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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

20/09/2022

Número: 0600980-20.2022.6.00.0000
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Benedito Gonçalves
Última distribuição : 08/09/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cargo - Deputado Distrital, Partido Político - Órgão de Direção Nacional
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CLARA VIVIANE RAMOS ARAUJO MARTINEZ OSVALDO ALVARO DE JESUS NETO (ADVOGADO)
(IMPETRANTE) ODILON DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO)
FRANCILMA ALVES MENDONCA DE OLIVEIRA OSVALDO ALVARO DE JESUS NETO (ADVOGADO)
(IMPETRANTE) ODILON DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO)
HELENA CANTANHEDE VIEIRA (IMPETRANTE) OSVALDO ALVARO DE JESUS NETO (ADVOGADO)
ODILON DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO)
KARINY GERALDA ALVES VEIGA (IMPETRANTE) OSVALDO ALVARO DE JESUS NETO (ADVOGADO)
ODILON DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO)
ROBERTA ALMEIDA DE OLIVEIRA (IMPETRANTE) OSVALDO ALVARO DE JESUS NETO (ADVOGADO)
ODILON DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO)
ALINE OLIVEIRA PEREIRA (IMPETRANTE) OSVALDO ALVARO DE JESUS NETO (ADVOGADO)
ODILON DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO)
EURIPEDES GOMES DE MACEDO JUNIOR (AUTORIDADE
COATORA)
PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL (PROS) -
NACIONAL (IMPETRADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15807 15/09/2022 22:08 Manifestação pela rejeição do MS - PROS e Petição Inicial Anexa
4673 Eurípedes - Candidatas Distritais
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR NESTE EXCELSO TRIBUNAL
SUPERIOR ELEITORAL.

Processo n.º 0600980-20.2022.6.00.0000


MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Impetrante: CLARA VIVIANE RAMOS ARAÚJO e outros.
Impetrados: EURÍPEDES GOMES DE MACEDO JÚNIOR e PARTIDO
REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL (PROS).

O PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL e EURÍPEDES


GOMES DE MACEDO JUNIOR, suficiente qualificados nos autos do processo em
epígrafe, por seus advogados devidamente constituídos conforme procurações
anexas (Doc.1), em atenção ao despacho proferido nos autos do processo em
epígrafe (ID. n.º 158045275), vem à eminente presença de Vossa Excelência,
apresentar a presente

IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO LIMINAR

pleiteado na presente impetração, pelas razões de fato e de direito a


seguir expostas.

1. DOS FATOS:

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por CLARA VIVIANE


RAMOS ARAUJO MARTINEZ, FRANCILMA ALVES MENDONÇA DE OLIVEIRA,
HELENA CASTANHEDE VIEIRA, KARINY GERALDA ALVES VEIGA, ROBERTA
ALMEIDA DE OLIVEIRA, e ALINE OLIVEIRA PEREIRA, contra ato apontado como
ilegal e abusivo que teria sido praticado pela pessoa indicada como Autoridade
Coatora, consistente na ausência do repasse do Fundo Especial para Financiamento
de Campanha – FEFC e Fundo Partidário para o financiamento das campanhas
eleitorais de todas as candidatas a deputadas distritais.
No referido mandado de segurança, as Impetrantes alegam, em
apertada síntese, que as candidatas satisfizeram todos os requisitos necessários
para que lhes fossem repassadas “suas quotas do FEFC e Fundo Partidário”, tendo
preenchido, por escrito, o requerimento exigido legalmente (e também pela
Resolução do PROS em anexo) e o entregaram ao Órgão Nacional, com dados do

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serviço, do valor pretendido e do comprovante do registro de candidatura com
indicação de conta bancária para transferência.
Mas que até o momento da impetração, não haviam recebido nenhum
recurso do partido, enquanto que outros candidatos ao mesmo cargo e no mesmo
partido, mas do sexo masculino, haviam recebido verba do FEFC e do Fundo
Partidário, em valor considerável.
Isto posto, afirmando que a “Agremiação impetrada, através de seu
Presidente, Sr. Euripedes Gomes de Macedo Junior, vem manejando ilegalmente o
dinheiro público, destinado ao FEFC, sem repassar a quota parte destinada à
campanha eleitoral das candidaturas femininas”, a presente impetração manifesta
para que seja determinado aos impetrados o repasse do valor correspondente à
quota parte destinado à campanha eleitoral das Impetrantes, “qual seja valor não
inferior 30% (trinta por cento), legalmente previsto, dentro da porcentagem de
67,95%, conforme dividido e registrado na Resolução do PROS (número da
resolução), referente às candidaturas a Deputado(a) Federal, Estadual e Distrital”.
Deste modo, as Impetrantes, ao final, pedem a concessão de
liminar para determinar o “bloqueio dos valores, em montante limitado ao
estipulado às candidaturas femininas ou, alternativamente, que seja ordenado
à Autoridade Coatora que repasse, em 24 (vinte e quatro) horas, o valor
correspondente à quota parte da campanha eleitoral das Impetrantes, que
estão inseridas no percentual de 30% (trinta por cento) destinado às
campanhas feminina”. E no mérito “a confirmação definitiva da segurança,
com a ratificação da liminar deferida, assegurando-se o direito líquido e certo
das Impetrantes”.
Ao receber a exordial, o Eminente Relator determinou a notificação da
Autoridade Coatora para se manifestar, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
antes da apreciação do pedido liminar (ID. n.º 158045275).
Assim, diante de todo o exposto, se fez necessária a presente
manifestação.

2. DO DIREITO:

O presente mandado de segurança, bem como o pedido liminar


pleiteado, NÃO COMPORTA ACATAMENTO, conforme se passa a expor. A uma,
em razão de não ser caso de mandado de segurança em razão da ausência de
coação ilegal. A duas, por não ser caso de mandado de segurança em razão da
ausência de direito líquido e certo.

2.1 DO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL POR INADEQUAÇÃO DA VIA


ELEITA EM RAZÃO DE NÃO SER O CASO DE MANDADO DE SEGURANÇA
POR AUSÊNCIA DE COAÇÃO ILEGAL:

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A presente impetração, conforme narrado na exposição fática, pretende
a concessão de liminar para determinar o “bloqueio dos valores, em montante
limitado ao estipulado às candidaturas femininas ou, alternativamente, que seja
ordenado à Autoridade Coatora que repasse, em 24 (vinte e quatro) horas, o valor
correspondente à quota parte da campanha eleitoral das Impetrantes, que estão
inseridas no percentual de 30% (trinta por cento) destinado às campanhas feminina”.
E no mérito “a confirmação definitiva da segurança, com a ratificação da liminar
deferida, assegurando-se o direito líquido e certo das Impetrantes”.
Entretanto, o presente mandado de segurança não merece
prosperar, posto que as Impetrantes não lograram êxito em demonstrar a
alegada coação ilegal, conforme se passa a expor.
A Lei n.º 12.016, de 07 de agosto de 2009, que disciplina o mandado
de segurança individual e coletivo, estabelece em seu artigo 10, que a inicial será
desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de
segurança:

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o
caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando
decorrido o prazo legal para a impetração.

No presente caso revela-se a inadequação da via eleita, por não


ser o caso de mandado de segurança em razão da ausência de coação ilegal.
Primeiro, porque nos termos do artigo 8º, da Resolução do TSE n.º
23.605/2019, a distribuição do FEFC, de acordo com os critérios deliberados pela
executiva nacional e informados ao TSE, será feita pelo Diretório Nacional do
Partido, às suas candidatas e aos seus candidatos, mediante requerimento por
escrito.
Embora as Impetrantes tenham apresentado dois requerimentos
preenchidos e assinados, um em nome de Clara (ID. n.º 158041508) e outro em
nome de Kariny (ID. n.º 158041522), não há prova do envio tampouco do
recebimento pelo partido, ora impetrado.
Sem que seja requerido pelos candidatos e candidatas acesso a
valores do FEFC, por escrito, nos termos do artigo 8º, da Resolução do TSE n.º
23.605/2019, não é possível que o Partido realize qualquer repasse.
Segundo, porque as Impetrantes não apresentaram prova de qualquer
negativa feita pelo Diretório Nacional do PROS, ora Impetrado, para qualquer
candidata.
Não havendo prova da alegada coação ilegal, mostra-se incabível o
mandado de segurança, sendo que o indeferimento da inicial é a medida que se
impõe, nos termos do artigo 10, da Lei do Mandado de Segurança.
No mesmo sentido caminha a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal:

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RECURSO DE MANDADO DE SEGURANÇA. COAÇÃO ILEGAL; INEXISTÊNCIA DE
PROVA DOS FATOS QUE A CARACTERIZAM. INDEFERIMENTO.
DESPROVIMENTO DO RECURSO.
(RMS 1714, Relator(a): RIBEIRO DA COSTA, Tribunal Pleno, julgado em 02/07/1952,
DJ 06-11-1952 PP-12355 - EMENT VOL-00107-01 PP-00058 ADJ 04-10-1954 PP-
03402)

Assim, ante todo o exposto, é medida que se impõe o


indeferimento da inicial da presente impetração, nos termos do artigo 10, da
Lei n.º 12.016/2009, em razão de não ser o caso de mandado de segurança por
falta de prova da coação ilegal, posto que as Impetrantes não logram êxito em
demonstrar recusa a qualquer requerimento de candidata para acesso aos
recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.

2.2 DO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL POR INADEQUAÇÃO DA VIA


ELEITA EM RAZÃO DE NÃO SER O CASO DE MANDADO DE SEGURANÇA
POR AUSÊNCIA DE DIREITO LIQUIDO E CERTO:

A presente impetração, conforme narrado na exposição fática, pretende


a concessão de liminar para determinar o “bloqueio dos valores, em montante
limitado ao estipulado às candidaturas femininas ou, alternativamente, que seja
ordenado à Autoridade Coatora que repasse, em 24 (vinte e quatro) horas, o valor
correspondente à quota parte da campanha eleitoral das Impetrantes, que estão
inseridas no percentual de 30% (trinta por cento) destinado às campanhas feminina”.
E no mérito “a confirmação definitiva da segurança, com a ratificação da liminar
deferida, assegurando-se o direito líquido e certo das Impetrantes”.
Entretanto, o presente mandado de segurança não merece
prosperar, posto que não há direito líquido e certo a amparar o pleito das
Impetrantes, conforme se passa a expor.
Segundo o magistério de Carlos Mário Velloso, "nos primórdios do
mandado de segurança chegou-se a entender que direito líquido e certo fosse
aquele que não demandasse maiores considerações, ou que não ensejasse dúvida,
sob o ponto de vista jurídico, ou ainda que não oferecesse complexidade, de fácil
interpretação, o direito translúcido, evidente, acima de toda dúvida razoável,
apurável de plano sem detido exame nem laboriosas cogitações, o que levou Castro
Nunes a afirmar que, entendidas desse modo, só as questões muito simples
estariam ao alcance do mandado de segurança".
O Ministro Costa Manso (1876-1957), em célebre voto proferido no
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do MS n. 333/1936, conceituou, com o
brilhantismo que lhe era peculiar, o que significaria direito certo e incontestável:

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Eu, porém, entendo que o art. 113, n. 33, da Constituição (refere-se à Constituição de
1934) empregou o vocábulo direito como synonymo de poder ou faculdade
decorrente da lei ou norma (direito subjectivo). Não alludiu á própria lei ou norma
(direito objectivo). O remedio judiciario não foi criado para a defesa da lei em these.
Quem requer o mandado, defende o seu direito, isto é, o direito subjectivo,
reconhecido ou protegido pela lei. O direito subjectivo, o direito da parte é
constituído por uma relação entre a lei e o facto. A lei, porém, é sempre certa e
incontestavel. A ninguém é lícito ignora-la, e com o silencio, a obscuridade, a
indecisão della não se exime o juiz de sentenciar ou despachar (Código Civil, art. 5º
da Introdução). Só se exige prova do direito estranjeiro ou de outra localidade, e isso
mesmo se não for notoriamente conhecido. O facto é que o peticionario deve tornar
certo e incontestável, para obter mandado de segurança. O direito será declarado e
applicado pelo juiz, que lançará mão dos processos de interpretação estabelecidos
pela sciencia, absurdo admitir se declare o juiz incapaz de resolver de plano um
litígio, sob o pretexto de haver preceitos legaes esparsos, complexos ou de
intelligencia difficil ou duvidosa. Desde, pois, que o facto seja certo e
incontestavel, resolverá o juiz a questão de direito, por mais intrincada e difficil
que se apresente, para conceder ou denegar o mandado de segurança.1

A partir da lição do Ministro Costa Manso, segundo a qual desde "que


o fato seja certo e incontestável, resolverá o juiz a questão de direito, por mais
intrincada e difícil que se apresente", a doutrina estabeleceu o indicativo de que o
mandado de segurança pressupõe a demonstração de plano do alegado direito e a
inexistência de incerteza a respeito dos fatos.
Daí afirmar corretamente Celso Barbi que haverá direito líquido e certo
se a regra jurídica que incidir sobre os fatos incontestáveis configurar um direito da
parte.
Em linhas gerais, consoante o magistério do Eminente Ministro Luiz
Fux (2007)2, diz-se que direito líquido e certo é o direito evidente prima facie,
porquanto não comporta a fase instrutória inerente aos ritos que contemplam
cognição primária.
Ou seja, o direito pressupõe a incidência da regra jurídica sobre fatos
incontroversos, provados por documentos acostados, desde logo, à petição inicial.
No presente caso, as Impetrantes pretendem prestação
jurisdicional para que seja determinado o repasse de valores pelo Diretório
Nacional do PROS a determinadas candidaturas.
Entretanto não há qualquer previsão legal a amparar a pretensão
das Impetrantes.
A Lei n.º 9.504/1997, em seu artigo 16-C, § 7º, determina que os
recurso do Fundo Especial de Financiamento de Campanha ficarão à disposição do
partido político somente após a definição de critérios para a sua distribuição, os
quais, aprovados pela maioria absoluta dos membros do órgão de direção executiva
nacional do partido, serão divulgados publicamente:

1
Archivo Judiciario. Rio de Janeiro: Jornal do Commercio, v. XLI, de 5/1/37
2
RMS 20654/ SC; Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 2005/ 0151897-1. T1 – Primeira
Turma. Julgamento em 22 de maio de 2007. DJ 21.06.2007, p. 273.

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Art. 16-C. (...)
§ 7º Os recursos de que trata este artigo ficarão à disposição do partido político
somente após a definição de critérios para a sua distribuição, os quais, aprovados
pela maioria absoluta dos membros do órgão de direção executiva nacional do
partido, serão divulgados publicamente.
(...)

Neste sentido, a Resolução do TSE n.º 23.605/2019, em seu artigo 6º,


estabeleceu que os recursos do FEFC ficarão à disposição do partido político
somente após a definição dos critérios para a sua distribuição, os quais devem ser
aprovados pela maioria absoluta de integrantes do órgão de direção executiva
nacional do partido:

Art. 6º. Os recursos do FEFC ficarão à disposição do partido político somente após a
definição dos critérios para a sua distribuição, os quais devem ser aprovados pela
maioria absoluta de integrantes do órgão de direção executiva nacional do partido
(Lei nº 9.504/1997, art. 16-C, § 7º).
§ 1º Os critérios a serem fixados pela direção executiva nacional do partido devem
prever a obrigação de aplicação do total recebido do FEFC de acordo com os
seguintes percentuais ( STF: ADI nº 5.617/DF , DJE de 3.10.2018, e ADPF-MC nº
738/DF, DJE de 29.10.2020; e TSE: Consulta nº 0600252-18, DJE de 15.8.2018, e
Consulta nº 0600306-47, DJE de 5.10.2020): (Redação dada pela Resolução nº
23.664/2021)
I - para as candidaturas femininas o percentual corresponderá a proporção dessas
candidaturas em relação a soma das candidaturas masculinas e femininas do partido,
não podendo ser inferior a 30% (trinta por cento); (Incluído pela Resolução nº
23.664/2021)
II - para as candidaturas de pessoas negras o percentual corresponderá à proporção
de: (Incluído pela Resolução nº 23.664/2021)
a) mulheres negras e não negras do gênero feminino do partido; e (Incluído pela
Resolução nº 23.664/2021)
b) homens negros e não negros do gênero masculino do partido; e (Incluído pela
Resolução nº 23.664/2021)
III - os percentuais de candidaturas femininas e de pessoas negras serão obtidos pela
razão dessas candidaturas em relação ao total de candidaturas do partido em âmbito
nacional. (Incluído pela Resolução nº 23.664/2021)
§ 1º-A Na hipótese de federação, a comissão executiva nacional do partido deve
observar os critérios fixados pela federação para distribuição do FEFC às candidatas
e aos candidatos que a integram. (Incluído pela Resolução nº 23.664/2021)
§ 2º Os critérios a que se refere o caput devem ser fixados em valores absolutos ou
percentuais, de modo a permitir o controle da Justiça Eleitoral quanto à sua
distribuição.
§ 3º Os diretórios nacionais dos partidos políticos devem promover ampla divulgação
dos critérios fixados, preferencialmente em sua página na Internet.

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§ 4º Após a reunião da executiva nacional que deliberar sobre os critérios de
distribuição do FEFC, os diretórios nacionais dos partidos políticos devem
encaminhar petição por meio eletrônico à Presidência do TSE indicando os critérios
fixados para distribuição do FEFC, acompanhado de:
I - ata da reunião, subscrita por integrantes da executiva nacional do partido, com
reconhecimento de firma em Cartório ou certificação digital;
II - prova material de ampla divulgação dos critérios de distribuição do FEFC; e
III - indicação dos dados bancários de uma única conta-corrente, aberta
exclusivamente em nome do diretório nacional do partido político para movimentação
dos recursos do FEFC.
§ 5º Após o envio dos documentos relacionados nos incisos I a III do § 4º deste
artigo, a Presidência do TSE determinará: (Redação dada pela Resolução nº
23.664/2021)
I - à Secretaria de Planejamento, Orçamento, Finanças e Contabilidade (SOF) do
TSE, a transferência dos recursos financeiros do FEFC para a conta bancária
indicada na forma do inciso III do § 4º deste artigo; e (Redação dada pela Resolução
nº 23.664/2021)
II - à Secretaria de Gestão da Informação do TSE, publicação dos critérios fixados
pelos partidos políticos para a distribuição dos recursos do FEFC.

Isto posto resta evidente que as únicas obrigações legais impostas aos
partidos políticos, com relação aos critérios de distribuição do FEFC, são: a)
previsão da obrigação de aplicação para candidaturas femininas, de percentual
correspondente à sua proporção referente ao total de candidaturas, não podendo ser
inferior a 30% (trinta por cento); b) previsão da obrigação de aplicação para
candidaturas de pessoas negras de percentual correspondente à sua proporção
referente ao total de candidaturas; e, c) fixação de critério em valores absolutos ou
percentuais, de modo a permitir o controle da Justiça Eleitoral quanto à sua
distribuição.
Deste modo, resta claro e evidente, que não há qualquer
obrigação legal no sentido de que o Partido destine recursos do FEFC, para
todas as candidaturas requeridas por seus filiados, posto que a sua
distribuição se dará de acordo com os critérios deliberados pela Executiva
Nacional da agremiação, conforme sua estratégia eleitoral, mediante
requerimento escrito dos candidatos e das candidatas.
No presente caso, os critérios de distribuição do FEFC foram
estabelecidos pela Executiva Nacional do PROS, por meio da Resolução
Nacional n.º 001/2022, cuja cópia segue anexa (Doc.2) – e não pela resolução
apresentada pelas Impetrantes (ID. n.º 158041500) – a qual atendeu a todos os
requisitos legais conforme certificado pela Assessoria de Exame de Contas
Eleitorais e Partidárias do Tribunal Superior Eleitoral (ASEPA/TSE), na
informação anexa (Doc.3).
A ASEPA na referida informação consignou de forma clara que ao
analisar a Resolução n.º 001/2022, verifica-se que a direção nacional do PROS fixou
o percentual mínimo de 30% (trinta por cento) para destinação de recursos do FEFC
para o custeio de campanhas femininas e também determinou a aplicação do FEFC

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no percentual correspondente a proporção de candidatas e candidatos negros do
partido, conforme pode ser observado nos arts. 3º a 5º da resolução em referência.
E que uma vez fixados os percentuais mínimos de candidaturas femininas e de
pessoas negras, por decorrência lógica, o percentual remanescente poderá ser
utilizado pelo partido para fomentar sua estratégia de atuação eleitoral
norteada na forma do art. 1º, da mencionada resolução:

Desta feita, resta claro que os recursos do FEFC serão


distribuídos de acordo com a análise da densidade eleitoral provável de cada
candidatura, probabilidade de êxito, e na previsão de votos. Logo, o Diretório
Nacional do PROS não é obrigado a destinar recursos a todas as candidaturas
pleiteadas por seus filiados.
Eventual determinação judicial no sentido de obrigar o partido a
destinar recursos a determinadas candidaturas representaria inquestionável afronta
ao Princípio Constitucional da Autonomia Partidária, insculpido no artigo 17, § 1º, da
Constituição Federal:

Art. 17.
(...)
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna
e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo
seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
(...)

Assim, ante todo o exposto, é medida que se impõe o


indeferimento da inicial da presente impetração, nos termos do artigo 10, da
Lei n.º 12.016/2009, em razão de não ser o caso de mandado de segurança, por
falta de direito líquido e certo, posto que não há qualquer previsão legal apta a
amparar a pretensão das Impetrantes.

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3. DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, para que se faça justiça, requer o seguinte:

I. O indeferimento da petição inicial, nos termos do artigo 10, caput,


da Lei n.º 12.016/2009, em razão: a) de não ser o caso de
mandado de segurança, por falta de coação ilegal, posto que as
Impetrantes não lograram êxito em demonstrar que os Impetrados
tenham recusado qualquer requerimento de candidata para
acesso aos recursos do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha; e, b) de não ser o caso de mandado de segurança,
por falta de direito líquido e certo, posto que não há qualquer
previsão legal apta a amparar a pretensão das Impetrantes.
II. Em homenagem ao princípio da eventualidade, em caso de não
ser acatado o indeferimento da petição inicial, o indeferimento do
pedido liminar formulado no presente mandado de segurança.
III. Ser intimado para a devida apresentação das informações
cabíveis nos termos da lei.
IV. Que todas as publicações sejam realizadas exclusivamente
em nome do advogado BRUNO AURÉLIO RODRIGUES DA
SILVA PENA, OAB/GO n.º 33.670, sob pena de nulidade.

Sem mais para o momento, são estes os termos em que se pede e


aguarda o mais célere deferimento.

De Goiânia/GO para Brasília/DF, 15 de setembro de 2022.

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena


OAB/GO n.º 33.670
(Assinado Eletrônicamente)

Anexos:
Doc.1 - Procurações;
Doc.2 - Resolução Nacional do PROS n.º 001/2022;
Doc.3 - Informação da ASEPA/TSE.

Assinado eletronicamente por: BRUNO AURELIO RODRIGUES DA SILVA PENA - 15/09/2022 22:08:33 Num. 158074673 - Pág. 9
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