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DAS FORMAS DE PROCESSO E FASES DA EXECUÇÃO

1. O direito à jurisdição e o direito de ação judicial cível

. O direito fundamental à proteção dos direitos subjetivos e dos


interesses legalmente tutelados através dos tribunais, também designado
por direito à jurisdição ou direito à tutela judiciária, proclamado no artigo
20.º, n.º 1, da Constituição (CRP), postula a institucionalização de uma
função soberana do Estado vocacionada para a administração da justiça,
que é a Função Jurisdicional, com o âmbito e atributos definidos nos
artigos 202.º a 208.º da mesma Lei Fundamental.
O exercício dessa função está cometido ao monopólio dos Tribu-
nais como órgãos de soberania, independentes e apenas sujeitos à
Constituição e à lei (artigos 110.º, 111.º, n.º 1, 202.º, n.º 1, e 203.º da
CRP), aos quais compete, além do mais, no domínio da justiça cível, diri-
mir os litígios mediante decretação de providências, em princípio funda-
mentadas, obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas, com
prevalência sobre as de quaisquer outras autoridades (ius imperii judiciário
- art.º 205.º da CRP), sem prejuízo da existência de tribunais arbitrais (art.º
209.º, n.º 2, CRP) e da institucionalização de mecanismos e formas de
composição não jurisdicional de conflitos (art.º 202.º, n.º 4, da CRP).
A tutela judiciária efetiva dos direitos subjetivos e interesses le-
galmente protegidos (art.º 20.º, n.º 5, da CRP) e a garantia de indepen-
dência dos Tribunais (art.º 203.º da CRP) requerem ainda que o direito à
jurisdição e a correspondente função jurisdicional sejam exercidos median-
te processo equitativo, nos termos do n.º 4 do artigo 20.º da CRP.

Do princípio fundamental do processo equitativo decorrem como


corolários estruturantes do fenómeno processual civil:
(i) - Os princípios do dispositivo, do contraditório, da igualdade
substancial das partes, do inquisitório, da gestão processual e da
cooperação judiciária, genericamente formulados nos artigos 3.º a
7.º do CPC;
(ii) – As garantias de imparcialidade do juiz - artigos 115.º a
129.º do CPC;
(iii) - A garantia de patrocínio forense por advogados e solicita-
dores, com as imunidades asseguradas por lei - art.º 208.º da CRP,
Estatuto da Ordem dos Advogados (EAO), aprovado pela Lei n.º
145/2015, de 09/09, e o Estatuto da Ordem dos Solicitadores e dos
Agentes de Execução, aprovado pela Lei n.º 154/2015, de 14-09,
que assim veio transformar a anterior Câmara dos Solicitadores,
revogando o Dec.-Lei n.º 88/2003, de 26-04, alterado pelas Leis n.º

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49/2004, de 24-08, e n.º 14/2006, de 26-04, e pelo Dec.-Lei n.º
226/2008, de 20-11.
(iv) – As garantias de consulta jurídica e de apoio judiciário,
para suportar os custos da ação e do patrocínio, em casos de insufi-
ciência de meios económicos – art.º 20.º, n.º 1 e 2, da CRP e Lei n.º
34/2004, de 29-07, com as alterações introduzidas pelas Leis n.º
47/2007, de 28-08, e n.º 40/2018, de 08-08, e pelo Dec.-Lei n.º
120/2018, de 27-12.
Por sua vez, a proteção jurídica dos direitos subjetivos e interes-
ses legalmente tutelados através dos tribunais, na esfera da justiça cível,
implica o direito de ação (e de defesa) destinado a obter as providências
jurisdicionais adequadas a essa tutela, seja ela de natureza definitiva, decla-
rativa ou executiva, seja de natureza meramente cautelar ou provisória
(artigos 2.º e 10.º do CPC), com observância dos requisitos de exercício
estabelecidos na lei, designados por pressupostos processuais, regulados
nos artigos 11.º a 114.º, 703.º a 711.º e 713.º a 716.º do CPC.

2. Dos requisitos de exercício do direito de ação cível

2.1. Quadro estrutural do direito de ação

O direito de ação cível tem como elementos ou componentes


estruturantes:
i) - um suporte subjetivo – sujeitos (partes e tribunal);
ii) – um determinado objeto, consistente no objeto da pretensão
deduzida em juízo - pedido e causa de pedir;
iii) – um conteúdo legalmente tipificado na forma de processo
aplicável.

Tais elementos estão evidenciados, desde logo, na definição do


direito de ação resultante dos artigos 2.º e 3.º, n.º 1, do CPC.

2.2. Dos requisitos do exercício do direito de ação quanto aos


sujeitos processuais

Dos referidos artigos 2.º, n.º 1, e 3.º, n.º 1, do CPC colhe-se que o
direito de ação deve ser deduzido:
- em juízo, ou seja, perante o tribunal - n.º 1 do art.º 2.º;
- por quem invoque o direito que através da ação pretende fazer
valer (parte ativa) – n.º 1 do art.º 3.º;
- contra quem o direito é exercido (parte passiva) – n.º 1 do art.º
3.º.

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Daí resultam, pois, os contornos subjetivos - de perfil triangular -
do direito de ação.

Os requisitos ou pressupostos de exercício do direito de ação


relativamente aos sujeitos processuais consistem:
- na personalidade judiciária - artigos 11.º a 13.º do CPC;
- na capacidade judiciária, incluindo a regularidade de represen-
tação - artigos 15.º a 26.º do CPC;
- na legitimidade processual, aferível em função da aparente rela-
ção material controvertida ou do teor do título executivo - artigos
30.º e seguintes e 52.º a 56.º do CPC;
- no patrocínio obrigatório ativo - artigos 40.º e seguintes e 58.º do
CPC;
- na competência absoluta e relativa do tribunal – nomeadamente
os artigos 63.º, alínea d), e 85.º a 90.º do CPC, além das disposições
pertinentes da LOSJ.

2.3. Dos requisitos do exercício do direito de ação quanto ao seu


objeto

No respeitante ao objeto, a pretensão jurídica deduzida em juízo


é destinada:
- a reconhecer um direito - pretensão declarativa de simples
apreciação – artigos 2.º, n.º 2, e 10.º, n.º 3, alínea a), do CPC;
- a prevenir ou a reparar a sua violação – pretensão declarativa
de condenação – artigos 2.º, n.º 2, e 3.º, n.º 3, alínea b), do CPC;
- a realizá-lo coercivamente – pretensão declarativa constitutiva
ou pretensão (satisfativa) executiva – artigos 2.º, n.º 2, e 3.º,
respetivamente, n.º 3, alínea c), e n.º 4, do CPC.

A par disso, essa pretensão deve ser fundada em factos essenciais


constitutivos da causa de pedir, cujo ónus de alegação incumbe ao
impetrante nos termos do artigo 5.º, n.º 1, do CPC.
No caso da ação executiva, a pretensão satisfativa deve ter por
base um título que configure os respetivos fins e limites – artigo 10.º, n.ºs
5 e 6, do CPC.
Desse título pode constar a respetiva causa de pedir, mas quando
não conste (por exemplo, em caso de mera confissão de dívida ou de título
de crédito sem eficácia cambiária), ao exequente incumbe o ónus de ale-
gar, sucintamente, essa causa logo no requerimento executivo, nos termos
previstos nos artigos 703.º, n.º 1, alínea c), e 724, n.º 1, alínea e), 1.ª parte,
do CPC.

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Assim, a idoneidade do objeto do direito de ação, como pressu-
posto processual, afere-se, em geral, pela indicação inteligível e formal-
mente não contraditória do pedido e da causa de pedir, sob pena de
ineptidão da petição inicial, nos termos prescritos no artigo 186.º, n.º 1 e 2,
do CPC.
Por seu lado, a idoneidade do objeto do direito de ação executiva
é aferida em função do teor do título executivo (exequibilidade extrínse-
ca) e, complementarmente, pela causa de pedir alegada no requerimento
executivo quando ela não conste do título.

Ainda no respeitante à ação executiva, importa ter em conta a exe-


quibilidade intrínseca da obrigação exequenda, uma vez que esta obri-
gação, nos termos do artigo 713.º do CPC, deve apresentar-se:
- certa, quanto às obrigações alternativas (artigos 543.º a 549.º do
CC), e concentrada quanto às obrigações de entrega de coisa móvel
genérica (artigos 539.º a 542.º do CC);
- exigível, quanto às obrigações condicionais ou dependentes de
realização ou oferecimento de contraprestação devida pelo credor
exequente ao executado devedor ou a terceiro (art.º 715.º, n.º 1, do
CPC);
- e líquida, se necessário, mediante liquidação por simples cálculo
aritmético ou por forma diversa.
Caso tais características não constem do título executivo, ao exe-
quente incumbe promover os procedimentos ou mecanismos prelimi-
nares para tal respetivamente previstos nos artigos 714.º a 716.º do CPC.

2.4. Do requisito do exercício do direito de ação relativo ao seu


conteúdo

Além dos requisitos do exercício do direito de ação cível relativos


aos sujeitos processuais e ao seu objeto, há também que atentar no requi-
sito de exercício do direito de ação em sede do respetivo conteúdo.

O requisito do exercício do direito de ação cível - que não seu


pressuposto - respeitante ao respetivo conteúdo é a forma de processo a
seguir no curso da ação, através da qual se definem o tipo ou modo e
quantum de atividade processual que pode ser desenvolvida pelas partes
e pelo tribunal em cada ação.
Assim, as formas de processo traduzem-se em modelos ou esque-
mas estabelecidos na lei para servir de programas na tramitação das ações
judiciais. Mas importa não confundir a espécie de ação com a forma de
processo.

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Com efeito, a ação (ou causa) refere-se, em termos abrangentes, à
relação jurídico-processual, também designada por instância, incidente
sobre determinado objeto (o litígio - conflito de interesses processual-
zado). E é caracterizada em função da espécie de fim a que se destina, im-
plicando um tipo de atividade processual a desenvolver com vista a obter
um resultado prático-jurídico concreto correspondente à espécie do direito
subjetivo ou do interesse direto legalmente protegido que através da ação se
pretende fazer valer.
Nesta conformidade, à luz do artigo 10.º, n.ºs 1 a 4, e 6, do CPC, as
ações podem ser:
a) - declarativas, quando se destinem a obter: i) - um veredicto
sobre a existência ou inexistência do direito ou interesse legalmente
protegido; ii) - uma providência determinativa de prestação de coisa
ou de facto, em ordem a prevenir ou reparar a violação de um direito;
iii) - uma decretação no sentido de constituir, modificar ou extinguir
um direito ou uma determinada situação jurídica;
b) – executivas, quando se destinem a satisfazer, coativamente,
uma prestação obrigacional pecuniária, de entrega de coisa ou de
prestação de facto positivo ou negativo, fungível ou infungível.
No espetro dos diferentes tipos de resultado visados, as ações decla-
rativas são classificadas nas categorias de ações de simples apreciação,
ações de condenação e ações constitutivas.
Por sua vez, as ações executivas compreendem as espécies de ações
para pagamento de quantia certa, para entrega de coisa determinada ou
para prestação de facto positivo ou negativo, consoante se destinem a sa-
tisfazer uma prestação pecuniária, uma prestação patrimonial de entrega de
coisa que não dinheiro ou uma prestação de facto.
Significa isto que a qualificação das diversas espécies de ação judi-
cial depende, fundamentalmente, da diferenciação dos tipos de pretensão
jurisdicional que podem consubstanciar o seu objeto.

Por seu lado, a forma de processo é o modelo, legalmente estru-


turado, a seguir no curso da ação. É, pois, o corpus da ação, compreen-
dendo os tipos de atos processuais que podem ser praticados no desenvol-
vimento da instância, por sua vez, incorporados em fases sucessivas, que se
definem com base na função específica de cada fase e na estrutura ou
anatomia sequencial dos atos que as integram. Por exemplo, a fase dos arti-
culados, no processo declarativo, tem por função a definição, pelas partes,
dos termos do litígio e compreende a petição inicial, a contestação e, por
vezes, a réplica, bem como os atos instrumentais de controlo e comunica-
ção da secretaria, do agente de execução e até do juiz.
Como foi dito, a forma de processo parametriza o modo e quantum
de atividade processual que é possível desenvolver, pelas partes e pelo

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tribunal, no decurso da ação. Por isso é que a mesma espécie de ação pode
ser tramitada sob formas de processo diferentes (v.g. uma ação de
condenação pode seguir uma forma comum ou uma forma especial).
Mesmo no domínio da execução cível singular comum, em que as
espécies de ação executiva (para pagamento de quantia certa, para entrega
de coisa determinada ou para prestação de facto) têm uma correspondên-
cia estreita com as respetivas formas de processo, importa não confundir o
plano relacional da ação, caracterizado pelo fim específico da tutela judicial
pretendida, em função do qual se aferem os pressupostos processuais, com
o seu modo-de-ser estrutural (a forma de processo). Deste modo, melhor se
compreende que a mesma espécie de ação executiva, como é a execução
para pagamento de quantia certa, possa seguir duas formas de processo
distintas – a ordinária e a sumária.
Sucede que a distinção entre espécie de ação e forma de processo
se mostra necessária para identificar a natureza do vício que ocorre quando
se propõe uma ação diversa da que deveria ser instaurada ou quando se
intenta determinada ação sob uma errada forma de processo. Só depois do
apuramento da natureza desse vício é que se poderá saber qual a solução
prática a adotar.
Por vezes, há a tendência para equacionar o vício do “erro” na espé-
cie de ação como erro na forma de processo e, por conseguinte, considerar
aquele erro suscetível de ser corrigido, oficiosamente, nos termos do artigo
193.º do CPC, o que, como veremos, não se afigura correto.
Na verdade, quando se propõe uma espécie de ação em vez da ade-
quada ao fundamento invocado, o que está em causa é a própria idoneida-
de ou viabilidade da pretensão deduzida, traduzindo-se, na maioria das
vezes, numa questão de mérito.
. Por exemplo, se for proposta uma ação de reivindicação de uma parcela de
terreno, sob a alegação de este terreno se encontrar ainda em situação de com-
propriedade, o erro consiste em não se ter proposto a competente ação de divisão
de coisa comum (art.º 1412.º do CC), o que significa que aquela pretensão é
manifestamente improcedente, na medida em que o efeito pretendido – reconhe-
cimento do direito de propriedade singular sobre a dita parcela e condenação na
sua entrega – não decorre da situação de compropriedade, nos termos da qual o
comproprietário não detém a titularidade de uma parcela específica desse
terreno, mas apenas de uma quota ideal sobre o mesmo.
Neste caso, não é lícito ao juiz convolar o pedido de reivindicação para seguir
como pedido de divisão de coisa comum, porquanto não se trata de um erro na
forma de processo, mas sim de uma pretensão deduzida sem fundamento legal,
implicando a manifesta improcedência da ação com a consequente absolvição do
réu do pedido.
Diferente seria se fosse deduzida uma pretensão de divisão de coisa comum
com fundamento em compropriedade, mas sob a forma de processo declarativo
comum. Aqui, o vício seria já o de erro na forma de processo, posto que a ação
de divisão de coisa comum está sujeita à forma de processo especial prevista e
regulada nos artigos 925.º e seguintes do CPC. No entanto, perante isso, o juiz

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poderia mandar seguir a forma adequada, ao abrigo do artigo 193.º do CPC,
desde que a petição inicial se mostre aproveitável para tal fim.
. Outro exemplo pode ser o de se instaurar uma execução para pagamento de
quantia certa com base em título executivo donde conste apenas a obrigação de
entrega de coisa, sob a alegação de que esta já não existe e de que se pretende a
satisfação de uma indemnização substitutiva.
Neste caso, a espécie de ação executiva adequada é a de execução para entrega
de coisa certa, em conformidade com o teor do título executivo (art.º 10.º, n.º 5 e
6, do CPC) e só no âmbito desta é que o exequente poderá então requerer a
conversão em execução para pagamento de indemnização substitutiva nos
termos do artigo 867.º do CPC.
Assim, o vício em foco não se traduz em erro na forma de processo, mas antes
em manifesta falta ou inexistência de título para a execução da pretendida
prestação de pagamento de quantia certa, o que implica o indeferimento liminar
do requerimento executivo nos termos do artigo 726.º, n.º 2, alínea a), primeira
parte, do CPC.
Já se for proposta uma execução para pagamento de quantia certa, sob a forma
ordinária, com base em requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta
fórmula executória, ocorrerá erro na forma de processo que cumpre ao juiz
suprir, oficiosamente, ao abrigo do artigo 193.º do CPC, mandando seguir os
adequados termos da forma de processo sumário.
Pelos exemplos acima expostos se vê quão relevante é distinguir o
erro na espécie de ação do erro na forma de processo.

Importa salientar que a atividade processual é regida pelos prin-


cípios da tipicidade legal das formas de processo e da legalidade das
fases e dos atos processuais, temperado pelo princípio de adequação for-
mal consagrado no artigo 547.ºdo CPC.
Com tal tipicidade visa-se garantir padrões de objetividade no
exercício dos direitos e dos poderes-deveres, por parte dos sujeitos pro-
cessuais, de modo a corresponder aos fins visados pelos atos praticados,
sem possibilidade de arguição de vícios da vontade.
Nessa medida, as espécies de ação e, em especial, as formas de pro-
cesso encontram-se diferenciadas em função das categorias de direito
subjetivo ou do interesse direto legalmente protegido que, através daque-
las espécies e formas, se pretende fazer valer em ordem a corresponder aos
tipos de atividade processual adequados a realizar, intelectual ou material-
mente, os respetivos conteúdos substantivos, sejam eles de índole presta-
cional ou de mera eficácia jurídica, ou até de natureza mista.
Na verdade, a atividade processual será tipicamente diferente se res-
peitar ao exercício de um direito de crédito (v.g. ação de cumprimento) ou
de um direito real (v.g. ação possessória ou petitória), tendo em vista o seu
reconhecimento e a condenação de alguém na prestação devida em virtude
da sua violação ou ameaça de violação, ou quando se pretenda obter uma
modificação ou outros resultados bem mais complexos sobre o conteúdo ou

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o objeto do direito litigioso ou dos interesses conflituantes, como sucede,
designadamente, no âmbito das ações:
- para tutela da personalidade (art.ºs 70.º e segs. do CC e 878.º a 880.º do
CPC);
- de justificação de ausência para instituição de curadoria definitiva (arts.º 99.º
a 113.º do CC) ou para declaração de morte presumida (art.ºs 114.º a 119.º do
CC) – art.ºs 881.º a 890.º do CPC;
- para adoção de medidas de acompanhamento de maiores - art.ºs 138.º e 145.º
do CC e 891.º a 904.º do CPC;
- para prestação de caução - art.ºs 623.º a 626.º do CC e 906.º a 915.º do CPC;
- para consignação em depósito - art.ºs 841.º a 846.º do CC e 916.º a 924.º do
CPC;
- para prestação de contas - art.ºs 941.º a 952.º do CPC;
- para divisão de coisa comum - art.ºs 1412.º e 1413.º do CC e 925.º a 930.º do
CPC;
- de divórcio e separação sem consentimento do outro cônjuge - art.ºs 1773.º e
1779.º a 1785.º e 1794.º a 1795.º-D do CC e 931.º e 932.º do CPC;
- para liquidação da herança vaga em benefício do Estado - art.ºs 2155.º do
CC e 938.º a 940.º do CPC;
- de inventário destinado à cessão da comunhão hereditária ou de partilha de
bens em casos especiais - art.sº 2102.º, n.º 2 (partilha de herança), e 1689.º
(partilha dos bens do casal) do CC e art.ºs 1082.º a 1135.º do CPC;
- para liquidação de patrimónios em benefício da generalidade dos credores –
processo de insolvência regulado pelo CIRE.

Os tipos de atividade processual a desenvolver nas diversas espécies


de ação encontram-se genericamente esboçados no artigo 10.º, n.ºs 1 a 4,
do CPC.
Assim, as diversas espécies de ações declarativas prevista no n.º 3
do indicado artigo 10.º caracterizam-se pelo tipo de atividade processual
tendente a conhecer e declarar o direito que através daquelas se pretende
fazer valer, a culminar na prolação de uma decisão final sobre o mérito da
causa.
Já no domínio das espécies de ação executiva previstas nos n.ºs 4 e
6 do mesmo artigo, a atividade processual correspondente traduz-se na
adoção de providências jurisdicionais ou na prática sucessiva de dili-
gências destinadas a satisfazer coativamente a prestação pecuniária e
de entrega de coisa certa, imóvel ou imóvel, ou a prestação patrimonial
de facto positivo ou negativo, fungível ou infungível, objeto da obrigação
insatisfeita constante do título executivo, não havendo assim lugar a
decisão final de declaração do direito exequendo.
Poderá, quando muito, decidir-se sobre a inexistência ou insubsis-
tência, total ou parcial, desse direito atestado no título:
- em sede de despacho de indeferimento liminar do requeri-
mento executivo, no caso de execução fundada em título negocial -
art.º 726.º, n.º 2, alínea c), e n.º 5, do CPC;

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- ou, nos mesmos termos, em sede de despacho subsequente de
rejeição daquele requerimento proferido ao abrigo do artigo 734.º
do CPC;
- ou ainda, no caso de execução fundada em qualquer espécie de
título executivo, no âmbito de embargos de executado deduzidos
por apenso à execução, com fundamento impugnativo ou excetivo
sobre o mérito da pretensão executiva, nos termos dos artigos 729.º,
alíneas g) a i), 731.º e 732.º, n.º 6, do CPC.

Assim, a atividade processual inerente à instância executiva


propriamente dita desdobra-se nos seguintes tipos de providências:
i) – Providências decisórias do juiz de execução sobre:
a) - a verificação ou o suprimento dos pressupostos proces-
suais ou da forma de processo adequada;
b) - o mérito da pretensão executiva baseada em título nego-
cial, nos termos dos artigos 726.º, n.º 2, alínea c), e n.º 5, e 734.º do
CPC;
ii) – Providências decisórias do juiz de execução:
a) - de controlo, a priori, mas, em regra, a posteriori, da legali-
dade dos atos executivos respeitantes: à penhora de bens ou direi-
tos; à apreensão de coisa para entrega; à venda judicial do bem ou
direito penhorado; à entrega da coisa apreendida;
b) – sobre medidas coercitivas que devam sere adotadas para tal
efeito;
iii) – Providências de afetação de bens ou direitos – v.g. reali-
zação da penhora ou de apreensão de coisa para entrega -, da incum-
bência do agente de execução ou de oficial de justiça;
iv) – Providências de cariz expropriativo do bem ou direito
penhorado, como é a respetiva venda judicial;
v) – Providências satisfativas de pagamento da quantia pecu-
niária ou da entrega de coisa, objeto da prestação exequenda,
também da incumbência do agente de execução ou de oficial de
justiça.

Em suma, a forma de processo, contendo a respetiva tramitação e os


trâmites dos atos nela inseridos, constitui um requisito do exercício do
direito de ação na medida em que contempla o tipo ou modo e o
quantum de atividade que é possível ser desenvolvida pelas partes e
pelo tribunal por fases sucessivas, sem prejuízo da adequação formal
prevista no artigo 547.º do CPC.

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3. Das Formas de Processo

3.1. Nota preliminar

Para determinar a forma de processo aplicável e o seu conteúdo


regulativo importa efetuar dois tipos de operações:
a) – em primeiro lugar, determinar a forma de processo aplicá-
vel com base nos critérios gerais indicados nos artigos 546.º, 548.º e
550.º do CPC;
b) – em seguida, definir o conteúdo da respetiva regulação le-
gal, segundo os critérios dos artigos 547.º, 549.º e 551.º do CPC.

3.2. Da determinação da forma de processo

3.2.1. Quadro geral

Quer o processo declarativo quer o processo de execução podem


ser comuns ou especiais conforme o previsto nos artigos 546.º, n.º 1, 550.º
n.º 1, do CPC, respetivamente.
Nos termos do n.º 2 do artigo 546.º, o processo especial só se aplica
nos casos expressamente previstos na lei, cabendo processo comum a todos
os casos a que não corresponda forma de processo especial.

. Segundo o art.º 548.º, o processo comum declarativo segue forma


única, a qual se encontra regulada, de modo pleno, nos artigos 552.º a 702.º
do CPC.

. Quanto ao regime legal, nos termos do disposto no artigo 549.º, n.º


1, do CPC, aos processos especiais aplicam-se:
(i) - em primeira linha, as disposições que lhes são próprias;
(ii) – seguidamente, as disposições gerais e comuns, mormente as
respeitantes aos atos processuais (artigos 130.º a 258.º do CPC), à
instância (artigos 259.º a 361.º do CPC), à instrução do processo
(artigos 410.º a 526.º do CPC);
(iii) - em tudo o que não estiver previsto numas e noutras, as
disposições do processo comum.
E quando, nesses processos, haja lugar a venda de bens, aplicam-se
a esta as disposições pertinentes do processo executivo, nos termos do n.º
2 do artigo 549.º do CPC.

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. O processo executivo comum compreende três formas comuns
correspondentes às três espécies de ações executiva:
(i) - o processo para pagamento de quantia certa, regulado, de
forma plena, nos artigos 724.º a 858.º do CPC;
(ii) - o processo para entrega de coisa certa, regulado, de modo
fragmentário, nos artigos 859.º a 867.º do CPC;
(iii) – o processo para prestação de facto, regulado, também de
forma fragmentária, nos artigos 868.º a 877.º do CPC.

. Os processos executivos especiais podem corresponder, teorica-


mente, a qualquer daquelas espécies de ações. Por exemplo, o processo de
execução especial de alimentos, regulado nos artigos 933.º a 937.º do CPC,
corresponde a execução especial para pagamento de quantia certa.

3.2.2. Dos processos e procedimentos executivos especiais

Existem determinados processos especiais executivos ou de estru-


tura mista, que podem incluir fases ou atos de natureza executiva ou
mesmo uma fase executiva, a saber:
i) – O processo de insolvência – execução universal em benefício
da generalidade dos credores – previsto e regulado pelo Código da
Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), aprovado pe-
lo Dec.-Lei n.º 53/2004, de 18-03;
ii) – O processo de liquidação de herança vaga a favor do
Estado, regulado nos artigos 938.º e 940.º do CPC;
iii) – O processo judicial tributário – execução fiscal – previsto e
regulado nos artigos 148.º e seguintes do Código de Procedimento e
Processo Tributário, aprovado pelo Dec.-Lei n.º 433/99, de 26-10;
iv) – O processo de execução de sentença proferida em sede do
contencioso dos Tribunais Administrativos, regulado nos artigos
157.º a 179.º do Código do Processo nos Tribunais Administrativos
(CPTA)), aprovado pela Lei n.º 100/2015, de 19-08;
v) – O processo de execução laboral regulado nos artigos 88.º a
98.º-A do Código de Processo do Trabalho (CPT), aprovado pelo
Dec.-Lei n.º 480/99, de 9-11, com as subsequentes alterações;
vi) – O procedimento especial de despejo previsto e regulado nos
artigos 15.º a 15.º-S da Lei n.º 6/2006, de 27-02, alterada e repu-
blicada pela Lei n.º 79/2014, de 19-12, que aprovou o Novo Regime
do Arrendamento Urbano (NRAU), complementada pelo Dec.-Lei
n.º 1/2013, de 07-01, sobre o Balcão Nacional do Arrendamento e
Procedimento Especial de Despejo e pela Portaria n.º 9/2013, de 10-
01 que regulamenta o procedimento especial de despejo;

11
vii) – O processo especial por alimentos previsto e regulado nos
artigos 933.º a 937.º do CPC;
viii) - O processo especial para a tutela da personalidade nos
casos previstos no artigo 70.º, n.º 1 e 2, e seguintes do CC, confi-
gurado e regulado nos artigos 878.º a 880.º do CPC, comportando
uma fase executiva (n.º 2 do art.º 880.º CPC);
ix) - O processo de prestação de caução, a apreensão de um bem,
em caso de falta daquela prestação, aplicando-se as regras da penho-
ra nos termos do art.º 912.º, n.º 2, do CPC;
x) - O processo de divisão de coisa comum, em caso de falta de
acordo sobre a adjudicação de coisa indivisível, havendo lugar a
venda judicial do bem, nos termos do art.º 929.º, n.º 2, parte final,
do CPC, com a aplicação das disposições pertinentes do processo
executivo, conforme se preceitua no art.º 549.º, n.º 2, do mesmo
Código;
xi) - O processo de prestação de contas, a penhora de bens, por
apenso, para pagamento do saldo apurado a favor do autor (art.º
944.º, n.º 5, CPC);
xii) - O processo de jurisdição voluntária para apresentação de
coisas ou de documentos, prevista nos artigos 574.º a 576.º do CC,
mediante apreensão judicial destes objetos, segundo as regras da
penhora nos termos dos artigos 1045.º a 1047.º do CPC;
xiii) - O processo de jurisdição voluntária de investidura em
cargos sociais, a execução da decisão nos termos do art.º 1071.º do
CPC.
Também nos procedimentos cautelares de restituição provisória de
posse (artigos 377.º a 379.º do CPC), de arresto (artigos 391.º a 396.º do
CPC), de embargo de obra nova (artigos 397.º a 402.º do CPC) e de
arrolamento (artigos 403.º a 409.º do CPC), a execução da decisão
cautelar tem lugar nesses procedimentos e não em execução autónoma,
como resulta dos seguintes artigos do CPC:
- art.º 391.º, n.º 2, sobre a apreensão do bem arrestado com aplica-
ção das disposições relativas à penhora;
- art.º 400.º sobre o modo de realização ou ratificação do embargo
de obra nova;
- art.º 406.º sobre a realização do arrolamento mediante descrição,
avaliação e depósito dos bens arrolados (n.ºs 1 a 4) e com aplicação
das disposições relativas à penhora (n.º 5).

12
3.2.3. Do processo executivo comum

. Como já ficou acima enunciado, o processo executivo comum


compreende três formas correspondentes às três espécies de ações executi-
vas:
(i) - o processo para pagamento de quantia certa, regulado, de
forma plena, nos artigos 724.º a 858.º do CPC;
(ii) - o processo para entrega de coisa certa, regulado, de modo
fragmentário, nos artigos 859.º a 867.º do CPC;
(iii) – o processo para prestação de facto, regulado, também de
forma fragmentária, nos artigos 868.º a 877.º do CPC.

. O processo executivo comum para pagamento de quantia certa,


nos termos do artigo 550.º do CPC, compreende:
(i) - a forma ordinária, regulada nos artigos 724.º a 854.º do CPC;
(ii) - e a forma sumária, nas situações mencionadas no n.º 2 com a
ressalva das referidas no n.º 3 do artigo 550.º do CPC e regulada nos
artigos 855.º a 858.º do CPC.

Neste quadro, a determinação da forma ordinária de processo co-


mum para pagamento de quantia certa terá de ser feita por exclusão
das hipóteses previstas para a forma sumária no n.º 2, mas ressalvando
destas as situações figuradas no n.º 3 do artigo 550.º do CPC.

. Assim, seguem a forma sumária para pagamento de quantia


certa, as execuções baseadas nas espécies de títulos e condições referidas
no n.º 2 e fora dos casos previstos no n.º 3 do artigo 550.º do CPC, a saber:
a) – A decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não
deva ser executada no próprio processo (artigos 85.º, n.º 2, e
626.º, n.º 1 e 2, do CPC);
b) – O requerimento de injunção com aposição de fórmula exe-
cutória;
c) – O título extrajudicial (negocial ou especialmente criado por
lei) de que conste obrigação pecuniária vencida, garantida por
hipoteca ou penhor, independentemente do seu valor;
d) – O título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo
valor não exceda o dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância (€
10.000,00).

13
De referir que a forma sumária para pagamento de quantia certa, no
essencial, apenas difere da forma ordinária:
- na fase introdutória, em que há, em regra, dispensa legal de
despacho liminar e da citação prévia do executado, nos termos do
artigo 855.º, n.º 1, 2 e 3, do CPC;
- quanto às condições de dedução de oposição à execução e à pe-
nhora (art.º 856.º do CPC), bem como ao âmbito dos fundamentos
de oposição à execução baseada em requerimento de injunção ao
qual tenha sido aposta fórmula executória, nos termos dos artigos
857.º do CPC.
Todavia, ainda que a execução para pagamento de quantia certa te-
nha por base qualquer das espécies de título executivo e demais condições
referidas no n.º 2 do artigo 550.º, não é aplicável a forma sumária,
quando, concomitantemente, se verifique qualquer das situações figuradas
nas alíneas a) a d) do n.º 3 do mesmo artigo, as quais implicam a citação do
executado prévia à penhora e que está afastada, por regra, no processo
sumário.

Tais situações são as seguintes:


i) – a execução de obrigações pecuniárias alternativas, cuja esco-
lha deva ser feita pelo devedor ou por terceiro nos termos do artigo
714.º do CPC;
ii) – a execução de obrigação pecuniária dependente de condição
suspensiva ou de realização de uma prestação por parte do credor ou
de terceiro, implicando o procedimento preliminar previsto no artigo
715.º do CPC;
iii) – a execução de obrigação pecuniária carecida de liquidação
preliminar no processo executivo e não dependente de simples cál-
culo aritmético, nos termos do artigo 716.º, n.º 4 e 5, do CPC;
iv) – a execução de obrigação pecuniária fundada em título diverso
de sentença instaurada apenas contra um cônjuge, em que o exe-
quente alegue, no requerimento executivo, a comunicabilidade da dí-
vida ao outro cônjuge, nos termos da alínea e), 2.ª parte, do artigo
724.º do CPC, o que implicará a citação deste como se preceitua no
n.º 7 do art.º 726.º;
v) – a execução de obrigação pecuniária movida apenas contra o
devedor subsidiário que não tenha renunciado ao benefício de excus-
são prévia, nomeadamente nos termos do artigo 641.º, n.º 2, do CC.

Desde logo, a situação indicada em iii), correspondente à prevista


na alínea b) do n.º 3 do artigo 550.º do CPC, não é aplicável às execu-
ções fundadas em decisão proferida em processo que comporte o inci-
dente de liquidação, posto que, neste caso, a condenação genérica cuja

14
liquidação não dependa de simples cálculo aritmético deve ser objeto de tal
liquidação no processo declarativo, como impõe o n.º 6 do artigo 704.º do
CPC. Nesta medida, a ressalva aqui em referência só é aplicável às
decisões arbitrais e às decisões judiciais proferidas em processo que não
comporte o ónus de liquidação, conforme o prescrito no n.º 5 do artigo
716.º do CPC.
A mesma ressalva não terá também aplicação às execuções baseadas
nas espécies de títulos referidos nas alíneas b) e d) do n.º 2 do artigo
550.º do CPC, uma vez que se referem, respetivamente, ao requerimento
de injunção com fórmula executória e a título extrajudicial de que conste
obrigação pecuniária vencida de valor não superior ao dobro da alçada do
tribunal de 1.ª instância, portanto, não sujeitas a liquidação não dependente
de simples cálculo aritmético.
Também a situação prevista na alínea c) do n.º 3 do artigo 550.º
do CPC não é aplicável às execuções fundadas em sentença judicial ou
decisão arbitral.
Para saber quais as situações que se encontram excluídas na parte
final da alínea a) do n.º 2 do artigo 550.º do CPC, importa conjugar o
disposto nos artigos 626.º, n.º 1 e 2, e 85.º, n.º 1 e 2, do CPC.
Assim, devem correr no próprio processo declarativo, ainda que com
tramitação autónoma, nos termos dos artigos 85.º, n.º 1, e 626.º, n.º 1 e 2,
do CPC, as execuções de sentenças condenatórias proferidas pelo Tribunal
da Propriedade Intelectual, pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e
Supervisão, pelo tribunal marítimo, pelos juízos de família e menores, pe-
los juízos do trabalho e pelos juízos de comércio, dentro do respetivo âm-
bito de competência, bem como as sentenças proferidas pelos juízos crimi-
nais, em processo de natureza criminal que não deva, nos termos da lei
processual penal, correr perante o tribunal civil, salvo quando se tratar de
condenação cível a liquidar em sede de execução.
Devem igualmente correr nos mesmos termos as execuções de sen-
tenças condenatórias proferidas pelos juízos cíveis, centrais ou locais, ou
pelos juízos de competência genérica, nas comarcas em que não existam
juízos de execução cível.
Só nas comarcas em que existam juízos de execução cível é que a
execução de sentenças condenatórias proferidas pelos juízos cíveis, centrais
ou locais, ou pelos juízos de competência genérica são da competência
daqueles juízos de execução, não correndo, portanto, no próprio processo
em que foram proferidas (art.º 85.º, n.º 2, do CPC).
Também, a execução de decisões condenatórias proferidas pelos tri-
bunais superiores (art.º 86.º do CPC) e a execução de sentença estrangeira
(art.º 90.º do CPC) não correm no processo em que foram proferidas ou
revistas.

15
Em suma, a alínea a) do n.º 2 do artigo 550.º do CPC compreende, no
essencial, além das decisões arbitrais, as decisões judiciais de condenação
em obrigação pecuniária proferidas pelos juízos cíveis, centrais ou locais, e
pelos juízos de competência genérica, nas comarcas em que existam juízos
de execução, bem como as decisões da mesma natureza proferidas pelos
tribunais superiores e as sentenças estrangeiras.

Aqui chegados, pode-se agora concluir que seguem a forma ordi-


nária para pagamento de quantia certa:
a) – As execuções, qualquer que seja a espécie de título execu-
tivo, de obrigações alternativas, condicionais ou dependentes de
prestação, em que haja lugar aos procedimentos preliminares
previstos, respetivamente nos artigos 714.º e 715.º do CPC, e que
implicam a citação do executado ou a notificação de terceiro – art.º
550.º, n.º 3, alínea a), do CPC;
b) – As execuções de obrigação que careça, na fase executiva,
de liquidação não dependente de simples cálculo aritmético – art.º
550.º, n.º 3, alínea b), e 716.º, n.º 1, 4 e 5, do CPC;
c) – As execuções com base em título diverso de sentença ape-
nas assinado por um dos cônjuges, em que o exequente alegue a
comunicabilidade da dívida no requerimento executivo, a fim de
ser citado o cônjuge do executado – artigos 550.º, n.º 3, alínea c),
724.º, n.º 1, alínea e), 2.ª parte, e 726.º, n.º 7, do CPC;
d) – As execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário
que não haja renunciado ao benefício da excussão prévia – art.º
550.º, n.º 3, alínea d), do CPC;
e) – As demais execuções não baseadas em decisão judicial nos
termos previstos no artigo 626.º do CPC, nem nas espécies de
título referidas nas diversas alíneas do n.º 2 do art.º 550.º do
mesmo diploma.

. Os processos executivos comuns para entrega de coisa certa e


para prestação de facto seguem, cada um deles, forma única, nos termos
do artigo 550.º, n.º 4, regulada, respetivamente nos artigos 859.º a 867.º e
868.º a 877.º do CPC.

3.3. Da definição do conteúdo regulatório de cada forma de


processo

No que respeita ao conteúdo regulativo:


a) – A forma ordinária para pagamento de quantia certa contém
um tipo de regulação plena;

16
b) – A forma sumária para o pagamento de quantia certa e as
formas únicas para entrega de coisa certa e para prestação de
facto contêm uma regulamentação de tipo fragmentário;
c) – A todas as formas de processo comum de execução aplicam-se
as disposições dos artigos 703.º a 711.º e as disposições gerais dos
artigos 712.º a 723.º do CPC;
d) – Ao processo de execução aplicam-se subsidiariamente, com
as necessárias adaptações, as disposições reguladoras do processo
de declaração que se mostrem compatíveis com a natureza da ação
executiva – art.º 551.º, n.º 1, do CPC;
e) – À execução sumária para pagamento de quantia certa apli-
cam-se, subsidiariamente, as disposições do processo ordinário;
f) – À execução para entrega de coisa certa e para prestação de
facto aplicam-se as disposições relativas à execução para pagamento
de quantia certa, na parte em que o puderem ser – art.º 551.º, n.º 2, do
CPC;
g) – Às execuções especiais são aplicáveis, subsidiariamente, as
disposições do processo ordinário – art.º 551.º, n.º 4, do CPC.

4. Disposições gerais da ação executiva

4.1. Preliminar

A ação executiva comum, no que respeita à sua tramitação, para


além das disposições gerais e comuns em matéria de pressupostos proces-
suais e do regime dos atos processuais e da instância, constantes dos Livro
I e II do CPC, rege-se pelas disposições gerais que lhe são próprias pre-
vistas nos artigos 712.º a 723.º do CPC.
Estas disposições gerais da ação executiva comum incidem sobre três
planos distintos:
a) – o plano operativo da tramitação eletrónica – artigos 712.º,
717.º e 718.º do CPC;
b) – o plano dos procedimentos preliminares destinados a tornar
a obrigação exequenda certa ou concentrada, exigível e líquida,
quando o não seja em face do título executivo – artigos 713.º a 716.º
do CPC;
c) – o plano da repartição de competências entre o agente de
execução, a secretaria e o juiz – artigos 719.º a 723.º do CPC.

17
4.2. Da tramitação eletrónica

. O artigo 712.º, n.º 1 e 3, do CPC determina que, em regra, sejam


efetuadas por via eletrónica:
- a tramitação dos processos executivos, nos termos do disposto
no artigo 132.º do mesmo diploma e das disposições regulamentares
em vigor;
- as consultas a realizar pelo agente de execução para efetiva-
ção da penhora;
- quaisquer comunicações entre o agente de execução e os servi-
ços judiciários ou outros profissionais do foro.
Porém, o n.º 2 do artigo 712.º do CPC relega para portaria a regu-
lação do modelo e termos de apresentação do requerimento executivo.

. A tramitação eletrónica dos processos judiciais encontra-se regu-


lada na Portaria n.º 280/2013, de 26-081, em vigor desde 01-09-2013, com
as alterações entretanto introduzidas pelas Portarias n.º 170/2017, de 25-
05, e n.º 267/2018, de 20-09, e processa-se através do sistema informático
CITIUS, que disponibiliza os módulos de elaboração de peças processuais e
documentos, das comunicações de atos processuais, da transmissão de
dados, da própria organização do processo em suporte digital e da sua
consulta, com as garantias de integralidade, autenticidade e inviolabilidade
- art.º 132.º, n.º 1 a 4, do CPC e artigo 1.º, n.º 6, da referida Portaria.

. A par disso, a Portaria n.º 282/2013, de 29-082, retificada pela De-


claração de Retificação n.º 45/2013, de 28-10, em vigor desde 01-09-2013
e aplicável ao processos pendentes a essa data, entretanto alterada pela
Portaria n.º 267/2018, de 20-09, regula, salvo quanto aos artigos 43.º a
55.º, os aspetos da tramitação eletrónica e dos modelos em suporte de
papel, específicos das diversas fases do processo executivo e que se
encontram especificados no respetivo art.º 1.º, entre outros: a tramitação e
registo eletrónico da prática dos atos; as citações, notificações e publica-
ções; a penhora de depósitos bancários; os atos de venda; o acesso ao
registo informático de execuções previsto nos artigos 717.º e 718.º do CPC;
a tramitação das execuções por oficial de justiça.
De referir que os n.ºs 9 e 10 do artigo 2.º e o n.º 9 do artigo 3.º da
mencionada Portaria n.º 282/2013 foram alterados pelo artigo 16.º da Por-
taria n.º 349/2015, de 13-10, de modo a serem adaptados à possibilidade de
convolação em processo de execução do procedimento extrajudicial pré-
executivo instituído pela Lei n.º 32/2014, de 30/05.

1
Esta portaria, no seu art.º 38.º, revoga as Portarias n.º 114/2008, de 06-02, e n.º 1097/2006, de 13-10.
2
Esta Portaria revoga, no seu art.º 60.º, as anteriores Portarias n.º 700/2003, de 31-07, n.º 946/2003, de
06-09, e n.º 331.B/2009, de 30-03.

18
. Neste domínio, no que respeita à apresentação do requerimento
executivo, a sobredita portaria prevê três modalidades, a saber:
(i) – Quando o exequente tenha mandatário judicial constituído, a
apresentação mediante transmissão eletrónica de dados, através do
preenchimento e submissão a um formulário eletrónico, nos termos
do art.º 2.º da Portaria n.º 282/2013;
(ii) – Quando a parte não esteja representada por mandatário judi-
cial ou, estando, ocorra justo impedimento para a transmissão eletró-
nica, a apresentação em suporte de papel mediante entrega na se-
cretaria judicial, remessa pelo correio, sob registo, ou telecópia, com
utilização de modelo aprovado, nos termos do art.º 3.º;
(iii) – Nos casos de execução de decisão judicial condenatória, nos
próprios autos, a apresentação por via eletrónica ou em suporte
de papel, nos termos do art.º 4.º

Os documentos em poder do exequente relativos os bens por ele indi-


cados para penhora e o comprovativo do pagamento da taxa de justiça
devida ou da concessão de apoio judiciário, referidos no artigo 724.º, n.º 2 e
4, do CPC, devem acompanhar o requerimento executivo por via eletróni-
ca, quando possível, ou em suporte de papel, consoante os casos, nos
termos regulados nos artigos 2.º, 3.º e 4.º da Portaria n.º 282/2013.
Porém, se o título executivo se traduzir em título de crédito, caso o
requerimento executivo tenha sido entregue por via eletrónica, deve o
exequente enviar o original para o tribunal, dentro dos 10 dias subsequentes
à distribuição. Não o fazendo, deve o juiz, oficiosamente ou a requerimento
do executado, notificá-lo para o fazer, nos 10 dias seguintes, sob pena de
extinção da execução, como se preceitua no n.º 5 do artigo 724.º do CPC.

4.3. Da repartição de competências entre agente de execução,


secretaria e juiz

O processo de execução cível singular tem natureza jurisdicional,


muito embora tenha sofrido uma substancial desjudicialização a partir da
Reforma da Ação Executiva introduzida pelo Dec.-Lei n.º 226/2008, de 20-
11, nos termos da qual a competência do juiz de execução ficou cir-
cunscrita a certos momentos da instância (por exemplo, na fase introdutó-
ria), a determinados atos autorizativos ou à sindicância de específicas
questões impugnativas, bem como aos procedimentos declarativos conexos,
como se alcança do disposto no atual artigo 723.º, n.º 1, do CPC.
Por outro lado, a prossecução da instância executiva ficou cen-
trada em sede de uma intervenção latitudinária conferida ao agente de
execução, ainda que suscetível de sindicância pontual perante o juiz, com a
correspondente desoneração do impulso processual subsequente dantes

19
exigido às partes, como era o caso do ónus de nomeação de bens à penhora
impendente sobre o executado ou, subsidiariamente, sobre o exequente nos
termos ainda mantidos nos artigos 811.º, n.º 1, 833.º e 836.º do CPC na
versão da Revisão de 95/96.
Sinal dessa natureza jurisdicional mitigada da ação executiva é o
disposto no art.º 551.º, n.º 5, do CPC, no qual, em desvio do preceituado
no art.º 143.º, n.º 2, do mesmo diploma, se estabelece que o processo de
execução corre em tribunal quando seja requerido ou decorra da lei a
prática de ato da competência da secretaria ou do juiz e até à prática do
mesmo.
Em tal conformidade, diversamente do que ocorre no âmbito da ação
declarativa, em que sobreleva a distribuição da iniciativa processual entre
as partes e o tribunal (art.º 5.º do CPC), na ação executiva destaca-se antes
a repartição de competências entre o agente de execução, a secretaria e
o juiz, delineada, em termos gerais, nos artigos 719.º, 722.º e 723.º do CPC.

. Desde logo, segundo o disposto no n.º 3 do art.º 719.º do CPC, à


secretaria incumbe, em geral, exercer as funções que lhe são cometidas
no art.º 157.º do mesmo Código, nomeadamente assegurar o expediente,
autuação e regular tramitação do processo, na fase introdutória da execu-
ção e nos procedimentos ou incidentes de natureza declarativa, salvo no
que respeita à citação, que é da competência do agente de execução. E
incumbe-lhe ainda, nos termos do n.º 4 do citado normativo, notificar,
oficiosamente, o agente de execução da pendência de procedimentos ou
incidentes de natureza declarativa deduzidos na execução e dos atos aí
praticados que possam ter influência na instância executiva.

. Por sua vez, nos termos dos n.ºs 1 e 2 do indicado art.º 719.º, ao
agente de execução compete efetuar todas as diligências do processo
executivo que não estejam atribuídos à secretaria e ao juiz, incluindo,
nomeadamente, citações, notificações, publicações, consultas de bases de
dados, penhoras e seus registos, liquidações e pagamentos, e, mesmo
após a extinção da execução, assegurar a realização dos atos emergentes do
processo que careçam da sua intervenção.
Os prazos gerais para o agente de execução realizar notificações e
praticar outros atos são, respetivamente, de 5 e 10 dias, nos termos do n.º 7
do art.º 720.º do CPC.
O n.º 5 do art.º 720.º do CPC prevê a hipótese de solicitação de dili-
gências pelo agente de execução designado a agente de execução do
local onde o ato ou a diligência devam ter lugar.
E o n.º 6 do mesmo artigo permite que o agente de execução promo-
va, sob a sua responsabilidade e supervisão, a realização de quaisquer
diligências materiais do processo executivo que não impliquem apreen-

20
são material de bens, venda ou pagamento, por empregado ao seu
serviços, devidamente credenciado pela entidade competente para tal nos
termos da lei.
A designação, destituição e substituição do agente de execução es-
tão reguladas no art.º 720.º, n.º 1 a 3 e 8, do CPC.
O pagamento de honorários ao agente de execução e o reembolso das
despesas por ele efetuadas estão previstos, em termos gerais, no artigo
721.º do CPC, e regulados nos artigos 43.º a 55.º da Portaria n.º 282/2013.
O estatuto dos agentes de execução consta dos artigos 162.º a 180.º
do Estatuto da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução,
aprovado pela Lei n.º 154/2015, de 14-09.
Além disso, compete à Comissão para o Acompanhamento dos
Auxiliares de Justiça (CAAJ), estrutura independente, criada pela Lei n.º
77/2013, de 21-11, alterada pela Lei n.º 52/2019, de 17-04, instaurar e
instruir processos disciplinares e contraordenacionais, aplicar sanções dis-
ciplinares, coimas e sanções acessórias, bem como destituir agentes de
execução designados, no âmbito das funções de acompanhamento, fisca-
lização e disciplina dos agentes de execução, competência essa que é
exercida pela comissão de disciplina dos auxiliares de justiça, órgão
integrante daquela Comissão, nos termos do art.º 28.º da referida Lei, cujas
decisões são impugnáveis perante a jurisdição administrativa (art.º 8.º, n.º 1
e 2 da mesma Lei).

. No entanto, em especial, compete ao oficial de justiça, nos termos


do art.º 722.º do CPC, realizar as diligências próprias da competência
do agente de execução nos seguintes casos:
a) – Nas execuções em que o Estado seja exequente ou em que o
Ministério Público represente o exequente;
b) – Quando, a requerimento do exequente, o juiz o determine
com fundamento na inexistência de agente de execução inscrito na
comarca onde pende a execução e na desproporção manifesta dos
custos que decorreriam da atuação de agente de execução de outra
comarca;
c) – Quando, a requerimento do agente de execução, o juiz o
determine, se as diligências executivas implicarem deslocações cu-
jos custos se mostrem desproporcionados e não houver agente de
execução no local onde deva ter lugar a sua realização;
d) – Em execução de valor não excedente ao dobro da alçada do
tribunal de 1.ª instância (€ 10.000,00) em que o exequente seja pes-
soa singular e que tenha como objeto crédito não resultante de uma
atividade comercial ou industrial, desde que tal seja solicitado no
requerimento executivo e paga a taxa de justiça devida;

21
e) – Em execução de valor não superior à alçada da Relação (€
30.000,00), se o crédito exequendo for de natureza laboral e o exe-
quente o solicitar no requerimento executivo e pagar a taxa de
justiça devida.

Ao oficial de justiça que atue nos referidos casos não é aplicável o


estatuto de agente de execução (art.º 722.º, n.º 2, do CPC).

. A intervenção do juiz no processo executivo é de âmbito espe-


cífico, como decorre do preceituado no art.º 723.º do CPC, segundo o qual:
1 - Sem prejuízo de outras intervenções que a lei especificamente lhe atribui,
compete ao juiz:
a) – Proferir despacho liminar, quando deva ter lugar;
b) – Julgar a oposição à execução e à penhora, bem como verificar e graduar
os créditos, no prazo máximo de três meses contados da oposição ou reclama-
ção;
c) – Julgar, sem possibilidade de recurso, as reclamações de atos e impugna-
ções de decisões do agente de execução, no prazo de 10 dias;
d) – Decidir outras questões suscitadas pelo agente de execução, pelas partes
ou por terceiros intervenientes, no prazo de cinco dias.
2 – Nos casos das alíneas c) e d) do número anterior, pode o juiz aplicar
multa ao requerente, de valor a fixar entre 0,5 UC e 5 UC, quando a pretensão
for manifestamente injustificada.

Assim, no âmbito da instância executiva propriamente dita, a


intervenção do juiz está confinada:

I – Ao controlo inicial da validade e regularidade da instância,


da validade da arbitragem em que se funda a decisão arbitral
dada à execução e da legalidade da pretensão executiva, neste ca-
so no domínio dos títulos negociais, o que ocorrerá:
(i) - de forma sistemática, no processo ordinário para paga-
mento de quantia certa, bem como nos processos para entrega
de coisa certa e prestação de facto, em sede de despacho liminar,
nos termos do art.º 726.º, n.º 2 a 7, 859.º, e 868.º, n.º 2, do CPC;
(ii) – de modo eventual, por suscitação do agente de execução ou
do oficial de justiça que intervenha ao abrigo do art.º 722.º do CPC,
no domínio do processo sumário para pagamento de quantia
certa, nos termos da alínea b) do n.º 2 do art.º 855.º do CPC;

II – Ao controlo subsequente, episódico, da validade e regulari-


dade da instância, da validade da arbitragem em que se funda a
decisão arbitral dada à execução e, no domínio dos títulos nego-
ciais, da legalidade da pretensão executiva, até ao primeiro ato de
transmissão dos bens penhorados, nos termos do art.º 734.º do CPC;

22
III – A intervenções específicas ou pontuais, no decurso da
execução, nomeadamente, para:
(i) – autorizar, liminarmente, no âmbito do processo ordinário
para pagamento de quantia certa, a dispensa de citação do execu-
tado prévia à penhora, nos termos do art.º 727.º do CPC;
(ii) - reduzir ou isentar a penhora de vencimentos, salários, pres-
tações periódicas, seguro, indemnização por acidente, renda vita-
lícia ou prestação de qualquer natureza que assegurem a subsistên-
cia do executado, a requerimento deste e a título excecional, nos
termos do n.º 6 do art.º 738.º do CPC;
(iii) - autorizar consulta de declarações e outros elementos prote-
gidos pelo sigilo fiscal ou sujeitos a regime de confidencialidade,
nos termos do art.º 749.º, n.º 7, do CPC;
(iv) - nos casos de penhora em escritório de advogado ou de
solicitador, presidir ao ato de penhora, nos termos do art. 70.º do
EOA e do artigo 105.º do Estatuto da Câmara dos Solicitadores;
(v) - determinar a suspensão da execução, em caso de registo
provisório da penhora, nos termos do art.º 755.º, n.º 4, do CPC;
(vi) – remeter os interessados para os meios processuais co-
muns, suspendendo, em princípio, a execução, nos casos previstos
no art.º 119.º, n.º 4, do Código de Registo Predial;
(vii) – autorizar a solicitação de auxílio das autoridades policiais,
nos casos previstos no n.º 4 do art.º 757.º do CPC;
(viii) – autorizar que se proceda ao fracionamento de imóvel
(art.º 759.º, n.º 2, CPC);
(ix) – decidir, na falta de acordo entre o exequente e o executado,
ouvido o depositário, sobre o modo de exploração dos bens penho-
rados (art.º 760.º, n.º 2, CPC);
(x) – decidir sobre a ilisão da presunção de que bem móvel
penhorado em poder do executado lhe pertence, nos termos do art.º
764.º, n.º 3, do CPC;
(xi) – autorizar o depositário de navio penhorado a poder fazê-lo
navegar, se exequente e executado estiverem de acordo (art.º 769.º
CPC);
(xii) – ordenar o arresto de bens do depositário, quando este não
apresenta os bens penhorados que lhe tenham sido entregues (art.º
771.º, n.º 2, CPC);
(xiii) – autorizar o exequente, o executado e os credores recla-
mantes a praticar atos indispensáveis à conservação do direito de
crédito penhorado (art.º 773.º, n.º 6, CPC);
(xiv) – nomear fiscal ou designar administrador de estabeleci-
mento comercial penhorado, nos termos dos n.ºs 2 e 3 do art.º 782.º
do CPC;

23
(xv) – decidir a reclamação da decisão do agente de execução
sobre a modalidade da venda e o valor base dos bens a vender (art.º
812.º, n.º 7, do CPC);
(xvi) – autorizar a venda antecipada de bens, nos termos do art.º
814.º do CPC;
(xvii) – assistir à abertura de propostas em carta fechada, na
venda de imóveis, e decidir sobre as irregularidades relativas a essa
abertura, licitação, sorteio, apreciação e aceitação das propostas,
nos termos dos artigos 820.º, n.º 1, e 822.º, n.º 1, do CPC;
(xviii) – determinar se as propostas de venda de estabelecimento
mediante carta fechada são abertas na sua presença (art.º 829.º, n.º
2, do CPC);
(xix) – decidir sobre a urgência para efeitos de realização da
venda por negociação particular, nos termos do art.º 832.º, alínea
c), do CPC;
(xx) – determinar que o agente de execução fique encarregado da
venda por negociação particular, na falta de acordo de todos os
credores ou havendo oposição do executado (art.º 833.º, n.º 2, do
CPC);
(xxi) – decidir sobre irregularidades da venda em leilão, nos
termos dos artigos 835.º e 837.º, n.º 3, do CPC;
(xxii) – decidir o incidente de anulação da venda arguida pelo
comprador, nos termos do art.º 838.º do CPC;
(xxiii) – confirmar a suspensão pelo agente de execução da exe-
cução de entrega de local arrendado para habitação, nos termos do
n.º 4 do art.º 863.º do CPC;
(xxiv) – decidir sobre o diferimento da desocupação de imóvel
arrendado para habitação, nos termos do art.º 864.º do CPC;
(xxv) - fixar prazo para a prestação exequenda e aplicar sanção
compulsória, na fase liminar da execução para prestação de facto,
nos termos dos artigos 868.º, n.º 1, 2.ª parte, 874.º e 875.º do CPC;
(xxvi) – verificar, liminarmente, a violação da obrigação de pres-
tação de facto negativo, nos termos do art.º 876.º do CPC;
(xxvii) – decidir sobre todas as reclamações dos atos da secreta-
ria e do agente de execução, ou de outras questões suscitadas por
este, pelas partes ou por terceiros intervenientes – artigos 157.º, n.º
5, 723.º, n.º 1, alíneas c) e d), do CPC.

Afora tais situações específicas, embora assista ao juiz o poder-


dever de gestão processual definido no artigo 6.º do CPC, ele só poderá
exercer o respetivo controlo quando tome contacto com o processo,
pelo que, na prática, tal poder de controlo recai fundamentalmente
sobre o agente de execução ou o oficial de justiça, consoante os casos.

24
Daí o dever de informação e comunicação cometido ao agente de execução
no artigo 754.º do CPC.
De qualquer modo, nos casos em que ocorra intervenção episódica
do juiz, poderá este exercer o controlo subsequente da validade e regula-
ridade da instância ou da legalidade da pretensão executiva, nos termos do
artigo 734.º do CPC, providenciando pelo suprimento dos vícios existentes
e, na falta deste suprimento, determinando a extinção da execução.

. Em sede dos procedimentos declarativos, como são os embargos


de executado (artigos 728.º a 733.º do CPC), o incidente de oposição à
penhora (artigos 784.º e 785.º do CPC) e o procedimento de reclamação,
verificação e graduação de créditos (artigos 788.º a 791.º do CPC), que
correm por apenso à execução, cabe ao juiz exercer o poder-dever de
gestão processual, de forma mais sistemática, em termos idênticos ao
processo declarativo, como, de resto, decorre do disposto na alínea b) do
n.º 1 do art.º 723.º do CPC.

5. Quadro geral das fases do processo executivo

5.1. Preliminar

Com já foi dito, a instância desenvolve-se pela sequência de atos


processuais das partes, do tribunal, incluindo a secretaria, e do agente de
execução, integrados, por sua vez, em fases sucessivas.
Cada fase processual é definida com base na sua função (fisiologia)
e estrutura (anatomia).

O tecido normativo de cada fase contempla:

a) - a forma e as formalidades específicas de cada ato processual -


requisitos externos ou trâmites (vide, por exemplo, artigos 552.º, 572.º,
607.º, 637.º, 639.º, e 724.º do CPC), para além dos requisitos gerais dos
atos constantes dos artigos 131.º a 136.º (em geral), 144.º a 148.º (atos de
parte), 152.º a 155.º (atos dos magistrados), 157.º a 161.º (atos de
secretaria) do CPC;

b) - a sequência e o tempo em que devem ser praticados – trami-


tação;

c) - o âmbito das faculdades das partes e dos poderes do tribunal


que podem ser exercidos na respetiva fase ou momento processual.

25
Em face destes parâmetros, importa assim ter presente a função e
estrutura das várias fases processuais nas três formas do processo executivo
comum.

5.2. No processo executivo para pagamento de quantia certa

5.2.1. Na forma ordinária

5.2.1.1. Fase introdutória (artigos 724.º a 727.º do CPC)

A - Função

A fase introdutória tem por finalidade:

a) - Introduzir a execução em juízo;

b) - Permitir o controlo pela secretaria e pelo juiz, em sede de


despacho liminar, sobre:
(i) - a verificação e eventual suprimento dos requisitos legais do
requerimento executivo e dos pressupostos processuais (artigos
724.º, 725.º e 726.º, n.º 2, alíneas a) e b), n.º 4 e 5, do CPC), de
forma a acautelar a regularidade e validade da instância executi-
va, incluindo os requisitos da obrigação exequenda - certeza,
exigibilidade e liquidez da obrigação exequenda (artigos 713.º a
716.º e 726.º, n.º 2, alínea b), 4 e 5, do CPC);
(ii) – a verificação da validade da arbitragem em que se funda
a decisão arbitral dada à execução – art.º 726.º, n.º 2, alínea d),
do CPC;
(iii) - a existência, validade e subsistência da obrigação exe-
quenda constante de título negocial, quando sejam de conheci-
mento oficioso - 726.º, n.º 2, alínea c), e n.º 4, do CPC;

c) - Facultar ao executado o exercício do contraditório, nomea-


damente por via dos embargos de executado (artigos 726.º, n.º 6 e
7, e 728.º e seguintes do CPC).

B – Estrutura

A fase introdutória compreende os seguintes atos típicos:

a) - Requerimento executivo, a formular nos termos do art.º 724.º


do CPC e dos artigos 2.º e 3. º da Portaria n.º 282/2013, de 29-08;

26
b) – Recebimento ou recusa do requerimento executivo pela se-
cretaria, nos termos do art.º 725.º do CPC;

c) – Despacho liminar que pode ser de:


(i) - citação do executado e do respetivo cônjuge, em caso
de alegação da comunicabilidade da dívida - art.º 726.º, n.º
6 e 7, CPC;
(ii) - indeferimento liminar imediato, parcial ou total -
art.º 726.º, n.º 2 e 3, do CPC;
(iii) - aperfeiçoamento para suprir irregularidades ou sanar
a falta de pressupostos processuais - artigos 6.º, n.º 2, e 726.º,
n.º 4, do CPC;
(iv) - indeferimento liminar mediato ou diferido - art.º
726.º, n.º 5, do CPC.

d) – A realização da citação do executado prévia à penhora,


bem como do respetivo cônjuge, quando requerida pelo exequente
com fundamento na comunicabilidade da dívida, para pagar ou se
opor à execução – artigos 726.º, n.º 6 e 7, do CPC; a citação será
efetuada pelo agente de execução (artigos 719.º, n.º 1 e 3, parte final,
e 726.º, n.º 8, do CPC).

. Constituem procedimentos eventuais desta fase:


- a recusa do requerimento pela execução - art.º 725.º, n.º 1, do
CPC;
- a dispensa judicial de citação executado prévia prévia à penho-
ra, mediante despacho liminar, nos casos e termos do artigo 727.º do
CPC, após o que se segue o regime do processo sumário previsto nos
artigos 856.º e 857.º do mesmo Código.

Em face da citação, o executado e/ou o respetivo cônjuge podem de-


duzir o procedimento declarativo de embargos de executado, nas condi-
ções e termos previstos nos artigos 728.º a 733.º do CPC.
Tal procedimento traduz-se num enxerto declarativo, de natureza
contraditória, que corre por apenso à execução, podendo suspendê-la ou
não, em conformidade com o preceituado no art.º 733.º, n.º 1, do CPC, mas
que não constitui propriamente uma fase da execução.

27
5.2.1.2. Fase da penhora (artigos 748.º a 785.º do CPC)

A - Função

A penhora tem por finalidade:


a) – A individualização de bens determinados, no acervo do
património do devedor, o que se prende com o objeto da penhora e
com o procedimento processual para a sua efetivação (modos de
realização da penhora: artigos 755.º (imóveis), 764.º a 767.º (móveis
não sujeitos a registo); art.º 768.º (móveis sujeitos a registo); art.º
773.º (direitos de crédito); art.º 774.º (títulos de crédito), art.º 778.º
(direitos ou expectativas de aquisição); art.º 779.º (rendas, abonos,
vencimentos e salários); art.º 780.º (depósitos bancários e outros
valores mobiliários); art.º 781.º (direitos sobre bens indivisos, di-
reitos reais cujo objeto não deva ser apreendido, direitos patrimo-
niais emergentes da propriedade intelectual e quotas de sociedades)
e art.º 782.º (estabelecimento comercial), todos do CPC;
b) – A conservação dos bens penhorados, em que releva a situa-
ção processual desses bens e a sua administração: - poderes de admi-
nistração do fiel depositário - art.º 760.º do CPC, com referência ao
art.º 1187.º do CC; na penhora de direitos, entrega ou depósito da
prestação devida (art.º 777.º CPC) e quanto a atos conservatórios
(art.º 773.º, n.º 6, do CPC);
c) – A garantia para a satisfação do crédito dado à execução, o
que respeita à natureza e efeitos da penhora: - artigos 819.º a 822.º do
CC.

B - Estrutura

A fase da penhora compreende os seguintes atos típicos:

a) - Consultas e diligência prévias à penhora, nos termos do


artigo 748.º do CPC;

b) – Diligências prévias e subsequentes à penhora pelo agente


de execução com vista a identificação e localização de bens penho-
ráveis, nos termos dos artigos 749.º e 750.º do CPC;

c) – Realização da penhora, nos termos das disposições comuns


dos artigos 751.º a 753.º do CPC e, em especial:
(i) - quanto aos imóveis, dos artigos 755.º a 763.º do CPC;
(ii) - quanto a móveis, dos artigos 764.º a 772.º do CPC;
(iii) - quanto a direitos, dos artigos 773.º a 783.º do CPC.

28
d) - Meios de impugnação da penhora

A penhora pode ser impugnada pelos seguintes meios:


(i) – pelo executado e/ou respetivo cônjuge, mediante o incidente
de oposição à penhora, por apenso à execução, com os fundamen-
tos em violação de impenhorabilidade ou em extensão excessiva,
previstos no artigo 784.º e nas condições e termos do artigo 785.º do
CPC;
(ii) – por qualquer das partes afetadas, mediante reclamação nos
próprios autos de execução, no prazo geral de 10 dias, com funda-
mento em nulidade processual decorrente da violação das regras
que disciplinam o modo de realização da penhora, nos termos dos
artigos 149.º, 195.º, 197.º, 199.º e 201.º do CPC;
(iii) – pelo mecanismo do protesto, previsto no art.º 764.º, n.º 3, do
CPC, desencadeado perante o juiz, quer pelo executado ou por al-
guém em seu nome, quer por terceiro, com vista a ilidir a presunção
de que os bens encontrados em poder do executado lhe pertençam;
(iv) – por terceiro interessado, mediante o procedimento incidental
de embargos de terceiro, com os fundamentos, condições e termos
previstos nos artigos 342.º a 350.º do CPC;
(v) – por terceiro interessado, mediante ação de reivindicação,
autónoma, nos termos do art.º 1311.º do CC, podendo ser observadas
as cautelas previstas nos artigos 840.º e 841.º do CPC, respetivamen-
te nos casos de haver ou não protesto do reivindicante;
(vi) – em caso de penhora de bens pertencentes a herança indivisa,
por qualquer herdeiro, mediante petição de herança, autónoma, nos
termos dos artigos 2075.º a 2078.º do CC.

5.2.1.3. Fase do concurso de credores (artigo 786.º do CPC)

A fase do concurso dos credores tem por fim convocar, mediante


citação, os credores que gozem de direito real de garantia, registado ou
conhecido, sobre os bens penhorados, para que, querendo, reclamem os
seus créditos com vista a obterem a satisfação deles, na medida do possível,
pelo produto da respetiva venda, já que esta faz caducar aqueles direitos
nos termos do art.º 824.º, n.º 2, do CC
Tais citações fazem-se nos termos do artigo 786.º, n.ºs 1, alínea b), 2,
3, 4, 7 e 9, do CPC, não havendo lugar a citação edital dos credores desco-
nhecidos.

A dedução de reclamação de créditos dá lugar ao procedimento de-


clarativo contraditório previsto nos artigos 788.º a 791.º do CPC, que é

29
autuado em apenso único ao processo de execução, destinado à verificação
e graduação dos créditos reclamados.
Porém, as diligências para o pagamento realizam-se independente-
mente do prosseguimento daquele procedimento, mas só depois de findo o
prazo para as reclamações, salvo quando seja requerida pelo exequente a
consignação de rendimentos, a qual é deferida logo a seguir à penhora –
art.º 796.º, n.º 1, do CPC.

5.2.1.4. Fase de pagamento (artigos 795.º a 845.º do CPC)

A – Função

A fase de pagamento tem por função específica a satisfação coer-


civa do direito do exequente, bem como dos créditos graduados, seja
através da entrega do dinheiro ou da quantia pecuniária penhorados,
seja através da adjudicação dos bens penhorados ou da consignação dos
respetivos rendimentos, seja ainda por via da venda forçada e subse-
quente pagamento pelo produto obtido.

B – Estrutura

. A fase do pagamento só se inicia, em regra, depois de findo o


prazo para a reclamação de créditos, exceto nos casos de consignação de
rendimentos, que pode ser requerida pelo exequente e deferida logo a
seguir à penhora – artigo 796.º, n.º 1, do CPC.

. Por sua vez, a referida fase termina, consoante os casos, com:


- a adjudicação do bem;
- a consignação de rendimentos (art. 805.º, n.º 1, do CPC);
- o pagamento das custas e da prestação exequenda - artigo 849.º,
n.º 1, alínea b), do CPC), sem prejuízo, porém, de os credores recla-
mantes poderem requerer o prosseguimento da execução para satis-
fação dos seus créditos nos termos do n.º 2 do artigo 850.º do CPC.

No entanto, quando tenha sido deduzida oposição à execução, mas


esta execução deva prosseguir, nem o exequente nem qualquer outro credor
pode obter pagamento, na pendência da execução, sem prestar caução,
como preceitua o n.º 4 do artigo 733.º do CPC.

. Como prevê o artigo 795.º do CPC, o pagamento, em sede de exe-


cução, ao exequente e aos credores graduados pode consistir numa das
seguintes modalidades:
a) – A entrega de dinheiro - art.º 798.º do CPC;

30
b) – A adjudicação dos bens penhorados ao exequente ou a
credor reclamante - artigos 799.º a 802.º do CPC;
c) – A consignação judicial de rendimentos dos bens imóveis ou
móveis sujeitos a registo penhorados - artigos 803.º a 805.º do
CPC;
d) – Pagamento em prestações - artigos 806.º a 809.º do CPC;
e) – Acordo global, nomeadamente, de simples moratória, de
perdão, total ou parcial, de créditos, de substituição, total ou
parcial, de garantias ou constituição de novas garantias - artigo
810.º do CPC;
f) – A venda executiva (artigos 811.º a 845.º CPC), a qual pode
consistir em:
(i) - venda mediante proposta em carta fechada - artigos 816.º
a 829.º;
(ii) - venda em mercados regulamentados - art.º 830.º do CPC;
(iii) - venda direta - art.º 831.º;
(iv) - venda por negociação particular – artigos 832.º e 833.º;
(v) - venda em estabelecimento de leilão – artigos 834.º e
835.º;
(vi) - venda em depósito público ou equiparado - art.º 836.º;
(vii) - venda em leilão eletrónico – art.º 837.º.

5.2.1.5. Formas de extinção (artigos 846.º a 851.º do CPC)

A execução para pagamento de quantia certa extingue-se na


decorrência de qualquer das seguintes situações:
a) - por pagamento coercivo da quantia exequenda e das custas da
execução - art.º 849.º, n.º 1, alínea b), do CPC;
b) - por pagamento voluntário, efetuado no processo, da quantia
exequenda e das custas da execução, nos termos dos artigos 846.º,
847.º e 849.º, n.º 1, alínea a), do CPC;
c) - em virtude de pagamento extrajudicial, de remissão (artigos
863.º a 867.º do CC) ou de renúncia do direito por parte do exequen-
te – art.º 849.º, n.º 1, alínea f), do CPC;
d) – em caso de penhora de rendas, abonos, vencimentos ou sa-
lários, por adjudicação das quantias vincendas, nos termos dos arti-
gos 779.º, n.º 4, alínea b), e 849.º, n.º 1, alínea d), do CPC;
e) - em consequência da desistência do pedido ou da instância por
parte do exequente – artigos 277.º, alínea d), e 848.º do CPC;
f) - por transação judicial ou extrajudicial - artigos 1248.º a 1250.º
CC e 277.º, alínea d), do CPC -, quando se traduza em novação,
objetiva ou subjetiva, da obrigação exequenda (artigos 857.º a 862.º
do CC);

31
g) - por inutilidade ou impossibilidade superveniente da execução
– artigos 277.º, alínea e), 748.º, n.º 3, 750.º, n.º 2, 799.º, n.º 6, 855.º,
n.º 4, e 849.º, n.º 1, alínea c), do CPC;
h) – em caso de sustação integral da execução, ante a pluralidade
de execuções sobre o mesmo bem, nos termos do art.º 794.º, n.º 4, e
849.º, n.º 1, alínea e), do CPC;
i) - por deserção da instância, nos termos dos artigos 277.º, alínea
c), e 281.º, n.º 1 e 4, do CPC;
j) - por qualquer outra causa de extinção da execução, nomea-
damente por efeito da procedência da oposição à execução (art.º
732.º, n.º 4, CPC) ou em consequência do conhecimento super-
veniente da falta de pressupostos processuais ou da ilegalidade da
pretensão executiva, ao abrigo do preceituado no artigo 734.º do
CPC.

A extinção da execução é notificada pelo agente de execução ao


exequente, ao executado, apenas quando sido pessoalmente citado, e aos
credores reclamantes (art.º 849.º, n.º 2, CPC).
E é comunicada, por via electrónica, ao tribunal, sem neces-
sidade de intervenção judicial ou da secretaria (art.º 849.º, n.º 3, do
CPC).

5.2.1.6. Renovação da instância (artigo 850.º do CPC)

A – Casos de renovação da instância executiva

Não obstante a extinção da execução pelo pagamento coercivo, em


caso de título com trato sucessivo (por exemplo, título executivo de que
conste a obrigação de prestar alimentos), o exequente pode, no mesmo
processo, renovar a instância para pagamento de prestações que se vençam
posteriormente, nos termos do art.º 850.º, n.º 1, do CPC.

Haverá também lugar a renovação da execução já extinta:


a) – quando, ocorrendo pagamento voluntário, perdão ou remis-
são do crédito exequendo, antes da venda ou adjudicação de bens
penhorados, qualquer credor cujo crédito esteja vencido e o haja
oportunamente reclamado para ser pago pelos bens penhorados, o
requeira nos termos do artigo 850.º, n.º 2, do CPC;
b) – quando a extinção da execução resulte dos casos referidos
nas alíneas c), d) e e) do n.º 1, do artigo 849.º e nos termos do artigo
850.º, n.º 5, do CPC.

32
B - Procedimento

No caso de renovação da instância previsto no artigo 850.º, n.º 1, do


CPC, a instância reinicia-se, nos termos gerais, tendo por objeto a nova
pretensão executiva formulada.
Nos demais casos, observar-se-á o preceituado no n.º 3 e 4 do artigo
850.º do CPC.

5.2.1.7. Fase de recurso (artigos 852.º a 854.º do CPC)

5.2.1.7.1. Regime de recurso regulador subsidiário

Aos recursos de apelação e revista de decisões proferidas no proces-


so executivo são subsidiariamente aplicáveis as disposições reguladoras do
processo de declaração – art.º 852.º do CPC.

5.2.1.7.2. Recurso de Apelação (art.º 853.º do CPC)

. Aos recursos interpostos de decisões proferidas nos procedi-


mentos ou incidentes de natureza declaratória inseridos na tramitação
da ação executiva é aplicável o regime estabelecido para os recursos em
sede de processo declarativo – artigo 853.º, n.º 1, do CPC.

. Das decisões proferidas e inseridas na tramitação da instância


executiva propriamente dita cabe recurso de apelação, nos termos gerais,
nas situações previstas no n.º 2 do art.º 853.º do CPC.

. Do despacho de indeferimento liminar do requerimento executi-


vo, ainda que parcial, proferido nos termos do art.º 726.º, n.ºs 2, 3 e 5, do
CPC, cabe sempre recurso de apelação, independentemente do valor da
causa ou da sucumbência, conforme o preceituado nos n.ºs 3 e 4 do art.º
853.º do mesmo Código.

. Do despacho de rejeição do requerimento executivo subsequente


proferido ao abrigo do art.º 734.º do CPC cabe também sempre recurso
de apelação, independentemente do valor da causa ou da sucumbência, nos
termos no mencionado artigo 853.º, n.ºs 3 e 4.

5.2.1.7.3. Recurso de Revista (art.º 854.º do CPC)

. Nos termos do art.º 854.º, 1.ª parte, a contrario sensu, do CPC, não
cabe recurso de revista dos acórdãos da Relação proferidos em sede da
instância executiva propriamente dita, bem como em incidente de

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oposição à penhora previsto nos artigos 784.º e 785.º do CPC, salvo
quando seja sempre admissível recurso de tais decisões para o Supremo
Tribunal de Justiça, como nos casos previstos no n.º 2 do artigo 629.º do
mesmo Código.

. Dos acórdãos da Relação proferidos em recurso nos procedi-


mentos de liquidação não dependente de simples cálculo aritmético (art.º
716.º, n.º 4, do CPC), de verificação e graduação de créditos (artigos 788.º
a 791.º do CPC) e de oposição deduzida contra a execução (artigos 732.º
do CPC) cabe recurso de revista nos termos gerais – art.º 854.º, 2.ª parte,
do CPC.

5.2.2. Na forma sumária

A execução para pagamento de quantia certa sob a forma


sumária, tendo em vista razões de maior celeridade e atenta a firmeza dos
títulos executivos a que se aplica, compreende as mesmas fases da forma
ordinária, mas com as seguintes especialidades:

A – Na fase introdutória, o requerimento executivo e os documen-


tos que o acompanham são imediatamente enviados, por via electrónica,
para o agente de execução, havendo dispensa legal de despacho liminar e
de citação do executado prévia à penhora, nos termos dos n.ºs 1 e 3, do
art.º 855.º do CPC, cabendo, no entanto, àquele agente de execução:

a) - Em primeira linha, exercer o poder de controlo sobre os


requisitos formais do requerimento executivo, recusando-o li-
minarmente quando se verifiquem os fundamentos previstos no art.º
725.º, aplicável por via do art.º 855.º, n.º 2, alínea a), e 855.º-A do
CPC;

b) – Em segundo lugar, suscitar a intervenção do juiz, nos termos


do art.º 855.º, n.º 2, alínea b), do CPC, quando:
(i) - se lhe afigure provável a ocorrência de situações que
impliquem indeferimento liminar imediato ou convite ao su-
primento de irregularidades do requerimento executivo ou de
sanação da falta de pressupostos processuais, nos termos dos
n.ºs 2 e 4 do art.º 726.º do CPC;
(ii) - duvide da verificação dos pressupostos de aplicação da
forma sumária;

c) – Suscitar a intervenção do juiz para proferir despacho limi-


nar, nos termos do artigo 726.º ex vi do artigo 855.º, n.º 5, do

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CPC, em caso de execuções fundadas em título extrajudicial de obri-
gação pecuniária vencida de valor não excedente ao dobro da alçada
do tribunal de 1.ª instância, instauradas ao abrigo da alínea d) do n.º
2 do artigo 550.º, se houver lugar a penhora de bens imóveis, de esta-
belecimento comercial, de direito real menor que sobre eles incida ou
de quinhão em património que os inclua, uma vez que essa penhora
tem de ser precedida da citação do executado.

No entanto, nos casos em que o exequente requeira que as funções


do agente de execução sejam exercidas por oficial de justiça, ao abrigo do
disposto na alínea c) do n.º 1 do art.º 722.º do CPC, tendo o juiz de intervir
logo para assim o determinar, cabe-lhe então, nos termos do art.º 726.º, n.º
2 e 4, do CPC, assegurar-se de que não ocorre fundamento para indefe-
rimento liminar ou aperfeiçoamento do requerimento executivo; se não
ocorrer tal fundamento nem se verificar a situação prevista no n.º 5 do art.º
855.º do CPC, o juiz mandará prosseguir o processo para a fase da penhora
sem precedência da citação do executado.

B – Não havendo lugar a despacho liminar, feita a penhora, o execu-


tado é citado, no próprio ato da penhora ou, não estando presente, nos cinco
dias subsequentes, para deduzir embargos de executado ou oposição à
penhora, no prazo de 20 dias, nos termos do artigo 856.º, n.º 1 e 2, do
CPC.
Querendo o executado opor-se, simultaneamente, à execução e à
penhora, deverá cumular tais pretensões no procedimento de embargos de
executado, nos termos do art.º 856.º, n.º 3, do CPC. Querendo apenas opor-
se à penhora, deduzirá o incidente de oposição respetivo, no prazo de 20
dias, por apenso à execução, nos termos dos n.ºs 2 e 6 do art.º 785.º ex vi do
art.º 856.º, n.º 4, do CPC.
Se o executado deduzir oposição à execução, pode aí requerer tam-
bém a substituição da penhora por caução idónea, nos termos do art.º 856.º,
n.º 5, do CPC.

C – No caso de execução fundada em requerimento de injunção


com aposição de fórmula executória, os fundamentos dos embargos de
execução são se âmbito restrito, como no caso de oposição à execução
baseada em sentença, em conformidade com o preceituado no art.º 729.º,
mas com as adaptações devidas e as especialidades constantes do art.º 857.º
do CPC.

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5.2. No processo executivo para entrega de coisa certa

O processo de execução para entrega de coisa certa segue forma


única (art.º 550.º, n.º 4, CPC), regulada nos artigos 859.º a 867.º, com a
aplicação subsidiária das disposições do processo para pagamento de quan-
tia certa (art.º 551.º, n.º 2), comportando:

A – A fase introdutória, em que há sempre a citação do execu-


tado, salvo o disposto no artigo 626.º, n.º 3, do CPC, e a que poderá
seguir-se o procedimento de oposição à execução - artigos 859.º e
860.º do CPC;

B – A fase de entrega a que se aplica com as necessárias adapta-


ções as disposições referentes à realização da penhora - artigos 861.º
a 865.º do CPC;

C – Nos casos em que a coisa não seja encontrada, porque física-


mente perdida ou juridicamente na esfera alheia, far-se-á a conver-
são da execução de entrega em execução para pagamento de
quantia certa, nos termos do artigo 867.º do CPC, procedendo-se
então:
a) - à liquidação do valor da coisa e do prejuízo resultante da
falta da entrega, segundo a tramitação do incidente de liquidação,
nos termos dos artigos 358.º, 360.º e 716.º do CPC;
b) - seguindo-se as fases da penhora, do eventual concurso de
credores e do pagamento nos termos estabelecidos no processo de
execução para pagamento de quantia certa - art.º 867.º, n.º 2, do
CPC.

D - Feita a entrega, coloca-se então a questão de saber se assiste


ao executado o direito de se lhe opor mediante o incidente de
oposição, nos termos aplicáveis do artigo 785.º do CPC.
Segundo alguns autores – Lebre de Freitas e Teixeira de Sousa -
é admissível tal incidente, enquanto para outros – Amâncio
Ferreira - tal incidente não faz sentido nesta espécie de execução,
na medida em que a discrepância entre a obrigação exequenda e a
coisa solicitada ou entregue tal como consta do título será, quando
muito, fundamento de oposição à execução.
Acresce que a entrega de coisa pelo agente de execução diversa
da constante do título será impugnável mediante requerimento nos
autos de execução com fundamento em nulidade do ato de entrega.

36
Porém, a entrega pode ser impugnada por terceiros mediante
embargos de terceiro, nos termos do artigo 342.º e seguintes do
CPC, ou por via de ação autónoma de reivindicação.
Efetuada a entrega da coisa, se a decisão que a decretou for
revogada ou se, por qualquer outro motivo, o anterior possuidor
recuperar o direito a ela, pode requerer que se proceda à respetiva
restituição (art.º 861.º, n.º 5, do CPC).

E - Realizada a entrega da coisa, extingue-se a execução pela


consecução do seu fim, procedendo-se à contagem das custas devi-
das. Não sendo estas pagas voluntariamente, o seu pagamento coerci-
vo far-se-á por via de execução por custas, hoje em sede de execução
fiscal, nos termos dos artigos 35.º e 36.º do RCP.

5.3. No processo executivo para prestação de facto

A tramitação do processo para prestação de facto diversifica-se


consoante a natureza da obrigação e a existência ou não de prazo para essa
prestação.
A execução para prestação de facto pode ter por objeto também o pa-
gamento de indemnização moratória e de indemnização pelo dano so-
frido com a não realização da prestação devida – artigos 868.º, n.º 1, e
876.º, n.º 1, alínea b), do CPC.
E, quando a execução respeite a prestação de facto infungível, poderá
ainda compreender o pagamento de quantia devida a título de sanção pecu-
niária compulsória, seja quando fixada na sentença exequenda, seja a fixar
no próprio processo executivo, nos termos do artigo 829.º-A, n.ºs 1 a 3, do
CC e dos artigos 868.º, n.º 1, 2.ª parte, 874.º, n.º 1, e 786.º, n.º 1, alínea c),
do CPC.

5.3.1. Da prestação de facto com prazo certo constante do título


(artigos 868.º a 873.º do CPC)

. Na fase introdutória, há sempre lugar à citação prévia do executa-


do nos termos do art.º 868.º, n.º 2, salvo o disposto no artigo 626.º, n.º 4, do
CPC.
Como na execução para prestação de facto há sempre citação prévia
do executado, a dedução de oposição só poderá terá lugar no prazo de 20
dias a contar daquela citação.
O executado pode basear a oposição, nos fundamentos previstos nos
artigos 729.º a 731.º do CPC, em conformidade com a espécie de título em
causa, podendo, ainda que a execução se funde em sentença, provar o cum-

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primento posterior da obrigação por qualquer meio de prova – art. º 868.º,
n.º 2, 2.ª parte, do CPC.
O recebimento da oposição à execução tem os efeitos previstos no
artigo 733.º do CPC.

. Não sendo deduzida oposição ou, sendo deduzida, não ficando sus-
pensa a execução, ou ainda, em caso de suspensão da execução, sendo jul-
gada improcedente a oposição, sem que seja prestado espontaneamente o
facto no prazo legal, seguem-se os termos previstos nos artigos 868.º a
873.º do CPC, consoante se trate de prestação de facto fungível ou infun-
gível.

. Na execução para prestação de facto infungível, não sendo esta


efetuada voluntariamente, o exequente só poderá deduzir uma pretensão
de indemnização substitutiva, procedendo-se então à sua liquidação me-
diante o respetivo incidente, nos termos dos artigos 358.º, 360.º e 716.º ex
vi do artigo 867.º para que remete o art.º 869.º do CPC.
Fixada tal indemnização, a execução para prestação de facto é
convertida em execução para pagamento de quantia certa, seguindo-se
depois a fase da penhora, o eventual concurso de credores e a fase de paga-
mento, nos termos do referido processo de execução para pagamento de
quantia certa – art.º 869.º do CPC.

. Na execução para prestação de facto fungível, não sendo esta


prestada voluntariamente, o exequente tem duas alternativas:
a) – Optar pela indemnização substitutiva, nos termos referidos
no ponto precedente – art.º 869.º do CPC.
b) – Optar pela prestação por outrem, nos termos do artigo 870.º
do CPC:
(i) - procede-se a avaliação, mediante perícia, do custo da
prestação;
(ii) - concluída a avaliação, seguem-se os termos da execução
para pagamento de quantia apurada, procedendo-se à penho-
ra de bens, a eventual concurso de credores e ao pagamento (art.º
870.º, n.º 2, do CPC);
(iii) – subsequentemente, procede-se à prestação de contas
pelo exequente ao juiz do processo, sendo lícito ao executado
contestar as contas (art.º 871.º do CPC);
(iv) - aprovadas as contas pelo juiz de execução, paga-se o
crédito do exequente pelo produto da execução – art.º 872.º do
CPC.
(v) – se o produto obtido não chegar para pagar as despesas
aprovadas, seguem-se, novamente, os termos do art.º 870.º do

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CPC, para obtenção da quantia em falta (art.º 872.º, n.º 2, do
CPC);
(vi) – tendo sido excutidos todos os bens do executado sem
de obter a importância da avaliação, o exequente pode desistir da
prestação de facto, no caso de não estar ainda iniciada, e requerer
o levantamento da quantia obtida (art.º 873.º do CPC).

5.3.2. Da prestação de facto quando do título não consta o respetivo


prazo (artigos 874.º e 875.º do CPC)

Nesta modalidade, o processo inicia-se com o preliminar para a fixa-


ção de prazo, seguindo-se os demais termos previstos nos artigos 874.º e
875.º do CPC.

5.3.3. Da prestação de facto negativo (artigos 876.º e 877.º do


CPC)

. A execução para prestação de facto negativo tem lugar quando


do título executivo consta uma obrigação dessa natureza, independen-
temente de a respetiva satisfação envolver a prática de ato comissivo. Por
exemplo, se do título constar a obrigação de o executado se abster de erigir
determinado muro e ele procedeu à construção de que estava inibido, a
execução é para prestação de facto negativo, embora o resultado a obter se-
ja agora o de demolição desse muro, como decorre do disposto nos artigos
829.º, n.º 1, do CC e 10.º, n.º 5, do CPC. A demolição a efetuar será, assim,
definida em função dos contornos da própria prestação de facto negativo.
O processo inicia-se, pois, com o procedimento preliminar para
verificação da violação do facto omitido, nos termos do artigo 876.º do
CPC.

. Como fundamento de oposição, pode o executado invocar o facto


de a demolição representar para ele um prejuízo consideravelmente
superior ao sofrido pelo exequente, o que, a provar-se, importará apenas a
respetiva indemnização – art.º 829.º, n.º 2, do CC, 876.º, n.º 2, e 877.º, n.º
1, do CPC.
A oposição com aquele fundamento suspende a execução, em
seguida à perícia, mesmo que o executado preste caução – art.º 876.º, n.º 4,
do CPC.

. Reconhecida a falta de cumprimento da obrigação de prestação do


facto negativo, o juiz ordenará a demolição à custa do executado ou fixará
a indemnização devida, quando não haja lugar a demolição.

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. Seguir-se-ão depois os termos subsequentes, com as necessárias,
prescritos nos artigos 869.º a 873.º do CPC.

5.4. Execução de decisão judicial nos autos do processo decla-


rativo (art.º 626.º do CPC)

. A execução de decisões judiciais condenatórias proferidas em


processo declarativo, salvo as proferidas no âmbito do processo especial
de despejo, são tramitadas, de forma autónoma, nos próprios autos do
processo declarativo, nos termos dos artigos 85.º, n.º 1, e 626.º do CPC,
iniciando-se com a apresentação do requerimento executivo, em conformi-
dade com o preceituado no art.º 4.º da Portaria n.º 282/2013, de 29-08, e a
que se aplica o disposto no artigo 724.º e seguintes do CPC. Porém, se o
processo tiver subido em recurso, a execução corre no traslado (art.º 85.º,
n.º 1, in fine, do CPC.
Além disso, se para tal execução for competente juízo de execução
com competência específica, nos termos da lei de organização judiciária,
deve ser remetido a este, com caráter de urgência, cópia da sentença, do
requerimento executivo e dos documentos que o acompanham.

. A referida execução, quando para pagamento de quantia certa,


segue a tramitação da forma sumária, havendo lugar à notificação do exe-
cutado após a realização da penhora, nos termos do art.º 626.º, n.º 2, do
CPC, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 550.º do mesmo diploma,
caso em que se aplicam as disposições do processo ordinário.

. Tratando-se de execução para entrega de coisa certa, feita a


entrega, o executado é notificado para deduzir oposição, seguindo-se tam-
bém, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 855.º e seguin-
tes, por força do n.º 3 do art.º 626.º do CPC.

. Na execução fundada em decisão judicial condenatória proferida


em processo declarativo, podem ser cumuladas as execuções de todos os
pedidos julgados procedentes, independentemente da diversidade de fins,
como se ressalva no art.º 710.º do CPC.
Assim, se o exequente pretender, em conjunto como o pagamento
de quantia certa ou com a entrega de coisa certa, executar a prestação
de um facto, a citação prevista no art.º 868.º do CPC é realizada em con-
junto com a notificação do executado para deduzir oposição ao pagamento
ou à entrega - art.º 626.º, n.º 4, do CPC.
E, se a execução tiver por finalidade o pagamento de quantia cer-
ta e a entrega de coisa certa ou a prestação de facto, podem ser logo
penhorados bens para cobrir a quantia decorrente da eventual conversão

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destas execuções, bem como a destinada à indemnização do exequente e ao
montante devido a título de sanção pecuniária compulsória, nos termos do
n.º 5 do mencionado art.º 626.º.
No entanto, não se vislumbra com que base minimamente segura se
possa efetivar a penhora para cobrir a eventual conversão das execuções
para entrega de coisa certa ou para prestação de facto sem que se desenca-
deiem, previamente, os procedimentos de liquidação, de avaliação ou de
fixação da sanção pecuniária compulsória, previstos nos artigos 867.º,
869.º, 870.º, n.º 2, e 874.º do CPC, consoante os casos, com as necessárias
garantias do contraditório.

Lisboa, 31 de março de 2022

Manuel Tomé Soares Gomes

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