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RELATÓRIO – SITUAÇÃO JURÍDICA DO BÔNUS

1. O bônus regional (Critério de Inclusão Regional) é medida adotada pela UFAL, tendo
inicialmente visado os Campus no interior do Estado de Alagoas, em especial no Agreste
e Sertão, tendo como objetivo combater a discrepância regional no acesso ao ensino
superior nas referidas regiões do estado, passando a valer para o SISU de 2016.1 até o
presente. A medida foi instituída pela Resolução Nº 22/2015 CONSUNI/UFAL,
embasada na garantia Constitucional da Autonomia Universitária Didático-Cientifica,
bem como no combate às desigualdades regionais, a princípio com o acréscimo de 10%
em cima da nota dos concorrentes da ampla concorrência.

2. Inicialmente o bônus cumpriu o objetivo, tendo em vista que todos os ingressos pelo
SISU 2016.1 dentro da ampla concorrência, atendia os critérios para fazerem jus ao
bônus. No entanto, a partir do SISU 2017.1 iniciou-se um movimento de judicialização
que já estava ocorrendo em outros estados, tendo por objetivo ordenar a reclassificação
de candidatos que não faziam jus ao bônus, sustentando a tese de que o bônus é
inconstitucional, vez que geraria disparidade irregular entre os candidatos da ampla
concorrência, ferindo a igualdade de disputa em desfavor dos candidatos que por residir
em outras localidades, seriam prejudicados em face da concorrência “desleal”. Assim
justificando que era devido que houvesse a reclassificação do “prejudicado” para que ele
fosse encabeçado nos classificados da ampla concorrência como se toda a lista tivesse
disputado sem o bônus.

3. O processo Paradigma na Justiça Federal de Alagoas foi o Mandado de Segurança:


0801249-37.2017.4.05.8000 (X2), que foi julgado 2017 na 13ª Vara Federal, entendendo
a Vara que o bônus era constitucional, não sendo possível garantir a reclassificação do
aluno para que pulasse na frente dos que tinham direito ao bônus, pois não cumpria com
os requisitos do edital para ter direito ao bônus. No entanto, a situação foi levada ao TRF-
5, tendo a Quarta Turma do Tribunal, julgado em Junho de 2017 a Apelação: 0801249-
37.2017.4.05.8000 (X3), decidindo por unanimidade pela inconstitucionalidade do
Critério de Inclusão Regional, tendo em vista que este estaria em desacordo com a
Constituição.

4. A apelação acima destacada foi a primeira vindo de Alagoas a ser julgada no TRF-5,
tratando do Bônus Regional, no entanto já haviam outras julgadas em diferentes Estados,
a exemplo da UFPE em Pernambuco, entendendo o TRF-5 pela inconstitucionalidade no
Bônus.
4.1. Outros precedentes remontam desde de 2014, a exemplo do Agravo de
Instrumento: 0802899-68.2014.4.05.0000 (X7).
5. Com o entendimento se formalizando, nos SISUs seguintes começaram a surgir uma
enxurrada de processos, fossem mandados de segurança ou procedimentos comuns,
pedindo pela reclassificação do candidato, ou até em caso mais extremos, pedindo pela
“anulação” do bônus para toda lista.

6. Além do entendimento que se formulava no TRF-5, vindo de todas as IES que


adotavam o bônus no Nordeste, dentro da própria Justiça Federal da Alagoas se foi
findando também o entendimento pela inconstitucionalidade do Bônus, a exemplo do
Mandando de Segurança: 0800533-73.2018.4.05.8000 (X4) que em 1º Grau na 3ª Vara
Federal, já ordenou a reclassificação do candidato dentro dos aprovados da ampla
concorrência, mas com a nota afastada dos demais. Tendo sido a Sentença referendada
pela Quarta Turma na Apelação: 0800533-73.2018.4.05.8000 (X5).

7. Quanto do entendimento dos Tribunais Superiores (STF e STJ), ambos vêm se omitido
do mérito da situação, se resguardando o STF nas Sumulas 279 e 454 da própria Corte,
tendo usado tal justificativa no ARE 1365264/AL (X6), de Relatório do Min. Luiz Fux,
que entendeu por negar recurso da UFAL contra Acordão que manteve Sentença que
determinou a inconstitucionalidade do bônus, não por entender pela inconstitucionalidade
do Bônus, mas sim porque não é competência do STF esmiuçar as questões do Edital que
já foram vistas em 1º e 2º Grau.

8. No decurso dos SISUs 2021.1 a situação do bônus se asseverou, passando a algumas


Varas Federais de Alagoas a declarar por meio de Sentença de 1º Grau no Processo:
0806068-75.2021.4.05.8000 (X8) a anulação do bônus para todo o respectivo SISU na
Instituição. No entanto, quando a questão foi levada ao TRF-5 na Apelação: 0806068-
75.2021.4.05.8000 (X9), a Primeira Turma do TRF-5 em 11/2021 entendeu pela
inconstitucionalidade do Bônus, mas que a Sentença de 1º Grau não poderia ter afastado
o bônus para toda a lista, mas somente em relação ao candidato.

9. A situação ficou mais complicada no SISUs 2021.2 e 2022.2, tendo ocorrido dezenas
de processos, cujo o entendimento da maioria foi pela inconstitucionalidade do bônus
tanto em 1º Grau quanto em 2º Grau. No entanto, alguns Acórdãos de 2º Grau no TRF-5
mostravam opiniões diferentes, voltando algumas turmas a entender pela
Constitucionalidade do Bônus. A exemplo da Apelação: 0801365-98.2021.4.05.8001
(X10) da UFAL em face de sentença de 1º Grau que ordenou a anulação do Bônus para
reclassificação de candidato, julgada pela Terceira Turma do TRF5 em 02/2022, entendo
a Turma que o Bônus é Constitucional.

10. No entanto, passou haver uma mudança constante entre os entendimentos, a exemplo
da Segunda Turma, que em 03/2021 entendeu pela Constitucionalidade do Bônus na
UFPE na Apelação: 0800305-94.2020.4.05.8302 (X11), mas que passou a entender em
06/2022 pela Inconstitucionalidade do Bônus no Agravo de Instrumento: 0802082-
23.2022.4.05.0000 (X12).

11. Apesar da situação desfavorável ao bônus, em data recente, no dia 29/11/2022 a


Terceira Turma julgou Apelação: 0801978-87.2022.4.05.8000 (X13) da UFAL em face
de Sentença que pedia a anulação do Bônus, tendo em Acordão, decidido a Turma por
unanimidade que o bônus é medida constitucional e dentro da lei. Indicando possível
formulação de novo entendimento no TRF5.

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