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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

GABRIEL OLIVEIRA ARAUJO, brasileiro, solteiro, menor impúbere, inscrito no CPF


sob o nº 056.331691-82, RG nº 6131491 SSP/GO, residente e domiciliado à Rua C159, qd.
256, lt. 04, sobre loja sala 05, Jardim América, CEP 74255-140, Goiânia – Goiás,
representado por seu genitor CHARLEY GENESIS MACEDO DE ARAÚJO, brasileiro,
casado, engenheiro CREAGO 8361/D, inscrito no CPF sob o nº 517.842.621-53, RG nº
3113972-617911 SSP/GO, residente e domiciliado à Rua C159, qd. 256, lt. 04, sobre loja sala
05, Jardim América, CEP 74255-140, Goiânia – Goiás, vem por intermédio de seu subscritor,
com endereço constante na procuração anexada, onde deverá receber intimações, não se
conformando com a r. Decisão de evento n. 06. E com fundamento nos artigos 1.015 e
seguintes do Código de Processo Civil, interpor: AGRAVO DE INSTRUMENTO COM
PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I- DO PREPARO

O agravante é benificiário da justiça gratuita conforme a decisão do evento de n. 07


no processo de origem. Por esta razão deixa de recolher as custas recursais.

II- DA TEMPESTIVIDADE

A decisão que negou o pedido de tutela de urgência foi publicada no dia


08/11/2023, portanto, totalmente tempestivo o presente recurso.

III- DO NOME E ENDEREÇO COMPLETO DOS ADVOGADOS


O único advogado constituído no processo é o da parte da Agravante, já que o
Agravado não possui advogados constituídos nos autos até o presente momento.

Advogado do agravante: Murilo Reis, inscrito na OAB/GO sob n º 59.913, com


endereço indicado na procuração.

IV- DA JUNTADA DAS PEÇAS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS

Tratando-se de processo eletrônico, deve ser dispensado o traslado das peças


obrigatórias para o conhecimento do agravo em autos apartados, em razão da possibilidade
de acesso virtual a estas, por força do art. 1017 § 5o do Código de Processo Civil.

Termos em que pede deferimento.

Goiânia, 16 de novembro de 2023.

MURILO REIS
59.913
OAB/GO
RAZÕES DO RECURSO

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA

Processo nº: 5745330-06.2023.8.09.0051


5ª UPJ das Varas Cíveis
Agravante: Gabriel Oliveira Araujo
Agravado: Sociedade Goiana De Cultura (PUC-GO)

I- SÍNTESE DOS FATOS

O agravante participou do Processo Seletivo Vestibular Geral 2024/1, nos termos


do Edital no 45/2023 – Prograd, da PUC/GO, concorrendo a uma das 80 (oitenta) vagas
do curso de Engenharia Civil, em Goiânia/GO, logrando êxito na aprovação.

Por ainda não ter concluído o ensino médio, o agravante foi impedido de concluir
sua matrícula junto a instituição agravada.

Com a conclusão do ano letivo praticamente encerrada, o agravante já buscou junto


ao Colégio Poli 10, que possui a modalidade de ensino EJA, que é destinada a alunos maiores
de 18 anos que não completaram o Ensino Médio, que completa a Educação Básica no Brasil,
uma declaração, que basta completar 18 anos para realizar a matrícula. Destaca-se que o
agravante completa 18 anos em 09/12/2023 ou seja, em poucas semanas, quando efetivara
sua matrícula no referido colégio, para a conclusão do ensino médio em até 03 (três) meses,
conforme o documento anexado na inicial e assinado pela diretora da escola.

Sucede que o agravante está preste Segundo Ano do Ensino Médio e já fazendo
todos os tramites para concluir em até 03 (três) meses o terceiro ano, via programa EJA,
assim que completar 18 anos de idade em 09/12/2023. E apesar de não o ter concluído, resta
apenas um semestre para que conclua o supramencionado ano letivo.
Na busca de seu direito de matricular e cursar o Curso de Engenharia Civil, o
agravante propôs Ação com Pedido de Tutela Provisória de Urgência requerendo,
liminarmente, que seja determinado que a agravada admita a matrícula do agravante,
condicionado a entrega de Declaração e Certificado de Conclusão do Ensino Médio em
momento posterior.

A decisão agravada foi denegatória da tutela de urgência, conforme o evento n. 06


nos autos em epígrafe.

Deste modo, respaldada no Artigo 205 da Constituição Federal e artigos 2º e 3º,


inciso I e 47 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, bem como na JURISPRUDÊNCIA
PACIFICADA DESTE TRIBUNAL, vem perante este E. Tribunal requerer a reforma
TOTAL da R. Decisão proferida, e a consequente autorização para que a Agravante efetive
sua matrícula no curso desejado.

II- DO DIREITO

A R. Decisão debatida indefere o pedido da tutela de urgência formulado na inicial.

Segundo os preceitos do Artigo 300 do Código de Processo Civil, os requisitos para


o adiantamento provisório da tutela são:
• Prova inequívoca;
• Verossimilhança da alegação;
• Reversibilidade da medida;
• Alternativamente, fundado receio de prejuízos e de difícil reparação,
ou abuso de direito defesa ou manifesto propósito protelatório da
parte adversa.

Sendo assim, TODOS os requisitos são aplicáveis ao presente caso ao passo que:

Prova inequívoca: É inequívoco o fato de que o Agravante detém todas as


condições para ingressar na universidade, vez que fora aprovado com êxito no exame
vestibular da Agravada, sendo este o principal requisito para se avaliar sua maturidade e
capacidade. Ademais, faltam pouquíssimos meses para a conclusão do ensino médio da
Agravante, e ele poderá realizar os dois cursos simultaneamente, de modo que nenhuma
etapa de sua vida escolar será prejudicada.

Verossimilhança das Alegações: O Agravante provou documentalmente que


logrou êxito no exame vestibular, bem como juntou seu declaração escolar comprovando
que detém totais condições de ser aprovado no segundo ano do ensino médio se continuar
com o mesmo desempenho que demonstrou nestes três primeiros bimestres. Além disso, os
fundamentos jurídicos fundam-se na notória regra da transparência e boa- fé do artigo 205
da Constituição Federal e os artigos 2ºe 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, e no
fato de ser a matéria PACIFICADA neste colendo Tribunal.

Reversibilidade: Caso a antecipação dos efeitos da tutela sejam concedidos, nada


obsta que, acaso o pedido seja julgado improcedente no futuro, a medida seja revertida,
bastando o simples trancamento da matrícula até a efetiva entrega dos documentos exigidos;

Danos Imediatos: Uma vez não autorizada a matrícula, a medida assecuratória


careceria de efetividade. O perigo da demora consiste no fim do prazo para se fazer a
matrícula anteriormente à sentença. É de saber comum as nefastas consequências de uma
não aprovação em processo seletivo para ingresso em curso superior. Ademais, o Agravante
perderia 06 (seis) meses de seu desenvolvimento profissional, o que hoje, com o mercado de
trabalho tão exigente e competitivo, poderá significar uma eternidade.

A necessidade de ter a tutela de urgência deferida é crucial, sob pena de


comprometer seu futuro profissional. Além disso, a frustração e o estresse emocional de
enfrentar um novo processo seletivo, com uma possível reprovação podem ser evitados, vez
que o curso de Engenharia é bastante concorrido.

Nesse contexto, o atraso na entrega da prestação jurisdicional poderá tornar ineficaz


a pretensão buscada na providência cautelar, motivo pelo qual se faz necessária a concessão
da medida para permitir que o Agravante efetue sua matrícula no curso para o qual foi
aprovado.

Portanto, a plausibilidade do direito invocado está no fato de que, tendo sido


aprovado em exame vestibular para o mencionado curso, é razoável que lhe seja permitido
efetuar matrícula para acesso à educação de nível superior, ainda que não tenha concluído o
ensino médio.

Esse é o posicionamento já adotado por esta corte:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA


COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
APROVAÇÃO DE ALUNA PARA O CURSO DE
ODONTOLOGIA CURSANDO O 3o ANO, EM VESTIBULAR
SEM A CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO. LIMINAR
CONFIRMADA. 1. Apesar do respeito aos critérios adotados no
edital para seleção de ingresso no ensino superior da instituição, ora
agravada, tais mecanismos não são absolutos, estando à margem
norteadora dos princípios constitucionais dos atos administrativos,
da razoabilidade e da proporcionalidade, nos quais, a agravante
foi aprovada no vestibular da própria universidade, comprovando
assim a qualificação científica da mesma. 2. A orientação
jurisprudencial já consolidada em nosso tribunal é no sentido
de que evidenciados o perigo da demora e a fumaça do bom
direito, impõe o deferimento da liminar com o propósito de
permitir a matrícula do estudante no curso superior, aprovado
no respectivo concurso vestibular independentemente de
oferecimento do certificado de conclusão do ensino médio,
desde que esteja cursando o terceiro ano, o qual deverá ser
apresentado no prazo estipulado. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO.” (TJGO,
Agravo de Instrumento ( CPC ) 5329535- 57.2018.8.09.0000, Rel.
FAUSTO MOREIRA DINIZ, 6a Câmara Cível, julgado em
25/04/2019, DJe de 25/04/2019)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA.


APROVAÇÃO EM VESTIBULAR. ALUNO CURSANDO O 3o
ANO DO ENSINO MÉDIO. MATRÍCULA, POSSIBILIDADE.
Constata-se a presença da probabilidade do direito e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo, tendo em vista a
possibilidade de eventual perda da vaga, pelo que deve ser garantido
o direito de efetivar a matrícula na universidade, ainda que não tenha
concluído o ensino médio, com a ressalva de que a manutenção do
decisium ficará condicionada à frequência concomitante do
recorrente no ensino médio e no curso superior na Associação
Educativa Evangélica, bem como à entrega posterior do
comprovante de conclusão de Ensino Médio à instituição de ensino
recorrida. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E
PROVIDO. (TJGO, Agravo de instrumento (CPC) 54489602-
15.2017.8.09.0000 Rel JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA 2a Câmara
Cível, julgado em 01/03/2018, DJE de 01/03/2018).

Portanto, restam comprovados todos os requisitos para a concessão do efeito


suspensivo ao presente recurso, quais sejam, fumus boni iures e periculum in mora, o que desde já
requer, com amparo nos argumentos supracitados.

III- DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA DECISÃO

A respeitável decisão ora agravada, respeitando o posicionamento inicial de seu


prolator, não deve permanecer, vez que não representa o melhor direito para o caso em
análise.

Destarte, registre-se, por oportuno, que a concessão ou não da medida pretendida


não é uma mera liberalidade da justiça.

Ao contrário, a medida é acauteladora do direito da parte, não podendo ser negada


quando presentes os seus pressupostos, nem tampouco ser concedida quando não restarem
evidenciados todos os requisitos de sua admissibilidade.

Cumpre ressaltar que este Egrégio Tribunal de Justiça vem decidindo


reiteradamente que, configurados os pressupostos autorizadores da concessão da medida
liminar, a mesma deve ser deferida, com fim de se permitir a matrícula do aluno no curso
superior, quando este for aprovado em concurso vestibular, não obstante a ausência de
conclusão do ensino médio, o qual deverá ser concluído, concomitantemente, com o ensino
superior, com posterior comprovação de sua conclusão.

Eis que a presente lide se encontra amparada na Carta Magna, prevê o art. 205 da
Constituição Federal:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Ademais, o Ensino Médio utiliza os dois primeiros anos como preparatórios para
o Vestibular, resguardando o terceiro ano apenas para revisões e fortalecimento do conteúdo
repassado ao longo dos 02 (dois) primeiros anos. Portanto, não há que se falar em perda de
conteúdo, ou prejuízo do aprendizado, até porque, as provas de vestibulares são elaboradas
e corrigidas por uma banca especializada cuja atenção, é concluir se o candidato está ou não
apto a ingressar na faculdade.

No caso presente, o Agravante demonstrou que está amplamente qualificado a


ingressar na faculdade, não podendo ser crivada de seu direito de desenvolvimento pessoal
e aprendizado.

Isso posto, é entendimento do Art. 44 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996:

Art. 44 A educação superior abrangerá os seguintes cursos e


programas:
II – de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o
ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em
processo seletivo.

A antecipação, por alguns meses apenas, do ingresso do estudante no ensino


superior, em nada viola o espírito da lei, sendo ilegítima qualquer interpretação estritamente
formal da LDB fora do processo de filtragem constitucional, que constitui seu fundamento
de validade.
Não há, com tal entendimento, violação ao princípio da isonomia, posto que a todos
os estudantes secundaristas, nas exatas condições do Agravante, é assistido o direito de
matricular-se no ensino superior.

IV- DOS REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto requer:

A) Que o presente recurso seja conhecido e provido para reformar a decisão


agravada, deferindo a tutela de urgência para que o Agravante efetive sua
matrícula no curso de Engenharia Civil da Agravada, com posterior
apresentação do certificado de conclusão do ensino médio, até a análise final do
mérito da ação, independentemente de ter sido encerrado o prazo para
matrícula;

B) Requer ainda, considerando a existência do perigo de dano irreparável ou de


difícil reparação, como autoriza o art. 1019, I do CPC, seja determinada a
suspensão da decisão agravada, com o objetivo de impedir que o Agravante
perca o direito de realizar a matrícula após o encerramento do prazo.

Termos em que pede deferimento.

Goiânia, 16 de novembro de 2023.

MURILO REIS
59.913
OAB/GO

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