O documento discute as noções básicas sobre licitações no Brasil. Apresenta a obrigatoriedade das licitações decorrente da Constituição Federal, a legislação específica que regula o tema, e conceitua licitação como um procedimento administrativo para selecionar a proposta mais vantajosa para a administração pública de forma imparcial e igualitária.
O documento discute as noções básicas sobre licitações no Brasil. Apresenta a obrigatoriedade das licitações decorrente da Constituição Federal, a legislação específica que regula o tema, e conceitua licitação como um procedimento administrativo para selecionar a proposta mais vantajosa para a administração pública de forma imparcial e igualitária.
O documento discute as noções básicas sobre licitações no Brasil. Apresenta a obrigatoriedade das licitações decorrente da Constituição Federal, a legislação específica que regula o tema, e conceitua licitação como um procedimento administrativo para selecionar a proposta mais vantajosa para a administração pública de forma imparcial e igualitária.
Curso Específico de Aperfeiçoamento – CEA Escrivão de Polícia 1ª Classe 2021 ASPECTOS GERAIS SOBRE LICITAÇÕES E CONTRATOS
Profª Priscilene Palumbo Barbosa
1ª PARTE 1. NOÇÃO BÁSICA SOBRE LICITAÇÕES: 1ª PARTE 1. NOÇÃO BÁSICA SOBRE LICITAÇÕES: 1.1. Obrigatoriedade / Constituição Federal. 1.2. Legislação Específica 1.3. Conceito de Licitação 1.4. Finalidade da Licitação (Lei nº 8.666/93) e Objetivos da Licitação (Lei nº 14.133/21) 1.5. Princípios da Licitação. 1.1. Obrigatoriedade / Constituição Federal. 1.1. Obrigatoriedade da Licitação: A licitação é obrigatória! A regra para a aquisição de bens, contratação de obras e de serviços sempre será a de licitação! Essa obrigatoriedade decorre da Constituição Federal. Vejamos: 1.1. Obrigatoriedade decorrente da Constituição Federal: “Art. 37, CF/1988. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ” [...] vide inciso XXI “XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)” 1.2. Legislação Específica ➢ Lei nº 8.666/1993 estabeleceu normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações, mas foi revogada pela ➢ Lei nº 14.133/2021, Lei de Licitações e Contratos Administrativos, e que se aplica a: I - alienação e concessão de direito real de uso de bens; II - compra, inclusive por encomenda; III - locação; IV - concessão e permissão de uso de bens públicos; V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados; VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia; VII - contratações de tecnologia da informação e de comunicação. 1.2. Legislação Específica: ✓ Lei nº 8.666, de 21/06/1993 - Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública (revogada pela Lei nº 14.133/2021). ✓ Lei nº 10.520, de 17/07/2002 - Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns (revogada pela Lei 14.133/2021). ✓ Lei nº 12.462. de 04/08/2011 – Instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC (revogada pela Lei nº 14.133/2021). ✓ Lei nº 13.303, de 30/06/2016 – Lei das Estatais (Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios). ✓ Lei nº 14.133, de 1º/04/2021 - Lei de Licitações e Contratos Administrativos (nova). Constituição Federal 1988:
Art. 22. Compete privativamente à União
legislar sobre: [...] XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, ... Constituição Federal 1988:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. Lei estadual nº 6.544, de 22/11/1989, que dispõe sobre o estatuto jurídico das licitações e contratos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações, concessões e locações no âmbito da Administração Centralizada e Autárquica do Estado de São Paulo. No Portal da Legislação do site planalto.gov.br, ao acessarmos o (Regulamento) do artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, verificaremos que ainda consta a Lei nº 8.666, de 21/06/1993, que instituiu normas para licitações e contratos da Administração Pública, mas, no canto superior esquerdo, existe a indicação da nova lei: (Vide Lei nº 14.133, de 2021) Vigência Art. 191, Lei nº 14.133/2021. “Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com as citadas no referido inciso.” Art. 193 da Lei nº 14.133/2021. Revogam-se: I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data de publicação desta Lei = CRIMES II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (LLC), a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 (PREGÃO), e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 (RDC), após decorridos 2 (dois) anos da publicação oficial desta Lei = ATÉ 2023 A Seção III – Dos Crimes e das Penas (arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666/1993) foi revogada na mesma data de publicação da nova Lei, porque os Crimes em Licitações e Contratos Administrativos passaram a integrar o Código Penal: “Art. 178. O Título XI da Parte Especial do Decreto- Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte Capítulo II-B:” “DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS” Lembrando que a Lei nº 12.462. de 04/08/2011, instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, e aplicável às licitações e contratos à realização de obras e serviços de engenharia de construção, ampliação e reforma para: Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016; Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014; Copa do Mundo Fifa 2014 (infraestrutura e contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados) etc. Segundo o art. 1º da Lei nº 14.133/2021: § 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016 = LEI DAS ESTATAIS, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei.” À Lei das Estatais se aplicam as regras do Pregão (bens e serviços comuns) e as disposições penais (Dos Crimes em Licitações e Contratos Administrativos), do Código Penal. A título de exemplo de empresas estatais do Governo Federal: No Estado de São Paulo, a Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016) foi regulamentada pelo Decreto nº 62.349, de 26/12/2016, que dispôs sobre o programa de integridade e a área de conformidade a ser adotado por empresas controladas direta ou indiretamente pelo Estado de São Paulo, e criando instâncias e procedimentos de fomento ao controle interno. Exemplos de empresas estatais do Estado de São Paulo: 1 CDHU; 2 Cetesb; 3 Companhia Docas de São Sebastião; 4 Cosesp; 5 CPP – Companhia Paulista de Parcerias; 6 CPSEC – Companhia Paulista de Securitização; 7 CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos; 8 Dersa; 9 Desenvolve SP; 10 EMAE – Empresa Metropolitana de Águas e Energia; 11 EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos; 12 Imprensa Oficial; 13 IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas; 14 Metrô; 15 Prodesp; 16 Sabesp. Segundo Marçal Justen Filho, a vigência da Lei nº 14.133, desde 1º/04/2021, não significa sua eficácia, pois há diversos dispositivos que ainda necessitam de regulamentação. Portanto, a nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos ainda não pode ter aplicação imediata, por obstáculos intransponíveis, como por ex.: inexistência do sítio eletrônico do Portal Nacional de Compras Públicas (art. 174); não se sabe como se processará o Pregão; como se promoverá o registro de preços etc. (há mais de quarenta artigos). Disponível em Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos (p. 439) e https://justen.com.br/pdfs/170/MJF-Vigencia%20da-Lei-14133.pdf. Acesso em 28ago2021. 1.3. Conceito de Licitação Em que pese as 60 (sessenta) definições contidas no art. 6º da nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021), porém, NÃO há o conceito dos termos: “licitação”, “processo licitatório”, nem “procedimento licitatório”. A expressão “processo licitatório” é utilizada 37 (trinta e sete) vezes, enquanto “procedimento licitatório” apenas 3 (três) vezes. 1.3. Conceito de Licitação: “Procedimento Administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator de moralidade nos negócio administrativos” (Hely Lopes Meirelles). 1.3. Conceito de Licitação: “É o procedimento administrativo destinado a selecionar, segundo critérios objetivos predeterminados, a proposta de contratação mais vantajosa para a Administração e a promover o desenvolvimento nacional sustentável, assegurando-se a ampla participação dos interessados e o seu tratamento isonômico, com observância de todos os requisitos legais exigidos.” (Marçal Justen Filho). 1.4. Finalidade da Licitação (Lei nº 8.666/93) e Objetivos da Licitação (Lei nº 14.133/21) 1.4. Finalidade da Licitação (Lei nº 8.666/93):
“Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada ...” 1ª) Concretizar o Princípio Constitucional da Isonomia: TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS “Art. 5º, CF/1988: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” No art. 19, CF/1988. “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.”
Para a Licitação, a Constituição Federal
também determina expressamente o cumprimento ao Princípio da Isonomia: “Art. 37, XXI, CF/88 - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.” O Princípio da Isonomia deve “possibilitar que qualquer interessado possa validamente participar da disputa pelas contratações” (Márcio Fernando Elias Rosa). Princípio da Isonomia no art. 3º da Lei 8.666/93: “§ 1º É vedado aos agentes públicos:” “I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato ...” “II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ...” “§ 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: ...” A inobservância ao Princípio da Isonomia poderá caracterizar o crime de “Frustração do caráter competitivo de licitação”, cf. art.90 da Lei nº 8.666/93, que, embora revogado, permaneceu como crime e foi incluído pela Lei nº 14.133/2021, mas, no art. 337-F do Código Penal. 2ª) Obtenção da proposta mais vantajosa: “Existe um dever de a Administração adotar a escolha mais eficiente para a exploração dos recursos econômicos de sua titularidade. Portanto, e como regra, a licitação visa a obter a solução contratual economicamente mais vantajosa para a Administração” (Marçal Justen Filho). “vantajosidade” ✓A proposta mais vantajosa deve permitir a melhor contratação possível. ✓Em regra, a melhor proposta é aquela de menor peço, mas há uma relatividade da proposta de menor preço. ✓Existem fatores e critérios que retiram o caráter absoluto do preço, impedindo que apenas caia simplesmente na proposta menos onerosa. Vide art. 45, da Lei 8.666/93: Art. 45, L. 8.666/93. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. 3ª) A promoção do desenvolvimento nacional sustentável:
Finalidade da contratação administrativa, ou seja, um
fim a ser promovido por meio das contratações públicas, não sendo uma das finalidades da Licitação (Marçal Justen Filho). A licitação deverá ser um procedimento que resguarde o mercado interno, integrante do patrimônio nacional. (Carlos Coelho Pinto Motta) “As Contratações Públicas Sustentáveis (também chamadas de Licitações Sustentáveis ou Compras Públicas Sustentáveis) consistem em um mecanismo voltado à redução dos riscos à sustentabilidade em suas dimensões ambiental, social e econômica, por meio da adoção de critérios de sustentabilidade nas diferentes etapas dos processos de compras e contratações realizadas pelos órgãos da Administração Pública.” Extraído de: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/politicas-de-meio- ambiente/programa-estadual-de-contratacoes-publicas-sustentaveis-oportunidades-e-desafios/ . Acesso em Estudaremos com mais detalhes o “Conceito de Licitação Sustentável” em tópico específico. Art. 225, CF88. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 1.4. Objetivos da Licitação (Lei nº 14.133/21): Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos: I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto; II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição; III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos; IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável. Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações. OBJETIVOS DA LICITAÇÃO (LEI Nº 14.133/2021):
I – A seleção da proposta mais vantajosa;
(vide comentário anterior sobre as finalidades da Lei nº 8.666/93) II – O tratamento isonômico e a justa competição: a) Tratamento isonômico: A isonomia propicia ampliação da competição, que resulta em propostas mais vantajosas, realizando tanto os interesses dos licitantes, particulares, como os da Administração. b) Justa competição: Eliminação de entraves aos mecanismos de competição entre os potenciais interessados. Justa competição é aquela que não é desnaturada por elementos externos, impostos por fatos externos. Prevenção e repressão à cartelização. III – A obtenção de preços e prestações adequados:
a) Evitar contratações com sobrepreço: A definição de
“sobrepreço” é extraída da própria Lei nº 14.133/2021: Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: [...] LVI - sobrepreço: preço orçado para licitação ou contratado em valor expressivamente superior aos preços referenciais de mercado, seja de apenas 1 (um) item, se a licitação ou a contratação for por preços unitários de serviço, seja do valor global do objeto, se a licitação ou a contratação for por tarefa, empreitada por preço global ou empreitada integral, semi-integrada ou integrada; b) Evitar contratações com preços manifestamente inexequíveis: Preços que não têm sua viabilidade demonstrada. O § 4º do art. 59 da Lei nº 14.133/21 prevê a desclassificação de propostas para obras e serviços de engenharia com valores forem inferiores a 75% do valor orçado pela Administração. A definição de “preços manifestamente inexequíveis” pode ser extraída da Lei nº 8.666/93: Art. 48. Serão desclassificadas: [...] II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com preços manifestamente inexequíveis, assim considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade através de documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação. c) Evitar superfaturamento na execução do contrato: Em sentido amplo, é o sobrepreço efetivamente pago. O art. 6º da Lei nº 14.133/2021 definiu “superfaturamento”. LVII - superfaturamento: dano provocado ao patrimônio da Administração, caracterizado, entre outras situações, por: a) medição de quantidades superiores às efetivamente executadas ou fornecidas; b) deficiência na execução de obras e de serviços de engenharia que resulte em diminuição da sua qualidade, vida útil ou segurança; c) alterações no orçamento de obras e de serviços de engenharia que causem desequilíbrio econômico-financeiro do contrato em favor do contratado; d) outras alterações de cláusulas financeiras que gerem recebimentos contratuais antecipados, distorção do cronograma físico- financeiro, prorrogação injustificada do prazo contratual com custos adicionais para a Administração ou reajuste irregular de preços; IV – Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável:
a) Incentivar a inovação: A Constituição Federal prevê a
tarefa de proporcionar os meios de acesso à inovação (art. 23, inc. V), e sua promoção e incentivo (art. 218). Ao contratar, os Órgãos Públicos tanto irão estimular a inovação como fomento ao avanço do setor empresarial nacional, como irão permitir que a Administração Pública absorva novas tecnologias nas tarefas mais diversas aplicando-as em favor da coletividade. IV – O desenvolvimento nacional sustentável: (vide comentário anterior sobre as finalidades da Lei nº 8.666/93) 1.5. Princípios da Licitação Antes de iniciarmos cada um dos Princípios da Licitação, devemos lembrar que toda a Administração Pública deve obediência aos Princípios contidos no Art. 37 da Constituição Federal: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...” 1.5. Princípios da Licitação: A nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei federal nº 14.133/2021) elencou vinte e dois (22) princípios que regem as Licitações, mantendo os oito (08) princípios da Lei nº 8.666/1993. Iniciaremos com os cinco primeiros Princípios que já são consagrados pela Constituição Federal 1988: *Art. 37. A administração pública direta ... obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e ... Art. 3º da Lei nº 8.666/93 – “A licitação destina-se ... e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” Art. 5º da Lei nº 14.133/21 – “Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).” 1) Princípio da Legalidade – Estado de Direito. *Art. 5º da CF/88, II: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei . Equivale a “nada contra a lei” e a “nada sem lei”. O procedimento licitatório é inteiramente vinculado à lei. Violação ao rito procedimental ou não-observância da forma própria de cada ato administrativo do procedimento licitatório pode anular o certame e o correlato contrato, pois é ato administrativo formal. 2) Princípio da Impessoalidade – Negação da subjetividade, do capricho e da arbitrariedade. Vedação a preferências ou aversões quanto à identidade ou aos atributos pessoais dos particulares participantes de quaisquer atividades administrativas atinentes à licitação e à contratação. A prioridade é o interesse público. Evita qualquer concessão de privilégio e assegura diretrizes que garantam condições justas de competição. Todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios e julgamento objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas. 3) Princípio da Moralidade – O comportamento e as atividades dos Agentes Públicos devem respeito a padrões de honestidade, seriedade, profissionalismo e espírito público. Trata-se da Moral Administrativa, não absorvida pelo conceito de legalidade, a qual é imposta de dentro, vigora no próprio ambiente institucional e condiciona a utilização de qualquer poder jurídico, inclusive o discricionário. A ausência de disciplina legal não autoriza o administrador ou o particular a uma conduta ofensiva à ética e à moral. EXEMPLO DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA MORALIDADE: MS 36849 MC - Relator(a): Min. LUIZ FUX - Julgamento: 12/05/2020 - Publicação: 14/05/2020 - Decisão: MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. SANÇÃO DE INIDONEIDADE PARA LICITAR. EXTENSÃO DE EFEITOS À SOCIEDADE COM O MESMO OBJETO SOCIAL, MESMOS SÓCIOS E MESMO ENDEREÇO. FRAUDE À LEI E ABUSO DE FORMA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA ESFERA ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRA TIVA E DA INDISPONIBILIDADE DOS INTERESSES PÚBLICOS. 4) Princípio da Publicidade – A publicidade é um instrumento de participação democrática. Com a “publicidade formal” a Administração deve divulgar os certames licitatórios para conhecimento de todos os interessados, bem como os atos praticados nas várias fases do procedimento licitatório, objetivando transparência, fiscalização de sua legalidade, dando eficácia aos atos (DOE, Internet e jornais). *Art. 7º da Lei nº 12.527/2011 (LAI) – O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: [...] VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos. *Art. 13 da Lei nº 14.133/21. Os atos praticados no processo licitatório são públicos, ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo ... I - quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura; II - quanto ao orçamento da Administração. 5) Princípio da Eficiência - A Administração deve aproveitar ao máximo os recursos disponíveis, cumprindo metas e objetivos, com celeridade, economicidade, vantajosidade, planejamento e eficácia. *Art. 11 da Lei nº 14.133/21. § único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos ... promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações. 6) Princípio do Interesse Público - No contexto democrático, o interesse público é a razão de existência da Administração Pública, que cumpre funções em busca de finalidades em favor de todos os indivíduos. Missão do Estado é agir pelo povo e para o povo. Ao licitar, contratar e executar seus instrumentos contratuais, tem o dever de atender ao interesse público. 7) Princípio da Probidade Administrativa - Todo agente público deve pautar-se na honestidade, boa-fé, honradez, correção de atitude e ética. A legislação definiu quais são os atos contrários a esse Princípio: *Art. 37, § 4º, CF/88: Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. A Lei nº 8.429/1992 definiu os Atos de Improbidade Administrativa, como aqueles: ▪ que Importam Enriquecimento Ilícito (art. 9º); ▪ que Causam Prejuízo ao Erário (art. 10); ▪ Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário (art. 10-A); e ▪ que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública (art. 11). *Art. 10 da Lei nº 8.429/1992: Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: [...] VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente. 8) Princípio da Igualdade – Igualdade de direitos a todos os interessados em contratar com a Administração Pública. Veda o estabelecimento de condições que impliquem na preferência de determinados licitantes em detrimento aos demais. *Art. 37, CF/88. XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. A inobservância do Princípio da Igualdade é crime previsto pela Lei nº 14.133/2021, incluído no Código Penal, como Frustração do caráter competitivo de licitação: *Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo licitatório: Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. 9) Princípio do Planejamento – Diagnóstico da realidade da situação atual, com definição dos resultados que se pretendem atingir, e identificando as medidas eficazes (definição precisa do objeto do contrato), tudo aliado a meios de avaliação. Previsão quanto ao curso de eventos futuros, identificando ações e omissões para alcançar o resultado pretendido. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo planejamento (Art. 18, da Lei nº 14.133/21) *Art. 11, Lei nº 14.133/21. O processo licitatório tem por objetivos: [...]
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou
entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações. 10) Princípio da Transparência – O acesso à informação garante a transparência: *Art. 5º da CF/1988: [...] XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. *Art. 7º da Lei nº 12.527/2011 (LAI) – O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: [...] VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos. Para que haja transparência dos atos da licitação, é imprescindível que sejam públicos:
*Art. 13 da Lei nº 14.133/21. Os atos praticados no
processo licitatório são públicos, ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei. 11) Princípio da Eficácia – Obtenção dos resultados esperados na satisfação aos interesses públicos e direitos fundamentais. Implica otimização do aproveitamento dos recursos e das possibilidades da Administração, com vistas às finalidades e cumprimento de metas e funções impostas. A eficácia também é parte integrante dos objetivos do processo licitatório: *Art. 11 da Lei nº 14.133/21. [...] Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações. 12) Princípio da Segregação de Funções – Limitação do poder pelo próprio poder imposta pela Lei nº 14.133/2021: *Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a quem as normas de organização administrativa indicarem, promover gestão por competências e designar agentes públicos para o desempenho das funções essenciais à execução desta Lei que preencham os seguintes requisitos: I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos quadros permanentes da Administração Pública; II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam formação compatível ou qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola de governo criada e mantida pelo poder público; e III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da Administração nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil. § 1º A autoridade referida no caput deste artigo deverá observar o princípio da segregação de funções, vedada a designação do mesmo agente público para atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes na respectiva contratação. § 2º O disposto no caput e no § 1º deste artigo, inclusive os requisitos estabelecidos, também se aplica aos órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno da Administração. 13) Princípio da Motivação – Exposição das justificativas decisórias. Explicitação de maneira clara dos elementos que sustentam uma ação ou inação estatal. Os motivos da motivação se dividem em três grupos: 1) pressupostos fáticos; 2) pressupostos jurídicos da medida estatal; e 3) análise das consequências da decisão escolhida. *Art. 20 da LINDB. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. 14) Princípio da Vinculação ao Edital – Edital ou “Instrumento Convocatório”. Sua inobservância enseja a nulidade do procedimento licitatório. Vinculação que serve à Administração e aos particulares. “Nada se pode exigir ou decidir além ou aquém do edital, porque é a lei interna...” (Hely Lopes Meirelles), que regerá o certame, com regras imutáveis até o ato de homologação. *Art. 41 da Lei nº 8.666/93. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada (sem correspondência na nova Lei nº 14.133/2021). 15) Princípio do Julgamento Objetivo – Julgamento imparcial e neutro, com obediência aos critérios objetivos contidos no Edital. Decorre dos Princípios da Isonomia, da Impessoalidade, da Legalidade, da Vinculação ao Edital e da Moralidade. Caso não se atenda ao Princípio da Vinculação ao Edital, não há de se falar de critérios objetivos a serem julgados. Era consagrado de forma expressa na Lei nº 8.666/93: *Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. Porém, não há correspondência para esse artigo na Lei nº 14.133/2021. 16) Princípio da Segurança Jurídica – “Exigência de disciplina normativa objetiva, aplicável à conduta própria e de terceiros, tanto no momento presente como em relação ao passado e ao futuro, eliminando (ou, pelo menos, reduzindo) a incerteza quanto ao tratamento jurídico reservado para os eventos da realidade” (Marçal Justen Filho). Constitui um mandamento constitucional não escrito, mas implícito no texto constitucional e demais leis. Segundo o *Art. 30 da LINDB. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. O próprio Decreto nº 9.830/2019, que regulamentou a LINDB, dedicou seu Capítulo V inteiramente à segurança jurídica na aplicação das normas, dentre os arts.: *Art. 19. As autoridades públicas atuarão com vistas a aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de normas complementares, orientações normativas, súmulas, enunciados e respostas a consultas. Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput terão caráter vinculante em relação ao órgão ou à entidade da administração pública a que se destinarem, até ulterior revisão. 17) Princípio da Razoabilidade – Impõe a vedação a decisões e a soluções que infrinjam a lógica, a experiência e a necessidade, de modo a produzir resultados destituídos de utilidade. Observância de um alto padrão de racionalidade. É a medida da Administração adequada e capaz de atingir a finalidade (necessidade), solucionar problemas, ponderando benefícios e malefícios de uma decisão. 18) Princípio da Competitividade – Significa a adoção de regras editalícias que assegurem uma participação mais ampla de possíveis interessados em contratar com a Administração, tornando a disputa mais intensa possível. *Art. 9º da Lei nº 14.133/21. É vedado ao agente público designado para atuar na área de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos em lei [...] *Art. 9º da Lei nº 14.133/21. [...] I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situações que: a) comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo do processo licitatório, inclusive nos casos de participação de sociedades cooperativas. 19) Princípio da Proporcionalidade –Trata-se de uma técnica de interpretação e aplicação do Direito ao caso concreto. A proporcionalidade deve ser aplicada para adequar: 1) medida concreta para o atingimento do resultado pretendido pela Administração; 2) vedações e restrições contempladas nas normas; 3) ponderar a aplicação dos princípios e dos valores. Na licitação, a proporcionalidade se aplica à escolha da destinação dos recursos públicos; definição do objeto da contratação; modalidade licitatória; e forma de execução contratual. 20) Princípio da Celeridade – Consagrado pela CF/88: *Art. 5º. LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Princípio que implica a exigência do desenvolvimento da atividade administrativa no menor tempo possível, respeitando-se as normas de prazos contidas no Art. 183 da Lei nº 14.133/21. Ex.: preferência aos processos eletrônicos em detrimento dos presenciais; minutas padronizadas de editais e de contratos com cláusulas uniformes. 21) Princípio da Economicidade – A Administração deve respeito aos esforços dos contribuintes no pagamento de tributos (taxas, impostos e contribuições), mediante uso eficiente dos recursos públicos. Gerenciamento racional dos recursos estatais, maximizando os benefícios de seu emprego. Busca pela melhor relação custo-benefício. * Art. 34. O julgamento por menor preço ou maior desconto e, quando couber, por técnica e preço considerará o menor dispêndio para a Administração, atendidos os parâmetros mínimos de qualidade definidos no edital de licitação. 22) Princípio do Desenvolvimento Nacional Sustentável – *Art. 3º, CF/88. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Desenvolvimento não se confunde com crescimento econômico! A Lei de Licitações prevê margens de preferência, promoção da economia local: *Art. 25, §2º. Desde que, conforme demonstrado em estudo técnico preliminar, não sejam causados prejuízos à competitividade do processo licitatório e à eficiência do respectivo contrato, o edital poderá prever a utilização de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas existentes no local da execução, conservação e operação do bem, serviço ou obra). “A contratação sustentável é a que direciona ao bem-estar da sociedade atual e ao cuidado com as futuras.” (Di Pietro – Marrara). O objeto do contrato e das obrigações relativas à sua execução devem conter deveres de resguardo dos recursos naturais e de proteção da dignidade das futuras gerações. Na definição de “Projeto Básico” do *Art. 6º, XXV: “adequado tratamento do impacto ambiental”. Lembrando que “desenvolvimento nacional sustentável” corresponde a: assegurar os direitos humanos, acabar com a pobreza, lutar contra a desigualdade e a injustiça, alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres. A Lei 14.133/2021 adotou mecanismos de proteção ao desenvolvimento nacional sustentável como poderemos ver em tópico específico. Disposições da LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942)
Os arts. 20 a 30 desse DL 4.657/1942
(LINDB) foram regulamentados pelo Decreto nº 9.830/2019. Referências: ______COELHO MOTTA, Carlos Pinto. Eficácia nas Licitações e Contratos. 12ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2011. ______DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2001. ______DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Licitações e Contratos Administrativos; inovações da Lei nº 14.133/21 / Edgar Guimarães... [et al.]; coordenação Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 1 ed. - Rio de Janeiro: Forense: 2021. ______JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 15ª ed. São Paulo: Dialética, 2012. ______JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratações Administrativas. 1ª ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2021. ______PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual de Direito Administrativo. 1ª ed. Campinas: Millennium, 2006. ______ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Fontes: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃ _____. Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃ _____. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃ _____. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃ _____. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃ _____. Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃ SÃO PAULO. Constituição Estadual de 5 de outubro de 1989. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto-Lei nº 233, de 28 de abril de 1970. Estabelece normas para a estruturação dos sistemas de administração financeira e orçamentária da administração pública estadual centralizada ou direta. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Lei nº 10.320, 16 de dezembro de 1968. Dispõe sobre os sistemas de controle interno da gestão financeira e orçamentária do Estado. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Lei nº 6.544, de 22 de novembro de 1989. Dispõe sobre o estatuto jurídico das licitações e contratos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações, concessões e locações no âmbito da Administração Centralizada e Autárquica. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Lei nº 12.799, de 11 de janeiro de 2008. Dispõe sobre o Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de órgãos e entidades estaduais – CADIN ESTADUAL. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Lei nº 16.884, de 21 de dezembro de 2018. Dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2019. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 40.320, de 15 de setembro de 1995. Dispõe sobre as contratações emergenciais, com dispensa de licitação, no âmbito da Administração Estadual. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 41.165, de 20 de setembro de 1996. Dispõe sobre a realização de despesas com convênios, contratos de serviços e de obras e compras, no âmbito da administração direta, autarquias, fundações e empresas do Estado. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 47.297, de 6 de novembro de 2002. Dispõe sobre o pregão, a que se refere a Lei federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 49.722, de 24 de junho de 2005. Dispõe sobre o pregão realizado por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, a que se refere o § 1º, do artigo 2º, da Lei federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e o artigo 10 do Decreto nº 37.297, de 6 de novembro de 2002. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 51.469, de 2 de janeiro de 2007. Dispõe sobre a obrigatoriedade da modalidade de pregão para aquisição de bens e serviços comuns. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 52.205, de 27 de setembro de 2007. Fica instituído, no âmbito da Administração Direta e Indireta do Estado de São Paulo, o Cadastro Unificado de Fornecedores do Estado de São Paulo - CAUFESP, gerido pela Secretaria da Fazenda, em conformidade com os artigos 34 a 37 da Lei federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e com os artigos 31 a 34 da Lei estadual n° 6.544, de 22 de novembro de 1989, que se regerá pelo regulamento, ora aprovado, anexo a este decreto. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 53.455, de 19 de setembro de 2008. Regulamenta a Lei nº 12.799, de 11 de janeiro de 2008, que dispõe sobre o Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de órgãos e entidades estaduais – CADIN ESTADUAL, e dá providências correlatas. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 55.938, de 21 de junho de 2010. Veda a participação, em licitações, de cooperativas nos casos que especifica e dá providência correlata. Disponível em: ˂http://www.gcti.sp.gov.br/index.html˃ _____. Decreto nº 56.565, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre regras a serem observadas para a aprovação de projetos básicos de obras e serviços de engenharia e arquitetura. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 57.554, de 1º de dezembro de 2011. Veda a realização de despesas que especifica e dá providências correlatas. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 59.104, de 13 de abril de 2013. Aprova o Regulamento do Sistema bolsa eletrônica de compras do Governo do Estado de São Paulo – BEC/SP – Dispensa de Licitação para compras de bens, em parcela única e entrega imediata, com dispensa de licitação em razão do valor, e dá providências correlatas. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 59.215, de 21 de maio de 2013. Dispõe sobre a disciplina acerca da celebração de convênios, no âmbito da Administração Centralizada e Autárquica, e sobre a instrução os processos respectivos. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 61.363, de 8 de julho de 2015. Aprova o regulamento do Sistema Bolsa Eletrônica de Compras do Estado de São Paulo – BEC/SP – CONVITE para compras de bens, em parcela única e entrega imediata, mediante licitação na modalidade “convite”, e dá providências correlatas. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 61.476, de 3 de setembro de 2015. Dispõe sobre a publicação, na imprensa oficial, de extratos de contratos, convênios e demais instrumentos de natureza obrigacional. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Decreto nº 64.078, de 21 de janeiro de 2019. Estabelece normas para a execução orçamentária e financeira do exercício de 2019 e dá providências correlatas. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃ _____. Resolução da Secretaria do Governo e Gestão Estratégica nº 10, de 19 de novembro de 2002. Aprova o regulamento para a modalidade de licitação denominada Pregão, destinada à aquisição de bens e à prestação de serviços comuns, pela administração direta e autárquica do Estado. Disponível em: ˂http://www.pregao.sp.gov.br/legislacao/resolucoes/resolucaoCEGP10.htm˃ _____. Lei federal nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- 2022/2021/lei/L14133.htm> _____. Decreto estadual nº 65.488, de 22 de janeiro de 2021. Estabelece normas para a execução orçamentária e financeira do exercício de 2021, e dá providências correlatas. Disponível em: ˂https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2021/decreto-65488- 22.01.2021.html>. _____. Decreto estadual nº 64.152, de 22 de março de 2019. Organiza a Secretaria da Fazenda e Planejamento e dá providências correlatas. Disponível em: ˂https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2019/decreto-64152- 22.03.2019.html>. _____. Lei federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Lei da Improbidade Administrativa - Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm> . _____. Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Lei de Acesso à Informação - Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>.
Contratando sem Licitação: Contratação Direta por Dispensa ou Inexigibilidade - Lei Nº 14.133, De 1º De Abril De 2021 – Nova Lei De Licitações - Lei Nº 13.303, De 30 De Junho De 2016 – Lei Das Estatais