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DIREITO PENAL

Leis n. 8.666/1993 e n. 14.133/2021 – Crimes


e Sanções Penais na Licitação

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PENAL
Leis n. 8.666/1993 e n. 14.133/2021 – Crimes e Sanções Penais na Licitação
Péricles Mendonça

Sumário
Leis n. 8.666/1993 e n. 14.133/2021 – Crimes e Sanções Penais na Licitação. .............................3
Introdução.............................................................................................................................................................................3
Conceitos Iniciais..............................................................................................................................................................4
Agente Público. . .................................................................................................................................................................4
Dos Crimes............................................................................................................................................................................4
Contratação Direta Ilegal.. ...........................................................................................................................................4
Frustração do Caráter Competitivo de Licitação............................................................................................5
Modificação ou Pagamento Irregular em Contrato......................................................................................7
Perturbação de Processo Licitatório. . ..................................................................................................................8
Violação de Sigilo em Licitação. . ..............................................................................................................................9
Afastamento de Licitante.. ........................................................................................................................................ 10
Conduta Equiparada.. ................................................................................................................................................... 10
Fraude em Licitação ou Contrato. . ..........................................................................................................................11
Contratação Inidônea...................................................................................................................................................12
Impedimento Indevido.. ................................................................................................................................................13
Omissão Grave de Dado ou Informação por Projetista.............................................................................14
Multa......................................................................................................................................................................................14
Ação Penal..........................................................................................................................................................................15
Resumo.................................................................................................................................................................................16
Exercícios.............................................................................................................................................................................19
Gabarito...............................................................................................................................................................................20
Gabarito Comentado.....................................................................................................................................................21
Referência...........................................................................................................................................................................23

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LEIS N. 8.666/1993 E N. 14.133/2021 – CRIMES E


SANÇÕES PENAIS NA LICITAÇÃO
Vamos lá, meu(minha) querido(a), para mais uma de nossas aulas rumo à sua aprovação.
A antiga lei de licitações tratava dos crimes nela própria, já a nova lei incluiu no Código Pe-
nal, no título de Crimes contra a Administração, os crimes do artigo 337-E até o 337-P.
Não temos nenhuma questão ainda cobrando a nova legislação, mas, ao final, resolve-
remos alguns itens elaborados por mim e outros da lei antiga que ainda forem passíveis de
aproveitamento.
Vamos tratar também de alguns assuntos fora do Código Penal para aproveitarmos melhor
o nosso conteúdo.

Introdução
Conforme prevê a Constituição Federal em seu artigo 37, XXI, ressalvados os casos pre-
vistos em lei, as obras, compras e alienações serão contratadas mediante processo de licita-
ção pública.

Art. 37, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alie-
nações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condi-
ções a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas
as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Em nossa aula, não trataremos dos casos específicos sobre licitações e contratos, deixa-
rei o professor de Direito Administrativo entrar nessa seara.
Fique ligado(a), porque o artigo 185 da Lei 14.133/2021 – Nova Lei de Licitações e Contra-
tos Administrativos afirma que os crimes em licitações e contratos administrativos também
incidem nas licitações e contratos regidos pela Lei 13.303/2016, a qual dispõe sobre o estatuto
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbi-
to da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Outro ponto digno de nota é que a maioria dos crimes previstos agora no Código Penal não
são novidade, ou seja, já estavam previstos na lei 8.666/93, mas vieram com pequenas altera-
ções, como nas penas, por exemplo.
Como um todo, a legislação de licitações e contratos visa, além de outros princípios, a
moralidade administrativa, então podemos dizer que os crimes previstos nessa lei, tem como
bem jurídico tutelado a moralidade administrativa.
Alguns doutrinadores afirmam, ainda, que os crimes praticados nesta lei ofendem também
a competitividade e isonomia entre os concorrentes.

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Conceitos Iniciais
A maioria da doutrina classificava os crimes previstos na lei 8.666/93 como sendo “de pe-
rigo”, entendimento que deve se manter mesmo com a publicação da nova legislação.
Esse não é um entendimento pacífico, tendo, por exemplo, o professor Cléber Masson de-
fendendo que esses crimes, na verdade, são crimes “de dano”.

Não se pode conceber os crimes em licitações e contratos administrativos como crimes de perigo,
ou seja, delitos que se consumam com a probabilidade de lesão ao bem jurídico. Em verdade, há
dano ao bem jurídico tutelado: a Administração Pública. (MASSON, 2021).

Agente Público
A lei 14.133/21 traz em seu artigo 6º uma definição para agente público, que seria:

Art. 6º, V - agente público: indivíduo que, em virtude de eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, exerce mandato, cargo, emprego ou função em
pessoa jurídica integrante da Administração Pública;

Ocorre que os crimes previstos nas licitações e contratos estão agora incorporados ao
Código Penal, no capítulo que trata dos crimes contra a Administração Pública, então aplicare-
mos para esses delitos o conceito de funcionário público previsto no artigo 327 do CP.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade pa-
raestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público.

Dos Crimes
Iniciaremos agora o estudo dos crimes em espécie previstos no Código Penal entre os
artigos 337-E a 337-O.

Contratação Direta Ilegal


Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das hipóteses previstas em lei:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

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Como vimos anteriormente, não entraremos nos conceitos típicos do Direito Administra-
tivo, mas saiba que é importante que você saiba para sua prova e para o entendimento de
alguns crimes.
O crime ocorrerá quando a contratação direta se der fora das hipóteses taxativamente
previstas na legislação, de inexigibilidade (art. 74 da lei 14.133/21) e dispensa (art. 75 da lei
14.133/21) de licitação.
Podemos dizer que o artigo 337-E do CP é uma norma penal em branco, já que o seu pre-
ceito primário depende de uma complementação trazida por outro diploma legal (que no caso
é a lei 14.133/21).
Trata-se de crime de forma vinculada, pois o contrato administrativo depende das forma-
lidades elencadas pelos § 1º e 2º do art. 89 da Lei 14.133/2021. O crime ocorrerá tanto por
iniciativa do agente público como por iniciativa do particular.
É crime próprio, pois somente pode ser cometido pelo agente público dotado da prerroga-
tiva de deliberar acerca da exigência ou da dispensa ou inexigibilidade de licitação e, posterior-
mente, celebrar o contrato administrativo.
Temos a dupla subjetividade passiva, já que de forma imediata temos o Estado e de forma
mediata temos a pessoa física ou jurídica que foi prejudicada pela contratação direta.
É classificado ainda como sendo de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de
conteúdo variado. Temos aqui um crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, uma vez
que a celebração do contrato vai depender da ação conjunta do agente público e também da
pessoa física ou jurídica contratada, que estará ciente da ilegalidade.
Temos como elemento subjetivo o dolo, não admitindo a sua punição na modalidade cul-
posa. É compatível com o instituto da tentativa, já que se trata de um crime plurissubsistente.
A consumação ocorrerá com a contratação direta fora das hipóteses previstas em lei, ou
seja, temos um crime material.

Frustração do Caráter Competitivo de Licitação


Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente
da adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo licitatório:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Já este delito é um crime comum, ou seja, poderá ser cometido por qualquer pessoa, não
exigindo uma qualidade especial do agente.
Temos a dupla subjetividade passiva, já que de forma imediata temos o Estado e de forma
mediata temos a pessoa física ou jurídica que foi prejudicada pela contratação direta.
Perceba que o tipo penal exige um dolo específico, ou seja, é necessária a comprovação
de que o agente tinha o intuito de obter vantagem para si ou para outrem, caso contrário, a
conduta será atípica.

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O bem jurídico protegido é a Administração Pública, relativamente à igualdade entre todos


os licitantes, à impessoalidade e à moralidade administrativa.
Trata-se de um crime formal, se consumando com a manobra destinada a frustrar ou frau-
dar o caráter competitivo da licitação, mesmo que o agente não obtenha a vantagem esperada.
Patrocínio de Contratação Indevida

Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública,
dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser de-
cretada pelo Poder Judiciário:
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

Professor, esse crime não precisa explicar porque já estudei advocacia administrativa no
Código Penal.

Não, meu(minha) querido(a), não podemos confundir esse delito com aquele previsto no
artigo 321 do Código Penal.

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena – detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Temos aqui uma forma especial do crime de advocacia administrativa, e resolveremos


esse conflito aparente entre as normas por meio do princípio da especialidade.
Exige-se que tal patrocínio conduza à instauração de licitação, em qualquer das modalida-
des arroladas no art. 28 da Lei 14.133/2021, ou à celebração de contrato administrativo, sendo
indispensável que a instauração da licitação ou a celebração do contrato tenha sua invalida-
ção decretada pelo Poder Judiciário.
O sujeito ativo é o funcionário público que se aproveita das facilidades proporcionadas
pela sua posição para defender interesse particular perante a Administração Pública, ou seja,
é classificado como crime próprio.
Quanto ao sujeito passivo, o entendimento é o mesmo dos crimes já estudados, o Estado
de forma imediata e a pessoa física ou jurídica prejudicada de forma mediata.
O elemento subjetivo é o dolo não se admitindo a modalidade culposa.
A consumação ocorre quando, em razão da intervenção do funcionário público represen-
tando interesse privado perante a Administração Pública, vem a ser instaurada licitação ou
celebrado contrato (crime material).

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Mas, professor, vimos que é necessário a invalidação por parte do judiciário do processo licita-
tório para que o crime ocorra.

Isso é verdade, meu(minha) querido(a), e por isso a doutrina classifica esse fato como
condição objetiva de punibilidade, ou seja, mesmo que o crime já tenha sido consumado, a
punição do agente dependerá da decretação da invalidação de forma definitiva da licitação ou
do contrato pelo Poder Judiciário.
Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional
do processo, se presentes os demais requisitos elencados pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.

Modificação ou Pagamento Irregular em Contrato


Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorro-
gação contratual, em favor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a Ad-
ministração Pública, sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos instrumentos
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Para estudarmos esse tipo penal, vamos separá-lo em dois, sendo a primeira parte: “Admitir, possi-
bilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em
favor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a Administração Públi-
ca, sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais”
e a segunda parte: “pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade”.
Na primeira parte, temos o crime de modificação irregular em contrato administrativo
, que é um crime de ação múltipla. Temos aqui um nítido desvio de finalidade, tornando o
contrato mais oneroso para a administração por meio de algum benefício à empresa ou ao
profissional contratado. Então temos um contrato celebrado de forma regular, que durante a
sua execução, ou seja, durante sua vigência, é modificado ou prorrogado em benefício do con-
tratado de forma ilegal.
Uma das prerrogativas da Administração Pública, como corolário do regime jurídico dife-
renciado do contrato administrativo, é modificá-lo unilateralmente, para melhor adequação às
finalidades de interesse público (art. 104, I, da Lei 14.133/2021). No crime em análise, pune-se
a modificação em favor do contratado, desprezando-se o interesse da coletividade.
Imagine a seguinte situação, em um país muito distante (esse tipo de situação não aconte-
ce no Brasil): um agente público celebra um contrato com uma empresa e ambos sabem que
a execução é inviável, mas mesmo assim o fazem, contando com futuras modificações e pror-
rogações no contrato. Esse tipo de coisa viola a isonomia e o caráter competitivo da licitação.
Essa primeira parte do tipo penal visa coibir exatamente esse tipo de conduta.

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A segunda parte define o crime de pagamento irregular em contrato administrativo ou,


ainda, pagamento antecipado de fatura.
Conforme dispõe a lei 14.133/21, em seu artigo 141, temos uma ordem cronológica dos
pagamentos a serem efetuados pela Administração, somente podendo ser alterada mediante
prévia justificativa da autoridade competente e posterior comunicação ao órgão de controle
interno da Administração e ao tribunal de contas competente, e será exclusivamente nas situ-
ações previstas na lei.
Tanto a primeira parte como a segunda são classificadas como crime próprio, onde o su-
jeito ativo é o servidor com competência para decidir ou influenciar sobre a modificação do
contrato, ou então pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade.
O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo, não sendo admitida a modalidade culposa.
A sua consumação se dá na primeira conduta típica, com a assinatura do aditamento ou da
prorrogação contratual e, na segunda conduta típica, o crime se aperfeiçoa com o pagamento
antecipado da fatura, isto é, com preterição da ordem cronológica da sua exigibilidade, trata-se
de crime formal nas duas modalidades.
Não é necessário o efetivo prejuízo econômico da Administração Pública.

Perturbação de Processo Licitatório


Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de processo licitatório:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

Temos um delito semelhante com previsão no Código Penal em seu artigo 335:

Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida
pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da van-
tagem oferecida.

Porém, a doutrina majoritária entende que houve, inclusive, uma revogação tácita deste
artigo (335, CP), antes pelo artigo 93 da Lei de Licitações e agora não será diferente, o artigo
335 continua revogado pelo artigo 337-I do CP.
Conforme dispõe o professor Cléber Masson, o tipo penal não incrimina a conduta daquele
que, de modo legítimo, busca assegurar, pela via administrativa ou jurisdicional, o regular cum-
primento da lei. O crime definido no art. 337-I do Código Penal reclama a perturbação inútil do
processo licitatório, ou seja, destituída de qualquer amparo legal e nitidamente direcionada.

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É um crime de ação múltipla, ou de conteúdo variado, ou seja, o agente responde pelo crime
quando impedir, perturbar ou fraudar atos em etapas diversas do mesmo processo licitatório.
Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa, e o sujeito
passivo, assim como nos outros crimes estudados será o Estado e de forma mediata a pessoa
física ou jurídica prejudicada.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não sendo admitida a forma culposa.
O crime se consuma com a prática da conduta prevista em lei, prescindindo da superveni-
ência do resultado naturalístico. É classificado como sendo formal.
É classificado como crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão con-
dicional do processo, se presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.

Violação de Sigilo em Licitação


Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo licitatório ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena – detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.

Esse crime é bem semelhante ao que tínhamos no artigo 94 da Lei 8.666/93, alterando
basicamente a palavra “procedimento” por “processo”, conforme a nova nomenclatura trazida
pela Lei 14.133/21.
Como bem sabemos, o sigilo da proposta é muito importante para a garantia de um proces-
so licitatório íntegro, respeitando a competitividade.
O tipo penal, assim como o anterior, revogou de forma tácita um outro artigo do Código
Penal, nesse caso o previsto no artigo 326 do CP.

Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa

Podemos dividir esse artigo em duas partes, sendo a primeira, “Devassar o sigilo” e a se-
gunda “proporcionar a terceiro”. Essa segunda parte é um crime de concurso necessário, já que
é necessário a atuação do agente público e da pessoa beneficiada.
É crime comum, na primeira parte já que qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo do crime,
e crime próprio na segunda parte, pois somente poderá ser praticado por funcionário público
encarregado de assegurar o sigilo das propostas.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não sendo admitida a forma culposa.
Trata-se de crime material, consumando-se com a produção do resultado naturalístico,
consistente na violação do sigilo da proposta com a obtenção das informações reservadas
nela contidas.

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No caso de licitação na modalidade concorrência, de interesse da administração militar, a con-


duta de devassar o sigilo da proposta ou de proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo
configura o crime definido no art. 327 do Decreto-lei 1.001/1969 – Código Penal Militar: (MAS-
SON, 2021).

Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de concorrência de interesse da administração militar ou


proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – detenção, de três meses a um ano.

Afastamento de Licitante
Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofere-
cimento de vantagem de qualquer tipo:
Pena – reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar em razão de vanta-
gem oferecida.

O artigo 95 da Lei 8.666/93 já havia revogado o artigo 335 do Código Penal, e o mesmo se
mantém com o artigo 337-K.

Art. 335 – Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida
pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único – Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da
vantagem oferecida.

Temos aqui um crime de atentado ou de mero empreendimento, já que o legislador puniu


a conduta de afastar ou tentar afastar.
O legislador garantiu que o agente fosse punido, além da pena prevista para o crime, com
as penas previstas para a violência utilizada.
Quando o legislador fala em violência, temos que entender como sendo a física, vis corpo-
ralis, ou vis absoluta, uma violência contra a pessoa e não contra a coisa.

Conduta Equiparada
A figura do parágrafo único trata-se de uma modalidade de corrupção passiva, tendo inclu-
sive o professor Cléber Masson chamando esse tipo de corrupção passiva privada.

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Qualquer pessoa poderá responder por este crime, e por isso se trata de um crime comum.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não sendo admitida a forma culposa.
Não existe previsão de tentativa nem para o crime previsto no caput nem para a forma
equiparada, já que no primeiro caso temos um crime de atentado, que é incompatível com a
tentativa, e na forma equiparada temos um crime unissubsistente, também incompatível com
o fracionamento do iter criminis.
O delito se consumará com conduta de afastar ou tentar afastar licitante em razão de vio-
lência, grave ameaça, fraude ou oferta de vantagem de qualquer natureza, ou seja, estamos
diante de um crime formal. Já na conduta equiparada, o crime é material já que para a consu-
mação é necessária a efetiva abstenção ou desistência do licitante em razão de vantagem ofe-
recida, retirando da Administração Pública a chance de conhecer e eventualmente selecionar a
proposta que seria por ele apresentada.

Fraude em Licitação ou Contrato


Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato dela decorrente,
mediante:
I – entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em quantidade diversas das
previstas no edital ou nos instrumentos contratuais;
II – fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada, deteriorada, inservível
para consumo ou com prazo de validade vencido;
III – entrega de uma mercadoria por outra;
IV – alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria ou do serviço fornecido;
V – qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa para a Administração Pública a
proposta ou a execução do contrato:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Você pode encontrar em sua prova esse delito sendo chamado de “estelionato licitatório”,
já que se trata de uma modalidade especial de estelionato.
Em sua obra, Cléber Masson faz uma crítica a este tipo penal, afirmando que o legislador
deixou de fora a contratação direta, vejamos:

O legislador foi infeliz ao utilizar a expressão “ou contrato dela decorrente”. Com efeito, a fórmula
legislativa condicionou o delito, na hipótese de fraude no contrato administrativo, à prévia existência
de processo licitatório. Não se caracteriza o crime tipificado no art. 337-L do Código Penal, portanto,
na fraude, com prejuízo à Administração Pública, que recaia em ajuste originado de contratação
direta, ou seja, com dispensa ou inexigibilidade de licitação. O tipo penal deveria ter utilizado a
expressão ‘fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato, mediante (…)’, sem
empregar as palavras ‘dela decorrente’.

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É um crime de forma vinculada, já que o legislador trouxe algumas condutas para a sua
caracterização, vejamos:
O inciso I exige a efetiva entrega da mercadoria ou prestação de serviço, sendo que a frau-
de vai recair sobre a qualidade ou quantidade do objeto previsto no contrato.
O inciso II não fala sobre a quantidade da mercadoria, nesse caso ela está ok, o que temos
é uma mercadoria vencida, por exemplo, a entrega de uma mercadoria falsificada como sendo
verdadeira.
O inciso III traz a situação de entrega de uma mercadoria por outra, ou seja, a fraude incide
no objeto entregue.
No inciso IV, o agente fraudulentamente modifica a mercadoria ou serviço fornecido po-
dendo envolver a própria substância, a qualidade ou a quantidade do produto.
Por fim, o inciso V deve ser interpretado em sintonia com os anteriores, ou seja, é impres-
cindível a fraude ou qualquer outro meio fraudulento que seja capaz de onerar a Administra-
ção Pública.
Temos mais um crime próprio, onde somente pode ser cometido pelo funcionário público
ou pelo particular (licitante ou contratado) que venha a fraudar, em prejuízo da Administração
Pública, licitação ou contrato dela decorrente.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, com uma finalidade específica de causar prejuízo à
Administração Pública.
Trata-se de crime material que somente se consuma com o prejuízo à Administração.

Contratação Inidônea
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo:
Pena – reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo:
Pena – reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, declarado inidôneo, venha a participar
de licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a contra-
tar com a Administração Pública

Na lei 14.133/21, em seu artigo 155, temos elencadas infrações administrativas que serão apuradas
em sede de regular processo administrativo.
O artigo seguinte, 156, traz as sanções que poderão ser aplicadas e, dentre elas, temos a
declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.
A declaração de inidoneidade impõe ao seu destinatário a proibição de participar de pro-
cesso licitatório ou de contratar com a Administração Pública, pois cria para ele a presunção
absoluta (iuris et de iure) de que não goza dos requisitos mínimos de idoneidade.
Os tipos penais estudados aqui punem aquele que admite na licitação pessoa inidônea ou
que celebra contrato com pessoa (física ou jurídica) inidônea.

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Péricles Mendonça

O delito previsto no § 2º é mais uma exceção dualista à teoria monista no concurso de


pessoas. Enquanto o particular responde pelo § 2º, o funcionário público vai responder pelas
condutas do caput ou do § 1º. Existe também a possibilidade do particular responder sozinho
pelo § 2º, numa situação de falsificação da declaração de idoneidade, por exemplo.
Classifica-se como sendo próprio, já que as condutas do caput e do § 1º só poderão ser
praticadas por funcionário público, enquanto, no § 2º, só poderão responder os profissionais
ou representantes de empresas com a declaração de inidoneidade.
A consumação se dá com a prática das condutas descritas em lei, não sendo necessária a
produção de um resultado naturalístico, portanto se classifica como sendo formal.
O delito do caput é de médio potencial ofensivo, admitindo, portanto, a suspensão condi-
cional do processo. Já o crime previsto no § 1º não admite os institutos despenalizadores da
lei 9.099/95.

Impedimento Indevido
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição de qualquer interessado nos regis-
tros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de registro
do inscrito:
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Conforme dispõe a nova Lei de Licitações (14.133/21), o registro cadastral constitui um


procedimento auxiliar das licitações e contratações. Os procedimentos de cadastro e atuali-
zação dos registros estão previstos na lei (como bem sabemos, essa parte não será objeto de
nosso estudo).
Podemos dividir o artigo 337-N em duas partes, sendo que a primeira consiste em “Obstar,
impedir ou dificultar injustamente a inscrição de qualquer interessado nos registros cadas-
trais” e a segunda “promover indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de
registro do inscrito”.
Este é um crime próprio de servidor que trabalha diretamente no setor de registro.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, independentemente de qualquer finalidade específi-
ca, não se admitindo a modalidade culposa.
O crime se consuma com a prática das condutas descritas no tipo penal (obstar, impedir
ou dificultar, ou ainda promover), não sendo exigido qualquer resultado causador de prejuízo,
ou seja, estamos diante de um crime formal.
Constitui-se infração penal de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Espe-
cial Criminal e compatível com a transação penal, desde que presentes os requisitos exigidos
pelo art. 76 da Lei 9.099/1995.

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Omissão Grave de Dado ou Informação por Projetista


Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pública levantamento cadastral ou condi-
ção de contorno em relevante dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo
da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública,
em contratação para a elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo
competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse:
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e os levantamentos suficientes e ne-
cessários para a definição da solução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos
sondagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais e demais elementos ambientais
impactantes, considerados requisitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a
elaboração de projetos.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem,
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.

Esse crime não tinha previsão semelhante na lei 8.666/93. A finalidade do legislador foi
combater as frequentes e graves ilicitudes praticadas em licitações envolvendo projetos de
engenharia.
Trata-se de crime material que se consuma com a omissão, modificação ou entrega à
Administração Pública do levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante dis-
sonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo da licitação ou em detrimento
da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública, em contratação para a
elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou em
procedimento de manifestação de interesse.
O sujeito ativo é o projetista, ou seja, temos aqui um crime próprio. O elemento subjetivo
do tipo é o dolo, não sendo admitida a modalidade culposa.
O § 2º traz uma causa de aumento de pena, quando o agente pratica o crime com o fim de
obter benefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem.

Multa
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste Capítulo seguirá a metodologia
de cálculo prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato
licitado ou celebrado com contratação direta.

Agora já vimos todos os crimes previstos na Lei de Licitações. Percebeu que são poucos
crimes e que é muito importante que você leia a letra da lei?
Volto a dizer que é muito importante que você tire um tempo de seu estudo para a leitura
da “lei seca”. Acredite em mim, você acertará algumas questões de sua prova somente com o
conhecimento da lei seca.

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Com a publicação da nova legislação, tivemos uma mudança significativa na aplicação da


pena de multa, antes o artigo 99 trazia um critério diferente do previsto no CP. Atualmente, o
artigo 337-P afirma que a pena de multa seguirá o disposto no Código Penal, não podendo ser
inferior a 2% do contrato.

Ação Penal
Todos os crimes que vimos em nossa aula são de ação penal pública incondicionada.

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RESUMO

Conforme dispõe o artigo 185 da Lei 14.133/2021 – Nova Lei de Licitações e Contratos Admi-
nistrativos, os crimes em licitações e contratos administrativos também incidem nas licitações
e contratos regidos pela Lei 13.303/2016, a qual dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios.

O artigo 6º da Lei de Licitações define o agente público, indivíduo que, em virtude de eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, exerce
mandato, cargo, emprego ou função em pessoa jurídica integrante da Administração Pública.
Ocorre que como os crimes contra as licitações estão no capítulo dos crimes contra a
administração do Código Penal, vamos utilizar o conceito de funcionário público do artigo
327 do CP.
Art. 337-E
• Crime de forma vinculada;
• Crime próprio;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime de ação múltipla;
• Plurissubjetivo ou de concurso necessário;
• Plurissubsistente;
• Crime material.

Art. 337-F
• Crime comum;
• Dupla subjetividade passiva;
• Exige dolo específico;
• Crime formal.

Art. 337-G
• Crime próprio;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime material;
• Médio potencial ofensivo.

Art. 337-H
• Crime próprio;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime formal;
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Art. 337-I
• Crime comum;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime de ação múltipla;
• Crime formal;

Art. 337-J
• Crime comum (primeira parte) próprio (segunda parte);
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime material

Art. 337-K
• Crime de atentado ou de mero empreendimento;
• Crime comum;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime formal e material (na conduta equiparada).

Art. 337-L
• Crime próprio;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime material.

Art. 337-M
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime formal.

Art. 337-N
• Crime próprio;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime formal;
• Crime de menor potencial ofensivo.

Art. 337-O
• Crime próprio;
• Dupla subjetividade passiva;
• Crime material;

A pena de multa seguirá o disposto no Código Penal, não podendo ser inferior a 2% do contrato.

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Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada.

Meu(minha) querido(a), encerro nossa aula por aqui. Vamos dar uma pausa e voltar com
os crimes contra a administração pública na próxima aula.
É muito importante que você avalie a nossa aula na plataforma do Gran Cursos Online, só
assim vamos conseguir fazer com que seu material seja o melhor possível.
Um grande abraço. Bons estudos!
Prof. Péricles Rezende.

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EXERCÍCIOS
001. (INÉDITA/2021) Constitui crime em licitação e contrato administrativo a conduta de frus-
trar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudica-
ção do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo licitatório.

002. (INÉDITA/2021) A pena de multa prevista nos crimes em licitações e contratos é calcula-
da de uma forma diferente da prevista no Código Penal.

003. (INÉDITA/2021) Os crimes previstos nos artigos 337-E até o 337-O são todos de menor
potencial ofensivo, admitindo os institutos despenalizadores previstos na lei 9.099/95.

004. (INÉDITA/2021) Não constitui crime e sim infração administrativa admitir à licitação em-
presa ou profissional declarado inidôneo.

005. (INÉDITA/2021) Constitui crime devassar o sigilo de proposta apresentada em processo


licitatório.

006. (INÉDITA/2021) O crime de patrocínio de contratação indevida é um tipo especial da


advocacia administrativa, e, em razão do princípio da especialidade, recorreremos ao crime
previsto no artigo 337-G.

007. (INÉDITA/2021) Os crimes previstos no capítulo II-B do Código Penal são de ação penal
pública incondicionada.

008. (INÉDITA/2021) Constitui crime em licitação e contratos realizar a entrega de uma mer-
cadoria por outra.

009. (INÉDITA/2021) Constitui crime punido com detenção frustrar ou fraudar, com o intuito
de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o
caráter competitivo do processo licitatório.

010. (INÉDITA/2021) Aquele que admite licitação a uma pessoa inidônea e a pessoa inidônea
responderão pelo crime com a mesma pena.

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GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. E
5. C
6. C
7. C
8. C
9. E
10. C

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GABARITO COMENTADO
001. (INÉDITA/2021) Constitui crime em licitação e contrato administrativo a conduta de frus-
trar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudica-
ção do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo licitatório.

Esse é o previsto no artigo 337-F do Código Penal.


Certo.

002. (INÉDITA/2021) A pena de multa prevista nos crimes em licitações e contratos é calcula-
da de uma forma diferente da prevista no Código Penal.

A lei 8.666/93 trazia uma metodologia diferente de cálculo para a pena de multa. Com a edição
da lei 14.133/21, temos a utilização da mesma metodologia do Código Penal, somada a infor-
mação de que não poderá ser inferior a 2% do valor do contrato.
Errado.

003. (INÉDITA/2021) Os crimes previstos nos artigos 337-E até o 337-O são todos de menor
potencial ofensivo, admitindo os institutos despenalizadores previstos na lei 9.099/95.

Muito pelo contrário, a grande maioria dos crimes não admite mais os institutos despenaliza-
dores e estão com penas mais severas do que aquelas previstas anteriormente na lei 8.666/93.
Errado.

004. (INÉDITA/2021) Não constitui crime e sim infração administrativa admitir à licitação em-
presa ou profissional declarado inidôneo.

Esse é o crime previsto no artigo 337-M do Código Penal.


Errado.

005. (INÉDITA/2021) Constitui crime devassar o sigilo de proposta apresentada em processo


licitatório.

Essa é a previsão do artigo 337-J do Código Penal.


Certo.

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006. (INÉDITA/2021) O crime de patrocínio de contratação indevida é um tipo especial da


advocacia administrativa, e, em razão do princípio da especialidade, recorreremos ao crime
previsto no artigo 337-G.

Realmente, esse crime é um tipo especial de advocacia administrativa e o aplicamos nos valo-
res do princípio da especialidade (para resolver o conflito aparente de normas).
Certo.

007. (INÉDITA/2021) Os crimes previstos no capítulo II-B do Código Penal são de ação penal
pública incondicionada.

Na lei 8.666/93, tínhamos a expressa previsão de que os crimes seriam de ação penal pública
incondicional. Atualmente, como os crimes estão previstos no CP, vão seguir a regra geral do
artigo 100 do CP.
Certo.

008. (INÉDITA/2021) Constitui crime em licitação e contratos realizar a entrega de uma mer-
cadoria por outra.

Essa é a previsão do artigo 337-L, III, que traz o crime de fraude em licitação ou contrato.
Certo.

009. (INÉDITA/2021) Constitui crime punido com detenção frustrar ou fraudar, com o intuito
de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o
caráter competitivo do processo licitatório.

Realmente constitui crime (art. 337-F), porém não será punido com detenção e sim com reclusão.
Errado.

010. (INÉDITA/2021) Aquele que admite licitação a uma pessoa inidônea e a pessoa inidônea
responderão pelo crime com a mesma pena.

Ambos responderão pelo artigo 337-M do CP, porém o funcionário público responderá pelo
caput enquanto o particular responderá pelo § 2º. As duas condutas, embora diferentes, têm a
mesma pena base.
Certo.
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REFERÊNCIA

MASSON, Cleber. Crimes em Licitações e Contratos Administrativos. Editora Método, 2021.

Péricles Mendonça
Péricles Mendonça de Rezende Júnior é Agente da Polícia Civil do Distrito Federal (aprovado no concurso
realizado pelo CESPE em 2013).
Hoje, com 32 anos, tem em seu histórico aprovações em concursos como o do BRB, Serpro (Analista),
Secretaria de Educação (Analista de Gestão Educacional), MPU (Técnico e Analista), PMDF/2009 e
PCDF/2013 (Agente e Escrivão).

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