Você está na página 1de 4

Maceió, 09 de fevereiro de 2024.

À
Srta. ____________

Ref.: Parecer Jurídico.

Prezada __________________,

Através deste apresentaremos parecer jurídico acerca das implicações decorrentes


do processo nº _________________, bem como sua situação atual, que vieram a culminar no
cancelamento da inscrição provisória judicial junto ao CREMESP – Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo.
Fora ajuizada, em julho de 2021, Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Tutela
de Urgência por diversos estudantes, incluindo ________________, em face do Centro
Universitário ____________________. A ação tinha por objetivo determinar que o Centro
___________________ promovesse a colação de grau antecipada dos estudantes e
disponibilizasse, ainda, os documentos necessários ao registro no Conselho Regional de
Medicina. Defendiam os estudantes que cumpriam portaria nº 383 do MEC – Ministério da
Educação –, que autorizaria o pedido que estava sendo feito.
Aponta-se que inicialmente o processo foi ajuizado perante a Justiça Estadual, na 13ª
Vara Cível, onde houve o deferimento da liminar que foi requerida pelos, então, estudantes:

Diante das razões expostas, DEFIRO o pedido formulado pela parte autora,
para DETERMINAR à Ré que conceda a realização da colação de grau de
forma antecipada aos Autores, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob
pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), limitada ao montante
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A cópia da presente decisão tem força de
mandado.

A __________ logo se manifestou no processo alegando que o prazo de 72h (setenta


e duas horas) era irrisório e que a Justiça Estadual era incompetente para julgar o processo, que
deveria ser encaminhado para a Justiça Federal. O prazo indicado como razoável para
cumprimento da liminar foi de 15 (quinze) dias.
Apreciando a petição da ____________, foi reconhecido pela Justiça Estadual a sua
incompetência, oportunidade em que o processo foi remetido para a Justiça Federal no final de
julho/2021.
O processo teve várias intercorrências em relação à competência para seu
andamento – se Justiça Estadual ou Federal –, mas fato é que a ___________ cumpriu a liminar
e realizou a colação dos estudantes em outubro/2021, oportunidade que os profissionais
formados realizaram os registros nos Conselhos Regionais de Medicina que eram de seu
interesse. É oportuno lembrar que a decisão que autorizou a colação e, consequentemente, o
registro, ainda não era definitiva, mas oriunda de liminar.
Chegado ao momento de julgamento definitivo do processo, o juiz que apreciou a
demanda concluiu por indeferir o pedido dos Autores, o que, automaticamente, revoga a liminar
que foi anteriormente concedida. Trecho da fundamentação veiculada na sentença, abaixo
colacionado:

65. Logo, não se vislumbra base legal na pretensão posta em juízo para que,
sem cumprimento integral da carga horária da grade curricular regular do
curso superior de Medicina, possam os demandantes auferirem o direito à
antecipação de conclusão de curso, considerando, como dito, que é uma
discricionariedade da IES efetuar a referida colação antecipada de alunos,
nos termos da Lei n° 14.040/2020 e, ainda, observando-se que a ausência
da matrícula regular alegada contraria o art. 1º da Portaria nº 383/2020 do
MEC, além do que as disciplinas não implementadas pelos alunos não foram
objeto da dispensa prevista na Lei nº 14.040/2020, art. 3, § 2º, inciso II.
66. Desta feita, a improcedência da demanda é medida que se impõe.
67. Isto posto, fundamentado no CPC/2015, art. 487, I, e demais legislações
e jurisprudência referidas, resolvo o mérito para julgar improcedentes os
pedidos insertos na petição inicial.
68. Por conseguinte, condeno a parte autora em custas e honorários
advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos
termos do art. 85, § 3º, I, do CPC.

Os Autores interpuseram um primeiro tipo de recurso para tentar reformar essa


sentença, mas o juízo não acolheu as razões defendidas e manteve integralmente a decisão de
julgar a demanda improcedente, negando o direito dos interessados à colação e ao consequente
registro sem cumprimento integral da carga horária.
Um novo recurso – apelação – foi interposto pelos Autores em 02 de fevereiro de
2024, porém não foi apreciado ainda pelo juízo.
Esta é uma breve síntese do processo.
Explico, a partir deste ponto, as implicações.
Com a sentença de improcedência, conforme adiantado, deixou de ter vigência a
liminar concedida ainda no ano de 2021. A sentença, da forma como está posta e até que haja
alguma alteração por meio de recursos que ainda podem ser apreciados, torna inválidos a
colação de grau e os registros, uma vez que, no entendimento do juiz, estes só podem ser
realizados quando os Autores cumprirem a carga horária curricular integralmente.
Neste exato momento, destaco, não há decisão judicial que autorize a colação e o
registro profissional. Volta-se ao status do início do processo, alunos com pouco mais de 90%
(noventa por cento) de carga horária cumprida, sem direito a colação de grau e sem documentos
hábeis ao registro profissional junto ao Conselho Regional de Medicina.
Especificamente em relação à situação de ______________ junto ao CREMESP –
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo –, tem-se que este lhe concedeu
apenas inscrição provisória oriunda de decisão judicial – a liminar concedida em 2021. Ocorre
que tomou conhecimento de que a liminar foi revogada, diante da sentença que julgou a
demanda improcedente, o que fez com que cancelasse a inscrição provisória.
Convém que esta advogada dê sua opinião meramente jurídica sobre a decisão do
CREMESP. Ressalto isto, pois o que se segue não reflete a opinião pessoal desta profissional,
diante da sensibilidade do caso. Pois bem. A decisão do CREMESP é, juridicamente, correta.
Com a sentença, ___________________ perdeu o direito à colação e ao registro profissional. Da
forma como está posto, teria que cursar a carga horária restante para, só então, colar grau e,
posteriormente, realizar novo registro no Conselho Profissional.
Inclusive, a perda do direito de exercer a profissão neste momento, com a revogação
do registro profissional, é um risco de todos os Autores, enquanto não houver uma decisão
judicial superveniente no processo que reforme a sentença que foi proferida. Se houver
comunicação da decisão para demais Conselhos, é possível que se constate que todos estariam
exercendo a profissão irregularmente.
Diante das indagações feitas, desde já, aponto que não entendo por existir direito de
ação ou mandado de segurança em face do CREMESP. Os esforços e atenção devem ser
empreendidos no processo que já está em andamento contra a UNIT, para buscar decisão que
autorize o exercício da profissão.
Outra possibilidade seria, em acordo com a UNIT, realizar uma nova colação de grau,
a fim de que a pendência seja sanada, mas há de se averiguar a disposição do Centro
Universitário Tiradentes para realizar qualquer tipo de acordo com os Autores, uma vez que
possui sentença completamente a seu favor. Aqui, é importante destacar que não existe
nenhuma manifestação da UNIT no processo em momento posterior a sentença. Não existe
nenhum indicativo da UNIT no processo de que não possui interesse no processo ou de que
pretender auxiliar os estudantes de alguma forma.
Concluo, portanto, pelo entendimento jurídico de que a situação enfrentada por
_____________________ de revogação de autorização provisória emitida pelo CREMESP pode
ser solucionada no próprio processo já em andamento, de nº __________________ ou de forma
conciliatória com a ________, hipótese em que não precisaria depender do andamento ou
resultado do processo.
Por fim, cabe ressaltar que a emissão deste parecer apenas indica a situação do
processo e o entendimento jurídico da advogada abaixo assinada, não tendo por objetivo avaliar
a atuação dos advogados que já representam os Autores no processo.
Sendo o que nos cabia para o momento, colocamo-nos à disposição para os
esclarecimentos que se fizerem necessários.

________________________________________
OAB/___________

Você também pode gostar