Justiça Federal da 3ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/03/2023

Número: 5000568-12.2023.4.03.6108
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Gabinete JEF de Bauru
Última distribuição : 14/03/2023
Valor da causa: R$ 21.884,88
Assuntos: Prestação de Serviços, DIREITO À EDUCAÇÃO
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RAQUEL DE OLIVEIRA MIRANDA RODRIGUES (AUTOR) CIDERLEI HONORIO DOS SANTOS (ADVOGADO)
ASSOCIACAO RANIERI DE EDUCACAO E CULTURA LTDA
(REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
27691 28/02/2023 18:32 Petição inicial Petição inicial
5242
 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA
FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BAURU / SP.

RAQUEL DE OLIVEIRA MIRANDA RODRIGUES, brasileira,

casada, desempregada, portadora do CPF sob nº. 371.319.088-78 e do RG nº.
42.800.219-5 SSP/SP, residente e domiciliada na Rua Professor Isaac Portal
Roldan, 6-61, Jd. Ouro Verde, Bauru / SP, CEP: 17056-034, por intermédio de
seu advogado infra-assinado, com escritório na Rua Nilo Peçanha, 4-7, Vila
Souto, Bauru / SP, CEP 17051-130, e-mail: honorio.advocacia@hotmail.com
vem, muito respeitosamente, perante Vossa Excelência ajuizar:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA

ANTECIPADA

Em face de ASSOCIAÇÃO RANIERI DE EDUCAÇÃO E

CULTURA LTDA, DENOMINADA FIB – FACULDADES INTEGRADAS DE
BAURU, sob o CNPJ nº 59.998.849/0001-49, localizada na Av. Caio Marcio
Ranieri Colombo, quadra 1, Quinta Ranieri, Bauru / SP, 17055-836, pelos fatos
e fundamentos a seguir expostos:

I – DOS FATOS E DOS FUNDAMENTO JURÍDICOS

A autora ingressou na Faculdade requerida para cursar

Bacharelado em Psicologia, tendo realizado o curso e colado em dezembro de
2019, com a emissão de seu certificado de colação de grau realizada em 26 de
fevereiro de 2020.

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 Em virtude de desemprego, seu e de seu marido, a autora não
conseguiu quitar todas as mensalidades do curso e, por isso, pleiteou um acordo
com a requerida FIB, no entanto, as tentativas de acordo não prosseguiam
devido às exigências da requerida as quais a autora não podia cumprir.

Em de tal débito a requerida tem segurado o diploma da autora e,

sempre que é cobrada para fazer a entrega, apresenta evasivas e lembra a
autora que existe um débito em aberto. Isso vem acontecendo desde 2021.

A autora recebeu algumas propostas de trabalho, no entanto, não

consegue trabalhar na área, pois, é exigido o diploma, o que tem levado a autora
a não trabalhar em sua área de formação.

Desde que se graduou a autora trabalhou em trabalhos informais,

fora de sua área de formação, seu último emprego com registro em carteira
ocorreu entre 13/07/2022 e 29/11/2022, onde exercia a função de Alimentador
de Linha de Produção, conforme faz prova CTPS juntada.

Tal situação foi assim pelo fato de a autora não ter em mãos o seu
diploma para apresentar no ato das seleções que participou.

A derradeira tentativa da autora de obter seu diploma deu-se em

dezembro de 2022 quando, novamente, entrou em contato com a requerida FIB
e esta lhe disse que não poderia fornecer informações sobre o seu diploma uma
vez que, seu diploma, estava retido junto à RM Assessoria (empresa que, a
serviço da FIB, faz a cobrança dos alunos inadimplentes).

Em 19 de dezembro de 2022 a autora, ao fazer contato com a RM

Assessoria, obteve a informação de que deveria preencher um formulário
solicitando a retirada do diploma, sendo assim, em 21/12/2022 a autora enviou
o formulário devidamente preenchido, acompanhado de outros documentos
necessários para a solicitação e, na ocasião, perguntou o prazo para a retirada
do diploma, sendo-lhe informado que o prazo seria até de 30 dias.

Todas as tratativas se deram pelo aplicativo de mensagem

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 WhatsApp, e estão juntadas ao presente feito.

Vencido o prazo de 30 dias, novamente entrou em contato com a

RM Assessoria, porém, não teve retorno aos contatos que realizou nas datas de
24/01/ 2023, 26/01/2023 e 02/02/2023.

Em 03/02/2023, após conseguir uma resposta da RM Assessoria

foi informada de que seria solicitado o levantamento do valor da dívida e que a
RM Assessoria entraria em contato para dar um retorno, ao perguntar sobre o
diploma, não teve uma resposta.

Dia 06/02/2023 a requerente cobrou novamente o diploma,

informando a RM Assessoria que o prazo de 30 dias já havia passado e que
precisava do diploma para trabalhar, porém, insistiram em ignorar o pleito da
autora.

No dia 08/02/2023 a autora, novamente, perguntou sobre seu

diploma e qual seria o prazo para o acordo de parcelamento das mensalidades
em aberto. A RM Assessoria, novamente, não respondeu sobre as questões do
diploma, respondendo apenas sobre o parcelamento da dívida.

Assim, diante da recusa ilegal e arbitrária da requerida em liberar

para a autora seu diploma, resta à requerente, como recurso último, se socorrer
do Poder Judiciário para ver o seu direito tutelado.

O procedimento adotado pela requerida é ilegal, pois, o artigo 6º da

Lei nº 9.870, estabelece:

Art. 6º São proibidas a suspensão de provas escolares, a

retenção de documentos escolares ou a aplicação de quaisquer
outras penalidades pedagógicas por motivo de inadimplemento,
sujeitando-se o contratante, no que couber, às sanções legais e
administrativas, compatíveis com o Código de Defesa do
Consumidor, e com os arts. 177 e 1.092 do Código Civil
Brasileiro, caso a inadimplência perdure por mais de noventa
dias.

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 O inadimplemento de qualquer obrigação contratual por parte do
aluno gera, para a Faculdade, o direito de pleitear, na esfera própria, o
recebimento de seu crédito, mas jamais poderá se valer do exercício arbitrário
das próprias razões, usando o diploma como meio para coagir o aluno a fazer
acordo financeiro ou outra tratativa de cunho financeiro com ela, Faculdade.

II – DA TUTELA ANTECIPADA

Conforme dispõe o artigo 300 do CPC os requisitos para a

concessão da tutela antecipada são: a probabilidade do direito e o perigo de
dano.

No caso dos autos a autora concluiu a sua faculdade tendo sido

aprovada e, inclusive, recebeu a certidão de colação de grau, documento este
que acompanha a presente demanda. Logo, faz jus ao recebimento de seu
diploma. Assim, estamos diante da probabilidade do direito reivindicado, nestes
autos, pela autora.

Por outro lado, a espera do provimento jurisdicional final tem o

potencial imenso de gerar dano para a autora, uma vez que, enquanto não dispor
de seu diploma em mãos, não poderá prestar concurso ou assumir qualquer
trabalho na iniciativa provada na sua área de formação.

Eis, portanto, presente ambos os requisitos que autorizam ao

magistrado conceder a tutela antecipada à autora, a fim de determinar que a FIB
entregue, no prazo de 05 (cinco) dias, o diploma para a autora, fixando-se multa
diária em caso de descumprimento.

III- DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer:

1) A concessão da gratuidade da justiça à autora, visto que a

mesma é hipossuficiente financeiramente e não pode arcar com as custas do
processo sem prejuízo de seu próprio sustento.

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 2) A autora declara não ter interesse na Audiência de Conciliação,
conforme o disposto no art. 319, VII do CPC.

3) A citação da requerida, por oficial de justiça, no endereço

acima mencionado.

4) A CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA determinando que

a FIB entregue, no prazo de 05 (cinco) dias, o diploma devido à autora pela sua
conclusão do curso de Bacharelado em Psicologia, fixando-se multa diária em
caso de descumprimento.

5) Ao final, requer sejam os pedidos julgados procedentes com

o fim de condenar a Requerida à obrigação de fazer consistente na entrega do
diploma devido à autora pela sua conclusão do curso de Bacharelado em
Psicologia, fixando-se multa diária em caso de descumprimento.

6) A produção de todos os meios de provas em direito admitidos,

especialmente prova pericial, testemunhal, depoimento dos requeridos e outras
que se fizerem necessárias.

7) Condenar os requeridos ao pagamento das custas e honorários

advocatícios sucumbenciais.

8) Que toda intimação seja feita em nome do Advogado Ciderlei

Honório dos Santos, OAB/SP 238.972, sob pena de nulidade.

Dá a causa o valor de R$ 21.884,88 (vinte e um mil oitocentos e

oitenta e quatro reais e oitenta e oito centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Bauru, 28 de fevereiro de 2023.

Ciderlei Honório dos Santos

OAB/SP 238.972

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