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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
ACÓRDÃO REGISTRADO(A) SOB N-

*01869854*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n° 774.166-5/5-00, da Comarca de

MARÍLIA, em que é apelante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO

sendo apelado CÉSAR ROBERTO RODRIGUES:

ACORDAM, em Primeira Câmara de Direito Público do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, V. U.", de

conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores REGINA CAPISTRANO (Presidente, sem voto),

CASTILHO BARBOSA e RENATO NALINI.

São Paulo, 05 de agosto de 2008.

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LUÍS CORTEZ
Relator
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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VOTO N° 474
APEL.N 0 774.166-5/5-00
COMARCA Marilia
APTE. Fazenda do Estado de São Paulo
APDO. César Roberto Rodrigues

MANDADO DE SEGURANÇA - Suspensão de Carteira


Nacional de Habilitação - Existência de procedimento
administrativo - Recurso não julgado - Suspensão
automática - Impossibilidade - Garantia constitucional -
Resolução n° 182/05 do CONTRAN - Recurso não
provido.

Trata-se de apelação contra a r. sentença de fls.


93/97 que concedeu a segurança impetrada para autorizar a renovação
da Carteira Nacional de Habilitação do impetrante, afastando a
suspensão automática imposta por infrações de trânsito pendentes de
recurso administrativo.

Recurso da Fazenda do Estado (fls. 99/106)


apontando a regularidade da atuação, nos termos do Código de Transito
Brasileiro, tendo em vista que o recurso administrativo não tem efeito
suspensivo; acrescentou inexistir o direito líquido e certo alegado. Pede o
acolhimento da apelação com a denegação da segurança.

Apelo tempestivo. Contra-razões a fls. 101/104; e


Ministério Público declarou não ter interesse no feito (fls. 85/88).

Apelação Cível n° 774.166-5/5-00 - voto 774


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É o relatório.

O impetrante ficou impossibilitado de renovar sua


carteira nacional de habilitação em razão de infrações administrativas, em
relação às quais consta pendência de recurso administrativo não julgado.
Nos termos do art. 1 o da Lei n° 1.533/51, autoridade
coatora é aquela executora da determinação considerada violadora de
direito líquido e certo "e não o superior que recomenda ou baixa norma
para sua execução" (REsp n° 62.174-7-SP. Rei. min. Demócrito
Reinaldo), de modo que correta a impetração.

O artigo 265 do Código de Transito Brasileiro (Lei


Federal n° 9.503/97) e o próprio artigo 1 o da referida Portaria DETRAN n°
381/04, apontam a necessidade de prévio procedimento administrativo
para aplicação da sanção legal (regra mantida nas portarias posteriores).
É o que dispõe, ainda, a Resolução n° 182/05 do Contran:

"Art. 24. No curso do processo administrativo de


que trata esta Resolução não incidirá nenhuma restrição no prontuário do
infrator, inclusive para fins de mudança de categoria da CNH, renovação
e transferência para outra unidade da Federação, até a notificação para a
entrega da CNH, de que trata o art. 19".

Disposições que dão efetividade às garantias


constitucionais de ampla defesa e contraditório, inclusive nos processos
administrativos (art. 5o, LV, da Constituição Federal).

Não houve indicação de eventual intempestividade


dos recursos administrativos interpostos, nem de sua conclusão; por
conseguinte, enquanto pendente solução na esfera adminlistrati
inviável a suspensão da habilitação, o que implicaria em cum Imen

Apelação Cível n° 774.166-5/5-00 - voto 774 2


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antecipado da punição, sem que analisada a defesa, ao que consta,


regularmente interposta.

Nesse sentido, decisão do Superior Tribunal de


Justiça:

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3. Entretanto, urge salientar que a aplicação da


penalidade de suspensão do direito de dirigir, bem como todas as demais
previstas no Código de Trânsito, reclama prévio processo administrativo, com
observação das garantias constitucionais do devido processo legal, contraditório
e da ampla defesa, estes consectários do primeiro (CF, art. 5o, LTV e LV).

4. O CTB expressamente dispõe no art. 265 que "As


penalidades de suspensão do direito de dirigir e de cassação do documento de
habilitação serão aplicadas por decisão fundamentada da autoridade de trânsito
competente, em processo administrativo, assegurado ao infrator amplo direito de
defesa."

5. A ocorrência de infração grave ou gravíssima somente


poderá constituir obstáculo à concessão da CNH definitiva ao detentor de
Permissão para Dirigir após o trânsito em julgado administrativo da decisão que
confirme a validade do ato infracional a ele imputado" (REsp n° 8 0 0 9 6 3 - R S ,
rei Min. José Delgado, j. 15.2.07).

rmsA matéria é exclusivamente de direito,


demonstrada a situação de plano, de modo que adequada à via
processual escolhida.

Após decisão dos recursos poderá, se forjyitéso,


ser aplicada a penalidade, dando efetividade à norma legal. ( \

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Ante o exposto, o voto é peto não provimento do


sucumbencia, nos termos das Súmulas 105 do STJ e 512

Luís Francisco
relator

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