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Zona Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

15/05/2023

Número: 0600025-20.2023.6.26.0391
Classe: REPRESENTAÇÃO
Órgão julgador: 391ª ZONA ELEITORAL DE EMBU DAS ARTES SP
Última distribuição : 02/05/2023
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Extemporânea/Antecipada
Segredo de Justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
REPUBLICANOS- MUNICÍPIO DE EMBU DAS ARTES
(REPRESENTANTE)
HIAGO ASSAF ALVES (ADVOGADO)
BRUNA KAR ROSCIGNO PINTO (ADVOGADO)
TATIANA WENKE FERNANDES (ADVOGADO)
CARLOS EDUARDO SANTIAGO (ADVOGADO)
JOHNNY ROCHA DO CARMO (ADVOGADO)
BRUNA RUIZ DE CAMPOS GOMES DOS SANTOS
(ADVOGADO)
GLAUCIA CAROLINA DOS SANTOS (ADVOGADO)
JOEL DE MATOS PEREIRA (ADVOGADO)
FERNANDA MASSAD DE AGUIAR FABRETTI (ADVOGADO)
ROSANGELA SILVA DOS SANTOS (REPRESENTADO)
LEANDRO APARECIDO DA SILVA (ADVOGADO)
PAULO ROBERTO OLIVEIRA (ADVOGADO)
CLAUDINEIA DE FATIMA DA SILVA (ADVOGADO)

Outros participantes
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
(FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
116003716 13/05/2023 Eleitoral - Proc 0600025-20.2023.6.26.0391 - Manifestação do MPE
09:39 propaganda antecipada negativa - parecer (1)
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROMOTORIA ELEITORAL DA 391ª ZONA ELEITORAL

Autos nº. 0600025-20.2023.6.26.0391


PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Meritíssimo Juiz,

Trata-se de representação eleitoral, com pedido de tutela


antecipada, ajuizada pelo Partido Republicanos – Órgão Municipal de Embu
das Artes contra Rosângela Santos, com fundamento no artigo 96 da Lei nº
9.504/97 e na Resolução TSE nº 23.608/2019.

Em síntese, o Representante narrou que tomou


conhecimento de que a Representada havia confeccionado 4.000 (quatro mil)
exemplares de material impresso, que estavam sendo distribuídos aos eleitores
de Embu das Artes, inclusive em seus domicílios, configurando propaganda
extemporânea negativa.

Segundo o Representante, no referido material circulado aos


eleitores havia imputações negativas e inverídicas relacionadas aos possíveis
candidatos à próxima eleição municipal, quais sejam, o atual Vice-Prefeito Hugo
Prado e o Pastor Marco.

Ao final, o Representante requereu: i) a concessão de tutela


antecipada, para que a Representada retirasse os impressos de circulação e
cessasse sua confecção e distribuição; ii) a procedência da demanda, confirmando
a liminar e condenando a Representada na obrigação de fazer, consistente em
retirar os impressos distribuídos, bem como na obrigação de não fazer, para se
abster de praticar condutas por esses mesmos fatos; iii) a condenação da

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Representada ao pagamento de multa no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil


reais).

Dentre os documentos anexados, destaco a cópia do material


impresso impugnado, as notas expedidas pela Secretaria Municipal de Saúde e
da Santa Casa de Misericórdia de União, além de prints do aplicativo de conversas
whatsapp.

Em decisão de ID. 115698612, foi deferida a liminar


requerida.

A Representada foi citada e apresentou contestação.

Preliminarmente, sustentou a ilegitimidade ad causam, pois


o material impugnado havia sido confeccionado pelo Diretório de Embu das Artes,
devendo, portanto, o Partido Político figurar no polo passivo. Alegou que, por se
tratar de material destinado aos filiados, a eventual interferência nos assuntos
do Partido Político seria questão interna corporis a atrair a competência da justiça
comum.

No mérito, argumentou que o panfleto era destinado apenas


aos filiados, conforme legenda constante da margem do material “Informativo
interno ao Partido dos Trabalhadores de Embu das Artes | CNPJ nº
51.449.593/0001-09. Tiragem: 4.000”. Afirmou, ainda, que o material fora
entregue apenas a algumas dezenas de filiados, sendo inverídicas as afirmações
no sentido de que teria sido distribuído nos domicílios dos eleitores.

Quanto às imputações negativas atribuídas aos possíveis


candidatos à Prefeitura de Embu das Artes, alegou que foram tecidas críticas
contundentes à atual gestão, não havendo falar em ofensa à honra dos citados
políticos.

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Outrossim, a Representada listou sítios eletrônicos com


notícias veiculadas na mídia sobre a saúde pública e o transporte coletivo público
do Município.

Ademais, alegou que a referência ao número 13 não


caracteriza propaganda eleitoral antecipada, pois outras pessoas o utilizam em
seus perfis na rede social.

Destacou que a parca quantidade de material confeccionado


e a diminuta distribuição não teria o condão de influenciar no pleito eleitoral
vindouro, ainda mais se levasse em consideração o número de eleitores do
Município.

Mencionou também que o Prefeito Ney Santos havia realizado


publicações na rede social, divulgando a r. decisão proferida, o que teria
provocado a atuação de terceiros com o objetivo de espalhar o material para
prejudicá-la, como teria ocorrido na eleição passada.

Por fim, requereu a extinção do feito, sem julgamento do


mérito, ou a improcedência dos pedidos.

Vieram os autos para parecer.

É a síntese do essencial.

De início, entendo que devem ser afastadas as preliminares


alegadas pela Representada.

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É cediço que, no âmbito do direito eleitoral, há previsão legal


estabelecendo que os Partidos Políticos e os candidatos respondem de forma
solidária com relação aos atos praticados em desconformidade com a legislação.

Nesse sentido o artigo 241 do Código Eleitoral, segundo o


qual: “Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos
partidos e por eles paga, imputando-lhes solidariedade nos excessos praticados
pelos seus candidatos e adeptos. Parágrafo único. A solidariedade prevista neste
artigo é restrita aos candidatos e aos respectivos partidos, não alcançando outros
partidos, mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.”

Na mesma linha, dispõe o §5° do artigo 6° da Lei n° 9.504/97:


“§5° A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda
eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando
outros partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.”

Portanto, como o presente feito versa sobre suposta


propaganda eleitoral antecipada negativa, com possível imposição de multa, vê-
se que a responsabilidade é solidária entre a provável candidata e o Partido
Político, não havendo óbice ao ajuizamento da representação apenas em face dela.

Afastada tal preliminar, entendo que as demais, por


consequência, estão prejudicadas.

No mérito, a representação eleitoral merece acolhimento.

Cuida-se de representação por propaganda eleitoral


antecipada negativa, na qual se impugnou a distribuição, antes do início do
período eleitoral, de material impresso contendo duras críticas à gestão atual do
Município de Embu das Artes, o Vice-Prefeito e filiado ao Partido Republicanos.

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Antes de analisar a ocorrência da alegada propaganda


eleitoral antecipada negativa, é importante discorrer sobre a tese da Representada
no sentido de que o material não era destinado ao público.

Em que pese os argumentos apresentados, a Representada


não logrou demonstrar de modo convicente que o material impresso teria como
destinatário apenas os filiados dos Partidos dos Trabalhadores.

Explico.

Apesar de constar da margem do panfleto que se tratava de


informativo interno, infere-se que o conteúdo não é direcionado aos filiados do
partido político, não havendo menção a programa partidário, valores, propostas,
entre outros interesses da agremiação.

Observa-se, em verdade, que o conteúdo é direcionado à


população, com destaque para a imagem da Representada, seguida de
informações de sua rede social, que consta o número do partido político, pedido
de seguidores e hastag utilizada “mulher de coragem”.

Outrossim, não é crível a alegação de que o referido panfleto


seria entregue as filiados, que comparecessem ao Diretório Municipal, ainda mais
quando não demonstrada a realização de eventos com o público compatível com
a tiragem de quatro mil exemplares, que, vale ressaltar, não se trata de
quantidade pequena.

Além disso, a Representada não demonstrou como os poucos


exemplares entregues, segundo afirmado, chegaram ao conhecimento dos filiados
ao Representante, não havendo indícios de qualquer tipo de fraude nesse sentido.

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Assim, considerando as circunstâncias fáticas acima


mencionadas, entendo que não merece prosperar a tese alegada pela
Representada.

Outrossim, após detida análise da documentação acostada


aos autos, entendo que está configurada a propaganda eleitoral antecipada
negativa.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, caracteriza-se


propaganda eleitoral negativa o “ato que, desqualificando pré-candidato, venha a
macular sua honra ou imagem ou divulgar fatos sabidamente inverídicos”.

Embora a Constituição Federal de 1988 consagre no artigo


5°, inciso IX, a liberdade de expressão, é pacífico no nosso ordenamento jurídico
que os direitos fundamentais não são absolutos, devendo ser ponderados no caso
concreto.

Na hipótese da presente representação, busca-se evitar o


sensacionalismo e a disseminação de conteúdo inverídico que possa comprometer
a lisura do processo eleitoral, ainda que futuro, influenciando de modo indevido
os eleitores.

Neste sentido, confira-se o seguinte trecho extraído do


julgado do Tribunal Superior Eleitoral:

ELEIÇÕES 2020. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL


ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA
NEGATIVA. POSTAGENS EM PERFIL DE REDE SOCIAL.
REPRODUÇÃO DE MATÉRIA JORNALÍSTICA. (...) 1. A
configuração de propaganda eleitoral antecipada negativa
pressupõe o pedido explícito de não voto ou ato abusivo que,

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desqualificando pré–candidato, venha a macular sua honra ou


imagem ou divulgue fato sabidamente inverídico. Precedentes.
2. Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, os fatos
sabidamente inverídicos a ensejar a ação repressiva da
Justiça Eleitoral são aqueles verificáveis de plano (R–Rp nº
0600894– 88/DF, Rel. Min. Sérgio Banhos, PSESS de
30.8.2018). (...) (REspel06000045-34, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 17.2.20022).

No caso em tela, verifica-se que a distribuição dos folhetos


com críticas à gestão administrativa e aos filiados do Partido Republicanos,
extrapolou os limites da exceção prevista no artigo 36-A, inciso V, da Lei n°
9.504/97, que permite a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões
políticas.

Com efeito, verifica-se que o material impresso menciona que


projeto “Tarifa Zero” foi criado “graças ao PT”, e que o Representante se
“apoderou” deste projeto, que antes repudiava.

Vê-se, claramente, que além da menção ao Prefeito Ney


Santos, consta expressamente o nome do Vice-Prefeito Hugo e, indiretamente, o
pastor Marco, referindo-se que o gestor e os aliados estão envolvidos em
escândalos e que faltam transparência e seriedade na Administração.

Ao contrário do sustentado pela Representada, é inegável


que, ao trazer à tona fato desabonador da vida pessoal do Pastor Marco, ainda
que pessoa conhecida, pretendeu macular sua honra, eis que a situação narrada
estava totalmente dissociada do contexto do transporte público municipal.

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Com relação ao folheto que se refere à saúde pública, verifica-


se que novamente o nome do Vice-Prefeito Hugo é citado com alusão ao caos no
setor, em sua concepção.

Não se desconhece dos diversos problemas enfrentados pelos


administradores na gestão da saúde pública, porém é inconteste que o conteúdo
veiculado buscou desacreditar a gestão e a Santa Casa de União de Minas, ao
divulgar que houve “calotes” e que a entidade seria inexperiente, o que não foi
comprovado nos autos, conforme se depreende dos documentos juntados.

Assim, depreende-se da análise dos panfletos que a


Representada pretendeu vincular as referidas situações não apenas ao Chefe do
Executivo, como também vincular o Vice-Prefeito e os aliados, dentre eles, o
Pastor Marco, ambos prováveis canditados ao pleito municipal de 2024.

Ficou evidenciada, ainda, a intenção da Representada em


macular a imagem dos possíveis candidatos à eleição municipal e, ao mesmo
tempo, enaltecer o Partido dos Trabalhadores, de modo que seria a opção política
mais acertada.

Na mesma esteira do exposto acima, destacam-se os


seguintes precedentes:

“ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO.
PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA NEGATIVA NA
INTERNET. CARACTERIZADA. ABUSO DO DIREITO
CONSTITUCIONAL DE LIVRE MANIFESTAÇÃO DE
PENSAMENTO. ANONIMATO. OFENSA A HONRA. REEXAME
DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. DESPRO VIMENTO.
1. A mera reiteração de teses recursais inviabiliza o êxito do

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Agravo Regimental (Súmula 26/TSE). Precedentes. A moldura


fática dellneada no acórdão regional revela que o agravante,
antes do período permitido para a realização de propaganda
eleitoral, utilizou-se de perfil anônimo e falso na rede social
Facebook, denominado ORLANDO ENROLANDO, para criticar
politicamente o recorrido ofendem a imagem, a honra e à
dignidade do recorrido e como corolário induzem os eleitores a
não votar nele (fis. 1.161), motivo pelo qual restou configurada
a propaganda eleitoral antecipada negativa. 3. A livre
manifestação de pensamento não constitui direito de caráter
absoluto. Precedentes. 4 A divulgação de publicação, antes do
período permitido, que ofende a honra de possível futuro
candidato constitui propaganda eleitoral negativa
extemporânea. Precedentes. 5. A reforma do acórdão regional
demandaria nova incursão na seara probatória dos autos,
providência incompatível com a estre lia via do Recurso
Especial (Súmula 24/TSE). 6.Agravo Regimental desprovido
(AgR-Al 2-641SP, reI. Mm. TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO,
DJe 22.9.2017).

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO INTERNO EM RECURSO


ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL
ANTECIPADA NEGATIVA. DISTRIBUIÇÃO DE FOLHETOS
IMPRESSOS COM CRÍTICAS À GESTÃO ADMINISTRATIVA
MUNICIPAL, NA PESSOA DA CANDIDATA OPONENTE,
ENALTECENDO OS CANDIDATOS FILIADOS AO PARTIDO
POLÍTICO AGRAVANTE. EXTRAPOLADA A DIVULGAÇÃO DE
POSICIONAMENTO PESSOAL SOBRE QUESTÕES POLÍTICAS,
AUTORIZADA PELO INCISO V DO ART. 36-A DA LEI 9.504/97.
CONFIGURAÇÃO DO ILÍCITO. AFRONTA A LEI E DISSÍDIO
NÃO DEMONSTRADOS. AGRAVO A QUE SE NEGA

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PROVIMENTO. Hipótese em que o TRE de São Paulo manteve


a condenação do Diretório Municipal do PSDB por propaganda
eleitoral antecipada negativa, mas reduziu o valor da multa
aplicada pelo juízo de piso, fixando-a no patamar mínimo
legal. A Corte regional entendeu que a distribuição de folhetos
impressos com críticas à gestão administrativa do Município
de Itapevi/SP, na pessoa da pré-candidata oponente do
partido ora agravante, extrapolou os limites da exceção
prevista no inciso V do art. 36-A da Lei n° 9.504/97, que
permite a divulgação de posicionamento pessoal sobre
questões políticas, e configurou propaganda eleitoral
antecipada negativa. O conteúdo veiculado pelo agravante, de
fato, não encontra guarida na legislação eleitoral, pois
desborda dos limites da liberdade de expressão e de
informação. Trata-se de afirmações que configuram
propaganda eleitoral antecipada negativa, com o único e
inegável propósito de influenciar na disputa eleitoral. Não há
como prosperar tese de divergência jurisprudencial na
hipótese em que a parte se limita a colacionar ementas de
julgados e não traz aos autos informações que permitam
compreender em que contexto fático as decisões teriam sido
tomadas naqueles feitos, pois não é possível aferir se há ou
não similitude fática entre os julgados alegadamente
conflitantes. Não há como ser acolhida a alegação do
agravante de que o panfleto impugnado apenas reproduziu
matérias já veiculadas nos jornais locais, pois não há
informações sobre esse tema na moldura fática delineada no
acórdão regional. A análise da referida alegação, portanto,
demandaria a incursão no conjunto de fatos e provas dos
autos, o que é vedado a esta instância extraordinária.
Alicerçada a decisão impugnada em fundamentos idôneos,

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merece ser desprovido o agravo interno, tendo em vista a


ausência de argumentos hábeis para modificá-la. Agravo
regimental a que se nega provimento. (AGRAVO REGIMENTAL
NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 68-49. 201
6.6.26.0359 - CLASSE 32— ITAPEVI - SÃO PAULO, Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 8/2/2018)

Destarte, ficou demonstrado que o conteúdo veiculado pela


Representada violou a legislação eleitoral, extrapolando os limites da liberdade de
expressão e de informação, de modo a configurar propaganda eleitoral
extemporânea negativa, com o inegável propósito de influenciar os eleitores no
pleito eleitoral a ser realizado em 2024.

Ante o exposto, o Ministério Público Eleitoral opina pela


procedência dos pedidos, aplicando-se a penalidade no valor pleiteado,
ponderada a gravidade da conduta praticada pela Representada.

Embu das Artes, 13 de maio de 2023.

ALICE MONTEIRO MELO SAMPAIO CAMARGO


Promotora de Justiça

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