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10/04/2023
Número: 0600053-21.2022.6.12.0000
Classe: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Ricardo Lewandowski
Última distribuição : 17/08/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Pesquisa Eleitoral - Registro de Pesquisa Eleitoral, Representação
Segredo de Justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO
(PRTB) - ESTADUAL (AGRAVANTE)
JOAO URBANO DOMINONI NETO (ADVOGADO)
PEDRO DE CASTILHO GARCIA (ADVOGADO)
RAMATIS AGUNI MAGALHAES (ADVOGADO)
A. J. UENO - PESQUISA, CONSULTORIA E MIDIA
(AGRAVADA)
TATIANA RICA PEREIRA (ADVOGADO)
PHASCALLY ORTIZ SIQUEIRA (ADVOGADO)
Outros participantes
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
158896807 04/04/2023 Decisão Decisão
19:50
index: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL (12626)-0600053-21.2022.6.12.0000-[Pesquisa
Eleitoral - Registro de Pesquisa Eleitoral, Representação]-MATO GROSSO DO SUL-CAMPO GRANDE
DECISÃO
Trata-se de agravo interposto pelo Diretório Estadual do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro
(PRTB) em Mato Grosso do Sul contra a decisão que inadmitiu o recurso especial em desfavor do
acórdão do Tribunal Regional Eleitoral daquele estado mantenedor da sentença que, em âmbito
de representação por veiculação irregular de pesquisa eleitoral, julgou improcedentes os pedidos
nos termos da seguinte ementa:
Nas razões do recurso especial (ID 157928404), fundamentadas nos arts. 121, § 4º, I, da
Constituição Federal e 276, I, a, do Código Eleitoral, o PRTB sustentou violação do art. 2º, II, da
Res.-TSE 23.600/2019, tendo em vista a omissão da origem dos recursos despendidos na
pesquisa eleitoral realizada pela empresa A. J. UENO – Pesquisa, Consultoria e Mídia, registrada
sob o nº MS-01590/2022.
Defendeu, ainda, a ocorrência de afronta ao art. 2º, § 7º, III, da mesma resolução, em razão da
empresa recorrida não ter inserido em seu questionário o campo para colhimento de informações
quanto à região ou bairro do entrevistado.
Sobreveio, então, o respectivo agravo (ID 157928410), em cujas razões a parte defende o
desacerto da decisão agravada, registrando não ter a pretensão de promover reexame fático-
probatório, mas tão somente a análise acerca da correta interpretação e aplicação do art. 2º, II, e
§ 7º, III, da Res.-TSE 23.600/2019.
“[...] ao simples compulsar dos Autos, ou realizar uma busca no site da JUCEMS – Junta
Comercial do Estado do Mato Grosso do Sul, foi possível observar que o recorrido tem como
objeto social a pesquisa de mercado e de opinião pública, portais de noticias na internet,
atividade de consultoria em gestão empresarial, tratamento de dados, provedores de serviços de
aplicação e serviços de hospedagem na internet, em resumo, o objetivo de realizar a pesquisa e
a comprovação da origem dos recursos despendidos foi totalmente evidenciado pelos
documentos juntados também no sitio do PesqEle.
[...]
O Tribunal a quo entendeu que a lei não proíbe a utilização dos recursos próprios, desde que a
empresa comprove que tenha os devidos recursos para bancar a pesquisa, como é o caso do
Recorrido, pois bem, ao simplesmente compulsar os autos, foi possível analisar os documentos
que comprovam os recursos da empresa.
As informações contábeis foram informadas no sistema de registro de cada pesquisa, para
serem conferidas, cumprindo assim, mais uma vez os requisitos legais, ou seja, não houve
violação do preceito legal com a não demonstração dos recursos, e sim, a não concordância do
Recorrente pelo recurso ser declaradamente próprio do Instituto, ora recorrido.” (pág. 9 do
157928418; grifos no original).
“Eleições 2022. Agravo em recurso especial. Pesquisa eleitoral. Ausência dos requisitos
exigidos pelo art. 33 da Lei das Eleições, e pelo art. 2º da Resolução TSE 23.600/2019. Não
cabe, na via especial, reexame de fatos e provas. Súmula 24/TSE. Necessidade de indicação da
É o relatório. Decido.
Bem examinados os autos, dou provimento ao agravo, uma vez que o agravante logrou êxito em
demonstrar a presença do requisito de admissibilidade constante do art. 276, I, a, do Código
Eleitoral.
Estando os autos suficientemente instruídos, passo a examinar o recurso especial eleitoral (art.
36, § 4º, do RITSE).
O recurso é tempestivo. O acórdão recorrido foi publicado no Diário de Justiça Eletrônico no dia
1º/7/2022, sexta-feira, e o recurso especial foi apresentado no dia 6/7/2022, quarta-feira (ID
157928404). A petição, por sua vez, está subscrita por advogado devidamente constituído nos
autos digitais (ID 157928380), bem como estão presentes o interesse e a legitimidade.
Inicialmente, entendo que a alegação de afronta ao art. 2º, § 7º, III, da Res.-TSE 23.600/2019 não
merece acolhida, uma vez que o voto condutor do acórdão regional foi claro em assentar que:
“Em relação a alegação de ausência de campo para indicação do bairro nos questionários de
coleta de dados, a representada demonstrou que a coleta é feita por meio de dispositivo
eletrônicos portáteis que possuem o campo para informação sobre a região de residência dos
entrevistados, conforme se constata da pg. 5 do ID 12130576.
Ademais, a informação referente aos bairros foi informada conforme exigido pelo § 7.º, I,
do art. 2.º da Resolução TSE n.º 23.600/2019, sendo certo que essa informação somente
pode ser inserida após a coleta de dados, por isso que ela é prevista como dado
complementar da pesquisa.” (ID 157928392; grifos no original).
Assim, tenho que, para o êxito da alegação de que a empresa recorrida não providenciou a
colheita das informações referentes à região ou bairro do entrevistado, tal como exigido pela
referida norma, necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, exercício
vedado pela Súmula 24/TSE.
Já quanto à alegada violação do art. 2º, II, da Res.-TSE 23.600/2019, ressalto do parecer
ofertado pelo Vice-Procurador-Geral Eleitoral que:
“[...] ainda que a pesquisa tenha sido realizada com recursos próprios, como na espécie,
subsiste a exigência de indicação da origem dos recursos despendidos, para que sejam
preservadas a transparência e a higidez do conteúdo da pesquisa eleitoral. Entendimento
semelhante foi consignado no voto-vista, que pontuou que, no caso, ‘há que ser demonstrada a
disponibilidade e viabilidade financeira para sua realização, visando ao cumprimento do requisito
previsto no inciso II do art. 2º da Resolução TSE nº 23.600/2019 (art. 33, inciso II, da Lei das
Eleições), sob pena de se colocar em dúvida a higidez da pesquisa realizada’”. (págs. 4-5 do ID
158539798).
Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso especial (art. 36, § 7º, do RITSE), a fim de
determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem, para que proceda à análise do
cumprimento da exigência de indicação da origem dos recursos despendidos, à luz do que dispõe
o inciso II do art. 2º da Res.-TSE 23.600/2019.
Publique-se.