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072/90)
Prof. Ma. Natália Carvalho
1) Introdução:
Deriva da doutrina do Direito Penal de Emergência (DP “do terror”)
Função simbólica do DP
Influência do Direito Norte-Americano:
Movimento de lei e ordem – década de 60
1969 – Universidade de Stanford – pobreza e impunidade
(ausência do Estado) como fatores determinantes para a
criminalidade
1982 - Teoria das janelas quebradas (broken windows theory)
1994 – Rudolph Giuliani (NY) – tolerância zero
Velocidades do DP (Jésus-Maria Silva Sánchez, em “A Expansão do
Direito Penal): 1ª) crimes com PPL – DP Nuclear; 2ª) crimes sem PPL –
DP Periférico; 3ª) DP do Inimigo (Günther Jakobs); 4ª) Neopunitivismo –
DP Internacional
2) Sistemas de conceituação:
Legal
Judicial
Misto.
Brasil: sistema legal. Art. 5º, XLIII da CF/88 = mandado constitucional de
criminalização dos crimes considerados hediondos e equiparados (3T –
tortura, tráfico de drogas e terrorismo), tentados ou consumados. OBS: não
se aplica a chamada “cláusula salvatória” no Direito Penal Brasileiro.
Sofre o tráfico de drogas: seriam os crimes dos crimes dos arts. 33, caput e
§ 1º e 36 da Lei nº 11.343/2006 (Para alguns autores, como Gabriel Habib,
Rogério Sanches e Paulo Queiroz, a figura do art. 34, que trata do
maquinários, não caracterizaria tráfico.).
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2 o) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3 o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 1994)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
4) Liberdade provisória:
Antes do advento da Lei nº 11.464/07, que modificou a redação
originária do art. 2º, II da Lei dos Crimes Hediondos, o instituto da liberdade
provisória não era compatível com os crimes hediondos e equiparados. Hoje,
prepondera o entendimento de que se não estão presentes os requisitos da
preventiva (art. 312, CPP), caberá a liberdade provisória. Ademais, o próprio
STF entendeu que a vedação da liberdade provisória ex legis é
inconstitucional.
5) Prisão temporária:
Art. 2º, § 4º da Lei: 30 dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
6) Delação premiada:
Inserção do § 4º no art. 159 do CP.
Art. 8º, parágrafo único da Lei nº 8.072/90
9) Progressão de regime:
a) Requisito subjetivo: bom comportamento carcerário, atestado pelo
diretor do estabelecimento prisional e
b) Requisito objetivo: cumprimento de determinado lapso temporal da
pena imposta.
Art. 112, LEP (com as alterações advindas da Lei nº 13.964/20 – “Pacote
Anticrime”):
Crimes SEM violência ou grave ameaça: Primário: 16% (inciso I);
Reincidente: 20% (inciso II)
Crimes COM violência ou grave ameaça: Primário: 25% (inciso
III); Reincidente: 30% (inciso IV)
Crimes HEDIONDOS ou EQUIPARADOS: Primário: 40% (inciso
V); Se houver morte: 50%, vedado o livramento condicional
(inciso VI, “a”)
Crimes HEDIONDOS ou EQUIPARADOS: Reincidente: 60%
(inciso VII); Se houver morte: 70%, vedado o livramento
condicional (inciso VIII)
Comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado: 50%
(inciso VI, “b”)
Milícia privada: 50% (inciso VI, “c”)
OBS: Aumento do tempo de aprisionamento e dos gastos públicos com
a execução penal, sem nenhuma comprovação de que o
recrudescimento da lei penal diminuirá a criminalidade (falácia
sustentada por aqueles que defendem a legislação penal simbólica e
populista).
Força normativa da decisão prolatada em 09/09/2015 pelo STF, de
relatoria do Min, Marco Aurélio, que declarou o estado de coisas
inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro. Na ADPF 347, diante
do inegável quadro de superlotação carcerária existente no País e das
desumanas condições de aprisionamento, a decisão liminar reconheceu
que “Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos
fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência das políticas
públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de
natureza normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema
penitenciário nacional ser caracterizado como ‘estado de coisas
inconstitucional’”.
A Lei nº 13.964/2019 violou a autoridade da decisão do STF por não
observar o quadro caótico do sistema penitenciário brasileiro e por impor
medidas (elevação do tempo para ´progressão, previsão de hipóteses de
vedação de livramento condicional, aumento do tempo máximo de
prisão) que resultam em maior tempo de aprisionamento e, por
consequência, em piora nesse quadro de superlotação. Ademais, essas
providências trazem impactos orçamentários diretos nos gastos públicos,
afrontando o art. 113 do ADCT, que foi um dos principais fundamentos
utilizados pelo Min. Luiz Fux para a suspensão da eficácia dos arts 3º-A
a 3º-F do CPP.