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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE

RECURSOS E INFRAÇÕES – JARI DA PREFEITURA MUNICIPAL DE


CURITIBA/PR.

AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO nº K 354226

JAQUELINE CINTHIA ELIZABETH MAYARA HACK DOS SANTOS DE


OLIVEIRA, brasileira, casada, do lar, portadora da Cédula de Identidade/RG nº
5001144, SSP/SC, inscrito no CPF/MF sob o nº 052.008.539-66, residente e
domiciliada na Serv. Domingos Dias, 16, Saco Grande, Florianópolis/SC, CEP
88032-275, vem à presença de Vossa Senhoria, em conformidade com os arts.
281 e 285, ambos do CTB, Resoluções 299/08 e Resolução nº 619/2016, do
CONTRAN, da Lei Federal 9.784/99, e CF/88, para propor a presente

DEFESA PRÉVIA

em desfavor ao AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO nº K 354226, promovido


pelo ORGÃO AUTUADOR 275350, conforme restará demonstrada pelos fatos
e fundamentos de direito a seguir aduzidas:

I - DA TEMPESTIVIDADE

A presente defesa é tempestiva vez que o RECEBIMENTO da


notificação ocorreu em 24/09/2019, assim, estendendo-se o prazo para a
apresentação da mesma para 04/11/2019, conforme poderá ser confirmado
através do Auto de Infração de Trânsito em anexo.
Deste modo, a presente RRECURSO é tempestivo.

II – DOS FATOS

A RECORRENTE foi surpreendida em sua residência ao receber o AIT


supracitado, sobe a alegação que seu veículo foi flagrado efetuando manobra
proibida pela sinalização local, na cidade de Curitiba/PR.
Não obstante, mesmo sem conferir as informações contidas no AIT ora
combatido, a RECORRENTE sabendo da impossibilidade do cometimento do
ato infracional, imediatamente procurou uma Delegacia de Polícia Civil, e
registrou o fato ocorrido, afim que fossem tomadas as devidas providências.

Desta forma, diante dos fatos apresentados e das provas trazidas aos
autos, imperioso é julgar insubsistente o registro do AIT ora combatido, para ao
final, cancelar a multa e a extinção da pontuação gerada.

III – DO DIREITO E FUNDAMENTO JURÍDICO

Imperioso destacar que, a notificação supracitada informa que o


condutor do veículo VW/UP, MOVE MA, Placa MLU 0783, teria executado
operação de conversão à esquerda em local proibido pela sinalização,
tipificado no código de enquadramento 604-12, art. 207 do CTB.

Entretanto, Nobre Julgador, percebe-se que o veículo fotografado,


contudo, não é o mesmo de minha propriedade, apesar da placa ter a mesma
identificação, conforme poderá ser verificado, senão vejamos:
FOTO: Autuação
FOTO: Veículo da RECORRENTE

Assim, observando as diferentes apontadas na foto acima, percebe-se


que 03 (três) pontos que divergentes entre os veículos, quais sejam:
1 – Rodas;
2 – Para-choque traseiro; e
3 – Antena externa “traseira”.

Desta feita, é possível concluir que se trata de um veículo com placa


clonada, crime previsto no artigo 311 do Código Penal, razão pela qual a
RECORRENTE registrou um BOLETIM DE OCORRÊNCIA informando o
mesmo à autoridade policial para que sejam tomadas as providências cabíveis.

E considerando que a RECORRENTE não é a responsável pela


infração, este auto efetivamente não se sustenta, sendo, portanto,
insubsistente.

Diante do exposto, requer o deferimento da presente defesa, na forma


do inciso I do parágrafo único do artigo 281 do Código de Trânsito Brasileiro,
determinando-se o arquivamento do auto de infração e julgando-se
insubsistente seu registro com o cancelamento da multa e a extinção da
pontuação gerada.
IV - SOBRE A O ARQUIVAMENTO E A BAIXA DO REGISTRO DA
PENALIDADE “REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO – AUTOTUTELA”
É importante de destacar que, no âmbito do Regime Jurídico
Administrativo, a noção de AUTOTUTELA é concebida, aprioristicamente,
como um princípio informador da atuação da Administração Pública,
paralelamente a outras proposições básicas, como a legalidade, a supremacia
do interesse público, a impessoalidade, entre outras.

Sendo assim, para sua formulação teórica, parte-se do pressuposto


inquestionável de que o PODER PÚBLICO está submetido à lei. Logo, sua
atuação se sujeita a um controle de legalidade, o qual, quando é exercido pela
própria Administração, sobre seus próprios atos é denominado de
AUTOTUTELA.

Essa AUTOTUTELA abrange a possibilidade de o PODER PÚBLICO


ANULAR OU REVOGAR SEUS ATOS ADMINISTRATIVOS, quando estes se
apresentarem, respectivamente, ilegais ou contrários à conveniência ou à
oportunidade administrativa. Em qualquer dessas hipóteses, porém, não é
necessário a INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO, podendo a
anulação/revogação perfazer-se por meio de outro ATO ADMINISTRATIVO
AUTO EXECUTÁVEL.

Essa noção está consagrada em antigos enunciados do Supremo


Tribunal Federal, que preveem:
A Administração Pública pode declarar a nulidade dos
seus próprios atos. (STF, Súmula nº 346, Sessão Plenária
de 13.12.1963). A Administração pode anular seus próprios
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial. (STF, Súmula nº 473, Sessão Plenária
de 03.12.1969).

Segundo Odete Medauar, em virtude do princípio da AUTOTUTELA


administrativa, destaca que:

A Administração deve zelar pela legalidade de seus atos e


condutas e pela adequação dos mesmos ao interesse
público. Se a Administração verificar que atos e medidas
contêm ilegalidades, poderá anulá-los por si própria; se
concluir no sentido da inoportunidade e inconveniência,
poderá revogá-los. (Medauar, 2008, p. 130).

Em suma, portanto, a AUTOTUTELA é tida como uma emanação do


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE e, como tal, impõe à Administração Pública o
dever, e não a mera prerrogativa, de zelar pela regularidade de sua atuação
(dever de vigilância), ainda que para tanto não tenha sido provocada.

Esse controle interno se dá em dois aspectos, a saber: a ANULAÇÃO


de atos ilegais e contrários ao ordenamento jurídico, e a REVOGAÇÃO de atos
em confronto com os interesses da Administração, cuja manutenção se afigura
inoportuna e inconveniente.

Desta maneira, diante de todo o exposto, não haverá possibilidade da


aplicação do AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO, não podendo prosperar o
feito aqui atacado.

V - DOS PEDIDOS

ILUSTRÍSSIMO JULGADOR, diante de todo o exposto, requer o


recebimento da presente DEFESA PRÉVIA para ao final, julgar totalmente
procedente os pedidos formulados pela RECORRENTE, quais sejam:

a) que seja recebida a presente RECURSO, pois preenche todos os requisitos


para sua admissibilidade, com cópia de documentos da RECORRENTE;

b) que seja julgada improcedente o AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO e


consequentemente o seu arquivamento, haja visto encontrar-se eivados de
vícios;

c) e de acordo com o Artigo 37 da Constituição Federal e Lei 9.784/00, a


administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devem seguir os PRINCÍPIOS
DA LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE,
MOTIVAÇÃO E EFICIÊNCIA. Desta forma, caso não seja acatado o pedido de
arquivamento do PROCESSO ADMINISTRATIVO nº 105606/2016, solicitamos
um parecer por escrito do responsável, com decisão motivada e fundamentada
sob pena de nulidade de todo este processo administrativo;

Requer ainda seja concedido o efeito suspensivo caso este recurso não
seja julgado no prazo de 30 (trinta) dias da data de seu protocolo, como prevê
o parágrafo terceiro do artigo 285 também do Código de Trânsito Brasileiro.

Pretende provar o alegado por todos os meios de prova permitidos,


especialmente documental, pelas fotografias anexas e testemunhal.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Florianópolis/SC, 28 de outubro de 2019.

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JAQUELINE CINTHIA ELIZABETH MAYARA
HACK DOS SANTOS DE OLIVEIRA
CPF Nº 052.008.539-66
Relação de documentos:

1 – Cópia documento do veículo;


2 – CNH;
3 – Auto de Infração de Trânsito (Correios);
4 – Auto de Infração de Trânsito (Prefeitura);
5 – Comprovante de residência (Pode ser o AIT - Frente)
6 – BO.

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