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ESCRITÓRIO JURIDICO

LEONARDO MONT’ALVÃO
EXMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ____ VARA
FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO.
 
 

  
  
MIGUEL ALVARENGA FERNANDEZ Y FERNANDEZ, brasileiro,
Engenheiro Civil, casado, Carteira de Identidade nº 200786629-3, CPF
025.449.127-82, residente na Rua Rodolfo Dantas 97 Ap 601, Copacabana / Rio de
Janeiro, RJ, CEP 22020-040, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado (procuração anexa), com fulcro no art. 5º, LXXIII, da
Constituição da República e no art. 1º e seguintes, da Lei 4.717/65, propor a
presente

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA


PARTS

em face de CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E


AGRONOMIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – CREA-RJ,
Autarquia Federal criada pela Lei 5.194/66, inscrita no CNPJ sob o nº
34.260.596/0001-80, com sede na Rua Buenos Aires, 40, nesta cidade do Rio de
Janeiro, CEP 20061-000, com base nos fatos e fundamentos jurídicos abaixo
discriminados.

I. DA ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA

01- O popular maneja a presente ação visando combater a previsão no Edital de


Concurso Público nº 001/2023 do Crea-RJ, para o preenchimento de cargos e
formação de cadastro de reserva para a contratação de profissionais de nível médio
para atuar no cargo Agente de Fiscalização, em total desrespeito ao Art. 77 da Lei
nº 5194/66, e ao disposto no art. 37, inciso II da Constituição Federal.

Sede própria: Av. Presidente Vargas, nº 482, Sala 509, Centro, Rio de Janeiro - RJ
CEP 20071-000 Tel.: 21-964541575
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02- O Sistema Confea/Crea tem como missão a fiscalização da prestação de


serviços técnicos e a execução de obras relacionados à Engenharia e à Agronomia,
com a participação de profissional habilitado.

03- Nos termos do art. 77 da lei 5194/66 compete aos funcionários designados
para este fim pelos Creas, a responsabilidade pela lavratura de auto de infração, in
verbis:

Art. 77. São competentes para lavrar autos de infração das disposições
a que se refere a presente lei, os funcionários designados para esse fim
pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
nas respectivas Regiões.

04- Conforme dispõe o ANEXO IV do Edital de Concurso Público nº


001/2023 os Agentes de Fiscalização possuem as seguintes atribuições constantes
na página 37 do PDF do edital:

● Fiscalizar o exercício profissional do Sistema Confea/Crea, promovendo


visitas a empreendimentos, obras e demais serviços, apurando as eventuais
irregularidades e solicitando a documentação pertinente ao objeto da
fiscalização, quando necessário;
● Participar, quando designado, de grupos de discussão e reuniões externas
representando o Conselho;
● Instrução processual e análise documental;
● Fiscalizar o exercício profissional, cumprindo a legislação do Sistema
Confea/Crea, visitando profissionais, empresas e órgãos públicos,
orientando os quanto ao cumprimento dos normativos;
● Lavrar relatórios de fiscalização e autos de infração das irregularidades
constatadas;
● Realizar ações de ofício, bem como as decorrentes de processos internos;
● Exercer a atividade de fiscalização, identificando obra/serviço ou atividade
privativa de profissional do Sistema Confea/Crea;
● Orientar os profissionais, empresas e sociedade sobre assuntos
relacionados à fiscalização do exercício profissional;
● Realizar diligências para atender demandas processuais de sua área de
atuação ou quando designado;

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● Participar de Projetos/Programas de Fiscalizações Preventivas Integradas


junto a outros órgãos.
● Prestar esclarecimentos ao plenário, câmaras, comissões, presidência,
diretoria e outros setores do Conselho em matérias que envolvam
conhecimento específico a sua área de atuação;
● Participar de programa de treinamento, quando convocado;
● Cumprir e fazer cumprir as decisões superiores tomadas em assuntos de
sua competência legal;
● Trabalhar seguindo normas de segurança, higiene, qualidade e preservação
ambiental;
● Desempenhar outras atividades típicas inerentes ao cargo.

05- Neste sentindo, todas as atribuições do cargo Agente de Fiscalização são


relacionadas a fiscalização do exercício profissional da atividade de Engenharia e à
Agronomia, ou seja, fiscalizar o Engenheiro no exercício da profissão, cuja a
qualificação é em nível superior.

06- E no presente concurso público, o Crea-RJ exigiu para a investidura no


cargo de Agente de Fiscalização, apenas o diploma ou certificado, devidamente
registrado, de conclusão de curso de nível médio e Carteira Nacional de
Habilitação Categoria “B”, conforme Anexo III do Edital, pagina 30 do PDF:

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07- Logo Exa, está permitindo que um leigo, com formação em nível médio
faça uma atividade de fiscalização em relação a um engenheiro, que possui
formação superior.

08- Ora, O fiscal em nível médio não tem uma vivência profissional ou
conhecimento técnico suficiente para realizar esta fiscalização, não podendo
mensurar a capacidade técnica de um profissional com qualificação de nível
superior, à sua qualificação técnica.

09- Assim, nos termos do art. 5º, LXXIII, da CF/88, a ação popular tem por
objetivo a invalidação de atos praticados pelo Poder Público que sejam lesivos ao
patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, o que ocorre in casu, vez que ao permitir a investidura do cargo
de agente de fiscalização, com exigência apenas de formação em nível médio,
estaríamos contribuindo para a ocorrência de risco coletivo a toda sociedade.
Portanto, esta ação popular visa proteger o direito coletivo de toda a sociedade de
forma a evitar dano irreparável com fiscalizações mal empreendidas por pessoa
inabilitada, resguardando por consequência a legalidade do princípio do concurso
público.

10- É importante destacar que o E. STF já se posicionou que é possível no plano


abstrato, afirmar a prescindibilidade do dano para a propositura da ação popular,
mesmo sem adentrar no mérito da existência ou não de prejuízo ao erário, pois a lei
da ação popular, em seu art. 1º, §1º, define patrimônio público como "os bens e
direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico", deixando
claro que o termo "patrimônio público" deve ser entendido de maneira ampla, a
abarcar não apenas o patrimônio econômico, mas também, pela violação aos
princípios constitucionais, conforme tese enfrentada em sede de repercussão geral
no ARE 827781:

Tema 836 - Exigência de comprovação de prejuízo material aos cofres


públicos como condição para a propositura de ação popular.
Leading Case: RE 827781
Relator(a): MIN. DIAS TOFFOLI
Descrição:
Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 5º, LXXIII, e
37 da Constituição Federal, a necessidade, ou não, da exigência de se
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demonstrar a lesividade ao patrimônio público como condição para o


ajuizamento de ação popular.

Tese:
Não é condição para o cabimento da ação popular a demonstração de
prejuízo material aos cofres públicos, dado que o art. 5º, inciso
LXXIII, da Constituição Federal estabelece que qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular e impugnar, ainda que
separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou
histórico do Estado ou de entidade de que ele participe.
11- Dessa maneira, autor, que também é engenheiro, maneja a presente ação
popular de forma a fazer respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e principalmente, da eficiência, de forma a impedir a
ineficiência na prestação dos serviços públicos, sendo o serviço público executado
por pessoas sem a devida qualificação técnica, sendo lesivos ao patrimônio da
União, mesmo que sem valor econômico.

12- Importante destacar que a presente matéria deve ser discutida através da
propositura da ação popular, sendo o meio adequado para a invalidação de atos do
concurso público ora questionado, sobejamente quanto a exigência da formação
catedrática para o cargo de agente de fiscalização. Neste sentido são os seguintes
julgados:

AÇÃO POPULAR. CONCURSO PÚBLICO. IRREGULARIDADES


NA EXECUÇÃO DO CERTAME VOLTADAS AO
FAVORECIMENTO DE DETERMINADOS CANDIDATOS.
VÍCIO COMPROVADOS. OFENSA À MORALIDADE
ADMINISTRATIVA E LESIVIDADE POTENCIAL AO
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. ANULAÇÃO DO CONCURSO.
RECURSOS DESPROVIDOS. A ofensa à moralidade administrativa
autoriza o exercício da ação popular. Sem embargo disso, a fraude em
concurso público encerra lesividade potencial porque, ao
comprometer o objetivo de selecionar as pessoas mais capacitadas
para o serviço público, atenta contra o princípio constitucional da
eficiência. A quebra do tratamento isonômico, revelada pelo
manifesto favorecimento a determinados candidatos, é motivo
suficiente para a invalidação de concurso público. (TJ-SC - AC:

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20090333748 Rio do Oeste 2009.033374-8, Relator: Newton Janke, Data


de Julgamento: 27/09/2011, Segunda Câmara de Direito Público)

Apelação cível. Ação popular. Concurso público. Sentença que


extinguiu o feito por inadequação da via eleita. Violação aos
princípios da administração pública. Sentença reformada. A ação
popular é o meio constitucional pelo qual pode o cidadão requerer em
juízo a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado faça parte, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, conforme preceitua o
art. 5.º, LXXIII, da Carta Magna. A ofensa à moralidade
administrativa autoriza o exercício da ação popular. Recurso
conhecido e provido. Sentença cassada, com retorno dos autos à
origem, para seu regular processamento. APELAÇÃO CÍVEL,
Processo nº 7086420-28.2022.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado
de Rondônia, 2ª Câmara Especial, Relator (a) do Acórdão: Des.
Hiram Souza Marques, Data de julgamento: 17/07/2023 (TJ-RO - AC:
70864202820228220001, Relator: Des. Hiram Souza Marques, Data de
Julgamento: 17/07/2023)

13- Veja Excelência, a continuidade do certame restará em clara violação ao


princípio da Eficiência, vez que o Edital de Concurso Público nº 001/2023 visa
investir profissionais sem a devida qualificação técnica para o desempenho das
atividades públicas.

II. DO MERITO

14- O réu é uma Autarquia Federal, criada pela Lei 5.194/66, voltado
institucionalmente para a fiscalização do exercício profissional, atuando observados
os limites legais e regulamentares, nas áreas de atuação privativas dos engenheiros.

15- Através do Edital de Concurso Público nº 001/2023 o réu visa o


preenchimento de vagas no seu Quadro de Pessoal e formação de cadastro de
reserva. Contudo, as exigências previstas para o cargo Agente de Fiscalização
violam claramente o Princípio da Eficiência.

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16- Nos termos do art. 37 da Constituição Federal, a Administração Pública


deve obediência ao Princípio da Eficiência, onde as suas competências devem ser
norteadas e exercitadas do modo mais satisfatório possível, isso inclui um serviço
prestado com excelência e por pessoas com a devida qualificação técnica.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;
(grifo nosso).

17- É cediço que no plano constitucional, o princípio da eficiência implementou


o modelo de administração pública gerencial voltada para um controle de
resultados na atuação estatal, ou seja, a partir disso, os atos da administração devem
ser realizados com a maior qualidade, competência e eficácia possível em prol
da sociedade.

18- No caso em análise, nos deparamos com um edital de concurso público em


desrespeito a Constituição Federal, sem a devida exigência de qualificação técnica.

19- Veja que segundo o art. 37, II da Constituição Federal, a investidura do


cargo ocorrerá através de aprovação prévia em concurso público, sendo
necessário a observância da natureza e a complexidade do cargo, o que não
ocorre no presente Edital de Concurso Público para o cargo de agente de
fiscalização, pois desrespeita em especial a complexidade do cargo e os requisitos
exigidos, especialmente quanto a necessidade de formação em engenharia.

20- Imaginemos um fiscal, na qual exigência para a investidura ao cargo é de


nível médio, porém terá que ir a campo fiscalizar um determinado serviço ou obra
com estrita relação de atividade de engenharia, e o agente de fiscalização pressupõe
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que àquela atividade seria de atribuição de um engenheiro eletricista, quando na


verdade deveria ser de engenheiro mecânico. Imagina o desastre que pode ocorrer,
e o risco imposto a toda sociedade.

21- Excelência, todos os outros Conselhos de Fiscalização Profissional, o agente


de fiscalização possui como requisito para a investidura ao cargo, a formação
dentro da área em que o conselho de fiscalização opera. Por exemplo:

- temos o Conselho Regional de Farmácia, onde o agente de fiscalização possui


formação em nível superior de farmácia;

vide link do edital:

https://www.quadrix.org.br/resources/1/concursos/2015/CRFRJ/CRFRJ_concurso_publico_2015_edital_v1.pdf

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- temos o Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo, onde o agente de


fiscalização possui formação em nível superior de arquitetura, e assim por diante.

vide link do edital:


https://arquivo.pciconcursos.com.br/cau-rj-retifica-e-prorroga-o-concurso-n-1-2014-com-23-vagas-e-cadastro-
reserva/1247963/821edb1367/edital_de_abertura_completo.pdf

22- Não faz sentido e lógica que o Conselho de Engenharia realize um concurso
para investidura de Agente de Fiscalização, tendo como exigência apenas a
formação de nível médio. Sendo impossível uma pessoa sem formação adequada
atestar se o serviço está sendo executado de forma adequada, dentro dos requisitos
legais e garantir a segurança da sociedade.

23- Mal comparando a questão do fiscal nos Conselhos de Fiscalização, pode-se


fazer um paralelo com o sistema de justiça penal, onde o delegado forma o
inquérito e o judiciário/juiz julga. Ambos são operadores do sistema de direito,
formados em em nível superior na cadeira de Direito, adotam a mesma linguagem e
conhecem as leis. O paralelo no Conselho de Fiscalização, seria o fiscal (que lavra o

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auto) as Câmaras previstas pelo parágrafo único do art. 71 da Lei 5194/66, que
julga os autos de infrações.

24- Logo, por dedução lógica, ambos deveriam possuir a mesma formação na
área da engenharia, pois pressupõe-se que deveria possuir o mesmo espectro
de conhecimento técnico.

25- Imaginemos se o fiscal for fiscalizar o exercício profissional em uma obra, e


for atendimento por um engenheiro, como esse fiscal vai debater com aquele
profissional, que possui conhecimento técnico muito superior.

26- A situação é tão esdruxula que esse novo agente de fiscalização apenas como
formação em nível médio, ao ingressar para fiscalizar atividade de engenharia, ele
próprio exerceria ilegalmente a profissional, pois ao fiscalizar e fazer juízo
técnico de uma atividade de engenheiro, é desempenhar também uma
atividade de engenharia.

27- Importante destacar que a presente matéria deve ser discutida através da
propositura da ação popular, sendo o meio adequado para a invalidação do
presente concurso público, vejamos:

AÇÃO POPULAR. CONCURSO PÚBLICO. IRREGULARIDADES NA


EXECUÇÃO DO CERTAME VOLTADAS AO FAVORECIMENTO
DE DETERMINADOS CANDIDATOS. VÍCIO COMPROVADOS.
OFENSA À MORALIDADE ADMINISTRATIVA E LESIVIDADE
POTENCIAL AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. ANULAÇÃO DO
CONCURSO. RECURSOS DESPROVIDOS. A ofensa à moralidade
administrativa autoriza o exercício da ação popular. Sem embargo disso, a
fraude em concurso público encerra lesividade potencial porque, ao
comprometer o objetivo de selecionar as pessoas mais capacitadas para o
serviço público, atenta contra o princípio constitucional da eficiência. A
quebra do tratamento isonômico, revelada pelo manifesto favorecimento a
determinados candidatos, é motivo suficiente para a invalidação de concurso
público. (TJ-SC - AC: 20090333748 Rio do Oeste 2009.033374-8, Relator:
Newton Janke, Data de Julgamento: 27/09/2011, Segunda Câmara de
Direito Público)
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Apelação cível. Ação popular. Concurso público. Sentença que extinguiu o


feito por inadequação da via eleita. Violação aos princípios da administração
pública. Sentença reformada. A ação popular é o meio constitucional pelo
qual pode o cidadão requerer em juízo a anulação de ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado faça parte, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
conforme preceitua o art. 5.º, LXXIII, da Carta Magna. A ofensa à
moralidade administrativa autoriza o exercício da ação popular. Recurso
conhecido e provido. Sentença cassada, com retorno dos autos à origem,
para seu regular processamento. APELAÇÃO CÍVEL, Processo nº
7086420-28.2022.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª
Câmara Especial, Relator (a) do Acórdão: Des. Hiram Souza Marques, Data
de julgamento: 17/07/2023 (TJ-RO - AC: 70864202820228220001, Relator:
Des. Hiram Souza Marques, Data de Julgamento: 17/07/2023)

28- Veja Excelência, a continuidade do certame restará em clara violação ao


princípio da Eficiência, vez que o Edital de Concurso Público nº 001/2023 visa
investir profissionais sem a devida qualificação técnica para o desempenho das
atividades públicas.

29- Portanto, o presente concurso não preenche o objetivo de selecionar as


pessoas mais capacitadas para o serviço público, atenta claramente contra o
princípio constitucional da eficiência, ocasionando em total desrespeito ao Art. 77
da Lei nº 5194/66 e ao disposto no art. 37, inciso II da Constituição Federal.

30- Sendo assim, requer a anulação de ato lesivo, com a consequente anulação
parcial do Concurso Público Edital nº 001/2023 somente quanto ao cargo de
agente de fiscalização diante da deficiência na exigência de formação em ensino
médio para o provimento deste cargo.

III. DA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTES:


31- O ato impugnado revela, até mesmo pelas respectivas fundamentações, a
probabilidade do direito invocado, pois o Edital de Concurso Público nº 001/2023,
visa o preenchimento de cargos e formação de cadastro de reserva para a
contratação de profissionais sem a devida qualificação técnica para as atribuições
pertinentes ao cargo de Agente de Fiscalização, violando claramente o Art. 77

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da Lei nº 5194/66 e ao disposto no art. 37, inciso II da Constituição Federal, bem


como ferindo o Princípio Constitucional da Eficiência Administrativa.
32- Assim, obedecendo o poder geral de cautela, se faz necessário a suspensão
parcial do Concurso Público em andamento - Edital de Concurso Público nº
001/2023, apenas no tocante ao cargo de agente de fiscalização, vez que a exigência
meramente de nível médio para fiscalizar atribuições profissionais de nível superior
demostra a ineficiência e falta de qualificação técnica dos agentes na execução das
atribuições de fiscalizar, consequentemente, contribuindo para um risco coletivo a
toda sociedade.

33- A urgente da medida da liminar se mostra plausível ate mesmo como


utilidade ao futuro provimento judicial, na medida em que a homologação
final do concurso está previsto para o dia 16/08/2023, ensejando assim uma
análise urgente, ate mesmo pelo poder de cautela, pois restou demonstrado a
probabilidade do direito e o claro periculum in mora, requisitos necessários para a
concessão da Liminar.

IV. DOS PEDIDOS:


34- Por todo exposto, requer-se:
a) Como medida Urgente para preservar o patrimônio público e garantir a
segurança de toda a sociedade, que seja deferida a liminar inaudita altera
parts, determinado a imediata suspensão da homologação do resultado
final do Concurso Público nº 001/2023/CREA-RJ previsto para o dia
16/08/2023, apenas no tocante ao cargo de agente de fiscalização , vez
que a exigência meramente de nível médio para fiscalizar atribuições
profissionais de nível superior demostra a ineficiência e falta de qualificação
técnica dos agentes na execução das atribuições de fiscalizar;
b) seja determinada a citação do Réu para, querendo, apresentar contestação no
prazo legal, sob pena de revelia e confissão;
c) seja intimado o ilustre membro do Ministério Público, nos termos do art. 7º,
I, a, da Lei 4.717/ 65;
d) sejam ao final julgado procedente o pedido de forma a proibir o CREA-RJ
no provimento de cargos de agente de fiscalização através do edital Concurso
Público nº 001/2023/CREA-RJ, vez que a exigência meramente de nível médio
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para fiscalizar atribuições profissionais de nível superior demostra a ineficiência


e falta de qualificação técnica dos agentes na execução das atribuições de
fiscalizar;
e) sejam os réus condenados no pagamento de custas e honorários advocatícios;

35- Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidas;


36- Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para fins de alçada.
Nestes termos,
pede deferimento.
Rio de Janeiro-RJ, 14 de agosto de 2023.

LEONARDO MONTALVÃO TEIXEIRA


OAB/RJ 97.505

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