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03/07/2023
Número: 0803306-69.2021.8.15.0371
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 3ª Câmara Cível
Órgão julgador: Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque
Última distribuição : 15/02/2023
Valor da causa: R$ 5.000,00
Processo referência: 0803306-69.2021.8.15.0371
Assuntos: Prazo de Validade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PASCALLE DE SOUSA ROCHA (APELANTE) ALCIR BARROS DA SILVA (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE SOUSA (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
22286 29/06/2023 21:20 Acórdão Acórdão
926
Processo nº: 0803306-69.2021.8.15.0371
Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198)
Assuntos: [Prazo de Validade]
APELANTE: PASCALLE DE SOUSA ROCHA - Advogado do(a) APELANTE: ALCIR BARROS DA
SILVA - PB10289-A
APELADO: MUNICIPIO DE SOUSAREPRESENTANTE: MUNICIPIO DE SOUSA
RELATÓRIO
Assinado eletronicamente por: MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE - 29/06/2023 21:20:05 Num. 22286926 - Pág. 1
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Número do documento: 23062921200465700000022288033
Trata-se de apelação interposta por Pascalle de Sousa Rocha hostilizando a sentença proferida
pelo Juízo da 5ª Vara Mista da Comarca de Sousa, nos autos da Ação de Obrigação de Fazer ajuizada pela
ora apelante, contra o Município de Sousa, ora apelado.
Com o objetivo de subsidiar seu pleito, alegou a existência de cargos vagos e apontou a
realização de contratações feitas pela edilidade, de forma precária, ilegal e sem concurso, para o mesmo
cargo pretendido, o que estaria a caracterizar a preterição dos candidatos aprovados no certame.
Na sentença (ID nº. 19869191), o Magistrado a quo julgou improcedente o pedido inicial, sob o
fundamento de que não foi comprovada a vacância dos cargos e o surgimento de novas vagas e que a
contratação temporária de servidores não alteraria o número de cargos existentes.
Por consequência, condenou a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa.
Asseverou pela demonstração nos autos da existência de servidores nomeados a título precário
ocupando as vagas destinadas aos aprovados em concurso público.
Por fim, requereu o provimento do apelo, para reformar a sentença em sua totalidade.
A Procuradoria de Justiça emitiu parecer (ID nº. 20713949), opinando pelo desprovimento do
recurso.
É o relatório.
VOTO
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LITISCONSORTE PASSIVO. DESNECESSIDADE. PARECER
DO MPF PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO. AGRAVO
INTERNO DO ESTADO DO PIAUÍ A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. O acórdão combatido revela que o
entendimento adotado pelo Tribunal de origem se alinha à diretriz
desta Corte Superior de que é dispensável a citação dos demais
concursados como litisconsortes necessários, porquanto os
candidatos, mesmo aprovados, não titularizariam direito líquido e
certo à nomeação, mas tão somente expectativa de direito, não se
aplicando o disposto no artigo 47 do CPC/1973, atual 114 do
Código Fux. Precedentes: AgInt no REsp. 1.747.897/PI, Rel. Min.
HERMAN BENJAMIN, DJe 11.3.2019; AgInt na PET no RMS
45.477/AP, Rel. Min. GURGEL DE FARIA, DJe 8.8.2018. 2. Por
fim, não merece acolhimento a alegação de que os Servidores
temporários cujas contratações foram apontadas como ilegais
deveriam ter sido citados para compor a lide como litisconsortes
necessários, uma vez que a vaga a ser preenchida em decorrência
de aprovação em concurso público não se confunde com aquela
decorrente da contratação temporária, revelando-se dispensável a
citação destes para comporem a lide. 3. Agravo Interno do
ESTADO DO PIAUÍ a que se nega provimento. (AgInt no AREsp
1352369/PI, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 14.10.2019, DJe 21.10.2019)
Assim, não há que se falar em necessidade de citação dos demais candidatos do concurso.
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validade do concurso – por criação de lei ou por força de vacância -, cujo preenchimento está sujeito a
juízo de conveniência e oportunidade da Administração.
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dos número de vagas previstas no edital ou em concurso para
cadastro de reservas não possuem direito líquido e certo à
nomeação, mesmo que novas vagas surjam no período de validade
do concurso (por criação de lei ou por força de vacância) , cujo
preenchimento está sujeito a juízo de conveniência e oportunidade
da Administração. Precedentes: AgRg no RMS 38.892/AC , Rel.
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 19/04/2013; AgRg
no RMS 37.745/RO , Rel. Min. Ari Pargendler, Primeira Turma,
DJe 07/12/2012; AgRg no RMS 21362/SP , Rel. Min. Vasco Della
Giustina (Des. Convocado TJ/RS), Sexta Turma, DJe 18/04/2012;
RMS 34789/PB , Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma,
DJe 25/10/2011; AgRg no RMS 28.915/SP , Min. Jorge Mussi,
Quinta Turma, DJe de 29/04/2011; AgRg no RMS 26.947/CE , Min.
Felix Fischer, Quinta Turma, DJe de 02/02/2009. 3. Segurança
denegada. (MS 20.079/DF, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 14/04/2014)
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da conveniência e oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos
direitos fundamentais e demais normas constitucionais em um
ambiente de perene diálogo com a sociedade. 4. O Poder Judiciário
não deve atuar como “Administrador Positivo”, de modo a
aniquilar o espaço decisório de titularidade do administrador para
decidir sobre o que é melhor para a Administração: se a
convocação dos últimos colocados de concurso público na validade
ou a dos primeiros aprovados em um novo concurso. Essa escolha é
legítima e, ressalvadas as hipóteses de abuso, não encontra
obstáculo em qualquer preceito constitucional. 5.
Consectariamente, é cediço que a Administração Pública possui
discricionariedade para, observadas as normas constitucionais,
prover as vagas da maneira que melhor convier para o interesse da
coletividade, como verbi gratia, ocorre quando, em função de
razões orçamentárias, os cargos vagos só possam ser providos em
um futuro distante, ou, até mesmo, que sejam extintos, na hipótese
de restar caracterizado que não mais serão necessários. 6. A
publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de
novas vagas durante a validade de outro anteriormente realizado
não caracteriza, por si só, a necessidade de provimento imediato
dos cargos. É que, a despeito da vacância dos cargos e da
publicação do novo edital durante a validade do concurso, podem
surgir circunstâncias e legítimas razões de interesse público que
justifiquem a inocorrência da nomeação no curto prazo, de modo a
obstaculizar eventual pretensão de reconhecimento do direito
subjetivo à nomeação dos aprovados em colocação além do número
de vagas. Nesse contexto, a Administração Pública detém a
prerrogativa de realizar a escolha entre a prorrogação de um
concurso público que esteja na validade ou a realização de novo
certame. 7. A tese objetiva assentada em sede desta repercussão
geral é a de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo
concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação
dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital,
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por
parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito
ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de
validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo
candidato. Assim, a discricionariedade da Administração quanto à
convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao
patamar zero (Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o
direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses
excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do número de
vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição
na nomeação por não observância da ordem de classificação
(Súmula 15 do STF); iii) Quando surgirem novas vagas, ou for
aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de
forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos
acima. 8. In casu, reconhece-se, excepcionalmente, o direito
subjetivo à nomeação aos candidatos devidamente aprovados no
concurso público, pois houve, dentro da validade do processo
seletivo e, também, logo após expirado o referido prazo,
manifestações inequívocas da Administração piauiense acerca da
existência de vagas e, sobretudo, da necessidade de chamamento de
novos Defensores Públicos para o Estado. 9. Recurso
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Extraordinário a que se nega provimento.(RE 837.311/PI, Rel.
Ministro LUIZ FUX, TRIBUNAL PLENO, Repercussão Geral - DJe
de 18/04/2016)
Nessa esteira, o candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas previstas no
edital, ao pretender sua nomeação fundado em contratações precárias, deve demonstrar de plano a
existência de cargo efetivo vago em quantidade suficiente para alcançar sua classificação.
Sendo assim, não há nos autos comprovação da existência de cargos efetivos vagos alcancem a
vaga da apelante.
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ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PREFEITO MUNICIPAL,
INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,
IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE DEMANDAS E
CARÊNCIA DE AÇÃO REJEITADAS. CANDIDATO
CLASSIFICADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS. CADASTRO
RESERVA. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DE SERVIDORES
TEMPORÁRIOS PARA O CARGO ALMEJADO NÃO
COMPROVADA. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE.
PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO DEMONSTRADO.
SEGURANÇA DENEGADA.O Prefeito Municipal de Salvador
detém legitimidade para figurar como autoridade coatora em
mandado desegurança que objetiva, além da convocação do
Impetrante para os exames pré admissionais, a sua nomeação em
cargo público, sequer havendo de se falar em teoria da encampação
quando um dos atos impugnados é de sua competência exclusiva, a
teor do que dispõe o art. 52 da Lei Orgânica do Município de
Salvador. Rejeição da preliminar de ilegitimidade que conduz ao
processamento e julgamento do writ pela Seção Cível de Direito
Público, nos termos do art. 92, IX, f, do Regimento Interno deste
Tribunal de Justiça. São plenamente compatíveis entre si os pleitos
de convocação para exames pré-admissionais e nomeação em cargo
público, ficando este último condicionado, por óbvio, à aprovação
nas etapas anteriores e ao atendimento das exigências editalícias.
Preliminar rejeitada. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou
entendimento no sentido de que a contratação de servidores
temporários, só por si, não caracteriza preterição na convocação e
nomeação de candidatos, ou autoriza a conclusão de que tenham
automaticamente surgido vagas correlatas no quadro efetivo, a
ensejar o chamamento dos aprovados em cadastro de reserva. Isto
porque os institutos são distintos: Os temporários, a teor da regra
inserta no art. 37, IX, da Constituição Federal, atendem às
necessidades transitórias da Administração; já os servidores
efetivos são recrutados mediante concurso público (art. 37, II e III,
da CF) e suprem necessidades permanentes do serviço. Caso em
que o impetrante pleiteia a nomeação em cargo público, mas não
comprova a preterição ocasionada pela contratação temporária de
terceiros para a mesma função, tendo o Município afirmado
inexistirem contratos precários para o mesmo cargo para o qual foi
classificado. A notícia de novas desclassificações de candidatos
convocados também não conduz ao reconhecimento do direito
líquido e certo pretendido, notadamente à míngua de elementos de
prova que indiquem que todas as eliminações referidas perduram
até o momento, tanto mais se considerada a possibilidade de
interposição de recurso administrativo e impugnação judicial das
exclusões ali indicadas. Segurança denegada. (TJBA; MS
0001688-26.2016.8.05.0000; Salvador; Seção Cível de Direito
Público; Relª Desª Telma Laura Silva Britto; Julg. 28/07/2016;
DJBA 08/08/2016; Pág. 141)
É como voto.
Presidiu o julgamento, com voto, o Exmo. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque (Presidente)
(Relator). Participaram do julgamento, ainda, a Exma. Desa. Maria das Graças Morais Guedes e o
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Exmo. Dr. Aluízio Bezerra Filho (Juiz convocado para gabinete vago face aposentadoria do Exmo. Des.
Marcos William de Oliveira).
Presente ao julgamento, também, o Exmo. Dr. Victor Manoel Magalhães Granadeiro Rio,
Procurador de Justiça.
Sala de Sessões da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João
Pessoa, início às 14:00hs do dia 12 de junho de 2023 e término às 13:59hs do dia 19 de junho de 2023.
Relator
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