na consulta pública ao SEEU, o policial militar terá um acesso mais restrito aos processos de execução e
somente conseguirá acessar os arquivos classificados como públicos. Mesmo assim, em regra, conseguirá
saber se o abordado está em gozo de algum benefício da execução penal e as condições que lhe foram
impostas.

4.4.3 Caso constate o descumprimento de quaisquer das condições impostas, a equipe policial deverá registrar
um REDS, de natureza A23.002, endereçado ao Juiz da Execução Criminal da respectiva Comarca,
descrevendo detalhadamente as circunstâncias do descumprimento, podendo ser juntado, inclusive, fotografias
e vídeos.

23
24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 As Seções de Inteligência das Unidades deverão manter controle atualizado de todos os egressos em
situação de semiliberdade beneficiários do regime semiaberto (saídas temporárias e trabalho e estudo externos),
de prisão domiciliar e livramento condicional, de todas as Comarcas das áreas das respectivas UEOp’s,
compartilhando-as com a AR/11ª RPM.

5.2 A Agência Regional/11a RPM deverá, semanalmente, verificar se os autores de delitos, presos em flagrante
ou não, em REDS lavrados no âmbito do Estado, são egressos em situação de semiliberdade das Comarcas da
11a RISP. Em caso positivo, deverá fazer as inserções dos referidos REDS nos respectivos processos
eletrônicos de execução penal.

5.3 No primeiro contato da equipe policial militar que fiscalizar as condições impostas ao egresso em
semiliberdade, informará a este, e se possível à sua família, que tem como atribuição assegurar o efetivo
cumprimento das condições legalmente impostas, bem como, em caso de necessidade, garantir proteção a ele
e seus familiares contra eventuais ações criminosas perpetradas por desafetos, possibilitando, assim, sua
harmônica integração social. Na ocasião, além de lavrar um BOS de natureza A23.001, tratando-se dos
benefícios de livramento condicional, prisão domiciliar ou trabalho/estudo externo, será preenchido o documento
constante do Anexo C desta Instrução, em formato digital, contendo informações do egresso, familiares,
empregador, diretor/professor, desafetos etc., para subsidiar futuras avaliações/adequações da estratégia.

5.4 Os egressos beneficiários de trabalho externo, que o exerçam em ambientes coletivos, deverão ser
fiscalizados, em regra, por equipes do Policiamento Velado (PV). Caso não haja PV na Fração PM, tal
fiscalização poderá ser feita pelo Policiamento Ostensivo Geral (POG). Tal orientação objetiva evitar
constrangimentos a empregadores, demais funcionários, clientes e aos próprios egressos e para que não seja
motivo de não concessão de trabalho aos reeducandos.

5.5 Os egressos em situação de semiliberdade com classificação PRIORIDADE 1 deverão ser


visitados/fiscalizados, pelo menos, uma vez por semana; os classificados como PRIORIDADE 2 deverão ser
visitados/fiscalizados, pelo menos, uma vez por quinzena. Já os classificados como PRIORIDADE 3 deverão
ser fiscalizados com periodicidade mínima mensal. Os classificados em PRIORIDADE 4 poderão receber uma
visita por trimestre. E os beneficiados com saída temporária deverão receber, independentemente de sua
classificação de prioridade, pelo menos, uma visita/fiscalização em cada período de saída de sete dias. Tais
visitas/fiscalizações deverão contemplar as residências dos egressos e, em caso do benefício de trabalho/estudo
externos, os locais de trabalho/educandários.

5.6 Sendo possível, os comandantes locais deverão acordar com os diretores das unidades prisionais,
magistrados e promotores atuantes nos juízos de execução penal, uma conversa rápida com os beneficiários
25
em cada início de saída temporária, informando-lhes das condições impostas e do trabalho de fiscalização da
Polícia Militar.

5.7 Quando os beneficiados com saídas temporárias forem autorizados a visitar reidências fora dos limites da
UEOp, tal informação deverá ser tempestivamente encaminhada à UEOp com responsabilidade territorial, para
o devido monitoramento e fiscalização.

5.8 Para aferir o desempenho das UEOp´s será utilizado o indicador Prevenção Qualificada da Reincidência
Criminal (PQR), constante no Anexo D desta Instrução, que será avaliado nas reuniões mensais da GDO.

5.9 As Seções de Inteligência das UEOp’s deverão preencher planilha elaborada pela à AR/11ª RPM até o 5º
dia útil, indicando, por Comarca, a quantidade total de beneficiários da execução penal, a quantidade por
classificação de PRIORIDADE, a quantidade de visitas/fiscalizações realizadas e a quantidade de incidentes de
execução/descumprimento de condições detectados, no mês imediatamente anterior, bem como a quantidade
de suspensões de benefícios/regressão de regime e de cumprimento de mandados de prisão/recaptura
decorrentes de regressões de regime, dentre outros que servirá para aferir o cumprimento de meta do indicador
PQR.

5.10 As UEOp´s poderão estabelecer mecanismos de controle adicionais, avaliações etc., observadas as suas
peculiaridades locais.

5.11 Os Comandantes deverão fazer a devida gestão junto aos magistrados da execução penal para a
monitoração eletrônica dos egressos em semiliberdade classificados como PRIORIDADE 1, preferencialmente.

5.12 As AA’s, nas Comarcas em que houver monitoração eletrônica de egressos, deverão gerar relatórios de
descumprimentos e, constatada irregularidade, fazer inserção de tais relatórios no SEEU, para apreciação do
magistrado quanto à conveniência de regressão de regime dos beneficiários.

5.13 A AR/11ª RPM fará a devida coordenação e controle do monitoramento das fiscalizações dos egressos em
semiliberdade, criando ferramentas gerenciais e propondo as adequações necessárias.

Montes Claros/MG, 28 de março de 2022

Gildásio Rômulo Gonçalves, Cel PM


Comandante da 11ª RPM

26
REFERÊNCIAS

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao. htm>. Acesso em: 25 jun. 2017.
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COHEN, Lawrence E. e FELSON, Marcus. Social change and crime rate trends: a Routine Activity Approach.
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GONÇALVES, Gildásio Rômulo. Fiscalização de Condenados em Liberdade pela Polícia Militar de Minas
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Carvalho, Fundação João Pinheiro, Academia de Polícia Militar, Belo Horizonte, 2017.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. v. 1, 18 ed. Niterói: Editora Impetus, 2016.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. Mapas estratégicos: balanced scorecard: convertendo ativos
intangíveis em resultados tangíveis. Afonso Celso da Cunha Serra (trad.). 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
LAZZARINI, Álvaro. Da segurança pública na Constituição de 1988. Revista de Informação Legislativa.
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27
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MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal: parte geral – Arts. 1º a 120 do CP. 17 ed. rev. e atual. São
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MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Execução penal: comentários à Lei n. 7.210, de 11-07-1984.
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NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 2 ed. rev., atual. e ampl. São
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SAPORI, Luís Flávio. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV Editora,
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SOARES, Luiz Eduardo. Segurança tem saída. São Paulo: Sextante, 2005.

28
ANEXO A “FLUXOGRAMA DO MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE EGRESSOS DO SISTEMA PRISIONAL
EM SITUAÇÃO DE SEMILIBERDADE” à Instrução nº 2.03.01/22-11ª RPM

29
ANEXO B “MINUTAS DE ORDENS DE SERVIÇO DA OPERAÇÃO PANÓPTICO” à Instrução nº 2.03.01/22-11ª RPM

MODELO 01

DÉCIMA PRIMEIRA REGIÃO DA POLÍCIA MILITAR


XX BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR

Ordem de Serviço nº XX/2022 – XXº BPM


(Operação Panóptico – Saídas Temporárias)

1 EVENTO: Operação Panóptico – Saídas Temporárias

2 OBJETIVO
Regular as fiscalizações de egressos em situação de semiliberdade, da Comarca de XX, no gozo do benefício de
saída temporária no período de XX a XXMar22.

3 CENÁRIO

3.1 Diagnóstico

O Brasil adotou um sistema progressivo de cumprimento de pena privativa de liberdade, com a transferência para
regime menos rigoroso quando o preso tiver cumprido parte da pena no regime anterior, bem como ser possuidor
de bom comportamento carcerário.

Concomitantemente à progressão de regime, ao apenado também é concedido outros benefícios legais, como
a saída temporária, o trabalho e estudo externos ao cárcere durante o regime semiaberto, a prisão domiciliar e
o livramento condicional. Tais benefícios legais são, em regra, gradativos, sendo concedidos ao longo da
reabilitação dos apenados.

Para o gozo desses benefícios, objetivando a completa ressocialização do apenado, são impostas, entretanto,
condições específicas de caráter preventivo, como a proibição de frequentar determinados locais, a
obrigatoriedade de recolher ao domicílio em horários fixados, trabalhar, estudar, não ausentar ou mudar sem
comunicação, não cometer novas infrações penais, dentre outras.

O nome dado a esta Operação é uma alusão ao termo Pan-óptico utilizado pelo filósofo e jurista Jeremy
Bentham, em 1785, que designava uma penitenciária ideal, posto que permitia a um único vigilante observar
todos os prisioneiros, sem que estes pudessem saber se estavam ou não sendo observados, o que os levavam
a adotar o comportamento desejado pelo vigilante. A ausência de vigilância fora do cárcere aos condenados em
processo de ressocialização, nos dias atuais, estimula ao cometimento de novos delitos. A Operação

30
Panóptico, com a utilização dos recursos ordinários da Unidade, ao realizar fiscalizações inopinadas dos
egressos em semiliberdade, gerará nos apenados o sentimento de que estão ou poderão ser fiscalizados a
qualquer momento e, consequentemente, os levarão a adotar o comportamento desejado e necessário ao
propósito da reabilitação, proporcionando, ainda, o controle da criminalidade.

4 ESTRATÉGIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO

4.1 A operação será desencadeada em toda área da UEOp, nos municípios em que houver residência
visitada, com emprego do efetivo ordinário disponível.

4.2 As equipes policiais designadas pelos Comandantes de Cias/Pelotões, nos seus respectivos setores de
atuação, deverão realizar a fiscalização dos beneficiários de saída temporária, verificando se os mesmos estão
cumprindo as condições legalmente impostas pelo Poder Judiciário.

4.3 A Operação deverá ser realizada no período de XX a XXMar22, preferencialmente após às 20h, devendo
todos os beneficiários de saída temporária ser fiscalizados, pelo menos, uma vez no período.

5 ATRIBUIÇÕES

5.1 Comandante da XX Cia TM:

5.1.1 Escalará a PPH e/ou TM para monitoramento e fiscalização dos beneficiários de saída temporária,
classificados como PRIORIDADE 1. Constatado o descumprimento das condições do referido benefício, deverá
ser lavrado REDS, natureza A23.002, endereçado ao Juiz da Execução Criminal da respectiva Comarca;

5.1.2 Indicar os REDS que descrevam os descumprimentos das condições impostas para a Seção de
Inteligência da UEOp;

5.1.3 Caso não seja detectado descumprimento das condições impostas, deverá ser lavrado BOS de natureza
A23.001.

5.2 Comandantes da XXª, XXa e XXa Cias PM:

5.2.1 Os Comandantes de Cias/Pelotões deverão providenciar a fiscalização dos presos beneficiados com saída
temporária, classificados com prioridade 2 e 3, residentes em seus respectivos Setores. Constatado o
descumprimento das condições do referido benefício, deverá ser lavrado REDS, natureza A23.002, endereçado
endereçado ao Juiz da Execução Criminal da respectiva Comarca;

5.2.2 Indicar os REDS que descrevam os descumprimentos das condições impostas para a Seção de
Inteligência da UEOp;

5.2.3 Caso não seja detectado descumprimento das condições impostas, deverá ser lavrado BOS de natureza
A23.001.
31
5.3 P2/XXº BPM:

5.3.1 Deverá disponibilizar aos Cmts de Cias PM a relação dos beneficiados com saída temporária,
discriminando as condições impostas e os endereços a ser visitados;

5.3.2 Deverá classificar os beneficiados com saídas temporárias em PRIORIDADE para fiscalização, conforme
Instrução nº 2.03.01/2022-11ª RPM;

5.3.3 Deverá fazer as inserções dos REDS que descrevam descumprimento das condições impostas, nos
respectivos processos eletrônicos, via SEEU;

5.3.4 Deverá acompanhar as decisões de regressão de regime e expedição de mandado de prisão, fazendo-os
cumprir imediatamente.

6 PRESCRIÇÕES DIVERSAS

6.1 Todas as Cias deverão elaborar relatório à P3/XXo BPM em até 03 (três) dias úteis após o término do período
de gozo da saída temporária, informando os dias e horários de cada fiscalização dos beneficiários, bem como
indicando os descumprimentos constatados e providências adotadas.

6.2 Os beneficiários em saída temporária independentemente de sua classificação de PRIORIDADE deverão


ser visitados/fiscalizados, pelo menos, uma vez no período em cada período de saída.

XXX, 28 de março de 2022.

__________________________________, TEN CEL PM


Comandante do XXº BPM

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MODELO 02

DÉCIMA PRIMEIRA REGIÃO DA POLÍCIA MILITAR


XX BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR

Ordem de Serviço nº XX/2022 – XXº BPM


(Operação Panóptico – Prisão Domiciliar, Livramento Condicional e Trabalho/Estudo Externos)

1 EVENTO: Operação Panóptico

2 OBJETIVO

Regular as fiscalizações de egressos em semiliberdade, da Comarca de XX, no gozo dos benefícios de prisão
domiciliar, livramento condicional e trabalho e estudo externos.

3 CENÁRIO

3.1 Diagnóstico

O Brasil adotou um sistema progressivo de cumprimento de pena privativa de liberdade, com a transferência para
regime menos rigoroso quando o preso tiver cumprido parte da pena no regime anterior, bem como ser possuidor
de bom comportamento carcerário.

Concomitantemente à progressão de regime, ao apenado também é concedido outros benefícios legais, como
a saída temporária, o trabalho e estudo externos ao cárcere durante o regime semiaberto, a prisão domiciliar e
o livramento condicional. Tais benefícios legais são, em regra, gradativos, sendo concedidos ao longo da
reabilitação dos apenados.

Para o gozo desses benefícios, objetivando a completa ressocialização do apenado, são impostas, entretanto,
condições específicas de caráter preventivo, como a proibição de frequentar determinados locais, a
obrigatoriedade de recolher ao domicílio em horários fixados, trabalhar, estudar, não ausentar ou mudar sem
comunicação, não cometer novas infrações penais, dentre outras.

O nome dado a esta Operação é uma alusão ao termo Pan-óptico utilizado pelo filósofo e jurista Jeremy
Bentham, em 1785, que designava uma penitenciária ideal, posto que permitia a um único vigilante observar
todos os prisioneiros, sem que estes pudessem saber se estavam ou não sendo observados, o que os levavam
a adotar o comportamento desejado pelo vigilante. A ausência de vigilância fora do cárcere aos condenados em
processo de ressocialização, nos dias atuais, estimula ao cometimento de novos delitos. A Operação
Panóptico, com a utilização dos recursos ordinários da Unidade, ao realizar fiscalizações inopinadas dos

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beneficiários, gerará nos apenados o sentimento de que estão ou poderão ser fiscalizados a qualquer momento
e, consequentemente, os levarão a adotar o comportamento desejado e necessário ao propósito da reabilitação,
proporcionando, ainda, o controle da criminalidade.

4 ESTRATÉGIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO

4.1 A operação será desencadeada em toda área da UEOp, nos municípios que forem locais de residência
ou trabalho dos beneficiários, com emprego do efetivo ordinário disponível.

4.2 As equipes policiais designadas pelos Comandantes de Cias/Pelotões, nos seus respectivos setores de
atuação, deverão realizar a fiscalização dos beneficiários de prisão domiciliar, livramento condicional e trabalho
e estudo externos, verificando se os mesmos estão cumprindo as condições legalmente impostas pelo Poder
Judiciário.

4.3 A Operação deverá ser realizada diariamente, devendo os beneficiários ser visitados/fiscalizados de acordo
com a classificação de PRIORIDADE.

5 ATRIBUIÇÕES

5.1 Comandante da XXª Cia TM:

5.1.1 Escalará a PPH e/ou TM para monitoramento e fiscalização dos beneficiários de prisão domiciliar,
livramento condicional e trabalho e estudo externos, classificados como PRIORIDADE 1. Constatado o
descumprimento das condições do referido benefício, deverá ser lavrado REDS, natureza A23.002, endereçado
endereçado ao Juiz da Execução Criminal da respectiva Comarca;

5.1.2 Indicar os REDS que descrevam os descumprimentos das condições impostas para a Seção de
Inteligência da UEOp.

5.2 Comandantes da XXª, XXa e XXa Cias PM:

5.2.1 Os Comandantes de Cias/Pelotões deverão providenciar a fiscalização dos presos beneficiados com
prisão domiciliar, livramento condicional e trabalho e estudo externos, residentes e/ou com locais de trabalho
em seus respectivos Setores, classificados com prioridade 2 e 3. Constatado o descumprimento das condições
do referido benefício, deverá ser lavrado REDS, natureza A23.002, endereçado ao Juiz de Execução Criminal
da respectiva Comarca.

5.3 P2/XXº BPM:

5.3.1 Deverá disponibilizar aos Cmts de Cias/Pel PM a relação dos beneficiados com prisão domiciliar,
livramento condicional e trabalho e estudo externos, discriminando as condições impostas e os endereços das
residências e locais de trabalho;
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5.3.2 Deverá classificar os beneficiados com prisão domiciliar, livramento condicional e trabalho e estudo
externos, em PRIORIDADE para fiscalização, conforme Instrução nº 2.03.01/2022-11ª RPM;

5.3.3 Deverá fazer as inserções dos REDS, que descrevam descumprimento das condições impostas, nos
respectivos processos eletrônicos, via SEEU;

5.3.4 Deverá acompanhar as decisões de regressão de regime e expedição de mandado de prisão, fazendo-as
cumprir imediatamente.

6 PRESCRIÇÕES DIVERSAS

6.1 Todas as Cias deverão elaborar relatório à P3/XXo BPM até o 3º dia útil de cada mês, informando as
fiscalizações de prisão domiciliar, livramento condicional e trabalho e estudo externo realizadas no mês anterior,
indicando os dias e horários de cada fiscalização dos beneficiários, bem como os descumprimentos constatados
e providências adotadas.

6.2 Os beneficiários de prisão domiciliar, livramento condicional e trabalho e estudo externos com classificação
PRIORIDADE 1 deverão ser visitados/fiscalizados, pelo menos, uma vez por semana; os classificados como
PRIORIDADE 2 deverão ser visitados/fiscalizados, pelo menos, uma vez por quinzena. Já os classificados
como PRIORIDADE 3 deverão ser fiscalizados com periodicidade mínima mensal.

6.3 Os egressos beneficiários de trabalho externo, que o exerçam em ambientes coletivos, deverão ser
fiscalizados, em regra, por equipes do Policiamento Velado (PV). Caso não haja PV na Fração PM, tal
fiscalização poderá ser feita pelo Policiamento Ostensivo Geral (POG).

XXX, 28 de março de 2022.

__________________________________, TEN CEL PM


Comandante do XXº BPM

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ANEXO C “CADASTRO DE MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DO EGRESSO EM SITUAÇÃO DE
SEMILIBERDADE” à Instrução nº 2.03.01/22-11ª RPM

DADOS DO BENEFICIÁRIO

NOME: __________________________________________________________________________________
RG: ______________________________________ CPF: ________________________________________
FILIAÇÃO: _______________________________________________________________________________
ENDEREÇO RESIDENCIAL: ________________________________________________________________
TELEFONE: _____________________ E-MAIL: _________________________________________________
ENDEREÇO TRABALHO: ___________________________________________________________________
ENDEREÇO ESTUDO: _____________________________________________________________________
No PROCESSO: ______________________________ COMARCA: __________________________________
TIPO BENEFÍCIO:
( ) Saída temporária ( ) Trabalho externo ( ) Estudo externo ( ) Prisão domiciliar ( ) Livramento
condicional
OBSERVAÇÕES: _________________________________________________________________________

DADOS DOS FAMILIARES

ESPOSA(O): _____________________________________________________________________________
TELEFONE: _____________________ E-MAIL: _________________________________________________
GENITORA(O): ___________________________________________________________________________
TELEFONE: _____________________ E-MAIL: _________________________________________________

DADOS DO LOCAL DE TRABALHO

EMPRESA: ______________________________________________________________________________
ENDEREÇO: _____________________________________________________________________________
EMPREGADOR/GERENTE: _________________________________________________________________
TELEFONE: _____________________ E-MAIL: _________________________________________________
DIAS/HORÁRIO TRABALHO: ________________________________________________________________

DADOS DO LOCAL DE ESTUDO

EDUCANDÁRIO: __________________________________________________________________________
ENDEREÇO: _____________________________________________________________________________
DIRETOR: _______________________________________________________________________________
TELEFONE: _____________________ E-MAIL: _________________________________________________
DIAS/HORÁRIO ESTUDOS: _________________________________________________________________

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ANEXO D “INDICADOR PREVENÇÃO QUALIFICADA DA REINCIDÊNCIA CRIMINAL (PQR)” à Instrução
nº 2.03.01/22-11ª RPM

UDI Gestora 11ª RPM

O indicador tem por finalidade verificar as atividades de prevenção da reincidência criminal e controle da
Descrição
criminalidade através do monitoramento e fiscalização de egressos em situação de semiliberdade.

Unidade de medida Índice


PQR = Índice de Eficiência + Índice de Eficácia + Índice de Efetividade
Sendo:
- PQR= Prevenção Qualificada da Reincidência Criminal
- Índice de Eficiência = (Quantidade de ciência em notificações em processos no SEEU recebidos no mês /
Quantidade de notificações em processos no SEEU recebidos no mês) x 1,5 + (Quantidade de egressos em
Fórmula de cálculo semiliberdade classificados na Unidade / Total de egressos em semiliberdade existentes na Unidade) x 1,5
- Índice de Eficácia = (Quantidade de visitas realizadas no mês / Quantidade de visitas previstas para o mês) x 3
- Índice de Efetividade = (Quantidade de incidentes de descumprimento lançados no SEEU no mês / Quantidade
de incidentes de descumprimento constatados no mês) x 1 + (Quantidade de mandados de prisão cumpridos no
mês / Quantidade de mandados expedidos no mês) x 1,5 + (Quantidade de egressos em semiliberdade não
reincidentes no mês / Total de egressos em semiliberdade existentes na Unidade no mês) x 1,5
Polaridade Quanto maior, melhor.
Periodicidade Mensal
Fonte de dados SEEU
Base geográfica Regional
Padrão de Resultado ≥ 90% da meta - VERDE
apuração de Resultado ≥ 70% ≤ e < 90% da meta - AMARELO
desempenho Resultado < 70% da meta – VERMELHO
1) No índice de eficiência serão consideradas as notificações recebidas no mês de referência. Caso a UEOp dê
ciência em todas as notificações recebidas no mês, receberá a nota 1,5. Após receber as notificações, se a Unidade
mantiver todos os egressos em semiliberdade existentes classificados, inclusive os novos beneficiários, receberá a
nota 1,5. Em ambos os casos, o cumprimento parcial resultará na nota proporcional ao percentual alcançado.
2) No índice de eficácia a quantidade de visitas previstas será determinada pelo número de egressos em
semiliberdade classificados no primeiro dia do mês (prioridade 1, uma visita por semana; prioridade 2, uma visita
quinzenal; prioridade 3, uma visita por mês). Realizando 100% das visitas previstas para o mês de referência, a
Unidade receberá a nota 3.
3) No índice de efetividade serão considerados a quantidade de incidentes de descumprimento lançados no SEEU
no mês de referência em relação à quantidade de incidentes constatados no mês de referência; a quantidade de
mandados de prisão cumpridos no mês de referência em relação à quantidade de mandados expedidos em
decorrência das regressões de regime no mês de referência; e a quantidade de egressos em semiliberdade que não
reincidiram (não cometimento de novo delito violento ou não) em relação ao total de egressos em semiliberdade
existentes na Unidade no mês de referência. Caso a UEOp consiga inserir no SEEU todos os incidentes de
Nota ao usuário
descumprimento, receberá nota 1; caso consiga cumprir todos os mandados de prisão expedidos no mês receberá
nota 1,5; e se não houver reincidência criminal de nenhum egressos em semiliberdade no mês de referência, receberá
nota 1,5. O cumprimento parcial resultará em nota proporcional ao percentual alcançado.
4) O total de egressos em semiliberdade a ser considerado pelas Unidades será o total de egressos em
semiliberdade existentes nas Comarcas das Unidades, EXCETO: a) beneficiários presos; b) beneficiários
foragidos por ocasião de mandados de prisão em aberto; c) beneficiários aguardando decisão judicial que impeça
a fiscalização; d) beneficiários com processo suspenso com restrição de fiscalização;
5) Os egressos em semiliberdade que estiverem com o endereço desatualizado e sem condições de fiscalização
poderão ser classificados como PRIORIDADE 4 até a atualização do novo endereço no sistema;
6) Os egressos em semiliberdade que estiverem com o processo suspenso sem restrições de fiscalização deverão
ser mantidos no total de egressos em semiliberdade;
7) Ao final, os pontos obtidos serão somados para definir a nota de cada Unidade. Notas iguais ou superiores a
9, o desempenho será satisfatório (VERDE). Notas iguais ou superiores a 7 e menores que 9, desempenho
merece atenção (AMARELO). Notas inferiores a 7, desempenho insatisfatório (VERMELHO).

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