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1.

CRIMES HEDIONDOS

❑ Para que o crime seja


considerado como Hediondo, é
necessário que esteja previsto no rol da
lei de crimes hediondos. Com isso,
podemos considerar algumas
classificações:

⮚ SISTEMA LEGAL: ADOTADO!!! Considero hediondos aqueles crimes


previstos no rol da Lei 8.072/95.
⮚ SISTEMA JUDICIAL: O juiz considera ou não a hediondez de acordo
com o caso.
⮚ SISTEMA MISTO: Parte do rol é legal e a outra parte não.

A Constituição Federal menciona características dos crimes hediondos


quando estabelece que:

Art. 5º (...)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
se omitirem.

Os crimes de TORTURA, TERRORISMO e TRÁFICO não são considerados


crimes hediondos, mas sim equiparados a eles. Além disso, cabe destacar o
mencionado no artigo 2º da lei de crimes hediondos, estabelecendo a
impossibilidade de concessão de graça, anistia, indulto e fiança a tais
crimes.

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.

2
INSUSCETÍVEIS DE
GRAÇA/ANISTIA/ INAFIANÇÁVEIS IMPRESCRITÍVEIS
INDULTO
✔ TRÁFICO ✔ TRÁFICO ✔ RACISMO
✔ TORTURA ✔ TORTURA ✔ AÇÃO DE GRUPOS
✔ TERRORISMO ✔ TERRORISMO ARMADOS CIVIS E MILITARES
✔ HEDIONDOS ✔ HEDIONDOS CONTRA A ORDEM
CONSTITUCIONAL E O ESTADO
✔ RACISMO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
✔ AÇÃO DE GRUPOS ARMADOS
CIVIS E MILITARES CONTRA A
ORDEM CONSTITUCIONAL E O
ESTADO DEMOCRÁTICO
DE DIREITO

BIZU: 3TH e RAÇÃO

2. EXERCÍCIOS

01 - Relativamente à Lei nº 8.072/1990, que dispõe sobre os crimes


hediondos, e a Lei nº 7.210/1984, que institui a Lei de Execução Penal,
assinale a alternativa INCORRETA.
A. A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima,
destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta
periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a
ordem ou incolumidade pública.
B. A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será
sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do
defensor, procedimento que também será adotado na concessão de
livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os
prazos previstos nas normas vigentes.
C. A prisão temporária, nos crimes previstos como Hediondos, terá o
prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
D. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou
semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair,
concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso,
mediante escolta, com a duração necessária à finalidade da saída.
E. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de fiança e
liberdade provisória.

3
02 - Os crimes hediondos são insuscetíveis de graça, anistia e indulto.

CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - O ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema legal para fins


de classificação das infrações penais como crimes hediondos, de modo
que incumbe ao legislador enunciar, de forma exaustiva, os crimes que
devem ser considerados hediondos.

CERTO ( ) ERRADO ( )

3. GABARITO

01 - E
02 – C
03 – C

4
1. CRIMES HEDIONDOS
O rol taxativo da lei de crimes hediondos estabelece, como tendo essa
classificação, os crimes:

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos


tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); (Redação dada
pela Lei nº 14.344, de 2022)
I - A - lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição;
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º,


inciso V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso
I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art.
157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, §
3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência


de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019);
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e
§§ lo, 2o e 3o);
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
VII A – (VETADO)
VII B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o- A e §
1o- B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).

2
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º
e 2º).
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redação dada


pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de


outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido,
previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de
crime hediondo ou equiparado.

Podemos destacar que, por mais cruel que o crime possa ser, sua
classificação como hediondo não depende dessa conclusão pela
autoridade judicial, se não estiver previsto no rol de crimes hediondos,
assim não poderá ser nomeado.

2. EXERCÍCIOS

01 - É considerado um crime hediondo:


A. Associação ao tráfico de drogas.
B. Epidemia com resultado lesão grave ou morte.
C. Furto qualificado pelo emprego de explosivo.
D. Infanticídio.
E. Porte de artefato explosivo.

02 - Entre outros delitos, podem ser apontados como crimes


hediondos o estupro de vulnerável, o roubo qualificado pelo resultado
lesão corporal grave ou morte e o contrabando.
CERTO ( ) ERRADO ( )

3
03 - O reconhecimento da causa especial de diminuição de pena,
quando coexistir com o homicídio qualificado, afastará o caráter
hediondo do delito.

CERTO ( ) ERRADO ( )

2. GABARITO
01 – C
02 – E
03 – C

4
CRIMES HEDIONDOS

1. CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS

REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA


Art. 2º (...)
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente
em regime fechado.

Este parágrafo foi considerado INCONSTITUCIONAL pelo STF em controle


difuso no julgamento do HC 111840, pois “fere” o princípio da
individualização da pena.

OBS: A inconstitucionalidade ainda é prevista na súmula vinculante 26.

SÚMULA VINCULANTE 26: Para efeito de progressão de regime no


cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal
fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

2. PRISÃO TEMPORÁRIA
Art. 2º (...)
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.

A regra é que a prisão temporária tenha um prazo de 5 dias,


prorrogáveis por igual período, em caso de extrema e comprovada
necessidade. Já na ocorrência de crimes hediondo, o prazo será de 30 dias,
prorrogáveis por igual período, em caso de extrema e comprovada
necessidade.

2
3. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do
Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento,
terá a pena reduzida de um a dois terços.
Quando a associação criminosa se destina à prática de crimes
hediondos ou equiparados, a pena do agente muda. Enquanto no CP, a
pena é de reclusão de 1 a 3 anos, aqui, será de reclusão de 3 a 6 anos.

DELAÇÃO PREMIADA: O participante e o associado que denunciar à


autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento,
terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3.

4. EXERCÍCIOS

01 - Considerando as disposições penais e processuais penais


estabelecidas na Lei n.º 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos) e a
jurisprudência dos tribunais superiores acerca da matéria, assinale a
opção correta.
A. Os crimes hediondos e equiparados estão listados na Constituição
Federal, não dispondo o legislador ordinário de liberdade para ampliar tal
rol.
B. O prazo de prisão temporária para os crimes hediondos e
equiparados é de 30 dias, não sendo admitida prorrogação, porque ele já é
ampliado em relação ao regramento da Lei n.º 7.960/1989.
C. Se associação criminosa destinada à prática de crimes hediondos for
desmantelada em razão de informações fornecidas por participante ou
associado do grupo criminoso, este receberá perdão judicial.
D. O rol de crimes hediondos inclui o roubo qualificado por lesão
corporal grave, porém não abrange o homicídio simples, salvo se praticado
em atividade típica de grupo de extermínio.
E. Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça, indulto,
liberdade provisória e fiança.

02 - Segundo entendimento do STF, é inconstitucional a fixação de


regime inicial fechado com base unicamente na hediondez do delito.

3
CERTO ( ) ERRADO ( )

03 Margarida foi indiciada pela prática de crime hediondo. Ao


comparecer à delegacia de polícia, ela apresentou a certidão de
nascimento, alegando ter apenas esse documento. Durante a oitiva,
espontaneamente confessou a autoria do fato. Com fundamento na
confissão, o delegado determinou algumas diligências.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item
seguinte.
Por se tratar de crime hediondo, justifica-se a imediata decretação da
prisão cautelar de Margarida.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO
01 - D
02 - C
03 - E

4
SUMÁRIO

1. TORTURA 3
2. TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO (TICKING BOMB SCENARIO) 3
3. ESPÉCIES DE CRIME 4
4. EXERCÍCIOS 6
5. GABARITO 6

2
TORTURA – LEI 9.455/97

1. TORTURA
TORTURA - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando- lhe sofrimento físico ou mental – Art. 1º, I.

O bem jurídico protegido pela lei é a dignidade da pessoa humana,


relacionada diretamente à integridade física e psíquica.

➤ COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO: Via de regra, a competência será


da JUSTIÇA ESTADUAL, porém, quando existir violação a algum bem da
União, a competência será da JUSTIÇA FEDERAL.
ATENÇÃO!!! Tortura praticada por Militar, no exercício de sua função –
Competência da JUSTIÇA MILITAR.

➤ PRESCRITIBILIDADE – O crime de tortura é PRESCRITÍVEL, ou seja,


aplicam-se os prazos prescricionais estabelecidos no Código Penal.

ATENÇÃO!!! a ação de reparação por danos morais no âmbito civil,


ajuizadas em decorrência de atos de tortura cometidos durante o
Regime Militar é IMPRESCRITÍVEL. (2ª Turma STJ-2013; 1ª Turma
STJ-Agente-REsp 1.524.498-PE, DJE 20/02/2019).

Só será equiparado a crime hediondo os crimes de tortura praticados na


modalidade comissiva, ou seja, a tortura por omissão não recebe essa
classificação.

2. TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO (TICKING


BOMB SCENARIO)
Tendo em vista não existir nenhum direito tido como absoluto, a Teoria do
cenário das bomba-relógio aparece num contexto de atos terroristas.
Teoria Norte Americana estabelece uma relativização da vedação da
tortura, podendo esta ser usada em situações excepcionais e em casos
extremos, como por exemplo na hipótese de uma bomba ser implantada
por um terrorista, e para localizá-la, agentes de segurança podem
submeter o terrorista à tortura, caso se negue a falar a localização da
bomba, não configurando qualquer crime.

3
➤ AÇÃO PENAL: Pública Incondicionada.
SUJEITO ATIVO X SUJEITO PASSIVO
☛ SUJEITO ATIVO: Crime Comum – pode ser cometido por qualquer
pessoa – exceção - art. 1°, II (tortura castigo) e §2° (tortura omissão), onde a
lei exige uma característica comum do sujeito ativo.
☛ SUJEITO PASSIVO: Crime Comum – pode ser cometido por qualquer
pessoa.

CUIDADO: Qualquer pessoa poderá cometer o crime de Tortura, inclusive o agente


público, quando cometido por ele (agente público) haverá aumento de pena – art. 1º, §4º, I.

3. ESPÉCIES DE CRIME

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;


b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com


emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos

⇝ T. PROVA/PERSECUTÓRIA: com o fim de obter informação, declaração


ou confissão da vítima ou de terceira pessoa – Art. 1º, I, “a”.
⇝ T. CRIME: para provocar ação ou omissão de natureza criminosa – Art. 1º,
I, “b”.
⇝ T. DISCRIMINATÓRIA: em razão de discriminação racial ou religiosa –
Art. 1º, I, “c”.

4
ATENÇÃO!!! Trata-se de crime formal e que admite tentativa.

Além das modalidades estabelecidas no inciso I, é importante destacar


aquela contida no inciso II denominada TORTURA CASTIGO.

⇝ T. CASTIGO: submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,


com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.

TORTURA CASTIGO – Art. 1º, II MAUS TRATOS - Art. 136 CP

Submeter alguém, sob sua guarda, poder Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
ou autoridade, com emprego de violência sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
ou grave ameaça, a intenso sofrimento para fim de educação, ensino, tratamento ou
físico ou mental, como forma de aplicar custódia, quer privando-a de alimentação ou
castigo pessoal ou medida de caráter cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
preventivo. trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou
disciplina.

No crime de maus tratos, a conduta do agente é “mais leve”, existe


um excesso nos meios de correção, mas a vítima não é submetida a um
intenso sofrimento como previsto no crime de tortura castigo.
Como exceção a regra, essa modalidade de Tortura é classificada como
CRIME PÓPRIO, ou seja, exige uma qualidade específica do sujeito ativo,
que é deter a guarda, poder ou autoridade em relação à vítima, da
mesma forma, somente poderá ser sujeito passivo (vítima), aquele que está
submetido à guarda, poder ou autoridade do torturador.

ATENÇÃO! Com base no que acabamos de observar, parte da doutrina considera a tortura castigo como sendo
um crime bipróprio, já que exige características específicas tanto do sujeito ativo, como do sujeito passivo.

Nesse caso, diferente do inciso I que trata de crime formal (não


necessitando do resultado naturalístico para a consumação), aqui, o delito
é material, ou seja, se consuma quando a vítima é submetida, mediante
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental.

Art. 1º, I Art. 1º, II


● CRIME COMUM ● CRIME PRÓPRIO
● CRIME DOLOSO ● CRIME DOLOSO
● CRIME FORMAL ● CRIME MATERIAL

5
4. EXERCÍCIOS

01 - Assinale a opção correta em relação ao sujeito ativo dos crimes


de tortura, com base na Lei n.º 9.455/1997.
A. Qualquer indivíduo pode ser sujeito ativo dos crimes de tortura, já
que todos eles são comuns.
B. Todos os crimes de tortura são próprios, por isso só agentes públicos
serão considerados sujeitos ativos desses delitos.
C. O crime de tortura-prova é próprio, só podendo ser configurado se
praticado por funcionário público no exercício do cargo.
D. A tortura-omissão é crime comum, razão por que é irrelevante a
função pública do agente.
E. O crime de tortura-castigo é próprio, devendo o agente exercer
guarda, poder ou autoridade sobre a vítima.

02 – Assinale a opção correta em relação às disposições


estabelecidas na Lei n.° 9.455/1997.
A. A configuração do crime de tortura exige a prática de violência.
B. Para a caracterização do delito de tortura, é necessário que a conduta
criminosa se destine a atingir um fim específico, como a obtenção de
informação, declaração ou confissão sobre determinado fato.
C. O agente que se omite em face das condutas previstas nessa lei
quando tinha o dever de apurá-las incorre nas mesmas penas previstas
para os crimes nela descritos.
D. A perda do cargo público não é efeito automático da sentença que
condena o servidor público pela prática do crime de tortura.
E. Não se exige que o sujeito ativo da tortura seja agente público para a
caracterização dessa infração penal.

03 - Praticam o crime de tortura policiais rodoviários federais que,


dentro de um posto policial, submetem o autor de crime a sofrimento
físico, independentemente de sua intensidade.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO
01 – E
02 – E
03 – E

6
SUMÁRIO

1. TORTURA 3
2. TORTURA OMISSIVA 3
3. QUALIFICADORAS E CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 4
4. EFEITOS DA CONDENAÇÃO 4
5. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA 4
6. EXTRATERRITORIALIDADE 5
7. EXERCÍCIOS 5
8. GABARITO 6

2
TORTURA – LEI 9.455/97

1. TORTURA

➤ CONDUTA EQUIPARADA
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Aqui, diferente dos incisos I e II, o dolo é genérico, ou seja, não é


exigida qualquer finalidade específica.

# CUIDADO!
Para que haja a incidência no §1º, é necessário que a pessoa tenha sido presa
legalmente, se a prisão for ilegal, não haverá este crime, podendo incidir as
tipificações contidas na LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE, sem prejuízo
de outras estabelecidas em lei.

✔ SUJEITO ATIVO: Crime Comum, pode ser praticado por qualquer


pessoa.
✔ SUJEITO PASSIVO: Crime Próprio: somente aquele que está PRESO
(definitivo ou provisório) ou submetido a MEDIDA DE SEGURANÇA
(internação e tratamento ambulatorial).
Temos um CRIME MATERIAL, se consumado no momento em que pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a sofrimento físico
ou mental.

2. TORTURA OMISSIVA
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever
de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro
anos.

3
ATENÇÃO!!! Única hipótese estabelecida na lei punida com DETENÇÃO.

Aqui o dolo do agente também é genérico e NÃO SE TRATA DE CRIME


HEDIONDO.

✔ SUJEITO ATIVO: Crime Próprio – só poderá ser cometido por quem


tem o dever legal de evitar ou apurar o crime.
✔ SUJEITO PASSIVO: Crime Comum – qualquer pessoa poderá ser
vítima.

CUIDADO!!! Como se trata de um crime omissivo – A TENTATIVA NÃO É POSSÍVEL.

3. QUALIFICADORAS E CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é


de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.

4. EFEITOS DA CONDENAÇÃO

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego


público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Efeitos da condenação em crimes de Tortura são AUTOMÁTICOS.

5. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,


iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
O Plenário do STF já se manifestou, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe
17.12.2013), afastando a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os
condenados por crimes hediondos e equiparados.

4
Nestes termos, por ser equiparado a crime hediondo, como
estabelecido no art. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, essa interpretação
também deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o caso de se
desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui
a mesma disposição da norma tida como INCONSTITUCIONAL.

CUIDADO!!! A CEBRASPE, em 2021, decidiu pelo entendimento


minoritário considerando como correra a questão tratando do regime
fechado como inicial ao cumprimento de pena pelo crime de tortura,
usando como parâmetro os exatos termos da lei.

6. EXTRATERRITORIALIDADE
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha
sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Extraterritorialidade - consiste na possibilidade da aplicação da lei


brasileira aos crimes praticados fora do Brasil. Observe que existe a
possibilidade referente a tortura.

ATENÇÃO! Questão cobrada pela banca CEBRASPE foi ainda mais


detalhista cobrando que essa hipótese se encaixa em
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA.

7. EXERCÍCIOS

01 - Sobre a Lei nº 9.455/1997 – Crimes de Tortura, é correto afirmar


que:
A. o crime de tortura admite a forma culposa.
B. somente o agente público pode ser autor de crime de tortura.
C. o condenado por crime previsto nessa Lei cumprirá a pena
integralmente em regime fechado.
D. o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
E. a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena
aplicada.

5
02 - José, após longa apuração, foi acusado pelo Ministério Público
da prática do crime de tortura no exercício de suas funções públicas.
Considerando a robustez das provas existentes, consultou o seu
advogado a respeito das consequências de eventual condenação
criminal, mais especificamente em relação à sua situação funcional,
pois ocupava cargo de provimento efetivo no âmbito do Poder
Executivo do Estado Alfa.
O advogado respondeu corretamente que, ante os termos da Lei nº
9.455/1997, José:
A. deve perder o cargo de provimento efetivo e não mais poderá
ingressar no serviço público, mesmo após o período de cinco anos de
reabilitação penal.
B. ficará suspenso do cargo de provimento efetivo durante o período de
cumprimento da pena, não tendo direito à remuneração correspondente.
C. deve perder o cargo de provimento efetivo, mas não há óbice a que
reingresse no serviço público, a qualquer tempo, caso preencha os
requisitos exigidos.
D. deve perder o cargo de provimento efetivo, e sofrerá a interdição para
o exercício de cargo, função ou emprego público pelo dobro do prazo da
pena aplicada.
E. terá a sua situação funcional apreciada pela autoridade
administrativa competente, que somente não aplicará a sanção de perda
do cargo se houver bons antecedentes.

03 - A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo


sobre crimes que tenham sido cometidos fora do território nacional,
estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

CERTO ( ) ERRADO ( )

8. GABARITO
01 – D
02 – D
03 – C

6
SUMÁRIO

1. DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEP 3


2. DA CLASSIFICAÇÃO 3
3. OBRIGATORIEDADE DE EXTRAÇÃO DE DNA 4
4. EXERCÍCIOS 6
5. GABARITO 7

2
LEI DE EXECUÇÃO PENAL - LEI 7.210/84

1. DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEP


Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.
Em regra, temos a aplicação da Justiça Comum Estadual ao processo de
execução, ressalvado os casos de pena cumprida em estabelecimentos
federais de segurança máxima.
A aplicação do CPP será sempre subsidiária na fase de execução, com isso,
quando houver conflito entre a LEP e o CPP, prevalecerá a LEP, pelo
princípio da especialidade.
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em
todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na
conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao ‘preso provisório e
ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

2. DA CLASSIFICAÇÃO

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes


e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.
Este critério reforça o estabelecido na constituição federal referente a
individualização da pena.
A classificação do condenado será feita por Comissão Técnica de
Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa
de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.
A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento,
será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de
serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social,
quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

3
Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será
integrada por fiscais do serviço social.

Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave
contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a liberdade
sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido,
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração
de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por
ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de
dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder
Executivo.
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de
proteção de dados genéticos, observando as melhores práticas da
genética forense.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz
competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados
de identificação de perfil genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus
dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os
documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que
possa ser contraditado pela defesa.
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não
tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do
ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao
procedimento durante o cumprimento da pena.
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e
exclusivo fim de permitir a identificação pelo perfil genético, não estando
autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca familiar.
§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amostra biológica recolhida
nos termos do caput deste artigo deverá ser correta e imediatamente
descartada, de maneira a impedir a sua utilização para qualquer outro
fim.
§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo
serão realizadas por perito oficial.
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil genético.

3. OBRIGATORIEDADE DE EXTRAÇÃO DE DNA


◙ CONDENADO POR CRIME DOLOSO PRATICADO COM VIOLÊNCIA GRAVE CONTRA A PESSOA;+
◙ POR CRIME CONTRA A VIDA;
4
◙ CONTRA A LIBERDADE SEXUAL;
◙ POR CRIME SEXUAL CONTRA VULNERÁVEL.

O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver
sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso
no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento
durante o cumprimento da pena.

ATENÇÃO!!! Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de


identificação do perfil genético.

➢ O TRABALHO
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de
dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções
relativas à segurança e à higiene.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das
Leis do Trabalho.

Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela,


não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.
§ 1° O produto da remuneração pelo +trabalho deverá atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que
determinados judicialmente e não reparados por outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a
manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo
da destinação prevista nas letras anteriores.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte
restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que
será entregue ao condenado quando posto em liberdade.
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade
não serão remuneradas.

5
OBS:

◈ PRESO CONDENADO Trabalho obrigatório

◈ PRESO PROVISÓRIO Trabalho opcional

ATENÇÃO!!! O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela,


não podendo ser inferior a ¾ do salário mínimo. A prestação de serviço à
comunidade não será remunerada.

4. EXERCÍCIOS

01 - Nos casos legais de submissão do condenado à identificação do


seu perfil genético, é correto afirmar que essa identificação
A. será armazenada em banco de dados sigiloso.
B. será realizada mediante extração de tecido muscular.
C. é condicionada à autorização do condenado.
D. é obrigatória para os condenados por crimes contra o patrimônio.
E. deve ser realizada na presença da autoridade judicial.

02 - Com fundamento na Lei de Execuções Penais, não será


submetido à identificação do perfil genético, mediante extração de
DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por
ocasião do ingresso no estabelecimento prisional, o condenado por
crime doloso praticado:
A. Contra a vida.
B. Contra o patrimônio.
C. Com violência grave contra a pessoa.
D. Contra a liberdade sexual.
E. Por crime sexual contra vulnerável.

6
03 - As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade
não serão remuneradas.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO
01 – A
02 – B
03 – C

7
SUMÁRIO

1. DO TRABALHO 3
2. DO TRABALHO EXTERNO 3
3. DA DISCIPLINA 4
4. EXERCÍCIOS 6
5. GABARITO 6

2
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

1. DO TRABALHO
◇ DO TRABALHO INTERNO
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao
trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só
poderá ser executado no interior do estabelecimento.
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a
habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem
como as oportunidades oferecidas pelo mercado.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem
expressão econômica, salvo nas regiões de turismo.
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação
adequada à sua idade.
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades
apropriadas ao seu estado.
O trabalho do preso constitui um mecanismo que auxilia na sua retomada
em sociedade, oferecendo novas chances para não reingressar no crime,
com isso, deve ser analisado com base nas necessidades da região, se o
indivíduo vive em um lugar em que o artesanato não tem expressão
econômica, este deverá ser limitado.
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem
superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos
presos designados para os serviços de conservação e manutenção do
estabelecimento penal.
Observe que, por não estarem submetidos às regras da CLT, a jornada de
trabalho do preso é diferente, não devendo, em regra, ser inferior a 6 nem
superior a 8 horas.

2. DO TRABALHO EXTERNO
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime
fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da
Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que
tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do
total de empregados na obra.

3
2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa
empreiteira a remuneração desse trabalho.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do
consentimento expresso do preso.
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do
estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade,
além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao
preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta
grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos
neste artigo.

ATENÇÃO!!! A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção


do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade,
além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.

A revogação do benefício pelo cometimento de novo crime não exige


processo nem condenação.

3. DA DISCIPLINA
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência
às determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do
trabalho.

4
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa
de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior
previsão legal ou regulamentar.

§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e


moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.

Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou


da prisão, será cientificado das normas disciplinares.
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade,
será exercido pela autoridade administrativa conforme as disposições
regulamentares.
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar
será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o
condenado.
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da
execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º
desta Lei.

ESTÃO SUJEITOS À DISCIPLINA:

● O CONDENADO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE;


● O CONDENADO À PENA RESTRITIVA DE DIREITOS;
● PRESO PROVISÓRIO.

Quanto à imposição de sanções disciplinares, não há necessidade de


comunicação ao juiz da execução, salvo nos casos de cometimento de
FALTA GRAVE.

5
4. EXERCÍCIOS

01 – Sobre o trabalho interno do preso, é correto afirmar que:


A. Os doentes ou deficientes físicos não podem exercer atividade laboral
por expressa disposição legal.
B. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior
a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.
C. Não há na Lei de Execução Penal previsão sobre trabalho do preso
provisório.
D. Na atribuição do trabalho não deverão ser levadas em conta as
oportunidades oferecidas pelo mercado.
E. O trabalho não deverá ter como objetivo a formação profissional do
condenado, mas tão somente a sua recuperação.

02 - Em relação ao trabalho externo, assim dispõe a Lei nº 7.210/1984


(Lei de Execução Penal):
A. Trabalho externo é inadmissível para os presos em regime fechado
B. A prestação de trabalho à entidade privada independe do
consentimento do preso
C. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do
estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade,
além do cumprimento mínimo de 1/2 (metade) da pena
D. É vedado o trabalho de presos em obras públicas
E. Deverá ser revogada a autorização de trabalho externo ao preso que
vier a praticar fato definido como crime ou for punido por falta grave.

03 - A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do


estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade,
além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO
01 – B
02 – E
03 – C

6
LEP III

1. DAS FALTAS DISCIPLINARES

As faltas disciplinares classificam-se em - Art. 49:

● LEVES
● MÉDIAS
● GRAVES

A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas


sanções.

ATENÇÃO!!! Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta


consumada.

FALTA GRAVE
CONDENADO À PENA PRIVATIVA DE CONDENADO À PENA RESTRITIVA
LIBERDADE DE DIREITOS
● incitar ou participar de movimento ● descumprir, injustificadamente, a
para subverter a ordem ou a disciplina; restrição imposta;
● fugir; ● retardar, injustificadamente, o
● possuir, indevidamente, instrumento cumprimento da obrigação imposta;
capaz de ofender a integridade física de ● inobservar os deveres previstos nos
outrem; incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
● provocar acidente de trabalho;
● descumprir, no regime aberto, as
condições impostas;
● inobservar os deveres previstos nos
incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
● tiver em sua posse, utilizar ou
fornecer aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.
● recusar submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil
genético.

APLICA-SE, NO QUE COUBER, AO PRESO


PROVISÓRIO

RDD

2
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o
preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da


sanção por nova falta grave de mesma espécie; (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)

II - recolhimento em cela individual; (Redação dada pela Lei nº 13.964,


de 2019)

III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em


instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de
objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)

IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de
sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com
presos do mesmo grupo criminoso; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)

V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em


instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de
objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; (Incluído pela Lei nº


13.964, de 2019)

VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por


videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo
ambiente do preso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos


provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do


estabelecimento penal ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

3
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
participação, a qualquer título, em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta
grave. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização


criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento

prisional federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)


§4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar
diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1
(um) ano, existindo indícios de que o preso: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do


estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa


ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a função
desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do
grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do
tratamento penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar


diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa,
principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do
preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, ou de grupos rivais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em
sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o


preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado,
com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.

4
2. EXERCÍCIOS

01 - Segundo a Lei de Execução Penal, as faltas disciplinares:

A. leves e médias são especificadas por lei federal.


B. graves só podem ser cometidas pelo condenado à pena privativa de
liberdade.
C. apenas são punidas na forma consumada.
D. que também correspondam a prática de crime doloso sujeitam o preso
a sanção disciplinar, excluída a sanção penal.
E. também sujeitam o preso provisório à sanção disciplinar.

02 - O regime disciplinar diferenciado destina-se somente ao


condenado que praticar fato previsto como crime doloso que constitua
falta grave e que ocasione subversão da ordem ou da disciplina
interna, sendo vedada a aplicação desse regime aos presos provisórios.
CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - A tentativa de fuga do estabelecimento prisional é classificada


como falta disciplinar grave, punida com a sanção correspondente à
falta consumada.
CERTO ( ) ERRADO ( )

3. GABARITO

01 – E
02 – E
03 – C

5
1
LEP IV

1. SANÇÕES DISCIPLINARES E RECOMPENSAS

Constituem sanções disciplinares - Art. 53:

● ADVERTÊNCIA VERBAL;
● REPREENSÃO;
● SUSPENSÃO OU RESTRIÇÃO DE DIREITOS (ARTIGO 41, PARÁGRAFO
ÚNICO);
● ISOLAMENTO NA PRÓPRIA CELA, OU EM LOCAL ADEQUADO, NOS
ESTABELECIMENTOS QUE POSSUAM ALOJAMENTO COLETIVO,
OBSERVADO O DISPOSTO NO ARTIGO 88 DESTA LEI.
● INCLUSÃO NO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO.

São recompensas - Art. 56:

● O ELOGIO;
● A CONCESSÃO DE REGALIAS.

A legislação local e os regulamentos estabelecerão a natureza e a forma de


concessão de regalias.

FALTAS GRAVES: para as faltas graves, pode-se aplicar SUSPENSÃO OU


RESTRIÇÃO DE DIREITOS; ISOLAMENTO NA PRÓPRIA CELA OU EM LOCAL
ADEQUADO; RDD.

PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento


preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no
regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da
averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente.

O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar


diferenciado será computado no período de cumprimento da sanção
disciplinar.

ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO PENAL

São órgãos da execução penal - Art. 61:

● O CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA;

2
● O JUÍZO DA EXECUÇÃO;
● O MINISTÉRIO PÚBLICO;
● O CONSELHO PENITENCIÁRIO;
● OS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS;
● O PATRONATO;
● O CONSELHO DA COMUNIDADE.
● A DEFENSORIA PÚBLICA.

DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS

Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao


submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão
recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal.
§ 2º O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de
destinação diversa desde que devidamente isolados.

ATENÇÃO!!! O preso provisório ficará separado do condenado por sentença


transitada em julgado - Art. 84.

⮚ PENITENCIÁRIAS: destina-se ao condenado à pena de reclusão, em


REGIME FECHADO.
⮚ COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR: destina-se ao
cumprimento da pena em REGIME SEMIABERTO.
⮚ CASA DO ALBERGADO: destina-se ao cumprimento de pena privativa
de liberdade, em REGIME ABERTO, e da PENA DE LIMITAÇÃO DE FIM
DE SEMANA.
⮚ CADEIAS PÚBLICAS: destina-se ao recolhimento de PRESOS
PROVISÓRIOS.

DOS REGIMES

Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado


iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o
disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.

Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo


processo ou em processos distintos, a determinação do regime de
cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas,
observada, quando for o caso, a detração ou remição.

Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução,


somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para
determinação do regime.

3
A pena privativa de liberdade será executada de forma PROGRESSIVA,
havendo a transferência para o regime menos rigoroso, determinado pelo
juiz, quando o agente cumprir uma porcentagem determinada do tempo
imposto na sentença.

CUIDADO!!! É vedada a progressão per saltum.

2. EXERCÍCIOS

01 - As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido


em favor do condenado, de sua colaboração com a disciplina e de sua
dedicação ao trabalho. É(são) recompensa(s):

A. o recolhimento em cela individual ou abrigo.


B. a inclusão no regime disciplinar diferenciado e multidisciplinar.
C. o elogio e a concessão de regalias.
D. As visitas semanais de duas pessoas além de crianças.
E. o direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.

02 - Segundo a Lei de Execução Penal, são órgãos da execução penal:

A. O Conselho da Comunidade e a direção do estabele- cimento prisional.


B. A Defensoria Pública e o Patronato, mas não o Ministério Público.
C. o Juízo da Execução Penal e o Conselho Penitenciário.
D. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, mas não o
Patronato.
E. a direção do estabelecimento prisional e os Departamentos
Penitenciários, mas não a Defensoria Pública.

03 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo


processo ou em processos distintos, a determinação do regime de
cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das
penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.

CERTO ( ) ERRADO ( )

4
3. GABARITO

01 – C
02 – C
03 – C

5
LEP V

1. DOS REGIMES

A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a


transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos - Art. 112:

⮚ 16% DA PENA - SE O APENADO FOR PRIMÁRIO E O CRIME TIVER


SIDO COMETIDO SEM VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA;
⮚ 20% DA PENA, SE O APENADO FOR REINCIDENTE EM CRIME
COMETIDO SEM VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA;
⮚ 25% DA PENA, SE O APENADO FOR PRIMÁRIO E O CRIME TIVER
SIDO COMETIDO COM VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA;
⮚ 30% DA PENA, SE O APENADO FOR REINCIDENTE EM CRIME
COMETIDO COM VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA;
⮚ 40% DA PENA, SE O APENADO FOR CONDENADO PELA PRÁTICA DE
CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO, SE FOR PRIMÁRIO;
⮚ 50% DA PENA, SE O APENADO FOR:

● CONDENADO PELA PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU


EQUIPARADO, COM RESULTADO MORTE, SE FOR PRIMÁRIO,
VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL;
● CONDENADO POR EXERCER O COMANDO, INDIVIDUAL OU
COLETIVO, DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ESTRUTURADA PARA A
PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO; OU
● CONDENADO PELA PRÁTICA DO CRIME DE CONSTITUIÇÃO DE
MILÍCIA PRIVADA;

⮚ 60% DA PENA, SE O APENADO FOR REINCIDENTE NA PRÁTICA DE


CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO;
⮚ 70% DA PENA, SE O APENADO FOR REINCIDENTE EM CRIME
HEDIONDO OU EQUIPARADO COM RESULTADO MORTE, VEDADO O
LIVRAMENTO CONDICIONAL.

Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se


ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
O cometimento de FALTA GRAVE durante a execução da pena, interrompe
o prazo para a obtenção da progressão. O reinício da contagem terá como
base a pena remanescente.

2
PROGRESSÃO PARA MULHERES GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU
RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças


ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente - §3°:

▪ NÃO TER COMETIDO CRIME COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A


PESSOA;
▪ NÃO TER COMETIDO O CRIME CONTRA SEU FILHO OU
DEPENDENTE;
▪ TER CUMPRIDO AO MENOS 1/8 (UM OITAVO) DA PENA NO REGIME
ANTERIOR;
▪ SER PRIMÁRIA E TER BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO,
COMPROVADO PELO DIRETOR DO ESTABELECIMENTO;
▪ NÃO TER INTEGRADO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.

ATENÇÃO!!! O cometimento de NOVO CRIME DOLOSO ou FALTA GRAVE


implicará a revogação do benefício.

RECOLHIMENTO DO REGIME ABERTO EM RESIDÊNCIA PARTICULAR

Cuidado para não confundir com os casos de PRISÃO DOMICILIAR


estabelecida no Código de Processo Penal.
Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em
residência particular quando se tratar de - Art. 117:

● CONDENADO MAIOR DE 70 (SETENTA) ANOS;


● CONDENADO ACOMETIDO DE DOENÇA GRAVE;
● CONDENADA COM FILHO MENOR OU DEFICIENTE FÍSICO OU
MENTAL;
● CONDENADA GESTANTE.

SÚMULA 719 – STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo


do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.
SÚMULA 718, STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato
do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais
severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
SÚMULA 440, STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito.

3
SÚMULA 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto
aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais.

SÚMULA 717, STF: Não impede a progressão de regime de execução da


pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se
encontrar em prisão especial.
SÚMULA 534, STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do
prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se
reinicia a partir do cometimento dessa infração.

A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva,


com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o
condenado - Art. 118:

● PRATICAR FATO DEFINIDO COMO CRIME DOLOSO OU FALTA


GRAVE;
● SOFRER CONDENAÇÃO, POR CRIME ANTERIOR, CUJA PENA,
SOMADA AO RESTANTE DA PENA EM EXECUÇÃO, TORNE INCABÍVEL
O REGIME (ARTIGO 111).

2. EXERCÍCIOS

01 - Márcio foi denunciado e, durante toda a ação penal, permaneceu


preso cautelarmente, sendo ao final condenado a uma pena de 15 anos,
7 meses e 15 dias de reclusão em regime inicialmente fechado. A
sentença foi confirmada em todas as instâncias, tendo ocorrido o
trânsito em julgado da decisão. Márcio já havia iniciado a sua execução
de pena, mas permanecia com dúvidas em relação à progressão de
regime.
Seus familiares o procuram para esclarecer essas dúvidas,
oportunidade em que você deveria informar que o preso deverá ter
cumprido ao menos:
A. 15% (quinze por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime
tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.
B. 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for reincidente em
crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
C. 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela
prática do crime de constituição de milícia privada.

4
D. 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela
prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário.
E. 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na
prática de crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado
o livramento condicional.

02 - Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime


aberto em residência particular quando se tratar de, dentre outros, ao
condenado maior de 80 anos.

CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - O cometimento de FALTA GRAVE durante a execução da pena,


interrompe o prazo para a obtenção da progressão. O reinício da
contagem terá como base a pena remanescente.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5
3. GABARITO

01 – C
02 – E
03 – C

6
LEIS DE EXECUÇÕES PENAIS VI

1. DAS AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA

PERMISSÃO DE SAÍDA – ART. 120 SAÍDA TEMPORÁRIA – ART. 122


● CONDENADO (FECHADO OU ● CONDENADO (SEMIABERTO)
SEMIABERTO)
● PROVISÓRIO
DIRETOR DO ESTABELECIMENTO JUIZ DA EXECUÇÃO
COM ESCOLTA SEM VIGILÂNCIA
✔ Falecimento ou doença grave do ✔ Visita à família;
cônjuge/companheira, ✔ Frequência a curso supletivo
ascendente, descendente ou profissionalizante, bem como de
irmão; instrução do 2º grau ou superior, na
✔ Necessidade de tratamento Comarca do Juízo da Execução;
médico. ✔ Participação em atividades que
concorram para o retorno ao
ATENÇÃO!!! A permanência do convívio social.
preso fora do estabelecimento terá
a duração necessária à finalidade da
saída.

CUIDADO!!! A ausência de vigilância direta não impede a utilização de


equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim
determinar o juiz da execução. Não terá direito à saída temporária a que se
refere o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar
crime hediondo com resultado morte. - §§1° e 2°.
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e
dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for
primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete)
dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.

2. REMIÇÃO
Trata-se de um benefício concedido ao apenado para que possa reduzir a
sua pena privativa de liberdade.

2
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
de execução da pena.
§ 1° A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em
3 (três) dias;
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

§4° O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou


nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.

§ 7o. O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar


LIVRAMENTO CONDICIONAL
É um benefício que possibilita a redução do tempo do cárcere a partir de
uma concessão antecipada de liberdade do preso.
Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da
execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do
Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.

CP. Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado


a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente
em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
doloso
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d)aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;

3
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano
causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por
crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará
também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinquir.

O período em que o réu permanece em livramento condicional deve ser


considerado para o cálculo do tempo máximo de cumprimento de pena
previsto no CP.

3. MONITORAÇÃO ELETRÔNICA
Permite que o juiz realize uma fiscalização do condenado.
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração
eletrônica quando:
I - (VETADO);
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
III - (VETADO);
IV - determinar a prisão domiciliar;
O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o
equipamento eletrônico e dos seguintes deveres - Art. 146-C:
● RECEBER VISITAS DO SERVIDOR RESPONSÁVEL PELA MONITORAÇÃO
ELETRÔNICA, RESPONDER AOS SEUS CONTATOS E CUMPRIR SUAS
ORIENTAÇÕES;
● ABSTER-SE DE REMOVER, DE VIOLAR, DE MODIFICAR, DE DANIFICAR
DE QUALQUER FORMA O DISPOSITIVO DE MONITORAÇÃO
ELETRÔNICA OU DE PERMITIR QUE OUTREM O FAÇA;
A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá
acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e
a defesa:

▪ a regressão do regime;
▪ a revogação da autorização de saída temporária;
▪ a revogação da prisão domiciliar;
▪ advertência, por escrito
4
A monitoração eletrônica poderá ser revogada - Art. 146-D:

✔ Quando se tornar desnecessária ou inadequada;


✔ Se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito
durante a sua vigência ou cometer falta grave.

4. EXERCÍCIOS

01 - O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração


eletrônica quando conceder
A. indulto.
B. comutação.
C. livramento condicional.
D. prisão domiciliar.
E. progressão ao regime semiaberto.

02 - O período em que o réu permanece em livramento condicional


deve ser considerado para o cálculo do tempo máximo de
cumprimento de pena previsto no CP.

CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho


continuará a ser beneficiado com a remição da pena.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO
01 – D
02 – C
03 – C

5
Sumário

1. LEI DE DROGAS I 3
2. EXERCÍCIOS 7
3. GABARITO 8

2
1. LEI DE DROGAS I

Consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar


dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União.

NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA - as substâncias consideradas


como drogas estão previstas na portaria da Anvisa (Lei Complementada por
Portaria – Portaria nº. 344)

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e
define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente
pelo Poder Executivo da União.

➥ AUTORIZAÇÃO PARA O PLANTIO – FINS MEDICINAIS OU CIENTÍFICOS

Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o


plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais
ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.

Observe que a Lei criminaliza o plantio de drogas, mas determinadas condutas


podem ser relativizadas com AUTORIZAÇÃO DA UNIÃO e EXCLUSIVAMENTE
PARA FINS MEDICINAIS OU RELIGIOSOS.

➥ SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS

3
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar
as atividades relacionadas com:

I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e


dependentes de drogas;
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.

§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e


recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas,
ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de
Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e
Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde - SUS, e


com o Sistema Único de Assistência Social - SUAS. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

➥ PRINCÍPIOS DO SISNAD - ART. 4º:


▪ O RESPEITO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA,
ESPECIALMENTE QUANTO À SUA AUTONOMIA E À SUA LIBERDADE;
▪ O RESPEITO À DIVERSIDADE E ÀS ESPECIFICIDADES POPULACIONAIS
EXISTENTES;
▪ A PROMOÇÃO DOS VALORES ÉTICOS, CULTURAIS E DE CIDADANIA DO
POVO BRASILEIRO, RECONHECENDO-OS COMO FATORES DE PROTEÇÃO
PARA O USO INDEVIDO DE DROGAS E OUTROS COMPORTAMENTOS
CORRELACIONADOS;
▪ A PROMOÇÃO DE CONSENSOS NACIONAIS, DE AMPLA PARTICIPAÇÃO
SOCIAL, PARA O ESTABELECIMENTO DOS FUNDAMENTOS E ESTRATÉGIAS DO
SISNAD;
▪ A PROMOÇÃO DA RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA ENTRE
ESTADO E SOCIEDADE, RECONHECENDO A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO
SOCIAL NAS ATIVIDADES DO SISNAD;
▪ O RECONHECIMENTO DA INTERSETORIALIDADE DOS FATORES
CORRELACIONADOS COM O USO INDEVIDO DE DROGAS, COM A SUA
PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E O SEU TRÁFICO ILÍCITO;
▪ A INTEGRAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE
PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE
USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS E DE REPRESSÃO À SUA
PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO SEU TRÁFICO ILÍCITO;
▪ A ARTICULAÇÃO COM OS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DOS
PODERES LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO VISANDO À COOPERAÇÃO MÚTUA NAS
ATIVIDADES DO SISNAD;

4
▪ A ADOÇÃO DE ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR QUE RECONHEÇA A
INTERDEPENDÊNCIA E A NATUREZA COMPLEMENTAR DAS ATIVIDADES DE
PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE
USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS, REPRESSÃO DA PRODUÇÃO NÃO
AUTORIZADA E DO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS;
▪ A OBSERVÂNCIA DO EQUILÍBRIO ENTRE AS ATIVIDADES DE
PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE
USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS E DE REPRESSÃO À SUA
PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO SEU TRÁFICO ILÍCITO, VISANDO A
GARANTIR A ESTABILIDADE E O BEM-ESTAR SOCIAL;
▪ A OBSERVÂNCIA ÀS ORIENTAÇÕES E NORMAS EMANADAS DO
CONSELHO NACIONAL ANTIDROGAS - CONAD.

➥ OBJETIVOS DO SISNAD - ART. 5º:


▪ CONTRIBUIR PARA A INCLUSÃO SOCIAL DO CIDADÃO, VISANDO A
TORNÁ-LO MENOS VULNERÁVEL A ASSUMIR COMPORTAMENTOS DE RISCO
PARA O USO INDEVIDO DE DROGAS, SEU TRÁFICO ILÍCITO E OUTROS
COMPORTAMENTOS CORRELACIONADOS;
▪ PROMOVER A CONSTRUÇÃO E A SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
SOBRE DROGAS NO PAÍS;
▪ PROMOVER A INTEGRAÇÃO ENTRE AS POLÍTICAS DE PREVENÇÃO DO
USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
DEPENDENTES DE DROGAS E DE REPRESSÃO À SUA PRODUÇÃO NÃO
AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS
DOS ÓRGÃOS DO PODER EXECUTIVO DA UNIÃO, DISTRITO FEDERAL, ESTADOS
E MUNICÍPIOS;
▪ ASSEGURAR AS CONDIÇÕES PARA A COORDENAÇÃO, A INTEGRAÇÃO E
A ARTICULAÇÃO DAS ATIVIDADES DE QUE TRATA O ART. 3º DESTA LEI.

➥ DOS CRIMES E DAS PENAS


A parte penal costuma ser a mais cobrada nos concursos públicos, porém, não
deixe de dar a atenção necessária ao que já mencionamos até aqui!

APLICAÇÃO CUMULATIVA: As penas previstas neste Capítulo poderão ser


aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer
tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor (Art. 27).

➥ CONSUMO PESSOAL – ART. 28


Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

5
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal,


semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou
psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais,
bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais,
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se
ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de
usuários e dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o
caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá
o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

I - admoestação verbal;
II - multa.

§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,


gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial,
para tratamento especializado.

CONDUTA EQUIPARADA: Às mesmas medidas submete-se quem, para


seu CONSUMO PESSOAL, semeia, cultiva ou colhe PLANTAS destinadas à
preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
dependência física ou psíquica (§1º).

6
2. EXERCÍCIOS

01 - No caso de posse de drogas para consumo pessoal

A. a pena de prestação de serviços à comunidade e substitutiva privativa de


liberdade.
B. incabível a imposição de multa, ainda que se recuse injustificadamente o
agente a cumprir a medida educativa fixada.
C. A pena de prestação de serviços à comunidade, se o acusado for
reincidente, pode ser aplicada pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
D. A prescrição ocorre em dois anos, sem previsão de interrupção do prazo.
E. A medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo,
não sendo reincidente o acusado, pode ser aplicada pelo prazo máximo de 03
(três) meses.

02 - Se determinada pessoa, maior e capaz, estiver portando certa


quantidade de droga para consumo pessoal e for abordada por um agente
de polícia, ela

A. estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for reincidente por este


mesmo fato.
B. estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for condenada a prestar
serviços à comunidade e, injustificadamente, recusar a cumprir a referida
medida educativa.
C. estará sujeita à pena, imprescritível, de comparecimento a programa ou
curso educativo.
D. poderá ser submetida à pena de advertência sobre os efeitos da droga, de
prestação de serviço à comunidade ou de medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo.
E. deverá ser presa em flagrante pela autoridade policial.

03 - Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais


referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou
científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.

CERTO ( ) ERRADO ( )

7
3. GABARITO
01 – C
02 – D
03 – C

8
1. LEI DE DROGAS II

O Art. 28 não deixou de criminalizar a conduta de quem possui drogas


para consumo pessoal, apenas não estabelece Pena Privativa de
Liberdade, ou seja, em nenhuma hipótese cabe prisão, nem pelo
descumprimento das medidas impostas.

ATENÇÃO!!! Não houve a DESCRIMINALIZAÇÃO do art. 28, mas sim a


DESPENALIZAÇÃO.

Tem-se ainda o que se denomina TIPO MISTO ALTERNATIVO, ou seja, a


produção de mais de um verbo caracteriza crime único e não caracteriza
concurso de crimes. O juiz levará essa informação em consideração para a
dosimetria da pena.

❖ PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: STJ – NÃO é possível a aplicação.


No entanto, existe decisão do STF aplicando o princípio pela ínfima
quantidade de droga. Para sua prova é aconselhado que siga a corrente
majoritária no sentido de NÃO SER APLICADO O PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA.

❖ REINCIDÊNCIA: STJ - o crime do usuário NÃO GERA


REINCIDÊNCIA.

❖ HABEAS CORPUS: STF – NÃO CABE HC para o artigo 28 (não é


possível prisão)

● Ao crime do artigo 28 são aplicadas as regras da Lei 9.099/95,


mesmo não sendo considerado um crime de menor potencial
ofensivo.

➩ PROCEDIMENTO POLICIAL
Por ser um crime que NÃO ADMITE NENHUMA MODALIDADE DE
PRISÃO, nem pelo descumprimento das medidas impostas, como
procede a atuação policial ao depara-se com uma situação de flagrante
delito de consumo de drogas?
A autoridade policial estará autorizada a APREENDER OBJETOS DO
CRIME, a CONDUZIR COERCITIVAMENTE o indivíduo até a delegacia, mas

2
não poderá LAVRAR O APF, nem submeter o indivíduo ao CÁRCERE.
Nesse caso, a autoridade policial deverá lavrar um termo circunstanciado
de ocorrência (TCO), devendo o conduzido se comprometer a comparecer
em Juízo quando convocado.

PROCEDIMENTO POLICIAL PELO COMETIMENTO DO CRIME


DO ART. 28
PODERÁ NÃO PODERÁ
● APREENDER OBJETOS ● LAVRADO O APF
DO CRIME
● CONDUZIR ● SUBMETER AO CÁRCERE
COERCITIVAMENTE

➩ REINCIDÊNCIA
O entendimento do STJ é que a condenação pelo artigo 28 NÃO GERA
REINCIDÊNCIA.

➩ PRESCRIÇÃO
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e
seguintes do Código Penal.

CUIDADO!!! A quantidade de drogas, por si só, não é fator


determinante para concluir se era para consumo pessoal (AgRg no AREsp
1740201/AM, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 17/11/2020, DJe 24/11/2020).

● TRÁFICO – ART. 33

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,


vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500


(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
3
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à


venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam
em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade,
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele
se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

TIPO MISTO ALTERNATIVO – Observe que o crime do artigo 33 possui


diversos verbos, nestes termos, a ocorrência de qualquer dele gera a
consumação do crime.
Atenção a introdução do inciso IV ao §1º pela Lei nº 13.964, de 2019
que possibilita um policial disfarçado instigar o agente a lhe vender a
droga, a prisão em flagrante, nesse caso, logo em seguida a entrega do
bem, não seria considerada ilegal. Poderia existir a ocorrência do crime
impossível em razão do verbo “VENDER”, porém, o agente estaria em uma
situação de flagrante pelo verbo “TRAZER CONSIGO”.

ATENÇÃO!!! STJ - há a atipicidade de importação de pequena quantidade


de sementes de maconha, ou seja, não configura crime.

➩ HEDIONDEZ

Em relação ao artigo 33, cabe observar que a equiparação a hediondo não


abrange a sua integralidade, nesses termos apenas à figura do “caput” e do
§1º são equiparados a hediondo, sendo vedada a concessão de fiança,
anistia, graça ou indulto, nos termos do art. 5º, XLIII, da Constituição
Federal.

4
ATENÇÃO!!! STJ - a posse de elevada quantidade de cafeína pode
caracterizar o tráfico de drogas, na forma do art. 33, §1º, I, da Lei de Drogas
(HC 441.695/SP, 15.10.2019).

2. EXERCÍCIOS

01 - Acerca da repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito


de drogas, assinale a alternativa correta.

A. É dispensável a licença prévia da autoridade competente para


produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em
depósito, importar, exportar, exportar, remeter, transportar, expor, oferecer,
vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou
matéria-prima destinada à sua preparação.
B. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado
de polícia, sendo terminantemente vedada a preservação de qualquer
quantidade de material, ainda que para simples realização de exame
pericial.
C. Incorre em conduta criminosa aquele que importa, exporta, remete,
produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas.
D. Não comete crime aquele que oferece droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos
consumirem.
E. Não está isento das penas previstas na legislação aquele que, em
razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou
força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que
tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

02 - Maria Luísa praticou delito de tráfico de drogas, na modalidade


“manter em depósito”, bem como delito de associação para o tráfico,
durante o período de 9/10/2005 a 4/8/2007. Presa em flagrante no dia
4/8/2007, foi denunciada como incursa nas penas dos artigos 33 e 35 da
Lei 11.343/2006.
Nessa hipótese, assinale a alternativa correta levando em conta o
entendimento dos tribunais superiores sobre o tema.

A. Não se aplica a Lei 11.343/2006, e sim a Lei 6.368/1976, por ser mais
benéfica se comparada à Lei 11.343/2006.

5
B. O juiz poderá combinar as Leis 11.343/2006 e 6.368/1976, para aplicar
as regras mais favoráveis de cada uma das leis ao caso concreto.
C. Não poderá haver combinação de leis, mesmo se esta se mostrar
medida mais favorável à ré. O que se deve fazer é aplicar o critério do caso
concreto e observar qual das leis é mais favorável à situação da ré como
um todo.
D. Em relação ao delito de tráfico de drogas, aplica-se a Lei 6.368/1976,
que tinha previsão de pena menor. Todavia, em relação ao delito de
associação para o tráfico, aplica-se a Lei 11.343/2006, que, embora possua
pena igual à descrita na lei anterior, é mais nova e, portanto, prevalece.
E. Aplica-se a Lei 11.343/2006, mesmo sendo mais gravosa se comparada
à Lei 6.368/1976, pois os delitos em análise são crimes permanentes.

03 – Aquele que semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou


em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas
que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas, não
pratica crime equiparado a hediondo.

CERTO ( ) ERRADO ( )

3. GABARITO

01 – C
02 – E
03 – E

6
SUMÁRIO

1. LEI DE DROGAS 3
2. EXERCÍCIOS 5
3. GABARITO 6

2
1. LEI DE DROGAS
Art. 33, §2º induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga

§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:


Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300
(trezentos) dias-multa.

É importante ressaltar que a MARCHA DA MACONHA não configura o crime previsto no §2º, por se tratar de direito
constitucional à reunião (STF).

➤ USO COMPARTILHADO – ART. 33, §3º


§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de
seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
previstas no art. 28.

Observe que além da pena privativa de liberdade, o agente ainda poderá


ser responsabilizado pelas medidas contidas no artigo 28. Também não se
trata de crime hediondo, e sua caracterização depende da ocorrência de
todos os elementos.

CRIME FORMAL: Consuma-se com o simples oferecimento, independe de


a drogas ter sido aceita ou consumida.

➤ TRÁFICO PRIVILEGIADO – ART. 33, §4º


§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão
ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas
restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre
organização criminosa.

Também não tem natureza hedionda, para a sua caracterização, os quatro


elementos devem estar cumulativamente presentes.

CUIDADO!!! A vedação à conversão em penas restritivas de direito é considerada Inconstitucional!

3
➤ TRÁFICO DE MAQUINÁRIO – ART. 34
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir,
entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de
drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil dias-multa.
Aqui, temos um exemplo de quando a preparação é punida, já que
constitui um crime autônomo.

ATT : A doutrina entende que o Tráfico Maquinário é equiparado a hediondo


Quando o agente pratica, ao mesmo tempo, o tráfico de maquinário e o de
drogas, será aplicado o princípio da consunção, onde o crime de tráfico de
maquinário é absolvido pelo de drogas. É possível o concurso de crimes
entre os artigos 33 e 34, desde que as condutas tenham se dado em
contextos autônomos.

➤ ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO – ART. 35

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,


reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e
§ 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem
se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Crime de concurso necessário, não importando, para a sua configuração,
se uma das pessoas é inimputável. Independente da ocorrência do tráfico
de drogas, bastando o fim de praticar.

ATENÇÃO! A associação eventual NÃO configura este crime, é necessário


que haja estabilidade e permanência.

4
ASSOCIAÇÃO P/ O TRÁFICO ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 35 da Lei 11.343/06 Art. 288, CP Art. 1º, §1º da Lei 12.850/13

2 OU + PESSOAS 3 OU + PESSOAS 4 OU + PESSOAS

- Para o fim de praticar, - Para o fim específico - Estruturalmente ordenada


reiteradamente ou não, de cometer crimes. e caracterizada pela divisão
qualquer dos crimes previstos de tarefas, ainda que
nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 informalmente, com
desta Lei. objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem
de qualquer natureza,
mediante a prática de
infrações penais cujas
penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de
caráter transnacional.

2. EXERCÍCIOS

01 – A figura do chamado tráfico privilegiado, prevista no art. 33, § 4 o,


da Lei n o 11.343/06,
A. constitui causa de diminuição da pena, podendo o juiz levar em conta a
natureza e a quantidade da droga apreendida na escolha do redutor.
B. não admite aplicação retroativa
C. obsta a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de
direitos.
D. É aplicável ao condenado reincidente, desde que a agravante não
decorra da prática do mesmo crime, segundo expressa disposição.
E. também é aplicável ao crime de associação para o tráfico.

02 - Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com Carla, sua


parceira eventual, substância entorpecente que traga consigo para uso
pessoal, julgue o item que se segue.

Carlo responderá pela prática do crime de oferecimento de substância


entorpecente, sem prejuízo da responsabilização pela posse ilegal de
droga para consumo pessoal.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5
03 - O crime de associação para o tráfico de drogas, previsto no artigo
35 da Lei n.º 11.343/2006,
A. é de natureza assemelhada à dos delitos hediondos.
B. precisa, para sua configuração, de apreensão de drogas na posse direta
do agente.
C. não exige a demonstração do caráter duradouro e estável.
D. É aplicável também para quem se associa para a prática reiterada de
financiamento do crime de tráfico de drogas.
E. exige a presença de três ou mais pessoas para sua configuração.

3. GABARITO

01 – A
02 – C
03 – D

6
SUMÁRIO

1. FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO – ART. 36 3


2. PRESCRIÇÃO CULPOSA – ART. 38 3
3. CONDUZIR EMBARCAÇÃO OU AERONAVE APÓS O CONSUMO DE
DROGAS 4
4. EXERCÍCIOS 5
5. GABARITO 6

2
LEI DE DROGAS IV

1. FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO – ART. 36

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos


nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.

ATENÇÃO!!! Para a maioria da doutrina, este crime é EQUIPARADO A


HEDIONDO!

Trata-se da maior pena estabelecida na lei. Observe que o agente está


custeando crimes específicos, não toda e qualquer conduta da lei de
drogas.

CUIDADO!!! Se a pessoa FINANCIA e TRAFICA, não responderá pelo


crime do artigo 36, e sim pelo tráfico de drogas, incidindo causa de
aumento de pena (+1/6 a 2/3 - art. 40, VII).

INFORMANTE – ART. 37

Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou


associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos)
a 700 (setecentos) dias multa.

Clássico exemplo do “FOGUETEIRO”, aquele indivíduo que, por exemplo,


funciona como informante da atuação policial. NÃO É EQUIPARADO A
CRIME HEDIONDO!

2. PRESCRIÇÃO CULPOSA – ART. 38


Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50
(cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal
da categoria profissional a que pertença o agente.

3
Trata-se de CRIME PRÓPRIO que só pode ser cometido por profissionais
da saúde, se ministrada por quem não tem essa qualidade, haverá a
incidência do crime do art. 33. Não é equiparado a hediondo.

ATENÇÃO!!! Responde pelo artigo 38 aqueles que ministram


CULPOSAMENTE a droga, se a conduta for dolosa, o crime cometido será o
do artigo 33.

É o ÚNICO crime culposo da lei de drogas, com isso, não admite


tentativa.

3. CONDUZIR EMBARCAÇÃO OU AERONAVE APÓS O


CONSUMO DE DROGAS – ART. 39

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas,


expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do
veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo
mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de
200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de
400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no
caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.

Observe que responde no artigo 39, aquele que conduz AERONAVE ou


EMBARCAÇÃO, não é o caso do indivíduo que, nessas condições, conduz
um carro.

⮚ CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – ART. 40


Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de
um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e
as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou
vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento

4
de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares
ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de
arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o
Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a
quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade
de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

Observe que a causa de aumento de pena se aplica do artigo 33 ao artigo


35.

❖ SÚMULA 607, STJ: “A majorante do tráfico transnacional de drogas


(art. 40, I, da lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação
internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de
fronteiras”
❖ SÚMULA 587 DO STJ: Para a incidência da majorante prevista no
artigo 40, inciso V, da lei 11.343/06 é desnecessária a efetiva transposição de
fronteiras entre Estados da Federação, sendo suficiente a demonstração
inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.

ATENÇÃO!!! A TRANSNACIONALIDADE e tráfico entre Estados da


Federação ou entre estes e o Distrito Federal aumentam a pena. Se a
questão trouxer causas de aumento de pena referente a
MUNICIPALIDADE, estará errada!

4. EXERCÍCIOS

01 - Após receber informação de que uma grande quantidade de droga


estaria chegando a certa comunidade, a polícia civil planejou uma
operação objetivando a apreensão do material entorpecente e a prisão
de vários traficantes. Joaquim, policial civil lotado na delegacia em que
a operação era planejada, no momento de sua execução, ciente de que
o líder do tráfico do local era um antigo colega de infância, acende,
escondido, fogos de artifício que ficavam na comunidade para
acionamento em diligências policiais. Em razão do aviso, a diligência
tem resultado negativo, ninguém sendo preso e não sendo apreendida
qualquer droga. O comportamento de Joaquim foi descoberto,
devendo ele responder pelo(s) seguinte(s) crime(s) previsto(s)na Lei
nº 11.343/2006:
5
A. associação para o tráfico, apenas;
B. tráfico de drogas, apenas;
C. colaboração ou informante do tráfico, apenas;
D. associação para o tráfico e colaboração ou informante do tráfico, em
concurso material;
E. tráfico de drogas e associação para o tráfico, em concurso material.

02 - Nos termos do artigo 40 da Lei n° 11.343/2006, que define os crimes


de posse para uso e tráfico ilícito de drogas, NÃO constitui causa
especial de aumento de pena, a prática de crime do tráfico de drogas,
se o:
A. agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública.
B. crime tenha sido praticado com violência.
C. agente financiar ou custear a prática do crime.
D. crime tiver sido praticado nas dependências de estabelecimento
prisional.
E. crime tenha sido cometido entre municípios de um mesmo estado.

03 - É atípica, por falta de previsão na legislação pertinente ao assunto,


a conduta do agente que simplesmente colabora, como informante,
com grupo ou associação destinada ao tráfico ilícito de entorpecentes.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO
01 – C
02 – E
03 – E

6
SUMÁRIO

1. LEI DE DROGAS V 3
2. DESTRUIÇÃO DA DROGA APREENDIDA 3
3. INQUÉRITO POLICIAL 4
4. EXERCÍCIOS 5
5. GABARITO 6

2
1. LEI DE DROGAS V

⮚ COLABORAÇÃO PREMIADA – ART. 41


Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a
investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um
terço a dois terços.

⮚ FIXAÇÃO DA PENA – ART. 42


Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância
sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da
substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.

PREPONDERÂNCIA SOBRE O PREVISTO NO ART. 59 DO CÓDIGO


PENAL
NATUREZA DA QUANTIDADE DA PERSONALIDADE CONDUTA
SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA DO AGENTE SOCIAL DO
AGENTE

2. DESTRUIÇÃO DA DROGA APREENDIDA – ARTS. 50, §4º,


50 – A e 32

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária


fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe
cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério
Público, em 24 (vinte e quatro) horas. (...)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia
competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério
Público e da autoridade sanitária.
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de
prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30
(trinta) dias contados da data da apreensão, guardando-se amostra
necessária à realização do laudo definitivo.
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo
delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade
suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento
das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as
medidas necessárias para a preservação da prova.

3
DESTRUIÇÃO DA DROGA DESTRUIÇÃO DA
PLANTAÇÃO
SEM FLAGRANTE COM FLAGRANTE

➢ Executada pelo ➢ Executada pelo


DELEGADO DELEGADO ➢ Executada pelo
➢ 30 dias – da apreensão ➢ 15 dias – da DELEGADO
➢ Feita por determ. Judicial ➢ Destruição
INCINERAÇÃO ➢ Na presença: IMEDIATA (com ou sem
➢ Guardando-se amostra * MP flagrante)
necessária à realização do * Autoridade ➢ Feita por
laudo definitivo Sanitária INCINERAÇÃO
➢ Não precisa de aut.
Judicial

3. INQUÉRITO POLICIAL – ART. 51 E 52

Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o


indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido
justificado da autoridade de polícia judiciária.
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões
que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e
natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições
em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias.
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de
diligências complementares:
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado deverá
ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes da
audiência de instrução e julgamento;
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que
seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado deverá
ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes da
audiência de instrução e julgamento.

4
4. EXERCÍCIOS

01 - Da ementa de julgamento de recurso em processo criminal


envolvendo a condenação em primeiro grau da parte ré por tráfico
internacional de drogas, perante o Tribunal Regional Federal da 3ª
Região, extrai-se a seguinte narrativa: “(...) a informação da ré foi
fundamental para a localização de Fulano de Tal, para a decretação de
sua prisão, instauração de inquérito policial para investigar a
participação de demais integrantes da organização criminosa, bem
como posterior propositura do processo nº xxx contra o integrante da
organização criminosa Fulano de Tal;”. Com fundamento na Lei nº
11.346/2006, conhecida como Lei de Drogas, é possível deduzir, a partir
dos fatos narrados, que a parte ré:
A. colaborou com a investigação policial e foi beneficiada com sela
especial na unidade prisional.
B. colaborou com a investigação criminal para obter proteção policial.
C. foi absolvida pelo benefício da delação premiada.
D. foi beneficiada pela delação premiada e obteve redução da pena.
E. colaborou com a investigação criminal, apesar de inexistir previsão
de delação premiada na lei.

02 - O prazo de conclusão do inquérito policial instaurado para apurar a


prática dos crimes de entorpecentes (artigos 33, 34, 35, 36 e 37 da Lei nº
11.343/2006) será:
A. de 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso, e de 60 (sessenta) dias,
se estiver solto, podendo o juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade policial, triplicar os prazos;
B. de 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso, e de 60 (sessenta) dias,
se estiver solto, podendo o juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade policial, duplicar os prazos;
C. de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias,
se estiver solto, podendo o juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade policial, triplicar os prazos;
D. de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias,
se estiver solto, podendo o juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade policial, duplicar os prazos;

03 - Em diligência com o objetivo de combater o tráfico internacional


de entorpecentes, policiais federais localizaram uma plantação de
maconha, onde encontraram equipamentos utilizados para embalar a
droga. No local, foram apreendidos dinheiro e veículos e foram presas
cinco pessoas que se encontravam na posse dos bens e cuidavam da
plantação.

5
Nessa situação hipotética,
independentemente de autorização judicial, a autoridade policial
deverá proceder de forma a garantir a imediata destruição da
plantação — que poderá ser queimada —, devendo preservar apenas
quantidade suficiente da droga para a realização de perícia.

CERTO ( ) ERRADO ( )

5. GABARITO

01 – D
02 – D
03 – C

6
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10.826/2003 I

CADASTRO
O Decreto nº 9.847 de 2019 regulamenta a Lei nº 10.826/03 para tratar,
inclusive, sobre o cadastro:
SINARM - serão cadastradas as armas de fogo:
👉 DA POLÍCIA FEDERAL;
👉 DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL;
👉 DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA;
👉 DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL;

SIGMA - serão cadastradas as armas de fogo:


👉 DAS FORÇAS ARMADAS;
👉 DAS POLÍCIAS MILITARES E DOS CORPOS DE BOMBEIROS
MILITARES DOS ESTADOS
👉 DA AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA; E
👉 DO GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL DA PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA.

O Cadastro consiste em colocar a arma em um banco de dados, não


está vinculada a nenhuma pessoa.

DO REGISTRO

Diferentemente do Cadastro, o registro da arma de fogo consiste na


matrícula da arma que esteja vinculada à identificação do respectivo
proprietário em banco de dados, ou seja, aqui, há a vinculação a
determinada pessoa.

Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão


competente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas
no comando do exército, na forma do regulamento desta Lei.

2
ARMAS DE USO PERMITIDO – Registro no SINARM, regido pela
Polícia Federal.
ARMAS DE USO RESTRITO - Registro no Comando do Exército, que
rege o SIGMA.

AQUISIÇÃO DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO

Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá,


além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos
(Art. 4º):

I - COMPROVAÇÃO DE IDONEIDADE, COM A APRESENTAÇÃO DE


CERTIDÕES NEGATIVAS DE ANTECEDENTES CRIMINAIS
FORNECIDAS PELA JUSTIÇA FEDERAL, ESTADUAL, MILITAR E
ELEITORAL E DE NÃO ESTAR RESPONDENDO A INQUÉRITO
POLICIAL OU A PROCESSO CRIMINAL, QUE PODERÃO SER
FORNECIDAS POR MEIOS ELETRÔNICOS;
II – APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO COMPROBATÓRIO DE
OCUPAÇÃO LÍCITA E DE RESIDÊNCIA CERTA;
III – COMPROVAÇÃO DE CAPACIDADE TÉCNICA E DE APTIDÃO
PSICOLÓGICA PARA O MANUSEIO DE ARMA DE FOGO, ATESTADAS
NA FORMA DISPOSTA NO REGULAMENTO DESTA LEI.
O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo
após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do
requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta
autorização (§1º).
ATENÇÃO!!! A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no
regulamento desta Lei. (§2º)
A empresa que comercializar arma de fogo em território
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como
também a manter banco de dados com todas as características da arma
e cópia dos documentos previstos neste artigo (§3º).
A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando

3
registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas
(§4º).
A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições
entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do
Sinarm (§5º).
A expedição da autorização a que se refere o § 1º será
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30
(trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado (§6º).
O registro precário a que se refere o § 4º prescinde do
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo (§7º).
CUIDADO!!! Estará dispensado das exigências constantes do inciso III
do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em adquirir
arma de fogo de uso permitido que comprove estar autorizado a portar
arma com as mesmas características daquela a ser adquirida. (§8º)

Certificado de Registro – CRAF


Autoriza o proprietário de arma de fogo a mantê-la
exclusivamente no interior de sua residência ou no seu local de
trabalho.
CUIDADO!!! É comum bancas de concursos associarem o CRAF ao PORTE,
o que está errado!
A Polícia Federal expedirá o certificado de registro com
autorização do Sinarm.
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em
todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a
arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de
trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo
estabelecimento ou empresa.
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela
Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.

👉 O CRAF não autoriza o proprietário a portar a arma de fogo dentro da


residência ou local de trabalho (ficar com ela em seu corpo, por exemplo);
👉 Para mantê-la em seu local de trabalho, o proprietário tem que ser o
titular.

4
→ Não sendo o titular, a outra única possibilidade de manter sua arma em
seu local de trabalho será se ele for o responsável legal pelo
estabelecimento ou empresa.

→ Lei nº 13.870/2019 estabeleceu uma norma penal explicativa,


esclarecendo que o conceito de residência ou domicílio em área rural
para fins de interpretação da autorização dada pelo Certificado de Registro
de Arma de Fogo (CRAF).

§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput


deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão
do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019)

1. EXERCÍCIOS

01 - Sobre o certificado de Registro de Arma de Fogo, nos termos da Lei nº


10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), é correto afirmar que:

A. Tem validade apenas no território da comarca em que foi requerido,


autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou,
ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
responsável legal pelo estabelecimento ou pela empresa.
B. Tem validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho,
desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento
ou da empresa.
C. Tem validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
manter a arma de fogo no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, ou, ainda, no interior de residência ou domicílio de

5
terceiros, desde que expressamente autorizado pelo proprietário do
imóvel.
D. Tem validade em todo o território do Estado da Federação em que foi
expedido, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
E. Tem validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho,
desde que autorizado por seu superior hierárquico.

02 - Marque a alternativa CORRETA, tendo como base o Estatuto do


Desarmamento:

A. É possível a comercialização de armas de fogo, acessórios e munições


entre pessoas físicas, desde que o comerciante fique de posse da nota
fiscal, com nome completo e endereço do adquirente.
B. É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional para os
integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista
Tributário.
C. Compete à Polícia Federal, juntamente com o Ministério da Justiça,
cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País.
D. A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais
está condicionada à formação funcional de seus integrantes em
estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de
mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
estabelecidas pelo Estatuto do Desarmamento, observada a supervisão
do Comando do Exército e da Polícia Federal.
E. O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o
território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou

6
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

03 - Aos residentes em área rural, considera-se residência ou domicílio toda


a extensão do respectivo imóvel rural.

CERTO ( ) ERRADO ( )

2. GABARITO

01 – B
02 – E
03 - C

7
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10.826/2003 II

DOS CRIMES E DAS PENAS

O Estatuto do Desarmamento não pune condutas envolvendo


apenas Armas de Fogo, com isso, podemos afirmar que é objeto material:

→ ARMA DE FOGO
→ ACESSÓRIO
→ MUNIÇÃO

CUIDADO!!! Existem dois crimes que não possuem os três objetos


materiais de forma alternativa:

1º – OMISSÃO DE CAUTELA – Art. 13, “caput” – apenas a ARMA DE


FOGO
2º – DISPARO DE ARMA DE FOGO – Art. 15 – apenas a ARMA DE
FOGO e MUNIÇÃO

ARMA DE FOGO

ARMA DE FOGO - Tipo de arma capaz de disparar um ou mais


projéteis em alta velocidade por meio de uma ação pneumática
provocada pela expansão de gases resultantes da queima de um
propelente de alta velocidade.

Alguns entendimentos que você não encontra na letra da Lei são de


extrema importância para a sua prova, vamos a elas:

→ ARMA DESMUNICIADA – CRIME


O STJ tem jurisprudência pacificada no sentido de que o porte
ilegal de arma de fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese
de perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de levar consigo
para a consumação do delito - STF (HC 119154/BA) e STJ (HC
248580/2014) STJ (1400337/2013) e STF(RHC 117566/2013)

→ ARMA DESMONTADA - CRIME

2
O STJ tem jurisprudência pacificada no sentido de que o porte
ilegal de arma de fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese
de perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de levar consigo
para a consumação do delito - STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014)
STJ (1400337/2013) e STF(RHC 117566/2013)

👉 ARMA QUEBRADA – DEPENDE! (LAUDO PERICIAL)


O exame pericial, por ser crime de perigo abstrato, é DISPENSÁVEL
e PRESCINDÍVEL.

Obs: Realizado o exame pericial, o resultado será vinculante:

● ARMA INAPTA PARA O DISPARO – FATO ATÍPICO – CRIME


IMPOSSÍVEL (Informativo 544/STJ)
● ARMA APTA PARA O DISPARO – É CRIME
● PERÍCIA NEM FOI REALIZADA – É CRIME

👉 ARMA COM REGISTRO VENCIDO – NÃO É CRIME (Informativo 572 do


STJ)
👉 ARMA DE BRINQUEDO – NÃO É CRIME
Restringe-se à seara administrativa.

CUIDADO!!! O Estatuto do Desarmamento não criminaliza a conduta de


portar ou possuir arma de brinquedo, porém, veda a fabricação, venda,
comercialização e a importação (art.26).

ACESSÓRIO

Quaisquer objetos que acoplados a arma:

👉 POTENCIALIZAM SEUS EFEITOS (LUNETA, MIRA...);


👉 MODIFICAM UM EFEITO SECUNDÁRIO (SILENCIADOR…)
ATENÇÃO!!! Partes isoladas da arma não configuram objeto material
(cano, cabo…) nem objetos que não alteram o funcionamento (coldre).

MUNIÇÃO

Projétil a ser disparado de uma arma de fogo (incluindo o cartucho)

→ MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DA ARMA DE FOGO

3
→ PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: A apreensão de ÍNFIMA
QUANTIDADE de munição DESACOMPANHADA DE ARMA DE FOGO,
excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao
reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de
exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma. (STF, 13/11/2017;
STJ n.º 108/2018).

→ MUNIÇÃO USADA COMO CHAVEIRO OU COLAR: A natureza do projétil


é descaracterizada mediante a utilização em obra de arte ou para
confecção de chaveiro, colar etc. (STJ, 16/05/2017).

CRIMES EM ESPÉCIE

⮚ POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - ART.


12.
Art. 12. possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência
desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou
o responsável legal do estabelecimento ou empresa. pena –
detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

O crime ocorrerá quando o agente possuir ou manter a arma,


acessório ou munição, de uso permitido na SUA CASA (interior,
dependências) ou LOCAL DE TRABALHO (titular ou responsável legal),
SEM O REGISTRO no órgão competente.

CUIDADO!!! O tipo penal fala em “possuir” ou “manter”, não se exigindo a


propriedade para a configuração do crime.

BOLEIA DE CAMINHÃO – STJ considera como PORTE ILEGAL


(Art.14) por entender não ser casa.

O momento consumativo do crime ocorre quando o objeto material


entra na residência ou no estabelecimento comercial. É possível a
ocorrência da tentativa. Podemos ainda classificá-lo como:

● CRIME PERMANENTE
● DE MERA CONDUTA

⮚ PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - ART. 14

4
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 a 4
anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo
quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.

TIPO MISTO ALTERNATIVO - A prática de várias condutas no mesmo


contexto fático, configura crime único.

Por ser um CRIME DE MERA CONDUTA, se consuma quando o


agente realiza as condutas típicas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal.

ATENÇÃO!!! Cuidado com a inconstitucionalidade do Parágrafo Único,


quando determina que o crime é inafiançável.

1. EXERCÍCIOS

01- Tendo como base as disposições estabelecidas na Lei n.º 10.826/2003 e


a jurisprudência do STJ e do STF acerca da matéria, assinale a opção
correta.
A. Não afasta a tipicidade da conduta criminosa o fato de a arma de fogo
apreendida ter sido declarada absolutamente ineficaz por meio de
perícia realizada no curso da ação penal.
B. Não se admite a incidência do princípio da insignificância aos crimes
previstos na referida lei, ainda que seja apreensão de pouca munição
desacompanhada de arma de fogo, por se tratar de infrações penais de
perigo abstrato.
C. Configura o delito de porte de arma, e não de posse de arma de fogo, a
conduta do caminhoneiro que seja surpreendido transportando em seu
caminhão revólver de uso permitido, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar.

5
D. O indivíduo que carrega consigo silenciador, desacompanhado de
qualquer arma de fogo ou munição, não pratica crime, pois a lei não
prevê punição para a posse ou porte de acessórios.
E. Pena referente ao delito de posse de arma de fogo de uso permitido,
prevista no art. 12 da referida lei, é aumentada de metade se a conduta
criminosa for praticada por integrante de empresas de segurança
privada e de transporte de valores.

02 - Breno foi preso em flagrante de posse de uma unidade de munição de


uso permitido (calibre .9mm), desacompanhada de arma de fogo
compatível com sua utilização. Nesse sentido, com base no entendimento
mais recente do STF acerca do tema, assinale a alternativa correta.

A. Incide o princípio da insignificância, causa supralegal de exclusão da


tipicidade penal em sua dimensão material. A conduta, portanto, não é
típica.
B. A conduta é típica formal e materialmente, mas não haverá
responsabilização penal em virtude do exercício regular do direito.
C. A conduta é típica, antijurídica e culpável, mas não punível pelo
princípio da insignificância.
D. Não incide o princípio da insignificância, pois o delito é crime de dano, e,
portanto, a lesão é presumida.
E. A conduta é atípica formalmente, sendo certo que a atipicidade formal
está respaldada no princípio da insignificância.

03 - De acordo com o posicionamento do STJ, comete crime de porte ilegal


de arma de fogo o agente que porta revólver, ainda que desmuniciado,
sem a devida autorização da autoridade competente.
CERTO ( ) ERRADO ( )

6
2. GABARITO

01 – C
02 – A
03 – C

7
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10.826/2003 III

⮚ POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU


RESTRITO - ART. 16
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar,
remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de
fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena –
reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.

Não esqueça da natureza hedionda do art. 16 estabelecida pelo


pacote anticrime.

❖ LEI 13.964/19 – PACOTE ANTICRIMES

Antes do pacote anticrime, duas espécies de armas de fogo eram


previstas no art. 16 – USO RESTRITO e USO PROIBIDO – Hoje, as condutas
são separadas:

● USO PROIBIDO – Qualificadora – art.16, §2º


● USO RESTRITO – Modalidade simples – art. 16, “caput”

Quanto a hediondez da conduta a redação foi mais detalhista,


trazendo apenas o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
PROIBIDO como crime hediondo (art.1º, parágrafo único, II da Lei
8.072/1990).

CUIDADO!!! Há doutrinadores que acreditam que a hediondez vale para o


art. 16 por completo, art. 16 caput e parágrafos, inclusive era decisão do STJ
prévia ao Pacote Anticrime.

CONDUTAS EQUIPARADAS

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:


I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato;

2
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins
de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar;
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado;
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de
fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente;
VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo
envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4
a 12 anos.

As figuras previstas nos incisos se aplicam tanto a arma de fogo de


USO PERMITIDO quanto a arma de fogo de USO RESTRITO.

● SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE SINAL DE IDENTIFICAÇÃO


I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato;

A conduta aqui equiparada se aplica não apenas àquele que raspa a


numeração da arma, mas também para quem dificulta sua identificação
de qualquer outra forma.

ATENÇÃO!!! Artefato também é levado em consideração.

● TRANSFORMAÇÃO PARA ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU


PARA INDUZIR EM ERRO A AUTORIDADE.
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso restrito ou para fins de dificultar
ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou
juiz;

A arma permitida é transformada em arma restrita.


Posso ainda modificar as características da arma para dificultar ou
induzir a erro o policial, juiz ou perito - Dolo Específico.

ATENÇÃO!!! PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE – O crime do Estatuto do


Desarmamento é especial em relação ao crime de fraude processual (art.

3
347 do CP) Ou seja, esse inciso II é norma especial em relação ao inciso
347 do CP.

● POSSE, FABRICAÇÃO OU EMPREGO DE ARTEFATO EXPLOSIVO OU


INCENDIÁRIO:
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar;

O objeto material desta conduta será o ARTEFATO explosivo ou


incendiário.

● PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA


IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado;

Não importa, para a caracterização da conduta, se a arma é permitida ou


proibida.

CUIDADO!!! Se a questão trouxer que a numeração desapareceu pelo


simples decurso de tempo (arma estava muito velha e ocorreu oxidação), a
conduta não se amolda aqui!

● VENDA, ENTREGA OU FORNECIMENTO DE ARMA DE FOGO A


CRIANÇA OU ADOLESCENTE
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de
fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente;

A conduta aqui é dolosa (cuidado para não confundir com a Omissão


de Cautela). Observe ainda a redação estabelecida no Estatuto da Criança
e do Adolescente.

“Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente ou entregar, de


qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos”

Já que o inciso V do art.16 trata apenas de arma de fogo,


considera-se que somente a entrega de ARMAS BRANCAS configuraria o
crime do ECA.

►ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO – Estatuto do


Desarmamento
► ARMA BRANCA – Estatuto da Criança e do Adolescente

4
● PRODUÇÃO, RECARGA OU RECICLAGEM DE MUNIÇÃO OU
EXPLOSIVO
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

A produção, recarga e reciclagem de munição somente podem ser


executadas com a devida autorização

QUALIFICADORA

§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo


envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4
a 12 anos.

Como já mencionado, o parágrafo 2º apenas se refere às armas de fogo de


USO PROIBIDO.

1. EXERCÍCIOS

01 - De acordo com a Lei n° 10.826/2003, Estatuto do Desarmamento,


aquele que, em via pública, portar arma de fogo de uso permitido com
numeração suprimida responde:

A. como incurso nas penas do crime de porte ilegal de arma de fogo de


uso permitido, disposto no artigo 14 do referido Estatuto.
B. como incurso nas penas do crime de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso restrito, disposto no artigo 16 do referido estatuto.
C. como incurso nas penas do crime de posse irregular de arma de fogo
de uso permitido, disposto no artigo 12 do referido Estatuto.
D. como incurso nas penas do crime de disparo de arma de fogo, disposto
no artigo 15 do referido Estatuto.

5
E. como incurso nas penas do crime de omissão de cautela, disposto no
artigo 13 do referido Estatuto.

02 - Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei n o 10.826/2003), está correto


afirmar que:
A. A posse e guarda de arma de fogo no interior da residência ou no local
de trabalho é autorizada, desde que a arma de fogo seja de uso
permitido.
B. O Estatuto do Desarmamento só regula condutas envolvendo armas de
fogo de uso permitido
C. O artigo 14 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o porte de
arma de fogo de uso permitido e o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre
o porte de arma de fogo de uso restrito.
D. O crime de disparo de arma de fogo previsto no artigo 15 do Estatuto
admite tanto a conduta dolosa (disparo proposital), como culposa
(disparo acidental).
E. O Estatuto do Desarmamento não pune o porte ou a posse de acessório
ou munição para armas de fogo.

03 - Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de


qualquer forma, munição ou explosivo, constitui crime equiparado à posse
ou ao porte de arma de fogo de uso restrito.
CERTO ( ) ERRADO ( )

2. GABARITO

01 – B
02 – C
03 – CERTO

6
IV
SUMÁRIO

1. OMISSÃO DE CAUTELA 3
2. DISPARO DE ARMA DE FOGO 4
3. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO 5
4. LEI 13.964/19 – PACOTE ANTI CRIMES 5
5. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO 6
6. EXERCÍCIOS 7
7. GABARITO 8

2
ESTATUTO DO DESARMAMENTO

1. OMISSÃO DE CAUTELA - ART. 13


Art. 13 Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor
de 18 anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma
de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Trata-se de um crime omissivo praticado na modalidade culposa, sendo
ainda de menor potencial ofensivo. A conduta pode se dar em relação a
qualquer modalidade de arma de fogo (permitida ou não).

A consumação ocorre com o apoderamento da arma pelo menor ou pelo


portador de deficiência mental, independentemente de gerar ou não
algum perigo.

CUIDADO!!! Estamos tratando de um crime culposo, então, não será


admitida a tentativa.

Se, voluntariamente, o agente entrega a arma a uma criança – cometerá o


crime de porte ilegal.
Art. 13 - Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que
deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
horas depois de ocorrido o fato.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Nessa modalidade, estamos tratando de um crime próprio, pois só pode


ser praticado por empresário de segurança ou empresa de transporte de
valores.

3
O agente deverá:

✦ REGISTRAR OCORRÊNCIA.
✦ COMUNICAR À PF.

OBS: A falta de qualquer desses elementos já confirma o crime.

Art. 13, parágrafo único ✎ crime é doloso ✎ decisão unânime

CRIME A PRAZO – A consumação do crime só ocorrerá após 24 horas da


ocorrência do fato.

Exemplo: apropriação de coisa achada (artigo 162, inciso II, do CP) e o de lesão
corporal de natureza grave com resultado de incapacidade para as ocupações
habituais, por mais de trinta dias (artigo 129, § 1º, inciso I, do CP).

2. DISPARO DE ARMA DE FOGO - ART. 15

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado


ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que
essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena
– reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único: o crime previsto neste artigo é inafiançável

O indivíduo que tenha o porte legal de arma também poderá figurar


como sujeito ativo deste crime.

✔ CRIME SUBSIDIÁRIO - só será configurado se a conduta do agente não


se enquadrar em crime mais grave.

As condutas podem ser:

● DISPARAR ARMA DE FOGO;


● ACIONAR MUNIÇÃO, SEM QUE OCORRA O DISPARO (EX.: FALHA DA MUNIÇÃO).

CUIDADO!

SE ESSAS CONDUTAS OCORREREM EM LOCAL ERMO OU DESABITADO – FATO ATÍPICO.


SE O DISPARO FOI ACIDENTAL – O FATO TAMBÉM SERÁ ATÍPICO. O ELEMENTO SUBJETIVO DA CONDUTA É O DOLO.

4
ATENÇÃO!!! O parágrafo único, que estabelece ser o crime inafiançável, é considerado INCONSTITUCIONAL.

3. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO


OU MUNIÇÃO - ART. 17
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
§ 1º. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste
artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. pena -
reclusão, de 6 a 12 anos, e multa.
§ 2º. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

4. LEI 13.964/19 – PACOTE ANTI CRIMES

Três foram as mudanças estabelecidas pelo pacote anticrime

1º – TORNOU O CRIME HEDIONDO


2º – MUDANÇA NA PENA (ANTES: REC. DE 4 A 8 ANOS. DEPOIS: REC. DE 6 A 12 ANOS)
3º - ACRESCENTOU O PARÁGRAFO 2º - AGENTE DISFARÇADO.

Temos um crime próprio – Só pode ser comerciante ou industrial, legal ou


ilegal, de arma de fogo, acessório ou munição.
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.
O Pacote Anticrime introduziu a figura do Agente Disfarçado. Para a
validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de
provas em grau suficiente a indicar que o autor realizou antes uma
conduta criminosa, circunstância objeto da investigação proporcionada
pelo disfarce.

5
5. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO,
ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO - ART. 18

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território


nacional, a qualquer título, de ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO,
sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 a 16 anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de


fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização
da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

➽ CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – Art. 19


Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da
metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
restrito.

● COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO – ART.17


● TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO – ART.18

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se:

I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos


arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.
A causa de aumento de pena engloba os seguintes crimes:

➠ PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO – ART. 14


➠ DISPARO DE ARMA DE FOGO – ART. 15
6
➠ PORTE OU POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO –
ART.16
➠ COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO – ART.17
➠ TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO – ART.18
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de
liberdade provisória.

ATENÇÃO!!! O Art. 21 do Estatuto teve sua inconstitucionalidade


declarada pelo STF na ADI 3112/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
02/05/2007.

6. EXERCÍCIOS
01 - Em certo domingo, J. M. S., com vontade livre e consciente, sacou a
própria arma, devidamente registrada, e efetuou disparos de arma de
fogo, por diversão, nas proximidades da feira permanente de sua
cidade. A ação ocorreu por volta de 10 horas, exatamente no momento
em que J. M. S. passava de carro pela avenida central, em sentido à
rodoviária. Nessa situação hipotética, ele responderá por

A. comércio ilegal de arma de fogo.


B. homicídio qualificado tentado.
C. disparo de arma de fogo em via pública.
D. lesão corporal gravíssima tentada.
E. perigo para a vida ou para a saúde de outrem

02 - Responderá pelo delito de omissão de cautela o proprietário ou o


diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores
que deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal, nas primeiras vinte e quatro horas depois de ocorrido o fato, a
perda de munição que esteja sob sua guarda.

CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - No caso específico de tráfico internacional de arma de fogo, em


que a ação se inicie no território nacional e tenda à consumação no
território estrangeiro, ou vice-versa, a ação penal correspondente é
pública incondicionada e de competência da justiça federal.

CERTO ( ) ERRADO ( )

7
7. GABARITO

01 – C
02 – C
03 - C

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