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PARTE GERAL
MPF: Atenção ponto 8B (Indígenas) e 19B (Crimes cibernéticos, pornô infantil); 20B
(convenções internacionais sobre a corrupção, organizações criminosas, tráfico de pessoas,
armas, terrorismo e escravidão).’
FONTES
Fontes materiais (substanciais): órgãos encarregados de produzir o Direito Penal – União (art.
22, I), que pode conferir ao Estados, mediante LC, o poder de legislar sobre questões
específicas do DP, de interesse estritamente local (art. 22, § único)
PRINCÍPIOS
Constitucionais: legalidade (reserva legal, anterioridade); individualização da pena;
intranscendência da pena; limitação das penas ou da humanidade; presunção de inocência ou
não presunção de não culpabilidade.
Luigi Ferrajoli - Teoria do Garantismo Penal: inclui mais princípios para proteger direitos
fundamentais dos acusados (princípios arrolados pelo Ferrajoli:)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Art. 5º, XXXIX, CF c.c. art. 1º do CP. É cláusula pétrea. Crimes e contravenções penais, e suas
respectivas penas, são instituídos por leis ordinárias.
Histórico: Magna Carta de João sem Terra, imposta pelos barões ingleses em 1215. Foi
desenvolvido por Feuerbach, com base na teoria da coação psicológica: toda imposição de
pena (ameaça de um mal) pressupõe uma lei penal.
Fundamentos:
(1) Jurídico: taxatividade, certeza ou determinação – lei penal deve ser certa, não se
admitindo descrições vagas e imprecisas da conduta proibida. Desdobramento: vedação
da analogia in malam partem.
(2) Político: proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado (DF de 1ª dimensão)
(3) Democrático: dimensão democrática do princípio da reserva legal.
Denominação: reserva legal e estrita legalidade (somente a lei em sentido material e formal,
diferentemente da legalidade, que abarca todas espécies do art. 59 da CF.
Legalidade: ninguém é obrigado a nada senão em virtude de lei (art. 5º II)
Reserva legal: monopólio da lei em sentido formal para crimes e penas (art. 5º, XXXIX)
Proibição da analogia in malam partem (sem previsão legal, mas semelhante à hipótese
existente) X Possibilidade de interpretação extensiva (STF – ainda que prejudicial ao réu)
(previsão legal existe, mas está implícita)
STF – RHC 106481/MS: “A interpretação extensiva no direito penal é vedada apenas
naquelas situações em que se identifica um desvirtuamento na mens legis.”
1. Tortura
2. Tráfico de Drogas
3. Terrorismo
4. Crimes hediondos
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Decorre dos artigos da legalidade. Lei prévia ao fato. A lei produz efeitos a partir do vigor (não
se aplica a fatos ocorridas no vacatio), daí deriva sua irretroatividade, salvo para beneficiar o
réu.
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Lei penal se aplica aos fatos futuros. Complementariedade com a anterioridade. Decorrência
da legalidade.
a) Retroatividade da interpretação judicial mais benéfica: SIM. Inconstitucionalidade da
vedação de progressão de regimes nos crimes hediondos. Vejo mais como
consequência da inconstitucionalidade, defende MASSON que a mera intepretação
não retroage, prevalecendo a coisa julgada.
b) Retroatividade da lei penal em vacatio legis: MASSON não admite (não produz efeitos
jurídicos e, inclusive, pode ser regoada). NUCCI defende, pois CF faz menção à lei penal
e não à lei penal vigente.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA (OU DA ULTIMA RATIO OU DA SUBSIDIARIEDADE)
Origem: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). O Direito Penal só deve se
preocupar com a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em
sociedade. Só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais
importantes. Somente quando se verificar que as demais áreas do Direito se revelam incapazes
de proteger devidamente os bens mais importantes para a sociedade, o Direito Penal deve
intervir (subsidiariedade).
Ampara a corrente do Direito Penal Mínimo
MASSON distingue subsidiariedade: se projeta no plano concreto, na aplicação da lei
penal, quando os demais meios já tiverem sido empregados, sem sucesso.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIDADE
De toda a gama de condutas proibidas e bens protegidos pelo ordenamento jurídico, o Direito
Penal só se ocupa de uma pequena parte ( fragmentos dos ilícitos). É a consequência da
adoção dos princípios da intervenção mínima, da lesividade e da adequação social. Somente
uma pequena parte do ordenamento jurídico que sofrerá a incidência do Direito Penal.
Abstrato
Fragmentariedade às avessas: sai do D. Penal para outro ramo (adultério permanece
ilícito civil)
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
D. P. Espanhol. Requisito de tipicidade: todos esperam comportamentos responsáveis de
terceiros em consonância ao ordenamento jurídico, baseado em um juízo estatístico daquilo
que normalmente acontece. Aquele que atende adequadamente ao cuidado objetivamente
exigido pode confiar que os demais coparticipantes da mesma atividade também operem
cuidadosamente. Primeiramente aplicado em crimes de trânsito. Hoje, em crimes de atuação
conjunta de indivíduos (atividades comunitárias e divisão de trabalho).
Requisitos subjetivos:
a) Condições pessoais do agente:
1. Reincidente: duas posições
a. Vedada insignificância. Política criminal não o alberga.
b. Admite-se. Excluída tipicidade, não há dosimetria (reincidência).
c. STF: já aceitou no reincidente genérico e excluiu na reincidência específica.
2. Criminoso habitual: faz do delito seu meio de vida. Vedada.
a. Exceção: furto famélico.
b. O MP pode fazer Acordo de Não Persecução Penal com o criminoso habitual
insignificante (hipótese expressa no art. 28-A § 1º II do CPP – Atécnico, pois se há
insignificância, haveria atipicidade)
3. Militares: vedado. Elevada reprovabilidade da conduta, da autoridade e
hierarquia, desprestígio do Estado.
b) Condições da vítima:
1. Importância do objeto material do crime para a vítima (lesividade) para não haver
sensação de impunidade. STJ: “Disco de Ouro” de músico. STJ: dano a telefone público
(utilidade coletiva para os mais carentes).
Espécies: A infração bagatelar própria (já nasce sem relevância penal) está ligada ao desvalor
do resultado e (ou) da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a
imprópria (DESNECESSIDADE DA PENA) exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em
concurso necessário com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso
concreto.
Autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância? STJ: NÃO (INFO 441/2010), só
o Judiciário. MASSON discorda, pois é fato atípico.
o Furto qualificado (invade casa para roubar) não pode ter insignificância porque tem
ofensividade e periculosidade
IMPO – Crimes de Menor Potencial Ofensivo
São todas as contravenções penais e crimes com PPL em abstrato igual ou inferior a 2 anos.
Se assim dispôs o legislador, presume-se a existência de gravidade suficiente para justificar
a intervenção estatal. Não se confunde com/não há automática aplicação princípio da
insignificância.
REINCIDÊNCIA GENÉRICA: pode aplicar (2014)
“A teoria da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros distintos, a contumácia de infrações
penais que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado não poderia ser valorada como fator
impeditivo do princípio da insignificância, porque ausente séria lesão à propriedade alheia”
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA:
Divergência – STJ (turmas) e para o STF afastava a aplicação, mas:
o STF 2019: “ (1) Reincidência, por si só, não obsta aplicação do princípio; (2) na
hipótese de o juiz considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação da
insignificância por furto, em situações que tal enquadramento seja cogitável,
eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em
regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33 2º do CP; (2) não
obstante a reincidência específica, o reduzido grau de reprovabilidade da conduta
(furto de bike de 200 e restituída à vítima) justifica a aplicação do regime aberto.
2) Lei de Drogas: são de perigo abstrato e tutelam a saúde pública; tráfico é crime
hediondo.
E o porte (usuário) de pequenas quantidades?
Vedado (STJ): o usuário alimenta o comércio.
Há precedente admitindo no STF: abrange todos requisitos objetivos da
insignificância. STF já admitiu insignificância até para tráfico (venda de 1
grama de maconha)
3) Estelionato: inaplicável.
6) Crimes contra a fé pública: inaplicável para o crime de moeda falsa (CCR permite, se
comprovado ausência de ciência da falsidade)
Súmula 73 STJ – moeda falsa
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
CONTRABANDO: NÃO CABE (Não tem natureza tributária. Outros bens jurídicos
envolvidos no bem de entrada proibida).
STJ/2019: “a importação não autorizada de cigarros, por constituir crime
de contrabando, é insuscetível de aplicação do princípio da insignificância,
pois implica não apenas lesão ao erário e à atividade arrecadatória do
Estado, mas a outros bens jurídicos, como a saúde pública”
STJ: já admitiu para pequena quantidade de medicamento para uso
próprio
MPF: Diferente do STJ aplica pra cigarro até 1000.
1) importação irregular de combustível, mercadoria proibida que atrai a
incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a
pequena quantidade, assim considerada até o limite de 250 litros
2) importação de sementes de maconha, mercadoria proibida que atrai a
incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a
pequena quantidade, assim considerada até o limite de 25 unidades, para o
plantio destinado ao consumo próprio
3) contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não superar 1.000
(mil) maços (2020)
4) importação de mercadorias permitidas dentro dos limites das cotas de isenção
fixadas pela Receita Federal, mas, em desacordo com os critérios quantitativos e
temporais preestabelecidos, consiste em infração administrativa, atípica na
esfera criminal, sendo irrelevante a existência de reiterações no crime de
descaminho
5) Aplica-se o princípio da insignificância penal ao descaminho e aos crimes
tributários federais, quando o valor do débito devido à Fazenda Pública
decorrente da conduta formalmente típica não seja superior a R$ 20.000,00,
ressalvada a reiteração na mesma modalidade criminosa, ocorrida em períodos
de até 5 (cinco) anos
11) Rádio Pirata: inaplicabilidade, ainda que de baixa frequência, por se tratar de delito
formal e de perigo abstrato. (CCR admite arquivamento)
ENUNCIADO 2ª CCR: Serviço de Radiodifusão Comunitária operado em baixa
potência e cobertura restrita, ou seja, com potência limitada a um máximo de 25
watts ERP e altura do sistema irradiante não superior a trinta metros, destinado
ao atendimento de determinada comunidade de um bairro e/ou vila, sem a
efetiva demonstração de prejuízo aos meios de telecomunicações regulares
12) Transmissão clandestina de internet (STF e STJ): Inaplicável. Crime do art. 183 da
Lei de Telecomunicações.
Súmula 606 STJ
Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de
sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei 9472/97.
ENUNCIADOS DA 2ª CCR
Comportam a APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA; ou SÃO CONSIDERADAS
ATÍPICAS de outra forma ou tornam CABÍVEL O ARQUIVAMENTO de investigações criminais
as seguintes hipóteses:
1) importação irregular de combustível, mercadoria proibida que atrai a incidência do crime
de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim
considerada até o limite de 250 litros
2) importação de sementes de maconha, mercadoria proibida que atrai a incidência do
crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim
considerada até o limite de 25 unidades, para o plantio destinado ao consumo próprio
3) contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não superar 1.000 (mil) maços
4) importação de mercadorias permitidas dentro dos limites das cotas de isenção fixadas
pela Receita Federal, mas, em desacordo com os critérios quantitativos e temporais
preestabelecidos, consiste em infração administrativa, atípica na esfera criminal, sendo
irrelevante a existência de reiterações no crime de descaminho
5) Aplica-se o princípio da insignificância penal ao descaminho e aos crimes tributários
federais, quando o valor do débito devido à Fazenda Pública decorrente da conduta
formalmente típica não seja superior a R$ 20.000,00, ressalvada a reiteração na mesma
modalidade criminosa, ocorrida em períodos de até 5 (cinco) anos
1) não configura crime de desobediência (CP, art. 330) o descumprimento de ordem judicial
de penhora de parte do faturamento de sociedade empresária executada. A conduta
constitui ato atentatório à dignidade da Justiça, ao qual é cominada multa de até 20% do
valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza
processual ou material (CPC, art. 774)
2) Para a configuração do crime de desobediência, além do descumprimento de ordem legal
de funcionário público, é necessário que não haja previsão de sanção de natureza civil,
processual civil e administrativa, e que o destinatário da ordem seja advertido de que o seu
não cumprimento caracteriza crime. O cumprimento da ordem, ainda que tardio, também
afasta a tipificação e a inexistência de prova quanto à ciência pessoal e inequívoca por
quem tinha o dever de atendê-la caracteriza falta de justa causa
Jurisprudência:
Processos criminais em curso e inquéritos policiais são maus antecedentes ? STF/STJ: NÃO.
Súmula 444 do STJ- É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
penais em curso para agravar a pena-base.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Razoabilidade/Convivência das liberdades públicas. Penalização deve ser meio vantajoso para
a sociedade, pois impõe ônus de ameaça punição a todos. Desenvolvido na Alemanha, com
base na ideia de que a limitação da liberdade individual só se justifica para a concretização de
interesses coletivos superiores. Três destinatários:
a) Legislador: proporcionalidade abstrata
b) Juiz da ação penal: proporcionalidade concreta
c) Órgãos da execução penal: proporcionalidade executória
Dupla face:
a) proibição do excesso: STJ – Excesso na pena de falsificação de medicamentos,
devendo ser aplicada a do tráfico de drogas
b) PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE DE BENS JURÍDICOS: Crítica ao Garantismo
Penal Integral indiscriminado.
Garantismo Hiperbólico Monocular – Douglas Fischer
Crítica a interpretação do direito penal e processual penal sob a prevalência indiscriminada da
proteção dos direitos individuais, descuidando-se da também necessária proteção dos direitos
coletivos.
LEI PENAL
Fonte formal imediata. Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (conduta) e outro
secundário (pena). É descritiva (proibição indireta, pela pena), e não proibitiva (não roubar),
técnica desenvolvida por Karl Binding (Teoria das Normas: é necessária a distinção entre
norma e lei penal, a norma cria o ilícito, a lei penal cria o delito – assim, a conduta criminosa
viola a norma, mas não a lei, pois o agente realiza exatamente a ação que esta descreve).
CLASSIFICAÇÃO:
a) Incriminadoras
b) Não incriminadoras:
a. Permissivas (causas de exclusão da ilicitude)
b. Exculpantes (culpabilidade e imputabilidade)
c. Interpretativas (art. 150 § 4º, conceito de domicílio; 327 de funcionário público)
d. De aplicação (validade)
e. Diretivas: princípios
f. Integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal nos crimes
omissivos impróprios, tentativa e participação
CARACTERÍSTICAS:
a) Exclusividade (reserva legal)
b) Imperatividade
c) Generalidade
d) Impessoalidade
e) Anterioridade
INTERPRETAÇÃO:
a) Quanto ao sujeito:
a. Autêntica (legislativa) lei interpretativa tem eficácia retroativa, ainda que
seja gravosa para o réu.
b. Judicial
c. Doutrinária (Exposição de Motivos: não faz parte a estrutura da lei)
b) Quanto aos meios ou métodos:
a. Gramatical
b. Lógica/teleológica
c) Quanto ao resultado:
a. Declaratória
b. Extensiva: interpretação que corrige fórmula legal excessivamente estreita,
quando a lei disse menos do que desejava (extorsão mediante sequestro
abrange extorsão mediante cárcere privado)
c. Restritiva: lei disse mais do que desejava.
ANALOGIA: não é interpretação, mas sim INTEGRAÇÃO para suprir a falta de uma lei.
(diferente de interpretação analógica). O aplicador do direito se vale de outra norma, parecida,
de forma a aplicá-la ao caso concreto.
Nunca poderá ser usada para prejudicar o réu (in malam partem)
É possível em favor do réu (in bonam partem)
Duas modalidades:
Analogia legal (legis): aplicador utiliza outra norma legal para suprir lacuna
Analogia jurídica (juris): operar utiliza princípio geral do Direito para suprir lacuna
4) ALTERNATIVIDADE: praticar os verbos - é um ou é outro (ou é estupro mediante fraude ou é estupro // tipos mistos
alternativos – portar, vender, armazenar...). Para doutrina majoritária, resolve-se com consunção (alternatividade é a
CONSUNÇÃO que resolve o conflito entre duas condutas previstas na mesma lei penal).
APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
1) CRIME COMPLEXO/COMPOSTO: Fusão de dois ou mais crimes autônomos que passam
a desempenhar a função de elementares ou circunstâncias daquele (roubo = furto +
ameaça/lesão).
2) CRIME PROGRESSIVO: Almejando alcançar o resultado mais grave, o agente pratica,
mediante reiteração de atos, crescentes violações ao bem jurídico (pressupõe um crime
plussubisistente: uma única conduta, voltada a um propósito, fracionável em diversos
atos). Ex.: Lesões corporais até homicídio.
3) PROGRESSÃO CRIMINOSA: Agente pretende inicialmente produzir um resultado e,
depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia a conduta,
produzindo um evento mais grave (Após vias de fato, opta por lesões corporais e, não
satisfeito, acaba por matá-la) (ROUBO IMPRÓPRIO). Pluralidade de desígnios, havendo
alteração no dolo.
4) FATOS IMPUNÍVEIS:
a) ANTERIORES: Meios de execução do tipo principal (quebrar vidro de carro para
roubar; porte de arma de foto para homicídio).
PARA O STJ, BASTA A RELAÇÃO DE MEIO E FIM
Súmula 17 STJ (Exceção em que o crime menos grave absorve o mais grave &
Exceção em que há ofensa a bens jurídicos diferentes!!)
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.
STJ 2018 – “É possível que um crime de maior gravidade assim considerado pela
pena abstratamente cominada, seja absorvido, por força do princípio da
consunção, por crime menos grave, quando utilizado, como mero instrumento
para consecução deste último, sem mais potencialidade lesiva”.
MASSON critica a Súmula. Ela se volta à falsificação de cheque. Mas, apenas será absorvido quando
apresentar menor ou igual gravidade ao principal: pena de falsificação de cheque (equiparado a
documento público) é maior que de estelionato, não havendo consunção. Ademais, atingem bens
jurídicos diversos, havendo concurso material de delitos, e não conflito aparente de leis. Para ele, a
Súmula existe por motivos de política criminal.
Não se confunde com “crime progressivo”: no crime progressivo, o fato anterior é necessário (ferir
para matar); o fato anterior impunível é desnecessário (é uma escolha).
b) SIMULTÂNEOS: lesões corporais leves durante o estupro.
c) POSTERIORES: venda do bem furtado (o furto foi pra isso mero exaurimento)
Continuidade típico- Embora lei nova revogue determinado artigo, o tipo penal foi
normativa inserido simultaneamente em outro tipo penal.
Ex.: Atentado violento ao pudor Estupro.
Ex.: Crime de Corrupção de Menores (Lei 2252) ECA (244-B)
Ex.: “Fazer Declaração Falsa em processo de transformação de
visto, de registro, de alteração de assentamentos, de
naturalização, ou para obtenção de passaporte estrangeiro,
laissez-passer ou, quando exigido, visto de saída” (Lei 6815/80)
art. 299 CP (Falsidade ideológica)
Abolitio Criminis Temporária Lei prevê descriminalização temporária, como o fez o Estatuto do
Desarmamento, ao autorizar extinção da punibilidade da posse e porte aos que
efetuaram voluntariamente a entrega nos prazos estabelecidos.
Lei Penal Benéfica Lei posterior que revoga a anterior trazendo uma situação mais
Lex Mitior ou Novatio benéfica ao réu retroage para alcançar fatos anteriores a sua
legis in mellius vigência, ainda que haja condenação com trânsito em julgado.
Vale a teoria da ponderação concreta, verificando no caso
concreto a melhor aplicação ao autor.
Retroatividade benéfica é automática.
COMBINAÇÃO? Teoria da Ponderação Unitária Global (STF/STJ): não pode
Lei posterior que traz combinar, pois estaria criando terceira lei/lex tertia/lei híbrida
benefícios e prejuízos ↓
ao réu No entanto, o STF começou a combinar na Lei de Drogas (tráfico privilegiado)
↓
Teoria da Ponderação Diferenciada (STF): é possível a combinação pois
o juiz estaria agindo nos limites estabelecidos pelo legislador
↓
Mas a inovação não foi unânime, retornando o STF à posição
tradicional, na teoria da ponderação unitária ou global.
SÚMULA 501 STJ
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que
o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja
mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
STF: NÃO! A lei sobre prazo para registro de armas é inaplicável a fatos fora de sua vigente.
“A lei excepcional temporária não tem retroatividade. Tem ultra-atividade em face da regra
do artigo 3º do CP” por isso o supremo chama de vacacio legis indireta
Embaixadas são território estrangeiro? NÃO. Se alguém ali praticar um crime e não
tiver imunidade funcional será processado nos termos da legislação penal brasileira.
EXTRATERRITORIALIDADE
Cinco princípios: (a) nacionalidade (ativa ou passiva); (b) domicílio; (c) justiça universal; (d)
defesa; (e) pavilhão.
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
(ou da justiça mundial ou cosmopolita)
Aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, como postulado de comunidade de
interesses entre os Estados – ideal de justiça penal universal
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro
DETRAÇÃO: Atenuado pelo art. 8º que veda o bis in idem
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA & TORTURA
Lei da Tortura estatuiu mais uma situação de extraterritorialidade incondicionada,
prevendo em seu art. 2º que “O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha
sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
em local sob jurisdição brasileira”.
PRINCÍPIO DA BANDEIRA
(ou da Representação ou do Pavilhão ou Subsidiário/Substituição)
Aplica-se a lei do Estado em que está registrada a aeronave ou a embarcação, ou cuja
bandeira ostenta, quando o delito ocorre no estrangeiro e aí não é julgado.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
Princípio da reciprocidade. Caráter funcional (não viola a isonomia porque não é pessoal, mas
funcional). Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: o agente diplomático gozará
de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado.
Cônsules: imunidade de jurisdição penal SÓ aos atos praticados no exercício das funções
[“atos de ofício”] (consul, membros do serviço que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem nele tenham residência permanente)
Embaixadas são território estrangeiro? NÃO. Se alguém ali praticar um crime e não tiver
imunidade funcional será processado nos termos da legislação penal brasileira.
IMUNIDADES PARLAMENTARES
Estatuto dos Congressistas: conjunto de normas constitucionais que estatui o regime
jurídico dos membros do Congresso Nacional, prevendo suas prerrogativas e direitos, seus
deveres e incompatibilidades: inviolabilidade; imunidade; privilégio de foro; isenção de
serviço militar; limitação ao dever de testemunhar.
Espécies:
a) MATERIAL (real/absoluta/INVIOLABILIDADE):
Art. 53. Os deputados e Senadores são invioláveis, civil (EC 35/01) e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Não precisa ser no recinto, basta ter relação com a função (não abrange
manifestações desarrazoadas e desprovidas de conexão com seus deveres
constitucionais)
Natureza jurídica: fato atípico (STF)
VEREADORES: NA CIRCUNSCRIÇÃO
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta CF, na CE e os seguintes
preceitos:
VIII – INVIOLABILIDADE DOS VEREADORES por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município
Prerrogativa de Foro:
Art. 53
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF
Obs.:
A QUEM SE APLICA?
Vereadores só tem IMUNIDADE MATERIAL
Em qualquer caso, NÃO ABRANGEM OS SUPLENTES
Abrange Deputados Estaduais (art. 27 § 1º da CF)
Afastado para exercer cargo de Ministro ou Secretário de Estado: NÃO MANTÉM
IMUNIDADES
Suspende as imunidades, mas mantêm o foro por prerrogativa de função e a
sujeição do procedimento disciplinar por quebra de decoro
Irrenunciável (cargo, e não pessoa)
ESTADO DE SÍTIO
Permanecem ainda que em estado de sítio , mas por decisão de 2/3 dos membros
poderão ser suspensas no estado de sítio, em razão de ato praticado por parlamentar fora
do recinto (RELATIVA)
Em hipótese alguma (nem no estado de sítio) o parlamentar poderá ser responsabilizado
por ato praticado no recinto (ABSOLUTA)
CONTAGEM DE PRAZOS
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
Prazo penal ou processual? O prazo sempre será penal quando guardar pertinência com o ius
puniendi, ainda que previsto no CPP (caráter híbrido ou misto, prevalece a face penal). É o
caso da decadência (art. 38 CPP): como sua ocorrência acarreta a extinção da punibilidade,
retirando do Estado o direito de punir, obedece as regras do CP.
Art. 11. Desprezam-se, nas PPL e PRD as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de
cruzeiro.
Se no cálculo dá 13,5 será 13; se R$ 90,56 R$ 90,00. Se for 10 dias-multa + 1/3, será
13 dias-multa, não 13,5.
CONCEITO DE CRIME
LEGAL MATERIAL ANALÍCO
Conduta punida com pena Toda ação humana que lesa ou Teoria Tripartida
de reclusão ou detenção, expõe a perigo um bem jurídico (Majoritária)
cumulada ou não com a de terceiro, que, por sua Fato típico, ilícito e
pena de multa, diferente da relevância, merece proteção culpável
contravenção penal.
Fachin também votou pena inconstitucionalidade, restringindo seu voto à maconha, droga apreendida com
o autor no recurso. Em temas de natureza penal, o Tribunal deve agir com autocontenção, “pois a atuação
fora dos limites circunstanciais do caso pode conduzir a intervenções judiciais desproporcionais”
Barroso também limitou seu voto à maconha e propôs o porte até 25 gramas ou a plantação de até seis
plantas fêmeas. Esses critérios valeriam até que o Congresso Nacional regulamentasse a matéria.
SUJEITOS DO CRIME
Ativo: pessoa que realiza direta (autor e coautor) ou indiretamente (participe) a
conduta criminosa, isoladamente ou em concurso.
o Animais: podem ser instrumento do crime, mas jamais sujeitos
o Doentes mentais: desde que maiores de 18 anos, tem capacidade penal
ativa
o Pessoa jurídica:
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOAL JURÍDICA
Com relação à responsabilidade penal das pessoas jurídicas, há, de modo
geral, dois modelos de imputação. O mais tradicional e simples, que
opera também em outras áreas do direito, é o de
“heteroresponsabilidade”, baseado fundamentalmente no
comportamento individual, e que, para se perfazer, requer, geralmente, a
presença de três condições: (a) o cometimento da infração penal por
parte de um empregado da corporação; (b) que tal infração haja sido
cometida no exercício das funções atribuídas a referido empregado; e (c)
com a intenção de obter algum tipo de vantagem ou benefício para a
empresa ou infringindo um dever que a ela corresponda. De outro lado,
há o modelo de “autorresponsabilidade”, que fundamenta a
responsabilidade da pessoa jurídica no defeito de organização que
propiciou ou gerou o surgimento do fato delitivo praticado pela pessoa
física. Segundo esse modelo, se não houver nenhum defeito na
organização, a pessoa jurídica carece de responsabilidade, ainda que em
seu interior algum de seus empregados tenha adotado um
comportamento delitivo.
A existência de um programa de cumprimento normativo (compliance)
efetivo é fator relevante na verificação da culpabilidade da empresa no
modelo de imputação de responsabilidade penal das pessoas jurídicas
fundado na autorresponsabilidade.
b) Possibilidade: STJ
1) Constitui ente autônomo, dotado de consciência e vontade, possibilitado de
realizar condutas e assimilar a natureza intimidatória da pena
2) Deve responder adaptando-se o juízo de culpabilidade
3) Não viola o princípio da pessoalidade da pena, pois deve-se distinguir pena
dos efeitos da condenação, os quais também se verificam com qualquer
pessoa física
4) Direito Penal não se limita à PPL
OBJETO DO CRIME
a) Objeto jurídico: bem jurídico
b) Objeto material: pessoa ou coisa que supirta a conduta criminosa
Diferentes dos crimes de participação necessária: estes podem ser praticados por
uma única pessoa, mas reclama a participação de outra, que atua como sujeito
passivo (rufianismo)
Na participação necessária, em todas as hipóteses, a punição incide sobre o
autor, nunca sobre o participe necessário, ou porque o tipo protege o participe
necessário (rufianismo), ou porque este se encontra em posição de motivação
compreensível (favorecimento pessoal).
LOCAL DO RESULTADO
a) CRIMES À DISTÂNCIA ou DE ESPAÇO MÁXIMO: Países diversos (teoria da
ubiquidade)
b) PLURILOCAIS: comarcas diversas (art. 70 do CP: será competente o juízo do local da
consumação)
c) EM TRÂNSITO: parte da conduta ocorre em um país, sem lesionar nenhum bem
jurídico neste (carta com ameaça enviada da Argentina aos EUA passa pelo Brasil)
POTENCIAL OFENSIVO
a) MÍNIMO POTENCIAL OFENSIVO: Não comportam PPL. (Posse de droga para
consumo pessoal: penas de advertência, prestação de serviços e medida educativa)
b) MENOR POTENCIAL OFENSIVO: PPL em abstrato não ultrapassa DOIS anos,
cumulada ou não com multa. JECRIM, rito sumaríssimo, transação penal e
composição dos danos civis. [art. 98, I, CF)
c) MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO: Pena mínima não ultrapassa UM ano,
independentemente da máxima. Admitem suspensão condicional do processo (art.
89 da 9099)
d) ELEVADO POTENCIAL OFENSIVO: Pena mínima superior a UM ano, ou seja, pelo
menos DOIS ANOS (logo, pena máxima também superior). Não há benefícios da
9099.
e) MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO: Tratamento constitucional. Hediondos e
equiparados; TTTs; racismo; ação de grupos armados.
Crime gratuito Praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil.
Crime de ímpeto Sem premetidação, por reação emocional (homicídio privilegiado)
Crime exaurido Após a consumação, agente insiste na agressão ao bem jurídico. Não é
novo crime, mas desdobramento sem consequências ou ensejando a forma
qualificada (resistência)
Crime de circulação Praticado com emprego de veículo automotor, a título de dolo ou
culpa.
Crime de atentado Lei pune de forma idêntica ao consumado e a tentativa, sem
ou de diminuição de pena. [Evasão mediante violência contra pessoa]
empreendimento
Crime de opinião ou Abuso na manifestação do pensamento, escrita ou verbal.
de palavra
Crime Multidão em tumulto.
multitudinário
Crime vago Sujeito passivo é entidade sem personalidade jurídica, como família
ou sociedade [tráfico de drogas coletividade]
Crime internacional Por tratado internacional, o Brasil se comprometeu a punir.
Crime de mera Agente não realiza conduta penalmente relevante, mas é punido por
suspeita, sem ação conduta suspeita NÃO ACOLHIDA, mas ainda existe na LCP: posse
ou de mera posição não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto.
Crime inominado Ofende regra ética ou cultural consagrada pelo D. Penal, embora
não definido em lei como infração penal NÃO, pois viola
legalidade.
Crime habitual Próprio: somente se consuma com a prática reiterada e uniforme de
vários atos (exercício ilegal da medicina e curandeirismo)
Impróprio: só uma ação basta e a reiteração não configura
pluralidade de crimes (gestão fraudulenta)
Intenção que ultrapassa o tipo objetivo para se fixar em resultados que não precisam se
realizar concretamente, mas que devem existir no psiquismo do autor. É o que ocorre nos
crimes de falso em geral, em que a contrafação ou alteração do objeto material visa a causar
prejuízo a direito alheio.
Qual o critério adotado pelo CP? Tripartite ou Bipartite (sem culpabilidade)? Não há posição
expressa. O CP 40 adotava expressamente a tripartite (mais ligada a teoria clássica, pois, se
dolo e culpa estão na culpabilidade, não há como tirá-la da estrutura). O CP 84 não expressa,
mas indica a adoção da teoria finalista, o que implica (não necessariamente, mas logicamente)
na teoria bipartite:
CP separa “do crime” (Título II, fato típico e ilícito) da “imputabilidade” (Título III, parte
a culpabilidade).
CP ao tratar das excludentes de ilicitude dispõe: “Não há crime”; mas ao tratar da
exclusão da culpabilidade: “isento de pena” e o art. 180 § 4º dispõe: “A receptação
é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio
a coisa (há crime).
EVOLUÇÃO: No quadro acima, adota-se a Teoria Finalista (com dolo e culpa no fato típico)
1) TEORIA CLÁSSICA OU PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE (SISTEMA CAUSAL-NATURALISTA
DE LISZTZ-BELING)
A estrutura desse sistema é o positivismo/cientificismo. (Afasta valorações filosóficas,
psicológica e sociológicas, evitando-se valorações)
Aspecto positivo: segurança jurídica
Aspecto negativo: excesso de formalismo em um fenômeno social
Incapacidade de admitir a invalidade de uma norma formalmente produzida, mas
materialmente incompatível com o ordenamento jurídico vigente isso ainda influi no
sistema penal atual, exemplo “jogo do bixo”, “pirataria”, “ato libidinoso, no DPM”
Objeto da ciência jurídica não pode ser limitado ao direito positivo. Não se lhe pode atribuir
simplesmente sua análise e sistematização através do método indutivo de construção jurídica
As regras jurídicas projetam-se para fora de si mesmas
ii. Ratio essendi: excluída a ilicitude o fato típico não tem razão de ser
(tipo total injusto) Zaffaroni, Tipicidade conglobante
3) TEORIA DA AÇÃO FINAL (SISTEMA FINALISTA) (teoria normativa pura) (+ aceita no CP)
Em contraposição ao subjetivismo epistemológico do neokantismo, o ontologismo do
finalismo de Welzel afirma que não é o homem, com suas categorias mentais, quem
determina a ordem do real, mas o próprio homem está inserido numa ordem real
correspondente a estruturas lógico-objetivas (não subjetivas).
Crítica ao subjetivismo e excessos valorativos da visão clássica
Ação é uma estrutura lógico-objetiva guiada pela finalidade humana
Pretende corrigir contradições da teoria da causalidade normativa do conceito
neoclássico de delito com a inserção do dolo e culpa na tipicidade-conduta.
Críticas:
O enfoque ontológico do finalismo é questionável à luz da evolução da filosofia, tendo
levado tanto as correntes hermenêuticas como as analíticas a abandonarem a
pretensão de apreender essências próprias do ontologismo
Na modernidade já não é possível sustentar a razoabilidade da argumentação jurídica
partindo de estruturas lógicos-objetivas imutáveis
O finalismo parte de um objetivismo existencialista, que desconhece que os conceitos
não são puros reflexos necessários da realidade, mas construções humanas baseadas
num consenso social contingente
No Brasil, há influências dos três sistemas, o que causa muitas vezes dificuldade na atuação e
interpretação das leis penais.
Elementos do crime:
a) Ação humana: é exercício de atividade final, é um agir orientado conscientemente ao
fim. É um acontecer final e não puramente causal. O homem pode prever, dentro de
certos limites, as consequências possíveis de sua conduta.
TEORIAS DA CULPABILIDADE:
ELEMENTOS DO CRIME
FATO TÍPICO ILICITUDE/ANTIJURIDICIDAD CULPABILIDADE
E
o Conduta VOLUNTÁRIA E o Estado de necessidade o Imputabilidade
CONSCIENTE o Legítima defesa o Potencial consciência da
o Tipicidade (INCLUI DOLO) o Estrito cumprimento do ilicitude
o Relação de causalidade dever legal o Exigibilidade de conduta
(só há nos crime o Exercício regular de diversa
materiais) direito
o Resultado (SEMPRE HÁ o Existem outras causas
RESULTADO JURÍDICO) supralegais, como o
consentimento do
ofendido
De modo geral, podem ser identificadas cinco grandes fases no desenvolvimento da teoria do
crime: 1ª.) o naturalismo, de base ôntica, que chegou ao apogeu com o sistema de von Liszt e
Beling; 2ª.) o neokantismo, que proporcionou uma normatização do sistema; 3ª.) a
perspectiva totalizadora que, na verdade, conduziu a um irracionalismo dogmático; 4ª.) o
finalismo, que culminou com o ontologismo de Welzel; e 5ª) as teorias atuais que
renormativizam o sistema do Direito Penal, vinculando-o a determinados fins (funcionalismo).
Cronologia: a corrente causal naturalista predominou até o início do século passado; o
neokantismo, até 1.930; irracionalismo totalizador, até 1.945; o finalismo, até o último quarto
do século XX; e, o funcionalismo, daí em diante.
FATO TÍPICO
1 - CONDUTA
TEORIAS DA CONDUTA
Teoria Clássica Teoria Finalista
Conduta é o comportamento humano voluntário Conduta é todo comportamento humano dirigido
que produz modificação no mundo exterior. a um fim.
Teoria Social Teoria personalista (Roxin)
Conduta é a manifestação externa da vontade Conduta é a manifestação da personalidade
com relevância social, ou o comportamento humana como comportamento proveniente de
humano relevante dominado ou dominável pela seu aspecto anímico-espiritual. Reformula teoria
vontade. para tornar mais cautelosa a imputação de um
resultado a um agente.
Teoria da evitabilidade individual (Jakobs) Teoria da ação significativa (Antón - Habermas)
Conduta é a ação que produz um resultado Conduta é o comportamento que preenche todas
evitável ou a omissão que não evita um resultado as elementares do tipo penal, só possuindo
evitável, violando o sistema penal. significado jurídico em razão de sua existência
como fato típico.
Ilicitude passou a ser preponderantemente material (danosidade social – raiz da tipicidade material)
Culpabilidade psicológico-normativa (uma das fórmulas de Frank) agregou o consciência atual da ilicitude,
mas ainda tem dolo e culpa
Causalismo Neokantismo
Culpabilidade como pressuposto; Imputabilidade, dolo e culpa e consciência atual da
Dolo e culpa como espécies ilicitude como elementos (carga valorativa)
Ação deixa de ser absolutamente natural sentido normativo, que permite tanto a compreensão da
ação em sentido estrito (positivo) como a omissão, culpa e tentativa (resultado jurídico).
Conduta relevante para o Direito Penal é o comportamento humano voluntário causador de um
resultado naturalístico ou jurídico
houve alterações na estrutura da culpabilidade com a superação do sistema causal-naturalista
pelo NEOKANTISMO: a concepção normativa proposta por Reinhard Frank agregou ao vínculo
psicológico (dolo ou culpa) a noção fundamental de reprovabilidade pela formação da
vontade contrária ao dever, vale dizer: um comportamento proibido é imputável à
culpabilidade de alguém quando pode ser-lhe reprovado por haver optado por ele.
Crítica do neokantismo é o excesso de valor (discricionariedade)
O funcionalismo de roxin e jakobs tem influência neokantista
Consequências do finalismo:
Deslocamento do dolo e culpa para a tipicidade .
Estrutura do Tipo Penal no Finalismo: conduta + resultado + nexo de causalidade + tipicidade.
A tipicidade é formal e material. A material pressupõe a lesão ou ameaça de lesão a um bem
jurídico penalmente protegido. No nosso ordenamento, não é uma tipicidade essendi do
finalismo puro de Wetzel. Mas uma tipicidade cognoscendi da ilicitude.
Conceito pessoal de crime de injusto (leva-se em conta elementos pessoais do autor):
desvalor pessoal da ação (dolo/culpa); desvalor do resultado (lesão ou perigo)
Culpabilidade puramente normativa (imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa) por perder o elemento dolo/culpa
A ilicitude passou a ser material no finalismo puro de Wetzel.
*Adoção pelo CP: Erro de Tipo exclui o dolo (dentro o fato típico, não da culpabilidade).
Problemas: Crimes culposos: o resultado não é abrangido pela vontade do autor. A solução
de Welzel foi falar de finalidade contrária ao Direito: na culpa, o conteúdo decisivo do
injusto consiste na divergência entre a ação realmente empreendida e a que devia ter sido
realizada em virtude do dever de cuidado necessário (imprudência, negligência ou da
imperícia)
Mas o próprio Welzel chegou a defender a teoria cibernética
Problemas: extensão do conceito de relevância social, qualidade inerentes a todos os fatos jurídicos,
não apenas os pertencentes ao Direito Penal.
PARA CONCURSOS
TEORIA FINALISTA. Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida
a um fim, consistente em produzir um resultado tipificado em lei como crime ou
contravenção penal.
a) Não há crime sem conduta (crimes de mera suspeita/direito penal do autor): com
base nisso e no princípio da ofensividade, afasta-se a contravenção penal de “posse de instrumentos
de furto”, sendo “conhecido como vadio ou mendigo”, porque penaliza a “qualidade pessoal e
econômica do agente, e não fatos objetivos que causassem relevante lesão a bens jurídicos
importantes ao meio social” (STF)
b) Ação ou Omissão: lei penal pode ser proibitiva de ação ou preceptiva de ação
(impõem a realização de ação).
8) TEORIAS FUNCIONALISTAS
A evolução da teoria do delito a partir dos modelos funcionalistas caracteriza-se pela
tendência de normatização dos conceitos.
Conceitos com base em aspectos axiológicos
Rompem com a dogmática/classificatório. A dogmática tem que ser regida por
princípios de política criminal 😊
Finalidades políticos-criminais (aspectos teleológicos)
Abandona-se a abordagem ontológica do crime e fundamenta-se nas funções do
Direito Penal (teoria dos fins da pena)
Maior flexibilidade das categorias sistemáticas do delito (conduta, tipicidade, ilicitude
e culpabilidade) (ex.: teoria da imputação objetiva causalidade normativa)
CARACTERES DA CONDUTA
a) Humana
b) Voluntária (qualquer teoria, com base na evitabilidade) - subjetivo
c) Exteriorizada (não pode ser ato interno) - objetivo
Conduta omissiva: infração de normas imperativas (não faz o que lhe é imposto) ou normas
PRECEPTIVAS (prescrevem ação). É um conceito normativo de omissão: ou está em tipo penal
omissivo (próprio) ou está no art. 13 § 2º (impróprios).
Teorias acerca da omissão
Teoria Naturalística: fenômeno causal constatável no mundo fático, tal qual uma ação.
Teoria Normativa: indiferente penal, pois não produz efeitos jurídicos, salvo se a norma
impõe dever jurídico de agir. Código Penal.
Omissivo próprio (puro ou simples): tipo descreve uma conduta negativa, de não fazer
o que a lei determina, pressupondo o dever de agir. Basta a abstenção para a
consumação, não precisando do resultado (crime de mera conduta) (Deixar de
recolher FGTS – omissão de socorro – deixar o médico de notificar doença). Dever de
agir é de primeiro grau, embutido na norma.
o Pode ser pra todos ou a alguém
2 - RESULTADO
Pode ser:
a) Jurídico ou normativo: lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido
b) Naturalístico ou material: modificação no mundo exterior provocada pela conduta.
Existe crime sem resultado? Depende. Não há crime sem resultado jurídico, pois deve haver
lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. Há crime sem resultado naturalístico, nos crimes
formais (lei prevê, mas é dispensável) e crimes de mera conduta (lei não prevê resultado).
Perigo abstrato (desvalor da ação): o perigo é inerente à ação, constitui unicamente a ratio
legis, isto é, o motivo que inspirou o legislador a criar a figura delitiva, não se exigindo que o perigo
seja comprovado no caso concreto Risco globais & novo papel do Direito Penal
Os crimes da lei de armas são crimes de perigo abstrato (salvo art. 13). A posse de
arma de fogo, por exemplo, traz risco para a sociedade. O STJ entende que se o
sujeito tem posse de arma de fogo com o registro vencido é conduta atípica. Oras,
não há presunção absoluta do perigo, segundo o princípio da ofensividade. O STJ
também assim o entendeu para o porte de arma de fogo inapta.
O STF entende que a permissão ou entrega de direção de veículo automotor a
pessoa não habilitada é crime de perigo abstrato, que prescinde do resultado
naturalístico. Não faz menção como no 309.
CEREZO MIR: Se a produção do resultado se evidencia como não absolutamente improvável para o juiz, a ação
era perigosa. O conceito de perigo é sempre normativo (e ontológico).
JAKOBS: toma como ponto de partida a necessidade de organizar um determinado âmbito social através da
estandardização de condutas (papéis). Divide os delitos de perigo em:
a) Delitos cumulativos: aqueles aos quais o legislador recorre quando pretende organizar um âmbito
social “estandardizando” comportamentos, isto é, quando o legislador deseja manter alguns
comportamentos padronizados, para garantir a “estabilização de uma comunidade”. Mesmo que as
condutas tomadas individualmente não sejam perigosas, conjuntamente podem produzir resultados
lesivos. Por isso, a proibição independe de qualquer resultado. Por isso, não há princípio da
insignificância nem pode depender da comprovação da imprudência individual.
b) Delitos de perigo abstrato com função representativa do bem jurídico protegido em um nível mais
abstrato (bem jurídico espiritualizado): o conteúdo da proibição é a mera conduta e o perigo é
irrelevante.
c) Delitos que incriminam comportamentos sem uma atuação delitiva exterior (comportamentos não
perigosos ou minimamente perigosos): mas devem ser exteriorizadas e violar o sistema/norma
a. Sem exteriorização seria direito penal do autor e não do fato
Aqui não se fala em nexo normativo (crimes formais) ou nexo de não impedimento (crimes omissivos)
TEORIAS DA CAUSALIDADE NO CP
Relação de causalidade (conditio sine qua non)
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Segundo dispõe o art. 13 do CP, causa é toda ação ou omissão sem a qual não haveria o resultado, ou seja, tudo que concorre para o resultado é causa (equivalem), pois não é possível reconhecer, com absoluta certeza, as diferentes medidas de eficácia de
cada condição individualmente considerada. Causa é conjunto e as próprias condições do conjunto.
Método Hipotético de redução de Thyrén (desenvolvido 1º por Glaser): Utiliza-se do “processo hipotético de eliminação” (Thyrén, 1894), se suprir a causa e o resultado naturalístico desaparecer, é causa.
Quando utilizada na forma pura, a teoria é cega, pois há um imputação/responsabilidade penal infinita (disparo da arma, aquisição da arma, fabricação da arma, extração de minério ). Para Masson essa crítica é despropositada, pois para ingressar na relação de causalidade,
não basta dependência física, mas precisa de causalidade psíquica (dolo ou culpa) – solução encontrada pelo sistema finalista, ao introduzir dolo e culpa na vontade.
Modernamente, há três elementos para reduzir o alcance da teoria da equivalência PURA (método hipotético de redução):
a) Elemento subjetivo (dolo) ou normativo (culpa) do tipo
Análise de um dolo cognitivo – dolo como conhecimento. E vontade objetivamente considerada, especialmente sob uma ótica dos papéis (JAKOBS).
b) Existência de concausas
c) Teoria da imputação objetiva
Quais são as críticas à teoria dos equivalentes causais?
a) Contradição lógica: quem entende como causa a soma de condições não pode considerar como causa toda condição individual. ( ) Atualmente, os defensores reformularam, conceituando causa como antecedente sem o qual o resultado não teria ocorrido, sem equivaler ao conjunto
b) A fórmula pressupõe o que, por meio dela, deveria ser verificado ( sonífero mata bebê? não sei e a fórmula não soluciona isso, a não ser que já se saiba que mata kkk – ROXIN/JAKOBS) (EM Defesa, além que nenhuma fórmula dispensa dados empíricos... verdade brow, MAS isso é diferente de conhecer de antemão o que se pretende provar)
c) Regresso infinito
d) Não explica: cursos causais hipotéticos - casos nos quais, ainda que ausente a conduta do agente, a ocorrência do resultado não é afastada.
e) Não explica: casos de causalidade alternativa, nos quais duas ou mais condições ocorrem de maneira simultânea, sendo cada uma capaz de produzir o resultado por si só. (Com base nesta crítica que PUPPE desenvolve a argumentação da condição necessária do conjunto suficiente para
produção do resultado – INUS)
f) Dificuldade de separar circunstâncias colaterais irrelevantes (Puppe)
Não supera causalidade alternativa concreta; circunstâncias colaterais irrelevantes; impedir a colocação de causas substitutas hipotéticas simplesmente tira a lógica do método (caso do chute da bola na cabeça, que vai na vidraça...se não tivesse batido na cabeça, teria batido no muro e ido
na vidraça...ignora o muro sr. spendel? – Puppe)
Crítica: prognose póstuma objetiva não foi desenvolvida, não há critérios objetivos. Ademais, não é uma teoria no plano da causalidade, mas no da imputação objetiva do resultado (é NORMATIVA!) e ao mesmo tempo insuficiente.
TEORIA DA ADEQUAÇÃO
São seus adeptos SAUER, VON HIPPEL, ENGISCH e MAURACH, entre outros. Segundo esta proposição, causa – no sentido jurídico – não é tudo, mas tão-somente a condição adequada ao tipo e ao resultado concreto, no dizer de WESSELS. Esta linha expositiva é também chamada de teoria da prognose objetiva póstuma ou posterior, pois, para aferir a adequação ou não de uma causa, baseia-se no princípio do “id quod plerumque accidit” (isto é: aquilo que normalmente acontece, segundo a experiência comum das
pessoas e as ocorrências da vida cotidiana); em outras palavras: o Juiz penal, para saber se algo é causa ou não de um determinado evento, deve proceder a uma análise objetiva do fato, numa prognose posterior (depois do acontecimento), com base na experiência comum; se o acontecimento estudado normalmente desencadeia certo resultado, dentro de uma estatística, então deve ser considerado como causa. Portanto, para esta doutrina, causa é aquilo que a normalidade do cotidiano e a experiência média
indiquem como tal, com base em estatísticas. Como uma consequência lógica, a teoria sob comentário contenta-se com uma causa provável, deduzida a partir de dados estatísticos e da experiência da vida cotidiana, o que vem a trazer insegurança para a constatação do nexo causal. Explicaremos melhor este ponto: embora a teoria da condição, adotada pelo nosso Código Penal em seu artigo 13, seja criticável em diversos aspectos, segundo ela, o órgão da Acusação terá que comprovar, de maneira inequívoca, que
uma determinada conduta foi condição “sine qua non” do resultado analisado em dado processo, isto é, que a atuação do acusado foi causa sem a qual o resultado não teria ocorrido, para que se chegue à imposição da sanção penal; já a teoria da adequação satisfaz-se com uma causa extraída de raciocínios abstratos, efetuados com base na experiência acumulada em determinado assunto e em informes estatísticos (causa provável); exemplificando: o médico W receita o medicamento K ao seu paciente Z, que é
diabético; há uma forte suspeita, entre os pesquisadores da Medicina, de que o referido medicamento pode provocar efeitos colaterais e até a morte em diabéticos, porém não há ainda uma prova científica (cabal) de que tal conjectura seja verdadeira; Z vem a falecer, após a ingestão da droga prescrita. Para a teoria da condição (adotada pelo nosso C.P.), o acusador deverá comprovar, através de laudo médico-legal, que o medicamento ingerido foi a causa efetiva da morte de Z (causa sem a qual o resultado não
teria ocorrido); segundo a teoria da adequação, basta que a experiência mediana (dos médicos) e que estudos estatísticos demonstrem que a ministração da sobredita droga costuma matar diabéticos (em um percentual razoável), para se estabelecer o nexo causal entre a provável causa (a receita emanada de W e a subsequente ingestão do medicamento K pelo diabético Z) e o resultado (morte de Z). Bem se vê que esta linha de pensamento pode servir aos propósitos do Direito Civil (em que se aceita uma causa
provável, para os efeitos de uma indenização), mas não para os graves propósitos do Direito Penal.
ESPÉCIES DE CONCAUSAS:
a) CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE (aplicação pura da conditio sine qua non) : é aquela que teria acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo que não tivesse havido qualquer conduta por parte do agente. Nesse caso, não
devemos imputar o resultado ao agente. Importante é verificar se houve combinação das ações para o resultado ou independência. Importa quem deu causa ao resultado.
a. Preexistente: ocorre anteriormente à conduta do agente (A atira em B que tinha tomado veneno antes) responde por homicídio tentado (responde somente pelo seu dolo)
b. Concomitante: (A e B atiram, sem estar em coautoria, e A acerta o braço e B o coração) A responde por tentativa e B por homicídio consumado (responde somente pelo seu dolo)
c. Superveniente (causalidade por adiantamento do resultado): (A atira em B, causando-lhe grave ferimento que levará a morte, mas B é atropelado e morre de traumatismo craniano) A responde por homicídio
tentado (responde somente pelo seu dolo)
b) CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE: conjugação de forças, há uma relação de dependência, sem uma das causas o resultado não se produz. Há duas correntes para ambas, em MP defender que é consumado.
a. Preexistente: (A desfere golpe de faca em B sabendo de sua condição de hemofílico). Se A agiu com dolo de matar responderá por homicídio doloso consumado.
i. Há doutrina que afasta a necessidade do conhecimento anterior, bastando o dolo de homicídio (adotar para MP)
b. Concomitante: (A e B atiram juntos e os dois disparos causam junto a morte. A atira em B que, pelo susto, sofre ataque cardíaco) responde por homicídio consumado
i. É o caso da autoria colateral com simultaneidade na qual se somam as causas. Ministrar dose de veneno que sozinha, não seria capaz de matar, mas em dobro, matou. Ambos respondem por homicídio consumado, PUTA
Até aqui tudo foi resolvido pela teoria da equivalência dos antecedentes.
c. Superveniente:
Art. 13. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.
O CP adota a condicio sine qua non, mas o § 1º é uma EXCEÇÃO, em que se aplica a teoria da causalidade adequada.
O QUE IMPORTA É O “POR SI SÓ”
Não produz por si só Produz por si só
Teoria dos equivalentes causais Teoria da causalidade adequada
Infecção hospitalar é causa superveniente relativamente independente previsível e o atirador Se a causa extrapola a relação original e produz por si só o resultado o agente responde por tentativa.
responde pelo resultado de morte, porque a infecção se agregou aos ferimentos (não é “por si só”) Ex.: tiroteio/incêndio no hospital; ambulância capota, pois atingiria qualquer pessoa no local.
Imperícia médica, por si só, não mata, só quem precisa de cuidados médicos. HOMICÍDIO TENTADO - I.D.A.
Incêndio
Desabamento
Acidente de ambulância
Choque anafilático no hospital também é evento previsível
HOMICÍDIO CONSUMADO - B.I.P.E.
Broncopneumonia
Infecção hospitalar
Parada cardio-respiratória
Erro médico
Dupla causalidade? A e B, sem concatenar, colocam veneno na comida de C. Doutrina tende a responder que ambos respondem por homicídio consumado qualificado.
Foi MEZGER o seu criador, compartilhando de seu pensamento BOCKELMANN e WESSELS. Para esta corrente doutrinária, a determinação do nexo de causalidade deve ser feita através da teoria da “ conditio sine qua non”, mas a imputação do resultado deve-se
efetivar com base na relevância jurídica da respectiva cadeia causal, observando-se a finalidade da norma e os caracteres de cada tipo penal. Faz-se, assim, uma distinção entre causalidade física (medida pela teoria da condição) e causalidade jurídica. Destarte,
em um dado acontecimento, muitas vezes, o nexo causal é afirmado entre a conduta do agente e o resultado, porém tal evento não pode ser juridicamente imputado ao autor do fato, porque sua atuação não se reveste de relevância, frente às finalidades da
norma ou às elementares do tipo penal. Exemplo: O indivíduo F tem consciência de que seu conhecido J sofre de uma grave enfermidade cardíaca e, portanto, não pode experimentar emoções fortes; mas querendo matá-lo, F conta uma piada extremamente
engraçada a J, sendo certo que este último é tomado de uma crise incontrolável de riso, devido à piada, e sofre um ataque cardíaco fulminante, que o leva a óbito; pois bem: no tocante à causalidade física (analisada segundo os postulados da teoria da
condição), obviamente a piada contada por F foi causa da crise de riso irrefreável em J, decorrendo daí seu ataque cardíaco e morte; entretanto, analisando-se a conduta de “ contar uma piada” e observando-se a finalidade da norma jurídica e os caracteres do
tipo penal correspondente (homicídio – “matar alguém”), há que se negar a relevância jurídica da respectiva causa (piada). Mas o grande problema desta teoria é tentar amenizar os efeitos da causalidade, dentro do próprio campo da causalidade, o que não é
possível, pois a causalidade é medida pelas leis da Física, não tendo, a rigor, como ser barrada, interrompida ou atenuada.
segundo Mackie o que chamamos de causa é um elemento que se comporta como necessário-nas-circunstâncias.
Mackie admite que as causas são não apenas suficientes, mas necessárias nas circunstâncias para seus efeitos. Assim, para designar alguma ação como causa de determinado resultado, é necessário distinguir o que é causa suficiente do que é causa necessária
para, depois, conjugar estes conceitos:
a) Causa suficiente: garante que o resultado, dentro de específicas circunstâncias, ocorrerá.
b) Causa necessária: indispensável para o resultado (sozinha, pode ser insuficiente).
A teoria de Mackie pressupõe que a causa deve ser compreendida como a componente mínima necessária de uma condição suficiente. É uma construção com base em conjuntos de condições, pois nenhuma, por si só, de produzir resultados.
Em lugar de uma necessidade psíquica, uma condição INUS é uma parte que não é suficiente, mas é necessária para uma condição que, por sua vez, não é necessária, mas é suficiente
Vale destacar que a condição necessária utilizada pela teoria da equivalência é insuficiente para explicar a relação de causalidade em eventos com diversas nuances (várias causalidades). Por isso, Mackie a conjugou com a ideia de condição suficiente, para
superar as objeções lógicas que lhe eram dirigidas.
a) Exemplo 1: Se A atira no coração de V e, concomitantemente, B atira no cérebro, ambos os comportamentos constituem componentes mínimas necessárias de uma condição suficiente.
a. Se fosse pelo processo hipotético de eliminação, da teoria da equivalência, poder-se-ia concluir que ambas não são necessárias para a produção do resultado.
b) Exemplo 2: decisões colegiadas que são unânimes. Pela Teoria INUS, o voto de cada dirigentes deve ser componente necessário de uma condição suficiente, sendo todos votos relevantes.
a. Se fosse pela teoria da equivalência, se eliminarmos um voto, o resultado permanecerá intacto.
c) Exemplo 3: Caio se arma para matar Tício. Além disso, municia a arma. Atira. Acerta numa região letal. Para Mackie, simplesmente se armar não é uma causa necessária ou suficiente para o resultado, porque a vítima poderia morrer
atropelada. Igual municiar, igual atirar e igual acertar (poderia estar com um colete). Todas essas causas são desnecessárias e insuficientes. Porque o resultado pode ser produzido por n conjuntos possíveis de causas diferentes, compostas
de causas não necessárias e insuficientes para produção. Mas aquele conjunto delimitado no tempo e espaço foi capaz e suficiente para produzir o resultado morte, apesar de ser um conjunto desnecessário e insuficiente para produção
da morte, porque ela pode ocorrer de outra forma.
d) Especialistas concordam que um incêndio que destruiu parcialmente uma casa foi causado por um curto-circuito. Este não era isoladamente suficiente nem necessário para o incêndio. Não foi necessário porque o fogo poderia ter se
iniciado de uma forma diferente, como em um curto-circuito em outro lugar ou através de um incêndio doloso etc. Não foi suficiente posto que na ausência de oxigênio ou na presença de um
sprinkler (borrifador automático anti-incêndio) eficiente não aconteceria o incêndio. Portanto o curto-circuito (que chamaremos aqui de A) foi uma condição necessária para o conjunto ABc, onde B representa fatores positivos como
adequada presença de oxigênio e c representa fatores negativos como a presença de um sprinkler , por exemplo. Assim, quando a condição A for uma condição necessária para o conjunto minimamente suficiente (ABc) então A é uma
condição INUS.
Por isso ele trabalha a condição mínima sob a perspectiva de um conjunto de causas desnecessárias e insuficientes, em um primeiro momento, analisadas de forma isolada, mas que dado a sua somatória, seu conjunto, elas são suficientes, mas não
necessárias, para produzir o resultado.
“O QUE TEM SIDO CONSIDERADO COMO CAUSA NA REALIDADE É UMA CONDIÇÃO INUS DE UM RESULTADO, SENDO QUE A VERDADEIRA CAUSA SERIA O CONJUNTO DAS CONDIÇÕES (X), COMPOSTOS POR PARTES INSUFICIENTES MAS NECESSÁRIAS PARA
FORMAÇÃO DO CONJUNTO QUE, POR SUA VEZ, É SUFICIENTE MAS DESNECESSÁRIO PARA PRODUZIR O RESULTADO, VEZ QUE ESSE PODE OCORRER POR CONSEQUÊNCIA DE OUTROS CONJUNTOS (Y e Z).”
Objeções à Condição INUS: Dificuldade de sua aplicação. Existem alternativas mais simples que chegam ao mesmo resultado. Para alguns, é só um jogo de palavras da conditio. Que a ideia de condição não necessária é trivial, que não muda nada saber que seria
causado por outras vias. E que a ideia de condição não suficiente também é trivial, pois nada é suficiente sozinho. A única parte não trivial é considerar a essência causal o ser parte necessária do total (que é basicamente a conditio). (SAMSON)
Há divergência sobre a “suficiência”. Mackie defende no plano concreto. Puppe defende a suficiência da condição em geral. Divergência que tem relevância para solução de casos de causalidade intermediada psiquicamente. A paga para B matar C. No plano
concreto, se B matar, é suficiente. No plano abstrato, não se sabe o que B vai decidir. Puppe conclui que no âmbito da causalidade intermediada psiquicamente, não há falar em causalidade no sentido de uma condição suficiente.
Superação da crítica: não é idêntica à conditio. A conditio opera no plano abstrato, contrafático. A INUS é na realidade; supera a contradição lógica de equiparar causa-conjunto; supera a objeção dos casos de causalidade múltipla.
Caso do Spray para couro (BGH, 1990): Responsabilidade de dirigentes de sociedades empresariais alemãs pela produção de sapatos e artigos de couro. Consumidores narraram problemas de saúde após uso. Investigação interna constatou que um spray com
elevada concentração de óleo de silicone causou o problema. Tiraram o spray, mas o problema continuou. Só que como não identificaram nenhum componente tóxico, os dirigentes decidiram por não fazer recall, mas uma nova investigação, que não detectou
componente tóxico. Após, órgãos de saúde fiscalizaram e retiraram vários produtos do mercado. O BGH condenou os dirigentes por crimes de lesões corporais culposas e perigosas. Entendeu que há causalidade mesmo se não identificada a substância que
provocou os danos. Que ao por o produto no mercado, os fornecedores tornam-se garantidores do impedimento de danos, o que enseja o dever de retirar os produtos do mercado. Se cada dirigente, apesar de sua competência concorrente, se omite de dar sua
contribuição para a decisão de retirada do produto, estabelece uma causa para que a medida não ocorra, o que fundamenta a sua responsabilidade.
Na conditio, cada dirigente podia falar que sem sua conduta o resultado teria ocorrido.
Para evitar sair da conditio, o BGH afirmou a causalidade de todos os votos considerados de forma conjunta, condenando com base na coautoria (mesmo sendo crime culposo)
Pela INUS a solução é mais direta: o voto de cada dirigente é componente necessário de uma condição suficiente (maioria). Não precisa de tantos corretivos.
Ex.: vaso pintado intacto vaso pintado destruído (o que importa é o que alterou)
Isso reduz o que será analisado no plano da causalidade. Separa eventos irrelevantes daqueles que realmente interessam ao Direito Penal. Com isso, Puppe situa no plano do resultado a solução de casos em que há diminuição do risco (e não na
imputação objetiva).
3º Condição INUS + Leis gerais (INUS ABSTRATA)
Causa é apenas uma componente necessária de uma condição verdadeira e suficiente segundo leis empíricas gerais.
O que de fato vincula causa e consequência é apenas a lei causal (“sempre que, então”), que é uma regra abstrata.
Puppe concilia a condição INUS com a teoria da condição conforme às leis naturais de Engisch (adequação). Para Mackie, recorrer a leis gerais é um recurso dispensável.
“Abstrata” mas a formulação de leis gerais é o recurso à probabilidade na ciência...
Crítica: em casos simples, vou ter que buscar a lei geral que fundamenta aquilo? Que BO!
Defesa: sempre recorremos a leis gerais. É o que se usa na Filosofia. Esse modelo geral traz mais segurança jurídica.
John Stuart Mill, em 1843, como antecedente histórico da teoria da conditio sine qua non, já falava que “causa é a soma das condições positivas e negativas tomadas juntas, o total de contingências de toda natureza que, realizadas, fazem com que ocorra
invariavelmente o conseguinte”
Surge com o intuito de limitar o alcance da teoria da equivalência dos antecedentes causais, sem desprezá-la. Abandona-se a análise de uma relação de causalidade puramente material, para fazê-la de um prisma jurídico, normativo.
Assim, dentro da tipicidade objetiva, antes da aferição da presença de dolo ou culpa, verifica-se se o resultado previsto no tipo objetivo pode ser ou não imputado juridicamente ao agente (causalidade normativa): (1) criação do risco proibido; (2) realização
do risco proibido, baseada em uma prognose ( ) póstuma ( ) e objetiva ( )1. situação do agente no momento da ação realizada pelo juiz depois do fato conhecime nto do homem médio
Para Ronan Rocha, embora existam diversas propostas teóricas, há consenso quanto sua posição sistemática: os critérios normativos de imputação objetiva situam-se no âmbito do tipo objetivo e devem ser examinados após a constatação do nexo causal.
Embora existam duas correntes: (1) relação de causalidade é pressuposto para a imputação objetiva resultado; (2) absorção da causalidade pela teoria da imputação objetiva no resultado.
Corrente 1: ROXIN - IDEAL, pois evita confusão entre o ontológico e o normativo. (HONIG: não objetiva substituir, mas valorar limitando – se é algo que se dá sobre tem que existir causalidade prévia). A relação de causalidade ôntica já é uma limitação ao ius
puniendi (garantia de não punição por fato de terceiros) e não pode ser abandonada. Do contrário, crimes materiais virarão crimes de perigo.
a) Tipo objetivo:
a. Conduta
b. Nexo causal
c. Nexo de imputação objetiva no resultado
d. Resultado
b) Tipo subjetivo:
a. Dolo
b. Culpa
1
Por isso fala-se em “direito penal quântico”: não basta causalidade física, mas em causalidade
normativa.
Corrente 3: substituição da causalidade pela imputação objetiva (Damásio de Jesus).
ROXIN:
Funcionalismo de Roxin: há uma conexão entre todos os estratos do delito ligada por princípios, valores de política criminal e fins de prevenção da pena. É uma PERSPECTIVA NORMATIVA e da imputação objetiva no resultado ( . jakobs vai ser no comportamento)
1- Incremento insignificante do risco (condutas irrelevantes) (questão do PINCEL pode entrar aqui TAMBÉM – pois não há aumento do risco se o comportamento lícito alternativo não mudaria nada)
2- Risco permitido (de acordo com as normas)
3- redução de um risco existente (já mata o estado de necessidade no tipo penal)
4- princípio da confiança (expectativa de comportamento normativamente adequado)
Com base na FUNÇÃO do Direito Penal, desenvolve o conceito, fundamentando-o no princípio do risco, sob quatro vertentes que impedirão sua imputação objetiva: (1) criação do risco; (2) risco se realiza no resultado concreto; (3) este resultado se encontra
dentro do alcance do tipo. (ESSA DIVISÃO QUATRIPARTITE FOI O 1º TRABALHO DE ROXIN, DEPOIS ESTRUTURADO NOS 3 NÍVEIS ACIMA)
a) Diminuição do risco: a conduta que reduz a probabilidade de uma lesão maior não se pode conceber como orientada com a finalidade de lesão menor
a. Ex.: A empurra B para que não seja atropelado por um ônibus, causando uma lesão menos grave
b) Criação de um risco juridicamente relevante/risco proibido : deve haver relevância jurídica proibitiva no risco (dirigir veículo tem risco, mas sem relevância jurídica)
a. Ex.: Sobrinho compra passagem para o tio desejando que este morra em acidente aéreo, caso o acidente realmente aconteça, a morte não lhe pode ser imputada, pois é obra do acaso
c) Aumento do risco permitido: se, de maneira alguma, a conduta do agente não houver aumentado o risco de ocorrência do resultado, este não poderá ser imputado àquele
a. Ex.: Os pelos de cabra para fabricação de pincéis não são esterilizados antes de estar em contato com os operários, que sofrem infecção e morrem. A perícia demonstrou que a bactéria já havia criado resistência e feita
ou não a esterilização, ela seria inútil.
d) Esfera de proteção da norma: somente haverá responsabilidade quando a conduta afrontar a finalidade protetiva da norma. Limita-se a esfera de proteção da norma aos danos diretos.
a. Ex.: Ladrão ameaça a vítima que corre para a rua e é atropelada por caminhão. Este resultado não pode ser imputado ao agente.
JAKOBS:
É essencialmente normativo em todas suas proposições. A essência é a proteção da norma jurídica, pois quando ela é protegida, por consequência, o bem jurídico estará protegido.
Construção sobre a teoria dos papéis sociais (expectativa de cumprimento da norma).
O indivíduo que cumpre seu papel, em hipótese alguma pode ter o resultado imputado a ele.
O que não cumpre, se coloca contra o Estado e a norma jurídica, colocando em risco sua vigência e validade. Há de se analisar se criou um risco juridicamente relevante.
Logo, ele trabalha menos com imputação objetiva do resultado, mas IMPUTAÇÃO OBJETIVA DO COMPORTAMENTO.
Jakobs recorre à teoria sociológica de LUHMANN. O homem vive em um mundo constituído sensorialmente, que lhe apresenta uma multiplicidade de possíveis experiências e ações. No complexo e contingente universo de possibilidades de compõem o convívio social, o intercâmbio de expectativas
entre os seres humanos faz surgir um elemento de perturbação, que pode ser compreendido como o desconhecimento de uma pessoa em relação à expectativa ou ao comportamento de outra pessoa. Em torno da noção de expectativa, Luhmann edifica seu pensamento de modo a asseverar que os
sistemas sociais, dentre os quais se insere o Direito, têm como função estabilizar as expectativas, que podem ser divididas em dois tipos: as cognitivas e as normativas.
Ao nível cognitivo são experimentadas e tradadas as expectativas que, no caso de desapontamentos, são adaptadas à realidade. Nas expectativas normativas ocorre o contrário: elas não são abandonadas se alguém as transgride.
Para Luhman, normas são expectativas de comportamento estabilizadas contrafaticamente. Seu sentido implica a incondicionalidade de sua vigência na medida em que a vigência é experimentada e, portanto, também institucionalizada, independentemente da satisfação fática ou não da norma.
Um feixe de expectativas, ligadas a determinada pessoa, constitui aquilo que se chama de papel – conceito central para a teoria da imputação de Jakobs.
Da função da pena Jakobs deduz a função da imputação: estabelecer qual pessoa deve ser punida para a estabilização da norma.
2 – PRINCÍPIO DA CONFIANÇA (expectativa normativa de respeito às normas também ligado a teoria dos papeis)
3 – PROIBIÇÃO DE REGRESSO – JAKOBS se vale da teoria da equivalência das condições (naturalística). Essa é a proibição de regresso ao infinito da teoria da equivalência das condições. Para isso, associa a proibição de regresso a teoria dos
papeis
Roxin não fala expressamente , mas trabalha um pouco no âmbito do 2º nível de imputação.
No finalismo, a proibição do regresso se vale do dolo e da culpa, da teoria das concausas. Aqui, são os PAPEIS.
É o grande diferencial da teoria da JAKOBS.
Crítica: adota teorias da causalidade sem enfrentar críticas. Nexo causal tratado dentro da imputação objetiva, o que gera confusão entre o ontológico e o normativo. Necessidade do traslado do conceito de garantidor dos crimes omissivos para os crimes
comissivos.
Considerando que o comportamento social é vinculado a papéis, trabalha com quatro aspectos jurídico-penais sobre os quais se desenvolve a teoria da imputação objetiva (funcionalismo radical – violar a norma é rebeldia contra sua validade/sistema – teoria dos papeis - teoria dos riscos e boa-fé objetiva) :
a) Risco permitido: em toda a sociedade existem riscos necessários decorrentes dos contatos entre as pessoas e que impulsionam o seu progresso. Se a conduta se adequa a esses padrões necessários, o resultado será atribuído ao acaso.
a. Lesão em luta de boxe exclui ilicitude para teoria finalista, mas para a imputação objetiva, é fato atípico por ser risco permitido.
b) Princípio da confiança: se eu ajo no meu papel devo crer que os outros também agem
c) Proibição de regresso: se uma pessoa atua dentro do seu papel, mesmo que sua conduta contribua para a infração penal, o agente não pode ser incriminado
a. Mesmo que terceiro soubesse da finalidade ilícita do agente, não poderia responder pela infração, pois em sua atividade qualquer que seja sua utilização, consiste em seu papel comum
b. Ex.: Taxista que leva assassino ao local do homicídio
d) Competência ou capacidade da vítima
a. Consentimento do ofendido (que pode funcionar como causa de atipicidade ou supralegal de exclusão da ilicitude)
b. Ações a próprio risco (própria vítima com seu comportamento contribui ou facilita que a consequência lesiva lhe seja imputada): dever de autoproteção
i. Ex.: sujeito que se propõe a praticar esportes de risco
ii. STJ adotou teoria da imputação objetiva para afastar tipicidade de Comissão de Formatura no caso de afogamento na piscina após consumo de drogas (a vítima comportou-se de formas contrária
aos padrões esperados).
c. Heterocolocação em perigo: vítima pede ao agente que pratique uma conduta arriscada, acreditando que o resultado não ocorrerá
i. Ex.: sujeito insiste que barqueiro atravesse um rio numa tempestade
ii. Ex.: passageiro ordena que motorista dirija em alta velocidade para chegar a tempo em compromisso, sofre acidente e falece
É uma análise que antecede a imputação subjetiva (dolo/culpa) proposta pela causalidade adequada
Poderia ser mais apropriadamente chamada de teoria da não-imputação, pois visa evitar a imputação objetiva (do resultado ou do comportamento) do tipo penal a alguém
Foi criada com uma contraposição aos dogmas da teoria da condicio sine qua non, erigindo uma relação de causalidade jurídica ou normativa ao lado daquela de natureza material
4 - TIPICIDADE
Conceito: tipicidade é elemento do fato típico relativo à análise da adequação fato ao tipo,
este que é o modelo genérico e abstrato, formulado pela lei penal, descritivo da conduta
criminosa ou conduta permitida. Dialoga com o princípio da legalidade/função limitadora do
poder punitivo. Natureza predominantemente descritiva (ainda que tenha conceitos
normativos E subjetivos).
Tipicidade conglobante: tipicidade formal antinormatividade tipicidade material
Tipo penal: descrição
Tipicidade: procedimento de subsunção Adequação típica
o Imediata
o Mediata: tipo + outra norma (tentativa, participação, crimes omissivos impróprios)
Histórico:
-1: Antes de Beling, era o conceito de injusto penal, no qual tipicidade e a ilicitude como se fossem uma única coisa.
(1) Teoria Clássica e Ernst von Beling – INDEPENDÊNCIA do tipo Penal tipicidade sem
elementos subjetivos; ou seja, Beling separou, dando à tipicidade status de categoria
autônoma, meramente objetivo-descritivo. Anódino.
(2) Teoria Finalista & Max Ernst Mayer: agregou a função de indício de ilicitude (teoria
indiciária ou ratio cognoscendi- CP) – presunção relativa de ilicitude e inversão do ônus de
prova em relação às causas de exclusão de ilicitude (MASSON)
(3) fase de tipicidade como essência da ilicitude (ratio essendi ou da identidade ou TIPO DE
INJUSTO - MEZGER): tipo penal é transformado em injusto (ilicitude tipificada).
(4) Teoria dos elementos negativos do tipo & Sistema Bipartido (Merkel): tipo total de
injusto (causas de exclusão da ilicitude compõem o tipo penal). Não acolhida, por o CP
distinguiu explicitamente os tipos incriminadores dos tipos permissivos. Volta ao modelo
anterior a Beling de imputação.
(5) Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni): fato típico se reveste de
antinormatividade. A conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico em geral
(conglobante) e não apenas ao Direito Penal (a ordem normativa não pode permitir e
proibir ao mesmo tempo). Tipicidade legal + Tipicidade conglobante. já foi acolhida
pelo STJ.
Subsunção: pode ser direta ou indireta (norma de subsunção mediata por meio de norma de
extensão, ex.: tentativa; concurso de pessoas).
Elementares do tipo: dados essenciais à figura típica sem os quais ocorre uma atipicidade
absoluta ou relativa:
Atipicidade absoluta: se faltar a elementar, o fato é um indiferente penal. Não há
crime.
o Ex.: furtar o próprio celular no poder de outrem (erro de tipo)
Atipicidade relativa: fato é desclassificado para outro delito
o Ex.: objeto em poder de 3º para fins de garantia é furtado pelo dono porque os juros
são altos (desclassifica para exercício arbitrário do próprio direito); retirar a elementar
funcionário público do peculato vira furto
Elementos específicos:
a) Núcleo: é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal, com a finalidade de
evidenciar a ação que se procura evitar ou impor
a. Uninucleares: um único verbo (matar alguém)
b. Plurinucleares: vários verbos (lei de drogas, art. 33, tráfico de drogas)
i. tipo misto ou alternativo: podem implicar em vários crimes
c) Sujeito passivo:
a. Formal: ESTADO, que sofre todas as vezes que suas leis são desobedecidas
b. Material: é o titular do bem ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual
recai a conduta criminosa (em alguns casos também é o Estado)
i. Crimes Vagos: bem jurídico pertence à coletividade
CLASSIFICAÇÕES
A. TIPO NORMAL E TIPO ANORMAL
a. Tipo normal: prevê apenas elementos de ordem objetiva
b. Tipo anormal: acresce elementos subjetivos e/ou normativos (para o finalismo
penal, todo tipo é anormal, pois dolo e culpa ali estão )
TIPO SUBJETIVO
No finalismo o tipo penal é complexo, pois compreende a parte objetiva e a parte subjetiva.
Tipo subjetivo diz respeito a menções ligadas à manifestação psíquica ou anímica do sujeito,
abarcando dois elementos: dolo e culpa.
Observação: FUNCIONALISMO TEOLÓGICO-RACIONAL (ROXIN)
O fato típico passa a conter uma terceira dimensão, além das dimensões forma-objetiva e subjetiva – presente
apenas nos crimes dolosos. Passa a compô-la também a dimensão normativa ou material, neste incluída a
imputação objetiva, expressa em dupla exigência:
a) a criação ou implementação de um risco juridicamente proibido
b) a imputação objetiva do resultado, através do nexo de imputação, àquele que proporcionou diretamente a
ocorrência desse risco
CRIMES DOLOSOS
TEORIAS DO DOLO
I) (Não adotada) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: Dolo exige apenas a previsão do resultado pelo agente, não importando o
elemento volitivo.
ATENÇÃO! Não raras vezes percebemos doutrina conceituando dolo como sendo vontade +
livre + consciente. A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas sim circunstância a
ser analisada na culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa). Em suma, a liberdade da
vontade não é tema de dolo, mas sim da culpabilidade. A vontade não livre não deixa de ser
dolosa; o que ela pode não ser é culpável, podendo excluir a culpabilidade. Veja: 1ª situação:
vontade + livre + consciência = dolo (presente a culpabilidade); 2ª situação: vontade + não
livre (coação moral) + consciência = dolo (sem culpabilidade). ATENÇÃO! A noção de dolo não
se esgota na realização da conduta, abrangendo resultado e demais circunstâncias da infração
penal, para evitar responsabilidade penal objetiva.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOLO E DESEJO? Dolo não se confunde com desejo. No dolo, o
agente quer o resultado delitivo, como consequência de sua própria conduta (consciência e
vontade). No desejo, o agente espera o resultado, como consequência de um fato ou uma
conduta para a qual não concorreu de qualquer modo. Desejo não é crime; o desejo não é
punível. Punir o desejo é direito penal do autor, e o nosso direito penal é do fato.
ESPÉCIES DE DOLO:
a) Dolo direto (determinado, intencional, imediato, incondicionado): vontade do agente
é voltada a determinado resultado.
b) Dolo indireto ou indeterminado:
a. Dolo alternativo: agente deseja, indistintamente, um ou outro resultado com
igual intensidade. Matar ou ferir (responde pelo resultado mais rave).
b. Dolo eventual: agente não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo
(Teoria Positiva do Conhecimento – “dê no que der”)
i. STF: Deve ser detalhadamente descrito na inicial acusatória.
ii. Alguns tipos não admitem dolo eventual: receptação dolosa (deve saber que
é produto de crime); denunciação caluniosa (deve saber que é inocente)
iii. Dolo eventual está só na cabeça do autor? Não, é extraído das circunstâncias
do caso concreto.
Dolo eventual & Crimes de trânsito
Há campanhas o suficiente para saber do perigo de algumas condutas no
trânsito. O que permanece agindo assim, age com dolo eventual.
STF: Homicídio cometido na direção de veículo em virtude de “pega” é doloso.
STF: Embriaguez demanda análise da situação concreta (uma taça de vinho vs. Um
litro de vodka em alta velocidade/contramão)
DOLO NAS CONTRAVENÇÕES PENAIS: Em ambos os casos (mera conduta ou não) exige-se
dolo.
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária ( Íntima
relação com a teoria clássica, dada a época da LCP ). Deve-se, todavia, ter em conta o dolo
ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico.
Deve ser interpretada considerando que as contravenções penais, geralmente, são
infrações de mera conduta (sem resultado naturalístico), por isso basta a ação ou
omissão voluntária (no CP, dolo é querer/risco o resultado). Assim, se a lei previr que
não é de mera conduta, deve considerar dolo ou culpa.
PROVA DO DOLO: Teoria dos Indicadores Externos. (a) Demonstração do perigo ao bem
jurídico; (b) visão do agente acerca desse perigo; (c) decisão do agente sobre a realização do
perigo, atacando o bem jurídico.
CRIMES CULPOSOS
CONCEITO: elemento normativo do tipo penal (teoria finalista – pois depende de um juízo de
valor) consistente na violação do dever de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia,
realiza voluntariamente uma conduta que produz resultado naturalístico, não previsto nem
querido, mas objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia, com
a devida atenção, ter evitado.
Art. 18 - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
A tipicidade decorre da realização de uma conduta não diligente causadora de uma lesão ou
perigo concreto de lesão a um bem jurídico. Parte do pressuposto que o sujeito manifesta um
comportamento socialmente indesejado por ter sido descuidado e, por isso, algum bem
valioso (não há dano culposo no CP – No CPM há) para o DP foi atingido.
Para se verificar o crime culposo, deve-se perguntar, ex ante, se no momento da ação ou
omissão era possível, objetivamente identificar o risco proibido a conduta ou cuidado devido
normalmente exigido (se o agente agiu com o cuidado necessário).
Risco objetivo previamente estabelecido: limite de velocidade substitui a ideia de homem
médio.
ELEMENTOS:
a) Conduta voluntária
b) Inobservância do dever objetivo de cuidado
c) Produção de um resultado naturalístico invontuntário – decorrências:
a. Só há crime material culposo
b. Não existe tentativa culposa
d) nexo de causalidade
e) Tipicidade (todos os crimes)
f) Previsibilidade objetiva do resultado (homem médio)
a. Culpa consciente (ex lascivia): prevê o resultado e não assume o risco
b. Culpa inconsciente (ex ignorantia): não prevê o resultado que era previsível e
não assume o risco (ausência de previsibilidade subjetiva)
Sendo a culpa o elemento normativo do tipo penal, o magistrado deve valorar a
situação inserindo hipoteticamente o homem médio no lugar do agente. Não é
subjetiva (o que o sujeito pensava) porque o Direito Penal não pode ficar submisso
aos interesses desidiosos de pessoas despreparadas para o convívio social.
Ademais, o fato é típico e ilícito e o agente é culpável. Logo, é um elemento
objetivo conforme o homem médio. Na culpabilidade que será analisada o perfil
subjetivo do agente.
g) Conexão interna entre o desvalor da ação e o desvalor do resultado Ausência de
tipicidade material
COMPENSAÇÃO DE CULPAS (agente e vítima): DP não admite para fim de excluir a pena.
Havendo concorrência de culpas, cada qual responde pelo resultado a que deu causa.
Culpa da vítima pode ser circunstância judicial favorável ao acusado (dosimetria da
pena base – art. 59, caput, do Código Penal) e a culpa exclusiva da vítima exclui a
culpa do agente.
EXCLUSÃO DA CULPA:
a) Caso fortuito ou força maior (imprevisível)
b) Erro profissional (culpa é da ciência inepta)
c) Risco tolerado
d) Princípio da Confiança
ITER CRIMINIS
Conceito: é o caminho do crime, o conjunto de etapas que se sucedem, cronologicamente, no
desenvolvimento do delito. É instituto exclusivo dos crimes dolosos. O exaurimento não
integra o iter criminis.
FASES
1.º. Cogitação (interna): passa-se na mente do agente, quando este define a infração penal que
deseja praticar, representando e antecipando o resultado almejado (da sua análise decorre o dolo
e sua espécie)
a. Princípio da ofensividade: estes aspectos não têm relevância para fins de
punição
2.º. Preparação (atos preparatórios): selecionada a infração, o agente inicia a preparação afim de
obter êxito na empreitada criminosa (seleção dos meios e local apropriado)
a. Exteriorizam comportamentos que ainda não são típicos
A cogitação e os atos preparatórios, em regra, não são puníveis, pois o inciso II do art. 14, do CP,
exige início de execução para que seja punida a tentativa.
Entretanto, em algumas hipóteses, o legislador quis punir de forma autônoma condutas que
poderiam ser consideradas atos preparatórios, criando figuras típicas específicas, os crimes-
obstáculo.
Ex: associação criminosa (autônomo, responde em concurso material pelos outros crimes, pois são
bens jurídicos diferentes), petrechos para falsificação de moeda (antefato impunível, se consegue
falsificar, há consunção, pois os bens jurídicos são os mesmos)
Ex.: lei de terrorismo pune os atos preparatórios
3.º. Execução (atos de execução): deve ser idôneo (apto para lesar) e inequívoco
(direcionado). Teorias de caracterização (transição do ato preparatório ao
executório):
a. TEORIA SUBJETIVA: Não distingue atos preparatórios e de execução, punindo ambos,
pois o que importa é a vontade do agente NÃO adotada pelo CP: não distingue
atos de preparação dos atos de execução
As demais teorias demanda exteriorização (objetiva):
b. TEORIA OBJETIVO-FORMAL ou LÓGICO-FORMAL: início da realização do verbo
- somente há execução quando o agente pratica a conduta descrita no tipo
penal (tudo o que vier antes é ato preparatório) (maior segurança jurídica).
Adotada pelo CP.
i. Ato de ministrar veneno; apertar o gatinho na direção da vítima; remoção da
carteira do bolso
c. TEORIA OBJETIVO-MATERIAL: atos executórios são aqueles vinculados à
conduta típica e que produzem situação de risco para o bem jurídico,
abarcando atos imediatamente anteriores ao início da conduta típica ( visão do
terceiro observador: o agente está pronto para praticar)
i. Apontar a arma para a vítima
d. TEORIA OBJETIVO-INDIVIDUAL: abarca atos imediatamente anteriores, mas
em relação ao plano concreto do autor (e não do terceiro observador). (Hans
Welzel, Zaffaroni)
4.º. Consumação (summatum opus): diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP). Diz-se tentado o crime
quando, por motivos alheios à vontade do agente, não chega a consumar-se (art. 14, II,
CP) (TEORIA OBJETIVA-FORMAL)
a. Crimes materiais: tipo descreve conduta e resultado para a consumação
deve ocorrer o resultado (naturalístico)
i. Crime omissivos impróprios e crimes culposos são crimes materiais:
qualificados pelo resultado
b. Existem os crimes qualificados pelo resultado: o crime se consuma quando da
ocorrência do resultado agravador (lesão corporal gravíssima com resultado
de aborto; omissão de socorro qualificada pela lesão corporal grave ou morte)
c. Crimes omissivos próprios: consuma-se com a abstenção do comportamento
imposto ao agente (omissão de socorro) (ou são de mera conduta ou formais)
d. Crimes de mera conduta: tipo não descreve resultado; ocorre com a realização
do comportamento previsto no tipo penal, não exigindo qualquer resultado
naturalístico (violação de domicílio – entrar ou permanecer)
i. é possível a tentativa
e. Crimes formais ou de consumação antecipada: consumam-se com a prática
da conduta prescrita no núcleo do tipo, independentemente da obtenção do
resultado pretendido (que está previsto no tipo ), caso o resultado ocorra, há
exaurimento. (Extorsão mediante sequestro: consuma-se
independentemente da obtenção da vantagem indevida – SÚMULA 96 STJ)
f. Crimes permanentes: enquanto durar a permanência, pois a consumação se
prolonga no tempo (sequestro e cárcere privado) cessa a consumação
quando cessa a permanência
i. Nos crimes instantâneos e instantâneos de efeitos permanentes a
consumação se dá em momento determinado.
1. Estelionato previdenciário é crime instantâneo de efeitos
permanentes para o FRAUDADOR: se consuma no primeiro
pagamento – para o BENEFICIÁRIO o crime é permanente
g. Crimes habituais próprios: com a reiteração da conduta criminosa (exercício
ilegal da medicina)
i. Crimes impropriamente habituais: como gestão fraudulenta, se
consuma com um ato, não precisa reiterar, mas a pluralidade de atos
não configura vários crimes
h. Crime de perigo concreto: efetiva exposição do bem a risco
i. Crime de perigo abstrato: prática da conduta definida como perigosa
5.º. Exaurimento: não compõe o iter criminis (MASSON). É a fase posterior à consumação
do delito, esgotando-o completamente. Alguns crimes não têm exaurimento, em
outros, está na qualificadora/finalidade; nos crimes formais o resultado é o
exaurimento (Para Bitencourt, o iter criminis termina com a consumação).
a. Pode ser qualificadora (resistência) ou causa de aumento de pena (corrupção passiva)
TENTATIVA
CONCEITO:
Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
NATUREZA JURÍDICA: Não é autônoma (tipos de tentativa), mas oriunda de uma norma de
extensão ou ampliação da conduta que perfaz uma ampliação temporal da figura típica. É
resultado da adequação típica mediata, pois a pessoa responde pela tentativa em razão de
outra norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal (art. 14, II) sem
ter realizado o fato típico (art. Específico).
A adequação típica mediata acontece também no concurso de pessoas em crimes
unissubjetivos com concurso eventual. Obs: no concurso necessário dos crimes plurissubjetivos há
adequação típica imediata, pois a conduta de todos os agentes já está prevista no tipo.
1. Tentativa branca (ou incruenta): o agente não consegue atingir a pessoa ou a coisa
contra a qual deveria recair a conduta
2. Tentativa vermelha (ou cruenta): o agente consegue atingir. É preciso analisar o dolo
do agente para determinar se o crime foi tentado
NÃO SE ADMITE TENTATIVA: lei pode excepcionar. O que mais importa é ser crime
plurissubsistente.
I) Contravenções penais (art. 4º da LCP)
II) Crimes habituais (se consuma com a reiteração)
a. Posição minoritária (Mirabete) admite a tentativa quando o agente é impedido, por
circunstâncias alheias a sua vontade, de continuar a exercer o comportamento
proibido (Ex.: Sujeito aluga consultório e é detido na primeira consulta)
III) Crimes preterdolosos: há dolo na conduta antecedente e o resultado agravador
advém da culpa (lesão corporal seguida de morte) – culposo não cabe tentativa.
a. POLÊMICA: CRIME PRETERDOLOSO TENTADO - art. 127 – aborto qualificado pela
lesão corporal ou morte da gestante: dolo no aborto consumado ou tentado – culpa
na lesão à mãe) (são duas pessoas / bens jurídicos diferentes
IV) Crimes culposos
a. CUIDADO: culpa imprópria/por assimilação/extensão (ficção jurídico) a
doutrina defende que CABE TENTATIVA na CULPA IMPRÓPRIA
Erro de tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro de tipo permissivo
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
V) Crimes unissubisistentes: a conduta do agente é exaurida num único ato, não
havendo fracionamento da execução. (Ex.: Injúria verbal). Só cabe tentativa nos
crimes plurissubsistentes
VI) Crimes omissivos próprios: a omissão já configura a consumação. Se o sujeito age
de acordo com o comando da lei, não pratica o fato típico (omissão de socorro)
a. Omissivos impróprios admitem tentativa.
tentativa é incompatível com os crimes omissivos próprios, uma vez que se
caracterizam como delitos de mera conduta, (sem resultado naturalístico) e,
portanto, unissubsistentes (com um único ato executório), de modo que o momento
executivo da omissão não é fracionável: ou o sujeito atua até o último instante
possível, e haverá um indiferente penal, ou se omite, e o crime restará consumado.
Obs.: a LEP prevê que se pune a tentativa de falta grave do mesmo jeito que a consumada
(tentar fugir e fugir é falta grave)
ARREPENDIMENTO EFICAZ/RESIPISCÊNCIA
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados
O agente, depois de ESGOTAR TODOS OS MEIOS que dispunha para chegar à consumação da
infração penal, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado
por ele pretendido inicialmente com (1) voluntariedade e (2) eficácia.
Aplicável somente aos crimes materiais
TENTATIVA QUALIFICADA
Consunção às avessas
É a nomenclatura que a doutrina dá para a expressão “só responde pelos atos já praticados”.
Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz, o agente responderá pelos
atos já praticados que, de per si, constituírem infração penal (crime meio). Desaparece a pena
da tentativa, mas persiste a pena dos delitos que foram consumados em seu curso.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
(PONTE DE PRATA)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será (obrigatória) reduzida de um a dois
terços.
Crime consumado reparação do dano ANTES da deflagração da ação penal redução da
pena igual a da tentativa!
Momento da reparação: até o recebimento da denúncia, seja no curso da investigação policial,
ou encerrado o inquérito, ainda que já oferecida a denúncia/queixa.
Natureza jurídica:
SE ANTES - causa obrigatória de diminuição de pena (MINORANTE) (3ª fase)
Se APÓS: circunstância atenuante (art. 65, III, b)
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe
as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
Diminuição de pena: será fixada de acordo com o aspecto temporal entre a prática do ilícito e
a conduta voluntária de reparação, quanto mais próxima do recebimento (celeridade e
voluntariedade).
Aplicação:
1) Tipos NÃO prevejam como seus elementos violência ou grave ameaça à pessoa (via de
regra: crimes patrimoniais e outros com prejuízo patrimonial, como furto, dano, peculato). Há
necessidade do dano ser reparável.
STJ: Inaplicabilidade ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, por haver
necessidade de o crime ser patrimonial ou ter efeitos patrimoniais.
MAS ADMITE SE FOR CULPOSO EM CRIME COM VIOLÊNCIA: lesão corporal culposa
(violência está no resultado, não na conduta)
Sobre o CHEQUE: não é bem arrependimento posterior, é ausência de dolo de fraude se pagar
antes do recebimento da denúncia. Segundo o STJ, aplica-se exclusivamente ao crime de
estelionato na modalidade emissão de cheque sem fundos (art. 171 § 2º).
Súmula 554
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 246
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos
Tem que ser interpretada a contrario sensu: pagamento ANTES tira o dolo!
CRIME IMPOSSÍVEL
(tentativa inidônea/inadequada/quase-crime2/crime oco)
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Premissa: o agente ingressa nos atos de execução (tentativa) mas a infração não se consuma
por circunstâncias alheias a sua vontade.
Natureza jurídica: embora fale “não se pune” é causa de exclusão da tipicidade, pois o fato
não se enquadra em nenhum tipo penal.
2
Ultrapassada, pois se referia a aplicação de medida de segurança de liberdade vigiada ao autor de
crime impossível antes da Reforma de 1984.
b. TEORIA OBJETIVA TEMPERADA OU INTERMEDIÁRIA (CP): meios ou objeto
devem ser absolutamente inidôneos para produzir o resultado. Se a
inidoneidade for relativa, haverá tentativa.
b) Teoria subjetiva: intenção do agente. Assim, seja a inidoneidade absoluta ou relativa,
sempre haverá tentativa, pois o que vale é a vontade do agente.
c) Teoria sintomática: periculosidade do autor ensejam medida de segurança.
Não cabimento de HC: HC não possui dilação probatória, essencial para demonstrar a
ineficácia absoluta do meio ou a impropriedade absoluta do objeto. Exceção: hipótese
teratológicas.
Flagrante esperado: não há estimulação por parte da vítima ou polícia. Agente começa e só
não consuma porque terceiro, conhecendo previamente a intenção, intervém e evita a
consumação do crime (ocorre TENTATIVA).
STJ:
Pelo quadro fático-probatório delineado alhures, a hipótese dos autos não se equipara a
crime impossível na modalidade flagrante preparado. O caso em tela equipara-se mais à
situação de flagrante esperado, uma vez que não foram os policiais que induziram ou
instigaram o réu para que ele cometesse o delito, mas foi o próprio réu que
voluntariamente iniciou a empreitada. Impossibilidade de rever tal entendimento em razão
do disposto na Súmula 7/STJ. (STJ/2017).
Lei 13.964/2019 (PACTO ANTICRIME) RELATIVIZOU A SÚMULA 145
Admite, pelo menos em relação aos crimes de comércio ilegal de arma de fogo, tráfico
internacional de arma de fogo e tráfico de drogas a figura do AGENTE DISFARÇADO.
“Art. 17 (...) § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente” (...)
Internalizou-se o instituto norte-americano do “ENTRAPMENT” (armadilha, provocação
indevida) que consiste em argumento defensivo no sentido de anular eventuais provas
obtidas a partir do agente estatal disfarçado (“eu não tinha envolvimento, o agente
provocou”).
Há duas correntes sobre o assunto:
a) MAJORITÁRIA & SUPREMA CORTE (Subjective approach): é admitida a atuação do
agente disfarçado no sentido de negociar ou lidar com o criminoso, visando à
consumação do crime, desde que o alvo já estivesse sendo investigado pela prática
de crime anteriormente (predisposição à prática criminosa – Não há estrapment se
o criminoso incauto)
b) MINORITÁRIA (objective approach): envolvimento do agente estatal e sua relação
com a consumação do crime tornam nulas as provas, independentemente da
existência de indícios de envolvimento prévio.
ERRO DE TIPO
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
Conceito: é a relação de contrariedade entre o fato humano e as exigências do
ordenamento jurídico, representando uma lesão ou ameaça de lesão a bens jurídicos
importantes. Juízo de valor negativo. Trata-se de conceito unitário, que engloba o conceito
formal (desconformidade entre fato e o ordenamento jurídico) e conceito material (fato
antissocial, violador de bem jurídico protegido).
Clássica: objetiva-formal (oposição à norma)
Neoclássica: normativa (antissocialidade)
Ilicitude:
Em sentido amplo: não é necessariamente penal, mas é contra o ordenamento
jurídico (fuga da prisão sem violência não é penal, mas é antijurídico, falta
grave)
ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.
Colisão de dois bens jurídicos amparados pelo ordenamento juízo de ponderação e
prevalência
STF: agente não pode ter como fugir!
CONCEITO: É a causa de exclusão da ilicitude que depende de uma situação de perigo,
caracterizada pelo conflito de interesses lícitos que se soluciona com a autorização conferida
pelo ordenamento jurídico para o sacrifício de um deles para preservação do outro.
NATUREZA JURÍDICA: Há que fale que é faculdade e outros direito. Para MASSON é faculdade
e direito subjetivo do réu ao mesmo tempo.
D. Situação não provocada pelo agente (“que não provocou por sua vontade”)
Qual o alcance da “voluntariedade”? Culpa ou dolo?
a. Parte da doutrina defende que somente a criação de perigo dolosa afastaria o estado
de necessidade (Roxin & Alemanha)
b. Outra parte considera “vontade” como gênero, incluindo condutas dolosas e culposas,
pois negligência, imperícia e imprudência também derivam da vontade do agente
(MASSON & galera) bem como interpretação sistemática da omissão culposa.
E. Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (quem tem dever de salvar oriundo
da lei não pode alegar estado de necessidade - razoabilidade)
Qual a extensão desse dever?
a. Dever legal (imposto pela lei)
b. Dever jurídico (lei ou contrato, como um enfermeiro/salva-vidas do clube) – Exposição de
motivos do CP c/c posição de garantidor (art. 13 § 2º)
MASSON:
1) Situação de necessidade
a. Perigo atual
b. Perigo não provocado voluntariamente pelo agente
c. Ameaça de direito próprio ou alheio
d. Ausência de dever legal de enfrentar o perigo
2) Fato necessitado
a. Inevitabilidade do perigo por outro modo (caráter subsidiário)
b. Proporcionalidade (Teoria unitária: bem preservado deve ter valor igual ou superior ao
sacrificado)
LEGÍTIMA DEFESA
CONCEITO:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
Defesa de interesse próprio ou alheio, dada a impossibilidade da intervenção
tempestiva do Estado, o qual tem igualmente por fim que interesses dignos de tutela
não sejam lesados (não há dois interesses protegidos, só um e uma injusta agressão)
o É diferente do estado de necessidade porque nesse se houver a opção de
fugir, menos gravosa, essa deve ser adotada: são dois interesses igualmente
protegidos (ponderação)
Observações:
1.º. NÃO EXISTE legítima defesa real recíproca nem em face de outra excludente de
ilicitude: pressuposto da legítima defesa é a injusta agressão
a. Pode haver legítima defesa putativa recíproca
b. Pode haver legítima defesa real em face de legítima defesa putativa
c. Pode haver legítima defesa real em face de legítima defesa culposa
2.º. NUNCA caberá legítima defesa real em face de qualquer causa de exclusão da
ilicitude real
3.º. EXISTE legítima defesa sucessiva ou pendular (legítima defesa real contra legítima
defesa subjetiva/excessiva): A provoca injusta agressão B age em legítima defesa
mas EXCEDE A tem legítima defesa sucessiva ou pendular contra o excesso doloso.
a. Não existe compensação de agressões injustas!
4.º. Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que esteja acobertada apenas
por causa de exclusão da culpabilidade
5.º. NÃO existe LEGÍTIMA DEFESA contra ANIMAL, será estado de necessidade
a. SALVO, se o animal for INSTRUMENTO utilizado por agente
EXCESSO PUNÍVEL
Todas as causas de justificação
É o exercício irregular de uma causa excludente de ilicitude
Art. 23 Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ESPÉCIES:
1 - Excesso doloso:
a) Excesso doloso em sentido estrito: Quando o agente, mesmo depois de fazer cessar a
agressão, continua porque quer causar mais lesões ao agressor inicial
b) Erro sobre os limites de uma causa de justificação: quando o agente, mesmo depois
de fazer cessar a agressão, pelo fato de ter sido agredido inicialmente, em virtude de
erro de proibição indireto (erro sobre os limites de uma causa de justificação), acredita
que possa ir até o fim, matando seu agressor, por exemplo
a. Ladrão tentando fugir pelo muro e homem da tiro no ladrão
2 - Excesso culposo:
b. Excesso culposo em sentido escrito: Quando o agente, em função de sua má
avaliação dos fatos, emprega uma resulta desmedida desde o início. Não havia
necessidade de atuar com a intensidade que atuou.
c. Erro de tipo permissivo: o agente, em função de sua falsa representação dos
fatos, acredita que ainda está sendo ou poderá vir a ser agredido e, em
virtude disso, dá continuidade à repulsa
3 – Excesso acidental ou fortuito: se origina destes eventos imprevisíveis e inevitáveis. Cuida-
se de excesso penalmente irrelevante.
4 – Excesso exculpante: decorrente de profunda alteração de ânimo do agente (medo). Os
concursos para MP não aceitam, por ausência de amparo legal e vagueza, gerando
impunidade. Noutra via, é aceito pela doutrina, como causa supralegal de exclusão da
culpabilidade. Pode decorrer de perturbação mental, medo ou susto. Ex.: mulher vai ser
estuprada e mata agressor.
Previsto expressamente no CPM como hipótese de inexigibilidade de conduta diversa
(excludente de culpabilidade).
O concurso do MPDFT aceitou e ainda colocou em duas questões kkk
E qual é a teoria adotada pelo CP? TEORIA NORMATIVA PURA LIMITADA (Está na Exposição
de Motivos e na forma como trata o erro).
COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS
Com fundamento na identificação crítica da seletividade do sistema penal e da incriminação
da própria vulnerabilidade, defende a reprovação penal mais severa no tocante aos crimes
praticados por pessoas dotadas de elevado poder econômico e que abusam desta
vantagem para execução de delitos (tributários, econômicos, financeiros, Administração
Pública). Mas não pode ser considerada como agravante genérica por falta de previsão legal
e impossibilidade de analogia in malam partem. Portanto, só poderá ser alicerçada na pena-
base, levando em conta as circunstâncias judiciais desfavoráveis para fixação da pena-
base superior ao mínimo legal (conduta social, personalidade do agente, motivos,
circunstâncias e consequências do crime) – art. 59, caput, CP.
STJ já manteve (HC 443.678/PE 2019)
NO CDC TEM AGRAVANTE GENÉRICA “por servidor público, ou por pessoa cuja
condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima;”
Elementos ou dirimentes:
Obs.: não tem nada a ver com escusas absolutórias (circunstâncias de caráter pessoal,
familiar, afetivas que por razão de política criminal o legislador afastou a punibilidade)
IMPUTABILIDADE
CONCEITO: é responsabilidade criminal, baseada na plena capacidade mental de entender e
querer o ilícito. É a aptidão psíquica do agente em relação à compreensão do ilícito e à de
determinar seu comportamento. “É o conjunto das condições de maturidade e sanidade
mental que permitem ao agente conhecer o caráter ilícito de seu ato e determinar-se de
acordo com este entendimento” (Aníbal Bruno).
ASPECTOS:
a) Cognoscitivo (intelectivo): capacidade genérica de compreender as proibições ou
determinações jurídicas (caráter ilícito do fato). O agente deve poder prever as
repercussões que a própria ação poderá acarretar no mundo social (percepção do
significado ético-social do próprio agir).
b) Volitivo (determinação da vontade): capacidade de dirigir a conduta de acordo com o
entendimento ético-jurídico (de avaliar o valor do motivo e o valor inibitório da
ameaça penal e atuar conforme esta compreensão).
Obs.: emoção e paixão não excluem culpabilidade porque o CP não adotou o critério
puramente psicológico, mas sim puramente normativo.
SISTEMAS OU CRITÉRIOS:
a. Biológico/Cronológico: basta a existência de doença mental ou determinada idade. É a
exceção: adotado para menores de 18 anos (art. 27 c/c art. 228 CF)
b. Psicológico: aferir a imputabilidade no caso concreto. É a exceção: adotado para
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28 § 1º)
c. Biopsicológico: doença mental (perito) + análise da compreensão-determinação no
caso concreto (juiz) – REGRA NO CP
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento
a. Critério biopsicológico ou misto: presenta de anomalias mentais + completa
incapacidade de entendimento e determinação (se houver lucidez
momentânea, é imputável)
b. Aplica-se medida de segurança (só tem finalidade preventiva especial)
c. Doença mental: qualquer processo patológico degenerativo ou não que afete a
integridade psíquica do agente. É a alteração mórbida da saúde mental,
independentemente de sua origem.
d. Desenvolvimento mental incompleto ou retardado: oligofrenia ou retardamento
mental – falta de desenvolvimento das faculdades mentais (idiotia, imbecilidade)
e. Outras causas de doença mental (interpretada em sentido amplo: problemas
patológicos e toxicológicos):
Embriaguez patológica, demência alcoólica, alcoolismo crônico e delirium
tremens. Dependência de drogas (art. 45 da Lei de drogas)
EFEITOS DA INIMPUTABILIDADE:
a) Menor de 18 se sujeita à legislação especial (ECA)
b) Demais se submetem, mas não podem ser condenados. Será o caso de absolvição
imprópria, pois o réu é absolvida, mas contra ele é aplicada medida de segurança (art.
386, III, CPP). Nesta, o juízo de culpabilidade é substituído pelo juízo de
periculosidade, sendo que o art. 97 do CP presume de forma absoluta a
periculosidade dos inimputáveis, ordenando a imposição de medida de segurança.
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Capacidade civil do indígena: a capacidade dos índios será regulada por legislação especial
(art. 3º CC/02). Essa legislação é o Estatuto do Índio (1973), editado na CF/67. Essa lei
classifica os índios conforme o grau de contato com a sociedade nacional (isolados, em vias
de integração e integrados; sendo que os isolados e em vias de integração têm restrição em
sua capacidade civil, devendo ser assistidos pela FUNAI). A tutela não foi recepcionada pela
CF/88, tendo os índios a mesma capacidade civil dos demais brasileiros.
Críticas da doutrina a teoria actio libera in causa: afronta aos princípios da responsabilidade subjetiva
(culpabilidade) e da legalidade, por não estar expressamente prevista. Cria-se uma responsabilidade penal
objetiva com a ampliação do conceito ao abarcar, inclusive, o delito cometido em estado de ebriedade não
acidental previsível (Culposa).
NA DOUTRINA:
Damásio de Jesus sustenta que o art. 28, II, do CP foi revogado pelo art. 5º, LVII, da CF (não pode presumir).
Nelson Hungria, em favor da teoria, afirmava que haveria uma vontade residual no agente embriagado, além de
um resíduo de consciência e vontade, o que não eliminaria sua imputabilidade, mas não conseguia perceber a
existência de um nexo de causalidade psíquico entre a “simples deliberação de ingerir bebida alcoólica e um
crime superveniente”.
Bittencourt diz que é necessário analisar-se caso a caso a possibilidade do agente, nas circunstâncias, ter ou não
preservada a sua imputabilidade (MELHOR).
FASES DA EMBRIAGUEZ
a) Eufórica (fase do macaco): se a embriaguez se limitar a esta fase inicial, será incompleta
(parcial/semiplena).
b) Agitada (fase do leão)
c) Comatosa (fase do porco)
A PERÍCIA MÉDICA: Salvo no tocante aos menores de 18 anos (critério absoluto – psicológico),
o sistema é biopsicológico e demanda perícia médica para aferição da inimputabilidade. Juiz
afere parte psicológica e a perícia a biológica. Portanto, exige-se laudo médico.
Juiz pode substituir o perito? Não está adstrito ao laudo, mas não pode substituir o
perito. Se discordar, manda nova perícia.
Instauração do incidente de insanidade mental? Deve haver dúvida. Tramita em autos
apartados (art. 153, CPP) e suspende o processo (art. 149 § 2º CPP).
Pode ser submetido contra sua vontade? NÃO. É prova que se destina exclusivamente
a favorecê-lo (STF/2016).
ORIGEM:
a) Caso do Cavalo bravio: empregador obrigou empregado a sair com cavalo loko, empregado tentou resistir, mas foi
obrigado. Cavalo loko correu e matou pessoa. Tribunal alemão reconheceu inexigibilidade de conduta diversa do
empregado, pois perderia o emprego.
b) Caso da Parteira dos filhos de mineradores: mineradora dava dia de folga no dia do nascimento. Mineiros ameaçaram a
parteira de não a contratar caso não registrasse outro dia para os filhos que nasciam no domingo.
3. INFILTRAÇÃO:
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a
finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
PU. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso
da investigação, quando inexigível conduta diversa.
Doutrina:
h) EXCESSO EXCULPANTE: segundo Assis Toledo, o excesso exculpante na causa de
justificação pode decorrer de perturbação mental, medo, surpresa, susto. No DP,
trata-se de causa supralegal de exclusão de culpabilidade do agente por
inexigibilidade de conduta diversa.
Sabe-se que o aspecto psicológico não é utilizado na culpabilidade finalista, mas na
inexigibilidade ele é admitido.
i) ESTADO DE NECESSIDADE EXCULPANTE – Teoria Diferenciadora Alemã: elimina a
culpabilidade, quando o bem protegido é de valor igual ou inferior ou ao bem
sacrificado. Adotado pelo art. 39, do CPM. A DOUTRINA admite no direito penal
comum como causa supralegal de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa.
O que não é aceito como causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa? No tráfico
de drogas.
COLISÃO DE DEVERES: teoria da tipicidade conglobante, sempre que se estiver diante do cumprimento
de um dever, a seara dogmática de solução não é a antijuridicidade, mas a própria tipicidade
(antinormatividade). Como o ordenamento jurídico é harmônico, não é possível que alguém pratique
conduta típica quando cumpre um dever imposto pela norma. No CP é causa de justificação.
A escolha do dever preponderante excluirá o tipo penal, enquanto a opção equivocada lançará o
debate para a seara do erro de proibição ou estado de necessidade exculpante exclusão da
culpabilidade.
a) Visão tradicional: as condutas praticadas no cumprimento de dever legal são amparadas pela
causa de justificação (CP), MAS na tipicidade conglobante, são atípicas.
Ex.: médico tem dever de notificação compulsória vs. Dever de sigilo.
b) Notificou: conduta atípica/causa de justificação
c) Manteve o sigilo: erro de proibição
Ex2.: pai que deve salvar dois filhos de uma casa em chamas, sendo que há a possibilidade de librar
somente um deles do fogo.
d) O dever jurídico do pai será o de salvar um só filho
TEORIA DO ERRO
Conceito de erro: falsa representação da realidade. Conhecimento/compreensão equivocado
de um objeto.
ERRO DE TIPO (essencial)
e) Erro de tipo pode ocorrer nos crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão):
mãe que presencia o estupro da filha, mas não faz nada, por não perceber que é sua
filha.
f) Elementos normativos: há divergência, mas prevalece que é erro de tipo mesmo
CRIME PUTATIVO POR ERRO DE TIPO: Quer cometer crime, mas, por erro, pratica fato
penalmente irrelevante.
ERRO “DE TIPO” ACIDENTAL: recai sobre aspectos periféricos e não sobre elementos do
tipo (circunstâncias: qualificadoras, agravantes genéricas e causas de aumento de pena & fatores irrelevantes )
a) ERRO SOBRE A PESSOA (Error in personam): responde como se tivesse atingido a
vítima pretendida (vítima virtual), para o bem e para o mal
a. Dolo permanece íntegro
b. Não isenta de pena
Art. 20 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.
O erro sobre a pessoa ou na execução não tem relevância para
efeito de determinação de competência, pois é matéria de
Direito Penal.
Error consciência/representação
Aberratio execução
b) ERRO SOBRE O OBJETO (Error in objecto): não tem previsão legal. Aplica-se por
analogia o erro sobre a pessoa. Responde como se tivesse roubado o bem pretendido
e é inaplicável o princípio da insignificância (Crítica: analogia in malam partem –
MASSON defende insignificância).
a. Estratégia: majoritária diz que responde pela conduta efetivamente praticada
Agora, se houver relevância elementar do tipo, o erro é essencial. Por
exemplo: o sujeito confunde talco com cocaína, não há que se falar de erro
sobre o objeto, uma vez que cocaína é elementar do crime de tráfico,
configura-se aí erro de tipo essencial.
CICLOS.: há divergência doutrinária nesse ponto. Há quem entenda que o
autor do crime deve responder pelo objeto pretendido. Dificilmente o ponto
será abordado em prova objetiva. Nas demais fases, opte pela corrente mais
favorável ao cargo pretendido.
b. Atinge os dois:
i. Coisa + Pessoa: concurso formal ÚNICA HIPOTESE DE CONCURSO
ii. Pessoa + Coisa: doloso contra pessoa (não existe dano culposo)
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente
responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste
Código.
b. Art. 70: concurso formal próprio exasperação de dano e lesão corporal
culposa (não há autonomia de desígnios)
Erro de proibição não ab-roga a lei, que continua válida, mas dependendo do caso pode afetar
a culpabilidade.
Não se confunde com o erro de direito do CP anterior: É preciso deixar claro que tais
denominações não guardam exata correspondência com os antigos “erro de fato” e “erro de
direito”. O primeiro instituto, que era previsto no art. 17 do antigo CP, excluía o dolo e, por via
de conseqüência, a culpabilidade, uma vez que naquele momento, coerentemente com a
Teoria Causal-naturalista de Von Liszt e Beling que influenciou o legislador penal da época, o
dolo encontrava-se situado na culpabilidade.
Quanto ao erro de direito, não havia escusa. Baseado no aforismo “error júris nocet” (como
observa Nelson Hungria ao comentar o Código Penal de 1940), seria eventualmente uma
atenuante, conforme previa o art. 48 nº III do antigo codex. É de suma importância
informarmos ao leitor que naquele momento, qual seja, até o ano de 1984, vigorava a Teoria
Unitária do Erro, com todo erro recaindo na culpabilidade.
Com a reforma de 1984, através da lei nº 7.209, sob a influência evidente de WEZEL – jurista
Tedesco – e sob o manto de sua Teoria Finalista foi alterado o sistema adotado pelo Código
Penal, dando novo regramento ao erro, cuja principal alteração foi o deslocamento do dolo e
da culpa para a Tipicidade.
1.º. Erro de tipo permissivo (não é problema de culpabilidade): se o erro for sobre a
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima (art. 20, § 1º)
a. Erro escusável: isenta de pena, por ausência de tipicidade
b. Erro inescusável: responde a título de culpa, se houver previsão (culpa
imprópria ou por assimilação)
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo.
Toda causa de justificação é um erro de tipo permissivo (legítima defesa etc)
Para teoria normativa pura limitada é erro de tipo permissivo (Exposição de Motivos do
Código Penal). Para a teoria normativa pura extremada/estrita é erro de proibição (subsiste
dolo e culpa).
Teoria Extremada ou Estrita da Culpabilidade & Teoria Unitária do Erro (Não acolhida
pelo CP, mas defendida por Bitencourt e Nucci) – todo e qualquer erro sobre causa de
justificação é erro de proibição¸ não importando de o erro recai sobre situação fática
ou sobre a própria existência da causa de justificação ou seu limite.
São OPOSTOS:
DESCRIMINANTES PUTATIVAS/ERRO DE DELITO PUTATIVO
TIPO
Agente acredita não estar cometendo crime Agente comete um indiferente penal, mas
algum, por incidir em erro. Conduto, está acredita estar praticando crime.
praticando uma conduta típica e ilícita.
Erro culturalmente condicionado: Se a não compreensão da norma, a não internalização de
seu valor, se dá em razão do conhecimento cultural do agente, está-se diante de um erro de
compreensão culturalmente condicionado.
Erro de vigência: O agente desconhece a existência do preceito legal, não isenta de pena.
Erro de eficácia: O agente acredita que a norma jurídica não produz efeitos.
Erro de subsunção: O agente conhece a ilicitude do fato, ou, nas circunstâncias podia conhecê-
la, porém, supõe que seu fato se amolda a um tipo diverso. O agente não será isento de pena.
Trata-se de erro evitável.
CONCURSO DE PESSOAS
Colaboração empreendida por duas ou mais pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal
INTRODUÇÃO: fala-se concurso eventual de pessoas quando há crime unissubjetivo, que é
aquele que pode ser praticado por um só agente.
Para o crime plurissubjetivo há concurso necessário, pois sua configuração exige a conduta de
duas ou mais pessoas. Divide-se em:
a) Conduta paralelas (crimes de conduta unilateral): aqui os agentes praticam condutas dirigidas à
obtenção da mesma finalidade criminosa (ex: associação criminosa)
b) Condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): agentes praticam
condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado (ex.: bigamia)
c) Condutas contrapostas: condutas uns contra os outros (ex.: rixa)
a. Multidão delinquente, multidão criminosa há concurso de pessoas
b. O agente que participar terá sua pena atenuada (art. 65) por se tratar de situação de
vulnerabilidade psicológica
c. Por outro lado, os que promovem, organizam, terão suas penas agravadas (art. 62, I)
Crimes unissubjetivos (basta um): Necessária culpabilidade. Se um tem e outro não, é autoria
mediata.
Crimes plurissubjetivos (necessariamente mais de um agente - rixa - e os eventualmente com mais de um agente):
se um dos colaboradores não é culpável, permanece o crime ao outro, sendo prescindível a
culpabilidade. Se for menor, pode ser qualificadora (art. 155 § 4º IV).
i. Não culpável possui discernimento: Concurso impróprio ou aparente de pessoas
ii. Não culpável não possui discernimento: autoria mediata
AUTORIA/COAUTORIA
TEORIAS DE DEFINIÇÃO DA AUTORIA:
A. Teoria Subjetiva ou Unitária: Não diferencia autor do partícipe. Fundamento: teoria da
equivalência dos antecedentes. Resultado: insegurança jurídica. Resquício: art. 349 CP:
“prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o
proveito do crime”.
a. Autor é quem atua com vontade de autor (animus auctoris) e deseja a ação como própria (Ex.: esposa e
matador de aluguel)
b. Partícipe atua com vontade de partícipe (animus socci) e deseja a ação como alheia (Ex.: amiga da esposa
que indica o matador de aluguel)
B. Teoria Extensiva: também não distingue (é subjetiva), mas diminui a pena do cúmplice
(autor que concorre de modo menos importante para o resultado). “Graus de autoria”.
C. TEORIA OBJETIVA ou DUALISTA: distingue autor e partícipe. Adotada pelo CP. Subdivide-
se em três:
1) TEORIA OBJETIVO-FORMAL (CP): Autor é quem realiza o núcleo (verbo) do tipo
penal (teoria restritiva) e Partícipe é quem de qualquer modo concorre para o
crime, sem praticar o núcleo do tipo. Como ele não realiza o tipo, para não sair
impune, há uma norma de extensão pessoal (art. 29, caput) [portanto, a adequação
típica, na participação, é de subordinação mediata].
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Crítica: Não consegue explicar o fato de o autor intelectual ser mero partícipe e o
instituto da autoria mediata.
c) Delitos culposos
Os delitos de dever (culposos) são regidos pelo conceito unitário de autor, renunciando-se
a uma distinção entre autor e outras formas de participação e igualando, em regra, todas
as formas de contribuição causal para o resultado.
6 – CONCLUSÕES
A função dogmática da TDF é distinguir entre autor e partícipe e não oferecer um
argumento em favor de uma punição que não ocorreria de outra forma. O art. 29
do CPC brasileiro se inclina no sentido de uma teoria que sequer distingue entre
autor e partícipe.
É muito mais exculpante que punitiva.
Não possibilita punir mais do que já seria possível com o art. 29 CP
Da TDF não decorre que o mandante seja autor intelectual e que quem
tem uma posição de comando seja automaticamente autor. Na verdade,
ela cria REQUISITOS OBJETIVOS.
O critério geral de orientação para determinar o conceito de autor é o da figura
central do acontecer típico. Partícipe é quem não realiza o tipo e sua punição
dependerá da presença de outros pressupostos (específicos para a instigação e
cumplicidade).
A ideia reitora da TDF se desdobra em três manifestações: (1) domínio da ação
(autoria imediata); (2) domínio da vontade (autoria mediata); (3) domínio
funcional do fato (coautoria)
Domínio da organização NÃO é SINÔNIMO de domínio funcional.
A TDF não se aplica a todas as espécies de delito: não se aplica aos delitos de
dever, delitos de mão própria e delitos culposos.
Domínio do fato é uma RATIO, ABSTRATA, que orienta a construção das várias
formas de autoria e de seus pressupostos mais concretos, sendo certo que a
resolução de casos individuais se dá por meio da subsunção sob esses
pressupostos mais concretos.
QUAL A TEORIA ADOTADA PELO CP? TEORIA OBJETIVO-FORMAL, com a ressalva da teoria da
autoria mediata (STF adotou a teoria do domínio do fato no julgamento do Mensalão para
julgar a organização criminosa).
Teoria da autoria mediata: construção doutrinária para referir-se a quem está “por
trás” e vale-se de interposta pessoa (autor imediato), que agirá como verdadeiro
instrumento, sem dolo ou culpabilidade, para a prática de um crime. Ex.: valer-se do
menor de idade.
Autor direto (imediato): tem o domínio do fato (ação). É o autor executor (o que
inclui a coação física irresistível, pois o coagido não pratica conduta).
Roxin apresenta três manifestações da ideia de domínio do fato: o domínio
da própria ação (autoria imediata); o domínio da vontade de outro (autoria
mediata); e o domínio funcional do fato (coautoria com divisão de tarefas).
Já a participação se daria com a instigação ou cumplicidade (auxílio
material).
Autor indireto (mediato): possui o domínio do fato pelo domínio da vontade de
terceiro, que é usado como mero instrumento (abuso do homem não-livre). Como
consequência, não há concurso de pessoas.
Obs.: É possível coautoria e participação entre os agentes mediatos, mas nunca entre o autor
mediato e o autor imediato.
SÃO CINCO HIPÓTESES DE AUTORIA MEDIATA:
a) INSTRUMENTO IMPUNÍVEL: IMPUTABILIDADE PENAL DO EXECUTOR POR
MENORIDADE PENAL, EMBRIAGUEZ OU DOENÇA MENTAL (ART. 62, III)
b) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (ART. 22)
c) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (ART. 22)
d) ERRO DE TIPO ESCUSÁVEL, PROVOCADO POR TERCEIRO (ART. 20 § 2º)
e) ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL, PROVOCADO POR TERCEIRO (ART. 21)
Obs.: COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL É AUTORIA DIRETA e não imediata, pois não há
conduta do executor.
Teoria do domínio da organização
Roxin chama de domínio da organização (aparado de poder organizado): (i)
organização verticalmente estruturada; (ii) dissociada do direito; (iii) fungibilidade
dos executores. Com base na teoria do domínio do fato amplia o alcance da
autoria mediata.
Para Roxin, não há vínculo subjetivo (sequer se conhecem). Portanto, há
autoria mediata (autor de escritório) e autoria imediata.
Então como proceder, nos dois últimos exemplos, para responsabilizar JOÃO?
Crimes de mão própria: não há autoria mediata, pois o crime não pode ser
cometido por interposta pessoa (testemunha, no crime de falso testemunha, não
pode coagir alguém a depor no seu lugar). Mas se testemunha for coagida por
terceira pessoa, há autoria por determinação (Greco e Masson chamam de autoria
mediata, como exceção).
Admite-se coautoria nos crimes próprios, desde que ambos possuam a qualidade ou
aqueles que não a possuem, tenham ciência que o outro age nessa qualidade.
PARTICIPAÇÃO:
É a espécie do gênero concurso de pessoas (a outra é a autoria) consistente na intervenção
acessória em fato alheio, o que pressupõe a existência de um fato principal. O partícipe não
pratica a conduta descrita no tipo penal, mas realiza uma atividade secundária que contribui,
estimula ou favorece a execução da conduta proibida.
Teoria objetiva-formal (CP): não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas de qualquer
modo concorre para o crime. A tipicidade da conduta do partícipe decorre de uma norma de
extensão e a do autor diretamente da norma incriminadora. Não há adequação típica
imediata, mas sim mediata.
Teoria do Domínio do Fato: a participação é a contribuição dolosa (livre e consciente), sem o domínio do fato,
em fato punível doloso alheio.
ESPÉCIES DE PARTICIPAÇÃO:
A. MORAL: instigar ou induzir - é a indução intencional (dolosa) de outrem ao
cometimento do delito. Caracteriza-se pela colaboração espiritual no delito alheio.
Implica sujeito certo como destinatário e fato determinado. Não é possível persuasão
por omissão, pois deve haver relevância causal na conduta do autor.
É diferente da instigação genérica do art. 286: incitar, publicamente, a prática de
crime
a. Modalidades de instigação:
i. INDUZIR: Persuasão ou por Determinação: fazer nascer no autor direto a resolução
que o conduz à execução do crime (influência moral ou outro meio)
ii. INSTIGAR: Incitação ou instigação propriamente dita: reforçar e desenvolver
resolução preexistente
TEORIA ADOTADA PELO CP: DIVERGÊNCIA ENTRE MÁXIMA E LIMITADA - Não adotou
nenhuma expressamente, mas devem ser afastadas a mínima e a hiper. Opta-se pela
limitada ou pela máxima conforme instituto da autoria mediata.
A doutrina nacional adotava a limitada, sem atentar-se à autoria mediata. Em
concursos é mais coerente adotar a TEORIA MÁXIMA, por ser a AUTORIA
MEDIATA ACEITA (Posição de BRASILEIRO).
Para o Ênfase (abaixo) Estratégia (apontando maioria da doutrina) e Mege, é pra marcar
limitada, pois a única exceção do autor mediato que usa terceiro como
instrumento não é suficiente para alterar a regra. Até porque, sistematicamente,
na lavagem, só exigiu conduta típica e ilícita. Para o MEGE, a culpabilidade traz
uma análise muito pessoal.
[ÊNFASE]
a) Teoria da Participação na Culpabilidade (superada): o participe é punido pela
gravidade da influência/corrompe que exerce sobre o autor. Superada porque: (a)
culpabilidade de cada concorrente é independente/individual; (b) consagração da
teoria da acessoriedade (limitada), que se satisfaz com a tipicidade e a ilicitude da
ação.
b) Teorias da acessoriedade.
c) Teoria da promoção ou do favorecimento ou da causação (majoritária):
fundamento da punibilidade do partícipe está no desvalor intrínseco da
colaboração prestada a um fato socialmente intolerável (típico e antijurídico).
Princípio da executividade.
Teorias que fundamentam a participação
Teoria do Favorecimento ou Teoria da acessoriedade Princípio da
Promoção limitada executividade
Âmbito interno da Autor tem que praticar E, no âmbito externo,
acessoriedade, que consiste no conduta típica e antijurídica, ter, pelo menos,
desvalor presente em sem a necessidade de o autor iniciado a execução
favorecer a prática de uma ser culpável
ação típica e antijurídica;
PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA
Mesmo sujeito é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais pessoas, cada qual
desconhecendo o comportamento alheio. Só é punível se capaz de influir no propósito
criminoso.
PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado
PRINCÍPIO DA EXECUTIVIDADE: Causa de atipicidade, pois afasta a extensão do art. 29. É
necessário que o autor inicie os atos executórios. (não punição do partícipe se ficou só na
cogitação ou atos preparatórios).
DELITOS DE FUSÃO (cabe tentativa) “Salvo disposição expressa em contrário”:
situações em que o ajuste, determinação, instituição e auxílio são crimes autônomos,
como nos delitos de incitação ao crime (art. 286); facilitação de contrabando ou
descaminho (art. 318); promover ou facilitar fuga de pessoa presa ou submetida à
medida de segurança (art. 351) e associação criminosa (art. 288).
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
a) Elementares: dados fundamentais da conduta criminosa (“matar” – “alguém”).
Excluindo a elementar o fato se torna atípico ou é desclassificado. se ingressado no
conhecimento dos demais agentes (para evitar responsabilidade objetiva), sempre se
comunicam, sejam objetivas ou subjetivas.
b) Circunstâncias: fatores que se agregam ao tipo penal para aumentar ou diminuir a
pena (“motivo torpe”) depende:
Participação em crime culposo: embora haja doutrina minoritária que aduza que: pt. dolosa
crime culposo: não; mas pt. culposa crime culposo: SIM; o STJ não admite NENHUM
TIPO DE PARTICIPAÇÃO nos crimes culposos.
Todo grau de causação a respeito do resultado típico produzido não dolosamente, mediante uma
ação que não observa o cuidado requerido no âmbito de relação, fundamenta a autoria do respectivo
delito culposo. Assim, não existe diferença entre autores e partícipes nos crimes culposos. É sempre
coautoria.
A certeza é: exigida a unidade de elemento subjetivo, jamais haverá participação dolosa em
crime culposo. Se alguém, dolosamente concorre para um resultado naturalístico culposo,
haverá dois crimes, um doloso e um culposo. Ex.: João com a intensão de matar Maria convence Tício a acelerar
seu carro numa curva, sabendo que Maria passará ali de bicicleta. Tício mata culposamente; mas João dolosamente .
Crime omissivo próprio: cabível coautoria. Ex.: instigar o médico a não notificar doença;
instigar a omitir socorro
a) O que não existe é a participação omissiva em crime omissivo, sob a modalidade de
instigação (absoluta ineficácia causal)
Minoritária (REGIS PRADO, JUAREZ TAVARES, NILO BATISTA): não admite concurso em crime omissivo,
pois o dever de atuar a que está adstrito o autor do crime omissivo é infracionável, logo não há como
se vislumbrar o pressuposto fundamental da coautoria, que é a divisão de trabalho (domínio funcional)
por falta de resolução comum para o fato (falta de ação). Assim, cada qual transgride individualmente
seu particular dever ou obrigação.
Obs.: se há omissão do garante e o resultado decorre da conduta comissiva dolosa de outrem, o
garantidor responde por omissão imprópria e o terceiro responde pelo crime comissivo (há uma
espécie de autoria omissiva colateral à autoria comissiva daquele que produz o resultado).
Participação em cadeia é possível: A empresta arma para B para que este empreste a C para
matar D. A e B são partícipes.
CONCURSO DE CRIMES
Conceito: ocorrência de dois ou mais delitos, por meio da prática de uma ou mais ações.
Espécies:
A. Concurso material ou real: várias condutas e vários delitos
B. Concurso formal ou ideal: UMA conduta e vários resultados
C. Crime continuado
Sistemas:
a) Cúmulo material: somam-se as penas cominadas a cada um dos crimes.
a. Concurso material (art. 69),
b. Concurso formal imperfeito e
c. Concurso das penas de multas (art. 72)
*O concurso material benéfico pode ser aplicado no concurso formal perfeito e no crime
continuado
Classificação:
i. Concurso formal perfeito (próprio): 1 conduta 2 resultados, embora não pretendesse
realizar ambos Exasperação
Roubar 10 pessoas juntas: 1 desígnio, 10 patrimônios. Concurso formal.
ii. Concurso formal imperfeito (impróprio): agente se vale de 1 conduta para atingir,
dolosamente, mais de um resultado (desígnios autônomos) Cúmulo material
a. Incendeia uma residência com a intenção de matar todas pessoas
b. Dolo direto + dolo eventual
c. Dolo direto de 1º grau + dolo direto de 2º grau
LATROCÍNIO 1 ROUBO 2 VÍTIMAS – NÃO PACÍFICO
STF/Doutrina: Quantidade de subtrações -> CRIME ÚNICO
STJ: Quantidade de vítimas -> CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO
Para parcela da doutrina, sendo o latrocínio crime complexo, a pluralidade de
vítimas não implica pluralidade de crimes. É através da quantidade de subtrações
que se afere a quantidade de roubos. O número de vítimas (feridas ou ameaçadas
numa única subtração) serve apenas na fixação da pena. O STF já decidiu dessa
forma: “A 2ª Turma concedeu, em parte, habeas corpus para afastar concurso de
crimes e determinar ao juízo de primeiro grau que considere a circunstância de
pluralidade de vítimas na fixação da pena-base, respeitado o limite do ne
reformatio in pejus. Na espécie, alegava-se que o paciente teria cometido o delito
em detrimento de patrimônio comum, indivisível do casal. Assim, insurgia-se de
condenação por dois latrocínios: um tentado e o outro consumado em concurso
formal — v. Informativo 699. Reconheceu-se a prática de crime único de latrocínio.
Destacou-se que, ainda que se aceitasse a tese de patrimônio diferenciado das
vítimas, em função das alianças matrimoniais subtraídas, o agente teria perpetrado
um único latrocínio. Pontuou-se que o reconhecimento de crime único não
significaria o integral acolhimento do pedido. Frisou-se que afastar-se o aumento de
1/6 da pena, relativo ao concurso de crimes, poderia levar à injustificável
desconsideração do número de vítimas atingidas” (HC 109.539/RS, rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe 31/05/2013).
Aplicação da pena:
a) Exasperação: pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a 1/2
(com base na quantidade de crimes praticados) concurso formal perfeito
a. 1/6 2 crimes
b. 1/5 3 crimes
c. 1/4 4 crimes
d. 1/3 5 crimes
e. 1/2 6 crimes ou mais
Incide na 3ª fase, ou seja, não sobre a pena-base, mas sobre a pena acrescida.
CRIME CONTINUADO:
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro aplica-se a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.
PU. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça a pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o TRIPLO,
observadas as regras do PU do art. 70 e art. 75.
a) TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA OU MISTA: SIM (4º requisito) (STF e Zaffaroni). Não basta a
similitude das condições objetivas, é necessário um liame subjetivo (vontade de
praticar a cadeia criminosa). É mais restritiva: “a reiteração criminosa indicadora da
delinquência habitual ou profissional é suficiente para descaracterizar o crime
continuado”.
b) Teoria objetiva pura ou puramente objetiva: Não. Basta a presença dos requisitos
objetivos. (Hungia) (Exposição de Motivos do CP)
Crime continuado e prescrição: calculada para cada crime isoladamente (ficção é só pra pena)
Para a prescrição retroativa (que leva em consideração a pena “em concreto”), leva-se
em conta a pena mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo
que seria aplicado em decorrência da continuidade delitiva
Súmula nº 497 STF
QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA
SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO.
TEORIA DA PENA
CONCEITO DE SANÇÃO PENAL: É a resposta estatal, no exercício do jus puniendi e após o
devido processo legal, ao responsável pela prática de crime ou contravenção, por um sistema
de dupla via: penas (culpabilidade) e medidas de segurança (sem culpabilidade e com
periculosidade). Há ainda uma terceira via, da composição (Lei 9099/95 e ANPP). A finalidade
da pena é punir e readaptar o criminoso, bem como estimular a sociedade a não cometer
crimes.
PRINCÍPIOS:
a) Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade:
b) Princípio da anterioridade:
c) Princípio da personalidade, intrasmissibilidade, intranscendência ou
responsabilidade pessoal
d) Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade (mitigado pela prescrição, perdão
judicial sursis, livramento condicional etc).
e) Princípio da intervenção mínima
f) Princípio da humanidade ou humanização das pessoas
g) Princípio da proporcionalidade
h) Princípio da individualização (aplicação da pena deve partir da norma em abstrato,
mas levar em conta aspectos subjetivos e objetivos do crime: três planos (1)
legislativo; (2) judicial; (3) administrativo: execução).
TEORIA RELATIVA (prevenção): Adota-se a tese da prevenção de novos crimes (fim utilitário
das penas):
a) PREVENÇÃO GERAL:
a. Negativa: intimidação da sociedade (Teoria da Coação Psicológica)
b. Positiva: conscientização da sociedade
b) PREVENÇÃO ESPECIAL:
a. Negativa: neutralização do agente (tirar do convívio social)
b. Positiva: caráter educativo e ressocializador da pena (voltar ao convívio)
i. Atualmente a pena não é socializadora porque nem deixa de ser dessocializadora.
TEORIA MISTA ou UNIFICADORA (CP): concilia ambas as teorias, com objetivo de reprovação e
prevenção. É também o teor da CADH (5.6).
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
FUNDAMENTOS DA PENA
a) Retribuição
b) Reparação (vitimologia)
c) Denúncia (reprovação social): prevenção geral por meio da intimidação coletiva
d) Incapacitação (neutralização)
e) Reabilitação
f) Dissuasão
REABILITAÇÃO
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da
suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o
fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o
pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o
reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da CONDENAÇÃO , após o decurso de quatro ou
oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver
terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as
comarcas em que haja residido durante aquele tempo.
A Absprachen (Alemão), por sua vez, consiste em uma espécie de acordo que ocorre,
geralmente, na fase judicial, entre o juiz e o acusado com o seu defensor, sem uma
participação ativa do Ministério Público. Nesse modelo, a confissão não é suficiente, por si
só, para gerar uma sentença antecipada com pena menor, tendo o juiz o dever de buscar a
verdade. Esse acordo, que depende de homologação judicial, tem a finalidade de encurtar a
macha processual, tendo o acusado direito ao conhecimento de todas as provas. O modelo
alemão de negociação da sentença criminal surgiu na prática judiciária, sem previsão legal,
em 1.970, e foi introduzido na legislação em 2.009. O Tribunal Constitucional alemão já
decidiu sobre a constitucionalidade do acordo em mais de uma ocasião, cabendo destacar a
decisão de 2.013 que estabeleceu, quanto ao acordo, a necessidade de: busca da verdade
por parte do judiciário; somente contemplar o objeto do processo; o acordo e seu conteúdo
serem registrados em audiência; o arguido ser devidamente orientado, com possibilidade de
recurso.
Exemplos:
Colaboração premiada (art. 4º ss – Lei 12850/13 – Lei do Crime Organizado –
concessão de imunidade)
Acordos de Leniência (extinção da punibilidade)
Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A – CPP – Pacote Anticrime): negócio
jurídico formalizado por escrito e firmado pelo MP, pela investigado e por seu
defensor, cabível nas infrações penais praticadas sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 anos, obrigatoriamente homologado em audiência pelo juízo
competente, qual seja, o juiz de garantias (isto suspenso). Somente pode ser celebrado
quando não for o caso de arquivamento e depende de confissão formal e
circunstanciada. Em troca do não oferecimento da denúncia, o investigado sujeita-se
ao cumprimento de condições não privativas da liberdade pactuadas com o parquet. O
cumprimento integral constitui causa de extinção da punibilidade.
STF 2020
Sistema da perpetuidade
Não se aplica para o reconhecimento dos maus
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
TEMA 150.
Alinha-se à isonomia e a individualização da pena
(2ª Turma já decidiu diferente)
Súmula 636 STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a
comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
Súmula 241 STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Súmula 444 STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base.
Art. 20, pu, CPP: sequer podem constar na folha de antecedentes.
Transação penal e ANPP não caracterizam maus antecedentes. Não há trânsito.
Não são maus antecedentes crime cometido posteriormente ao crime cuja pena se
esteja a individualizar.
c. Conduta social e personalidade do agente: natureza não-criminal.
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente ao cargo, ofício, ministério ou profissão
Abuso de poder: Ambiente público. Pode ser crime autônomo (ex.: violação de sigilo
funcional) ou enquadrar na Lei de Abuso de Autoridade.
Violação de dever inerente: Ambiente privado.
REINCIDÊNCIA
Não é bis in idem, mas punição mais rigorosa daquele que demonstrou não se intimidar com
a autoridade estatal (por isso demanda trânsito).
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior.
Não haverá reincidência se a denúncia do novo crime não contiver data
de seu cometimento, impossibilitando cotejo com o trânsito. (I 505 STJ)
Concurso Reincidência e confissão:
STJ: se compensam (exceção multirreincidente)
STF: reincidência prevalece
Para crime cometido no estrangeiro, não precisa de homologação do
STJ, mas trânsito em julgado.
Não importa natureza da pena anterior, se multa, PRD, PPL... Mas
condenação por posse
de droga para consumo pessoal
não gera reincidência (despenalizada) – INFO 632
2018.
Isto porque se não há previsão legal de pena privativa de liberdade,
considerar em desfavor do agente a reincidência significa lhe conferir
tratamento mais severo do que se houvesse sido ele condenado por
contravenção penal, que, passível de prisão simples, não gera
reincidência quando cometido outro crime
STJ: Os atos infracionais não geram reincidência nem maus
antecedentes.
SÚMULA 241 STJ
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Salvo se houver múltiplas condenações definitivas: uma será
agravante e outra como maus antecedentes.
Prova da reincidência?
Súmula 636 STJ – Folha de antecedentes criminais é suficiente.
INFO 982/2020 – Não há forma específica de comprovação da
reincidência. STF flexibilizou para informações extraídas de páginas na
internet mantidas pelos tribunais.
Espécies
Real, própria ou verdadeira: após ter cumprido integralmente a pena.
Presumida, ficta, imprópria ou falsa: cumprida ou não a pena. CPP.
II – o desconhecimento da lei
III – ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano
No arrependimento eficaz, o delito não se consuma.
No arrependimento posterior é antes do recebimento da denúncia.
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de grave emoção, provocada por ato injusto da vítima
INFO 569/15 – STJ: Confissão pode ser parcial (não precisa alcançar
qualificadoras ou causas de aumento da pena)
FASE SECUNDÁRIA
Da individualização da pena
FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime:
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade
CRIMES HEDIONDOS
Inconstitucional o regime integral fechado para crimes hediondos e equiparados (drogas e
terrorismo). Aplica-se a tortura também (STJ) (Há decisão isolada do Min. Marco Aurélio no
STF – info 789 – declarando a constitucionalidade do regime inicial fechado p/ tortura)
Inconstitucional a vedação à progressão de regime. Pacote Anticrime criou porcentagens
específicas.
OBRIGATORIEDADE DE PRÉVIA EXECUÇÃO DAS PENAS MAIS GRAVES. Execução tem início
com a expedição da guia de recolhimento e, independentemente da ordem de sua expedição
ou chegada ao juízo da execução, deve iniciar pelo mais grave.
FASE TERCIÁRIA
Da individualização da pena
SUBSTITUIÇÃO DE LIBERDADE POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Art. 59, IV
Art. 44, CP
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela
Lei nº 9.714, de 1998)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº
9.714, de 1998)
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
d) Não é cabível no Código Penal Militar
Autônoma: não é acessória, vai substituir e não cumular
Súmula 493 do STJ
É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.
Momento: sentença condenatória (art. 59, IV), com base na pena aplicada, circunstâncias
judiciais e reincidência
Duração: art. 55, CP (mesma das PPL, salvo § 4º, art. 46)
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a
pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada
Pacote Anticrime: antes era 1/6 da pena em cada um dos regimes, independentemente da natureza do crime (com ou
sem violência) e das condições pessoais do agente (reincidência). Somente persiste o percentual de 1/8 na
progressão especial para mulher gestante ou que for mãe de pessoa com
deficiência (art. 112 § 3º). Agora, existem diversas escalas de valores, variando de
16% a 70% de cumprimento da pena:
1) 16%: primário + sem violência
2) 20%: reincidente (genérica) + sem violência também se aplica ao que só
cometeu 1 crime com violência e o segundo sem (omissão da lei)
3) 25%: primário + violência
4) 30%: reincidente em crime cometido com violência ( genérica, mas com violência)
5) 40%: primário + hediondo
6) 50%:
6.1) primário + hediondo + morte, vedado livramento condicional
6.2) comando de organização criminosa + hediondo ( primário ou reincidente)
6.3) crime de constituição de milícia privada ( primário ou reincidente)
7) 60%: reincidente + hediondo (reincidência genérica em hediondo) se aplica ao que matou
no primeiro hediondo, mas no segundo não
8) 70%: reincidente + hediondo + morte (nos 2), vedado o livramento condicional
(reincidência genérica em hediondo)
§ 5º NÃO SE CONSIDERA HEDIONDO ou equiparado o crime de TRÁFICO de drogas
PRIVILEGIADO.
b) REQUISITO SUBJETIVO (art. 112 § 1º): Mérito (“boa conduta carcerária, comprovada
pelo diretor do estabelecimento”).
a. STF (I 595): Se forem aplicadas cumulativamente PPL + Multa, o
inadimplemento voluntário/deliberado desta impede a progressão, por
ausência de requisito subjetivo. Exceção: prova da absoluta impossibilidade
econômica.
Proibição da progressão “Por saltos” (fechado aberto). Item 120 da Expô de Motivos e
Súmula 491 STJ. Somente é admissível em hipóteses tetaratológicas, como quando não há
vaga.
Progressão e HC: NÃO CABE HC. Necessita de produção de provas (mérito do condenado).
REGRESSÃO
Transferência para o regime mais severo, por:
a) Prática de fato definido como crime doloso
Súmula 526 STJ
O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena PRESCINDE do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
Mas deve haver ampla defesa
Crime culposo e contravenção: dá nada! Proibido analogia in malam paratem.
c) Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime (art. 118, II c/c art. 111): nesta hipótese, independe
de oitiva, pois é objetivo.
d) O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos
incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
cumulativamente imposta (art. 118 § 1º), ressalvada hipossuficiência (art. 50 § 2º CP),
portanto, exige-se a oitiva do condenado.
6. Parte da doutrina alega superação porque o art. 51 veda a conversão da pena
de multa em PPL.
DETRAÇÃO PENAL
Computam-se na PPL e na MS o tempo de prisão provisória no Brasil ou estrangeiro, prisão
administrativa ou de internação (art. 42 CP). Evita-se o bis in idem. Na expressão prisão
provisória inclui-se qualquer prisão cautelar e processual (flagrante, temporária e preventiva).
Na medica de segurança o tempo deve ser subtraído do prazo mínimo, que varia de 1 a 3 anos
(CP, 97 § 1º).
COMPETÊNCIA: Para ser contabilizado na fixação do regime inicial (CP, 387, § 2º), é matéria de
competência do juízo de 1ª instância (ou Tribunal), na fase de conhecimento.
REMIÇÃO
É o benefício, de competência do juízo da execução, consistente no abatimento de parte da
PPL pelo trabalho ou pelo estudo (Súmula 341 STJ, consolidada na LEP).
TRABALHO: 3D X 1D - Súmula 562 STJ – ainda que extramuros (não há distinção da LEP +
ambos promovem a ressocialização). Não se aplica ao regime aberto, que pressupõe o
trabalho do preso. Somente há remissão para jornada completa de trabalho (+6 horas) e não
é possível aproveitar o excedente a 8 horas na mesma data (LEP, 33), pois é por dia, não por
hora (I 731).
Mas STJ já permitiu contagem de 18 horas extras para um dia
Mas STF já concedeu HC para Administração penitenciária que determinou a limitação
a 4 horas diárias e depois proporcionalizou em dias, dividindo por 6 h (I 860/2017).
Devem ser considerados os dias efetivamente trabalhados, ainda que em
domingos/feriados/sem autorização do juízo da execução ou da direção (I 586 – STJ)
ESTUDO: 12H-3D (máx de 4 horas diárias, mínimo de 3 dias, mas pode acumular 12 horas em mais dias ) X 1D em
ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior ou requalificação profissional. O
tempo a remir será acrescido de 1/3 no caso de conclusão do EF, EM ou ES durante o
cumprimento de pena (LEP, 126 § 5º). STJ admitiu prêmio no caso de aprovação no ENEM.
Pode ser presencial ou EAD. Se aplica ao regime aberto e livramento condicional (LEP, 126 §
6º).
Remição pela leitura e resenha de livros (fechado e semiaberto), mesmo quando
possível o trabalho e a educação formal. Analogia in bonam partem. INFO 837/STJ +
Portaria Conjunta 276 da Justiça Federal/DEPEN + Recomendação 44 CNJ.
STJ tem alargada o alcance da remição, abarcando inclusive atividade musical em
coral (I 613).
INFO 677/STJ (2020) O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição
da pena: por trabalho ou por estudo.
Para fins de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser superior a 8 horas. O
STJ,
contudo, entende que eventuais horas extras devem ser computadas quando excederem a
oitava hora diária, hipótese em que se admite o cômputo do excedente para fins de remição
de pena.
No caso da remição pelo estudo, o reeducando poderá remir 1 dia de pena a cada 12 horas
de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias.
O STJ entende que, se o reeducando estudar mais que 12 horas, isso deverá ser
considerado
para fins de remição da pena.
REGRAS COMUNS: Não há limite (quanto mais, mais remição). Aplica-se a todos os crimes,
inclusive hediondos. Aplica-se aos presos provisórios (LEP, 2º e INFO 625/2018). O preso
impossibilitado por acidente continuará a beneficiar-se (LEP, 126 § 4º). Encaminhamento
mensal ao juízo da execução. Tempo remido é pena cumprida para todos os efeitos (LEP, 128)
e pena cumprida é pena extinta.
CUMULATIVIDADE DA REMOÇÃO PELO TRABALHO E ESTUDOS: SIM (LEP, 126 § 3º). Mas
somente será cabível nos regimes fechados e semiaberto, porque não há remição pelo
trabalho no regime aberto.
FALTA GRAVE E PERDA DOS DIAS: o juiz poderá revogar até 1/3 (pode ser inferior) do tempo
remido, observando o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da
infração disciplinar. Overruling da SV 9. Com a lei, não há direito subjetivo à remição em caso
de falta grave. Nunca poderá recair sobre labor posterior à infração (I 571).
Súmula 533 STJ – Deve haver ampla defesa, TÉCNICA por advogado (exceção à SV 5)
Na sindicância apura-se a prática da falta grave, mas somente o juízo da execução decreta
perda dos dias remidos
A limitação de 1/3 só vale para perda de dias remidos (e não de livramento condicional e
comutação de pena)
5) Execução Provisória e Tribunal do Júri & Pacote Anticrime: excepcionou da regra do art.
283, com base nos princípios constitucionais diferenciados do Tribunal do Júri: plenitude de
defesa (maior que ampla); soberania dos veredictos (impossibilidade de modificação, só anulação );
competência.
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de condenação:
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado
de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de
que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução
pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação.
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual
ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata
o § 4º deste artigo, quando verificado cumulativamente que o recurso:
I - não tem propósito meramente protelatório; e
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença,
novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na
apelação ou por meio de petição em separado dirigida diretamente ao relator , instruída
com cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da
tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da
controvérsia.
É norma penal, logo, não retroage a crimes praticados antes da sua vigência.
AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA
Permissão de saída (dignidade) e Saída temporária (reinserção social)
Da Permissão de Saída
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos
provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta,
quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou
irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento
onde se encontra o preso.
Da Saída Temporária
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto (STJ: compatível
também com prisão domiciliar por falta de vaga no semiaberto) poderão obter autorização
para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
Estar no semiaberto é requisito. Não há direito subjetivo. Juiz
das execuções avalia caso a caso (INFO 592)
Saída temporária não é aplicada ao preso provisório, que (i) não
é condenado; (b) não está no semiaberto.
I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou
superior, na Comarca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de
monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
PACOTE ANTICRIME: § 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere
o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte.
Como é exceção à saída sem vigilância, decisão deve ser
fundamentada. Violação poderá acarretar regressão do regime,
revogação da saída temporária ou advertência. Poderá ser revogada
se tornar-se desnecessária ou inadequada ou o condenado violar
deveres.
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um
quarto), se reincidente;
Súmula 40 STJ
Para obtenção dos benefícios da saída temporária e trabalho
extenso, CONSIDERA-SE o tempo de cumprimento da pena no regime
fechado.
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada
por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre
outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício;
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
Qual o prazo de permanência do preso? TRÊS ANOS, RENOVÁVEIS SEM LIMITES, quando
motivadamente solicitado pelo JUÍZO DE ORIGEM.
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou,
no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas;
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o
preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado,
com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos
de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo
criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização
judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência,
garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio
ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
Prisão Albergue domiciliar: é permitido ao condenado no regime aberto ( INFO 463 – amparado na
dignidade, STF já reconheceu prisão albergue domiciliar ao preso provisório) em rol taxativo (INFO 537 – STF já
abrandou em caso de precariedade do estabelecimento, citando hipótese de ausência de estabelecimento )
(rol
dos dispensados do trabalho):
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em
residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos (ao tempo da execução da PPL)
II - condenado acometido de doença grave (condenado não pode ser assistido pela rede
pública no estabelecimento prisional + estágio terminal – INFO 756 STF)
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante
INFO 657/2019: Recolhimento domiciliar não impede a liberdade de culto além do
horário.
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem
prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste
Código.
Portanto, é PRISÃO PREVENTIVA não condenadas com TRÂNSITO EM JULGADO!!
DIREITOS DO PRESO
Art. 5º XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Art. 38, CP - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as
autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Remete-se à legislação especial (40, CP) – que é a LEP.
Arts. 40 e 41 LEP – Direitos do preso.
Art. 83. Direitos estruturais (instalações) do preso.
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública.
Resolução CNPCP e CNPCD/LGBT parâmetros para acolhimento da população LGBT.
Visita íntima? Art. 41, X prevê o direito de visita do cônjuge e familiares. Não há direito à
visita íntima na LEP. Mas essa prática é autorizada administrativamente para controlar as
sevícias sexuais e preservar laços afetivos. Para presídios federais há autorização no Decreto
6049/07 regulamentado pela Portaria 718/2017. Resolução 4/2011 do CNPCP recomenda aos
dptos estaduais a visita íntima, homo e hetero.
Info 887: HC não é adequado para tutelar direito a visita íntima.
Info 661/2019: visitas podem ser suspensas por prazo determinado, não se admite
impedimento DEFINITIVO por meio do cancelamento do registro de visitante.
Algemas?
Súmula Vinculante nº 11
“só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
Art. 473. § 3º CPP Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que
permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos,
à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.
Art. 199 LEP. O emprego de algemas será disciplinado por decreto federal.
Decreto Federal 8858/2016. Refere-se à CF, à CADH, e às Regras de Bangkok (Mulheres
Presas). Vedado para mulheres presas durante o trajeto até parto, no parto e após o
parto.
Previsão inserida no CPP – art. 292
STF (info 827/2016): A apresentação do custodiado algemado à imprensa pelas
autoridades policiais não afronta a SV 11. Mas em INFO 897/2018 mais recente,
Gilmar entendeu pela nulidade!
ESPÉCIES: Rol Exaustivo. (Obs.: foi vetada a prisão domiciliar pela inviabilidade de fiscalização )
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
DURAÇÃO: Em regra, mesma duração da PPL substituída ( CP, 55), salvo prestação de serviços,
em que é facultado cumprir pena em menor tempo, nunca inferior a metade da PPL (CP, 46 §
4º).
SUBSTITUIÇÃO & HEDIONDOS: em regra, a pena é superior a quatro anos e cometida com
violência.
SUBSTITUIÇÃO & DROGAS: em regra, incabível (pena mínima de 5 anos). Somente cabível no
tráfico privilegiado (art. 44 - primário, bons antecedentes, não se dedicar a atividades
criminosas nem integrar organizações criminosas), quando a PPL pode ser reduzida de 1/6 a
2/3). A Lei havia proibido a substituição, mas o STF declarou inconstitucional para o caso do
art. 44, bom base no princípio da individualização da pena (Resolução n. 5 do Senado Federal).
SUBSTITUIÇÃO & VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: NÃO. A Lei Maria da Penha proibiu parcialmente
(art. 17 – É vedada a aplicação nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de
penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena
que implique o pagamento isolado de multa) e a STF (INFO 804) estendeu, proibindo qualquer
substituição (há violência e não há suficiência). Não cabe recorrer ao racionínio das IMPO,
pois os benefícios da 9099 são vedados neste caso (art. 41 LMP).
STF: Vedada substituição em sede de contravenção penal em violência doméstica e
familiar contra a mulher (INFO 884)
REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO:
a) Se a pena for inferior a 6 meses, pode ser substituída por multa (CP, 60 § 2º)
b) Se a pena for inferior a 1 ano, a substituição pode ser feita por multa ou por PRD (CP,
44 § 2º)
c) Se a pena for superior a 1 ano, deve ser substituída por Multa + PRD ou PRD + PRD (CP,
44 § 2)
a. Exceção: Crimes Ambientais (L 9605, 7º, I) – é possível a substituição da PPL
superior a 1 ano, desde que inferior a 4 anos, por uma única PRD.
INÍCIO DA EXECUÇÃO DAS PRD: Art. 147 LEP. Após trânsito. Juiz da execução de ofício ou a
requerimento do MP promoverá a execução.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE PRD? Não (não se admite também a PPL). Há exigência de trânsito
no art. 147 LEP.
PRD EM ESPÉCIE
1 - PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA:
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro (preferencialmente) à vítima, a
seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo
juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode
consistir em prestação de outra natureza.
Quem é dependente? Art. 16 da Lei 8213/1991 (cônjuge, filho e irmão).
Judiciário e MP podem ser destinatários? Não. Não são entidades.
Aceitação? Independe. Só precisa para outra natureza. Neste caso, deve haver razoabilidade,
mas a própria Exposição de Motivos admite até o fornecimento de mão de obra!
Natureza jurídica? É pena, mas indiretamente tem caráter de indenização civil antecipada (se
destinado à vítima).
Se reparar o dano é efeito automático da condenação, qual a função dessa pena, se pode ser
deduzida? É mais benéfica porque não precisa aguardar prévia liquidação no juízo cível.
E se não pagar? Reconversão em PPL (NÃO CABE CONSTRIÇÃO!) STJ (INFO 631)
Fiscalização? MP.
Diferença da perda de bens e valores e do confisco como efeito da condenação: podem ser
impostos cumulativamente.
Perda de bens e valores Confisco como efeito da condenação
PRD (CP, 45 § 3º) Efeito genérico e automático da condenação (CP, 91,
II)
Incide sobre o patrimônio lícito do condenado Incide sobre os instrumentos ou produto do crime, de
cunho ilícito
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada
normal de trabalho.
Sistema hora-tarefa.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
Nesse caso, o condenado trabalha mais de uma hora por dia e assim cumpre
em menos tempo, só não poderá reduzir aquém da metade da pena fixada
(máximo de 2 horas por dia)
Não são remuneradas (LEP, 30). Não geram vínculo empregatício (LEP, 28 § 2º).
Início: 1º comparecimento do condenado à entidade beneficiada (LEP 149 § 2º).
Quem designa entidade? Juiz da execução penal.
Entidade informa o juiz? Relatório mensal e comunicação, a qualquer tempo, sobre ausência
ou falta disciplinar.
Trabalho forçado inconstitucional? Não. Tem amparo constitucional. Não há norma
constitucional originária inconstitucional.
Prestação de serviços & Crimes ambientais:
Pessoa Física: Tarefas Gratuitas em parques e jardins públicos e unidades de
conversação e, no caso de dano, na restauração desta, se possível.
Pessoa Jurídica: (a) custeio de programas e projetos ambientais; (b) execução de obras
de recuperação de áreas degradadas; (c) manutenção de espaços públicos; (d)
contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Prestação de serviços & CTB:
Ausência de local adequado: não gera extinção, por falta de previsão legal. O juiz da execução
deve encontrar outro local (LEP, 148).
4 – INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS:
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
Específica ao crime cometido no exercício com violação dos deveres que lhe são
inerentes (CP, 56). A proibição de mandato eletivo não é exclusiva de crimes
contra Administração Pública.
E se o cara já é deputado ou senador? Parte da doutrina reputa
inconstitucional, pois a CF define as hipóteses de perda do mandato, e não a
interdição temporária (LFG).
Não se confunde com o efeito da condenação relativo à perda do cargo,
função ou mandato eletivo (CP, 92, I) que é aplicada: (1) PPL >= 1 ano; (2) abuso
de poder ou violação de dever com a administração pública ou (1) PPL > 4 anos.
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença
ou autorização do poder público
Específica. Precisa depender de autorização/licença do Poder Público, sob
pena de ser impossível a ingerência do Estado.
PENA DE MULTA
CONCEITO: Sanção penal, de cunho patrimonial, consistente no pagamento de determinado
valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário.
Diferente da PRD é originária
Igual à PRD é autônoma
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO PENITENCIÁRIO: CONCORRENTE, logo Estados
podem legislar com a finalidade de encaminhar multa para o fundo penitenciário sob sua
gestão.
CRITÉRIO: dias-multa.
Lei de Licitações adota critério percentual sobre vantagem (art. 99).
APLICAÇÃO: sistema bifásico:
1) Juiz estabelece o número de dias-multa (10 – 360) conforme circunstâncias judiciais e
eventuais atenuantes e agravantes e causas de diminuição ou aumento da pena.
2) Juiz define o valor de cada dia-multa (1/30 SM – 5 SM) conforme situação econômica
do réu.
3) VALOR INEFICAZ (CP, 60, §1º): Chegando no valor total, juiz pode aumentar até o
triplo se entender insuficiente.
a. Nos crimes contra propriedade industrial/contra sistema financeiro
nacional o valor final pode ser aumentado até o décuplo.
4) VALOR EXCESSIVO (9099, 76 § 1º): nas hipóteses em que a pena de multa seja a
única aplicável, poderá reduzi-la até a metade (cf. situação econômica).
a. Nos crimes contra a propriedade industrial pode reduzir até 10 x.
MULTA & MARIA DA PENHA: VEDADA a aplicação de penas de cesta básica ou outras de
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado
de multa.
COBRANÇA DA MULTA IRRISÓRIA: Há divergência, mas predomina que deve executar mesmo
que de pequena monta. Na Portaria MF 75/2012 que fixa valores mínimos para inscrição na
Dívida Ativa da União, há ressalva expressa à pena de multa, no sentido de inexistir valor
mínimo para legitimar sua execução judicial.
DIVISÃO:
a) EFEITOS PRINCIPAIS: Pena (PPL, PRD, Pecuniária ou Medida de Segurança ao
inimputáveis dotado de periculosidade)
b) EFEITOS SECUNDÁRIOS:
a. PENAIS:
i. Reincidência se praticado novo crime (CP, 63 64)
ii. Regime fechado se praticado novo crime (CP, 33 § 2º)
iii. Maus antecedentes (CP, 59)
iv. Impedimento de suspensão condicional da pena se praticado novo crime e
revogação, obrigatória ou facultativa, do sursis e do livramento condicional.
v. Aumento ou interrupção do prazo de prescrição da pretensão executória (CP,
110 e 117, VI) pela reincidência.
vi. Revogação da reabilitação, pela reincidência (CP, 95)
vii. Conversão da PRD em PPL, se não for possível o cumprimento simultâneo
(CP, 44 § 5º)
viii. Vedação da concessão de privilégios a crimes contra o patrimônio, pela
reincidência (CP, 155 § 5º, 170, 171 § 1º)
ix. Impossibilidade de transação penal e suspensão condicional do processo se
praticado novo delito (9099)
b. EXTRAPENAIS previsto no CP:
i. Genéricos (todos crimes) e Automáticos (interpretação contrario
sensu do art. 92, pu):
1. reparar o dano
2. confisco (CP, 91)
ii. Específicos e não automáticos: (CP, 92)
1. Perda do cargo função pública ou mandato eletivo
2. Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou
da curatela
3. Inabilitação para dirigir veículo, quando usado como meio
para a prática de crime doloso
NÃO CONFUNDIR COM AS PENAS DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE
DIREITOS, que duram o tempo da pena.
No caso dos efeitos penais secundários extrapenais, duram até
reabilitação.
Lá a PRD é de suspensão/interdição de dirigir, para crimes culposos.
REPARAÇÃO DO DANO (Efeito Automático): Sentença penal condenatória transitada em
julgado em titulo executivo judicial (CPC, 515, VI). Na esfera cível será liquidada por artigos. A
sentença penal fixará valor mínimo (CPP, 384, IV + para o STJ, a fixação da indenização
mínima está condicionada ao requerimento formulado na acusação), que poderá ser
executado, sem prejuízo da liquidação do dano efetivamente sofrido (CPP, 63, pu).
Sentença penal deve ser condenatória (não abarca transação penal, medida de segurança,
extinção de punibilidade pela prescrição)
Extinção da punibilidade posterior e abolitio criminis não afastam reparação do dano, mas
absolvição em revisão sim.
Absolvição por Estado de necessidade permanece resp. civil (CC, 929) (ressalvado direito de
regresso – CC, 930)
Defensoria Pública ou, onde não houver, MP executará o dano para vítima pobre (CPP, 68)
Pode ser ajuizada contra herdeiros, até o limite da herança (CF, 5, XLV e CC, 943)
Somente é título contra o réu (contra demais responsáveis é necessária ação de
conhecimento).
CONFISCO (Efeito Automático): perda de bens de natureza ilícita em favor da UNIÃO – Fundo
Penitenciário Nacional (claro, se o bem não for de terceiro).
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção constitua fato ilícito;
Veículos, embarcações, aeronaves e outros meios de transporte não poderão
ser confiscados, exceto quando Lei de Drogas ou suas fabricação ou uso
constituir fato ilícito.
Como só fala em crime, não se aplica às contravenções.
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso.
Produto: Vantagem direta.
Proveito: Vantagem indireta.
Depois da apreensão, esses bens serão inutilizados, leiloados ou recolhidos a museu criminal,
se houver interesse na sua conservação. Os bens imóveis adquiridos pelo agente com o
proveito do crime, ainda que transferidos a terceiro, serão sequestrados (CPP, 122 a 125)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do
condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou
indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir
do início da atividade criminal
Termo inicial: a proibição da retroatividade da lei penal in pejus determina que somente
deva ser levado em consideração patrimônio cuja titularidade (direta ou indireta) tenha se
dado a partir da prática da infração.
Ativos anteriores ao crime podem ser constritos para garantir a reparação das
vítimas (CP, 91, I)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
Em regra, para o cargo do crime. Mas juiz pode estender se o novo posto
guarda relações com as atribuições anteriores (INFO 599 STJ)
Policial que comete crime (seja a paisana, sem arma) cai sempre aqui,
porque é seu dever justamente combater.
c) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.
Não é automático. Deve haver motivação (CF, 93, IX).
Não precisa vir prevista na denúncia, pois decorre de previsão legal
expressa, como efeito da condenação.
INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO: Crime doloso e utilização do veículo como meio de
execução.
Não se confunde com a suspensão de autorização ou de habilitação, que é PRD a ser
aplicada isolada/cumulativamente com a PPL.
4) Lei de licitações (art. 86): ainda que de forma tentada, sujeitam seus autores, quando
servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou
mandato eletivo. Não é automático.
5) Lei de Falências (art. 181, I a III): Inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração,
diretoria ou gerência de sociedades sujeitas à lei de falências; impossibilidade de gerir
empresa por mandato ou por gestão de negócio. Não são automáticos. Perdurarão até
5 anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela
reabilitação criminal. Com o trânsito, o juiz deverá notificar o Registro Público de
Empresas.
6) Lei de Tortura (art. 1 § 5): se for funcionário público, acarretará perda do cargo,
função ou emprego público, bem como a interdição para ser exercício pelo DOBRO
DO PRAZO DA PENA aplicada. Efeito automático. Dispensável fundamentação (INFO
549).
7) Lei de Drogas (art. 56 § 1º): [Medida cautelar] no tráfico, juiz pode, no recebimento da
denúncia, decretar o afastamento cautelar do acusado de suas atividades, se
funcionário público. Em caso de condenação, aplica-se a regra geral.
9) Lavagem de capitais (art. 7º L 9613/98): Lei calou-se sobre ser automático ou não. Então vale a regra do CP.
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:
I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual -,
de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes
previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé; AUTOMÁTICO.
10) Crime organizado (art. 2º § 6º): acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cago
público pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena.
11) Decreto 201/67 (art. 1º § 2º): perda do cargo e inabilitação por 5 anos. STJ: Se
prescrita a PPL, não será possível a aplicação isolada da inabilitação.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Punibilidade é consequência da infração penal, e não elemento da infração penal. Extinta a
punibilidade, desaparece o poder punitivo estatal, não o crime.
Em situações excepcionais, a extinção da punibilidade elimina a infração penal: (1)
abolitio criminis; (2) anistia. Mas são, estritamente, causas supervenientes de
atipicidade e atipicidade temporária do fato, respectivamente.
ROL EXEMPLIFICATIVO:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
Princípio da personalidade da pena e “a morte tudo apaga” (mors omnia
solvit). Prova pela certidão de óbito.
E se for falsa? Poderá haver revogação da decisão judicial! Exceção ao
princípio da proibição da revisão criminal pro societate. É uma decisão
judicial inexistente (STF e STJ).
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Abolitio criminis. Exclui efeitos penais. Sobrevivem efeitos civis.
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
Renúncia ao direito de queixa.
Ato unilateral. Expresso ou tácito (não é renúncia tácita receber
indenização, salvo a composição civil da Lei 9099 homologado pelo juízo ).
Estende-se a todos. Ocorre apenas antes do oferecimento da queixa.
Perdão.
Desistência após a queixa. Ato bilateral (depende de aceitação).
Expresso ou tácito. Estende-se a todos.
EFEITOS:
a) Causas de extinção da punibilidade que atingem pretensão punitiva (ANTES do
trânsito): Eliminam todos os efeitos penais da sentença condenatória, inclusive
reincidência e formação de título executivo judicial cível.
b) Atingem pretensão executória (DEPOIS do trânsito): salvo nas hipóteses de abolitio
criminis e anistia, apagam unicamente o efeito principal da condenação, a pena.
Subsistem os efeitos secundários (reincidência, título):
Súmula 631 STJ
O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais).
c) “Crimes do TPI não prescrevem”. Mas, como não há norma no direito pátrio
reproduzindo imprescritibilidade aos crimes contra humanidade, o STF já entendeu
que prescrevem sim. Brasil não subscreveu a Convenção sobre Imprescritibilidade dos
Crimes de Guerra e dos Crimes contra Humanidade. INFO 659.
DECADÊNCIA: Nesta, perde-se o direito de ação, logo o direito de punir (pois não tem como
sem devido processo legal). Na prescrição, perde-se o direito de punir, logo, também o direito
de ação.
ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO:
A) Pretensão punitiva
a. Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita ou prescrição da ação
penal
------------------------------------trânsito em julgado para só para a acusação------------------------------
b. Prescrição intercorrente (CP 110 § 1º)
c. Prescrição retroativa (CP 110 § 1º)
--------------------trânsito em julgado para ambas as partes do processo
penal-------------------------
B) Pretensão executória
Por que o máximo? É tolhimento de um direito do Estado. Logo, pauta-se pela interpretação
mais benéfica pra ele. Por isso, nas causas de aumento e diminuição de pena, serão utilizados
os percentuais mais graves para o autor do delito. Como não há certeza da pena mínima ou
mais diminuída, seria errado tirar do Estado seu direito com base nelas.
Termo inicial:
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
REGRA GERAL: Consumação (Teoria do Resultado).
Dúvida insolúvel resolve-se em prol do réu.
CAUSAS INTERRUPTIVAS:
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
Ocorre com a publicação (em cartório, não da imprensa oficial) do
despacho de recebimento.
Se for rejeitada no 1º grau, poderá ocorrer em 2º grau, na data da
sessão de julgamento do RESE (CP) ou da apelação (9099).
Súmula 709 STJ
Salvo quando nula a decisão de 1º grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
Se nula, não interrompe, pois os atos nulos não produzem
efeitos jurídicos.
Recebimento por juiz absolutamente incompetente não interrompe.
Somente será interrompida com despacho do juiz competente
ratificado atos anteriores (CPP, 567).
Recebimento por juiz relativamente incompetente interrompe.
Recebimento do aditamento da denúncia não interrompe a prescrição,
exceto se for acrescentado novo crime, quando interromperá apenas
em relação ao novo delito.
II - pela pronúncia;
Súmula 191 STJ
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do
Júri venha a desclassificar o crime.
CAUSAS IMPEDITIVAS:
Causas impeditivas da prescrição
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da
existência do crime;
Questão prejudicial.
O termo inicial é o despacho que suspende a ação penal e o final é o despacho
que determina a retomada.
São questões prejudiciais as previstas nos arts. 92 (relativas ao estado civil das
pessoas suspensão obrigatória
Ex.: agente é processado por bigamia e, no juízo cível, busca anulação
de um dos casamentos. Se procedente, não haverá crime.
E 93 (relativas a questões diversas) do CPP (suspensão facultativa).
PACOTE ANTICRIME
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e
A última causa da interrupção da prescrição é a sentença ou acordão
condenatório irrecorrível.
Era comum a utilização de embargos e recursos protelatórios que, somados à
morosidade da Justiça, levavam à extinção da punibilidade.
Com o Pacotito não corre mais prescrição.
MOMENTO ADEQUADO PARA O SEU RECONHECIMENTO: Não pode ser decretada na própria
sentença condenatória, em face da ausência de trânsito em julgado para acusação ou no caso
do improvimento do seu recurso. Depois do trânsito para acusação:
a) Pode ser reconhecida exclusivamente pelo Tribunal, pois encerrada a atividade
jurisdicional
b) Pode ser decretada em 1º grau , por se tratar de matéria de ordem pública
reconhecível de ofício a qualquer tempo STJ (INFO 442)
PRESCRIÇÃO RETROATIVA
Do fim para o início – considera a penal final e calcula entre os marcos interruptivos
Decorre do direito de razoável duração do processo. Espécie da prescrição da pretensão
punitiva (não há trânsito para ambas as partes) calculada pela pena concreta (sentença
condenatória). Interpretação do art. 110 § 1º do CP c.c. Súmula 146 STF. Mas depende do
trânsito da pena para a acusação (seja pela não interposição ou porque improvido seu
recurso), caso em que a pena concretizada na sentença será a mais grave ao réu, momento
em que o Estado deve parar de utilizar a pena in abstrato para o cálculo da prescrição.
TERMO INICIAL:
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga
a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena.
a) A prescrição da pretensão executória depende do trânsito para ambas as partes, mas,
a partir do momento em que isso ocorre, seu termo inicial retroage ao trânsito em
julgado para a acusação.
a. Como é bizarro, o STF já decidiu que se presentes manobras procrastinatórias,
como a sucessiva oposição de embargos de declaração e renúncia do cargo, é
desarrazoada a contagem desde o trânsito em julgado para acusação, pois
frustra e efetividade da jurisdição penal (RE 6965333/SC 2018).
PARECER DA PGR
O STF decidiu pela impossibilidade da execução da pena antes de exauridas
todas as instâncias, inclusive a extraordinária, sem prejuízo da possibilidade de
prisão cautelar. [A regra do CP foi erigida em contexto de CR67, que admitia a
execução provisória da pena].
A aplicação literal do art. 112, I, CP, em face a orientação jurisprudencial atual
do STF, acarreta contradição com a essência do conceito de prescrição, que
decorre da inércia do titular do direito, e severo golpe contra a eficácia do
sistema de execução penal e contra o direito fundamental à segurança, pois
o curso da prescrição da pretensão executória se iniciaria sem que o Estado,
por meio do MP, possa executar a decisão condenatória. Atinge-se, assim,
também, de forma cruel, a expectativa legítima das vítimas de punição.
A única interpretação atualmente consistente e compatível com a CR acerca
do termo inicial da prescrição executória é a que define como n trânsito em
julgado da decisão condenatória para ambas as partes.
Actio in nata (inércia)
Proporcionalidade – Proibição da proteção deficiente (garantismo
positivo)
Devido processo legal
Isonomia processual – paridade de armas
Fundamento de prescrição
Coerência
Estímulo a manobras procrastinatórias
Violação ao poder-dever institucional do MP
Resolução 40/34 AGONU de 1985 – Princípios básicos de justiça
relativos a vítimas da criminalidade e de abuso de poder.
Como pode correr prescrição da pretensão punitiva e executória ao
mesmo tempo?
CAUSAS INTERRUPTIVAS:
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
Início da PRD de prestação de serviços é o 1º dia de comparecimento à
entidade social, e não a audiência admonitória.
O cumprimento da pena acessória (tal como a entrega de CNH) configura
início do cumprimento de pena e interrompe.
VI - pela reincidência
REINCIDÊNCIA ANTECEDENTE REINCIDÊNCIA SUBSEQUENTE
Já existia ao tempo da condenação Posterior a condenação transitada
Aumenta em 1/3 o prazo de Interrompe o prazo prescricional já
prescrição da pretensão executória iniciado
Opera-se com a prática do crime,
embora condicionada ao trânsito
(retroage à data do crime).
2) CPM: A prescrição da pretensão punitiva é regulada pelo máximo da PPL (art. 125, caput) e
a prescrição da pretensão executória pela quantidade da pena imposta, a qual será
aumentada de um terço se o réu é criminoso habitual ou por tendência (art. 126). Para a pena
de morte, o prazo prescricional é de 30 anos (art. 125, I).
3) ECA: Aplica-se o CP: calcula-se com base na pena máxima em abstrato (3 anos, logo 8 anos,
metade 4 anos), reduzida pela metade pelo fato de se tratar de menor de 21. Salvo se fixada
em concreto, semiliberdade em 6 meses (1,5).
Súmula 338 STJ
A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
O ato de corrupção precisa ser da função do funcionário? Nem sempre, se ele conseguir
facilitar de alguma forma, será corrupção (INFO 635/2018). a expressão "ato de ofício" É
como um elemento normativo do tipo de corrupção passiva. nem sua interpretação
sistemática, nem a política criminal adotaram interpretação restritiva.
Corrupção rompe com a teoria monista no concurso de pessoas. É uma exceção pluralística.
Há concurso aparente de normas entre os tipos penais previstos no art. 317 do Código Penal
e art. 3º, inciso II, da Lei 8.137/1.990 (agente fiscal - corrupção contra ordem tributária), a
ser resolvido pelo princípio da especialidade.
CRIME DE MOEDA FALSA
E se for dólar? Há crime (“em curso legal no país ou estranheiro”.
Súmula n. 610 : Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima. (política criminal).
2019: É possível a configuração do crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação
entre professor e aluno.”
O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro se obtido
mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14 anos.
Quando o SURSIS é concedido? Na sentença. Desde que não seja cabível a substituição por
PRD ou por multa. Transitada em julgado a sentença que impôs o sursis, será intimado a
comparecer em uma audiência de advertência – ADMONITÓRIA – quando será avisado das
condições e descumprimento. Se não comparecer, já é cassado.
Espécies de SURSIS:
a) Simples ou Comum: condenados não reincidentes a PPL não superior a 2 anos, que
não reparou o dano (salvo impossibilidade) e/ou circunstâncias desfavoráveis. O
período de prova será de 2 a 4 anos.
b) Especial: condenados não reincidentes a PPL não superior a dois anos, desde que
circunstâncias favoráveis + reparação do dano. Seus requisitos são mais rígidos do
que para o sursis simples, mas as condições são mais brandas. O período de provas
será de 2 (dois) anos a 4 (quatro) ano.
c) Etário: condenados com +70 anos na data da sentença cuja PPL não seja superior a
QUATRO anos. Contudo, o período de prova será de 4 a 6 anos.
d) Humanitário: condenado a PPL não superior a 4 anos, desde que o estado de saúde
justifique. Período de prova de 4 a 6 anos.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
“medida penal consistente na liberdade antecipada do reeducando, etapa de preparação para
a soltura plena, importante instrumento de ressocialização”.
O benefício faz parte do sistema progressivo adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro,
entretanto, não pressupõe a passagem por todos os regimes prisionais. É que a data base
para o livramento condicional não deve ser alterada pela regressão de regime, o que permite
que muitos apenados cujo o regime foi regredido, implementem o lapso para o livramento
condicional antes mesmo de cumprir o lapso para nova progressão.
Conforme preceitua o artigo 83, I, II, III, IV, V do Código Penal, o lapso temporal a ser cumprido
para a obtenção do livramento condicional é de:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que:
1/3 da pena para os primários (não reincidente em crime doloso com bons antecedentes),
1/2 da pena para reincidentes (em crime doloso)
2/3 para os condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
o É vedado para reincidente específico em hediondo
o (PACOTE - LEP) É vedado para hediondo com resultado morte, primário ou equiparado
o Lei de Drogas proibiu ao reincidente específico em seus crimes
o Tráfico Privilegiado não é hediondo. Não há vedação ao livramento.
III – Comprovado:
bom comportamento durante a execução da pena
não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses
bom desempenho no trabalho
aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto
IV – Reparado o dano, salvo impossibilidade
Soma de penas:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
Revogação obrigatória:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código (soma)
Revogação facultativa:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por
crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Efeitos da revogação:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se
desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
Extinção da pena:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
livramento.
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.
Juris:
Súmula 441 STJ – A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional.
Mas gera a falta de um requisito subjetivo, o bom comportamento
STJ: Não pode vedar ao estrangeiro irregular porque não pode ocupar emprego formal. É
discriminação.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não freqüentar determinados lugares.
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade incumbida da
observação cautelar e de proteção.
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da sentença em 2
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao Conselho
Penitenciário.
rt. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho
da Comunidade terão a finalidade de:
I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas na sentença concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de
atividade laborativa.
Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cautelar e da proteção do liberado apresentará relatório
ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
Art. 140. Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá
advertir o liberado ou agravar as condições.
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como
tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a
soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que esteve solto o
liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação do
Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante
representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as condições especificadas na
sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das autoridades ou funcionários
indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do
mesmo artigo.
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho
Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação,
entretanto, ficará dependendo da decisão final.
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do
Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem
revogação.
A) Requisitos
*Não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime.
*Requisitos do Sursis da Pena do CP
B) Dos Efeitos
C) Da Revogação
TRANSAÇÃO PENAL
Se não ocorrer acordo de compensação de danos civis, imediatamente dá direito
para representação verbal:
A) Requisitos:
Objetivos :
-Condenado, pela prática de crime, à PPL, por sentença definitiva; (Por corolário,
condenação por contravenção ou PRD de um crime, não é óbice)
Subjetivo :
B) Dos Efeitos:
→ Com a transação penal, busca-se evitar a instauração do processo, fazendo com que
o autor cumpra imediatamente uma PRD ou multa
Juiz deve homologar o acordo final, sem efeitos civis, cuja sentença é recorrível
⇒ efeito apenas declaratório e faz coisa julgada formal:
CRIMES HEDIONDOS
Obs.: Lembrar que tráfico, tortura e terrorismo são equiparados, e não hediondos por si.
Sistemas: legal (lei define); judicial ou misto. Brasil adota o sistema legal em rol taxativo.