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FLAVIO BARREIRO JR
OAB RS 53.512
MARILU DO CARMO SILVA VIEIRA, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem,
respeitosamente, através de suas advogadas signatárias, requerer a:
Com fundamento nos artigosd 316 e 282, §5º e §6º, art. 3187 e 218 do CPP e art. 5º LXV da
CF, pelas razões a seguir expostas.
Ao evento 06 dos autos o Ministério Público opinando pelo acolhimento integral dos
pedidos da autoridade policial.
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Ainda, foram citados os indícios de autoria e a prova da materialidade que, na percepção
do juízo, estavam presentes, assim como o perigo do estado de liberdade dos representados.
É o breve relatório.
Ainda acostamos FOTOS da casa da mesma, onde observa-se que a mesma tem uma
vida humilde, de pessoa pobre.
Deixando mais do que demosntrado que a indiciada NÃO tem envolvimento algum com
ato ilicito.
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desse crime.
Portanto, o perigo da liberdade precisa ser oriundo de uma situação fática atual,
devidamente demonstrada através de elementos concretos.
Diante dessa explícita previsão, infere-se que a atualidade dos elementos que justificam
a segregação cautelar precisa ser evidente.
É preciso que se diga, no entanto, que a presença do fumus comissi delicti deve ser
sempre analisado com observância à presunção de inocência, pois indícios não são provas. Estas
diferem justamente por serem produzidas na presença de um magistrado, com a presença de
contraditório e ampla defesa.
No caso dos autos, o que se concluiu até o momento é que a investigada MARILU
somente cedeu a conta bancária ao sobrinho.
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Bem como a questão dos valores, acreditava a investigada ser das lojas de
bebeidas e mercado que o sobrinho GABRIEL possui.
Para a investigada tais importâncias que passaram por sua conta bancária seria
de valores licitos e das lojas e mercado que o sobrinho possui.
A investigada NÃO tinha conhecimento algum dos fatos revelados pela
investigação.
Registra-se que a investigada somente quis ajudar um familiar, sem alferir qualquer
compensação financeira.
Disso infere-se que, a suposta função por ela exercida é facilmente substituível por
qualquer outra pessoa. Ou seja, a ausência da investigada não impediria e não impede a
comercialização de entorpecentes, razão pela qual não se mostra adequado manter sua
segregação cautelar.
Nesse ponto, não se pode também supor “perigo de reiteração delitiva”, por ser tal
argumento incompatível com o sistema acusatório e com o princípio constitucional da presunção
de inocência, que não é maculado pela futurologia. Nesse sentido, destaca Aury Lopes Jr1:
A prisão para garantia da ordem pública sob o argumento de “perigo de reiteração” bem
reflete o anseio mítico por um direito penal do futuro, que nos projeta do que pode (ou não)
vir a ocorrer. Nem o direito penal, menos ainda o processo, está legitimado à pseudotutela
do futuro (que é aberto, indeterminado, imprevisível). Além de existir um periculosômetro
(tomando emprestada a expressão de ZAFFARONI), é um argumento insquisitório, pois
irrefutável. Como provar que amanhã, se permanecer solto, não cometerei um crime?
Uma prova impossível de ser feita, tão impossível como a afirmação de que amanhã
eu o praticarei. Trata-se de recusar exercícios de futurologia sem concretude alguma.
1 LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. 19 ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022, p. 741.
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fins de aferição há uma série de questões subjetivas que demandam análise.
De todo modo, é preciso destacar que, NÃO HÁ NOS AUTOS, UM ÚNICO ELEMENTO
DEMONSTRANDO ENVOLVIMENTO DIRETO DA INVESTIGADA.
A menção a um risco genérico de que o investigada, acaso solta, poderia dar continuidade
à traficância, SEM QUALQUER INDÍCIO, representa uma espécie de antecipação de pena, o que
é vedado pelo ordenamento jurídico (art. 313, §2º do CPP) e INCONSTITUCIONAL; e ainda
conforme mencionado na investigação a aindiciada somente teve a sua conta utilizada para
depositos, nada mais.
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distante de todas as condições comprovadamente favoráveis da investigada, como os documentos
ora anexados.
Sendo que a mesma é acometida de doença sob CID 10, F 14.2, bem como faz uso de
medicamentos controlados, “ dizepan”.
Conforme relatado pela indiciada ao evento 78 dos autos ao juizo que presidiu a
solenidade de custódia.
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Assim, revela-se que, no caso em epígrafe os argumentos declinados não são idôneos para
justificar medida dotada de cautelaridade e excepcionalidade como é a previsão preventiva. Sua
decretação requer fatos concretos e não meras hipóteses e conjecturas, de modo que a
segregação cautelar do agente somente se justifica diante da existência de um conjunto probatório
que recomende a sua manutenção, o que não é o caso dos autos.
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ausência de um ou mais requisitos, não subsistirá o decreto prisional. Ademais, o ordenamento
veda a decretação da prisão enquanto decorrência imediata da investigação criminal. E foi
exatamente o que ocorreu no caso da investigada, sendo que não subsistem quaisquer outras
razões capazes de justificar o acautelamento.
Não há, portanto, presença de fumus comissi delicti e de periculum libertatis. Desse modo,
a manutenção da custódia cautelar carece de substrato legal.
Embora a respeitável decisão tenha ponderado que a prisão preventiva seria a única
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medida suficiente, não é isso que se verifica no tocante a investigada Marilu.
Não basta, portanto, dizer que é insuficiente, inviável ou inadequada a aplicação das
medidas cautelares alternativas. É preciso explicar o porquê, em relação a cada um que teve sua
liberdade restrita.
De todo modo, o texto normativo dos artigos 282 e 319 do Código de Processo Penal
devem ser avaliados a partir de uma percepção constitucional, da prisão como ultima ratio e da
presunção de inocência que não permite a prisão preventiva como antecipação de pena.
A necessidade deve ser vista a partir de uma compreensão expansiva dos direitos
fundamentais na escolha da alternativa menos gravosa e que garantiria, por assim dizer, um
julgamento justo no processo penal, o que precisa ser avaliado a partir das evidências concretas
apuradas no caso concreto. Não é a necessidade de contenção coletiva da violência, mas da
aplicação de outras alternativas viáveis no processo.
A adequação se opera como uma relação positiva e apta entre o meio e o fim da medida,
a saber, o meio empregado (medida cautelar) deve facilitar a obtenção do fim almejado.
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Ainda, nenhuma hipótese a prisão preventiva pode ser utilizada como “resposta estatal
à criminalidade”, pois essa é função precípua da aplicação da pena, após a sentença condenatória
transitada em julgado. Qualquer decreto em sentido contrário estaria negando vigência ao princípio
constitucional da presunção da inocência.
O grito popularesco e midiático não pode servir de fulcro à segregação cautelar. Há que
se ressaltar que as medidas cautelares, inclusive a própria segregação cautelar, subsistem para
assegurar os processos de conhecimento e execução e, ao final, dar eficácia ao decisum do julgador.
Nesse ponto, é preciso destacar que a investigada Marilu é acometido por doença e
efetua tratamentos, conforme ATESTADO em anexo, sob CID 10, F14.2, e relatado pela
própria na audiência de custódia, tendo uma dependencia e utilizando medicamentos
controlados e em tratamento junto ao CAPS, para saúde mental, conforme atestado colacionado
acima.
Assim, para além da inequívoca demonstração de não ser o caso de decreto de custódia
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cautelar, verifica-se que o feito demanda intervenção do judiciário para que se garanta a dignidade
da pessoa humana.
Trata-se, em última análise, de impor algum limite ao sofrimento dos presos, posto que
este não pode ultrapassar a privação da liberdade, já danosa por si só.
No plano discursivo, as penas de suplício foram abolidas para que a execução do jus
puniendi não mais fosse um mero exercício sádico de poder. Desse modo, retirar do cárcere quem
está gravemente doente é um imperativo ético que se cumpra esse ideal de humanidade.
Por esta razão não se pode concluir que a proteção da norma recaia apenas sobre o
preso que se encontra no leito de morte ou absolutamente impossibilitado de se locomover. Agir
desse modo significaria reduzir o alcance do comando legal ao menor conjunto de situações fáticas
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possível, condenando ao tormento incontáveis detentos que necessitam do recolhimento domiciliar
para tratar dignamente de sua saúde.
Por tais razões, acaso indeferido o pedido de liberdade de Marilu, postula a defesa,
de forma subsidiária, que Vossa Excelência considere a substituição da segregação por uma
medida cautelar diversa, nos termos dos artigos 319 e 320 do CPP. Isto porque, as suas
circunstâncias e condições pessoais autorizam a aplicação de tais medidas.
►DOS PEDIDOS
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Excelências entendam como adequada, desde que diversa à segregação, em substituição à prisão
preventiva.
Dr Flavio Barreiro Jr
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