Você está na página 1de 7

DISCIPLINA DE EXECUÇÃO – AULA 24/10/22 – 7º E 8º SEMESTRES

2022
EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA

Como o processo de execução é autônomo e


independente do processo de conhecimento, deve ser provocado mediante
petição inicial, a ser proposta nos autos principais ou em carta de sentença,
caso seja a execução judicial e provisória.
A execução por quantia certa se consuma pela
apreensão e entrega de dinheiro, se encontrado no patrimônio do executado,
ou pela apreensão de outros bens, sua transformação em dinheiro mediante
desapropriação e entrega ao exequente do valor obtido, sendo que, às vezes,
esses próprios bens são dados ao exequente em satisfação do crédito.
A execução por quantia certa possui três fases
distintas. A proposição, que é a constituição da relação jurídico-processual; a
instrução, que consiste na apreensão e desapropriação dos bens e a entrega do
dinheiro ao exequente, com a qual o crédito é satisfeito.
A execução extrajudicial será provocada por petição
inicial instruída com o título respectivo. São requisitos para a propositura da
execução o pedido de citação do devedor; o título executivo; o demonstrativo
de débito atualizado; e a prova de que se verificou a condição ou termo, se for
o caso.
Embora não haja prazo específico para a propositura
da execução, o exequente deverá ficar atento para o lapso prescricional
do direito material, que recomeça a contar da data do último ato realizado no
processo cognitivo, muito embora volte a ser interrompido com a propositura
da execução deferida.
Além disso, para que o executado não permaneça
indefinidamente com o status de devedor, a legislação permite que o mesmo
inicie a execução para que o exequente seja obrigado a receber o valor devido,
como uma espécie de ação consignatória executiva. Na verdade, é uma ação
consignatória com procedimento de execução.
É regra básica que a execução deve ser
realizada do meio menos gravoso para o devedor, se por vários meios puder o
credor promovê-la.
Uma vez regular a petição inicial, o juiz determinará
a citação do executado, mediante expedição do mandado de citação, que
deverá conter a advertência para pagamento ou nomeação de bens e sob pena
de penhora do patrimônio que se fizer necessário à satisfação do crédito.
A PENHORA DE BENS

Uma vez promovida a execução e não quitado o


débito voluntariamente, buscar-se-á a penhora dos bens de propriedade do
devedor (seu patrimônio).

Porém, o legislador resolveu preservar determinados


bens, tornando-os impenhoráveis.

O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art.


833 do CPC.

POUPANÇA: art. 833, X, do CPC: A


impenhorabilidade dos bens depositados na caderneta de poupança é limitada a
40 salários-mínimos.

DIVERSAS CADERNETAS DE POUPANÇA: Caso o


devedor possua diversas cadernetas de poupança, o limite de
impenhorabilidade deve considerar a soma de todas elas.

DÍVIDA RELATIVA AO PRÓPRIO BEM: Lembre-se que


a impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio
bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição, na forma do art. 833, § 1º,
do CPC.

BOX DE ESTACIONAMENTO: Caso o box do


estacionamento tenha matrícula individualizada poderá ser objeto de penhora
(súmula 449 do STJ).

O art. 833, § 2º, do CPC é categórico ao afirmar que


a impenhorabilidade prevista nos incisos IV e X não se aplica aos casos de
penhora para pagamento de prestação alimentícia.

A segunda parte do inciso 2º do art. 833 do CPC


refere-se à possibilidade de penhora dos ganhos excedentes a 50 salários-
mínimos mensais, seja qual for a origem da obrigação.

IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA:


Previsão na Lei 8.009/90. O imóvel residencial familiar é impenhorável por
dívidas de qualquer natureza. EXCEÇÃO: Pode haver penhora do bem de família
nos casos previstos no art. 3º da Lei 8.009/90. (dispõe sobre a
impenhorabilidade do bem de família.)

Súmulas importantes: 364, 449 e 486 do STJ.

CADASTRO DE INADIMPLENTES: Atualmente, o


exequente poderá requerer, na petição inicial, a inclusão do executado no
cadastro de inadimplentes, conforme previsão do art. 782, § 3º, do CPC. A
inscrição no cadastro de será imediatamente cancelada no caso do pagamento
da dívida, se garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer
outro motivo, na forma do art. 782, § 4º, do CPC.

A penhora seguirá a seguinte ordem do art. 835, do


CPC:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I – dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;
II – títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito
Federal com cotação em mercado;
III – títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV – veículos de via terrestre;
V – bens imóveis;
VI – bens móveis em geral;
VII – semoventes;
VIII – navios e aeronaves;
IX – ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X – percentual do faturamento de empresa devedora;
XI – pedras e metais preciosos;
XII – direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda
e de alienação fiduciária em garantia;
XIII – outros direitos.

Percebe-se, pela análise do parágrafo primeiro, que


a referência é que a penhora deva ser feita sobre dinheiro.

O art. 854, do CPC, na linha desta preferência,


regula a PENHORA ON-LINE, que ocorre quando o juiz determina o bloqueio de
valores diretamente da conta do devedor, através da emissão de comandos às
unidades supervisoras das instituições financeiras.

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em


aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar
ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições
financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade
supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis
ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a
indisponibilidade ao valor indicado na execução.

1 º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de


ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual
indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela
instituição financeira em igual prazo.
2 º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este
será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo,
pessoalmente.

3 º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar


que:

4 º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e IIdo § 3o, o juiz


determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular
ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24
(vinte e quatro) horas.

5 º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado,


converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de
lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à
instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta
vinculada ao juízo da execução.

A EXPROPRIAÇÃO DOS BENS é o meio pelo qual o


credor alcançará a satisfação de seu crédito na execução por quantia certa e
consiste na adjudicação, alienação ou apropriação de frutos e rendimentos de
empresa ou estabelecimento e de outros bens.

A ADJUDICAÇÃO ocorre quando o bem móvel ou


imóvel penhorado é transferido para o credor a fim de satisfazer seu crédito e
nunca poderá ocorrer por valor inferior ao da avaliação.

Caso o valor do crédito seja inferior ao valor da


avaliação, o credor deve depositar a diferença em juízo, na forma do art. 876, §
4º, I, do CPC.

Caso o valor do crédito seja superior ao valor da


avaliação do bem, após a adjudicação do bem, o credor poderá seguir com a
execução a fim de efetuar a cobrança, na forma do art. 876, § 4º, II do CPC.

ALIENAÇÃO DO BEM, que far-se-á por iniciativa


particular (art. 866 do CPC) ou em leilão judicial eletrônico ou presencial (art.
879, CPC).

Art. 879. A alienação far-se-á:


I – por iniciativa particular;
II – em leilão judicial eletrônico ou presencial.
Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer
a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor
ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário.
Na ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR, o juiz
fixará as regras para a venda do bem penhorado, além de fixar a forma de
publicidade, preço mínimo, comissão de corretagem (se for o caso), condições
de pagamento e as garantias que devem ser prestadas pelo adquirente, em
caso de pagamento parcelado,

O LEILÃO JUDICIAL abrange tanto a expropriação de


bens imóveis como os móveis.

Será necessário a publicação do edital do leilão com


antecedência de, no mínimo, cinco dias da data de sua primeira realização,
devendo constar no edital todos os requisitos previstos no art. 886 e 887, do
CPC, sob pena de nulidade da arrematação.

Além da publicação do edital, também é necessária a


intimação das pessoas arroladas no art. 889, do CPC, com antecedência mínima
de cinco dias da data do leilão judicial.

O bem poderá ser alienado por valor abaixo do


previsto na avaliação, desde que não seja por preço vil (preço inferior ao
mínimo estipulado pelo juiz e ao constante no edital e não constando no edital,
considera-se vil o preço inferior a 50% do valor de sua avaliação), conforme
art. 891, do CPC.

Quando o bem penhorado pertencer a incapaz e não


alcançar em leilão pelo menos 80% do valor da avaliação, o juiz o confiará à
guarda e à administração de depositário idôneo, adiando a alienação pelo prazo
de um ano, conforme art. 896, do CPC.

Efetivada a arrematação será lavrado auto


devidamente assinado pelo leiloeiro, arrematante e juiz, passando a fluir o
prazo de dez dias para que se postule a invalidade, ineficácia ou resolução da
arrematação nos casos previstos no art. 903, § 1º, do CPC.

Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a


carta de arrematação será expedida e conforme o caso, a ordem de entrega ou
mandado de imissão na posse.

IMPORTANTE – Após a expedição da carta de


arrematação, a invalidação somente poderá ser pedida em ação autônoma (e o
arrematante figurará como litisconsorte necessário – 903, parágrafo quarto, do
CPC).

DICA: Será autorizada a desistência da arrematação


pelo arrematante nos casos do art. 903, § 5º, do CPC.
1 - Maria, ao perceber que o seu bem imóvel foi arrematado por preço vil, em
processo de execução de título extrajudicial, procurou você, como advogado(a), para
saber que defesa poderá invalidar a arrematação. Você verifica que, no 28º dia após o
aperfeiçoamento da arrematação, a carta de arrematação foi expedida. Uma semana
depois, você prepara a peça processual. Assinale a opção que indica a peça processual
correta a ser proposta.

(A) Impugnação à execução.


(B) Petição simples nos próprios autos do processo de execução.
(C) Ação autônoma de invalidação da arrematação.
(D) Embargos do executado.

2 - Pedro propõe execução de alimentos, fundada em título extrajudicial, em face de


Augusto, seu pai, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Regularmente citado,
Augusto não efetuou o pagamento do débito, não justificou a impossibilidade de fazê-
lo, não provou que efetuou o pagamento e nem ofertou embargos à execução.

Pedro, então, requereu a penhora do único bem pertencente a Augusto que fora
encontrado, qual seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), que estavam depositados em
caderneta de poupança. O juiz defere o pedido. Sobre a decisão judicial, assinale a
afirmativa correta.

(A) Ela foi equivocada, pois valores depositados em caderneta, em toda e qualquer
hipótese, são impenhoráveis.
(B) Ela foi correta, pois o Código de Processo Civil permite a penhora de quaisquer
valores depositados em aplicações financeiras.
(C) Ela foi equivocada, na medida em que o Código de Processo Civil assegura a
impenhorabilidade da caderneta de poupança até o limite de cem salários-mínimos,
independentemente da natureza do débito.
(D) Ela foi correta, pois o Código de Processo Civil admite a penhora de valores
depositados em caderneta de poupança para o cumprimento de obrigações
alimentícias.

3 - Sobre a penhora é CORRETO afirmar:


(A) Poderá haver requerimento de substituição quando a penhora incidir sobre bens
de baixa liquidez, exceto se observada a ordem legal de nomeação.
(B) Quando se tratar de ativos financeiros, a determinação de indisponibilidade que
precede a conversão em penhora dar-se-á mediante prévia ciência do ato ao
executado.
(C) No caso de penhora de crédito, se o terceiro negar o débito em conluio com o
executado, a quitação dada pelo terceiro será considerada inválida perante o
processo.
(D) A penhora de percentual de faturamento de empresa, segundo a lei, é medida
subsidiária e será determinada se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou
se eles forem insuficientes ou de difícil alienação.
4 - No que diz respeito ao processo de execução, é correto afirmar:
(A ) Na ação de execução, a citação do devedor interrompe a prescrição.
(B ) Em se tratando de ação de execução de obrigação de entrega de coisa certa, o
devedor será citado para, em quinze dias a contar da citação, satisfazer a obrigação.
( C ) No caso de execução por quantia certa, com a penhora dá-se a transmissão da
propriedade ao credor, o qual deverá depositar a diferença a mais, caso a avaliação
seja inferior ao débito.
( D ) No caso de ação de execução por quantia certa, o devedor será citado para pagar
a dívida no prazo de três dias, contados da citação.
( E ) Em todas as hipóteses previstas em lei, a fraude à execução importa em anulação
do ato de alienação.
Opção correta: D

5 - No cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação


de pagar quantia certa, em relação à impugnação, é correto afirmar:
( A ) As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para sua
apresentação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da
avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples
petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de quinze dias para
formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do
ato.
( B ) Se atribuído apenas efeito devolutivo à impugnação, e somente nessa hipótese, é
licito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando
nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.
( C ) A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados
sempre suspenderá a execução também contra os que não impugnaram, por questão
de isonomia processual.
( D ) É defeso ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença,
comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido,
apresentando memória discriminada do cálculo.
(E)
A concessão do efeito suspensivo à impugnação obsta à efetivação dos atos de
substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação de bens, mantendo-
se como válida porém a constrição já ocorrida.

Você também pode gostar