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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

03/07/2023

Número: 0803306-69.2021.8.15.0371
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 3ª Câmara Cível
Órgão julgador: Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque
Última distribuição : 15/02/2023
Valor da causa: R$ 5.000,00
Processo referência: 0803306-69.2021.8.15.0371
Assuntos: Prazo de Validade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PASCALLE DE SOUSA ROCHA (APELANTE) ALCIR BARROS DA SILVA (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE SOUSA (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
22286 29/06/2023 21:20 Acórdão Acórdão
926
Processo nº: 0803306-69.2021.8.15.0371
Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198)
Assuntos: [Prazo de Validade]
APELANTE: PASCALLE DE SOUSA ROCHA - Advogado do(a) APELANTE: ALCIR BARROS DA
SILVA - PB10289-A
APELADO: MUNICIPIO DE SOUSAREPRESENTANTE: MUNICIPIO DE SOUSA

EMENTA: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL.


CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE
PROFESSOR DO ESTADO DA PARAÍBA.
APROVAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS
OFERTADAS. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À
NOMEAÇÃO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA.
INEXISTÊNCIA DE CARGOS VAGOS. PRETERIÇÃO
NÃO CONFIGURADA. DESPROVIMENTO DO
APELO. - Os candidatos aprovados em concurso público,
no qual se classificam para além das vagas oferecidas no
instrumento convocatório, possuem mera expectativa de
direito à nomeação. - A paralela contratação de servidores
temporários, ou ainda, o emprego de servidores
comissionados, terceirizados ou estagiários, só por si, não
caracterizam preterição na convocação e nomeação do
promovente ou autorizam a conclusão de que tenham
automaticamente surgido vagas correlatas no quadro
efetivo, a ensejar o chamamento de candidatos aprovados
em cadastro de reserva ou fora do número de vagas
previstas no edital condutor do certame.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados.

Acordam os desembargadores da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça, por


unanimidade, em negar provimento ao apelo.

RELATÓRIO

Assinado eletronicamente por: MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE - 29/06/2023 21:20:05 Num. 22286926 - Pág. 1
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23062921200465700000022288033
Número do documento: 23062921200465700000022288033
Trata-se de apelação interposta por Pascalle de Sousa Rocha hostilizando a sentença proferida
pelo Juízo da 5ª Vara Mista da Comarca de Sousa, nos autos da Ação de Obrigação de Fazer ajuizada pela
ora apelante, contra o Município de Sousa, ora apelado.

Do histórico processual, verifica-se que a promovente ajuizou a presente demanda alegando, em


síntese, que realizou concurso público para o cargo de Enfermeiro do Município de Sousa, regulado pelo
Edital nº. 001/2014, destinado a selecionar candidatos para provimento de 04 (quatro) vagas para ampla
concorrência e 01 (uma) vaga para portadores de necessidades especiais, tendo sido classificada na 41ª
(quadragésima primeira) colocação.

Com o objetivo de subsidiar seu pleito, alegou a existência de cargos vagos e apontou a
realização de contratações feitas pela edilidade, de forma precária, ilegal e sem concurso, para o mesmo
cargo pretendido, o que estaria a caracterizar a preterição dos candidatos aprovados no certame.

Na sentença (ID nº. 19869191), o Magistrado a quo julgou improcedente o pedido inicial, sob o
fundamento de que não foi comprovada a vacância dos cargos e o surgimento de novas vagas e que a
contratação temporária de servidores não alteraria o número de cargos existentes.

Por consequência, condenou a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa.

Insatisfeita, a promovente interpôs apelação, sustentando a necessidade de anulação da sentença,


sob o argumento de que esta incorreu em erro in procedendo, em razão da ausência de deliberação acerca
da citação dos litisconsortes necessários, em que se comprovaria que muitos não mostrariam interesse em
participar da lide e que tais vagas alcançariam a apelante.

Asseverou pela demonstração nos autos da existência de servidores nomeados a título precário
ocupando as vagas destinadas aos aprovados em concurso público.

Por fim, requereu o provimento do apelo, para reformar a sentença em sua totalidade.

Contrarrazões ofertadas pelo Município de Sousa (ID nº. 19869200).

A Procuradoria de Justiça emitiu parecer (ID nº. 20713949), opinando pelo desprovimento do
recurso.

É o relatório.

VOTO

Ao compulsar os autos, verificado a presença dos pressupostos exigidos para a admissibilidade,


conheço do presente recurso.

Inicialmente, não merece guarida a alegação de nulidade da sentença ante a ausência de


deliberação acerca da citação dos litisconsortes necessários, uma vez que a jurisprudência possui
entendimento pacificado no sentido da desnecessidade de formação desse litisconsórcio, visto que os
demais concorrentes só dispõem de mera expectativa de direito.

Nesse sentido os julgados:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
CONCURSO PÚBLICO. PRETERIÇÃO. FORMAÇÃO DE

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Número do documento: 23062921200465700000022288033
LITISCONSORTE PASSIVO. DESNECESSIDADE. PARECER
DO MPF PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO. AGRAVO
INTERNO DO ESTADO DO PIAUÍ A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. O acórdão combatido revela que o
entendimento adotado pelo Tribunal de origem se alinha à diretriz
desta Corte Superior de que é dispensável a citação dos demais
concursados como litisconsortes necessários, porquanto os
candidatos, mesmo aprovados, não titularizariam direito líquido e
certo à nomeação, mas tão somente expectativa de direito, não se
aplicando o disposto no artigo 47 do CPC/1973, atual 114 do
Código Fux. Precedentes: AgInt no REsp. 1.747.897/PI, Rel. Min.
HERMAN BENJAMIN, DJe 11.3.2019; AgInt na PET no RMS
45.477/AP, Rel. Min. GURGEL DE FARIA, DJe 8.8.2018. 2. Por
fim, não merece acolhimento a alegação de que os Servidores
temporários cujas contratações foram apontadas como ilegais
deveriam ter sido citados para compor a lide como litisconsortes
necessários, uma vez que a vaga a ser preenchida em decorrência
de aprovação em concurso público não se confunde com aquela
decorrente da contratação temporária, revelando-se dispensável a
citação destes para comporem a lide. 3. Agravo Interno do
ESTADO DO PIAUÍ a que se nega provimento. (AgInt no AREsp
1352369/PI, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 14.10.2019, DJe 21.10.2019)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO


PÚBLICO. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO.
DESNECESSIDADE. EFEITO SUSPENSIVO. FUMUS BONI
IURIS. AUSÊNCIA.1. Consoante o entendimento desta Corte, em
regra, é dispensável a formação de litisconsórcio passivo
necessário entre candidatos participantes de concurso público,
tendo em vista que estes têm apenas expectativa de direito à
nomeação. 2. Quando um candidato questiona em juízo a sua não
nomeação em concurso público, a relação jurídica processual é
estabelecida somente entre ele e a Administração Pública, já que
os demais candidatos serão alcançados apenas reflexamente pela
decisão a ser proferida. 3. No STJ, é cabível o deferimento de
pedido de urgência para a atribuição de efeito suspensivo a
recurso desde que exista a satisfação simultânea de dois requisitos,
quais sejam, a verossimilhança das alegações - fumus boni iuris -,
consubstanciada na elevada probabilidade de êxito do recurso
interposto ou da ação, e o perigo de lesão grave e de difícil
reparação ao direito da parte - periculum in mora. 4. Hipótese em
que, diante do indeferimento do ingresso dos ora agravantes no
feito na condição de litisconsortes passivos necessários, não se
observa a elevada probabilidade de êxito dos embargos de
declaração por eles opostos, ficando afastado o fumus boni iuris.
5. Agravo interno desprovido. (AgInt na PET no RMS 45.477/AP,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 26.06.2018, DJe 08.08.2018)

Assim, não há que se falar em necessidade de citação dos demais candidatos do concurso.

No que concerne ao mérito, o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que os


candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital ou em concurso para cadastro de
reserva não possuem direito líquido e certo à nomeação, mesmo que novas vagas surjam no período de

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validade do concurso – por criação de lei ou por força de vacância -, cujo preenchimento está sujeito a
juízo de conveniência e oportunidade da Administração.

Nesse mesmo sentido, veja-se:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO.
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI
COMPLEMENTAR ESTADUAL 100/2007 PELO STF (ADI.
4.876/DF). ALEGAÇÃO DE NOVAS VAGAS. CANDIDATA
CLASSIFICADA FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS
NO EDITAL. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À
NOMEAÇÃO. PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO NÃO
EXPIRADO. 1. Trata-se, na origem, de Ação Mandamental
impetrada pela recorrente contra o Governador do Estado de Minas
Gerais, objetivando provimento no cargo de Assistente Técnico de
Educação Básica, no Município de Belo Oriente/MG, tendo em vista
sua aprovação ao cargo almejado na 10ª posição, bem com a
declaração de inconstitucionalidade da Lei Complementar Estadual
100/2007 pela Suprema Corte Federal (ADI 4.876/DF), que ensejou
a vacância de oito cargos providos sem concurso público, que
poderão ser preenchidos por concursados, dentre eles a recorrente.
2. É assente no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que
candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital
ou em concurso para cadastro de reserva não possuem direito
líquido e certo à nomeação, mesmo que novas vagas surjam no
período de validade do concurso – por criação de lei ou por força
de vacância –, cujo preenchimento está sujeito a juízo de
conveniência e oportunidade da Administração. 3. Por conseguinte,
se não há direito líquido e certo devidamente caracterizado e
comprovado, inviabiliza-se a pretensão mandamental. 4. Ressalta-se
que o prazo de validade do concurso em discussão ainda não
expirou, segundo informações constantes no acórdão combatido (fl.
168, e-STJ): "o concurso foi homologado em 15/11/2012,
estendendo seus efeitos até 15/11/2014, prevendo o instrumento
editalício, em seu item 1.5, que o concurso poderia ser prorrogado
por outro biênio, o que de fato ocorreu, conforme ato publicado no
Diário do Executivo do dia 04/11/2014, fl. 08, findando-se agora,
definitivamente, no dia 15/11/2016". 5. Recurso Ordinário em
Mandado de Segurança não provido.

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE


SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO
CLASSIFICADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS
NO EDITAL. SURGIMENTO DE VAGAS NO DECORRER NO
CERTAME. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À
NOMEAÇÃO. 1. Hipótese em que a impetrante, classificada fora
do número de vagas previstas no edital, requer a sua nomeação e
posse, sob a alegação de surgimento de duas vagas durante a
validade do certame (com as quais atinge a sua colocação), uma
decorrente da aposentadoria de servidora do quadro do Ministério
do Trabalho e outra oriunda de remoção de candidato empossado
nas vagas de Deficiente Físico. 2. A Primeira Seção desta Corte,
nos autos do MS 17.886/DF , Rel. Min. Eliana Calmon, DJ
14.10.2013, reafirmou expressamente o entendimento já
consolidado neste Tribunal, em alinhamento ao decidido pelo STF
nos autos do RE 598.099/MG , de que os candidatos aprovados fora

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dos número de vagas previstas no edital ou em concurso para
cadastro de reservas não possuem direito líquido e certo à
nomeação, mesmo que novas vagas surjam no período de validade
do concurso (por criação de lei ou por força de vacância) , cujo
preenchimento está sujeito a juízo de conveniência e oportunidade
da Administração. Precedentes: AgRg no RMS 38.892/AC , Rel.
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 19/04/2013; AgRg
no RMS 37.745/RO , Rel. Min. Ari Pargendler, Primeira Turma,
DJe 07/12/2012; AgRg no RMS 21362/SP , Rel. Min. Vasco Della
Giustina (Des. Convocado TJ/RS), Sexta Turma, DJe 18/04/2012;
RMS 34789/PB , Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma,
DJe 25/10/2011; AgRg no RMS 28.915/SP , Min. Jorge Mussi,
Quinta Turma, DJe de 29/04/2011; AgRg no RMS 26.947/CE , Min.
Felix Fischer, Quinta Turma, DJe de 02/02/2009. 3. Segurança
denegada. (MS 20.079/DF, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 14/04/2014)

Esta é também a orientação do Supremo Tribunal Federal:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E


ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA. TEMA 784 DO PLENÁRIO VIRTUAL.
CONTROVÉRSIA SOBRE O DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS ALÉM DO
NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL DE
CONCURSO PÚBLICO NO CASO DE SURGIMENTO DE
NOVAS VAGAS DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO
CERTAME. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À
NOMEAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SITUAÇÕES
EXCEPCIONAIS. IN CASU, A ABERTURA DE NOVO
CONCURSO PÚBLICO FOI ACOMPANHADA DA
DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DA NECESSIDADE
PREMENTE E INADIÁVEL DE PROVIMENTO DOS CARGOS.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 37, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA DE 1988. ARBÍTRIO. PRETERIÇÃO.
CONVOLAÇÃO EXCEPCIONAL DA MERA EXPECTATIVA
EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRINCÍPIOS DA
EFICIÊNCIA, BOA-FÉ, MORALIDADE, IMPESSOALIDADE E
DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. FORÇA NORMATIVA DO
CONCURSO PÚBLICO. INTERESSE DA SOCIEDADE.
RESPEITO À ORDEM DE APROVAÇÃO. ACÓRDÃO
RECORRIDO EM SINTONIA COM A TESE ORA
DELIMITADA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. O postulado do concurso público
traduz-se na necessidade essencial de o Estado conferir efetividade
a diversos princípios constitucionais, corolários do merit system,
dentre eles o de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza (CRFB/88, art. 5º, caput). 2. O edital do
concurso com número específico de vagas, uma vez publicado, faz
exsurgir um dever de nomeação para a própria Administração e um
direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro
desse número de vagas. Precedente do Plenário: RE 598.099 - RG,
Relator Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 03-10- 2011. 3.
O Estado Democráttico de Direito republicano impõe à
Administração Pública que exerça sua discricionariedade
entrincheirada não, apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito

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Número do documento: 23062921200465700000022288033
da conveniência e oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos
direitos fundamentais e demais normas constitucionais em um
ambiente de perene diálogo com a sociedade. 4. O Poder Judiciário
não deve atuar como “Administrador Positivo”, de modo a
aniquilar o espaço decisório de titularidade do administrador para
decidir sobre o que é melhor para a Administração: se a
convocação dos últimos colocados de concurso público na validade
ou a dos primeiros aprovados em um novo concurso. Essa escolha é
legítima e, ressalvadas as hipóteses de abuso, não encontra
obstáculo em qualquer preceito constitucional. 5.
Consectariamente, é cediço que a Administração Pública possui
discricionariedade para, observadas as normas constitucionais,
prover as vagas da maneira que melhor convier para o interesse da
coletividade, como verbi gratia, ocorre quando, em função de
razões orçamentárias, os cargos vagos só possam ser providos em
um futuro distante, ou, até mesmo, que sejam extintos, na hipótese
de restar caracterizado que não mais serão necessários. 6. A
publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de
novas vagas durante a validade de outro anteriormente realizado
não caracteriza, por si só, a necessidade de provimento imediato
dos cargos. É que, a despeito da vacância dos cargos e da
publicação do novo edital durante a validade do concurso, podem
surgir circunstâncias e legítimas razões de interesse público que
justifiquem a inocorrência da nomeação no curto prazo, de modo a
obstaculizar eventual pretensão de reconhecimento do direito
subjetivo à nomeação dos aprovados em colocação além do número
de vagas. Nesse contexto, a Administração Pública detém a
prerrogativa de realizar a escolha entre a prorrogação de um
concurso público que esteja na validade ou a realização de novo
certame. 7. A tese objetiva assentada em sede desta repercussão
geral é a de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo
concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação
dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital,
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por
parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito
ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de
validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo
candidato. Assim, a discricionariedade da Administração quanto à
convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao
patamar zero (Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o
direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses
excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do número de
vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição
na nomeação por não observância da ordem de classificação
(Súmula 15 do STF); iii) Quando surgirem novas vagas, ou for
aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de
forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos
acima. 8. In casu, reconhece-se, excepcionalmente, o direito
subjetivo à nomeação aos candidatos devidamente aprovados no
concurso público, pois houve, dentro da validade do processo
seletivo e, também, logo após expirado o referido prazo,
manifestações inequívocas da Administração piauiense acerca da
existência de vagas e, sobretudo, da necessidade de chamamento de
novos Defensores Públicos para o Estado. 9. Recurso

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Número do documento: 23062921200465700000022288033
Extraordinário a que se nega provimento.(RE 837.311/PI, Rel.
Ministro LUIZ FUX, TRIBUNAL PLENO, Repercussão Geral - DJe
de 18/04/2016)

Nessa esteira, o candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas previstas no
edital, ao pretender sua nomeação fundado em contratações precárias, deve demonstrar de plano a
existência de cargo efetivo vago em quantidade suficiente para alcançar sua classificação.

Outrossim, a simples contratação de servidores temporários, como no caso, não caracteriza


preterição na convocação e nomeação do promovente ou autorizam a conclusão de que tenham
automaticamente surgido vagas correlatas no quadro efetivo, a ensejar o chamamento de candidatos
aprovados em cadastro de reserva ou fora do número de vagas previstas no edital.

Sendo assim, não há nos autos comprovação da existência de cargos efetivos vagos alcancem a
vaga da apelante.

Nesse sentido, é o entendimento dos nossos Tribunais Pátrios, veja-se:

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.


APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSOPÚBLICO PARA O CARGO
DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO
DE CARPINA. APROVAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS
OFERTADAS. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À
NOMEAÇÃO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA.
INEXISTÊNCIA DE CARGOS VAGOS. PRETERIÇÃO NÃO
CONFIGURADA. APELO IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.
1. No caso concreto, a autora/recorrente se submeteu e foi
aprovada no Concurso Público realizado pelo Município de
Carpina, conforme edital nº 01/2009, na 78ª (septuagésima oitava)
colocação, para o cargo de Professor de Educação Infantil, sendo
certo que foram disponibilizadas 30 (trinta) vagas para o cargo em
testilha, todas já devidamente preenchidas pelos candidatos
aprovados e melhores classificados no certame. 2. Com efeito,
tem-se que na iterativa jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, há necessidade de existência de vaga para restar
configurada a preterição como no caso descrito nos presentes
autos. O próprio impetrante é assente em afirmar que o edital do
certame previu 15 vagas para o cargo de agente administrativo, as
quais foram devidamente preenchidas por candidatos aprovados em
melhor posição. 3. O quantitativo de contratos temporários não tem
o condão de comprovar a existência de cargos públicos efetivos
vagos, os quais somente podem ser criados por Lei. Em que pese
haver jurisprudência do STJ, no sentido da existência do direito
subjetivo à nomeação de candidatos que, embora aprovados fora do
número de vagas ofertadas em edital, são preteridos na ordem de
classificação em decorrência de contratação precária de servidores
para o exercício das mesmas funções atinentes a cargos efetivos
vagos, também é uníssono perante o Superior Tribunal de Justiça
que referido direito subjetivo depende da comprovação de
existência de cargos públicos vagos. 4. Apelo improvido. Decisão
Unânime. (TJPE; APL 0002618-27.2014.8.17.0470; Rel. Des. José
Ivo de Paula Guimarães; Julg. 02/02/2017; DJEPE 14/02/2017)

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO.


MUNICÍPIO DE SALVADOR. EDITAL 01/2011 - SEPLAG.
TÉCNICO EM SERVIÇO DE SAÚDE. TÉCNICO DE
ENFERMAGEM. SMS/CAPS 40 HORAS. PRELIMINARES DE

Assinado eletronicamente por: MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE - 29/06/2023 21:20:05 Num. 22286926 - Pág. 7
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Número do documento: 23062921200465700000022288033
ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PREFEITO MUNICIPAL,
INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,
IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE DEMANDAS E
CARÊNCIA DE AÇÃO REJEITADAS. CANDIDATO
CLASSIFICADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS. CADASTRO
RESERVA. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DE SERVIDORES
TEMPORÁRIOS PARA O CARGO ALMEJADO NÃO
COMPROVADA. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE.
PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO DEMONSTRADO.
SEGURANÇA DENEGADA.O Prefeito Municipal de Salvador
detém legitimidade para figurar como autoridade coatora em
mandado desegurança que objetiva, além da convocação do
Impetrante para os exames pré admissionais, a sua nomeação em
cargo público, sequer havendo de se falar em teoria da encampação
quando um dos atos impugnados é de sua competência exclusiva, a
teor do que dispõe o art. 52 da Lei Orgânica do Município de
Salvador. Rejeição da preliminar de ilegitimidade que conduz ao
processamento e julgamento do writ pela Seção Cível de Direito
Público, nos termos do art. 92, IX, f, do Regimento Interno deste
Tribunal de Justiça. São plenamente compatíveis entre si os pleitos
de convocação para exames pré-admissionais e nomeação em cargo
público, ficando este último condicionado, por óbvio, à aprovação
nas etapas anteriores e ao atendimento das exigências editalícias.
Preliminar rejeitada. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou
entendimento no sentido de que a contratação de servidores
temporários, só por si, não caracteriza preterição na convocação e
nomeação de candidatos, ou autoriza a conclusão de que tenham
automaticamente surgido vagas correlatas no quadro efetivo, a
ensejar o chamamento dos aprovados em cadastro de reserva. Isto
porque os institutos são distintos: Os temporários, a teor da regra
inserta no art. 37, IX, da Constituição Federal, atendem às
necessidades transitórias da Administração; já os servidores
efetivos são recrutados mediante concurso público (art. 37, II e III,
da CF) e suprem necessidades permanentes do serviço. Caso em
que o impetrante pleiteia a nomeação em cargo público, mas não
comprova a preterição ocasionada pela contratação temporária de
terceiros para a mesma função, tendo o Município afirmado
inexistirem contratos precários para o mesmo cargo para o qual foi
classificado. A notícia de novas desclassificações de candidatos
convocados também não conduz ao reconhecimento do direito
líquido e certo pretendido, notadamente à míngua de elementos de
prova que indiquem que todas as eliminações referidas perduram
até o momento, tanto mais se considerada a possibilidade de
interposição de recurso administrativo e impugnação judicial das
exclusões ali indicadas. Segurança denegada. (TJBA; MS
0001688-26.2016.8.05.0000; Salvador; Seção Cível de Direito
Público; Relª Desª Telma Laura Silva Britto; Julg. 28/07/2016;
DJBA 08/08/2016; Pág. 141)

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO APELO, mantendo a sentença vergastada em


todos os seus termos.

É como voto.

Presidiu o julgamento, com voto, o Exmo. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque (Presidente)
(Relator). Participaram do julgamento, ainda, a Exma. Desa. Maria das Graças Morais Guedes e o

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Número do documento: 23062921200465700000022288033
Exmo. Dr. Aluízio Bezerra Filho (Juiz convocado para gabinete vago face aposentadoria do Exmo. Des.
Marcos William de Oliveira).

Presente ao julgamento, também, o Exmo. Dr. Victor Manoel Magalhães Granadeiro Rio,
Procurador de Justiça.

Sala de Sessões da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João
Pessoa, início às 14:00hs do dia 12 de junho de 2023 e término às 13:59hs do dia 19 de junho de 2023.

Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

Relator

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