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Decisão: Trata-se de agravo contra decisão de inadmissibilidade de

recurso extraordinário que impugna acórdão do Tribunal Regional


Federal da 5ª Região, assim ementado no que interessa:

“ADMINISTRATIVO. PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO


FÍSICA. LEI 9.696/98. INSCRIÇÃO NO CONSELHO
REGIONAL. RESTRIÇÕES À ATUAÇÃO PROFISSIONAL
IMPOSTAS POR RESOLUÇÕES ADMINISTRATIVAS.
DIREITO À ATUAÇÃO PLENA. INOCORRÊNCIA. RECURSO
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA.
1. A sentença apelada julgou procedentes os pedidos
formulados na inicial para, confirmando a tutela de urgência
deferida, declarar a ilegalidade do art. 3º da Resolução nº
182/2009 do CONFEF, bem como para determinar que CONFEF
e CREF/PE-AL 12ª realize a inscrição, em caráter definitivo, do
autor no Conselho com o registro de "ATUAÇÃO PLENA",
autorizando-o a exercer sua profissão de educador físico e
"personal trainner" em escolas, academias, clubes ou qualquer
outro estabelecimento congênere.
2. Sobre a matéria, esta Corte Regional vinha
considerando que, sendo a Lei 9.696/98 a única que
regulamenta a profissão do educador físico, e levando em conta
que esta não estabeleceu qualquer restrição ao profissional
licenciado, não haveria como restringir seu campo de atuação
através de resoluções administrativas emitidas pelo MEC,
CONFEF ou CREF. Precedente: REO566543/PB, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT,
Primeira Turma, JULGAMENTO: 30/01/2014, PUBLICAÇÃO:
DJE 06/02/2014 - Página 75).
3. Entretanto, o egrégio STJ, apreciando o REsp 1.361.900-
SP, sob a sistemática do art. 543-C do CPC, entendeu pela
impossibilidade do profissional graduado no curso de
Licenciatura em Educação Física atuar na área destinada ao
profissional que concluiu o curso de Bacharelado em Educação
Física, como pretende o ora agravado, tendo afirmado, ainda,
que as Resoluções do Conselho Nacional de Educação foram
emitidas com supedâneo no art. 6º da Lei n. 4.024/1961 (com a
redação conferida pela Lei n. 9.131/1995), em vigor por força do
art. 92 d a Lei n. 9.394/1996, sendo certo que tais Resoluções, em
momento algum, extrapolam o âmbito de simples regulação,
porque apenas tratam das modalidades de cursos previstos na
Lei n. 9.394/1996 (bacharelado e licenciatura) (REsp 1361900/SP,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 12/11/2014, DJe 18/11/2014).
4. Apelação e remessa oficial providas”. (eDOC 28, p. 11)

No recurso extraordinário, interposto com fundamento no artigo


102, inciso II, alínea a, da Constituição Federal, sustenta-se, em
preliminar, a repercussão geral da matéria deduzida no recurso. No
mérito, aponta-se violação aos artigos 5º, XIII, e 22, XVI, da Constituição
Federal.
Sustenta-se, em síntese, que o Conselho Regional de Educação Física
não possui competência para limitar seu campo de atuação profissional.
Argumenta-se que é competência privativa da União legislar sobre as
condições para o exercício profissional e que o recorrente atendeu todas
as qualificações exigidas para o exercício de sua atividade, elencadas no
art. 3º da Lei 9.696/98.
Decido.
O recurso não merece prosperar.
Isso porque o acórdão resolveu a controvérsia com base no conjunto
fático-probatório dos autos e na legislação infraconstitucional aplicável à
espécie (Leis 9.394/96 e 9.696/98) e consignou que o profissionais de
educação física na modalidade de licenciatura plena só podem atuar na
educação básica.
Assim, verifica-se que a discussão acerca do campo de atuação do
profissional de educação física restringe-se à legislação
infraconstitucional aplicável à espécie, cujo exame é vedado no âmbito do
recurso extraordinário. No caso, a ofensa à Constituição Federal, se
existente, dar-se-ia de forma indireta ou reflexa. Nesse sentido:

“Agravo regimental no agravo de instrumento.


Administrativo. Diploma expedido por universidade
estrangeira. Revalidação. Ofensa reflexa. Reexame de provas.
Impossibilidade. Precedentes. 1. O Tribunal de origem concluiu,
com base nos fatos e nas provas dos autos e com fundamento
na Lei nº 9.364/96 e nas Resoluções CNE/CES nºs 01/2002 e
04/2001, que a Universidade Federal de Santa Catarina deveria
dar continuidade ao processo de revalidação do diploma do
autor, observando as etapas previstas na legislação de regência.
2. Inadmissível, em recurso extraordinário, a análise de
legislação infraconstitucional e o reexame dos fatos e das
provas dos autos. Incidência das Súmulas nºs 636 e 279/STF. 3.
Agravo regimental não provido.” (AI 771.885-AgR, Rel. Min.
Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 26.4.2012).

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.


REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DE REGISTRO
PROFISSIONAL. FUNDAMENTO INFRACONSTITUCIONAL.
OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO AO
QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.” (RE 749.692, Rel. Min.
Cármen Lúcia, DJe de 31/05/2013)

Ante o exposto, conheço do presente agravo para negar seguimento


ao recurso extraordinário (art. 544, § 4º, II, “b”, do CPC).
Publique-se.
Brasília, 15 de outubro de 2015.
Ministro Gilmar Mendes
Relator
Documento assinado digitalmente

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