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Poder Judiciário

Justiça Federal de Primeira Instância da 5ª Região

Seção Judiciária de Sergipe

2a Vara

PROCESSO Nº: 0800682-48.2023.4.05.8500 - MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL


IMPETRANTE: MILENE RODRIGUES MARTINS
ADVOGADO: Aline Souza Prado e outros
IMPETRADO: UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA DO SUL - UFFS
AUTORIDADE COATORA: REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE FRONTEIRA SUL - MARCELO
RECKTENVALD
2ª VARA FEDERAL - SE (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO)

SENTENÇA TIPO "A" (Resolução CJF n. 535/2006)

1. Relatório.

Trata-se de mandado de segurança impetrado por MILENE RODRIGUES MARTINS em face do


REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE FRONTEIRA SUL - MARCELO RECKTENVALD, objetivando a
concessão de liminar, a fim de que o polo passivo seja compelido a desarquivar o
processo administrativo nº 23205.028572/2022-76, com o reconhecimento de que a portaria
nº 10.723 de 19 de dezembro de 2022 extrapola os limites da legalidade, por criar
condição para efetivação da redistribuição não prevista na Lei 8.112/90, seja retomada
a regular tramitação com a consequente remessa à Universidade Federal de Sergipe para
apreciação do pedido de redistribuição nesta instituição de ensino superior, sob pena
de astreintes, tendo em vista o atendimento aos requisitos legais, notadamente fumus
boni iuris e periculum in mora.

Como suporte fático do seu pleito, aduz a impetrante o seguinte:

A impetrante é servidora pública federal, professora do magistério


superior, atualmente lotada no Departamento de Física na
Universidade  Federal de Sergipe, campus Itabaiana, matrícula SIAPE nº
1903934.

A aprovação da impetrante no concurso público de provas e títulos foi


publicada no Diário Oficial da União em 12/06/2022, por intermédio da
portaria nº 593, de 12 de junho de 2022, da Fundação Universidade
Federal de Sergipe. Na ocasião, além da impetrante, foi aprovado outro
candidato.

Ocorre que, por razões de interesse pessoal, a servidora, ora


impetrante, que é natural do Rio Grande do Sul, iniciou um processo de
redistribuição da Universidade Federal de Sergipe para a Universidade
Federal da Fronteira  Sul (UFFS), campus Realeza, localizado em Chapecó,
Santa Catarina, local mais próximo da residência de seus pais e de seu
noivo.

O processo de redistribuição, desse modo, foi cadastrado na Universidade


Federal da Fronteira Sul em 06 de setembro de 2022, instruído da
documentação exigida dos servidores que desejam ser redistribuídos, e
tombado sob o nº 23205.028572/2022-76, conforme documentação em anexo.

Ato contínuo, procedeu-se o encaminhamento do processo de redistribuição


ao campus Realeza, e, depois de serem realizadas as tramitações
pertinentes, o diretor do campus Realeza, o Sr. Marcos Antônio Beal,
manifestou-se de forma favorável à redistribuição, ofertando em
contrapartida à Universidade Federal de Sergipe, o código de vaga nº
0933125, desocupado na universidade de destino.

Ressalte-se que, com o código de vaga desocupado proveniente da


universidade de destino da impetrante, a universidade de origem pode
convocar o segundo colocado do concurso público vigente para a vaga da
servidora redistribuída, conforme relatório extraído do SIAPE em 23 de
novembro de 2022, juntado ao processo de nº 23205.028572/2022-76 às fls.
76.

Frise-se que o processo supramencionado tramitou também pela divisão de


avaliação e carreira (DAC) da Universidade Federal Fronteira Sul, a
qual, depois das análises realizadas, informou, por meio de despacho,
não haver óbice quanto ao prosseguimento do processo e efetivação da
redistribuição, conforme p. 78 do processo administrativo.

Contudo, com a publicação da Portaria SGP/SEDGG/ME nº 10.723, de 19 de


dezembro de 2022, no Diário Oficial da União de 21 de dezembro de 2022,
a documentação anexa ao processo de redistribuição foi reanalisada pelo
DPAM, o qual constatou que a impetrante não apresentou portaria de
aprovação em estágio probatório, exigência que se amolda ao art. 7º, I,
da portaria nº 10.723 do Ministério da Economia já mencionada.

Nessa linha foi a conclusão do parecer nº 06/2023, do DPAM, às fls.


86/88 do processo administrativo, de que, apesar de estar "em
conformidade com os trâmites estabelecidos pela instituição", sugeriu-se
o arquivamento do processo.

Consignou-se, ainda, que "o Processo pode ser reaberto a qualquer


momento, a pedido da servidora interessada ou de alguma instância da
UFFS que queira reanalisá-lo, ou caso apresente-se um cenário favorável
a uma nova avaliação".

Por sua vez, com o encaminhamento do parecer ao reitor da universidade


destino, o Sr. Marcelo Recktenvald, este, conforme o despacho nº
103/2023, acolheu as argumentações do parecer 06/2023, do DPAM, e
determinou o arquivamento do processo de redistribuição da impetrante,
nos seguintes termos:

Considerando que não foram atendidos todos os requisitos exigidos pela


PORTARIA SGP/SEDGG/ME Nº 10.723, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2022, manifesto-me
pelo arquivamento do Processo, o préstimo de informações à servidora
MILENE RODRIGUES MARTINS, acerca dos autos e o seu cadastramento no
banco de dados do DPAM.

Desse modo, a redistribuição da servidora que já havia sido deferida,


conforme parecer nº 30/CONSC-RE/2022 - fls. 68/70 -, decisão nº 52
CONSC-RE/2022 -fls. 71/72 -, e despacho padrão nº 104/2022 - fls. 73/74
-, após o requisito criado pela portaria nº SGP/SEDGG/ME nº 10.723, de
19 de dezembro de 2022, de necessidade de conclusão do estágio
probatório, o processo administrativo nº 23205.028572/2022-76 restou
arquivado.

Diante do exposto, o presente mandamus possui como escopo demonstrar que


há direito líquido e certo da impetrante em ter o seu processo
administrativo de redistribuição desarquivado para que haja sua regular
tramitação com remessa à universidade federal de origem (Universidade
Federal de Sergipe), com o afastamento do ato coator fundado em motivo
inidôneo de vedação de redistribuição em razão da não conclusão do
estágio probatório, imposta por ato normativo infralegal, sem respaldo
na legislação de regência (lei 8112/90), nos termos do entendimento já
respaldado pelo Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial nº
1.582.781 - PR (2016/0032761-5) que já enfrentou os limites do poder
regulamentar.

(grifos no original)

A título de fundamento jurídico, invoca o art. 37 da Lei n. 8.112/1990 e a Portaria n.


10.723/2022 do Ministério da Economia, citando, ainda, julgados que reputa favoráveis à
sua tese.

Ao final, requer:

c) No mérito

c.1) Seja confirmada a tutela de urgência, nos termos já mencionados, em


observância aos princípios da legalidade e supremacia do interesse
público;

c.2) Seja garantida a regular tramitação do processo administrativo de


redistribuição nº23205.028572/2022-76, com o seu desarquivamento e
remessa à universidade federal de Sergipe, em observância aos princípios
da autonomia universitária, da supremacia do interesse público e da
legalidade pela portaria SGP/SEDGG/ME nº 10.723/2022, com o
reconhecimento da ilegalidade gerada pela norma infralegal ter
extrapolado o poder regulamentar.

(grifos no original)

Com a inicial junta procuração e documentos.

Custas processuais pagas, id. 4058500.6694733.

Determinada a emenda da inicial, id. 4058500.6700171, tal providência é atendida, id.


4058500.6703182.

Deferida a liminar, id. 4058500.6708382.

A autoridade apontada como coatora informa o cumprimento da ordem liminar, ids.


4058500.6737804 e 4058500.6737805, e requer a denegação da segurança, id.
4058500.6745519.

O MPF deixa de opinar acerca do mérito do presente writ, id. 4058500.6860062.

2. Fundamentação.

2.1. Da redistribuição de cargo de provimento efetivo de magistério federal.

Os servidores públicos civil da União, das autarquias e das fundações públicas


federais, nos cargos de Magistério Superior, têm seu regime jurídico regido pelas Leis
n. 8.112/1990 e n. 12.772/2012:

Art. 1º Fica estruturado, a partir de 1º de março de 2013, o Plano de


Carreiras e Cargos de Magistério Federal, composto pelas seguintes
Carreiras e cargos:

(...)

§ 5º O regime jurídico dos cargos do Plano de Carreiras e Cargos de


Magistério Federal é o instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
de 1990, observadas as disposições desta Lei. (Lei n. 12.772/2012)

De tais normativos se extrai que, ao entrar em exercício, o servidor público civil


nomeado para cargo de provimento efetivo, em decorrência de aprovação em concurso
público, ficará sujeito a estágio probatório por período de 3 (três) anos, durante o
qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo e,
após aprovação em avaliação especial de desempenho realizada por comissão instituída
para essa finalidade, adquire a estabilidade.

Se tal servidor apresentar desempenho insatisfatório, não será aprovado no estágio


probatório e, então, será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
ocupado.

Alcançada a estabilidade no serviço público, a sua demissão só ocorrerá em face de


sentença judicial transitada em julgado, de processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa e de procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

O deslocamento de cargo de provimento efetivo se dá através da redistribuição. A Lei n.


8.112/1990 fixa:

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo,


ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão
ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do
SIPEC, observados os seguintes preceitos:

I - interesse da administração;

II - equivalência de vencimentos;

III - manutenção da essência das atribuições do cargo;

IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das


atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
profissional;

VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades


institucionais do órgão ou entidade.

§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e


da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos
de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade.

§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato


conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades da
Administração Pública Federal envolvidos.

§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade,


extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o
servidor estável que não for redistribuído será colocado em
disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.

§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponibilidade


poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter
exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
aproveitamento.

A Lei n. 12.772/2012 nada dispõe sobre a redistribuição e, assim, não está condicionada
à estabilidade do servidor, sob pena de incidir eventual ato administrativo em
ilegalidade, como se depreende dos seguintes julgados do eg. TRF5:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. REDISTRIBUIÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO.


ESTÁGIO PROBATÓRIO. EXIGÊNCIA DE CONCLUSÃO. RESTRIÇÃO DE DIREITOS. ATO
INFRALEGAL. IMPOSSIBILIDADE. APELAÇÃO E REMESSA NECESSÁRIA IMPROVIDAS.

1. A sentença apelada concedeu a segurança pleiteada para determinar que


a instituições impetradas não estabeleçam como requisito à
redistribuição da autora para UFS, a aquisição de sua estabilidade.

2. A parte autora, ora apelada, alegou o seguinte: a) é servidora


pública federal, lotada no Instituto Federal do Mato Grosso e ocupante
do cargo de contador; b) conforme relatado na inicial e documentação em
anexo, o Reitor da Universidade Federal de Sergipe solicitou sua
redistribuição, oferecendo em contrapartida um código de vaga para o
mesmo cargo; c) a impetrante concordou com o pedido, sobretudo pelo fato
de seu marido e suas filhas residirem em Aracaju; d) os superiores
hierárquicos da servidora também concordaram, pois, por existir concurso
público válido perante o IFMT, não haveria prejuízo para a autarquia
impetrada; e) contudo, a autoridade coatora negou o pedido de
redistribuição com base no parágrafo único da Resolução do Conselho
Superior do Instituto Federal do Mato Grosso CUNSUP/58/2018, que
estabelece o requisito de estabilidade na forma do art. 41 da CF para a
concessão da redistribuição.

3. No caso em análise, a UFS requereu a redistribuição da impetrante,


disponibilizando código de vaga em contrapartida, mas o IFMT indeferiu o
pedido, sob a justificativa de que a solicitação não atende a exigência
do cumprimento do estágio probatório constante no parágrafo único da
Resolução do Conselho Superior do Instituto Federal do Mato Grosso
CUNSUP/58/2018, tendo em vista que a servidora foi admitida em janeiro
de 2020.

4. Nos termos do art. 37da Lei 8.112/90, redistribuição é o deslocamento


de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro
geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com
prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes
preceitos: I - interesse da administração; II - equivalência de
vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo; IV -
vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das
atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional; VI - compatibilidade entre as atribuições do
cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade. Desse modo,
como bem observado pelo membro do MPF, a Lei 8.112/90 não distingue
servidor estável do em estágio probatório para fins de redistribuição.
5. Destarte, uma vez constatado o interesse público na movimentação da
servidora em questão, é desarrazoado impedir a redistribuição da
impetrante com base em resolução que estabelece requisitos não previstos
na lei de regência, ao diferenciar as condições dos servidores em
estágio probatório dos servidores estáveis, inclusive, considerando que
a IES que vai receber a servidora (UFS) manifestou interesse na referida
transferência para os seus quadros. Precedente: (PROCESSO:
08104506420194058200, APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA, DESEMBARGADOR
FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT, 4ª TURMA, JULGAMENTO: 29/09/2020).

Apelação do IFMT e remessa necessária improvidas.

(PROCESSO: 08047808120204058500, APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA,


DESEMBARGADOR FEDERAL BRUNO LEONARDO CAMARA CARRA, 4ª TURMA, JULGAMENTO:
20/07/2021)

 
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. REDISTRIBUIÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO.
ESTÁGIO PROBATÓRIO. EXIGÊNCIA DE CONCLUSÃO. RESTRIÇÃO DE DIREITOS.
INSTRUÇÃO NORMATIVA 01/2014-UFPB. ATO INFRALEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
APELAÇÕES NÃO PROVIDAS.

1. A sentença recorrida declarou a nulidade do ato administrativo de


exclusão da impetrante - LUANNA LOUYSE MARTINS RODRIGUES - da Chamada
Pública para Redistribuição de Docente do Magistério do Ensino Básico,
Técnico e Tecnológico na Área de Geografia, e determinou sua reinclusão
em primeiro lugar na lista de classificação da referida seleção, com
todos os efeitos subsequentes.

2. A Instrução Normativa nº 012014-UFPB, ao fixar, como requisito para a


redistribuição de cargo público, a conclusão do estágio probatório,
estabelece restrição de direitos não prevista na Lei nº 8.112/90,
desbordando os limites da legalidade e trazendo inovação para o
ordenamento jurídico e não apenas regulamentando as leis já existentes.

3. Os requisitos previstos no inciso V do art. 37 da Lei nº 8.112/90 são


os devem constituir objeto de avaliação no certame voltado à
redistribuição de servidores públicos, o que, provavelmente, foi levado
em consideração na atribuição da pontuação das candidatas, não se
confundindo com a exigência de conclusão do estágio probatório, sendo
certo que, do que consta nos autos, a exclusão da apelada do certame se
deveu única e exclusivamente à não apresentação da documentação
referente à conclusão do estágio probatório e às 3 últimas avaliações de
desempenho, e não ao descumprimento do mencionado dispositivo legal.

4. Precedente desta egrégia Quarta Turma: PROCESSO:


08062152520174058200, AC - Apelação Civel - , DESEMBARGADOR FEDERAL
LAZARO GUIMARÃES, 4ª Turma, JULGAMENTO: 14/06/2019, PUBLICAÇÃO.

5. Apelações improvidas.

(PROCESSO: 08104506420194058200, APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA,


DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT, 4ª TURMA, JULGAMENTO:
29/09/2020)

Por outro lado, o servidor, aprovado em concurso público e efetivado, está submetido às
regras daquele certame, especialmente quanto ao lugar da possível lotação e à "cláusula
de permanência" que preveja o Edital.

2.2. Do caso concreto.

A impetrante foi aprovada no concurso público para provimento de vagas na carreira do


magistério superior, regido pelo Edital n. 4/2022, id. 4058500.6694721, e investida no
cargo de professor efetivo do Departamento de Física/Campus Universitário Prof. Alberto
Carvalho em Itabaiana/SE, id. 4058500.6694724.

Por razões de interesse pessoal, a autora iniciou processo de redistribuição para a


Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Realeza em Chapecó/SC, o qual foi
indeferido pelo Reitor daquela instituição, porque não foram atendidos os requisitos
exigidos pela Portaria SGP/SEDGG/ME nº 10.723, de 19 de dezembro de 2022, id.
4058500.6694725, fl. 90.
A Portaria SGP/SEDGG/ME n. 10.723/2022, id. 4058500.6694726, estabelece, no art. 7º,
inc. II, que o cargo efetivo ocupado somente poderá ser redistribuído se o servidor que
o ocupa tenha cumprido o estágio probatório.

Entretanto, se a lei não estabeleceu nenhuma restrição expressa à remoção de servidor


público em estágio probatório, a Administração não pode impor tal restrição, sob pena
de cometer ilegalidade, razão por que afasto a aplicação do art. 7º, inc. II, da
Portaria SGP/SEDGG/ME n. 10.723/2022.

De sua parte, o Edital n. 4/2022, id. 4058500.6694721, que regeu aquele certame, nada
assentou quanto ao deslocamento dos cargos.

Assim, no que concerne ao mérito, considerando que inexistem fatos supervenientes aptos
a alterar o posicionamento então externado, reitero os fundamentos consignados na
decisão que defere a liminar, id. 4058500.6708382, adotando-os também como razões de
decidir desta sentença:

(...)

No caso concreto, os requisitos legais foram devidamente observados e


demonstrados através da documentação anexada no processo administrativo,
tendo a impetrante parecer favorável a sua redistribuição para a
Universidade Federal da Fronteira Sul, id. 4058500.6694725, fls. 68/71.

Ocorre que, a partir da vigência da Portaria SGP/SEDGG/ME n.


10.723/2022, a redistribuição de cargo efetivo passou a ser vedada para
servidor em estágio probatório, nos termos do art. 7º, inc. I, da
referida norma. Com isso, é efetivada a reanálise da documentação
apresentada, tendo sido constatado que a impetrante não apresentou
Portaria de Aprovação em Estágio Probatório e que a mesma encontra-se em
Estágio Probatório, levando assim ao arquivamento do processo
administrativo.

Pois bem.

Como se vê, a citada norma estabelece restrições quanto à redistribuição


de cargos efetivos, não previstas na lei de regência (Lei n.
8.112/1990).

O novel impedimento quanto à redistribuição de servidor em estágio


probatório o coloca em situação de desvantagem, diferenciando as
condições de participação dos servidores estáveis.

Em casos semelhantes, o eg. TRF5 considerou que uma norma interna de uma
Universidade, ao fixar, como requisito para a redistribuição de cargo
público, a conclusão do estágio probatório, estabelece restrição de
direitos não prevista na Lei n. 8.112/1990, desbordando os limites da
legalidade (08122655820194050000, AG, Desembargador Federal Manoel
Erhardt, 4ª Turma, Julgamento: 13/12/2019, 08062152520174058200, AC,
Desembargador Federal Lazaro Guimarães, 4ª Turma, Julgamento:
14/06/2019).

A ausência de cumprimento de requisito previsto em norma infralegal,


como é o caso dos autos, não pode obstar a pretensão da impetrante de
dar continuidade à análise do seu pedido de redistribuição.

(...)

Nada mais a acrescentar.

3. Dispositivo.

Ante o exposto, concedo a segurança pleiteada, ratificando a decisão liminar de id.


4058500.6708382, para determinar ao impetrado que proceda ao desarquivamento do
processo administrativo de redistribuição, de n. 23205.028572/2022-76, e à retomada de
sua regular tramitação, com a consequente remessa à Universidade Federal de Sergipe
para apreciação do pedido de redistribuição nessa instituição de ensino superior,
afastando-se o óbice apontado.

Como o processo administrativo de redistribuição do cargo ocupado pela impetrante foi


desarquivado, tendo sido deferido o pedido de redistribuição pela autoridade coatora, e
remetido  o processo à Universidade Federal de Sergipe, id. 4058500.6737805, deixo de
determinar diligência para o cumprimento da medida.
Sem custas processuais, pois a impetrada é isenta, devendo restituir a verba antecipada
a esse título pela impetrante.

Sem condenação em honorários advocatícios, com fulcro no art. 25 da Lei n. 12.016/2009.

A sentença está sujeita a reexame necessário, conforme o art. 14, § 1º, da Lei n.
12.016/2009.

Sentença registrada no sistema PJe, dispensada sua publicação em órgão oficial (DO ou
DJe), nos termos do art. 5º, caput, da Lei n. 11.419/2006.

Intimem-se, por meio eletrônico, em portal próprio disponibilizado, com fundamento no


art. 5º, caput, e §§ 1º ao 6º, da Lei n. 11.419/2006.

Aracaju/SE, datado eletronicamente conforme rodapé deste documento.

Assinado eletronicamente

Juiz Federal RONIVON DE ARAGÃO,

Titular da 2ª Vara/SJSE.

(Art. 1º, §2º, inc. III, da Lei n. 11.419/2006)

Processo: 0800682-48.2023.4.05.8500
Assinado eletronicamente por: 23050315305081800000006956882
RONIVON DE ARAGÃO - Magistrado
Data e hora da assinatura: 03/05/2023 16:12:41
Identificador: 4058500.6937787

Para conferência da autenticidade do documento:


https://pje.jfse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam

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