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DIREITO PENAL

PARTE GERAL
MPF: Atenção ponto 8B (Indígenas) e 19B (Crimes cibernéticos, pornô infantil); 20B
(convenções internacionais sobre a corrupção, organizações criminosas, tráfico de pessoas,
armas, terrorismo e escravidão).’

FONTES
Fontes materiais (substanciais): órgãos encarregados de produzir o Direito Penal – União (art.
22, I), que pode conferir ao Estados, mediante LC, o poder de legislar sobre questões
específicas do DP, de interesse estritamente local (art. 22, § único)

Fontes formais (cognitivas/de conhecimento): meios pelo qual o DP se exterioriza


 Imediatas: LEI, em sentido estrito (ordinária)
 Mediatas (secundárias): costumes, atos administrativos e princípios

PRINCÍPIOS
Constitucionais: legalidade (reserva legal, anterioridade); individualização da pena;
intranscendência da pena; limitação das penas ou da humanidade; presunção de inocência ou
não presunção de não culpabilidade.

Luigi Ferrajoli - Teoria do Garantismo Penal: inclui mais princípios para proteger direitos
fundamentais dos acusados (princípios arrolados pelo Ferrajoli:)

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Art. 5º, XXXIX, CF c.c. art. 1º do CP. É cláusula pétrea. Crimes e contravenções penais, e suas
respectivas penas, são instituídos por leis ordinárias.

Histórico: Magna Carta de João sem Terra, imposta pelos barões ingleses em 1215. Foi
desenvolvido por Feuerbach, com base na teoria da coação psicológica: toda imposição de
pena (ameaça de um mal) pressupõe uma lei penal.

Fundamentos:
(1) Jurídico: taxatividade, certeza ou determinação – lei penal deve ser certa, não se
admitindo descrições vagas e imprecisas da conduta proibida.  Desdobramento: vedação
da analogia in malam partem.
(2) Político: proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado (DF de 1ª dimensão)
(3) Democrático: dimensão democrática do princípio da reserva legal.

Denominação: reserva legal e estrita legalidade (somente a lei em sentido material e formal,
diferentemente da legalidade, que abarca todas espécies do art. 59 da CF.
 Legalidade: ninguém é obrigado a nada senão em virtude de lei (art. 5º II)
 Reserva legal: monopólio da lei em sentido formal para crimes e penas (art. 5º, XXXIX)

Desdobramentos do princípio da legalidade.:


a. Anterioridade/irretroatividade: a lei penal deve estar em vigor antes de o crime ser
praticado
b. Tipicidade/escrita: somente a prática de conduta prevista em lei pode caracterizar-se
como infração penal. não há crime criado por costumes nem MP.
c. Taxatividade: a lei penal deve ser certa, não se admitindo descrições vagas e
imprecisas da conduta proibida (não é absoluto, pois há tipos penais abertos, como
os culposos)
d. Lei deve ser estrita: não se admite analogia in malam parte (ressalva: STF – Homofobia
como racismo)

Princípio da reserva legal:


Vedação de medidas provisórias sobre direito penal: pressupostos de relevância e urgência
são incompatíveis com a lei penal, que necessita de discussão ampla no legislativo
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá
adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; 
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
 Pode medida provisória penal BENÉFICA? SIM (STF).

LEI PENAL EM BRANCO (primeiramente remetida): é aquela em que a descrição da


conduta punível se mostra incompleta ou lacunosa, necessitando de outro ato normativo
para sua integração ou complementação
 Ofende o princípio da legalidade/taxatividade?
o Minoritária: sim, pois ela não poderia ter essas lacunas e remeter
o Majoritária: não, é constitucional, desde que obedeça dois requisitos:
núcleo essencial e remissão precisa
 Deve prever o núcleo essencial da conduta
 Fixar com transparência os precisos limites de sua integração por
outro dispositivo legal, pois o caráter delitivo da conduta só pode
ser delimitado pelo poder competente (não pode remissão aberta)
 Classificação das normas penais em branco:
o Heterogêneas (sentido estrito) (próprias): complemento é oriundo de fonte
normativa diversa daquela que a editou  decreto complementa lei
 A ideia da norma penal em branco é rapidamente conseguir atualizar o
ordenamento, exemplo: drogas, armas
o Homogêneas (sentido amplo) (impróprias): complemento é oriundo da
mesma fonte de produção normativa  lei complementa lei
 Homovitelinas: o complemento é oriundo da mesma instância
legislativa, ou seja, estão na mesma estrutura normativa (CP  CP)
 Heterovitelinas: o complemento é emanado de outra instância
normativa (CP  Decreto) (CP  CC)

LEI PENAL INCOMPLETA (SECUNDARIAMENTE REMETIDA OU EM BRANCO ÀS AVESSAS OU


AO REVÉS OU INVERTIDA): prevê somente o preceito incriminador, remetendo o preceito
secundário (sanção penal) a outro dispositivo da própria lei ou em diferente texto legal (a
pena de x é a mesma cominada aos crimes y)
 A lei penal incompleta só pode ser homogênea

LEI PENAL EM BRANCO DE FUNDO CONSTITUCIONAL: O complemento do conceito primário


é norma constitucional. Ex.: crime de abandono intelectual, em que o conceito de instrução
primária está no art. 208, I, da CF; homicídio contra integrantes da órgãos da segurança
pública (art. 121 § 2º, VII do CP é complementado pelo art. 142 e 144 da CR).

LEI PENAL EM BRANCO AO QUADRADO: Complemento também depende de


complementação. Ex.: Crime Ambiental de destruir floresta considerada APP  Código
Florestal  Decreto do chefe do executivo.

Proibição da analogia in malam partem (sem previsão legal, mas semelhante à hipótese
existente) X Possibilidade de interpretação extensiva (STF – ainda que prejudicial ao réu)
(previsão legal existe, mas está implícita)
 STF – RHC 106481/MS: “A interpretação extensiva no direito penal é vedada apenas
naquelas situações em que se identifica um desvirtuamento na mens legis.”

Mandados de criminalização: CF impõe dever de legislar. Podem ser expressos ou tácitos.


a) Racismo
b) TTT – Tortura, Tráfico e Terrorismo e crimes hediondos
c) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático
d) Tratados internacionais aprovados como ECs
e) Retenção dolosa do salário dos trabalhadores
f) Abuso, violência e exploração sexual da criança ou adolescente
g) Condutas lesivas ao meio ambiente
h) Tácito: corrupção eleitoral
ADO 26/DF e MI 4733/DF da Homofobia/Transfobia
STF reconheceu o estado de mora do Congresso Nacional e a necessidade de criminalização.
Mandado de criminalização no art. 5º, XLI (“a lei punirá qualquer discriminação atentatória
dos direitos e liberdades fundamentais”) e XLII (“a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão”). Até que sobrevenha lei, por
traduzirem expressões de racismo – dimensão social [projeta-se para além de aspectos
estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de
uma construção de índole histórico cultural motivada pelo objetivo de justificar a
desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, À subjugação
social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade dos que integram grupo
vulnerável e não pertencem ao estamento que detém posição de hegemonia] – ajustam-se
ao crime de racismo e qualificadora de motivo torpe. Não restringe ou limita o exercício da
liberdade religiosa, que só não pode configurar discurso de ódio: exteriorizações que
incidem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua
orientação sexual ou identidade de gênero.

Outras disposições constitucionais relevantes:


I) Vedações constitucionais aplicáveis a crimes graves:
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS A CRIMES GRAVES
IMPRESCRITIBILIDADE INAFIANÇABILIDADE VEDAÇÃO DE GRAÇA E
“Ração” ANISTIA
“TTTH”
1. Racismo 1. Racismo 1. Tortura
2. Ação de grupos 2. Ação de grupos 2. Tráfico de Drogas
armados, civis ou armados, civis ou 3. Terrorismo
militares, contra a ordem militares, contra a ordem 4. Crimes hediondos
constitucional e o Estado constitucional e o Estado
democrático Democrático

1. Tortura
2. Tráfico de Drogas
3. Terrorismo
4. Crimes hediondos

II) Tribunal do Júri


Art. 5º. XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa
b) o sigilo das votações
c) a soberania dos veredictos
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
Competência: JÚRI x PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

III) Menoridade Penal:


Menores estão sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Decorre dos artigos da legalidade. Lei prévia ao fato. A lei produz efeitos a partir do vigor (não
se aplica a fatos ocorridas no vacatio), daí deriva sua irretroatividade, salvo para beneficiar o
réu.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Lei penal se aplica aos fatos futuros. Complementariedade com a anterioridade. Decorrência
da legalidade.
a) Retroatividade da interpretação judicial mais benéfica: SIM. Inconstitucionalidade da
vedação de progressão de regimes nos crimes hediondos. Vejo mais como
consequência da inconstitucionalidade, defende MASSON que a mera intepretação
não retroage, prevalecendo a coisa julgada.
b) Retroatividade da lei penal em vacatio legis: MASSON não admite (não produz efeitos
jurídicos e, inclusive, pode ser regoada). NUCCI defende, pois CF faz menção à lei penal
e não à lei penal vigente.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA (OU DA ULTIMA RATIO OU DA SUBSIDIARIEDADE)
Origem: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). O Direito Penal só deve se
preocupar com a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em
sociedade. Só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais
importantes. Somente quando se verificar que as demais áreas do Direito se revelam incapazes
de proteger devidamente os bens mais importantes para a sociedade, o Direito Penal deve
intervir (subsidiariedade).
 Ampara a corrente do Direito Penal Mínimo
 MASSON distingue subsidiariedade: se projeta no plano concreto, na aplicação da lei
penal, quando os demais meios já tiverem sido empregados, sem sucesso.

PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIDADE
De toda a gama de condutas proibidas e bens protegidos pelo ordenamento jurídico, o Direito
Penal só se ocupa de uma pequena parte ( fragmentos dos ilícitos). É a consequência da
adoção dos princípios da intervenção mínima, da lesividade e da adequação social. Somente
uma pequena parte do ordenamento jurídico que sofrerá a incidência do Direito Penal.
 Abstrato
 Fragmentariedade às avessas: sai do D. Penal para outro ramo (adultério permanece
ilícito civil)

1) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO PENAL MÍNIMA: d. penal deve criminalizar apenas


condutas quando for efetivamente necessário à proteção do bem jurídico.
Decorrências:
1.1) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: apenas algumas condutas serão objeto
do d. penal
1.2) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: intervenção do d. penal deve apenas ocorrer
quando o bem jurídico não puder ser eficazmente protegido por outros ramos
do direito

PRINCÍPIO DA LESIVIDADE (OFENSIVIDADE) (ALTERIDADE)


Criado por ROXIN, proíbe a incriminação de atitude meramente interna. Apenas condutas que
afetem gravemente direitos de terceiros (intersubjetividade) merecem sofrer a incidência da
Lei Penal. Os princípios vedam:
a) A incriminação de uma atitude interna (pensamentos e sentimentos)
b) A incriminação de conduta que não excede o âmbito do próprio autor (autolesão –
tentativa de suicídio, atos preparatórios, crime impossível)
a. Atingem terceiros: tentativa de suicídio de grávida (crime de aborto); tentativa de
suicídio combinado por duas pessoas (induzimento ao suicídio); autolesão para fraude
contra seguradora
c) A incriminação de simples estados ou condições existenciais (punir o agente pelo o
que ele é – direito penal do autor -, e não por aquilo que fez – direito penal do fato) 
MASSON diferencia da alteridade denominando Princípio da Exclusiva proteção do
bem jurídico (aqui não há bem jurídico).
a. STF declarou inconstitucional a contravenção de trazer consigo instrumentos
usualmente utilizados na prática de furtos quando já havia praticado crimes
patrimoniais
b. MASSON – Princípio da responsabilidade pelo fato: não de admite um D. P.
do autor/do inimigo (idealizado por JAKOBS), mas um D. P. do fato.
d) A incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico de
terceiro (moralmente reprováveis, mas que não afetam terceiro; movimento de
secularização fez a separação entre Direito e Moral)
a. Revogação do crime de adultério (2005)
b. Discussão da inconstitucionalidade do crime de usuário de drogas. Devia ser resolvida
no âmbito da saúde.
MASSON – Lesividade/Ofensividade: não há infração penal sem ao menos perigo de lesão ao bem
jurídico.

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO


Deve haver um bem jurídico a ser protegido, não podendo o D. Penal se preocupar com
intenções e pensamentos das pessoas, seu modo de viver ou pensar, ou suas condutas
internas (não pode ser utilizado para resguardar questões de ordem moral, ética, ideológica,
religiosa, política).
 Eleição de bens jurídicos: conforme a Constituição (Teoria Constitucional do D. Penal)
 Espiritualização (desmaterialização ou liquefação) de bens jurídicos do D. Penal:
crescente incursão pela seara dos interesses metaindividuais e dos crimes de perigo,
especialmente os abstratos (lei presume de forma absoluta a situação de risco ao
bem). Proteger antes pode ser a melhor e mais eficaz alternativa de proteção de bens
jurídico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio ambiente, a
saúde, etc.

PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
D. P. Espanhol. Requisito de tipicidade: todos esperam comportamentos responsáveis de
terceiros em consonância ao ordenamento jurídico, baseado em um juízo estatístico daquilo
que normalmente acontece. Aquele que atende adequadamente ao cuidado objetivamente
exigido pode confiar que os demais coparticipantes da mesma atividade também operem
cuidadosamente. Primeiramente aplicado em crimes de trânsito. Hoje, em crimes de atuação
conjunta de indivíduos (atividades comunitárias e divisão de trabalho).

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL


Causa supralegal de exclusão da tipicidade. Destina-se precipuamente ao legislador,
orientando-o na escolha de condutas a serem proibidas ou impostas, bem como na revogação
de tipos penais (ex: adultério). É também princípio interpretativo da norma penal, de acordo
com a ordem social historicamente condicionada (mudanças da sociedade/reprovação social).
“Sentimento social de Justiça”.
 Pirataria (descaminho por camelô) é figura típica sim (adequação social não retira o
prejuízo aos autores)
Súmula 502 do STJ - PRESENTES A MATERIALIDADE E A AUTORIA, AFIGURA-SE
TÍPICA, EM RELAÇÃO AO CRIME PREVISTO NO ART. 184, § 2º, DO CP, A CONDUTA
DE EXPOR À VENDA CDS E DVDS PIRATAS.
NÃO se confunde com a teoria social da conduta (Wessels)

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (BAGATELA)


Histórico: Direito Privado Romano (minimus non curat praetor). Incorporado ao D. Penal na
década de 1970, por Claus Roxin (Política Criminal: aplicação do D. Penal em sintonia com os
anseios da sociedade – descarcerização e descongestionamento da Justiça Penal). Analisado
em conexão com a fragmentariedade e a intervenção mínima do Estado.

Natureza jurídica: causa de exclusão da tipicidade.


Há tipicidade material quando ocorre um critério material de seleção do bem jurídico a ser
protegido, ou seja, quando a conduta é ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal. Não se
concebe a existência de uma conduta típica que não afete um bem jurídico, já que os tipos
penais não passam de manifestações de tutela jurídica desses bens.
A afetação do bem jurídico pode se manifestar sob as formas de dano (ou lesão) e de perigo
(ameaça de lesão).
 O trânsito em julgado da condenação não impede seu reconhecimento.
É na tipicidade material que incide o princípio da insignificância
Tipicidade conglobante (Zaffaroni): não posso me contentar com a mera adequação típica
formal (subsunção do fato à lei), (juiz, delegado) deve-se verificar se o fato atenta contra a
norma, se é antinormativo, contrário ao ordenamento (no âmbito da tipicidade, sendo a
ilicitude verificada depois). Por fim, também deve-se verificar a tipicidade material (relevância,
desvalor da conduta e do resultado, lesão efetiva ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado).

 Obs.: existem crimes de perigo abstrato (porte de arma) e de perigo concreto


 Lembrar da inafastabilidade da justiça: ameaça ou lesão ao direito. Se não há ameaça
ou lesão ao direito, o juiz não terá nada a dizer (tipicidade material)

Requisitos objetivos: De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o princípio da


insignificância requer a presença de quatro requisitos objetivos (vetores) para ser
considerado na tipificação penal:
2.º. A mínima ofensividade da conduta do agente
3.º. A inexistência de periculosidade social da ação
4.º. O reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento
a. Desvalor da ação – STJ: Não se aplica a pai que induz filho a roubar cofrinho.
5.º. A inexpressividade da lesão jurídica provocada
a. Desvalor do resultado
Tipicidade material se divide em desvalor da ação e do resultado, portanto, quando não há esse
desvalor, como no caso da insignificância, a conduta não é típica materialmente. Por isso o princípio
da insignificância é causa supralegal de atipicidade.

Requisitos subjetivos:
a) Condições pessoais do agente:
1. Reincidente: duas posições
a. Vedada insignificância. Política criminal não o alberga.
b. Admite-se. Excluída tipicidade, não há dosimetria (reincidência).
c. STF: já aceitou no reincidente genérico e excluiu na reincidência específica.
2. Criminoso habitual: faz do delito seu meio de vida. Vedada.
a. Exceção: furto famélico.
b. O MP pode fazer Acordo de Não Persecução Penal com o criminoso habitual
insignificante (hipótese expressa no art. 28-A § 1º II do CPP – Atécnico, pois se há
insignificância, haveria atipicidade)
3. Militares: vedado. Elevada reprovabilidade da conduta, da autoridade e
hierarquia, desprestígio do Estado.

b) Condições da vítima:
1. Importância do objeto material do crime para a vítima (lesividade) para não haver
sensação de impunidade. STJ: “Disco de Ouro” de músico. STJ: dano a telefone público
(utilidade coletiva para os mais carentes).

Espécies: A infração bagatelar própria (já nasce sem relevância penal) está ligada ao desvalor
do resultado e (ou) da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a
imprópria (DESNECESSIDADE DA PENA) exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em
concurso necessário com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso
concreto.

Autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância? STJ: NÃO (INFO 441/2010), só
o Judiciário. MASSON discorda, pois é fato atípico.

Qual a diferença entre o princípio da insignificância (bagatela própria) da bagatela imprópria


(irrelevância penal do fato): o primeiro afasta a tipicidade da conduta. O segundo é fato típico,
ilícito e culpável, mas não há necessidade de aplicação da pena (causa supralegal de extinção
da punibilidade). Só pode ser aplicada após o devido processo legal, em que o julgador avalia a
desnecessidade da pena.

Aplicação do princípio da insignificância:


Súmula 606 - Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão
clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto
no art. 183 da Lei 9.472.
Súmula 599 - Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a
administração
pública.
 MAS incide sobre crimes tributários (20 mil), EXCETO
contrabando
Súmula 589 - Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
FURTO: Casuística
o Pequeno valor: furto privilegiado (Não confundir - art. 155 § 2º)  até 1 SM ou olhar
patrimônio da vítima
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
o Valor ínfimo: princípio da insignificância  olhar o patrimônio da vítima [atipicidade]

o Furto qualificado (invade casa para roubar) não pode ter insignificância porque tem
ofensividade e periculosidade
IMPO – Crimes de Menor Potencial Ofensivo
São todas as contravenções penais e crimes com PPL em abstrato igual ou inferior a 2 anos.
Se assim dispôs o legislador, presume-se a existência de gravidade suficiente para justificar
a intervenção estatal. Não se confunde com/não há automática aplicação princípio da
insignificância.
REINCIDÊNCIA GENÉRICA: pode aplicar (2014)
“A teoria da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros distintos, a contumácia de infrações
penais que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado não poderia ser valorada como fator
impeditivo do princípio da insignificância, porque ausente séria lesão à propriedade alheia”
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA:
Divergência – STJ (turmas) e para o STF afastava a aplicação, mas:
o STF 2019: “ (1) Reincidência, por si só, não obsta aplicação do princípio; (2) na
hipótese de o juiz considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação da
insignificância por furto, em situações que tal enquadramento seja cogitável,
eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em
regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33 2º do CP; (2) não
obstante a reincidência específica, o reduzido grau de reprovabilidade da conduta
(furto de bike de 200 e restituída à vítima) justifica a aplicação do regime aberto.

HABITUALIDADE IMPEDE insignificância.


STJ (2019) Habitualidade delitiva pela recorrência do agente em delitos patrimoniais revela-
se impossível a aplicação do princípio da bagatela, pois “a reiteração delitiva tem sido
compreendida como obstáculo inicial à tese da insignificância” (...) valor que supera 10% do
salário mínimo vigente”
STJ (2010) A existência de outras ações penais, inquéritos policiais em curso ou
procedimentos administrativos fiscais, apesar de não configurar reincidência, é
SUFICIENTE para caracterizar habitualidade delitiva e por consequência afastar
insignificância.
STF (2018) A habitualidade delitiva constitui motivação idônea para afastar insignificância
desde que sopesada com juízo conglobante à luz dos elementos do caso concreto resulte
em maior reprovabilidade da conduta.
PORTE E POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO.
É crime de perigo abstrato, mas STF e STJ têm relativizado (2019) e aplicado tanto ao porte
como à posse pela ausência de lesividade, quando em pequena quantidade e
desacompanhada de armamento apto ao disparo, que evidenciam a inexistência de riscos.

INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


1) Furto qualificado e crimes cometidos com violência/ameaça (roubo)

2) Lei de Drogas: são de perigo abstrato e tutelam a saúde pública; tráfico é crime
hediondo.
E o porte (usuário) de pequenas quantidades?
 Vedado (STJ): o usuário alimenta o comércio.
 Há precedente admitindo no STF: abrange todos requisitos objetivos da
insignificância. STF já admitiu insignificância até para tráfico (venda de 1
grama de maconha)

3) Estelionato: inaplicável.

4) Estelionato previdenciário, contra o FAT (estelionato majorado), contra o FGTS ou


Bolsa família: inaplicável.

5) Habitualidade: STJ, STF e 2ª CCR

6) Crimes contra a fé pública: inaplicável para o crime de moeda falsa (CCR permite, se
comprovado ausência de ciência da falsidade)
Súmula 73 STJ – moeda falsa
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.

7) Crimes contra a administração pública: viola outros princípios


Súmula 599 STJ
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração
Pública.
 STF e STJ já reconheceram: caso de servidor que pegou luminárias que iam
ser jogadas fora e aplicou-se o princípio da insignificância; folhas em branco;
clips (MASSON).
 Orientação nº 3 da CCR também reconhece aplicabilidade:
“O combate à corrupção privilegiará os casos em que o prejuízo ao erário ou
o enriquecimento ilícito, atualizado monetariamente, seja superior a vinte
mil reais, tendo em vista os princípios da proporcionalidade, da eficiência e
da utilidade. Nos casos em que o prejuízo for inferior, é admissível a
promoção de arquivamento sujeita à homologação da 5ª Câmara,
ressalvadas também as situações em que, a despeito da baixa repercussão
patrimonial, verifique-se a ofensa significativa a princípios ou a bens de
natureza imaterial merecedores de providências sancionatórias, no campo
penal e/ou da improbidade administrativa”.
Crimes contra a ordem tributária
DESCAMINHO CABE (Insignificância incide nos crimes federais de natureza
tributária)! Salvo reiteração do descaminho. Limites: 20 mil (STF/2019 e STJ e
Enunciado 49 da 2ª CCR) (Portaria da PGFN que dispõe sobre o arquivamento das
execuções fiscais abaixo deste valor – irrelevância fiscal)
 Em 2018, houve divergência na 1ª Turma (897)
 Esse limite alcança somente tributos federais, para os outros deve
haver limite específico (requisito subjetivo da insignificância)

CONTRABANDO: NÃO CABE (Não tem natureza tributária. Outros bens jurídicos
envolvidos no bem de entrada proibida).
 STJ/2019: “a importação não autorizada de cigarros, por constituir crime
de contrabando, é insuscetível de aplicação do princípio da insignificância,
pois implica não apenas lesão ao erário e à atividade arrecadatória do
Estado, mas a outros bens jurídicos, como a saúde pública”
 STJ: já admitiu para pequena quantidade de medicamento para uso
próprio
 MPF: Diferente do STJ aplica pra cigarro até 1000.
1) importação irregular de combustível, mercadoria proibida que atrai a
incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a
pequena quantidade, assim considerada até o limite de 250 litros
2) importação de sementes de maconha, mercadoria proibida que atrai a
incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a
pequena quantidade, assim considerada até o limite de 25 unidades, para o
plantio destinado ao consumo próprio
3) contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não superar 1.000
(mil) maços (2020)
4) importação de mercadorias permitidas dentro dos limites das cotas de isenção
fixadas pela Receita Federal, mas, em desacordo com os critérios quantitativos e
temporais preestabelecidos, consiste em infração administrativa, atípica na
esfera criminal, sendo irrelevante a existência de reiterações no crime de
descaminho
5) Aplica-se o princípio da insignificância penal ao descaminho e aos crimes
tributários federais, quando o valor do débito devido à Fazenda Pública
decorrente da conduta formalmente típica não seja superior a R$ 20.000,00,
ressalvada a reiteração na mesma modalidade criminosa, ocorrida em períodos
de até 5 (cinco) anos

Apropriação indébita previdenciária (CP, 168-A): VEDADA insignificância.

8) Crimes ambientais: natureza difusa e intergeracional. CADA VEZ MAIS


EXCEPCIONADO:
STJ (2019) Entendimento pacificado no sentido de que é possível aplicação do
denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais, quando
demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado.
STF: “Deputado Federal pode pescar em UC”

9) Crimes Militares (desprestígio do Estado e ofensa à autoridade e hierarquia).

10) Tráfico Internacional de Arma de Fogo: perigo abstrato e atentatório à segurança


pública.

11) Rádio Pirata: inaplicabilidade, ainda que de baixa frequência, por se tratar de delito
formal e de perigo abstrato. (CCR admite arquivamento)
ENUNCIADO 2ª CCR: Serviço de Radiodifusão Comunitária operado em baixa
potência e cobertura restrita, ou seja, com potência limitada a um máximo de 25
watts ERP e altura do sistema irradiante não superior a trinta metros, destinado
ao atendimento de determinada comunidade de um bairro e/ou vila, sem a
efetiva demonstração de prejuízo aos meios de telecomunicações regulares

12) Transmissão clandestina de internet (STF e STJ): Inaplicável. Crime do art. 183 da
Lei de Telecomunicações.
Súmula 606 STJ
Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de
sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei 9472/97.

13) Evasão de divisas: modalidade dólar-cabo, que deve ser processada


exclusivamente por transferência bancária – seria “fechar a janela, mas abrir a
porta” (não se aplica possibilidade de porte de até 10 mil, que vale apenas para
saída física)

14) Violência doméstica ou familiar contra a mulher


Súmula 589 STJ
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes e contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

ENUNCIADOS DA 2ª CCR
Comportam a APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA; ou SÃO CONSIDERADAS
ATÍPICAS de outra forma ou tornam CABÍVEL O ARQUIVAMENTO de investigações criminais
as seguintes hipóteses:
1) importação irregular de combustível, mercadoria proibida que atrai a incidência do crime
de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim
considerada até o limite de 250 litros
2) importação de sementes de maconha, mercadoria proibida que atrai a incidência do
crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim
considerada até o limite de 25 unidades, para o plantio destinado ao consumo próprio
3) contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não superar 1.000 (mil) maços
4) importação de mercadorias permitidas dentro dos limites das cotas de isenção fixadas
pela Receita Federal, mas, em desacordo com os critérios quantitativos e temporais
preestabelecidos, consiste em infração administrativa, atípica na esfera criminal, sendo
irrelevante a existência de reiterações no crime de descaminho
5) Aplica-se o princípio da insignificância penal ao descaminho e aos crimes tributários
federais, quando o valor do débito devido à Fazenda Pública decorrente da conduta
formalmente típica não seja superior a R$ 20.000,00, ressalvada a reiteração na mesma
modalidade criminosa, ocorrida em períodos de até 5 (cinco) anos

1) simples constatação de que o investigado realizou doação a campanha eleitoral quando


estava desempregado ou era beneficiário de programa social não demonstra materialidade
suficiente da prática de conduta criminosa, sobretudo se o valor doado estiver abaixo de
10% (dez por cento) do limite de isenção do imposto de renda daquele ano ou se for
doação estimável em dinheiro (cessão de bem ou serviço prestado)

1) falsa declaração de endereço residencial em processo judicial ou de hipossuficiência


econômica para fins de gratuidade de justiça, embora seja eticamente inapropriada e
justifique a condenação por litigância de má-fé (sanção prevista no art. 81 do CPC), não
configura ilícito penal, sendo, portanto, atípica, porque goza de presunção juris tantum,
sujeita à comprovação posterior, realizada de ofício pelo magistrado ou mediante
impugnação
2) crime de falso testemunho (CP, art. 342) o depoimento contrário às demais provas
constantes no processo quando não for verificada a potencialidade lesiva nas declarações
prestadas pela testemunha, em razão (a) da evidente ausência de dolo do investigado, (b)
da desconsideração do depoimento pelo Juízo, (c) da sentença ter como fundamentos
outros elementos de prova existentes nos autos ou (d) da aplicação de multa pelo Juízo à
testemunha, sendo nessa última hipótese, medida suficiente à retribuição e à prevenção da
conduta praticada

1) crime de estelionato em detrimento da União, cometido mediante o recebimento


indevido de benefício assistencial, quando (a) não haja elementos que possam afastar a
presunção de miserabilidade, ainda que a renda familiar per capita supere o limite legal ou
(b) não houver comprovação de prestação de informações falsas no momento do
requerimento do benefício
2) exercício de atividade remunerada por beneficiário de aposentadoria por invalidez ou
auxílio-doença, não configura, por si só, a prática do crime de estelionato
previdenciário (art. 171, §3ª, CP), sendo necessário para tanto a demonstração de fraude
na concessão do benefício
3) crime de estelionato em detrimento do INSS cometido mediante saques indevidos de
benefícios previdenciários após o óbito do segurado quando constatadas(a) a realização de
saques por meio de cartão magnético, (b) a inexistência de renovação da senha, (c) a
inexistência de procurador ou representante legal cadastrado na data do óbito e (d) a falta
de registro visual, cumulativamente, a demonstrar o esgotamento das diligências
investigatórias razoavelmente exigíveis ou a inexistência de linha investigatória
potencialmente idônea
4) O simples ato, por si só, de não depositar os valores referentes ao FGTS na conta
vinculada do empregado é conduta atípica na esfera penal
5) omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) não configura,
por si só, o crime de falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do CP).

1) não configura crime de desobediência (CP, art. 330) o descumprimento de ordem judicial
de penhora de parte do faturamento de sociedade empresária executada. A conduta
constitui ato atentatório à dignidade da Justiça, ao qual é cominada multa de até 20% do
valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza
processual ou material (CPC, art. 774)
2) Para a configuração do crime de desobediência, além do descumprimento de ordem legal
de funcionário público, é necessário que não haja previsão de sanção de natureza civil,
processual civil e administrativa, e que o destinatário da ordem seja advertido de que o seu
não cumprimento caracteriza crime. O cumprimento da ordem, ainda que tardio, também
afasta a tipificação e a inexistência de prova quanto à ciência pessoal e inequívoca por
quem tinha o dever de atendê-la caracteriza falta de justa causa

2) crimes de propaganda, fabricação ou comercialização de produto sem registro, com


fórmula em desacordo à constante do registro ou sem as características de identidade,
qualidade e segurança estabelecidos pela ANVISA
3) após a colheita de provas, não restarem evidenciados elementos suficientes da autoria
delitiva, situação demonstrada com a reunião das seguintes condições: inexistência de
suspeitos, de testemunha, de elementos técnicos formadores de convicção (fragmentos
papiloscópicos, imagens, vestígios biológicos, etc) e de outras diligências capazes de
modificar o panorama probatório atual
4) crime de moeda falsa quando a quantidade e o valor das cédulas, o modo que estavam
guardadas pelo agente, o modo de introdução ou a tentativa de introdução em circulação, o
comportamento do agente ou as demais circunstâncias indicarem ausência de
conhecimento da falsidade ou de dolo do agente e sendo inviável ou improvável a
produção de prova em sentido contrário, inclusive pelo decurso do tempo

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA IMPRÓPRIA


Existe fato típico, ilícito, agente culpável e punibilidade. Mas a aplicação da pena é
desnecessária e inoportuna, como o sujeito ajustado ao convício social (primário, sem
antecedentes) que colabora com a Justiça, repara o dano, reduzida reprovabilidade da
conduta etc.
Isso porque a pena deve ser aplicada conforme seja necessário e suficiente para
reprodução e prevenção do crime (art. 59, CP).
Trata-se de causa supralegal de extinção da punibilidade, em que o Judiciário recomenda a
exclusão da pena.

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA


XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
A individualização é feita em três fases:
a) Legislativa: punições proporcionais
b) Judicial: juiz analisa no plano concreto do réu
c) Administrativa: execução da pena – progressão, saídas
Por isso, o STF previu inconstitucional a impossibilidade de progressão de regime nos crimes hediondos,
por violação do princípio da individualização da pena na fase administrativa
Art. 5º, XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado
Súmula 492 do STJ - O ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO TRÁFICO DE DROGAS,
POR SI SÓ, NÃO CONDUZ OBRIGATORIAMENTE À IMPOSIÇÃO DE MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO DO ADOLESCENTE.

PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA


XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido
Obs.: multa não é obrigação de reparar o dano, pois não se destina à vítima. Multa é PENA.

PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS OU DA HUMANIDADE


XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX  destinada a crimes militares
b) de caráter perpétuo
c) de trabalhos forçados  garante remuneração
d) de banimento
e) cruéis
 Fundamento para progressão em crimes hediondos

PRINCÍPIO DA IMPUTAÇÃO PESSOAL


Culpabilidade (nulla poena sine culpa). Não se pune o inimputável, sem potencial consciência
da ilicitude ou de quem não se possa exigir conduta diversa.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA


Não há crime sem dolo ou culpa. Corolário do Princípio do Direito Penal do Fato, impondo ao
órgão acusatório o ônus da prova acerca dos elementos constitutivos do tipo penal.
Resquícios da responsabilidade objetiva:
a) Rixa qualificada
b) Punição das infrações penais praticadas em estado de embriaguez voluntária ou
culposa, decorrente da ação da teoria da actio liebra in causa (art. 28, II, CP)

PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM


Súmula 241 STJ
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.
Súmula 90/STJ (não é o caso de bis in idem:)
Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime
militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.
 STJ: Não pode ser julgado duas vezes pelo mesmo contexto fático, independentemente
de haver outra ação-crime ignorada no primeiro processo, porque viola a consunção,
unidade e indivisibilidade, devendo o caso penal ser conhecido e julgado na sua
totalidade (sujeito foi condenado por roubo à banco, veio nova ação por roubo ao gerente
do banco, STJ considerou bis in idem – INFO 569).
 STF: Agravante da reincidência NÃO viola o ne bis in idem.
 STJ: Duas sentenças sobre o mesmo fato? Prevalece a PRIMEIRA sentença.
o Se houver dois trânsitos em julgado: A condenação por juízo incompetente é
anulada por condenação pelo juízo competente (INFO 562). O que não pode é
anular para dar início a outro processo no competente (RHC 29775-PI, 2013).
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ou PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória
Decorrências:
 Ônus da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido)
 Princípio do in dubio pro reo ou favor rei
o Exceções – in dubio pro societate (nessas decisões não há consequências ao
réu):
 Decisões de recebimento de denúncia ou queixa
 Decisão de pronúncia, no Júri
 Viola a CF exclusão de candidato de concurso em razão de inquérito/em curso
Prisões provisórias: não ofende, pois é prisão cautelar (para garantir efetividade ao processo)

Jurisprudência:

Processos criminais em curso e inquéritos policiais são maus antecedentes ? STF/STJ: NÃO.
Súmula 444 do STJ- É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
penais em curso para agravar a pena-base.

Regressão de regime de cumprimento de pena? STF/STJ: não há necessidade de


condenação penal ou administrativa transitada em julgado, basta que o preso tenha
cometido novo crime doloso ou falta grave (art. 118, I, LEP)

Revogação do benefício da suspensão condicional do processo (JECRIM) em razão de


cometimento de crime? STF/STJ: não há necessidade de condenação penal transitada em
julgado do crime novo.

HC 126.292 (17.2.2016): cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenação em


segunda instância por um órgão colegiado – relativização do princípio da presunção de
inocência, admitindo que a “culpa” já estaria formada nesse momento (Pode gerar alteração
no entendimento do STF para considerar que ações penais em curso valham como maus
antecedentes)

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Razoabilidade/Convivência das liberdades públicas. Penalização deve ser meio vantajoso para
a sociedade, pois impõe ônus de ameaça punição a todos. Desenvolvido na Alemanha, com
base na ideia de que a limitação da liberdade individual só se justifica para a concretização de
interesses coletivos superiores. Três destinatários:
a) Legislador: proporcionalidade abstrata
b) Juiz da ação penal: proporcionalidade concreta
c) Órgãos da execução penal: proporcionalidade executória
Dupla face:
a) proibição do excesso: STJ – Excesso na pena de falsificação de medicamentos,
devendo ser aplicada a do tráfico de drogas
b) PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE DE BENS JURÍDICOS: Crítica ao Garantismo
Penal Integral indiscriminado.
Garantismo Hiperbólico Monocular – Douglas Fischer
Crítica a interpretação do direito penal e processual penal sob a prevalência indiscriminada da
proteção dos direitos individuais, descuidando-se da também necessária proteção dos direitos
coletivos.
LEI PENAL
Fonte formal imediata. Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (conduta) e outro
secundário (pena). É descritiva (proibição indireta, pela pena), e não proibitiva (não roubar),
técnica desenvolvida por Karl Binding (Teoria das Normas: é necessária a distinção entre
norma e lei penal, a norma cria o ilícito, a lei penal cria o delito – assim, a conduta criminosa
viola a norma, mas não a lei, pois o agente realiza exatamente a ação que esta descreve).

CLASSIFICAÇÃO:
a) Incriminadoras
b) Não incriminadoras:
a. Permissivas (causas de exclusão da ilicitude)
b. Exculpantes (culpabilidade e imputabilidade)
c. Interpretativas (art. 150 § 4º, conceito de domicílio; 327 de funcionário público)
d. De aplicação (validade)
e. Diretivas: princípios
f. Integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal nos crimes
omissivos impróprios, tentativa e participação

a) Completas ou perfeitas: todos os elementos


b) Incompletas ou imperfeitas: reservam a complementação a outra lei, ato ou julgador.

NORMAS PENAIS EM BRANCO:


a) Homogênea: preceito primário complementado por outra de igual hierarquia
a. Homovitelina: no mesmo texto
b. Heterovitelina: outro texto
b) Heterogênea: diferente hierarquia
c) Às avessas: quem precisa de complementação é o preceito secundário (pena) como nos crimes de
genocídio (sempre homovitelinas)
d) Ao quadrado: norma complementadora precisa de complementação

CARACTERÍSTICAS:
a) Exclusividade (reserva legal)
b) Imperatividade
c) Generalidade
d) Impessoalidade
e) Anterioridade

INTERPRETAÇÃO:
a) Quanto ao sujeito:
a. Autêntica (legislativa)  lei interpretativa tem eficácia retroativa, ainda que
seja gravosa para o réu.
b. Judicial
c. Doutrinária (Exposição de Motivos: não faz parte a estrutura da lei)
b) Quanto aos meios ou métodos:
a. Gramatical
b. Lógica/teleológica
c) Quanto ao resultado:
a. Declaratória
b. Extensiva: interpretação que corrige fórmula legal excessivamente estreita,
quando a lei disse menos do que desejava (extorsão mediante sequestro
abrange extorsão mediante cárcere privado)
c. Restritiva: lei disse mais do que desejava.

d) Interpretação progressiva/adaptativa/evolutiva: busca adaptar a lei à realidade atual. Ex.:


ato obsceno.
e) Interpretação analógica ou “intra legem”: a lei contém em seu bojo uma fórmula
casuística seguida de uma fórmula genérica (criminalizando outras situações
idênticas), sendo necessária a interpretação analógica para possibilitar a aplicação da
lei aos inúmeros casos práticos. Ex.: motivo torpe.
A "interpretação analógica" pode ser subdividida em três categorias:
. "alternância expressa" - indica a indispensabilidade da interpretação analógica.
Ex.: “ou substância de efeitos análogos" (art. 28 do CP)
. "alternância implícita" - a palavra “ou” está procedida de uma cláusula aberta e fica
ao intérprete a missão de deduzir a necessidade de uso da extração do conteúdo da
norma.
Ex.: “ou por outro motivo torpe” (art. 121, §2, do CP).
. "autonomia correlata" - insere a interpretação analógica em destaque como se fosse
uma norma autônoma, desvinculada da alternância e/ou sequencial. Note-se que não
temos a palavra “ou”, mas existe uma cláusula aberta.
Ex.: “Praticando outro ato de que possa resultar desastre” (art. 260, IV, do CP).

f) Interpretação exofórica: para descobrir o alcance e significado da norma penal, o


intérprete se socorre a termos que não estão no ordenamento jurídico (conceito de
veneno é da Química)
g) Interpretação endofórica: utiliza conceitos de outras normas jurídicas (comum em
normas penais em branco)
a. Endofórica anafórica: já utilizado no diploma normativo (antes)
b. Endofórica catafórica: vai ser utilizada no diploma normativo (depois)

ANALOGIA: não é interpretação, mas sim INTEGRAÇÃO para suprir a falta de uma lei.
(diferente de interpretação analógica). O aplicador do direito se vale de outra norma, parecida,
de forma a aplicá-la ao caso concreto.
 Nunca poderá ser usada para prejudicar o réu (in malam partem)
 É possível em favor do réu (in bonam partem)
Duas modalidades:
 Analogia legal (legis): aplicador utiliza outra norma legal para suprir lacuna
 Analogia jurídica (juris): operar utiliza princípio geral do Direito para suprir lacuna

CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS


Pressupõe: (a) unidade de fato (se houver mais fatos, é concurso de crimes); (b) pluralidade de leis
aparentemente aplicáveis ao fato; (c) vigência simultânea de leis (se uma não estiver, é conflito de lei
no tempo).
Soluciona-se por três princípios: (1) especialidade; (2) subsidiariedade; (3) consunção.

1) ESPECIALIDADE: comparação abstrata.

2) SUBSIDIARIEDADE: graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, prevalecendo a


lei primária (mais grave) sobre a lei secundária (menos grave), pois esta prevê fato
criminoso autônomo que naquela é elementar, qualificadora, causa de aumento ou
agravante do crime mais grave. Não existem elementos especializantes, mas descrição
típica de fato mais abrangente e mais grave. Subsidiariedade expressa: “se o fato não
constitui crime mais grave” ou tácita (constrangimento ilegal é subsidiário diante do
estupro). Com base no único fato concreto, avaliando qual a gravidade da violação ao
bem jurídico, para definir se configurou a lei primária (grave) ou secundária (leve).
3) CONSUNÇÃO: fato mais amplo e grave consome, absorve os demais fatos menos amplos
e graves, que atuam como meio normal de preparação ou execução ou mero
exaurimento daquele. Lei consuntiva prefere a lei consumida, sob pena de bis in idem.
Pode ser expressa ou tácita.
POSSE “HÁ TEMPOS” E DISPARO – NÃO HÁ CONSUNÇÃO - AUTÔNOMOS
 Comparação concreta, não é abstrata como na especialidade
 Há uma sucessão de fatos, não um como na subsidiariedade
 Quatro cenários:
(1) Crime complexo
CUIDADO! Algumas bancas dizer ser subsidiariedade
tácita casos muito parecidos, como o caso de não ser
punido por dano mas por furto qualificado pelo
rompimento de obstáculo.

(2) Crime progressivo


(3) Progressão Criminosa
(4) Atos impuníveis

4) ALTERNATIVIDADE: praticar os verbos - é um ou é outro (ou é estupro mediante fraude ou é estupro // tipos mistos
alternativos – portar, vender, armazenar...). Para doutrina majoritária, resolve-se com consunção (alternatividade é a
CONSUNÇÃO que resolve o conflito entre duas condutas previstas na mesma lei penal).
APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
1) CRIME COMPLEXO/COMPOSTO: Fusão de dois ou mais crimes autônomos que passam
a desempenhar a função de elementares ou circunstâncias daquele (roubo = furto +
ameaça/lesão).
2) CRIME PROGRESSIVO: Almejando alcançar o resultado mais grave, o agente pratica,
mediante reiteração de atos, crescentes violações ao bem jurídico (pressupõe um crime
plussubisistente: uma única conduta, voltada a um propósito, fracionável em diversos
atos). Ex.: Lesões corporais até homicídio.
3) PROGRESSÃO CRIMINOSA: Agente pretende inicialmente produzir um resultado e,
depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia a conduta,
produzindo um evento mais grave (Após vias de fato, opta por lesões corporais e, não
satisfeito, acaba por matá-la) (ROUBO IMPRÓPRIO). Pluralidade de desígnios, havendo
alteração no dolo.
4) FATOS IMPUNÍVEIS:
a) ANTERIORES: Meios de execução do tipo principal (quebrar vidro de carro para
roubar; porte de arma de foto para homicídio).
PARA O STJ, BASTA A RELAÇÃO DE MEIO E FIM
Súmula 17 STJ (Exceção em que o crime menos grave absorve o mais grave &
Exceção em que há ofensa a bens jurídicos diferentes!!)
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.
STJ 2018 – “É possível que um crime de maior gravidade assim considerado pela
pena abstratamente cominada, seja absorvido, por força do princípio da
consunção, por crime menos grave, quando utilizado, como mero instrumento
para consecução deste último, sem mais potencialidade lesiva”.
MASSON critica a Súmula. Ela se volta à falsificação de cheque. Mas, apenas será absorvido quando
apresentar menor ou igual gravidade ao principal: pena de falsificação de cheque (equiparado a
documento público) é maior que de estelionato, não havendo consunção. Ademais, atingem bens
jurídicos diversos, havendo concurso material de delitos, e não conflito aparente de leis. Para ele, a
Súmula existe por motivos de política criminal.
Não se confunde com “crime progressivo”: no crime progressivo, o fato anterior é necessário (ferir
para matar); o fato anterior impunível é desnecessário (é uma escolha).
b) SIMULTÂNEOS: lesões corporais leves durante o estupro.
c) POSTERIORES: venda do bem furtado (o furto foi pra isso  mero exaurimento)

FATOS ANTERIORES E POSTERIORES IMPUNÍVEIS E CRIME CONEXO


A conexão pode ser teleológica (assegurar execução de outro) ou consequencial (garantir
ocultação, impunidade ou vantagem de outro). Para ser impunível deve ser uma
causa/consequência normal da prática do crime.
 Concurso material de crimes conexos: mato + destruo cadáver
 Fato impunível: falsifico documento público + uso somente para crime de falso material

LEI PENAL NO TEMPO - TEMPO DO CRIME


Princípio da continuidade das leis: lei vigora até ser revogada por outra lei (salvo leis
temporárias e excepcionais, que são autorrevogáveis). Decisão judicial não revoga, mas tira
eficácia. Revogação pode ser absoluta ou total (ab-rogação) ou parcial (derrogação); pode ser
expressa, tácita ou global (lei geral não revoga especial; lei especial não revoga geral).

TEORIA DA ATIVIDADE: considera-se cometido o crime no momento da ação ou omissão,


aplicando-se ao fato a lei vigorante nesse tempo – tempus regit actum
Art. 4º, CP. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
 Imputabilidade é apurada ao tempo da conduta
Em matéria de PRESCRIÇÃO, o CP preferiu a TEORIA DO RESULTADO uma vez que a
prescrição tem por termo inicial a consumação da infração penal.

Regras do Direito Penal no conflito de leis no tempo:


Art. 5º, XL, CR: IRRETROATIVIDADE da lei maléfica - A lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu – RETROATIVIDADE e ULTRATIVIDADE da Lei benéfica. Ou seja, haverá extra-
atividade da lei penal nos casos de retro ou ultratividade.
Novatio legis Lei tipifica comportamentos até então irrelevantes.
incriminadora/
neocriminalização
Lex Gravior A lei mais grave para o réu produzirá efeitos somente a partir de
sua vigência
Abolitio Criminis Deve haver revogação formal e material (sem continuidade). A
lei posterior que deixa de considerar o fato crime produzirá
efeitos retroativos, alcançando os fatos praticados mesmo antes
de sua vigência. Alcança todos os efeitos PENAIS, inclusive os
secundários, como a reincidência/maus antecedentes.
a. Se a abolicio criminis ocorre antes do trânsito em julgado,
a sentença não produz qualquer efeito penal ou
extrapenal – a sentença não formará título executivo
judicial
b. Se a abolicio criminis ocorre após o trânsito em julgado,
cessa a pretensão executória e os efeitos penais (efeitos
extrapenais são mantidos, como perda do cargo ou
indenização) – a sentença ainda é um título executivo
judicial
Abolicio criminis é diferente de anistia, este é um esquecimento
jurídico do fato, enquanto aquele é uma descriminalização

Continuidade típico- Embora lei nova revogue determinado artigo, o tipo penal foi
normativa inserido simultaneamente em outro tipo penal.
Ex.: Atentado violento ao pudor  Estupro.
Ex.: Crime de Corrupção de Menores (Lei 2252)  ECA (244-B)
Ex.: “Fazer Declaração Falsa em processo de transformação de
visto, de registro, de alteração de assentamentos, de
naturalização, ou para obtenção de passaporte estrangeiro,
laissez-passer ou, quando exigido, visto de saída” (Lei 6815/80)
 art. 299 CP (Falsidade ideológica)
Abolitio Criminis Temporária Lei prevê descriminalização temporária, como o fez o Estatuto do
Desarmamento, ao autorizar extinção da punibilidade da posse e porte aos que
efetuaram voluntariamente a entrega nos prazos estabelecidos.
Lei Penal Benéfica Lei posterior que revoga a anterior trazendo uma situação mais
Lex Mitior ou Novatio benéfica ao réu retroage para alcançar fatos anteriores a sua
legis in mellius vigência, ainda que haja condenação com trânsito em julgado.
Vale a teoria da ponderação concreta, verificando no caso
concreto a melhor aplicação ao autor.
Retroatividade benéfica é automática.
COMBINAÇÃO? Teoria da Ponderação Unitária Global (STF/STJ): não pode
Lei posterior que traz combinar, pois estaria criando terceira lei/lex tertia/lei híbrida
benefícios e prejuízos ↓
ao réu No entanto, o STF começou a combinar na Lei de Drogas (tráfico privilegiado)

Teoria da Ponderação Diferenciada (STF): é possível a combinação pois
o juiz estaria agindo nos limites estabelecidos pelo legislador

Mas a inovação não foi unânime, retornando o STF à posição
tradicional, na teoria da ponderação unitária ou global.
SÚMULA 501 STJ
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que
o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja
mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

Código Penal Militar proíbe expressamente combinação de leis


penais.
COMPETÊNCIA ONDE A AÇÃO ESTÁ EM TRÂMITE.
Quem deve aplicar a lei  Inquérito: juiz natural
nova?  Processo ainda em curso: juízo que está conduzindo
 Processo já transitado em julgado: juízo da execução penal (Súmula
611 STJ)
Lei mais grave posterior Há ultratividade da lei nova benéfica mesmo após sua revogação
a lei nova benéfica pela lei mais nova gravosa em relação aos fatos práticos durante
e antes de sua vigência
Leis intermitentes Leis excepcionais: determinada Ultratividade após sua
situação revogação “natural” (são
autorrevogáveis).
Leis temporárias: determinado Se houver superveniência de lei
período abolitiva revogando
expressamente a criminalização
da lei temporária, ela não
produzirá mais efeitos.

Crimes permanentes e Súmula 711


continuados A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência
Lei Intermediária Ao tempo da conduta estava em vigor lei “A”; durante o processo
sobreveio Lei “B” (mais benéfica) e na sentença Lei “C” (menos
benéfica). Prevalece a retroatividade (lei A) e ultratividade (lei B)
da Lei Intermediária Benéfica.
VACATIO Não prejudica nem beneficia (CP 69 nunca entrou em vigor, logo nunca
foi aplicado no lugar do CP 40)
IRRETROATIVIDADE DO “A” foi condenado por X. Depois, “B” é absolvido mesmo tendo
PRECEDENTE BENÉFICO feito X. Não se pode criar hipótese de retroatividade não prevista
na CF (só para lei) e a coisa julgada tem assento constitucional.
INFO 938/2019 – Na reclamação fundada no descumprimento
de decisão emanada pelo STF, o ato alvo de controle deve ser
posterior ao paradigma.
“A” fez acordo de colaboração premiada com Delegado. Acordo
não foi aceito. Fez novo acordo, só que menos benéfico, com o
MP. Com a ADI 5508/2018 foi admitido acordo com Delegado.
“A” requereu efeitos mais benéficos do primeiro acordo com
delegado, agora permitido. STF: NÃO.
LEIS PENAIS EM Masson resolve com normalidade x anormalidade.
BRANCO Normalidade: complemento retira determinada droga da lista
das ilícitas  retroatividade da lei benéfica.
Anormalidade/excepcionalidade: crime contra economia
popular o desrespeito ao tabelamento de preços de produtos e
mercadorias gerais. Em uma situação de estiagem, visando
conter inflação pelo “trigo”, tabela-se o trigo. Passando o
problema, retira-se da tabela. A excepcionalidade garante a
ultratividade, pois o intuito da norma foi ser temporária.

CERTA: “A revogação do complemento da lei penal em branco,


quando essa for a parte essencial da norma, gera abolitio
criminis.”

Progressão de regime em crimes hediondos

Súmula 471 STJ


OS CONDENADOS POR CRIMES HEDIONDOS OU ASSEMELHADOS COMETIDOS ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI 11.464/07 SUJEITAM-SE AO DISPOSTO NO ART. 112 DA LEI 7.210/1984 (Lei
de Execução Penal) PARA A PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL

Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

Súmula 439 STJ


Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.

 1º A lei de crimes hediondos previa o regime integral fechado (8072/1990)


 2º O STF no HC 82959/2006 declarou a inconstitucionalidade do regime integral
fechado, aplicando-se a LEP (1/6 da pena cumprida)
 3º A lei 11.464/2007 previu o regime inicial fechado com a progressão em períodos
diferenciados (2/5, para primários e 3/5, para reincidentes)

Abolicio criminis temporária na lei de armas


Súmula 513 STJ
A ABOLICIO CRIMINIS TEMPORÁRIA (vacacio legis indireta) PREVISTA NA LEI º 10.826/2003 APLICA-
SE AO CRIME DE POSSE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO COM NUMERAÇÃO, MARCA OU
QUALQUER OUTRO SINAL DE IDENTIFICAÇÃO RASPADO, SUPRIMIDO OU ADULTERADO, PRATICADO
SOMENTE ATÉ 23/10/15.

 De dez/03 a 23/out/2015: qualquer arma de fogo (permitida, restrita ou raspada) poderia


entregar ou regularizar a arma
 Fev/08 a 31/dez/2009: só os crimes de posse de arma de fogo de uso permitido

ABOLICIO CRIMINIS TEMPORÁRIA RETROAGE PARA BENEFICIAR OS AGENTES?


 STJ: SIM, porque não há ressalva no art. 5º da CF ou art. 2º do CP  professor defende, pois
ninguém pode ser punido por algo que lei posterior considera atípico. É uma questão de
isonomia. Se não há interesse de punir hoje não há interesse de punir quem fez antes.

 STF: NÃO! A lei sobre prazo para registro de armas é inaplicável a fatos fora de sua vigente.
“A lei excepcional temporária não tem retroatividade. Tem ultra-atividade em face da regra
do artigo 3º do CP”  por isso o supremo chama de vacacio legis indireta

LEI PENAL NO ESPAÇO - LUGAR DO CRIME


Teoria pura da ubiquidade (mista/unitária)
 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado.
 Evita-se o inconveniente do conflito negativo de jurisdição
 SÓ É RELEVANTE nos crimes a distância/crimes de espaço máximo: aqueles em
que a conduta é praticada em um país e o resultado produzido em outro (pluralidade
de países). A adoção da ubiquidade respeita a soberania de ambos os países.
 Inconveniente do bis in idem: mitigado pela regra do artigo 8º - detração internacional
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 Teoria da ubiquidade não considera atos preparatórios/após a consumação.
 Em relação à tentativa, abrange o lugar em que se desenvolveram os atos executórios
bem como aquele em que deveria produzir-se o resultado.
INAPLICABILIDADE DA UBIQUIDADE
(1) CRIMES CONEXOS: Não há unidade. Cada um processa-se em seu país.

(2) CRIMES PLURILOCAIS: Conduta e resultado ocorrem em comarcas diversas, mas


no mesmo país. Aplica-se o art. 70 (lugar em que se consumar a infração ou, no
caso de tentativa, local em que praticado o último ato de execução).

(3) CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA: ATIVIDADE, pela conveniência à instrução e


permitir a pacificação da sociedade perturbada pelo julgamento pelos seus próprios
membros.

(4) IMPO: ATIVIDADE (art. 63 da Lei 9099/95 “A competência do Juizado será


determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”)

(5) CRIMES FALIMENTARES: FORO DO LOCAL EM QUE DECRETADA A FALÊNCIA,


CONCEDIDA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL ou HOMOLOGADO O PLANO DE RECUPERAÇÃO
EXTRAJUDICIAL (art. 183 da Lei 11.101/95)

(6) ATOS INFRACIONAIS: ATIVIDADE (art. 147, § 1º ECA)

REGRA DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA, COM EXCEÇÕES DE EXTRATERRITORIALIDADE


Regra: PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE temperada
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Fundamento: soberania do Estado (totalidade de competências sobre questões da vida social;
autonomia (rejeição de influências externas); e exclusividade (monopólio do poder nos limites
do território)

Território nacional: no sentido jurídico, o território é o âmbito espacial sujeito ao poder


soberano do Estado.
 Efetivo ou real: superfície terrestre (solo e subsolo), águas territoriais (fluviais,
lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente (o Brasil adota a teoria da
soberania sobre a Coluna atmosférica)
o Mar territorial: 12 milhas (leito e subsolo) – Não obsta o direito de passagem
inocente.
o Rios e lagos internacionais: se sucessivo  parte no Brasil; se simultâneo 
tratado.
o Plataforma Continental (200 milhas) também é território (ZEE é 188, dentro).

 Ficto, por extensão ou flutuante:


o Navios e aeronaves públicos brasileiras, onde quer que se encontrem
o Navios e aeronaves particulares brasileiras, que se encontrem em alto-mar ou
no espaço aéreo
o Navios e aeronaves particulares, pouso-voo-porto em território nacional
 Exceto princípio da passagem inocente
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
 OU SEJA, LEI PENAL EM NAVIO À SERVIÇO É TERRITORIALIDADE!!!
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
 Mas nós utilizamos a territorialidade temperada  excepcionando este
parágrafo:

PRINCÍPIO DA PASSAGEM INOCENTE


Instituto jurídico próprio do Direito Internacional Marítimo que permite a uma
embarcação de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, o direito de
atravessar o território de uma nação, com a condição de não ameaçar ou perturbar a
paz, a boa ordem e a segurança do Estado costeiro (art. 19, da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar)
Também se estende a aeronaves.
Assim, os navios estrangeiros no mar territorial gozam do chamado “direito de
passagem inocente” (contínua, rápida e ordeira), pelo qual o Estado costeiro deve
abster-se de exercer jurisdição civil ou penal sobre tais embarcações, desde que não
afetem um bem jurídico nacional.

IMUNIDADE DIPLOMÁTICA [LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS]


Princípio da reciprocidade. Caráter funcional (não viola a isonomia porque não é pessoal,
mas funcional).
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: o agente diplomático gozará de
imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado.

Diplomatas: IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIÇÃO PENAL – inviolabilidade pessoal, pois


não podem ser presas nem submetidas à procedimento sem autorização. A pessoa do
agente diplomático é inviolável (diplomatas, funcionários, Chefes de Governo e
Ministros das Relações Exteriores) (pessoal, família, residência e pertences). Não
poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão (art. 29).
IRRENUNCIÁVEL, pois não pertence à pessoa, mas ao cargo [nada impede a renúncia
pelo Estado acreditante].
o NÃO se aplica aos empregados particulares dos diplomatas, ainda que
oriundos do Estado representado.

Cônsules: imunidade de jurisdição penal SÓ aos atos praticados no exercício das


funções [“atos de ofício”] (consul, membros do serviço que não sejam nacionais do
Estado acreditado nem nele tenham residência permanente)

Embaixadas são território estrangeiro? NÃO. Se alguém ali praticar um crime e não
tiver imunidade funcional será processado nos termos da legislação penal brasileira.

EXTRATERRITORIALIDADE
Cinco princípios: (a) nacionalidade (ativa ou passiva); (b) domicílio; (c) justiça universal; (d)
defesa; (e) pavilhão.

  Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 


INCONDICIONADA: ainda que absolvido ou condenado (art. 8º) no estrangeiro (§ 1º)
 I - os crimes:
PRINCÍPIO DA DEFESA
(ou real, da proteção de interesses)
Aplica-se a lei penal do estado titular do bem jurídico lesado ou ameaçado, onde quer
que o delito tenha sido cometido e qualquer que seja a nacionalidade de seu autor

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;


b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
(ou da justiça mundial ou cosmopolita)
Aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, como postulado de comunidade de
interesses entre os Estados – ideal de justiça penal universal

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;


 Estratégia: por condicionar ao agente ser brasileiro, diz-se que é
manifestação do princípio da personalidade/nacionalidade (ativa)
 Chama de PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO a parte final: domiciliado no
Brasil

§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro
 DETRAÇÃO: Atenuado pelo art. 8º que veda o bis in idem
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA & TORTURA
Lei da Tortura estatuiu mais uma situação de extraterritorialidade incondicionada,
prevendo em seu art. 2º que “O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha
sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
em local sob jurisdição brasileira”.

CONDICIONADA: requisitos do § 2º (Lei Brasileira é subsidiária em relação aos crimes


praticados fora do território nacional).
 II - os crimes:
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE ou JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
 É aquele em que o agente fica sujeito à lei do país onde encontrado, NÃO
IMPORTANDO A SUA NACIONALIDADE.

PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE - ativa


(ou da NACIONALIDADE)
Aplica-se a lei penal do país de origem do sujeito ativo ou passivo, onde quer que ele
se encontre.
 Tem como base a proibição de extradição de brasileiros + evitar a impunidade: aut
dedere aut judicare.

b) praticados por brasileiro;


PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE - passiva
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior: 
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA (contra BR):
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
(2019) STJ – Caso recente em que paraguaio estuprou mulheres brasileira no
Paraguai. STJ negou extraterritorialidade por ausência de requisição do Ministro da
Justiça.

PRINCÍPIO DA BANDEIRA
(ou da Representação ou do Pavilhão ou Subsidiário/Substituição)
Aplica-se a lei do Estado em que está registrada a aeronave ou a embarcação, ou cuja
bandeira ostenta, quando o delito ocorre no estrangeiro e aí não é julgado.

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de


propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

 Paralelo com o princípio da passagem inocente


CONDIÇÕES CUMULATIVAS

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:
 a) entrar o agente no território nacional; 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 

LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS: não há extraterritorialidade. Só territorialidade.


Art. 2º - A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.
 Jogos de azar é contravenção penal: por isso navios não podem fazer isso em mar
territorial brasileiro

LEI DE TORTURA: praticada no estrangeiro:


 Sendo a vítima brasileira: hipótese de extraterritorialidade incondicionada
 Encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira:
o 1ª corrente: é caso de extraterritorialidade incondicionada (NUCCI)
 Não é condição, é uma aplicação restritiva
o 2ª corrente: extraterritorialidade condicionada (CAPEZ)
 Porque a lei exige que o agente se encontre em lugar sob a jurisdição
brasileira
 Porque as convenções condicionam a aplicação da lei à ocorrência de
extradição
Art. 2º - O disposto nesta lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em
território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdição brasileira.
LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS

IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
Princípio da reciprocidade. Caráter funcional (não viola a isonomia porque não é pessoal, mas
funcional). Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: o agente diplomático gozará
de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado.

Diplomatas: IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIÇÃO PENAL – inviolabilidade pessoal, pois não


podem ser presas nem submetidas à procedimento sem autorização. A pessoa do agente
diplomático é inviolável (diplomatas, funcionários, Chefes de Governo e Ministros das
Relações Exteriores) (pessoal, família, residência e pertences). Não poderá ser objeto de
nenhuma forma de detenção ou prisão (art. 29). IRRENUNCIÁVEL, pois não pertence à
pessoa, mas ao cargo [nada impede a renúncia pelo Estado acreditante].
o NÃO se aplica aos empregados particulares dos diplomatas, ainda que
oriundos do Estado representado.

Cônsules: imunidade de jurisdição penal SÓ aos atos praticados no exercício das funções
[“atos de ofício”] (consul, membros do serviço que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem nele tenham residência permanente)

Embaixadas são território estrangeiro? NÃO. Se alguém ali praticar um crime e não tiver
imunidade funcional será processado nos termos da legislação penal brasileira.

IMUNIDADES PARLAMENTARES
Estatuto dos Congressistas: conjunto de normas constitucionais que estatui o regime
jurídico dos membros do Congresso Nacional, prevendo suas prerrogativas e direitos, seus
deveres e incompatibilidades: inviolabilidade; imunidade; privilégio de foro; isenção de
serviço militar; limitação ao dever de testemunhar.

Conceito e finalidade das imunidades parlamentares: prerrogativas inerentes ao exercício


do mandato parlamentar, preservando-se a instituição de ingerências externas.

Espécies:
a) MATERIAL (real/absoluta/INVIOLABILIDADE):
Art. 53. Os deputados e Senadores são invioláveis, civil (EC 35/01) e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
 Não precisa ser no recinto, basta ter relação com a função (não abrange
manifestações desarrazoadas e desprovidas de conexão com seus deveres
constitucionais)
 Natureza jurídica: fato atípico (STF)
VEREADORES: NA CIRCUNSCRIÇÃO
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta CF, na CE e os seguintes
preceitos:
VIII – INVIOLABILIDADE DOS VEREADORES por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município

b) FORMAL (processual/adjetiva/IMUNIDADE PROPRIAMENTE DITA): possibilidade de


prisão e ajuizamento de ação penal: Diplomação  Fim do mandato
2. IMUNIDADE FORMAL PARA A PRISÃO: qualquer tipo de prisão, inclusive as de
caráter provisório. Exceções:
I - flagrante de crime inafiançável (CF)
II - STF: podem ser presos em caso de sentença penal condenatória
transitada em julgado.
III – Preventiva (Caso Delcídio do Amaral)
IV – Independente de manifestação da Casa (Caso da corrupção
generalizada em Rondônia)
2º Desde a expedição do diploma, os membro do CN não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
dentro de 24h à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão.
 VOTAÇÃO ABERTA (EC 35/01)
 MAIORIA ABSOLUTA
Foi denominada de “relativa incoercibilidade pessoal” pelo STF.
STF já reconheceu a possibilidade de prisão preventiva, no caso Delcídio do
Amaral, porque o réu atrapalhava instrução.
STF: Havendo prisão em flagrante e for impossível a apreciação pela
Casa [Assembleia Inteiramente Envolvida], a prisão será mantida
independentemente da manifestação. Trata-se de interpretação
sistemática e teleológica.

3. IMUNIDADE FORMAL PARA O PROCESSO: sustação para crimes cometidos APÓS A


DIPLOMAÇÃO, antes não (STF não precisa dar ciência dos crimes cometidos antes
da diplomação)!
EC 35/01 retirou a necessidade de prévia licença. Agora há ciência e deve
haver iniciativa de partido representado para obstar, tal pedido pode ser
feito até a decisão final do processo penal.
§ 3º Recebida a denúncia contra S/D, por crime ocorrido após a diplomação, o
STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão
final, SUSTAR o andamento da ação.
 REPRESENTAÇÃO NAQUELA CASA
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de 45 dias do recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
a. Réus não parlamentares: desmembramento do processo

Prerrogativa de Foro:
Art. 53
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF

Obs.:
A QUEM SE APLICA?
 Vereadores só tem IMUNIDADE MATERIAL
 Em qualquer caso, NÃO ABRANGEM OS SUPLENTES
 Abrange Deputados Estaduais (art. 27 § 1º da CF)
 Afastado para exercer cargo de Ministro ou Secretário de Estado: NÃO MANTÉM
IMUNIDADES
Suspende as imunidades, mas mantêm o foro por prerrogativa de função e a
sujeição do procedimento disciplinar por quebra de decoro
 Irrenunciável (cargo, e não pessoa)

ESTADO DE SÍTIO
 Permanecem ainda que em estado de sítio , mas por decisão de 2/3 dos membros
poderão ser suspensas no estado de sítio, em razão de ato praticado por parlamentar fora
do recinto (RELATIVA)
 Em hipótese alguma (nem no estado de sítio) o parlamentar poderá ser responsabilizado
por ato praticado no recinto (ABSOLUTA)

 O STF adotou o entendimento no sentido de que a prática de crime permanente por


parlamente, em situação que autorize a decretação de prisão preventiva, configura flagrante
de crime inafiançável, enquanto durar a prática do delito. Por se tratar de crime
permanente, a conduta está sendo praticada enquanto dura a permanência, admitindo a
situação de flagrância. Por outro lado, a inafiançabilidade decorreria da presença dos
requisitos da preventiva, já que o juiz não poderá arbitrar fiança neste caso (art. 324, IV,
CPP)

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA


Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis
II – sujeita-lo a medida de segurança

Parágrafo único. A homologação depende:


a) Para o I, de pedido da parte interessada
b) Para o II, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro de
Justiça
 A homologação compete ao STJ (Art. 105, I, i, CF)
 Súmula 420 STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do
TRÂNSITO EM JULGADO (Superado: hoje basta a eficácia da sentença no país em que
proferida)
 NÃO há possibilidade de homologação da sentença penal estrangeira para fins de
cumprimento de PENA, a aplicação da pena é um ato de soberania do Estado, se for o
caso poderia o Brasil proceder ao julgamento do infrator no Brasil para que cumpra a
pena aqui (ISSO MUDA COM POSSIBILIDADE DE TRANSFERÊNCIA DA EXECUÇÃO DA
PENA PREVISTA NO ART. 100 DA LEI DE MIGRAÇÃO)

 Para efeitos de REINCIDÊNCIA, não é


necessária a homologação da sentença penal
condenatória proferida no estrangeiro (BASTA
transitar em julgado)
Art. 63-Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior.

CONTAGEM DE PRAZOS
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
Prazo penal ou processual? O prazo sempre será penal quando guardar pertinência com o ius
puniendi, ainda que previsto no CPP (caráter híbrido ou misto, prevalece a face penal). É o
caso da decadência (art. 38 CPP): como sua ocorrência acarreta a extinção da punibilidade,
retirando do Estado o direito de punir, obedece as regras do CP.

No Processo Penal, “não se computará o dia do começo, incluindo-se,


porém, o do vencimento”. Inclusive, se não for dia útil, começará a
contar no primeiro dia útil seguinte (Súmula 310 STF). Isso tudo tem
intuito de beneficiar o réu e possibilitar o efetivo exercício da ampla
defesa.
Como contar? 1 ANO: Se teve início no dia 10/01, terminará no dia 9/01 do ano seguinte.
Prorrogação? NÃO. Os prazos de natureza penal são improrrogáveis, mesmo que terminem
em FDS/Feriado.
Suspensão ou interrupção? SIM. (como causas suspensivas e interruptivas da prescrição)
Calendário comum = Calendário gregoriano (É aquele em que entende por dia o hiato
temporal entre a meia-noite e a meia-noite)
 Não se levam em consideração os dias de cada mês, se 28, 29, 30 ou 31, se um sujeito
é condenado a pena de um mês, e começa a cumpri-la no dia 05, sua pena estará
extinta no dia 04 do mês seguinte

Art. 11. Desprezam-se, nas PPL e PRD as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de
cruzeiro.
 Se no cálculo dá 13,5 será 13; se R$ 90,56  R$ 90,00. Se for 10 dias-multa + 1/3, será
13 dias-multa, não 13,5.

Princípio da convivência das esferas autônomas:


Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se
esta não dispuser de modo diverso
TEORIA DO CRIME

CONCEITO DE CRIME
LEGAL MATERIAL ANALÍCO
Conduta punida com pena Toda ação humana que lesa ou Teoria Tripartida
de reclusão ou detenção, expõe a perigo um bem jurídico (Majoritária)
cumulada ou não com a de terceiro, que, por sua Fato típico, ilícito e
pena de multa, diferente da relevância, merece proteção culpável
contravenção penal.

CONCEITO LEGAL: Em nosso sistema jurídico, INFRAÇÃO PENAL É GÊNERO que se


refere de forma abrangente aos crimes/delitos (expressões sinônimas) e às contravenções
penais. O legislador adotou um critério meramente formal de distinção entre crime e
contravenção.
 Obs.: no direito penal militar só há crimes
Crime ou Delito Contravenção
Crime é a infração penal a que a lei comina Contravenção é a infração penal a que a lei
pena de reclusão ou detenção (33, CP e art. comina, isoladamente, pena de prisão
1º da LICP), quer isoladamente, quer simples (“sem rigor penitenciário em
alternativa ou cumulativamente com a pena estabelecimento especial”) (6,LCP) ou de
de multa. multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
Na receptação o produto só pode ser de crime.
Na denunciação caluniosa só pode deflagrar ação Lei de lavagem de capitais, antes da lei de 2012,
do Estado contra crime. Se for contravenção a havia um rol taxativo de crimes antecedentes. A
pena será pela 1/2. lei de 2012 revogou isso e incluiu “qualquer
infração penal que dê lucro”
Admitem tentativa Não admite tentativa (art. 4º LCP)
Se cometido o crime, tanto no Brasil quanto A prática de contravenção no exterior não
no estrangeiro, e vier o agente a cometer gera efeitos penais, inclusive para fins de
contravenção, haverá reincidência. reincidência.
Tempo máximo de cumprimento de pena: Tempo máximo: 5 anos
40 anos
Tempo mínimo da medida de segurança é 6 meses
de 1 a 3 anos
Aplicam-se as hipóteses de Não há extraterritorialidade (art. 2º LCP)
extraterritorialidade (crimes cometidos no
estrangeiro e julgados no Brasil)
São compatíveis com erro de tipo e de Admitem unicamente a ignorância ou a
proibição errada compreensão da lei, se escusáveis
(art. 8º)
Período de prova do sursis varia de 2 a 4 Período de prova do sursis é de 1 a 3 anos
anos e, excepcionalmente, de 4 a 6 anos
Ação penal: Ação penal:
- pública, incondicionada ou condicionada - apenas pública incondicionada
- privada
Exceções: crime lato sensu
1. Lei Maria da Penha: aos “crimes” cometidos nesta lei não se aplica a lei 9.099/05
(JECRIM)  Jurisprudência dos tribunais superiores interpretou crime como gênero
(política criminal)
2. Princípio da legalidade: não há “crime” sem lei anterior que o defina  crime como
gênero
3. Lei de drogas – art. 28 – crime de usuário: não tem pena de detenção, reclusão, prisão
simples ou multa. As penas são de advertência sobre os efeitos das drogas, prestação
de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo
a. 1ª corrente: criou uma infração penal sui generis (houve descriminalização
formal) – não é crime nem contravenção (Luis Flávio Gomes)
b. 2ª corrente (STF): continua sendo crime – houve apenas a DESPENALIZAÇÃO
moderada (STF-2007 + MASSON) – porque: (1) lei classificou como crime; (2)
sujeita-se ao JECRIM; (3) aplica-se prescrição do CP; (4) não existiam penas
alternativas quando criado o CP, com a diferenciação entre crimes e
contravenções do art. 1º da LICP, ou seja, lei penal extravagante pode adotar
conceito específico de crime.
c. 3ª corrente: houve descarcerização (desprisionalização) (STF-parte)

RE 635659, com Repercussão Geral – Reviravolta sobre o tema


O Relator, ministro Gilmar Mendes, votou pela inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, pois a
criminalização estigmatiza o usuário e compromete medidas de prevenção e redução de danos. Destacou
também que se trata de uma punição desproporcional ao usuário, ineficaz no combate às drogas, além de
infligir o direito constitucional à personalidade. Obs: usuário é diferente do dependente.
Gilmar se manifestou pela inconstitucionalidade com redução de texto para retirar a PPD de prestação de
serviços à comunidade. Em um primeiro momento o ministro se manifestou pela inconstitucionalidade sem
redução de texto, para preservar a aplicação na esfera administrativa e cível das sanções até uma reforma
sobre a lei de drogas.
Nos casos de flagrante por tráfico de drogas, será necessária a apresentação imediata do autor ao juiz para
dar validade à prisão preventiva (juiz verificar se é tráfico ou usuário).

Fachin também votou pena inconstitucionalidade, restringindo seu voto à maconha, droga apreendida com
o autor no recurso. Em temas de natureza penal, o Tribunal deve agir com autocontenção, “pois a atuação
fora dos limites circunstanciais do caso pode conduzir a intervenções judiciais desproporcionais”

Barroso também limitou seu voto à maconha e propôs o porte até 25 gramas ou a plantação de até seis
plantas fêmeas. Esses critérios valeriam até que o Congresso Nacional regulamentasse a matéria.

SUJEITOS DO CRIME
 Ativo: pessoa que realiza direta (autor e coautor) ou indiretamente (participe) a
conduta criminosa, isoladamente ou em concurso.
o Animais: podem ser instrumento do crime, mas jamais sujeitos
o Doentes mentais: desde que maiores de 18 anos, tem capacidade penal
ativa
o Pessoa jurídica:
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOAL JURÍDICA
Com relação à responsabilidade penal das pessoas jurídicas, há, de modo
geral, dois modelos de imputação. O mais tradicional e simples, que
opera também em outras áreas do direito, é o de
“heteroresponsabilidade”, baseado fundamentalmente no
comportamento individual, e que, para se perfazer, requer, geralmente, a
presença de três condições: (a) o cometimento da infração penal por
parte de um empregado da corporação; (b) que tal infração haja sido
cometida no exercício das funções atribuídas a referido empregado; e (c)
com a intenção de obter algum tipo de vantagem ou benefício para a
empresa ou infringindo um dever que a ela corresponda. De outro lado,
há o modelo de “autorresponsabilidade”, que fundamenta a
responsabilidade da pessoa jurídica no defeito de organização que
propiciou ou gerou o surgimento do fato delitivo praticado pela pessoa
física. Segundo esse modelo, se não houver nenhum defeito na
organização, a pessoa jurídica carece de responsabilidade, ainda que em
seu interior algum de seus empregados tenha adotado um
comportamento delitivo.
A existência de um programa de cumprimento normativo (compliance)
efetivo é fator relevante na verificação da culpabilidade da empresa no
modelo de imputação de responsabilidade penal das pessoas jurídicas
fundado na autorresponsabilidade.

PJ pratica conduta? Não. Mas como serão responsabilizadas, se há


previsão constitucional e legal?
Art. 225. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
L 9605/98. Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa,
civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a
infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das


pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Teoria da Ficção Jurídica (Savigny): não tem existência real ou vontade


própria. Não adotada. Se a PJ é ficção, o direito também é, porque
provém do Estado, PJ.  Não admite.

Teoria da realidade, orgânica, organicista ou da personalidade real (Otto


Gierke): é ente autônomo e distinto de seus membros, dotado de
vontade própria. Sujeito de direitos e obrigações.  Possível a
penalização, surgindo duas correntes.
a) Impossibilidade:
2) Desde o D. Romano societas delinquere non potest (não se adapta à teoria
do crime)
3) Não tem vontade própria (sem conduta)
4) Não tem consciência própria (compreensão)  não é imputável
5) não há ressocialização  não existe necessidade de pena
6) Punição alcançaria seus integrantes, ofendendo a intranscendência (kk)
7) Não se pode aplicar PPL

b) Possibilidade: STJ
1) Constitui ente autônomo, dotado de consciência e vontade, possibilitado de
realizar condutas e assimilar a natureza intimidatória da pena
2) Deve responder adaptando-se o juízo de culpabilidade
3) Não viola o princípio da pessoalidade da pena, pois deve-se distinguir pena
dos efeitos da condenação, os quais também se verificam com qualquer
pessoa física
4) Direito Penal não se limita à PPL

STJ (2005): a Lei ambiental, regulamentando o preceito constitucional, passou a prever, de


forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos
ao meio-ambiente.
A responsabilização penal da PJ pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha
política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao MA, mas como
forma de prevenção geral e especial.
A imputação penal às PJ encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma
ação de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades.
Se a PJ tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social
através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e,
portanto, ser passível de responsabilização penal.
A culpabilidade, no conceito moderno, é responsabilidade social, e a culpabilidade da
pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu
nome e proveito. A PJ só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma
PF, que atua em nome e em benefício do ente moral.
A lei ambiental previu para as PJ penas autônomas de multas, prestação de serviços à
comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da PJ, todas
adaptadas à sua natureza jurídica.
Não há ofensa ao princípio constitucional da intranscendência, pois é incontroversa a
existência de duas pessoas distintas: PF – que de qualquer forma contribui para o delito
– e PJ – cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua
atividade lesiva.

Necessidade de imputação simultânea das pessoas físicas


Não se exige mais a dupla-imputação.
Não depende da responsabilização penal das pessoas físicas (STF – INFO
639 e STJ 0 INFO 566)
 CF não exige
 Contexto: ainda que absolvidas as PF ocupantes de cargo de
presidência ou direção, não há subordinação

Responsabilidade penal da PJ de D. Público?


a) SIM: nem CF nem lei de Crimes Ambientais distinguem
b) NÃO: prejudicaria a própria coletividade (argumento contrário à
lógica da responsabilidade civil)
*obs: PJ não responde penalmente por crimes contra ordem econômica,
pois não há previsão legal ou constitucional.
DIREITO DA INTERVENÇÃO
Pois bem, seu criador e principal defensor é o alemão Winfried Hassemer
(Escola de Frankfurt). Para ele, o Direito Penal não oferece resposta
satisfatória para a criminalidade oriunda das sociedades modernas. Além
disso, o poder punitivo estatal deveria limitar-se ao núcleo do DP, isto é,
à estrutura clássica dessa disciplina, sendo os problemas resultantes dos
riscos da modernidade resolvidos pelo direito de intervenção, única
solução apta a enfrentar a atual criminalidade.
O direito de intervenção consiste na manutenção, no âmbito do DP,
somente das condutas lesivas aos bens jurídicos individuais e também
daquelas que causam perigo concreto. As demais, de índole difusa ou
coletiva, e causadoras de perigo abstrato, por serem apenadas de
maneira mais branda, seriam reguladas por um sistema jurídico diverso,
com garantias materiais e processuais mais flexíveis, possibilitando um
tratamento mais célere e amplo dessas questões, sob pena de tornar o
DP inócuo e simbólico.

O Direito de Intervenção gravitaria entre o Direito Penal e o Direito


Administrativo. Para Hassemer o Direito Penal não pode abrir mão de
sua estrutura nuclear; o Direito Penal só se presta à tutela de bens
individuais; para a tutela dos bens coletivos é que serve o Direito de
Intervenção. É contrário à extensão da tutela penal a bens jurídicos
supraindividuais, que vem sendo promovida diante da sociedade dos
riscos.
O Direito de Intervenção é mais flexível do que o Direito Penal, mas
possui sanções menos intensas para os indivíduos. Caracteriza-se pela
aplicação de sanção de natureza não penal e pela flexibilização de
garantias processuais, mas com julgamento afeto a uma autoridade
judiciária e não a uma administrativa. Exemplo no BR: Lei 8429/92.
Para Hassemer, enquanto o Direito Penal não se presta à tutela de bens
penais coletivos, no âmbito do Direito Administrativo as autoridades
não possuem a independência necessária para a aplicação das
penalidades, por isso ele propõe o Direito de Intervenção.
Essa construção recebe críticas. Figueiredo Dias alude que o direito à
intervenção seria uma inversão temerária dos princípios da
subsidiariedade e da proporcionalidade, uma vez que relegaria à seara
mais suave do ordenamento jurídico justamente as infrações que
colocam em maior risco a estrutura da sociedade, ao mesmo tempo em
que, para elas, de grave repercussão difusa, estariam previstas sanções
muito brandas e insuficientes para a punição e ressocialização de seus
autores.
 Passivo
o Mediato ou formal: Estado
o Imediato ou material: titular do bem jurídico efetivamente lesado
 Estado é quando for o titular, como nos crimes contra administração
pública
 Nem sempre o sujeito passivo confunde-se com a pessoa
prejudicada pelo fato: moeda falsa  Estado (e não quem recebeu)
 PJ pode ser sujeito passivo
 MORTOS E ANIMAIS NÃO PODEM SER SUJEITOS PASSIVOS, na
verdade, o serão a família do morto e toda coletividade,
respectivamente (quanto aos animais vejo discussão, ein)
o Sujeito passivo indeterminado: crimes vagos – têm como vítima um ente
destituído de personalidade jurídica

OBJETO DO CRIME
a) Objeto jurídico: bem jurídico
b) Objeto material: pessoa ou coisa que supirta a conduta criminosa

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES


SUJEITO ATIVO
CRIME COMUNS, PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA
a) COMUNS ou GERAIS: podem ser praticados por qualquer pessoa. [bicomuns são os
que podem ter sujeitos ativos e passivos qualquer pessoa]
b) PRÓPRIOS ou ESPECIAIS: tipo penal exige uma situação fática ou jurídica
diferenciada por parte do sujeito ativo [peculato]. Admitem coautoria e
participação.
 Puros: a ausência da condição leva à atipicidade [prevaricação]
 Impuros: acarreta desclassificação para outro delito [peculato doloso  furto]
 Próprios com estrutura inversa (crimes funcionais): praticados por funcionários públicos
contra a Administração em geral.
 Bipróprios: infanticídio (mãe contra o próprio filho recém-nascido)
c) MÃO PRÓPRIA, de atuação pessoal ou de conduta infungível: somente podem ser
praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal [falso testemunho].
Não admitem coautoria (para a doutrina clássica, mas a teoria do domínio do fato
admite coautora), só participação (não dá pra delegar a execução do crime, mas
pode ser induzido) (coautoria em crime de mão própria: a única exceção é o
concurso de dois peritos, contadores tradutores ou intérpretes)
ESTRUTURA DA CONDUTA DELINEADA NO TIPO PENAL
CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS
a) SIMPLES: conduta se amolda a um único tipo penal [furto]
b) COMPLEXO: resulta da união de dois ou mais tipos penais [roubo]
 Crimes famulativos: compõem a estrutura unitária do crime complexo
 Crime complexo em sentido amplo: união de uma conduta típica + uma conduta ilícita
[denunciação caluniosa: calúnia + denúncia]
RELAÇÃO ENTRE A CONDUTA E O RESULTADO NATURALÍSTICO
CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA
a) MATERIAIS ou CAUSAIS: Tipo aloja em seu interior uma conduta e um resultado
naturalístico, necessário para a consumação [homicídio]
b) FORMAIS, de CONSUMAÇÃO ANTECIPADA ou de RESULTADO CORTADO: Tipo
contém em seu interior conduta e resultado naturalístico, mas este é desnecessário
à consumação [extorsão mediante sequestro: consuma-se ainda que não obtenha
vantagem econômica; ameaça: vítima não precisa se sentir ameaçada; injúria: vítima
não precisa se sentir ofendida; extorsão: SÚMULA 96 STJ – O crime de extorsão
consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida]
c) DE MERA CONDURA ou de SIMPLES ATIVIDADE: Tipo se limita a descrever uma
conduta (não contém resultado naturalístico). [ato obsceno; porte de munição de
uso permitido].
MOMENTO DA CONSUMAÇÃO
CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES, DE EFEITOS PERMANENTES E A PRAZO
a) INSTANTÂNEOS ou DE ESTADO: Consumação se verifica em um momento
determinado, sem continuidade no tempo [furto]
b) PERMANENTES: consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente.
 Necessariamente permanentes: sequestro
 Eventualmente permanentes: furto de energia elétrica
c) INSTANTÂNEOS DE EFEITOS PERMANENTES: Efeitos subsistem após a consumação,
independentemente da vontade do agente [bigamia; estelionato previdenciário
praticado por terceiro não beneficiário]
d) A PRAZO: Consumação exige a fluência de determinado período [lesão corporal de
natureza grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por
mais de 30 dias; sequestro com mais de 15 dias]
NÚMERO DE AGENTES ATIVOS ENVOLVIDOS
CRIMES UNISSUBJETIVOS, PLURISSUBJETIVOS E EVENTUALMENTE COLETIVOS
a) UNISSIBJETIVOS, UNILATERAIS ou de CONCURSO EVENTUAL: Praticados por um
único agente, admitindo concurso de pessoas (homicídio)
b) PLURISSUBJETIVOS, PLURILATERAIS ou de CONCURSO NECESSÁRIO: Tipo reclama a
pluralidade de agentes como coatores ou partícipes, imputáveis ou não, conhecidos
ou desconhecidos. Subdividem-se em
(a) crime bilateral ou de encontro, em que o tipo penal reclama condutas que
tendem a se encontrar (e: bigamia);
(b) crimes coletivos (três ou mais agentes) ou de convergência:
 Condutas contrapostas (rixa): um contra o outro
 Condutas paralelas (convergência) (associação criminosa):
auxiliam-se mutuamente para o resultado

Diferentes dos crimes de participação necessária: estes podem ser praticados por
uma única pessoa, mas reclama a participação de outra, que atua como sujeito
passivo (rufianismo)
Na participação necessária, em todas as hipóteses, a punição incide sobre o
autor, nunca sobre o participe necessário, ou porque o tipo protege o participe
necessário (rufianismo), ou porque este se encontra em posição de motivação
compreensível (favorecimento pessoal).

c) EVENTUALMENTE COLETIVOS: não obstante seu caráter unilateral, a diversidade de


agentes é causa de majoração da pena (furto qualificado e roubo circunstanciado)
NÚMERO DE VÍTIMAS
CRIMES DE SUBJETIVIDADE PASSIVA ÚNICA: Consta no tipo vítima única (lesão corporal)
DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA: tipo prevê duas ou mais vítimas (aborto sem
consentimento da gestante)
GRAU DE INTENSIDADE DO RESULTADO ALMEJADO
CRIMES DE DANO E DE PERIGO
a) CRIMES DE DANO ou de LESÃO: só se consuma com efetiva lesão ao bem jurídico
(homicídio; lesões corporais; dano)
b) CRIMES DE PERIGO: se consumam com a mera exposição do bem jurídico a uma
situação de perigo (probabilidade do dano)
 Crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência (presunção
absoluta): consuma-se automaticamente com a prática da conduta, sem se exigir
comprovação de situação de perigo. [tráfico de drogas]
 Crimes de perigo concreto: consumam-se com a comprovação, no caso concreto da
ocorrência de situação de perigo [crime de perigo para a vida ou saúde de outrem]
 Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um nº determinado de pessoas
(perigo de contágio venéreo)
 Crimes de perigo comum ou coletivo: nº indeterminado de pessoas
(explosão criminosa)
 Crimes de perigo atual: perigo está ocorrendo (abandono de incapaz)
 Crimes de perigo iminente: perigo está prestes a ocorrer
 Crimes de perigo futuro ou mediato: situação de perigo se projeto ao futuro,
como no porte ilegal de arma de fogo de uso permitido ou restrito (tipos penais
preventivos)
NÚMERO DE ATOS EXECUTÓRIOS QUE INTEGRAM A CONDUTA
a) UNISSUBSISTENTES: conduta é um único ato de execução, capaz por si só de gerar a
consumação (crimes contra a honra com o emprego da palavra). Não admitem
tentativa, pois a conduta não pode ser fracionada.
b) PLURISSUBSISTENTES: conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos que
devem somar-se para produzir a consumação (homicídio com diversos golpes). É
possível a tentativa.

FORMA PELA QUAL É PRATICADA A CONDUTA


a) CRIMES COMISSIVOS ou de AÇÃO: conduta positiva (roubo)
b) OMISSIVOS: conduta negativa:
 Crimes omissivos próprios ou puros: omissão está contida no tipo
penal, que é uma norma mandamental de um dever de agir. Não
há previsão de dever jurídico de agir para determinada pessoa,
enquanto qualquer pessoa pode praticar. São crimes
unissubsistentes e não admitem forma tentada (crime de omissão
de socorro). Normalmente são dolosos, mas existem culposos
(CDC: omitir dizeres ou sinais sobre nocividade ou periculosidade
de produtos, na forma culposa). São crimes de MERA CONDUTA,
dispensam o resultado.

 Crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por


omissão: o tipo penal descreve uma ação, mas quando o agente é
omisso, descumprindo seu dever jurídico de agir, acarreta a
produção do resultado naturalístico e a responsabilização penal.
Aqui, a norma é proibitiva da ação, acrescida de um dever de
agir. São crimes materiais (dependem do resultado naturalístico);
admitem tentativa; admitem dolo ou culpa. A falta do poder de
agir gera atipicidade da conduta. É incompatível com os delitos
de mera conduta (dever de evitar o resultado).
(a) dever legal
(b) garantidor
(c) ingerência
 Crimes omissivos por comissão: há uma ação provocadora da omissão (sujeito impede
socorro de chegar em quem está morrendo) (não aceito pela doutrina)
 Crimes omissivos “quase impróprios”: não aceita pelo direito brasileiro. Omissão não
produz lesão, mas cria perigo.
c) DE CONDUTA MISTA: tipo é composto por duas fases distintas, uma inicial, positiva,
e outra final, negativa. [crime de apropriação de coisa achada: acha e se omite de devolver]

MODO DE EXECUÇÃO ADMITIDO PELO CRIME


a) DE FORMA LIVRE: ameaça
b) DE FORMA VINCULADA: crime de perigo de contágio venéreo (somente por relações sexuais)

NÚMERO DE BENS JURÍDICOS ATINGIDOS


a) MONO-OFENSIVOS: ofendem um único bem jurídico.
b) PLURIOFENSIVOS: dois ou mais bens jurídicos (latrocínio)

EXISTÊNCIA AUTÔNOMA OU NÃO DO CRIME


a) PRINCIPAIS: independem de crime anterior (estupro)
b) ACESSÓRIOS, DE FUSÃO ou PARASITÁRIOS: dependem da prática de um crime
anterior, como a receptação, favorecimento pessoal e real e lavagem de dinheiro.
 Art. 108: a extinção da punibilidade do crime principal não se
estende ao crime acessório.

NECESSIDADE OU NÃO DE ELABORAÇÃO DE EXAME DE CORPO DE DELITO


a) TRANSEUNTES ou de FATO TRANSITÓRIO: não deixam vestígios materiais.
b) NÃO TRANSEUNTES ou de FATO PERMANENTE: deixam vestígios materiais. Falta
leva a nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.
 Art. 158-A: Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou
latente, constatado ou recolhido, que se relacionada à infração
penal.

LOCAL DO RESULTADO
a) CRIMES À DISTÂNCIA ou DE ESPAÇO MÁXIMO: Países diversos (teoria da
ubiquidade)
b) PLURILOCAIS: comarcas diversas (art. 70 do CP: será competente o juízo do local da
consumação)
c) EM TRÂNSITO: parte da conduta ocorre em um país, sem lesionar nenhum bem
jurídico neste (carta com ameaça enviada da Argentina aos EUA passa pelo Brasil)

VÍNCULO EXISTENTE ENTRE DOIS OU MAIS CRIMES


a) CRIMES INDEPENDENTES: sem vínculo.
b) CONEXOS: com vínculo material ou penal.
 Teleológica ou ideológica: crime é praticado para assegurar a execução de outro
delito (matar segurança para roubar)
 Consequencial ou causal: para assegurar ocultação, impunidade ou vantagem (matar
testemunha)
Ambas estas formas tem previsão lega, sendo qualificadoras no crime de
homicídio e agravantes genéricas nos demais crimes.

LIBERDADE OU NÃO PARA INICIAR PERSECUÇÃO PENAL


a) CRIMES CONDICIONADOS: Inauguração da persecução penal depende de uma
condição objetiva de procedibilidade. (ameaça).
b) INCONDICIONADOS: regra geral.

CRIMES NATURAIS, PLÁSTICOS E VAZIOS


a) NATURAIS ou MALA PER SE: violam valores éticos absolutos e universais (vida)
b) PLÁSTICOS ou MALA PROHIBITA: criados como meios de defesa do Estado contra o
cidadão (contra Administração Pública/ordem tributária)
c) VAZIOS: são os delitos plásticos que não protegem nenhum bem jurídico (NÃO
ADMITIDO)

POTENCIAL OFENSIVO
a) MÍNIMO POTENCIAL OFENSIVO: Não comportam PPL. (Posse de droga para
consumo pessoal: penas de advertência, prestação de serviços e medida educativa)
b) MENOR POTENCIAL OFENSIVO: PPL em abstrato não ultrapassa DOIS anos,
cumulada ou não com multa. JECRIM, rito sumaríssimo, transação penal e
composição dos danos civis. [art. 98, I, CF)
c) MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO: Pena mínima não ultrapassa UM ano,
independentemente da máxima. Admitem suspensão condicional do processo (art.
89 da 9099)
d) ELEVADO POTENCIAL OFENSIVO: Pena mínima superior a UM ano, ou seja, pelo
menos DOIS ANOS (logo, pena máxima também superior). Não há benefícios da
9099.
e) MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO: Tratamento constitucional. Hediondos e
equiparados; TTTs; racismo; ação de grupos armados.
Crime gratuito Praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil.
Crime de ímpeto Sem premetidação, por reação emocional (homicídio privilegiado)
Crime exaurido Após a consumação, agente insiste na agressão ao bem jurídico. Não é
novo crime, mas desdobramento sem consequências ou ensejando a forma
qualificada (resistência)
Crime de circulação Praticado com emprego de veículo automotor, a título de dolo ou
culpa.
Crime de atentado Lei pune de forma idêntica ao consumado e a tentativa, sem
ou de diminuição de pena. [Evasão mediante violência contra pessoa]
empreendimento
Crime de opinião ou Abuso na manifestação do pensamento, escrita ou verbal.
de palavra
Crime Multidão em tumulto.
multitudinário
Crime vago Sujeito passivo é entidade sem personalidade jurídica, como família
ou sociedade [tráfico de drogas  coletividade]
Crime internacional Por tratado internacional, o Brasil se comprometeu a punir.
Crime de mera Agente não realiza conduta penalmente relevante, mas é punido por
suspeita, sem ação conduta suspeita  NÃO ACOLHIDA, mas ainda existe na LCP: posse
ou de mera posição não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto.
Crime inominado Ofende regra ética ou cultural consagrada pelo D. Penal, embora
não definido em lei como infração penal  NÃO, pois viola
legalidade.
Crime habitual Próprio: somente se consuma com a prática reiterada e uniforme de
vários atos (exercício ilegal da medicina e curandeirismo)
Impróprio: só uma ação basta e a reiteração não configura
pluralidade de crimes (gestão fraudulenta)

Crime profissional Crime habitual com finalidade lucrativa [rufianismo]


Quase-crime Crime impossível (art. 17 CP) e participação impunível (art. 31). Não
há crime.
Crise subsidiário É o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais grave.
Crime hediondo Definido por lei.
Crime de expressão Se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno do
autor. Falso testemunho: não importa veracidade, mas intuito do
autor.
Crime de intenção O agente persegue um resultado que não necessita ser alcançado
ou de tendência para a consumação (extorsão mediante sequestro)
interna
transcendente
Crime de tendência Tendência afetiva do autor delimita a ação típica (toque do
ou de atitude ginecologista; injúria)
pessoal
Crime mutilado de dois A fim de: falso  estelionato. Resultado pretendido exige ação
atos ou tipos imperfeitos complementar.
de dois atos
Os crimes mutilados de dois ou mais atos, assim como os delitos de resultado
cortado, são crimes de intenção,
isto é, exige-se a intenção específica do dispensável
resultado para fins de consumação delitiva.
Ocorre que, ao contrário dos crimes de
resultado cortado, em que resultado desejado depende de uma conduta de terceiro,
nos crimes mutilados de dois atos o almejado resultado depende da realização de uma
nova conduta por parte do agente.
No crime de moeda falsa, por exemplo, a mera
realização da falsificação já caracteriza do crime, porquanto o resultado-desejo de
colocá-la em circulação, intenção natural de quem a falsifica, está fora do tipo penal e
depende de comportamento posterior do agente, razão pela qual a doutrina o qualifica
como delito mutilado de dois atos, um anterior, caracterizador do crime, e outro
posterior, o real desejo do agente.
Crime de ação Meio de fraude (estelionato)
astuciosa
Crime falho Tentativa perfeita ou acabada. Agente esgota seus meios e não
obtém resultado.
Crime putativo, Agente acredita ter praticado crime, mas não. (vender pó branco)
imaginário ou  Erro de tipo
erroneamente  Erro de proibição (delito de alucinação ou crime de loucura)
suposto  Por obra do agente provocador
Crime remetido Tipo remete-se a outro crime, que passa a integrá-lo (fazer uso de
qualquer dos papeis falsificados ou alterados, a que se referem os
arts. 297 a 302)
Crimes de Próprios (crimes comuns previstos no CP e especiais, DL 201 e L
responsabilidade 9898/65)
Impróprios (infrações político-administrativas): apreciados pelo
Poder legislativo para imposição de sanções políticas.
Crime obstáculo Retrata atos preparatórios tipificados como crime autônomo pelo
legislador (associação criminosa; petrechos para falsificação de
moeda)
Crime progressivo Exige um crime de ação de passagem. Aplica-se a consunção
(homicídio e lesão corporal)
Progressão Mutação do dolo do agente. Queria crime menos grave e, após
criminosa consumado, decide praticar outro delito de maior gravidade. Aplica-
se consunção.
Crimes de impressão Provocam determinado estado de ânimo na vítima:
a) Crimes de inteligência: mediante engano do sujeito passivo
(estelionato)
b) Crimes de vontade: recaem na vontade da vítima no tocante
à sua esfera de autodeterminação (sequestro)
c) Crimes de sentimento: são os que incidem nas faculdades
emocionais da vítima (injúria)
Crimes militares Em tempo de paz e em tempo de guerra. Podem ser próprio (puros)
quando previstos no CPM e ofendem valores militares; ou
impróprios, previstos no COM ou CP e ofendem valores comuns.
Crimes falimentares Lei de Falências. Ante, durante ou pós. Próprios e impróprios.
Crimes funcionais ou Próprio: indispensável.
delicta in officio Impróprio ou mistos: desclassificação.
Crimes parcelares Crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade
delitiva, desde que presentes os requisitos do art. 71, caput. Adota-
se a teoria da ficção jurídica: todos os delitos parcelares são
considerados um único crime.
Crimes de Resultam unicamente da interpretação dos operadores do Direito,
hermenêutica sem fatos ou provas. Classificação de Rui Barbosa. A Lei de Abuso de
Autoridade afasta expressamente: “a divergência na interpretação
da lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade”
Crimes de rua, Crimes de rua ou do colarinho azul (macacões dos operários norte
crimes do colarinho americanos da década de 1940): classes sociais desfavorecidas
branco e do (furtos famélicos, aos olhos da sociedade, em locais supervisionados
colarinho azul pelo Estado e com frequente repressão penal).
 CIFRA NEGRA: abarca crimes de rua,
sexuais, ou inúteis/medo de buscar a
polícia.
Crimes do colarinho branco: abuso da condição econômica e poder
(crimes contra o sistema financeiro nacional; lavagem de capitais;
contra a ordem econômica)
 CIFRA DOURADA: ações praticadas pela
elite que não são apuradas.

Crime liliputiano Crime anão. Crime vagabundo. Contravenções penais. Na verdade,


não há crime, pois não há pena de reclusão ou detenção.
Crimes de catálogo Portugal. Delitos passíveis de interceptação telefônica.
Crimes de Determinadas condutas são incapazes, isoladamente, de ofender o
acumulação ou bem jurídico. Contudo, sua repetição constitui crime pela lesão ou
crimes de dano perigo de lesão. Jogar lixo na rua 100x.
cumulativo
Crimes de olvido Olvidar é esquecer. Delitos de esquecimento. Crime omissivo
impróprio, marcado pela culpa inconsciente (sem previsão).
[esquecer o filho no carro]. HÁ RESPONSABILIDADE, pois há culpa
(mesmo que inconsciente).
Crimes de Aberratio causae (erro sobre o nexo causal)
aberrantes Aberratio ictus (erro na execução)
Aberratio delicti (resultado diverso do pretendido)
Crime de achado Princípio da serendipidade.
DELITOS DE TENDÊNCIA, INTENÇÃO E DE ATITUDE
DELITOS DE TENDÊNCIA (INTENÇÃO ESPECIAL; ATITUDE PESSOAL): determinadas ações
podem ser consideradas criminosas ou lícitas a depender da intenção do agente ao praticá-
las (“chamar de viado”; furto de uso; toque libidinoso ou não).
há uma tendência afetiva do autor que impregna a ação típica, de modo que a presença
dessas características psíquicas especiais decide sobre a definição jurídica de ações
objetivamente idênticas, mas penalmente diversas.”. Nos crimes sexuais, por exemplo, a
tendência voluptuosa adere à ação típica, atribuindo o caráter sexual ao comportamento do
autor.

DELITOS DE INTENÇÃO (TENDÊNCIA INTERNA TRANCENDENTE; INTENÇÃO


TRANSCENDENTAL): aquele cuja consumação do crime independe de o agente alcançar o
resultado desejado (finalidade transcendente). Isto é, exige do agente uma finalidade além
daquela prevista no tipo para a consumação da conduta delituosa. Se divide em:
A) RESULTADO CORTADO: resultado visado (dispensável para consumação do crime)
depende de comportamento de terceiro. Ex.: extorsão mediante sequestro (é
terceiro quem paga o resgate)
B) MULTILADO DE DOIS ATOS: resultado visado pelo agente (dispensável para a
consumação) depende de uma ação complementar pelo próprio agente. Ex.: crime
de moeda falsa (consuma-se com a mera falsificação, mas a intenção é colocar em
circulação)

Intenção que ultrapassa o tipo objetivo para se fixar em resultados que não precisam se
realizar concretamente, mas que devem existir no psiquismo do autor. É o que ocorre nos
crimes de falso em geral, em que a contrafação ou alteração do objeto material visa a causar
prejuízo a direito alheio.

DELITOS DE ATITUDE: caracterizam-se pela existência de estados anímicos que informam a


dimensão subjetiva do tipo e intensificam ou agravam o conteúdo do injusto, mas não
representam um desvalor social independente, como a crueldade, a má-fé, a traição, que
qualificam ou agravam certos tipos penais.
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
CONCEITO DE CRIME
LEGAL MATERIAL ANALÍCO
Conduta punida com pena Toda ação humana que lesa ou Teoria Tripartida (CP)
de reclusão ou detenção, expõe a perigo um bem jurídico de Fato típico, ilícito e
cumulada ou não com a terceiro, que, por sua relevância, culpável
pena de multa, diferente da merece proteção penal.
contravenção

CONCEITO ANALÍTICO/ESTRATIFICADO DE CRIME


É algo que está em construção

Para parcela crime é fato típico e antijurídico e a culpabilidade é pressuposto p/ pena


FATO TÍPICO ILICITUDE/ANTIJURIDICIDAD CULPABILIDADE
E
o Conduta humana o Estado de necessidade o Imputabilidade
o Relação de causalidade o Legítima defesa o Potencial consciência da
o Resultado naturalístico o Estrito cumprimento do ilicitude
o Tipicidade (tipo legal e dever legal o Exigibilidade de conduta
tipo subjetivo, onde está o Exercício regular de diversa
dolo e culpa) direito
o Existem outras causas *Zaffaroni inclui uma outra
supralegais, como o face da culpabilidade calcada
consentimento do na vulnerabilidade do autor
ofendido x grau de esforço
Existe uma corrente estrangeira que sustenta a punibilidade como quarto elemento do crime
(quadripartite – focada nas missões no direito penal)  Mas punibilidade é consequência da
prática do crime, não elemento.
Teoria da racio cognoscendi: O fato típico presume a ilicitude, das as excludentes vêm para afastar essa
presunção.

Qual o critério adotado pelo CP? Tripartite ou Bipartite (sem culpabilidade)? Não há posição
expressa. O CP 40 adotava expressamente a tripartite (mais ligada a teoria clássica, pois, se
dolo e culpa estão na culpabilidade, não há como tirá-la da estrutura). O CP 84 não expressa,
mas indica a adoção da teoria finalista, o que implica (não necessariamente, mas logicamente)
na teoria bipartite:
 CP separa “do crime” (Título II, fato típico e ilícito) da “imputabilidade” (Título III, parte
a culpabilidade).
 CP ao tratar das excludentes de ilicitude dispõe: “Não há crime”; mas ao tratar da
exclusão da culpabilidade: “isento de pena”  e o art. 180 § 4º dispõe: “A receptação
é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio
a coisa (há crime).

EVOLUÇÃO: No quadro acima, adota-se a Teoria Finalista (com dolo e culpa no fato típico)
1) TEORIA CLÁSSICA OU PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE (SISTEMA CAUSAL-NATURALISTA
DE LISZTZ-BELING)
A estrutura desse sistema é o positivismo/cientificismo. (Afasta valorações filosóficas,
psicológica e sociológicas, evitando-se valorações)
Aspecto positivo: segurança jurídica
Aspecto negativo: excesso de formalismo em um fenômeno social
 Incapacidade de admitir a invalidade de uma norma formalmente produzida, mas
materialmente incompatível com o ordenamento jurídico vigente  isso ainda influi no
sistema penal atual, exemplo “jogo do bixo”, “pirataria”, “ato libidinoso, no DPM”
 Objeto da ciência jurídica não pode ser limitado ao direito positivo. Não se lhe pode atribuir
simplesmente sua análise e sistematização através do método indutivo de construção jurídica
 As regras jurídicas projetam-se para fora de si mesmas

Conceito analítico de delito: dois aspectos


a) Aspecto externo (injusto penal) – objetivo: ação típica e antijurídica
a. Ação: era o movimento humano voluntário que causava uma alteração no
mundo exterior (resultado naturalístico). Englobava o ato de vontade e o
resultado.
i. Involuntário: ato reflexo, coação física irresistível
b. Tipo penal (objetivo-descritivo): tinha função fundamental de descrever
objetivamente as condutas, prevendo, ainda o resultado
i. Exercia também uma função indiciária de ilicitude (ratio cognoscendi:
fato típico presume relativamente a ilicitude)
c. Antijuridicidade (puramente objetiva): era a mera comprovação de que a
conduta contrariava formalmente a lei penal. Bastava constatação de que a
conduta era típica e de que não concorria qualquer causa de justificação para
reconhecer-se a ilicitude.
i. Excludentes de ilicitude: eram aferidas objetivamente, bastando
enquadrar a conduta na situação definida na causa de justificação sem
perquirir a consciência e a vontade de agir justificadamente (isto é, o
elemento subjetivo – animus defendendi, animus salvandi)
b) Aspecto interno – culpabilidade: teoria psicológica da culpabilidade: caráter
puramente descritivo, o vínculo psicológico entre o agente e o fato praticado
a. Diversidade da intensidade do vínculo psicológico: dolo e culpa
b. Imputabilidade era pressuposto da culpabilidade, para indagação do elemento
anímico
c. Problemas não resolvidos: omissão (conduta é o movimento humano voluntário
que causa alteração no mundo exterior ), culpa inconsciente (vislumbro o resultado,
mas não quero o risco), tentativa (não tem resultado)

2) SISTEMA NEOCLÁSSICO – TEORIA TELEOLÓGICA DO DELITO


Metodologia Neokantiana
Como reação ao Sistema Clássico, trouxe fundamentação metodológica que permitiu a melhor
compreensão dos institutos jurídicos penais como conceitos valorativos, sem renunciar à
pretensão de cientificidade.
 Priorização do normativo e axiológico (na clássica era formalismo)
 A teoria do conhecimento do neokantismo agregou-se ao método científico-
naturalístico do observar e descrever(clássica), restaurando a metodologia própria das
ciências do espírito, caracterizada por compreender e valorar(neoclássica)
 Substituição da coerência formal de um pensamento jurídico circunscrito em si mesmo
por um conceito de delito voltado para fins pretendidos do Direito Penal e pelas
perspectivas valorativas que o embasam
 Toda realidade tem um valor preestabelecido (cultura), levando à constatação de
que o Direito Positivo não contém em si mesmo um sentido objetivo a ser
simplesmente descoberto pelo intérprete
 As normas jurídicas, como um produto cultural, têm valores prévios
Aspecto positivo:
 Constatar a necessidade de harmonizar a convivência entre o ser e dever ser do Direito
 Superar a ideia de crime como mero fenômeno físico causador de um resultado
naturalístico

Conceito neoclássico do delito:


a) Ação: deixa de ter uma concepção puramente naturalística e passa a admitir um
sentido normativo, o que permite a compreensão dos crimes omissivos, culposos e da
tentativa (resultado naturalístico e jurídico)
b) Tipo penal: deixa de ser puramente objetivo/descritivo e agrega elementos
normativos (conteúdo de valor) e elementos subjetivos específicos (motivos,
tendências sem esquecer que dolo e culpa continuam na culpabilidade)
c) Injusto Penal: nova relação entre tipicidade e a antijuridicidade
a. Tipicidade deixa de ser mero indício de ilicitude (ratio cognoscendi) e passa a
ser a razão de sua existência (ratio essendi)
i. Ratio cognoscendi: excluída a ilicitude o fato típico ainda existe

ii. Ratio essendi: excluída a ilicitude o fato típico não tem razão de ser
(tipo total injusto)  Zaffaroni, Tipicidade conglobante

b. Antijuridicidade: deixa de ser a simples e lógica contradição entre a conduta e


a norma jurídica (conceito formal) e passa a conter um juízo de desvalor
material – danosidade social – com a introdução de considerações axiológicas
e teleológicas. Onde não houver lesão de interesse algum, o fato não poderá
ser qualificado como antijurídico.
i. Antijuridicidade formal: oposição à norma
ii. Antijuridicidade material: danosidade social
d) Culpabilidade: teoria psicológico-normativa  ante a influência de ideias
neokantianas, no sistema penal neoclássico, a culpabilidade passa a ser vista como
reprovabilidade – formação da vontade contrária ao dever
a. Culpabilidade passa a ser um juízo de censura ou reprovação, introduzindo-se
elemento normativo ao que tinha cunho apenas psicológico na Teoria Clássica
b. Assim, para a reprovação, não bastava a existência do vínculo subjetivo entre o fato e
o agente, mas era necessário que se pudesse, naquelas condições, exigir do agente
uma conduta conforme o direito
c. Elementos da culpabilidade:
i. Imputabilidade: deixa de ser mero pressuposto da culpabilidade e
passa a ser seu elemento – é a possibilidade de se responder
penalmente ante a real consciência da ilicitude e a capacidade de se
determinar conforme este entendimento
d. Espécies de culpabilidade:
i. Culpa é uma vontade defeituosa
ii. Dolo é vontade e consciência de realizar o fato proibido
1. Dolo malus: além da vontade, exige-se a real consciência da
ilicitude do fato (elemento normativo). O dolo é a consciência
e a vontade de realizar uma conduta com conhecimento da
ilicitude do fato
e. Inexigibilidade de conduta diversa é causa geral de exclusão da culpabilidade

3) TEORIA DA AÇÃO FINAL (SISTEMA FINALISTA) (teoria normativa pura) (+ aceita no CP)
Em contraposição ao subjetivismo epistemológico do neokantismo, o ontologismo do
finalismo de Welzel afirma que não é o homem, com suas categorias mentais, quem
determina a ordem do real, mas o próprio homem está inserido numa ordem real
correspondente a estruturas lógico-objetivas (não subjetivas).
 Crítica ao subjetivismo e excessos valorativos da visão clássica
 Ação é uma estrutura lógico-objetiva guiada pela finalidade humana
 Pretende corrigir contradições da teoria da causalidade normativa do conceito
neoclássico de delito com a inserção do dolo e culpa na tipicidade-conduta.

Se o ponto de partida metodológico subjetivista do neokantismo afirmava que o caráter


valorativo de um fato não está no fato em si, mas naquilo que lhe é atribuído pelos homens, o
finalismo sustenta que o significado dos fatos procede de sua forma de ser.
 Não é compreender e valorar, é uma abordagem ontológica
 Em reação à teoria neoclássico, a teoria finalista contém os possíveis excessos desse
período, afastando o subjetivismo do neokantismo e propondo um objetivismo
existencialista, de forma que o crime é um conceito ontológico

Críticas:
 O enfoque ontológico do finalismo é questionável à luz da evolução da filosofia, tendo
levado tanto as correntes hermenêuticas como as analíticas a abandonarem a
pretensão de apreender essências próprias do ontologismo
 Na modernidade já não é possível sustentar a razoabilidade da argumentação jurídica
partindo de estruturas lógicos-objetivas imutáveis
 O finalismo parte de um objetivismo existencialista, que desconhece que os conceitos
não são puros reflexos necessários da realidade, mas construções humanas baseadas
num consenso social contingente
No Brasil, há influências dos três sistemas, o que causa muitas vezes dificuldade na atuação e
interpretação das leis penais.

Elementos do crime:
a) Ação humana: é exercício de atividade final, é um agir orientado conscientemente ao
fim. É um acontecer final e não puramente causal. O homem pode prever, dentro de
certos limites, as consequências possíveis de sua conduta.

b) Fato típico: o finalismo retirou todos os elementos subjetivos que integram a


culpabilidade e esta passou a ser puramente normativa.
a. Tipo penal complexo:
i. Tipo objetivo: elementos descritivos e normativos (não subjetiva, mas
com apoio na ciência)
ii. Tipo subjetivo: dolo/culpa (alguns dizem ser normativo outros não)
1. Dolo: é transportado da culpabilidade para o fato típico e,
afastado de sua carga normativa, passa a ser dolo natural
(consciência dos elementos do tipo e vontade de realizá-los)
 tipo doloso: ação final dirigida à realização de resultado
socialmente intolerável
a. Alguns tipos vão exigir dolo especial com especial fim
de agir
2. Culpa: é a violação do dever de cuidado  tipo culposo:
execução da ação final em relação às consequências
socialmente intoleráveis que o autor pensa que não
ocorrerão (consciente) ou que sequer representa sua
ocorrência (inconsciente)
c) Antijuridicidade: mantém os aspectos formal e material
a. Causas de justificação: tipos permissivos, com aspectos:
i. Objetivo: pressupostos legais das causas de justificação
ii. Subjetivo: consciência e vontade de agir justificadamente animus
salvandi, animus defendendi
b. Causas supralegais: ex.: consentimento do ofendido
d) Culpabilidade: juízo de censura endereçado ao agente, por não ter agido conforme a
norma quando podia fazê-lo, restando-lhe apenas elementos normativos de
valoração, razão pela qual é conhecida como teoria normativa pura (aspectos
subjetivos foram deslocados para o fato típico)
a. Imputabilidade: hipóteses na lei
b. Potencial consciência da ilicitude (e não “real” erro de proibição): art. 21
c. Exigibilidade de conduta diversa: art. 22

TEORIAS DA CULPABILIDADE:

4) PÓS-FINALISMO (MODELOS FUNCIONALISTAS)


Qual é a função da pena? Prevenção.
A evolução da teoria do delito a partir dos modelos funcionalistas caracteriza-se pela
tendência de normativização dos conceitos, com base em juízos de valor (aspectos
axiológicos). Orientação do sistema penal a finalidades político-criminais (aspectos
teleológicos).
 Critica o ontologismo  busca-se as finalidades/função do Direito Penal
Não há alteração profunda no conceito analítico de delito enquanto ação típica, antijurídica e
culpável, mas as categorias sistemáticas do delito passam a admitir certa flexibilidade (ex:
teoria da imputação objetiva)
 Zaffaroni e tipicidade conglobante
Culpabilidade Normativa que inclui a culpabilidade por vulnerabilidade ao poder punitivo
(ZAFFARONI)
O pressuposto desse concepção é que o Estado não é de todo racional e persegue o cidadão
com o afã de policiar e dominar sujeitos socialmente excluídos e, ao fazer sua seleção
criminalizante, utiliza-se de preconceitos e estereótipos, voltando seu poder de punir àqueles
que mais facilmente se põe a seu alcance, cometendo delitos de modo grosseiro. O ius
puniendi se revela mais perigoso para umas pessoas do que outras, tornando aquelas mais
vulneráveis à punição.
Diante dessa realidade, o Direito Penal deve funcionar como um limite à ânsia de punição dos
vulneráveis pelo Estado. Tal tarefa deve ser desempenhada pela culpabilidade, cuja maior
função está em estabelecer critérios e filtros ao poder punitivo. Disso decorre que a
culpabilidade não funciona como um meio de racionalizar o ius puniendi estatal – que segue
sendo irracional e perigoso – mas como um instrumento de racionalidade na reação punitiva,
com imposição de limites. A graduação da pena deixa de pautar-se somente pelo conteúdo do
injusto objetivamente considerado, passando a ponderar também a condição humana do
agente.
A culpabilidade por vulnerabilidade não é uma alternativa a culpabilidade como reprovação
formalmente ética, senão um passo superador dessa, que a conserva em sua síntese. Afirmada
a culpabilidade formalmente ética como culpabilidade pura pelo fato – conforme o âmbito de
autodeterminação com que o sujeito pode deliberar – apresentar-se, em contrapartida, a
culpabilidade por vulnerabilidade, para contrabalancear a desconsideração, por parte
daquela, da seletividade penal.
Harmonizadas ambas as faces da responsabilização penal subjetiva, essa sintetiza-se em uma
culpabilidade normativa penal que pode ter ser nível de reprovação diminuído, nunca
ampliado.
Esse juízo resulta da síntese de uma reprovação fundada no âmbito de autodeterminação da
pessoa no momento do fato - formulada com base em elementos formais proporcionados pela
ética tradicional -, com uma reprovação pelo esforço do agente para alcançar a situação de
vulnerabilidade em que o sistema penal concretizou sua periculosidade, descontando desse o
mero estado de vulnerabilidade.
Assim, em casos em que a vulnerabilidade do sujeito for baixa, esse deve realizar um esforço
maior para que alcance a situação concreta de intervenção penal, hipótese em que a
reprovação será maior. Contrariamente, e isso representa o grosso dos criminalizados, quando
não se realizam grandes esforços para alcançar a situação concreta de vulnerabilidade, por se
partir de um estado consideravelmente elevado, bastando muito pouco para que se concretize
nesses sujeitos a perigosidade do poder punitivo, a reprovação por vulnerabilidade terá grau
menor.

Funcionalismo Radical ou Sistêmico (JACOBS)


Parte da orientação funcionalista de que a finalidade da pena é a proteção da estabilização das
expectativas normativas.
Postula a total renormativização do sistema penal com fundamento sistêmico. O direito penal
é que deve ajustar-se às necessidades sistêmicas. O foco está nos fins da pena, ou seja, nas
consequências do Direito Penal.
O conteúdo material da culpabilidade corresponde a própria finalidade da pena, que em sua
teoria é a prevenção geral, que é a função do D. Penal (proteção da validade das normas).
Prevenção geral não é intimidação, mas fidelidade ao direito. Assim, culpabilidade é
responsabilidade por um déficit de motivação jurídica dominante, em um comportamento
antijurídico que afeta a confiança geral na norma.
No modelo jakobsiano, para que se perfaça a culpabilidade, quatro são os requisitos
cumulativos: (i) o autor deve comportar-se antijuridicamente; (ii) deve ser imputável, vale
dizer, um sujeito com capacidade de questionar a validade da norma ; (iii) deve atuar não
respeitando o fundamento de validade das normas; e (iv) conforme a espécie de crime, devem
concorrer elementos especiais da culpabilidade inerentes àquela.
Na ausência de igualdade, de que é consequência a inimputabilidade, há um defeito no
processo de motivação do autor, que pode se verificar em dois casos: na falta de
desenvolvimento de uma consciência social do sujeito - que é presumida nas crianças, mas
deve ser analisada concretamente nos adolescentes e nos portadores de oligofrenia grave -; e
na falta de competência do indivíduo, isto é, na perda de sua subjetividade, a ser
demonstrada psico-fenomenologicamente, podendo fundar-se em condições orgânico-
cerebrais.
Na inexigibilidade de comportamento conforme o Direito, por sua vez, o processo motivatório
do sujeito é normal, mas a culpabilidade é diminuída ou excluída quando a motivação não
jurídica puder ser explicada por uma situação que, para o autor do fato, constitua uma
"desgraça", ou que possa se imputar a outra pessoa.
Na construção do autor, o fundamento da culpabilidade está vinculado ao conceito de pessoa
- atrelado aos papéis ou róis sociais desempenhados -, e dependerá de como se encontram
normativamente estabelecidos os vínculos entre indivíduo e sociedade.
Nota-se, dessa formulação, que o conceito da culpabilidade não está atrelado a características
naturais da ação - como conhecimentos e motivações -, mas à relevância comunicativa que
uma determinada sociedade lhe outorga.
Críticas:
o Além de distanciar-se dos referentes ontológicos da realidade empírica, rejeita
as limitações externas ao próprio sistema de Direito Penal.
o Conduz ao endurecimento do Direito Penal em prol de uma eficácia simbólica,
nos ordenamentos jurídicos de ideologia autoritária ou naqueles em que os
direitos e garantias individuais não estão devidamente consolidados (por
exemplo, quando se cria crimes hediondos, quando se quer tornar
imprescritível o crime de estupro, tudo em resposta a casos)

Conceito de ação no funcionalismo sistêmico: um processo de natureza social e causal,


hábil a violar o sistema jurídico pela quebra de expectativas normativas, acrescentando a ela
o critério de evitabilidade como condição individual que pertence ao comportamento, não
em seu aspecto material de resultado e sim sobre o ato de infringir a norma

Funcionalismo Moderado (ROXIN)


Com o intuito de contornar a indemonstrabilidade do livre-arbítrio e a vinculação da
reprovabilidade a valores ético-sociais - pontos centrais na crise da culpabilidade finalista -,
Roxin busca redefinir o conceito de culpabilidade em face das demais categorias do delito.
Fundamenta o sistema penal com caracteres teleológicos (os fins do Direito Penal) e
axiológicos (normativismo funcional).
Assim, enquanto a tipicidade estabelece, para todas os cidadãos, em nome da prevenção geral,
os parâmetros legais de criminalização e a antijuridicidade descreve o comportamento correto
em determinadas situações de conflito, a culpabilidade, por sua vez, está relacionada à
pergunta de se do ponto de vista penal uma sanção contra um indivíduo concreto é ou não
necessária, em vez do questionamento de se outro comportamento do autor era possível
naquelas circunstâncias.
Essa guinada representa um desenvolvimento da culpabilidade normativa até um conceito de
responsabilidade, no qual aquela funciona como um dos componentes dessa, juntamente com
elementos de política criminal relacionados à função da pena. Tipicidade e antijuridicidade
voltam-se ao problema da adequação de determinado comportamento do D. Penal.
Responsabilidade é orientada à questão da necessidade da pena no caso individual, desde
parâmetros políticos-criminais.
Responsabilidade depende de dois fatores: culpabilidade do sujeito + necessidade preventiva
da pena. Ela é originalmente eleita pelo legislador ao dispor sobre o tipo e pena. Todavia, é
possível que o legislador preveja, a partir de critérios político-criminais, que em certas
situações a pena não se revele preventivamente indispensável.
Na compreensão de Roxin, a culpabilidade deve ser entendida, desde o ponto de vista
substancial, como a atuação injusta apesar da existência de acessibilidade normativa. Em
outros termos, isso significa que a culpabilidade se caracteriza quando: (i) um sujeito estava
disponível, mental e animicamente, no momento do fato para a chamada da norma; (ii) lhe
eram psiquicamente acessíveis possibilidades de decisão por uma conduta orientada conforme
à norma; e (iii) existia no caso concreto a possibilidade psíquica de controle - seja ela livre ou
determinada - que há no adulto são na maioria das situações.
 Proposta de abertura metodológica: todas as categorias do sistema jurídico-penal
baseiam-se em princípios reitores normativos político-criminais, que serão aplicados
aos dados empíricos, chegando a conclusões diferenciadas e adequadas à realidade
 Crítica: flexibilização das categorias dogmáticas em função de finalidades político-
criminais variáveis pode resultar contraproducente na sistematização racional do
conhecimento jurídico penal (excessiva valoração da teoria da imputação objetiva) (o
que é mais fácil, ter um padrão ou não haver um padrão?)
 Nosso sistema não é funcionalista, mas existem influências

A partir do funcionalismo teleológico-racional de ROXIN, o fato típico passa a conter uma


terceira dimensão, além das dimensões formal-objetiva e subjetiva, a dimensão normativa ou
material, nesta incluída a imputação objetiva, expressa em dupla exigência:
a) Criação ou implementação de um risco juridicamente proibido
b) Imputação objetiva do resultado, através do nexo de imputação, àquele que
proporcionou diretamente a ocorrência desse risco

FUNCIONALISMO (para ROXIN/JACOBS)


 Ampliação do conceito de culpabilidade para responsabilidade (necessidade
preventiva geral especial da pena)
o Especial negativa: prender
o Especial positiva: ressocializar
 Responsabilidade: somatório da culpabilidade com a necessidade de sanção
 Culpabilidade é critério para punibilidade, passando a pena a ser legítima sempre que
for socialmente útil
 Teoria funcional voltou suas atenções para os efeitos da pena sobre as pessoas que
observam o Direito e que confiam na vigência efetiva de suas normas para a proteção
dos bens jurídicos (prevenção geral positiva ou de integração)

RENÚNCIA À PUNIBILIDADE COMO REPROVAÇÃO (WINFRIED HASSAMER - Frankfurt)


Elabora uma formulação teórica da culpabilidade desvinculada da ideia de reprovação,
essa, ao ensejar a responsabilização unicamente do agente pelo fato, despreza os
múltiplos fatores criminógenos que concorrem com a prática delituosa e permite que a
sociedade afetada pelo mal causado pelo delito o projete em direção ao sujeito que o
disparou - que funciona como um bode expiatório -, expulsando-o do convívio social.
Conquanto defenda um conceito de culpabilidade sem reprovação, Hassemer adverte que essa
estrutura não representa uma supressão da função limitadora daquele princípio, uma vez que
a ideia de reprovabilidade não teria qualquer traço de limitação, mas justamente o contrário,
estendendo em grande medida a carga de sanção penal ao delinquente. Em verdade, os
limites da pena, para o doutrinador alemão, se deduziriam mais adequadamente dos critérios
de proporcionalidade do que do princípio da culpabilidade, sendo necessário apenas
aperfeiçoar tais parâmetros, a partir de um trabalho teórico e empírico que envolvesse
investigações sobre a gravidade do fato e a intensidade da sanção, assim como a respeito da
sensibilidade e da receptividade à pena, por parte do condenado

ELEMENTOS DO CRIME
FATO TÍPICO ILICITUDE/ANTIJURIDICIDAD CULPABILIDADE
E
o Conduta VOLUNTÁRIA E o Estado de necessidade o Imputabilidade
CONSCIENTE o Legítima defesa o Potencial consciência da
o Tipicidade (INCLUI DOLO) o Estrito cumprimento do ilicitude
o Relação de causalidade dever legal o Exigibilidade de conduta
(só há nos crime o Exercício regular de diversa
materiais) direito
o Resultado (SEMPRE HÁ o Existem outras causas
RESULTADO JURÍDICO) supralegais, como o
consentimento do
ofendido

De modo geral, podem ser identificadas cinco grandes fases no desenvolvimento da teoria do
crime: 1ª.) o naturalismo, de base ôntica, que chegou ao apogeu com o sistema de von Liszt e
Beling; 2ª.) o neokantismo, que proporcionou uma normatização do sistema; 3ª.) a
perspectiva totalizadora que, na verdade, conduziu a um irracionalismo dogmático; 4ª.) o
finalismo, que culminou com o ontologismo de Welzel; e 5ª) as teorias atuais que
renormativizam o sistema do Direito Penal, vinculando-o a determinados fins (funcionalismo).
Cronologia: a corrente causal naturalista predominou até o início do século passado; o
neokantismo, até 1.930; irracionalismo totalizador, até 1.945; o finalismo, até o último quarto
do século XX; e, o funcionalismo, daí em diante.

FATO TÍPICO

1 - CONDUTA
TEORIAS DA CONDUTA
Teoria Clássica Teoria Finalista
Conduta é o comportamento humano voluntário Conduta é todo comportamento humano dirigido
que produz modificação no mundo exterior. a um fim.
Teoria Social Teoria personalista (Roxin)
Conduta é a manifestação externa da vontade Conduta é a manifestação da personalidade
com relevância social, ou o comportamento humana como comportamento proveniente de
humano relevante dominado ou dominável pela seu aspecto anímico-espiritual. Reformula teoria
vontade. para tornar mais cautelosa a imputação de um
resultado a um agente.
Teoria da evitabilidade individual (Jakobs) Teoria da ação significativa (Antón - Habermas)
Conduta é a ação que produz um resultado Conduta é o comportamento que preenche todas
evitável ou a omissão que não evita um resultado as elementares do tipo penal, só possuindo
evitável, violando o sistema penal. significado jurídico em razão de sua existência
como fato típico.

1) Teoria Causal-Naturalista (Sistema Clássico)


FORMAL-OBJETIVO-DESCRITIVO
a) Von Liszt; Beling e Radbruch (este tb é classificado como neokantista) – fim do séc. XIX (BR – Magalhães
Noronha, Nelson Hungria)
b) Influência do pensamento científico natural – positivismo – formalismo (evita manipulação
subjetiva do intérprete) – causalidade & determinismo.
Conceito: Ação consiste numa modificação causal do mundo exterior , perceptível pelos
sentidos (resultado naturalístico e não jurídico), e produzida por uma manifestação de
vontade (ação ou omissão voluntária). (agregada ao resultado).
 NÃO precisa de VALORAÇÃO. Basta a mera observação objetiva-descritiva. Daí vem a
dificuldade de analisar a omissão, como se descreve um não fazer?
 Para o causalismo, a tipicidade é puramente formal. A mera subsunção da conduta ao
tipo penal, sem valoração normativa ou subjetiva. Tipo anódino = descritivo =
objetivo.
 A ilicitude também era preponderantemente formal (havia uma divergência entre
Liszt-material e Beling-material). Já tinha uma carga normativa, mas é mais formal
porque estaria configurada a ilicitude se não houvesse excludentes de ilicitude.
o Beling valia-se da teoria do tipo avalorado (fase da independência do tipo)
 Teoria Psicológica da Culpabilidade, em que o dolo e culpa era elementos (essência) da
culpabilidade (pressuposto).
 Causalismo – elementos OBJETIVOS do crime: Tipicidade e Ilicitude. SUBJETIVO:
Culpabilidade.

Três elementos da conduta:


1.º. Vontade (externa, objetiva)
a. Volição: impulso de vontade (mental)  Exclui atos reflexos, coação física irresistível
b. Inervação: fisiológico (físico)
2.º. Resultado (naturalístico)
3.º. Relação de causalidade
Dolo e culpa estão na culpabilidade. Separação taxativa dos aspectos da ação:
 Objetivos: processo causal externo  ação e resultado
 Subjetivos: processo interno  conteúdo da vontade (CULPABILIDADE)  Para não virar
Responsabilidade Penal Objetiva, como não considerada dolo e culpa no fato típico, a Teoria Causalista
adota obrigatoriamente o conceito analítico tripartite de crime, para não ser crime se não houver dolo
ou culpa - culpabilidade.

Problemas: separa a conduta exterior da relação psíquica do agente.


1.º. Crimes omissivos impróprios, formais e de mera conduta: falta uma relação de causalidade entre
abstenção e o resultado
2.º. Crimes culposos: o fator decisivo para a sua compreensão é o desvalor da ação (desvalor está na
culpabilidade)
3.º. Tentativa: reconheceu-se que o dolo é um elemento da culpabilidade somente no crime consumado
Por tal razão, a teoria encontra-se abandonada.

2) Teoria Causal-Valorativa Da Ação (Neoclássico - NEOKANTISMO)


valores
NEOKANTISMO - Reação ao sistema clássico (positivismo): insere conceitos valorativos (compreender
e valorar) em todos os estratos do crime:
 Tipicidade que era meramente formal (causalista, positivista), passou a ter elementos subjetivos e
normativos, ganhando carga valorativa. O comportamento é uma conduta humana “relevante”
A primeira aparição do dolo e culpa no tipo penal ocorreu no Neokantismo de Mezger,
tentando explicar a tentativa. É a teoria da dupla posição do dolo que ficava no tipo
(conhecimento) e na culpabilidade (vontade).

 Ilicitude passou a ser preponderantemente material (danosidade social – raiz da tipicidade material)
 Culpabilidade psicológico-normativa (uma das fórmulas de Frank) agregou o consciência atual da ilicitude,
mas ainda tem dolo e culpa
Causalismo Neokantismo
Culpabilidade como pressuposto; Imputabilidade, dolo e culpa e consciência atual da
Dolo e culpa como espécies ilicitude como elementos (carga valorativa)

Ação deixa de ser absolutamente natural  sentido normativo, que permite tanto a compreensão da
ação em sentido estrito (positivo) como a omissão, culpa e tentativa (resultado jurídico).
 Conduta relevante para o Direito Penal é o comportamento humano voluntário causador de um
resultado naturalístico ou jurídico
houve alterações na estrutura da culpabilidade com a superação do sistema causal-naturalista
pelo NEOKANTISMO: a concepção normativa proposta por Reinhard Frank agregou ao vínculo
psicológico (dolo ou culpa) a noção fundamental de reprovabilidade pela formação da
vontade contrária ao dever, vale dizer: um comportamento proibido é imputável à
culpabilidade de alguém quando pode ser-lhe reprovado por haver optado por ele.
 Crítica do neokantismo é o excesso de valor (discricionariedade)
 O funcionalismo de roxin e jakobs tem influência neokantista

3) TEORIA FINAL DA AÇÃO (SISTEMA FINALISTA) (CP)


Vontade + ação
Introdução: É o movimento preponderante no Brasil e América Latina. Está perdendo espaço
para os modelos funcionalista em alguns espaços (teoria da imputação objetiva. como uma das
formas de analisar o nexo de causalidade).
Não há valoração: significado dos fatos procede de sua forma de ser.
 Influência de Aristóteles (Ética à Nicômaco)
Hans Welzel (década de 30): ação humana é o exercício de uma atividade final. (BR: Damásio,
Mirabete, Miguel Reale Jr.)
 Estrutura lógica-objetiva: se o homem é livre, sem finalidade consciente não há conduta
 Acontecer final e não puramente causal (o homem pode prever as consequências
possíveis de sua conduta, dentro de certos limites)

Direção final realiza-se em duas fases:


 Subjetiva (intelectiva): dolo e culpa (culpabilidade vazia)
o Antecipação do fim pretendido
o Seleção dos meios adequados para alcançar o fim
o Consideração dos efeitos concomitantes
 Objetiva (exterioza comportamento): assim como na Teoria Causalista.
o Execução da ação real, dominada pela determinação do fim e dos meios na esfera do
pensamento (teoria do domínio do fato)
o Se o resultado não se produz  tentativa

Consequências do finalismo:
 Deslocamento do dolo e culpa para a tipicidade .
Estrutura do Tipo Penal no Finalismo: conduta + resultado + nexo de causalidade + tipicidade.
A tipicidade é formal e material. A material pressupõe a lesão ou ameaça de lesão a um bem
jurídico penalmente protegido. No nosso ordenamento, não é uma tipicidade essendi do
finalismo puro de Wetzel. Mas uma tipicidade cognoscendi da ilicitude.
 Conceito pessoal de crime de injusto (leva-se em conta elementos pessoais do autor):
desvalor pessoal da ação (dolo/culpa); desvalor do resultado (lesão ou perigo)
 Culpabilidade puramente normativa (imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa) por perder o elemento dolo/culpa
 A ilicitude passou a ser material no finalismo puro de Wetzel.

Com isso, há liberdade para adotar o conceito tripartido ou bipartido de crime:

*Adoção pelo CP: Erro de Tipo exclui o dolo (dentro o fato típico, não da culpabilidade).
Problemas: Crimes culposos: o resultado não é abrangido pela vontade do autor. A solução
de Welzel foi falar de finalidade contrária ao Direito: na culpa, o conteúdo decisivo do
injusto consiste na divergência entre a ação realmente empreendida e a que devia ter sido
realizada em virtude do dever de cuidado necessário (imprudência, negligência ou da
imperícia)
 Mas o próprio Welzel chegou a defender a teoria cibernética

4) TEORIA CIBERNÉTICA / Ação Biociberneticamente Antecipada


Considera o controle da vontade nos crimes para compatibilizar o finalismo penal com crimes
culposos. Troca finalidade por cibernética, para designar a “ação como fato dirigido e
orientado pela vontade”, abrangendo o dolo e a culpa com base no que é juridicamente
relevante: a direção. Mesmo assim, manteve-se a denominação finalismo penal.
 Biociber é de Zafaroni, é o conhecimento antecipado da exteriorização que muda o
mundo
 Ao contrário das máquinas, a dirigibilidade é atributo humano: ponte entre ciber e
humano

5) TEORIA SOCIAL DA AÇÃO


A teoria social da ação surgiu como uma via intermediária, considerando que a direção da ação
não se esgota na causalidade nem na determinação individual, exigindo-se o questionamento
sobre a direção da ação de forma objetivamente genérica, do ponto de vista da relevância
social do resultado.
 AQUI TAMBÉM HÁ DUPLA POSIÇÃO DO DOLO!! DOLO NA CULPABILIDADE COMO DESPREZO AO
BEM JURÍDICO  TEORIA COMPLEXA DA CULPABILIDADE ou COMPLEXO-NORMATIVO-
PSICOLÓGICO!
 Não rompe com os conceitos causal e final da ação, mas agrega um elemento social
(atributo sociológico adicional à ação), com seus aspectos pessoais, finalistas, causais e
normativos
Conceitos: “conduta socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana”
a) Schimdt: ação é uma conduta arbitrária para com o mundo social externo
b) Engisch: ação é a causação voluntária de consequências calculáveis e socialmente relevantes
c) Maihoter: ação é todo comportamento objetivamente dominável dirigido a um resultado social
objetivamente previsível
d) Wessels: o conceito de ação, comum a todas as formas de conduta, reside na relevância social
da ação ou omissão
e) Maurach: conduta humana não se deduz da relevância social, mas que esta apenas constitui
um atributo adicional
f) Jescheck: reúne no “comportamento humano socialmente relevante” o atuar final do
comportamento doloso e o comportamento objetivamente dirigível de natureza imprudente
(culpa)
g) Daniela de Freitas Marques: conceito jurídico de comportamento humano como toda atividade
humana social e juridicamente relevante, segundo os padrões axiológicos de uma determinada
época, dominada ou dominável pela vontade

Problemas: extensão do conceito de relevância social, qualidade inerentes a todos os fatos jurídicos,
não apenas os pertencentes ao Direito Penal.

6) TEORIA JURÍDICO- Francisco de Assis Toledo. Ação é o comportamento humano,


PENAL (mix) dominado ou dominável pela vontade, dirigido para a lesão ou para
a exposição a perigo de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação
de uma previsível lesão a um bem jurídico.

7) TEORIA DA AÇÃO Ludwig Wittgenstein e Jüngen Habermas inspiraram Tomás Salvador


SIGNIFICATIVA Vives Antón. Substrato normativo. Conduta penalmente relevante.
(giro linguístico- Liberdade de ação. Ação não é o que as pessoas fazem (descrição),
normativo) mas o significado do que fazem. Ações não são mero
acontecimento, têm significado/interpretação. Ex.: interpretar um
tapa.
Portanto, não existe um conceito universal e ontológico da ação
(giro linguístico). Cada ação será compreendida por meio da norma
(o significado penalmente relevante decorre da existência prévia de
uma norma).
Estrutura o delito a partir de pretensões de validade.

PARA CONCURSOS
TEORIA FINALISTA. Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida
a um fim, consistente em produzir um resultado tipificado em lei como crime ou
contravenção penal.
a) Não há crime sem conduta (crimes de mera suspeita/direito penal do autor): com
base nisso e no princípio da ofensividade, afasta-se a contravenção penal de “posse de instrumentos
de furto”, sendo “conhecido como vadio ou mendigo”, porque penaliza a “qualidade pessoal e
econômica do agente, e não fatos objetivos que causassem relevante lesão a bens jurídicos
importantes ao meio social” (STF)
b) Ação ou Omissão: lei penal pode ser proibitiva de ação ou preceptiva de ação
(impõem a realização de ação).

8) TEORIAS FUNCIONALISTAS
A evolução da teoria do delito a partir dos modelos funcionalistas caracteriza-se pela
tendência de normatização dos conceitos.
 Conceitos com base em aspectos axiológicos
 Rompem com a dogmática/classificatório. A dogmática tem que ser regida por
princípios de política criminal 😊
 Finalidades políticos-criminais (aspectos teleológicos)
 Abandona-se a abordagem ontológica do crime e fundamenta-se nas funções do
Direito Penal (teoria dos fins da pena)
 Maior flexibilidade das categorias sistemáticas do delito (conduta, tipicidade, ilicitude
e culpabilidade) (ex.: teoria da imputação objetiva  causalidade normativa)

ROXIN (FUNCIONALISMO MODERADO/TELEOLÓGICO): FUNÇÃO É PROTEÇÃO DOS BENS


JURÍDICOS. Concepção normativa da conduta orientada sob o ponto de vista valorativo dos
fins do Direito Penal e seus princípios político-criminais
 teleológicos (fins) e axiológicos (normativismo) + proposta de abertura metodológica
 Resgada a perspectiva valorativa neoclássica, mas substitui os vagos valores culturais por princípios
políticos-criminais voltada aos fins da pena (proteção de bens jurídicos e restrição do poder estatal)
 Categorias passam a ser instrumentos de valoração político-criminal
 Finalidade do Direito Penal e não da finalidade do agente
Teoria personalista da ação: ação é a manifestação exterior da personalidade; é a relação do
“eu” com o mundo exterior; é tudo aquilo que pode ser atribuído a uma pessoa como centro
de atos anímico-espirituais. Ação é uma categoria pré-jurídica, coincidente com a realidade da
vida, não sendo puramente naturalista, nem finalista (mas sim com valoração
normatividade/função DE PROTEÇÃO AOS BENS JURÍDICAS).
 FUNÇAO: Necessidade abstrata da pena: fim político-criminal preventivo geral
o Positiva: motivar os indivíduos a respeitarem determinados valores
 Teoria da imputação objetiva: risco permitido e risco proibido
o A conduta será penalmente relevante quando da realização de um perigo não
permitido conforme os fins do direito penal (proteção de bens jurídicos)
 Necessidade de pena : aliada a PREVENÇÃO POSITIVA (reafirmação de valores para
prevenir o crime)  NECESSIDADE DA PENA FAZ PARTE DO CRIME!

JAKOBS (FUNCIONALISMO RADICAL/SISTÊMICO/MONISTA): FUNÇÃO É PROTEGER O


SISTEMA/NORMAL PENAL. total renormativação de forma que o sistema penal se adeque às
necessidades sistêmicas, com foco nos fins da pena, propondo a funcionalização não só dos
elementos do conceito analítico de crime, mas de todo o sistema jurídico penal
Conceito de ação no funcionalismo sistêmico: um processo de natureza social e causal, hábil a violar
o sistema jurídico pela quebra de expectativas normativas, acrescentando a ela o critério de
evitabilidade como condição individual que pertence ao comportamento, não em seu aspecto
material de resultado e sim sobre o ato de infringir a norma
 CONCEITO NEGATIVO DE AÇÃO: comportamento humano voluntário causador de
resultado individualmente evitável que ocasiona violação ao sistema
 BASE TEÓRICA: SISTEMAS DE LUHMAN (expectativas de comportamento)
Teoria da evitabilidade individual: ação é a realização de um resultado individualmente
evitável (conceito onímodo – irrestrito, fundado na diferença de resultado) (substitui
finalidade pela evitabilidade):
 Ação: causação evitável do resultado
 Omissão: não-evitamento de um resultado

 Papéis na sociedade (adequação social da conduta) e expectativas/garantes


 Crime é a quebra da confiança, produzindo uma disfunção social
 O comportamento humano é uma relação dotada de significado: sujeito previu ou
podia prever o que o seu comportamento significava
o Se esse significado entra em contradição com a norma há uma
ruptura/questionamento da validade da norma (rebeldia diante das
expectativas)
o Somente a lesividade social consistente na negação da validade da norma é
juridicamente relevante
o A PENA restabelece a validade da norma
o ÚNICA FUNÇÃO DA PENA É PREVENTIVO-GERAL POSITIVA
VOLUNTARIEDADE E CONSCIÊNCIA
Se não houver vontade humana dirigida a uma finalidade qualquer, não há conduta. É
voluntária a conduta em que o agir e o não agir tenha derivado da vontade do agente. Na
conduta não há força exterior que determine o movimento. É comportamento voluntário e
consciente.
Não há conduta:
a) Força irresistível (natureza/terceiro, coação física irresistível)
b) Movimentos reflexos
c) Estados de inconsciência (hipnose, sonâmbulo, epilético)

CARACTERES DA CONDUTA
a) Humana
b) Voluntária (qualquer teoria, com base na evitabilidade) - subjetivo
c) Exteriorizada (não pode ser ato interno) - objetivo

EXCLUSÃO DA CONDUTA: ausência do elemento volitivo


a) Caso fortuito e força maior: imprevisíveis e inevitáveis, retirando a voluntariedade
a. Caso fortuito: acontecimento imprevisível e inevitável provocado pelo homem
b. Força maior: decorrente da natureza
b) Atos ou movimentos reflexos: retira voluntariedade.
a. Não se confundem com ações em curto circuito derivadas de atos impulsivos fundamentados
em emoções ou paixões violentas.
b. Não se confundem com atos habituais, mecânicos ou automáticos
c) Coação física irresistível (vis absoluta): retira voluntariedade.
a. Não se confunde com coação moral irresistível (vis compulsiva): há vontade, mas o vício exclui
a culpabilidade em face da inexigibilidade de conduta diversa.
d) Sonambulismo e hipnose
a. Embriaguez, voluntária ou culposa, não exclui conduta. Há imputabilidade e, logo, culpabilidade.

FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA CONDUTA


Conduta comissiva – a conduta penalmente relevante pode se manifestar de forma ativa,
quando há um movimento qualquer do agente percebido pelo mundo exterior (causalismo) –
ação. O agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita (finalismo)

Conduta omissiva: infração de normas imperativas (não faz o que lhe é imposto) ou normas
PRECEPTIVAS (prescrevem ação). É um conceito normativo de omissão: ou está em tipo penal
omissivo (próprio) ou está no art. 13 § 2º (impróprios).
Teorias acerca da omissão
Teoria Naturalística: fenômeno causal constatável no mundo fático, tal qual uma ação.
Teoria Normativa: indiferente penal, pois não produz efeitos jurídicos, salvo se a norma
impõe dever jurídico de agir.  Código Penal.

 Omissivo próprio (puro ou simples): tipo descreve uma conduta negativa, de não fazer
o que a lei determina, pressupondo o dever de agir. Basta a abstenção para a
consumação, não precisando do resultado (crime de mera conduta) (Deixar de
recolher FGTS – omissão de socorro – deixar o médico de notificar doença). Dever de
agir é de primeiro grau, embutido na norma.
o Pode ser pra todos ou a alguém

 Omissivo impróprio (comissivo por omissão ou omissivo qualificado): norma de dever


de segundo grau decorrente de um preceito proibitivo de ação, dirigida a um grupo
restrito de sujeitos de evitar determinado resultado de uma relação de causalidade
que lhe é estranha  garantidores
o Elementos:
 Abstenção de atividade que a norma impõe
 A superveniência do resultado típico em ocorrência da omissão
 Existência da situação geradora do dever jurídico de agir (garantidor)
STJ: Omissão penalmente relevante precisa ser expressamente descrita na inicial
acusatória, sob pena de inépcia da denúncia.
o Pressupostos fundamentais:
 Poder de agir
 Dever de impedir
 Evitabilidade do resultado
o Fontes originárias da posição de garantidor:
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
STJ: A omissão genérica do dever de cuidar do meio ambiente imposta a todas
pessoas (art. 225 CR) não se amolda no dever imposto por lei de cuidar.

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;


STJ: por ato voluntário, promessas, veiculação publicitária ou mesmo
contratualmente, capta a confiança dos possíveis afetados por resultados perigosos,
a título oneroso ou não.

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

2 - RESULTADO
Pode ser:
a) Jurídico ou normativo: lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido
b) Naturalístico ou material: modificação no mundo exterior provocada pela conduta.

Existe crime sem resultado? Depende. Não há crime sem resultado jurídico, pois deve haver
lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. Há crime sem resultado naturalístico, nos crimes
formais (lei prevê, mas é dispensável) e crimes de mera conduta (lei não prevê resultado).

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO RESULTADO


A. Crime material: tipo penal exige a prática da conduta e a ocorrência do resultado
material (naturalísco) para que haja a consumação (homicídio)
B. Crime formal (ou de consumação antecipada): tipo prevê conduta e resultado, mas o
crime consuma-se independentemente de sua ocorrência. Se ocorrer o resultado, é
mero exaurimento (corrupção passiva)
C. Crime de mera conduta: tipo penal não prevê qualquer resultado do ponto de vista
naturalístico, só existe a previsão da conduta (omissão de socorro)

A. Delito de dano ou de lesão: exige-se efetivo dano ao bem juridicamente protegido


B. Delito de perigo: não se exige efetiva lesão, só a probabilidade do dano já configura.
CRIMES DE PERIGO
Qual é a justificativa para haver crimes perigo?
Ulrich Beck: “Sociedade Global de Risco” – no século XIX a sociedade não se preocupava com os
meios, os frutos e os subsprodutos do processo de industrialização. A partir do momento em que a sociedade
passa a se preocupar com os efeitos colaterais, há a gestão da segunda modernidade ou “Modernidade
Reflexiva”  efeito bumerangue: “os riscos da modernização afetam também, mais cedo ou mais tarde,
aqueles que os produziram ou que deles se beneficiaram”  democratização dos danos, independentemente
do status social
O direito penal deve orientar-se para a prevenção dos riscos e dos perigos sociais 
Direito Penal do Risco
Quais são os tipos de crime de perigo?
Perigo concreto (desvalor do resultado jurídico): real ocorrência do perigo para o bem jurídico
(Geralmente, quando o tipo faz menção ao termo “perigo”  perigo faz parte do tipo)
1. Binômio: Proximidade do perigo + capacidade lesiva do risco
2. Momento da avaliação: ex post  não é presumida
3. Princípio da lesividade
Súmula 720
O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de
dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem
habilitação em vias terrestres.
 Dirigir sem habilitação  perigo concreto
 Corrida não autorizada  perigo concreto
 Conduzir aeronave ou embarcação sob efeito de drogas  p. concreto

Perigo abstrato (desvalor da ação): o perigo é inerente à ação, constitui unicamente a ratio
legis, isto é, o motivo que inspirou o legislador a criar a figura delitiva, não se exigindo que o perigo
seja comprovado no caso concreto  Risco globais & novo papel do Direito Penal
 Os crimes da lei de armas são crimes de perigo abstrato (salvo art. 13). A posse de
arma de fogo, por exemplo, traz risco para a sociedade. O STJ entende que se o
sujeito tem posse de arma de fogo com o registro vencido é conduta atípica. Oras,
não há presunção absoluta do perigo, segundo o princípio da ofensividade. O STJ
também assim o entendeu para o porte de arma de fogo inapta.
 O STF entende que a permissão ou entrega de direção de veículo automotor a
pessoa não habilitada é crime de perigo abstrato, que prescinde do resultado
naturalístico. Não faz menção como no 309.

Qual a justificativa para os crimes de perigo abstrato?


TEORIA DA PRESUNÇÃO DE PERIGO
O legislador, baseado em seus conhecimentos prévios, realiza uma presunção de que determinadas condutas
são perigosas, fazendo um juízo valorativo negativo sobre o que é, frequentemente, perigoso para os bens
jurídicos.
Trata-se de presunção juris et de jure (absoluta).
Viola o princípio da presunção de inocência. Torna duvidoso o injusto penal, viola princípios da ofensividade,
culpabilidade e proporcionalidade.

TEORIA DA RATIO LEGIS DO LEGISLADOR (Prevalece)


Sustenta que o legislador cria os delitos de perigo abstrato não porque as condutas
lesionem ou coloquem em perigo concreto os bens jurídicos, mas, porque, geralmente,
tipicamente ou frequentemente, causam uma ofensa a um bem jurídico.
Não há presunção absoluta.
Há análise ex ante.
Ausência de periculosidade concreta é irrelevante.
Por isso, o resultado não constitui um elemento típico e sim a razão da proibição.

Crime de perigo concreto Crime de perigo abstrato


Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via Art. 310. Permitir, confiar ou
pública, sem a devida Permissão para Dirigir
ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito
entregar a direção de veículo automotor
a pessoa não habilitada, com habilitação
de dirigir, gerando perigo de dano:
cassada ou com o direito de dirigir suspenso,
ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
Penas - detenção, de seis meses a um
física ou mental, ou por embriaguez, não
ano, ou multa.
esteja em condições de conduzi-lo com
segurança:
SÚMULA 720 STF
O art. 309 do Código de Trânsito
Brasileiro, que reclama decorra do SÚMULA 575/STJ
fato perigo de dano, derrogou o art. Constitui crime a conduta de permitir,
32 da Lei das Contravenções Penais no confiar ou entregar a direção de veículo
tocante à direção sem habilitação em automotor a pessoa que não seja
vias terrestres. habilitada, ou que se encontre em qualquer
das situações do 310 do CTB,
INDEPENDENTEMENTE DA OCORRÊNCIA DE
LESÃO OU PERIGO DE DANO CONCRETO NA
CONDUÇÃO DO VEÍCULO
Art. 308. Participar, na direção de veículo Não é exigível para o aperfeiçoamento do crime
automotor, em via pública, de corrida, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano
disputa ou competição automobilística não concreto na conduta.
autorizada pela autoridade competente, Embora seja legítima aspirar a um Direito Penal
de mínima intervenção, não pode a dogmática
gerando situação de risco à incolumidade
penal descurar de seu objetivo de proteger bens
pública ou privada: jurídicos de reconhecido relevo “interesses
humanos necessitados de proteção penal”
(ROXIN), qual a segurança do tráfego viário.
Não se pode assim esperar a concretização do
dano ou perigo.
Estabelece-se um dever de garante ao possuidor
de veículo automotor.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com
capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine
dependência: (Redação dada pela Lei nº
12.760, de 2012)

Penas - detenção, de seis meses a três anos,


multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
Porte de arma de fogo inapta. Pouca Porte de arma desmuniciada (STJ) é
munição sem arma é insignificante. perigo abstrato.
Só a munição também é figura típica de
perigo abstrato (se for pouca STJ e STF
admitem insignificância)

CRIMES DE PERIGO & FUNCIONALISMO


ROXIN – Crimes de perigo:
Diferenciação:
a) Nos delitos de “Ações massivas”: haveria a punibilidade mesmo que a colocação em perigo concreto
fosse completamente impossível, como, por exemplo, se praticado em uma região desabitada, pois a
norma deve prezar por sua função preventiva geral (conscientização)(Ex.: dirigir embriagado)
b) Nos delitos com bem jurídico “intermediário espiritualizado”: não seria preciso que, no caso
concreto, fossem colocados em perigo os bens jurídicos específicos. O desvalor da ação, por si só,
fundamentaria a punibilidade, e, apenas infrações mínimas poderiam comportar interpretações
restritivas (Ex.: falso testemunho; falsificação)
c) Nos delitos de “aptidão abstrata” ou de “perigo abstrato-concreto” é necessário que a ação seja apta
a produzir o resultado de perigo concreto (não é necessário demonstrar o perigo concreto, mas a
aptidão para produzi-lo)

CEREZO MIR: Se a produção do resultado se evidencia como não absolutamente improvável para o juiz, a ação
era perigosa. O conceito de perigo é sempre normativo (e ontológico).

JAKOBS: toma como ponto de partida a necessidade de organizar um determinado âmbito social através da
estandardização de condutas (papéis). Divide os delitos de perigo em:
a) Delitos cumulativos: aqueles aos quais o legislador recorre quando pretende organizar um âmbito
social “estandardizando” comportamentos, isto é, quando o legislador deseja manter alguns
comportamentos padronizados, para garantir a “estabilização de uma comunidade”. Mesmo que as
condutas tomadas individualmente não sejam perigosas, conjuntamente podem produzir resultados
lesivos. Por isso, a proibição independe de qualquer resultado. Por isso, não há princípio da
insignificância nem pode depender da comprovação da imprudência individual.
b) Delitos de perigo abstrato com função representativa do bem jurídico protegido em um nível mais
abstrato (bem jurídico espiritualizado): o conteúdo da proibição é a mera conduta e o perigo é
irrelevante.
c) Delitos que incriminam comportamentos sem uma atuação delitiva exterior (comportamentos não
perigosos ou minimamente perigosos): mas devem ser exteriorizadas e violar o sistema/norma
a. Sem exteriorização seria direito penal do autor e não do fato

CONCLUSÃO FINAL SOBRE CRIMES DE PERIGO ABSTRATO E FUNCIONALISMO


Se, de um lado, a estrutura do Direito Penal clássico-liberal é insuficiente e inadequada ao
enfrentamento dos novos riscos da sociedade moderna, por outro, é no campo da política
criminal que se verifica a abertura para que os influxos sociais ligados aos novos riscos
sejam absorvidos, concebendo-se respostas preventivas aptas a influenciar o sistema
jurídico-penal.
Como consequência, a expansão do DP, com uma racionalidade distinta do modelo liberal
pode traduzir-se, em novos conceitos, como de bem jurídico supraindividual, bem como de
proteção penal a esferas anteriores ao dano e ao próprio perigo concreto, mediante a
tipificação dos crimes de perigo abstrato e dos delitos cumulativos.
Daí a inequívoca contraposição das novas perspectivas político-criminais em face de
princípios e garantias penais da vertente clássica, ensejando pontos de tensão difíceis de
contornar.
Há também os possíveis perigos de uma expansão exagerada do DP, tendo como
consequência a imposição de pena privativa de liberdade, desacompanhado das garantias
clássicas.
O grande desafio consiste na harmonização dos modernos anseios de uma política criminal
protetiva contra os riscos e a preservação das liberdades e garantias penais liberais.
3 - RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (temas)
Conceito: é o liame necessário entre a conduta praticada pelo agente e o resultado por ela produzido. CP adota literalmente o resultado naturalístico (modificação externa). Só há relevância de analisar o nexo de causalidade nos crimes materiais (que exigem
resultado naturalístico para consumação – com modificação no mundo exterior).

 Aqui não se fala em nexo normativo (crimes formais) ou nexo de não impedimento (crimes omissivos)

TEORIAS DA CAUSALIDADE NO CP
Relação de causalidade (conditio sine qua non)
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Superveniência de causa independente (causalidade adequada)


§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS OU DA CONDITIO SINE QUA NON


Teoria da Equivalência das Condições; Teoria da Condição simples; Teoria da Condição generalizadora. Criada por Glaser, desenvolvida por Von Buri e Stuart Mill (1873).

ADOTADA PELO CP, como regra


(Superada em parte pela teoria da causalidade adequada)

Segundo dispõe o art. 13 do CP, causa é toda ação ou omissão sem a qual não haveria o resultado, ou seja, tudo que concorre para o resultado é causa (equivalem), pois não é possível reconhecer, com absoluta certeza, as diferentes medidas de eficácia de
cada condição individualmente considerada. Causa é conjunto e as próprias condições do conjunto.

 Método Hipotético de redução de Thyrén (desenvolvido 1º por Glaser): Utiliza-se do “processo hipotético de eliminação” (Thyrén, 1894), se suprir a causa e o resultado naturalístico desaparecer, é causa.

 Pouco importa o grau de contribuição.

 Quando utilizada na forma pura, a teoria é cega, pois há um imputação/responsabilidade penal infinita (disparo da arma, aquisição da arma, fabricação da arma, extração de minério ). Para Masson essa crítica é despropositada, pois para ingressar na relação de causalidade,
não basta dependência física, mas precisa de causalidade psíquica (dolo ou culpa) – solução encontrada pelo sistema finalista, ao introduzir dolo e culpa na vontade.
Modernamente, há três elementos para reduzir o alcance da teoria da equivalência PURA (método hipotético de redução):
a) Elemento subjetivo (dolo) ou normativo (culpa) do tipo
Análise de um dolo cognitivo – dolo como conhecimento. E vontade objetivamente considerada, especialmente sob uma ótica dos papéis (JAKOBS).
b) Existência de concausas
c) Teoria da imputação objetiva
Quais são as críticas à teoria dos equivalentes causais?
a) Contradição lógica: quem entende como causa a soma de condições não pode considerar como causa toda condição individual. ( ) Atualmente, os defensores reformularam, conceituando causa como antecedente sem o qual o resultado não teria ocorrido, sem equivaler ao conjunto

b) A fórmula pressupõe o que, por meio dela, deveria ser verificado ( sonífero mata bebê? não sei e a fórmula não soluciona isso, a não ser que já se saiba que mata kkk – ROXIN/JAKOBS) (EM Defesa, além que nenhuma fórmula dispensa dados empíricos... verdade brow, MAS isso é diferente de conhecer de antemão o que se pretende provar)

c) Regresso infinito
d) Não explica: cursos causais hipotéticos - casos nos quais, ainda que ausente a conduta do agente, a ocorrência do resultado não é afastada.
e) Não explica: casos de causalidade alternativa, nos quais duas ou mais condições ocorrem de maneira simultânea, sendo cada uma capaz de produzir o resultado por si só. (Com base nesta crítica que PUPPE desenvolve a argumentação da condição necessária do conjunto suficiente para
produção do resultado – INUS)
f) Dificuldade de separar circunstâncias colaterais irrelevantes (Puppe)

CORRETIVOS DOS DEFENSORES:


Para causalidade hipotética e alternativa, Spendel desenvolveu a fórmula “uma ação é causa quando, sem ela – consideradas unicamente as circunstâncias restantes também efetivamente realizadas! – o resultado concreto não teria acontecido” e “se diversas condições podem ser eliminadas mentalmente de forma
alternativa sem que o resultado desapareça, mas não podem sê-lo de forma cumulativa, cada uma delas é causa do resultado” (adotadas por Welzel).

 Não supera causalidade alternativa concreta; circunstâncias colaterais irrelevantes; impedir a colocação de causas substitutas hipotéticas simplesmente tira a lógica do método (caso do chute da bola na cabeça, que vai na vidraça...se não tivesse batido na cabeça, teria batido no muro e ido
na vidraça...ignora o muro sr. spendel? – Puppe)

TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA


Teoria da Condição Adequada/Qualificada ou Teoria Individualizadora. Von Kries. Ludwig Von Bar.

(Exceção do art. 13 § 1º)(adotada pelo CP excepcionalmente-concausas)


“ADEQUAÇÃO” além da necessidade: Não basta só haver o nexo de causalidade, mas também é necessário que a conduta seja dolosa ou culposa (IMPUTAÇÃO SUBJETIVA) , com base em um juízo de previsibilidade do homem médio sobre os resultados (juízo
de probabilidade ótima – PROGNÓSE PÓSTUMA OBJETIVA ) (von Kries, originalmente, defendia que o juízo era a partir do sujeito – o que não vingou, porque confundia causalidade com previsibilidade-culposo ). Deve-se interromper a cadeia causal no
momento em que não houver dolo ou culpa por parte daquelas pessoas que aparentemente tiveram alguma importância ao resultado.
Além disso, há uma ideia de proporcionalidade: é necessário que o agente esteja na mesma linha de desdobramento físico da ação, se o resultado é desproporcional, não há nexo.

 Crítica: prognose póstuma objetiva não foi desenvolvida, não há critérios objetivos. Ademais, não é uma teoria no plano da causalidade, mas no da imputação objetiva do resultado (é NORMATIVA!) e ao mesmo tempo insuficiente.

TEORIA DA ADEQUAÇÃO
São seus adeptos SAUER, VON HIPPEL, ENGISCH e MAURACH, entre outros. Segundo esta proposição, causa – no sentido jurídico – não é tudo, mas tão-somente a condição adequada ao tipo e ao resultado concreto, no dizer de WESSELS. Esta linha expositiva é também chamada de teoria da prognose objetiva póstuma ou posterior, pois, para aferir a adequação ou não de uma causa, baseia-se no princípio do “id quod plerumque accidit” (isto é: aquilo que normalmente acontece, segundo a experiência comum das
pessoas e as ocorrências da vida cotidiana); em outras palavras: o Juiz penal, para saber se algo é causa ou não de um determinado evento, deve proceder a uma análise objetiva do fato, numa prognose posterior (depois do acontecimento), com base na experiência comum; se o acontecimento estudado normalmente desencadeia certo resultado, dentro de uma estatística, então deve ser considerado como causa. Portanto, para esta doutrina, causa é aquilo que a normalidade do cotidiano e a experiência média
indiquem como tal, com base em estatísticas. Como uma consequência lógica, a teoria sob comentário contenta-se com uma causa provável, deduzida a partir de dados estatísticos e da experiência da vida cotidiana, o que vem a trazer insegurança para a constatação do nexo causal. Explicaremos melhor este ponto: embora a teoria da condição, adotada pelo nosso Código Penal em seu artigo 13, seja criticável em diversos aspectos, segundo ela, o órgão da Acusação terá que comprovar, de maneira inequívoca, que
uma determinada conduta foi condição “sine qua non” do resultado analisado em dado processo, isto é, que a atuação do acusado foi causa sem a qual o resultado não teria ocorrido, para que se chegue à imposição da sanção penal; já a teoria da adequação satisfaz-se com uma causa extraída de raciocínios abstratos, efetuados com base na experiência acumulada em determinado assunto e em informes estatísticos (causa provável); exemplificando: o médico W receita o medicamento K ao seu paciente Z, que é
diabético; há uma forte suspeita, entre os pesquisadores da Medicina, de que o referido medicamento pode provocar efeitos colaterais e até a morte em diabéticos, porém não há ainda uma prova científica (cabal) de que tal conjectura seja verdadeira; Z vem a falecer, após a ingestão da droga prescrita. Para a teoria da condição (adotada pelo nosso C.P.), o acusador deverá comprovar, através de laudo médico-legal, que o medicamento ingerido foi a causa efetiva da morte de Z (causa sem a qual o resultado não
teria ocorrido); segundo a teoria da adequação, basta que a experiência mediana (dos médicos) e que estudos estatísticos demonstrem que a ministração da sobredita droga costuma matar diabéticos (em um percentual razoável), para se estabelecer o nexo causal entre a provável causa (a receita emanada de W e a subsequente ingestão do medicamento K pelo diabético Z) e o resultado (morte de Z). Bem se vê que esta linha de pensamento pode servir aos propósitos do Direito Civil (em que se aceita uma causa
provável, para os efeitos de uma indenização), mas não para os graves propósitos do Direito Penal.

ESPÉCIES DE CONCAUSAS:
a) CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE (aplicação pura da conditio sine qua non) : é aquela que teria acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo que não tivesse havido qualquer conduta por parte do agente. Nesse caso, não
devemos imputar o resultado ao agente. Importante é verificar se houve combinação das ações para o resultado ou independência. Importa quem deu causa ao resultado.
a. Preexistente: ocorre anteriormente à conduta do agente (A atira em B que tinha tomado veneno antes)  responde por homicídio tentado (responde somente pelo seu dolo)
b. Concomitante: (A e B atiram, sem estar em coautoria, e A acerta o braço e B o coração)  A responde por tentativa e B por homicídio consumado (responde somente pelo seu dolo)
c. Superveniente (causalidade por adiantamento do resultado): (A atira em B, causando-lhe grave ferimento que levará a morte, mas B é atropelado e morre de traumatismo craniano)  A responde por homicídio
tentado (responde somente pelo seu dolo)

b) CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE: conjugação de forças, há uma relação de dependência, sem uma das causas o resultado não se produz. Há duas correntes para ambas, em MP defender que é consumado.
a. Preexistente: (A desfere golpe de faca em B sabendo de sua condição de hemofílico).  Se A agiu com dolo de matar responderá por homicídio doloso consumado.
i. Há doutrina que afasta a necessidade do conhecimento anterior, bastando o dolo de homicídio (adotar para MP)

b. Concomitante: (A e B atiram juntos e os dois disparos causam junto a morte. A atira em B que, pelo susto, sofre ataque cardíaco)  responde por homicídio consumado
i. É o caso da autoria colateral com simultaneidade na qual se somam as causas. Ministrar dose de veneno que sozinha, não seria capaz de matar, mas em dobro, matou. Ambos respondem por homicídio consumado, PUTA

Esse caso é interessante pela condição INUS:


De fato, analisando um caso (semelhante da questão) em que cada dose é insuficiente para matar, por si só, mas a soma das duas doses provoca o resultado lesivo, levando a vítima ao óbito,
Ingeborg Puppe, com base na condição INUS, sustenta que, devido as condutas comporem parte necessária (cada dose foi imprescindível) de uma condição (envenenamento) suficiente para a
causação do resultado (morte), os dois autores devem responder pelo homicídio consumado. (PUPPE, Ingeborg. Estudos sobre imputação objetiva e subjetiva no direito penal. 1 ed. São Paulo:
Marcial Pons, 2019, p. 37-38.)
Somente na imputação objetiva que, não tendo ciência do tiro/veneno aplicado pelo outro, não houve um incremento do risco no resultado já que a dose ministrada por cada um dos indivíduos, por si só, não era letal.

Até aqui tudo foi resolvido pela teoria da equivalência dos antecedentes.

c. Superveniente:
Art. 13. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.
O CP adota a condicio sine qua non, mas o § 1º é uma EXCEÇÃO, em que se aplica a teoria da causalidade adequada.
O QUE IMPORTA É O “POR SI SÓ”
Não produz por si só Produz por si só
Teoria dos equivalentes causais Teoria da causalidade adequada
Infecção hospitalar é causa superveniente relativamente independente previsível e o atirador Se a causa extrapola a relação original e produz por si só o resultado o agente responde por tentativa.
responde pelo resultado de morte, porque a infecção se agregou aos ferimentos (não é “por si só”) Ex.: tiroteio/incêndio no hospital; ambulância capota, pois atingiria qualquer pessoa no local.

Imperícia médica, por si só, não mata, só quem precisa de cuidados médicos. HOMICÍDIO TENTADO - I.D.A.
Incêndio
Desabamento
Acidente de ambulância
Choque anafilático no hospital também é evento previsível
HOMICÍDIO CONSUMADO - B.I.P.E.
Broncopneumonia
Infecção hospitalar
Parada cardio-respiratória
Erro médico
Dupla causalidade? A e B, sem concatenar, colocam veneno na comida de C. Doutrina tende a responder que ambos respondem por homicídio consumado qualificado.

TEORIA DA RELEVÂNCIA JURÍDICA (MEZGER)


Causalidade pressupõe a possibilidade de supressão de um evento determinado sem que com isso desapareça também o seu efeito em sua forma concreta. Deve respeitar o nexo com a experiência geral da vida. Distingue a questão causal (sine qua) da
imputação no resultado (relevância). É diferente da adequação porque esta não leva em conta o ponto de vista juridicamente decisivo da tipicidade jurídico-penal. Mérito: separou com clareza os planos da causalidade e da imputação, sem desenvolvê-las.

Foi MEZGER o seu criador, compartilhando de seu pensamento BOCKELMANN e WESSELS. Para esta corrente doutrinária, a determinação do nexo de causalidade deve ser feita através da teoria da “ conditio sine qua non”, mas a imputação do resultado deve-se
efetivar com base na relevância jurídica da respectiva cadeia causal, observando-se a finalidade da norma e os caracteres de cada tipo penal. Faz-se, assim, uma distinção entre causalidade física (medida pela teoria da condição) e causalidade jurídica. Destarte,
em um dado acontecimento, muitas vezes, o nexo causal é afirmado entre a conduta do agente e o resultado, porém tal evento não pode ser juridicamente imputado ao autor do fato, porque sua atuação não se reveste de relevância, frente às finalidades da
norma ou às elementares do tipo penal. Exemplo: O indivíduo F tem consciência de que seu conhecido J sofre de uma grave enfermidade cardíaca e, portanto, não pode experimentar emoções fortes; mas querendo matá-lo, F conta uma piada extremamente
engraçada a J, sendo certo que este último é tomado de uma crise incontrolável de riso, devido à piada, e sofre um ataque cardíaco fulminante, que o leva a óbito; pois bem: no tocante à causalidade física (analisada segundo os postulados da teoria da
condição), obviamente a piada contada por F foi causa da crise de riso irrefreável em J, decorrendo daí seu ataque cardíaco e morte; entretanto, analisando-se a conduta de “ contar uma piada” e observando-se a finalidade da norma jurídica e os caracteres do
tipo penal correspondente (homicídio – “matar alguém”), há que se negar a relevância jurídica da respectiva causa (piada). Mas o grande problema desta teoria é tentar amenizar os efeitos da causalidade, dentro do próprio campo da causalidade, o que não é
possível, pois a causalidade é medida pelas leis da Física, não tendo, a rigor, como ser barrada, interrompida ou atenuada.

TEORIAS DA CAUSALIDADE FUNCIONAL (NORMATIVAS)


Ernest-Joachim Lampe: causalidade é um nexo jurídico (critica a categoria ontológica), sem subjetivo nem objetivo. Causalidade, assim como o Direito, é um poder de eficácia significante.
Juarez Tavares: sobre crimes culposos. Teoria da equivalência com corretivos: eliminação global das condições (para resolver causalidade alternativa) e separação das condições positivas e negativas (para resolver causalidade em decisões colegiadas) e admite
sua insuficiência, propondo mais critérios de imputação no resultado. É uma teoria comunicativa.

TEORIA DA CONDIÇÃO INUS “INÛS”


INSUFFICIENT BUT NECESSARY PART OF A CONDITION WHICH IS ITSELF UNNECESSARY BUT SUFFICIENT
uma parte não suficiente, mas necessária, de uma condição que não é necessária, mas é suficiente CONDIÇÃO INSUFICIENTE, MAS PARTE NECESSÁRIA DE UMA CONDIÇÃO QUE, POR SI SÓ, É DESNECESSÁRIA, MAS SUFICIENTE
TEORIA DA CONDIÇÃO MÍNIMA
TEORIA DA CONDIÇÃO NÔMICA
Daniel, conduzindo seu veículo, atropela João, que no momento do atropelamento, estava sofrendo um ataque cardíaco, vindo a falecer em razão das lesões decorrentes da conduta de Daniel. Diante o caso, podemos afirmar, sob a luz da
Teoria da Condição INUS, que:
C) o atropelamento foi condição desnecessária e insuficiente para produzir o resultado.
Mackie chega à mesma conclusão de John Stuart Mill, de que nenhuma causa é verdadeiramente suficiente ou necessária para a produção do resultado. Logo, para Mackie, sintetizando a condição INUS, o que tem sido considerado como causa
na realidade é uma condição INUS de um resultado, sendo que a verdadeira causa seria o conjunto das condições (X), composto por partes insuficientes mas necessárias para formação do conjunto que, por sua vez, é suficiente mas desnecessário para
produzir o resultado, vez que esse pode ocorrer por consequência de outros conjuntos (Y e Z).

Desenvolvida por John Leslie Mackie e, no Brasil, por Ronan Rocha.


Para ele a causalidade (relação de causa e efeito) é uma questão ontológica, ligada a própria natureza das coisas, por isso também cabe à filosofia pensar a causalidade penal. Assim ele busca encontrar a natureza da causa no seu aspecto fenomênico.
Essa teoria busca compreender e descrever a causalidade em sua condição fenomênica, ao invés de tão somente afirmar que causa é condição necessária de um determinado resultado, como fazem a Teoria da conditio sine qua non e a Teoria dos antecedentes
causais.
Na Teoria da Condição INUS, Mackie estabelece a necessidade de introduzir no raciocínio da causalidade a expressão “ nas circunstâncias”, pois as assertivas causas são feitas em um contexto, contra um fundo que inclui a suposição da um campo causal. Causa e
efeito dentro desse campo causal, são definidos por ele como “tudo aquilo que, dentro daquelas circunstâncias, fez diferença para que aquele resultado específico efetivamente ocorresse”.


segundo Mackie o que chamamos de causa é um elemento que se comporta como necessário-nas-circunstâncias.
Mackie admite que as causas são não apenas suficientes, mas necessárias nas circunstâncias para seus efeitos. Assim, para designar alguma ação como causa de determinado resultado, é necessário distinguir o que é causa suficiente do que é causa necessária
para, depois, conjugar estes conceitos:
a) Causa suficiente: garante que o resultado, dentro de específicas circunstâncias, ocorrerá.
b) Causa necessária: indispensável para o resultado (sozinha, pode ser insuficiente).
A teoria de Mackie pressupõe que a causa deve ser compreendida como a componente mínima necessária de uma condição suficiente. É uma construção com base em conjuntos de condições, pois nenhuma, por si só, de produzir resultados.

 Em lugar de uma necessidade psíquica, uma condição INUS é uma parte que não é suficiente, mas é necessária para uma condição que, por sua vez, não é necessária, mas é suficiente

Vale destacar que a condição necessária utilizada pela teoria da equivalência é insuficiente para explicar a relação de causalidade em eventos com diversas nuances (várias causalidades). Por isso, Mackie a conjugou com a ideia de condição suficiente, para
superar as objeções lógicas que lhe eram dirigidas.
a) Exemplo 1: Se A atira no coração de V e, concomitantemente, B atira no cérebro, ambos os comportamentos constituem componentes mínimas necessárias de uma condição suficiente.
a. Se fosse pelo processo hipotético de eliminação, da teoria da equivalência, poder-se-ia concluir que ambas não são necessárias para a produção do resultado.
b) Exemplo 2: decisões colegiadas que são unânimes. Pela Teoria INUS, o voto de cada dirigentes deve ser componente necessário de uma condição suficiente, sendo todos votos relevantes.
a. Se fosse pela teoria da equivalência, se eliminarmos um voto, o resultado permanecerá intacto.
c) Exemplo 3: Caio se arma para matar Tício. Além disso, municia a arma. Atira. Acerta numa região letal. Para Mackie, simplesmente se armar não é uma causa necessária ou suficiente para o resultado, porque a vítima poderia morrer
atropelada. Igual municiar, igual atirar e igual acertar (poderia estar com um colete). Todas essas causas são desnecessárias e insuficientes. Porque o resultado pode ser produzido por n conjuntos possíveis de causas diferentes, compostas
de causas não necessárias e insuficientes para produção. Mas aquele conjunto delimitado no tempo e espaço foi capaz e suficiente para produzir o resultado morte, apesar de ser um conjunto desnecessário e insuficiente para produção
da morte, porque ela pode ocorrer de outra forma.
d) Especialistas concordam que um incêndio que destruiu parcialmente uma casa foi causado por um curto-circuito. Este não era isoladamente suficiente nem necessário para o incêndio. Não foi necessário porque o fogo poderia ter se
iniciado de uma forma diferente, como em um curto-circuito em outro lugar ou através de um incêndio doloso etc. Não foi suficiente posto que na ausência de oxigênio ou na presença de um
sprinkler (borrifador automático anti-incêndio) eficiente não aconteceria o incêndio. Portanto o curto-circuito (que chamaremos aqui de A) foi uma condição necessária para o conjunto ABc, onde B representa fatores positivos como
adequada presença de oxigênio e c representa fatores negativos como a presença de um sprinkler , por exemplo. Assim, quando a condição A for uma condição necessária para o conjunto minimamente suficiente (ABc) então A é uma
condição INUS.

Por isso ele trabalha a condição mínima sob a perspectiva de um conjunto de causas desnecessárias e insuficientes, em um primeiro momento, analisadas de forma isolada, mas que dado a sua somatória, seu conjunto, elas são suficientes, mas não
necessárias, para produzir o resultado.

“O QUE TEM SIDO CONSIDERADO COMO CAUSA NA REALIDADE É UMA CONDIÇÃO INUS DE UM RESULTADO, SENDO QUE A VERDADEIRA CAUSA SERIA O CONJUNTO DAS CONDIÇÕES (X), COMPOSTOS POR PARTES INSUFICIENTES MAS NECESSÁRIAS PARA
FORMAÇÃO DO CONJUNTO QUE, POR SUA VEZ, É SUFICIENTE MAS DESNECESSÁRIO PARA PRODUZIR O RESULTADO, VEZ QUE ESSE PODE OCORRER POR CONSEQUÊNCIA DE OUTROS CONJUNTOS (Y e Z).”

Objeções à Condição INUS: Dificuldade de sua aplicação. Existem alternativas mais simples que chegam ao mesmo resultado. Para alguns, é só um jogo de palavras da conditio. Que a ideia de condição não necessária é trivial, que não muda nada saber que seria
causado por outras vias. E que a ideia de condição não suficiente também é trivial, pois nada é suficiente sozinho. A única parte não trivial é considerar a essência causal o ser parte necessária do total (que é basicamente a conditio). (SAMSON)
Há divergência sobre a “suficiência”. Mackie defende no plano concreto. Puppe defende a suficiência da condição em geral. Divergência que tem relevância para solução de casos de causalidade intermediada psiquicamente. A paga para B matar C. No plano
concreto, se B matar, é suficiente. No plano abstrato, não se sabe o que B vai decidir. Puppe conclui que no âmbito da causalidade intermediada psiquicamente, não há falar em causalidade no sentido de uma condição suficiente.

Superação da crítica: não é idêntica à conditio. A conditio opera no plano abstrato, contrafático. A INUS é na realidade; supera a contradição lógica de equiparar causa-conjunto; supera a objeção dos casos de causalidade múltipla.

Caso do Spray para couro (BGH, 1990): Responsabilidade de dirigentes de sociedades empresariais alemãs pela produção de sapatos e artigos de couro. Consumidores narraram problemas de saúde após uso. Investigação interna constatou que um spray com
elevada concentração de óleo de silicone causou o problema. Tiraram o spray, mas o problema continuou. Só que como não identificaram nenhum componente tóxico, os dirigentes decidiram por não fazer recall, mas uma nova investigação, que não detectou
componente tóxico. Após, órgãos de saúde fiscalizaram e retiraram vários produtos do mercado. O BGH condenou os dirigentes por crimes de lesões corporais culposas e perigosas. Entendeu que há causalidade mesmo se não identificada a substância que
provocou os danos. Que ao por o produto no mercado, os fornecedores tornam-se garantidores do impedimento de danos, o que enseja o dever de retirar os produtos do mercado. Se cada dirigente, apesar de sua competência concorrente, se omite de dar sua
contribuição para a decisão de retirada do produto, estabelece uma causa para que a medida não ocorra, o que fundamenta a sua responsabilidade.

 Na conditio, cada dirigente podia falar que sem sua conduta o resultado teria ocorrido.

 Para evitar sair da conditio, o BGH afirmou a causalidade de todos os votos considerados de forma conjunta, condenando com base na coautoria (mesmo sendo crime culposo)

 Pela INUS a solução é mais direta: o voto de cada dirigente é componente necessário de uma condição suficiente (maioria). Não precisa de tantos corretivos.

Teoria da Condição Mínima – Ingeborg Puppe:


1º Separação entre causalidade e imputação objetiva
Puppe começa ressaltando a necessidade de separar a análise fática da causalidade e a valoração inerente à imputação objetiva do resultado. A primeira é pressuposto da segunda (=HONIG, ROXIN).
2º Definição precisa do resultado típico
Ela foca na definição concreta do resultado, por exemplo, morte em lugar X inclui, além das causas da morte, eventualmente alguém que arrastou o corpo para o lugar X.
E Puppe não quer afastar a conduta de quem arrastou o corpo no plano da imputação objetiva (“ah, foi risco irrelevante”), mas no plano do próprio resultado típico.
Se Frisch limita a imputação objetiva com a reformulação do conceito de conduta típica, Puppe o faz com o conceito de resultado capaz de afastar da explicação causal eventos penalmente irrelevantes: “o resultado é a modificação prejudicial de um
determinado objeto protegido pelo direito”.


Ex.: vaso pintado intacto  vaso pintado destruído (o que importa é o que alterou)
Isso reduz o que será analisado no plano da causalidade. Separa eventos irrelevantes daqueles que realmente interessam ao Direito Penal. Com isso, Puppe situa no plano do resultado a solução de casos em que há diminuição do risco (e não na
imputação objetiva).
3º Condição INUS + Leis gerais (INUS ABSTRATA)
Causa é apenas uma componente necessária de uma condição verdadeira e suficiente segundo leis empíricas gerais.
O que de fato vincula causa e consequência é apenas a lei causal (“sempre que, então”), que é uma regra abstrata.
Puppe concilia a condição INUS com a teoria da condição conforme às leis naturais de Engisch (adequação). Para Mackie, recorrer a leis gerais é um recurso dispensável.
“Abstrata” mas a formulação de leis gerais é o recurso à probabilidade na ciência...

Crítica: em casos simples, vou ter que buscar a lei geral que fundamenta aquilo? Que BO!
Defesa: sempre recorremos a leis gerais. É o que se usa na Filosofia. Esse modelo geral traz mais segurança jurídica.

Puppe: A imputação objetiva do resultado a uma ação contrária ao dever de cuidado


Uma ação é causal para um resultado se figurar como elemento necessário de uma condição suficiente e verdadeira do resultado de acordo com leis causais gerais.
a) Caso do paciente perigoso: paciente conseguia arrebentar as grades e fugir. Um dia, dois médicos liberaram sua saída. Ele matou e estupro. Juiz absolveu os médicos de homicídio culposo, porque o paciente conseguiria ter fugido de
qualquer jeito.
Crítica: é absurdo ver como causa somente as condições necessárias. A possibilidade hipotética de fuga não é apta a eliminar a causalidade. Se, no lugar da liberação, houvesse fuga, teriam respondido pelo ocorrido, no lugar dos
réus, os responsáveis pela segurança da clínica, por omissão contrária ao dever. Como o resultado de fato ocorreu, houve uma condição suficiente para sua ocorrência. Assim, será causal a ação que for parte necessária de uma
condição suficiente para o resultado.

John Stuart Mill, em 1843, como antecedente histórico da teoria da conditio sine qua non, já falava que “causa é a soma das condições positivas e negativas tomadas juntas, o total de contingências de toda natureza que, realizadas, fazem com que ocorra
invariavelmente o conseguinte”

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA**** IMPORTANTE


(imputação jurídica ou normativa)
(as duas anteriores foram expressamente acolhidas, esta está em construção na jurisprudência)
Karl Larenz (1927): teoria da imputação para distinguir atos atribuíveis ao ser humano e ao acaso. Richard Honig (1930): crité rio seguro para atribuição de um resultado ilícito a alguém.
LARENZ trabalha com a ideia de pessoa, noção que se desvincula do indivíduo específico e se coloca em um nível genérico, objetivo, de sorte que também a finalidade deixa de ser efetivamente aquilo que o indivíduo efetivamente previu e quis, para abranger tudo aquilo que objetivamente a ação tendia a atingir . Dessa forma, torna- se possível imputar como obra da pessoa aquelas consequências compreendidas na finalidade objetiva da ação, isto é: tudo aquilo que for objetivamente previsível. PLANO ÔNTICO + PLANO NORMATIVO
HONIG trabalha com a crise da causalidade no D. Penal, decorrente do debate entre as teorias da equivalência e da adequação. Para ele, a teoria da condição não é mais dominante, mas sim a da adequação, por esclarecer determinadas exigências de ordem jurídica na relação entre ação e resultado. A teoria da adequação, por trabalhar com a experiê ncia como critério de seleção, foi um progresso, mas seus autores refutavam valoração para além de um aspecto ontológico-causal. Por isso, sentencia
HONIG que ao juízo causal deve se acrescentar, como juízo ulterior autônomo, o da imputação objetiva, que examina a questão axiológ ica : a significação da relação causal para a ordem jurídica, medida segundo parâmetros dados pelo próprio ordenamento: a finalidade objetiva (relação teleológica da conduta com o resultado, sobre o aspecto alcançável ou evitável do resultado). Assim, processos causais irregulares não são imputáveis, ainda que se produzam conforme o desejo do agente.
A causalidade é ôntica e se encerra no vínculo fático. Qualquer critério normativo já é imputação. E esses crité rios devem ser utilizados para limitar o alcance da causalidade e decidir sobre a relevância/significação para a ordem jurídica.

Surge com o intuito de limitar o alcance da teoria da equivalência dos antecedentes causais, sem desprezá-la. Abandona-se a análise de uma relação de causalidade puramente material, para fazê-la de um prisma jurídico, normativo.
Assim, dentro da tipicidade objetiva, antes da aferição da presença de dolo ou culpa, verifica-se se o resultado previsto no tipo objetivo pode ser ou não imputado juridicamente ao agente (causalidade normativa): (1) criação do risco proibido; (2) realização
do risco proibido, baseada em uma prognose ( ) póstuma ( ) e objetiva ( )1. situação do agente no momento da ação realizada pelo juiz depois do fato conhecime nto do homem médio

Para Ronan Rocha, embora existam diversas propostas teóricas, há consenso quanto sua posição sistemática: os critérios normativos de imputação objetiva situam-se no âmbito do tipo objetivo e devem ser examinados após a constatação do nexo causal.
Embora existam duas correntes: (1) relação de causalidade é pressuposto para a imputação objetiva resultado; (2) absorção da causalidade pela teoria da imputação objetiva no resultado.

Corrente 1: ROXIN - IDEAL, pois evita confusão entre o ontológico e o normativo. (HONIG: não objetiva substituir, mas valorar limitando – se é algo que se dá sobre tem que existir causalidade prévia). A relação de causalidade ôntica já é uma limitação ao ius
puniendi (garantia de não punição por fato de terceiros) e não pode ser abandonada. Do contrário, crimes materiais virarão crimes de perigo.
a) Tipo objetivo:
a. Conduta
b. Nexo causal
c. Nexo de imputação objetiva no resultado
d. Resultado
b) Tipo subjetivo:
a. Dolo
b. Culpa

Corrente 2: (Jakobs) (Frisch também une, mas em outra perspectiva)

1
Por isso fala-se em “direito penal quântico”: não basta causalidade física, mas em causalidade
normativa.
Corrente 3: substituição da causalidade pela imputação objetiva (Damásio de Jesus).

Existem diversas formulações (curso Patrick Nilo expôs assim:)

ROXIN:
Funcionalismo de Roxin: há uma conexão entre todos os estratos do delito ligada por princípios, valores de política criminal e fins de prevenção da pena. É uma PERSPECTIVA NORMATIVA e da imputação objetiva no resultado ( . jakobs vai ser no comportamento)

Pilares da imputação objetiva: criação de risco proibido + fins de proteção da norma


O tipo de Roxin é diferente. Contém a conduta, o resultado, critérios de imputação objetiva (substitutivo do nexo de causalidade/teoria da equivalência) e tipicidade.
No finalismo, o nexo de causalidade é essencialmente naturalístico e excepcionalmente normativo, como é o caso de nexo de causalidade nos crimes omissivos. No finalismo, a gente busca respostas naturalísticas para questões essencialmente
normativas, e não acha (ex.: tentativa branca).
O nexo de causalidade é tratado por uma perspectiva muito mais normativa do que naturalística.
A imputação objetiva do resultado passa por três níveis de imputação (não é necessariamente uma escadinha, mas analisados simultaneamente – interpenetração na análise).
ROXIN
1º nível: criação ou incremento de um risco juridicamente proibido
Só que Roxin não define o que é criar este risco. São inúmeras situações.
Ele definiu o risco que interessa ao direito penal por grupos de casos que afastam esse risco:

1- Incremento insignificante do risco (condutas irrelevantes) (questão do PINCEL pode entrar aqui TAMBÉM – pois não há aumento do risco se o comportamento lícito alternativo não mudaria nada)
2- Risco permitido (de acordo com as normas)
3- redução de um risco existente (já mata o estado de necessidade no tipo penal)
4- princípio da confiança (expectativa de comportamento normativamente adequado)

2º Nível: realização do risco no resultado


O risco criado será imputado objetivamente a alguém quando se materializar em um resultado, naturalístico ou normativo. Esta análise deve ser feita pela ótica normativa (risco juridicamente proibido).
1- Consequencialismo do risco (ligação – aproximação com o finalismo, só que sob uma perspectiva normativa – casos de rompimento do nexo causal, como incêndio do hospital)
2- Realização do resultado no âmbito do fim de proteção da norma (ex.: lanterna traseira acesa serve para evitar colisão traseira, mas se eu me envolvo na traseira dianteira não há conexão com o resultado)
3- Método comparativo de condutas conforme o direito (ainda que produza o risco, o resultado ocorreria de qualquer jeito) – CICLISTA - PINCEL

3º Nível: alcance do tipo


Criticado pela doutrina, por ser obscuro e desnecessário. Evitaria a necessidade de distinguir entre fim de proteção da norma (2º nível) e não compreendidos por alcance do tipo (3º nível)

Até onde vai o risco e o resultado sob uma perspectiva normativa


1- Autocolocação em perigo (autolesão/suicídio, no d. alemão, não pode ser imputado a outrem)
2- Heterocolocação consentida em perigo (determinar ao taxista correr)
3- Transferência da responsabilidade para o âmbito alheio (caminhoneiro é escoltado para trocar traseiras, transfere a responsabilidade pro policial e ele tira o cone, alguém bate na traseira)

Com base na FUNÇÃO do Direito Penal, desenvolve o conceito, fundamentando-o no princípio do risco, sob quatro vertentes que impedirão sua imputação objetiva: (1) criação do risco; (2) risco se realiza no resultado concreto; (3) este resultado se encontra
dentro do alcance do tipo. (ESSA DIVISÃO QUATRIPARTITE FOI O 1º TRABALHO DE ROXIN, DEPOIS ESTRUTURADO NOS 3 NÍVEIS ACIMA)
a) Diminuição do risco: a conduta que reduz a probabilidade de uma lesão maior não se pode conceber como orientada com a finalidade de lesão menor
a. Ex.: A empurra B para que não seja atropelado por um ônibus, causando uma lesão menos grave
b) Criação de um risco juridicamente relevante/risco proibido : deve haver relevância jurídica proibitiva no risco (dirigir veículo tem risco, mas sem relevância jurídica)
a. Ex.: Sobrinho compra passagem para o tio desejando que este morra em acidente aéreo, caso o acidente realmente aconteça, a morte não lhe pode ser imputada, pois é obra do acaso
c) Aumento do risco permitido: se, de maneira alguma, a conduta do agente não houver aumentado o risco de ocorrência do resultado, este não poderá ser imputado àquele
a. Ex.: Os pelos de cabra para fabricação de pincéis não são esterilizados antes de estar em contato com os operários, que sofrem infecção e morrem. A perícia demonstrou que a bactéria já havia criado resistência e feita
ou não a esterilização, ela seria inútil.
d) Esfera de proteção da norma: somente haverá responsabilidade quando a conduta afrontar a finalidade protetiva da norma. Limita-se a esfera de proteção da norma aos danos diretos.
a. Ex.: Ladrão ameaça a vítima que corre para a rua e é atropelada por caminhão. Este resultado não pode ser imputado ao agente.

JAKOBS:
É essencialmente normativo em todas suas proposições. A essência é a proteção da norma jurídica, pois quando ela é protegida, por consequência, o bem jurídico estará protegido.
Construção sobre a teoria dos papéis sociais (expectativa de cumprimento da norma).
O indivíduo que cumpre seu papel, em hipótese alguma pode ter o resultado imputado a ele.
O que não cumpre, se coloca contra o Estado e a norma jurídica, colocando em risco sua vigência e validade. Há de se analisar se criou um risco juridicamente relevante.
Logo, ele trabalha menos com imputação objetiva do resultado, mas IMPUTAÇÃO OBJETIVA DO COMPORTAMENTO.
Jakobs recorre à teoria sociológica de LUHMANN. O homem vive em um mundo constituído sensorialmente, que lhe apresenta uma multiplicidade de possíveis experiências e ações. No complexo e contingente universo de possibilidades de compõem o convívio social, o intercâmbio de expectativas
entre os seres humanos faz surgir um elemento de perturbação, que pode ser compreendido como o desconhecimento de uma pessoa em relação à expectativa ou ao comportamento de outra pessoa. Em torno da noção de expectativa, Luhmann edifica seu pensamento de modo a asseverar que os
sistemas sociais, dentre os quais se insere o Direito, têm como função estabilizar as expectativas, que podem ser divididas em dois tipos: as cognitivas e as normativas.
Ao nível cognitivo são experimentadas e tradadas as expectativas que, no caso de desapontamentos, são adaptadas à realidade. Nas expectativas normativas ocorre o contrário: elas não são abandonadas se alguém as transgride.
Para Luhman, normas são expectativas de comportamento estabilizadas contrafaticamente. Seu sentido implica a incondicionalidade de sua vigência na medida em que a vigência é experimentada e, portanto, também institucionalizada, independentemente da satisfação fática ou não da norma.
Um feixe de expectativas, ligadas a determinada pessoa, constitui aquilo que se chama de papel – conceito central para a teoria da imputação de Jakobs.
Da função da pena Jakobs deduz a função da imputação: estabelecer qual pessoa deve ser punida para a estabilização da norma.

Dois níveis de imputação:


1º Nível de imputação objetiva do COMPORTAMENTO (descumprimento do papel social)
1- RISCO PERMITIDO (dentro do papel)
Teoria pautada na evitabilidade da ação.
É igual ao primeiro nível de Roxin.
Na percepção da criação de risco, as teorias são iguais.
1- Incremento insignificante do risco
2- Risco permitido (de acordo com as normas)
3- redução de um risco existente (já mata o estado de necessidade no tipo penal)
4 - princípio da confiança (expectativa de comportamento normativamente adequado)

2 – PRINCÍPIO DA CONFIANÇA (expectativa normativa de respeito às normas também ligado a teoria dos papeis)
3 – PROIBIÇÃO DE REGRESSO – JAKOBS se vale da teoria da equivalência das condições (naturalística). Essa é a proibição de regresso ao infinito da teoria da equivalência das condições. Para isso, associa a proibição de regresso a teoria dos
papeis
Roxin não fala expressamente , mas trabalha um pouco no âmbito do 2º nível de imputação.
No finalismo, a proibição do regresso se vale do dolo e da culpa, da teoria das concausas. Aqui, são os PAPEIS.
É o grande diferencial da teoria da JAKOBS.

4- Competência/capacidade da vítima (risco não está na competência do agente, mas no da vítima)


JAKOBS não destrincha como ROXIN, é genérico, mas a análise é parecida. É O TERCEIRO NÍVEL DE ROXIN, por isso JAKOBS tem um nível a menos.

2º Nível de imputação objetiva do RESULTADO:


aqui ele se vale da sua teoria da ação, como evitabilidade individual. Esta é quem conecta o comportamento ao resultado.

1- Descumprimento do papel social


2- Realização do risco no resultado
3- Evitabilidade individual

Crítica: adota teorias da causalidade sem enfrentar críticas. Nexo causal tratado dentro da imputação objetiva, o que gera confusão entre o ontológico e o normativo. Necessidade do traslado do conceito de garantidor dos crimes omissivos para os crimes
comissivos.
Considerando que o comportamento social é vinculado a papéis, trabalha com quatro aspectos jurídico-penais sobre os quais se desenvolve a teoria da imputação objetiva (funcionalismo radical – violar a norma é rebeldia contra sua validade/sistema – teoria dos papeis - teoria dos riscos e boa-fé objetiva) :
a) Risco permitido: em toda a sociedade existem riscos necessários decorrentes dos contatos entre as pessoas e que impulsionam o seu progresso. Se a conduta se adequa a esses padrões necessários, o resultado será atribuído ao acaso.
a. Lesão em luta de boxe exclui ilicitude para teoria finalista, mas para a imputação objetiva, é fato atípico por ser risco permitido.
b) Princípio da confiança: se eu ajo no meu papel devo crer que os outros também agem
c) Proibição de regresso: se uma pessoa atua dentro do seu papel, mesmo que sua conduta contribua para a infração penal, o agente não pode ser incriminado
a. Mesmo que terceiro soubesse da finalidade ilícita do agente, não poderia responder pela infração, pois em sua atividade qualquer que seja sua utilização, consiste em seu papel comum
b. Ex.: Taxista que leva assassino ao local do homicídio
d) Competência ou capacidade da vítima
a. Consentimento do ofendido (que pode funcionar como causa de atipicidade ou supralegal de exclusão da ilicitude)
b. Ações a próprio risco (própria vítima com seu comportamento contribui ou facilita que a consequência lesiva lhe seja imputada): dever de autoproteção
i. Ex.: sujeito que se propõe a praticar esportes de risco
ii. STJ adotou teoria da imputação objetiva para afastar tipicidade de Comissão de Formatura no caso de afogamento na piscina após consumo de drogas (a vítima comportou-se de formas contrária
aos padrões esperados).
c. Heterocolocação em perigo: vítima pede ao agente que pratique uma conduta arriscada, acreditando que o resultado não ocorrerá
i. Ex.: sujeito insiste que barqueiro atravesse um rio numa tempestade
ii. Ex.: passageiro ordena que motorista dirija em alta velocidade para chegar a tempo em compromisso, sofre acidente e falece

CONCLUSÕES SOBRE A TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

 É uma análise que antecede a imputação subjetiva (dolo/culpa) proposta pela causalidade adequada

 Pode dizer respeito ao resultado ou comportamento do agente

 Poderia ser mais apropriadamente chamada de teoria da não-imputação, pois visa evitar a imputação objetiva (do resultado ou do comportamento) do tipo penal a alguém

 Foi criada com uma contraposição aos dogmas da teoria da condicio sine qua non, erigindo uma relação de causalidade jurídica ou normativa ao lado daquela de natureza material

 Uma vez concluído pela não-imputação objetiva, afasta-se o FATO TÍPICO

MODELO TEÓRICO DE IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE WOLFGANG FRISCH


Livro: o Comportamento Típico e a imputação do resultado
Ponto de partida: excessiva amplitude dos tipos no crime de resultado com base no nexo naturalístico. Disso, se expandiu uma imputação objetiva de forma indesejada, a ponto de converter-se em uma supercategoria o que aumenta o risco de decisões
equivocadas e soluções aparentes.
Diferencia comportamento típico e imputação do resultado: para ele, a criação do perito desaprovado não é pressuposto da imputação, mas da conduta típica (enfoque). O que torna a conduta típica é justamente a vinculação da conduta com o perigo
desaprovado. Antecipa problemas para o Âmbito do comportamento.
À imputação objetiva cabe o papel de saber se entre o injusto da conduta definido pelo risco desaprovado e o resultado produzido existe a relação de realização, que requer, além da causalidade, que no resultado se tenha materializado precisamente o risco
em virtude do qual está proibido o comportamento (afasta: risco tolerado ou realização hipotética diante de comportamento cuidadoso).
O nexo causal é um sub-requisito ôntico da relação de realização normativa. Justaposição de teorias.
Rejeita o âmbito de proteção por ser supérfluo. A realização de um risco desaprovado pela norma sempre inclui a relação de fim de proteção entre a conduta proibida e o resultado.
Postulado da proporcionalidade (adequação e necessidade) para tolher liberdade de ação. Três grupos fundamentais de condutas que ameaçam lesionar bens jurídicos: diretamente, mediante atuação da vítima e mediante atuação de terceiros.
Questão do in dubio pro reo: Frisch critica o BGH, posições de que “na dúvida de se o comportamento lícito teria afastado”, absolve. Fala que ele, Roxin e turma, consideram adequada a imputação em certos casos de dúvida: sempre que ex post se comprove
que o autor, com sua conduta desaprovada, incrementa mais ou menos claramente o risco para o objeto, em comparação com o comportamento alternativo permitido, piorou nesse sentido as probabilidades do bem jurídico. Em amplos setores só é possível
formular enunciados de probabilidade, e não de certeza sobre o efeito da conduta.

4 - TIPICIDADE
Conceito: tipicidade é elemento do fato típico relativo à análise da adequação fato ao tipo,
este que é o modelo genérico e abstrato, formulado pela lei penal, descritivo da conduta
criminosa ou conduta permitida. Dialoga com o princípio da legalidade/função limitadora do
poder punitivo. Natureza predominantemente descritiva (ainda que tenha conceitos
normativos E subjetivos).
 Tipicidade conglobante: tipicidade formal  antinormatividade  tipicidade material
 Tipo penal: descrição
 Tipicidade: procedimento de subsunção  Adequação típica
o Imediata
o Mediata: tipo + outra norma (tentativa, participação, crimes omissivos impróprios)

Histórico:
-1: Antes de Beling, era o conceito de injusto penal, no qual tipicidade e a ilicitude como se fossem uma única coisa.
(1) Teoria Clássica e Ernst von Beling – INDEPENDÊNCIA do tipo Penal tipicidade sem
elementos subjetivos; ou seja, Beling separou, dando à tipicidade status de categoria
autônoma, meramente objetivo-descritivo. Anódino.

(2) Teoria Finalista & Max Ernst Mayer: agregou a função de indício de ilicitude (teoria
indiciária ou ratio cognoscendi- CP) – presunção relativa de ilicitude e inversão do ônus de
prova em relação às causas de exclusão de ilicitude (MASSON)

(3) fase de tipicidade como essência da ilicitude (ratio essendi ou da identidade ou TIPO DE
INJUSTO - MEZGER): tipo penal é transformado em injusto (ilicitude tipificada).
(4) Teoria dos elementos negativos do tipo & Sistema Bipartido (Merkel): tipo total de
injusto (causas de exclusão da ilicitude compõem o tipo penal).  Não acolhida, por o CP
distinguiu explicitamente os tipos incriminadores dos tipos permissivos. Volta ao modelo
anterior a Beling de imputação.
(5) Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni): fato típico se reveste de
antinormatividade. A conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico em geral
(conglobante) e não apenas ao Direito Penal (a ordem normativa não pode permitir e
proibir ao mesmo tempo). Tipicidade legal + Tipicidade conglobante.  já foi acolhida
pelo STJ.

QUAL FOI A PRIMEIRA TEORIA A ACRESCENTAR AO TIPO PENAL ELEMENTOS NORMATIVOS E


SUBJETIVOS? A TEORIA NEOKANTISTA.

Funções do Tipo legal:


a) Garantia do indivíduo: princípio da legalidade
b) Fundamentadora do direito punir do Estado
c) Indiciária da ilicitude: presunção relativa + inversão do ônus de prova
d) Diferenciadora do erro de tipo: dolo do agente deve alcançar todas as elementares do
tipo legal (autor deve conhecer todas as circunstâncias de fato que compõem o tipo)
e) Seletiva das condutas proibidas ou ordenadas.

Estrutura do Tipo Legal:


a) Núcleo (verbo)
b) Elementos – ELEMENTARES TÍPICAS:
a. OBJETIVOS  natureza descritiva (externos ao estado anímico do autor,
“alguém”, “violência”, “coisa”)
b. SUBJETIVOS  condições específicas (sexo, profissão, parentesco, idade) ou
estado anímico do agente (“com finalidade de”; “para obter vantagem”;
“imprudência”)
i. Elemento subjetivo não se confunde com o dolo (genérico). Este é a
consciência do agente sobre todos os elementos do tipo penal
(incluindo o elemento subjetivo) e a vontade de praticá-lo, ou, pelo
menos, a assunção do risco de praticá-lo.
ii. Elemento subjetivo é o dolo específico, que pode ser implícito
(animus...)
c. NORMATIVOS  natureza valorativa (“sem justa causa”; “ato libidinoso”;
“Imprudência”, podendo ser jurídicos ou culturais) ou derivam da lei (conceito
de funcionário público)
d. Modais (divergência): condições específicas de tempo, local ou modo de
execução indispensáveis para caracterização do crime (ex.: estado puerperal)
c) Circunstâncias (figuras qualificadas e privilegiadas)
Espécies de tipicidade:
a) tipicidade formal: mero enquadramento da conduta no tipo penal
b) tipicidade material: lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico protegido pela norma
(p. da insignificância – por isso o simples fato de ser reincidente não afasta a
insignificância).
c) tipicidade conglobante (Zafaroni): tipicidade formal + antinormatividade =
contrariedade ao direito. Se a conduta é tolerada/fomentada pelo Estado, ela não é
típica. Não precisa avançar para ilicitude para dizer que o oficial de justiça penhorar
não é furto típico. Ratio essendi. Assim, estrito cumprimento de dever legal e exercício
regular de direito deveria retirar fato típico. Ele também inclui a tipicidade material,
mas é tão óbvio pro Zafa que ele nem esquematiza, já incluindo na antinormatividade.

Subsunção: pode ser direta ou indireta (norma de subsunção mediata por meio de norma de
extensão, ex.: tentativa; concurso de pessoas).

Elementares do tipo: dados essenciais à figura típica sem os quais ocorre uma atipicidade
absoluta ou relativa:
 Atipicidade absoluta: se faltar a elementar, o fato é um indiferente penal. Não há
crime.
o Ex.: furtar o próprio celular no poder de outrem (erro de tipo)
 Atipicidade relativa: fato é desclassificado para outro delito
o Ex.: objeto em poder de 3º para fins de garantia é furtado pelo dono porque os juros
são altos (desclassifica para exercício arbitrário do próprio direito); retirar a elementar
funcionário público do peculato vira furto

Elementos objetivos: têm a finalidade de descrever a ação, o objeto da ação e, em sendo o


caso, o resultado, as circunstâncias externas do fato e a pessoa do autor e do sujeito passivo.
 Descritivos: têm a finalidade de traduzir o tipo penal, isto é, evidenciar aquilo que
pode, com simplicidade ser percebido pelo intérprete.
o Ex.: matar alguém
 Normativos: são aqueles para cuja compreensão se faz necessário um juízo de valor
ético ou jurídico, em virtude do sentido que lhe dá a norma.
o Ex.: dignidade e decoro (injúria); sem justa causa; vantagem indevida; morte

Elementos específicos:
a) Núcleo: é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal, com a finalidade de
evidenciar a ação que se procura evitar ou impor
a. Uninucleares: um único verbo (matar alguém)
b. Plurinucleares: vários verbos (lei de drogas, art. 33, tráfico de drogas)
i. tipo misto ou alternativo: podem implicar em vários crimes

b) Sujeito ativo: é aquele que pode praticar a conduta descrita no tipo


a. Crime comum: o legislador não se preocupa em apontar o sujeito ativo, pois a
infração, por sua natureza, pode ser cometida por qualquer pessoa
b. Crime próprio: somente pode ser praticado por um certo grupo de pessoas em
virtude de determinadas circunstâncias pessoais (peculato, infanticídio)
i. Não se comunicam as circunstâncias pessoais, SALVO AS
ELEMENTARES DO TIPO, desde que sejam de conhecimento do
concorrente (sujeito que não é funcionário público concorre para o
crime de peculato se souber da condição de funcionário público do
outro)
ii. No infanticídio o sujeito ativo é a parturiente sob influência do
estado puerperal: se comunica ao concorrente que sabe
1. Mas o infanticídio não é um crime de mão própria (execução
é indelegável)? Sim, mas admite a coparticipação, segundo a
teoria do domínio do fato (não admitiria se adotássemos o
critério objetivo formal, em que o autor é só quem executa e o
resto é participe -- CP)  STJ inclusive afirma que há
coautoria em crime de falso testemunho (testemunha e
advogado), seguindo a teoria do domínio do fato (E doutrina)

c) Sujeito passivo:
a. Formal: ESTADO, que sofre todas as vezes que suas leis são desobedecidas
b. Material: é o titular do bem ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual
recai a conduta criminosa (em alguns casos também é o Estado)
i. Crimes Vagos: bem jurídico pertence à coletividade

d) Objeto material: é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa do


agente. Muitas vezes o sujeito passivo coincide com o objeto material.
a. Crimes pluriofensivos: dois objetos (extorsão mediante sequestro – pessoa e
coisa)
b. DIFERENTE de objeto jurídico: que é o bem ou interesse juridicamente
tutelado (estupro – objeto material: pessoa; objeto jurídico: dignidade sexual)
c. Nem todos os crimes tem objeto material: pois só tem relevância quando a
consumação depende de alteração da realidade fática (crimes materiais); mas
em todos os crimes há objeto jurídico

CLASSIFICAÇÕES
A. TIPO NORMAL E TIPO ANORMAL
a. Tipo normal: prevê apenas elementos de ordem objetiva
b. Tipo anormal: acresce elementos subjetivos e/ou normativos (para o finalismo
penal, todo tipo é anormal, pois dolo e culpa ali estão )

B. TIPO BÁSICO E TIPOS DERIVADOS


a. Tipo básico ou fundamental: é a forma mais simples da descrição da conduta
proibida ou imposta pela lei penal (homicídio) – Crime simples
b. Tipos derivados: surgem do tipo básico em virtude determinadas
circunstâncias que podem diminuir ou aumentar a reprimenda contida
naquele (homicídio privilegiado e qualificado)
C. TIPOS FECHADOS E TIPOS ABERTOS
a. Tipos fechados: são aqueles que possuem a descrição completa da conduta
proibida pela lei penal
i. Receptação culposa é uma exceção, é um delito culposo fechado;
omissão de cautela na lei de armas também é
b. Tipos abertos: não há descrição completa e precisa, fazendo-se necessária sua
complementação pelo intérprete (gestão temerária/fraudulenta) (exceção)
i. Ocorre pela inviabilidade de o legislador prever e descrever todas as
condutas possíveis de acontecer em sociedade (ex.: delitos culposos –
devido à variabilidade das condições ou circunstâncias de sua
realização, devem ser completados por uma valoração judicial, por
isso não apresentam o mesmo rigor de definição legal dos crimes
dolosos)
D. TIPOS CONGRUENTES E TIPOS INCONGRUENTES
a. Tipos congruentes: a parte subjetiva (dolo) coincide com a parte objetiv a, ou
seja, o elemento subjetivo se esgota com a prática da conduta descrita no
núcleo do tipo (homicídio; lesões corporais simples) – congruência entre
vontade e resultado.
b. Tipos incongruentes: não há coincidência entre a vontade do autor e o fato
descrito na lei penal, ou seja, a conduta do agente prova algo diverso do que
era por ele desejado (tentativa; crimes culposos; crimes preterdolosos)
E. TIPO DE AUTOR E TIPO DE FATO:
a. Tipo de autor: direito penal do autor (não aceito)
b. Tipo de fato: prevê conduta (em vigor)
F. TIPO SIMPLES E TIPO MISTO:
a. Tipo simples: único núcleo
b. Tipo misto: dois ou mais núcleos
i. Tipo misto alternativo: prática sucessiva dos núcleos caracteriza um
delito (receptação simples)
ii. Tipo misto cumulativo: prática de mais de uma conduta leva ao
concurso material (abandono material)
iii. DIFERENTES de: crimes de condutas conjugadas (somente um núcleo
associado a várias condutas  concurso material ou formal)
G. TIPO COMPLEXO: Para os finalistas, o tipo é complexo, pois reúne elementos objetivos
com elementos subjetivos (dolo e culpa)
H. TIPO PREVENTIVO: Inerente aos crimes-obstáculo (crimes de perigo). Legislador tenta
antecipar a tutela do D. Penal.

TIPO SUBJETIVO
No finalismo o tipo penal é complexo, pois compreende a parte objetiva e a parte subjetiva.
Tipo subjetivo diz respeito a menções ligadas à manifestação psíquica ou anímica do sujeito,
abarcando dois elementos: dolo e culpa.
Observação: FUNCIONALISMO TEOLÓGICO-RACIONAL (ROXIN)
O fato típico passa a conter uma terceira dimensão, além das dimensões forma-objetiva e subjetiva – presente
apenas nos crimes dolosos. Passa a compô-la também a dimensão normativa ou material, neste incluída a
imputação objetiva, expressa em dupla exigência:
a) a criação ou implementação de um risco juridicamente proibido
b) a imputação objetiva do resultado, através do nexo de imputação, àquele que proporcionou diretamente a
ocorrência desse risco

CRIMES DOLOSOS
TEORIAS DO DOLO
I) (Não adotada) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: Dolo exige apenas a previsão do resultado pelo agente, não importando o
elemento volitivo.

II) TEORIA DA VONTADE – DOLO DIRETO


O dolo seria tão-somente a vontade livre e consciente de querer praticar a infração
penal, ou seja, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal incriminador.
A vontade de realização do tipo objetivo pressupõe a possibilidade de influir no curso
causal.
III) TEORIA DO ASSENTIMENTO (CONSENTIMENTO/ASSUNÇÃO) – DOLO INDIRETO
Atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática
de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua
ocorrência, sendo indiferente assume o risco de produzi-lo. (dolo eventual)
 Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso -   I - doloso, quando o agente quis o resultado
(DOLO DIRETO) ou assumiu o risco (DOLO EVENTUAL/INDIRETO) de produzi-lo;

ELEMENTOS DO DOLO: dolo é a vontade livre e consciente de realizar os elementos objetivos


do tipo penal
a) Elemento cognitivo/intelectual: Decisão da ação (consciência atual do que se quer:
diferente de consciência da ilicitude). Deve ter conhecimento idôneo sobre a situação fática
retratada nesse tipo objetivo (erro de tipo)
ATENÇÃO: a culpa que é normativa! (finalismo)
A consciência da ilicitude, quando elemento da culpabilidade pode ser potencial, ou seja,
deve-se verificar se o agente podia ter alcançado a compreensão do caráter ilícito do
comportamento.
b) Elemento volitivo: Decisão a respeito de querer realizá-lo (vontade – aspecto volitivo)

ATENÇÃO! Não raras vezes percebemos doutrina conceituando dolo como sendo vontade +
livre + consciente. A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas sim circunstância a
ser analisada na culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa). Em suma, a liberdade da
vontade não é tema de dolo, mas sim da culpabilidade. A vontade não livre não deixa de ser
dolosa; o que ela pode não ser é culpável, podendo excluir a culpabilidade. Veja: 1ª situação:
vontade + livre + consciência = dolo (presente a culpabilidade); 2ª situação: vontade + não
livre (coação moral) + consciência = dolo (sem culpabilidade). ATENÇÃO! A noção de dolo não
se esgota na realização da conduta, abrangendo resultado e demais circunstâncias da infração
penal, para evitar responsabilidade penal objetiva.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOLO E DESEJO? Dolo não se confunde com desejo. No dolo, o
agente quer o resultado delitivo, como consequência de sua própria conduta (consciência e
vontade). No desejo, o agente espera o resultado, como consequência de um fato ou uma
conduta para a qual não concorreu de qualquer modo. Desejo não é crime; o desejo não é
punível. Punir o desejo é direito penal do autor, e o nosso direito penal é do fato.

DOLO NORMATIVO (clássico) E NATURAL (finalismo):


a) Sistema clássico (Teoria causalista da conduta): dolo/culpa na culpabilidade. Este dolo
era normativo/colorido/valorado pela real consciência da ilicitude.
b) Sistema finalista (Teoria finalista da conduta): dolo/culpa na conduta (elemento do
fato típico). O Dolo, livre da consciência real da ilicitude (que ficou na culpabilidade),
é chamado de dolo natural, incolor ou avalorado.
O QUE É TEORIA EXTREMADA E LIMITADA DO DOLO? Teoria EXTREMADA do dolo: esta é a
mais antiga das teorias, e tem como principal característica situar o dolo na culpabilidade, e a
consciência da ilicitude no próprio dolo. Para a teoria em apreço, portanto, o dolo é formado
dos seguintes elementos: vontade, previsão e atual consciência da ilicitude (é o dolo hibrido
da teoria neokantista). Sendo que, tal como ensina-nos Assis Toledo, para esta teoria, o erro
jurídico-penal, seja de tipo, seja de proibição, exclui o dolo (pois o agente não terá atual
consciência da ilicitude), permitindo, todavia, a punição por crime culposo. Em outras
palavras: a teoria extremada do dolo equipara as duas espécies de erro, quanto aos seus
efeitos. A propósito, é justamente nesta equivalência das consequências que reside o maior
erro desta teoria. Haja vista que uma coisa é agir sem consciência dos elementos integrantes
do tipo, e portanto, sem dolo (erro de tipo), e outra coisa, completamente distinta, é o agente
agir dolosamente, entretanto, sem consciência da ilicitude (erro de proibição). Esta teoria
perdeu adeptos devido às críticas que recebeu e às dificuldades de sua aplicação prática,
sendo mencionada na maioria dos tratados modernos mais pelo seu valor histórico do que
pela adesão dos autores.

TEORIA LIMITADA DO DOLO (POTENCIAL): teve, como principal objetivo, ser um


aperfeiçoamento da teoria extremada do dolo, e desta se diferencia apenas em alguns
aspectos. A teoria limitada do dolo substituiu o conhecimento atual da ilicitude, que era
exigido pela teoria extremada do dolo, pelo conhecimento presumido da ilicitude em alguns
casos, sendo que o tratamento do erro jurídico penal é semelhante em ambas as teorias
(extremada e limitada do dolo). Ou seja, ainda adota o conceito de dolo hibrido da teoria
neokantista, mas com certa mitigação.
De acordo com Mezger, que foi o principal idealizador da teoria limitada, o dolo deveria ser
presumido quando a ignorância da ilicitude se originasse de uma cegueira jurídica ou de
uma inimizade ao direito, que se exterioriza através de condutas incompatíveis com uma
razoável concepção de direito ou de justo.
Isso, no entanto, foi alvo de inúmeras críticas, pois é por demais imprecisa a definição de
“cegueira jurídica” ou “inimizade ao direito”. Além do que, é bom que se lembre que esta
teoria se alicerça numa modalidade de culpabilidade que é extremamente combatida pelos
modernos preceitos de Direito Penal, qual seja, a “culpabilidade pela condução da vida”.
Dessa forma, se criaria a possibilidade de condenar o agente, não por aquilo que ele fez, mas
sim pelo que ele é, dando origem ao combatido Direito Penal de Autor.

ESPÉCIES DE DOLO:
a) Dolo direto (determinado, intencional, imediato, incondicionado): vontade do agente
é voltada a determinado resultado.
b) Dolo indireto ou indeterminado:
a. Dolo alternativo: agente deseja, indistintamente, um ou outro resultado com
igual intensidade. Matar ou ferir (responde pelo resultado mais rave).
b. Dolo eventual: agente não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo
(Teoria Positiva do Conhecimento – “dê no que der”)
i. STF: Deve ser detalhadamente descrito na inicial acusatória.
ii. Alguns tipos não admitem dolo eventual: receptação dolosa (deve saber que
é produto de crime); denunciação caluniosa (deve saber que é inocente)
iii. Dolo eventual está só na cabeça do autor? Não, é extraído das circunstâncias
do caso concreto.
Dolo eventual & Crimes de trânsito
Há campanhas o suficiente para saber do perigo de algumas condutas no
trânsito. O que permanece agindo assim, age com dolo eventual.
 STF: Homicídio cometido na direção de veículo em virtude de “pega” é doloso.
 STF: Embriaguez demanda análise da situação concreta (uma taça de vinho vs. Um
litro de vodka em alta velocidade/contramão)

DOLO DIRETO DOLO INDIRETO/EVENTUAL


1. Representar (previsão subjetiva/antecipação) Caracteriza-se no nível intelectual (previsão
os resultados, os meios necessários e subjetiva), por levar a sério a possível
consequências secundárias produção do resultado típico e, no nível
2. Querer o resultado e os meios escolhidos emocional, por conformar-se com a
para alcançá-lo (quer realizar o tipo)
eventual produção desse resultado.
3. Anuir na realização das consequências
necessárias ou possíveis (efeitos colaterais)
Art. 18: Art. 18
“querer o resultado” “assumir o risco de produzi-lo”
Certeza Não há certeza, mas assunção do risco
Vontade por causa do resultado Vontade, apesar do resultado
Dolo direto: Teoria Positiva do Conhecimento
1.º. GRAU: quer resultado x (FRANK)
2.º. GRAU: ocorrem resultados y e z Se o agente diz: “seja como for, dê no que
como efeitos colaterais necessários der, em qualquer caso, não deixo de agir”, há
do dolo direto do resultado x (não é dolo eventual.
fatalidade) Embora não querendo diretamente praticar a
Consequências: infração penal, não se abstém e assume o
risco.
a. Não é dolo eventual, mas dolo
direto de 2º grau
b. É uma ação com vários resultados Não confundir com Culpa
 CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO consciente/culpa com previsão objetiva:
(desígnios autônomos) aqui, há previsão subjetiva, mas o agente
confia que o resultado não irá ocorrer,
Concurso fomal próprio: por fatalidade, por força da habilidade, atenção,
decorrem vários resultados de uma ação. cuidado. Não tolera o resultado.
Exasperação.
Concurso formal impróprio: uma ação e Culpa inconsciente: não há previsão
vários resultados decorrentes de subjetiva.
desígnios autônomos. Somatório de
DOLO INDIRETO/DOLO ALTERNATIVO
penas (Regrado cumula material)
(Fernando Galvão)
É dolo indireto, mas é um misto com o dolo
Obs.: Para Bittencourt, a duplicidade dos direto.
graus no dolo direto não afeta a unidade de O aspecto volitivo do agente se encontra
elemento subjetivo (um só desígnio). A direcionado de maneira alternativa, seja em
duplicidade refere-se a intensidade do dolo. relação ao resultado ou em relação à pessoa
(alternatividade subjetiva) contra a qual o
crime é cometido.
Prevê a possibilidade de diversos resultados
típicos e assume a possibilidade de
ocorrência de um ou de outro.
Ex.: A atira em B, sendo irrelevante se vai
matar ou ferir.
SEMPRE RESPONDERÁ PELO MAIS GRAVE,
no mínimo, a título de tentativa.

Outras espécies de dolo


Dolo bonus e Diz respeito aos motivos do crime, que podem aumentar (torpe) ou
malus diminuir (relevante valor social) a pena.
Dolo de propósito Crimes premeditados.
ou refletido
Dolo de ímpeto ou Motivado por paixão violenta ou excessiva perturbação de ânimo.
repentino.
Dolo genérico e Classificação da teoria clássica da conduta. No dolo genérico, a
dolo específico vontade se limitada à prática da conduta típica (sem finalidade
(especial fim de específica). No dolo específico, havia uma finalidade especial além.
agir) Com a superveniência da teoria finalista, usa-se dolo para dolo
genérico.

Dolo presumido ou Não admitido. Responsabilidade objetiva.


in re ipsa
Dolo de dano e de Agente pode querer/assumir risco de lesionar (dano) ou
perigo querer/assumir o risco de expor a perigo (perigo) o bem jurídico.
Dolo de 1º grau e O dolo pode ser comum (1º grau) ou decorrer das consequências
dolo de 2º grau necessárias de determinada conduta (2º grau). Neste caso, o agente
possui uma vontade, mas sabe que para alcançá-la existem efeitos
colaterais que irão necessariamente lesar outros bens jurídicos (risco
é certo!)
Dolo geral, por Agente alcança resultado, mas não pelo meio que quis ter alcançado
erro sucessivo, ou
aberratio causae
ou dolus generalis
Dolo antecedente, Antecedente: inicial ou preordenado (existe desde o início da execução do crime)
atual e Atual ou concomitante: persiste vontade durante o desenvolvimento dos atos
executórios.
subsequente Subsequente ou sucessivo: inicia com boa-fé, mas passa agir de forma ilícita ou
quando, posteriormente, conhece a ilicitude de sua conduta e, ciente disso, não
procura evitar as suas consequências.

Distinção entre antecedente e subsequente ajuda a distinguir apropriação indébita de


estelionato.
a) Apropriação indébita: agente comporta-se como proprietário de coisa da
qual tinha posse ou detenção (subsequente)
b) Estelionato: agente tem desde o início intenção de obter ilicitamente bem,
utilizando-se de meio fraudulento para induzir a vítima a erro (antecedente)
Dolo abandonado Tentativa abandonada: Desistência voluntária (interrompe execução)
e arrependimento eficaz (adota providências para impedir
consumação).
Dolo cumulativo agente pretende alcançar dois resultados, em sequência (progressão
criminosa em sentido amplo). Ex.: furto e estupro.
Inimputável tem De acordo com a doutrina finalista, o inimputável tem dolo,
dolo? consciência e vontade, ainda que dentro do seu precário mundo
valorativo.

DOLO NAS CONTRAVENÇÕES PENAIS: Em ambos os casos (mera conduta ou não) exige-se
dolo.
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária ( Íntima
relação com a teoria clássica, dada a época da LCP ). Deve-se, todavia, ter em conta o dolo
ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico.
 Deve ser interpretada considerando que as contravenções penais, geralmente, são
infrações de mera conduta (sem resultado naturalístico), por isso basta a ação ou
omissão voluntária (no CP, dolo é querer/risco o resultado). Assim, se a lei previr que
não é de mera conduta, deve considerar dolo ou culpa.

PROVA DO DOLO: Teoria dos Indicadores Externos. (a) Demonstração do perigo ao bem
jurídico; (b) visão do agente acerca desse perigo; (c) decisão do agente sobre a realização do
perigo, atacando o bem jurídico.

ESPECIAL FIM DE AGIR (DOLO ESPECÍFICO)


A parte subjetiva do tipo é composta primordialmente pelo dolo (núcleo do tipo), mas em
alguns crimes, o legislador insere no tipo uma menção a outra situação anímica, que se
distingue do dolo porque não está dirigida à realização da ação típica.
Faltando dolo ou especial fim de agir  ATIPICIDADE.
a) Delito de intenção: requerem agir com um ânimo, finalidade transcendente, de
resultado ulterior, distinto da realização do tipo penal. Mas basta querer o outro fim, não
precisa acontecer (consumação antecipada), nos ambos casos:
a. Delitos de resultado cortado: crime ocorre para outro resultado. Outro resultado está
fora do tipo e sem a intervenção do autor (corrupção ativa)
b. Delitos mutilados de dois atos: conduta (crime) é passo prévio para outro crime
(associação criminosa)

b) Delito de tendência/tendência intensificada (interna/subjetiva): ação se encontra envolvida


por determinado ânimo, cuja ausência impossibilita a sua concepção. Não é a vontade do
autor que determina o caráter lesivo do acontecer externo, mas outros extratos específicos,
inclusive os inconscientes. (Crimes contra a honra requerem ânimo de ofender; desacato;
vilipêndio de cadáver). Não se exige a persecução de um resultado ulterior, só há a exigência
de um tendência subjetiva, não expressa no tipo, mas dedutível da natureza do delito.
a. Crimes habituais: tem que haver tendência interna de habitualidade, a reiteração é
presunção dessa tendência (mas se distinguem)
i. Zaffaroni: esses delitos podem configurar-se com um só ato, se as
circunstâncias demonstrarem essa tendência interna

c) Especiais motivos de agir: os motivos constituem a força motriz da vontade criminosa 


motivo torpe, fútil, relevante valor social ou moral (na maioria dos casos, estão fora do tipo,
são qualificadoras, agravantes ou atenuantes, privilegiado)
a. Condescendência criminosa por indulgência
b. Corrupção passiva privilegiada (cedendo a influência de outrem)

CRIMES CULPOSOS
CONCEITO: elemento normativo do tipo penal (teoria finalista – pois depende de um juízo de
valor) consistente na violação do dever de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia,
realiza voluntariamente uma conduta que produz resultado naturalístico, não previsto nem
querido, mas objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia, com
a devida atenção, ter evitado.
Art. 18 - Diz-se o crime: 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
A tipicidade decorre da realização de uma conduta não diligente causadora de uma lesão ou
perigo concreto de lesão a um bem jurídico. Parte do pressuposto que o sujeito manifesta um
comportamento socialmente indesejado por ter sido descuidado e, por isso, algum bem
valioso (não há dano culposo no CP – No CPM há) para o DP foi atingido.
Para se verificar o crime culposo, deve-se perguntar, ex ante, se no momento da ação ou
omissão era possível, objetivamente identificar o risco proibido a conduta ou cuidado devido
normalmente exigido (se o agente agiu com o cuidado necessário).
Risco objetivo previamente estabelecido: limite de velocidade  substitui a ideia de homem
médio.

PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE (NUMERUS CLAUSUS): culpa é exceção


 Art. 18. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 O único crime contra o patrimônio culposo é a receptação (art. 180, § 3º)
 No CPM há dano culposo.

ELEMENTOS:
a) Conduta voluntária
b) Inobservância do dever objetivo de cuidado
c) Produção de um resultado naturalístico invontuntário – decorrências:
a. Só há crime material culposo
b. Não existe tentativa culposa
d) nexo de causalidade
e) Tipicidade (todos os crimes)
f) Previsibilidade objetiva do resultado (homem médio)
a. Culpa consciente (ex lascivia): prevê o resultado e não assume o risco
b. Culpa inconsciente (ex ignorantia): não prevê o resultado que era previsível e
não assume o risco (ausência de previsibilidade subjetiva)
Sendo a culpa o elemento normativo do tipo penal, o magistrado deve valorar a
situação inserindo hipoteticamente o homem médio no lugar do agente. Não é
subjetiva (o que o sujeito pensava) porque o Direito Penal não pode ficar submisso
aos interesses desidiosos de pessoas despreparadas para o convívio social.
Ademais, o fato é típico e ilícito e o agente é culpável. Logo, é um elemento
objetivo conforme o homem médio. Na culpabilidade que será analisada o perfil
subjetivo do agente.
g) Conexão interna entre o desvalor da ação e o desvalor do resultado  Ausência de
tipicidade material

DIFERENÇAS DO TIPO DOLOSO:


 Representa tipo penal incongruente, pois a vontade do sujeito não se dirige à
concretização do resultado (dolo totalmente diferente tipo)
o Não há clara distinção entre o tipo subjetivo e objetivo, porque a vontade é voltada a
um comportamento atípico

FORMAS DE MANIFESTAÇÃO/EXTERIORIZAÇÃO DA CULPA/MODALIDADES: violação do dever


objetivo de cuidado  podem ser cumulativas. Deve ser descrita na inicial (STJ).
a. Imprudência: exteriorização positiva da culpa - prática de um ato perigoso sem os
cuidados que o caso requer (motorista dirigindo em alta velocidade atropela)
b. Negligência: exteriorização negativa da culpa – deixa de praticar aquilo que a
diligência normal exige (motorista não conserta freios gastos e atropela) (deixar de
tomar as cautelas para que menor se aproprie de arma de fogo)
c. Imperícia (culpa profissional): inaptidão, momentânea ou não, para o exercício de
arte, profissão ou ofício (técnica)
a. Não se confunde com erro profissional decorrente da falibilidade das regras
científicas.
Obs: é exemplificativo, pois o legislador não pode prever todas as culpas. Mas na lei de armas
é culposo fechado.

ESPÉCIES DE CULPA: em todas há previsibilidade objetiva


a. Culpa própria: não assume o risco.
a. Culpa consciente: prevê subjetivamente + não assume o risco
b. Culpa inconsciente: não prevê subjetivamente + não assume o risco
b. Culpa imprópria (por extensão, por equiparação ou por assimilação): erro de tipo
permissivo/erro inescusável quanto à ilicitude do fato (acredita que está fazendo
amparado por uma causa excludente de ilicitude ou culpabilidade, mesmo que tenha
iniciado dolosamente o ato, responderá por crime culposo - imprópria) – é ato doloso,
mas por motivos de política criminal o Código Penal pune como culposo, mas, por ser
doloso, é a única modalidade de crime culposo que comporta a tentativa.

c. Culpa mediata ou indireta: agente produz o resultado naturalístico indiretamente a


título de culpa (vítima tenta fugir de estupro correndo em rodovia).

d. Culpa presumida (in re ipsa): abolida pelo CP40.


GRAUS DE CULPA: CP não diferencia. Já se buscou defini-la como grave, leve e levíssima
conforme o grau de previsibilidade.

COMPENSAÇÃO DE CULPAS (agente e vítima): DP não admite para fim de excluir a pena.
Havendo concorrência de culpas, cada qual responde pelo resultado a que deu causa.
 Culpa da vítima pode ser circunstância judicial favorável ao acusado (dosimetria da
pena base – art. 59, caput, do Código Penal) e a culpa exclusiva da vítima exclui a
culpa do agente.

EXCLUSÃO DA CULPA:
a) Caso fortuito ou força maior (imprevisível)
b) Erro profissional (culpa é da ciência inepta)
c) Risco tolerado
d) Princípio da Confiança

AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO


 Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver
causado ao menos culposamente.
Afasta-se a responsabilidade objetiva. O resultado tem que ser ao mínimo previsível.

CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO:


1) DOLO (conduta antecedente) + DOLO (resultado agravador): doloso [ex.: latrocínio
com dolo em ambos, admite tentativa]
2) DOLO + CULPA: preterdoloso (lesão corporal seguida de morte) (lesão corporal
qualificada pelo aborto, salvo NUCCI) [latrocínio sem dolo de homicídio, não admite
tentativa]
a. Praeter dolum – além do dolo
b. Em decorrência do misto de dolo e culpa, o preterdolo é classificado como
elemento subjetivo-normativo do tipo penal.
c. Versari in re illicita? Não. Não se admite presunção absoluta ou relativa de
culpa.
3) CULPA + CULPA: culposo (incêndio culposo, morte em decorrência de incêndio)
4) CULPA + DOLO: Atropelo (culposo) + Deixo de prestar assistência (doloso).

ITER CRIMINIS
Conceito: é o caminho do crime, o conjunto de etapas que se sucedem, cronologicamente, no
desenvolvimento do delito. É instituto exclusivo dos crimes dolosos. O exaurimento não
integra o iter criminis.

FASES
1.º. Cogitação (interna): passa-se na mente do agente, quando este define a infração penal que
deseja praticar, representando e antecipando o resultado almejado (da sua análise decorre o dolo
e sua espécie)
a. Princípio da ofensividade: estes aspectos não têm relevância para fins de
punição
2.º. Preparação (atos preparatórios): selecionada a infração, o agente inicia a preparação afim de
obter êxito na empreitada criminosa (seleção dos meios e local apropriado)
a. Exteriorizam comportamentos que ainda não são típicos
A cogitação e os atos preparatórios, em regra, não são puníveis, pois o inciso II do art. 14, do CP,
exige início de execução para que seja punida a tentativa.
Entretanto, em algumas hipóteses, o legislador quis punir de forma autônoma condutas que
poderiam ser consideradas atos preparatórios, criando figuras típicas específicas, os crimes-
obstáculo.
Ex: associação criminosa (autônomo, responde em concurso material pelos outros crimes, pois são
bens jurídicos diferentes), petrechos para falsificação de moeda (antefato impunível, se consegue
falsificar, há consunção, pois os bens jurídicos são os mesmos)
Ex.: lei de terrorismo pune os atos preparatórios

3.º. Execução (atos de execução): deve ser idôneo (apto para lesar) e inequívoco
(direcionado). Teorias de caracterização (transição do ato preparatório ao
executório):
a. TEORIA SUBJETIVA: Não distingue atos preparatórios e de execução, punindo ambos,
pois o que importa é a vontade do agente  NÃO adotada pelo CP: não distingue
atos de preparação dos atos de execução
As demais teorias demanda exteriorização (objetiva):
b. TEORIA OBJETIVO-FORMAL ou LÓGICO-FORMAL: início da realização do verbo
- somente há execução quando o agente pratica a conduta descrita no tipo
penal (tudo o que vier antes é ato preparatório) (maior segurança jurídica).
Adotada pelo CP.
i. Ato de ministrar veneno; apertar o gatinho na direção da vítima; remoção da
carteira do bolso
c. TEORIA OBJETIVO-MATERIAL: atos executórios são aqueles vinculados à
conduta típica e que produzem situação de risco para o bem jurídico,
abarcando atos imediatamente anteriores ao início da conduta típica ( visão do
terceiro observador: o agente está pronto para praticar)
i. Apontar a arma para a vítima
d. TEORIA OBJETIVO-INDIVIDUAL: abarca atos imediatamente anteriores, mas
em relação ao plano concreto do autor (e não do terceiro observador). (Hans
Welzel, Zaffaroni)

e. TEORIA DA HOSTILIDADE AO BEM JURÍDICO (MATERIAL): deve indagar se


houve ou não agressão direta ao bem jurídico. Ato executório é o que ataca
efetiva e imediatamente o bem jurídico enquanto que preparatório é o ato
que possibilita aquele ataque.

4.º. Consumação (summatum opus): diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP). Diz-se tentado o crime
quando, por motivos alheios à vontade do agente, não chega a consumar-se (art. 14, II,
CP) (TEORIA OBJETIVA-FORMAL)
a. Crimes materiais: tipo descreve conduta e resultado  para a consumação
deve ocorrer o resultado (naturalístico)
i. Crime omissivos impróprios e crimes culposos são crimes materiais:
qualificados pelo resultado
b. Existem os crimes qualificados pelo resultado: o crime se consuma quando da
ocorrência do resultado agravador (lesão corporal gravíssima com resultado
de aborto; omissão de socorro qualificada pela lesão corporal grave ou morte)
c. Crimes omissivos próprios: consuma-se com a abstenção do comportamento
imposto ao agente (omissão de socorro) (ou são de mera conduta ou formais)
d. Crimes de mera conduta: tipo não descreve resultado; ocorre com a realização
do comportamento previsto no tipo penal, não exigindo qualquer resultado
naturalístico (violação de domicílio – entrar ou permanecer)
i. é possível a tentativa
e. Crimes formais ou de consumação antecipada: consumam-se com a prática
da conduta prescrita no núcleo do tipo, independentemente da obtenção do
resultado pretendido (que está previsto no tipo ), caso o resultado ocorra, há
exaurimento. (Extorsão mediante sequestro: consuma-se
independentemente da obtenção da vantagem indevida – SÚMULA 96 STJ)
f. Crimes permanentes: enquanto durar a permanência, pois a consumação se
prolonga no tempo (sequestro e cárcere privado)  cessa a consumação
quando cessa a permanência
i. Nos crimes instantâneos e instantâneos de efeitos permanentes a
consumação se dá em momento determinado.
1. Estelionato previdenciário é crime instantâneo de efeitos
permanentes para o FRAUDADOR: se consuma no primeiro
pagamento – para o BENEFICIÁRIO o crime é permanente
g. Crimes habituais próprios: com a reiteração da conduta criminosa (exercício
ilegal da medicina)
i. Crimes impropriamente habituais: como gestão fraudulenta, se
consuma com um ato, não precisa reiterar, mas a pluralidade de atos
não configura vários crimes
h. Crime de perigo concreto: efetiva exposição do bem a risco
i. Crime de perigo abstrato: prática da conduta definida como perigosa

5.º. Exaurimento: não compõe o iter criminis (MASSON). É a fase posterior à consumação
do delito, esgotando-o completamente. Alguns crimes não têm exaurimento, em
outros, está na qualificadora/finalidade; nos crimes formais o resultado é o
exaurimento (Para Bitencourt, o iter criminis termina com a consumação).
a. Pode ser qualificadora (resistência) ou causa de aumento de pena (corrupção passiva)

TENTATIVA
CONCEITO:
 Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

DENOMINAÇÃO: conatus, crime imperfeito, crime manco ou crime incompleto (Zaffaroni).

ELEMENTOS DO CRIME TENTADO:


a) Conduta dolosa (vontade livre e consciente de praticar a infração penal)  NÃO
EXISTE TENTATIVA EM CRIME CULPOSO
b) Ingresso obrigatório nos atos de execução (crime plurissubsistente – atos de execução
podem ser fracionados)
c) Não alcance da consumação, por circunstâncias alheias à vontade do agente
(qualquer fato externo que influencie na interrupção da execução que levaria à
consumação)

NATUREZA JURÍDICA: Não é autônoma (tipos de tentativa), mas oriunda de uma norma de
extensão ou ampliação da conduta que perfaz uma ampliação temporal da figura típica. É
resultado da adequação típica mediata, pois a pessoa responde pela tentativa em razão de
outra norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal (art. 14, II) sem
ter realizado o fato típico (art. Específico).
 A adequação típica mediata acontece também no concurso de pessoas em crimes
unissubjetivos com concurso eventual. Obs: no concurso necessário dos crimes plurissubjetivos há
adequação típica imediata, pois a conduta de todos os agentes já está prevista no tipo.

TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE DA TENTATIVA:


a) Teoria subjetiva, voluntarística ou monista: punição pela intenção (desvalor da ação,
sendo irrelevante o valor do resultado)
b) Teoria sintomática (Escola Positiva de Ferri, Lombroso e Garofalo): punição pela
periculosidade subjetiva do agente
c) Teoria objetiva, realística ou dualista (CP): punição pelo perigo ao bem jurídico
(sopesam-se desvalor da ação e do resultado), havendo redução de pena porque o
desvalor do resultado é inferior ao consumado.
a. “Salvo disposição em contrário” (art. 14 CP) – Excepcionalmente, teoria subjetiva,
como nos delitos de atentado ou empreendimento.
d) Teoria da impressão ou objetivo-subjetiva: limite à teoria subjetiva, evitando o
alcance irrestrito aos atos preparatórios.

ESPÉCIES DE TENTATIVA: importa na pena  quanto mais perto da execução, menor a


redução (1/3 a 2/3)
1. Tentativa perfeita (ou tentativa acabada ou crime falho): agente esgota, segundo seu
entendimento, todos os meios que tinha a sua disposição para alcançar a consumação
do crime, a qual não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade
2. Tentativa imperfeita (ou inacabada): o agente não exaure toda a sua potencialidade
lesiva, ou seja, não realiza todos os atos executórios que entendia necessários à
produção do resultado. O sujeito é impedido de prosseguir antes de esgotar tudo que
pretendia.

1. Tentativa branca (ou incruenta): o agente não consegue atingir a pessoa ou a coisa
contra a qual deveria recair a conduta
2. Tentativa vermelha (ou cruenta): o agente consegue atingir. É preciso analisar o dolo
do agente para determinar se o crime foi tentado

NÃO SE ADMITE TENTATIVA: lei pode excepcionar. O que mais importa é ser crime
plurissubsistente.
I) Contravenções penais (art. 4º da LCP)
II) Crimes habituais (se consuma com a reiteração)
a. Posição minoritária (Mirabete) admite a tentativa quando o agente é impedido, por
circunstâncias alheias a sua vontade, de continuar a exercer o comportamento
proibido (Ex.: Sujeito aluga consultório e é detido na primeira consulta)
III) Crimes preterdolosos: há dolo na conduta antecedente e o resultado agravador
advém da culpa (lesão corporal seguida de morte) – culposo não cabe tentativa.
a. POLÊMICA: CRIME PRETERDOLOSO TENTADO - art. 127 – aborto qualificado pela
lesão corporal ou morte da gestante: dolo no aborto consumado ou tentado – culpa
na lesão à mãe) (são duas pessoas / bens jurídicos diferentes
IV) Crimes culposos
a. CUIDADO: culpa imprópria/por assimilação/extensão (ficção jurídico)  a
doutrina defende que CABE TENTATIVA na CULPA IMPRÓPRIA
Erro de tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro de tipo permissivo
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
V) Crimes unissubisistentes: a conduta do agente é exaurida num único ato, não
havendo fracionamento da execução. (Ex.: Injúria verbal). Só cabe tentativa nos
crimes plurissubsistentes
VI) Crimes omissivos próprios: a omissão já configura a consumação. Se o sujeito age
de acordo com o comando da lei, não pratica o fato típico (omissão de socorro)
a. Omissivos impróprios admitem tentativa.
tentativa é incompatível com os crimes omissivos próprios, uma vez que se
caracterizam como delitos de mera conduta, (sem resultado naturalístico) e,
portanto, unissubsistentes (com um único ato executório), de modo que o momento
executivo da omissão não é fracionável: ou o sujeito atua até o último instante
possível, e haverá um indiferente penal, ou se omite, e o crime restará consumado.

VII) Crimes de perigo abstrato (unissubsistente)


VIII) Crimes de atentado (ou de empreendimento) : são crimes onde a
tentativa é descrita no próprio tipo, assim, ao tentar já configura o crime consumado.
(tentar evadir-se mediante violência contra a pessoa; atentados de abuso de
autoridade)
IX) Crimes-obstáculo: atos preparatórios são tipificados de forma autônoma pelo
legislador.
X) Crimes condicionados: punibilidade está sujeita à produção de um resultado
legalmente exigido (ex.: participação em suicídio era exemplo até a Lei 13.968/2019, que ampliou o
tipo penal para prever o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação )
XI) Crimes subordinados a condição objetiva de punibilidade: crimes falimentares
(próprio delito completo depende da condição)
XII) Crimes com tipo penal composto de condutas amplamente abrangentes (fazer isso
ou de qualquer modo lesionar o bem): a abrangência faz com que o que seria tentativa
vire consumação.

Obs.: a LEP prevê que se pune a tentativa de falta grave do mesmo jeito que a consumada
(tentar fugir e fugir é falta grave)

APLICAÇÃO DA PENA NA TENTATIVA: Teoria objetiva temperada (ou matizada)


O CP prevê causa de diminuição de pena para o crime tentado, mas permite exceções legais.
Não há exceção subjetiva (diferente no CPM em que há exceção subjetiva). Em regra, é
diminuída de um a dois terços (quanto mais perto ou longe da consumação; distância
percorrida do iter criminis).

TENTATIVA E COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (IMPO): Para verificar se é


IMPO (competência do JECRIM) a causa de diminuição de pena deve ser aplicada em sua
fração mínima sobre a pena máxima cominada e, se superior a DOIS ANOS, o JECRIM NÃO é
competente.

TENTATIVA E DIMINUIÇÃO DA PENA NO COM: Teoria objetiva. Exceção: “podendo o juiz, no


caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado”.

TENTATIVA E CRIME COMPLEXO


Crime complexo: consuma-se o crime quando o agente preenche todo o tipo penal levando a
efeito as condutas, que, unidas, formam uma unidade complexa.
Súmula 610 do STF
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima.

TENTATIVA E DOLO EVENTUAL: Discussão sobre o elemento “vontade do agente”.


MAJORITÁRIA: Admite-se, pois há vontade no dolo eventual (aquiescência com o resultado).
MINORITÁRIA: Não, pois não há dolo direto, que é vontade.

Exceções à tentativa: Desistência voluntária e Arrependimento Eficaz


(PONTE DE OURO)
Decorrem da vontade do agente, e não de circunstâncias alheias. Tem origem no direito
premial como instrumento de política criminal para estímulo de condutas. Natureza jurídica
(Majoritária): causa de exclusão da tipicidade dos atos não praticados.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
(Tentativa abandonada)
  Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
É necessário que o agente já tenha ingressado na fase dos atos de execução e, sem esgotar os
meios que tinha à disposição para consumar o crime, desiste voluntariamente de prosseguir na
ação. O agente já não quer o crime, pois mudou de propósito. Sem dolo não há tipicidade, por
isso responde só pelos atos já praticados.
 Voluntário não é necessariamente espontâneo: o agente pode abandonar por ter sido
convencido por alguém (o importante é não ser constrangido/temor, por exemplo, ouviu uma
sirene)
 Fórmula de Frank: se o agente disser “posso prosseguir, mas não quero” há desistência
voluntária. Se disser: “quero prosseguir, mais não posso”, há tentativa.
 Ocorre mesmo que o agente tenha parado para prosseguir depois, a doutrina entende que
mesmo não sendo nobre o motivo da desistência, há desistência
 Crime omissivo impróprio: desistência voluntária demanda ação positiva (exercício da função
de garantidor).
 Adiamento da prática do crime é desistência voluntária (paro e deixo pra dps)

ARREPENDIMENTO EFICAZ/RESIPISCÊNCIA
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados
O agente, depois de ESGOTAR TODOS OS MEIOS que dispunha para chegar à consumação da
infração penal, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado
por ele pretendido inicialmente com (1) voluntariedade e (2) eficácia.
 Aplicável somente aos crimes materiais

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ


Se ainda estou executando eu posso desistir Mas se já esgotei todos os meios a única
coisa que posso fazer é me arrepender
Omissão Ação
só responde pelos atos já praticados só responde pelos atos já praticados
Afasta a tipicidade (STJ) Afasta a punibilidade (STF)(Ênfase)
Para o estratégia ambos afastam a tipicidade.
Para MASSON ambos afastam tipicidade.

SE HOUVER A PRODUÇÃO DO RESULTADO, ainda que o agente tenha desistido de prosseguir


na ação ou mesmo tendo encerrado a execução, tenha tentado evitá-la, NÃO SERÁ
BENEFICIADO pelos institutos acima, RESPONDERÁ PELO CRIME CONSUMADO. Mas o
comportamento será relevante para fins de culpabilidade, no momento da dosimetria.

CONCURSO DE PESSOAS & COMUNICABILIDADE DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E DO


ARREPENDIMENTO EFICAZ: DV e AE comunicam-se aos demais, pois como se trata de causa
de exclusão da tipicidade, o crime não foi cometido, respondendo todos somente pelos atos já
praticados.

DV, AE e LEI DE TERRORISMO: Aplicabilidade aos atos preparatórios de terrorismo (política


criminal & direito premial).

TENTATIVA QUALIFICADA
Consunção às avessas
É a nomenclatura que a doutrina dá para a expressão “só responde pelos atos já praticados”.
Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz, o agente responderá pelos
atos já praticados que, de per si, constituírem infração penal (crime meio). Desaparece a pena
da tentativa, mas persiste a pena dos delitos que foram consumados em seu curso.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR
(PONTE DE PRATA)
 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será (obrigatória) reduzida de um a dois
terços. 
Crime consumado  reparação do dano ANTES da deflagração da ação penal  redução da
pena igual a da tentativa!
Momento da reparação: até o recebimento da denúncia, seja no curso da investigação policial,
ou encerrado o inquérito, ainda que já oferecida a denúncia/queixa.

Natureza jurídica:
 SE ANTES - causa obrigatória de diminuição de pena (MINORANTE) (3ª fase)
 Se APÓS: circunstância atenuante (art. 65, III, b)
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
 III - ter o agente:
  b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe
as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;

Diminuição de pena: será fixada de acordo com o aspecto temporal entre a prática do ilícito e
a conduta voluntária de reparação, quanto mais próxima do recebimento (celeridade e
voluntariedade).

Aplicação:
1) Tipos NÃO prevejam como seus elementos violência ou grave ameaça à pessoa (via de
regra: crimes patrimoniais e outros com prejuízo patrimonial, como furto, dano, peculato). Há
necessidade do dano ser reparável.
 STJ: Inaplicabilidade ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, por haver
necessidade de o crime ser patrimonial ou ter efeitos patrimoniais.
 MAS ADMITE SE FOR CULPOSO EM CRIME COM VIOLÊNCIA: lesão corporal culposa
(violência está no resultado, não na conduta)

2) Reparação total do dano ou restituição da coisa. Entende-se que a reparação do dano


deve, em regra, ser TOTAL, VOLUNTÁRIA e PESSOAL (salvo se comprovada a impossibilidade do
agente/comunicabilidade no curso de pessoas).
 Minoritária: Alberto Silva Franco entende que se a vítima se satisfez com a reparação parcial
admite-se o arrependimento posterior. STF já admitiu (INFO 608) (utilizando para reduzir a
pena em menor percentual – HC 98658/PR)
 Irrelevante se a vítima recusa ou não.

3) Voluntariedade x Espontaneidade: deve ser voluntário, não se exige espontaneidade. Ex.: se


a coisa é apreendida no curso de uma perseguição pela vítima, não há voluntariedade .

4) Limite temporal: até o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa (não importa o oferecimento).

REPARAÇÃO POR TERCEIROS & COMUNICABILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS:


STJ: Não se desconhece a existência de julgados no sentido de extensão da causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior aos corréus, tratando-se, pois, [a reparação
do dano] de circunstância objetiva e, portanto, comunicável. (2000  Jurisprudência
tradicional) (doutrina majoritária)
 Todavia, já entendeu-se ser circunstância de caráter pessoal, demandando ato voluntário e
pessoal do agente, visando a reparação do dano causado, sendo inadmissível a sua extensão
aos demais co-acusados. (2009 – ponto fora da curva) (NUCCI concorda)

Lei 9099/95, JECRIM e composição civil  RENÚNCIA TÁCITA AO DIREITO DE


QUEIXA/REPRESENÇÃO, SALVO se a ação for pública incondicionada.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
PU. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Sobre a moeda falsa:


STJ: INAPLICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR AO CRIME DE MOEDA FALSA. No
crime de moeda falsa – cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante
eventual dano patrimonial a terceiros -, a vítima é a coletividade como um todo, o bem
jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação.

Sobre o CHEQUE: não é bem arrependimento posterior, é ausência de dolo de fraude se pagar
antes do recebimento da denúncia. Segundo o STJ, aplica-se exclusivamente ao crime de
estelionato na modalidade emissão de cheque sem fundos (art. 171 § 2º).
Súmula 554
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 246
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos
 Tem que ser interpretada a contrario sensu: pagamento ANTES tira o dolo!

Sobre o PECULATO CULPOSO:


Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Assim, se doloso, aplica-se o arrependimento voluntário normal (antes do recebimento da
denúncia é diminuição de pena obrigatória de 1/3 a 2/3 e, após, atenuante genérica).

Sobre a APROPRIÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA:


Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
prazo e forma legal ou convencional:
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento
das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 

PONTE DE OURO E PONTE DE PRATA NA COLABORAÇÃO PREMIADA


Na lei do crime organizado (Lei 12.850/13 – veja nosso livro Organizações criminosas,
Juspodivm, no prelo) o instituto da colaboração premiada, da qual a delação premiada é
uma espécie, cumpre semelhante papel (de eliminar a responsabilidade penal – OURO - ou
de suavizá-la - PRATA). Analisando-se os prêmios previstos na lei (para o colaborador da
Justiça) podemos dividi-los em dois grupos: o perdão judicial e o não oferecimento de
denúncia (art. 4º, caput, da citada lei e art. 4º, § 4º) seriam hipóteses de pontes de
ouro (porque eliminam a responsabilidade penal do agente, mesmo depois da consumação
do crime); a redução da pena em até 2/3 e a possibilidade de concessão de regime
prisional mais favorável (art. 4º, caput) seriam situações de pontes de prata (porque
apenas suavizam ou atenuam a responsabilidade penal).
Importante sublinhar que o momento da colaboração faz toda diferença: se ela ocorrer
antes do trânsito em julgado final da sentença (ou do acórdão), quatro prêmios são
possíveis: perdão judicial, não oferecimento da denúncia, redução da pena e regime
prisional mais favorável.
Se a colaboração acontecer depois do trânsito em julgado, cabe apenas redução da pena
até metade ou progressão de regime (art. 4º, § 5º, da Lei 12.850/13), mesmo quando
ausentes os requisitos legais do art. 112 da lei de execução penal ou do art. 2º, § 2º, da lei
dos crimes hediondos. Ou seja: após o trânsito em julgado a lei somente dispôs sobre a
ponte de prata. Essa colaboração após o trânsito em julgado se chama tardia ou pós-
processual.

CRIME IMPOSSÍVEL
(tentativa inidônea/inadequada/quase-crime2/crime oco)
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Premissa: o agente ingressa nos atos de execução (tentativa) mas a infração não se consuma
por circunstâncias alheias a sua vontade.
Natureza jurídica: embora fale “não se pune” é causa de exclusão da tipicidade, pois o fato
não se enquadra em nenhum tipo penal.

Teorias sobre o crime impossível:


a) Teoria objetiva: responsabilização depende de elementos objetivos e subjetivos (dolo
e culpa), sendo o objetivo, no mínimo, o perigo de lesão ao bem. Sem potencialidade
lesiva, há inidoneidade (que pode ser absoluta ou relativa).
a. Idoneidade absoluta: jamais consumaria
b. Idoneidade relativa: poderia, mas não ocorreu por circunstâncias estranhas à
vontade do agente.
Subdivisão da teoria objetiva:
a. Teoria objetiva pura: somente condutas lesivas podem ser punidas,
independentemente do grau de inidoneidade da ação.

2
Ultrapassada, pois se referia a aplicação de medida de segurança de liberdade vigiada ao autor de
crime impossível antes da Reforma de 1984.
b. TEORIA OBJETIVA TEMPERADA OU INTERMEDIÁRIA (CP): meios ou objeto
devem ser absolutamente inidôneos para produzir o resultado. Se a
inidoneidade for relativa, haverá tentativa.
b) Teoria subjetiva: intenção do agente. Assim, seja a inidoneidade absoluta ou relativa,
sempre haverá tentativa, pois o que vale é a vontade do agente.
c) Teoria sintomática: periculosidade do autor ensejam medida de segurança.

Espécies de crime impossível: meio e objeto.


Meio: é qualquer recurso empregado para ajudar a produzir o fim pretendido.
 Meio Absolutamente ineficaz é aquele meio que não possui a mínima aptidão para produzir os efeitos
pretendidos  CRIME IMPOSSÍVEL (Ex.: tentar provocar abordo com medicamento vencido)
 Se o meio é relativamente eficaz HÁ TENTATIVA (Ex.: tomar dose de remédio que quase atinge o fim
abortivo)

Objeto: é a pessoa ou a coisa contra o que se dirige a conduta do agente.


 Objeto absolutamente impróprios : o resultado jamais será alcançado (atirar em cadáver, ingestão de
substância abortiva sem estar grávida, expor a contágio de doença venérea quem já se encontra
contaminado ou é imune)
 Objeto relativamente impróprio: a pessoa ou coisa é colocada efetivamente em situação de perigo – o
resultado pode vir a ser alcançado (há tentativa se o ladrão enfia a mão no bolso da vítima, mas o
dinheiro estava no outro, se não houvesse dinheiro, o crime seria impossível)

MOMENTO adequado para aferição da inidoneidade absoluta: Inidoneidade deve ser


analisada no caso concreto (depois do fato, jamais in abstrato).
SUMULA 567 do STJ
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência
de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.

Crime complexo: a jurisprudência tem afastado a possibilidade de crime impossível em crimes


complexos, apenas se for por absoluta impropriedade do objeto. “Tratando-se o crime de
roubo de delito complexo, tem-se por iniciada a execução tão-logo praticada a violência ou a
grave ameaça à vítima)
 STJ: se, no crime de ROUBO, a vítima não tinha objetos, NÃO SE AFASTA A
TENTATIVA

Não cabimento de HC: HC não possui dilação probatória, essencial para demonstrar a
ineficácia absoluta do meio ou a impropriedade absoluta do objeto. Exceção: hipótese
teratológicas.

CRIME PUTATIVO (IMAGINÁRIO) E CRIME IMPOSSÍVEL SÃO INSTITUTOS DIFERENTES (Embora


com resultados no fato típico). São espécies de crime putativo: (1) crime putativo por erro de
tipo; (2) crime putativo por erro de proibição; (3) crime putativo por obra do agente
provocador (crime de ensaio, crime de experiência, flagrante provocado): alguém induz outra
pessoa a cometer conduta criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir
consumação – somente “na aparência é que ocorre um crime exteriormente perfeito. Na
realidade, seu ator é o protagonista inconsciente de uma comédia” – carece do aspecto
objetivo do tipo.
Flagrante preparado/crime de ensaio: agente é estimulado pela autoridade policial a
cometer o crime, mas a própria presença da autoridade torna o crime impossível de
acontecer
Súmula 145
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.
 EXCEÇÃO: no caso do policial que compra drogas de alguém que mantém em
deposito, traz consigo  esse crime tem vários verbos

Flagrante esperado: não há estimulação por parte da vítima ou polícia. Agente começa e só
não consuma porque terceiro, conhecendo previamente a intenção, intervém e evita a
consumação do crime (ocorre TENTATIVA).

STJ:
Pelo quadro fático-probatório delineado alhures, a hipótese dos autos não se equipara a
crime impossível na modalidade flagrante preparado. O caso em tela equipara-se mais à
situação de flagrante esperado, uma vez que não foram os policiais que induziram ou
instigaram o réu para que ele cometesse o delito, mas foi o próprio réu que
voluntariamente iniciou a empreitada. Impossibilidade de rever tal entendimento em razão
do disposto na Súmula 7/STJ. (STJ/2017).
Lei 13.964/2019 (PACTO ANTICRIME) RELATIVIZOU A SÚMULA 145
Admite, pelo menos em relação aos crimes de comércio ilegal de arma de fogo, tráfico
internacional de arma de fogo e tráfico de drogas a figura do AGENTE DISFARÇADO.
“Art. 17 (...) § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente” (...)
Internalizou-se o instituto norte-americano do “ENTRAPMENT” (armadilha, provocação
indevida) que consiste em argumento defensivo no sentido de anular eventuais provas
obtidas a partir do agente estatal disfarçado (“eu não tinha envolvimento, o agente
provocou”).
Há duas correntes sobre o assunto:
a) MAJORITÁRIA & SUPREMA CORTE (Subjective approach): é admitida a atuação do
agente disfarçado no sentido de negociar ou lidar com o criminoso, visando à
consumação do crime, desde que o alvo já estivesse sendo investigado pela prática
de crime anteriormente (predisposição à prática criminosa – Não há estrapment se
o criminoso incauto)
b) MINORITÁRIA (objective approach): envolvimento do agente estatal e sua relação
com a consumação do crime tornam nulas as provas, independentemente da
existência de indícios de envolvimento prévio.

AGENTE DISFARÇADO vs AGENTE INFILTRADO


DISFARÇADO: agente estatal que busca realizar tratativas com o investigado, visando À
consumação do crime e prisão em flagrante.
INFILTRADO: técnica especial de investigação prevista na Lei 12.850/2013 de introdução do
agente no seio da organização criminosa, com o propósito de obter informações a respeito
da sua constituição e de seu funcionamento, que poderão ser utilizadas em eventual
flagrante esperado ou para responsabilização penal dos investigados, sem que haja, em
regra, provocação/indução da prática criminosa por parte do agente.

ERRO DE TIPO
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
Conceito: é a relação de contrariedade entre o fato humano e as exigências do
ordenamento jurídico, representando uma lesão ou ameaça de lesão a bens jurídicos
importantes. Juízo de valor negativo. Trata-se de conceito unitário, que engloba o conceito
formal (desconformidade entre fato e o ordenamento jurídico) e conceito material (fato
antissocial, violador de bem jurídico protegido).
 Clássica: objetiva-formal (oposição à norma)
 Neoclássica: normativa (antissocialidade)

TERMINOLOGIA: causas excludentes de ilicitude também são chamadas de causas de


justificação, justificativas, descriminantes, tipos penais permissivos e eximentes (“não há
crime”).
 “dirimente” é sinônimo de excludente de culpabilidade (“não é punível”; “isento de
pena”)
Ilicitude e antijuridicidade são sinônimas? Para MASSON, não. O crime é um fato jurídico,
com efeitos no campo jurídico. Por isso o legislador optou por ilicitude.
Ilícito e injusto são sinônimos? Ilícito é a oposição entre fato típico e ordenamento jurídico.
Injusto é o antagonismo entre fato típico e a compreensão social acerca da justiça (princípio da
adequação social, conforme graus).
Ilicitude genérica e ilicitude específica? A genérica é externa ao tipo (contradição com o
ordenamento); a específica é interna, um elemento normativo do tipo (violação de segrego
profissional sem justa causa).
Ilicitude objetiva e subjetiva? A subjetiva confunde ilicitude e culpabilidade, requerendo a
imputabilidade para conhecimento da ilicitude. Mais correta é a objetiva, em que é suficiente a
contrariedade do fato típico ao ordenamento jurídico.
Não se confunde com elementos objetivos e subjetivos das causas de exclusão da ilicitude. É
necessário que o agente, subjetivamente, tenha conhecimento da situação justificante.
Ilicitude penal e extrapenal? Caráter fragmentário do D. Penal.

TEORIAS QUE RELACIONAM FATO TÍPICO X ANTIJURIDICIDADE


1) TEORIA DA RATIO COGNOSCENDI OU DA INDICIARIEDADE (PREVALECE)
O tipo e a antijuridicidade são elementos autônomos, mas há relação de relativa
interdependência entre eles. A tipicidade exerce uma função indiciária de ilicitude,
ou seja, encerra um juízo condicionado de ilicitude, que se confirmará se não
verificada uma causa de justificação prevista pelo ordenamento.

2) TEORIA DA RATIO ESSENDI OU DA ABSOLUTA DEPENDÊNCIA (MELHOR)


O tipo é a antijuridicidade tipificada. A antijuridicidade contém a tipicidade. A ilicitude
é a razão de ser da tipicidade. A tipicidade está inserida na antijuridicidade. Excluída a
ilicitude, não subsiste o fato típico.
 Tipicidade conglobante: tipicidade formal + antinormatividade + tipicidade
material  esvaziamento da antijuridicidade como elemento autônomo, pois a
norma não pode mandar e desmandar

3) TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO (JESCHECK)


A tipicidade contém a ilicitude. As causas de justificação seriam elementos negativos
do tipo, de forma que não excluem a ilicitude, mas sim a adequação típica. Tipo total
injusto. [Elementos do crime bifásico: (tipicidade + ilicitude)+culpabilidade].
Ex.: tipo total injusto do homicídio: matar alguém, salvo em legítima defesa, estado de
necessidade, exercício regular de direito e estrito cumprimento de dever legal.
 Consequência é semelhante a da ratio essendi: antijuridicidade é ausência de
tipicidade

Ilicitude:
 Em sentido amplo: não é necessariamente penal, mas é contra o ordenamento
jurídico (fuga da prisão sem violência  não é penal, mas é antijurídico, falta
grave)

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE


Requisitos das causas de exclusão da ilicitude (visão finalista  causas de exclusão de
ilicitude são tipos permissivos):
a) Requisito objetivo (descritivo-normativo): elementos objetivos constantes da norma
permissiva
a. Erro de tipo permissivo
b) Requisito subjetivo: consciência de agir justificadamente, caracterizada pela relação
de congruência entre a conduta do agente e a norma que permite sua prática
a. Necessidade de ser injusta

Espécies de causas de exclusão de ilicitude:


a) Causas legais (ART. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato 
EXEMPLIFICATIVO – existem outras em lei, as especiais/específicas, e as supralegais:):
Causas genéricas/gerais:
a. Estado de necessidade
b. Legítima defesa
c. Estrito cumprimento de dever legal
d. exercício regular de direito
*Obs.: podem ser genéricas (qualquer crime) ou específicas (próprias a determinado crime)
b) Causas supralegais:
a. Ex.: consentimento do ofendido
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Teorias que fundamentam o consentimento do ofendido como excludente:
a) Ausência de interesse do Estado em face do d. disponível (crítica: pessoa não pode decidir)
b) Renúncia à proteção do D. Penal (crítica: pessoa não pode decidir)
c) Ponderação de valores – mais aceita. Ponderação entre liberdade de vontade frente ao
desvalor da conduta e o resultado causado.
Cabimento
Tão somente em relação a bens jurídicos disponíveis, do contrário, há interesse privativo do
Estado. Incabível para interesses metaindividuais, pertencentes à sociedade ou ao Estado.
Requisitos
a) Expresso (real), pouco importando a forma (escrito ou oral) – salvo o ficto muito claro.
b) Livre
c) Moral e bons costumes
d) Prévio
e) Ofendido plenamente capaz (presunção de incapacidade de menor 14 anos para crimes
sexuais). Não produz efeitos o consentimento pelo representante.
Consentimento e crimes culposos
Pode ocorrer consentimento em relação à conduta imprudente, negligente ou imperita (não ao
resultado naturalístico, como nos crimes dolosos). É o caso do passageiro que aquiesce com a
alta velocidade no veículo automotor.
Consentimento presumido
Casos urgentes em que o ofendido ou seu representante não possam prestar a anuência, mas
poderia se esperar que, se possível, agiriam dessa forma. Ex.: aborto necessário para salvar a
vida da gestante/amputação.
Consentimento como causa de exclusão da tipicidade
Se o não consentimento for elementar do tipo, como o crime de sequestro ou cárcere privado;
violação de domicílio e estupro.
* Obs.: para os partidários do caráter formal da ilicitude, não existem causas supralegais.

Descriminante em branco: causa de exclusão da ilicitude em que o conteúdo depende de


complementação, a ser encontrada em oura lei, ato administrativo ou Súmula Vinculante. Ex.:
policial que algema cidadão que o recebe a pontapés (SV 11).

Aspectos processuais da excludente de ilicitude: comprovada a existência, estará ausente


uma condição da ação penal, devendo o MP determinar o arquivamento do IP ou o magistrado
rejeitar a denúncia (art. 395, II, CPP), porque o fato não constitui crime (não há condição da
ação). Se recebida, o juiz poderá absolver sumariamente o acusado (art. 397, I) ou absolvê-lo
em sentença (art. 386, VI). Nos crimes do Júri, o magistrado deverá absolver sumariamente
(art. 415, IV).

Pacote Anticrime & Liberdade provisória:


Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro)
horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do
acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério
Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
Fundada suspeita de excludente – PACOTE ANTICRIME
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer
das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de
revogação.  

Certeza da excludente (ausente crime)


Art. 310. I - relaxar a prisão ilegal; ou    

Impossibilidade de prisão preventiva


Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas
constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e
III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.
 Colisão de dois bens jurídicos amparados pelo ordenamento  juízo de ponderação e
prevalência
 STF: agente não pode ter como fugir!
CONCEITO: É a causa de exclusão da ilicitude que depende de uma situação de perigo,
caracterizada pelo conflito de interesses lícitos que se soluciona com a autorização conferida
pelo ordenamento jurídico para o sacrifício de um deles para preservação do outro.

NATUREZA JURÍDICA: Há que fale que é faculdade e outros direito. Para MASSON é faculdade
e direito subjetivo do réu ao mesmo tempo.

TEORIAS DO ESTADO DE NECESSIDADE:

A. TEORIA UNITÁRIA (Adotada pelo CP)


Preenchidos os requisitos legais, todo (menor ou igual valor do bem sacrificado) estado de
necessidade é justificante, ou seja, tem finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico
praticado pelo agente. Não precisa adjetivar, já que todo estado de necessidade é justificante.
 CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA: Caso o bem sacrificado seja de maior valor que o
bem protegido, o agente haverá crime, mas tem sua pena diminuída de 1 a 2/3 (art.
24, § 2º)
 BENS DE IGUAL VALOR: teoria da PONDERAÇÃO DOS MALES (Doutrina espanhola): o
mal causado pela ação de salvamento não pode ser maior que o mal que se pretende
evitar.

B. TEORIA DIFERENCIADORA: estado de necessidade exculpante (Adotada pelo CPM)


Considerando-se os valores dos bens em conflito, distingue-se o estado de necessidade justificante
(afasta a ilicitude, quando o bem protegido é de valor superior ou igual àquele sacrificado) do estado
de necessidade exculpante (elimina a culpabilidade – na modalidade inexigibilidade de
conduta diversa, quando o bem protegido for de valor ou menor que o afetado).
 CPM: estado de necessidade exculpante só existe com terceiro
ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição

Na Teoria Diferenciadora, há divergência doutrinária:


1.º. Corrente (Zaffaroni): o Estado de necessidade é justificante somente quando o bem afetado é
de valor inferior ao do bem defendido (=CPM)
2.º. Corrente (Assis Toledo): há estado de necessidade justificante quando o bem sacrificado é de
valor menor ou igual ao bem defendido. O Exculpante será quando o bem afetado é superior
ao ofendido.

ESTADO DE NECESSIDADE ESTADO DE NECESSIDADE


JUSTIFICANTE EXCULPANTE
CP: teoria unitária – não se adjetiva CPM: existem os dois
Elimina ilicitude Elimina culpabilidade se bem protegido é de
valor igual ou inferior
Bem protegido é de valor superior Só existe com terceiro ligado por estreitas
relações de parentesco ou feição

C. TEORIA DA EQUIDADE: Kant. Prega a manutenção da ilicitude e da culpabilidade. A


ação realizada em estado de necessidade não é juridicamente correta, mas não pode
ser castigada por razões de equidade, calcadas na coação psicológica que move o
sujeito.
D. TEORIA DA ESCOLA POSITIVA: Ferri e Florián. Prega a manutenção da ilicitude.
Todavia, o ato extremamente necessário e sem móvel antissocial, deve permanecer
impune por ausência de perigo social e de temibilidade do agente.
REQUISITOS DO ESTADO DE NECESSIDADE:
A. Ameaça a direito próprio ou alheio
a. Interesse indisponível: independentemente da concordância do 3º (aborto para salvar
vida a gestante)
b. Interesse disponível: depende da anuência do 3º (aborto decorrente de estupro)
Segundo o CP, com é teoria unitária, ambos são estado de necessidade.
Segundo a teoria diferenciadora (CPM), o primeiro caso seria justificante e o segundo
caso exculpante (bem jurídico protegido é inferior – dignidade < vida)
c. CP não reclama parentesco!

B. Perigo atual (inevitável): prestes a se concretizar em dano efetivo. Inevitável (sem


alternativa). Não abrange o perigo passado e futuro.
a. Apropriação indébita – deixar de recolher contribuições previdenciárias no caso de
crise: não há estado de necessidade, pois o empresário tem a opção de fechar as
portas  os tribunais vêm reconhecendo a INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
(CULPABILIDADE)

C. Inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado: juízo de ponderação, ainda que se adote a


teoria unitária, verifica-se se o bem realmente poderia ter sido sacrificado relativamente ao
bem protegido (comparação vai além de critérios objetivos – análise casuística). Ainda sobrará
a questão no campo da culpabilidade – inexigibilidade de conduta diversa.

D. Situação não provocada pelo agente (“que não provocou por sua vontade”)
Qual o alcance da “voluntariedade”? Culpa ou dolo?
a. Parte da doutrina defende que somente a criação de perigo dolosa afastaria o estado
de necessidade (Roxin & Alemanha)
b. Outra parte considera “vontade” como gênero, incluindo condutas dolosas e culposas,
pois negligência, imperícia e imprudência também derivam da vontade do agente
(MASSON & galera) bem como interpretação sistemática da omissão culposa.

E. Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (quem tem dever de salvar oriundo
da lei não pode alegar estado de necessidade - razoabilidade)
Qual a extensão desse dever?
a. Dever legal (imposto pela lei)
b. Dever jurídico (lei ou contrato, como um enfermeiro/salva-vidas do clube) – Exposição de
motivos do CP c/c posição de garantidor (art. 13 § 2º)

F. Conhecimento da situação de fato (elemento subjetivo)


G. Finalidade de salvar de perigo (elemento subjetivo)

MASSON:
1) Situação de necessidade
a. Perigo atual
b. Perigo não provocado voluntariamente pelo agente
c. Ameaça de direito próprio ou alheio
d. Ausência de dever legal de enfrentar o perigo
2) Fato necessitado
a. Inevitabilidade do perigo por outro modo (caráter subsidiário)
b. Proporcionalidade (Teoria unitária: bem preservado deve ter valor igual ou superior ao
sacrificado)

CLASSIFICAÇÕES DO ESTADO DE NECESSIDADE


A. Estado de necessidade defensivo: a conduta do agente dirige-se diretamente ao
produtor da situação de perigo, a fim de eliminá-la
B. Estado de necessidade agressivo: a conduta do necessitado bem a sacrificar bens de
um inocente, não provocador da situação de perigo
Relevância para Ação Civil ex delicto
No estado de necessidade agressivo, o inocente afetado tem ação contra o causador do dano, e
este tem ação contra o causador do perigo, regressivamente
C. Estado de necessidade putativo: a situação de perigo que ensejaria ao agente agir
amparado pela causa de justificação é imaginária (falsa representação da realidade)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.
a. Erro invencível: isenta de pena
b. Erro vencível: responde a título de culposa se o fato é punível como crime
culposo

CASOS ESPECÍFICOS DE ESTADO DE NECESSIDADE:


a) Art. 128, I – Aborto necessário ou terapêutico praticado por médico quando não há
outro meio para salvar a vida da gestante.
b) Art. 146 § 3º - Intervenção médica ou cirúrgica, sem consentimento, se justificada
por iminente perigo de vida, ou para impedir suicídio não caracteriza
constrangimento ilegal.
c) Art. 150 § 3º II e art. 5º XI CF – Violação de domicílio se dentro está sendo praticado
crime ou na iminência de o ser, ou na hipótese de desastre ou para socorrer alguém.
d) Arts. 141, 153 e 154 – Violação de correspondência, divulgação de segredo e violação
de segredo profissional para proteger direito próprio ou alheio (para provar inocência,
por exemplo)
STJ: MISERABILIDADE não é estado de necessidade, mas em determinados casos
poderá excluir a culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa.
(Estratégia). Para MASSON, não há estado de necessidade porque há meios lícitos de
se sustentar.
 Mas há as duas posições!
o Miserabilidade  inexigibilidade de conduta diversa (pq há os
requisitos de perigo atual ou iminente do estado de necessidade).
o Furto famélico  estado de necessidade

ESTADO DE NECESSIDADE RECÍPROCO: Exemplo da tábua de salvação dos náufragos. Estado


não pode tomar partido de um ou outro.

COMUNICABILIDADE DO ESTADO DE NECESSIDADE: Exclui a ilicitude, afastando a infração


penal. Desaparecido o crime, comunica-se a todos coautores e partícipes.

ESTADO DE NECESSIDADE E CRIMES PERMANENTES E HABITUAIS: Não há requisitos da


atualidade do perigo e inevitabilidade do fato necessidade. Todavia, há foi reconhecido no
crime habitual de exercício legal de arte dentária (art. 282), em caso atinente à zona rural
longínqua e carente de profissional habilitado.

ESTADO DE NECESSIDADE E ERRO NA EXECUÇÃO: Se houver erro na execução, o agente


permanece coberto pelo estado de necessidade.

LEGÍTIMA DEFESA
CONCEITO:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
 Defesa de interesse próprio ou alheio, dada a impossibilidade da intervenção
tempestiva do Estado, o qual tem igualmente por fim que interesses dignos de tutela
não sejam lesados (não há dois interesses protegidos, só um e uma injusta agressão)
o É diferente do estado de necessidade porque nesse se houver a opção de
fugir, menos gravosa, essa deve ser adotada: são dois interesses igualmente
protegidos (ponderação)

BENS AMPARADOS PELA LEGÍTIMA DEFESA: em regra, todos.


 Polêmica: ressalva - bens considerados comunitários/vagos (ex.: fé pública, ordem pública) 
pela dificuldade de se individualizar o ataque, é mais estrito dever de cumprimento legal
(polícia prende em flagrante) ou exercício regular de direito (qualquer do povo pode prender em
flagrante; noticiar a autoridade)
 Existe quanto a bens de pessoas jurídicas e do Estado, incapazes de defender-se sozinhos.
 Pode ser do feto e do cadáver também (reconhecimento pelo Estado de alguns direitos diretos
ou indiretos).

REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA:


a) Injusta agressão
a. O ato injusto não é necessariamente fato típico, pode ser ato ilícito (comportamento
humano lesivo a um bem jurídico/contrário ao Direito) que pode ser doloso ou
culposo
b. Objetiva: Independe da imputabilidade do autor (não importa se é menor)
c. Não confundir com injusta provocação: figura privilegiada; atenuante  redução de
pena e não excludente
d. Atividade exclusiva do ser humano: se for animal é estado de necessidade, salvo
se este for instrumento de crime.
b) Atualidade e iminência da agressão
a. Iminente: é onde geralmente se dá o erro de tipo permissivo ou legítima defesa
putativa
i. Ao contrário do Estado de necessidade, onde não está expresso o perigo iminente.
b. Excluem-se: agressões passadas e futuras
c) Agressão contra direito próprio ou de terceiro
a. Indisponível: sem autorização pode
b. Disponível: precisa de autorização
d) Uso moderado dos meios necessários
a. Meios necessários: são os que estavam disponíveis no momento do ataque
b. Análise concreta: princípio da proporcionalidade
e) Elemento subjetivo (animus defendendi)
a. Consciência dos elementos de justificação
b. Vontade de agir justificadamente

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO ASPECTO SUBJETIVO DE QUEM SE DEFENDE:


a) REAL:
b) PUTATIVA ou IMAGINÁRIA: por erro, acredita existir agressão injusta. É descriminante
putativa.
c) SUBJETIVA ou EXCESSIVA ou EXCESSO ACIDENTAL: por erro de tipo escusável, excede
os limites da legítima defesa. (Me defendo, não percebo que desmaiou, continuo a bater)
EXCESSO EXCULPANTE: O excesso exculpante pode redundar tanto em erro de proibição indireto
quanto em inexigibilidade de conduta diversa
relacionado a profunda revolta de ânimo que acomete o agente. Neste caso, inicialmente, a conduta
estava respaldada pela justificante, mas a situação em que se encontra o sujeito faz surgir nele um estado
de pânico que lhe retira a capacidade de atuar racionalmente. Alguém que, por exemplo, diante de um
agressor armado, investe contra ele a ponto de causar sua inconsciência, mas, temeroso quanto à
possibilidade de ser alvejado, continua a agredi-lo, comete fato típico e ilícito. Não obstante, pode ter a
culpabilidade afastada por inexigibilidade de conduta diversa.

Observações:
1.º. NÃO EXISTE legítima defesa real recíproca nem em face de outra excludente de
ilicitude: pressuposto da legítima defesa é a injusta agressão
a. Pode haver legítima defesa putativa recíproca
b. Pode haver legítima defesa real em face de legítima defesa putativa
c. Pode haver legítima defesa real em face de legítima defesa culposa

2.º. NUNCA caberá legítima defesa real em face de qualquer causa de exclusão da
ilicitude real

3.º. EXISTE legítima defesa sucessiva ou pendular (legítima defesa real contra legítima
defesa subjetiva/excessiva): A provoca injusta agressão  B age em legítima defesa
mas EXCEDE  A tem legítima defesa sucessiva ou pendular contra o excesso doloso.
a. Não existe compensação de agressões injustas!

4.º. Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que esteja acobertada apenas
por causa de exclusão da culpabilidade

5.º. NÃO existe LEGÍTIMA DEFESA contra ANIMAL, será estado de necessidade
a. SALVO, se o animal for INSTRUMENTO utilizado por agente

6.º. OFENDÍCULOS: aparelhos predispostos para a defesa da propriedade ou mesmo da


vida ou da integridade física (arame farpado) visíveis e a que estão equiparados os
meios mecânicos ocultos (cerca elétrica), admitindo-se inclusive cães e animais de
guarda.
a. Natureza jurídica (duas posições):
i. Legítima defesa preordenada: só funciona quando há ataque
ii. Exercício regular de direito: não é legítima defesa porque se repele
agressão futura
b. São aceitos, desde que o agente tome precauções na utilização, sob pena de
responder pelos resultados: devem ser visíveis (se forem escondidos,
acarretam em excesso punível, doloso ou culposo).

7.º. LEGÍTIMA DEFESA CONTRA MULTIDÃO: Admissível.


8.º. LEGÍTIMA DEFESA CONTRA PESSOA JURÍDICA: Admissível, pois esta exterioriza sua
vontade por meio da conduta de seres humanos. Ex.: empresa injuria por alto-falante,
funcionário pode destruir o alto-falante.
9.º. LEGÍTIMA DEFESA CONTRA INIMPUTÁVEL: Admissível

10.º. Legítima defesa e Aberratio Ictus: admite-se (pessoa virtual).

11.º. STF: legítima defesa relativa ao homicídio não se comunica ao crime


autônomo de porte ilegal de arma

12.º. DESAFIO/DUELO: Não há legítima defesa. Responde,


13.º. PACOTE ANTICRIME, AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA E VÍTIMA REFÉM DE
CRIME:
Art. 25. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.    
Desnecessário. Se presentes os “requisitos previstos no caput”, há legítima defesa de
terceiro. Só não é agente de segurança públicos os membros da polícia legislativa da
Câmara e Senado, que estarão abarcados pelo caput.

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA


Agente deve estar impossibilitado de fugir Não é necessário que o agente estivesse
impossibilitado de fugir
Perigo natural ou agressão lícita do homem Agressão injusta do homem
Existência simultânea de legítima defesa e estado de necessidade: “A” para defender-se de
“B”, que injustamente desejava matá-lo, subtrai uma arma de fogo pertencente a “C” (estado
de necessidade), utilizando-a para matar o seu agressor (legítima defesa).

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL


  Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Conceito: não está na lei, porque cada norma vai definir. Norma  lei em sentido material,
penal ou extrapenal (lei, decreto, regulamento). Em geral, dirigidos aos agentes públicos, mas
pode ser ao particular.
 Ex.: desembargadora, ao relatar processo de promoção por merecimento de
magistrados, proferiu voto com expressões consideradas caluniosas, difamatórias e
injuriosas por juiz. Este prestou queixa, que foi rejeitada pelo estrito cumprimento do
dever legal pela desembargadora.

Dever legal: obrigação direta ou indiretamente resultante da lei em sentido material de


caráter geral (não basta ordem superior). Não abrange dever social, moral e religioso.
Destinatários:
 Em regra, funcionários públicos: “Em geral, compreende os deveres de intervenção do funcionário
na esfera privada para assegurar o cumprimento da lei ou de ordens de superiores da administração
pública, que podem determinar a realização justificada de tipos legais (coação, restrição da liberdade,
violação de domicílio, lesão corporal)”
 Particulares: deveres impostos a particulares em virtude de interesse público: médico é
obrigado é notificar doença; empresas físicas e jurídicas que são obrigadas a comunicar ao
COAF situações estranhas.
CUIDADO!
Policial que em troca de tiros mata suspeito age em LEGÍTIMA DEFESA, e não estrito
cumprimento do dever legal!

Estrito: dentro dos limites objetivos da norma.


Elementos subjetivos: consciência dos elementos + vontade de agir segundo o dever imposto
pele norma jurídica.
Comunicabilidade: aplica-se a terceiros que colaboram com quem age em estrito
cumprimento do dever legal (ex.: policial é ajudado por particular a arrombar porta)
Estrito cumprimento de dever legal e crimes culposos? NÃO. A lei não obriga ninguém a agir
com imprudência, imperícia ou negligência. Situação geralmente resolva pelo estado de
necessidade (bombeiro que corre para salvar e atropela).
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL, LEI DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS & PACOTE
ANTRICRIME:
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da
internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta
Lei.
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da
investigação responderá pelos excessos praticados.

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO


Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
Conceito: não está na lei, porque cada norma (codificada ou consuetudinária) vai definir
(Ênfase). “Direito” é um complexo harmônico de normas, não sendo admissível um real
conflito entre elas (não pode ser lícito civil e ilícito penal).
 Ex.: art. 1.5666, IV e 1.634, I do CC preceitua o dever dos pais a educação dos filhos, facultando-
lhes meios moderados para correção e disciplina, quando necessário.
 Ex.: lesões em atividades esportivas e intervenções médicas ou cirúrgicas.
o Poderá haver estado de necessidade no caso de: (i) não-médico realiza ato de medicina para
salvar alguém; (ii) médico realiza sem consentimento para salvar vida (caso testemunhas de
jeová).
 Ex.: utilização de cadáver para estudos e pesquisas científicas. Lei 8501/92: para utilização de cadáver não
reclamado, deve ter transcorrido 30 dias da data da morte e o pedido de uso; deve ser em escola de medicina; cadáver
não pode resultar de ação criminosa; cadáver não pode ter qualquer tipo de documentação ou, quando identificado
inexistirem informações sobre responsáveis. Neste caso, estará afastado o crime de vilipêndio ou destruição de cadáver
pelo exercício regular de direito.
 Regular: responde pelo excesso.
 Elemento subjetivo: consciência dos elementos + vontade de agir segundo o direito
Aplica-se aos COSTUMES? Predomina que deve estar previsto em lei, com dissidências (ex.:
trote). MASSON aponta como diferença a fonte geral:

EXCESSO PUNÍVEL
Todas as causas de justificação
É o exercício irregular de uma causa excludente de ilicitude
Art. 23 Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ESPÉCIES:
1 - Excesso doloso:
a) Excesso doloso em sentido estrito: Quando o agente, mesmo depois de fazer cessar a
agressão, continua porque quer causar mais lesões ao agressor inicial
b) Erro sobre os limites de uma causa de justificação: quando o agente, mesmo depois
de fazer cessar a agressão, pelo fato de ter sido agredido inicialmente, em virtude de
erro de proibição indireto (erro sobre os limites de uma causa de justificação), acredita
que possa ir até o fim, matando seu agressor, por exemplo
a. Ladrão tentando fugir pelo muro e homem da tiro no ladrão
2 - Excesso culposo:
b. Excesso culposo em sentido escrito: Quando o agente, em função de sua má
avaliação dos fatos, emprega uma resulta desmedida desde o início. Não havia
necessidade de atuar com a intensidade que atuou.
c. Erro de tipo permissivo: o agente, em função de sua falsa representação dos
fatos, acredita que ainda está sendo ou poderá vir a ser agredido e, em
virtude disso, dá continuidade à repulsa
3 – Excesso acidental ou fortuito: se origina destes eventos imprevisíveis e inevitáveis. Cuida-
se de excesso penalmente irrelevante.
4 – Excesso exculpante: decorrente de profunda alteração de ânimo do agente (medo). Os
concursos para MP não aceitam, por ausência de amparo legal e vagueza, gerando
impunidade. Noutra via, é aceito pela doutrina, como causa supralegal de exclusão da
culpabilidade. Pode decorrer de perturbação mental, medo ou susto. Ex.: mulher vai ser
estuprada e mata agressor.
 Previsto expressamente no CPM como hipótese de inexigibilidade de conduta diversa
(excludente de culpabilidade).
 O concurso do MPDFT aceitou e ainda colocou em duas questões kkk

Excesso intensivo ou próprio (enquanto presentes os requisitos da excludente): ocorre


quando o agente, durante a repulsa à agressão injusta, podendo fazê-lo de forma menos
lesiva, desde o início, intensifica-a de forma imoderada.
Excesso extensivo ou impróprio (após a cessação dos requisitos da excludente): após fazer
cessar a injusta agressão ou perigo, o agente da continuidade à ação defensiva, quando essa já
não é mais necessária, por não estarem mais presentes os pressupostos da legítima defesa.
Marco fundamental – momento em que o agente, com sua reação, faz cessar a
agressão/perigo. Há crime autônomo.
CULPABILIDADE
Segundo a Teoria Finalista – Teoria Pura da Culpabilidade (Normativa)

Conceito: é um juízo de reprovação pessoal/individual que se realiza sobre a conduta típica e


ilícita praticada pelo agente. É a reprovabilidade da configuração da vontade (WelzeI). Todos
os fatores, internos e externos, devem ser considerados a fim de se apurar se o agente, nas
condições em que se encontrava, podia agir de outro modo, ou seja, de acordo com o Direito.
 Culpabilidade pelo fato, jamais direito penal do autor.

Natureza jurídica: depende da teoria adotada


Para teoria clássica (causal) dolo e culpa estão na culpabilidade, logo, adota-se
necessariamente a teoria tripartida (fato típico, ilícito e culpável), sob pena de configuração
da responsabilidade penal objetiva. Para a teoria finalista (adotada pelo CP), como dolo e
culpa estão na conduta (fato típico), pode-se adotar a teoria tripartida ou a teoria bipartida
de crime (fato típico e ilícito), deixando a culpabilidade de funcionar como elemento
constitutivo de crime e passando a ser pressuposto de aplicação da pena

Fundamento da culpabilidade: diferencia a conduta do ser humano apto ao convívio social,


com conhecimento do caráter ilícito do fato típico livremente cometido do comportamento
realizado (perfil subjetivo do agente, e não do homem médio) por portadores de doenças
mentais/desenvolvimento mental incompleto ou retardado/seres irracionais/pessoas que não
possuem consciência do caráter ilícito ou não têm como agir de forma diversa.

Evolução do conceito de culpabilidade:


a) Teoria psicológica da culpabilidade (von Liszt e von Beling), relacionada a Teoria
Clássica da conduta. O pressuposto fundamental da culpabilidade é a imputabilidade,
vínculo psicológico do agente e o fato típico e ilícito por ele praticado, representado
pelo dolo e culpa, como espécies de culpabilidade. O dolo é normativo, ou seja,
guardar em seu interior a consciência da ilicitude.
a. Dificuldades:
i. Inexigibilidade de conduta diversa é diferente de dolo. Agente age
com dolo, mas pode não haver culpabilidade.
ii. Culpa inconsciente (sem previsão) não há vínculo psicológico, partindo
do homem médio, o que não está na análise da culpabilidade (perfil
subjetivo do agente)
b. Conclusão: não é aceita porque culpabilidade não é mero vínculo psicológico,
vai além. Igualá-los é rechaçar equidade e justiça.
b) Teoria normativa ou psicológico-normativa (Frank): introduz na culpabilidade a
exigibilidade de conduta diversa, ou seja, não é mais um fenômeno puramente
natural, de cunho psicológico: há um elemento normativo (exigibilidade de conduta
diversa) ao lado dos elementos naturalísticos (dolo e culpa). E imputabilidade não é
mais pressuposto fundamental, mas elemento. Mas o dolo permanece normativo
(inclui consciência da ilicitude atual).

c) Teoria normativa pura (WELZEL), relacionado ao sistema finalista. Elementos


psicológicos (dolo e culpa) transferidos para o fato típico, no interior da conduta.
Logo, culpabilidade é normativa = juízo de reprovabilidade. Com isso, o dolo passa a
ser natural, sem consciência da ilicitude. Consciência da ilicitude passa a ser potencial
(basta possibilidade de o agente conhecer o caráter ilícito). São elementos
hierárquicos da culpabilidade:
a. 1º Imputabilidade
b. 2º Potencial consciência da Ilicitude
c. 3º Exigibilidade da conduta diversa
Embora os elementos da culpabilidade sejam os mesmos, a teoria normativa pura da
culpabilidade se divide em duas, que divergem somente sobre o tratamento das
discriminantes putativas (i.e. agente, incidindo em erro, supõe situação fática ou
jurídica que, se existisse, tornaria sua ação legítima):
a) Extremada, extrema ou estrita: descriminantes putativas são erro de proibição
b) Limitada: descriminantes putativas podem ser erro de proibição (jurídico) ou
erro de tipo (sobre pressuposto de fato)

E qual é a teoria adotada pelo CP? TEORIA NORMATIVA PURA LIMITADA (Está na Exposição
de Motivos e na forma como trata o erro).

Teoria Funcional da Culpabilidade (JAKOBS)


Substituição da culpabilidade fundada em um juízo de reprovabilidade por necessidades
reais ou supostas de prevenção. Em vez que perguntar se o agente podia atuar de outro
modo, pergunta-se: em face das finalidades da pena, é necessário ou não o tornar
responsável pela violação do ordenamento jurídico?
 Troca Juízo de Valor por Política Criminal

Tipo positivo e Tipo Negativo da Culpabilidade (JAKOBS)


Tipo positivo: imputabilidade (só responsabilizo se atuou com imputabilidade).
Tipo negativo: inexigibilidade de conduta diversa (só responsabilidade se não atuou com
essa exculpante).
COCULPABILIDADE (ZAFFARONI e PIERANGELI)
Parcela de responsabilidade social do Estado pela não inserção social do indivíduo. Há
sujeitos que têm menor âmbito de autodeterminação, condicionado por causas sociais. Não
é possível atribuir estas causas sociais ao sujeito e sobrecarregá-lo com elas no momento de
reprovação de culpabilidade. Há coculpabilidade da sociedade, que também deverá arcar.
Deve ser considerada como uma atenuante inominada (art. 66: “a pena poderá ser ainda
atuada em razão de circunstancia relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
prevista expressamente em lei”).
 STJ não tem admitido. Mas há uma decisão monocrática no RESP 1693241 (abril de
2018) aderindo e uma decisão, in abstrato, admitindo sua aplicabilidade no HC
411243 (dez de 2017).

Conceito: é necessário considerar-se a convergência entre o comportamento reprovável do autor e a


diversidade de possibilidades de realização que a sociedade oferece, que não são as mesmas a
todos, de forma que o juízo de censura ou de reprovação não poderá ignorar “a miséria ou a
dificuldade de ganhar-se o sustento próprio necessário para si e para os seus”. Nesse sentido,
algumas pessoas têm seu âmbito de autodeterminação reduzido. Há uma coculpabilidade da
sociedade, mas como há a intranscendência da pena, a sociedade não pode cumprir pena. Soluções:
 Radical: coculpabilidade como causa supralegal de exclusão da culpabilidade (inexigibilidade
de conduta diversa)
 Moderada: coculpabilidade aplicada como atenuante genérica do art. 66, CP.

COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS
Com fundamento na identificação crítica da seletividade do sistema penal e da incriminação
da própria vulnerabilidade, defende a reprovação penal mais severa no tocante aos crimes
praticados por pessoas dotadas de elevado poder econômico e que abusam desta
vantagem para execução de delitos (tributários, econômicos, financeiros, Administração
Pública). Mas não pode ser considerada como agravante genérica por falta de previsão legal
e impossibilidade de analogia in malam partem. Portanto, só poderá ser alicerçada na pena-
base, levando em conta as circunstâncias judiciais desfavoráveis para fixação da pena-
base superior ao mínimo legal (conduta social, personalidade do agente, motivos,
circunstâncias e consequências do crime) – art. 59, caput, CP.
 STJ já manteve (HC 443.678/PE 2019)
 NO CDC TEM AGRAVANTE GENÉRICA “por servidor público, ou por pessoa cuja
condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima;”

Elementos ou dirimentes:

Obs.: não tem nada a ver com escusas absolutórias (circunstâncias de caráter pessoal,
familiar, afetivas que por razão de política criminal o legislador afastou a punibilidade)

IMPUTABILIDADE
CONCEITO: é responsabilidade criminal, baseada na plena capacidade mental de entender e
querer o ilícito. É a aptidão psíquica do agente em relação à compreensão do ilícito e à de
determinar seu comportamento. “É o conjunto das condições de maturidade e sanidade
mental que permitem ao agente conhecer o caráter ilícito de seu ato e determinar-se de
acordo com este entendimento” (Aníbal Bruno).

ASPECTOS:
a) Cognoscitivo (intelectivo): capacidade genérica de compreender as proibições ou
determinações jurídicas (caráter ilícito do fato). O agente deve poder prever as
repercussões que a própria ação poderá acarretar no mundo social (percepção do
significado ético-social do próprio agir).
b) Volitivo (determinação da vontade): capacidade de dirigir a conduta de acordo com o
entendimento ético-jurídico (de avaliar o valor do motivo e o valor inibitório da
ameaça penal e atuar conforme esta compreensão).

Obs.: emoção e paixão não excluem culpabilidade porque o CP não adotou o critério
puramente psicológico, mas sim puramente normativo.

MOMENTO PARA AFERIÇÃO: ação ou omissão (prática). Sobrevindo inimputabilidade, a nova


causa limita-se a suspender o processo, até o seu restabelecimento (art. 152, caput, CPP).

SISTEMAS OU CRITÉRIOS:
a. Biológico/Cronológico: basta a existência de doença mental ou determinada idade. É a
exceção: adotado para menores de 18 anos (art. 27 c/c art. 228 CF)
b. Psicológico: aferir a imputabilidade no caso concreto. É a exceção: adotado para
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28 § 1º)
c. Biopsicológico: doença mental (perito) + análise da compreensão-determinação no
caso concreto (juiz) – REGRA NO CP
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA IMPUTABILIDADE:


1 – Menoridade (art. 27);
2 – Doença mental (26, caput);
3 – Desenvolvimento mental incompleto (art. 26, caput, e 27); 4 – Desenvolvimento mental retardado (art. 26,
caput);
5 – embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28, § 1º).
1. Inimputabilidade por alienação/doença mental (art. 26, CP)
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento
a. Critério biopsicológico ou misto: presenta de anomalias mentais + completa
incapacidade de entendimento e determinação (se houver lucidez
momentânea, é imputável)
b. Aplica-se medida de segurança (só tem finalidade preventiva especial)
c. Doença mental: qualquer processo patológico degenerativo ou não que afete a
integridade psíquica do agente. É a alteração mórbida da saúde mental,
independentemente de sua origem.
d. Desenvolvimento mental incompleto ou retardado: oligofrenia ou retardamento
mental – falta de desenvolvimento das faculdades mentais (idiotia, imbecilidade)
e. Outras causas de doença mental (interpretada em sentido amplo: problemas
patológicos e toxicológicos):
Embriaguez patológica, demência alcoólica, alcoolismo crônico e delirium
tremens. Dependência de drogas (art. 45 da Lei de drogas)

2. Menoridade - Inimputabilidade por imaturidade natural (art. 27, CP)


a. Critério biológico puro: presunção absoluta de inimputabilidade
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Menor: fica sujeito ao ECA – ato infracional, medidas de proteção, medidas
sócio-educativas (art. 104, ECA)
b. Prova da menoridade: certidão de nascimento ou carteira de identidade, etc.
Súmula 74, STJ.
“Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer
prova por documento hábil.”
c. A emancipação não retira a menoridade penal
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições
estabelecidas na lei civil.
d. Redução da maioridade? Depende de EC (art. 228) ou de Nova CF (para quem
entende ser cláusula pétrea).
e. Crimes permanentes: poderá ser responsabilizado criminalmente pelos atos
praticados após o início da sua imputabilidade penal. Em relação aos atos
anteriores, se caracterizado ato infracional, admite-se a imposição de medida
socioeducativa pela Justiça Especializada:
Súmula 605 STJ. A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração do
ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.
f. Menoridade e crimes militares: ressalva aos maiores de 16 anos (art. 50) não foi
recepcionada pela CF.
g. MAIOR DE 18 E MENOR DE 21: ainda vigente (política criminal)
i. Circunstância atenuante: menoridade relativa
ii. Redução do prazo prescricional pela metade

3. Inimputabilidade por Embriaguez involuntária completa (caso fortuito ou força


maior) ou por efeito involuntário de droga (lei de drogas)
a. Critério biopsicológico: causa psicológica não é uma doença, é uma
intoxicação, que produz alteração psicológica
Art. 28. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão de dependência, ou sob o efeito
proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da
omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento.
b. Requisitos:
i. Embriaguez involuntária: caso fortuito (acaso) ou força maior (ação
humana ou da natureza)
ii. Embriaguez completa: inteiramente incapaz

EFEITOS DA INIMPUTABILIDADE:
a) Menor de 18 se sujeita à legislação especial (ECA)
b) Demais se submetem, mas não podem ser condenados. Será o caso de absolvição
imprópria, pois o réu é absolvida, mas contra ele é aplicada medida de segurança (art.
386, III, CPP). Nesta, o juízo de culpabilidade é substituído pelo juízo de
periculosidade, sendo que o art. 97 do CP presume de forma absoluta a
periculosidade dos inimputáveis, ordenando a imposição de medida de segurança.
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.

SITUAÇÕES DE SEMI-IMPUTABILIDADE/IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA OU RESTRITA:


Art. 26.  Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.  
Assim como na inimputabilidade, adota-se o sistema biopsicológico. A semi-imputabilidade
constitui-se em causa obrigatória de diminuição da pena (discricionariedade judicial apenas
quando ao percentual). Na semi-imputabilidade, o réu deve ser condenado, com diminuição
da pena, e, se necessário, juiz pode substituir a pena diminuída por medida de segurança (se
dotado de periculosidade, conforme laudo pericial). Portanto, a sentença é sempre
condenatória. Frisa-se que foi adotado o sistema unitário ou vicariante: o réu somente
cumpre uma das sanções penais, ou pena diminuída ou medida de segurança.
a) Perturbação da saúde mental (sistema vicariante: pode ocorrer a substituição da pena por
medida de segurança, caso o condenado necessite de tratamento – art. 98, CP)
b) Desenvolvimento mental incompleto/retardado (sistema vicariante: pode ocorrer a
substituição da pena por medida de segurança, caso o condenado necessite de tratamento –
art. 98, CP) – MASSON coloca aqui os menores de 18 anos e os indígenas conforme grau de
assimilação (socuerro we are in 1970)!****
c) Dependência de drogas (art. 46 da lei de drogas) (sistema vicariante: pode ocorrer a
substituição da pena por medida de segurança, caso o condenado necessite de tratamento –
art. 98, CP)
d) Embriaguez involuntária incompleta (Não cabe substituição)
e) Efeito involuntário de droga (Não cabe substituição)
Obs.: SONÂMBULO é sem CONDUTA  ATIPICIDADE!

O ESTADO PLURIÉTNICO (Dra. Débora Duprat) e IMPUTABILIDADE PENAL DOS


INDÍGENAS
Einsten, com a teoria da relatividade da simultaneidade, negou o espaço e tempo absolutos
de Newton, que passaram a depender de sistemas de referência. Em seguida, e mecânica
quântica demonstrou a impossibilidade de observar um objeto sem alterá-lo. Em ambas,
estava em xeque o rigor do conhecimento científico e a complexidade da distinção
sujeito/objeto. (...) Compreende-se que o Direito não escapa à finitude da razão humana e
não está absolutamente alheio à experiência vivida na sociedade concreta. Antes de ser
universal, é contingente, buscando atualidade a cada aplicação.

O conceito constitucional de cultura abrange as manifestações das “culturas populares,


indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional” (art. 215 § 1º) e é complementado pela Convenção 169 da OIT, Convenção sobre a
Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (já internalizadas) e a
Declaração das NU sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
 Ainda que sem efeito vinculante, determina que os Estados adotem medidas eficazes
para assegurar que os Povos Indígenas possam entender e fazer-se entender nas
atuações políticas, jurídicas e administrativas, proporcionando-lhes, quando
necessário, serviços de interpretação ou outros meios adequados.

A identidade cultural de um grupo não é estática e tem constituição heterogênea. A


identidade é fluida e tem um processo de reconstrução e revalorização dinâmico, resultado
de contínuas discussões internas ou de contatos e influência de outras culturas. O que não se
admite é a assimilação forçada de outra cultura.

Capacidade civil do indígena: a capacidade dos índios será regulada por legislação especial
(art. 3º CC/02). Essa legislação é o Estatuto do Índio (1973), editado na CF/67. Essa lei
classifica os índios conforme o grau de contato com a sociedade nacional (isolados, em vias
de integração e integrados; sendo que os isolados e em vias de integração têm restrição em
sua capacidade civil, devendo ser assistidos pela FUNAI). A tutela não foi recepcionada pela
CF/88, tendo os índios a mesma capacidade civil dos demais brasileiros.

Imputabilidade penal do indígena: “silvícolas não-integrados” ainda são “exemplo de


desenvolvimento mental incompleto” e, por isso inimputáveis, entendimento assimilacionista
do Estatuto do Índio, fazendo-se um juízo penal sobre o grau de integração.
 Jurisprudência do STF chega a entender desnecessária perícia antropológica e adotar
presunção de responsabilidade do índio que fala idioma nacional e possui diploma
escolar
Mas “no paradigma da plurietnicidade o grau maior de integração do indígena à sociedade
nacional não o descaracteriza como indígena, tampouco exclui a imputabilidade penal. Os
índios têm o direito de permanecerem como índios, mesmo que saiam dos seus territórios
ou percam parte de suas características étnicas. É a consequência do reconhecimento de
que não há uma escala de desenvolvimento de grupos étnicos. Eles apenas são diferentes”.
Portanto, segue a mesma regra, sendo possível o reconhecimento de erro de proibição ou
inexigibilidade de conduta diversa: “erro culturalmente condicionado”, subdividido
em (i) erro de compreensão; (ii) consciência dissidente ( Tem ciência, mas não se pode exigir sua
interiorização); (iii) justificação putativa (vê o não-índio como inimigo) (ZAFFARONI).
 Necessidade não só de um intérprete, mas de um antropólogo (tradutor cultural) e
estudo antropológico para promover o diálogo intercultural nos atos processuais,
não para verificar grau de integração mas as excludentes de tipo e culpabilidade
acima, bem como para avaliação e valoração dos bens jurídicos protegidos.
 NECESSIDADE DE ESPECIFICIDADE NO PROCESSO PENAL PARA VERDEIRA AMPLA
DEFESA INDÍGENA (PRAZOS, DEVERES DE NOMEAR PERITOS...)

SITUAÇÕES QUE NÃO EXCLUEM A IMPUTABILIDADE PENAL:


a) Estados emocionais ou passionais: CP não adota critério psicológico, mas sim
biopsicológico, que inclui o elemento normativo. Adotou-se o critério legal de exclusão dessa possibilidade:
 Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
a. Emoção: sentimento intenso e passageiro que altera o estado psicológico do indivíduo
(angústia, medo, vingança, tristeza)
i. “Astênicas” (debilidade orgânica: medo) e “Estênicas” (vigor: cólera)
b. Paixão: emoção-sentimento – ideia permanente ou crônica por algo (cobiça/cupidez;
amor, ódio, ciúme)
Duas exceções à regra de inaplicabilidade:
a) Coação moral irresistível em face da inexigibilidade de conduta diversa
b) Estado patológico, autêntica forma de doença mental
Obs.: “violência emoção” provocada por ato injusto da vítima é atenuante genérica (2ª fase) (art. 65, III,
c); no tocante ao homicídio e a lesão corporal é privilégio (causa especial de diminuição de pena).

b) Embriaguez NÃO ACIDENTAL, voluntária, culposa ou preordenada, pelo álcool ou


substância de efeitos análogos
 Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.  
  § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
Obs.: exclui imputabilidade ou é causa de semi-imputabilidade a embriaguez patológica, equiparada às doenças
mentais. Exclui a imputabilidade a embriaguez acidental ou fortuita completa, se incompleta, há semi-imputabilidade.
a. Voluntária (em sentido estrito): sem necessariamente haver intenção de praticar
crimes
b. Culposa: é previsível pelo sujeito, decorrente da ingestão de substância sem
observar o dever de cuidado
i. Como medir? Problema
c. Preordenada: a fim de praticar o delito (CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE)
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
 l) em estado de embriaguez preordenada.

TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA


Serve para responder a seguinte questão: como um agente, sem capacidade de se autodeterminar, pode ser
responsabilizado penal? “A causa da causa também é causa do que foi causado”. Assim o que importa é a
imputabilidade no tempo anterior ao da embriaguez (previsto expressamente na Exposição de Motivos). É um
desdobramento da condicio sine qua non – causalidade mediata no caso da embriaguez preordenada (portanto,
é admitida com base na teoria dos equivalentes causais – posição majoritária).

Posteriormente, a teoria estendeu-se à embriaguez voluntária, à culposa e aos demais estados de


inconsciência.
 Severas críticas no sentido de ser uma responsabilidade objetiva. Quem defendem afirma que há
“resquício de vontade” ou “verdadeira vontade” na embriaguez; bem como motivos de política
criminal. Na defesa: o agente cumpriu a “exigência de uma conduta voluntária inicial à qual se
acrescente um componente finalístico”, num agir voltado para “uma atividade que se constitua um
indiferente penal, vindo o resultado a se produzir em decorrência do descumprimento do dever
objetivo de cuidado, razão última da causação do evento”. (PIERANGELI).
 Embriaguez no volante e STF: a única hipótese de embriaguez em que se pode presumir o dolo é a
preordenada, mas nada impede que seja demonstrado o dolo direto ou eventual.

Críticas da doutrina a teoria actio libera in causa: afronta aos princípios da responsabilidade subjetiva
(culpabilidade) e da legalidade, por não estar expressamente prevista. Cria-se uma responsabilidade penal
objetiva com a ampliação do conceito ao abarcar, inclusive, o delito cometido em estado de ebriedade não
acidental previsível (Culposa).
NA DOUTRINA:
Damásio de Jesus sustenta que o art. 28, II, do CP foi revogado pelo art. 5º, LVII, da CF (não pode presumir).
Nelson Hungria, em favor da teoria, afirmava que haveria uma vontade residual no agente embriagado, além de
um resíduo de consciência e vontade, o que não eliminaria sua imputabilidade, mas não conseguia perceber a
existência de um nexo de causalidade psíquico entre a “simples deliberação de ingerir bebida alcoólica e um
crime superveniente”.
Bittencourt diz que é necessário analisar-se caso a caso a possibilidade do agente, nas circunstâncias, ter ou não
preservada a sua imputabilidade (MELHOR).
FASES DA EMBRIAGUEZ
a) Eufórica (fase do macaco): se a embriaguez se limitar a esta fase inicial, será incompleta
(parcial/semiplena).
b) Agitada (fase do leão)
c) Comatosa (fase do porco)

A PERÍCIA MÉDICA: Salvo no tocante aos menores de 18 anos (critério absoluto – psicológico),
o sistema é biopsicológico e demanda perícia médica para aferição da inimputabilidade. Juiz
afere parte psicológica e a perícia a biológica. Portanto, exige-se laudo médico.
 Juiz pode substituir o perito? Não está adstrito ao laudo, mas não pode substituir o
perito. Se discordar, manda nova perícia.
 Instauração do incidente de insanidade mental? Deve haver dúvida. Tramita em autos
apartados (art. 153, CPP) e suspende o processo (art. 149 § 2º CPP).
 Pode ser submetido contra sua vontade? NÃO. É prova que se destina exclusivamente
a favorecê-lo (STF/2016).

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE


No sistema clássico, dolo estava na culpabilidade, e a potencial consciência da ilicitude no
dolo, que era normativo. No sistema finalista, dolo está conduta (fato típico) e é natural, por
ser desprovido da consciência da ilicitude, que permanece na culpabilidade. Além disso, no
sistema finalista ela é potencial, enquanto no clássico era real. Basta haver possibilidade de
compreensão.
 É o que se dá no ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL:
  Art. 21 - O desconhecimento da lei (abstrato) é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível (POTENCIAL), nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DO OBJETO DA CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE:


a) Critério formal: conhecimento sobre a violação de norma penal
b) Critério material: concepção material do injusto (antissocialidade, injustiça) – esbarra
em tipos que possuem adequação social.
c) CRITÉRIO INTERMEDIÁRIO ou VALORAÇÃO PARALELA NA ESFERA DO PROFANO
(WELZEL): juízo geral de sua própria esfera de pensamentos acerca do caráter ilícito do
fato e possibilidade de atingir esse juízo mediante um simples e exigível esforço da
consciência.
“Nem a imputabilidade nem a consciência da ilicitude, que se acham na cabeça do
agente, devem ser enfocados desde essa perspectiva. Cabe ao juiz examinar em cada
caso concreto se o agente tinha capacidade de entender ou de querer e, ademais, se tinha
possibilidade de ter consciência da ilicitude, ainda que seja nos limites de sua capacidade
de compreensão do injusto – numa “valoração paralela na esfera do profano”.
A valoração “paralela”  na esfera do “profano” traz no seu bojo de forma explícita um juízo
axiomático do juiz (avaliação), realizado de forma (paralela) ao conhecimento técnico
jurídico, pelo homem leigo (na esfera do profano), produzindo assim o conhecimento do
injusto, ou seja, a consciência profana, não técnico jurídica, que é suficiente para indicar ao
agente leigo que sua conduta é errada.

ERRO DE PROIBIÇÃO: É peremptório no art. 21, § 1º do CP que “O desconhecimento da lei é


inescusável” c/c art. 3º da LINDB “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a
conhece”. No entanto, a ciência da existência da lei é diferente do conhecimento do seu
conteúdo, isto é, do caráter ilícito do fato, que somente se adquire com a vida em sociedade.
Um é abstrato (ficção jurídica de conhecimento) e outro é concreto e individualizado.
Inclusive, embora inescusável o desconhecimento da lei, há duas possibilidades:
a) Atenuante genérica, seja escusável ou inescusável o desconhecimento da lei
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena
 II - o desconhecimento da lei;
b) Autoriza o perdão judicial nas contravenções penais, desde que escusável (art. 8º)
Conceito: “erro sobre a ilicitude do fato”.
Natureza jurídica:
a) Se escusável/inevitável: excludente de culpabilidade
b) Se inescusável/evitável: causa obrigatória de diminuição da pena (embora o art. fale em
“poderá”)
Critério para definição de escusável-inescusável: perfil subjetivo do agente (e não a figura do
homem médio).

 Quando se fala em fato típico e ilicitude, o parâmetro é o homem médio (objetivo).


Quando se fala em culpabilidade, o parâmetro é o perfil subjetivo do agente.
Espécies: em todas se aplica o art. 21.
a) Direto: desconhece o conteúdo da lei penal proibitiva ou, se conhece, interpreta-o de forma
equivocada.
b) Indireto: descriminante putativa por erro de proibição – acredita erroneamente estar presente uma
causa de exclusão de ilicitude ou quanto aos limites de uma causa de exclusão de ilicitude efetivamente
presente.
c) Mandamental: erro quanto a ausência de dever jurídico de agir – crimes omissivos impróprios:
envolvido numa situação de perigo a determinado bem jurídico, erroneamente acredita estar autorizado a
livrar-se do dever de agir para impedir o resultado.
Crime putativo por erro de proibição: contrário – sujeito age achando que é ilícito, mas é
penalmente relevante. Ex.: incesto com maior de 18.
Erro de tipo e de proibição:

STJ: A simples omissão ou conivência do Poder Público no combate à criminalidade não


autoriza o reconhecimento do erro de proibição (espaço de prostituição).
Erro sobre a ilicitude do fato pode ser erro de tipo? Sim.
Quando aquele recair sobre elementos normativos de índole jurídica ou palavras ou
expressões atinentes à ilicitude na elementar do tipo, como crimes de violação de
correspondência (“indevidamente”); divulgação de segredo, violação de segredo
profissional, abandono material e abandono intelectual (“sem justa causa”). Nestes casos, o
erro sobre a ilicitude do fato caracteriza erro de tipo, porque a ilicitude é elemento do tipo
penal!

EXIBILIGADE DE CONDUTA DIVERSA


CONCEITO: é a possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação ou omissão,
comportar-se de acordo com o Direito, considerado a sua particular condição de ser humano.
Na inexigibilidade de conduta diversa, há a impossibilidade de determinar-se conforme o
Direito, apesar de presente a imputabilidade e consciência da ilicitude.
 Ex.: mãe que deixa filho em casa para trabalhar.

ORIGEM:
a) Caso do Cavalo bravio: empregador obrigou empregado a sair com cavalo loko, empregado tentou resistir, mas foi
obrigado. Cavalo loko correu e matou pessoa. Tribunal alemão reconheceu inexigibilidade de conduta diversa do
empregado, pois perderia o emprego.
b) Caso da Parteira dos filhos de mineradores: mineradora dava dia de folga no dia do nascimento. Mineiros ameaçaram a
parteira de não a contratar caso não registrasse outro dia para os filhos que nasciam no domingo.

HIPÓTESES DE INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:


Legais:
1) Coação moral irresistível
2) Obediência hierárquica
3) Agente infiltrado (Lei 12850/13)
Supralegais:
4) Inexigibilidade de conduta diversa

1. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL:


Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Coação moral irresistível (Vis compulsiva)


Ocorre a inculpabilidade do agente e autoria mediata do coator. À luz da visão finalista,
coação moral não se confunde com coação física (Vis absoluta ), que afasta a conduta (não há
fato típico). A irresistibilidade é medida: gravidade da ameaça x poder do coator em produzi-lo
(deve estar na disponibilidade do coator ou ser verossímil que o possa ) x não seja obrigado a
suportar. Se a coação for resistível será mera atenuante e coautoria.
 STF: reconheceu ameaça espiritual
 Temor reverencial: não há ameaça. Sequer permite anulação de negócios jurídicos
na esfera civil, quiçá elidir culpabilidade.
 Existe coação moral irresistível só com duas pessoas envolvidas? Sim. Ex.: coagido
mata coator que o ameaça de crime futuro (não há legítima defesa pois não há
agressão atual ou iminente).
 Impunidade? Não. Coautor responde pelo crime e por tortura em concurso material.
Inexistindo vínculo subjetivo, não há concurso de pessoas entre coautor e coagido na
coação irresistível. No entanto, se a coação moral for resistível, remanesce a
culpabilidade do coagido, operando-se concurso de agentes. Mas, neste caso, a pena
do coautor será agravada (art. 62, II) e do coagido atenuada (art. 65, III, c)

2. ESTRITA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA: Requisitos:


a) Ordem proferida por superior hierárquico:
b) Relação de Direito Público: dependência funcional PÚBLICA (não existe hierarquia
entre particulares)
a. Havendo temor reverencial entre particulares, há uma atenuante. Bittencourt defende que
abrange a esfera privada
c) Ordem não manifestamente ilegal
a. Conforme perfil subjetivo do executor.
d) Sujeito se atém estritamente aos limites da ordem, sob pena de responder pelo excesso
e) Presença de três pessoas
E a ordem duvidosa? se o subordinado tem dúvida, peça esclarecimento, logo é igual a ordem
manifestamente ilegal e não se afasta a culpabilidade. Mas pode ser atenuante, se for ordem
de superior.
Impunidade? Superior responde. Inexiste concurso de pessoas, salvo se a ordem for
manifestamente ilegal: para o superior, agravante genérica (art. 62, III) e ao subalterno,
atenuante genérica (art. 65, III, c).

3. INFILTRAÇÃO:
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a
finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
PU. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso
da investigação, quando inexigível conduta diversa.

4. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA COMO CAUSA SUPRALEGAL: Conforme


princípios informadores do ordenamento jurídico (visão funcionalista).
Jurisprudência:
f) 2016. STJ. Uso de passaporte falso. Busca de melhores condições de vida no exterior.
Desconstituir o entendimento firmado pelo Tribunal recorrido, acerca da existência de
elementos aptos a justificar a aplicação da causa supralegal de exclusão da
culpabilidade, consubstanciada na inexigibilidade de conduta diversa, qual seja, a
necessidade de encontrar emprego digno, para garantir melhores condições de vida,
exige o reexame do conjunto fático-probatório, inviável em Resp, pela súmula 7. (No
TRF/RJ reconheceu-se a inexigibilidade e STJ manteve a decisão)
g) 2014. STJ. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. O Tribunal entendeu
que restou caracterizada a inexigibilidade de conduta diversa, em razão da grave
crise financeira enfrentada pela empresa, comprovada através dos empréstimos
bancários, das duplicatas e dos extratos bancários com saldo negativo, além dos
depoimentos de diversas testemunhas, fazendo incidir o óbice da Súmula 7 STJ a
desconstituição de tal entendimento. (STJ manteve a decisão

Doutrina:
h) EXCESSO EXCULPANTE: segundo Assis Toledo, o excesso exculpante na causa de
justificação pode decorrer de perturbação mental, medo, surpresa, susto. No DP,
trata-se de causa supralegal de exclusão de culpabilidade do agente por
inexigibilidade de conduta diversa.
Sabe-se que o aspecto psicológico não é utilizado na culpabilidade finalista, mas na
inexigibilidade ele é admitido.
i) ESTADO DE NECESSIDADE EXCULPANTE – Teoria Diferenciadora Alemã: elimina a
culpabilidade, quando o bem protegido é de valor igual ou inferior ou ao bem
sacrificado. Adotado pelo art. 39, do CPM. A DOUTRINA admite no direito penal
comum como causa supralegal de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa.

O que não é aceito como causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa? No tráfico
de drogas.

COLISÃO DE DEVERES: teoria da tipicidade conglobante, sempre que se estiver diante do cumprimento
de um dever, a seara dogmática de solução não é a antijuridicidade, mas a própria tipicidade
(antinormatividade). Como o ordenamento jurídico é harmônico, não é possível que alguém pratique
conduta típica quando cumpre um dever imposto pela norma. No CP é causa de justificação.
A escolha do dever preponderante excluirá o tipo penal, enquanto a opção equivocada lançará o
debate para a seara do erro de proibição ou estado de necessidade exculpante  exclusão da
culpabilidade.
a) Visão tradicional: as condutas praticadas no cumprimento de dever legal são amparadas pela
causa de justificação (CP), MAS na tipicidade conglobante, são atípicas.
Ex.: médico tem dever de notificação compulsória vs. Dever de sigilo.
b) Notificou: conduta atípica/causa de justificação
c) Manteve o sigilo: erro de proibição
Ex2.: pai que deve salvar dois filhos de uma casa em chamas, sendo que há a possibilidade de librar
somente um deles do fogo.
d) O dever jurídico do pai será o de salvar um só filho
TEORIA DO ERRO
Conceito de erro: falsa representação da realidade. Conhecimento/compreensão equivocado
de um objeto.
ERRO DE TIPO (essencial)

Erro sobre elementos do tipo


 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo (objetivos, subjetivos e normativos) do
tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei.
Conceito: é aquele que incide sobre as elementares de determinada figura típica (elementos
constitutivos do tipo penal). É reverso do dolo do tipo, pois o agente não conhece alguma
circunstância que pertence ao tipo legal, falta-lhe consciência de que pratica uma infração
penal.
É uma concepção finalista, decorrente da estruturação do fato típico como um tipo complexo
(parte objetiva e parte subjetiva). É uma falsa representação da realidade, não reconhecendo
nela algum elemento do tipo penal, excluindo o dolo, pois este é a vontade e consciência
dirigida à realização do tipo (elemento volitivo) (para que o sujeito possa responder, ele deve
ter um conhecimento idôneo sobre a situação retratada nesse tipo objeto).
 Ex.: sujeito tem relação sexual com menor de 14 anos desconhecendo a condição de vulnerável
da vítima. O cenário concreto também é importante. Não existe estupro culposo.

ERRO DE TIPO INVENCÍVEL (escusável, justificável ou inevitável): o agente nas circunstâncias


em que se encontrava, não tinha como evitá-lo, mesmo tomando todas as cautelas
necessárias. Afasta-se o dolo e a culpa. Ex.: atira em homem vestido de urso.

ERRO DE TIPO VENCÍVEL (inescusável, injustificável ou evitável: se o agente tivesse atuado


com a diligência exigida, poderia ter evitado o erro objetivamente previsível. O resultado
poderá ser-lhe atribuído a título de culpa, se houver previsão legal (culpa imprópria).

e) Erro de tipo pode ocorrer nos crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão):
mãe que presencia o estupro da filha, mas não faz nada, por não perceber que é sua
filha.
f) Elementos normativos: há divergência, mas prevalece que é erro de tipo mesmo

CRIME PUTATIVO POR ERRO DE TIPO: Quer cometer crime, mas, por erro, pratica fato
penalmente irrelevante.
ERRO “DE TIPO” ACIDENTAL: recai sobre aspectos periféricos e não sobre elementos do
tipo (circunstâncias: qualificadoras, agravantes genéricas e causas de aumento de pena & fatores irrelevantes )
a) ERRO SOBRE A PESSOA (Error in personam): responde como se tivesse atingido a
vítima pretendida (vítima virtual), para o bem e para o mal
a. Dolo permanece íntegro
b. Não isenta de pena
Art. 20  § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.
O erro sobre a pessoa ou na execução não tem relevância para
efeito de determinação de competência, pois é matéria de
Direito Penal.
Error  consciência/representação
Aberratio  execução

b) ERRO SOBRE O OBJETO (Error in objecto): não tem previsão legal. Aplica-se por
analogia o erro sobre a pessoa. Responde como se tivesse roubado o bem pretendido
e é inaplicável o princípio da insignificância (Crítica: analogia in malam partem –
MASSON defende insignificância).
a. Estratégia: majoritária diz que responde pela conduta efetivamente praticada
Agora, se houver relevância elementar do tipo, o erro é essencial. Por
exemplo: o sujeito confunde talco com cocaína, não há que se falar de erro
sobre o objeto, uma vez que cocaína é elementar do crime de tráfico,
configura-se aí erro de tipo essencial.
CICLOS.: há divergência doutrinária nesse ponto. Há quem entenda que o
autor do crime deve responder pelo objeto pretendido. Dificilmente o ponto
será abordado em prova objetiva. Nas demais fases, opte pela corrente mais
favorável ao cargo pretendido.

c) ERRO NA EXECUÇÃO (Aberratio ictus): não é um erro de representação, mas de


execução (pode ser um acidente na execução – bomba no carro de A só que quem
entra é B)
Pode ser: (a) erro no uso dos meios de execução; (b) por acidente (veneno no café,
mas quem toma é filho, não marido).
a. Pessoa  Pessoa (vítima virtual = erro sobre a pessoa – art. 20, § 3º)
b. Não altera elemento subjetivo: responde como se tivesse praticado o crime
contra quem pretendia
c. Não exclui o dolo: não recai sobre elemento típico, mas sobre elemento
periférico
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o
agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
regra do art. 70 deste Código.
a. Espécies de erro na execução:
i. Com unidade simples ou com resultado único: vítima virtual (Art. 20 §
3º)
ii. Com unidade complexa ou com resultado duplo: concurso formal
próprio – exasperação, utiliza pena do crime mais agrave aumentando-
a de 1/6 a 1/2 (não há autonomia de desígnios, pois outra pessoa foi
atingida culposamente, se houver dolo eventual, haverá concurso formal
impróprio – CÚMULO MATERIAL - com desígnios autônomos) (art. 70)

d) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (Aberratio criminis): atinge-se bem jurídico


diverso por erro na execução
a. Atinge só um:
i. Coisa  Pessoa: culpa contra pessoa
ii. Pessoa  Coisa: tentativa contra pessoa (pois dano não admite culpa)
CUIDADO! Alerta ZAFFARONI que não se aplica o art. 74 do CP se o resultado produzido é menos
grave (bem jurídico menos valioso) do que o resultado pretendido, sob pena de prevalecer a
impunidade. Nesse caso, o agente responde pela tentativa do resultado pretendido não
alcançado. Exemplo: Atira para matar e atinge janela. Nesse caso, o agente responderá por
tentativa de homicídio!

b. Atinge os dois:
i. Coisa + Pessoa: concurso formal  ÚNICA HIPOTESE DE CONCURSO
ii. Pessoa + Coisa: doloso contra pessoa (não existe dano culposo)
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente
responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste
Código.
b. Art. 70: concurso formal próprio  exasperação de dano e lesão corporal
culposa (não há autonomia de desígnios)

e) ERRO SOBRE O CURSO CAUSAL (Aberratio Causae)


a. 1ª Hipótese: Causa superveniente relativamente independente
Art. 13. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
i. Desdobramento natural: Se a causa superveniente relativamente for
previsível: crime consumado (Ex.: empurro da ponte para se afogar,
mas bate a cabeça e morre)
ii. Imprevisível: em tese, responderia pelos fatos anteriores, porque a
causa é estranha. Quando por si só, produz o resultado: (Ex.: empurro
no rio, mas as comportas da represa foram fechadas e o rio estava
seco, morre de traumatismo)
b. 2ª Hipótese: erro sucessivo
O agente, após realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado
pretendido, realiza outro ato, que pensa ser um exaurimento do crime, mas, é
nesse momento que atinge a consumação. (Ex.: após estrangular, achando
que está morta, joga no rio e a pessoa morre por afogamento)
Falsa representação da consumação + ausência de dolo na consumação real
(erro de tipo/crime impossível):
iii. Erro invencível: não pode responder nem a título de culpa
iv. Erro vencível: responde por culpa
Soluções:
1.º. Corrente – Minoritária: concurso material entre a tentativa de homicídio e homicídio
culposo (considerado um erro vencível)
2.º. Corrente – Minoritária: há tentativa de homicídio. Há um desvio essencial do nexo
causal, excludente da imputação objetiva do resultado, pois o resultado “morte”
não pode ser imputado ao agente que não teve a intenção de causar esse risco. No
segundo momento, quis ocultar cadáver, logo não praticou conduta criadora de risco
juridicamente relevante de resultado de morte.
3.º. CORRENTE – MAJORITÁRIA – HÁ HOMICÍDIO CONSUMADO. O
agente deve ser responsabilizado pelo seu dolo geral ou sucessivo,
que acompanhou sua ação em todos os instantes, até a efetivação do
resultado desejado desde o início. O erro é irrelevante para o DP.

c. Qual a diferença de aberratio causae e erro sucessivo? Na primeira, há só um


ato (mas a causa do resultado pretendido é outra). No segundo, há mais de um
ato (acredita-se ser exaurimento, mas é consumação)

d. Há divergência sobre usar a qualificadora imaginária ou a qualificadora real.


E no caso de incidir qualificadora? Ciclano, acreditando que matou Fulano,
decide jogar o carro com o corpo em uma lagoa com o intuito de ocultar o
cadáver. Todavia, Fulano estava vivo e morre por afogamento. Pergunta-se,
incide a qualificadora da asfixia? O tema é polêmico. Para o MP sim, para a DP
não. 1ª Posição: Considera-se o nexo pretendido pelo agente! Entendimento
prevalente. 2ª Posição: Considera-se o nexo efetivamente ocorrido (real). 3ª
Posição: Considera-se o nexo mais favorável ao réu.

f) ERRO SOBRE AS QUALIFICADORAS: Não compreende que há qualificadora.


Responderá pelo tipo básico.

Atenção... ERRO DE TIPO PERMISSIVO (fato): erro sobre as descriminantes


putativas/excludentes de ilicitude/causas de justificação. Tira a tipicidade (teoria normativa
pura limitada). Já o erro de proibição indireto (sobre as mesmas coisas, mas não relativo aos
fatos, mas ao DIREITO, retira a culpabilidade – potencial consciência da ilicitude)
Erro provocado por terceiro
Art. 20 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Só responde quem provoca o erro. Autoria mediata. Provocador pode agir dolosa ou
culposamente.

ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO/ERRO DE PROIBIÇÃO


INTRODUÇÃO
Na Teoria Neoclássica (DPM ainda tem), a antiga classificação de erro de direito e erro de fato baseava-
se na situação jurídica e na situação fática. Nessa teoria, o dolo está na culpabilidade.

CPM e Lei das contravenções penais (minoria)


No erro de direito, o autor tem domínio da situação fática, mas ignora a norma ou,
conhecendo-a, a interpreta de forma equivocada.
Art. 35 CPM. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando
o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe
lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.

Já no erro de fato, o sujeito equivoca-se quanto a algum elemento no plano fático,


pois, ao praticar o crime, supõe a inexistência de circunstância de fato que o
constitui ou sobre a existência de situação de fato que a tornaria legítima
(descriminantes putativas). O erro de fato se aproxima do erro de tipo, mas não se
confunde.
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente
escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a
existência de situação de fato que tornaria a ação legítima (erro de tipo
putativo/permissivo).

Reforma de 1984 alterou essa estrutura


trocou erro de direito pelo erro de proibição
(CP e Lei de Contravenções Penais)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
g) Isso se estendeu para a Lei de Contravenções penais (MAIORIA): abandonar essa estrutura e
adotar a do CP
h) O critério de distinção é o perfil subjetivo do agente, pois estamos a tratar de questão
de culpabilidade, diferentemente do erro de tipo, em que o critério era o homem
médio.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DO INJUSTO (juízo normativo)
No finalismo (culpabilidade: teoria normativa pura), Welzel reelaborou o conceito de
consciência da ilicitude, introduzindo com um novo elemento: o dever de informar-se. Não
basta não ter a consciência do injusto para inocentar-se, é necessário verificar se havia a
possibilidade de adquirir tal consciência ( inescusável/escusável).
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias,
ter ou atingir essa consciência. 
i) O inescusável apenas reduz 1/6 a 1/3 a pena

No finalismo, há o erro de tipo (tipicidade) e o erro sobre a ilicitude do fato (antijuridicidade),


abandonando-se a nomenclatura neoclássica (CPM) de erro de fato e de direito.

Antijuridicidade: consciência profana do injusto (que se aprende em sociedade)

Erro de proibição não ab-roga a lei, que continua válida, mas dependendo do caso pode afetar
a culpabilidade.

ERRO DE PROIBIÇÃO (ILICITUDE DO FATO) ERRO DE TIPO


Incide sobre a ilicitude do fato: supõe Recai sobre os elementos do tipo penal
permitida uma conduta proibida. (falsa representação da realidade e sua
subsunção ao tipo).
Exclui a culpabilidade Exclui o dolo
 Escusável: isento de pena  Escusável: exclui o dolo e a culpa
 Inescusável: redução de 1/6 a 1/3 (isento de pena)
 Inescusável: exclui o dolo, pode
responder por culpa, se culposo
Exclui a pena Exclui o crime-tipicidade
Não se confunde com erro de direito Não se confunde com erro de fato

Espécies de erro de proibição:


A. Erro de proibição (direto): recai sobre o conteúdo proibitivo da norma penal
a. Ex.: manter relações com mulher doente mental sem saber que a conduta é proibida,
ainda mais com o novo Estatuto dos Deficientes que dá plena capacidade aos
deficientes (Prof. A finalidade do Estatuto não foi desproteger esses vulneráveis)
B. Erro de proibição indireto: atua acreditando que existe, em abstrato, alguma
descriminante (causa de justificação) que autorize sua conduta  Retira a
culpabilidade (visto abaixo)
C. Erro mandamental: ocorre nos crimes omissivos próprios e impróprios (norma
mandamental)
a. Ex.: banhista deixa de prestar socorro a alguém que se afoga supondo não ter o dever
genérico de socorrer  erro de proibição

Não se confunde com o erro de direito do CP anterior: É preciso deixar claro que tais
denominações não guardam exata correspondência com os antigos “erro de fato” e “erro de
direito”. O primeiro instituto, que era previsto no art. 17 do antigo CP, excluía o dolo e, por via
de conseqüência, a culpabilidade, uma vez que naquele momento, coerentemente com a
Teoria Causal-naturalista de Von Liszt e Beling que influenciou o legislador penal da época, o
dolo encontrava-se situado na culpabilidade.
Quanto ao erro de direito, não havia escusa. Baseado no aforismo “error júris nocet” (como
observa Nelson Hungria ao comentar o Código Penal de 1940), seria eventualmente uma
atenuante, conforme previa o art. 48 nº III do antigo codex. É de suma importância
informarmos ao leitor que naquele momento, qual seja, até o ano de 1984, vigorava a Teoria
Unitária do Erro, com todo erro recaindo na culpabilidade.
Com a reforma de 1984, através da lei nº 7.209, sob a influência evidente de WEZEL – jurista
Tedesco – e sob o manto de sua Teoria Finalista foi alterado o sistema adotado pelo Código
Penal, dando novo regramento ao erro, cuja principal alteração foi o deslocamento do dolo e
da culpa para a Tipicidade.

ERRO SOBRE AS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO


Descriminantes Putativas – Causas de Exclusão da ilicitude imaginárias
Teoria Limitada da Culpabilidade
O Código Penal, segundo o Item 19 da Exposição de motivos da Parte Geral, adota a teoria
limitada da culpabilidade, que fornece tratamento diferenciado às causas de justificação,
distinguindo o erro de tipo permissivo (que recai sobre as circunstâncias fáticas) e o erro de
proibição indireto (que recai os pressupostos jurídicos das causas de justificação) do erro de
tipo essencial e do erro de proibição:

1.º. Erro de tipo permissivo (não é problema de culpabilidade): se o erro for sobre a
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima (art. 20, § 1º)
a. Erro escusável: isenta de pena, por ausência de tipicidade
b. Erro inescusável: responde a título de culpa, se houver previsão (culpa
imprópria ou por assimilação)
Descriminantes putativas
 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo.
Toda causa de justificação é um erro de tipo permissivo (legítima defesa etc)

2.º. Erro de proibição indireto (erro de permissão): JURÍDICO há uma suposição


errônea sobre a existência ou os limites de uma causa de justificação (à luz da teoria
limitada da culpabilidade
 Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a
um terço.
a. Existência: legítima defesa da honra/eutanásia  circunstância
atenuante/privilegiado, por relevante valor social ou moral
b. Limites: ladrão fugindo e dono da casa atira (não é legítima defesa mais, o que
o dono pode fazer é prender em flagrante)  é um excesso doloso, um erro de
proibição indireto sobre os limites da causa de justificação
Consequências:
c. Escusável: isento de pena, pois afasta a culpabilidade (potencial consciência
da ilicitude do fato)
d. Inescusável: redução de 1/6 a 1/3

DISCUSSÃO SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO ERRO RELATIVO AOS PRESSUPOSTOS DE FATO


DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE: varia conforme a teoria da culpabilidade
adotada.
TEORIA NORMATIVA PURA - relaciona-se à teoria finalista da ação. Retira o dolo da culpabilidade
e o coloca no tipo penal; exclui do dolo a consciência da ilicitude e a coloca na culpabilidade, como
elemento meramente normativo (está na cabeça do juiz), como o é a culpa (Damásio).

Para teoria normativa pura limitada é erro de tipo permissivo (Exposição de Motivos do
Código Penal). Para a teoria normativa pura extremada/estrita é erro de proibição (subsiste
dolo e culpa).
 Teoria Extremada ou Estrita da Culpabilidade & Teoria Unitária do Erro (Não acolhida
pelo CP, mas defendida por Bitencourt e Nucci) – todo e qualquer erro sobre causa de
justificação é erro de proibição¸ não importando de o erro recai sobre situação fática
ou sobre a própria existência da causa de justificação ou seu limite.

 Teoria que se remete às consequências do erro – a permissão do art. 20, § 1º (erro


sobre situação fática da causa de justificação) não é nem erro de tipo permissivo nem
erro de proibição indireto, é um erro sui generis, o legislador apenas usou das
consequências do erro de tipo e de proibição.

São OPOSTOS:
DESCRIMINANTES PUTATIVAS/ERRO DE DELITO PUTATIVO
TIPO
Agente acredita não estar cometendo crime Agente comete um indiferente penal, mas
algum, por incidir em erro. Conduto, está acredita estar praticando crime.
praticando uma conduta típica e ilícita.
Erro culturalmente condicionado: Se a não compreensão da norma, a não internalização de
seu valor, se dá em razão do conhecimento cultural do agente, está-se diante de um erro de
compreensão culturalmente condicionado.
Erro de vigência: O agente desconhece a existência do preceito legal, não isenta de pena.
Erro de eficácia: O agente acredita que a norma jurídica não produz efeitos.
Erro de subsunção: O agente conhece a ilicitude do fato, ou, nas circunstâncias podia conhecê-
la, porém, supõe que seu fato se amolda a um tipo diverso. O agente não será isento de pena.
Trata-se de erro evitável.
CONCURSO DE PESSOAS
Colaboração empreendida por duas ou mais pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal
INTRODUÇÃO: fala-se concurso eventual de pessoas quando há crime unissubjetivo, que é
aquele que pode ser praticado por um só agente.
Para o crime plurissubjetivo há concurso necessário, pois sua configuração exige a conduta de
duas ou mais pessoas. Divide-se em:
a) Conduta paralelas (crimes de conduta unilateral): aqui os agentes praticam condutas dirigidas à
obtenção da mesma finalidade criminosa (ex: associação criminosa)
b) Condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): agentes praticam
condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado (ex.: bigamia)
c) Condutas contrapostas: condutas uns contra os outros (ex.: rixa)
a. Multidão delinquente, multidão criminosa  há concurso de pessoas
b. O agente que participar terá sua pena atenuada (art. 65) por se tratar de situação de
vulnerabilidade psicológica
c. Por outro lado, os que promovem, organizam, terão suas penas agravadas (art. 62, I)

TEORIA MONÍSTICA (MONISTA/UNITÁRIA/IGUALITÁRIA) MITIGADA/MATIZADA: adotada no


CP com a Reforma de 1984: o crime é uno, mas se diferencia autor e partícipe , isto é, com
punibilidade diferenciada para cada concorrente “na medida de sua culpabilidade” em um
verdadeiro reforço do princípio constitucional da individualização da pena.
Não adotada: A teoria Monista Pura é o corolário da Teoria da Equivalência dos
Antecedentes Causais (condicio sine qua non: “quem concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas” art. 29) e dá tratamento igualitário para autores, co-autores e
partícipes. O crime é uno e indivisível, mantendo sua unidade à custa da convergência
objetiva e subjetiva das ações dos múltiplos participantes. Se o art. 29 não tivesse nenhuma
exceção legal, adotaríamos a Teoria Monista Pura.

HÁ EXCEÇÕES À TEORIA MONISTA? SIM (temperada).


Teoria dualista: UMA PROS AUTORES, OUTRA PROS PARTICIPES - distingue o crime
praticado pelo autor daquele praticado pelo partícipe. Dá à função do partícipe a categoria
de crime autônomo.
a) Facilitação de contrabando por funcionário público (art. 318 e art. 304, 304-A)

Teoria pluralista ou cumplicidade de delito distinto ou autonomia da cumplicidade: haverá


tantas infrações penais quanto forem os autores e partícipes. Não há partícipes, há duas
condutas conexas que são crimes autônomos. Aqui, a cada participante corresponde uma
conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular.
b) Crime de corrupção passiva e corrupção ativa
c) Crime de aborto praticado por terceiro com consentimento da gestante. O CP prevê um
crime para cada: art. 124 e art. 126
d) Bigamia

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS


À luz da Teoria Monista
1. PLURALIDADE DE PESSOAS E CONDUTAS (DE AGENTES CULPÁVEIS):
É necessário que sejam agentes culpáveis? Sim. No máximo será concurso impróprio (com uma
pessoa-instrumento).
Majoritária: todos devem ter discernimento.
Para a teoria da acessoriedade limitada, a punição do partícipe pressupõe a prática de fato típico e ilícito,
afastando-se a necessidade de que o agente seja culpável. Esta é a teoria mais aceita pela doutrina brasileira,
embora haja apontamentos no sentido de que a sua aplicação é incompatível com a autoria mediata. Explica
Flávio Monteiro de Barros: “Realmente, são incompatíveis. Na autoria mediata, a execução do crime é feita
por pessoa que atua sem culpabilidade. Aquele que induziu, instigou ou auxiliou não é partícipe, e, sim, autor
mediato. A teoria da acessoriedade limitada só tem cabimento entre os que repudiam a autoria mediata,
considerando-a uma modalidade de participação” (Direito Penal – Parte Geral, p. 416).

Crimes unissubjetivos (basta um): Necessária culpabilidade. Se um tem e outro não, é autoria
mediata.
Crimes plurissubjetivos (necessariamente mais de um agente - rixa - e os eventualmente com mais de um agente):
se um dos colaboradores não é culpável, permanece o crime ao outro, sendo prescindível a
culpabilidade. Se for menor, pode ser qualificadora (art. 155 § 4º IV).
i. Não culpável possui discernimento: Concurso impróprio ou aparente de pessoas
ii. Não culpável não possui discernimento: autoria mediata

2. RELEVÂNCIA CAUSAL DE CADA CONDUTA: art. 29 fala em “de qualquer modo”.


Deve ser prévia ou concomitante. Só pode ser após, se ajustada previamente. Se somente após a consumação
se dispuser a ajudar, não será partícipe, mas autor de outro crime, se assim previsto (favorecimento real,
receptação).
Mera conivência é crime? Não. Salvo se agir dever especial de agir.
a. Empresta a arma para matar (sabendo), mas o autor mata por asfixia. Apesar de haver o primeiro
elemento, não responde.

3. LIAME SUBJETIVO OU PSICOLÓGICO ou CONCURSO DE VONTADES: princípio da


convergência das vontades. Por isso, não é possível contribuição dolosa para crime culposa, vice e
versa.
Depende do prévio ajuste? Não. Pode haver a adesão à vontade de outrem ( mesmo sem ciência do outro),
isto é, a coautoria sucessiva. (deve ocorrer antes da consumação). O prévio ajuste caracteriza
associação criminosa (3 pessoas).
O liame precisa ser contínuo? Não. Pode haver inicialmente, e depois ocorrer o desvio subjetivo
de condutas:
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
É imprescindível homogeneidade de elementos subjetivos: não existe participação culposa em
crime doloso e vice-versa.
Se há coação moral/induzimento ao erro, não há liame subjetivo, mas autoria mediata.

Sem liame, chama-se autoria colateral:


AUTORIA COLETERAL, INCERTA E DESCONHECIDA
a) Colateral: duas praticam visando ao mesmo resultado, mas sem existir vínculo
subjetivo entre elas. Não há concurso de pessoas. O agente responsável pelo
resultado responde pelo crime consumado e o outro pela tentativa. Se
houvesse liame, ambos responderia pela consumação.
b) Incerta: quando não é possível identificar qual conduta foi a causa do
resultado. Logo, não é possível atribuir crime consumado a nenhum dos
agentes (respondem por crime tentado ou por nenhum, se crime impossível
para um deles)
c) Desconhecida: mesmo após investigação, não se delimitou possíveis agentes.

Autoria colateral, AUTORIA INCERTA e crime tentado


Se A e B se escondem e atiram simultaneamente em C, sem liame subjetivo, e só UMA BALA matou C, SEM
saber de quem, como não há concurso de pessoas, ambos respondem por homicídio TENTADO, pois não
se pode atribuir a nenhum deles o consumado.
Se eles estivem em conluio, ambos responderiam por homicídio consumado.

E se um dos dois cometer crime impossível?


Dois envenenamentos, mas um pôs veneno e outro rato. Não sabemos. E um não chega nem a ser tentado,
é fato atípico por ineficácia absoluta do meio (art. 17). O que o MP deve fazer? Denunciar? A única solução
é o arquivamento do inquérito policial, pois ambos devem ser beneficiados pela dúvida.
Obs: autoria incerta é diferente de desconhecida.
4. IDENTIDADE DO ILÍCITO PENAL OU UNIDADE DE CRIME: teoria unitária, monística ou
monista. O delito deve ser idêntico ou juridicamente uma unidade para todos. Os
agentes, unidos pelo liame subjetivo, desejam praticar a mesma infração penal.
Há exceções? Sim. Aplica-se a teoria pluralística, pluralista, da cumplicidade do crime distinto ou
da autonomia da cumplicidade, separando as condutas em crimes diversos, nos seguintes crimes:
(a) aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante; (b) bigamia; (c) corrupção ativa
e passiva; (d) falso testemunho ou falsa perícia.
PARA O MEGE, este requisito NÃO É MAJORITÁRIO:
“Há doutrinadores que defendem a existência de um 4º requisito para o concurso de pessoas, qual
seja, a identidade de infração penal. Obs.: A doutrina moderna trata a identidade de infração penal
como consequência do concurso de agentes, e não como requisito.

5. EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL: princípio da exterioridade – seja ao menos tentado.


Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário , não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado

AUTORIA/COAUTORIA
TEORIAS DE DEFINIÇÃO DA AUTORIA:
A. Teoria Subjetiva ou Unitária: Não diferencia autor do partícipe. Fundamento: teoria da
equivalência dos antecedentes. Resultado: insegurança jurídica. Resquício: art. 349 CP:
“prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o
proveito do crime”.
a. Autor é quem atua com vontade de autor (animus auctoris) e deseja a ação como própria (Ex.: esposa e
matador de aluguel)
b. Partícipe atua com vontade de partícipe (animus socci) e deseja a ação como alheia (Ex.: amiga da esposa
que indica o matador de aluguel)
B. Teoria Extensiva: também não distingue (é subjetiva), mas diminui a pena do cúmplice
(autor que concorre de modo menos importante para o resultado). “Graus de autoria”.

C. TEORIA OBJETIVA ou DUALISTA: distingue autor e partícipe. Adotada pelo CP. Subdivide-
se em três:
1) TEORIA OBJETIVO-FORMAL (CP): Autor é quem realiza o núcleo (verbo) do tipo
penal (teoria restritiva) e Partícipe é quem de qualquer modo concorre para o
crime, sem praticar o núcleo do tipo. Como ele não realiza o tipo, para não sair
impune, há uma norma de extensão pessoal (art. 29, caput) [portanto, a adequação
típica, na participação, é de subordinação mediata].

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Crítica: Não consegue explicar o fato de o autor intelectual ser mero partícipe e o
instituto da autoria mediata.

2) TEORIA OBJETIVO-MATERIAL: autor é quem presta a contribuição objetiva mais


importante para a produção do resultado. Partícipe de menor importância, ainda
que mediante a realização do núcleo do tipo.

3) TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO ou TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA (NORMATIVA,


FINALISTA, citada por WELZEL e desenvolvida por ROXIN):
Autor é a figura central do acontecer típico, aquele que atua com o domínio do
fato.
NÃO objetiva imputar crime a alguém. Só quer definir objetivamente quem é o
autor e quem é o partícipe. Três manifestações concretas de ideia de domínio
do fato: (a) domínio da ação (autor imediato, prática o núcleo); (b) domínio da
vontade (por instrumento – autor mediato - ou por meio de organização); (c)
domínio funcional do fato (divisão de tarefas e imputabilidade recíproca).
autor é quem possui controle sobre o domínio final do fato (sobre a consumação
e desistência), ampliando o conceito de autor: (a) autor propriamente dito:
pratica o núcleo; (b) autor intelectual: planeja e controla; (c) autor mediato: se
vale de um inculpável ou pessoa sem dolo ou culpa; (d) coautores funcionais
(condutas se somam) e materiais (condutas são as mesmas). O partícipe é quem, de
qualquer modo, concorre para o crime, desde que não realize o núcleo penal e
não possua domínio final do fato.
Crítica: só tem aplicabilidade em crimes dolosos, pois nos culposos não há
domínio final.
STF (Mensalão – na qual foi aplicada): Embora a doutrina adotada pelo CP seja a
objetivo-formal, complementada pela teoria da autoria mediata, no caso
Mensalão alguns ministros adotaram a Teoria do Domínio do Fato (a qual
também parece ter sido adotada na Lei de Organizações Criminosas: art. 2º § 3º A
pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente os atos de
execução). NO ENTANTO, não basta posição de hierarquia/estrutural. É
indispensável a individualização da conduta.
Ou seja, domínio do fato é apenas o elemento geral do autor, ao qual deverão se
agregar os elementos especiais de autoria, isto é: (a) elementos especiais do tipo
(motivações, como na prevaricação); (b) requisitos objetivos-pessoais (especiais
posições de dever, como nos delitos funcionais).

A insuficiência da teoria-objetivo formal para as hipóteses de autoria mediata


abriu espaço para que a teoria objetivo-final (domínio do fato), desenvolvida por
Claus Roxin, viesse a se tornar o critério dominante para a delimitação da autoria
dos crimes dolosos. A teoria do domínio o fato se impôs sobre as demais em
razão das insuficiências de um conceito de autor exclusivamente formal (realizar o
verbo) ou material (inserido na causalidade do fato), bem como puramente
subjetivo (vontade do agente).
Não obstante, é de ser ressaltada a compatibilidade entre a teoria objetivo-final
(domínio do fato) e a teoria objetivo-formal. Isso porque, também de acordo
com a teoria do domínio do fato, a pessoa plenamente responsável que realiza
diretamente as elementares do tipo deve ser considerada autor, pois detém o
domínio final do fato. De outro lado, também será autor a pessoa que, embora
não realizando diretamente o núcleo do tipo, detém o controle finalístico da
perpetração. Por fim, para a teoria do domínio do fato, será partícipe a pessoa
que concorre para o crime sem deter tais características dogmáticas.
Luis Greco (O que é e o que não é a Teoria do Domínio do Fato)
1 - ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO:
A ideia de domínio do fato, embora remonte a Lobe, tem seu conceito largamente
desenvolvimento, transformando-se em verdadeira teoria, com Claus Roxin, em
sua obra “Autoria e domínio do Fato”.
A partir desse trabalho, a teoria afirma-se como critério dominante na
delimitação da autoria dolosa na ALE, ESP, POR e países latino-americanos.
A Teoria do Domínio do Fato surgiu como resposta a um problema concreto: a
distinção entre autor e partícipe, relevante no direito penal alemão, que pune de
forma diversa o autor, o instigador e o cúmplice.
No Brasil, a teoria, cuja função dogmática é distinguir autor e participe em
sentido amplo, já que o CP não diferencia, apenas recebeu maior atenção da
doutrina e jurisprudência após a menção no caso Mensalão (AP 470).
Do ponto de vista teórico, pode-se atribuir a recepção tardia ao fato de o art. 29
do CP encampar um conceito extensivo e unitário de autor, que não distingue,
no plano do injusto, autores e partícipes, mas que declara autor todo aquele que,
de qualquer forma, concorre para o crime.
Não obstante, também importa ao Brasil: de que se os tipos penais forem mais do
que mera causação do resultado punido (ou seja, se houver neles também um
dado subjetivo), só o autor realiza o tipo e os outros são punidos a título de
participação.

2 – IDEIA REITORA: A FIGUA CENTRAL DO ACONTECER TÍPICO


O ponto de partida da TDF é a ideia de que autor é a figura central do acontecer
típico.
O conceito de autor é primário e possui significado central no injusto típico, no
sentido de que as formas de participação (instigação e cumplicidade) são causas
de extensão da punibilidade, que só entram em cena quando o agente não é
autor.
O partícipe é, na perspectiva do tipo penal, quem contribui para um fato típico em
caráter meramente secundário, ante a ausência de algum dos elementos que
determinam positivamente a autoria do fato.
A ideia reitora da figura central do acontecer típico tem pretensão de validade
geral e se expressa pelo domínio do fato (nos crimes dolosos por ação), pela
violação de um dever especial (nos crimes próprios, ilícitos de dever) ou pelo
elemento típico que exige a prática da conduta com as próprias mãos (nos
crimes de mão própria).

3 – TRÊS MANIFESTAÇÕES CONCRETAS DE IDEIA DE DOMÍNIO DO FATO: (a)


domínio da ação; (b) domínio da vontade; (c) domínio funcional do fato.
a) Domínio da ação: autoria imediata
Aquele que domina a ação permanece autor ainda que aja a pedido ou a mando
de outrem, ou mesmo em erro de proibição inevitável determinado por um
terceiro (será um autor exculpado, mas ainda sim autor).
b) Domínio da vontade: autoria mediata
Domínio da vontade de um terceiro, reduzido a mero instrumento. São três
razões desse domínio: (1) coação, (2) erro ou (3) domínio de um aparato
organizado de poder. Neste, aquele que domina uma organização verticalmente
estruturada e apartada, dissociada da ordem jurídica, e emite uma ordem cujo
cumprimento é entregue a executores fungíveis, não se limita a instigar, mas é o
verdadeiro autor mediato dos fatos realizados. Isso significa que pessoas em
posições de comando em governos totalitários ou em organizações criminosas ou
terroristas são autores mediatos, o que está em conformidade com o fato de que,
em estruturas verticalizadas dissociadas do direito, a responsabilidade tende a
não diminuir e sim aumentar em função da distância que se encontra um
agente em relação ao acontecimento final. São requisitos dessa forma de
autoria mediata a emissão de uma ordem a partir de uma posição de poder
dentro de (1) uma organização verticalmente estruturada; (2) dissociada do
direito; (3) fungibilidade dos executores.
Ex. de Roxin: soldados do muro de Berlim tinham ordem expressa de executar
quem atravessasse.
Acontece que, mais modernamente, fala-se em um quarto requisito, que é
justamente a "disposição elevada" (ALTERNATIVA E). De fato, a mencionada
“disposição condicionada” em causar ofensa ao bem jurídico é o critério
determinante para a caracterização da autoria mediata com instrumento
punível, de acordo com aquilo que se vem chamando de TEORIA DO FATO
PELO DOMÍNIO SOCIAL. É dizer, portanto, que o executor do crime está
sempre disposto em se submeter ou se sujeitar ao “homem de trás”
(comandante), de forma condicionada à manifestação de um cargo, ascensão
na carreira, ao medo da perda de uma posição, de represália ou, ainda, pelo
pagamento de uma quantia em dinheiro. Assim, elimina-se a insegurança em
relação a ocorrência do resultado, tornando certa para o comandante do
grupo a ocorrência desses crimes.

Discute-se a aplicabilidade a organizações não dissociadas do direito:


EMPRESAS.
ROXIN: Não. Apenas organizações de natureza criminosa como máfias,
terroristas ou ditaduras, confeririam ao superior que emite ordens o domínio
sobre a atuação concreta e responsável dos executores de suas ordens. Em
empresas, é de se esperar que ordens ilegais não sejam automaticamente
cumpridas por terceiros autorresponsáveis.

MPF: Sim. Tal entendimento ignora as lições da criminologia corporativa, no


sentido de que há, em determinadas organizações ou setores do mercado,
uma verdadeira cultura voltada à prática de atos ilícitos (Petrobras,
Empreiteiras no caso Lava Jato), em que o próprio ambiente empresarial
constitui um fator criminógeno.

c) Domínio funcional do fato: coautoria (concurso de agentes)


Atuação coordenada, em divisão de tarefas, com pelo menos mais de uma
pessoa. Se duas ou mais pessoas, partindo de uma decisão conjunta de praticar o
fato, contribuem para sua realização com um ato relevante de um delito, elas
terão o domínio funcional do fato, que fará de cada qual coautor do fato como
um todo (imputação recíproca)

Segundo a teoria do domínio do fato, sujeito que contrata assassino


de aluguel é autor? NÃO.
Não se enquadra em nenhuma das hipóteses. Não praticou o fato. Não
ajudou mediante divisão de tarefas. Assassino não era inimputável e
nem o mandante era chefe de organização.
Nem todo mandante é autor.
Obs: não há obrigatoriedade de se impõe pena maior ao autor.

4 – AUSÊNCIA DE PRETENSÃO DE UNIVERSALIDADE (não aplicabilidade a todas as


espécies de delitos): CRIMES DOLOSOS POR AÇÃO.
Nos delitos omissivos próprios e impróprios, culposos e funcionais, autor é aquele a
quem se endereça o respectivo dever.
Nos delitos de mão própria, o autor é aquele que realiza pessoalmente a ação típica.
Nesses casos, a jurisprudência, com base no funcionalismo, tem admitindo a possibilidade
de coautoria (falso testemunho: testemunha + advogado).
Haverá coautoria quando houver a reunião de vários autores, cada qual com o domínio
das funções que lhe foram atribuídas para a consecução final do fato, de acordo com o
critério de divisão de tarefas.
Delitos que determinam por outros critérios:

a) Delitos de infração de dever


Autor será quem viola um dever especial, concretizados em outros setores da ordem
jurídica, pouco importando o domínio que tenha sobre o fato. E quem concorre para o
fato sem ter esse dever será mero partícipe. A ratio neste caso é a violação de deveres
ligados a um papel social assumido pelo sujeito, como delitos próprios (de funcionário
público) e delitos omissivos impróprios (posição de garantidor).
Diferenciação entre autor e participe é mais importante para a Alemanha. No Brasil, há conceito
unitário que só se torna relevante se a participação for de menor importância (redução da pena).

b) Delitos de mão própria


Autor é exclusivamente quem pratica em sua própria pessoa a ação típica, sendo
impossível a autoria mediata e a coautoria. Infração de dever personalíssimo, como é o
caos do crime de falso testemunho.

c) Delitos culposos
Os delitos de dever (culposos) são regidos pelo conceito unitário de autor, renunciando-se
a uma distinção entre autor e outras formas de participação e igualando, em regra, todas
as formas de contribuição causal para o resultado.

5 – O QUE NÃO É A TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO


a) “Agora, com o domínio do fato, não vai escapar mais ninguém”
A teoria do domínio do fato parte da ideia de que autor é a figura central do
acontecimento típico, sendo um conceito restritivo de autor: apenas o autor realiza
diretamente o tipo; a conduta do partícipe só é punível em razão de outro dispositivo
legal, que opera como causa de extensão da punibilidade. No CP (art. 29, caput), adota-se
um conceito extensivo de autor: toda aquele para quem concorre para o crime. É a letra
de lei que “não deixa ninguém escapar”. Então como se recepciona a Teoria, se é um
conceito diferente da Lei? Quem pode mais, pode menos. Não amplia o escopo punitivo.

b) “X é autor, porque possuía o domínio do fato”


A ideia de domínio do fato não é uma definição de autor, mas um critério reitor que deve
ser concretizado não pelo juiz, e sim pela doutrina diante de um grupo de casos, não se
tratando de uma descrição de autoria, mas de um critério formal, um ponto de apoio
metodológico. Com a teoria do domínio do fato, não foi encontrada uma fórmula mágica
da qual se possa deduzir um resultado diante de uma qualquer situação. O que a TDF
almeja é superar uma mera aplicação intuitivo-emocional da etiqueta de autor,
conforme considerações de merecimento da pena (autor é quem merece a pena mais
grave), que degradaria a ideia de domínio do fato a mero slogan vazio de conteúdo.

c) “X dominava o fato, porque era o chefe do grupo”


Ocupar posição de destaque ou comando não faz de ninguém, por si só, autor das
condutas criminosas. De acordo com a TDF, só será possível falar em autoria se o chefe de
um grupo emite ordem dentro de uma estrutura que atenda aos requisitos do domínio da
organização (estrutura verticalizada; dissociação do direito; fungibilidade do executor) ou
da coautoria (decisão comum, contribuição relevante).

6 – CONCLUSÕES
A função dogmática da TDF é distinguir entre autor e partícipe e não oferecer um
argumento em favor de uma punição que não ocorreria de outra forma. O art. 29
do CPC brasileiro se inclina no sentido de uma teoria que sequer distingue entre
autor e partícipe.
 É muito mais exculpante que punitiva.
 Não possibilita punir mais do que já seria possível com o art. 29 CP
 Da TDF não decorre que o mandante seja autor intelectual e que quem
tem uma posição de comando seja automaticamente autor. Na verdade,
ela cria REQUISITOS OBJETIVOS.
O critério geral de orientação para determinar o conceito de autor é o da figura
central do acontecer típico. Partícipe é quem não realiza o tipo e sua punição
dependerá da presença de outros pressupostos (específicos para a instigação e
cumplicidade).
A ideia reitora da TDF se desdobra em três manifestações: (1) domínio da ação
(autoria imediata); (2) domínio da vontade (autoria mediata); (3) domínio
funcional do fato (coautoria)
 Domínio da organização NÃO é SINÔNIMO de domínio funcional.
A TDF não se aplica a todas as espécies de delito: não se aplica aos delitos de
dever, delitos de mão própria e delitos culposos.

Domínio do fato é uma RATIO, ABSTRATA, que orienta a construção das várias
formas de autoria e de seus pressupostos mais concretos, sendo certo que a
resolução de casos individuais se dá por meio da subsunção sob esses
pressupostos mais concretos.

QUAL A TEORIA ADOTADA PELO CP? TEORIA OBJETIVO-FORMAL, com a ressalva da teoria da
autoria mediata (STF adotou a teoria do domínio do fato no julgamento do Mensalão para
julgar a organização criminosa).

 Teoria da autoria mediata: construção doutrinária para referir-se a quem está “por
trás” e vale-se de interposta pessoa (autor imediato), que agirá como verdadeiro
instrumento, sem dolo ou culpabilidade, para a prática de um crime. Ex.: valer-se do
menor de idade.

Autor direto (imediato): tem o domínio do fato (ação). É o autor executor (o que
inclui a coação física irresistível, pois o coagido não pratica conduta).
 Roxin apresenta três manifestações da ideia de domínio do fato: o domínio
da própria ação (autoria imediata); o domínio da vontade de outro (autoria
mediata); e o domínio funcional do fato (coautoria com divisão de tarefas).
Já a participação se daria com a instigação ou cumplicidade (auxílio
material).
Autor indireto (mediato): possui o domínio do fato pelo domínio da vontade de
terceiro, que é usado como mero instrumento (abuso do homem não-livre). Como
consequência, não há concurso de pessoas.
Obs.: É possível coautoria e participação entre os agentes mediatos, mas nunca entre o autor
mediato e o autor imediato.
SÃO CINCO HIPÓTESES DE AUTORIA MEDIATA:
a) INSTRUMENTO IMPUNÍVEL: IMPUTABILIDADE PENAL DO EXECUTOR POR
MENORIDADE PENAL, EMBRIAGUEZ OU DOENÇA MENTAL (ART. 62, III)
b) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (ART. 22)
c) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (ART. 22)
d) ERRO DE TIPO ESCUSÁVEL, PROVOCADO POR TERCEIRO (ART. 20 § 2º)
e) ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL, PROVOCADO POR TERCEIRO (ART. 21)

Parcela da doutrina, adotando os ensinamentos de ROXIN, acrescenta uma sexta


hipótese de autoria mediata, configurada pela utilização de estruturas
hierarquizadas e organizadas de poder para a prática de crimes: teoria do domínio
da organização.

Obs.: COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL É AUTORIA DIRETA e não imediata, pois não há
conduta do executor.
Teoria do domínio da organização
Roxin chama de domínio da organização (aparado de poder organizado): (i)
organização verticalmente estruturada; (ii) dissociada do direito; (iii) fungibilidade
dos executores. Com base na teoria do domínio do fato amplia o alcance da
autoria mediata.
 Para Roxin, não há vínculo subjetivo (sequer se conhecem). Portanto, há
autoria mediata (autor de escritório) e autoria imediata.

Autoria de escritório (Doutrina Alemã)


Alemã. Ligada à teoria do Domínio do fato. É uma autoria mediata especial. É
aquele que transmite ordem a ser executada por outro autor direto, com
culpabilidade e fungível (soldado), no âmbito de uma organização ilícita de poder
(PCC). Pressupõe uma máquina de poder (inclusive um Estado rompido de
legalidade). Parecida com Roxin.

Autoria por determinação (Zafaroni)


Admite-se, nos crimes próprios, a autoria mediata, desde que o autor mediato
reúna as condições pessoais exigidas pelo tipo do autor imediato. Assim, um
funcionário público pode ser autor mediato de peculato se, valendo-se das
facilidades que lhe proporciona o cargo, viabiliza a subtração, por um inimputável,
de bens pertencentes à Administração Pública. Imaginemos, no entanto, que João,
artista circense, hipnotize um servidor, fazendo com que este pratique peculato.
João não pode ser autor mediato do crime, pois não reúne as condições do autor
imediato exigidas pelo tipo (ser funcionário público).

Já com relação aos crimes de mão própria, o entendimento majoritário é no sentido


negativo, pois o tipo penal determina diretamente quem deve ser o sujeito ativo.
Ex.: João, artista circense, hipnotiza a testemunha Antonio para que falte com a
verdade em juízo. No entanto, o crime de falso testemunho é de atuação pessoal, só
pode ser praticado pela testemunha, sendo inviável a autoria mediata.

Então como proceder, nos dois últimos exemplos, para responsabilizar JOÃO?

Zaffaroni e Pierangeli desenvolveram, para o caso, a figura do autor por


determinação, evitando impunidade. Se, nos termos do art. 29 do Código Penal,
pune-se quem, de qualquer modo, concorre para o crime, não há razão para deixar
impune o autor de determinação que, dotada de plena eficácia causal, é levada a
efeito por quem atua, por exemplo, sem conduta (v.g., hipnose). O agente não é
autor do crime, mas responde pela determinação para o crime por exercer, sobre
o fato, domínio equiparado à autoria. Encontra-se esta solução, aliás, nos casos de
coação moral irresistível e de obediência hierárquica, em que se pune tão
somente o coator ou o autor da ordem.

Concurso de pessoas - inimputável com discernimento:


É necessário que o inimputável não tenha qualquer capacidade de entendimento
ou determinação. Se o menor não é mero instrumento (ainda que inimputável), há
“colaboração” ou “concurso impropriamente dito” ou “pseudoconcurso” ou
“concurso aparente”. Nesse caso o maior é autor direto, sem prejuízo do crime de
corrupção de menores (que é objetivo), e menor é colaborador, que sofrerá medida
socioeducativa.
É cabível autoria mediata nos crimes próprios e de mão própria?
Crimes próprios: sim, desde que o autor mediato reúna as condições especiais.
Ex.: Maria é servidora pública e é coagida por Paulo a cometer peculato. Não há autoria
mediata. Mas se não há autoria mediata e nem concurso de pessoas, o que há? Autoria
por determinação que consiste, basicamente, em punir aquele que, embora não sendo autor
nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio equiparado à autoria.

Crimes de mão própria: não há autoria mediata, pois o crime não pode ser
cometido por interposta pessoa (testemunha, no crime de falso testemunha, não
pode coagir alguém a depor no seu lugar). Mas se testemunha for coagida por
terceira pessoa, há autoria por determinação (Greco e Masson chamam de autoria
mediata, como exceção).

Autoria por determinação (Zaffaroni)


É autor por determinação o sujeito que determina outro ao fato, mas que conserva
seu domínio, posto que se o perde, como no caso em que o determinado comete
um delito, já não é autor, mas instigador. I.e., é aquele que se vale do outro, que
não realiza crime (por ausência de punibilidade ou atipicidade) em um crime próprio
ou de mão própria. Assim, deve ser imputado ao autor da determinação o resultado
produzido, pois de qualquer modo concorreu (art. 29).
Zaffaroni e Piarangeli não admitem autoria mediata nos crimes próprios e de mão
própria. Não se trata de autoria do delito, mas de um tipo especial de concorrência
nas causas, em que o autor só pode ser apenado como autor da determinação em
si, e não do delito a que tenha determinado.

É cabível autoria mediata nos crimes culposos? Não.


Autoria por convicção
Agente tem conhecimento da norma penal, mas decide transgredi-la por questões
de consciência política, religiosa, filosófica ou afim. Ex.: impedimento de transfusão
de sangue em criança testemunha de jeová seguido de morte.
TEORIA DA CUMPLICIDADE POR MEIO DA AÇÃO NEUTRA
Luís Greco (JAKOBS)
Tem por base a teoria da imputação objetiva. Aquele que realiza sua competência
social, cumprindo adequadamente seu papel na sociedade (JACOBS), não pode
responder por delito em razão disso (taxista não responde por conduzir ladrão ao
banco/padeiro que faz o pão que será envenenado). É uma tese ainda muito
avançada, baseada no funcionalismo

Admite-se coautoria nos crimes próprios, desde que ambos possuam a qualidade ou
aqueles que não a possuem, tenham ciência que o outro age nessa qualidade.

Não se admite coautoria nos crimes de mão própria. (Salvo jurisprudência


testemunha/perito + advogado com base na teoria do domínio funcional do fato)
a) CESPE – não há coautoria
b) Pode haver participação

MODALIDADES DE CONCURSO DE PESSOAS: COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO


COAUTORIA:
Ambos concorrem na realização do núcleo. Pode ser parcial/funcional (atos diversos) ou
direta/material (atos iguais).
a) Coautoria em crimes próprios (condição especial)? Sim. A elementar comunica-se a
quem participa do crime, desde que dela tenha conhecimento.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

b) Coautoria em crimes de mão própria (sujeito expressamente indicado no tipo)? Não.


Só podem ser indicados pela pessoa taxativamente indicada no tipo penal. Exceção:
crime de falsa perícia, com concurso de contadores, tradutores ou interpretes em
que ambos subscrevem laudo falso.
a. Jurisprudência: já se apontou coautoria com advogado no falso testemunha/perícia
em, com base na teoria do domínio do fato.

c) Executor de reserva: fica à disposição, se necessário, para intervir. Se intervir, é


coautor. Se não, é partícipe.

d) Coautoria sucessiva: conduta inicia-se com autoria única e se consuma com a


colaboração de outra pessoa, com forças concentradas, mas sem prévio ajuste.

e) Coautoria em crimes omissivos: divergência.


1 – Possível, sejam próprios ou impróprios. Ex.: duas pessoas que se instigam ao crime de
omissão de socorro.
2 – Impossível, porque cada um tem seu dever de agir e comete seu crime autônomo.

PARTICIPAÇÃO:
É a espécie do gênero concurso de pessoas (a outra é a autoria) consistente na intervenção
acessória em fato alheio, o que pressupõe a existência de um fato principal. O partícipe não
pratica a conduta descrita no tipo penal, mas realiza uma atividade secundária que contribui,
estimula ou favorece a execução da conduta proibida.

Teoria objetiva-formal (CP): não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas de qualquer
modo concorre para o crime. A tipicidade da conduta do partícipe decorre de uma norma de
extensão e a do autor diretamente da norma incriminadora. Não há adequação típica
imediata, mas sim mediata.
Teoria do Domínio do Fato: a participação é a contribuição dolosa (livre e consciente), sem o domínio do fato,
em fato punível doloso alheio.

Deve haver a homogeneidade do elemento subjetivo-normativo (dolo do autor + dolo do


partícipe), por isso, não existe participação culposa em crime doloso alheio; nem
participação dolosa em crime culposo.
a) Mas há uma forma heteróloga de autoria colateral, se houver erro vencível (A desafia
B a acertar um alvo x, mas acaba matando C. B responde por homicídio culposo e A
responde por homicídio doloso, pois o erro era vencível  muito questionado)

ESPÉCIES DE PARTICIPAÇÃO:
A. MORAL: instigar ou induzir - é a indução intencional (dolosa) de outrem ao
cometimento do delito. Caracteriza-se pela colaboração espiritual no delito alheio.
Implica sujeito certo como destinatário e fato determinado. Não é possível persuasão
por omissão, pois deve haver relevância causal na conduta do autor.
É diferente da instigação genérica do art. 286: incitar, publicamente, a prática de
crime
a. Modalidades de instigação:
i. INDUZIR: Persuasão ou por Determinação: fazer nascer no autor direto a resolução
que o conduz à execução do crime (influência moral ou outro meio)
ii. INSTIGAR: Incitação ou instigação propriamente dita: reforçar e desenvolver
resolução preexistente

B. CUMPLICIDADE/MATERIAL: prévia ou concomitante (só será posterior se ajustada previamente).


a. Modalidades de cumplicidade:
i. Cumplicidade física, material ou real: fornecer arma (omissão)
ii. Cumplicidade moral: fornecer segredo do cofre, ensinar determinada técnica, mera
presença que dá coragem (Nilo Batista diz ser instigação) (não é possível por omissão)

b. Cumplicidade por omissão: quando o partícipe, não sendo garantidor, tem um


dever genérico de agir. (Se for garantidor, será autoria por omissão imprópria).
i. Ex.: empregada deixa porta aberta para facilitar furto

c. Cumplicidade necessária: bem escasso - alta soma de dinheiro, medicamente


controlado, explosivo, serviço técnico.
i. Consequência: impossibilidade de se aplicar a causa geral de redução da
pena relativa à participação de menor importância (só para cumplicidade
desnecessária) (art. 29, § 1º)
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
 Só se aplica para a participação stricto sensu (coautor não pode ser
beneficiado)
ii. Crítica: insegurança jurídica, pois não há critério definido

FUNDAMENTOS DA PUNIBILIDADE DA PARTICIPAÇÃO:


[MASSON] TEORIAS DA ACESSORIEDADE (conduta do partícipe tem natureza acessória,
pressupondo a conduta principal do autor).
a) ACESSORIEDADE MÍNIMA: para punibilidade da participação, é suficiente que o
autor tenha praticado fato típico. Problema: implica punição do partícipe quando
autor age com excludente de ilicitude (não praticou infração penal).  afastada.
b) ACESSORIEDADE LIMITADA: para punibilidade da participação, é suficiente que o
autor tenha praticado fato típico e ilícito. Não precisa ser inimputável. Problema:
não resolve problema da autoria mediata, em que não há concurso com
inimputável.  só é utilizada para aqueles que repudiam a autoria mediata,
defendendo ser participação.
c) ACESSORIEDADE MÁXIMA ou EXTREMA: fato típico, ilícito e culpável.
d) HIPERACESSORIEDADE: fato típico, ilícito, culpável e punido. Problema: se o
executor morre, não se pode falar em participação.  afastada.

TEORIA ADOTADA PELO CP: DIVERGÊNCIA ENTRE MÁXIMA E LIMITADA - Não adotou
nenhuma expressamente, mas devem ser afastadas a mínima e a hiper. Opta-se pela
limitada ou pela máxima conforme instituto da autoria mediata.
 A doutrina nacional adotava a limitada, sem atentar-se à autoria mediata. Em
concursos é mais coerente adotar a TEORIA MÁXIMA, por ser a AUTORIA
MEDIATA ACEITA (Posição de BRASILEIRO).
 Para o Ênfase (abaixo) Estratégia (apontando maioria da doutrina) e Mege, é pra marcar
limitada, pois a única exceção do autor mediato que usa terceiro como
instrumento não é suficiente para alterar a regra. Até porque, sistematicamente,
na lavagem, só exigiu conduta típica e ilícita. Para o MEGE, a culpabilidade traz
uma análise muito pessoal.

[ÊNFASE]
a) Teoria da Participação na Culpabilidade (superada): o participe é punido pela
gravidade da influência/corrompe que exerce sobre o autor. Superada porque: (a)
culpabilidade de cada concorrente é independente/individual; (b) consagração da
teoria da acessoriedade (limitada), que se satisfaz com a tipicidade e a ilicitude da
ação.
b) Teorias da acessoriedade.
c) Teoria da promoção ou do favorecimento ou da causação (majoritária):
fundamento da punibilidade do partícipe está no desvalor intrínseco da
colaboração prestada a um fato socialmente intolerável (típico e antijurídico).
Princípio da executividade.
Teorias que fundamentam a participação
Teoria do Favorecimento ou Teoria da acessoriedade Princípio da
Promoção limitada executividade
Âmbito interno da Autor tem que praticar E, no âmbito externo,
acessoriedade, que consiste no conduta típica e antijurídica, ter, pelo menos,
desvalor presente em sem a necessidade de o autor iniciado a execução
favorecer a prática de uma ser culpável
ação típica e antijurídica;

PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO & CONIVÊNCIA


PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO: Possível, desde que o omitente tenha poder e dever de agir
para evitar o resultado, por se enquadrar nas hipóteses do art. 13 § 2º CP. Ex.: é partícipe de
furto o policial que não faz nada.

CONIVÊNCIA: Participação negativa, crime silente ou concurso absolutamente negativo.


Participação nas hipóteses em que o sujeito não está vinculado à conduta criminosa e não
possui o dever de agir para impedir o resultado. Ex.: não é partícipe de furto o transeunte que
vê e não faz nada.

PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA
Mesmo sujeito é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais pessoas, cada qual
desconhecendo o comportamento alheio. Só é punível se capaz de influir no propósito
criminoso.

PARTICIPAÇÃO EM CADEIA ou PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO


Possível e punível pelas regras do CP. Induzir ou instigar a alguém induzir, instigar ou auxiliar
outro a comer crime.

PARTICIPAÇÃO EM AÇÃO ALHEIA


Deve haver liame subjetivo porque todos respondem pelo mesmo crime (Teoria Unitária ou
Monista). Portanto, na participação em ação alheia não há concurso de pessoas, mas crimes
autônomos. É o caso do servidor público que esquece janela aberta e transeunte entra e
rouba computador. Haverá peculato culposo para um e furto doloso para outro. Não é
“participação”, mas crime autônomo.

NÃO HÁ PARTICIPAÇÃO DOLOSA EM CRIME CULPOSO NEM


PARTICIPAÇÃO CULPOSA EM CRIME DOLOSO!!
Participação deve possuir a MESMA NATUREZA VOLITIVA!
a) Não há participação dolosa e nem CULPOSA em crime culposo , pois
a doutrina só admite coautoria em crime culposo e não a participação
b) Logo a única forma de participação é dolosa em crime doloso!
PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS
Teoria monista: há pluralidade de agentes e unidade de crime, mas sem identidade de penas,
pois cada um responde “na medida de sua culpabilidade” (art. 29).
As penas devem ser individualizadas no caso concreto, no sistema trifásico, com base na
circunstância judicial. Portanto, um autor não será necessariamente punido mais gravemente
que um partícipe, pois tudo depende da culpabilidade (participação de menor importância e
cooperação dolosamente distinta) de cada agente.
Mas a regra é que o autor intelectual (participe, sob a ótica da teoria objetivo-formal) seja
punido mais gravemente, até porque “a pena será ainda agravada em relação ao agente que
promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes” (art.
62, I).

PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (ÍNFIMA/SOMENOS)


um sexto a um
Art. 29 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
terço.
 É uma participação de reduzida eficiência causal.
 Não é possível a diminuição da pena do coautor e ao autor intelectual (participe), pois
quem executa ou arquiteta o crime não tem menor importância.
 Menor participação: comparação com a participação de outro agente, mais
importante, não gera automaticamente diminuição da pena.

COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA


 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave
Não há concurso de pessoas em relação ao crime mais grave. Veda-se a responsabilidade penal
objetiva, sem dolo ou culpa. Somente será aumentada a pena se previsível (homem médio) o
crime mais grave.

PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL
  Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado
PRINCÍPIO DA EXECUTIVIDADE: Causa de atipicidade, pois afasta a extensão do art. 29. É
necessário que o autor inicie os atos executórios. (não punição do partícipe se ficou só na
cogitação ou atos preparatórios).
 DELITOS DE FUSÃO (cabe tentativa) “Salvo disposição expressa em contrário”:
situações em que o ajuste, determinação, instituição e auxílio são crimes autônomos,
como nos delitos de incitação ao crime (art. 286); facilitação de contrabando ou
descaminho (art. 318); promover ou facilitar fuga de pessoa presa ou submetida à
medida de segurança (art. 351) e associação criminosa (art. 288).

CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
 Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
a) Elementares: dados fundamentais da conduta criminosa (“matar” – “alguém”).
Excluindo a elementar o fato se torna atípico ou é desclassificado.  se ingressado no
conhecimento dos demais agentes (para evitar responsabilidade objetiva), sempre se
comunicam, sejam objetivas ou subjetivas.
b) Circunstâncias: fatores que se agregam ao tipo penal para aumentar ou diminuir a
pena (“motivo torpe”)  depende:

Espécies de elementares e circunstâncias:


a) Subjetivas ou de caráter pessoal: relacionam-se à pessoa do agente, e não ao fato
praticado (“funcionário público” ou motivos)  circunstâncias subjetivas não se
comunicam (pai contrata matador para matar estuprador da filha. Pai responde por homicídio
privilegiado e matador qualificado por motivo torpe ).
b) Objetivas ou de caráter real: relacionam-se ao fato, não ao agente (meio cruel) 
circunstâncias objetivas se ingressado no conhecimento dos demais agentes (para
evitar responsabilidade objetiva), se comunicam. (joão contrata maria para matar claudio.
Maria mata com meio cruel. Se João souber e aquiescer, comunica).

Obs.: Não se comunicam as circunstâncias e elementares do PARTÍCIPE AO AUTOR:

EXCESSO NO MANDATO CRIMINAL


Autor intelectual (partícipe) determina ao autor que execute. No CP anterior, respondia por
qualquer crime que o autor executar. Era responsabilidade penal objetiva, repelida.
Atualmente, a questão é solucionada nas regras da cooperação dolosamente distinta e à
comunicabilidade das elementares e circunstâncias, desde que tenham ingressado na esfera
de conhecimento de todos os agentes.

CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES DE AUTORIA COLETIVA


Multidão criminosa (estádios de futebol, rebeliões, invasões de propriedades rurais).
 Quem provoca o tumulto tem pena agravada (art. 62, I)
 Quem age sob o influxo da multidão, se não a iniciou, tem pena atenuada (art. 65, III)

Mas há vínculo subjetivo para ensejar o concurso de pessoas? Divergência.


a) Mirabete/Bitencourt: presume-se vínculo psicológico e todos respondem pelo
resultado produzido. É desnecessário que se descreva minuciosamente a participação
de cada, sob pena de inviabilizar a aplicação da lei.
b) Greco: não se presume o vínculo psicológico - dependem, para configuração do
concurso, da comprovação da efetiva contribuição causal de cada envolvido.

DENÚNCIA GERAL vs. PROCESSO PENAL KAFKIANO (“criptoimputação”)


Nos crimes de autoria coletiva, embora a denúncia não possa ser de todo genérica, é válida
quando, apesar de não descrever minuciosamente as atuações individuais dos acusados,
demonstra um liame entre o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a
plausibilidade da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa (STJ, RHC
68903/2016). Portanto, não é inepta a denúncia geral congruente. O fato, por si só, de o MP
ter imputado ao recorrente a mesma conduta dos demais denunciados não torna a denúncia
genérica, indeterminada ou imprecisa (STJ, HC 311571/2015).
É preciso distinguir:
a) Denúncia genérica: inadmissível. Sofre com a pecha da CRIPTOIMPUTAÇÃO, por
consagrar um SISTEMA PROCESSUAL KAFKIANO, por meio do qual o DENUNCIADO
NÃO TEM IDEIA DO QUE SE DEFENDE.
b) Denúncia geral: admitida. Há descrição dos fatos e da atuação, ainda que de maneira
geral, a cada um dos imputados. Muito útil para organizações criminosas.
Em Kafka, há uma “ordem da desordem”, um mundo que se estilhaça e põe em
discussão da razão do Estado e a não razão do Direito, uma concepção que subsidia,
de forma totalitária, interpretações absurdas e distorcidas da lei. Não se criam
espaços para que sejam questionadas as leis aplicadas/aplicáveis, tampouco a
legitimação das autoridades em suas várias estratificações. A ordem jurídica é
cúmplice da intervenção estatal opressora, na medida em que legitima sua atuação
pela perseguição, por um desvario circular que não cessa e que, em razão disso, não
permite a revisão do sistema de justiça.

CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES CULPOSOS


Cabe coautoria, mas não participação.
Minoritária (finalista): inadmissível coautoria/participação em crime culposo, pois se exige um liame
subjetivo entre os autores. E o dever de cuidado é infracionável.
a) Há entendimento doutrinário admitindo a participação na modalidade instigação ou
cumplicidade psíquica. Ex.: A incita B a dirigir em alta velocidade, e este, sem observar o devido
cuidado, pratica lesões corporais.
Consequências:
b) Consideração de cada um como autor único culposo, quando um autor tem consciência da
conduta culposa do outro (dois pedreiros jogam viga da janela e acerta alguém)
c) Numa hipótese de autoria colateral culposa (sem liame), quando os autores não têm
consciência da conduta culposa um do outro (alguém joga folhas secas outro acende fogueira)
d) Numa forma heteróloga de autoria colateral (sem liame), quando há um sujeito em erro
vencível (culpa) e um autor direto agindo com dolo (quem determinou o erro) (A convence B a
atirar em alvo, B acerta pessoa)

Majoritária (causalista): admite-se coautoria em crime culposo. Pode existir liame


subjetivo no comportamento culposo, que também é voluntário em praticar condutas
descuidadas (proximidade física das condutas desatentas ao dever objetivo de cuidado e da
concausalidade das mesmas), numa interpretação puramente causalista (art. 18, II) (Teoria
Objetivo-Formal).
Conceito Extensivo de Autor nos crimes culposos: autor no crime culposo é aquele que
contribui/causa para a produção do resultado através de uma conduta que não responde ao
cuidado objetivamente devido.

Participação em crime culposo: embora haja doutrina minoritária que aduza que: pt. dolosa
 crime culposo: não; mas pt. culposa  crime culposo: SIM; o STJ não admite NENHUM
TIPO DE PARTICIPAÇÃO nos crimes culposos.
Todo grau de causação a respeito do resultado típico produzido não dolosamente, mediante uma
ação que não observa o cuidado requerido no âmbito de relação, fundamenta a autoria do respectivo
delito culposo. Assim, não existe diferença entre autores e partícipes nos crimes culposos. É sempre
coautoria.
A certeza é: exigida a unidade de elemento subjetivo, jamais haverá participação dolosa em
crime culposo. Se alguém, dolosamente concorre para um resultado naturalístico culposo,
haverá dois crimes, um doloso e um culposo. Ex.: João com a intensão de matar Maria convence Tício a acelerar
seu carro numa curva, sabendo que Maria passará ali de bicicleta. Tício mata culposamente; mas João dolosamente .

CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS


Crimes omissivos são crimes de dever e a base da responsabilidade não alcança qualquer
pessoa, mas apenas que está comprometido por um concreto dever de atuação. Em face da
estrutura dos crimes omissivos, deve-se abandonar o critério do domínio final do fato em
favor da preponderância da violação de dever. Assim, o autor direto de um crime omissivo é
aquele que tem o DOMÍNIO POTENCIAL DO FATO e viola o dever de atuação ao qual está
adstrito.

Majoritária: admite concurso em crimes omissivos


a) NUCCI, BITTENCOUT, GRECO, MASSON: se há anuência, está presente o vínculo
psicológico entre os omitentes – há concurso, pois há consciência e vontade de não
realizar conjuntamente o que a norma mandamental exige

Crime omissivo próprio: cabível coautoria. Ex.: instigar o médico a não notificar doença;
instigar a omitir socorro
a) O que não existe é a participação omissiva em crime omissivo, sob a modalidade de
instigação (absoluta ineficácia causal)

Crime omissivo impróprio (garantidor): também é cabível a coautoria se todos os omitentes


são garantidores e de comum acordo deixam de evitar o resultado, quando podiam fazê-lo.
Cabe participação comissiva, mesmo que o partícipe não tenha dever jurídico de agir (ao
instigar o garantidor, o partícipe contribui moralmente para a sua resolução criminosa).

Minoritária (REGIS PRADO, JUAREZ TAVARES, NILO BATISTA): não admite concurso em crime omissivo,
pois o dever de atuar a que está adstrito o autor do crime omissivo é infracionável, logo não há como
se vislumbrar o pressuposto fundamental da coautoria, que é a divisão de trabalho (domínio funcional)
por falta de resolução comum para o fato (falta de ação). Assim, cada qual transgride individualmente
seu particular dever ou obrigação.
Obs.: se há omissão do garante e o resultado decorre da conduta comissiva dolosa de outrem, o
garantidor responde por omissão imprópria e o terceiro responde pelo crime comissivo (há uma
espécie de autoria omissiva colateral à autoria comissiva daquele que produz o resultado).

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA OU ARREPENDIMENTO EFICAZ


No Concurso de Pessoas
No que diz respeito à cumplicidade, v.g., se houve, da parte do partícipe, a promessa que
emprestaria a arma a ser utilizada pelo autor e, antes que ela seja entregue, o partícipe
desiste de participar, e se o autor comete o delito valendo-se de outro instrumento que não
aquele prometido, este último não poderá ser penalmente responsabilizado.
A participação inócua não se pune
Se já emprestou a arma, poderá haver arrependimento eficaz, se ele impedir a realização do
crime.
Se o partícipe induziu o autor, incutindo-lhe de realizar o crime ou reforçando-a, somente não
será responsabilizado se conseguir fazer com que o autor não execute a conduta (convence
ou vai à polícia); se não tiver sucesso seu arrependimento não será eficaz e não afastará sua
responsabilidade.
E se o partícipe empresta a arma e o autor, iniciado os atos executórios, desiste
voluntariamente de prosseguir. O autor só responde pelos atos praticados (lesão corporal). O
sobre o partícipe existem posições:
b) Radical: como não há tentativa de homicídio, o ato do partícipe não é punível
c) Moderada/equilibrada: partícipe acompanha a o autor, respondendo por lesão
corporal
d) Terceira: partícipe responde pela tentativa de homicídio (que não houve por
circunstâncias alheias à vontade dele) e autor por lesão corporal
a. Problema desta é que o partícipe tem pena maior que o autor
Obs.: Não há posição majoritária
Obs2.: a mesma lógica serve para o arrependimento eficaz do autor

Participação em cadeia é possível: A empresta arma para B para que este empreste a C para
matar D. A e B são partícipes.
CONCURSO DE CRIMES
Conceito: ocorrência de dois ou mais delitos, por meio da prática de uma ou mais ações.
Espécies:
A. Concurso material ou real: várias condutas e vários delitos
B. Concurso formal ou ideal: UMA conduta e vários resultados
C. Crime continuado

Sistemas:
a) Cúmulo material: somam-se as penas cominadas a cada um dos crimes.
a. Concurso material (art. 69),
b. Concurso formal imperfeito e
c. Concurso das penas de multas (art. 72)
*O concurso material benéfico pode ser aplicado no concurso formal perfeito e no crime
continuado

b) Exasperação: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de percentual.


a. Concurso formal perfeito e
b. no crime continuado. Trata-se de verdadeira derrogação da regra do cúmulo
material das penas (quot delicta tot poena)

c) Sistema da absorção: aplica-se somente a mais grave.


a. Crimes falimentares (jurisprudência) em virtude do princípio da unidade ou unicidade
destes crimes.
i. Não impede concurso material ou formal entre crime falimentar + comum.

CONCURSO MATERIAL ou REAL:


Conceito: prática de duas ou mais condutas, dolosas ou culposas, omissivas ou comissivas,
produzindo dois ou mais crimes/resultados, idênticos ou não, mas todas vinculadas pela
identidade do agente, não importando se os fatos ocorreram na mesma ocasião ou em dias
diferentes.
Espécies:
a) Homogêneo: resultados idênticos (“da mesma espécie”)
b) Heterogêneo: resultados diversos
Aplicação das penas: as penas devem ser somadas (cúmulo material). No tocante às causas de
aumento de pena, autoriza-se a incidência sobre cada um dos delitos, sem que isso
caracterize bis in idem.
a) Pena privativa de liberdade somada com restritiva de direitos: é possível, caso tenha
sido concedida a suspensão condicional da pena privativa de liberdade ou regime
aberto, pois assim é possível a execução simultânea.
b) Pena restritiva de direitos com outra restritiva: se compatíveis, devem ser executadas
simultaneamente, caso contrário, uma depois da outra
c) Reclusão primeiro; detenção depois.
Concurso material & Sursis processual (9099): Só é possível a suspensão condicional do
processo se o somatório das penas mínimas de todos os crimes for inferior a um ano.
Momento da soma: se houve conexão e reunião, pelo juiz da sentença condenatória. Do
contrário, pelo juízo da execução.
ROUBO + EXTORSÃO = CONCURSO MATERIAL
Superior Tribunal de Justiça entende que há concurso material entre roubo e
extorsão se o agente, após subtrair os bens da vítima com violência ou grave
ameaça, exige que ela lhe forneça a senha do cartão subtraído.
CONCURSO FORMAL ou IDEAL:
Conceito: o agente, com uma única conduta, causa dois ou mais resultados (fatos típicos/bem
jurídicos tutelados).
Obs.: Unidade de conduta não é igual a unidade de atos, pois existem condutas que podem ser
fracionadas (diversas facadas/um roubo de duas vítimas juntas).
Espécies:
a) Homogêneo: crimes idênticos (mata 5 pessoas)
b) Heterogêneo: crimes diversos (lesão corporais e homicídio)

Classificação:
i. Concurso formal perfeito (próprio): 1 conduta 2 resultados, embora não pretendesse
realizar ambos  Exasperação
Roubar 10 pessoas juntas: 1 desígnio, 10 patrimônios. Concurso formal.

ii. Concurso formal imperfeito (impróprio): agente se vale de 1 conduta para atingir,
dolosamente, mais de um resultado (desígnios autônomos)  Cúmulo material
a. Incendeia uma residência com a intenção de matar todas pessoas
b. Dolo direto + dolo eventual
c. Dolo direto de 1º grau + dolo direto de 2º grau
LATROCÍNIO 1 ROUBO 2 VÍTIMAS – NÃO PACÍFICO
STF/Doutrina: Quantidade de subtrações -> CRIME ÚNICO
STJ: Quantidade de vítimas -> CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO
Para parcela da doutrina, sendo o latrocínio crime complexo, a pluralidade de
vítimas não implica pluralidade de crimes. É através da quantidade de subtrações
que se afere a quantidade de roubos. O número de vítimas (feridas ou ameaçadas
numa única subtração) serve apenas na fixação da pena. O STF já decidiu dessa
forma: “A 2ª Turma concedeu, em parte, habeas corpus para afastar concurso de
crimes e determinar ao juízo de primeiro grau que considere a circunstância de
pluralidade de vítimas na fixação da pena-base, respeitado o limite do ne
reformatio in pejus. Na espécie, alegava-se que o paciente teria cometido o delito
em detrimento de patrimônio comum, indivisível do casal. Assim, insurgia-se de
condenação por dois latrocínios: um tentado e o outro consumado em concurso
formal — v. Informativo 699. Reconheceu-se a prática de crime único de latrocínio.
Destacou-se que, ainda que se aceitasse a tese de patrimônio diferenciado das
vítimas, em função das alianças matrimoniais subtraídas, o agente teria perpetrado
um único latrocínio. Pontuou-se que o reconhecimento de crime único não
significaria o integral acolhimento do pedido. Frisou-se que afastar-se o aumento de
1/6 da pena, relativo ao concurso de crimes, poderia levar à injustificável
desconsideração do número de vítimas atingidas” (HC 109.539/RS, rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe 31/05/2013).

Em sentido diverso, no entanto, o STJ: “Corte Superior, de forma reiterada, já


decidiu que incide o concurso formal impróprio (art. 70, segunda parte, do Código
Penal) no crime de latrocínio, nas hipóteses em que o agente, mediante uma única
subtração patrimonial, busca alcançar mais de um resultado morte, caracterizados
os desígnios autônomos. Precedentes” (AgRg no REsp 1.251.035/SE, j. 03/08/2017).
Teorias:
a) Subjetiva: exige a unidade de desígnios para que haja concurso formal
b) Objetiva (CP): não exige a unidade de desígnios. Admite pluralidade de desígnios no
concurso formal, pois ele reconhece o concurso formal próprio e impróprio.

Aplicação da pena:
a) Exasperação: pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a 1/2
(com base na quantidade de crimes praticados)  concurso formal perfeito
a. 1/6  2 crimes
b. 1/5  3 crimes
c. 1/4  4 crimes
d. 1/3  5 crimes
e. 1/2  6 crimes ou mais
Incide na 3ª fase, ou seja, não sobre a pena-base, mas sobre a pena acrescida.

b) Cúmulo material  concurso material e concurso formal imperfeito


a. Concurso/cúmulo material benéfico:
Art. 70  Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código
ocorre quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu (comete
crime doloso com pena alta e culposo com pena pequena)  concurso formal
perfeito

CRIME CONTINUADO:
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro aplica-se a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.

PU. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça a pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o TRIPLO,
observadas as regras do PU do art. 70 e art. 75.

Natureza Jurídica - Teorias:


a) Teoria da ficção jurídica (CP): continuidade delitiva é uma ficção, pois, na verdade,
existem diversos crimes, tendo a lei considerado apenas um para fins de aplicação da
pena (CARRARA)  princípio do favor rei, para evitar uma pena exagerada.
a. CP: é só para aplicação da pena que os crimes continuados são únicos, no que
tocante a prescrição eles são considerados crimes autônomos (Art. 119, CP)
Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente.
b. Nesse sentido:
Súmula 497 STF
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação.

b) Teoria da realidade ou da unidade real: o crime continuado é, por sua própria


natureza, um único delito
c) Mista: o crime continuado não é um só, nem são vários. Constitui um terceiro delito
Requisitos:
a. Pluralidade de condutas (“mediante mais de uma ação ou omissão”)

b. Pluralidade de crimes da mesma espécie


a. Minoritária (decisões recentes do STJ): basta tutelar o mesmo bem jurídico, não se
exigindo estar no mesmo tipo penal (RESP 1767902/2019)
b. MAJORITÁRIA (STJ): tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples,
privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados E tutelar o mesmo bem
jurídico
STJ – Não há continuidade delitiva porque os crimes de falsificação de documento
público e falsidade ideológica não são da mesma espécie
STJ – Os crimes de roubo e latrocínio, apesar de serem do mesmo gênero, não são da
mesma espécie. No crime de roubo, a conduta do agente ofende o patrimônio. No
delito de latrocínio, ocorre lesão ao patrimônio e à vida, não havendo homogeneidade
de execução na prática dos dois delitos, razão pela qual tem aplicabilidade a regra do
concurso material.
c. Condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras
a. Temporal:
i. Geral: lapso temporal máximo de 30 dias
ii. Contra a ordem tributária: 03 anos
b. Espacial: mesma cidade ou região metropolitana/limítrofes/contíguas
c. Modal
i. Vítimas diferentes: NÃO AFASTA o reconhecimento da continuidade delitiva
d. Ocasional (não expresso na lei, mas significa que os primeiros crimes tenham
proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes subsequentes

Divergência sobre quarto requisito: exige-se unidade de desígnios? SIM!

a) TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA OU MISTA: SIM (4º requisito) (STF e Zaffaroni). Não basta a
similitude das condições objetivas, é necessário um liame subjetivo (vontade de
praticar a cadeia criminosa). É mais restritiva: “a reiteração criminosa indicadora da
delinquência habitual ou profissional é suficiente para descaracterizar o crime
continuado”.

b) Teoria objetiva pura ou puramente objetiva: Não. Basta a presença dos requisitos
objetivos. (Hungia) (Exposição de Motivos do CP)

STJ: HABITUAL? NÃO é continuado!


Crime continuado – habitualidade criminosa – distinção: A prática reiterada de crimes
contra o patrimônio, indicadora de delinquência habitual ou profissional, impossibilita o
reconhecimento de continuidade delitiva para efeito de unificação de penas.
Isso porque pela teoria objetivo-subjetiva tem que ter um único desígnio, parcelando as
condutas, e não é o que ocorre na habitualidade.

Qual a diferença entre o crime continuado e o habitual?


O continuado, isolado, subsistiria sem os requisitos objetivos.
O habitual isolado é um indiferente penal.

Aplicação da pena no crime continuado: EXASPERAÇÃO (a pena de um deles, acrescida de 1/6


a 2/3), mas também se aplica a regra do concurso material benéfico
i. 1/6  2
ii. 1/5  3
iii. 1/4  4
iv. 1/3  5
v. 1/2  6
vi. 2/3  7 ou mais (também quando não se conhece o nº)

MODALIDADES DE CRIME CONTINUADO:


Crime continuado simples (crimes iguais): pena de qualquer aumentada
Crime continuado qualificado (crimes diferentes): pena do mais grave aumentada
Crime continuado ESPECÍFICO: a pena mais grave aumentada de 1/6 até TRIPLO!
Art. 71, PU. P.U. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, ATÉ O
TRIPLO, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e 75.
a. STF: como a lei não estabelece o mínimo, o STF entende que também é 1/6
b. Revogação da súmula 605 que não admitia continuidade delitiva nos crimes contra a
vida
c. Cúmulo material benéfico aplica-se pra TODOS, inclusive no ESPECÍFICO!!
d. OBS: As mesmas circunstâncias encontram-se previstas no art. 59, caput, do CP e
incidem na dosimetria da pena-base. Não há falar em bis in idem na nova utilização
desses fatores, pois o crime continuado constitui instituto favorável ao réu. Se não
existisse, as penas seriam aplicadas em sintonia com a regra do concurso material -
cúmulo material (penas somadas).

Crime continuado e conflito de leis penais no tempo


Súmula 711 STF
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE,
SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.

Crime continuado e prescrição: calculada para cada crime isoladamente (ficção é só pra pena)
 Para a prescrição retroativa (que leva em consideração a pena “em concreto”), leva-se
em conta a pena mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo
que seria aplicado em decorrência da continuidade delitiva
Súmula nº 497 STF
QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA
SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO.

Crime continuado e suspensão condicional do processo (9099): é assunto de PENA, logo se


aplica a ficção (para sursis processual, exige-se pena mínima igual ou inferior a 1 ano).
Súmula 723 STF
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da
pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a
um ano.
Súmula 243 STJ
O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante ultrapassar o
limite de 01 ano.

Aplicabilidade da continuidade delitiva:


A continuidade delitiva, em regra, não pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos
praticados em período superior a 30 (trinta) dias”
Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a vida.” (Superada Súmula 605 do STF
pelo art. 71, pu, do CP).
Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo (art. 157 do CP)
e de latrocínio (art. 157, § 3º, segunda parte, do CP) porque apesar de serem do mesmo
gênero não são da mesma espécie.
É possível o reconhecimento de crime continuado entre os delitos de apropriação indébita
previdenciária (art. 168-A do CP) e de sonegação de contribuição previdenciária (art.337-A
do CP).
Os delitos de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição
previdenciária, previstos, respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do
mesmo gênero, são de espécies diversas; obstando a benesse da continuidade delitiva.
(AgRg no REsp 1868826/CE, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
09/02/2021, DJe 17/02/2021)

APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA NO CONCURSO DE CRIMES


REGRA: Cúmulo material.
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
EXCEÇÃO: aplicação da pena de multa no crime continuado. DIVERGÊNCIA:
a) Doutrina: também se aplica, por a lei não ter feito distinção
b) STJ: NÃO SE APLICA, por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante
ficção jurídica, logo, aplica-se exasperação.

CONCURSO DE CRIMES MODERADO OU LIMITADO


O cumprimento limite-se ao teto de 40 anos.

CONCURSO DE CRIMES E COMPETÊNCIA DO JECRIM


Vale o resultado final > 2 anos para afastar competência do Juizado.

CONCURSO DE CRIMES E CONTRAVENÇÃO


Art. 76 do CP refere-se a infrações e diz que deve se executar primeiro a mais grave (reclusão
ou detenção) e, depois, a menos grave (prisão simples).

TEORIA DA PENA
CONCEITO DE SANÇÃO PENAL: É a resposta estatal, no exercício do jus puniendi e após o
devido processo legal, ao responsável pela prática de crime ou contravenção, por um sistema
de dupla via: penas (culpabilidade) e medidas de segurança (sem culpabilidade e com
periculosidade). Há ainda uma terceira via, da composição (Lei 9099/95 e ANPP). A finalidade
da pena é punir e readaptar o criminoso, bem como estimular a sociedade a não cometer
crimes.

PRINCÍPIOS:
a) Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade:
b) Princípio da anterioridade:
c) Princípio da personalidade, intrasmissibilidade, intranscendência ou
responsabilidade pessoal
d) Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade (mitigado pela prescrição, perdão
judicial sursis, livramento condicional etc).
e) Princípio da intervenção mínima
f) Princípio da humanidade ou humanização das pessoas
g) Princípio da proporcionalidade
h) Princípio da individualização (aplicação da pena deve partir da norma em abstrato,
mas levar em conta aspectos subjetivos e objetivos do crime: três planos (1)
legislativo; (2) judicial; (3) administrativo: execução).

TEORIAS (Finalidades da pena)


TEORIA ABSOLUTA (retributiva): é absoluta porque se esgota em si mesma, independe de
qualquer finalidade prática.
Kant: “a pena é a causação de um mal como compensação à infração penal cometida”.
É uma retribuição (reprovação), voltada somente ao castigo do criminoso.
Fundamento: justiça e necessidade moral.
Fim: completamente desvinculado de seu efeito social.
Justa: pressupõe a duração e intensidade compatíveis com a gravidade do delito, a fim de
compensá-lo.

TEORIA RELATIVA (prevenção): Adota-se a tese da prevenção de novos crimes (fim utilitário
das penas):
a) PREVENÇÃO GERAL:
a. Negativa: intimidação da sociedade (Teoria da Coação Psicológica)
b. Positiva: conscientização da sociedade
b) PREVENÇÃO ESPECIAL:
a. Negativa: neutralização do agente (tirar do convívio social)
b. Positiva: caráter educativo e ressocializador da pena (voltar ao convívio)
i. Atualmente a pena não é socializadora porque nem deixa de ser dessocializadora.

TEORIA MISTA ou UNIFICADORA (CP): concilia ambas as teorias, com objetivo de reprovação e
prevenção. É também o teor da CADH (5.6).
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

TEORIA AGNÓSTICA (TEORIA NEGATIVA): Coloca em descrença as finalidades da pena e do


poder punitivo da Estado, notadamente a ressocialização, a que jamais pode ser alcançada em
nosso sistema penal. Observando a realidade, a única função desempenhada (em parte) é a
neutralização do condenado, com afastamento da sociedade.

FUNÇÃO SOCIAL DA PENA


A pena tem a função de proteger de e pacificar a sociedade antes e após a prática de uma
infração penal.

FUNDAMENTOS DA PENA
a) Retribuição
b) Reparação (vitimologia)
c) Denúncia (reprovação social): prevenção geral por meio da intimidação coletiva
d) Incapacitação (neutralização)
e) Reabilitação
f) Dissuasão

REABILITAÇÃO
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da
suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o
fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.

Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o
pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o
reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da CONDENAÇÃO , após o decurso de quatro ou
oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver
terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as
comarcas em que haja residido durante aquele tempo.

COMINAÇÃO DAS PENAS


Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime.  
Em nosso sistema penal as penas podem ser cominadas:
a) Isoladamente
b) Cumulativamente
c) Paralelamente: ex.: reclusão ou detenção, ambas privativas de liberdade
d) Alternativamente: entre duas espécies (detenção ou multa)

CLASSIFICAÇÕES DAS PENAS


Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela pena:
a) Pena privativa de liberdade: máximo de 40 anos (art. 75) e 5 para contravenções
penais (art. 10)
b) Pena restritiva de direitos (art. 43)
c) Pena de multa
d) Pena restritiva de liberdade (banimento – vedado; proibição de se aproximar da vítima
ou de local; deportação, expulsão e extradição – natureza administrativa)
e) Pena corporal: vedada. Admite-se, excepcionalmente, pena de morte, em caso de
guerra declarada contra agressão estrangeira (art. 5º XLVII a), nas hipóteses previstas
no CPM.
Quanto ao critério constitucional: rol exemplificativo no art. 5º XLVI e XLVII.
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e XLVII - não haverá penas:
adotará, entre outras, as seguintes: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
a) privação ou restrição da liberdade; termos do art. 84, XIX;
b) perda de bens; b) de caráter perpétuo;
c) multa; c) de trabalhos forçados;
d) prestação social alternativa; d) de banimento;
e) suspensão ou interdição de direitos e) cruéis

Quanto ao critério adotado pelo CP: art. 32


ABOLICIONISMO PENAL
Debate crítico sobre o fundamento, finalidade e instituições da Pena. Propõe-se a
descriminalização e despenalização de condutas. A forma atual é falha: a reincidência só
aumenta. Além disso, há ineficiência, cifras negras e seletividade. Fala-se em direito penal
subterrâneo compostos pelos crimes decorrentes do exercício arbitrário de direito de punir.
O problema penal seria solucionado por outros meios, notadamente com o atendimento
prioritário à vítima, alocando melhor os gastos com o sistema punitivo. Variantes:
c) Abolicionismo fenomenológico: sistema penal é um problema em si mesmo, uma
inutilidade, acarreta sofrimentos desnecessários e distribui uma justiça socialmente
injustas, causando inúmeros efeitos negativos.
d) Abolicionismo fenomenológico-historicista: vinculam o sistema penal à estrutura do
sistema capitalista, defendendo o fim de todo e qualquer método de repressão
existente na sociedade, num esforço de limitação da dor.
e) Crítica: é considerado uma utopia até mesmo pelos representantes do direito penal
mínimo e do garantismo penal.

JUSTIÇA RESTAURATIVA* PONTO IMPORTANTE


Originou-se nas décadas de 1960 e 1970 nos EUA, em um contexto de crise do ideal
ressocializador e da ideia de tratamento através da pena privativa de liberdade, que
desencadeou o desenvolvimento de ideias de restituição penal e reconciliação com a vítima e
com a sociedade.
Na mesma época, eclodiram teorias criminológicas de reação social (labelling approach e
teoria crítica), críticas à forma como o fenômeno criminal era encarado pela criminologia
tradicional. Essas teorias influenciaram o surgimento de ideias abolicionistas, calcados na
disfuncionalidade do Direito Penal.
A Justiça Restaurativa é fruto de uma conjuntura complexa, notadamente influenciada pelo
abolicionismo (ao contestar as instituições repressivas e apontar seus efeitos deletérios) e a
vitimologia (ao ressignificar o papel da vítima no fenômeno criminal).
No Brasil, embora não represente um ideal puro de Justiça Restaurativa, a Lei 9099/95 é o
marco inicial das práticas e valores restaurativos no campo legislativo, pois viabiliza uma nova
forma de interação em torno do crime, aproximando o ofendido e infrator na busca da
reparação do dano. A Lei 11.719/08 (alterou o CPP) confirmou a tendência, ao permitir que o
Juiz fixe valor indenizatório mínimo à vítima na sentença condenatória.
O tema ganha reconhecimento normativo no país a partir da formulação de uma política
nacional por meio da Resolução 225/2016 do CNJ, declaradamente inspirada em Resoluções
do ECOSOC-ONU: N. 26/99 (Desenvolvimento e implementação das medidas de mediação e
justiça restaurativa na justiça criminal); N. 14/00 (Princípios básicos para utilização de
programas restaurativos em matérias criminais) e N. 12/08 (Princípios básicos para a
utilização de programas de Justiça restaurativa em matéria criminal),
A despeito de sua origem histórica e dos ideais que levaram à sua construção, não há
incompatibilidade entre a Justiça Restaurativa e os crimes vagos (multivitimários ou de
vitimas difusas), isto é, aqueles que não possuem sujeito passivo determinado, sendo esse a
coletividade. A inexistência de uma vítima concreta nos crimes vagos não impede a utilização
das práticas restaurativas para que se busque junto ao infrator a autoconscientização dos
problemas pessoal e social causados pelo delito. E, embora não haja vítima determinada, é
possível o reconhecimento de atingidos direta ou indiretamente pelo crime, como membros
da comunidade. O art. 1º, I, da R. 225/16 dispõe: “é necessária a participação do ofensor, e,
quando houver, da vítima, bem como, das suas famílias e demais envolvidos no fato danoso,
com a presença dos representantes da comunidade direta ou indiretamente atingida pelo
fato e de um ou mais facilitadores restaurativos”.

TRÊS MODELOS DE REAÇÃO SOCIAL AO DELITO:


a) Modelo dissuasório (clássico ou retributivo): aqui prevalece nosso sistema na realidade
b) Modelo ressocializador: ineficaz, provocando um novo modelo:
c) Modelo restaurativo:
Foca na restauração do mal provocado pela infração penal, pois o crime não necessariamente
lesa os interesses estatais, difusos ou coletivos, e sim de uma vítima identificada. Assim, o
litígio passa a ser protagonizado pela vítima e seu ofensor, surgindo a possibilidade de
conciliação e restauração dentro de um ambiente seguro. Ainda, não mais se imputa a
responsabilidade pelo crime pessoalmente ao autor, mas a toda sociedade, que falhou na
missão de vida pacífica em grupo. Os procedimentos formais e rígidos cedem aos meios
informais e flexíveis, prevalecendo a disponibilidade da ação penal. Promove
autodeterminação, coragem e maturidade ao agressor para responsabilizar-se pelos efeitos
de sua conduta aos seus pares.
Exemplos: reparação do dano na transação penal; conciliação entre ofensor e ofendido como
forma de extinção da punibilidade em IMPO; fixação do valor mínimo indenizatório em
sentença; Resolução 225/2016 CNJ e Resolução 118/2014 CNMP (Política Nacional de
Incentivo à Autocomposição no âmbito do MP).

Princípios básicos e regras procedimentais de segurança:


1) Participação da vítima e agressor depende do consentimento válido de ambas as partes,
cabendo desistência (procedimento simples e de fácil compreensão)
2) Vítima e agressor precisam aceitar como verdadeiro o episódio criminoso, e o agressor
deve reconhecer sua responsabilidade
3) Direito ao aconselhamento jurídico
4) Encaminhamento da justiça retributiva à restaurativa pode ocorrer em qualquer
momento (investigação ao trânsito)
5) Deve considerar as diferenças existentes entre vítima e agressor
6) Confidencialidade, salvo se as partes convencionarem ou a publicidade para os agentes
públicos de persecução penal for exigida por lei ou interesse público
7) Aceitação da responsabilidade e descumprimento do acordo não podem ser usados como
prova contra ele ou como motivo para punição mais severa
8) Condução por pessoa preparada, aceita pela coletividade e imparcial

JUSTIÇA PENAL NEGOCIADA – DIREITO PENAL NEGOCIAL***


Conceito: Conjunto de instrumentos destinados a resolução consensual dos conflitos penais,
visando (a) evitar a própria instauração do processo penal; (b) possibilitar a suspensão do
processo já instaurado; (c) oportunizar o julgamento abreviado do mérito e estabelecimento
consensual das sanções penais ao réu.
Finalidade: eficiência. Direcionar Estado para casos complexos. Facilita restauração.
Críticas: violação de ampla defesa, contraditório; ausência de voluntariedade dos acordos;
risco de aumento dos erros judiciais; prejuízo que a inabilidade dos defensores pode causar ao
réu; mercantilização do processo penal.
 MPF é favorável – NOTA TÉCNICA 2ª CCR – 2019.
Origem no sistema norte-americano da plea bargaining que permite a transação entre as
partes por meio da imprescindível admissão de culpa.
 Obs: Bruno Barros inclui transação penal e sursis processual
nos negócios, casos em que não há admissão da culpa.
no modelo italiano do patteggiamento que as partes (acusação e defesa) “estabelecem um
acordo sobre a sentença e pedem ao juiz para aplicar a pena acordada, competindo a esse
realizar um juízo de legalidade, podendo absolver o acusado a partir de análise da prova
colhida. Nesse caso, o juiz deve fazer, também, uma valoração da pena com
proporcionalidade e adequação, conforme decidiu a Corte Constitucional da Itália na
decisão n. 313, de 1.990.

A Absprachen (Alemão), por sua vez, consiste em uma espécie de acordo que ocorre,
geralmente, na fase judicial, entre o juiz e o acusado com o seu defensor, sem uma
participação ativa do Ministério Público. Nesse modelo, a confissão não é suficiente, por si
só, para gerar uma sentença antecipada com pena menor, tendo o juiz o dever de buscar a
verdade. Esse acordo, que depende de homologação judicial, tem a finalidade de encurtar a
macha processual, tendo o acusado direito ao conhecimento de todas as provas. O modelo
alemão de negociação da sentença criminal surgiu na prática judiciária, sem previsão legal,
em 1.970, e foi introduzido na legislação em 2.009. O Tribunal Constitucional alemão já
decidiu sobre a constitucionalidade do acordo em mais de uma ocasião, cabendo destacar a
decisão de 2.013 que estabeleceu, quanto ao acordo, a necessidade de: busca da verdade
por parte do judiciário; somente contemplar o objeto do processo; o acordo e seu conteúdo
serem registrados em audiência; o arguido ser devidamente orientado, com possibilidade de
recurso.

Exemplos:
 Colaboração premiada (art. 4º ss – Lei 12850/13 – Lei do Crime Organizado –
concessão de imunidade)
 Acordos de Leniência (extinção da punibilidade)
 Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A – CPP – Pacote Anticrime): negócio
jurídico formalizado por escrito e firmado pelo MP, pela investigado e por seu
defensor, cabível nas infrações penais praticadas sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 anos, obrigatoriamente homologado em audiência pelo juízo
competente, qual seja, o juiz de garantias (isto suspenso). Somente pode ser celebrado
quando não for o caso de arquivamento e depende de confissão formal e
circunstanciada. Em troca do não oferecimento da denúncia, o investigado sujeita-se
ao cumprimento de condições não privativas da liberdade pactuadas com o parquet. O
cumprimento integral constitui causa de extinção da punibilidade.

TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS (Criminologia)


Zimbargo (EUA, 1969). Abandono de carro em área rica e área pobre, e só área pobre destruiu.
Conclui-se que a pobreza é um fator determinante da criminalidade. Quebraram-se as janelas
do carro deixado na área rica, e logo o carro também foi destruído. O que causa a
criminalidade não é a pobreza, mas a sensação de impunidade/despreocupação com as
regras de convivência/ausência do Estado.
Wilson e Kelling (1982). Desenvolveram a teoria para dizer que se pequenos delitos não são
punidos (lesões, furtos), abre-se espaço para crimes mais graves. Em 1994, o prefeito de NY
implementou a Política de Tolerância Zero.
Associa-se ainda à Teoria dos Testículos quebrados ou despedaçados segundo a qual se os
responsáveis por delitos de pouca gravidade forem perseguidos com eficácia pela polícia
fugirão para locais distantes, para violarem a lei penal sem serem frequentemente molestados
pelo Estado.

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE


CONCEITO: Sanção penal que retira do condenado seu direito de locomoção, em razão da
prisão por tempo determinado.
ESPÉCIES: reclusão e detenção (crimes) e prisão simples (contravenções penais).
REGIMES PENITENCIÁRIOS:
Art. 33. § 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL: segundo reincidência, quantidade de pena e circunstâncias


judiciais (art. 33 §§ 2º e 3º). A gravidade abstrata do crime, por si só, não pode acarretar em
regime inicial fechado, pois esta já foi considerada pena abstrata (STJ).
 É juiz sentenciante que fixa o regime inicial (art. 59, III)
o Mas, se durante a execução penal, surgirem outras condenações transitadas
em julgado, o juízo da execução deverá somar para fixar o regime.
 No concurso, leva-se em conta o total das penas
o Somadas: concurso material e formal imperfeito)
o Exasperadas: concurso formal perfeito e crime continuado)
COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DA LIBERDADE: Juízo das execuções
penais (art. 1º da LEP):
Súmula 192 STJ
Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral quando recolhidos em
estabelecimentos sujeitos à administração estadual.

JURISDICIONALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO PENAL: Híbrida – judicial e administrativa. Em face da


crescente jurisdicionalização, as decisões do juiz da execução comportam agravo (sem efeito
suspensivo) previsto no art. 197 da LEP, que segue o rito do RESE (art. 581 e ss do CPP),
notadamente pela identidade de prazos:
Súmula 700 STF
É de 5 dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal.
 Diretrizes da execução penal estão na Resolução 280/2019 do CNJ

RECLUSÃO E DETENÇÃO (art. 33, CP)


Não há diferença substancial, mas apenas de caráter formal, por exemplo, quanto:
a) À aplicação de tratamento ambulatorial (art. 97)
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
a. STJ já superou, com a reforma psiquiátrica de 2001, a regra é a não internação
b) Aos regimes iniciais de cumprimento
a. Reclusão: fechado, semiaberto e aberto
b. Detenção: semiaberto ou aberto, salvo necessidade de transferência para
regime fechado (transgressão)
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou
aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) Em caso de aplicação cumulativa, aplica-se a reclusão primeiro (art. 69).
d) A reclusão pode ter como efeito a condenação a incapacidade para o exercício do
poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos cometidos
familiar/tutelado/curatelado (art. 92, II)
e) Lei de interceptação telefônica: não pode se for punido apenas com detenção

DETENÇÃO: Inicialmente em regime semiaberto ou aberto, mas é possível a regressão para o


regime fechado.
a) Semiaberto: reincidente ou primário superior a 4 anos
b) Aberto: primário inferior a 4 anos (salvo circunstâncias judiciais)

PRISÃO SIMPLES (art. 6º, LCP)


Prevista para as contravenções penais, isolada ou cumulativa à multa. Sem rigor penitenciário,
em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, separado, em regime
semiaberto ou aberto (não há regime fechado nem em caso de regressão ). Há critérios
mínimos arquitetônicos.

LÍDERES E ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS & PACOTE ANTICRIME: Iniciarão o cumprimento da


pena obrigatoriamente em estabelecimentos de segurança máxima (ou seja, regime fechado).
Art. 2º § 8º da LOC.

FASES DE INDIVIDUALIZAÇÃO DAPENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


A. FASE PRIMÁRIA (art. 59, I e II):
a. Eleição da espécie e quantum da pena prevista no preceito sancionador do
tipo
b. Sistema trifásico (art. 68) – violação acarreta nulidade
i. Pena base, com análise das circunstâncias judiciais
ii. Pena intermediária, com agravantes e atenuantes (circunstâncias legais)
iii. Pena definitiva, com causas de aumento e redução de pena
B. FASE SECUNDÁRIA (art. 59, III):
a. Opção pelo regime de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 33)
i. Quantidade e espécie de pena
ii. Reincidente ou não
iii. Circunstâncias judiciais
C. FASE TERCIÁRIA (art. 59, IV)
a. Substituição da pena privativa de liberdade para penas restritivas de direitos
e/ou multa; ou (art. 44)
b. Opção pena suspensão condicional da pena (SURSIS) (art. 77)
c. Decisão sobre necessidade de prisão preventiva ou outra medida cautelar,
sem prejuízo do conhecimento da apelação

SISTEMA TRIFÁSICO (art. 68)


APLICAÇÃO DA PENA - Ato judicial fundamentado e discricionário juridicamente vinculado
conforme a teoria das margens, ou seja, limite mínimo e máximo para a dosimetria da pena.
Tem como pressuposto a culpabilidade do agente (imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa), assim como a periculosidade é pressuposto da
medida de segurança.
 Para a pena de multa adotou-se o sistema bifásico: 1º Número de dias-multa 2º valor
do dia-multa. Há quem defenda um quarto critério – quadrifásico (substituição da PPL
por PRD)

QUAL A DIFERENÇA ENTRE CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS ou JUDICIAIS:


d) Judiciais: relacionadas ao crime e ao agente – dependem de valoração judicial. São
subsidiárias, somente incidem quando não configuram circunstâncias legais. (1ª FASE)
e) Legais: previstas no CP e Legislação especial – qualificadoras, atenuantes e agravantes
genéricas e causas de diminuição e aumento de pena
1. Agravantes genéricas: taxativamente na Parte Geral do CP (61, 62) (2ª FASE) – Lei não indica
quantidade de aumento.
2. Causas de aumento de pena, obrigatórias ou facultativas ou qualificadoras em sentido
amplo: Parte Geral, Especial e Leis Especiais – quantidade fixa ou variável, podendo elevar a
pena acima do máximo (3ª FASE)
3. Qualificadoras: penas próprias
4. Atenuantes genéricas: exemplificativamente na Parte Geral (2ª FASE)
5. Causas de diminuição da pena, obrigatórias e facultativas. Podem reduzir abaixo do mínimo
legal (3ª FASE)
Pode compensar? Só na mesma fase (jud x jud).

Premissas básicas: pena só pode superar limites na 3ª fase (causas).


a) Pena-base deve navegar dentro dos limites legais da infração penal.
b) Agravantes e atenuantes genéricas não podem ir além dos limites
c) Causas de aumento e diminuição são aplicadas sobre a reprimenda resultante da
segunda fase, e não sobre a pena-base, e podem acarretar em pena acima dos limites
d) Na ausência de agravantes e atenuantes genéricas, causas de aumento e diminuição
de pena, a pena-base será definitiva.
Se houver excesso, caberá recurso para redimensionamento da pena.

Juiz deve respeitar essa ordem. A violação implica em nulidade da pena.


A. 1ª ETAPA: Determinação da Pena-base – deve respeitar limite mínimo e máximo.
Se o tipo prever penas alternativas (detenção ou multa) juiz decide antes. Contam-se os limites a partir do crime
qualificado, se houver. Se houver mais de uma qualificadora, uma qualifica o crime e outra vira agravante genérica
na 2ª fase (se prevista como) ou circunstâncias judiciais desfavoráveis (1ª fase).
Fixa-se a pena aplicável dentre as cominadas e a quantidade de pena aplicável, dentro dos
limites previstos (art. 59, I e II) com análise das CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS, que são
subsidiárias para evitar o bis in idem, que são oito (art. 59)
a) Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente (pessoa)
a. Culpabilidade: grau de reprovação - extrema maldade/crueldade; cuidado para não
transformar em Direito Penal do Autor
i. Há maior grau de reprovação no policial que usa da autoridade pública para
concussão (info 835)
b. Maus Antecedentes: só se houver trânsito em julgado (a atual relativização do
princípio da presunção de inocência não chegou até aqui) que não configure
reincidência (passada do prazo depurador de 5 anos da extinção da pena; crime militar próprio
ou político; novo crime cometido antes da condenação definitiva por outro delito )

STF 2020
Sistema da perpetuidade
Não se aplica para o reconhecimento dos maus
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
TEMA 150.
 Alinha-se à isonomia e a individualização da pena
 (2ª Turma já decidiu diferente)
Súmula 636 STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a
comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
Súmula 241 STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Súmula 444 STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base.
 Art. 20, pu, CPP: sequer podem constar na folha de antecedentes.
Transação penal e ANPP não caracterizam maus antecedentes. Não há trânsito.
Não são maus antecedentes crime cometido posteriormente ao crime cuja pena se
esteja a individualizar.
c. Conduta social e personalidade do agente: natureza não-criminal.

b) Motivos, circunstâncias e consequências do crime (fato)


a. Se for inerente ao próprio crime (gravidade abstrata) não pode ser considerada. Só o
que transcende a normalidade poderá ser considerado
b. É má circunstância situação em que a vítima nutria plena confiança no agente ( INFO
576)
c. Elevado custo da persecução penal ao Estado não é consequência negativa ( INFO 555)

c) Comportamento da vítima: sempre em benefício do réu

Doutrina: recomenda-se que casa circunstância favorável reduza em 1/8 e


desfavorável aumente 1/8 em relação à diferença entre mínima e máxima da pena
abstrata; somando-se a pena mínima.
Ex.: furto tem pena Mín. de 2 e Máx. de 8 anos. A diferença entre mínima e máxima
é 6. Cada circunstância favorável reduz 1/8 de 6 anos (9 meses), somar-se-á à pena
mínima.
Obs.: mas juiz pode fundamentar outra conta
Pena mínima dispensa fundamentação segundo STJ (I 492). Mas MASSON critica,
pois sociedade tem direito em saber as razões para pena mínima.
B. 2ª ETAPA: determinação da PENA INTERMEDIÁRIA, com a consideração das
circunstâncias legais – agravantes (art. 61 a 64) e atenuantes (art. 65) – regra para crimes
dolosos (não se aplica aos culposos). São obrigatórias. Não podem ultrapassar limites da
pena. No Júri, são aplicadas diretamente pelo juiz-presidente, desde que alegadas nos
debates (CPP, 492, I, b)
Circunstâncias Agravantes (rol taxativo)
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I – reincidência
II – ter o agente cometido o crime [somente aplicáveis nos crimes dolosos e preterdolosos – INFO
541 STJ]:
No julgamento do Navio Bateau Moche o STF (1995) decidiu que agravantes também
recaem sobre crimes culposos.

a) por motivo fútil ou torpe


Ausência de motivo: não.
Ciúme: não.
Embriaguez: divergência. Masson não. STJ sim (Resp 908396)
Vingança: depende
Pode ser fútil ou torpe, nunca ambos.

b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime


c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum
Meio insidioso: estratagema, dissimulado, sub-repticiamente, sem ser notado. Ex.:
veneno.

e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge


Exige-se prova documental.
NÃO ABRANGE COMPANHEIRO (seria analogia vedada).

f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de


hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma de lei específica
Abuso de autoridade privado. Excluem-se as relações de d. público.
INSERE-SE O COMPANHEIRO NESTA ALÍNEA.
Relações devem existir ao tempo do crime. Não importa local.

g) com abuso de poder ou violação de dever inerente ao cargo, ofício, ministério ou profissão
Abuso de poder: Ambiente público. Pode ser crime autônomo (ex.: violação de sigilo
funcional) ou enquadrar na Lei de Abuso de Autoridade.
Violação de dever inerente: Ambiente privado.

h) contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida


i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou desgraça
particular do ofendido
l) em estado de embriaguez preordenada

Agravantes no Concurso de Pessoas


Art.62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I – promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
Autor de escritório. Autor intelectual (partícipe que pode ser punido mais gravemente,
conforme teoria monista). Demanda-se hierarquia (não sugestão).

II – coage ou induz outrem à execução material do crime


III – instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal
IV – executa ou crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa

REINCIDÊNCIA
Não é bis in idem, mas punição mais rigorosa daquele que demonstrou não se intimidar com
a autoridade estatal (por isso demanda trânsito).
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior.
Não haverá reincidência se a denúncia do novo crime não contiver data
de seu cometimento, impossibilitando cotejo com o trânsito. (I 505 STJ)
Concurso Reincidência e confissão:
STJ: se compensam (exceção multirreincidente)
STF: reincidência prevalece
Para crime cometido no estrangeiro, não precisa de homologação do
STJ, mas trânsito em julgado.
Não importa natureza da pena anterior, se multa, PRD, PPL... Mas
condenação por posse
de droga para consumo pessoal
não gera reincidência (despenalizada) – INFO 632
2018.
Isto porque se não há previsão legal de pena privativa de liberdade,
considerar em desfavor do agente a reincidência significa lhe conferir
tratamento mais severo do que se houvesse sido ele condenado por
contravenção penal, que, passível de prisão simples, não gera
reincidência quando cometido outro crime
STJ: Os atos infracionais não geram reincidência nem maus
antecedentes.
SÚMULA 241 STJ
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
 Salvo se houver múltiplas condenações definitivas: uma será
agravante e outra como maus antecedentes.
Prova da reincidência?
Súmula 636 STJ – Folha de antecedentes criminais é suficiente.
INFO 982/2020 – Não há forma específica de comprovação da
reincidência. STF flexibilizou para informações extraídas de páginas na
internet mantidas pelos tribunais.
Espécies
Real, própria ou verdadeira: após ter cumprido integralmente a pena.
Presumida, ficta, imprópria ou falsa: cumprida ou não a pena.  CPP.

Genérica: tipos penais diferentes.


Específica: mesmo tipo penal.
 CP, 44 § 3º: vedada substituição da PPL por PRD para reincidente
específico
 CP, 83, V: Vedado livramento condicional para reincidente
específico em crimes hediondos
Terminologias
Tecnicamente primário: possui condenação definitiva e não é
reincidente.
a) Não praticou crime após o primeiro trânsito
b) Passou prazo depurador de 5 anos
Multireincidente: três ou mais condenações definitivas.
Efeitos da reincidência
1 – Na pena de reclusão, é regime fechado. Na de detenção, semiaberto.
2 – No doloso, impede PRD substitutiva
3 – No concurso com atenuantes genéricas, prepondera
4 – No doloso, salvo só multa, impede sursis
5 – Autoriza revogação do sursis, do livramento condicional, da
reabilitação, salvo só multa
6 – No doloso, aumento prazo para livramento condicional
7 – Nos hediondos, específica, impede livramento condicional
8 – Se antecedente à condenação, aumenta de 1/3 o prazo da prescrição
executória
9 – Se posterior à condenação, interrompe a prescrição executória
 súmula 220 volts!!
10 – Impede privilegiado: furto, apropriação indébita, estelionato e
receptação
11 – obsta transação penal e suspensão condicional do processo
12 – No doloso, autoriza prisão preventiva
13 – impede ANPP
14 – Impede liberdade provisória
15 – aumenta prazo da PPL no regime mais gravoso para fins de
progressão
Reconhecimento equivocado = erro judiciário (INFO 590)

Art. 64. Para efeito de reincidência: SISTEMA DA TEMPORARIEDADE (entre a extinção 


cometimento)
I – não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado
o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
Em caso de sursis, o período é contado do início do período de prova
(audiência admonitória) e não da extinção da pena.
E se houver extinção da punibilidade do crime anterior, desaparece a
reincidência? DEPENDE do momento-espécie.
a) Extinção antes do trânsito: não há reincidência, pois não há
trânsito
b) Extinção após o trânsito, pode haver se não for anistia e abolitio
criminis.
DEPOIS DOS 5 ANOS É MAUS ANTECEDENTES (stf não entendeu pelo
direito ao esquecimento).

II – não se consideram crimes militares próprios e políticos.


Crimes políticos?
a) Próprio/puro: ofende apenas a segurança ou organização do Estado (Lei
de Segurança Nacional)
b) Impróprio/impuro/relativo: ofende também bem jurídico da legislação
comum
GERAM REINCIDÊNCIA NÃO GERAM REINCIDÊNCIA
Crime  Crime Contravenção  Crime
Contravenção  Contravenção (Art. 7º, LCP)
Crime  Contravenção Crimes militares próprios
Crimes políticos
TJ há 5 anos (maus antecedentes)

Circunstâncias Atenuantes (rol exemplificativo)


Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I – ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de 70, na data da sentença
Estatuto do Idoso que prevê “60” não revogou, porque aqui não se fala de idoso, mas
de “70”. Vale a data da publicação da sentença ou do acórdão condenatório.

II – o desconhecimento da lei
III – ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano
No arrependimento eficaz, o delito não se consuma.
No arrependimento posterior é antes do recebimento da denúncia.

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de grave emoção, provocada por ato injusto da vítima

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria


COMO FUNCIONA?
REGRA GERAL: Se o juiz utilizar na sua convicção, aplica atenuante:
Súmula 545 STJ
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65 III d CP.

POR ISSO: Se feita no inquérito e retratada na ação, NÃO caberá


atenuante (INFO 501/08 STF)

QUAL O TEMPO LIMITE? TRÂNSITO EM JULGADO.

EXCEÇÃO 1: TRAFICANTE QUE SÓ CONFESSA USO PRÓPRIO


Súmula 630 STJ
A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito
de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não
bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.

E NO ROUBO, SE CONFESSAR SÓ O FURTO? CABE ATENUANTE, pois é


elementar do roubo! (STJ, 2017)

EXCEÇÃO 2: E SE CONFESSAR, SÓ QUE AMPARADO EM EXCLUDENTE


(CONFISSÃO QUALIFICADA)? NÃO caberá atenuante (STF). STJ tem
precedente contrário.

INFO 413/09 – STJ já decidiu ser prescindível a espontaneidade, bastando a


voluntariedade. Para o CP, espontânea é aquela que não visa só o benefício
da redução.

INFO 569/15 – STJ: Confissão pode ser parcial (não precisa alcançar
qualificadoras ou causas de aumento da pena)

INFO 464 – Prisão em flagrante, por si só, não impede confissão


espontânea.
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou
Atenuante genérica (ATENUANTES INOMINADAS):
Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
 COCULPABILIDADE – ZAFFARONI. Mas STJ não vem aceitando (2019), salvo
julgamento específico em 2017 (HC 411243)

CONCURSO DE CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES GENÉRICAS: RPM


prepondera
 Reincidência
 Personalidade do agente
 Motivos determinantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se
do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se
como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincidência.
É cabível a compensação entre agravantes e atenuantes equivalentes na mesma
etapa. O legislador não forneceu um valor prefixado. A doutrina sugere que seja
utilizada a fração de 1/6 da pena base, que equivale ao menor índice da Lei Penal,
indicado em causas de aumento e diminuição.
Ex.: reincidência X coação resistível – pena aumenta
Ex2.: relevante valor moral (motivo determinante) X concurso de pessoas – diminui
Ex3.: confissão (personalidade) X concurso de pessoas– pena diminui
SÚMULA 231 STJ
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
 MAIORIA da doutrina é contra essa súmula por não ser razoável e remontar o critério
bifásico (pena base e intermediária é um só momento); é contrária também a súmula 545; é
contrária ao princípio da individualização da pena, pois o réu com atenuantes recebe o
mesmo tratamento que o que não tem
SÚMULA 545 STJ
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o
réu para jus à atenuante prevista no art.65, III, d, do CP.
 Até qualificada: confessa autoria, mas tem tese defensiva
STF – REINCIDÊNCIA prevalece sobre confissão espontânea, sendo incabível
compensação. Mas STJ firmou entendimento no sentido contrário, permitindo
compensação entre REINCIDÊNCIA e CONFISSÃO ESPONTÊNEA no tráfico (2019 –
agravo do MPF desprovido), salvo se houver multireincidência (2019 – HC 466512)
STJ – Já admitiu compensação entre promessa de recompensa e confissão
espontânea.
STJ – Menoridade e reincidência se compensam.

Agravantes e Atenuantes Majorantes e Minorantes


2ª etapa 3ª etapa
Sempre na parte geral Tanto na parte geral quanto especial
Não tem valor prefixado (em regra, 1/6, e tem valor prefixado
as preponderantes vão prevalecer) PODEM ficar abaixo do mínimo legal
NÃO podem ficar abaixo do mínimo legal Não pode compensação
É possível compensação
C. 3ª ETAPA: fixação da PENA DEFINITIVA, com a fixação das causas de aumento e de
diminuição gerais e especiais (majorantes e minorantes), que podem ser obrigatórias ou
facultativas, no CP ou Especial, genéricas ou específicas, em quantidade fixa ou variável.
PODE IR ALÉM DO MÍNIMO e MÁXIMO LEGAL
Concurso de causas de diminuição e aumento de pena:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
causas de diminuição e de aumento.

Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte


especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Regra: incidência obrigatória (Parte Geral), sucessivamente, sem possibilidade de
compensação (regra é juros sobre juros – majora pena majorada; minora pena minorada,
evitando-se a pena zero).
o 1º aplica causa de aumento, 2º de diminuição (não pode compensar)
o 1º causa de aumento especial, 2º causa de aumento geral
o 1º causa de diminuição especial, 2º causa de diminuição geral
Exceção: concurso de causas da parte especial (aumento X aumento; redução X redução 
AMBAS ESPECIAIS): o juiz PODERÁ (não é obrigatório – INFO 755) limitar-se a um só aumento
ou diminuição, ainda que obrigatórias, prevalecendo a que mais aumente ou diminua
(Parágrafo único, art. 68)
Ex.: se houver duas majorantes, poderá usar as duas ou só a maior; e usar a menor
como agravante

FASE SECUNDÁRIA
Da individualização da pena
FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime:
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade

Três critérios (art. 33, CP):


A. Objetivo: quantidade de pena – art. 33 § 2º
B. Subjetivo: não reincidência – 33 § 3º c.c art. 59
C. Circunstâncias judiciais (novamente) – art. 59, III
Fixação (art. 33 § 2º): a serem cumpridas de forma progressiva segundo o mérito do
condenado:
a) Regime inicial fechado: pena superior 8 anos e reincidentes (salvo Súmula 269)
b) Regime semiaberto: condenado não reincidente, superior a 4 e não exceda a 8
(+circunstâncias) de reclusão ou detenção
a. Detenção – reincidente – inferior a 4 anos - semiaberto
c) Regime Aberto: condenado não reincidente, pena igual ou inferior a 4 anos
(+circunstâncias)
Exceção branda: FECHADO  SEMIABERTO (STJ não admite início no aberto se a condenação
for superior a 4 anos).
Súmula 269 STJ
É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
o STJ driblou o rigor da lei, pois, em regra, o reincidente vai pro regime fechado
 vai pro SEMIABERTO, se tiver 2 requisitos do ABERTO
Exceção rigorosa: o primário pode ser condenado a regime inicial mais rigoroso, conforme
circunstâncias judiciais do art. 59:
Art. 33. § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
 STF: Não há direito subjetivo ao regime de cumprimento penal mais brando.
Jurisprudência:
Súmula 718
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada.
Súmula 719
A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.
 STF: Sem gravidade concreta e motivação idônea é direito penal simbólico e direito
penal do inimigo.
Súmula 440 STJ e INFO 844/2016 STF
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade
abstrata do delito.
a) Fixar a pena base no mínimo legal = circunstâncias favoráveis

CRIMES HEDIONDOS
Inconstitucional o regime integral fechado para crimes hediondos e equiparados (drogas e
terrorismo). Aplica-se a tortura também (STJ) (Há decisão isolada do Min. Marco Aurélio no
STF – info 789 – declarando a constitucionalidade do regime inicial fechado p/ tortura)
Inconstitucional a vedação à progressão de regime. Pacote Anticrime criou porcentagens
específicas.

Tráfico de drogas privilegiado (art. 33 § 4º da Lei de Drogas). Há diminuição da pena de 1/6


a 2/3 desde que estejam presentes QUATRO requisitos CUMULATIVOS:
1) Primariedade
2) Bons antecedentes
3) Não se dedicar a atividades criminosas
4) Não integrar organizações criminosas
Ou seja, é um crime equiparado a hediondo, porém acompanhado de uma minorante. Mas
o STF decidiu que o tráfico privilegiado não se submete a Lei de Crimes Hediondos, pois
não tem natureza hedionda (INFO 831/2016). Portanto, não são exigíveis requisitos mais
severos para o livramento condicional tampouco incide vedação à progressão de regime.
JUIZ DA EXECUÇÃO PODE CORRIGIR REGIME PRISIONAL EQUIVOCADAMENTE FIXADO NA
DECISÃO CONDENATÓRIA? NÃO. Coisa julgada.

OBRIGATORIEDADE DE PRÉVIA EXECUÇÃO DAS PENAS MAIS GRAVES. Execução tem início
com a expedição da guia de recolhimento e, independentemente da ordem de sua expedição
ou chegada ao juízo da execução, deve iniciar pelo mais grave.

FASE TERCIÁRIA
Da individualização da pena
SUBSTITUIÇÃO DE LIBERDADE POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Art. 59, IV
Art. 44, CP
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela
Lei nº 9.714, de 1998)

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem


como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada
pela Lei nº 9.714, de 1998)

§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº
9.714, de 1998)

§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o


descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo
de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
d) Não é cabível no Código Penal Militar
Autônoma: não é acessória, vai substituir e não cumular
Súmula 493 do STJ
É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.

Momento: sentença condenatória (art. 59, IV), com base na pena aplicada, circunstâncias
judiciais e reincidência
Duração: art. 55, CP (mesma das PPL, salvo § 4º, art. 46)
 § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a
pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada

Requisitos objetivos (cumulativos):


a) Doloso sem violência: Pena igual ou inferior a quatro anos
b) Culposo: qualquer pena
Complementando:
I. Condenação igual ou inferior a um ano: multa ou PRD
II. Condenação superior a um ano: M + PRD ou 2PRD
Requisitos subjetivos:
a) Não reincidente em crime doloso
a. Mas se admite a substituição para o reincidente:
i. Medida seja socialmente recomendável em face da condenação
anterior (cometeu crime mais grave e depois menos grave, está
melhorando)
ii. Reincidência em crimes distintos (não seja reincidência específica)
b) Culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do condenado e as
circunstâncias indicarem que a substituição seja suficiente (MESMO TEXTO DO
REGIME)
a. Deixou de fora consequências e comportamento da vítima

PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL


Existem três sistemas:
a) Sistema da Filadélfia: preso fica isolado em sua cela, sem dela sair, salvo para passeios
em pátios fechados.
b) Sistema de Auburn: condeno, em silêncio, trabalha durante o dia com outros presos e
isola-se em período noturno
c) Sistema Inglês ou progressivo (CP e LEP, com algumas modificações): baseia-se no
isolamento do condenado no início do cumprimento da PPL, mas, num segundo
momento, é autorizado a trabalhar na companhia de outros presos. Na última etapa é
colocado em liberdade condicional.
Diferenças no Brasil:
a. No regime fechado, trabalho em comum diurno e isolamento noturno (art. 34
§§1º e 2º)
b. No regime semiaberto, trabalho em comum diurno, em colônia etc. (art. 35 §
1º) e é possível alojamento em compartilhamento coletivo (art. 92 LEP)
c. Regime aberto, fundado na autodisciplina e responsabilidade, fora do
estabelecimento para trabalhar, estudar ou outra atividade autorizada,
permanecendo recolhido durante o período noturno e dias de folga (art. 36,
caput, e § 1º)

Progressão de regime: integra a individualização da pena, em sua fase executória, e tem


como finalidade a ressocialização. Depende de dois requisitos cumulativos:
a) REQUISITO OBJETIVO (art. 112 LEP): cumprimento de parte da pena no regime
anterior.
a. No segundo regime (após progressão) utiliza-se a pena restante para o
cálculo (“a pena cumprida é extinta”).
b. STJ (2016): O termo inicial – data-base – para a segunda progressão é a data
em que o condenado efetivamente preencheu os requisitos (e não a data em
que ele ingressou no regime anterior – mora judiciária – pois a decisão do
Juízo das Execuções é meramente declaratória, não constitutiva). Assim, o
período de permanência no regime mais gravoso deve ser considerado para o
cálculo do futuro benefício, sob pena de ofensa ao princípio da dignidade do
apenado e seu direito de locomoção.
c. Nas condenações superiores a 40 anos, o percentual deve ser calculado sobre
o total da pena imposta:
Súmula 715 STF
A pena unificada para atender ao limite de 30 anos de cumprimento, determinado pelo art. 75
do CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional
ou regime mais favorável de execução.

Pacote Anticrime: antes era 1/6 da pena em cada um dos regimes, independentemente da natureza do crime (com ou
sem violência) e das condições pessoais do agente (reincidência). Somente persiste o percentual de 1/8 na
progressão especial para mulher gestante ou que for mãe de pessoa com
deficiência (art. 112 § 3º). Agora, existem diversas escalas de valores, variando de
16% a 70% de cumprimento da pena:
1) 16%: primário + sem violência
2) 20%: reincidente (genérica) + sem violência  também se aplica ao que só
cometeu 1 crime com violência e o segundo sem (omissão da lei)
3) 25%: primário + violência
4) 30%: reincidente em crime cometido com violência ( genérica, mas com violência)
5) 40%: primário + hediondo
6) 50%:
6.1) primário + hediondo + morte, vedado livramento condicional
6.2) comando de organização criminosa + hediondo ( primário ou reincidente)
6.3) crime de constituição de milícia privada ( primário ou reincidente)
7) 60%: reincidente + hediondo (reincidência genérica em hediondo)  se aplica ao que matou
no primeiro hediondo, mas no segundo não
8) 70%: reincidente + hediondo + morte (nos 2), vedado o livramento condicional
(reincidência genérica em hediondo)
§ 5º NÃO SE CONSIDERA HEDIONDO ou equiparado o crime de TRÁFICO de drogas
PRIVILEGIADO.

b) REQUISITO SUBJETIVO (art. 112 § 1º): Mérito (“boa conduta carcerária, comprovada
pelo diretor do estabelecimento”).
a. STF (I 595): Se forem aplicadas cumulativamente PPL + Multa, o
inadimplemento voluntário/deliberado desta impede a progressão, por
ausência de requisito subjetivo. Exceção: prova da absoluta impossibilidade
econômica.

Progressão especial para mulher gestante/mãe/responsável por crianças ou pessoas com


deficiência: gravidez deve ser comprovada por exame pericial e pode ser anterior ou posterior
a prisão (mulher pode engravidar na visita íntima para se beneficiar). A filiação é comprovada
por certidão de nascimento e a deficiência por laudo médio ou sentença de interdição civil.
Situação de responsável deve ser interpretada ampliativamente (até situações informais). Não
terá direito se suspender/perder judicialmente o poder familiar. Criança é menor de 12.
Requisitos:
1) Requisitos objetivos:
a. Não ter cometido crime com violência/ameaça
i. Se praticado com violência, incidirão os 25% e 30%, se reincidente em crime desta natureza
b. Não ter cometido crime contra o filho ou dependente
c. Ter cumprido 1/8 da pena no regime anterior
2) Requisitos subjetivos:
a. Primária
b. Bom comportamento carcerário
c. Não ter integrado organização criminosa (não há limite temporal: se já integrou, a qualquer
tempo – antes ou depois do crime – será incabível)
Revogação: prática de novo crime doloso ou falta grave, dependendo de decisão judicial com
ampla defesa, e não exclui regressão para regimes mais gravosos (art. 118, I, LEP).
Hediondos? Embora não tenha revogado este benefício, o Pacote Anticrime revogou a
“proteção especial” para esta mulher em crimes hediondos. Progressão seguirá regra geral.

Proibição da progressão “Por saltos” (fechado  aberto). Item 120 da Expô de Motivos e
Súmula 491 STJ. Somente é admissível em hipóteses tetaratológicas, como quando não há
vaga.

Condicionamento da progressão no caso de Crime contra Administração Pública: é


constitucional e não significa prisão por dívida (STF). Igual a questão progressão com
inadimplemento de multa; revogação obrigatória do sursis; impede extinção da punibilidade;
pode acarretar indeferimento do livramento condicional e indulto; afasta atenuante genérica
(art. 65, III, b).
Art. 33 § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

REGIME & PROGRESSÃO EM CRIMES HEDIONDOS


Inconstitucional o regime integral fechado para crimes hediondos e equiparados (drogas e
terrorismo). Aplica-se a tortura também (STJ) (Há decisão isolada do Min. Marco Aurélio no
STF – info 789 – declarando a constitucionalidade do regime inicial fechado p/ tortura)
Inconstitucional a vedação à progressão de regime.
Pacote Anticrime criou porcentagens específicas de progressão.

Tráfico de drogas privilegiado (art. 33 § 4º da Lei de Drogas). Há diminuição da pena de 1/6


a 2/3 desde que estejam presentes QUATRO requisitos CUMULATIVOS:
1) Primariedade
2) Bons antecedentes
3) Não se dedicar a atividades criminosas
4) Não integrar organizações criminosas
Ou seja, é um crime equiparado a hediondo, porém acompanhado de uma minorante. Mas
o STF decidiu que o tráfico privilegiado não se submete a Lei de Crimes Hediondos, pois
não tem natureza hedionda (INFO 831/2016). Portanto, não são exigíveis requisitos mais
severos para o livramento condicional tampouco incide vedação à progressão de regime.
Contagem será feita em apartado, veja que horror:

Processamento do pedido de progressão: análise do mérito é feito, em regra, pelo diretor do


estabelecimento, mas juiz pode requerer exame criminológico:
Súmula 439 STJ
Admite-se exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.

Progressão e prática de falta grave: interrompe, caso em que o reinício da contagem do


requisito objetivo terá como base a pena remanescente (art. 112 § 6º LEP), a contagem
reinicia-se a partir do cometimento dessa infração (Súmula 534 STJ).

Progressão e HC: NÃO CABE HC. Necessita de produção de provas (mérito do condenado).

Progressão e manutenção da organização criminosa: não pode progredir (PACOTE ANTI).


Art. 2 § 9º LOC: O condenado expressamente em sentença por integrar organização
criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir
de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios
prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo
associativo.

Progressão e colaboração premiada após o trânsito em julgado: pode progredir sem o


requisito objetivo. Não dispensa o requisito subjetivo, mas este é evidenciado pela
colaboração.
Art. 4º § 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou
será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.

Processo de expulsão impede progressão? NÃO. [Expresso no art. 54 § 3º da Lei de Migração].

Progressão é aplicável aos militares? SIM. Independentemente do local de cumprimento da


pena privativa de liberdade. Princípio da individualização é direito fundamental [INFO 487/18]

Há progressão na segurança máxima? NÃO!! O cumprimento em penitenciária de segurança


máxima afasta o requisito subjetivo (mérito). [STF – INFO 838/2016]

REGRESSÃO
Transferência para o regime mais severo, por:
a) Prática de fato definido como crime doloso
Súmula 526 STJ
O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena PRESCINDE do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
 Mas deve haver ampla defesa
 Crime culposo e contravenção: dá nada! Proibido analogia in malam paratem.

b) FALTA GRAVE: BASTA CONTRADITÓRIO + ADVOGADO


Súmula 533 STJ
Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor
público nomeado.
 Motivada (art. 59 e 118 § 2º)
 NÃO INCIDE A SÚMULA VINCULANTE Nº 5 (“a falta de defesa técnica por adv no PAD
não ofende a CF”)

RELATIVIZAÇÃO DESSA SUMULA /// SUPERAÇÃO


Não é necessária a realização de PAD para aplicação de falta grave, desde que haja
audiência de justificação realizada com a participação da defesa e do MP
A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação
realizada na presença do defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de
prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual
ausência ou insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de
falta grave durante o cumprimento da pena.
STF. Plenário. RE 972598, Rel. Roberto Barroso, julgado em 04/05/2020 (Repercussão
Geral – Tema 941) (Info 985 – clipping).

c) Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime (art. 118, II c/c art. 111): nesta hipótese, independe
de oitiva, pois é objetivo.

d) O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos
incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
cumulativamente imposta (art. 118 § 1º), ressalvada hipossuficiência (art. 50 § 2º CP),
portanto, exige-se a oitiva do condenado.
6. Parte da doutrina alega superação porque o art. 51 veda a conversão da pena
de multa em PPL.

REGRESSÃO POR SALTOS? SIM!


REGRESSÃO PARA REGIME MAIS GRAVE DO QUE O FIXADO NA SENTENÇA? SIM!
REGRESSÃO CAUTELAR? SIM! Pode haver suspensão judicial do regime benéfico até que o
condenado seja ouvido sobre regressão. “A suspensão cautelar acarreta no recolhimento do
condenado ao regime fechado, até decisão judicial definitiva. Se suas explicações forem
idôneas, o magistrado restabelecerá o regime prisional anterior, em caso contrário, a
regressão será convertida em definitiva (HC/13)

DETRAÇÃO PENAL
Computam-se na PPL e na MS o tempo de prisão provisória no Brasil ou estrangeiro, prisão
administrativa ou de internação (art. 42 CP). Evita-se o bis in idem. Na expressão prisão
provisória inclui-se qualquer prisão cautelar e processual (flagrante, temporária e preventiva).
Na medica de segurança o tempo deve ser subtraído do prazo mínimo, que varia de 1 a 3 anos
(CP, 97 § 1º).

COMPETÊNCIA: Para ser contabilizado na fixação do regime inicial (CP, 387, § 2º), é matéria de
competência do juízo de 1ª instância (ou Tribunal), na fase de conhecimento.

DETRAÇÃO POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS? SIM, nas de prestação de serviço,


interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana, pois são aplicáveis em
substituição às PPL pelo mesmo tempo de sua duração (CP, 55).

DETRAÇÃO E MULTA? NÃO. Proibida conversão em PRL (CP, 42).

DETRAÇÃO E SURSIS (Suspensão condicional da execução da PRL)? NÃO cabe detração no


período de prova do sursis (2 a 4 anos). Revogado o sursis, aí sim poderá aproveitar pena
cumprida antes do sursis para o novo cumprimento de pena.

DETRAÇÃO INFLUENCIA NO CÁLCULO DA PRESCRIÇÃO? STF (I 586)– NÃO. Não há aplicação


analógica de contagem da prescrição pelo tempo restante da pena após a fuga (CP, 113).

DETRAÇÃO E PRISÃO PROVISÓRIA SEGUIDA DE ABSOLVIÇÃO EM OUTRO PROCESSO? Pacífico


não se admitir se a absolvição foi anterior à prática do crime ( STF – I 476 e STJ – I 577 ). Ou seja, não
há crédito ou “Bill” – conta corrente penal para a indenidade. Se o fato criminoso ao qual se
busca detração tenha ocorrido antes da absolvição, STJ já entendeu que sim.

REMIÇÃO
É o benefício, de competência do juízo da execução, consistente no abatimento de parte da
PPL pelo trabalho ou pelo estudo (Súmula 341 STJ, consolidada na LEP).
TRABALHO: 3D X 1D - Súmula 562 STJ – ainda que extramuros (não há distinção da LEP +
ambos promovem a ressocialização). Não se aplica ao regime aberto, que pressupõe o
trabalho do preso. Somente há remissão para jornada completa de trabalho (+6 horas) e não
é possível aproveitar o excedente a 8 horas na mesma data (LEP, 33), pois é por dia, não por
hora (I 731).
 Mas STJ já permitiu contagem de 18 horas extras para um dia
 Mas STF já concedeu HC para Administração penitenciária que determinou a limitação
a 4 horas diárias e depois proporcionalizou em dias, dividindo por 6 h (I 860/2017).
 Devem ser considerados os dias efetivamente trabalhados, ainda que em
domingos/feriados/sem autorização do juízo da execução ou da direção (I 586 – STJ)

ESTUDO: 12H-3D (máx de 4 horas diárias, mínimo de 3 dias, mas pode acumular 12 horas em mais dias ) X 1D em
ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior ou requalificação profissional. O
tempo a remir será acrescido de 1/3 no caso de conclusão do EF, EM ou ES durante o
cumprimento de pena (LEP, 126 § 5º). STJ admitiu prêmio no caso de aprovação no ENEM.
Pode ser presencial ou EAD. Se aplica ao regime aberto e livramento condicional (LEP, 126 §
6º).
 Remição pela leitura e resenha de livros (fechado e semiaberto), mesmo quando
possível o trabalho e a educação formal. Analogia in bonam partem. INFO 837/STJ +
Portaria Conjunta 276 da Justiça Federal/DEPEN + Recomendação 44 CNJ.
 STJ tem alargada o alcance da remição, abarcando inclusive atividade musical em
coral (I 613).
INFO 677/STJ (2020) O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição
da pena: por trabalho ou por estudo.
Para fins de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser superior a 8 horas. O
STJ,
contudo, entende que eventuais horas extras devem ser computadas quando excederem a
oitava hora diária, hipótese em que se admite o cômputo do excedente para fins de remição
de pena.
No caso da remição pelo estudo, o reeducando poderá remir 1 dia de pena a cada 12 horas
de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias.
O STJ entende que, se o reeducando estudar mais que 12 horas, isso deverá ser
considerado
para fins de remição da pena.

REGRAS COMUNS: Não há limite (quanto mais, mais remição). Aplica-se a todos os crimes,
inclusive hediondos. Aplica-se aos presos provisórios (LEP, 2º e INFO 625/2018). O preso
impossibilitado por acidente continuará a beneficiar-se (LEP, 126 § 4º). Encaminhamento
mensal ao juízo da execução. Tempo remido é pena cumprida para todos os efeitos (LEP, 128)
e pena cumprida é pena extinta.

CUMULATIVIDADE DA REMOÇÃO PELO TRABALHO E ESTUDOS: SIM (LEP, 126 § 3º). Mas
somente será cabível nos regimes fechados e semiaberto, porque não há remição pelo
trabalho no regime aberto.

FALTA GRAVE E PERDA DOS DIAS: o juiz poderá revogar até 1/3 (pode ser inferior) do tempo
remido, observando o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da
infração disciplinar. Overruling da SV 9. Com a lei, não há direito subjetivo à remição em caso
de falta grave. Nunca poderá recair sobre labor posterior à infração (I 571).
 Súmula 533 STJ – Deve haver ampla defesa, TÉCNICA por advogado (exceção à SV 5)
 Na sindicância apura-se a prática da falta grave, mas somente o juízo da execução decreta
perda dos dias remidos
 A limitação de 1/3 só vale para perda de dias remidos (e não de livramento condicional e
comutação de pena)

REMIÇÃO FICTA NA IMPOSSIBILIDADE DO ESTABELECIMENTO? NÃO (INFO 904/2018)

EXECUÇÃO PROVISÓRIA (ANTECIPADA) ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO


1) Execução provisória do réu preso preventivamente: admite-se a execução antecipada da
pena. Benéfico, pois lhe permite pleitear benefícios como a progressão antes do trânsito. Tem
como pressuposto o trânsito em julgado para a acusação em relação à pena aplicada ou em
caso de pena fixada em patamar máximo. Pois, como só a defesa recorreu, a pena não poderá
ser aumentada (art. 617 CPP) ou já está no máximo. O art. 2º, parágrafo único, da LEP diz que
suas disposições se aplicam ao preso provisório. Competência do juízo da execução
Súmula 716 STF
Admite-se progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de
regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
INFO 581. Em execução provisória de pena fixada em ação penal originária, a expedição de
guia de recolhimento do réu cabe ao tribunal competente para processá-la e julgá-la.
2) Execução provisória de réu solto (sem prisão preventiva): tradicionalmente, era admitida,
sendo que o posicionamento foi alterado em 5/02/2009 (STF – HC 84.078/MG) e, em
17/02/2016 (HC 126.292/SP), voltou-se a regra original, no entanto, em 07/11/2019, nas ADCs
43, 44 e 54 (INFO 814) vedou-se a execução provisória de réu solto, condicionando-se ao
trânsito em julgado À luz do princípio da não culpabilidade e ressalvada a decretação de
prisão preventiva, declarando-se a constitucionalidade do art. 283 do CPP:
“Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada
em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva”
MASSON discorda:
a) Direito comparado: em nenhum país do mundo, depois do duplo grau, a execução fica
suspensa.
b) Relatividade da presunção de inocência: nenhum DF é absoluto e trata-se de princípio,
não regra.
c) Diplomas internacionais (DUDH, CADH, CEDH) impõem como término da presunção de
inocência a comprovação da culpa, duplo grau, o que não demanda trânsito em julgado
Em segundo grau, esgota-se o exame fático e probatório da demanda e atende-se ao
duplo grau.
d) Efetividade da justiça penal e ponderação: segurança individual e pública também são
direitos fundamentais; proibição da proteção insuficiente (proporcionalidade) e garantismo
integral. Não viola o núcleo fundamental.
CF não condiciona prisão à trânsito em julgado, mas a ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente.
Para as falhas, há HC e Medidas Cautelares.
e) Vantagens da execução provisória: direito coletivo à razoável duração do processo em
face aos instrumentos protelatórios de réus mais abastados e esse expediente favorece a
seletividade negativa e discriminatória do Direito Penal; combate às cifras douradas (crimes
do colarinho branco).
Sempre há um recurso. Sistema Penal não pode depender da anuência do réu em
parar de recorrer.
f) Análise do art. 283 do CP: para MASSON, a CF permite execução provisória ante a
relatividade da presunção de inocência, logo, o artigo é inconstitucional ou merece
interpretação conforme.

3) Execução provisória da pena e desaforamento: deslocamento só ocorre para o julgamento


popular, a execução permanece no juízo desaforado (INFO 605 STJ).

4) Execução provisória e prisão especial:


Súmula 717
Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

5) Execução Provisória e Tribunal do Júri & Pacote Anticrime: excepcionou da regra do art.
283, com base nos princípios constitucionais diferenciados do Tribunal do Júri: plenitude de
defesa (maior que ampla); soberania dos veredictos (impossibilidade de modificação, só anulação );
competência.
Art. 492.  Em seguida, o presidente proferirá sentença que:  I – no caso de condenação:
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado
de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de
que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução
pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação.
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual
ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata
o § 4º deste artigo, quando verificado cumulativamente que o recurso: 
I - não tem propósito meramente protelatório; e 
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença,
novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão. 
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na
apelação ou por meio de petição em separado dirigida diretamente ao relator , instruída
com cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da
tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da
controvérsia. 
 É norma penal, logo, não retroage a crimes praticados antes da sua vigência.

LIMITE DAS PENAS


Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a
40 (quarenta) anos
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja
superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo
deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á
nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA
Permissão de saída (dignidade) e Saída temporária (reinserção social)
Da Permissão de Saída
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos
provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta,
quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou
irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento
onde se encontra o preso.

Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à


finalidade da saída.
 É possível sua concessão pelo juízo da execução, nos casos em que o estabelecimento penal
não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária.

Da Saída Temporária
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto (STJ: compatível
também com prisão domiciliar por falta de vaga no semiaberto) poderão obter autorização
para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
 Estar no semiaberto é requisito. Não há direito subjetivo. Juiz
das execuções avalia caso a caso (INFO 592)
 Saída temporária não é aplicada ao preso provisório, que (i) não
é condenado; (b) não está no semiaberto.

I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou
superior, na Comarca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
§ 1º  A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de
monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
PACOTE ANTICRIME: § 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere
o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte.  
Como é exceção à saída sem vigilância, decisão deve ser
fundamentada. Violação poderá acarretar regressão do regime,
revogação da saída temporária ou advertência. Poderá ser revogada
se tornar-se desnecessária ou inadequada ou o condenado violar
deveres.
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um
quarto), se reincidente;
Súmula 40 STJ
Para obtenção dos benefícios da saída temporária e trabalho
extenso, CONSIDERA-SE o tempo de cumprimento da pena no regime
fechado.

III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena

Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada
por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
§ 1o  Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre
outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: 
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício;
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;   
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.

§ 2o  Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou


superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes.
§ 3o  Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo
de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.   
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido
como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou
revelar baixo grau de aproveitamento do curso.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo
penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado.
 STF admite as Saídas temporárias automatizadas (INFO 831 e 793), isto é, com
calendário anual de saídas fixado pelo juiz, dispensando-se procedimento para cada.
 STJ alterou seu entendimento para concordar com o STF, com algumas diretrizes: (a) a
regra é motivar cada uma, mas se a mora judicial foi interferir no direito subjetivo e
ressocialização, pode; calendário é só o juiz quem faz; admite-se fracionamento,
respeitado o limite anual de 35 dias; saidinhazz não exigem o intervalo de 45 dias.
Súmula 520 STJ
O benefício da saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

REGRAS DO REGIME FECHADO


Penitenciária (art. 87) (longe do centro). Embora na realidade ocorra fenômeno diverso, a
Cadeira Pública (próxima ao centro) destina-se exclusivamente ao recolhimento de presos
provisórios (art. 102 c/c art. 300 CPP). Art. 88: cela individual e linda! No início, condenado é
obrigatoriamente submetido a exame criminológico para individualização da execução.
Trabalho diurno e repouso noturno: período de silêncio. Este trabalho é obrigatório (exceto
para o preso provisório). Jornada de 6 a 8 horas, com descanso aos domingos e feriados.
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por
objetivo a formação profissional do condenado.
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos
empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração
adequada.
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de
oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios.
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios
adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou
recomendável realizar-se a venda a particulares.
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a
que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal.

Trabalho Externo: no regime fechado, em serviços ou obras públicas (art. 34 § 3º CP),


realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que
tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina (36, LEP), no limite de 10% do
pessoal.
 Regra: obrigatório. Recusa injustificada acarreta falta grave (art. 31, 39, V e 50, VI) 
logo impede progressão e livramento condicional.
o Não é obrigatório ao preso provisório e preso político
o Contravenções penais: trabalho facultativo se a pena de prisão simples não
exceder 15 dias
 A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do
preso.
o STJ (i 569): Pode ser prestado à empresa da família do condenado!
 Será autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e
responsabilidade + 1/6 da pena.
 Pode trabalho externo se crime hediondo? SIM! Não há restrição. Mas STJ já negou
para integrante de organização criminosa/necessidade de escolta (INFO 475)
 Remuneração: não pode ser inferior a ¾ do salário mínimo (39, CP e 29, LEP).

LOCAL DE CUMPRIMENTO DA PENA


STF: Sendo a família a base de sociedade, o ideal é o cumprimento da pena no local em que
reside, para facilitar o exercício do direito à assistência familiar e ressocialização, com a
ressalva do interesse social da segurança e da eficácia da segregação individual. Por isso, se
ligado a organizações criminosas, não há direito à remoção. Em regra, a execução da pena
deve ocorrer na mesma comarca em que se consumou o crime, mas há exceções, mediante
decisão fundamentada. E é legítima a transferência de presos em face do superpovoamento e
problemas estruturais.
 Art. 86: § 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade administrativa definir o
estabelecimento prisional adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em
atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos.
Estabelecimentos penais federais de segurança máxima: alterações do PACOTE ANTICRIME.
 Estados e DF podem construir estabelecimentos de segurança máxima.
Em situação de emergência:
Súmula 639 STJ
Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa,
determina a transferência ou permanência do custodiado em estabelecimento
penitenciário federal.
Quem pode requerer a transferência? Diretor, MP, preso.
A quem? Juízo de ORIGEM - Estadual – é quem decide necessidade ou não da transferência.
Que envia: Juízo Federal – se este rejeitar, o Estadual pode suscitar conflito de competência
perante o STJ.
 Efetuada, é o Juízo Federal da Execução Penal que será competente para decidir sobre
a execução da pena, sendo também atribuição da DPU, se necessário.
 JUÍZOS COLEGIADOS: PCT ANTICRIME – Autoriza julgamento colegiado para apreciar
transferência ou prorrogação da permanência (ar. 11-A)
 Líderes de organizações criminosas armadas: iniciam cumprimento na segurança
máxima (art. 2º § 8º - pct anticrime)

Quais são as características do regime fechado de segurança máxima?


a) Cela individual e banho de sol de 2 horas (não pode se comunicar com outros)
b) Visitas por meio virtual ou parlatório, com no máximo 2 pessoas por vez, além de
eventuais crianças, separados por vidro. Não há contato físico. Há quebra da
comunicação pois essencial para combate das organizações criminosas. Pode ser
suspenso.
a. Vedado monitorar celas e atendimento advocatício, salvo autorização judicial.
A violação caracteriza crime de violação de sigilo funcional (art. 325 CP)
b. Monitoramento não pode ser usado como prova de infrações penais
pretéritas ao ingresso no estabelecimento. Mas pode ser usada como prova
de infrações posteriores.
c) Monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de correspondência
escrita.

Qual o prazo de permanência do preso? TRÊS ANOS, RENOVÁVEIS SEM LIMITES, quando
motivadamente solicitado pelo JUÍZO DE ORIGEM.

REGIME DISCRIPLINAR DIFERENCIADO


PCT ANTI – Aumentou rigor. STF: constitucional. Parte da doutrina: ofende principio da
humanidade.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando
ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou
condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes características:

I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou,
no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas;
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o
preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado,
com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos
de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo
criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização
judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência,
garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso.

§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou


condenados, nacionais ou estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da
sociedade;
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer
título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
INDEPENDENTEMENTE DA PRÁTICA DE FALTA GRAVE.

§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o


condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a
qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.

§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa,


associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou
mais Estados da Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente
cumprido em estabelecimento prisional FEDERAL.

§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser


prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:

I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal


de origem ou da sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo
criminoso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e
os resultados do tratamento penitenciário.

§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá


contar com alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à
necessidade de se evitar contato do preso com membros de sua organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.

§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio
ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.

São três hipóteses de RDD:


a) Crime doloso, que constitui falta grave, desde que ocasione subversão da ordem ou
disciplina internas.
b) Apresentar alto risco para a ordem e segurança do estabelecimento penal e sociedade
c) Fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, independentemente de falta grave.

Como o preso é inserido no RDD? Decisão fundamentada do juízo da execução, mediante


requerimento do diretor ou outra autoridade administrativa, precedida de manifestação do
MP e da Defesa em 15 dias.
 Antes da autorização judicial do RDD, autoridade administrativa poderá decretar
isolamento preventivo por até 10 dias (abatidos do RDD)

Críticas ao RDD? Em concursos da Defensoria Pública, é pena cruel e viola dignidade. Em


concursos de MP, antes de ofender, assegura a integridade física do réu. O tratamento mais
rigoroso está em sintonia com a individualização e proporcionalidade da pena e interesse
coletivo de segurança. O RDD tem se mostrado seguro, sem rebeliões e evasões (STJ, HC
40300/2014). Experiências bens sucedidas no D. Comparado (Itália & Decisão da CEDH sobre a
compatibilidade de medidas especiais e mais severas para membros de organizações
criminosas).

REGRAS DO REGIME SEMIABERTO


Colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (LEP, 91). Dependências coletivas (LEP,
92). Exame criminológico previsto como obrigatório (CP, 35 – p. da individualização), mas
prevalece o entendimento de ser facultativo (CP, 8º, pu – princípio da especialidade “poderá”).
Trabalho comum no período diurno, admissível o trabalho externo e cursos (CP, 35 § 1º e 2º).
Trabalho externo não depende de prévio cumprimento de 1/6 da pena como no R. Fechado;
mas, como no R. Fechado, deve haver vigilância.
Falta de vaga: pode regime aberto ou prisão domiciliar. Não é admitido o alojamento
conjunto de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado (STF – I
861/2017).

REGRAS DO REGIME ABERTO


Autodisciplina e senso de responsabilidade ( CP, 36). Casa de Albergado (centro urbano). Deverá
ter alojamento e local para cursos e palestras ( LEP, 93/95). Condenado deverá trabalhar, cursar ou
outra atividade autorizada, permanecendo recolhido no período noturno e dias de folga ( CP, 36 §
1º). Não existe previsão de exame criminológico.
Somente poderá ingressar o condenado que estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade
de fazê-lo imediatamente e apresentar mérito ( LEP, 113 e 114). Idosos (70), doença grave, filho
menor e PCD podem ser dispensados do trabalho ( LEP, 114, pu).
Condições:
a) Gerais ou legais (LEP, 115): (a) permanecer no alojamento no repouso e folgas; (b) sair e retornar nos
horários fixados; (c) não se ausentar da cidade sem autorização judicial; (d) comparecer a juízo para
informar atividades, quando determinado.
b) Especiais e judiciais: discricionariamente fixadas pelo juízo da execução.
Súmula 493 STJ
É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP – Pena restritiva de
direitos, como prestação de serviços) como condição especial ao regime aberto.
 São alternativas, não cumulativas

DIREITO PENITENCIÁRIO - COMPETÊNCIA CONCORRENTE: (Art. 24, I, CF). Legislação local


poderá estabelecer normas complementes para o cumprimento da PPL em Regime Aberto
(LEP, 119).

Prisão Albergue domiciliar: é permitido ao condenado no regime aberto ( INFO 463 – amparado na
dignidade, STF já reconheceu prisão albergue domiciliar ao preso provisório) em rol taxativo (INFO 537 – STF já
abrandou em caso de precariedade do estabelecimento, citando hipótese de ausência de estabelecimento )
(rol
dos dispensados do trabalho):
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em
residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos (ao tempo da execução da PPL)
II - condenado acometido de doença grave (condenado não pode ser assistido pela rede
pública no estabelecimento prisional + estágio terminal – INFO 756 STF)
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante
 INFO 657/2019: Recolhimento domiciliar não impede a liberdade de culto além do
horário.

Diferença da PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR e PRISÃO DOMICILIAR: a prisão em albergue


domiciliar, prevista na LEP como forma de cumprimento da PPL, não se confunde com a Prisão
Domiciliar, prevista no CPP e ampliada pelo Marco Legal da Primeira Infância (Lei 1325716),
que é uma medida cautelar, modalidade de prisão provisória, definida como medida
substituva da prisão preventiva (CPP, 318):
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou
com deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos
neste artigo.

HC COLETIVO – GESTANTES E MÃES PRESAS PREVENTIVAMENTE e SUBSTITUIÇÃO POR


PRISÃO DOMICILIAR (HC 143641/SP – 2018 – INFO 891): Excetuados crimes com violência ou
grave ameaça, contra descendentes ou em situações excepcionalíssimas, fundamentadas pelos
juízes que denegarem. A ordem foi estendida a adolescentes sujeitas a medidas
socioeducativas. Na hipótese de reincidência, juiz deve analisar se prisão domiciliar é
inadequada e motivar aplicação das medidas cautelares. Para apurar situação de guardião,
credibilidade à palavra da mãe, facultado ao juiz laudo social, e a ordem não será aplicada se
houver suspensão ou destituição do poder familiar por motivos diversos da prisão.
Fundamentos:
a) Grave deficiência estrutural no sistema carcerário, expondo mães e crianças a
condições degradantes, resultantes da privação dos cuidados necessários
b) STF tem o poder de retirar os demais Poderes da inércia e monitorá-los
c) Cultura do encarceramento gera prisões provisórias de mulheres pobres e vulneráveis
d) Sequer o bem-estar de gestantes e mães livres é garantido no Brasil (Alyne)
e) Impactos ao bem estar físico e psíquico das crianças
Resultou no art. 318-A:
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem
prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste
Código.
 Portanto, é PRISÃO PREVENTIVA não condenadas com TRÂNSITO EM JULGADO!!

MONITORAÇÃO ELETRÔNICA na Resolução CNPCP nº 05/2017: No âmbito das medidas


protetivas de urgência, procedimentos investigatórios, processo penal de conhecimento e
execução penal. Deve privilegiar casos de progressão antecipada, livramento condicional
antecipado e prisão domiciliar deferida em substituição à PPL, na hipótese de ausência de
vagas.

SÚMULA VINCULANTE 56:


A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados
RE 641.320/RS.
a) Juízes da execução penal podem avaliar estabelecimentos destinados aos regimes
semiabertos e abertos. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem
(desde que similares – art. 33 § 1º, b e c) como “colônia” ou “casa de albergado”
b) Havendo déficit de vagas, deve ser determinada: (1) saída antecipada de
sentenciado no regime com falta de vagas; (2) liberdade eletronicamente
monitorada do que saia antecipadamente ou seja posto em prisão domiciliar por
falta de vagas; (3) o cumprimento de penas restritivas de direito ou estudo ao
sentenciado que obtenha progressão ao regime aberto.
 NÃO SE APLICA AOS PRESOS PROVISÓRIOS (STJ – I 651/2009). Em sede cautelar não
existe propriamente o cumprimento de pena, razão pela qual sequer há
diferenciação entre regimes prisionais.

REGIME ESPECIAL – MULHERES e IDOSOS (60)


CF, art. 5º, XLVIII. Agentes do sexo feminino (LEP, 83§3º). Condições para permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação.
 Penitenciária será dotada de seção própria de creche para abrir crianças maiores de 6 meses e
menores de 7 anos e berçário para menores de 6 anos
 Acompanhamento médico pré e pós parto, extensivo ao recém-nascido

Proibição de revista íntima em funcionárias e clientes do sexo feminino às empresas e


Administração Pública (Lei 13.271/2016), com previsão de multa, indenização por danos
morais e materiais e sanções de ordem penal. Mas, e a presas e demais mulheres que
ingressam em penitenciárias? Foi vetado o art. 3º que falava sobre a revista unicamente por
mulheres em homens e mulheres, para evitar qualquer interpretação no sentido de cabimento
da revista íntima em mulheres. A finalidade da lei foi proibir de forma absoluta a revista em
mulheres. MASSON discorda falando que facilita entrada coisas. Masson, basta fiscalizar o
presídio e não os visitantes.

DIREITOS DO PRESO
Art. 5º XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
 Art. 38, CP - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as
autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
 Remete-se à legislação especial (40, CP) – que é a LEP.
Arts. 40 e 41 LEP – Direitos do preso.
Art. 83. Direitos estruturais (instalações) do preso.
§ 5o  Haverá instalação destinada à Defensoria Pública.    
Resolução CNPCP e CNPCD/LGBT parâmetros para acolhimento da população LGBT.
Visita íntima? Art. 41, X prevê o direito de visita do cônjuge e familiares. Não há direito à
visita íntima na LEP. Mas essa prática é autorizada administrativamente para controlar as
sevícias sexuais e preservar laços afetivos. Para presídios federais há autorização no Decreto
6049/07 regulamentado pela Portaria 718/2017. Resolução 4/2011 do CNPCP recomenda aos
dptos estaduais a visita íntima, homo e hetero.
 Info 887: HC não é adequado para tutelar direito a visita íntima.
 Info 661/2019: visitas podem ser suspensas por prazo determinado, não se admite
impedimento DEFINITIVO por meio do cancelamento do registro de visitante.

Visita social: Portaria 157/2019 do MJ relativa a presídios federais de segurança máxima.

Algemas?
 Súmula Vinculante nº 11
 “só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
Art. 473. § 3º CPP  Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que
permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos,
à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. 
Art. 199 LEP. O emprego de algemas será disciplinado por decreto federal. 
Decreto Federal 8858/2016. Refere-se à CF, à CADH, e às Regras de Bangkok (Mulheres
Presas). Vedado para mulheres presas durante o trajeto até parto, no parto e após o
parto.
 Previsão inserida no CPP – art. 292
 STF (info 827/2016): A apresentação do custodiado algemado à imprensa pelas
autoridades policiais não afronta a SV 11. Mas em INFO 897/2018 mais recente,
Gilmar entendeu pela nulidade!

Obras emergenciais em presídios: reserva do possível e separação dos Poderes (INFO


784/2015). Caos estrutural. Estado de coisas inconstitucional (Expressão usada pela Corte
Constitucional da Colômbia: (a) violação generalizada e sistêmica de DFs; (b) inércia ou
incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura; (c)
transgressões a exigir atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de
autoridades  já adotada pelo STF no INFO 798/2015). Deve-se evitar a coisificação dos
detentos. Portanto, cabe ingerência do Judiciário.

Superlotação carcerária e responsabilidade civil do Estado (INFO 584/2017): Estado tem o


dever de indenizar pelos danos materiais e morais suportados e não se aplica, para elidir sua
responsabilidade civil, a reserva do possível. CF + LEP + Lei da Tortura + Lei do Sistema
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura + PIDCP + CADH + Resolução 1/08 da CIDH;
Convenção da ONU contra Tortura + Regras de Mandela).

Trabalho do preso: sempre remunerado, garantidos os benefícios da previdência social (CP,


39). Obrigatório (negativa é falta grave – LEP, 51, III c/c 39,V – e impede progressão/livramento
condicional – obs falta grave não interrompe prazo para livramento
condicional/induto/comutação). Ser obrigatório não significa forçado (proibido), que é o não
remunerado e obtido do preso com o uso de castigos físicos (CADH, 6.3 e INFO 567/2015 STJ)
 Decreto 9450/2018 – Política Nacional de Trabalho no sistema prisional.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
São penas alternativas ante a desnecessidade de privação da liberdade (falência da pena de
prisão: estigma & custos) quando presentes condições favoráveis c.c. prática de infrações
penais de reduzida gravidade, baseadas na substitutividade e autonomia.

ESPÉCIES: Rol Exaustivo. (Obs.: foi vetada a prisão domiciliar pela inviabilidade de fiscalização )
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;

NATUREZA JURÍDICA: Penas marcadas pela:


a) Substitutividade (não previstas no tipo penal, juiz substitui PPL)
a. Exceção: Crime de usuário na Lei de Drogas (28). Não impõe PPL ,as imediatamente
uma PRD.
b. Exceção: Crime ambiental cometido por pessoa jurídica (L 9605, 21)
b) Autonomia (substituídas, não podem ser cumuladas com PPL).
a. Exceção: CTB: previu PRD e PPL cumulativas ( homicídio culposo; lesão corporal culposa;
embriaguez ao volante; violação de proibição ou restrição para direção; participação em competição não
autorizada)

DURAÇÃO: Em regra, mesma duração da PPL substituída ( CP, 55), salvo prestação de serviços,
em que é facultado cumprir pena em menor tempo, nunca inferior a metade da PPL (CP, 46 §
4º).

REQUISITOS: se preenchidos, há direito subjetivo.


a) OBJETIVOS
a. Natureza do crime: em se tratando de crime doloso, deve ter sido cometido
sem violência ou ameaça (se houve, pouco importa o grau de participação do agente).
Inclui violência imprópria (sem emprego da força, impossibilita resistência).
i. E se for IMPO com violência? Prevalece ser cabível, uma vez que se os
benefícios de composição/transação penal são ainda mais benéficos e, ainda
sim, cabíveis.
ii. E se for culposo com violência? Cabível.
b. Quantidade da pena aplicada (concreta):
i. Dolosos: pena NÃO SUPERIOR A 4 ANOS
ii. Concurso formal ou crime continuado: leva-se em conta total.
iii. Concurso material: PRD para cada pena isoladamente.
1. Mas, se para um dos crimes tiver sido negado o sursis da PPL,
para os demais será incabível a substituição por PRD (CP, 69 §
1º). Mas, se aplicadas só PRD, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compatíveis e sucessivamente
as demais (§ 2º).
iv. Culposos: sem limite.
1. Polêmica do homicídio culposo na direção de veículo
automotor com embriaguez ao volante – culposo com
reclusão e pena significativa (5-8 anos). Será possível recusar a
PRD com base no requisito subjetivo do princípio da
suficiência.
b) SUBJETIVOS
a. Não ser REINCIDENTE em crime DOLOSO (salvo se socialmente recomendável
e não seja reincidência específica no mesmo crime)
b. Princípio da suficiência (culpabilidade, antecedentes, conduta social e
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do
crime)
i. Por decorrência, não cabe substituição quando a pena-base tiver sido
fixada acima do mínimo legal fundamentado em circunstâncias
desfavoráveis.

SUBSTITUIÇÃO & HEDIONDOS: em regra, a pena é superior a quatro anos e cometida com
violência.

SUBSTITUIÇÃO & DROGAS: em regra, incabível (pena mínima de 5 anos). Somente cabível no
tráfico privilegiado (art. 44 - primário, bons antecedentes, não se dedicar a atividades
criminosas nem integrar organizações criminosas), quando a PPL pode ser reduzida de 1/6 a
2/3). A Lei havia proibido a substituição, mas o STF declarou inconstitucional para o caso do
art. 44, bom base no princípio da individualização da pena (Resolução n. 5 do Senado Federal).

SUBSTITUIÇÃO & VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: NÃO. A Lei Maria da Penha proibiu parcialmente
(art. 17 – É vedada a aplicação nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de
penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena
que implique o pagamento isolado de multa) e a STF (INFO 804) estendeu, proibindo qualquer
substituição (há violência e não há suficiência). Não cabe recorrer ao racionínio das IMPO,
pois os benefícios da 9099 são vedados neste caso (art. 41 LMP).
 STF: Vedada substituição em sede de contravenção penal em violência doméstica e
familiar contra a mulher (INFO 884)

SUBSTITUIÇÃO & CRIMES MILITARES: NÃO (INFO 551). CPM.

MOMENTO DA SUBSTITUIÇÃO: Sentença condenatória. 3ª Fase do critério trifásico. Mas se o


magistrado não substituir, o art. 180 da Lei 7210/84 permite a substituição da PPL não
superior a 2 anos durante a execução penal, desde que: I – regime aberto; II – já cumprido 1/4
da pena; III – antecedentes e personalidade recomendem.

REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO:
a) Se a pena for inferior a 6 meses, pode ser substituída por multa (CP, 60 § 2º)
b) Se a pena for inferior a 1 ano, a substituição pode ser feita por multa ou por PRD (CP,
44 § 2º)
c) Se a pena for superior a 1 ano, deve ser substituída por Multa + PRD ou PRD + PRD (CP,
44 § 2)
a. Exceção: Crimes Ambientais (L 9605, 7º, I) – é possível a substituição da PPL
superior a 1 ano, desde que inferior a 4 anos, por uma única PRD.

RECONVERSÃO OBRIGATÓRIA DA PRD em PPL (art. 44 § 4º) se descumprida


injustificadamente. Será deduzido o tempo da PRD, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de
detenção ou reclusão (sempre saldo mínimo de 30 dias de PPL). Cuida-se de incidente na
execução penal.
 Em caso de prisão simples (reconversão da contravenção) não se exige período
mínimo de PPL.
 Em caso de PRD multa/perda de bens, desconta-se da PPL o percentual do pagamento
já efetuado.
 INFO 510: deve ser reconvertida se condenado se muda sem prévia comunicação ao
juízo (princípio da boa fé objetiva).
 INFO 584: Não se admite reconversão à pedido do condenado ( não pode preferir o regime
aberto à multa ou prestar serviço).

RECONVERSÃO FACULTATIVA: Nova condenação. Juiz da execução penal decidirá, podendo


deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a PRD anterior (CP, 44 § 5º).

INÍCIO DA EXECUÇÃO DAS PRD: Art. 147 LEP. Após trânsito. Juiz da execução de ofício ou a
requerimento do MP promoverá a execução.

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE PRD? Não (não se admite também a PPL). Há exigência de trânsito
no art. 147 LEP.

POLÍTICA NACIONAL DE ALTERNATIVAS PENAIS (Portaria 495/2016 – MJ).

PRD EM ESPÉCIE
1 - PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA:
 § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro (preferencialmente) à vítima, a
seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo
juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários. 
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode
consistir em prestação de outra natureza.
Quem é dependente? Art. 16 da Lei 8213/1991 (cônjuge, filho e irmão).
Judiciário e MP podem ser destinatários? Não. Não são entidades.
Aceitação? Independe. Só precisa para outra natureza. Neste caso, deve haver razoabilidade,
mas a própria Exposição de Motivos admite até o fornecimento de mão de obra!
Natureza jurídica? É pena, mas indiretamente tem caráter de indenização civil antecipada (se
destinado à vítima).
Se reparar o dano é efeito automático da condenação, qual a função dessa pena, se pode ser
deduzida? É mais benéfica porque não precisa aguardar prévia liquidação no juízo cível.
E se não pagar? Reconversão em PPL (NÃO CABE CONSTRIÇÃO!) STJ (INFO 631)
Fiscalização? MP.

Diferença da pena de multa:


Prestação pecuniária Multa
PRD (CP, 44-45) Pena pecuniária (CP, 49-52)
Indenização cível antecipada Descumprimento gera execução no juízo
penal
Destina-se à vítima, dependentes ou Destina-se ao Fundo Penitenciário
entidade pública ou privada com destinação
social
Valor de 1 a 360 SM 10 e 360 dias-multa, fixados entre 1/30 do
SM ou 5 SM
Deduzido da reparação civil, se coincidentes Não deduz.
os beneficiários
2 – PERDA DE BENS E VALORES:
 § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o
montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência
da prática do crime.
Não se aplica às contravenções penais.
Exige-se crime que gera prejuízo.
Deve respeitar o princípio da personalidade/intransmissibilidade/intranscendência.
Natureza? Pena de conteúdo confiscatório (autorizada pela CF)

Diferença da perda de bens e valores e do confisco como efeito da condenação: podem ser
impostos cumulativamente.
Perda de bens e valores Confisco como efeito da condenação
PRD (CP, 45 § 3º) Efeito genérico e automático da condenação (CP, 91,
II)
Incide sobre o patrimônio lícito do condenado Incide sobre os instrumentos ou produto do crime, de
cunho ilícito

3 – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU ENTIDADES PÚBLICAS:


Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao
condenado.
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
Templo religioso não é comunidade.

§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada
normal de trabalho.
Sistema hora-tarefa.

§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. 
Nesse caso, o condenado trabalha mais de uma hora por dia e assim cumpre
em menos tempo, só não poderá reduzir aquém da metade da pena fixada
(máximo de 2 horas por dia)
Não são remuneradas (LEP, 30). Não geram vínculo empregatício (LEP, 28 § 2º).
Início: 1º comparecimento do condenado à entidade beneficiada (LEP 149 § 2º).
Quem designa entidade? Juiz da execução penal.
Entidade informa o juiz? Relatório mensal e comunicação, a qualquer tempo, sobre ausência
ou falta disciplinar.
Trabalho forçado inconstitucional? Não. Tem amparo constitucional. Não há norma
constitucional originária inconstitucional.
Prestação de serviços & Crimes ambientais:
 Pessoa Física: Tarefas Gratuitas em parques e jardins públicos e unidades de
conversação e, no caso de dano, na restauração desta, se possível.
 Pessoa Jurídica: (a) custeio de programas e projetos ambientais; (b) execução de obras
de recuperação de áreas degradadas; (c) manutenção de espaços públicos; (d)
contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Prestação de serviços & CTB:
Ausência de local adequado: não gera extinção, por falta de previsão legal. O juiz da execução
deve encontrar outro local (LEP, 148).
4 – INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS:
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
Específica ao crime cometido no exercício com violação dos deveres que lhe são
inerentes (CP, 56). A proibição de mandato eletivo não é exclusiva de crimes
contra Administração Pública.
E se o cara já é deputado ou senador? Parte da doutrina reputa
inconstitucional, pois a CF define as hipóteses de perda do mandato, e não a
interdição temporária (LFG).
Não se confunde com o efeito da condenação relativo à perda do cargo,
função ou mandato eletivo (CP, 92, I) que é aplicada: (1) PPL >= 1 ano; (2) abuso
de poder ou violação de dever com a administração pública ou (1) PPL > 4 anos.

II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença
ou autorização do poder público
Específica. Precisa depender de autorização/licença do Poder Público, sob
pena de ser impossível a ingerência do Estado.

III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.


Específica aos crimes do CTB. Mas este já prevê a suspensão da habilitação.
Logo, no Âmbito do CP, somente resta a suspensão de autorização (destinada
exclusivamente a ciclomotores).
Não se confunde com efeito da condenação de inabilitação de dirigir veículo
quando utilizado como meio para prática de crime doloso (CP, 92, III).

IV – proibição de freqüentar determinados lugares.


V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
Genérica (não é só para fraude em certames – 311-A). Aplica-se nos crimes
contra Administração Pública, licitações etc.
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou
atribuídas atividades educativas
Quase não existem casas de albergado. STJ veda cumprimento na prisão.

PENA DE MULTA
CONCEITO: Sanção penal, de cunho patrimonial, consistente no pagamento de determinado
valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário.
 Diferente da PRD é originária
 Igual à PRD é autônoma
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO PENITENCIÁRIO: CONCORRENTE, logo Estados
podem legislar com a finalidade de encaminhar multa para o fundo penitenciário sob sua
gestão.
CRITÉRIO: dias-multa.
 Lei de Licitações adota critério percentual sobre vantagem (art. 99).
APLICAÇÃO: sistema bifásico:
1) Juiz estabelece o número de dias-multa (10 – 360) conforme circunstâncias judiciais e
eventuais atenuantes e agravantes e causas de diminuição ou aumento da pena.
2) Juiz define o valor de cada dia-multa (1/30 SM – 5 SM) conforme situação econômica
do réu.
3) VALOR INEFICAZ (CP, 60, §1º): Chegando no valor total, juiz pode aumentar até o
triplo se entender insuficiente.
a. Nos crimes contra propriedade industrial/contra sistema financeiro
nacional o valor final pode ser aumentado até o décuplo.
4) VALOR EXCESSIVO (9099, 76 § 1º): nas hipóteses em que a pena de multa seja a
única aplicável, poderá reduzi-la até a metade (cf. situação econômica).
a. Nos crimes contra a propriedade industrial pode reduzir até 10 x.

MULTA & LEI DE DROGAS: Será destinada ao Fundo Nacional Antidrogas.


a) No crime de usuário, dias-multa serão fixados entre 40 e 100, atendendo a
reprovabilidade da conduta e o valor entre 1/30 e 3 SM conforme capacidade
econômica do agente. Juiz não pode aumentar se ineficaz.
b) Nos crimes de produção não autorizada e tráfico (33-39) o nº de dias-multa é previsto
em cada delito e dosado conforme a natureza e quantidade da droga, personalidade e
conduta social do agente. Valor entre 1/30 e 5 SM conforme capacidade econômica.
Juiz pode aumentar até 10x se valor total for ineficaz.

MULTA & MARIA DA PENHA: VEDADA a aplicação de penas de cesta básica ou outras de
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado
de multa.

MULTA & HC? NÃO.


Súmula 693 STF
Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

COBRANÇA DA MULTA IRRISÓRIA: Há divergência, mas predomina que deve executar mesmo
que de pequena monta. Na Portaria MF 75/2012 que fixa valores mínimos para inscrição na
Dívida Ativa da União, há ressalva expressa à pena de multa, no sentido de inexistir valor
mínimo para legitimar sua execução judicial.

PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DA MULTA: 10 dias após o trânsito. Juiz pode admitir


parcelamento. É possível mediante desconto na remuneração do condenado (exceto quando
tiver sido imposta PPL não suspensa). Máximo de ¼ e mínimo de 1/10 da remuneração.

EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA: Pacote Anticrime.


Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.   
Sendo dívida de valor (preservado seu caráter de pena - constitucional), a execução deverá ser
promovida exclusivamente pelo MP, perante ao juízo da execução penal. NÃO HÁ MAIS
legitimidade subsidiária da Fazenda Pública na inércia do MP. O MP, após o trânsito, deverá
requerer, em autos apartados, a citação do condenação para, no prazo de 10 dias, pagar ou
nomear bens à penhora (LEP 164).
 Quando fala em “dívida de valor” é para proibir sua conversão em detenção (como
era originariamente).
 Não se estende aos sucessores em caso de morte.
Orientação 38 da 2ª CCR – MPF deverá buscar o pagamento da multa voluntariamente no
prazo legal, ou mesmo, acordar o seu parcelamento ao longo do cumprimento das PRD.
Caso o pagamento não seja efetuado, deverá requerer a comunicação à PFN para fins de
execução fiscal, ou ainda, promover diretamente a cobrança, em ação própria, perante o
Juízo das Execuções Penais.
 Por força da Lei 13.694/2019 todo mundo vai ter que rever seu posicionamento
para fixar competência exclusiva do MP!

STJ (2020) REVIU SEU POSICIONAMENTO ANTERIOR, PASSANDO A ENTENDER


QUE O INADIMPLEMENTO DA PENA DE MULTA CRIMINAL OBSTA A EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE DO APENADO.
A pena de multa é espécie de sanção penal patrimonial e consiste em obrigação imposta ao
sentenciado de pagar ao fundo penitenciário determinado valor em dinheiro. 
De acordo com a antiga redação do art. 51 do CP, o não pagamento voluntário da multa
acarretava a sua conversão em pena privativa de liberdade. Contudo, a Lei nº 9.268/96
passou a vedar a referida conversão, de maneira que a multa não paga passou a ser
considerada dívida de valor, aplicando-lhe as normas relativas à dívida ativa da Fazenda
Pública, dentre elas às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
Ocorre que essa alteração gerou controvérsia a respeito da natureza da pena de multa, pois
parte da doutrina passou a defender que a multa teria perdido seu caráter penal. Assim, em
2018, o STF reforçou a manutenção da natureza de sanção penal que possui a multa. Ou
seja, mesmo com a Lei 9.268/96, sua natureza jurídica de sanção penal permanece, de
maneira que a pena de multa deve ser executada pelo MP no juízo da execução penal. Esse
entendimento foi endossado pela Lei Anticrime em sua alteração promovida ao art. 51 do
CP. 
Seguindo esse raciocínio, já que a multa permanece com natureza de sanção penal, a 5ª
Turma do STJ decidiu, no AgRg no REsp 1.850.903/SP, que o inadimplemento da
multa impede a extinção de punibilidade. Tal decisão, portanto, segue o entendimento do
STF no julgamento da ADI n. 3150/DF, que declarou que a pena de multa possui sim caráter
penal. 
A lógica do STJ foi a seguinte, pessoal: ora, a multa, por ser espécie de pena, é aplicável em
retribuição e em prevenção à prática de crimes. Dessarte, não se pode declarar a extinção
da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade quando pendente
o pagamento da multa criminal. 

PRESCRIÇÃO DA PENA DA MULTA


Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.

1) Prescrição da pretensão punitiva de multa: art. 114, incidindo as causas impeditivas e


interruptivas gerais. Mesmo prazo da PPL, conforme art. 118 do CP (mais leves
prescrevem com as mais graves) e, se única imposta, prescreve em 2 anos (art. 114).

2) Prescrição da pretensão executória: as causas suspensivas e interruptivas são


previstas da LEF:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as
normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
No tocante ao prazo da prescrição da pretensão executória de multa há divergência:
a) 5 anos da LEF, pois é dívida de valor
b) Mesmo prazo da PPL, conforme art. 118 do CP (mais leves prescrevem com as
mais graves) e, se única imposta, prescreve em 2 anos.
A REINCIDÊNCIA NÃO AUMENTA EM 1/3.
Súmula 604 STF
A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória da pena
privativa de liberdade.

SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA MULTA: NÃO suspende prescrição, sujeita ao CP, 114.


Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.

MULTA SUBSTITUTIVA ou VICARIANTE:


§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa,
observados os critérios dos incisos II (não reincidente-doloso) e III (circunstâncias judiciais) do art. 44 deste
Código

Súmula 171 STJ:


Cominadas cumulativamente, em lei especial, PPL + pecuniária, é defeso a substituição da
prisão por multa.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
CONCEITO: São todas as consequências que, direta ou indiretamente (não se limita ao penal),
atingem o condenado por sentença penal transitada em julgado.
 A sentença que impõe medida de segurança aos inimputáveis é absolutória
(imprópria). Ausente condenação, não produz efeitos da condenação.
 A sentença que reduz a pena (1 a 2/3) ou substitui a pena por medida de segurança
aos semi-inimputáveis é condenatória (sistema vicariante).
 Sentença que concede perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, e
não condenatória (Súmula 18 STJ)
 A sentença homologatória de transação penal (MP) não é condenatória.
Súmula Vinculante 35
A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao MP a continuidade da persecução penal mediante oferecimento
de denúncia ou requisição de inquérito policial.

DIVISÃO:
a) EFEITOS PRINCIPAIS: Pena (PPL, PRD, Pecuniária ou Medida de Segurança ao
inimputáveis dotado de periculosidade)
b) EFEITOS SECUNDÁRIOS:
a. PENAIS:
i. Reincidência se praticado novo crime (CP, 63 64)
ii. Regime fechado se praticado novo crime (CP, 33 § 2º)
iii. Maus antecedentes (CP, 59)
iv. Impedimento de suspensão condicional da pena se praticado novo crime e
revogação, obrigatória ou facultativa, do sursis e do livramento condicional.
v. Aumento ou interrupção do prazo de prescrição da pretensão executória (CP,
110 e 117, VI) pela reincidência.
vi. Revogação da reabilitação, pela reincidência (CP, 95)
vii. Conversão da PRD em PPL, se não for possível o cumprimento simultâneo
(CP, 44 § 5º)
viii. Vedação da concessão de privilégios a crimes contra o patrimônio, pela
reincidência (CP, 155 § 5º, 170, 171 § 1º)
ix. Impossibilidade de transação penal e suspensão condicional do processo se
praticado novo delito (9099)
b. EXTRAPENAIS previsto no CP:
i. Genéricos (todos crimes) e Automáticos (interpretação contrario
sensu do art. 92, pu):
1. reparar o dano
2. confisco (CP, 91)
ii. Específicos e não automáticos: (CP, 92)
1. Perda do cargo função pública ou mandato eletivo
2. Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou
da curatela
3. Inabilitação para dirigir veículo, quando usado como meio
para a prática de crime doloso
NÃO CONFUNDIR COM AS PENAS DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE
DIREITOS, que duram o tempo da pena.
No caso dos efeitos penais secundários extrapenais, duram até
reabilitação.
Lá a PRD é de suspensão/interdição de dirigir, para crimes culposos.
REPARAÇÃO DO DANO (Efeito Automático): Sentença penal condenatória transitada em
julgado em titulo executivo judicial (CPC, 515, VI). Na esfera cível será liquidada por artigos. A
sentença penal fixará valor mínimo (CPP, 384, IV + para o STJ, a fixação da indenização
mínima está condicionada ao requerimento formulado na acusação), que poderá ser
executado, sem prejuízo da liquidação do dano efetivamente sofrido (CPP, 63, pu).
 Sentença penal deve ser condenatória (não abarca transação penal, medida de segurança,
extinção de punibilidade pela prescrição)
 Extinção da punibilidade posterior e abolitio criminis não afastam reparação do dano, mas
absolvição em revisão sim.
 Absolvição por Estado de necessidade  permanece resp. civil (CC, 929) (ressalvado direito de
regresso – CC, 930)
 Defensoria Pública ou, onde não houver, MP executará o dano para vítima pobre (CPP, 68)
 Pode ser ajuizada contra herdeiros, até o limite da herança (CF, 5, XLV e CC, 943)
 Somente é título contra o réu (contra demais responsáveis é necessária ação de
conhecimento).

CONFISCO (Efeito Automático): perda de bens de natureza ilícita em favor da UNIÃO – Fundo
Penitenciário Nacional (claro, se o bem não for de terceiro).
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção constitua fato ilícito;
Veículos, embarcações, aeronaves e outros meios de transporte não poderão
ser confiscados, exceto quando Lei de Drogas ou suas fabricação ou uso
constituir fato ilícito.
Como só fala em crime, não se aplica às contravenções.

b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso.
Produto: Vantagem direta.
Proveito: Vantagem indireta.

CONFISCO PELO EQUIVALENTE


§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando
estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens
ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na
forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.         (EC 81/14)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei

Depois da apreensão, esses bens serão inutilizados, leiloados ou recolhidos a museu criminal,
se houver interesse na sua conservação. Os bens imóveis adquiridos pelo agente com o
proveito do crime, ainda que transferidos a terceiro, serão sequestrados (CPP, 122 a 125)

CONFISCO ALARGADO e PACOTE ANTICRIME (NÃO É EFEITO AUTOMÁTICO DA


CONDENAÇÃO): Combate a impunidade dos ryco com patrimônio incompatível.
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou
proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do
condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito

§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do
condenado todos os bens:

I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou
indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir
do início da atividade criminal

§ 2º [INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA] O condenado poderá demonstrar a inexistência da


incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.

§ 3º A perda prevista neste artigo DEVERÁ SER REQUERIDA EXPRESSAMENTE PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO, por ocasião do oferecimento da DENÚNCIA, COM INDICAÇÃO DA
DIFERENÇA APURADA.
 Chama-se de “patrimônio em descoberto”

§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e


especificar os bens cuja perda for decretada

§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e


milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da
Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das
pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o
cometimento de novos crimes.
Nesta hipótese, a perda dos bens é obrigatória.
Ex.: se eu roubar alguém de moto, sem ser de Organização Criminosa, a
moto não pode ser confiscada. Mas se eu for de OCRIM, vai ser
confiscada com base no art. 91-A § 5º.
LEI DE DROGAS TAMBÉM TEM ESSA AMPLIAÇÃO PARA OS
INSTRUMENTOS LÍCITOS.
STJ TAMBÉM AMPLIOU PRA INSTRUMENTOS DE CRIMES AMBIENTAIS
A política moderna de combate ao crime, com base em estudos criminológicos, recomenda
que a adoção de modelos e ferramentas preventivas a partir de instrumentos inibidores da
prática delituosa. Nos crimes de colarinho branco e organizações criminosas, a pena
privativa de liberdade não é suficiente para punir, inibir ou desestimular o cometimento,
especialmente em face da fungibilidade de seus membros. O combate depende
essencialmente do enfrentamento de seu espectro financeiro.
A busca por tornar o crime desinteressante atingindo o patrimônio daquele incapaz de
revelar a sua origem ou constituição lícita é o objeto do confisco alargado.
Requisitos:
a) Pena máxima abstrata seja superior a 6 anos de reclusão (com suas qualificadoras e
causas de aumento e eventuais concursos de crime)
b) Dúvida razoável de incompatibilidade do patrimônio do autor do fato ou
organização criminosa, ainda que por interposta pessoa
c) Pedido expresso do MP na denúncia, demonstrando a incompatibilidade

Distribuição do Ônus da prova: da incompatibilidade, do MP. Da origem dos recursos, do


Réu (tal como ocorre no ônus de provar excludentes de ilicitude, culpabilidade ou álibi).
 Receita Federal: todo contribuinte tem o dever de informar à Receita Federal sua
evolução patrimonial por ocasião de sua declaração anual de IR.

Termo inicial: a proibição da retroatividade da lei penal in pejus determina que somente
deva ser levado em consideração patrimônio cuja titularidade (direta ou indireta) tenha se
dado a partir da prática da infração.
 Ativos anteriores ao crime podem ser constritos para garantir a reparação das
vítimas (CP, 91, I)

PERDA DE CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA ou MANDATO ELETIVO (Não automático).


 é AUTOMÁTICO em duas hipótese: TORTURA e ORCRIM
 Tem prazos diferenciados:
o Tortura e Lavagem: dobro da pena
o ORCRIM: 8 anos
o Abuso de autoridade: 3 anos
 NÃO IMPORTA se a pena foi substituída por PRD/MULTA
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo
Não alcança cassação da aposentadoria (ainda que o crime tenha sido
praticado na ativa e a aposentação no decorrer da ação penal – STJ INFO
552). Não cabe interpretação extensiva em prejuízo do réu.
STF tende a mudar este entendimento.

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
Em regra, para o cargo do crime. Mas juiz pode estender se o novo posto
guarda relações com as atribuições anteriores (INFO 599 STJ)
Policial que comete crime (seja a paisana, sem arma) cai sempre aqui,
porque é seu dever justamente combater.

c) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.
Não é automático. Deve haver motivação (CF, 93, IX).
Não precisa vir prevista na denúncia, pois decorre de previsão legal
expressa, como efeito da condenação.

Perda do mandato de deputados federais e senadores? NÃO. Trata-se de matéria de


competência reservada à Casa Legislativa respectiva, por maioria absoluta (CF, 55 § 2º).
 No entanto, há decisões recentes no sentido de que se for REGIME FECHADO
SUPERIOR A 120 DIAS, o próprio Judiciário pode decretar a perda, vez que o
cumprimento será faltar mais de 1/3 das sessões e ausentar-se por mais de 120 dias.
Perda do cargo de membro vitalício do MP? Depende se: (1) UNIÃO ou (2) ESTADOS.
 LC 75, art. 208: Após dois anos de efetivo exercício, somente por decisão judicial
transitada em julgado  Aplica-se art. 92, I CP
 LOMP, art. 38 § 1º: Somente após sentença transitada em julgado, proferida em ação
civil própria, em três casos: (1) prática de crime incompatível com o exercício do
cargo; (2) exercício da advocacia; (3) abandono do cargo por prazo superior a 30 dias
corridos. Essa ação civil própria deve ser ajuizada pelo PGJ perante o TJ após a
condenação em ação penal. Ou seja, duas condenações com trânsito em julgado (STJ
552).
o Doutrina (Mazzilli e Masson) entendem desnecessário, pois a própria ação
penal contra Promotor de Justiça somente pode ser ajuizada pelo PGJ perante
o TJ.

INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR, DA TUTELA OU DA CURATELA: Nos


crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra quem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou tutelado ou curatelado.
 Não importa quantidade da pena ou regime prisional.
 Aplicação facultativa.
 Só em relação à vítima? Não. Extensível, mas provisória. Mas em relação à vítima, a
incapacidade será permanente (mesmo em caso de reabilitação, é vedada a
reintegração do agente na situação anterior – CP, 93, pu).
 ATÉ QUANDO? A reabilitação, em regra, apaga os efeitos extrapenais específicos da
condenação. NO ENTANTO, não irá readquirir o poder familiar mesmo que cumpra
toda a pena e passe pelo processo de reabilitação. A doutrina distingue:
o Em relação à VÍTIMA: permanente
o Em relação aos demais: poderá se reabilitar

INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO: Crime doloso e utilização do veículo como meio de
execução.
 Não se confunde com a suspensão de autorização ou de habilitação, que é PRD a ser
aplicada isolada/cumulativamente com a PPL.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO PREVISTOS FORA DO CÓDIGO PENAL:


1) Abuso de autoridade
Art. 4º São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;  INDEPENDE DE
REINCIDÊNCIA E É AUTOMÁTICO
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um)
a 5 (cinco) anos;  REINCIDÊNCIA
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.  REINCIDÊNCIA
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados
à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo
ser declarados motivadamente na sentença.

2) Suspensão dos direitos políticos (automático) (direitos políticos ativos e passivos)

NÃO IMPORTA regime prisional fixado ou se


(

houve substituição por PRD  INFO 939/2019;


é norma autoaplicável). Concessão do sursis ou livramento condicional também não
acarretam a imediata extinção da pena.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos
de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
Súmula 9 TSE
A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado
cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou prova de
reparação dos danos.

3) Rescisão contratual na Justiça do Trabalho: se a execução da pena não tiver sido


suspensa, autoriza a demissão por justa causa.

4) Lei de licitações (art. 86): ainda que de forma tentada, sujeitam seus autores, quando
servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou
mandato eletivo. Não é automático.

5) Lei de Falências (art. 181, I a III): Inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração,
diretoria ou gerência de sociedades sujeitas à lei de falências; impossibilidade de gerir
empresa por mandato ou por gestão de negócio. Não são automáticos. Perdurarão até
5 anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela
reabilitação criminal. Com o trânsito, o juiz deverá notificar o Registro Público de
Empresas.

6) Lei de Tortura (art. 1 § 5): se for funcionário público, acarretará perda do cargo,
função ou emprego público, bem como a interdição para ser exercício pelo DOBRO
DO PRAZO DA PENA aplicada. Efeito automático. Dispensável fundamentação (INFO
549).

7) Lei de Drogas (art. 56 § 1º): [Medida cautelar] no tráfico, juiz pode, no recebimento da
denúncia, decretar o afastamento cautelar do acusado de suas atividades, se
funcionário público. Em caso de condenação, aplica-se a regra geral.

8) Crimes resultantes de preconceitos de raça e cor (art. 16 L 7716): perda do cargo ou


função pública, para servidor público, e a suspensão do funcionamento do
estabelecimento particular por prazo não superior a 3 meses. Não automáticos (art.
18)

9) Lavagem de capitais (art. 7º L 9613/98): Lei calou-se sobre ser automático ou não. Então vale a regra do CP.
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:
I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual -,
de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes
previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé;  AUTOMÁTICO.

II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de


membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art.
9º, pelo DOBRO do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.  NÃO AUTOMÁTICO.

§ 1o A União e os Estados, no âmbito de suas competências, regulamentarão a forma de


destinação dos bens, direitos e valores cuja perda houver sido declarada, assegurada, quanto
aos processos de competência da Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos federais
encarregados da prevenção, do combate, da ação penal e do julgamento dos crimes previstos
nesta Lei, e, quanto aos processos de competência da Justiça Estadual, a preferência dos
órgãos locais com idêntica função.

§ 2o Os instrumentos do crime sem valor econômico cuja perda em favor da União ou do


Estado for decretada serão inutilizados ou doados a museu criminal ou a entidade pública, se
houver interesse na sua conservação.

10) Crime organizado (art. 2º § 6º): acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cago
público pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena.

11) Decreto 201/67 (art. 1º § 2º): perda do cargo e inabilitação por 5 anos. STJ: Se
prescrita a PPL, não será possível a aplicação isolada da inabilitação.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Punibilidade é consequência da infração penal, e não elemento da infração penal. Extinta a
punibilidade, desaparece o poder punitivo estatal, não o crime.
 Em situações excepcionais, a extinção da punibilidade elimina a infração penal: (1)
abolitio criminis; (2) anistia. Mas são, estritamente, causas supervenientes de
atipicidade e atipicidade temporária do fato, respectivamente.

ROL EXEMPLIFICATIVO:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
Princípio da personalidade da pena e “a morte tudo apaga” (mors omnia
solvit). Prova pela certidão de óbito.
E se for falsa? Poderá haver revogação da decisão judicial! Exceção ao
princípio da proibição da revisão criminal pro societate. É uma decisão
judicial inexistente (STF e STJ).

II - pela anistia, graça ou indulto;


Advêm de órgão alheio ao Judiciário, mas somente acarretam a extinção
após o acolhimento por decisão judicial.
ANISTIA
Exclusão, por lei ordinária editada pelo Congresso Nacional com efeitos
retroativos, de um ou mais fatos criminosos do campo de incidência do
Direito Penal. Iniciativa é Livre (CF88). Abrange fatos e não indivíduos,
podendo impor condições específicas ao réu/condenado (anistia
condicionada). Juiz (até de ofício) declarará extinta a punibilidade (LEP,
187). Pode ser:
(1) própria: anteriormente à condenação; (2) imprópria: após condenação.
(1) condicionada; (2) incondicionada.
(1) Total (2) parcial (comutação)
(1) Geral ou absoluta; (2) Parcial ou Relativa: exceções entre crimes ou
pessoas.
Pode ser recusada? Apenas quando condicionada.
Tem efeitos ex tunc (apaga todos efeitos penais; rescinde condenação),
mas permanecem íntegros os efeitos civis da condenação. VEDADA:
HEDIONDOS (TTT).
GRAÇA ou INDULTO INDIVIDUAL (LEP):
Crimes comuns, com sentença transitada, visando pessoa determinada por
meio da extinção ou comutação da pena imposta. Em regra, depende de
provocação (LEP, 188) ao Conselho Penitenciário para parecer (LEP, 189). É
ato privativo e discricionário do Presidente da República, passível de
delegação aos Ministros de Estado, PGR ou AGU. Alcança somente o
cumprimento da pena (restam íntegros os efeitos penais secundários e
civis). Pode ser: (1) plena ou (2) parcial: diminui pena. Pode ser recusada?
Somente quando proposta comutação de pena (CPP, 739) ou condicionada.
VEDADA: Hediondos (TTT).
INDULTO ou INDULTO COLETIVO:
Concedida espontaneamente pelo Presidente da República, em ato
privativo e discricionário, e delegável, a todo o grupo de condenados que
preencherem requisitos do decreto. Embora seja regra, não é necessário
trânsito (INFO 808). Leva em consideração a pena aplicada, requisitos
subjetivos e objetivos. Pode ser aplicada a qualquer regime prisional.
Alcança somente o cumprimento da pena (restam íntegros os efeitos
penais secundários e civis – SUMULA 631 STJ). Pode ser: (1) total; (2)
parcial (diminuição ou comutação); (1) condicionado ou (2) incondicionado.
VEDADA: Hediondos; prevista nas respectivas leis.
Obs.: CF não proibiu apenas graça ou anistia, abrange indulto? Para o
STF/STJ, SIM, é constitucional a vedação legal ao indulto. Graça é gênero do
qual o indulto é espécie (info 745).
Obs: a natureza hedionda deve ser aferida no momento do cometimento,
não da condenação.

Indulto abrange medidas de segurança? SIM (INFO 806 STF).

Súmula 535 STJ


A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de
pena ou indulto (não é automático, importam requisitos do decreto).
HÁ LIMITES AO PRESIDENTE NA CONCESSÃO DO INDULTO?
NÃO ☹
É ato discricionário e IMUNE ao controle judicial.
INFO 939/2019
CRÍTICA (MASSON): Concessão indiscriminada aniquila as finalidades
da pena (retribuição, prevenção geral e especial), com valor
constitucional. Ademais, qualquer ato da Administração Pública
sujeita-se à moralidade, impessoalidade e eficiência. Não há
arbitrariedade ou imunidade.
Se o presidente não concedeu indulto para os que tiveram a PPL
substituída por PRD, o Judiciário não pode estender (STJ, HC
414181/2017)

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Abolitio criminis. Exclui efeitos penais. Sobrevivem efeitos civis.

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;


Decadência. Prazo geral de 6 meses (independentemente do nº de
dias do mês). Contados do dia em que o ofendido soube quem é o
autor do crime (inequívoco, não suspeitas) ou, na ação privada
subsidiária da pública, do esgotamento do prazo para denúncia.
Prazo preclusivo e improrrogável. Não se interrompe ou suspende.
No caso de crime continuado é contado separadamente para cada
delito parcelar. Ficção jurídica da unidade é só para fins de pena.
No caso de crime habitual é contado do último fato.
Perempção. É a perda do direito de ação provocada pela inércia
processual do querelante. Só na ação privada. Art. 60 do CPP.

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
Renúncia ao direito de queixa.
Ato unilateral. Expresso ou tácito (não é renúncia tácita receber
indenização, salvo a composição civil da Lei 9099 homologado pelo juízo ).
Estende-se a todos. Ocorre apenas antes do oferecimento da queixa.
Perdão.
Desistência após a queixa. Ato bilateral (depende de aceitação).
Expresso ou tácito. Estende-se a todos.

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;


Ex.: calúnia e difamação antes da sentença e em igual via (injúria
não).
Ex.: falso testemunho antes da sentença e no próprio processo.

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.


Juiz, na sentença, “pode deixar de aplicar pena”. Deve haver
previsão na lei. Está difuso nos tipos. Há hipóteses no CP, na Lei de
Contravenções Penais; Lei e Crimes Ambientais; Colaboração
Premiada (Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas)
REGRA: CULPOSOS. Ex.: art. 121 § 5º (homicídio e lesão corporal
culposos – aplica-se ao CTB).
 No caso do homicídio culposo no trânsito, deve haver
vínculo afetivo prévio entre autor e vítima.
 Se a conduta produziu dois ou mais resultados, o perdão
atinge somente em relação a vítima com vínculo.
HÁ CASOS DOLOSOS. Ex.: guarda doméstica de espécie que não está
em extinção.

 Incomunicabilidade: é condição subjetiva ou pessoal


Natureza jurídica do perdão:
 Causa extintiva da punibilidade
 Direito subjetivo do réu
Natureza jurídica da sentença que concede perdão judicial:
a) Condenatória, deixando de aplicar pena.
b) Absolutória (mas quem é absolvido não depende de perdão)
c) Declaratória da extinção da punibilidade (não há
condenação sem pena) –STJ
Súmula 18 STJ
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória de extinção
da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
 Art. 120 CP: NÃO gera reincidência.
Distinção entre perdão judicial e escusas absolutórias.
Ambas são causas de extinção da punibilidade e condições
subjetivas, incomunicáveis.
Mas o perdão somente pode ser concedido na sentença ou acórdão,
depois de cumprido o devido processo legal, em que se averiguará
as “consequências graves”.
As escusas absolutórias impedem a instauração da persecução penal
(inquérito). São questões objetivas, provadas de imediato
(parentesco em linha reta).
Outras causas:
a) Término do período de prova, sem revogação, do sursis, do livramento condicional e da
suspensão condicional do processo (9099, 85)
b) Escusas absolutórias (CP, 181 e 348, § 2º)
c) Reparação do dano, no peculato culposo, efetivada antes do trânsito (CP, 312 § 2º)
d) Pagamento do tributo ou contribuição social nos crimes contra ordem tributária (Lei
10684/03, 9 § 2º)
e) Confissão espontânea e pagamento das contribuições, importâncias ou valores e prestação das
informações devidas à previdência social, na forma da lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal, nos crimes de apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição
previdenciária (CP, 168-A § 2º, 337-A § 1º e L 9430, 83 § 4º)
f) Anulação do primeiro casamento em crime de bigamia
g) Conciliação efetuada em relação aos crimes contra honra (CPP 520 a 522)
h) Morte do cônjuge ofendido no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento, por ser Ação Penal Privada Personalíssima
i) Cumprimento integral do acordo de leniência
j) Cumprimento integral do acordo de não persecução penal
k) SUPRALEGAIS – Súmula 554 STF “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos,
após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”
a. NÃO É: Furto de energia elétrica. Pagamento antes do oferecimento. Apenas
arrependimento posterior (INFO 622)

MOMENTO DA OCORRÊNCIA: Pode alcançar a pretensão punitiva ou a pretensão executória


(indulto, graça, sursis e livramento condicional) (ambos: morte, anistia, abolitio e prescrição),
conforme ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado.

EFEITOS:
a) Causas de extinção da punibilidade que atingem pretensão punitiva (ANTES do
trânsito): Eliminam todos os efeitos penais da sentença condenatória, inclusive
reincidência e formação de título executivo judicial cível.
b) Atingem pretensão executória (DEPOIS do trânsito): salvo nas hipóteses de abolitio
criminis e anistia, apagam unicamente o efeito principal da condenação, a pena.
Subsistem os efeitos secundários (reincidência, título):
Súmula 631 STJ
O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais).

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES ACESSÓRIOS, COMPLEXOS E CONEXOS:


Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou
circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da
conexão
a) Crime acessório (de fusão; parasitário): existência depende da prática anterior de
outro crime (o principal). Ex.: lavagem. Extinção do antecedente não atinge.
b) Crime complexo: resulta da união de dois ou mais crimes. Ex.: eventual prescrição do
roubo não importa extinção do latrocínio.
c) Crime conexo (teleológica): Ex.: para vender drogas mata policial. O art. 121 § 2º V do
CP prevê a qualificadora da conexão.
d) DIFERENTE DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: Extinção da punibilidade do crime fim
atinge crime-meio (ex.: falsidade ideológica somente para descaminho, havendo a
extinção da punibilidade deste – diante do pagamento do tributo – haverá daquele,
pois o falso é carente de autonomia – INFO 523).
PRESCRIÇÃO
Pretensão de punir geral e abstrata  Pratica do Crime  Pretensão de punir concreta e a
pessoa determinada. Existem muitos limites ao direito de punir, a prescrição é o limite
temporal.
CONCEITO: Perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória em face da inércia do
Estado durante determinado tempo legalmente previsto.
FUNDAMENTOS:
a) Segurança jurídica ao responsável pela infração penal
b) Luta contra ineficiência do Estado
c) Impertinência da sanção penal: função preventiva (especial e geral) precisa ser
manifestada logo após a prática da infração para gerar efeito intimidador.
NATUREZA JURÍDICA: Causa de extinção da punibilidade e direito fundamental.
 Como DF, em caso de citação por edital e suspensão do processo (CPP, 366), não se
suspende por tempo indefinido, mas pelo prazo máximo em abstrato do crime,
quando se retomará o cômputo (logo é calculada em dobro).
 Exceção na lei de lavagem
Súmula 415 STJ
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.
 STF tem entendimento diverso (RE 460971/RS)

ALOCAÇÃO: Direito Penal.


 Prazos prescricionais improrrogáveis
 Cômputo: inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia final, pelo calendário comum.
 Matéria de ordem pública (reconhecível de ofício e sem preclusão)
 Matéria preliminar: impede análise do mérito

IMPRESCRITIBILIDADE: No Código Criminal do Império, 1830, não prescreviam. Nos demais, a


partir de 1890 previu-se a prescrição. Mas a CF tornou imprescritíveis:
a) Racismo – Lei 7716/89
b) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático – Lei de Segurança Nacional

c) “Crimes do TPI não prescrevem”. Mas, como não há norma no direito pátrio
reproduzindo imprescritibilidade aos crimes contra humanidade, o STF já entendeu
que prescrevem sim. Brasil não subscreveu a Convenção sobre Imprescritibilidade dos
Crimes de Guerra e dos Crimes contra Humanidade. INFO 659.

DECADÊNCIA: Nesta, perde-se o direito de ação, logo o direito de punir (pois não tem como
sem devido processo legal). Na prescrição, perde-se o direito de punir, logo, também o direito
de ação.

ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO:
A) Pretensão punitiva
a. Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita ou prescrição da ação
penal
------------------------------------trânsito em julgado para só para a acusação------------------------------
b. Prescrição intercorrente (CP 110 § 1º)
c. Prescrição retroativa (CP 110 § 1º)
--------------------trânsito em julgado para ambas as partes do processo
penal-------------------------
B) Pretensão executória

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA: Obsta o exercício da ação penal, seja na fase


administrativa ou judicial. Enseja, inclusive, a rejeição da denúncia ou queixa (CPP, 395, II). Se
já instaurada, o magistrado, depois de ouvido o MP, deve declarar a extinção da punibilidade,
sem análise do mérito e arquivando os autos. Do contrário, caberá HC (CPP, 648, VII). Apaga
todos os efeitos de eventual sentença condenatória já proferida, principal ou secundários,
penais ou extrapenais, não será reincidência, nem maus antecedentes, nem título executivo
no juízo civil.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA: Como já existe trânsito para ambas as partes,


compete ao juízo da execução declarar a extinção da punibilidade, ouvido o MP, cabendo
recurso de agravo, sem efeito suspensivo (LEP, 66, II e 197). Extingue somente a pena (efeito
principal), mantendo-se intocáveis todos os demais efeitos secundários da condenação, penais
e extrapenais. Subsiste a própria condenação, que será pressuposto de reincidência e maus
antecedentes.
DIVERGÊNCIA
Termo inicial da PPE
STJ (basta o trânsito em julgado para a acusação – letra lei, judiciário não pode criar causa interruptiva) x STF (1ª
turma exige trânsito em julgado para acusação e defesa – interpretação sistemática, )
Obs.: diferente do assunto de interrupção da prescrição, que pacificou sobre o acordão
confirmatório da condenação.

PRESCRIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA OU PRESCRIÇÃO DA AÇÃO
PENAL:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se:
PENA MÁXIMA ABSTRATA PRAZO PRESCRICIONAL
Inferior a 1 ano 3 anos
Igual ou superior a 1 ano até 2 anos 4 anos
Superior a 2 até 4 anos 8 anos
Superior a 4 até 8 anos 12 anos
Superior a 8 anos até 12 anos 16 anos
Superior a 12 anos 20 anos
(1) Multa isolada (CP, 114, I) 2 anos
(2) Porte de droga para consumo pessoal Regras que não foram atingidas pela Lei 12.234/2010 que
(3) CPM, 15, VII: Máximo da PPL é inferior a 1 ano. alterou o menor prazo de 2 para 3
Independe da quantidade de pena: 30 anos
Pena de morte, aplicável em tempo de guerra, cuja
prescrição opera-se em 30 anos. (CPM, 125, I).

Por que o máximo? É tolhimento de um direito do Estado. Logo, pauta-se pela interpretação
mais benéfica pra ele. Por isso, nas causas de aumento e diminuição de pena, serão utilizados
os percentuais mais graves para o autor do delito. Como não há certeza da pena mínima ou
mais diminuída, seria errado tirar do Estado seu direito com base nelas.

No sistema trifásico, o que pode influenciar na prescrição?


a) Circunstâncias judiciais: NÃO (não podem ultrapassar limites mínimos e máximos)
b) Agravantes e Atenuantes genéricas: NÃO (idem). EXCETO:
Obs.: Reincidência aumenta em 1/3 o prazo da prescrição da pretensão executória
(CP, 110, caput).
a. Há duas exceções por expressa previsão legal: na forma do art. 115 CP
reduzem pela metade o prazo de prescrição, qualquer modalidade (punitiva ou
executória).
i. Menor de 21 na data do fato  Maior de 70 na data da sentença
(Em sentido amplo: (i) acórdão originário; (ii) reforma da sentença absolutória;
(iii) substituição da sentença condenatória em sede do recurso em que reformada
parcialmente.). Não reduz se completou 70 anos após a sentença
condenatória (INFO 652/2019 STJ e INFO 822/2016 – STF). Mas o STF já
admitiu “desde que na data do aniversário do acusado a condenação ainda não tenha
transitado em julgado” (info 731/2013).

c) Causas de aumento e diminuição de pena: SIM. Presente causa de aumento, incide o


percentual de maior elevação; e, nas causas de diminuição, utiliza-se o de menor
redução.

Termo inicial:
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
REGRA GERAL: Consumação (Teoria do Resultado).
Dúvida insolúvel resolve-se em prol do réu.

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;


III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil,
da data em que o fato se tornou conhecido.
Pela autoridade pública competente para apurar (Delegado, MP ou Judiciário).
Não é necessária ciência formal, podendo ser presumida da notoriedade do
fato.

V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste


Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos,
salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
E se a vítima morrer?
a) Antes dos 18: conta-se a prescrição da data da consumação
b) Depois dos 18: conta-se dos 18
Lei de falências: do dia da decretação da falência, da concessão da RJ ou com a
homologação do plano de recuperação judicial.

CAUSAS INTERRUPTIVAS:
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
Ocorre com a publicação (em cartório, não da imprensa oficial) do
despacho de recebimento.
Se for rejeitada no 1º grau, poderá ocorrer em 2º grau, na data da
sessão de julgamento do RESE (CP) ou da apelação (9099).
Súmula 709 STJ
Salvo quando nula a decisão de 1º grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
 Se nula, não interrompe, pois os atos nulos não produzem
efeitos jurídicos.
Recebimento por juiz absolutamente incompetente não interrompe.
Somente será interrompida com despacho do juiz competente
ratificado atos anteriores (CPP, 567).
Recebimento por juiz relativamente incompetente interrompe.
Recebimento do aditamento da denúncia não interrompe a prescrição,
exceto se for acrescentado novo crime, quando interromperá apenas
em relação ao novo delito.

II - pela pronúncia;
Súmula 191 STJ
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do
Júri venha a desclassificar o crime.

III - pela decisão confirmatória da pronúncia


Se houver pronúncia e o réu interpor RESE e o Tribunal negar provimento. É
para evitar prescrição no procedimento complicado do Júri.

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;


Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código
Penal, o acórdão condenatório SEMPRE interrompe a
prescrição, inclusive quando confirmatório da
sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou
aumentando a pena anteriormente imposta.
STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 27/04/2020.
 Esta já era a posição da Orientação 33 2ª CCR MPF
Orientava todos MPs a defenderem a tese.

Posição do STJ e da doutrina majoritária era contrário.


 OBS.: ACORDÃO ABSOLUTÓRIO não interrompe nada!
Mantém-se a interrupção em 1ª instância.
 OBS.: ACORDÃO CONDENATÓRIO ORIGINÁRIO, nas hipóteses
em que não comporta recurso (STF), não interrompe
prescrição, pois é irrecorrível.
Medida de segurança?
a) Inimputável: é absolutória  não interrompe
b) Semi-imputável: é condenatória  interrompe.
Obs.: os demais incisos tratam da prescrição da pretensão executória.

COMUNICABILIDADE DAS CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


PUNITIVA: quando o Estado exerce a persecução relativamente a um dos envolvidos, revelou
seu interesse também a todos os demais.
  § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo (prescrição da pretensão
executória), a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores
do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos
demais a interrupção relativa a qualquer deles
 “Autores” é gênero e engloba partícipes.
 Ex.: A e B praticam roubo. A é absolvido e B condenado. Sentença condenatória de B
interrompe a prescrição para A. Ex.: A é denunciado por roubo, furto e tráfico. Juiz
absolve de tráfico e condena nos demais. Sentença condenatória interromperá a
prescrição

CAUSA ESPECIAL DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA NOS CRIMES


FALIMENTARES: a Decretação da falência do devedor interrompe a prescrição cuja contagem
tenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de
recuperação judicial.

CAUSAS IMPEDITIVAS:
Causas impeditivas da prescrição
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da
existência do crime;
Questão prejudicial.
O termo inicial é o despacho que suspende a ação penal e o final é o despacho
que determina a retomada.

São questões prejudiciais as previstas nos arts. 92 (relativas ao estado civil das
pessoas  suspensão obrigatória
 Ex.: agente é processado por bigamia e, no juízo cível, busca anulação
de um dos casamentos. Se procedente, não haverá crime.
E 93 (relativas a questões diversas) do CPP (suspensão facultativa).

II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;


 antes do pacote estava escrito “estrangeiro”

PACOTE ANTICRIME
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e
A última causa da interrupção da prescrição é a sentença ou acordão
condenatório irrecorrível.
Era comum a utilização de embargos e recursos protelatórios que, somados à
morosidade da Justiça, levavam à extinção da punibilidade.
Com o Pacotito não corre mais prescrição.

Inadmissível é o recurso não conhecido.


São normas de natureza penal. Não se aplicam retroativamente.

IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.

NATUREZA DAS CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS: Prejudiciais ao réu, são taxativas


(incidente de insanidade mental não suspende por falta de amparo legal).

CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENTIVAS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PREVISTAS


FORA DO CÓDIGO PENAL:
a) Suspensão condicional do processo (9099, 89 § 6º)
b) Quando o réu, citado por edital, não comparecer ao interrogatório nem constituir
defensor, suspende-se o processo e a prescrição (CPP, 366)
c) Cumprimento da carta rogatória (CPP, 368)
d) Sustação pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal (CF, 53 § 5º)
e) Acordo de leniência nos crimes contra a ordem econômica (L 12529, 87)
f) Parcelamento tributário (Lei 9430, 83 §§ 2º e 3º)
g) Lançamento de tributo pendente de decisão definitiva do processo administrativo
importa em falta de justiça causa para ação penal, suspendendo, porém o curso da
prescrição (STF)
Enunciado 19 2ª CCR: Suspensa a pretensão punitiva dos crimes tributários, por força
do parcelamento do débito, os autos de investigação correspondentes poderão ser
arquivados na origem, sendo desarquivados na hipótese do § 1º do art. 83 da Lei
9430/96, acrescentado pela Lei 12382/11.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL, SUSPENSÃO DOS PROCESSOS


PENDENTES EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL E SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO (STF INFO
868/2017): Suspensão prevista no art. 1035 § 5º do CPC produz efeitos nos processos penais,
operando-se automaticamente a suspensão da prescrição caso o relator determine a
suspensão dos processos. Utiliza-se a regra do art. 116, I, CP c.c. 93 do CPP (Questão
prejudicial externa). Trata-se de corolário lógico da suspensão do processo a suspensão da
prescrição, sob pena de desequilíbrio entre partes e violação da prerrogativa constitucional do
MP e do postulado da paridade de armas, violando os constitucionais princípios do
contraditório e devido processo legal. Princípio da proporcionalidade: proibição da proteção
deficiente.
 NÃO abrangerá inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios no MP (CPC só
fala de processos)
 NÃO abrangerá ações penais com réu preso provisoriamente
 Juiz poderá produzir provas urgentes.

PRESCRIÇÃO SUPERVENIENTE (à sentença), INTERCORRENTE ou SUBSEQUENTE:


É o momento de adequação daquela pena máxima anteriormente considerada para não
prejudicar o Estado à pena concretamente fixada, por isso que é importante o trânsito em
julgado da PENA (similar ao trânsito da pena para acusação, pois há é vedado o reformatio in pejus ).
É a modalidade de prescrição da pretensão punitiva (não há trânsito em julgado para ambas as
partes) que se verifica entre a publicação da sentença condenatória recorrível e seu trânsito
em julgado para a defesa. Ou seja, depende o trânsito em julgado em relação a pena imposta:
 É possível falar em prescrição intercorrente sem trânsito para acusação? SIM! Basta
o MP ou querelante recorrerem sem pleitear o aumento da pena (Ex.: modificação do
regime prisional).
 É possível falar em prescrição intercorrente mesmo com recurso da acusação com
pedido de aumento de pena? SIM! Quando o Tribunal dá provimento e, mesmo com o
aumento, decorreu o prazo prescricional. (Ex.: recurso para aumentar pena de 1 para 2
permanece no prazo de 4 anos).

CÁLCULO: Com base na pena concreta.


Súmula 146 STF
A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há
recurso da acusação.
 Trata-se de decorrência da proibição do reformatio in pejus. Não se agravará.

TERMO INICIAL: Com a publicação da sentença condenatória recorrível, condicionada ao


trânsito em julgado para acusação (daí retroagindo à publicação).

MOTIVOS PARA A SUA OCORRÊNCIA:


a) Demora em se intimar o réu da sentença, isto é, ultrapassa-se o prazo prescricional e
o réu ainda não foi intimado
b) Demora no julgamento do recurso de defesa pelo Tribunal

MOMENTO ADEQUADO PARA O SEU RECONHECIMENTO: Não pode ser decretada na própria
sentença condenatória, em face da ausência de trânsito em julgado para acusação ou no caso
do improvimento do seu recurso. Depois do trânsito para acusação:
a) Pode ser reconhecida exclusivamente pelo Tribunal, pois encerrada a atividade
jurisdicional
b) Pode ser decretada em 1º grau , por se tratar de matéria de ordem pública
reconhecível de ofício a qualquer tempo  STJ (INFO 442)

PRESCRIÇÃO RETROATIVA
Do fim para o início – considera a penal final e calcula entre os marcos interruptivos
Decorre do direito de razoável duração do processo. Espécie da prescrição da pretensão
punitiva (não há trânsito para ambas as partes) calculada pela pena concreta (sentença
condenatória). Interpretação do art. 110 § 1º do CP c.c. Súmula 146 STF. Mas depende do
trânsito da pena para a acusação (seja pela não interposição ou porque improvido seu
recurso), caso em que a pena concretizada na sentença será a mais grave ao réu, momento
em que o Estado deve parar de utilizar a pena in abstrato para o cálculo da prescrição.

TERMO INCIAL: A partir da publicação da sentença ou acórdão condenatório, condicionados


ao trânsito para a acusação. Conta-se para trás: até o recebimento da denúncia ou queixa.
 No JÚRI:
o Entre a publicação da sentença ou acordão condenatório e a decisão
confirmatória da pronúncia
o Entre a decisão confirmatória da pronúncia e a pronúncia
o Entre a pronúncia e o recebimento da denúncia ou queixa

HÁ PRESCRIÇÃO RETROATIVA na FASE INVESTIGATIVA? NÃO! Reforma da Lei 12234/2010


que almejava revogar a prescrição retroativa. De surpresa (tsc), aprovou-se tão somente para a
fase investigativa (extinção parcial). Nesse período, vale só a prescrição da ação como castigo à
inércia estatal.
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo,
em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
 OFERECIMENTO é termo inicial da prescrição retroativa
 RECEBIMENTO é termo interruptivo do prazo prescricional

MOMENTO ADEQUADO PARA O RECONHECIMENTO: jamais na própria sentença


condenatória, pela falta de trânsito para acusação ou improvimento de seu recurso. Assim
como na prescrição intercorrente, o STJ aceita seu reconhecimento pelo juiz de 1ª grau.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA OU PRESCRIÇÃO DA CONDENAÇÃO
CONCEITO: é a perda, em razão da omissão do Estado, do direito e do dever de executar uma
sanção penal definitivamente aplicada pelo Judiciário.

CONTAGEM: é calculada com base na pena concreta, pois já existe trânsito:


Súmula 604 STF
A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória da pena privativa
de liberdade.
Mas, em caso de reincidência, aumenta-se de um terço:
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e
verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é
reincidente.   
 Esse aumento só acontece na prescrição da pretensão executória.
Súmula 220 STJ
A reincidência não influi no prazo de prescrição da pretensão punitiva.
Fuga e revogação do livramento condicional: pena cumprida é pena extinta.
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a
prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Concurso de crimes: análise ISOLADA!

TERMO INICIAL:
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga
a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena.
a) A prescrição da pretensão executória depende do trânsito para ambas as partes, mas,
a partir do momento em que isso ocorre, seu termo inicial retroage ao trânsito em
julgado para a acusação.
a. Como é bizarro, o STF já decidiu que se presentes manobras procrastinatórias,
como a sucessiva oposição de embargos de declaração e renúncia do cargo, é
desarrazoada a contagem desde o trânsito em julgado para acusação, pois
frustra e efetividade da jurisdição penal (RE 6965333/SC 2018).
PARECER DA PGR
O STF decidiu pela impossibilidade da execução da pena antes de exauridas
todas as instâncias, inclusive a extraordinária, sem prejuízo da possibilidade de
prisão cautelar. [A regra do CP foi erigida em contexto de CR67, que admitia a
execução provisória da pena].
A aplicação literal do art. 112, I, CP, em face a orientação jurisprudencial atual
do STF, acarreta contradição com a essência do conceito de prescrição, que
decorre da inércia do titular do direito, e severo golpe contra a eficácia do
sistema de execução penal e contra o direito fundamental à segurança, pois
o curso da prescrição da pretensão executória se iniciaria sem que o Estado,
por meio do MP, possa executar a decisão condenatória. Atinge-se, assim,
também, de forma cruel, a expectativa legítima das vítimas de punição.
A única interpretação atualmente consistente e compatível com a CR acerca
do termo inicial da prescrição executória é a que define como n trânsito em
julgado da decisão condenatória para ambas as partes.
 Actio in nata (inércia)
 Proporcionalidade – Proibição da proteção deficiente (garantismo
positivo)
 Devido processo legal
 Isonomia processual – paridade de armas
 Fundamento de prescrição
 Coerência
 Estímulo a manobras procrastinatórias
 Violação ao poder-dever institucional do MP
 Resolução 40/34 AGONU de 1985 – Princípios básicos de justiça
relativos a vítimas da criminalidade e de abuso de poder.
 Como pode correr prescrição da pretensão punitiva e executória ao
mesmo tempo?

Já é o entendimento da 5ª Turma do STJ e 1ª Turma do STF (Barroso).


QUAL É O ENTENDIMENTO ATUAL? (STF INFO 890/2018)
• Posicionamento pacífico do STJ: o termo inicial da prescrição da pretensão
executória é a data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a
acusação, ainda que a defesa tenha recorrido e que se esteja aguardando o
julgamento desse recurso. Aplica-se a interpretação literal do art. 112, I, do CP
considerando que ela é mais benéfica ao condenado.
• Entendimento da 1ª Turma do STF: o início da contagem do prazo de
prescrição somente se dá quando a pretensão executória pode ser exercida.
Se o Estado não pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo
prescricional já está correndo. Assim, mesmo que tenha havido trânsito em
julgado para a acusação, se o Estado ainda não pode executar a pena (ex: está
pendente uma apelação da defesa), não teve ainda início a contagem do prazo
para a prescrição executória. É preciso fazer uma interpretação sistemática do
art. 112, I, do CP.
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 6/2/2018 (Info 890).

 ARE 848107/DF (AFETADO PARA PACIFICAR O TEMA), no qual foi


proferida a manifestação do PGR acima.

b) Do dia da revogação da suspensão condicional da pena ou do livramento


condicional: com isso, é determinada a prisão do condenado e o Estado tem prazo
para executá-la.
a. Sursis: cumprirá integralmente a pena
b. Livramento condicional: revogação pode considerar ou não o tempo em que
esteve solto o condenado (CP, 88)
c) Do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena.
a. Fuga do regime fechado ou semiaberto; abandono do aberto;
descumprimento de PRD.
b. Superveniência de doença mental (CP, 41)  Como o condenado é internado,
há execução da pena.

CAUSAS INTERRUPTIVAS:
 Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
Início da PRD de prestação de serviços é o 1º dia de comparecimento à
entidade social, e não a audiência admonitória.
O cumprimento da pena acessória (tal como a entrega de CNH) configura
início do cumprimento de pena e interrompe.

VI - pela reincidência
REINCIDÊNCIA ANTECEDENTE REINCIDÊNCIA SUBSEQUENTE
Já existia ao tempo da condenação Posterior a condenação transitada
Aumenta em 1/3 o prazo de Interrompe o prazo prescricional já
prescrição da pretensão executória iniciado
Opera-se com a prática do crime,
embora condicionada ao trânsito
(retroage à data do crime).

INCOMUNICABILIDADE DAS CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


EXECUTÓRIA: Natureza personalíssima (iniciar, continuar pena e reincidência).
  § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-
se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

CAUSA IMPEDITIVA/SUSPENSIVA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA:


Art. 116. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não
corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo
 Embora não conste expressamente, a suspensão condicional da pena e o livramento
condicional também impedem.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA E INDULTO: Quando o indulto não extingue a


punibilidade, mas é parcial, limitando-se a diminuir a pena (comutação da pena), irradia
efeitos sobre o cálculo da prescrição da pretensão executória, que deverá observar a nova
sanção.

PRESCRIÇÃO VIRTUAL, PROJETADA, ANTECIPADA, PROGNOSTICAL OU RETROATIVA EM


PERSPECTIVA
Construção doutrinária e jurisprudencial. Decreta-se a extinção da punibilidade com
fundamento na perspectiva de que, mesmo na hipótese de eventual condenação,
inevitavelmente ocorrerá a prescrição retroativa.
 Ex.: Fulano comete crime de furto. MP verifica tudo favorável. Pena será claramente mínima.
Pela pena máxima ainda não houve prescrição da pretensão punitiva propriamente dita
(prescrição da ação); mas, é razoável seguir com a ação penal ciente de que na situação real o
crime estará prescrito retroativamente diante da provável pena concreta? Boa parcela da
doutrina é favorável, ante a ausência de interesse de agir e economia processual.
 O réu não tem direito à pena mínima. Isso só pode ser aplicado com razoabilidade. Quando
uma pena próxima a pena máxima já ensejar a prescrição retroativa.
 Para os defensores, no Júri ela ocorreria em três momentos:
o Entre a publicação da sentença condenatória recorrível e a decisão confirmatória da pronúncia
o Entre a decisão confirmatória da pronúncia e a pronúncia
o Entre a pronúncia e o recebimento da denúncia ou queixa

O STF NÃO ADMITE A PRESCRIÇÃO VIRTUAL/EM PERSPECTIVA, haja vista a inexistência de


previsão legal do instituto. É precoce estabelecê-la com base em presunção de futura e
incerta pena, pois no curso da ação criminal podem ser revelados novas circunstâncias e fatos.
Súmula 438 STJ – Também não admite
É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo
penal.
 E 2ª CCR NÃO ADMITE (Enunciado 28)
Inadmissível o reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição,
considerando a pena em perspectiva, por ferir os primados constitucionais do devido
processo legal, da ampla defesa e da presunção de inocência.

Com a Lei 12.234/2010 vedando a prescrição retroativa no período anterior a denúncia ou


queixa, tornou-se quase impossível a prescrição virtual, normalmente verificada na fase
investigatória. Agora, até para os que defendem, só na fase judicial.

PRESCRIÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


Art. 109. Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos
previstos para as privativas de liberdade
São substitutivas. Inclusive, na prescrição da pretensão executória de PRD descumprida, o
prazo é calculado de acordo com o tempo faltante da pena alternativa aplicada em
substituição. É equiparável às hipóteses de evasão do art. 113, CP.

PRESCRIÇÃO DA PENA DA MULTA


Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.

3) Prescrição da pretensão punitiva de multa: art. 114, incidindo as causas impeditivas e


interruptivas gerais. Mesmo prazo da PPL, conforme art. 118 do CP (mais leves
prescrevem com as mais graves) e, se única imposta, prescreve em 2 anos (art. 114).

4) Prescrição da pretensão executória: as causas suspensivas e interruptivas são


previstas da LEF:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as
normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
No tocante ao prazo da prescrição da pretensão executória de multa há divergência:
c) 5 anos da LEF, pois é dívida de valor
d) Mesmo prazo da PPL, conforme art. 118 do CP (mais leves prescrevem com as
mais graves) e, se única imposta, prescreve em 2 anos.
A REINCIDÊNCIA NÃO AUMENTA EM 1/3.
Súmula 604 STF
A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória da pena
privativa de liberdade.

PRESCRIÇÃO E DETRAÇÃO PENAL


O desconto do tempo já cumprido pelo condenado influencia no cálculo da prescrição? NÃO
(STF), com base no princípio da legalidade, o art. 113 CP só admite “pena cumprida é pena
extinta” nos casos de evasão ou revogação do livramento condicional, não se referindo ao
tempo de prisão cautelar.

PRESCRIÇÃO NAS MEDIDAS DE SEGURANÇA


Aplicáveis aos Inimputáveis ou semi-inimputáveis, quando comprovada a periculosidade e a
necessidade de tratamento. Incide a prescrição:
a) Semi-imputáveis: sistemática das PRL, uma vez que leva em conta a pena diminuída e
depois substituída por medida de segurança  existe sentença condenatória concreta
b) Inimputáveis: duas correntes
a. Como não há pena em concreto (absolvição), só há prescrição da ação (abstrata)
b. STF e STJ: Há prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão
executória, ambas calculadas com base na pena máxima em abstrato.

PRESCRIÇÃO E ABSORÇÃO DE PENAS


Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.
Mais leves: PRD e multa. (Essa regra seria até dispensável para as PRD porque substitutivas, prescrevendo no
mesmo prazo, conforme 109, pu)
Mais graves: PRL.

PRESCRIÇÃO NO CONCURSO DE CRIMES


Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
de cada um, isoladamente.
 Dispositivo aplicável ao concurso material, formal e crime continuado. Ou seja, não irá
utilizar a pena final, cumulada ou exasperada.
Súmula 497 STF
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

PRESCRIÇÃO NA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL


1) LEI DE DROGAS: Drogas para consumo pessoal  opera-se em 2 anos a prescrição da
pretensão punitiva e da pretensão executória (art. 30).

2) CPM: A prescrição da pretensão punitiva é regulada pelo máximo da PPL (art. 125, caput) e
a prescrição da pretensão executória pela quantidade da pena imposta, a qual será
aumentada de um terço se o réu é criminoso habitual ou por tendência (art. 126). Para a pena
de morte, o prazo prescricional é de 30 anos (art. 125, I).

3) ECA: Aplica-se o CP: calcula-se com base na pena máxima em abstrato (3 anos, logo 8 anos,
metade 4 anos), reduzida pela metade pelo fato de se tratar de menor de 21. Salvo se fixada
em concreto, semiliberdade em 6 meses (1,5).
Súmula 338 STJ
A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.

4) LEP – FALTA GRAVE e PRESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO DISCIPLINAR: É de 3 anos o prazo


prescricional para aplicação de sanção disciplinar por falta grave (LEP, 52 e 53 c.c. art. 109, VI,
levando-se em conta o menor lapso previsto). Em caso de fuga, o termo inicial é a data da
recaptura (CP, 111, III).
CRIME DE TRÁFICO DE PESSOAS
É HEDIONDO? NÃO. Não obstante, em que pese não considerado hediondo (ou
equiparado), sofre uma das restrições relativas a essa categoria de crimes, isto é: requisito
temporal mais severo (cumprimento de mais de 2/3 da pena) para obtenção do livramento
condicional (CP, art. 83, V).

CONSENTIMENTO VÁLIDO PARA PROSTITUIÇÃO EXCLUI O CRIME? SIM! Consentimento


válido retira o elemento do tipo de ameaça, fraude e abuso...

CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


O CONCEITO É IGUAL NA LEI E NA CONVENÇÃO DE PALERMO? NÃO. Na convenção é 3 ou
mais na lei interna é 4 ou mais.
CRIME DE TERRORISMO
TIPIFICAMOS ANTES OU DEPOS DA CONVENÇÃO? DEPOIS! Tão somente com a Lei
13260/2016 por pressão pelas Olimpíadas. Convenção é de 1999 internalizada em 2005.
CRIME DE TRÁFICO DE PESSOAS
O tipo do CP Inclui tráfico para adoção ilegal? SIM!
A CONVENÇÃO inclui tráfico para adoção? NÃO! Só para exploração sexual, trabalho,
escravatura, servidão e remoção de órgãos.
CRIME DE CORRUPÇÃO
Corrupção ativa admite tentativa? SIM! Por bilhete que o servidor só lê depois de realizar o
ato. É plurisubsistente.

O ato de corrupção precisa ser da função do funcionário? Nem sempre, se ele conseguir
facilitar de alguma forma, será corrupção (INFO 635/2018). a expressão "ato de ofício" É
como um elemento normativo do tipo de corrupção passiva. nem sua interpretação
sistemática, nem a política criminal adotaram interpretação restritiva.

Corrupção rompe com a teoria monista no concurso de pessoas. É uma exceção pluralística.

Há concurso aparente de normas entre os tipos penais previstos no art. 317 do Código Penal
e art. 3º, inciso II, da Lei 8.137/1.990 (agente fiscal - corrupção contra ordem tributária), a
ser resolvido pelo princípio da especialidade.
CRIME DE MOEDA FALSA
E se for dólar? Há crime (“em curso legal no país ou estranheiro”.

Arrependimento posterior? Não. A vítima é a coletividade. Não tem como reparar a fé


pública.

Grosseiramente falsificado é moeda falsa? Não. É estelionato, na Justiça Estadual.

Insignificância? NÃO (STF 2012)


CRIME DE ROUBO
Roubar uma pessoa, mas levo bens de outras que estão na posse desta? Se ameaço duas
pessoas com intenção de um crime de roubo? UM CRIME (uma intenção) (INFO 551). Se o
agente tiver a intenção de subtrair mais de um patrimônio haverá dois crimes (INFO 556)

Súmula n. 610 : Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima. (política criminal).

Arma de fogo? DOBRO.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (NÃO HÁ NO EDITAL)


2019: A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213 e
art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação os delitos, que haja contato físico
entre ofensor e vítima.”. Com efeito, a dignidade sexual não se ofende somente com lesões
de natureza física.
 A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento,
menor de 14 anos desnuda em motel  Estupro de vulnerável

2020: O estado de sono, que diminua a capacidade da vítima de oferecer resistência,


caracteriza a vulnerabilidade prevista no art. 217-A, § 1º, do Código Penal - CP

2019: É possível a configuração do crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação
entre professor e aluno.”

O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro se obtido
mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14 anos.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA


Sursis, do francês surseoir, consiste na suspensão da execução da pena privativa de liberdade
imposta ao condenado mediante compromisso de certas condições. Daí ser chamado de
suspensão condicional da pena.
São dois os sistemas de sursis mais conhecidos no mundo:
1. probation system (sistema angloamericano): o juiz reconhece a culpabilidade do réu,
mas não profere sentença condenatória, suspendendo o processo;
2. franco-belga (ou belga-francês, ou europeu continental): o juiz não só reconhece a
culpabilidade como condena o réu. Todavia, preenchidas as condições impostas por
lei, suspende a execução da pena. É o sistema adotado pelo Código Penal Brasileiro.

Quando o SURSIS é concedido? Na sentença. Desde que não seja cabível a substituição por
PRD ou por multa. Transitada em julgado a sentença que impôs o sursis, será intimado a
comparecer em uma audiência de advertência – ADMONITÓRIA – quando será avisado das
condições e descumprimento. Se não comparecer, já é cassado.

Requisitos para o SURSIS:


OBJETIVOS:
a) PPL não superior a 2 anos
b) Impossibilidade de substituição da PPL por PRD ou multa
SUBJETIVOS:
a) Não ser reincidente em crime doloso (exceto se a condenação anterior for
exclusivamente multa)
b) Circunstâncias judiciais favoráveis

Espécies de SURSIS:
a) Simples ou Comum: condenados não reincidentes a PPL não superior a 2 anos, que
não reparou o dano (salvo impossibilidade) e/ou circunstâncias desfavoráveis. O
período de prova será de 2 a 4 anos.
b) Especial: condenados não reincidentes a PPL não superior a dois anos, desde que
circunstâncias favoráveis + reparação do dano. Seus requisitos são mais rígidos do
que para o sursis simples, mas as condições são mais brandas. O período de provas
será de 2 (dois) anos a 4 (quatro) ano.
c) Etário: condenados com +70 anos na data da sentença cuja PPL não seja superior a
QUATRO anos. Contudo, o período de prova será de 4 a 6 anos.
d) Humanitário: condenado a PPL não superior a 4 anos, desde que o estado de saúde
justifique. Período de prova de 4 a 6 anos.

Condições legais: (juiz pode impor outras, as condições judiciais)


a) Simples:
a. Prestação de serviço à comunidade e limitação de fim de semana (1º ano do
período de prova)
b) Especial: cumulativamente
a. Proibição de frequentar determinados lugares
b. Proibição de se ausentar da comarca sem autorização do juiz
c. Comparecimento pessoal mensal para justificar atividades exercidas

Condições legais indiretas = Causas de REVOGAÇÃO:


a) OBRIGATÓRIA:
a. Condenado irrecorrivelmente por crime doloso
b. Não reparar o dano, salvo motivo
c. Descumprir as condições do sursis simples
b) FACULTATIVA:
a. Condenado irrecorrivelmente por contravenção ou crime culposo, salvo se
imposta pena de multa
b. Descumprir as condições do sursis especial
c. Descumprir as condições especiais
Prorrogação do período de prova: processado por outro crime ou contravenção, até o
julgamento definitivo OU quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de provas até o máximo, se este não foi o fixado.

Extinção da punibilidade: depois do período de provas se não houver revogação

LIVRAMENTO CONDICIONAL
“medida penal consistente na liberdade antecipada do reeducando, etapa de preparação para
a soltura plena, importante instrumento de ressocialização”.
O benefício faz parte do sistema progressivo adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro,
entretanto, não pressupõe a passagem por todos os regimes prisionais. É que a data base
para o livramento condicional não deve ser alterada pela regressão de regime, o que permite
que muitos apenados cujo o regime foi regredido, implementem o lapso para o livramento
condicional antes mesmo de cumprir o lapso para nova progressão.
Conforme preceitua o artigo 83, I, II, III, IV, V do Código Penal, o lapso temporal a ser cumprido
para a obtenção do livramento condicional é de:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que:
 1/3 da pena para os primários (não reincidente em crime doloso com bons antecedentes),
 1/2 da pena para reincidentes (em crime doloso)
 2/3 para os condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
o É vedado para reincidente específico em hediondo
o (PACOTE - LEP) É vedado para hediondo com resultado morte, primário ou equiparado
o Lei de Drogas proibiu ao reincidente específico em seus crimes
o Tráfico Privilegiado não é hediondo. Não há vedação ao livramento.
III – Comprovado:
 bom comportamento durante a execução da pena
 não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses
 bom desempenho no trabalho
 aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto
IV – Reparado o dano, salvo impossibilidade

Soma de penas:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.

Revogação obrigatória:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código (soma)

Revogação facultativa:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por
crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Efeitos da revogação:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se
desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.

Extinção da pena:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
livramento.
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.

Recurso: Agravo em Execução.

Juris:
Súmula 441 STJ – A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional.
 Mas gera a falta de um requisito subjetivo, o bom comportamento
STJ: Não pode vedar ao estrangeiro irregular porque não pode ocupar emprego formal. É
discriminação.

Livramento Condicional na LEP:


Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo
83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.

§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não freqüentar determinados lugares.
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade incumbida da
observação cautelar e de proteção.
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da sentença em 2
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao Conselho
Penitenciário.
rt. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho
da Comunidade terão a finalidade de:
I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas na sentença concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de
atividade laborativa.
Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cautelar e da proteção do liberado apresentará relatório
ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
Art. 140. Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá
advertir o liberado ou agravar as condições.
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como
tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a
soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que esteve solto o
liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação do
Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante
representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as condições especificadas na
sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das autoridades ou funcionários
indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do
mesmo artigo.
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho
Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação,
entretanto, ficará dependendo da decisão final.
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do
Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem
revogação.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


Existem três sistemas sobre a suspensão condicional da execução da pena privativa de
liberdade:

 1) Sistema anglo-americano ou “probation system”: o magistrado, sem


aplicar pena, reconhece a responsabilidade penal do réu, submetendo-lhe a um
período de prova, no qual, em liberdade, deve ele comportar-se
adequadamente. Se o acusado não agir de forma correta, o julgamento é
retomado, com a consequente prolação de sentença condenatória e imposição
de pena privativa de liberdade.

 2) Sistema do “probation of first offenders act”: o juiz determina a suspensão


da ação penal, permitindo a liberdade do acusado, sem, contudo, declará-lo
culpado. Durante a suspensão, o réu deve apresentar boa conduta, pois, caso
contrário, é reiniciada a ação penal. Esse sistema foi acolhido, no Brasil, no
tocante à suspensão condicional do processo, definida pelo art. 89 da Lei
9.099/1995. (JUIZ RECEBE A AÇÃO PENAL E SUSPENDE)

 3) Sistema franco-belga: o réu é processado normalmente, e, com a


condenação, a ele é atribuída uma pena privativa de liberdade. O juiz,
entretanto, levando em conta condições legalmente previstas, suspende a
execução da pena por determinado período, dentro do qual o acusado deve
revelar bom comportamento e atender as condições impostas, pois, caso
contrário, deverá cumprir integralmente a sanção penal. Foi adotado pelos arts.
77 a 82 do Código Penal em relação ao sursis. (...)

A) Requisitos 

O processo ficará suspenso de dois a quatro anos, desde que observado o


cumprimento de alguns requisitos:

*Pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano, crime abrangido ou não


pela Lei n. 9.099/1995 ( independe ser infração de menor potencial ofensivo,
análise restrita à pena mínima) 

*Não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime.
*Requisitos do Sursis da Pena do CP

B) Dos Efeitos

. Após sua aceitação, que é irretratável, o autor ficará submetido ao período de


prova, ficando obrigado ao cumprimento de determinadas condições.

--> reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

-->proibição de frequentar determinados lugares; 

-->proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; 

-->comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e


justificar suas atividades; 

-->o juiz poderá determinar outras condições, desde que adequadas ao fato e à


situação pessoal do acusado.

⇒ Passado o período, sem revogação, o juiz declarará a extinção da punibilidade.

*Obs: Durante o prazo da suspensão do processo, não correrá a prescrição.

C) Da Revogação

Obrigatória: se o acusado não efetuar a reparação do dano, sem um motivo


justificado, ou vier a ser processado por outro crime dentro do curso do prazo

Facultativa : processado, no curso do prazo, por uma contravenção penal,


ou descumprir qualquer outra condição imposta.

TRANSAÇÃO PENAL
Se não ocorrer acordo de compensação de danos civis, imediatamente dá direito
para representação verbal:

Havendo tal representação, ou caso tratar-se de caso de ação pública incondicionada, é


possibilitado ao MP oferecer a transação penal ao autor do fato, que pode aceitar ou
não. 

*STF : A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se


trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério
Público 

**STJ : em ação penal privada, pedido de suspensão condicional do processo ou


transação  é cabível, desde que oferecido pelo ofendido ( titular da ação penal).

***STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na


hipótese dos delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Obs: Casos de arquivamento vedam a transação : aplicados por analogia os do CPP


--> rejeição da peça acusatória e absolvição sumária

A) Requisitos:

Objetivos : 

-Condenado, pela prática de crime, à PPL, por sentença definitiva; (Por corolário,
condenação por contravenção ou PRD de um crime, não é óbice)

-5 anos sem benefício da transação, com multa ou PRD.

 Subjetivo : 

-Indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como


os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida

B) Dos Efeitos:

→ Com a transação penal, busca-se evitar a instauração do processo, fazendo com que
o autor cumpra imediatamente uma PRD ou multa 

*Não é admissão de culpa !!

**Não importará em reincidência ( Apenas registra-se para efeitos de não ter novo


benefício em 5 anos)

→ Caso apenas se aplica em multa, juiz poderá reduzir até a metade.

 Juiz deve homologar o acordo final, sem efeitos civis, cuja sentença é recorrível
⇒ efeito apenas declaratório e faz coisa julgada formal:

*** STF : A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei n.


9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a
situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

Solução de política criminal para evitar concurso.

Dolo no antecedente + Dolo no Consequente Latrocínio


Dolo + culpa (crime preterdoloso) Lesão corporal seguida de morte
 Não se pude preterdoloso sem
previsão legal
Culpa + culpa Incêndio culposo com resultado de lesão
Culpa + dolo (Nucci não admite) Motorista provoca lesão corporal culposa e
deixa de prestar socorro dolosamente

CRIMES HEDIONDOS
Obs.: Lembrar que tráfico, tortura e terrorismo são equiparados, e não hediondos por si.

Sistemas: legal (lei define); judicial ou misto. Brasil adota o sistema legal em rol taxativo.

Efeitos jurídicos: Art. 2º: insuscetíveis de anistia, graça, indulto e de fiança.


ANISTIA GRAÇA INDULTO
Lei. Presidente por decreto.
Esquece o fato criminoso, Subsiste crime, condenação e efeitos penais
apagando efeitos penais. secundários.
Só atinge efeito principal (pena).
Efeitos civis mantidos
Efeitos gerais decorrentes Efeitos individuais por Não possui destinatário
da lei relativos a fatos. provocação do certo, sendo concedido de
interessado ofício.
- Concessão pode ser delegada ao PGR, AGU ou MEs.

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