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SENHORES (AS) MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DO CONCURSO PARA

PROVIMENTO DO CARGO DE PROFESSOR DA CARRREIRA DO MAGISTÉRIO


SUPERIOR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – UEPA – EDITAL N.º
068/2023

THOMAZ XAVIER CARNEIRO, brasileiro, solteiro, RG n.º 5022540/SSP/PA, residente e


domiciliado nesta cidade, vem, com fundamento no art. 5º, LV da Constituição Federal e art. 56,
§1º da Lei Federal 9.784/99 (Lei Geral de Processo Administrativo) e o item 13 do Edital n.º
068/2023, APRESENTAR RECURSO referente a decisão de não homologação de inscrição
no certame em epigrafe, nos seguintes termos:

OS FATOS
O recorrente efetivou sua inscrição para o concurso em tela, tendo conhecimento, em
28/10/2023, que seu nome fora excluído da listagem de candidatos com a inscrição homologada,
em face de “documentação incompleta” com o fundamento de que “O candidato apresentou
certidão de antecedentes criminais da justiça estadual fora da validade de 90 dias.
Documentou venceu em 10/04/2022”, conforme consta no resultado preliminar de
homologação da inscrição e convocação para a prova escrita publicada no site da UEPA.

Assim, inconformado com a referida decisão, o requerente vem, tempestivamente, no


prazo de 48 horas úteis, após divulgação do resultado, apresentar as razões de seu recurso.

MÉRITO

Em todos concursos públicos e processos seletivos, alguns documentos precisam ser


exigidos no ato da inscrição, como o número do documento de identidade, para servir à
identificação do candidato e organização do certame.

Outros documentos devem ser cobrados na fase final do certame, a exemplo dos
concursos para cargos da administração pública que, em regra geral, são exigidos somente após
a nomeação para fins de posse no cargo público que o interessado foi aprovado.

Assim, toda exigência documental em concursos públicos deve ser realizada sob o
prisma da lógica, ou seja, deve existir uma justificativa necessária para que se faça tal exigência,
antes da realização das provas de conhecimentos dos candidatos.

Com efeito, exigências despropositadas devem ser consideradas nulas, por afrontarem
o direito brasileiro, especialmente o Princípio da Razoabilidade e o do Livre Acesso aos Cargos
Públicos, se caracterizando como mera discriminação fortuita.
Desta forma, o diploma no curso superior, por exemplo, somente pode ser exigido na
data da posse. Inclusive, após muitas ações judiciais sobre essa questão, o STJ editou uma
súmula que deixa claro. Súmula 266: O diploma ou habilitação legal para o exercício do
cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.

O mesmo entendimento deve ser aplicado no caso do recorrente, uma vez que não faz
qualquer sentido exigir a certidão de antecedentes criminais na fase inicial do concurso.

Ademais, por ser um documento disponibilizado no site do Tribunal de Justiça do


Pará, considerando que o recorrente apresentou no prazo do edital a certidão exigida
instrumento convocatório, caberia a comissão notificar o candidato THOMAZ XAVIER
CARNEIRO apresentar certidão atualizada ou até mesmo os próprios membros da comissão
emitir o referido documento no site do TJPA, considerando que o acesso a tal informação é de
natureza pública.
Nessa lógica, a posição da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é taxativa
quanto à violação dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade em situações similares a
ora recorrida.

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO.


APRESENTAÇÃO DA CERTIDÃO NEGATIVA DA JUSTIÇA MILITAR. ACÓRDÃO DA
CORTE DE ORIGEM QUE RECONHECEU SER INDEVIDA A ELIMINAÇÃO DO
CANDIDATO POR SE TRATAR DE DOCUMENTO DE FÁCIL OBTENÇÃO,
DISPONÍVEL NO SITE DO STM. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DA MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA. AGRAVO INTERNO DA UNIÃO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Concluindo a Corte de Origem que a certidão negativa da Justiça
Militar, por se tratar de documento de fácil obtenção, disponível no site do STM, e
considerando que a ora recorrida comprovou seus bons antecedentes, é desproporcional a
decisão de excluir o candidato, descabe rever tal entendimento na via estreita do Apelo
Especial, por demandar a incursão no acervo fático-probatório dos autos. 2. Ademais, não há
que se falar em violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, mas sim
na utilização dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade para fazer efetivação à
garantia do ora Recorrida a participação na próxima etapa do concurso. 3. Agravo
Interno do União a que se nega provimento.
(STJ - AgInt no REsp: 1661860 PE 2017/0061417-2, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, Data de Julgamento: 15/05/2018, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 24/05/2018)

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. OUTORGA DE


DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS. CANDIDATO APROVADO
NAS FASES OBJETIVA E SUBJETIVA. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO EXIGIDO
NO EDITAL. CERTIDÃO NEGATIVA DE DISTRIBUIÇÃO NA JUSTIÇA FEDERAL DE
PRIMEIRA INSTÂNCIA. APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO EMITIDA PELO TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA 1a. REGIÃO. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DA
CERTIDÃO NO MOMENTO POSTERIOR. RECURSO PROVIDO. 1. In casu, o candidato,
regularmente aprovado nas fases objetiva e subjetiva para o concurso de Outorga de
Delegações de Serviços de Notas e de Registros, por equívoco, apresentou certidão
negativa emitida pelo Tribunal Regional Federal da 1a. Região, enquanto as certidões
exigidas seriam da Justiça Federal de Primeira Instância. 2. Não se desconhece que o
Edital é a lei do concurso, que deve estabelecer normas garantidoras do tratamento
isonômico e impor a igualdade de condições para o ingresso no serviço público. 3.
Entretanto, não se considera razoável a exclusão do candidato do certame, em virtude de
um equívoco, totalmente desculpável, uma vez que é inteiramente admissível a
apresentação da referida certidão negativa em momento posterior, qual seja, na data da
nomeação ou até mesmo da posse. 4. Ressalte-se, em apoio a tese expendida, que o
entendimento desta Corte Superior é de que, até mesmo a exigência de diploma ou habilitação
legal para o exercício de cargo público, somente pode ser feita na data da posse - inteligência da
Súmula 266/STJ. 5. Recurso em Mandado se Segurança a que se dá provimento.

(STJ - RMS: 39265 MA 2012/0208844-8, Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de


Julgamento: 18/12/2014, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/02/2015)

Com efeito, conforme as decisões judiciais acima transcritas que tratam de casos
similares ao ora recorrido, não é razoável exigir, sem qualquer justificativa, na fase inicial do
concurso público, documentos que podem ser apresentados pelos candidatos na fase final dos
certames, sendo desproporcional excluir os interessados por esse fato.

Ademais, por se tratar de uma inconsistência meramente formal, poderia a


comissão do concurso notificar o candidato para apresentar a certidão com data de valida atual
ou até mesmo emitir uma nova certidão no site do TJPA

A decisão ora recorrida, se mantida, o que não se acredita, além violar os princípios
da proporcionalidade e razoabilidade, restringe a competição nos concursos, ferindo também o
disposto no §1º do art. 3º da Lei de Licitações.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, requer:

Que essa honrada Banca Examinadora acate o presente recurso, homologando a


inscrição do recorrente, permitindo que o mesmo exerça o direito de participar do certame, sob
pena do requerente ingressar com o a competente ação judicial para assegurar o seu pleno
direito, o que lamentavelmente trará prejuízos ao andamento do concurso, o que não se deseja;

Belém/Pa, 29 de agosto de 2023

THOMAZ XAVIER CARNEIRO

Requerente

WANDERLEI Assinado de forma digital


por WANDERLEI MARTINS
MARTINS LADISLAU
Dados: 2023.08.29 21:33:26
LADISLAU -03'00'

WANDERLEI MARTINS LADISLAU

OAB/PA 7.542

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