1. O documento discute o crime de estupro na visão espírita, considerando-o um ato abjeto e condenável que viola a liberdade sexual e individualidade da vítima.
2. Na visão espírita, as almas encarnam na Terra para aprendizado através de provas e expiações de erros do passado, sem que o planejamento espiritual preveja ou justifique a prática de crimes.
3. A justiça divina é perfeita e imutável, tratando cada um segundo suas obras de forma miseric
1. O documento discute o crime de estupro na visão espírita, considerando-o um ato abjeto e condenável que viola a liberdade sexual e individualidade da vítima.
2. Na visão espírita, as almas encarnam na Terra para aprendizado através de provas e expiações de erros do passado, sem que o planejamento espiritual preveja ou justifique a prática de crimes.
3. A justiça divina é perfeita e imutável, tratando cada um segundo suas obras de forma miseric
1. O documento discute o crime de estupro na visão espírita, considerando-o um ato abjeto e condenável que viola a liberdade sexual e individualidade da vítima.
2. Na visão espírita, as almas encarnam na Terra para aprendizado através de provas e expiações de erros do passado, sem que o planejamento espiritual preveja ou justifique a prática de crimes.
3. A justiça divina é perfeita e imutável, tratando cada um segundo suas obras de forma miseric
Diversos temas so considerados intrigantes, porque despertam o exerccio do raciocnio lgico-sistemtico aplicado temtica esprita. Estupro , em realidade, uma destas temticas, em que os institutos jurdicos e as questes sociais de nosso tempo merecem um estudo comparativo com a filosofia esprita. Considerado como um crime de contedo brbaro , o estupro pertence ao grupo de delitos contra os costumes contra a liberdade do indivduo (liberdade sexual ), que atentam contra a integridade fsica e a sade da mulher. A conduta tpica, prevista no artigo 213 do Cdigo Penal Brasileiro , consiste no ato voluntrio do homem em constranger mulher, contra sua vontade, conjuno carnal , mediante violncia (fsica ou moral) ou grave ameaa (efeito de produzir medo na vtima, para que esta ceda ao desejo do primeiro ). H, ainda, no tocante definio terica e interpretao da Justia brasileira, um agravante, resultando na considerao do estupro como crime hediondo , caso o resultado da ao delituosa seja a morte ou a leso corporal grave da vtima. Tanto o estupro (conjuno carnal) quanto o atentado violento ao pudor (outras aes delitivas relacionadas so considerados atos contrrios liberdade sexual, e a previso jurdico-legal est relacionada tutela das liberdades pessoais contra aes que visem constranger algum, mediante violncia ou grave ameaa, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistncia , a no fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela no manda. Historicamente, o estupro era tratado com rigor pelos povos antigos, apenando com a morte caso algum indivduo violasse mulher desposada (prometida em npcias), ou, em caso de virgem, a pena era pecuniria e de casamento, cumuladamente. No Egito, o ofensor era mutilado. Na Grcia, inicialmente, apenas de cunho financeiro, acrescendo-lhe, depois, igualmente, a pena capital, no que eram repetidos pelos romanos, considerado que era como crime vil. Assim tambm procediam os julgamentos germnico, cannico, espanhol, e ingls (neste ltimo, depois, substitudo pela castrao e vazamento dos olhos cegueira provocada). Atualmente, todos os povos civilizados possuem, em seus ordenamentos, referncias explcitas e severas ao tipo criminal do estupro. Nosso ordenamento jurdico brasileiro afasta completamente a digresso acerca da posio social ou das virtudes morais da vtima, independentemente de ser prostituta, deflorada ou virgem. Uma meretriz no tem mais ou menos direito de dispor livremente de seu corpo e de definir, por opo pessoal, com quem deseja envolver-se sexualmente. Conceitualmente, entretanto, especialistas encontram uma pequena distino entre o crime que tem como vtima uma prostituta (que teria violada, apenas, a sua liberdade sexual) e qualquer outra mulher (que, alm daquela violao, tambm veria atingida sua honra). Na aplicao da pena, contudo, nenhuma diferena se estabelece, na prtica. Qualquer movimento em defesa dos direitos e garantias fundamentais e, mais especificamente, na direo da proteo mulher uma oportuna chamada de ateno s autoridades pblicas e coletividade no sentido da exigncia de aes pblicas permanentes de conteno violncia. A partir da noo constitucional da igualdade, a proteo jurdica consagra o princpio da no-discriminao em funo do sexo, bem como o entendimento de que a violncia contra as mulheres uma violao aos direitos humanos. Feitos tais comentrios, vejamos a inter-relao da temtica com a filosofia esprita. Inicialmente, busquemos situar o Esprito na Terra. Conceitos fundamentais da Doutrina Esprita, apontam: 1 - Imortalidade continuidade da vida, em termos espirituais; 2
2 - Localizao a Terra um plano de provas e expiaes, o segundo nvel na gradao dos Mundos Habitados; 3 - Encarnao oportunidade de aprendizado, enquadrando provas (testes para adiantamento espiritual) e expiaes (resgates de erros pretritos); 4 - Afinidade lei que preside as relaes humano-espirituais, sobretudo em termos psquicos; 5 - Livre-arbtrio liberdade de agir, permitindo, neste aspecto, o cometimento de atos contrrios s leis (divinas e/ou humanas); 6 - Violncia agresso fsica ou moral contra direitos ou liberdades de outrem; 7 - Planejamento Encarnatrio conjunto de elementos componentes do plano existencial do Esprito, definido antes da encarnao (nascimento) e sujeito dinmica de aes e reaes, permitindo alteraes (para melhor ou para pior), sendo relativo e no absoluto; 8 - Mecanismo da Justia Divina perfeito, imutvel e universal, tratando cada um segundo suas obras. Em um nosso recente trabalho, intitulado O direito em O livro dos espritos, afirmamos que a liberdade o trao caracterizador da existncia espiritual, razo pela qual a Lei Divina preza pela independncia individual e pelo direito de dispor sobre si mesmo, e fazer (ou no fazer) aquilo que seus desejos e aspiraes indicarem. No possvel abdicar de tal direito, nem desprezar sua absoluta proteo. O estupro, como ato atentatrio liberdade sexual das mulheres representa um dos atos mais abjetos, mais censurveis e condenveis do ponto de vista tico-jurdico porque a ao delituosa invade o santurio de sua individualidade fsico-psicolgica, bem como desrespeita e avilta o sexo, enquanto canal gensico-psquico de intercmbio de energias criadoras e equilibradoras do ser. Constranger a vtima por violncia ou ameaa a manter relaes sexuais com o agressor, em qualquer circunstncia, importa, com a conseqncia do ato, em impingir-lhe uma ndoa que carregar na memria (atual e futura) por muito tempo, maculando sua existncia. Reportagens e documentrios que enquadram depoimentos de mulheres estupradas ou relatrios clnicos assinados por profissionais de sade que as atenderam (fsica ou psicologicamente) demonstram a gravidade da leso perpetrada pelo agressor, consistindo, muitas vezes, na dificuldade ou impossibilidade de praticar o sexo e ter prazer com o ato sexual, com alguns casos de completa averso proximidade fsica com qualquer outro homem. Encarando o sexo como o veculo de manifestao dos nobres sentimentos do amor, em nenhuma hiptese podemos cogitar acerca da relao sexual forada, podendo isto importar na desconsiderao completa de elementos como o desejo, a vontade e a afinidade biopsquica. E, considerando o prazer como uma busca e um caminho para a felicidade, todos precisamos ver assegurada a liberdade de pensamento e ao que fundamentam nossas escolhas, na vida. Finalmente, imperioso analisar o estupro sob o prisma da encarnao e do planejamento encarnatrio. Se patente que as ligaes espirituais se formam no campo das vibraes (emanaes energticas ou psquicas), existem vnculos espirituais entre criaturas, seja no vrtice positivo (amor, bem-querncia e fraternidade), seja no negativo (dio, antipatia e averso), os quais atravessam existncias e nos mantm ligados a diversas outras 3
criaturas. Isto pode levar aproximao ou ao distanciamento entre ns e os outros e, em funo do livre-arbtrio, do atraso espiritual e da manifestao dos instintos primitivos, determinado Esprito investido na formologia masculina poder investir contra outro de tipologia feminina, obrigando-o, pelas circunstncias, prtica forada do envolvimento sexual. Contudo, em nenhum momento podemos falar de preparao ou predisposio espiritual para a prtica de crimes de qualquer natureza, entre os quais est o estupro. Que sabedoria divina seria esta que permitisse o pagamento do mal pelo mal, isto , o resgate ou a experimentao (em termos de oportunidade) pelo crime? Isto me parece a traduo (contempornea) da Lei de Talio (olho por olho, dente por dente), um mecanismo precrio e superado de julgamento e condenao de delinqentes que denotaria a profunda injustia de conceber a dinmica do sofrimento na mesma moeda para impor a compensao do mal porventura praticado ou para ensinar (reeducar) o infrator. Quo cruel seria este sistema se obrigasse o estuprador a vir como mulher e ser estuprado por sua anterior vtima, ou por terceiro, apenas como paga por erros cometidos, sem considerao do quantum de compensao que as atitudes construtivas e reequilibradas do Esprito poder representar, em cada caso. Isto, claro, considerando a clebre assertiva de Pedro, de que o amor cobre uma multido de pecados. Admitir que quem aborte tenha de ser abortado; que aquele que seja homicida volte para ser morto; que quem seja responsvel por um acidente de trnsito, retorne para ser vtima de um outro acidente, duvidar da absoluta misericrdia de Deus que no trata assim seus filhos, nem concebeu um mecanismo de administrao judicial calcado nestes princpios. Do contrrio, estabeleceu um sistema perfeito de aquilatao dos atos (positivos e negativos) de cada Esprito, dentro de um conjunto de Leis sbias e imutveis, permitindo, a cada passo e momento, a recomposio da trajetria dos seres, considerando virtudes e defeitos, acertos e erros. Numa palavra, permite a regenerao espiritual pelas provas, conferindo s expiaes o carter de construtividade, no o de revanche.