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LEI nº 8.

072/90
LEI DOS CRIMES HEDIONDOS ESQUEMATIZADA

CONCEITO E PREVISÃO CONSTITUCIONAL:

“Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.

Conceito: Crimes hediondos são aqueles considerados de extrema gravidade,


entendidos pelo Legislador como os que merecem maior reprovação por parte do Estado,
recebendo, conforme a Lei nº 8.072/90, tratamento diferenciado dos demais.
O nosso ordenamento jurídico, quando da definição dos crimes hediondos, adotou o
sistema legal. Isso significa que só será hediondo os crimes listados na Lei nº 8.072/90 (rol
taxativo).
Obs: Como a Lei nº 8.072/90 faz menção ao nomen iuris de cada crime considerado
hediondo, com a respectiva menção aos artigos do CP e lei própria, conclui-se que os crimes
militares (CPM) – especificamente aqueles assemelhados com o CP comum previstos na lei de
crimes hediondos, não são considerados hediondos.

ROL DOS CRIMES HEDIONDOS:

1 – HOMICÍDIO PRATICADO POR GRUPO DE EXTERMÍNIO E HOMICÍDIO QUALIFICADO:

“Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou
tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.
121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX)”.
O primeiro crime hediondo é o homicídio praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ou seja, crime plurissubjetivo (pelo menos 03 agentes), ainda que o resultado
morte seja alcançado por um só agente (art. 121, §6º, in fine, do CP). Assim, de pronto
conclui-se que o homicídio simples, por si só, não é hediondo.
Em segundo lugar, ainda no mesmo inciso, temos como hediondo o homicídio
qualificado, ou seja, incidindo qualquer qualificadora no homicídio, o crime será hediondo.
Obs: É pacífico na jurisprudência que o homicídio privilegiado-qualificado não é
hediondo. O privilégio deverá, necessariamente, ser subjetivo (ex: homicídio impelido por
relevante valor moral), e a qualificadora deverá ser objetiva (ex: homicídio com o emprego de
explosivo).

2 – LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA E SEGUIDA DE MORTE, QUANDO FUNCIONAIS:

“I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade
ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição”.

Tal inciso foi acrescido pela Lei nº 13.142/15, incluindo no rol dos crimes hediondos a
lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º, CP), lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º,
CP – crime preterdoloso).
Obs: nas duas hipóteses, só será hediondo em se tratando de lesão corporal
funcional, ou seja, não é qualquer lesão corporal gravíssima ou seguida de morte que o torna
hediondo, pois só será hediondo se a vítima for agente de segurança pública ou parente do
respectivo agente, nos termos da redação da lei.

3 – ROUBO EM ALGUMAS HIPÓTESES:

“II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou
pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º)”.

O chamado Pacote Anticrime ampliou o rol das modalidades de roubo que são
etiquetadas como hediondas (antes era apenas o latrocínio).

4 – EXTORSÃO QUALIFICADA:

“III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de


lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º)”.

Inciso ampliado pelo Pacote Anticrime.

5 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO:

“IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e
3º)”.

Diferentemente da hipótese anterior, no crime de extorsão mediante sequestro,


tanto na forma simples, quanto nas formas qualificadas (§1º - se dura mais de 24 horas; se a
vítima é menor de 18 ou maior de 60 anos; se cometido por bando ou quadrilha; §2º - se
resulta lesão corporal grave – preterdoloso; §3º - se resulta morte – preterdoloso), o crime terá
natureza hedionda.

6 – ESTUPRO:

“V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º)”.

Todas as formas de estupro serão consideradas hediondas, seja na forma simples, ou


mesmo nas formas qualificadas (estupro que resulta lesão grave; com vítima menor de 18 e
maior de 14 anos; e, estupro com resultado morte).
7 – ESTUPRO DE VULNERÁVEL:

“VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º)”.

Assim como no crime de estupro, no estupro de vulnerável etiquetou-se como


hediondo o crime em sua forma simples e qualificado (quando resulta lesão corporal grave ou
morte).

8 – EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE:

“VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º)”.

O simples fato de causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos


(caput), por si só, não torna o crime hediondo. É necessário que ocorra o resultado morte de
maneira culposa para que seja considerado hediondo (crime preterdoloso).

9 – FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A


FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS:

“VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998)”.

Fruto do Direito Penal Simbólico, pois o presente inciso foi acrescido após caso
noticiado pela mídia em 1988 conhecido como “o escândalo da falsificação de remédios”.
Cite-se o respectivo crime previsto no Código Penal:

“Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins


terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos,
as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os
de uso em diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º
em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária
competente.”.

Crítica: por conta de um descuido do legislador (provavelmente tomado pelo clamor


e pressão da mídia), rotulou-se como hediondo a falsificação, corrupção, adulteração e
alteração de meros cosméticos (produtos de beleza) e saneantes (produtos de limpeza
doméstica), com pena de reclusão, de 10 a 15 anos, e multa.
Assim, parcela da doutrina entende que tal dispositivo deve ser objeto de
interpretação restritiva para que se possa considerar típica apenas a falsificação de cosméticos
e saneantes que efetivamente sejam dotados de potencialidade lesiva contra a saúde pública e
não qualquer cosmético ou saneante. A título de exemplo, há casos reais de pessoas que
sofreram queimaduras seríssimas após se submeterem a tratamento de bronzeamento
artificial com a aplicação de produtos falsificados, o que também ocorreu em virtude da
utilização de cosméticos para tratamento de cabelo.

10 – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE


CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL:

“VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de


criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º)”. (Incluído
pela Lei nº 12.978, de 2014).
Foi acrescentado na Lei de Crimes Hediondos às vésperas da Copa do Mundo no
Brasil. Assim, será hediondo submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou
dificultar que a abandone.
Além disso, também será hediondo se o crime for praticado com finalidade lucrativa,
bem como incorrerá nas mesmas penas (inclusive com natureza hedionda) o agente que
pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com os personagens acima descritos, bem
como o proprietário, gerente ou responsável pelo local em que se verifiquem as práticas
sexuais anteriormente mencionadas.

11 – FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO:

“IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que


cause perigo comum (art. 155, § 4º-A)”

Inciso ampliado pelo Pacote Anticrime.

12 – GENOCÍDIO E ESTATUTO DO DESARMAMENTO:

“Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:


I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de
outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no
art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,
previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime
hediondo ou equiparado”.

Parágrafo ampliado pelo Pacote Anticrime.


São os únicos crimes no rol dos crimes hediondos não previsto no Código Penal.
Sendo assim, vale transcrever no que consiste o crime de genocídio, segundo a Lei nº 2.889/56:

“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,


étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de
ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes
mencionados no artigo anterior:
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de
que trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas”.

Com base na redação acima, vale diferenciar o crime de genocídio com o homicídio
praticado em atividade típica de grupo de extermínio:

GENOCÍDIO HOMICÍDIO PRATICADO EM ATIVIDADE


TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO
Pressupõe o dolo específico de destruir, no O objetivo é matar apenas alguns integrantes
todo ou em parte, determinado grupo. de determinado grupo (consuma-se com a
morte de apenas 1).
Tem como sujeito passivo apenas grupo Desde que presente a impessoalidade da
nacional, étnico, racial ou religioso. conduta criminosa, pode visar pessoa
integrante de qualquer espécie de grupo (ex:
social, racial, econômico, étnico, etc.).
Pode ser praticado com a morte, lesão à É obrigatoriamente cometido mediante a
integridade física ou mental, dentre outros morte de alguém.
resultados.
O bem jurídico é supranacional, qual seja, a É crime doloso contra a vida (Júri).
preservação da pessoa humana (Juízo
Comum).

CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS:

Os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo não são crimes


hediondos, mas sim crimes equiparados. Tal conclusão se extrai da redação do mencionado
inciso XLIII do art. 5º da CF, bem como do art. 2º da Lei dos Crimes Hediondos:

“Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de [...]”.

Crimes equiparados a hediondos


Tortura Tráfico de Drogas Terrorismo
Artigo 1º da Lei 9.455/97 Artigos 33, caput, §1º, 34, 36 Artigos 2º, 3º, 5º e 6º da Lei
e 37 da Lei 11.343/06 13.260/16

Em síntese:

Crimes Hediondos Crimes


equiparados a
Hediondos
Homicídio: por grupo de extermínio ou qualificado
Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal Tortura
seguida de morte: quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição
Roubo com privação da liberdade da vítima; Com emprego de arma
de fogo de uso permitido, restrito ou proibido; Latrocínio Tráfico de Drogas
Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, pela lesão
corporal ou pela morte
Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada
Estupro
Estupro de vulnerável
Epidemia com resultado morte
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais Terrorismo

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração


sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável

Genocídio; Posse ou Porte ilegal de arma de fogo de uso proibido;


comércio ilegal de arma de fogo; tráfico internacional de arma de
fogo, munição ou acessório; e o crime de organização criminosa,
quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.

Questões:

(VUNESP - 2022 - PC-SP - Escrivão de Polícia) A respeito da Lei dos Crimes Hediondos, assinale a
alternativa correta.
A) O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e de uso proibido é
equiparado a hediondo.
B) O homicídio, previsto no “caput” do art. 121 do Código Penal, se praticado em atividade típica
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um único agente, é considerado crime
hediondo.
C) Os crimes considerados hediondos são insuscetíveis de graça, anistia, fiança e liberdade
provisória.
D) O roubo circunstanciado pelo emprego de arma branca é considerado crime hediondo.
E) São considerados hediondos apenas os crimes consumados, excluídos os tentados.

(VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) Segundo a Lei n.º 8.072/1990, são considerados
crimes hediondos:
A) o racismo e a corrupção ativa.
B) o terrorismo e o atentado violento ao pudor.
C) a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais e o estupro de vulnerável.
D) a prática da tortura e a corrupção ativa.
E) o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o racismo.

CONSEQUÊNCIAS DO CARÁTER DE HEDIONDEZ:

1 – ANISTIA, GRAÇA E INDULTO:

Segundo o inciso II do art. 107 do CP, anistia, graça e indulto são causas extintivas da
punibilidade. São formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir.
Na anistia o Estado, por meio de lei penal, devidamente discutida no Congresso
Nacional e sancionada pelo Presidente da República, por razões de clemência, política, social,
etc., esquece um fato criminoso, apagando seus efeitos penais (principais e secundários). Os
efeitos extrapenais, no entanto, são mantidos (ex: obrigação de indenizar).
Já a graça e o indulto são concedidos pelo Presidente da República, via decreto
presidencial, podendo ser delegada a atribuição aos Ministros de Estado. Ambas atingem
apenas os efeitos executórios penais da condenação, subsistindo o crime, a condenação
irrecorrível e seus efeitos secundários (penais e extrapenais). Antes de diferenciar ambos os
institutos, vale diferenciá-los da anistia:

Anistia Graça e Indulto


Lei penal Decreto
Recai sobre fatos Recai sobre pessoas
Pode ser concedida antes da condenação Pressupõe condenação
Extingue todos os efeitos penais Extingue somente o efeito executório:
cumprimento da pena

Por sua vez, graça e indulto possuem entre si as seguintes distinções:


Graça Indulto
Benefício individual, com destinatário certo Benefício coletivo, sem destinatário certo
Depende de provocação do interessado Não depende de provocação do interessado

Apesar do texto constitucional vedar apenas a graça e a anistia aos crimes hediondos
e equiparados, a Lei dos crimes hediondos fez constar expressamente a vedação às três causas
extintivas da punibilidade. Nesse sentido, após ser provocado a se posicionar sobre o tema, o
STF julgou constitucional a Lei dos Crimes Hediondos no ponto em que acrescenta
expressamente a vedação ao indulto. A Suprema Corte entendeu que a CF, apesar de não
mencionar expressamente o indulto, assim o fez implicitamente quando fez constar a graça.
Isso porque, assim como parcela majoritária da doutrina, o STF sustentou que a graça nada
mais é do que o indulto individual, sendo ambos espécies do mesmo gênero. Cite-se o inciso II
do art. 2º da Lei nº 8.072/90:

“Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes


e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto
II - fiança”.

2 – FIANÇA:

Antes da Lei 11.464/07, a Lei dos crimes hediondos proibia a fiança e a liberdade
provisória. Com o advento da mencionada lei, foi suprimido a expressão “liberdade provisória”.
Dessa forma, a concessão de fiança é vedada aos crimes hediondos e equiparados,
porém a liberdade provisória sem fiança não mais encontra empecilho legal em nosso
ordenamento jurídico.

3 – REGIME INICIAL PARA O CUMPRIMENTO DA PENA:

“§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado”. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Antes da Lei 11.464/07, o regime era integralmente fechado. Por violar o princípio da
individualização da pena, o STF julgou incidentalmente inconstitucional tal dispositivo e hoje
temos a redação acima. Obs: mesmo com a alteração (regime inicialmente fechado), já temos
decisões no sentido de que o dispositivo continua inconstitucional, por violar o mesmo
princípio.

4 – DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE:

A Lei nº 11.646/07 também fez constar a possibilidade do condenado em primeira


instância recorrer em liberdade:

“§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o


réu poderá apelar em liberdade”.

5 – PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA:

“§4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro


de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade”.

6 – ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E DELAÇÃO PREMIADA:

O crime de associação criminosa está previsto no art. 288 do CP da seguinte forma:

“Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de


cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos”.

Não obstante, a Lei de Crimes Hediondos confere tratamento diferenciado à


associação criminosa quando se tratar de crimes hediondos ou equiparados:
“Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código
Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o
bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de
um a dois terços”.

Questão:

(VUNESP - 2014 - PC-SP - Investigador de Polícia) A Lei de Crimes Hediondos (Lei n.º 8.072/90)
dispõe que será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal
(Associação Criminosa), quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Nessa hipótese, o participante e o associado que
denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento,
A) deverá cumprir a pena em estabelecimento distinto dos demais participantes.
B) deixará de responder pelo referido crime.
C) terá a pena reduzida de um a dois terços.
D) terá a pena anistiada pelo Presidente da República.
E) terá sua pena convertida para prestação de serviços à comunidade.

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