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21/11/2022

Número:XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX
Classe:PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIALCÍVEL
Órgão julgador:Juizado Especial Cível da Comarca deItaperuna
Última distribuição :30/10/2023
Valor da causa:R$20.000,00
Assuntos:Obrigação de Fazer / Não Fazer, Indenização Por Dano Moral -Outras
Segredo de justiça?NÃO
Justiça gratuita?SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela?SIM
Partes Procurador/Terceirovinculado
LILIA DA SILVA(AUTOR) ALEXSANDRO FERRARI METELO (ADVOGADO)
MARIA DE SOUZA (AUTOR) DANIEL DE A. AVOLINO (ADVOGADO)
SILVIA OLIVEIRA (AUTOR) FLAMARION C. CUSTÓDIO (ADVOGADO)
GIOVANNA R. BIAZATTI (ADVOGADO)
HELENA S. PACHECO (ADVOGADO)
ISABELA P. S. FERREIRA (ADVOGADO)
ITALO M. DA FONSECA (ADVOGADO)
LAERCIO A. DE S. NETO (ADVOGADO)
MARIANA N.S. LEITE (ADVOGADO)
NATHALIA D. PAES (ADVOGADO)
PLOC TURISMO LTDA FELIPE DE ABREU MOREIRA (ADVOGADO)
PAULO RENATO DO PRADO PEREIRA (ADVOGADO)
RONDINELI CAMPOS DE ASSIS (ADVOGADO)
RENATO RODRIGUES DE SOUZA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
daAssinatura
21001 21/11/202318:30 CONTESTAÇÃO Petição
597
AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE
ITAPERUNA / RJ

PLANOMÓVEL–LINHA
SUPOSTAMENTE BLOQUEADA-
AUSÊNCIA DE PROVA MÍNIMA–
CARÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA
DAS ALEGAÇÕES–DANO MORAL
INEXISTENTE

Ref.: Processo: nº XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX

Requerente: LILIA DA SILVA (AUTOR)


MARIA DE SOUZA (AUTOR)
SILVIA OLIVEIRA (AUTOR)

Requerida: PLOC TURISMO LTDA

PLOC TURISMO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o nº 11.111.111/0001-11, com sede na Rua Principal, Nº 1000, 3º
Andar, Praça Onze de Junho (Centro), Rio de Janeiro / RJ – 20021-280, por seus
procuradores devidamente constituídos conforme comprova o mandato em
anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento
no artigo 30 da Lei 9.099/95, apresentar

CONTESTAÇÃO

Em face dos pedidos formulados por LILIA DA SILVA, MARIA DE SOUZA e


SILVIA OLIVEIRA , expondo os motivos defato e de direito para, ao final,
requerer:
I. DAS PRELIMINARES

A) DO PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA

As autoras requerem a conceção do benefício da justiça gratuita e o patrocínio da


assistência judiciária, nos termos do art. 98 do CPC, sob a alegação de insuficiência de recursos
para arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios.
Entretanto, a concessão da justiça gratuita, em regra é deferida ao trabalhador que
receba ou tenha recebido valor igual ou inferior a 40% do teto do RGPS (Regime Geral de
Previdência Social), ou seja, que receba ou tenha recebido valor igual ou inferior a R$ 3002,99.
Ocorre que a ação proposta Lilia, Maria e Silvia é conjunta e como todas são servidoras
públicas, recebem acima do teto do RGPS, não fazem jus ao benefício da gratuidade de justiça.
Diante disso, requer a impugnação da conceção do benefício da justiça gratuita, bem
como, o patrocínio da assistência judiciária pelas autoras, nos termos do art. 337, inc. XIII do
CPC.

B) DA INÉPCIA DA INICIAL

As autoras requerem indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) para cada autora, totalizando R$ 30.000,00 (trinta mil reais) diante de um possível ‘’abalo
emocional’’. Já no item V, nº 3, dos pedidos, as autoras fazem o pedido de danos morais
baseado na apuração em liquidação de sentença, obeservando os critérios de razoabilidade e
proporcionalidade e no fim colocam o valor da causa de 20 mil reais.
Verifica-se que o pedido é inépto, uma vez que, não possuem conexão lógica entre um
pedido e outro. Além disso, no pedido de dano material, as autoras mencionaram causa de pedir, mas
não citaram o pedido.
Vejamos o que dispõe o CPC:
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

I – for inepta;

§1oConsidera-se inepta a petição inicial quando:


I – lhe faltar pedido ou causa de pedir;

III – da narração dos fatos não decorrer logicamente


a conclusão;

Ante o exposto, requer o indeferimento do pedido na inicial, diante da incorreção do valor da causa
(art. 293 do CPC), narração dos fatos sem conexão lógica e pedidos incompatíveis entre si (art.
337,§1º do CPC), para que o autor venha readequar o valor da causa sob pena de preclusão.

II. DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

As autoras postulam a concessão de lilinar em sede de tutela de urgência


antecipada em caráter antecedente com fundamento no fumus boni iuris (fumaça do bom direito) e o
piriculum in mora (perigo na demora) para que a ré venha restituir as despesas que as autoras
tiveram com a compra do pacote de viagens no valor de 7.089,00, abatendo-se 20% contratual pela
solicitação do cancelamento do pacote.
Ao mencionar o requisito do periculum in mora, as autoras apenas citam que
‘’necessitam do dinheiro a tempo’’, sem ao menos demonstrar prova inequívoca de que existe
ameaça iminente e dano irreparável.

Nesse sentido, o artigo 300 do Novo CPC dispõe:


Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

As tutelas de urgência devem ser analisadas pelo caso a caso pelo julgador, como por exemplo,
situações que demandam soluções urgentes. É o caso da negativa de um plano de saúde com
relação a uma cirurgia de emergência pode representar a causa da morte de uma pessoa. Caso essa
interpretação não seja feita pelo magistrado e a tutela seja concedida sem a existência efetiva dos
motivos alegados pelo requerente poderá ocorrer o fenônemo denominado periculum in mora inverso
(a concretização de dano irreparável, ou de difícil reparação, contra o requerido, como consequência
direta da própria concessão da medida deferida ao requerente).

Esse entendimento contempla o disposto no §3º do art. 300 do Código de


Processo Civil, in verbis:

3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será


concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão.

Assim, se por ventura, essa decisão correr o risco de ser irreversível, o magistrado não poderá
conceder a tutela antecipada, sob pena de se tornar uma decisão definitiva, violando o Devido
Processo Legal, o Contraditório e a Ampla Defesa.

Ante o exposto, requer o indeferimento do pedido liminar de tutela de urgência antecipada, nos
termos do art. 300, §3º do CPC.
III. DO DANO MORAL

O pedido de dano moral feito pelas autoras no valor de R$ 30.000,00 (trinta


mil reais), além de inépto, é totalmente desproporcional, configurando litigância de má-fé e
enrriquecimento ilícito.

Ademais, para caracterizar o dano moral é necessário que há uma ofensa


ou violação de ordem moral (relacionados à honra e a imagem da vítima), o que não se verifica
dos fatos narrados pelas autoras, que dividiram o valor de 7.089,00 (sete mil e oitenta e nove reais)
para cada uma, corresponde ao valor aproximado de 2.363,00 (dois mil, trezentos e sessenta e três
reais).

Neste mesmo sentido, determina a nossa Carta Maior no seu art. 5º, X, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

No mesmo sentido segue o entendimento dos tribunais:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. DIREITO À
IMAGEM. USO INDEVIDO DA IMAGEM DE MENOR. AUSÊNCIA
DE AUTORIZAÇÃO. FOTOGRAFIA ESTAMPADA EM MATERIAL
IMPRESSO DE PROPAGANDA ELEITORAL.
1. Ação indenizatória, por danos morais, movida por menor que
teve sua fotografia estampada, sem autorização, em material
impresso de propaganda eleitoral de candidato ao cargo de
vereador municipal.
2. Recurso especial que veicula a pretensão de que seja
reconhecida a configuração de danos morais indenizáveis a
partir do uso não autorizado da imagem de menor para fins
eleitorais.
3. Para a configuração do dano moral pelo uso não autorizado
da imagem de menor não é necessária a demonstração de
prejuízo, pois o dano se apresenta in re ipsa.
4. O dever de indenizar decorre do próprio uso não autorizado
do personalíssimo direito à imagem, não havendo de se cogitar
da prova da existência concreta de prejuízo ou dano, nem de se
investigar as consequências reais do uso.
5. Revela-se desinfluente, para fins de reconhecimento da
procedência do pleito indenizatório em apreço, o fato de o
informativo no qual indevidamente estampada a fotografia do
menor autor não denotar a existência de finalidade comercial
ou econômica, mas meramente eleitoral de sua distribuição
pelo réu.
6. Hipótese em que, observado o pedido recursal expresso e as
especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a
fixação da verba indenizatória, por danos morais, no importe de
R$ 10.000,00 (dez mil reais).
7. Recurso especial provido.
(REsp 1217422/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe
30/09/2014).
“INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL.RETENÇÃO DA
CTPS.Indevida a indenização por dano moral, quando não
demonstrado qualquer ato praticado pelo réu que pudesse
resultar em prejuízo à intimidade, à vida privada, à honra e à
imagem do reclamante (art. 5º, X, da Constituição da
República). Sentença que se mantém. Tribunal Regional do
Trabalho da 1ª Região TRT-1 – RECURSO ORDINÁRIO: RO
01003034220165010411 RJ”.

Ante o exposto, requer o indeferimento do pedido de dano moral


pelas autoras diante ausência de ofença ou violação intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das autoras, conforme a CF/88;

IV DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Conforme os autos, a PLOC TURISMO LTDA., encerrou suas atividades por motivos de força
maior (ordem financeira), quitando a folha salarial de seus ex funcionários e outras despesas. A ré
não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua
família, conforme declaração de hipossuficiência anexa, com fundamento no
Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e Art. 98 do Código de Processo Civil. Desse modo, a ré
faz jus à concessão da gratuidade de Justiça.

A súmula 481 do STJ, dispõe nesse sentido que:


‘’Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais’’.

Diante disso, requer a concessão da gratuidade de justiça, tendo em vista a hipossuficiência


financeira da ré, nos termos do art. 98, caput do Código de Processo Civil e Súmula 481 do STJ.

2
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

i) requer a impugnação da conceção do benefício da justiça gratuita pelas


autoras, bem como, o patrocínio da assistência judiciária pelas autoras,
nos termos do art. 337, inc. XIII do CPC.

ii) o indeferimento do pedido na inicial, diante da incorreção do valor da


causa (art. 293 do CPC), narração dos fatos sem conexão lógica e pedidos
incompatíveis entre si (art. 337,§1º do CPC), para que o autor venha
readequar o valor da causa sob pena de preclusão.

iii) o indeferimento do pedido liminar de tutela de urgência antecipada, nos


termos do art. 300, §3º do CPC.

iv) requer o indeferimento do pedido de dano moral pelas autoras diante da


ausência de ofença ou violação intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das autoras, conforme a CF/88 e desproporcionalidade do pedido,
sob pena de incorrer em litigância de má-fé (art. 79 e 81 do CPC) e
enriquecimento ilícito (art. 884, CC);

v) Seja julgado procedente o pedido de concessão da gratuidade de


justiça, tendo em vista a hipossuficiência financeira da ré, nos termos
do art. 98, caput do Código de Processo Civil e Súmula 481 do STJ.
vi) A condenação das autoras ao pagamento das custas processsuais e
honorários advocatícios, nos termos do art. 85, §2º do Código de
Processo Civil;

vii) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, sejam eles documentais, testemunhais ou periciais,
principalmente pelas provas acostadas.

viii) Caso, este Juízo entenda pela procedência total dos pedidos, em
homenagem ao Princípio da Eventualidade, requer apenas a
condenação da importância de R$ 7.089,00 (sete mil e oitenta e nove
reais) pagos inicialmente pelas autoras e nenhum outro fenômeno.
Nestestermos,

Pededeferime

nto.

RiodeJaneiro,10dejunhode2022.

ELADIOMIRANDALIMA
OAB/RJnº.86.235

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