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OAB:66935
1) Fernanda, até o mês de abril de 2020, estava empregada na BRSCAN — Processamento de Dados
e Tecnologia Ltda. Para tanto, eram recolhidas, regularmente, as suas contribuições previdenciárias. O
rompimento do vínculo empregatício se deu em decorrência da pandemia. Com o rompimento, ela
recebeu o seguro-desemprego, pelo período de 05 (cinco) meses. Ocorre que, em março de 2021, fora
acometida pela COVID-19. A doença se deu da forma mais grave e gerou sequelas, aparentemente
irreversíveis. Logo, foi concedido o benefício do auxílio-doença por 02 meses. Como consequência
trazida pela COVID, Fernanda passou a ter a sua capacidade respiratória reduzida. Diante disso, em
07/04/2022, solicitou, novamente, a concessão de Auxílio-Doença. Mas o pedido foi indeferido, ao
argumento de não ter sido comprovada a qualidade de segurada. Da decisão, foi apresentado recurso
administrativo, em 03/08/2022. No entanto, até o momento, Fernanda não recebeu nenhuma resposta
do recurso apresentado. Com este entendimento, fato é que Fernanda fora acometida pela COVID e
vive até hoje as consequências da enfermidade, o que a impede de retornar ao mercado de trabalho.
Mesmo assim, ao realizar o pedido, em 07 de abril de 2022, recebeu a negativa, ao argumento de não
ter sido comprovada a qualidade de segurada. Ademais disso, a Requerente permanece desempregada
até os dias atuais.
Diante dessa situação, Fernanda procurou assessoria jurídica para obter esclarecimentos sobre o que
pode realizar para o recebimento do benefício. Considerando a legislação atual e os princípios
fundamentais do direito, explique quais os direitos da servidora nessa situação. Caso haja algum tipo
de pedido a fazer, deverá ser endereçado a qual órgão/circunscrição judiciária?
R.: Fernanda tem direito ao benefício de Auxílio-Doença, uma vez que a COVID-19 gerou sequelas
incapacitantes para retornar ao mercado de trabalho. Ela apresentou recurso administrativo em tempo
hábil quando seu pedido foi indeferido. Desta forma, a ausência de resposta do órgão competente não
pode prejudicar seu direito.
Além do mais, a alegação de falta de comprovação da qualidade de segurada não merece prosperar,
pois Fernanda já era segurada da Previdência Social quando foi acometida pela COVID-19, visto que
recolhia regularmente as contribuições previdenciárias enquanto trabalhava na BRSCAN.
Vale ressaltar, que conforme disciplina o inc. III, do art. 15 da Lei de Benefícios da Previdência
Social: “Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (…) III – até 12
(doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória
Para melhor compreender, salienta-se que, com “doença de segregação compulsória”, se está dizendo
que o segurado deve ficar isolado da convivência social, devido à alta contaminação da sua
enfermidade.
Portanto, é claro que o caso de pacientes acometidos pela Covid-19 se enquadra no texto legislativo
em análise.
Nesse sentido, a melhor opção no caso concreto para Fernanda seria buscar a concessão do benefício
de Auxílio-Doença por meio de ação judicial, endereçada à Justiça Federal (TRF).
Sem possuir conhecimentos jurídicos aprofundados, Mauro procura o sindicato dos professores para
obter aconselhamento jurídico, bem como indicação de quais passos deverão ser realizados para
solucionar a demanda.
Diante dos fatos, e à luz do entendimento jurisprudencial sobre o tema, disserte sobre a possibilidade
de cobrança por parte do ente público. Sua resposta deverá incluir a análise quanto à decadência,
prescrição, e o correto período a ser analisado.
R.: Para analisarmos a possibilidade de cobrança por parte do ente público é importante primeiro
analisarmos a questão relacionada à decadência e prescrição.
Em relação à decadência, o prazo é de cinco anos para que a Administração Pública possa anular um
ato administrativo, contados a partir da data em que foi praticado o ato. O período em que o senhor
Mauro recebeu a TIDEM foi entre 01/02/2005 e 15/03/2008, e a comunicação de que teria recebido
indevidamente ocorreu em setembro/2018, isto é, mais de cinco anos após o último pagamento da
gratificação. Por isso, a alegação da ocorrência da decadência pode ser uma opção para impedir a
cobrança pelo ente público.
Quanto à prescrição, é necessário avaliar o prazo de prescrição da pretensão do ente público de cobrar
a devolução dos valores. O entendimento jurisprudencial majoritário tem decidido que a prescrição
aplicável é a do artigo 1º do Decreto nº 20.910/32, o qual estabelece o prazo de cinco anos para a
Administração Pública cobrar dívidas não tributárias. Nesse contexto, a contagem do prazo seria a
partir da data em que foi feito o último pagamento indevido, isto é, a partir de 15/03/2008. Por
conseguinte, a pretensão do ente público de cobrar a devolução dos valores estaria prescrita desde
março de 2013.
Assim sendo, não restou alternativa senão o manejo da presente ação judicial, com fito a ampliar a
carga horária da autora das atuais 20h (vinte horas) semanais para 40h (quarenta horas).
A servidora lhe procurou para que em nome da entidade sindical seja proposta ação judicial com o
intuito obter a ampliação almejada, utilizando todas as teses de defesa possíveis. Redija a peça,
indicando apenas o nome das partes na qualificação, sem necessidade de demais dados (endereço,
telefone, e-mail e etc), objetivando o retorno da professora à carga de 40 horas semanais.
OBS: NA PROVA JÁ ESTÃO PRESENTES TODOS AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS
PARA RESOLUÇÃO. QUALQUER QUESTIONAMENTO SERÁ DESCONSIDERADO.
DOS FATOS
DO MÉRITO
O art. 39, III, da Constituição Federal, determina que "a lei assegurará, aos
servidores públicos da administração direta, isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho". Por sua vez, o art. 37, II, da CF, estabelece que
"a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração".
DA LIMINAR
Dessa forma, é possível constatar o fumus boni iuris, uma vez que a autora,
servidora efetiva, tem o direito assegurado pela Constituição Federal, nos artigos 37, II e 39,
III, de ser tratada de forma isonômica em relação aos demais servidores e de ter a jornada de
trabalho ampliada para as 40 horas semanais, conforme previsto no edital do certame público.
Além disso, há indícios de que a negativa do DF em ampliar a carga horária da autora pode
estar baseada em política de contratação de professores temporários, o que violaria o
princípio da segurança jurídica.
DOS PEDIDOS: