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Justiça Federal da 6ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/06/2023

Número: 1004710-83.2023.4.06.3800
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 12ª Vara Federal Cível da SSJ de Belo Horizonte
Última distribuição : 25/01/2023
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Anulação
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
WESLLEY ROBERTO DE OLIVEIRA (AUTOR) HENRIQUE RABELO MADUREIRA (ADVOGADO)
UNIÃO FEDERAL (REU)
FUNDACAO MARIANA RESENDE COSTA (REU) DANILO FERNANDEZ MIRANDA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
13997 26/06/2023 17:20 Decisão Decisão
71352
Tribunal Regional Federal da 6ª Região
12ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte

AUTOS N. 1004710-83.2023.4.06.3800
PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7)
AUTOR: WESLLEY ROBERTO DE OLIVEIRA
Advogado do(a) AUTOR: HENRIQUE RABELO MADUREIRA - PB13860
REU: UNIÃO FEDERAL, FUNDACAO MARIANA RESENDE COSTA
Advogado do(a) REU: DANILO FERNANDEZ MIRANDA - MG74175

DECISÃO

1. WESLLEY ROBERTO DE OLIVEIRA ajuíza a presente ação contra a


UNIÃO FEDERAL e a FUMARC - FUNDAÇÃO MARIANA RESENDE COSTA,
postulando a concessão de tutela de urgência para que seja determinado às
Requeridas que respeitem a reserva de vagas destinadas a candidatos negros
estabelecida no §1º do art. 3º da Lei 12.990/2014 em todas as fases do concurso
e não apenas no momento da apuração do resultado final no concurso do TRT3
Edital nº 01/2022.

Requer, ainda, que seja assegurada a aplicação correta da Lei nº


12.990/2014, para que os candidatos autodeclarados negros aprovados nas provas
objetivas que tiverem direito à correção de suas provas dissertativas com base nas
suas classificações na ampla concorrência não sejam contabilizados no quantitativo de
correções das provas dissertativas de candidatos autodeclarados negros, constando
tanto da listagem de candidatos da ampla concorrência com direito à correção de suas
provas dissertativas, quanto da listagem dos candidatos autodeclarados negros que
têm direito à correção de suas provas dissertativas;

Sustenta que prestou o concurso para o Cargo de Agente da Polícia


Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - Minas Gerais, regido pelo
Edital nº 01/2022, mas foram adotados critérios ilegais de classificação dos
candidatos, que diferem do disposto no art. 3º, caput, da Lei nº 12.990/2014. Afirma
que o referido Edital instituiu, além do critério eliminatório, referente ao desempenho
na prova objetiva, uma cláusula de barreira, ao estipular um número de provas
discursivas (segunda fase) que serão corrigidas.

Alega que tal limitação de provas a serem corrigidas afetou a reserva de

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vagas para candidatos negros de forma concreta, uma vez que candidatos negros
aprovados no número de vagas da ampla concorrência ocupam vagas de negros no
que tange à correção de provas, o que impossibilita a correção da prova de vários
cotistas.

Afirma que na forma com a regra do referido concurso, a formação da lista


de classificados para a correção das provas dissertativas viola a previsão do art. 3º,
caput e §1º, da Lei nº 12.990/2014 que estabelece que: "§1º Os candidatos negros
aprovados dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não serão
computados para efeito do preenchimento das vagas reservadas". O autor alega que
se respeitada tal regra em todas as fases do concurso, e não apenas ao final, o
candidato negro aprovado dentro do número de vagas de ampla concorrência ocupará
vagas apenas da ampla concorrência, abrindo a possibilidade de que outro candidato
negro, que tenha classificação suficiente seja aprovado para a vaga reservada por
aquele não preenchida.

Alega que o edital prevê que 50 candidatos da ampla concorrência e 15


candidatos cotistas estariam classificados para a próxima etapa do certame, portanto,
com a divulgação do resultado e considerando os empates, foram convocados 56 da
ampla concorrência e 16 cotistas, mas nenhum candidato efetivamente cotista foi
convocado, pois tais cotistas integram a lista dos 56 da ampla concorrência, ocupando
indevidamente as vagas de outros candidatos.

O autor alega que obteve 51 pontos na fase objetiva, apenas 1 ponto


abaixo da nota de corte 52 pontos de um total de 60 (sessenta) pontos e que deve ser
aplicada regra disposta no art. 3º, caput e §1º, da Lei nº 12.990/2014 em todas as
fases e etapas do certame, de modo a assegurar a eficácia da ação afirmativa
instituída pelo mencionado diploma legal e cuja constitucionalidade foi declarada pelo
STF na ADC 41 / DF.

À inicial, foram acostados procuração e documentos.

Postergada a apreciação do pedido de tutela de urgência e ordenada a


intimação do autor para apresentar comprovação de renda para apreciação do pedido
de justiça gratuita ao autor (id. Num. 1329081892 - Pág. 1).

Indeferida a justiça gratuita, o autor comprovou o recolhimento das custas


id. 1360839858.

Regularmente citada, a FUMARC apresentou a contestação id. m.


1389094361, alegando a competência do Juizado Especial Federal para julgar a causa
em razão de seu valor e impugnando a justiça gratuita deferida ao autor. No mérito,
alega que na redação que lhe foi dada pela Resolução n. 457/2022, a Resolução
203/2015 estabelece que serão reservadas aos negros o percentual mínimo de 20%
das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos do
Quadro de Pessoal dos órgãos do Poder Judiciário enumerados no art. 92, IA, II, III,
IV, V, VI e VII, da Constituição Federal e de ingresso na magistratura dos órgãos

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enumerados no art. 92, III, IV, VI e VII quando o número de vagas oferecidas no
concurso público for igual ou superior a 3, e que o concurso objeto da ação se presta
apenas a formação de cadastro reserva. Afirma que, ainda assim, o edital previu a
reserva do referido percentual de vagas para negros. Sustenta que o Edital previu o
quantitativo de provas discursivas a serem corrigidas no montante de 15 na lista de
cotistas, e 50 no grupo da ampla concorrência e que tal previsão corresponde a uma
reserva de 30% do número de provas corrigidas de negros sobre os demais. Alega
que a Resolução 203/1025 que dispôs sobre cotas de negros no Poder Judiciário
prevê no Art. 6º que os candidatos negros concorrerão concomitantemente às vagas a
eles reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo com a sua
classificação no concurso e seu parágrafo 2º determina-se que candidatos negros
aprovados dentro do número de vagas da ampla concorrência, serão nomeados fora
como ampla concorrência e poderá ser oferecida a vaga surgida ao seu concorrente
negro imediatamente posterior. Aduz que o referido § 2º , ao dispor que candidatos
negros aprovados dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não
serão computados para efeito do preenchimento das vagas reservadas a candidatos
negros, menciona especificamente candidatos aprovados na classificação final do
concurso, do resultado final homologado e, portanto, apto a ser tomado como ordem
de nomeação, já que se diz “para efeito do preenchimento das vagas”. Sustenta que
descabe a interferência do poder judiciário na questão.

Regularmente citada, a União Federal apresentou contestação id.


1399382871, impugnando a justiça gratuita e alegando irregularidade na
representação processual do autor, porque a procuração dos autos é antiga. Sustenta,
ainda, sua ilegitimidade passiva, ao argumento de que a FUMARC que estabeleceu as
normas do concurso, sendo a banca soberana para decidir sobre aprovação de
candidatos. No mérito, referiu-se às mesmas razões deduzidas na defesa apresentada
pela FUMARC e alegou que o candidato se vincula às previsões editalícias ao se
inscrever no concurso, pelo que deve ser julgado improcedente o pedido. Juntou
documentos.

Vieram os autos conclusos para decisão.

Relatados, decido.

2. Inicialmente, rejeito a preliminar de incompetência deste Juízo para


julgar o feito em razão do valor da causa, já que a postulação do autor envolve o
controle de legalidade de edital de concurso público, o que configura pretensão
de anulação de ato administrativo, afastando a competência do Juizado (art.3º,§1º, III
da Lei 10.259/01).

Rejeito, ainda, a preliminar de ilegitimidade passiva da União, tendo em


vista que o Edital do concurso em tela é elaborado e publicado pelo TRT3 - órgão
federal, que também será incumbido de expedir sua retificação em caso de
procedência do pedido.

Resta, portanto, patente a pertinência subjetiva da lide em

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relação à FUMARC e à União.

Prejudicadas as impugnações à justiça gratuita, uma vez que o benefício


foi indeferido ao autor.

Superadas tais questões, pelo menos em juízo de cognição


sumária, passo a apreciar o pedido de tutela de urgência.

Para a concessão da tutela de urgência é imprescindível a comprovação


da plausibilidade jurídica das alegações e o perigo de dano ou de ineficácia da medida
caso seja concedida somente em momento posterior.

No presente caso, em juízo de cognição sumária, vislumbro os requisitos


legais para a concessão em parte da tutela vindicada. Isso porque os seus efeitos se
restringirão apenas ao autor, para a correção de sua prova discursiva, e não a todos
os candidatos negros que participaram do concurso, uma vez que não se trata de
demanda coletiva, mas individual.

O autor, aprovado na primeira fase do concurso do TRT da 3ª Região MG


(para o cargo de Agente da Polícia Judicial – id. 1327923850 - Pág 1), se insurge
contra a regra restritiva no edital que limitou o número de provas discursivas a serem
corrigidas, o que o impediria de prosseguir no concurso, alegando que tal regra violaria
a obrigação da Lei 12.990/14.

A Lei nº 12.990/2014 que instituiu a obrigatoriedade da reserva aos negros


20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos
e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das
fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista
controladas pela União, assim dispõe:

Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas
pela União, na forma desta Lei.(...)

Art. 3º Os candidatos negros concorrerão concomitantemente às vagas


reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo com a sua
classificação no concurso.

§ 1º Os candidatos negros aprovados dentro do número de vagas


oferecido para ampla concorrência não serão computados para efeito
do preenchimento das vagas reservadas.

§ 2º Em caso de desistência de candidato negro aprovado em vaga


reservada, a vaga será preenchida pelo candidato negro posteriormente classificado.

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§ 3º Na hipótese de não haver número de candidatos negros aprovados
suficiente para ocupar as vagas reservadas, as vagas remanescentes serão revertidas
para a ampla concorrência e serão preenchidas pelos demais candidatos aprovados,
observada a ordem de classificação.

Art. 4º A nomeação dos candidatos aprovados respeitará os critérios de


alternância e proporcionalidade, que consideram a relação entre o número de vagas
total e o número de vagas reservadas a candidatos com deficiência e a candidatos
negros.

Portanto, é de se presumir que, com a convocação de candidatos antes


cotistas na condição de candidato da ampla concorrência, surgem vagas de negros a
serem ocupadas pelos próximos colocados dentre os negros.

No caso em análise, o Edital n. 01/2022 do TRT3 estabeleceu duas etapas


de avaliação com Provas Objetivas de Múltipla Escolha e Prova Discursiva/Redação,
ambas aplicadas no mesmo dia e turno, e também definiu que serão aprovados na
prova objetiva candidatos que obtiverem no mínimo 60% dos pontos distribuídos na
prova.

Contudo, o edital também fixou um número limite de provas da segunda


fase do concurso (prova discursiva) a serem corrigidas em cada grupo (15 provas
dentre os negros e 50 dentre a ampla concorrência).

Desse modo, para a definição do número de provas a serem corrigidas,


em obediência ao que dispõe o art. 3º § 1º da Lei 12.990, os candidatos negros
aprovados dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não
deveriam ser computados na elaboração da lista das 15 provas de candidatos
negros a serem corrigidas.

Ainda que neste breve exame, dos documentos dos autos, verifica-se
em ids. 1327923852 e 1327923861 que os candidatos que concorriam como negros
figuram na lista de aprovados na primeira fase do concurso em ambas as listas (de
cotistas e da ampla concorrência) e, assim, serão convocados fora da lista dos
cotistas, ocorrendo, por conseguinte, a liberação de vagas para negros classificados
para além dos 15 primeiros. A título de exemplo, os candidatos PAULO HENRIQUE
LOPES VAZ DE MELO, MIRIAM MACHADO CRESCÊNCIO e CAROLINE VITORIA
DA SILVA MENDES, que obtiveram 55 pontos na prova, constam das duas listas.

Nesse contexto, uma vez convocados fora da lista do negros, seus nomes
não deveriam ser considerados também dentre os 15 primeiros candidatos a terem
suas provas corrigidas, liberando, por conseguinte, 3 vagas para os próximos
aprovados da lista de classificação.

Não é o que parece ter sido feito pela FUMARC, já que o autor, que obteve
51 pontos na prova, de um total de 60 pontos (85%), cumprindo assim a primeira regra
de aprovação (mínimo de 60%) consta como “inapto” na lista de aprovados, apenas

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em razão de sua classificação em 17º classificado, portanto, fora dos 15 (quinze) que
terão sua prova corrigida.

Ao que parece, de fato, a limitação de provas discursivas a serem


corrigidas sem desconsiderar candidatos de ambas as listas resultou em cláusula de
barreira, que, além de violar a inteligência do 3º § 1º da Lei 12.990, pode vir a
impedir o cumprimento do preceito de que 20% dos convocados sejam,
efetivamente, negros no efetivo preenchimento das vagas referido pela letra da
lei.

Mesmo que o concurso seja para formação de cadastro reserva,


evidencia-se a possibilidade de efetiva lesão ao direito subjetivo do autor, sendo
razoável assegurar seu prosseguimento no concurso e a correção de sua prova,
cabendo afastar tal ilegalidade no concurso em tela.

Nesse sentido, colaciono excerto de recente julgado do TRF5 - Apelação


Cível AC 0803436-31.2021.4.05.8500 - Rel. Federal Fernando Braga Damasceno - 3ª
Turma – julgado em 10/11/2022 :

“Da exegese da norma, extrai-se que o legislador, ao se valer da


expressão "concorrerão concomitantemente" no caput e prescrever, no § 1º, que os
candidatos aprovados dentro das vagas da ampla concorrência não serão computados
como cotistas, acabou por determinar que a cota, em sua integralidade, deve ser
compreendida como uma vantagem, não abatendo dela o número de candidatos
cotistas que conseguiram sua aprovação a despeito dela, assim como que esta não
pode ser percebida apenas como um direito subjetivo do candidato autodeclarado
negro isoladamente considerado, mas sim vantagem que visa beneficiar a comunidade
negra como um todo.10. Destarte, a cota não deve ser percebida como uma mera
segregação, ou como uma vantagem que deve ser assegurada a um indivíduo
isoladamente considerado, mas sim um benefício ao grupo historicamente
desfavorecido, que visa garantir que ao final de todo concurso 20% dos convocados
sejam negros favorecidos pela cota.11.(...) a interpretação mais conforme com a Lei nº
12.990/14 é de que todos aqueles candidatos autodeclarados negros que tiverem sua
prova discursiva corrigidas em virtude de sua classificação dentro do número de vagas
da ampla concorrência devem ser excluídos do cômputo das 1.200 vagas destinadas
aos candidatos autodeclarados negros.”(...) Nesse tocante, parece claro que se o
termo "aprovado" inserido no item 10.6.1 se refere à aprovação na fase objetiva, o
termo "vaga" se refere à vaga na fase seguinte e não aos cargos oferecidos no
concurso, de maneira que não deveriam ser excluídos apenas os candidatos
autodeclarados negros que estão momentaneamente dentro das vagas ofertadas a
ampla concorrência, mas todo aquele contemplado na fase seguinte por força de
previsão editalícia destinada a garantir a "aprovação de fase" de candidatos da ampla
concorrência.16.(...) da análise conjugada desses dois comandos, extrai-se que o
intuito seria de garantir que todos aqueles que podem ser contemplados pela vagas da
ampla concorrência sejam excluídos dos cômputos das vagas destinadas aos
autodeclarados negros em qualquer que seja a fase do concurso.”

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Além da plausibilidade do direito invocado, a necessidade de pronta
decisão se impõe pelo andamento do concurso, cujo resultado final já foi divulgado em
janeiro/2023, conforme se verifica no site da FUMARC.

3. Diante do exposto, defiro em parte a tutela de urgência postulada


para determinar aos réus que os candidatos autodeclarados negros aprovados nas
provas objetivas que tiverem direito à correção de suas provas dissertativas com base
nas suas classificações na ampla concorrência não sejam contabilizados no
quantitativo limite (15) de correções das provas dissertativas de candidatos
autodeclarados negros.

3.1 E, por conseguinte, determino que seja corrigida a prova discursiva da


parte autora, com atribuição de sua nota e classificação final no concurso, no prazo de
15 dias.

4. Intimem-se, com urgência, a FUMARC para ciência e fiel cumprimento


desta decisão, sob pena de fixação de multa em caso de descumprimento.

5. Após, dê-se vista ao autor das contestações, pelo prazo de 15 dias,


bem como para especificar as provas que pretende produzir.

I.

Belo Horizonte, 26 de junho de 2023.


documento assinado digitalmente
Daniel Carneiro Machado
Juiz Federal da 12ª Vara Cível de Belo Horizonte

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