Você está na página 1de 113

ACADEMIA DE POLÍCIA

“DR. CORIOLANO NOGUEIRA COBRA”


Curso Específico de
Aperfeiçoamento – CEA
Escrivão de Polícia
1ª Classe
2021
ASPECTOS GERAIS SOBRE
LICITAÇÕES E CONTRATOS

Profª Priscilene Palumbo Barbosa


1ª PARTE
1. NOÇÃO BÁSICA SOBRE
LICITAÇÕES:
1ª PARTE
1. NOÇÃO BÁSICA SOBRE LICITAÇÕES:
1.1. Obrigatoriedade / Constituição Federal.
1.2. Legislação Específica
1.3. Conceito de Licitação
1.4. Finalidade da Licitação (Lei nº 8.666/93) e
Objetivos da Licitação (Lei nº 14.133/21)
1.5. Princípios da Licitação.
1.1. Obrigatoriedade / Constituição
Federal.
1.1. Obrigatoriedade da Licitação:
A licitação é obrigatória! A regra para
a aquisição de bens, contratação de
obras e de serviços sempre será a
de licitação! Essa obrigatoriedade
decorre da Constituição Federal.
Vejamos:
1.1. Obrigatoriedade decorrente da
Constituição Federal:
“Art. 37, CF/1988. A administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: ”
[...]
vide inciso XXI
“XXI – ressalvados os casos especificados na
legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos
termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações. (Regulamento)”
1.2. Legislação Específica
➢ Lei nº 8.666/1993 estabeleceu normas gerais sobre
licitações e contratos administrativos pertinentes a obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações, mas foi revogada pela
➢ Lei nº 14.133/2021, Lei de Licitações e Contratos
Administrativos, e que se aplica a: I - alienação e
concessão de direito real de uso de bens; II - compra,
inclusive por encomenda; III - locação; IV - concessão
e permissão de uso de bens públicos; V - prestação
de serviços, inclusive os técnico-profissionais
especializados; VI - obras e serviços de arquitetura e
engenharia; VII - contratações de tecnologia da
informação e de comunicação.
1.2. Legislação Específica:
✓ Lei nº 8.666, de 21/06/1993 - Regulamenta o art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública
(revogada pela Lei nº 14.133/2021).
✓ Lei nº 10.520, de 17/07/2002 - Institui, no âmbito da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos
termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, modalidade de licitação denominada
pregão, para aquisição de bens e serviços comuns
(revogada pela Lei 14.133/2021).
✓ Lei nº 12.462. de 04/08/2011 – Instituiu o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas – RDC
(revogada pela Lei nº 14.133/2021).
✓ Lei nº 13.303, de 30/06/2016 – Lei das Estatais
(Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de
suas subsidiárias, no âmbito da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios).
✓ Lei nº 14.133, de 1º/04/2021 - Lei de Licitações e
Contratos Administrativos (nova).
Constituição Federal 1988:

Art. 22. Compete privativamente à União


legislar sobre:
[...]
XXVII - normas gerais de licitação e
contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
XXI, ...
Constituição Federal 1988:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao


Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
§ 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
Lei estadual nº 6.544, de 22/11/1989, que
dispõe sobre o estatuto jurídico das
licitações e contratos pertinentes a obras,
serviços, compras, alienações, concessões e
locações no âmbito da Administração
Centralizada e Autárquica do Estado de São
Paulo.
No Portal da Legislação do site planalto.gov.br, ao
acessarmos o (Regulamento) do artigo 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, verificaremos que
ainda consta a Lei nº 8.666, de 21/06/1993, que
instituiu normas para licitações e contratos da
Administração Pública, mas, no canto superior
esquerdo, existe a indicação da nova lei: (Vide Lei
nº 14.133, de 2021) Vigência
Art. 191, Lei nº 14.133/2021. “Até o decurso do
prazo de que trata o inciso II do caput do art.
193, a Administração poderá optar por licitar ou
contratar diretamente de acordo com esta Lei
ou de acordo com as leis citadas no referido
inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada
expressamente no edital ou no aviso ou
instrumento de contratação direta, vedada a
aplicação combinada desta Lei com as citadas
no referido inciso.”
Art. 193 da Lei nº 14.133/2021. Revogam-se:
I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993, na data de publicação desta Lei
= CRIMES
II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993
(LLC), a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002
(PREGÃO), e os arts. 1º a 47-A da Lei nº
12.462, de 4 de agosto de 2011 (RDC), após
decorridos 2 (dois) anos da publicação
oficial desta Lei = ATÉ 2023
A Seção III – Dos Crimes e das Penas (arts. 89 a
108 da Lei nº 8.666/1993) foi revogada na mesma
data de publicação da nova Lei, porque os
Crimes em Licitações e Contratos Administrativos
passaram a integrar o Código Penal:
“Art. 178. O Título XI da Parte Especial do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte
Capítulo II-B:”
“DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS”
Lembrando que a Lei nº 12.462. de 04/08/2011,
instituiu o Regime Diferenciado de
Contratações Públicas – RDC, e aplicável às
licitações e contratos à realização de obras e
serviços de engenharia de construção,
ampliação e reforma para: Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos de 2016; Copa das
Confederações da Federação Internacional de
Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do
Mundo Fifa 2014; Copa do Mundo Fifa 2014
(infraestrutura e contratação de serviços para os
aeroportos das capitais dos Estados) etc.
Segundo o art. 1º da Lei nº 14.133/2021:
§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as
empresas públicas, as sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº
13.303, de 30 de junho de 2016 = LEI DAS
ESTATAIS, ressalvado o disposto no art. 178
desta Lei.”
À Lei das Estatais se aplicam as regras do
Pregão (bens e serviços comuns) e as
disposições penais (Dos Crimes em Licitações e
Contratos Administrativos), do Código Penal.
A título de exemplo
de empresas
estatais do
Governo Federal:
No Estado de São Paulo, a Lei das Estatais
(Lei nº 13.303/2016) foi regulamentada pelo
Decreto nº 62.349, de 26/12/2016, que dispôs
sobre o programa de integridade e a área de
conformidade a ser adotado por empresas
controladas direta ou indiretamente pelo Estado
de São Paulo, e criando instâncias e
procedimentos de fomento ao controle interno.
Exemplos de empresas estatais do Estado de
São Paulo: 1 CDHU; 2 Cetesb; 3 Companhia
Docas de São Sebastião; 4 Cosesp; 5 CPP –
Companhia Paulista de Parcerias; 6 CPSEC –
Companhia Paulista de Securitização; 7 CPTM –
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos; 8
Dersa; 9 Desenvolve SP; 10 EMAE – Empresa
Metropolitana de Águas e Energia; 11 EMTU –
Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos;
12 Imprensa Oficial; 13 IPT – Instituto de
Pesquisas Tecnológicas; 14 Metrô; 15 Prodesp; 16
Sabesp.
Segundo Marçal Justen Filho, a vigência da Lei nº
14.133, desde 1º/04/2021, não significa sua eficácia,
pois há diversos dispositivos que ainda necessitam de
regulamentação. Portanto, a nova Lei de Licitações e
Contratos Administrativos ainda não pode ter
aplicação imediata, por obstáculos intransponíveis,
como por ex.: inexistência do sítio eletrônico do Portal
Nacional de Compras Públicas (art. 174); não se sabe
como se processará o Pregão; como se promoverá o
registro de preços etc. (há mais de quarenta artigos).
Disponível em Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos (p. 439)
e https://justen.com.br/pdfs/170/MJF-Vigencia%20da-Lei-14133.pdf. Acesso em
28ago2021.
1.3. Conceito de Licitação
Em que pese as 60 (sessenta) definições
contidas no art. 6º da nova Lei de
Licitações e Contratos (Lei nº
14.133/2021), porém, NÃO há o conceito
dos termos: “licitação”, “processo
licitatório”, nem “procedimento
licitatório”. A expressão “processo
licitatório” é utilizada 37 (trinta e sete)
vezes, enquanto “procedimento licitatório”
apenas 3 (três) vezes.
1.3. Conceito de Licitação: “Procedimento
Administrativo mediante o qual a Administração
Pública seleciona proposta mais vantajosa para
o contrato de seu interesse. Como
procedimento, desenvolve-se através de uma
sucessão de atos vinculantes para a
Administração e para os licitantes, o que
propicia igual oportunidade a todos os
interessados e atua como fator de moralidade
nos negócio administrativos” (Hely Lopes
Meirelles).
1.3. Conceito de Licitação: “É o procedimento
administrativo destinado a selecionar, segundo
critérios objetivos predeterminados, a proposta
de contratação mais vantajosa para a
Administração e a promover o desenvolvimento
nacional sustentável, assegurando-se a ampla
participação dos interessados e o seu
tratamento isonômico, com observância de
todos os requisitos legais exigidos.” (Marçal
Justen Filho).
1.4. Finalidade da Licitação
(Lei nº 8.666/93)
e
Objetivos da Licitação
(Lei nº 14.133/21)
1.4. Finalidade da Licitação (Lei nº 8.666/93):

“Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a


observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais
vantajosa para a administração e a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável e
será processada e julgada ...”
1ª) Concretizar o Princípio
Constitucional da Isonomia:
TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
COLETIVOS
“Art. 5º, CF/1988: Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:”
No art. 19, CF/1988. “É vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III - criar distinções entre brasileiros ou
preferências entre si.”

Para a Licitação, a Constituição Federal


também determina expressamente o
cumprimento ao Princípio da Isonomia:
“Art. 37, XXI, CF/88 - ressalvados os casos
especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.”
O Princípio da Isonomia deve
“possibilitar que qualquer interessado
possa validamente participar da disputa
pelas contratações” (Márcio Fernando
Elias Rosa).
Princípio da Isonomia no art. 3º da Lei 8.666/93:
“§ 1º É vedado aos agentes públicos:”
“I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu
caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam
preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou
de qualquer outra circunstância impertinente ou
irrelevante para o específico objeto do contrato ...”
“II - estabelecer tratamento diferenciado de
natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária ou qualquer outra, entre empresas
brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se
refere a moeda, modalidade e local de
pagamentos, mesmo quando envolvidos
financiamentos de agências internacionais, ...”
“§ 2o Em igualdade de condições, como critério
de desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços: ...”
A inobservância ao Princípio da Isonomia poderá
caracterizar o crime de “Frustração do caráter
competitivo de licitação”, cf. art.90 da Lei nº
8.666/93, que, embora revogado, permaneceu
como crime e foi incluído pela Lei nº
14.133/2021, mas, no art. 337-F do Código
Penal.
2ª) Obtenção da proposta mais vantajosa:
“Existe um dever de a Administração adotar a
escolha mais eficiente para a exploração dos
recursos econômicos de sua titularidade.
Portanto, e como regra, a licitação visa a
obter a solução contratual economicamente
mais vantajosa para a Administração” (Marçal
Justen Filho). “vantajosidade”
✓A proposta mais vantajosa deve permitir a
melhor contratação possível.
✓Em regra, a melhor proposta é aquela de
menor peço, mas há uma relatividade da
proposta de menor preço.
✓Existem fatores e critérios que retiram o
caráter absoluto do preço, impedindo
que apenas caia simplesmente na
proposta menos onerosa. Vide art. 45, da
Lei 8.666/93:
Art. 45, L. 8.666/93. O julgamento das
propostas será objetivo, devendo a
Comissão de licitação ou o responsável pelo
convite realizá-lo em conformidade com os
tipos de licitação, os critérios previamente
estabelecidos no ato convocatório e de
acordo com os fatores exclusivamente nele
referidos, de maneira a possibilitar sua
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de
controle.
3ª) A promoção do desenvolvimento nacional
sustentável:

Finalidade da contratação administrativa, ou seja, um


fim a ser promovido por meio das contratações
públicas, não sendo uma das finalidades da Licitação
(Marçal Justen Filho).
A licitação deverá ser um procedimento que
resguarde o mercado interno, integrante do
patrimônio nacional. (Carlos Coelho Pinto Motta)
“As Contratações Públicas Sustentáveis (também
chamadas de Licitações Sustentáveis ou
Compras Públicas Sustentáveis) consistem em
um mecanismo voltado à redução dos riscos à
sustentabilidade em suas dimensões ambiental,
social e econômica, por meio da adoção de
critérios de sustentabilidade nas diferentes
etapas dos processos de compras e contratações
realizadas pelos órgãos da Administração
Pública.” Extraído de:
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/politicas-de-meio-
ambiente/programa-estadual-de-contratacoes-publicas-sustentaveis-oportunidades-e-desafios/ . Acesso
em
Estudaremos com mais detalhes o “Conceito
de Licitação Sustentável” em tópico
específico.
Art. 225, CF88. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
1.4. Objetivos da Licitação (Lei nº 14.133/21):
Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:
I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o
resultado de contratação mais vantajoso para a
Administração Pública, inclusive no que se refere ao
ciclo de vida do objeto;
II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes,
bem como a justa competição;
III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços
manifestamente inexequíveis e superfaturamento na
execução dos contratos;
IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional
sustentável.
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou
entidade é responsável pela governança das contratações
e deve implementar processos e estruturas, inclusive de
gestão de riscos e controles internos, para avaliar,
direcionar e monitorar os processos licitatórios e os
respectivos contratos, com o intuito de alcançar os
objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover
um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento
das contratações ao planejamento estratégico e às leis
orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia
em suas contratações.
OBJETIVOS DA LICITAÇÃO
(LEI Nº 14.133/2021):

I – A seleção da proposta mais vantajosa;


(vide comentário anterior sobre as
finalidades da Lei nº 8.666/93)
II – O tratamento isonômico e a justa
competição:
a) Tratamento isonômico: A isonomia propicia
ampliação da competição, que resulta em propostas
mais vantajosas, realizando tanto os interesses dos
licitantes, particulares, como os da Administração.
b) Justa competição: Eliminação de entraves aos
mecanismos de competição entre os potenciais
interessados. Justa competição é aquela que não é
desnaturada por elementos externos, impostos por
fatos externos. Prevenção e repressão à
cartelização.
III – A obtenção de preços e prestações adequados:

a) Evitar contratações com sobrepreço: A definição de


“sobrepreço” é extraída da própria Lei nº 14.133/2021:
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
[...]
LVI - sobrepreço: preço orçado para licitação ou
contratado em valor expressivamente superior aos preços
referenciais de mercado, seja de apenas 1 (um) item, se a
licitação ou a contratação for por preços unitários de
serviço, seja do valor global do objeto, se a licitação ou a
contratação for por tarefa, empreitada por preço global ou
empreitada integral, semi-integrada ou integrada;
b) Evitar contratações com preços manifestamente inexequíveis:
Preços que não têm sua viabilidade demonstrada. O § 4º do art. 59 da
Lei nº 14.133/21 prevê a desclassificação de propostas para obras e
serviços de engenharia com valores forem inferiores a 75% do valor
orçado pela Administração. A definição de “preços manifestamente
inexequíveis” pode ser extraída da Lei nº 8.666/93:
Art. 48. Serão desclassificadas:
[...]
II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com
preços manifestamente inexequíveis, assim considerados
aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade
através de documentação que comprove que os custos dos
insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes
de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do
contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato
convocatório da licitação.
c) Evitar superfaturamento na execução do
contrato: Em sentido amplo, é o sobrepreço
efetivamente pago. O art. 6º da Lei nº 14.133/2021
definiu “superfaturamento”.
LVII - superfaturamento: dano provocado ao
patrimônio da Administração, caracterizado, entre
outras situações, por:
a) medição de quantidades superiores às efetivamente
executadas ou fornecidas;
b) deficiência na execução de obras e de serviços de
engenharia que resulte em diminuição da sua
qualidade, vida útil ou segurança;
c) alterações no orçamento de obras e de
serviços de engenharia que causem
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato
em favor do contratado;
d) outras alterações de cláusulas financeiras
que gerem recebimentos contratuais
antecipados, distorção do cronograma físico-
financeiro, prorrogação injustificada do prazo
contratual com custos adicionais para a
Administração ou reajuste irregular de preços;
IV – Incentivar a inovação e o desenvolvimento
nacional sustentável:

a) Incentivar a inovação: A Constituição Federal prevê a


tarefa de proporcionar os meios de acesso à inovação (art.
23, inc. V), e sua promoção e incentivo (art. 218). Ao
contratar, os Órgãos Públicos tanto irão estimular a
inovação como fomento ao avanço do setor empresarial
nacional, como irão permitir que a Administração Pública
absorva novas tecnologias nas tarefas mais diversas
aplicando-as em favor da coletividade.
IV – O desenvolvimento nacional
sustentável:
(vide comentário anterior sobre as
finalidades da Lei nº 8.666/93)
1.5. Princípios da Licitação
Antes de iniciarmos cada um dos Princípios
da Licitação, devemos lembrar que toda a
Administração Pública deve obediência aos
Princípios contidos no Art. 37 da
Constituição Federal: “A administração
pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência...”
1.5. Princípios da Licitação: A nova Lei de
Licitações e Contratos Administrativos (Lei federal
nº 14.133/2021) elencou vinte e dois (22)
princípios que regem as Licitações, mantendo os
oito (08) princípios da Lei nº 8.666/1993.
Iniciaremos com os cinco primeiros Princípios que
já são consagrados pela Constituição Federal
1988: *Art. 37. A administração pública direta ...
obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e ...
Art. 3º da Lei nº 8.666/93 – “A licitação
destina-se ... e será processada e julgada
em estrita conformidade com os princípios
básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.”
Art. 5º da Lei nº 14.133/21 – “Na aplicação desta Lei,
serão observados os princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da
eficiência, do interesse público, da probidade
administrativa, da igualdade, do planejamento, da
transparência, da eficácia, da segregação de funções,
da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento
objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade,
da economicidade e do desenvolvimento nacional
sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº
4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro).”
1) Princípio da Legalidade – Estado de Direito.
*Art. 5º da CF/88, II: ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei . Equivale a “nada contra a lei” e a
“nada sem lei”. O procedimento licitatório é
inteiramente vinculado à lei. Violação ao rito
procedimental ou não-observância da forma
própria de cada ato administrativo do
procedimento licitatório pode anular o certame e o
correlato contrato, pois é ato administrativo formal.
2) Princípio da Impessoalidade – Negação da
subjetividade, do capricho e da arbitrariedade. Vedação a
preferências ou aversões quanto à identidade ou aos
atributos pessoais dos particulares participantes de
quaisquer atividades administrativas atinentes à licitação e
à contratação. A prioridade é o interesse público. Evita
qualquer concessão de privilégio e assegura diretrizes que
garantam condições justas de competição. Todos os
licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de
direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas
decisões, pautar-se por critérios e julgamento objetivos,
sem levar em consideração as condições pessoais do
licitante ou as vantagens por ele oferecidas.
3) Princípio da Moralidade – O comportamento e
as atividades dos Agentes Públicos devem respeito
a padrões de honestidade, seriedade,
profissionalismo e espírito público. Trata-se da
Moral Administrativa, não absorvida pelo conceito
de legalidade, a qual é imposta de dentro, vigora no
próprio ambiente institucional e condiciona a
utilização de qualquer poder jurídico, inclusive o
discricionário. A ausência de disciplina legal não
autoriza o administrador ou o particular a uma
conduta ofensiva à ética e à moral.
EXEMPLO DA APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA MORALIDADE:
MS 36849 MC - Relator(a): Min. LUIZ FUX -
Julgamento: 12/05/2020 - Publicação: 14/05/2020 - Decisão:
MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. SANÇÃO DE
INIDONEIDADE PARA LICITAR. EXTENSÃO DE EFEITOS À
SOCIEDADE COM O MESMO OBJETO SOCIAL, MESMOS
SÓCIOS E MESMO ENDEREÇO. FRAUDE À LEI E ABUSO DE
FORMA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRA
TIVA E DA INDISPONIBILIDADE DOS INTERESSES
PÚBLICOS.
4) Princípio da Publicidade – A publicidade é um
instrumento de participação democrática. Com a
“publicidade formal” a Administração deve divulgar os
certames licitatórios para conhecimento de todos os
interessados, bem como os atos praticados nas várias
fases do procedimento licitatório, objetivando
transparência, fiscalização de sua legalidade, dando
eficácia aos atos (DOE, Internet e jornais).
*Art. 7º da Lei nº 12.527/2011 (LAI) – O acesso à
informação de que trata esta Lei compreende, entre outros,
os direitos de obter: [...] VI - informação pertinente à
administração do patrimônio público, utilização de
recursos públicos, licitação, contratos administrativos.
*Art. 13 da Lei nº 14.133/21. Os atos
praticados no processo licitatório são públicos,
ressalvadas as hipóteses de informações cujo
sigilo ...
I - quanto ao conteúdo das propostas, até a
respectiva abertura;
II - quanto ao orçamento da Administração.
5) Princípio da Eficiência - A Administração deve aproveitar
ao máximo os recursos disponíveis, cumprindo metas e
objetivos, com celeridade, economicidade, vantajosidade,
planejamento e eficácia. *Art. 11 da Lei nº 14.133/21. §
único. A alta administração do órgão ou entidade é
responsável pela governança das contratações e deve
implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de
riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e
monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos,
com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos ...
promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o
alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e
às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e
eficácia em suas contratações.
6) Princípio do Interesse Público - No contexto
democrático, o interesse público é a razão de
existência da Administração Pública, que cumpre
funções em busca de finalidades em favor de
todos os indivíduos. Missão do Estado é agir pelo
povo e para o povo. Ao licitar, contratar e executar
seus instrumentos contratuais, tem o dever de
atender ao interesse público.
7) Princípio da Probidade Administrativa - Todo
agente público deve pautar-se na honestidade,
boa-fé, honradez, correção de atitude e ética. A
legislação definiu quais são os atos contrários a
esse Princípio:
*Art. 37, § 4º, CF/88: Os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.
A Lei nº 8.429/1992 definiu os Atos de
Improbidade Administrativa, como aqueles:
▪ que Importam Enriquecimento Ilícito (art. 9º);
▪ que Causam Prejuízo ao Erário (art. 10);
▪ Decorrentes de Concessão ou Aplicação
Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
(art. 10-A); e
▪ que Atentam Contra os Princípios da
Administração Pública (art. 11).
*Art. 10 da Lei nº 8.429/1992: Constitui ato de
improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres
das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
notadamente:
[...]
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente.
8) Princípio da Igualdade – Igualdade de direitos a todos
os interessados em contratar com a Administração Pública.
Veda o estabelecimento de condições que impliquem na
preferência de determinados licitantes em detrimento aos
demais. *Art. 37, CF/88. XXI – ressalvados os casos
especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de
licitação pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
A inobservância do Princípio da Igualdade é crime
previsto pela Lei nº 14.133/2021, incluído no
Código Penal, como Frustração do caráter
competitivo de licitação:
*Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de
obter para si ou para outrem vantagem decorrente
da adjudicação do objeto da licitação, o caráter
competitivo do processo licitatório:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito)
anos, e multa.
9) Princípio do Planejamento – Diagnóstico da
realidade da situação atual, com definição dos
resultados que se pretendem atingir, e
identificando as medidas eficazes (definição
precisa do objeto do contrato), tudo aliado a meios
de avaliação. Previsão quanto ao curso de
eventos futuros, identificando ações e omissões
para alcançar o resultado pretendido. A fase
preparatória do processo licitatório é caracterizada
pelo planejamento (Art. 18, da Lei nº 14.133/21)
*Art. 11, Lei nº 14.133/21. O processo licitatório tem por
objetivos:
[...]

Parágrafo único. A alta administração do órgão ou


entidade é responsável pela governança das contratações
e deve implementar processos e estruturas, inclusive de
gestão de riscos e controles internos, para avaliar,
direcionar e monitorar os processos licitatórios e os
respectivos contratos, com o intuito de alcançar os
objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover
um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento
das contratações ao planejamento estratégico e às leis
orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia
em suas contratações.
10) Princípio da Transparência – O acesso à
informação garante a transparência:
*Art. 5º da CF/1988: [...] XXXIII - todos têm direito
a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.
*Art. 7º da Lei nº 12.527/2011 (LAI) – O acesso à
informação de que trata esta Lei compreende, entre
outros, os direitos de obter: [...]
VI - informação pertinente à administração do patrimônio
público, utilização de recursos públicos, licitação,
contratos administrativos. Para que haja
transparência dos atos da licitação, é imprescindível que
sejam públicos:

*Art. 13 da Lei nº 14.133/21. Os atos praticados no


processo licitatório são públicos, ressalvadas as
hipóteses de informações cujo sigilo seja imprescindível
à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei.
11) Princípio da Eficácia – Obtenção dos
resultados esperados na satisfação aos
interesses públicos e direitos fundamentais.
Implica otimização do aproveitamento dos
recursos e das possibilidades da Administração,
com vistas às finalidades e cumprimento de
metas e funções impostas. A eficácia também é
parte integrante dos objetivos do processo
licitatório:
*Art. 11 da Lei nº 14.133/21.
[...]
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou
entidade é responsável pela governança das contratações
e deve implementar processos e estruturas, inclusive de
gestão de riscos e controles internos, para avaliar,
direcionar e monitorar os processos licitatórios e os
respectivos contratos, com o intuito de alcançar os
objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover
um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento
das contratações ao planejamento estratégico e às leis
orçamentárias e promover eficiência, efetividade e
eficácia em suas contratações.
12) Princípio da Segregação de Funções –
Limitação do poder pelo próprio poder imposta pela
Lei nº 14.133/2021:
*Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da
entidade, ou a quem as normas de organização
administrativa indicarem, promover gestão por
competências e designar agentes públicos para o
desempenho das funções essenciais à execução desta
Lei que preencham os seguintes requisitos:
I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou
empregado público dos quadros permanentes da
Administração Pública;
II - tenham atribuições relacionadas a licitações e
contratos ou possuam formação compatível ou
qualificação atestada por certificação profissional
emitida por escola de governo criada e mantida
pelo poder público; e
III - não sejam cônjuge ou companheiro de
licitantes ou contratados habituais da
Administração nem tenham com eles vínculo de
parentesco, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, ou de natureza técnica, comercial,
econômica, financeira, trabalhista e civil.
§ 1º A autoridade referida no caput deste artigo
deverá observar o princípio da segregação de
funções, vedada a designação do mesmo agente
público para atuação simultânea em funções
mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a
possibilidade de ocultação de erros e de
ocorrência de fraudes na respectiva
contratação.
§ 2º O disposto no caput e no § 1º deste artigo,
inclusive os requisitos estabelecidos, também se aplica
aos órgãos de assessoramento jurídico e de controle
interno da Administração.
13) Princípio da Motivação – Exposição das
justificativas decisórias. Explicitação de maneira clara
dos elementos que sustentam uma ação ou inação
estatal. Os motivos da motivação se dividem em três
grupos: 1) pressupostos fáticos; 2) pressupostos
jurídicos da medida estatal; e 3) análise das
consequências da decisão escolhida.
*Art. 20 da LINDB. Nas esferas administrativa,
controladora e judicial, não se decidirá com base em
valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da decisão.
14) Princípio da Vinculação ao Edital – Edital ou
“Instrumento Convocatório”. Sua inobservância enseja
a nulidade do procedimento licitatório. Vinculação que
serve à Administração e aos particulares. “Nada se
pode exigir ou decidir além ou aquém do edital, porque
é a lei interna...” (Hely Lopes Meirelles), que regerá o
certame, com regras imutáveis até o ato de
homologação.
*Art. 41 da Lei nº 8.666/93. A Administração não pode
descumprir as normas e condições do edital, ao qual
se acha estritamente vinculada (sem
correspondência na nova Lei nº 14.133/2021).
15) Princípio do Julgamento Objetivo –
Julgamento imparcial e neutro, com obediência aos
critérios objetivos contidos no Edital. Decorre dos
Princípios da Isonomia, da Impessoalidade, da
Legalidade, da Vinculação ao Edital e da
Moralidade. Caso não se atenda ao Princípio da
Vinculação ao Edital, não há de se falar de
critérios objetivos a serem julgados. Era
consagrado de forma expressa na Lei nº 8.666/93:
*Art. 45. O julgamento das propostas será
objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o
responsável pelo convite realizá-lo em
conformidade com os tipos de licitação, os critérios
previamente estabelecidos no ato convocatório e
de acordo com os fatores exclusivamente nele
referidos, de maneira a possibilitar sua aferição
pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
Porém, não há correspondência para esse artigo
na Lei nº 14.133/2021.
16) Princípio da Segurança Jurídica –
“Exigência de disciplina normativa objetiva,
aplicável à conduta própria e de terceiros, tanto no
momento presente como em relação ao passado e
ao futuro, eliminando (ou, pelo menos, reduzindo)
a incerteza quanto ao tratamento jurídico
reservado para os eventos da realidade” (Marçal
Justen Filho). Constitui um mandamento
constitucional não escrito, mas implícito no texto
constitucional e demais leis.
Segundo o *Art. 30 da LINDB. As autoridades
públicas devem atuar para aumentar a segurança
jurídica na aplicação das normas, inclusive por
meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas.
O próprio Decreto nº 9.830/2019, que
regulamentou a LINDB, dedicou seu Capítulo V
inteiramente à segurança jurídica na aplicação das
normas, dentre os arts.:
*Art. 19. As autoridades públicas atuarão com
vistas a aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de
normas complementares, orientações
normativas, súmulas, enunciados e respostas a
consultas. Parágrafo único. Os instrumentos
previstos no caput terão caráter vinculante em
relação ao órgão ou à entidade da administração
pública a que se destinarem, até ulterior revisão.
17) Princípio da Razoabilidade – Impõe a
vedação a decisões e a soluções que infrinjam a
lógica, a experiência e a necessidade, de modo a
produzir resultados destituídos de utilidade.
Observância de um alto padrão de racionalidade.
É a medida da Administração adequada e capaz
de atingir a finalidade (necessidade), solucionar
problemas, ponderando benefícios e malefícios de
uma decisão.
18) Princípio da Competitividade – Significa a
adoção de regras editalícias que assegurem uma
participação mais ampla de possíveis interessados
em contratar com a Administração, tornando a
disputa mais intensa possível.
*Art. 9º da Lei nº 14.133/21. É vedado ao agente
público designado para atuar na área de licitações
e contratos, ressalvados os casos previstos em lei
[...]
*Art. 9º da Lei nº 14.133/21.
[...]
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que
praticar, situações que:
a) comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter
competitivo do processo licitatório, inclusive
nos casos de participação de sociedades
cooperativas.
19) Princípio da Proporcionalidade –Trata-se de
uma técnica de interpretação e aplicação do Direito
ao caso concreto. A proporcionalidade deve ser
aplicada para adequar: 1) medida concreta para o
atingimento do resultado pretendido pela
Administração; 2) vedações e restrições
contempladas nas normas; 3) ponderar a aplicação
dos princípios e dos valores. Na licitação, a
proporcionalidade se aplica à escolha da destinação
dos recursos públicos; definição do objeto da
contratação; modalidade licitatória; e forma de
execução contratual.
20) Princípio da Celeridade – Consagrado pela
CF/88: *Art. 5º. LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação. Princípio que implica a exigência
do desenvolvimento da atividade administrativa no
menor tempo possível, respeitando-se as normas de
prazos contidas no Art. 183 da Lei nº 14.133/21. Ex.:
preferência aos processos eletrônicos em detrimento
dos presenciais; minutas padronizadas de editais e de
contratos com cláusulas uniformes.
21) Princípio da Economicidade – A Administração
deve respeito aos esforços dos contribuintes no
pagamento de tributos (taxas, impostos e
contribuições), mediante uso eficiente dos recursos
públicos. Gerenciamento racional dos recursos
estatais, maximizando os benefícios de seu emprego.
Busca pela melhor relação custo-benefício. * Art. 34.
O julgamento por menor preço ou maior desconto e,
quando couber, por técnica e preço considerará o
menor dispêndio para a Administração, atendidos
os parâmetros mínimos de qualidade definidos no
edital de licitação.
22) Princípio do Desenvolvimento Nacional
Sustentável – *Art. 3º, CF/88. Constituem
objetivos fundamentais da República Federativa
do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Desenvolvimento não se confunde com crescimento
econômico! A Lei de Licitações prevê margens de
preferência, promoção da economia local:
*Art. 25, §2º. Desde que, conforme demonstrado em
estudo técnico preliminar, não sejam causados
prejuízos à competitividade do processo licitatório e
à eficiência do respectivo contrato, o edital poderá
prever a utilização de mão de obra, materiais,
tecnologias e matérias-primas existentes no local da
execução, conservação e operação do bem, serviço
ou obra).
“A contratação sustentável é a que direciona ao
bem-estar da sociedade atual e ao cuidado com
as futuras.” (Di Pietro – Marrara). O objeto do
contrato e das obrigações relativas à sua
execução devem conter deveres de resguardo dos
recursos naturais e de proteção da dignidade das
futuras gerações. Na definição de “Projeto Básico”
do *Art. 6º, XXV: “adequado tratamento do
impacto ambiental”.
Lembrando que “desenvolvimento nacional
sustentável” corresponde a: assegurar os
direitos humanos, acabar com a pobreza, lutar
contra a desigualdade e a injustiça, alcançar a
igualdade de gênero e o empoderamento de
mulheres.
A Lei 14.133/2021 adotou mecanismos de
proteção ao desenvolvimento nacional
sustentável como poderemos ver em tópico
específico.
Disposições da LINDB – Lei de
Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942)

Os arts. 20 a 30 desse DL 4.657/1942


(LINDB) foram regulamentados pelo
Decreto nº 9.830/2019.
Referências:
______COELHO MOTTA, Carlos Pinto. Eficácia nas Licitações e Contratos.
12ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2011.
______DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
______DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Licitações e Contratos
Administrativos; inovações da Lei nº 14.133/21 / Edgar Guimarães... [et al.];
coordenação Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 1 ed. - Rio de Janeiro: Forense:
2021.
______JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. 15ª ed. São Paulo: Dialética, 2012.
______JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e
Contratações Administrativas. 1ª ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos
Tribunais, 2021.
______PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual de Direito Administrativo.
1ª ed. Campinas: Millennium, 2006.
______ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
Fontes:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988.
Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃
_____. Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da
Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras
providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃
_____. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃
_____. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃
_____. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns,
e dá outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃
_____. Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a unificação dos
recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente e dá
outras providências. Disponível em: ˂http://planalto.gov.br˃
SÃO PAULO. Constituição Estadual de 5 de outubro de 1989. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto-Lei nº 233, de 28 de abril de 1970. Estabelece normas para a
estruturação dos sistemas de administração financeira e orçamentária da administração
pública estadual centralizada ou direta. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Lei nº 10.320, 16 de dezembro de 1968. Dispõe sobre os sistemas de controle
interno da gestão financeira e orçamentária do Estado. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Lei nº 6.544, de 22 de novembro de 1989. Dispõe sobre o estatuto jurídico das
licitações e contratos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações, concessões e
locações no âmbito da Administração Centralizada e Autárquica. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Lei nº 12.799, de 11 de janeiro de 2008. Dispõe sobre o Cadastro Informativo dos
Créditos não Quitados de órgãos e entidades estaduais – CADIN ESTADUAL. Disponível
em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Lei nº 16.884, de 21 de dezembro de 2018. Dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para o exercício de 2019. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 40.320, de 15 de setembro de 1995. Dispõe sobre as contratações
emergenciais, com dispensa de licitação, no âmbito da Administração Estadual.
Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 41.165, de 20 de setembro de 1996. Dispõe sobre a realização de
despesas com convênios, contratos de serviços e de obras e compras, no âmbito da
administração direta, autarquias, fundações e empresas do Estado. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 47.297, de 6 de novembro de 2002. Dispõe sobre o pregão, a que se
refere a Lei federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 49.722, de 24 de junho de 2005. Dispõe sobre o pregão realizado por
meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, a que se refere o § 1º, do
artigo 2º, da Lei federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e o artigo 10 do Decreto nº
37.297, de 6 de novembro de 2002. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 51.469, de 2 de janeiro de 2007. Dispõe sobre a obrigatoriedade da
modalidade de pregão para aquisição de bens e serviços comuns. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 52.205, de 27 de setembro de 2007. Fica instituído, no âmbito da
Administração Direta e Indireta do Estado de São Paulo, o Cadastro Unificado de
Fornecedores do Estado de São Paulo - CAUFESP, gerido pela Secretaria da Fazenda,
em conformidade com os artigos 34 a 37 da Lei federal nº 8.666, de 21 de junho de
1993, e com os artigos 31 a 34 da Lei estadual n° 6.544, de 22 de novembro de 1989,
que se regerá pelo regulamento, ora aprovado, anexo a este decreto. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 53.455, de 19 de setembro de 2008. Regulamenta a Lei nº 12.799, de
11 de janeiro de 2008, que dispõe sobre o Cadastro Informativo dos Créditos não
Quitados de órgãos e entidades estaduais – CADIN ESTADUAL, e dá providências
correlatas. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 55.938, de 21 de junho de 2010. Veda a participação, em licitações,
de cooperativas nos casos que especifica e dá providência correlata. Disponível em:
˂http://www.gcti.sp.gov.br/index.html˃
_____. Decreto nº 56.565, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre regras a serem
observadas para a aprovação de projetos básicos de obras e serviços de engenharia e
arquitetura. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 57.554, de 1º de dezembro de 2011. Veda a realização de despesas
que especifica e dá providências correlatas. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 59.104, de 13 de abril de 2013. Aprova o Regulamento do Sistema
bolsa eletrônica de compras do Governo do Estado de São Paulo – BEC/SP – Dispensa
de Licitação para compras de bens, em parcela única e entrega imediata, com dispensa
de licitação em razão do valor, e dá providências correlatas. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 59.215, de 21 de maio de 2013. Dispõe sobre a disciplina acerca da
celebração de convênios, no âmbito da Administração Centralizada e Autárquica, e sobre
a instrução os processos respectivos. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 61.363, de 8 de julho de 2015. Aprova o regulamento do Sistema
Bolsa Eletrônica de Compras do Estado de São Paulo – BEC/SP – CONVITE para
compras de bens, em parcela única e entrega imediata, mediante licitação na
modalidade “convite”, e dá providências correlatas. Disponível em:
˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 61.476, de 3 de setembro de 2015. Dispõe sobre a publicação, na
imprensa oficial, de extratos de contratos, convênios e demais instrumentos de natureza
obrigacional. Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Decreto nº 64.078, de 21 de janeiro de 2019. Estabelece normas para a
execução orçamentária e financeira do exercício de 2019 e dá providências correlatas.
Disponível em: ˂http://www.al.sp.gov.br/leis/˃
_____. Resolução da Secretaria do Governo e Gestão Estratégica nº 10, de 19 de
novembro de 2002. Aprova o regulamento para a modalidade de licitação denominada
Pregão, destinada à aquisição de bens e à prestação de serviços comuns, pela
administração direta e autárquica do Estado. Disponível em:
˂http://www.pregao.sp.gov.br/legislacao/resolucoes/resolucaoCEGP10.htm˃
_____. Lei federal nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2021/lei/L14133.htm>
_____. Decreto estadual nº 65.488, de 22 de janeiro de 2021. Estabelece normas para a
execução orçamentária e financeira do exercício de 2021, e dá providências correlatas.
Disponível em: ˂https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2021/decreto-65488-
22.01.2021.html>.
_____. Decreto estadual nº 64.152, de 22 de março de 2019. Organiza a Secretaria da
Fazenda e Planejamento e dá providências correlatas. Disponível em:
˂https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2019/decreto-64152-
22.03.2019.html>.
_____. Lei federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Lei da Improbidade Administrativa -
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta,
indireta ou fundacional e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm> .
_____. Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Lei de Acesso à Informação -
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do
art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº
8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>.

Você também pode gostar