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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 10.

a VARA CÍVEL DE VITÓRIA –


COMARCA DA CAPITAL – ES

- Processo n.o 024.960.099.604

ADMIR VAZZOLER e OUTROS, já qualificados nos autos da


AÇÃO ORDINÁRIA com pedido de tutela antecipatória que movem em face de
FUNDAÇÃO COSIPA DE SEGURIDADE SOCIAL – FEMCO (processo em epígrafe),
por sua procuradora que esta subscreve, independentemente de intimação, vêm
respeitosamente à presença de V. Exa. apresentar CONTRA-RAZÕES ao RECURSO
DE APELAÇÃO de fls. 3.016/3.117, opostos em face da r. Sentença de fls. 2.678/2.694,
nos termos que passam a expor:

Irresignada com a r. Sentença de fls. 2.678/2.694 – provimento que, com


peculiar precisão jurídica, analisou exaustivamente todos os aspectos fáticos e jurídicos
da questão submetida à Jurisdição -, a FEMCO interpôs embargos de declaração às fls.
2.798/2.820, os quais foram desprovidos pela r. decisão de fls. 2.929/2.934 e,
subsequentemente, o recurso de apelação de fls. fls. 3.016/3.117.

A extensão da retórica empreendida em mais de 100 (cem) páginas de


recurso revela que a apelação sub examen não encontra qualquer guarida legal, sendo
peça meramente protelatória, com vistas a emperrar o andamento do feito e impor um
desgaste desnecessário ao nosso já azafamado Poder Judiciário.

Cumpre, destarte, aduzir as vertentes contra-razões, o que fazem


mediante a refutação das alegações lançadas, adiante resumidas:

1.º Ponto (item 2.1 dos embargos, fls. 2.799) ________________________________

Afirma a embargante que o fato de ainda não haver sido julgado o


Recurso Especial n.º 950.293-ES, por ela interposto em face do v. acórdão proferido nos
autos do agravo de instrumento n.º 024.049.002.967 (acostado às fls. 2650/2665 destes
autos) impediria o julgamento de mérito da questão, eis que aludido julgamento seria uma
“questão prejudicial”.

Referido recurso especial foi manejado pela FEMCO no objetivo de


reformar o sobredito acórdão do E. TJES, que manteve decisão do MM. Juízo da Vara de
Falências, confirmando o esgotamento das razões que determinavam a competência da
Vara de Falências e remetendo os autos à Vara do Consumidor, para julgamento.

A despeito do que sustenta a embargante, é de curial sabença que o


julgamento definitivo de recurso especial interposto contra decisão interlocutória não é
prejudicial à prolação de sentença, e sim ao contrário: - Dito recurso especial somente

1
será processado se a parte reiterar o pedido de sua análise após a decisão final de mérito
(acórdão que houver mantido ou reformado a sentença).

Logo, a prolação de decisão definitiva de mérito – precedida, por óbvio,


da sentença - é que é pressuposto para o conhecimento daquele recurso especial.

É o que textualmente diz o art. 542, § 3º, do CPC:

“Art. 541.
§ 3.º O recurso extraordinário, ou recurso especial, quando interpostos contra
decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à
execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a
parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para
as contra-razões.”

A norma é cogente!

Em suma, tendo em vista o conteúdo interlocutório da decisão1


hostilizada pelo recurso especial n.º 950.293-ES ventilado pela embargante, impõe-se
que aquele apelo extremo fique RETIDO até o julgamento final da causa, sendo certo
que, em casos que tais, até mesmo o juízo de admissibilidade fica diferido para a ocasião
em que se vier a analisar o Recurso Especial eventualmente interposto contra a decisão
definitiva de mérito2.

Na truncada “lógica” do embargante, a questão jamais poderia ser


julgada, já que, sendo certo que o aludido Resp só será julgado após a prolação de
sentença (art. 542 do CPC), se, por absurda hipótese, o julgador não pudesse proferir
sentença, o Resp jamais seria analisado e, via de conseqüência, jamais seria proferida
sentença... é um círculo vicioso que determinaria um conveniente engessamento da causa!

2.º Ponto (item 2.2 dos embargos, fls. 2.802) ________________________________

3.º Ponto (item 2.3 dos embargos, fls. 2.803) ________________________________

Argüiu a embargante que a sentença embargada teria se omitido com


relação ao julgamento proferido nos autos do Mandado de Segurança n.º 100960015871,
que concedeu a ordem requerida pela COSIPA (terceira interessada), suspendendo a
antecipação de tutela no que tange ao fundo previdenciário pertencente àquela empresa.

1
ACÓRDÃO PROLATADO EM SEDE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO CONTRA
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA PROFERIDA PELO MM. JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FALÊNCIAS
E CONCORDATAS DE VITÓRIA NOS AUTOS DA AÇÃO ORDINÁRIA N.O 024.960.099.604.
2
Como visto, pela norma adjetiva civil, o recurso ficará retido nos autos, aguardando eventual reiteração
da FEMCO, a ser feita nas razões ou contra-razões de apelação que venha a ser interposta na causa
principal (ação ordinária n.º 024.960.099.604). Por certo, quis o legislador federal, com isso, evitar que o
mesmo feito seja submetido por diversas vezes ao crivo do STJ (princípio da economia processual).

2
No sentir da embargante, a r. sentença teria “desrespeitado comando
superior” do TJES ao condenar a FEMCO, e ainda quando determinou o bloqueio dos R$
4.600.530,64, correspondente às parcelas atrasadas3.

Nada obstante, a decisão do MS invocada pela FEMCO não possui o


efeito que esta busca lhe emprestar, sendo de todo inócua no que tange ao julgamento da
vertente demanda.

Inicialmente, cumpre registrar a seqüência dos fatos processuais


passíveis de influenciar na medida liminar de fls. 184/185, bem como o andamento -
paralelo ao presente feito -, do aludido Mandado de Segurança:

1 - Em 26.04.1996, este Douto juízo concedeu a antecipação dos efeitos


da tutela às fls. 184/185, determinando à FEMCO que cumprisse com sua obrigação de
pagar a complementação de aposentadoria aos Autores/aposentados.

2 – Em 04.06.1996, a FEMCO ingressou com agravo de instrumento n.º


024.969.000.983, (doc. de fls. 609/635), tendo por objeto a reforma da liminar de fls.
184/185.

3 – Em 02.08.1996, foi negado efeito suspensivo ao agravo n.º


024.969.000.983 da FEMCO, conforme Ofício de fls. 654, da E. Primeira Câmara Cível
do TJES.

4 - Em 16.10.1996, a COSIPA ingressou com Mandado de Segurança


n.º 100.960.015.871, tendo por objeto a suspensão da medida liminar de fls. 184/185
(docs. de fls. 707/726).

5 – Em 12.11.1996, por julgamento de mérito, a E. Primeira Câmara


Cível confirmou a liminar de fls. 184/185 nos autos do agravo n.º 024.969.000.983 (que
havia sido interposto pela FEMCO).

6 – Em 17.06.1997, a E. Quarta Câmara Cível do TJES julgou extinto o


MS da COSIPA, sem julgamento de mérito, por questão processual preliminar,
concernente à inadequação da via processual, tendo referido julgado sido comunicado
nestes autos, conforme Ofício de fls . 971.

7 - Foi interposto o Recurso Ordinário no referido MS perante o STJ,


que foi provido em 24.10.2000 – ficando a análise daquele recurso adstrito à questão
processual pertinente ao terceiro, que se entendeu não estar obrigado a interpor recurso de
agravo, podendo desde logo ingressar com mandado de segurança – tendo sido
determinado à Quarta Câmara do TJES que retomasse o julgamento do mandamus.

8 - Referido mandado de segurança veio a ser analisado pela Quarta


Câmara do TJES somente em 22.04.2002, quando foi concedida a ordem para suspender
os efeitos da medida liminar com relação àquela terceira impetrante (COSIPA),
ressaltando o Douto Relator, naquele dispositivo, que não tinha informação sobre a atual
3
Valendo frisar que a ordem de bloqueio não partiu da sentença, mas sim da decisão interlocutória de fls.
2.784, que foi proferida para dar cumprimento a medida liminar anterior.

3
tramitação do feito (na data daquele julgamento), uma vez que o Douto magistrado
singular não teria respondido aos Ofícios enviados.

Com efeito, ressalvou o Exmo. Des. Relator que, in verbis:

“Em suma, diante da patente possibilidade de irreversão fática da


decisão impugnada, é de se proteger o direito da impetrante, até que a
demanda originária acabe, ressaltando não ter o magistrado singular
informado sobre a atual tramitação, pugnando somente a impetrante
em petição às fls. 477/480 para apreciação do writ, eis que até a
presente data demonstra ter interesse”.

Decerto os aludidos ofícios não foram respondidos em razão dos


inúmeros expedientes que eram sucessivamente acostados aos autos pela FEMCO, e
também porque, a esta altura dos acontecimentos, o processo fora remetido para a Vara de
Falências em razão da decisão de fls. 2.180/2.181 (de 05.05.2000), que veio a ser
cumprida em 20.09.2001, conforme despacho de fls. 2.330.

Certamente em razão deste desencontro, a E. Quarta Câmara veio a


analisar o mérito do MS em tela desnecessariamente - ou seja, sem que houvesse interesse
processual ou competência para fazê-lo -, já que, em abril de 2002 (data do julgamento do
MS), a liminar de fls. 184/185 já havia sido confirmada pelo v. acórdão de fls. 1536/1542,
proferido em 12.11.1996, pela E. Primeira Câmara Cível, nos autos do agravo n.º
024.969.000.983 (interposto pela FEMCO).

Tendo a liminar de fls. 184/185 sido confirmada pelo TJ em 12.11.1996,


o Mandado de Segurança n.º 100.960.015.871 perdeu o seu objeto, sendo certo que a
competência para a análise de decisão confirmada por Câmara do TJ – isto na hipótese de
ter sido interposto novo MS - seria exclusiva do Tribunal Pleno do TJES, a teor do
artigo 50 do Regimento Interno.

Como se não bastasse, após a decisão liminar de fls. 184/185, outras


várias decisões se sucederam nos autos - e não foram sequer ventiladas ou abrangidas
pelo MS em tela -, tendo destaque a r. decisão interlocutória de fls. 2.335, de 21.02.2002,
proferida pelo MM. Juiz da Vara de Falências, que determinou a retomada do pagamento
das contribuições para os autores, sob pena de multa mensal de R$1.000,00 por autor.

Referida decisão de fls. 2.335 foi objeto do agravo de instrumento n.º


024.029.002.383 (doc. de fls. 2346/2394), que teve o efeito suspensivo negado pela
decisão de fls. 2.428, de 14.03.2002, proferida pelo Exmo. Des. Arnaldo Santos Souza, e
foi posteriormente mantida pela E. Primeira Câmara Cível que, via de conseqüência,
confirmou (mais uma vez) a ordem de pagamento (desta feita sob pena de multa mensal),
ex vi do ofício de fls. 2.514, datado de 26.06.2003.

Note-se que a decisão proferida no MS n.º 100.960.015.871, além de


desprovida de eficácia (porque, há época de seu julgamento, a liminar de primeiro grau já

4
havia sido confirmada pela E. Primeira Câmara Cível), também não abrangeu os efeitos
das decisões posteriores, a exemplo da decisão interlocutória de fls. 2.335, que renovou os
efeitos da decisão de fls. 184/185 e impôs, ainda, multa cominatória, sendo novamente
mantida pela Primeira Câmara do TJES, em decisão proferida na sessão de julgamento do
dia 21.06.2003, posterior ao julgamento do referido MS.

Registre-se, por oportuno, que somente agora, por oportunidade dos


vertentes embargos declaratórios, a FEMCO se ocupou de noticiar o julgado nos autos,
sendo certo que não há qualquer ofício ou informação anterior a respeito, para que tais
fatos pudessem ou devessem ter sido objeto de análise por parte do r. comando sentencial
de fls. 2.678/2.694, ou mesmo pela r. decisão de fls. 2.784.

Logo, não há que se falar em omissão ou contrariedade da sentença,


uma vez que, como demonstrado, a decisão proferida no MS n.º 100.960.015.871, não foi
noticiada nos autos.

De igual modo, a decisão proferida no MS em tela, atinente a


provimento de caráter interlocutório, não vincula o julgamento de mérito contido na
sentença sub examen, além de não apresentar qualquer efeito prático ou jurídico
relativamente à decisão interlocutória de fls. 2.784 – essa que, aliás, não foi objeto de
agravo, a despeito da ciência do Douto Patrono da FEMCO às fls. 2.791.

4.º Ponto (item 3 dos embargos, fls. 2.807) _________________________________

Insiste a embargante que haveria litispendência entre a vertente


demanda e outras que foram intentadas perante a Justiça do Trabalho.

Sustenta que “é lição básica de direito processual que para a


verificação da litispendência o que importa é o pedido e não sua fundamentação
jurídica”.

No entanto, ao que parece, a embargante só lembrou da “lição básica”


pela metade.

A verificação da litispendência prescinde da identidade de partes e de


objeto da demanda, sendo certo que o objeto compreende a “causa de pedir” e o “pedido”.

A simplicidade da matéria dispensa maiores considerações.

Demais Pontos (item 4 e ss. dos embargos, fls. 2.808 e ss.) __________________

5
- QUANTO AO PEDIDO DE LEVANTAMENTO DOS VALORES
CORRESPONDENTES ÀS COMPLEMENTAÇÕES DE APOSENTADORIA QUE
NÃO FORAM PAGAS PELA FEMCO

Por fim, requereu a embargante que não seja permitido o levantamento


dos valores bloqueados por parte dos autores/embargados.

Contudo, o pedido de bloqueio e levantamento de numerários


pertencentes à FEMCO se deu em virtude do descumprimento da liminar que, como visto
anteriormente, permanece em vigor até os dias atuais, apesar de estar sendo ignorada pela
FEMCO, que efetuou o último pagamento em janeiro de 1998, conforme comprovam as
petições de fls. 1048/1049 (da própria FEMCO), bem como a petição de fls. 2256/2257,
que já noticiava o descumprimento da ordem a partir daquela data, sem que jamais tenha
havido qualquer contestação deste fato.

Logo, não há fundamento jurídico para o referido pedido, que possui


cunho meramente procastinatório.

Por todo exposto, requer-se que os pedidos contidos no recurso de


Apelação sub examen sejam julgados totalmente improcedentes, mantendo-se na íntegra a
r. sentença afrontada, pelos seus doutos e jurídicos fundamentos.

Nestes Termos,
Pedem Deferimento.

Vitória, 19 de novembro de 2008.

DANIELA RIBEIRO PIMENTA VALBÃO


OAB/ES 7.322

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