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Seleção Resende Mori e Hutchison Advogados Associados Tempo Máximo: 2h e 00 min

Nome:Fabrício de Sousa Sampaio Data:05/05/2023

OAB:66935

1) Fernanda, até o mês de abril de 2020, estava empregada na BRSCAN — Processamento de Dados
e Tecnologia Ltda. Para tanto, eram recolhidas, regularmente, as suas contribuições previdenciárias. O
rompimento do vínculo empregatício se deu em decorrência da pandemia. Com o rompimento, ela
recebeu o seguro-desemprego, pelo período de 05 (cinco) meses. Ocorre que, em março de 2021, fora
acometida pela COVID-19. A doença se deu da forma mais grave e gerou sequelas, aparentemente
irreversíveis. Logo, foi concedido o benefício do auxílio-doença por 02 meses. Como consequência
trazida pela COVID, Fernanda passou a ter a sua capacidade respiratória reduzida. Diante disso, em
07/04/2022, solicitou, novamente, a concessão de Auxílio-Doença. Mas o pedido foi indeferido, ao
argumento de não ter sido comprovada a qualidade de segurada. Da decisão, foi apresentado recurso
administrativo, em 03/08/2022. No entanto, até o momento, Fernanda não recebeu nenhuma resposta
do recurso apresentado. Com este entendimento, fato é que Fernanda fora acometida pela COVID e
vive até hoje as consequências da enfermidade, o que a impede de retornar ao mercado de trabalho.
Mesmo assim, ao realizar o pedido, em 07 de abril de 2022, recebeu a negativa, ao argumento de não
ter sido comprovada a qualidade de segurada. Ademais disso, a Requerente permanece desempregada
até os dias atuais.

Diante dessa situação, Fernanda procurou assessoria jurídica para obter esclarecimentos sobre o que
pode realizar para o recebimento do benefício. Considerando a legislação atual e os princípios
fundamentais do direito, explique quais os direitos da servidora nessa situação. Caso haja algum tipo
de pedido a fazer, deverá ser endereçado a qual órgão/circunscrição judiciária?

R.: Fernanda tem direito ao benefício de Auxílio-Doença, uma vez que a COVID-19 gerou sequelas
incapacitantes para retornar ao mercado de trabalho. Ela apresentou recurso administrativo em tempo
hábil quando seu pedido foi indeferido. Desta forma, a ausência de resposta do órgão competente não
pode prejudicar seu direito.

Além do mais, a alegação de falta de comprovação da qualidade de segurada não merece prosperar,
pois Fernanda já era segurada da Previdência Social quando foi acometida pela COVID-19, visto que
recolhia regularmente as contribuições previdenciárias enquanto trabalhava na BRSCAN.

Vale ressaltar, que conforme disciplina o inc. III, do art. 15 da Lei de Benefícios da Previdência
Social: “Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (…) III – até 12
(doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória

Para melhor compreender, salienta-se que, com “doença de segregação compulsória”, se está dizendo
que o segurado deve ficar isolado da convivência social, devido à alta contaminação da sua
enfermidade.

Portanto, é claro que o caso de pacientes acometidos pela Covid-19 se enquadra no texto legislativo
em análise.

Nesse sentido, a melhor opção no caso concreto para Fernanda seria buscar a concessão do benefício
de Auxílio-Doença por meio de ação judicial, endereçada à Justiça Federal (TRF).

2) Mauro, servidor público admitido em 20/07/1992, ocupa o cargo de professor da Secretaria de


Estado de Educação do DF — SEE/DF com carga horária de 40h semanais. Em razão do trabalho
exercido, durante certo período, recebeu a Gratificação de Regime de Tempo Integral e Dedicação
Exclusiva do Magistério Público — TIDEM. Em setembro/2018, o professor foi comunicado que teria
recebido indevidamente o valor de R$ 67.821,69, a título de TIDEM — percebido no período
compreendido entre 01/02/2005 e 15/03/2008. Cumpre ressaltar que o Termo de Exclusividade foi
assinado somente em 24/10/2007.

Sem possuir conhecimentos jurídicos aprofundados, Mauro procura o sindicato dos professores para
obter aconselhamento jurídico, bem como indicação de quais passos deverão ser realizados para
solucionar a demanda.

Diante dos fatos, e à luz do entendimento jurisprudencial sobre o tema, disserte sobre a possibilidade
de cobrança por parte do ente público. Sua resposta deverá incluir a análise quanto à decadência,
prescrição, e o correto período a ser analisado.

R.: Para analisarmos a possibilidade de cobrança por parte do ente público é importante primeiro
analisarmos a questão relacionada à decadência e prescrição.
Em relação à decadência, o prazo é de cinco anos para que a Administração Pública possa anular um
ato administrativo, contados a partir da data em que foi praticado o ato. O período em que o senhor
Mauro recebeu a TIDEM foi entre 01/02/2005 e 15/03/2008, e a comunicação de que teria recebido
indevidamente ocorreu em setembro/2018, isto é, mais de cinco anos após o último pagamento da
gratificação. Por isso, a alegação da ocorrência da decadência pode ser uma opção para impedir a
cobrança pelo ente público.

Quanto à prescrição, é necessário avaliar o prazo de prescrição da pretensão do ente público de cobrar
a devolução dos valores. O entendimento jurisprudencial majoritário tem decidido que a prescrição
aplicável é a do artigo 1º do Decreto nº 20.910/32, o qual estabelece o prazo de cinco anos para a
Administração Pública cobrar dívidas não tributárias. Nesse contexto, a contagem do prazo seria a
partir da data em que foi feito o último pagamento indevido, isto é, a partir de 15/03/2008. Por
conseguinte, a pretensão do ente público de cobrar a devolução dos valores estaria prescrita desde
março de 2013.

3) A autora é servidora pública efetiva, ocupante do cargo de Professora de Educação Básica da


Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal-SEE/DF, com admissão em 04/06/2012, sob a
matrícula n.º 219.347-7 e regime de 40 horas semanais. Em 14/09/2014, por motivos pontuais e de
caráter provisório, requereu, tendo sido deferida, a redução para 20 horas semanais, sendo esse o
regime de trabalho desde então. Sucede que nos anos de 2020, 2021 e 2022 solicitou, em cada um dos
referidos períodos, a ampliação da carga horária para as 40 horas semanais que logrou êxito
inicialmente no certame público, contudo, sem justa razão, o DF vem negando o direito da professora.
Como última tentativa de solucionar o caso na seara administrativa, a autora questionou à SEE/DF a
quantidade de vagas ocupadas por professores temporários de Atividades na Coordenação Regional
de Ensino do Plano Piloto desde 2016, porquanto vislumbrava estar sendo preterida enquanto
servidora efetiva por uma política do órgão de fazer contratações temporárias. A resposta da
Secretaria elucida as dúvidas da autora, haja vista que apresenta carências ocupadas desde 2020 por
professores temporários.

Assim sendo, não restou alternativa senão o manejo da presente ação judicial, com fito a ampliar a
carga horária da autora das atuais 20h (vinte horas) semanais para 40h (quarenta horas).

A servidora lhe procurou para que em nome da entidade sindical seja proposta ação judicial com o
intuito obter a ampliação almejada, utilizando todas as teses de defesa possíveis. Redija a peça,
indicando apenas o nome das partes na qualificação, sem necessidade de demais dados (endereço,
telefone, e-mail e etc), objetivando o retorno da professora à carga de 40 horas semanais.
OBS: NA PROVA JÁ ESTÃO PRESENTES TODOS AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS
PARA RESOLUÇÃO. QUALQUER QUESTIONAMENTO SERÁ DESCONSIDERADO.

EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA DA FAZENDA


PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL

AUTORA (QUALIFICAÇÃO), por intermédio de seu advogado, vem, respeitosamente,


perante vossa excelência, ajuizar:

AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO LIMINAR.

RÉU (QUALIFICAÇÃO), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

DOS FATOS

A autora é servidora pública efetiva, ocupante do cargo de Professora de


Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal-SEE/DF, com
admissão em 04/06/2012, sob a matrícula n.º 219.347-7 e regime de 40 horas semanais. Em
14/09/2014, por motivos pontuais e de caráter provisório, requereu, tendo sido deferida, a
redução para 20 horas semanais, sendo esse o regime de trabalho desde então. Sucede que
nos anos de 2020, 2021 e 2022 solicitou, em cada um dos referidos períodos, a ampliação da
carga horária para as 40 horas semanais que logrou êxito inicialmente no certame público,
contudo, sem justa razão, o DF vem negando o direito da professora.

Como última tentativa de solucionar o caso na seara administrativa, a autora


questionou à SEE/DF a quantidade de vagas ocupadas por professores temporários de
Atividades na Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto desde 2016, porquanto
vislumbrava estar sendo preterida enquanto servidora efetiva por uma política do órgão de
fazer contratações temporárias. A resposta da Secretaria elucida as dúvidas da autora, haja
vista que apresenta carências ocupadas desde 2020 por professores temporários.
Assim sendo, não restou alternativa senão o manejo da presente ação judicial,
com fito a ampliar a carga horária da autora das atuais 20h (vinte horas) semanais para 40h
(quarenta horas).

DO MÉRITO

A questão central da presente demanda diz respeito à ampliação da carga


horária da autora, servidora pública efetiva ocupante do cargo de Professora de Educação
Básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE/DF), de 20 horas para
40 horas semanais.

O art. 39, III, da Constituição Federal, determina que "a lei assegurará, aos
servidores públicos da administração direta, isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho". Por sua vez, o art. 37, II, da CF, estabelece que
"a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração".

A ampliação da carga horária da autora, devidamente aprovada em concurso


público e ocupante de cargo efetivo, não pode ser negada sem que haja um motivo plausível e
amparado pelo ordenamento jurídico. O princípio da legalidade, previsto no art. 5º, II, da
Constituição Federal, estabelece que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei", garantindo, portanto, que todas as ações da
administração pública estejam previstas em lei.

Além disso, a negativa da ampliação da carga horária da autora, sem


justificativa plausível, viola o princípio da segurança jurídica, previsto no art. 5º, caput, da
Constituição Federal. Este princípio estabelece que a ordem jurídica deve ser estável e
previsível, garantindo aos cidadãos a confiança na administração pública e a certeza de que
seus direitos serão respeitados.
Desta forma, é inadmissível que a administração pública negue a ampliação da
carga horária da autora sem uma justificativa plausível e amparada pelo ordenamento
jurídico. A ampliação da carga horária está de acordo com os princípios da isonomia salarial
e da valorização do servidor público, garantindo à autora melhores condições de trabalho e
remuneração condizente com a sua qualificação e desempenho.

Diante do exposto, requer-se a procedência da presente demanda, para que seja


determinada a ampliação da carga horária da autora de 20 horas para 40 horas semanais, com
a consequente alteração da sua remuneração e demais vantagens pecuniárias, em
conformidade com a legislação aplicável e os princípios da legalidade e segurança jurídica.

DA LIMINAR

Na situação em questão, é fundamental antecipar os efeitos da tutela, uma vez


que os requisitos necessários do (a) fumus boni iuris estão presentes, fundamentados pela
verossimilhança da argumentação trazida até o momento no processo e do (b) periculum in
mora, já que o Sindicato Autor vem sofrendo ataques em sua base sindical há mais de um
ano, cuja reparação é difícil e incerta.

Com base nos fatos narrados na inicial e considerando a urgência da situação,


requer-se a concessão de liminar, nos termos do art. 300 do Código de Processo Civil, para
que a autora seja imediatamente reconduzida à carga horária de 40 horas semanais, até o
julgamento final da presente demanda.

A presente liminar se justifica pelo fato de que a redução da carga horária da


autora tem causado graves prejuízos à sua remuneração, bem como à sua carreira
profissional, sendo que a negativa da Administração em atender ao pedido da autora se
mostra ilegal e viola os princípios constitucionais da legalidade e da segurança jurídica.

Ademais, considerando que a autora, em sua última tentativa de solucionar o


caso na seara administrativa, questionou à SEE/DF a quantidade de vagas ocupadas por
professores temporários de Atividades na Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto
desde 2016, porquanto vislumbrava estar sendo preterida enquanto servidora efetiva por uma
política do órgão de fazer contratações temporárias, e que a resposta da Secretaria elucida as
dúvidas da autora, haja vista que apresenta carências ocupadas desde 2020 por professores
temporários.

Dessa forma, é possível constatar o fumus boni iuris, uma vez que a autora,
servidora efetiva, tem o direito assegurado pela Constituição Federal, nos artigos 37, II e 39,
III, de ser tratada de forma isonômica em relação aos demais servidores e de ter a jornada de
trabalho ampliada para as 40 horas semanais, conforme previsto no edital do certame público.
Além disso, há indícios de que a negativa do DF em ampliar a carga horária da autora pode
estar baseada em política de contratação de professores temporários, o que violaria o
princípio da segurança jurídica.

Por outro lado, é possível vislumbrar a presença do periculum in mora, tendo


em vista que a autora vem sofrendo prejuízos em sua vida pessoal e financeira em razão da
redução de sua carga horária de trabalho, tendo inclusive requerido a ampliação em três
oportunidades, sem sucesso

Diante do exposto, requer a concessão de liminar para que seja determinado ao


DF que amplie a carga horária de trabalho da autora para 40 horas semanais, sob pena de
multa diária, até o julgamento definitivo da ação.

DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer-se:

1) Que notifique a Requerente, para que, caso queira, apresente


contestação, sob pena de incidir em revelia quanto a matéria fática;

2) liminarmente, a ampliação da carga horária de 20hr semanais para


40 hr;

3) No mérito, A procedência da presente ação para que seja garantida


a ampliação da carga horária da Autora das atuais 20h (vinte horas)
semanais para 40h (quarenta horas), conforme pleiteado
administrativamente e negado sem justificativa plausível pelo Réu;

3) A condenação do Réu ao pagamento de custas e honorários


advocatícios, em percentual não inferior a 15% (quinze por cento)
sobre o valor total da condenação

Dá-se à causa o valor de R$ [valor da causa]

Nestes termos, pede deferimento.


Brasília, 05 de maio de 2023.

Fabrício de Sousa Sampaio


OAB/DF 66.935

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