AO 2° JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CHAPECÓ-SC.
PROC.: 5018468-58.2022.8.24.0018
EVANDRO CARLOS FERREIRA, já devidamente qualificado nos autos
do processo em epigrafe, vem à presença de V. Exa., por intermédio da sua advogada infra, requerer a ativação do Sistema Nacional de Investigação Patrimonial e Recuperação de Ativos (Sniper), e também que, seja efetuada a busca e penhora de ativos financeiros do executado, através do SISBAJUD, de forma PERMANENTE, com a opção conhecida como “TEIMOSINHA”, o que faz com base nos fatos e argumentos abaixo:
1. DA NECESSIDADE DO SIGILO DA PRESENTE PEÇA
Na medida em que não houve pagamento até o presente momento, evidente que pode o Exequente, na busca pela efetividade da execução, requerer as medidas aptas para a satisfação de seu crédito, tendo em vista que, se faz ESSENCIAL a intervenção do juízo na pesquisa de bens do executado, frente a confidencialidade dos dados do devedor junto à terceiros. Ora, no caso do não cumprimento da obrigação, dado ensejo ao processo de execução, certamente a recusa no pagamento por parte do devedor enseja a busca pela satisfação do crédito através da excussão patrimonial. O objetivo de satisfação da execução de forma indireta é assim delimitado por Araken de Assis: “Do ponto de vista da execução, ou os bens representam o objeto final do processo, quando correspondem ao objeto da prestação prevista no título, ou eles constituem seu objeto instrumental, quer dizer, o modo operativo dos meios executórios para atingir aquele bem devido ao credor. Veja-se o caso de uma obrigação pecuniária: ou existe dinheiro no patrimônio do executado, satisfazendo desde logo o credor, ou não existe – nesta hipótese, empregar-se-á a alienação coativa para transformar o bem instrumental entrementes penhorado (p.ex., um imóvel), em dinheiro e, desta forma, no objeto final desta espécie de execução.” (Araken de Assis, Manual da Execução, p. 226,13ª Ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 2010) (g.n.)
Ou seja, se de forma imediata não puder ser cumprida a
obrigação e satisfeito o crédito exequendo, pode o credor exercer seu direito de perseguir o pagamento da obrigação. Conforme será visto adiante, o Exequente busca penhorar ativos financeiros que o Executado tenha em depósito junto a instituições financeiras. Porém, se o presente pedido vier a ser do conhecimento do Executado antes da apreciação por Vossa Excelência, poderão aqueles virem a frustrar a penhora pretendida, visto que poderão, facilmente, limpar suas contas, sacar seus ativos ou transferi-los para outra pessoa. Desta forma, justifica-se a necessidade de o presente pleito ser mantido sob sigilo do executado, ao menos até que seja apreciado e deferido por Vossa Excelência, para que a execução possa alcançar o seu objetivo, que é a satisfação do credor.
2. O QUE SE PRETENDE BUSCAR E PENHORAR
De acordo com o art. 835, § 1º, do CPC, a penhora de dinheiro é absolutamente prioritária frente às demais formas de penhora. Assim, o requerente pretende buscar e penhorar dinheiro do requerido, que esteja sob custódia de instituições financeiras vinculadas ao Banco Central. E para tanto, pugna que Vossa Excelência utilize o Sistema de Busca de Ativos Financeiros do Poder Judiciário - SISBAJUD de forma automática e pelo período de até 30 dias. É a função nominada pelo próprio sistema de Teimosinha, amplamente divulgada, inclusive pelo CNJ ( https://www.cnj.jus.br/sistemas/sisbajud/). Desde já, pugna o exequente que Vossa Excelência defira a utilização da Teimosinha pelo período máximo permitido atualmente pelo sistema, que é de 30 dias. Isso porque, ao pesquisar ativos financeiros do executado por ao menos 30 dias, o sistema aumenta consideravelmente as chances de encontrar alguma quantia. Sem a teimosinha, a busca é feita por apenas 24 horas, ou seja, com chances infinitamente menores de se bloquear algum ativo. Porém, como o objetivo do Poder Judiciário é entregar a cada um o que é seu, objetivando a satisfação da execução e do direito do credor, com a entrega real do bem da vida por ele perseguido, pugna o Exequente que Vossa Excelência, desde já, defira a utilização da Teimosinha do SISBAJUD de forma PERMANENTE, até que alguma quantia venha a ser encontrada ou até que ocorra a prescrição do crédito do exequente. Na prática, o cartório de Vossa Excelência, ao final do período de 30 dias da Teimosinha (período máximo que hoje o sistema eletrônico aceita preencher), irá simplesmente renovar a ordem de penhora, sem a necessidade de novo despacho deste juízo. Um simples ato cartorário terá o condão de dar muito mais efetividade à execução. Sem o deferimento do ora pretendido, muito fácil será ao executado burlar a Justiça-como vem fazendo, pois, sabendo que suas contas ficarão vigiadas por apenas 30 dias, poderá ele, posteriormente, voltar a movimentá-las normalmente, enquanto o presente feito prosseguirá frustrado. O que se pede tem o objetivo direto de eliminar mais um despacho judicial, mas, principalmente, de tornar a execução muito mais efetiva. É importante frisar que já existe em nosso sistema a possibilidade de o juiz autorizar o bloqueio permanente de bens do executado. É o que acontece quando se determina a inclusão do nome do devedor na Central Nacional de Indisponibilidade de Bens, instituída pelo próprio CNJ. Ora, se é possível bloquear qualquer carro ou imóvel que venha a ser adquirido pelo devedor, de forma permanente, através da CNIB, porque não seria possível realizar o mesmo com seus ativos financeiros? Deve ser ressaltado que a medida pugnada, de maneira alguma, fere direitos ou garantias dos executados ou representam aos mesmos, desvantagem exagerada. Uma vez encontrada quantia em dinheiro em suas contas, os devedores deverão ser intimados e Vossa Excelência poderá liberar eventual valor impenhorável, sem sequer realizar a penhora, como determina o art. 854, § 3º, do CPC. O que não se pode aceitar é que o exequente fique sem receber o seu crédito, quando já existe sistema eletrônico capaz de auxiliar no recebimento. Vale ressaltar que nas relações de crédito, o bloqueio permanente de contas bancárias, em razão de saldo devedor, é medida amplamente aceita e utilizada. Qualquer cidadão que se torna devedor de uma instituição financeira fica com a conta bloqueada, sendo que qualquer quantia que nela adentra, a qualquer tempo, é imediatamente destinada, pelo próprio credor, para o pagamento do débito. Ora, se os bancos podem bloquear as contas dos cidadãos e confiscar qualquer dinheiro que nelas entram, para dar quitação a uma dívida, porque não poderia fazer o mesmo o Poder Judiciário, órgão máximo que tem a missão constitucional de entregar a cada um o que é seu? A propósito, o Tribunal de Justiça de São Paulo, em relevante precedente sobre o assunto, autorizou a utilização da Teimosinha do SISBAJUD de forma permanente, até a satisfação integral do débito, como pode ser visto abaixo: “Agravo de instrumento. Cumprimento de sentença. Decisão que indeferiu o pedido de penhora bancária de forma reiterada, conhecida como teimosinha. Inadmissibilidade. Ferramenta que substituiu o BACENJUD ampliando sobremaneira a eficácia do processo de bloqueio de ativos financeiros da parte executada. Possibilidade de bloqueio permanente até satisfação integral do débito executado. Decisão reformada. Recurso provido.” (TJSP; Agravo de Instrumento XXXXX-46.2021.8.26.0000; Relator (a): Ruy Coppola; Órgão Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VIII - Tatuapé - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 29/09/2021; Data de Registro: 29/09/2021). (GRIFO NOSSO).
Ante a todo o exposto, pugna o Exequente que seja efetuada
busca e penhora de ativos financeiros do executado, por meio do SISBAJUD, de forma REITERADA E PERMANENTE, até que se encontrem ativos financeiro dos executados.
3. NOMEAÇÃO DE BENS Á PENHORA
O exequente informa que localizou 2(dois) veículos em nome do executado, os quais arrola desde já para penhora, devendo incidir sobre estes a restrição administrativa quanto à transferência, licenciamento e a circulação, sendo: FORD/FIESTA CLX, placa ADR1339 (certidão anexa) FIAT/IDEA ELX FLEX, placa ALF0372 (certidão anexa)
4. ATUALIZAÇÃO MULTA DO art. 536, §1º do CPC
Consoante ato ordinatório exarado no evento 34, vem o exequente apresentar a atualização monetária quanto a multa estabelecida, tendo em vista que o executado não efetuou o pagamento o prazo exigido. https://eproc1g.tjsc.jus.br/eproc/controlador.php? acao=md_cj_lancamento_listar&strCampoPKBase=IdCalculo&IdCalculo=45408&strClasseBaseDTO=MdCjCalculoDTO&strCla sseBaseRN=MdCjCalculoRN&hash=e67babc51761c2e668e9a8ce18bbbd16
O cálculo foi efetuado com base na nova ferramenta de calculo
oferecida pelo portal EPROC, e o detalhamento do mesmo encontra-se anexo.