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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE TRÂNSITO JUNTA

ADMINISTRATIVA DE RECURSOS DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO – DETRAN/ES.

Processo: 2023-8G5KF.

BENEDITO DOS SANTOS SILVA, brasileiro,


divorcado, aposentado, portador da Carteira de Identidade n.º 327.591-ES e do CPF
n.º 418.168.547-00 e CNH n.º 01611882990, com endereço na Avenida Princesa
Isabel n.º 574, Sala 506, Centro, Vitória, (ES) CEP 29010-360 e endereço eletrônico:
benedito@contaude.com.br telefone fixo: (27) 3222 2099, vem, respeitosamente à
presença de Vossas Excelências interpor, dentro do prazo legal. DEFESA PRÉVIA
CONTRA SUSPENSÃO DOS DIREITOS DE DIRIGIR POR EXCESSO DE PONTOS
com fundamento nos artigos 265 e seguintes do Código de Trânsito Brasileiro, pelas
razões de fato e direito a seguir expostas.

1. TEMPESTIVIDADE

Considerando que o recorrente recebeu o Termo de Instauração e Notificação de


suspensão do direito de dirigir n.º 2023-8G5KF, na data de 03 de janeiro de 2024,
interpõe-se o presente recurso administrativo dentro do prazo recursal que é de 45
dias contados a partir do recebimento da notificação, e portanto, deve ser
considerado tempestivo.

2. DOS FATOS.

No dia 03 de Janeiro de 2024, o recorrente recebeu a notificação de procedimento


para suspensão da CNH, instaurado pela departamento de infrações geral da JARIS
e imposição de penalidades do DETRAN-ES, por ter anatado em seu prontuário a
soma de 41(quarenta e um ponto), atingidos em consequências de 09 autos de
infração de transito. Conforme extrai-se do prontuário, na época das infrações o
recorrente possuía a propriedade do veículos Placa: OCW 8886; RENAVAM
00330231766 desses 09 (nove) autos 06(seis) são de multas média com 04 (quatro)
pontos; 02(dois)autos de multas grave de 05(cinco)pontos “multa grave” aplicada
em 24/10/2020 estar em duplicidade, ambas aplicadas no mesmo horário
03;12m da madrugada, e 01(uma) considerado “gravíssima”, por ser forçado
avançar o sinal vermelho para evitar abalroamento, aplicado na BR262 KM 04,03,
Cariacica; fiscalização eletrônica.
Gostaria de registrar antecipadamente, que essas infrações cometidas, foram
totalmente alheias à minha vontade, sendo que não foi porque eu quis que ela
acontecesse, pois não está em meus hábitos infringir a Legislação de Trânsito.

Diante disso, faz se necessário a fundamentação legal, e pairando dúvida sobre as


infrações, estas devem ser analisadas da forma mais favorável ao recorrente.
O Requerente foi surpreendido com a NOTIFICAÇÃO DA IMPROCEDÊNCIA DE
SUA DEFESA em face de notificação deixa claro que não lhe oportunizado a cópia
da malgrada decisão tendo tem em visto ser pessoa idosa e não ter acesso ao
sistema do Detran/ES. Com facilidade.

3. DO DIREITO:

O Desembargador Arnaldo Rizzardo, em sua obra Comentários ao Código de


Trânsito Brasileiro, diz assim:

"Não cabe a suspensão enquanto ocorre o processo. Unicamente após o


julgamento é que se aplica a suspensão, apreendendo-se a habilitação, na
linha da jurisprudência, pronunciada pelo Tribunal Regional da 4ª Região: "A
lei prevê, em caso de embriaguez, a apreensão da CNH, pela autoridade de
trânsito, como medida administrativa. Tal medida não substitui, porém, o
necessário procedimento administrativo, com vistas à imposição da
penalidade de suspensão do direito de dirigir. Nesse procedimento, é
necessário que se assegure, antes que tenha efeito a penalidade, o necessário
direito de defesa, não sendo legítima a manutenção da CNH apreendida até o
julgamento da consistência do auto de infração e enquanto perdurar o
procedimento administrativo, pois tal procedimento configura a imposição da
própria penalidade, sem o devido processo legal". (Grifo nosso).

O Juiz Carlos Alberto M. S. M. Violante em sua


obra Multas de Trânsito coaduna na mesma linha de pensamento, acima, conforme
se vê:··.

"Somente após decisão definitiva da autoridade


impondo a penalidade, da qual não caiba nenhum recurso administrativo, é
que pode ser executada a suspensão do direito de dirigir, cujo prazo inicia a
partir da apreensão da Carteira de Habilitação. Essa apreensão jamais poderá
ocorrer antes da decisão definitiva impondo a penalidade". (Grifo nosso).

Como já citado o CTB prevê que o Condutor


somente pode ser punido após tramite final do processo, podendo ser aplicada a
infração somente no caso do mesmo restar positivo, porém, é INCONTROVERSO,
razão pela qual, é evidente a ILEGALIDADE DA AUTUAÇÃO.

Além disso, o artigo 265 do CTB prevê que:

Art. 265. As penalidades de suspensão do


direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação serão aplicadas
por decisão fundamentada da autoridade de trânsito competente, em processo
administrativo, assegurado ao infrator amplo direito de defesa.

Diante disso, faz-se necessário a fundamentação


legal, e pairando dúvida sobre as infrações, estas devem ser analisadas da forma
mais favorável ao Condutor.

Na esteira, deste raciocínio que não destoa, em nenhum momento da margem legal,
cumpre apresentar a Jurisprudência dos mais renomados Tribunais do País:

INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. RECURSO ADMINISTRATIVO.


ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. ART. 285, § 3º, CTB.
Conforme entendimento firmado pelo Superior Tribunal de
Justiça, cabível à concessão de efeito suspensivo a recurso
administrativo interposto em face de penalidade de trânsito não
julgado no prazo de trinta dias, nos termos do art. 285, § 3º,
CTB. (TJ-RS - AC: 70053472064 RS, Relator: Armínio José
Abreu Lima da Rosa, Data de Julgamento: 30/10/2013, Vigésima
Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do
dia 04/11/2013)

E ainda,

REEXAME NECESSÁRIO. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. TRÂNSITO. PROCEDIMENTO DE
SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. PRESCRIÇÃO.
INOCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE
EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO ADMINISTRATIVO NÃO
JULGADO NO PRAZO DE 30 DIAS. ART. 285 DO CTB.
PRECEDENTES. SENTENÇA CONFIRMADA. DECISÃO
MONOCRÁTICA. (Apelação e Reexame Necessário Nº
70042920504, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Denise Oliveira Cezar, Julgado em
25/05/2011). (TJ-RS - REEX: 70042920504 RS, Relator:
Denise Oliveira Cezar, Data de Julgamento: 25/05/2011,
Vigésima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário
da Justiça do dia 31/05/2011)

O Ínclito Tribunal de Justiça de Santa Catarina


segue no mesmo traço:

ADMINISTRATIVO - CONSTITUCIONAL - MANDADO DE


SEGURANÇA - PRETENSÃO DE ALTERAÇÃO DE
CATEGORIA DE CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO
OBSTADA PELA EXISTÊNCIA DE REGISTROS DE
INFRAÇÕES DE TRÂNSITO - RECURSOS
ADMINISTRATIVOS PENDENTES DE JULGAMENTO -
DIREITO LÍQUIDO E CERTO CARACTERIZADO APÓS
ULTRAPASSADO PRAZO LEGAL DENTRO DO QUAL
DEVERIA DECIDIR A AUTORIDADE DE TRÂNSITO - ART.
285 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. A desídia da
autoridade de trânsito na análise de decisão sobre recursos
administrativos que discutem registros de pontos no prontuário
do condutor, decorrentes de infrações de trânsito a ele
atribuídas, caracterizada pelo desrespeito do prazo legal (30
dias), não pode obstar o direito do impetrante de alterar a
categoria de sua habilitação para dirigir, sob pena de ofensa a
direito líquido e certo passível de proteção mediante mandado
de segurança. "MUDANÇA DE CATEGORIA DA CARTEIRA
NACIONAL DE HABILITAÇÃO. NEGATIVA DA AUTORIDADE
DE TRÂNSITO, SOB O FUNDAMENTO DE MULTAS NO
PRONTUÁRIO. PENDÊNCIA DE RECURSOS
ADMINISTRATIVOS. WRIT DEFERIDO. SENTENÇA
CONFIRMADA. REEXAME DESPROVIDO" (TJSC - RNMS n.
2010.026475-3, de Caçador, Rel. Des. Subst. Paulo Henrique
Moritz Martins da Silva, j. 17/8/2010). (TJSC, Reexame
Necessário em Mandado de Segurança n. 2012.059266-5, de
Chapecó, rel. Des. Jaime Ramos, j. 08-11-2012).

Pois bem, o princípio constitucional da legalidade


reza que as condutas da Administração Pública devem estrita observância ao
contido na lei ou no ato normativo administrativo. Esse é, inclusive, o instrumento
pelo qual se permite ao Poder Público praticar atos que possam ferir interesses dos
administrados, pois, sempre que a lei respaldar haverá presunção absoluta do
interesse público, e, por outro lado, sempre que não houver lei permitindo
determinado ato deverá prevalecer o direito individual.
Neste sentido leciona Maria Sylvia Zanella Di
Pietro:

“Este princípio, juntamente com o de controle da


Administração pelo Poder Judiciário, nasceu com o Estado
de Direito e constitui uma das principais garantias de
respeito aos direitos individuais. Isto porque a lei, ao
mesmo tempo em que os define, estabelece também os
limites da atuação administrativa que tenha por objeto a
restrição ao exercício de tais direitos em benefício da
coletividade. É aqui que melhor se enquadra aquela ideia de
que, na relação administrativa, a vontade da Administração
Pública é a que decorre da lei. (Direito Administrativo. 21.
ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 62-63).”

Assim, a administração pública, ao impor sanção


ao Condutor atenta contra o princípio constitucional da legalidade administrativa,
disposta no artigo 37, caput, da Constituição Federal, fazendo por merecer a
reprimenda de nulidade.

Como decorrência do princípio da legalidade, deve


ser observado o princípio do devido processo legal, visto que, para se impor uma
sanção ao administrado será imprescindível que a Administração Pública não
apenas cumpra a lei, mas, principalmente, observe o devido processo por ela
estabelecido.

É aqui que melhor se enquadra aquela ideia de


que, na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que
decorre da lei. Ademais, o princípio da legalidade reza que a Administração
Pública só pode fazer o que a lei permite.

Mas mesmo assim, caso houvesse alguma dúvida,


a interpretação deveria ser também favorável ao Condutor. A multa, como forma
penal de punir o agente infrator deve ser interpretada e analisada favoravelmente a
este, quando há, alguma dúvida a sanar. Este princípio fundamental tem aplicação
em qualquer lei nacional, seja a lei penal stricto sensu, seja a lei tributária, seja a lei
administrativa, como se assemelha o CTB.

É cediço e notório que nas infrações de trânsito, é


essencial as fundamentações das decisões administrativas, notadamente as de
cunho punitivo, devem conter em sua motivação a exposição das razões que
levaram a adoção da medida.

Nessa esteira, a jurisprudência pátria, trazida à colação pelo


Condutor, firma-se no sentido de que a decisão administrativa como a ora debatida
não pode prosperar.
Diante de tais concretudes, há que entender, que faltou o
Princípio da Motivação dos Atos Administrativos, onde trata-se, evidentemente
de um ato administrativo VINCULADO, que segundo a melhor doutrina, de Hely
Lopes Meirelles:

“São aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e


condições de sua realização. Nessa categoria de atos, as
imposições legais absorvem, quase por completo, a
liberdade do administrador, uma vez que a sua ação fica
adstrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal
para a validade da atividade administrativa (LOPES
MEIRELLES, Hely, Direito Administrativo Brasileiro, p. 170).”

Sendo assim, absolutamente descabida é a aplicação de pena à


suposta infração.

É de notório conhecimento que a autoridade de trânsito, deveria,


na esfera de sua competência estabelecida no Código de Trânsito Brasileiro, e
dentro de sua circunscrição, julgar de forma fundamentada e motivada os recursos
ali interpostos, a fim de que se apliquem as penalidades estatuídas no CTB de forma
justa. Cabe dizer que, julgar é gênero da qual é espécie fundamentar.

Pela Teoria dos Motivos Determinantes, a validade do ato


administrativo está vinculada à existência e veracidade dos motivos apontados como
fundamentos para a decisão adotada, sujeitando o ente público aos seus termos.
O dever de fundamentação alcança todas as esferas de
expressão do poder público, não excluindo, daí a JARI, por hora, decisão
administrativa em recurso de infração de trânsito. Há necessidade de motivação dos
atos administrativos decisórios, em decorrência direta dos princípios da
administração, elencados no caput do artigo 37 da Constituição Federal, de modo
que seja possível aferir a obediência aos princípios que regem a administração
pública.
Não há como referendar tamanha afronta a direito garantido
constitucionalmente, posto que a falta do devido processo legal torna este processo
nulo de pleno direito e já trouxe demasiados problemas ao Condutor. Por isso,
deve-se declarar a nulidade da NOTIFICAÇÃO DE INSTAURAÇÃO DE
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR,
objeto da presente defesa.

DOS PEDIDOS.

Diante dos fatos e do direito supra expostos, a Recorrente requer:

DO PEDIDO:

DIANTE DO EXPOSTO, a fim de que se faça JUSTIÇA ao caso


em tela, REQUER:

a) Contestar a autuação de trânsito com os números [Número da Multa], datada de


24/10/2020 às 3:12, por ultrapassagem de radar acima da velocidade máxima
permitida. Por duplicidade de evento tendo recebido duas notificações idênticas,
referentes ao mesmo dia e horário, configurando uma inviolabilidade evidente, visto
que é impossível cometer a mesma infração duas vezes simultaneamente.
b) Se, por qualquer motivo, o presente RECURSO não for julgado dentro do prazo
previsto no art. 285, do CTB, requer a concessão do devido efeito suspensivo;

c) Apreciação do AIT pelo ilustríssimo Sr. Presidente ou membros da JARI, com o


fito de verificar possíveis irregularidades e inconsistências nos AIT, em
desconformidade com o que determina a Resolução nº 404/2012 do CONTRAN e
verificar se o AIT cumpre as determinações da portaria nº 057/2007 do CONTRAN e
da Resolução Nº 390/2011 do CONTRAN.

d) Seja o presente RECURSO julgado procedente, com fundamento no art. 281,


parágrafo único, I e II do CTB, sendo o auto de infração julgado insubsistente,
cancelado e arquivado pelos motivos supra expostos.

e) Sendo o auto de infração julgado insubsistente, cancelado e arquivado, seja a


NOTIFICAÇÃO DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE
SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR cancelada e/ou julgada improcedente,
dando total procedência ao mérito do presente recurso.

f) caso este não seja entendimento de Vossas Excelências que as multas com
pontuação 4 (quatro) sejam revestidas em advertências;

Por isso, venho até aos Ilmos. Senhores., depositar as


minhas esperanças, na reconsideração do assunto, ora comentado. No aguardo
ansioso de uma resposta favorável, agradeço desde já, a preciosa atenção e
compreensão.

Termos que pede,


E espera deferimento
Vitória, 15 de janeiro de 2024.

BENEDITO DOS SANTOS SILVA.


Endereço para envio via correio:

AV. FERNADO FERRARI, 1080, EDIFICIO AMÉRICA CENTRO EMPRESARIAL,


TORRE SUL – MATA DA PRAIA – VITÓRIA /ES CEP:29.066-920.

ENDEREÇADO: À JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSOS DE INFRAÇOES –


JARI.

OBS: JUNTAR CARTEIRA DE MOTORISTA.

PRAZO DIA 01.02.2024.

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