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ALUNO: Cleber Eduardo Gomes

1- Como ocorre a penhora no Processo Trabalhista?


A Penhora, ato processual de execução, visa satisfazer o direito do exequente,
sendo meio de satisfação do credor, e de acordo com o art. 831 do Código de
Processo Civil, “deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento
do principal atualizado[...]”. A penhora se dá, uma vez esgotadas as tentativas de
pagamento da dívida ou quando não garante a execução.
A execução trabalhista tem início com o requerimento de execução, com o trânsito
em julgado, a condenação e o não cumprimento de forma espontânea a decisão
judicial ou acordo. Tem-se, então, a citação do executado, com tentativas de citação
pessoal, caso sem êxito, far-se-á a citação por edital (§3º do art. 880 da CLT).
Caso não haja paramento ou garantia da execução, então ocorrerá a penhorta, no
primeiro momento há cálculo do valor do objeto de condenação, seguido pela
liquidação. Proferida essa última, o juiz expede mandado para que o Oficial de
Justiça intime a parte condenada a pagar a dívida ou oferecimento de bens à
penhora (os bens restam sob tutela da Justiça).
Por fim, considera-se a penhora feita mediante a apreensão e o depósito dos bens,
tal qual rege o art. 839 do CPC.
Quanto a ordem de preferência da penhora, tem-se o seguinte rol do art. 835 do
CPC:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - Dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;
II - Títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com
cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - Veículos de via terrestre;
V - Bens imóveis;
VI - Bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - Ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - Percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de
alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais
hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as
circunstâncias do caso concreto.
2 – Quais são os bens penhoráveis e impenhoráveis:
a) Bens Penhoráveis
São bens penhoráveis, aqueles suscetíveis de penhora para pagamento de dívida,
ou seja, todos aqueles inclusos no rol de do art. 834 e 835 do CPC:
Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os
rendimentos dos bens inalienáveis.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - Dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;
II - Títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com
cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - Veículos de via terrestre;
V - Bens imóveis;
VI - Bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - Ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - Percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de
alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.

Ainda preza o art. 831 do mesmo código, “a penhora deverá recair sobre tantos bens
quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e
dos honorários advocatícios.”

b) Bens Impenhoráveis
São bens impenhoráveis, aqueles que tem relação com o princípio da dignidade
humana, e/ou que sejam essenciais para prover o sustento do indivíduo e sua
família, de acordo com o art. 833 do Código de Processo Civil:
Art. 833. São impenhoráveis:
I - Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - Os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem
as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado,
salvo se de elevado valor;
IV - Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios,
bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
V - Os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou
outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do
executado;
VI - O seguro de vida;
VII - Os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas
forem penhoradas;
VIII - A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família;
IX - Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - A quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;
XI - Os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político,
nos termos da lei;
XII - Os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime
de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

Relevante aqui é o inciso IV do artigo, que versa da impenhorabilidade dos


vencimentos, soldos, e salários, no entanto, se torna penhorável quando superar o
limite de 50 salários mínimos, ou para satisfazer pensão alimentícia.

3 – Penhora da Massa Falida ou Empresa em Recuperação Judicial:


A Penhora de bens da massa falida ou empresa em recuperação judicial em
processo trabalhista, é regida pela legislação trabalhista, seguindo segue as regras
da CLT, complementadas pela legislação específica.
No Caso de empresa em processo de falência, a penhora de bens será
regulamentada pela lei nº 11.101/2005, Lei de Falências, a qual prevê em seus
artigos 83, 84 e 86, que os créditos trabalhistas tem prioridade na classificação de
créditos durante o processo de falência, também que a decretação da falência ou o
adiamento da recuperação judicial interrompam as ações e execuções em curso
contra o devedor, e que o juiz responsável pelo processo de falência ou recuperação
judicial tem competência para decidir todas as questões relacionadas à execução da
lei.

4 – Como se processa os Embargos à Execução?


Os Embargos à Execução configuram medida processual, utilizador por um devedor,
para impugnar uma execução. Em embargos a causa trabalhista, é necessário
prover garantia através dos meios possíveis estabelecidos pelo CPC, como o
depósito do valor em julgamento, a penhora de bens ou utilização de seguro
garantia. Está contemplado no Código de Processo Civil nos artigos 914 e
seguintes, da seguinte forma:
Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,
poderá se opor à execução por meio de embargos. [...]
Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias,
contado, conforme o caso, na forma do art. 231 . [...]
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
I - Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - Penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução
para entrega de coisa certa;
V - Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo
de conhecimento.

Tratando-se de matéria trabalhista, é regido pelo art. 884 e seguintes da CLT.


Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5
(cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente
para impugnação.
§ 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da
decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.
§ 2º - Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o
Presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar
audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5
(cinco) dias.
§ 3º - Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a
sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo
prazo.
§ 4º - Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à
liquidação.
§ 5º Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em
aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição
Federal
§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades
filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas
instituições.

O Embargante, portanto, tem dentro do prazo de cinco dias da citação da


penhora/intimação, para apresentar os embargos à execução, para tanto, deve
protocolar os embargos na mesma vara do trabalho onde há o tramite do processo.
No Processo, deve o executado indicar claramente e com razões plausíveis o motivo
da contestação, bem como é necessário apresentar argumentos pautados na
legislação, ou os fatos que justifiquem a suspensão da anulação.
O Juiz deverá, após a interposição dos embargos, notificar o credor, para apresentar
sua resposta, também no prazo de cinco dias. Por fim, o juiz analisará o caso,
perante os argumentos apresentados pelas partes, decidindo pela procedência ou
não dos Embargos à Execução.

5 – Legitimados:
Os embargos à execução devem ser interpostos pelo executado, as outras partes
envolvidas no processo, como o exequente ou terceiros que não sejam diretamente
responsáveis pela dívida, não possuem capacidade para interpor os embargos à
execução. Essa medida processual é reservada exclusivamente ao executado, que
busca impugnar a execução e apresentar argumentos para contestar sua validade.

6 – Qual matéria de defesa nos Embargos?


A Matéria tutelada nos embargos à execução são aqueles previstos no art. 917 do
CPC e as descritas no art. 525, §1º do CPC:
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
I - Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - Penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução
para entrega de coisa certa;
V - Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo
de conhecimento.
Art. 525, § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
I – Falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo
correu à revelia;
II – Ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV – Penhora incorreta ou avaliação errônea;
V – Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI – Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.

Pode ainda, de acordo com o art. 884, §1º da CLT, arguir defesa às alegações de
cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.

7 – Prescrição:
A Prescrição poder ser alegada quando a parte executada entende que o direito de
cobrar por parte do credor (na dívida trabalhista) já prescreveu, com esgotamento do
prazo de ajuizamento da ação de cobrança. O art. 11-A da CLT, prevê o prazo de 2
anos, dado na seguinte redação, “Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no
processo do trabalho no prazo de dois anos.”
No caso do embargos a execução, tem o executado prazo de 5 dias para apresentar
embargos, mediante o previsto no art. 884 da CLT, “Art. 884 - Garantida a execução
ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos,
cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.”

8 – Impugnação do Exequente:
A Defesa do embargado, recebidos os embargos, será intimada para impugnar os
embargos no prazo de 15 dias. Após a apresentação da impugnação, o juiz poderá
designar audiência ou julgar os embargos, proferindo sentença de acordo com o art.
920, I do CPC, “Art. 920. Recebidos os embargos: I - o exequente será ouvido no
prazo de 15 (quinze) dias”. No decurso do processo trabalhista, pode-se pautar no
art. 884 da CLT, no qual o prazo é de cinco dias, contados a partir da garantia da
execução, cabendo o mesmo prazo ao embargado para a impugnação, “Art. 884 -
Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para
apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.”
Nos Embargos à Execução, o embargado pode impugnar quanto a três pontos da
execução, o título executivo no qual a execução forçada se funda, a dívida
exequenda, e o procedimento executivo.

9 – Como ocorre a avaliação de bens?


A avaliação de bens do executado é a estimação pecuniária do bem penhorado,
para tornar conhecido as partes o valor do bem a ser penhorado.
A avaliação será promovida pelo Oficial de Justiça, ao realizar a própria penhora,
assim no art. 870 do CPC:
Art. 870. A avaliação será feita pelo oficial de justiça.
Parágrafo único. Se forem necessários conhecimentos especializados e o
valor da execução o comportar, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo
não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.

É dispensado de avaliação, não se procedendo a mesma, de acordo com o art. 871


do CPC quando:
I - Uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra;
II - Se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa,
comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial;
III - Se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de
títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial
do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial;
IV - Se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio
de mercado possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por
órgãos oficiais ou de anúncios de venda divulgados em meios de
comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de
comprovar a cotação de mercado.
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a avaliação
poderá ser realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real
valor do bem.

É admitida nova avaliação, de acordo com o art; 873 do CPC, quando:


I - Qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na
avaliação ou dolo do avaliador;
II - Se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou
diminuição no valor do bem;
III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira
avaliação.

Após a avaliação, pode ainda o juiz, caso haja interesse e requerimento da parte e
também ouvida a parte contrária, mandar, de acordo com o art. 874 do CPC:
I - Reduzir a penhora aos bens suficientes ou transferi-la para outros, se o
valor dos bens penhorados for consideravelmente superior ao crédito do
exequente e dos acessórios;
II - Ampliar a penhora ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o
valor dos bens penhorados for inferior ao crédito do exequente.

Então realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início a expropriação do bem.

10 – Quando configura Fraude a Execução?


A Fraude a Execução, é a alienação ou oneração de bens na pendência de um
processo, no qual o desfecho possa levar à imposição de medidas sobre o bem
alienado, dessa forma, é um ato atentatório à administração da justiça, para o STJ o
reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem
alienado, ou da prova de má-fé de terceiro adquirente (Súmula 375 do STJ). Com
base no artigo 792 do artigo 792 do Código de Processo, os casos que são
considerados fraude à execução incluem:
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à
execução:
I - Quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com
pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido
averbada no respectivo registro público, se houver;
II - Quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do
processo de execução, na forma do art. 828 ;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou
outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a
fraude;
IV - Quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - Nos demais casos expressos em lei.
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à
execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se
pretende desconsiderar.
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de
15 (quinze) dias.

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