Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO PENAL I – TEORIA DO CRIME 2023.2


PROFESSORA: ANA ALICE RAMOS TEJO SALGADO

Exercício de reposição de aula – I UNIDADE

1. A Lei 13.654/2018 altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 dezembro de 1940 (Código Penal),


para dispor sobre os crimes de furto qualificado e de roubo quando envolvam explosivos e
do crime de roubo praticado com emprego de arma de fogo ou do qual resulte lesão
corporal grave. A Lei foi publicada em 23 de abril de 2018 e entrou em vigor na data da
publicação. No delito de roubo a causa de aumento prevista na Lei Anterior (art. 157, § 2º)
era aplicada quando do emprego de arma de fogo ou de arma branca (Ex. faca, canivetes,
punhais, foices, machados, dentre outros). Há uma nova alteração legislativa no delito de
roubo nos termos da Lei 13.964/19 (conhecido como Pacote Anticrime). No delito de roubo
foi acrescido o inciso VII no § 2 do art. 157. A Lei foi publicada em 24 de dezembro de 2019
e, nos termos do art. 20, entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias de sua publicação
oficial.

I. SITUAÇÃO 1. Considere que João José praticou o crime de roubo com emprego de
uma faca (arma branca) em 20 de abril de 2018 e o juiz deve sentenciar em
26.11.2019.
II. SITUAÇÃO 2. Considere que João José praticou o crime de roubo com emprego de
uma faca (arma branca) em 27 de abril de 2018 e o juiz deve sentenciar em
26.11.2019.
III. SITUAÇÃO 3. Considere que João José praticou o crime de roubo com emprego de
uma faca (arma branca) em 27 de janeiro de 2020 e o juiz deve sentenciar em
26.08.2020.

Pergunta-se, para cada uma das situações indicadas. Há conflito de Leis? Qual das leis será
aplicada? Qual princípio será aplicado? Explique.

- Não haverá conflito de Leis. No primeiro caso, João José seria enquadrado nos termos do
Decreto-Lei n° 2.848, uma vez que era esta norma a vigente na data do cometimento do
crime. No segundo caso, João José seria enquadrado nos termos da Lei 13.654/2018, a
norma vigente na data do crime. Por fim, no terceiro caso hipotético, João José seria
enquadrado nos termos da Lei 13.943/19 - a vigente no dia do crime.
O princípio aplicado nos dois últimos casos será o “Novatio Legis in Pejus”. Dessa forma, penas mais
graves a delitos já existentes não podem retroceder.

LEI ANTERIOR (CP) LEI POSTERIOR 13.654/18 – LEI POSTERIOR 13.964/19 –


ALTERA O CP ALTERA O CP
Art. 157 - Subtrair coisa móvel Art. 157 - Subtrair coisa móvel Art. 157 - Subtrair coisa móvel
alheia, para si ou para outrem, alheia, para si ou para outrem, alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou mediante grave ameaça ou mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de violência a pessoa, ou depois de violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, havê-la, por qualquer meio, havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de reduzido à impossibilidade de reduzido à impossibilidade de
resistência: resistência: resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez Pena - reclusão, de quatro a dez Pena - reclusão, de quatro a dez
anos, e multa. anos, e multa. anos, e multa.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 § 2º A pena aumenta-se de 1/3
até a metade (dois terços): (um terço) até metade:
I – se a violência ou ameaça é VII - se a violência ou grave ameaça
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma é exercida com emprego de arma
exercida com emprego de arma; de fogo; branca;

2. Em 26.09.2019, João José da Silva, pratica o crime de importunação ofensiva ao pudor


contra Rosalinda. O delito ocorreu em um bar localizado na cidade de Puerto Iguazu
(Argentina). A vítima e o autor do ‘crime são brasileiros e retornaram para a cidade de Foz
de Iguaçu após o ocorrido. Considerando o enunciado e o delito abaixo, responda:
Importunação sexual
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018).
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.
a. O Brasil pode ser considerado lugar do crime?

- De forma alguma. O local do crime está diretamente relacionado com o tempo, ou seja, o
local do crime cometido será onde ambos estavam no momento deste.

- b. Qual princípio será aplicado para definir a competência da legislação penal brasileira?
Explique.
- o Princípio da Territorialidade, ou seja, a legislação penal brasileira não poderá ser aplicada,
e sim a argentina (local do crime).

3. A Lei 13.344/2016 Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 dezembro de 1940 (Código Penal),


para dispor sobre o crime de tráfico de pessoas (art.149-A do CP). A Lei foi publicada em
6 de outubro de 2016 e entrou em vigor após decorridos 45 dias da publicação. A Lei
13.344/2016 revogou expressamente a conduta do art. 231 do CP, tráfico internacional
de pessoas para fim de exploração sexual. A Quinta Vara da Seção Judiciária da Mato
Grosso condenou, em 6 de outubro de 2015, um homem e duas mulheres pelo crime de
tráfico internacional de pessoas na conduta de agenciar (art. 231, § 1º) para o exercício
da prostituição.

a. Situação 1. A vítima, Rosalinda, profissional do sexo, saiu voluntariamente do


país, de forma livre de opressão ou de abuso.
b. Situação 2. A vítima, Rosalinda, profissional do sexo, foi agenciada mediante
fraude.

Pergunta-se para cada situação se há conflito de leis no tempo? Qual a lei a ser aplicada durante
a execução da pena? Qual o princípio aplicado? Explique.

a) Neste caso, dado a voluntariedade de Rosalinda e a ausência de opressão, não haverá o


cometimento de nenhum crime

b) utilizando o princípio abolitio criminis, uma vez que uma conduta, anteriormente
considerada criminosa, foi revogada e passa a não configurar mais crime para o Código
Penal brasileiro, não haverá a sanção de pena para os envolvidos nesse caso. Exceto que
o julgamento ocorra antes da revogação do crime (ainda assim, após a revogação, os
efeitos penais desapareceriam).

4. A Lei 14.188/2021 altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 dezembro de 1940 (Código Penal),


para modificar a modalidade da pena da lesão corporal simples cometida contra a mulher
por razões da condição do sexo feminino e para criar o tipo penal de violência psicológica
contra a mulher. A Lei foi publicada em 29 de julho de 2021 e entrou em vigor na data da
publicação. Considerando as hipóteses abaixo, analise o conflito de leis indicando qual das
normas será aplicada. Explique apontando o princípio que justifica a sua resposta.

a. Em 24 de junho de 2021, João José pratica o crime de lesão corporal simples contra
a companheira Rosalinda. (2,0)

- A norma aplicada será o Decreto-Lei n° 2.848, que era a vigente na data do crime, com base
no princípio Novatio Legis in Pejus. (A lei penal nunca retroage sendo

b. Em 25 de setembro de 2021, João José pratica o crime de lesão corporal simples


contra a companheira Rosalinda. (2,0)

- A norma aplicada será a Lei 14.188/2021, uma vez que o crime foi cometido após a
publicação e início da vigência desta.

LEI ANTERIOR LEI POSTERIOR

Lesão corporal “Art. 129 do CP


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou § 13. Se a lesão for praticada contra a
a saúde de outrem: mulher, por razões da condição do sexo feminino,
Violência Doméstica nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro
§ 9o Se a lesão for praticada contra anos).”
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou Art.121 § 2o-A Considera-se que há razões de
companheiro, ou com quem conviva ou tenha condição de sexo feminino quando o crime
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente envolve:
das relações domésticas, de coabitação ou de I - Violência doméstica e familiar
hospitalidade: II - Menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 Lei 11340/06 (Lei Maria da Penha)
(três) anos.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura
violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica,


compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida


como a comunidade formada por indivíduos que
são ou se consideram aparentados, unidos por
laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto,


na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de
coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais


enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual.

Você também pode gostar