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Curso: Direito Penal – Parte Especial

Aula: Crimes Hediondos


Professor: Marcelo Uzêda

Resumo

LEI N.º 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990

HIPÓTESES LEGAIS - ROL TAXATIVO:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:

HOMICÍDIO

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII (VETADO));

(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO

Por incompatibilidade axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não
integra o rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes).

(HC 153.728/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 31/05/2010)

O homicídio qualificado-privilegiado não é crime hediondo.

(HC 43.043/MG, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 18/08/2005, DJ
06/02/2006, p. 352)

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da possibilidade


de homicídio privilegiado-qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias do
caso.

Noutro dizer, tratando-se de qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), é
possível o reconhecimento do privilégio (sempre de natureza subjetiva).

HC 97034 / MG - Relator(a): Min. AYRES BRITTO

Julgamento: 06/04/2010 Publicação: 07/05/2010 Primeira Turma

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA OU SEGUIDA DE MORTE

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I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art.
129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de
fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art.
158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Fim da polêmica!

IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso
incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

ESTUPRO e ESTUPRO DE VULNERÁVEL

V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);

(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);

(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Informativo n. 0505/STJ Terceira Seção

Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor cometidos antes da edição da Lei n. 12.015/2009 são
considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples.

REsp 1.110.520-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012.

EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE

VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).

Crime preterdoloso

FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS


TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS

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VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de
1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 20.8.1998)

FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO DE MENORES E VULNERÁVEIS

VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou


de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.978, DE 2014)

IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155,
§ 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)

I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de


1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Lei nº 13.964, de 2019)

III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou


equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS

TRÁFICO DE DROGAS (lei 11343/2006),

TORTURA (lei 9455/97)

TERRORISMO (LEI Nº 13.260, DE 16 DE MARÇO DE 2016)

não se encontram elencados no rol exaustivo do art. 1º, mas a previsão resulta do art. 2º da lei 8072/90 e
do inciso XLIII do art. 5º da CRFB.

“TRÁFICO PRIVILEGIADO”.

De acordo com o STF (HC 118533, Tribunal Pleno)

O tráfico de entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se harmoniza com a
hediondez do tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de Tóxicos.

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(HC 118533, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-199 DIVULG 16-09-2016 PUBLIC 19-09-2016)

CANCELAMENTO DA SÚMULA 512/STJ

Acolhimento da tese segundo a qual o tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da
Lei n. 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo, com o consequente cancelamento do enunciado
512 da Súmula deste Superior Tribunal de Justiça.

(Pet 11.796/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
23/11/2016, DJe 29/11/2016)

LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019

LEP ART. 112,§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico
de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

VEDAÇÕES

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

STJ: o Supremo Tribunal Federal consolidou jurisprudência "no sentido de que o instituto da GRAÇA,
previsto no art. 5.º, inc. XLIII, da Constituição Federal, engloba o INDULTO E A COMUTAÇÃO da pena,
estando a competência privativa do Presidente da República para a concessão desses benefícios limitada
pela vedação estabelecida no referido dispositivo constitucional"

(HC n. 115.099/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 14/3/2013). (AgRg no HC 468.008/SC,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 03/12/2018)

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

• Apesar de inafiançáveis, admite-se a liberdade provisória independentemente de fiança, se não


estiverem presentes os pressupostos da prisão preventiva.

De acordo com o STJ:

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC n. 104.339/SP, declarou a inconstitucionalidade da expressão


"e liberdade provisória", constante do art. 44, caput, da Lei n. 11.343/2006, afastando o óbice à concessão
da liberdade provisória aos acusados da prática de crimes hediondos e equiparados, razão pela qual a
decretação da prisão preventiva sempre deve ser fundamentada na presença dos requisitos do art. 312 do
Código de Processo Penal – CPP (RHC 111.686/AL, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 11/06/2019, DJe 28/06/2019)

REGIME INICIAL FECHADO

Art. 2º, § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
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No HC 111840, o Pleno do STF declarou a inconstitucionalidade na imposição automática de regime inicial
fechado, pois se desrespeitam as garantias da individualização da pena e da fundamentação das decisões
judiciais:

DECISÃO ACERCA DO RECURSO EM LIBERDADE

Art. 2º, § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar
em liberdade.

Art. 387, § 1o , CPP: O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a
imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação
que vier a ser interposta.

ANTES DA LEI 13964/2019

Art. 2º, § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á
após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)

Súmula 471/STJ

Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007
sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de
regime prisional.

Informativo nº 0563 do STJ - Sexta Turma

A progressão de regime para os condenados por crime hediondo dar-se-á, se o sentenciado for reincidente,
após o cumprimento de 3/5 da pena, ainda que a reincidência NÃO SEJA ESPECÍFICA em crime hediondo ou
equiparado. Isso porque, conforme o entendimento adotado pelo STJ, a Lei dos Crimes Hediondos não faz
distinção entre a reincidência comum e a específica.

HC 301.481-SP, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 2/6/2015, DJe
11/6/2015.

AGORA É ASSIM:

LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:

V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário; 2/5

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 1/2

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a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
o livramento condicional;

VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado; 3/5

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.

PRISÃO TEMPORÁRIA (30 dias)

ART. 2º, § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.

(Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)

Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de


penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em
risco a ordem ou incolumidade pública.

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E CRIME HEDIONDO

Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de
crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.

DELAÇÃO PREMIADA:

Parágrafo único.

O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu


desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.

CAUSA DE AUMENTO DE PENA (MAJORANTE)

Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e
seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua
combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, SÃO ACRESCIDAS DE METADE,
respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses
referidas no art. 224 também do Código Penal.

INFORMATIVO Nº 692/STF

Art. 224 do CP e latrocínio

Asseverou-se que este preceito — diante da revogação do art. 224 do CP pela Lei 12.015/2009 — TERIA
PERDIDO A EFICÁCIA, devendo, portanto, a adição ser extirpada da reprimenda imposta, por força do
princípio da novatio legis in mellius (CP, art. 2º, parágrafo único).

HC 111246/AC, rel. Min. Dias Toffoli, 11.12.2012.

6
SURSIS

Esta Corte Superior de Justiça se posicionou no sentido da possibilidade de conceder a suspensão


condicional da pena a condenado por crime hediondo, desde que preenchidos os requisitos do art. 77, § 2º,
do Código Penal.

Declarada, pelo Supremo Tribunal Federal, a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 2º da Lei n. 8.072/90,


não é mais obrigatório o cumprimento da pena em regime fechado, seja integral, seja inicialmente, aos
condenados pela prática de crimes hediondos. Por consequência, o sursis passou a ser aplicável, por falta
de vedação expressa na lei especial.

(REsp 1320387/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/02/2016, DJe 09/03/2016)

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, TRÁFICO DE PESSOAS e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)

LEP, ARTIGO 112,

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:

a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL;

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.

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