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SENHOR DIRETOR DO CETRAN-RS

CONSELHO ESTADUAL DE TRÂNSITO


ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LUIS ADAIR BONACINA, brasileiro, casado, motorista


profissional, inscrito no cadastro de pessoas físicas sob
nº.260.003.340-87, com CNH nº.02190943980, domiciliado a Rua
Alcebíades Azeredo dos Santos, nº. 1621, bairro Sitio São José,
Viamão, RS, CEP 94430-270, vem a presença de vossa senhoria
interpor RECURSO nos termos do artigo Art. 288 do CTB - Código de
Trânsito Brasileiro - Lei nº 9.503 de 23/09/97, conforme passara a expor:

I – FATO ORIGINÁRIO

Na data de 09 de abril de 2018, ao exercício da profissão,


trafegava na Avenida Ipiranga, sentido centro/bairro, realizando
viagem com passageiros, com o ônibus de Placas IPI3314, RENAVAM
nº. 00111545587, quando na altura do numeral 8185, foi autuado
por medidor de velocidade fixo, sendo medido na ocasião a
velocidade de 68 km/h vindo a ser fundamentada:

Artigo 218, CTB: Transitar em velocidade superior à máxima


permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento
hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais
vias: (Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006);
I - quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte
por cento)
II – FATOS

Senhores julgadores, o condutor foi autuado, em face do


medidor fixo de velocidade, haver registrado, velocidade superior a
tolerância, no caso concreto 68 Km/h, porém para tal pairam
divergências, sobre a real veracidade do equipamento eletrônico,
como veremos, não devendo prosperar tal autuação:

a) DO BLOQUEADOR

O ônibus em questão, conforme Certificado de Verificação


número 0003691383, emitido pelo INMETRO (documento 2), com
validade até 24 de junho de 2018, o qual fundamenta que o coletivo
em questão possuí e está em pleno funcionamento o bloqueador, ou
seja, sistema que corta a aceleração, sempre que o coletivo atinge a
velocidade de 60 km/h, portanto vem a ser impossível o ônibus
atingir a velocidade de 68 km/h, apontada, em local totalmente
plano, conforme podemos vislumbrar abaixo1

1
Foto do Site https://www.google.com.br/maps/@-30.0576135,-51.1552843,3a,75y,107.36h,85.55t/
data=!3m6!1e1!3m4!1sXpfPpKK_5Y2kv7KEZg3zfg!2e0!7i13312!8i6656!6m1!1e1
Resta claro, que na imagem, o local vem a ser plano,
descabendo totalmente imprimir tal velocidade, possuindo um
sistema que restringe a velocidade a 60 km/h, equipamento este
aferido pelo órgão de inspeção “INMETRO”, impugnando-se
completamente a veracidade do Medidor de velocidade fixo.

b) DO TACÓGRAFO

Senhores, o documento 3 (Disco de Tacógrafo), ratifica


totalmente, o item “A” deste capitulo, pois conforme vem a ser
possível vislumbrar, durante toda a jornada do veículo (6 h e 52 min
às 21 h e 40 min), em momento algum transpôs a velocidade de 60
km/h, em face do “bloqueador”, ao qual demonstrou-se a sua real
eficácia, não vindo a ser de forma alguma crível, o motorista haver
transposto o “Medidor de Velocidade Fixo”, em velocidade de 68
km/h. Resta claro o documento 3, o qual corrobora totalmente com a
solicitação de “Impugnação de veracidade do equipamento eletrônico
(Medidor de Velocidade Fixo).

c) DA INCONSISTÊNCIA DO EQUIPAMENTO

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de


outubro de 1988, institucionalizou o Estado Democrático de Direito (o
Estado de Direito), e não mais da vontade unilateral do déspota. E
com isso, firmou-se um verdadeiro estado de subsunção aos
princípios de Direito e da Legalidade, na qual se revela sua expressão
máxima:” Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa, senão em virtude da Lei”.

Diante do que está acima citado, é muito oportuno lembrar que


não é competente quem quer, mas sim, quem a Lei determina, e
específica e define, haja vista, que a Lei expressa à vontade soberana
do povo, que resolve investir de poderes, determinados Agentes.
Contudo, devemos estar atentos ao que se refere ao poder de
polícia a determinados Agentes (Radares ou sensores fotográficos) e
que esse poder de polícia não pode e não deve despenhar-se ou
desgarrar-se da Legalidade, portanto inexistir poder de polícia fora da
Lei, pena de arbítrio.

Igualmente, por falar em competência, esta, em matéria de


Trânsito, é exclusiva e privativa da União, portanto, indelegável a
este ou aquele Estado ou Município. E aí, neste sentido, tanto o Cinto
de Segurança quanto ao Sensor Fotográfico Eletrônico, padecem da
Legalidade legítima.
Inobstante os efeitos positivos que, aparentemente, possam
resultar de sua eficácia e presteza em flagrar o infrator e, mais ainda,
em fotografar este flagrante – como se este fora a atividade essencial
do Órgão de Trânsito – trata-se de um mero objeto eletroeletrônico –

produto do homem, portanto falível – simples coisa sem tirocínio,


sem raciocínio e, portanto, sem discricionariedade: ”Uma máquina
controla, fiscaliza,notifica, autua e sentencia o ser humano ao
adimplemento de uma obrigação pecuniária: a multa. E ao depois, a
perda de pontos na CNH do condutor.
Situação esta que torna o ser humano, o cidadão inocente
refém, escravo e subjugado à máquina que ele mesmo criou. A
criatura (máquina), supera, domina e escraviza o seu criador.
Entretanto, vale salientar ainda que, existe comprovadamente
falibilidade do citado objeto eletrônico, por vários motivos: ”Seja por
dano, vandalismo, temperatura, trepidações, raios, relâmpagos,
interferência eletromagnéticas e inúmeras outras falhas e então essa
“Autoridade de Trânsito”, desprovida que é da Legitimidade e da
Legalidade, uma vez que não há Lei outorgando-lhe tal autoridade e
competência, mesmo assim tem exercido seu poder de polícia pelos
quatros cantos da cidade, subjugando e infligindo ao cidadão sanção
carente da certeza de autoria e desprovida de sua materialidade,
fazendo recrudescer uma verdadeira avalanche de multas.

III – PEDIDOS

Diante do exposto vem requerer a Vossa Excelência, a


procedência da ação para:

A) Determinar o deferimento do presente recurso;


B) Decretar a total nulidade do Auto de Infração, fundamentado
no capítulo II, deste recurso;
C) Decretar a Total Procedência deste recurso.

Termos em que aguarda o deferimento.

Porto Alegre, 31 de julho de 2019

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Luis Adair Bonacina

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