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CURSO ON-LINE - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU - EXERCÍCIOS

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Aula 05

Olá, Pessoal! Esta é a quinta aula do curso de Administração Pública em


Exercícios para o TCU. Nela vamos ver os seguintes itens do edital.

Aula 05 - 11/10: 9 Governabilidade e governança. Intermediação de


interesses (clientelismo, corporativismo e
neocorporativismo).

11. Processo de formulação e desenvolvimento de


políticas: construção de agendas, formulação de políticas,
implementação de políticas.

ERRATA: seguem algumas correções de gabaritos:

• Questão 10 da Aula 03: certa.

• Questão 67 da Aula 03: errada.

• Questão 05 da Aula 02: certa.

Boa Aula!

Sumário
1 QUESTÕES COMENTADAS 2

1.1 GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES 2

1.2 PROCESSO DE FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS 18

1.3 QUESTÃO DISCURSIVA 57

2 LISTA DAS QUESTÕES 60

2.1 GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES 60


2.2 PROCESSO DE FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS 64

2.3 QUESTÃO DISCURSIVA 74

3 GABARITO 75

4 LEITURA SUGERIDA 75

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1 Questões Comentadas
1.1 GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES

1. (CESPE/MDS/2006) O termo governabilidade está associado às


condições políticas de gestão do Estado, enquanto governança refere-se às
condições administrativas de gestão do aparelho estatal.

A principal diferença entre a governabilidade e a governança reside na


dimensão que eles abordam: a governabilidade se refere a uma dimensão
política; a governança a uma dimensão de gestão. Segundo Bresser Pereira:

A capacidade política de governar ou governabilidade deriva da relação de


legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade, enquanto que
governança é a capacidade financeira e administrativa em sentido amplo de
uma organização de implementar suas políticas.

Podemos dizer que a governabilidade está associada às condições de exercício


do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua
postura diante da sociedade civil e do mercado. Já a governança pode ser
entendida capacidade que um determinado governo tem para formular e
implementar as suas políticas, capacidade esta que pode ser dividida em
financeira, gerencial e técnica.

O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado fala em "Reforma do


Aparelho do Estado" ao invés de "Reforma do Estado" não sem motivo. A
maior parte dos autores associa a reforma do Estado à busca de maior
governabilidade e a reforma do aparelho do Estado à busca de maior
governança. Segundo o próprio PDRAE:

O governo brasileiro não carece de "governabilidade", ou seja, de poder


para governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que conta
na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de governança, na
medida em que sua capacidade de implementar as políticas públicas é
limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa.

Gabarito: C.

2. (CESPE/TCE-PE/2004) O conceito de governança pública está associado


às condições políticas de exercício da gestão.

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A questão está errada porque condições políticas dizem respeito à


governabilidade e não à governança.

Gabarito: E.

3. (CESPE/TCE-AC/2006) Aumentar a governança do Estado significa


aumentar sua capacidade administrativa de gerenciar com efetividade e
eficiência, voltando-se a ação dos serviços do Estado para o atendimento ao
cidadão.

A questão é certa. Esta questão foi tirada do PDRAE. Trata-se de um dos


objetivos globais do Plano:

Objetivos Globais: Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua


capacidade administrativa de governar com efetividade e eficiência,
voltando a ação dos serviços do Estado para o atendimento dos cidadãos.

Quando falamos em efetividade e eficiência estamos nos referindo a duas


dimensões de desempenho. Efetividade é alcançar os objetivos relacionados a
resultados na qualidade de vida da sociedade. Já a eficiência tem a ver com a
relação entre custos e produto, ou seja, produzir mais a um custo menor.
Ambas as dimensões estão ligadas à capacidade de implementar as políticas
do Estado, ou seja, à governança.

Gabarito: C.

4. (CESPE/MCT/2004) O conceito de governança está originariamente


relacionado a condições de exercício do governo sem riscos de rupturas
institucionais.

A questão é errada. "Condições de exercício do governo" e "rupturas


institucionais" são aspectos da capacidade de governar, condições políticas, ou
seja, dizem respeito à governabilidade, e não à governança.

Gabarito: E.

5. (CESPE/INSS/2007) Visando-se ao fortalecimento da regulação


coordenada pelo Estado, é importante reforçar a governança, que diz

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respeito à maneira pela qual o poder é exercido no gerenciamento dos


recursos sociais e econômicos de um país, e que engloba, desse modo, as
técnicas de governo.

A questão é certa. Quando falamos em "poder", não necessariamente estamos


nos referindo ao poder num plano político. Segundo o Banco Mundial, a
definição geral de governança é:

O exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo. É a


maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais
e econômicos de um país visando o desenvolvimento, implicando a
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e
cumprir funções.

Portanto, o poder no gerenciamento dos recursos sociais e econômicos está


relacionado à governança.

Gabarito: C.

6. (CESPE/MDS/2008) A emergência do paradigma pós-burocrático,


descrito em linhas gerais no texto em questão, é calcada na transição de um
tipo burocrático de administração pública, rígido e ineficiente, para a
administração gerencial, flexível e eficiente. Com isso, busca-se o
fortalecimento da governance, ou seja, das condições sistêmicas mais
gerais, sob as quais ocorre o exercício do poder em determinada sociedade,
tais como as características do regime político, a forma de governo, as
relações entre os poderes, os sistemas partidários, o sistema de
intermediação de interesses, entre outras.

Esta questão foi tirada de Eli Diniz. Vamos ver o que ela diz:
A governabilidade refere-se às condições sistêmicas de exercício do poder
por parte do Estado em uma determinada sociedade. Seria uma somatória
dos instrumentos institucionais, recursos financeiros e meios políticos de
execução das metas definidas. As principais características da
governabilidade são:

Características da Governabilidade

• a forma de governo, ou seja, se o sistema é parlamentarista (com todas

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as suas variantes), presidencialista ou misto, como no caso brasileiro;


• a relação Executivo-Legislativo: se esta for mais assimétrica para um ou
para outro podem surgir dificuldades de coordenação política e
institucional, vitais para a governabilidade plena;
• a composição, formação e dinâmica do sistema partidário (com poucos
ou muitos partidos), o que pode dificultar a relação Executivo-
Legislativo e Estado-sociedade;
• o sistema de intermediação de interesses vigente na sociedade
(corporativista, institucional pluralista, dispersos, ONGs etc.); e
• todo o conjunto das relações Estado-sociedade, ou seja, as relações dos
movimentos organizados, associações e da cidadania com o Estado no
sentido de ampliar a sua participação no processo de
formulação/implementação de políticas das quais sejam beneficiários.

A autora fala em "formas de governo", mas o correto é "sistemas de governo",


já que ela está falando do presidencialismo e do parlamentarismo. Portanto,
estaria na esfera da governabilidade a relação do Executivo com o Legislativo e
também com a sociedade. A forma como o Estado busca o apoio dos cidadãos
se insere na governabilidade.

A questão é errada porque as condições sistêmicas se referem à


governabilidade, e não à governança.

Gabarito: E.

7. (CESPE/TCU/2008) A governabilidade diz respeito às condições


sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como
as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre
os poderes e o sistema de intermediação de interesses.

A questão é certa, também foi tirada de Eli Diniz.

Gabarito: C.

8. (ESAF/CGU/2004) Governança e governabilidade são conceitos


distintos, contudo fortemente relacionados, até mesmo, complementares. O
primeiro refere-se às condições substantivas de exercício do poder e de

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legitimidade do Estado; o segundo representa os aspectos instrumentais do


exercício do poder, ou seja, a capacidade do Estado de formular e
implementar políticas públicas.

A questão é certa, foi copiada de Vinícius de Carvalho:


Em uma definição genérica, podemos dizer que a governabilidade refere-se
às próprias condições substantivas/materiais de exercício do poder e de
legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua postura diante da
sociedade civil e do mercado (em um regime democrático, claro).

Pode ser concebida como a autoridade política do Estado em si, entendida


como a capacidade que este tem para agregar os múltiplos interesses
dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum para os
curto, médio e longo prazos.
Estas condições podem ser sumarizadas como o apoio obtido pelo Estado às
suas políticas e à sua capacidade de articular alianças e coalizões/pactos
entre os diferentes grupos sócio-políticos para viabilizar o projeto de Estado
e sociedade a ser implementado.
Já a governança pode ser entendida como a outra face de um mesmo
processo, ou seja, como os aspectos adjetivos/instrumentais da
governabilidade. Em geral, entende-se a governança como a capacidade
que um determinado governo tem para formular e implementar as suas
políticas. Esta capacidade pode ser decomposta analiticamente em
financeira, gerencial e técnica, todas importantes para a consecução das
metas coletivas definidas que compõem o programa de um determinado
governo, legitimado pelas urnas.

Gabarito: C.

9. (CESPE/MCT/2004) Um aspecto importante para dar seguimento à


reforma do Estado é a existência de governabilidade, conceito que descreve
as condições sistêmicas de exercício do poder em um sistema político. Desse
modo, é correto afirmar que uma nação é governável quando oferece aos
seus representantes as circunstâncias necessárias para o tranquilo
desempenho de suas funções.

A questão é certa. Governabilidade também envolve a relação do Estado com a


sociedade. Por isso, se um Estado não tem legitimidade perante a sociedade
civil, não terá governabilidade. Bresser Pereira defendia que, além da reforma
administrativa, que buscou conferir maior governança, era necessária também

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uma reforma política, com vistas a aumentar a governabilidade. Segundo o


autor:
A dimensão política da reforma do Estado é ao mesmo tempo a mais
importante, dado que o Estado é o ente político por excelência, e a menos
clara, porque não se pode falar em uma crise política do Estado nos anos
90. Crise política é sinônimo de crise de governabilidade. O governo se vê
privado de condições de efetivamente governar, seja porque perde
legitimidade perante a sociedade, seja porque suas instituições se
demonstram inadequadas para o exercício do poder político. Só é possível
falar em "crise" política se compararmos a realidade com uma situação
ideal. Se pensarmos, por exemplo, que os regimes democráticos não
asseguram o "bom governo": o governo que dirige de forma ótima a
sociedade.

Portanto, seria necessário concentrar a atenção nas instituições que garantam,


ou melhor, que aumentem - já que o problema é de grau -, a
responsabilização (accountability) dos governantes. Reformar o Estado para
lhe dar maior governabilidade é torná-lo mais democrático, é dotá-lo de
instituições políticas que permitam uma melhor intermediação dos interesses
sempre conflitantes dos diversos grupos sociais, das diversas etnias quando
não nações, das diversas regiões do país.

Gabarito: C.

10. (CESPE/INMETR0/2009) No contexto das transformações do Estado na


década passada, dois conceitos se destacam: governance e governabilidade.
O termo governance é utilizado para caracterizar as condições institucionais
e sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício do poder em uma
sociedade, enquanto o conceito governabilidade expressa a capacidade de
ação do Estado na implementação das políticas públicas e na construção de
metas coletivas.

A questão é errada, ela inverteu os conceitos.

Gabarito: E.

(CESPE/DPU/2010) O estudo das relações governamentais intriga a


sociedade desde a Grécia antiga; afinal, são relações muito complexas que
permeiam as transações humanas. A ciência política estuda a estrutura e os
processos de governo a fim de compreender melhor tal interação. Acerca

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dos preceitos fundamentais da matéria política e dos termos governança e


governabilidade, julgue os itens a seguir.
11. A base da governança, conceito proveniente do mercado privado, diz
respeito à forma de estudo da interação entre partidos políticos e oposição.
12. A governança está situada no campo específico do Estado e representa
um conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais
nenhum poder será exercido.
13. O conceito de governança corresponde aos padrões de articulação e
cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que
coordenam e regulam transações dentro e por meio das fronteiras do
sistema econômico.
14. A governabilidade possui um aspecto muito abrangente, que por vezes
extrapola a dimensão estatal, pois envolve todo o cenário de articulação
social para garantir a efetividade das medidas adotadas pelo governo por
meio do desempenho dos atores e de sua capacidade de exercer poder.
15. O conceito de governabilidade relaciona-se com a capacidade de
representação das instituições sociais no processo decisório de
implementação de políticas públicas.

A questão 11 é errada, refere-se a um aspecto político, por isso é


governabilidade.

A questão 12 é errada, condição essencial para o exercício do governo é a


governabilidade, a capacidade de governar.

A questão 13 é certa. Segundo Maria Helena de Castro Santos:

A governança refere-se a padrões de articulação e cooperação entre atores


sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam
transações dentro e por meio das fronteiras do sistema econômico,
incluindo-se aí não apenas os mecanismos tradicionais de agregação de
interesses, tais como os partidos políticos e grupos de pressão, como
também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes),
hierarquias e associações de diversos tipos.

Aqui a gente entra num campo bastante obscuro da diferenciação entre


governança e governabilidade, podemos ver que a autora coloca no conceito
de governança partidos políticos, grupos de pressão e outros aspectos que
estariam mais relacionados com a política do que com a gestão.

O problema é que há uma área em que os dois conceitos se confundem e há


divergência entre os autores. Uma confusão entre os conceitos refere-se à

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legitimidade. Vimos que ela está associada com a governabilidade, mas o


conceito de governança vem passando por reformulações. Segundo Bresser
Pereira:

No conceito de governança pode-se incluir, como o faz Reis (1994), a


capacidade de agregar os diversos interesses, estabelecendo-se, assim,
mais uma ponte entre governança e governabilidade. Uma boa governança,
conforme observou Fritschtak (1994) aumenta a legitimidade do governo e,
portanto, a governabilidade do país.

Vimos acima a definição de Vinícius de Carvalho, que afirma que a


governabilidade pode ser entendida
como a capacidade que este tem para agregar os múltiplos interesses
dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum para os
curto, médio e longo prazos.

E então: a capacidade de agregar interesses é governança ou governabilidade?


É gestão ou política? Na definição da Maria Helena vista acima, a agregação de
interesses está na governança.

A questão 14 é errada, é a governança e não a governabilidade. O conceito de


governança vem passando por uma transformação, deixando de se restringir
aos aspectos gerenciais e administrativos do Estado, para abranger aspectos
ligados à cooperação entre os diversos atores e a capacidade destes em
trabalharem juntos.

A discussão mais recente do conceito de governança ultrapassa o marco


operacional para incorporar questões relativas a padrões de articulação e
cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que
coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema
econômico. Com a ampliação do conceito de governança fica cada vez mais
imprecisa sua distinção daquele de governabilidade.

Uma das definições de governança mais recentes, originária da América Latina,


trata de fazer uma reapropriação do conceito de governance formulado pelo
Banco Mundial, incluindo nele a dimensão da "justiça social", como sendo uma
responsabilidade do Estado. Essa nova interpretação é uma espécie de
vertente de esquerda da noção de governança, que se opõe a noção difundida
inicialmente pelo Banco. Enquanto esta última tem como orientação a redução
do tamanho do Estado, principalmente através do seu desengajamento em
relação a questões sociais, a primeira tenta atribuir a esse mesmo Estado, o
papel de ator principal nas soluções dos problemas sociais.

É nesse contexto que Klaus Frey fala da existência de pelo menos duas
grandes vertentes analíticas que tratam de governança. u m a seria orientada

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pela noção difundida pelo Banco Mundial, nela se inscrevem abordagens que
tem como objetivos finais principais o aumento da eficiência e da eficácia dos
governos, usando para isso mecanismos de participação da sociedade civil. Na
outra vertente estão inscritas abordagens que focam o potencial democrático e
emancipatório da sociedade civil, como por exemplo, a noção de governança
participativa. Mas, segundo o autor as diferenças significativas entre essas
abordagens parecem subsistir apenas no plano ideológico, já que em termos
práticos elas parecem muito próximas.

Em cada uma delas, a necessidade de se levar em conta a "questão da


mobilização dos saberes" tem razões diferentes. Os que seguem a vertente do
Banco Mundial olham a participação a partir "da lógica e das necessidades
administrativas e governamentais". Enquanto que, os adeptos da governança
democrática, vêem na participação a possibilidade da "emancipação social e da
redistribuição do poder"

As teorias da governança estão se voltando cada vez mais para a análise das
redes de políticas públicas, buscando analisar qual o papel do governo frente
às mudanças que estão ocorrente na prestação de serviços públicos. Por isso
que a questão 14 fala "que extrapola a dimensão estatal, pois envolve todo o
cenário de articulação social para garantir a efetividade das medidas adotadas
pelo governo por meio do desempenho dos atores e de sua capacidade de
exercer poder".

Segundo Loffer:
A governança pode ser entendida como uma nova geração de reformas
administrativas e de Estado, que têm como objeto a ação conjunta, levada
a efeito de forma eficaz, transparente e compartilhada, pelo Estado, pelas
empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos
problemas sociais e criando possibilidades e chances de um
desenvolvimento futuro sustentável para todos os participantes.

A questão 15 é errada. Novamente é governança e não governabilidade. O


conceito de governança deixa de estar restrito ao campo da gestão, para
ganhar contornos políticos, tanto que Frederickson afirma que "a definição
implica que a governança é inerentemente política, que envolve barganha e
compromisso entre atores com interesses diversos".

Para Edmilson Francisco de Oliveira:

Esse esforço teórico mostrou que a principal diferença entre governabilidade


e governança está na forma como a legitimidade das ações dos governos é
entendida. Enquanto no conceito de governabilidade a legitimidade vem da
capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias
instituições. No conceito de governança, parte de sua legitimidade

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vem do processo, do entendimento de que, quando grupos específicos da


população quando participam da elaboração e implantação de uma política
pública, ela tem mais chances de ser bem sucedida em seus objetivos.

Podemos ver aqui que a legitimidade não é mais associada apenas ao conceito
de governabilidade, ela passa a integrar também o conceito de governança.
Portanto, temos que tomar MUITO CUIDADO.

Na governabilidade, a legitimidade está relacionada com a representação de


interesses, se a sociedade percebe o governo como um legítimo intermediário
na disputa de interesses entre os diversos grupos da sociedade ou se ele é
visto como direcionado para determinado grupo. Na governança, a
legitimidade está relacionada com a participação da sociedade nas decisões, se
as políticas são formadas e implementadas junto com a sociedade. Por isso
que a questão 15 fala em "representação das instituições sociais no processo
decisório".

Gabarito: E, E, C, E, E.

16. (ESAF/CGU/2008) Durante a crise do Estado dos anos 1980 e 1990,


palavras e expressões foram forjadas para possibilitar o entendimento de
suas diferentes dimensões e propiciar a busca de soluções. Neste contexto,
quando um governo está preocupado em legitimar decisões e ações se diz
que ele está buscando maior
Complete a frase com a opção correta.
a) governabilidade.
b) efetividade.
c) governança.
d) accountability.
e) eficiência.

A questão fala em legitimidade, por isso a tendência é marcarmos


governabilidade. Só que ela fala em legitimidade das "decisões e ações", ou
seja, abrange um aspecto mais da gestão, não da política. Portanto, podemos
perceber que eles estavam trazendo as tendências mais recentes do conceito
de governança. Tanto que a resposta da questão era a letra "C". Todavia,
como choveu recursos de pessoas que associaram a legitimidade com a
governabilidade, a ESAF anulou a questão. Mas, vejam que ela não quis alterar
o gabarito para a letra "A", ou seja, ela voltou a trás, mas nem tanto.

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Gabarito: X (C).

17. (CESPE/TCE-AC/2009) O clientelismo se manifesta pelos processos de


troca de favores, que determinam também uma forma de relação das
lideranças partidárias com suas bases. No entanto, o clientelismo não pode
ser categorizado como um instrumento de legitimação política.

Entre as características da governabilidade, Eli Diniz coloca o "sistema de


intermediação de interesses vigente na sociedade". A forma como está
organizada a intermediação de interesses, como os grupos da sociedade
disputam para fazer valer seus interesses junto ao Estado, irá também
influenciar a capacidade de governar.

O clientelismo pode ser entendido por meio de três aspectos: uma relação
entre classes sociais desiguais, uma dependência mútua entre as partes e uma
combinação de lealdade com necessidade. José Murilo de Carvalho conceitua
clientelismo como:

Um tipo de relação entre atores políticos que envolve concessão de


benefícios públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em
troca de apoio político, sobretudo na forma de voto.

Podemos ver que há troca por apoio político, essencial para a governabilidade.
Atualmente, podemos dizer que uma forma de clientelismo ocorre na liberação
de emendas orçamentárias. O Executivo tem o poder de liberar ou não os
recursos previstos nas emendas do orçamento incluídas pelos parlamentares.
Estas emendas são importantes para os deputados porque são recursos que
eles levam para suas bases eleitorais. Mas o Executivo não libera eles de mão
beijada. Como moeda de troca, ele cobra apoio dos parlamentares nas
votações no Congresso. Quando o governo quer votos para seus projetos de
lei, ele está pensando em sua governabilidade.

A questão é errada porque o clientelismo, assim como as outras formas de


intermediação de interesses, tem como objetivo aumentar a governabilidade,
conquistar legitimidade política.

Gabarito: E.

18. (CESPE/TCE-AC/2009) O corporativismo estatal é um instrumento de


legitimação política embasado na representação de grupos funcionais

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produtivos e pela adoção de uma estrutura de associações, diretamente


vinculada ao Estado, no entanto não depende dele para autorização e
reconhecimento.

O corporativismo surgiu na Idade Média, através das corporações de ofício,


como uma forma de organização da sociedade. Estas corporações eram
formadas por artesãos que se dedicavam a um mesmo trabalho e
determinavam os preços, a qualidade, a quantidade de mercadorias produzidas
e até a margem de lucro obtido com as vendas eram determinados no âmbito
dessas entidades.

No século XX, o corporativismo passou a designar a organização da sociedade


a partir da criação de associações (ou corporações), com o objetivo de
canalizar e expressar interesses econômicos e profissionais de seus membros.

Os Estados fascistas passaram a se utilizar dessas associações como forma de


subordinação e controle repressivo da sociedade por meio da manipulação dos
sindicatos. Isto teve início na Itália de Mussolini, onde o poder legislativo foi
atribuído a corporações representativas dos interesses econômicos, industriais
ou profissionais. Getúlio Vargas também se valeu do corporativismo.

O modelo corporativo tradicional de Estado apresenta-se para disciplinar a


economia e assim poder controlá-la. O Estado cria a corporação, chama para
ela todos que trabalham e produzem em um determinado ramo da produção
levando-os a discutir, organizar, disciplinar e orientar os interesses do Estado.
É uma estrutura organizacional subordinada ao Estado, com uma perspectiva
política da supremacia do interesse nacional, reduzindo as forças do modelo
representativo democrático e, consequentemente, controlando as forças que
ameaçam o status quo do Estado. Mais uma vez, o que se busca é uma maior
governabilidade, restringindo os atritos com as classes trabalhadoras.

Segundo Schmitter:
Corporativismo é um sistema de representação de interesses cujas unidades
constituintes são organizadas em um número limitado de entidades
singulares, compulsórias, não competitivas, hierarquicamente ordenadas e
funcionalmente diferenciadas, reconhecidas ou licenciadas (quando não
criadas) pelo Estado, às quais é concedido monopólio de representação
dentro de sua respectiva categoria em troca da observância de certos
controles na seleção de seus líderes e na articulação de demandas e
suporte.

As organizações só conseguem o monopólio da representação e a capacidade


de ordenar de forma hierárquica os interesses daqueles que representam se há

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algum grau de reconhecimento, estímulo ou mesmo da iniciativa oficial. Não


teriam participação no processo de tomada de decisão referente a políticas
públicas, nem lhe seriam atribuídas responsabilidades diretas na aplicação de
tais políticas, sem a devida chancela do Estado. Aqui, é o Estado quem decide
com quem dialogar. É o estado quem escolhe seus interlocutores. Por isso que
este corporativismo recebe o nome de "corporativismo estatal".

A questão é errada porque dependem da autorização e reconhecimento do


Estado.

Gabarito: E.

19. (CESPE/TCE-AC/2009) O neocorporativismo significa a integração da


classe trabalhadora organizada ao Estado capitalista, buscando incrementar
o crescimento econômico e, ainda, assegurar a harmonia em face do conflito
de classe, combinado a um sistema de bem-estar social. Diferentemente do
corporativismo estatal, associações não possuem autonomia, não são
capazes de penetrar no Estado.

O conjunto de mudanças ocorridas nas relações entre Estado e organizações


representativas de interesse privado, nos países capitalistas com regime
democrático, permitiu a passagem do corporativismo para o neocorporativismo
que, além de representar os interesses, passa a decidir junto com o Estado as
políticas públicas. O corporativismo é chamado também de "corporativismo
estatal", enquanto o neocorporativismo é chamado de "corporativismo
societário". Segundo Bobbio:

O antigo corporativismo era criado pelo Estado e por este controlado. O


neocorporativismo surge dentro da sociedade democrática onde as
organizações entram em processo de negociação com o Estado movidas pelas
mudanças e novas situações a serem enfrentadas.

Segundo Bobbio:
No sistema neocorporativista os interesses gerados na sociedade civil são
organizados em números limitados de associações cuja diferença está
fundamentalmente nas funções por elas desenvolvidas, não competindo,
portanto, entre si. Estas estruturas têm uma estrutura interna centralizada
e hierárquica, e pertencer a elas é muitas vezes uma obrigação, pelo menos
de fato quando não de direito. O aspecto mais característico está na sua
relação com a máquina do Estado. É o Estado que dá a estas associações o
reconhecimento institucional e o monopólio na representação dos interesses

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do grupo, assim como é o Estado que delega a elas um conjunto de funções


públicas.

Se compararmos esta definição de Bobbio com a de Schmitter para o


corporativismo, veremos muitas semelhanças: ambas falam em número
limitado de entidades ou associações, não competitivas, hierarquizadas,
obrigatórias ou compulsórias, reconhecimento por parte do Estado e monopólio
na representação de interesses.

No corporativismo estatal, as organizações só conseguem o monopólio da


representação e a capacidade de ordenar de forma hierárquica os interesses
daqueles que representam se há algum grau de reconhecimento, estímulo ou
mesmo da iniciativa oficial. Não teriam participação no processo de tomada de
decisão referente a políticas públicas, nem lhe seriam atribuídas
responsabilidades diretas na aplicação de tais políticas, sem a devida chancela
do Estado. Aqui, é o Estado quem decide com quem dialogar. É o estado quem
escolhe seus interlocutores. Por isso que este corporativismo recebe o nome de
"corporativismo estatal".

Bobbio afirma que, quando comparado com o corporativismo, o tipo de


relações entre Estado e sociedade civil que os dois conceitos pretendem
identificar não é, na realidade, muito diferente. Ambos referem-se a tentativas
para reviver algo da unidade orgânica da sociedade medieval, como reação ao
individualismo e atomização produzidos pelo liberalismo. A diferença
fundamental é a seguinte: num sistema neocorporativista a organização
representativa dos interesses particulares é livre para aceitar ou não suas
relações com o Estado, contribuindo, portanto, para defini-las, enquanto que
no corporativismo clássico é o próprio Estado que impõe e define essas
relações.

A questão é errada porque é o neocorporativismo que elas têm autonomia.

Gabarito: E.

20. (CESPE/TCU/2008) O clientelismo e o corporativismo são padrões


institucionalizados de relações que estruturam os laços entre sociedade e
Estado no Brasil. O clientelismo, que faz parte da tradição política secular
brasileira, está associado ao patrimonialismo e ao fisiologismo. O
corporativismo emergiu nos anos 30, sob o governo de Getúlio Vargas.
Essas características passaram, então, a inter-relacionar-se, e constituem
instrumentos de legitimação política.

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O clientelismo e o corporativismo são formas de intermediação de interesses


usadas ao longo da história brasileira. José Murilo de Carvalho afirma que o
clientelismo perpassa toda a história política do Brasil. Um exemplo foi o
coronelismo, apesar deste não ser considerado sinônimo de clientelismo. O
poder do coronel não se fundava apenas na força ou no poderio econômico.
Segundo Faoro, "ocorre que o coronel não manda porque tem riqueza, mas
manda porque se lhe reconhece esse poder, num pacto não escrito". Os
fundamentos desse poder se encontram na capacidade que o coronel tinha
para angariar apoio eleitoral entre as pessoas e benefícios públicos com o
Governo. O Coronel ganhava o apoio eleitoral em virtude da proteção que ele
proporcionava, da segurança coletiva. Além disso, em virtude de seu poderio
econômico, sustentava uma série de grupos que eram desprovidos de quase
tudo.

O fisiologismo se aproxima muito do clientelismo, sendo um tipo de relação de


poder político em que as ações políticas e decisões são tomadas em troca de
favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais. A
diferença é que o clientelismo se funda na confiança e na lealdade, enquanto
as práticas mais contemporâneas se aproximam de uma relação de negócios.

O corporativismo esteve presente principalmente no governo Vargas, mas irá


perdurar ainda na ditadura de 1964. A questão é certa, ambos são usados para
conquistar governabilidade.

Gabarito: C.

21. (CESPE/IPEA/2008) O padrão corporativista brasileiro caracterizou-se


pela exclusão dos trabalhadores das arenas decisórias governamentais, ao
mesmo tempo em que os interesses empresariais garantiram sua
representação no aparelho estatal.

A partir da observação das diferentes políticas implementadas pelos regimes


fascista, nazista, franquista, salazarista, varguista e militares na América
Latina (anos 60 a 80), Stepan distingue dois subtipos de corporativismo: o
inclusivo (que incorpora política e economicamente setores significativos da
classe trabalhadora) e o excludente (assentado na repressão e na utilização de
estruturas corporativas para desmobilizar e submeter à classe trabalhadora).

Observou-se que o inclusivo ocorre com maior frequência quando há uma crise
no poder oligárquico, o nível de organização política é incipiente e a
industrialização está na fase inicial. Já o excludente geralmente sucede uma

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crise política na qual há forte mobilização política, polarização ideológica e


estagnação da industrialização. Geralmente, os regimes populistas (como o de
Vargas) são inclusivos e os burocráticos-autoritários (como o de 1964 no
Brasil) são excludentes. Ressalte-se que os regimes, normalmente, combinam
elementos dos dois subtipos com a preponderância de um deles.

O CESPE deu esta questão como certa, considerando todo o corporativismo


brasileiro como excludente. Depois ele voltou atrás e anulou a questão.

Gabarito: X (C).

22. (CESPE/IPEA/2008) O arranjo corporativista brasileiro configurou-se


como um conjunto articulado de estruturas institucionais, com duas
características centrais: a proibição da unicidade sindical e o pluralismo de
representação imposto pelo Estado.

O corporativismo se caracteriza pelo monopólio na representação, pela


unicidade sindical, e não por sua proibição.

Gabarito: E.

(CESPE/SEC0NT/2009) Julgue os itens a seguir, acerca de governabilidade e


governança e intermediação de interesses.
23. Ao analisar o Estado brasileiro, no que tange à sua administração
pública, caso se verifique que não há condições para governar em virtude da
falta de legitimidade democrática, é correto afirmar que há uma crise de
governança.
24. Caso o Estado brasileiro, com relação à sua administração pública,
possua rigidez e ineficiência da máquina administrativa, então é correto
afirmar que existem problemas com a governabilidade.
25. Corporativismo é uma forma de intermediação de interesses em que
existe uma representação dos interesses econômicos e profissionais em
representações políticas que integram até mesmo a própria estrutura
estatal.
26. O clientelismo configura-se pela existência de relações comprometidas
entre políticos de profissão e burocratas, que possuem entre si lealdades
pessoais e troca de vantagens na estrutura pública que controlam, obtendo,
desse modo, não só legitimação do voto, mas também apoio.

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A questão 23 é errada porque falta governabilidade, capacidade de governar


decorrente de legitimidade.

A questão 24 é errada, falta governança porque é um problema de gestão.

A questão 25 é certa. O corporativismo permite a representação de interesses


dos grupos profissionais junto ao Estado, integrado à estrutura deste.

A questão 26 é certa. Traz os aspectos do clientelismo: lealdade pessoal, troca


em busca de apoio político.

Gabarito: E, E, C, C.

1.2 PROCESSO DE FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS

(CONSULPLAN/ITABAIANA/2010) Sobre políticas públicas, analise:


27. As políticas públicas são produtos resultantes da atividade política.
28. As políticas públicas compreendem o conjunto das decisões e ações
relativas a alocação imperativa de valores.
29. As políticas públicas são decisões e ações revestidas de autoridade
soberana do poder público.
30. Uma decisão política corresponde a uma escolha dentre um leque de
alternativas, conforme a hierarquia das preferências dos atores envolvidos,
expressando em maior ou menor grau, uma certa adequação entre os fins
pretendidos e os meios disponíveis.
31. Um dos critérios utilizados para identificar os atores em uma política
pública é estabelecer quem tem alguma coisa em jogo na política em
questão.

Essa questão foi tirada do texto da Maria das Graças Rua, que está na leitura
sugerida. Segundo a autora:
As políticas públicas (policies), por sua vez, são outputs, [27] resultantes
da atividades política (politics): [28] compreendem o conjunto das decisões
e ações relativas à alocação imperativa de valores. Nesse sentido é
necessário distinguir entre política pública e decisão política. Uma política
pública geralmente envolve mais do que uma decisão e requer diversas
ações estrategicamente selecionadas para implementar as decisões
tomadas. [29] Já uma decisão política corresponde a uma escolha dentre
um leque de alternativas, conforme a hierarquia das preferências dos atores
envolvidos, expressando em maior ou menor grau - uma certa adequação

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entre os fins pretendidos e os meios disponíveis. Assim, embora uma


política pública implique decisão política, nem toda decisão política chega a
constituir uma política pública. Um exemplo encontra-se na emenda
constitucional para reeleição presidencial. Trata-se de uma decisão, mas
não de uma política pública. Já a privatização de estatais ou a reforma
agrária são políticas públicas.
Além disso, por mais óbvio que possa parecer, as políticas públicas são
'públicas '- e não privadas ou apenas coletivas. A sua dimensão 'pública' é
dada não pelo tamanho do agregado social sobre o qual incidem, mas pelo
seu caráter "imperativo". Isto significa que uma das suas características
centrais é o fato de que [30] são decisões e ações revestidas da autoridade
soberana do poder público.
Como identificar os atores em uma política pública? Existem diversos
critérios. Entretanto, [31] o mais simples e eficaz é estabelecer quem tem
alguma coisa em jogo na política em questão. Ou seja, quem pode ganhar
ou perder com tal política, quem tem seus interesses diretamente afetados
pelas decisões e ações que compõem a política em questão.

Todas as questões estão certas.

Gabarito: C, C, C, C, C.

32. (FCC/SGP-SP/2009) Políticas públicas são apenas aquelas decisões e


ações que se revestem de autoridade política soberana.

Vamos ver algumas definições de política pública:


Dye: o que o governo escolhe fazer ou não fazer;
Lynn: um conjunto específico de ações do governo que irão produzir efeitos
específicos.
Peters: política pública é a soma das atividades dos governos, que agem
diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos
cidadãos.
Lowi: uma regra formulada por alguma autoridade governamental que
expressa uma intenção de influenciar, alterar, regular, o comportamento
individual ou coletivo através do uso de sanções positivas ou negativas.
Maria G. Rua: As políticas públicas (policies) são outputs, resultantes das
atividades política (politics): compreendem o conjunto das decisões e ações
relativas à alocação imperativa de valores.
Carvalho: Políticas públicas são construções participativas de uma
coletividade, que visam à garantia dos direitos sociais dos cidadãos que
compõem uma sociedade humana.

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Percebemos nas quatro primeiras definições uma grande valorização do Estado


como responsável pelas políticas públicas. Quando a Maria das Graças Rua fala
em "alocação imperativa de recursos", o que ela quer dizer é que uma das
suas características centrais é o fato de que são decisões e ações revestidas da
autoridade soberana do poder público.

A questão é certa, foi copiada do texto da Maria das Graças Rua, que está na
leitura sugerida. Segundo a autora
Além disso, por mais óbvio que possa parecer, as políticas públicas são
'públicas '- e não privadas ou apenas coletivas. A sua dimensão 'pública' é
dada não pelo tamanho do agregado social sobre o qual incidem, mas pelo
seu caráter "imperativo". Isto significa que uma das suas características
centrais é o fato de que são decisões e ações revestidas da autoridade
soberana do poder público.

Portanto, o caráter imperativo, na visão dessa autora é essencial. Porém,


temos que tomar muito cuidado aqui, vamos ver umas questões do CESPE.

Gabarito: C.

33. (CESPE/PMRB/2007) O termo público, associado à política, não se


refere exclusivamente à ação do Estado, mas, sim, à coisa pública,ou seja,
àquilo que é de todos.

A questão é certa. Segundo Potyara Pereira:

Política pública não é sinônimo de política estatal. A palavra 'pública', que


acompanha a palavra 'política', não tem identificação exclusiva com o
Estado, mas sim com o que em latim se expressa como res publica, isto é,
coisa de todos, e, por isso, algo que compromete simultaneamente, o
Estado e a sociedade. É, em outras palavras, ação pública, na qual, além do
Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de
decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e
sobre os atos e decisões do governo e do mercado. É o que preferimos
chamar de controle democrático exercido pelo cidadão comum, porque é
controle coletivo, que emana da base da sociedade, em prol da ampliação
da democracia e da cidadania

Portanto, política pública não é sinônimo de política estatal. Temos que


entender que a presença do Estado é fundamental, assim como a participação
da sociedade. Pereira conceitua política pública como:

Políticas públicas são ações coletivas que tem por função concretizar
direitos sociais, demandas da sociedade e previstos nas Leis.

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Podemos perceber que Maria das Graças Rua afirma que as políticas públicas
não são ações "apenas coletivas". Já Pereira afirma que "são ações coletivas".
Esta divergência parece ser mais no tocante ao significado de "ação coletiva"
do que se pode haver política pública sem o Estado, já que Potyara Pereira fala
que "além do Estado, a sociedade se faz presente". Na fala de Maria das
Graças Rua, "ação coletiva" seria uma ação sem o Estado. Já para Potyara,
seria o Estado mais a sociedade.

Temos que entender que as políticas públicas são uma construção coletiva,
formadas por um conjunto de atores, apesar de caber ao governo o papel
central. Segundo Raquel Raichelis:

Na formulação, gestão e financiamento das políticas sociais deve ser


considerada a primazia do Estado, a quem cabe a competência pela
condução das políticas públicas. Esta primazia, contudo, não pode ser
entendida como responsabilidade exclusiva do Estado, mas implica a
participação ativa da sociedade civil nos processos de formulação e controle
social da execução.

Segundo Celina Souza, debates sobre políticas públicas implicam responder à


questão sobre o espaço que cabe aos governos na definição e implementação
de políticas públicas. Mas, aí fica a pergunta: existe política pública sem o
Estado? Na visão de Maria das Graças não. Porém, para Francisco Heidemann
existe. Segundo o autor:

A perspectiva da política pública vai além da perspectiva das políticas


governamentais, na medida em que o governo, com sua estrutura
administrativa, não é a única instituição a servir à comunidade política, isto
é, a promover "políticas públicas".

O autor cita o exemplo de uma associação de moradores que poderia realizar


um "serviço público local", movida por seu senso de bem comum e sem contar
com o auxílio de qualquer instância governamental. Seria o caso de uma
comunidade em que as pessoas juntam esforços para construir moradias.
Heidemann cita como agentes de políticas públicas entidades como as ONGs,
as empresas concessionárias e as associações diversas da sociedade. Ele
afirma que "Terceiro Setor" é o nome dado hoje para o esforço da produção de
um bem público por agentes não governamentais, mas ao mesmo tempo
distinto do setor empresarial do mercado.

Gabarito: C.

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34. (CESPE/CHESF/2002) Por meio das políticas públicas são formulados,


desenvolvidos e postos em prática programas de distribuição de bens e
serviços, regulados e providos pelo Estado, com a participação e o controle
da sociedade.

A questão é certa. Vimos que no conceito de política pública um ponto


importante é a participação da sociedade.

Gabarito: C.

35. (CESPE/SEFAZ/2002) Políticas públicas são predominantemente


iniciativas autônomas das instâncias governamentais dotadas de
responsabilidades legais sobre determinadas áreas de atuação ou questões
de interesse público.

A questão é errada. Como é necessária a participação da sociedade, as


políticas públicas não são iniciativas autônomas do governo, mas ações
coletivas.

Gabarito: E.

36. (CESPE/TJ-AP/2007) Política pública significa ação coletiva cuja função


é concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas
leis.

A questão é certa. Podemos perceber que ela é cópia da definição de Potyara


Pereira. Segundo a autora:

Políticas públicas são ações coletivas que tem por função concretizar
direitos sociais, demandas da sociedade e previstos nas Leis.

Gabarito: C.

37. (CESPE/CHESF/2002) Política pública é uma ação coletiva que tem por
função concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos

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nas leis. Os direitos declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade


por meio de políticas públicas.

Esta questão foi dada como certa. Ela também foi copiada da definição de
Potyara Pereira, que afirma:
Políticas públicas são ações coletivas que tem por função concretizar
direitos sociais, demandas da sociedade e previstos nas Leis. Em outros
termos, os direitos declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade
por meio de políticas públicas correspondentes, as quais, por sua vez,
operacionalizam-se mediante programas, projetos e serviços.

Quando a autora afirma que "os direitos declarados e garantidos nas leis só
têm aplicabilidade por meio de políticas públicas", na realidade ela está se
referindo aos direitos sociais. Se pensarmos na classificação dos direitos
fundamentais, os direitos de primeira geração se referem aos direitos de não
intervenção do Estado na vida privada, direitos como o de liberdade, livre
associação, livre manifestação do pensamento; os de segunda geração
envolvem os direitos sociais, como educação, saúde, assistência social; e os de
terceira são os direitos coletivos, como os ligados à proteção do meio-
ambiente, do patrimônio histórico, etc. Os direitos de primeira geração, em
que se prega a não-intervenção do Estado, não precisariam de políticas
públicas para serem concretizados. As políticas públicas tornam-se necessárias
com os direitos sociais, que exigem uma atuação positiva do Estado.

Porém, uma coisa que podemos considerar nessa questão é políticas públicas
não são apenas ações. Alguns autores consideram que política pública também
pode envolver a inação do Estado, a decisão de não fazer nada em relação a
algum assunto. Vamos rever o conceito de Dye de Política Pública:

O que o governo escolhe fazer ou não fazer.

Para Dye, as políticas públicas são ações do governo que irão produzir efeitos
na vida dos cidadãos, mas por tratar-se de um aspecto político, a decisão de
não planejar ou nada fazer em relação a um problema social também pode ser
considerado um componente de política pública. Em outras palavras, pode-se
definir a política pública como o posicionamento assumido pelo governo diante
de uma questão relevante para a sociedade, ainda que esse posicionamento
seja de omissão. Isso também esta na definição de Enrique Saravia:

Poderíamos dizer que a política pública é um sistema de decisões públicas


que visa a ações ou omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a
manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por

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meio da definição de objetivos e estratégias de atuação e da alocação dos


recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos.

Já Heidemann afirma que "a definição de política pública inclui ao mesmo


tempo dois elementos-chave, a saber: a ação e a intenção". Para o autor, pode
até haver uma política pública sem uma intenção manifestada formalmente,
mas não haverá de forma alguma uma política positiva se não houver ações
que materializem uma intenção ou propósito oficial eventualmente enunciado.
E completa: "portanto, não há política pública sem ação, ressalvando-se,
obviamente, as eventuais políticas deliberadamente omissivas prefiguradas por
Dye".

Gabarito: C.

38. (CESPE/TJ-AP/2007) Os direitos declarados e garantidos nas leis são


operacionalizados por políticas públicas, mediante programas, projetos e
serviços.

A questão é certa. Vimos que a função das políticas públicas é concretizar os


direitos previstos nas leis.
Gabarito: C.

39. (CESPE/CAIXA/2006) Não é constitucional a intervenção do Poder


Judiciário, com a finalidade de realização de controle jurisdicional, em tema
de implementação de políticas públicas, ainda que configurada hipótese de
abusividade governamental.

Vimos que as políticas públicas são instrumentos de concretização dos direitos


previstos e garantidos nas leis, ou seja, é somente com a existência de uma
política pública que as pessoas poderão exercer seus direitos sociais. Por isso,
é válida a intervenção do Poder Judiciário exigindo a implementação de
políticas públicas. O Judiciário não pode elaborar políticas públicas, mas pode
compelir o poder público a implementá-las, caso estejam previstas na
Constituição e nas leis. Em julgamento de 2005, o STF decidiu que o município
de Santo André (SP) deveria garantir a matrícula de um menino de quatro
anos na creche pública administrada pela prefeitura. O entendimento é o de
que é obrigação do município garantir o acesso à creche a crianças de até seis

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anos de idade, independentemente da oportunidade e conveniência do poder


público. Segundo Celso de Mello:
Quando a proposta da Constituição Federal impõe o implemento de políticas
públicas, e o poder público se mantém inerte e omisso, é legitimo sob a
perspectiva constitucional garantir o direito à educação e atendimento em
creches. O direito não pode se submeter a mero juízo de conveniência do
Poder Executivo.
Embora inquestionável que resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e
Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas, revela-
se possível, no entanto, ao Poder Judiciário, ainda que em bases
excepcionais, determinar, especialmente nas hipóteses de políticas públicas
definidas pela própria Constituição, que sejam estas implementadas,
sempre que os órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos
político-jurídicos que sobre eles incidem em caráter mandatório, vierem a
comprometer, com a sua omissão, a eficácia e a integridade de direitos
sociais e culturais impregnados de estatura constitucional.

A questão é errada. Se há um direito previsto na lei e é necessária uma política


pública para que ele seja exercido, é um dever do Estado implementar tal
política e cabe ao Judiciário exigir o cumprimento desta obrigação.

Gabarito: E.

40. (CESPE/SGA-AC/2006) Política pública é sinônimo de decisão política:


ambas envolvem a alocação imperativa de valores e recursos.

A questão é errada. É importante distinguir política pública de decisão política.


Segundo Maria das Graças Rua, uma política pública geralmente envolve mais
do que uma decisão e requer diversas ações estrategicamente selecionadas
para implementar as decisões tomadas. Já uma decisão política corresponde a
uma escolha dentre um leque de alternativas, conforme a hierarquia das
preferências dos atores envolvidos, expressando certa adequação entre os fins
pretendidos e os meios disponíveis.

Assim, embora uma política pública implique decisão política, nem toda decisão
política chega a constituir uma política pública. Um exemplo está na emenda
constitucional para reeleição presidencial. Trata-se de uma decisão, mas não
de uma política pública. Já a privatização de estatais ou a reforma agrária são
políticas públicas.

Gabarito: E.

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(FCC/SGP-SP/2009) Com relação às três dimensões clássicas da policy


analysis, considere:
41. A dimensão institucional da politics tem em vista os processos políticos
de caráter conflituoso, dizendo respeito à imposição de objetivos e decisões
que afetam a distribuição de poder numa comunidade.
42. Nos casos de políticas setoriais novas e fortemente conflituosas, como é
o caso da política ambiental, tende a inverter-se a relação de causalidade
esperada entre polity, politics e policy.
43. No caso de políticas setoriais consolidadas com estruturas de decisão
relativamente estáveis, espera-se que a policy seja a variável independente.
44. Quanto mais conflituosa a dimensão da politics, maior a autonomia da
policy community na definição dos rumos de determinada política pública.
45. A prática comum da policy analysis de considerar a polity como variável
independente e a policy como variável dependente tem-se mostrado
inadequada para os casos de países em desenvolvimento.

Essa questão foi tirada do texto "Políticas públicas: um debate conceitual e


reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil", de
Klaus Frey, disponível em:

http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/89/158

Segundo o texto:

Policy - politics - polity'

De acordo com os mencionados questionamentos da ciência política, a


literatura sobre "policy analysis" diferencia três dimensões da política. Para
a ilustração dessas dimensões tem-se adotado na ciência política o
emprego dos conceitos em inglês de "polity" para - denominar as
instituições políticas, "politics" para os processos políticos e, por fim,
"policy"para os conteúdos da política:

• a dimensão institucional "polity" se refere à ordem do sistema político,


delineada pelo sistema jurídico, e à estrutura institucional do sistema
político-administrativo;

• no quadro da dimensão processual "politics" tem-se em vista o processo


político, frequentemente de caráter conflituoso, no que diz respeito à

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imposição de objetivos, aos conteúdos e às decisões de distribuição


[41];

• a dimensão material "policy" refere-se aos conteúdos concretos, isto é, à


configuração dos programas políticos, aos problemas técnicos e ao
conteúdo material das decisões políticas.

Todavia, não se deve deixar de reparar que na realidade política essas


dimensões são entrelaçadas e se influenciam mutuamente. Segundo
Schubert, a ordem política concreta forma o quadro, dentro do qual se
efetiva a política material por meio de estratégias políticas de conflito e de
consenso.

Dessa maneira, a prática comum da "policy analysis" de distinguir entre


variáveis dependentes e independentes, tendo por finalidade a redução de
complexidade, pode-se mostrar embaraçosa e inadequada para boa parte
dos casos empíricos. Isto é particularmente óbvio nos casos de políticas
setoriais novas e fortemente conflituosas, como bem ilustra o caso da
política ambiental [42]. É inquestionável que o descobrimento" da proteção
ambiental como uma política setorial peculiar levou a transformações
significativas dos arranjos institucionais em todos os níveis de ação estatal.
Por outro lado, em consequência da tematização da questão ambiental,
novos atores políticos (associações ambientais, institutos de pesquisa
ambiental, repartições públicas encarregadas com a preservação
ambiental) entraram em cena, transformando e reestruturando o processo
político.

No caso de políticas setoriais, consolidadas com estruturas de decisão


relativamente estáveis pode até ser legítimo considerar o fator
instituições"como variável independente [43]. Mas se esse não for o caso,
ou seja, se os estudos empíricos preliminares mostram uma dinâmica
expressiva das estruturas institucionais, deve-se partir do pressuposto da
existência de uma dependência, pelo menos parcial, entre as políticas a
serem examinadas e a variável institucional.

A suposição de Lowi de que "policies" determine "politics" pode até ser


válida para um campo específico de política ou um "policy issue", sob
condições particulares, mas de forma alguma serve como lei global. O
exame da vida de certas políticas setoriais, sobretudo as de caráter mais
dinâmico e polêmico, não deixa dúvidas referentes à interdependência
entre os processos e os resultados das políticas. A evolução histórica da
política ambiental, por exemplo, mostra de forma nítida como ambas
dimensões têm se influenciado de forma recíproca e permanente. As

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constelações de atores, as condições de interesse em cada situação e as


orientações valorativas elementos que podem ser considerados
condicionantes do grau de conflito [44] reinante nos processos políticos -
sofreram modificações significativas à medida que se agravaram os
problemas ambientais e se consolidou esse novo campo da política. O
incremento da consciência ambiental"reforçou os conflitos entre os
interesses econômicos e ecológicos. Da mesma maneira como a dimensão
material dos problemas ambientais tem conduzido à cristalização de
constelações específicas de interesse, os programas ambientais concretos,
por sua vez elaborados por agentes planejadores, devem ser considerados
o resultado de um processo político, intermediado por estruturas
institucionais, que reflete constelações específicas de interesse. Um plano
de zoneamento ambiental que prevê a transformação de zonas industriais
ou rurais em zonas de proteção ambiental, sem dúvida alguma, provoca
resistência por parte dos interesses econômicos afetados, o que representa
uma modificação das condições de "politics". Eventualmente, tais interesses
econômicos conseguem exercer uma pressão bastante forte dentro do
sistema político-administrativo, de modo que essas novas condições de
"politics" podem levar à revisão do plano original.

Levando em conta a instabilidade e fluidez das estruturas institucionais e


dos padrões político-administrativos de países em desenvolvimento [45],
caracterizados por democracias do tipo delegativo, como é o caso do Brasil,
podemos concluir que nesses países, mais ainda do que em democracias
consolidadas, a "policy analysis" deve enfocar os fatores condicionantes das
políticas públicas - "polity" e "politics" dando ênfase na sua dimensão
processual, a fim de poder fazer justiça à realidade empírica bastante
complexa e em constante transformação.

As questões 41, 42 e 45 são certas, cópias do texto.

A questão 43 é errada porque são as instituições a variável independente.

A questão 44 é errada porque o conflito reduz a autonomia na formulação da


política, há mais pressões dos grupos de interesse.

Gabarito: C, C, E, E, C.

46. (CESPE/MDS/2006) Somente para fins analíticos é que se estabelecem


distinções entre o processo de formulação e as demais fases das políticas
públicas: a implementação e a avaliação.

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A questão é certa. As fases da política pública não são estanques, muito bem
delimitadas. Há uma grande confusão, elas se sobrepõem, ocorrem ao mesmo
tempo. Somente para estudá-las é que elas são separadas. Segundo Enrique
Saravia:

A divisão por etapas é mais uma esquematização teórica do que, de forma


habitualmente improvisada e desordenada, ocorre na prática. O processo
nem sempre observa a sequência sugerida, mas as etapas mencionadas e
suas fases constitutivas estão geralmente presentes.

Para o autor, "as modernas teorias do caos são as que mais se aproximam de
uma visualização adequada da dinâmica social". As diversas proposições da
Teoria do Caos têm em comum a recusa em aceitar que as relações de causa e
efeito sejam lineares: no mundo real, eventos simples podem levar a uma
profusão de efeitos. Afirmam, também, que no mundo real não existem
sistemas passíveis de serem isolados e, dessa forma, de serem objeto de
experimento puro ou de observação isenta. O universo é formado de coleções
de entidades individuais que se articulam e desarticulam formando sistemas
efêmeros. Afasta-se, assim, da crença de que o passado, o presente e o futuro
formam um continuum inteligível.

No processo de política pública, não está presente uma racionalidade


manifesta, não há uma ordenação tranquila na qual cada ator social conhece e
desempenha o papel esperado. Mesmo no presente estágio de evolução
tecnológica, não há nenhuma possibilidade de fazer com que os computadores
sequer consigam descrever os processos de política.

Essa questão fala em três fases, mas existem vários modelos diferentes, como
vamos ver na próxima questão.

Gabarito: C.

47. (ESAF/EPPGG/2009) Uma política pública é constituída por uma série de


etapas: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação e
seleção das opções, implementação e avaliação dos resultados.

Normalmente, consideram-se três etapas nas políticas públicas: formulação,


implementação e verificação dos resultados. No entanto, para Klaus Frey, "do
ponto de vista analítico, uma subdivisão um pouco mais sofisticada parece
pertinente. Proponho distinguir entre as seguintes fases: percepção e definição
de problemas, agenda-setting, elaboração de programas e decisão,

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implementação de políticas e, finalmente, a avaliação de políticas e a eventual


correção da ação".

Enrique Saravia afirma que é necessária certa especificação na América Latina.


Por isso ele distingue entre elaboração e formulação, em que a primeira é a
preparação da decisão política e a segunda é a própria decisão, formalizada em
uma norma jurídica. Além disso, deve-se separar a implementação
propriamente dita, que é a preparação para a execução, da execução, que é
pôr em prática a decisão política. Ainda antes de todas estas fases, ressaltada
a construção da agenda, que se refere ao processo de inclusão de determinada
necessidade sócia, determinada demanda, na lista de prioridades do poder
público.

A questão é certa, foi copiada de Celina Souza:

O ciclo da política pública é constituído dos seguintes estágios: definição de


agenda, identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção das
opções, implementação e avaliação.

A Tabela abaixo apresenta as fases segundo três autores:

Fases do Ciclo da Política Pública

Celina Souza Klaus Frey Enrique Saravia

Percepção e definição
de problemas
Definição da agenda Formação da agenda
Agenda-setting

Identificação de
alternativas
Elaboração de Elaboração
Avaliação das opções programas e decisão

Seleção das opções Formulação

Implementação
Implementação Implementação
Execução

Acompanhamento
Avaliação Avaliação
Avaliação

Gabarito: C.

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48. (CESPE/SGA-AC/2006) Todos os problemas sociais relevantes fazem


parte da agenda de políticas públicas.

Podemos dizer que a construção da agenda é a primeira fase das políticas


públicas, já que é neste momento que são definidos os problemas que serão
atacados por meio de uma política. Segundo Enrique Saravia:
Na sua acepção mais simples, a noção de "inclusão na agenda" designa o
estudo e explicitação do conjunto de processos que conduzem os fatos a
adquirir status de "problema público", transformando-o em objeto de
debates e controvérsias políticas na mídia.

Podemos dizer que a agenda refere-se ao conjunto de temas que são


debatidos com vistas à escolha dos problemas que serão atacados por meio de
políticas públicas. O estudo da agenda busca entender porque alguns temas
recebem mais atenção do que outros.

Segundo Kingdon:
A agenda é a lista de temas ou problemas que são alvo em dado momento
de séria atenção tanto da parte das autoridades governamentais como de
pessoas fora do governo, mas estreitamente associadas às autoridades.
Evidentemente essa lista varia de acordo com os diferentes setores do
governo.

A agenda abrange os temas considerados importantes pelas autoridades


governamentais. Nem todos os temas recebem a mesma atenção. A questão é
errada porque muitos problemas relevantes não fazem parte da agenda.
Porém, temos que tomar cuidado aqui com o uso do termo "problema". Essa
questão não abordou ele como é feito por muitos autores, e como está na
próxima questão.

Gabarito: E.

49. (ESAF/APO/2001) Uma demanda só passa a constituir um item da


agenda governamental quando se torna um problema político.

A questão é certa. Um ponto importante nesta definição de Enrique Saravia é


que na agenda os fatos adquirem o status de "problema público". Para que
determinado tema entre na agenda, ele deve ser considerado como um
problema. Maria das Graças Rua diferencia entre o momento pré-agenda,
quando determinado tema não recebe atenção, quando este tema permanece

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um "estado de coisas", e o momento da agenda, quando o tema se torna um


problema. Segundo a autora:

Uma dada situação pode perdurar durante muito tempo, incomodando


grupos e gerando insatisfações sem, entretanto, chegar a mobilizar as
autoridades governamentais. Neste caso, trata-se de um "estado de coisas"
- algo que incomoda, prejudica, gera insatisfação para muitos indivíduos,
mas não chega a constituir um item da agenda governamental, ou seja, não
se encontra entre as prioridades dos tomadores de decisão. Quando este
estado de coisas passa a preocupar as autoridades e se toma uma
prioridade na agenda governamental, então torna-se um "problema
político".

Portanto, na formação da agenda, é importantíssima a diferenciação entre o


que seja uma situação e aquilo que é um problema. Para Kingdon:
Existe uma diferença entre uma situação e um problema. Toleramos vários
tipos de situações todos os dias, e essas situações não ocupam lugares
prioritários em agendas políticas. ^s situações passam a ser definidas como
problemas e aumentam suas chances de se tornarem prioridade na agenda
quando acreditamos que devemos fazer algo para mudá-las.

Para Klauss Frey, nessa fase anterior à agenda, de percepção e definição de


problemas, o que interessa ao analista de políticas públicas é a questão como
em um número infinito de possíveis campos de ação política, alguns "policy
issues" vêm se mostrando apropriados para um tratamento político e
consequentemente acabam gerando um policy cycle. Um fato pode ser
percebido, pela primeira vez, como um problema político por grupos sociais
isolados, mas também por políticos, grupos de políticos ou pela administração
pública. Para o autor, frequentemente, são a mídia e outras formas da
comunicação política e social que contribuem para que seja atribuída
relevância política a um problema peculiar. Os problemas do ponto de vista
analítico só se transformariam em problemas de "policy" a partir do momento
em que adquirissem relevância de ação do ponto de vista político e
administrativo.

Somente a convicção de que um problema social precisa ser dominado


política e administrativamente o transforma em um problema de'"policy".

Gabarito: C.

(ESAF/CGU/2008) De acordo com a literatura em políticas públicas, agenda


governamental consiste em um conjunto de temas que, em dado momento,
são alvo de séria atenção tanto por parte das autoridades governamentais

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como de atores fora do governo, mas estreitamente associadas às


autoridades. Sobre a formação ou construção da agenda de políticas
públicas, pode-se afirmar que:
50. Consiste em um processo de identificação e reconhecimento de
problemas, o que a distingue da formulação, que consiste na especificação
das alternativas de ação governamental.
51. Consiste em uma lista de temas que são objeto das preocupações de
todos os agentes governamentais, independentemente dos diferentes níveis
e setores de governo.
52. Depende de uma diferenciação entre o que é uma situação e o que é
um problema, com base em valores, na análise de dados empíricos, em
pressões políticas, em eventos críticos e até no fluxo da política.
53. Não envolve a exclusão de problemas, que é naturalmente causada pela
mudança da realidade ou do foco de atenção das autoridades, pela
banalização das situações ou pela dinâmica dos ciclos sociais.
54. É determinada pelos meios mediante os quais as autoridades tomam
conhecimento das situações, como, por exemplo, os indicadores, os
eventos-foco, críticas severas do Congresso ou da mídia.

Segundo Kingdon, é preciso separar a discussão dos temas da agenda da


discussão das alternativas. Por isso ele prefere diferenciar estes dois processos
e afirma que a formulação de políticas públicas é um processo que envolve:
1. O estabelecimento de uma agenda;
2. A especificação das alternativas a partir das quais as escolhas são
feitas;
3. Uma escolha final entre estas alternativas específicas;
4. A implementação desta decisão.

Portanto, nem a agenda nem a formulação fariam a especificação das


alternativas de ação governamental. A formulação faz a escolha de uma das
alternativas. A questão 50 é errada.

Ainda segundo Kingdon:

A agenda é a lista de temas ou problemas que são alvo em dado momento


de séria atenção tanto da parte das autoridades governamentais como de
pessoas fora do governo mas estreitamente associadas às autoridades.
Evidentemente essa lista varia de acordo com os diferentes setores do
governo. O presidente e seus assessores mais próximos, por exemplo, têm
nas suas agendas os itens "mais importantes", ou seja, questões como

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crises internacionais, iniciativas legislativas de grande porte, a economia, e


as grandes decisões orçamentárias. Há também agendas mais
especializadas, como as das autoridades na área de saúde ou transportes.

Portanto, a lista de temas não é a mesma nos diversos setores de governo. A


questão 51 é errada.

Mais uma vez, segundo Kingdon:


Existe uma diferença entre uma situação e um problema. Toleramos vários
tipos de situações todos os dias, e essas situações não ocupam lugares
prioritários em agendas políticas. As situações passam a ser definidas como
problemas e aumentam suas chances de se tornarem prioridade na agenda
quando acreditamos que devemos fazer algo para mudá-las.

Portanto, a questão 52 é certa, já que é importante para a definição da agenda


a diferenciação entre o que é uma situação e o que é um problema. A questão
53 é errada porque os problemas não só entram na agenda como também
saem dela. Os governos possuem limitações orçamentárias, técnicas, de
recursos humanos, que obrigam que sejam eleitas algumas prioridades. Como
não dá para fazer tudo, alguns temas também deixam de ser importantes.

Kingdon se faz a seguinte pergunta: "Porque alguns problemas recebem mais


atenção do que outros por parte das autoridades governamentais?". E ele
mesmo responde:

A resposta está tanto nos meios pelos quais esses autores tomam
conhecimento das situações, quanto nas formas pelas quais estas situações
foram definidas como problemas.

Portanto, não seria só pelos meios, mas também pelas formas. Mesmo assim,
é muito dizer a agenda é determinada por isso. Além do reconhecimento de
problemas, temos o fluxo dos problemas e das alternativas. A questão 54 é
errada.

Gabarito: E, E, C, E, E.

(CONSULPLAN/ITABAIANA/2010) Julgue os itens abaixo:


55. Podemos considerar que grande parte da atividade política dos
governos se destina à tentativa de satisfazer as demandas que lhe são
dirigidas pelos atores sociais ou aquelas formuladas pelos próprios agentes
do sistema político, ao mesmo tempo que articulam os apoios necessários.
56. As demandas novas são aquelas que resultam do surgimento de novos
atores políticos ou de novos problemas.

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57. As demandas reprimidas são aquelas em que os políticos não vão


atender aos atores sociais, não reconhecendo sua necessidade.
58. As demandas recorrentes são aquelas que expressam problemas não
resolvidos ou mal resolvidos, que constam da agenda governamental.

A questão 55 é certa. Vimos que Maria das Graças Rua fala em inputs e
withinputs:

As políticas públicas envolvem, portanto, atividade política. Para usar a


linguagem de Easton, resultam do processamento, pelo sistema político,
dos inputs originários do meio ambiente e, frequentemente, de withinputs
(demandas originadas no interior do próprio sistema político).

A questão 56 é certa. Segundo a autora:

Demandas novas resultam do surgimento de novos atores políticos ou de


novos problemas.

A questão 57 é certa. Segundo a autora:

Demandas reprimidas: são aquelas constituídas por "estados de coisas" ou


por não decisões.

A questão 58 é certa. Segundo a autora:


Demandas recorrentes expressam problemas não resolvidos ou mal
resolvidos, e que estão sempre voltando a aparecer no debate político e na
agenda governamental.

Gabarito: C, C, C, C.

59. (ESAF/MP0G/2008) Embora grande parte das análises de políticas


públicas se concentre nos aspectos relativos à formulação, a literatura vem
enfatizando, cada vez mais, a importância dos estudos da formação da
agenda governamental. Em resposta à indagação sobre como as agendas
governamentais são estabelecidas, um modelo largamente conhecido
apresenta três explicações: problemas, política e participantes visíveis. Esse
modelo é conhecido como Modelo de Múltiplos Fluxos.

A questão é certa. Segundo Kingdon, a Teoria dos Fluxos Múltiplos defende


que existem três dinâmicas de processos que fazem com que alguns temas
sejam priorizados enquanto outros são negligenciados: a dos problemas, a da
política e a das políticas públicas.

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À pergunta de como os governos definem suas agendas, são dados três tipos
de respostas:

• Fluxo dos problemas: a primeira focaliza os problemas, isto é,


problemas entram na agenda quando assumimos que devemos fazer
algo sobre eles. O reconhecimento e a definição dos problemas afeta os
resultados da agenda.

• Fluxo das alternativas: a segunda tem como foco as alternativas. A


definição das soluções para um determinado problema também
influencia na atenção que determinado tema vai receber. Uma vez que
existe uma solução para o problema, é mais fácil para ele ganhar espaço
na agenda.

• Fluxo da política: a terceira resposta focaliza a política propriamente


dita, ou seja, como se constrói a consciência coletiva sobre a
necessidade de se enfrentar um dado problema. Essa construção se daria
via processo eleitoral, via mudanças nos partidos que governam ou via
mudanças nas ideologias (ou na forma de ver o mundo), aliados à força
ou à fraqueza dos grupos de interesse.

As pessoas reconhecem os problemas, geram propostas de mudanças por meio


de políticas públicas e se envolvem em atividades políticas, tais como
campanhas eleitorais ou lobbies.

Quando estes três fluxos convergem, ou seja, quando as pessoas reconhecem


como um problema, há uma alternativa de solução e os políticos dão
importância, cria-se uma janela de oportunidade (policy window) para que o
tema vá direto para a agenda de decisão, ou seja, aquela em que ele irá virar
efetivamente uma política pública.

Gabarito: C.

(ESAF/CGU/2008) Sobre os atores envolvidos nas políticas públicas, assinale


o único enunciado incorreto.
60. Atores são exclusivamente aqueles que têm algum tipo de interesse em
jogo em uma política pública e variam conforme a sua inserção institucional,
os seus recursos de poder e suas expectativas quanto aos efeitos das
decisões sobre tais interesses.
61. Os atores visíveis definem a agenda de políticas enquanto os atores
invisíveis têm maior poder de influência na escolha das alternativas de
resolução dos problemas.

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62. São atores invisíveis aqueles que, embora atuem fora do centro das
atenções da sociedade, são dotados de elevado poder de influenciar as
políticas públicas devido à sua posição econômica, como financistas,
banqueiros, empreiteiros.
63. Também são atores invisíveis as comunidades de especialistas que
agem de forma relativamente coordenada: acadêmicos, consultores,
assessores e funcionários legislativos, burocratas de carreira e analistas
ligados a grupos de interesses.
64. Os empresários políticos são atores de origem diversa, dispostos a
investir recursos para promover políticas que possam lhes favorecer, por
exemplo: políticos eleitos ou sem mandato, burocratas de carreira, lobistas,
jornalistas, acadêmicos.

Na Teoria dos Fluxos Múltiplos podemos diferenciar duas categorias de atores


nas políticas públicas: os visíveis e os invisíveis. A diferença entre eles é que
os visíveis definem a agenda e os invisíveis formulam as alternativas. A
questão 60 é certa.

A questão 61 é certa. Ator é alguém que tem interesse na política. Se uma


pessoa não tem nenhum interesse em jogo, não é um ator.

O critério de classificação dos atores em visíveis e invisíveis é a atuação deles


na formação da agenda ou das alternativas, apenas este. A questão 62 é
errada porque os exemplos citados na questão são de atores visíveis, pois eles
atuam na política, na formação da agenda, e mesmo nos bastidores, são
considerados visíveis.

Portanto, são exemplos de atores visíveis políticos, mídia, partidos, grupos de


pressão, etc. Já os atores invisíveis compreendem acadêmicos, consultores,
assessores e funcionários legislativos, burocratas de carreira e analistas
ligados a grupos de interesses. Os atores visíveis atuam principalmente no
fluxo da política, enquanto que os atores invisíveis atuam prioritariamente no
fluxo das alternativas.

A questão 63 é certa. As comunidades de especialistas que trabalham as


alternativas são atores invisíveis.

A questão 64 é certa. Os empresários políticos, ou empreendedores da política,


são aqueles que investem recursos, tempo, em busca de direcionar as políticas
para seus interesses.

Gabarito: C, C, E, C, C.

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65. (CESPE/TCE-AC/2009) Pode-se considerar que as políticas públicas são


o conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de
poder e se destinam à solução pacífica dos conflitos quanto a bens e
recursos públicos.

Essa questão também foi tirada da Maria das Graças Rua, que afirma que:
Cabe indagar, então, o que é a política. Uma definição bastante simples é
oferecida por Schmitter: política é a resolução pacífica de conflitos.
Entretanto, este conceito é demasiado amplo, restringe pouco. E' possível
delimitar um pouco mais e estabelecer que a política consiste no conjunto
de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e
que se destinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos.

Portanto, a questão é errada porque traz a definição de política, e não de


política pública.

Gabarito: E.

66. (CESPE/TCE-AC/2009) A secretaria executiva de educação de


determinado município idealizou um programa inédito de democratização da
gestão escolar. Organizada em gerências, a secretaria assumiu a
responsabilidade pela implantação e condução dos projetos e programas de
democratização da gestão escolar. Ressalta-se que as propostas não tiveram
suporte de pesquisas ou percepções da sociedade, ou grupos específicos
desta. Assinale a opção que identifica o modelo gerencial adotado na
situação hipotética acima.
(A) Modelo institucional: as instituições governamentais são os responsáveis
oficiais pelo estabelecimento, pela implantação e pela gestão de políticas.
(B) Modelo de processo: tal perspectiva interpreta o policy process como
uma série de atividades políticas, de identificação de problemas e
formulação, legitimação, implementação e avaliação de políticas.
(C) Modelo de elite: as políticas públicas fluem de cima para baixo, refletindo
em maior intensidade as preferências e os valores das elites.
(D) Modelo incremental: vê a política pública como uma continuação das
atividades do governo anterior com apenas algumas modificações
incrementais.

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(E) Modelo sistêmico: encara as políticas públicas como respostas de um


sistema político para as forças e vozes oriundas de um sistema social.

Segundo Dye, existem diferentes modelos de análise de políticas públicas:

• Institucionalismo: as atividades políticas geralmente giram em torno


de instituições governamentais específicas, como o Congresso, a
Presidência, os Tribunais, etc. Essas instituições oficialmente
estabelecem, implementam e fazem cumprir as políticas públicas. A
relação entre instituições governamentais e políticas públicas é muito
íntima. Uma política não se transforma em uma política pública antes
que seja adotada, implementada e feita cumprir por alguma instituição
governamental. Segundo Dye, as instituições governamentais dão às
políticas públicas três características: legitimidade, universalidade e
coerção.

• Modelo de Processo: a política pública é vista como atividade política.


Recentemente, alguns cientistas políticos tentaram agrupar várias
atividades com base em sua relação com as políticas públicas. O
resultado é um conjunto de processos político-administrativos que
formam o "ciclo da política". Argumenta-se que os cientistas políticos
devem, em seus estudos sobre políticas públicas, se ater a esses
processos e evitar análises sobre a substância das políticas. Eles
estudariam como as decisões são tomadas e até mesmo como deveriam
ser tomadas; porém, não comentariam o conteúdo das políticas - quem
ganha o que e por quê.

• Teoria dos Grupos: vê a interação entre os grupos como o fato mais


importante da política. Os indivíduos, com interesses comuns, unem-se,
formal ou informalmente, para apresentar suas demandas ao governo. A
política é, na verdade, a luta entre os grupos para influenciar as políticas
públicas.

• Teoria da Elite: sugere que o povo é apático e mal informado quanto às


políticas e que a elite molda, na verdade, a opinião das massas sobre
questões políticas mais do que as massas formam a opinião das elites.
Assim, as políticas públicas traduzem as preferências das elites.

• Racionalismo: a política é vista como o máximo ganho social, isto é,


governos devem optar por políticas cujos ganhos sociais superem os
custos pelo maior valor, ou seja, a alternativa que seja a mais eficiente.
Os custos não podem superar os benefícios.

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• Incrementalismo: vê a política pública como uma continuação das


atividades de governos anteriores com apenas algumas modificações
incrementais. Critica o modelo racional, afirmando que há diversas
limitações à racionalidade humana e que as decisões não podem ser
radicais a ponto de contrariar muitos interesses já estabelecidos.

• Teoria dos Jogos: é o estudo das decisões racionais em situações em


que dois ou mais participantes têm opções a fazer e o resultado depende
das escolhas que cada um faça. Nas políticas públicas, aplica-se quando
não podemos falar em uma escolha que seja melhor que as outras de
forma independente. Os melhores resultados dependem do que os outros
atores irão fazer.

• Teoria da Escolha Pública: imaginava-se antes que as decisões


relativas a bens públicos fossem tomadas considerando o interesse
público. A TEP afirma que a racionalidade é a mesma das decisões
privadas: busca-se maximizar o próprio interesse. A TEP contesta esta
noção de que as pessoas agiriam de forma diferente na política e no
mercado. Todos os atores - sejam políticos, burocratas, contribuintes,
partidos, grupos de interesse - procuram tornar máximos seus benefícios
pessoais, seja na economia, seja na política.

• Teoria Sistêmica: a política pública é vista como o produto de um


sistema, como a resposta de um sistema político às forças que o afetam
a partir do meio ambiente. As forças geradas no meio ambiente e que
afetam o sistema político são conhecidas como inputs, ou "entradas". O
meio ambiente é qualquer condição ou circunstância definida como
externa às fronteiras do sistema político. O sistema político é o conjunto
de estruturas e processos inter-relacionados, que exerce as funções
oficiais de alocar valores para a sociedade. Os outputs, ou saídas, do
sistema político são as alocações oficiais de valores do sistema; essas
alocações, por sua vez, constituem as políticas públicas.

Pelo enunciado, percebemos a importância da instituição Secretaria Executiva.


Vimos que o modelo institucional é aquele em que as atividades políticas
geralmente giram em torno de instituições governamentais específicas, como o
Congresso, a Presidência, os Tribunais, etc. Essas instituições oficialmente
estabelecem, implementam e fazem cumprir as políticas públicas. A letra "A" é
a resposta da questão.

Gabarito: A.

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(CESPE/TCE-AC/2009) Com relação às políticas públicas, seu processo de


formulação e seu desenvolvimento, julgue os itens abaixo.
67. As políticas públicas, no processo de construção do Estado moderno,
são instrumentos de materialização da intervenção da sociedade no Estado,
expressando as dimensões de poder, estabelecendo os limites, o conteúdo e
os mecanismos dessa intervenção.
68. A produção de políticas públicas é resultado de um processo decisório
baseado nas relações de poder e na alocação imperativa de valores, a
princípio, para benefício da sociedade.
69. Pode-se considerar que as políticas públicas são o conjunto de
procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e se
destinam à solução pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos públicos.
70. A construção das políticas públicas tem como alicerces o regime político
nacional, a política estatal e a realidade nacional, com suas necessidades
sociais, em uma dimensão interna do Estado.
71. A política pública, sob a égide do modelo institucional, tem como
pressuposto basilar a compreensão de que a interação entre os grupos é o
aspecto mais importante da política.

A questão 67 é errada porque as políticas públicas são um instrumento de


intervenção do Estado na sociedade, e não o contrário.

A questão 68 é certa. Vimos que Maria das Graças Rua define políticas públicas
como "outputs, resultantes das atividades política (politics): compreendem o
conjunto das decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores".

A questão 69 é errada. Ela também foi tirada da Maria das graças Rua (o texto
está na leitura sugerida), que afirma que:

Cabe indagar, então, o que é a política. Uma definição bastante simples é


oferecida por Schmitter: política é a resolução pacífica de conflitos.
Entretanto, este conceito é demasiado amplo, restringe pouco. E' possível
delimitar um pouco mais e estabelecer que a política consiste no conjunto
de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e
que se destinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos.

Portanto, a alternativa é errada porque traz a definição de política, e não de


política pública.

A questão 70 é errada porque não é dimensão INTERNA do Estado, mas sim a


sua atuação junto à sociedade.

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A questão 71 é errada. Segundo os modelos de Dye, a descrição é da Teoria


dos Grupos. Já o modelo institucional entende que as atividades políticas
geralmente giram em torno de instituições governamentais específicas, como o
Congresso, a Presidência, os Tribunais, etc. Essas instituições oficialmente
estabelecem, implementam e fazem cumprir as políticas públicas

Gabarito: E, C, E, E, E.

(ESAF/MPOG/2002) O estudo das políticas públicas mostra que é possível


haver diferentes arenas decisórias, caracterizando distintas modalidades de
policies. Julgue os itens abaixo.
72. As políticas redistributivas acirram os conflitos, caracterizando-se como
jogos de soma-zero, nos quais o benefício de um grupo ou coletividade só
pode ocorrer a partir do prejuízo dos interesses do grupo oposto.
73. O mais intenso nível de conflito de interesses ocorre nas arenas
distributivas, já que, cada vez mais os governos sofrem com a escassez de
recursos.
74. As políticas redistributivas sempre contam com elevado grau de
legitimidade social, já que expressam a disposição da classe política para
superar as desigualdades sociais.
75. As políticas regulatórias têm por finalidade assegurar a proteção dos
cidadãos contra o poder dos monopólios privados.
76. As políticas distributivas são aquelas que mais contribuem para o
avanço da democracia, já que permitem, aos representantes políticos,
alianças, composições e barganhas com elevado grau de legitimidade e
transparência.

A tipologia das arenas políticas públicas mais conhecida foi desenvolvida por
Theodor Lowi. Essa classificação foi elaborada através de uma máxima: a
política pública faz a política. Ela significa que cada tipo de política pública vai
encontrar diferentes formas de apoio e de rejeição e que disputas em torno de
sua decisão passam por arenas diferenciadas. Klaus Frey conceitua os quatro
tipos da seguinte forma:

1. Políticas distributivas são caracterizadas por um baixo grau de conflito


dos processos políticos, visto que políticas de caráter distributivo só
parecem distribuir vantagens e não acarretam custos - pelo menos
diretamente percebíveis - para outros grupos. Essas "policy arenas" são

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caracterizadas por consenso e indiferença amigável. Em geral, políticas


distributivas beneficiam um grande número de destinatários, todavia em
escala relativamente pequena; potenciais opositores costumam ser
incluídos na distribuição de serviços e benefícios.

2. Políticas redistributivas, ao contrário, são orientadas para o conflito.


O objetivo é o desvio e o deslocamento consciente de recursos
financeiros, direitos ou outros valores entre camadas sociais e grupos da
sociedade. O processo político que visa a uma redistribuição costuma ser
polarizado e repleto de conflitos.

3. Políticas regulatórias trabalham com ordens e proibições, decretos e


portarias. Os efeitos referentes aos custos e benefícios não são
determináveis de antemão; dependem da configuração concreta das
políticas. Custos e benefícios podem ser distribuídos de forma igual e
equilibrada entre os grupos e setores da sociedade, do mesmo modo
como as políticas também podem atender a interesses particulares e
restritos. Os processos de conflito, de consenso e de coalizão podem se
modificar conforme a configuração específica das políticas.

4. Políticas constitutivas ou políticas estruturadoras - Beck fala de


"políticas modificadoras de regras" - determinam as regras do jogo e
com isso a estrutura dos processos e conflitos políticos, isto é, as
condições gerais sob as quais vêm sendo negociadas as políticas
distributivas, redistributivas e regulatórias.

A questão 72 é certa porque as políticas redistributivas tiram de uns para dar


aos outros, ou seja, é de soma zero porque alguns perdem enquanto outros
ganhos, e por isso acirram o conflito.

A questão 73 é errada porque o conflito surge nas redistributivas e não nas


distributivas. Estas são caracterizadas por um baixo grau de conflito já que
ninguém sai perdendo e muitos saem ganhando.

A questão 74 é errada porque as políticas redistributivas não possuem tanta


legitimidade assim, pois, como vimos, acirram o conflito, geram insatisfação
em determinadas classes que saem perdendo.

A questão 75 é errada porque esta não é a finalidade das políticas regulatórias.


As regulações são prescrições do governo que precisam ser cumpridas,
envolvendo penalidades caso não sejam.

A questão 76 é errada porque as políticas distributivas não são tão boas assim
para a democracia. Nas políticas distributivas, é marcante a presença do

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consenso e da indiferença amigável. O relacionamento dos atores assemelha-


se ao de "não-interferência mútua", segundo o qual é adequado que cada um
procure benefícios ou favorecimento para si próprio, mas é inadequado e
injusto opor-se aos favorecimentos ou benefícios buscados por outros.

Gabarito: C, E, E, E, E.

(CESPE/SGA-AC/2006) Considerando os diferentes modelos de análise de


políticas públicas, julgue os itens a seguir.
77. O chamado modelo de escolha racional (ou modelo racional-
compreensivo) preconiza uma análise detalhada e abrangente das
alternativas de política pública, garantindo mais agilidade e eficácia ao
processo decisório, sem desconsiderar potenciais conflitos de interesse e
poder entre os atores.
78. O modelo incremental reconhece os limites da racionalidade técnica e
busca adotar alternativas de modo gradual, assegurando acordos entre os
interesses envolvidos.
79. Uma das críticas ao modelo incremental diz respeito a seu viés
conservador, que tende a dificultar a adoção de políticas inovadoras.
80. Os modelos racional e incremental podem ser combinados num modelo
misto, que diferencia dois processos decisórios: um relativo a questões
estruturantes e outro relativo a questões de caráter ordinário.

Segundo Maria das Graças Rua, quando um problema torna-se prioridade na


agenda governamental, inicia-se o processo de formulação de alternativas.
Existiriam diferentes formas de "pensar" a solução para as demandas da
sociedade. A autora fala nos modelos incremental, racional e mixed-scanning.

O racionalismo defende que as decisões tomadas devem ser aquelas que


escolham os meios mais adequados para se alcançar determinado objetivo,
que apresente a melhor relação custo-benefício, ou seja, a alternativa mais
eficiente.

Aqui já podemos observar um dos pressupostos do modelo racional: Os


objetivos e valores estão estabelecidos e são conhecidos. Isso significa que,
quando o agente irá tomar a decisão, ele já tem em mente de forma clara
quais são objetivos que deve alcançar.

De olho nestes objetivos, ele irá escolher as ações que melhor atinjam o
resultado pretendido. Assim, outro pressuposto do modelo é que: existe um

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leque de possíveis alternativas de ação e o agente tem um conhecimento


perfeito das consequências de cada alternativa. Ele sabe exatamente o que irá
acontecer se escolher o caminho A ou B. Com base nesse conhecimento, ele
poderá determinar as alternativas mais atrativas por meio de avaliações e
comparações; e poderá selecionar a melhor alternativa dentro do conjunto
proposto.

Dentre outras coisas, o modelo racional exige do decisor um controle absoluto


do ambiente de decisão, um sistema de preferências que se caracterize pela
estabilidade e uma habilidade enorme para a realização dos cálculos
necessários.

Esse modelo é chamado de racional-compreensivo. Compreensivo, segundo o


dicionário Houaiss, significa "pleno de entendimento ou consciência", é aquele
que compreende, que entende. É racional porque usa a razão. A escolha da
alternativa é feita com base em critérios impessoais, parte-se do princípio de
que é possível conhecer o problema de tal forma que se possa tomar decisões
de grande impacto. Os decisores estabelecem quais os valores a serem
maximizados e quais as alternativas que melhor poderão maximizá-los. A
seleção da alternativa a ser adotada é feita a partir de uma análise abrangente
e detalhada de cada alternativa e suas consequências. A decisão é mais lenta,
uma vez que precisa de um levantamento de todas as informações disponíveis
sobre o assunto, o estudo de todas as possibilidades técnicas e políticas para
solucionar o problema.

A questão 77 é errada. Como o modelo racional faz uma análise detalhada e


abrangente, não é mais ágil, pelo contrário, é mais lento. Além disso, ele
desconsidera potenciais conflitos de interesse, já que quer tomar a decisão
mais racional, sem se preocupar com os atores e seus interesses.

A visão da política pública como um processo incremental foi desenvolvida


por Lindblom, num artigo de 1959 denominado "Muddling Through: a ciência
do incrementalismo". O autor questiona o racionalismo, afirmando que se trata
de um modelo idealista, mas que é impossível de ser aplicado na prática.

Baseado em pesquisas empíricas, o autor argumenta que os recursos


governamentais para um programa, órgão ou uma dada política pública não
partem do zero e sim, de decisões marginais e incrementais que
desconsideram mudanças políticas ou mudanças substantivas nos programas
públicos. Assim, as decisões dos governos seriam apenas incrementais e pouco
substantivas.

Lindblom também denomina o modelo incrementalista de método das


sucessivas comparações limitadas. Segundo o autor, as comparações,

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juntamente com a escolha da política, procedem em sequência cronológica.


Não se decide uma política de uma vez por todas. Ela é formulada e
reformulada indefinidamente. Formular políticas é um processo de sucessiva
aproximação a alguns objetivos desejados, em que o próprio objeto desejado
continua a mudar sempre que é reconsiderado.

Segundo Maria das Graças Rua:


O modelo incremental significa tentar solucionar problemas de forma
gradual, sem provocar rupturas nem grandes modificações. Este modelo
parte do pressuposto de que: a) a decisão envolve relações de poder; não é
apenas uma questão técnica; b) os governos democráticos não possuem
liberdade total para a alocação dos recursos públicos.

A questão 78 é certa. O modelo incremental critica o racional por não levar em


consideração os interesses e também porque nunca é possível ter todas as
informações necessárias para tomar a decisão mais racional.

A questão 79 é certa. O incrementalismo foi criticado por alguns autores,


afirmando que se trata de um método extremamente conservador. Yehezkel
Dror questionou o método no artigo "Muddling through: sciense or inertia?".
Lindblom rebateu as críticas de conservadorismo afirmando que no longo prazo
seriam possíveis mudanças significativas. Apesar de pequenos, os passos
seriam frequentes e possíveis. No entanto, para Etzioni:

Se bem que o acúmulo de pequenos passos possa levar a uma mudança


significativa, nada há nessa abordagem que oriente a acumulação; os
passos podem ser circulares - levando de volta ao ponto de partida ou à
dispersão -, transportando simultaneamente a muitas direções, mas
conduzindo a lugar nenhum. Boulding comenta que, de acordo com esta
abordagem, "cambaleamos pela história como bêbados que andam com um
pé incremental desarticulado atrás do outro".

Dentro do método dialético, da filosofia grega, temos a Tese, a Antítese e a


Síntese. A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada. A antítese é
uma oposição à tese. Do conflito entre tese e antítese surge a síntese. O
mesmo ocorre em quase tudo. Aqui no nosso estudo, o racionalismo é a tese,
o incrementalismo a antítese e o modelo mixed-scanning a síntese.

Ambos os modelos de tomada de decisão acima apresentam problemas. Entre


outros, o modelo incremental mostra-se pouco compatível com as
necessidades de mudança e pode apresentar um viés conservador. Já o
modelo racional-compreensivo parte de um pressuposto ingênuo de que a
informação é perfeita e não considera adequadamente o peso das relações de
poder na tomada de decisões.

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Assim, buscando solucionar essas dificuldades e outras, elaboraram-se


propostas de composição das duas abordagens. Entre elas destaca-se a
concepção defendida por Etzioni, do mixed-scanning, chamado também de
rastreio combinado ou sondagem mista. Segundo o autor, esta terceira
abordagem não é tão utópica em suas suposições quanto o modelo racional
nem é tão conservadora quanto o incremental.

Etzioni distingue entre decisões ordinárias ou incrementais; e decisões


fundamentais ou estruturantes. As decisões estruturantes são aquelas que
estabelecem os rumos básicos das políticas públicas em geral e proporcionam
o contexto para as decisões incrementais. Para as decisões estruturantes seria
usado o modelo racional; para as ordinárias o incremental.

A questão 80 é certa. O modelo mixed-scanning junta o racional e o


incremental, diferenciando dois tipos de decisões: para as estruturantes, usa o
racional; para as ordinárias, usa o incremental.

Gabarito: E, C, C, C.

81. (ESAF/MP0G/2002) Indique qual dos itens abaixo não é considerado


característico do processo de decisão incremental em políticas públicas.
a) Busca de composição de interesses e utilização das informações
disponíveis, ainda que incompletas.
b) Mudanças graduais ao longo do tempo.
c) Inexistência de análise exaustiva das possibilidades de políticas
existentes.
d) Pressão dos usuários, funcionários e beneficiários de um programa ou
política pública, visando a sua continuação.
e) Possibilidade de reverter às condições anteriores a implementação do
programa ou política pública.

A letra "A" é certa porque o incrementalismo leva em consideração os


interesses dos atores e sabe que não poderá ter em mãos todas as
informações necessárias para a escolha mais racional.

A letra "B" é certa, já que o incrementalismo prega o gradualismo, e não


mudanças radicais. O problema é que ele acaba sendo muito conservador.

A letra "C" é certa porque a análise exaustiva é feita pelo modelo racional, e
não pelo incremental.

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A letra " D " é certa porque um programa sempre terá interessados em sua
manutenção, já que há beneficiados por este programa. Por isso os interesses
dos atores devem ser levados em consideração para que não haja muitas
oposições.

A letra " E " é errada já que com mudanças graduais dificilmente será possível
reverter as condições anteriores ao programa, o objetivo é sempre alterar aos
poucos.

Gabarito: E.

82. (ESAF/MPOG/2008) A tomada de decisão representa um dos passos


centrais do processo das políticas públicas. O modelo de exploração mista ou
exploração combinada, ou ainda, mixed-scanning caracteriza-se por:
a) estabelecer objetivos finais amplos e avaliar exaustivamente as
alternativas de maneira a selecionar objetivamente aquela mais capaz de
conduzir aos resultados pretendidos.
b) distinguir decisões estruturantes e ordinárias, baseando as decisões sobre
as primeiras no exame das principais alternativas em função da concepção
das metas, sem descer a detalhes que prejudicam a visão de conjunto.
c) basear-se na convicção de que o conhecimento da realidade é sempre
limitado e nem sempre uma alternativa tecnicamente recomendável
conquista o apoio dos atores políticos.
d) levantar informações exaustivas sobre cada uma das alternativas
possivelmente cabíveis e combiná-las de maneira a atender às preferências
hierarquizadas que expressam os valores em jogo.
e) avaliar as alternativas à luz das relações de poder e dos compromissos
institucionais prévios que condicionam e limitam a alocação de recursos
pelos tomadores de decisão.

A letra "A" é errada porque é o modelo racional que avalia exaustivamente as


alternativas.

A letra "B" é certa porque o mixed-scanninng diferencia decisões estruturantes


e ordinárias. Para as estruturantes utiliza-se o modelo racional, mas sem fazer
uma análise tão detalhada.

A letra " C " é errada porque traz a descrição do modelo incremental.

A letra " D " é errada. Ela traz a descrição do modelo racional.

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A letra " E " é errada porque traz a descrição do modelo incremental.

Gabarito: B.

(CESPE/SEC0NT/2009) Julgue os próximos itens, acerca do processo de


formulação e desenvolvimento de políticas públicas.
83. Ao se elaborar um método para formulação de políticas públicas,
constrói-se uma agenda.
84. A utilização do modelo incremental para formulação de políticas públicas
parte do pressuposto de que não se deve buscar a informação completa para
enfrentar a situação, conformando-se em melhorar um pouco o que já
existe.

A questão 83 é errada porque a formação da agenda é diferente da formulação


de políticas públicas. A primeira se refere à definição dos temas que serão alvo
de políticas públicas, a segunda envolve as decisões acerca das alternativas de
solução que serão usadas na política.

A questão 84 é certa, o modelo incremental defende mudanças pequenas.

Gabarito: E, C.

85. (ESAF/MP0G/2002) O modelo racional-compreensivo de tomada de


decisões tem, entre vários outros, o seguinte pressuposto:
a) Existência de informações e livre acesso a elas, bem como análise de
todas as possibilidades de ação nos seus aspectos positivos e negativos.
b) Análise dos aspectos culturais e de personalidade do decisor,
individualmente ou enquanto grupo.
c) Proposta de consecução simultânea de diversas linhas de ação até que
uma delas se consolide como a mais eficiente.
d) Ênfase nas organizações e nos seus aspectos culturais: os valores de
quem toma as decisões, e a fragmentação das instituições nos diversos
segmentos.
e) Ênfase nas organizações e nos seus aspectos formais: as normas, como
são formuladas, quem toma as decisões e os diversos níveis das normas
existentes.

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A letra "A" é certa porque no modelo racional parte-se do princípio de que o


homem econômico fosse capaz de realizar as melhores escolhas, utilizando
como critério de avaliação a lógica da maximização de valor. Essa visão foi
questionada pela racionalidade limitada, onde o homem possui diversas
limitações (ex. cognitivas e questão tempo), que o impede de fazer a melhor
escolha, simplesmente porque ele não pode afirmar que a conhece.

A letra "B" é errada porque aspectos pessoais e culturais não entram em cena,
já que a escolha deve ser a mais racional, que se preocupa apenas com a
melhor resposta.

A letra "C" é errada porque o modelo racional não é baseado na tentativa e


erro, mas sim na análise detalhada das alternativas.

A letra " D " é errada porque a ênfase não é nos aspectos culturais e pessoais.

A letra " E " é errada, já que os aspectos formais não entram no modelo
racional.

Gabarito: A.

86. (CESPE/SGA-AC/2006) As fases de formulação e implementação da


política pública são empiricamente distintas, inexistindo quaisquer
sobreposições factuais ou temporais entre elas.

Segundo Enrique Saravia:


A formulação inclui a seleção e especificação da alternativa considerada
mais conveniente, seguida da declaração que explicita a decisão adotada,
definindo seus objetivos e seu marco jurídico, administrativo e financeiro.

Portanto, a formulação compreende o processo de escolha da alternativa,


dentro do cardápio formado no processo de elaboração, que consiste na
especificação das possíveis alternativas. Além da decisão de escolher uma
alternativa, também é realizada aqui a formalização dessa decisão, o que
significa o estabelecimento de normas que permitirão a sua implementação
pelos diversos atores envolvidos. A formulação envolve decisão.

Ainda segundo o autor:


A implementação é constituída pelo planejamento e organização do
aparelho administrativo e dos recursos humanos, financeiros, materiais e
tecnológicos necessários para executar uma política. Trata-se da preparação
para pôr em prática a política pública, a elaboração de todos os planos,
programas e projetos que permitirão executá-la.

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Portanto, a implementação consiste em por em prática a decisão tomada na


formulação. Porém, aqui é preciso tomar cuidado.

Na visão clássica de ação governamental, a implementação era vista como


uma das fases do ciclo político e corresponde à execução de atividades que
permitem que ações sejam implementadas com vistas a executar o que já foi
pensado e planejado. Na implementação, não ocorreriam decisões que
definiriam os rumos da política pública, apenas seria executado o que foi
planejado na fase de formulação.

Esta visão clássica não considera os aspectos relativos à implementação e seus


efeitos retroalimentadores sobre a formulação de política. A implementação é
entendida, fundamentalmente, como um jogo de uma só rodada, onde a ação
governamental, expressa em programas ou projetos de intervenção, é
implementada de cima para baixo (top-down).

O modelo de baixo para cima (bottom-up) entende que a implementação


pode sim mudar os rumos da política publica, uma vez que os administradores
que estão em contato direto com a população, os "burocratas de nível de rua",
têm um grande grau de discricionariedade. Assim, as decisões que esses
servidores tomam, as rotinas que estabelecem e os procedimentos que
inventam para lidar com a incerteza e as pressões do trabalho vão dar as
características reais das políticas públicas.

A política pública é feita enquanto está sendo administrada, e administrada


enquanto esta sendo feita. Diz-se que a implementação é a formulação em
processo, formulação de política levada a efeito por outros instrumentos. Os
próprios objetivos da política, e os problemas envolvidos, não são conhecidos
antecipadamente em sua totalidade, ao contrário, vão aparecendo na medida
em que o processo avança.

Além dos enfoques top-down e bottom-up, há ainda um terceiro modelo, que é


o de ação de política, ou interativo-iterativo, que considera a implementação
como um processo evolucionário. Foram desenvolvidos modelos
comportamentais que vêem a implementação como resultado das ações de
indivíduos que são constrangidos pelo mundo de fora de suas instituições e
pelo contexto institucional no qual eles atuam. A implementação pode ser mais
bem entendida em termos de uma ação política contínua, na qual um processo
interativo e de negociação que acontece no tempo, entre aqueles responsáveis
pela formulação da política e aqueles responsáveis por sua implementação.

A questão é errada porque as duas fases não são distintas, na prática possuem
muitos pontos em comum.

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Gabarito: E.

(CESPE/TCE-AC/2009) O sistema político é um conjunto de estruturas e


processos inter-relacionados, que oficialmente exerce as funções de alocar
valores pela sociedade. O processo de implementação das políticas públicas
como uma das fases do policy cycle é reconhecidamente o alicerce de todo o
ciclo produtivo que busca, a princípio, um resultado positivo para a
sociedade. Acerca desses temas, julgue os itens a seguir.
87. Na visão tradicional da ação governamental, a formulação e a
implementação são os dois únicos parâmetros para aferição da eficiência dos
programas ou políticas e seu grau de eficácia. Essa visão clássica considera
o policy cycle como um processo contínuo, em uma perspectiva de sistema
aberto.
88. Na visão do policy cycle como um processo linear, o monitoramento e a
avaliação das políticas são considerados instrumentos que permitem a
correção de rotas. No entanto, por ser linear, a visão do policy cycle
apresenta-se como uma visão de sistema fechado.
89. A adoção da visão tradicional e da visão de processo linear é, ao mesmo
tempo, a consagração de uma visão caracteristicamente bottom-up da
formulação e desenho dos programas, pois enfatiza os incentivos que
induzem os agentes implementadores a aderirem normativa e
operacionalmente aos objetivos traçados pela política.
90. A visão da implementação de políticas como um jogo, um aprendizado,
envolve a troca, a barganha e a negociação. Em vez de controle, autoridade
e legitimidade, apresentam-se a ambiguidade de objetivos e os desafios de
coordenação intergovernamental, recursos e informações escassos. Sob essa
visão, os níveis de incerteza de resultados são eliminados, pois são
conhecidas as limitações e as posições de cada participante, sendo possível
prever as contingências que podem afetar o policy environment (ideal
weberiano) no futuro.
91. As vicissitudes, os obstáculos e os problemas da implementação, sob a
ótica da visão clássica e da visão de processo linear, estão associados à
capacidade institucional dos agentes implementadores, entre outros
aspectos, problemas de natureza política na implementação, ou derivam de
resistência e boicotes realizados por setores ou grupos que se consideram
prejudicados pela política.

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Essa questão foi copiada do texto: "O processo de implementação de políticas


públicas no Brasil: características e determinantes da avaliação de políticas e
projetos", de Pedro Luiz Barros Silva e Marcus André Barreto de Melo,
disponível em:

http://www.nepp.unicamp.br/d.php?f=42

Segundo o texto:
Na visão clássica ou canônica da ação governamental a implementação
constitui umas das fases do policy cycle. A implementação corresponde à
execução de atividades que permitem que ações sejam implementadas com
vistas à obtenção de metas definidas no processo de formulação das
políticas. Baseada em um diagnóstico prévio, e em um sistema adequado de
informações, na fase de formulação são definidas não só as metas mas
também os recursos e o horizonte temporal da atividade de planejamento.
Definidos esses dois parâmetros, pode-se aferir a eficiência dos programas
ou políticas e seu grau de eficácia.

Portanto, não é a formulação e a implementação, mas sim os recursos e o


horizonte temporal que, uma vez definidos, permitem a avaliação da eficiência
e da eficácia. E não são só esses fatores. Além disso, a visão tradicional vê a
formulação e a implementação como duas coisas separadas, e não como um
processo contínuo. A questão 87 é errada.

Os autores descrevem a visão tradicional da seguinte forma:


Essa visão clássica do ciclo de política (policy cycle) não considera os
aspectos relativos à implementação e seus efeitos retroalimentadores sobre
a formulação da política. Em outras palavras não considera o policy cycle
como um processo. A implementação é entendida, fundamentalmente,
como um jogo de uma só rodada onde a ação governamental, expressa em
programas ou projetos de intervenção, é implementada de cima para baixo
(top down).

Portanto, na visão tradicional, a política pública não seria um processo. Já em


relação à visão da política pública como processo, temos duas diferentes
vertentes. A primeira considera um processo linear:
Numa perspectiva menos simplista em que o processo de formulação e
implementação de políticas é visto como um processo, a implementação
também aparece como dimensão importante. As vicissitudes da
implementação de políticas são incorporadas à análise. Em sua versão mais
normativa, essa perspectiva propõe que o monitoramento e a avaliação das
políticas sejam considerados instrumentos que permitem correções de rota.
As vicissitudes, obstáculos e problemas da implementação estão associadas,
segundo essa perspectiva de análise, a problemas de natureza variada. Em
primeiro lugar, resultam de aspectos relacionados à capacidade institucional

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dos agentes implementadores. Em segundo lugar, são gerados por


problemas de natureza política na implementação dos programas ou
políticas. Em terceiro lugar, derivam da resistência e boicotes realizados por
grupos ou setores negativamente afetados pela política - em muitos casos
setores da própria máquina administrativa estatal.

A questão 88 é errada porque essa vertente não vê a política pública como um


sistema fechado. Podemos ver que a questão 91 também está errada, pois a
descrição faz parte apenas da visão da política como um processo linear, e não
da visão tradicional.

Porém essa vertente também apresenta problemas. Primeiro, ela confere um


primado excessivo à atividade de formulação, em detrimento das outras
dimensões. Embora a questão da implementação e do monitoramento sejam
incorporados à análise, a formulação é vista como uma atividade relativamente
não problemática. Segundo os autores:

A adoção da perspectiva onde o policy cycle é visto como um processo


simples e linear consagra uma visão top-down da formulação e desenho dos
programas, onde os problemas de implementação são necessariamente
entendidos como "desvios de rota".9 Essa perspectiva de análise da
implementação pressupõe uma visão ingênua e irrealista do funcionamento
da administração pública, que aparece como "um mecanismo operativo
perfeito", onde seria possível assegurar a fidelidade da implementação ao
desenho proposto inicialmente. Essa visão hierárquica da burocracia pública
como correspondente ao ideal weberiano é francamente idealizada. Ela está
ancorada em um policy environment caracterizado por informação perfeita,
recursos ilimitados, coordenação perfeita, controle, hierarquia, clareza de
objetivos, enforcement de regras perfeitas e uniformes, linhas únicas de
comando e autoridade, além de legitimidade política e consenso quanto ao
programa ou política.

A questão 89 é errada porque é top-down, e não bottom-up.

A realidade seria mais complexa do que essas duas visões, em que a


implementação é vista como um jogo. Segundo os autores:

Estudos de situações concretas revelam um padrão muito distinto, onde


prevalece a troca, a negociação e barganha, o dissenso e a contradição
quanto aos objetivos. Ao invés de controle, autoridade e legitimidade
verifica-se ambiguidade de objetivos, problemas de coordenação
intergovernamental, recursos limitados e informação escassa. A
implementação pode ser melhor representada como um jogo entre
implementadores onde papéis são negociados, os graus de adesão ao
programa variam, e os recursos entre atores são objeto de barganha.

A questão 90 é certa. Para os autores, os formuladores operam em um


ambiente carregado de incertezas que se manifestam em vários níveis:

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• Em primeiro lugar, os formuladores de política - mas também os


próprios especialistas e estudiosos - enfrentam grandes limitações
cognitivas sobre os fenômenos sobre os quais intervêm. Tais limitações
derivam, em última instância, da complexidade dos fenômenos sociais
com os quais lidam e das próprias limitações dos conhecimentos das
disciplinas sociais sobre a sociedade. Em um nível mais operacional, tais
limitações são produto dos constrangimentos de tempo e recursos com
que operam os formuladores;

• Em segundo lugar, os formuladores de política não controlam nem muito


menos tem condições de prever as contingências que podem afetar o
policy environment no futuro;

• Em terceiro lugar, planos ou programas são documentos que delimitam


apenas um conjunto limitado de cursos de ação e decisões que os
agentes devem seguir ou tomar. Um amplo espaço para o
comportamento discricionário dos agentes implementadores está aberto.
Frequentemente avaliado de forma negativa pela cultura burocrática
dominante, esse espaço é o lugar de práticas inovadoras e criativas;

• Em quarto lugar, os formuladores expressam suas preferências


individuais ou coletivas através de programas e políticas, cujo conteúdo
substantivo pode ser divergente daquele da coletividade. Projetos e
programas não podem ser vistos como um projeto ideal e coletivo mas
como experimentação social. Nessa perspectiva, a visão da esfera
política é tida como essencialmente negativa. Durante a implementação,
para o formulador, as influências políticas supostamente minam a
racionalidade técnica dos planos e programas.

Gabarito: E, E, E, C, E.

(CESPE/SGA-AC/2006) A implementação de uma política pública multiplica a


complexidade do processo decisório e é determinante do sucesso ou
fracasso da iniciativa. Acerca da implementação de políticas públicas, julgue
os itens a seguir.
92. Diversos elementos da concepção de uma política pública são
determinados ou alterados durante sua implementação pela chamada
"burocracia do nível da rua", que atua em contato direto com os cidadãos.
93. O processo de implementação é sempre uma decorrência automática e
imediata da etapa de formulação de políticas públicas.

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94. A implementação não sofre a influência de conflitos de interesse,


característicos da fase de formulação das políticas públicas.
95. A garantia de recursos orçamentários é condição suficiente para
assegurar uma implementação bem-sucedida.

No enunciado, podemos ver que a questão adota uma visão mais complexa da
implementação. Assim, estarão certos os itens que sigam a visão bottom-up.

A questão 92 é certa, há autonomia dos burocratas que executam as políticas.

A questão 93 é errada, essa é a visão top-down, a implementação pode sim


alterar a política

A questão 94 é errada, também é top-down. Os atores também atuam na


implementação, e os conflitos de interesse podem alterar a política.

A questão 95 é errada, mas uma vez top-down. Os recursos orçamentários não


são suficientes, é preciso negociação e coordenação.

Gabarito: C, E, E, E.

(CESPE/SGA-AC/2006) A implementação de uma política pública diz respeito


às ações necessárias para tirá-la do papel e fazê-la funcionar na prática.
Considerando os potenciais problemas de implementação que podem afetar
as políticas públicas, julgue os itens a seguir.
96. Políticas complexas, que envolvem diferentes níveis governamentais e
diversas organizações, requerem relações de competição e concorrência
entre as agências implementadoras para atingir os objetivos pretendidos.
97. As políticas que instituem programas inteiramente novos são sempre
mais difíceis de implementar do que as que ajustam ou reformulam
programas existentes, pois exigem alteração de situações de poder já
constituídas.
98. A implementação de uma política pública está imune a influências
decorrentes de conflitos de poder no interior da agência implementadora.
99. Fracassos de implementação podem decorrer de situações em que os
decisores deliberadamente formulam uma política de caráter simbólico, sem
intenções reais de implementá-la.

A questão 96 é errada, é preciso cooperação, e não competição.

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A questão 97 é errada. Vimos que o incrementalismo defende que as políticas


devem ser mudadas gradualmente, para não bater de frente com os diversos
interesses. Assim, mudanças radicais, programas novos, tendem a enfrentar
mais resistências.

A questão 98 é errada, essa é a visão top-down.

A questão 99 é certa. Em muitos casos a formulação da política tem interesses


escusos por trás.

Gabarito: E, E, E, C.

100. (CESPE/SEFAZ/2002) A implementação de políticas públicas é o aspecto


mais importante e o mais contemplado pela literatura especializada na
gestão de políticas públicas.

A implementação sempre foi considerada uma fase simples, por isso nunca foi
dada a devida atenção. A formulação era vista com o a etapa importante, pois
é nela que seriam tomadas as decisões, enquanto na implementação essas
decisões seriam colocadas em prática

Gabarito: E.

1.3 QUESTÃO DISCURSIVA

(CESPE/TRE-MA/2009) Torna-se essencial dotar o Estado de condições


para que seus governos enfrentem com êxito as falhas do mercado. Para
isso, é necessário dotar o Estado de mais governabilidade e governança; é
preciso, além de garantir condições cada vez mais democráticas de
governá-lo, torná-lo mais eficiente, de forma a atender as demandas dos
cidadãos com melhor qualidade e a um custo menor.

Bresser Pereira, 1998.

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija


um texto dissertativo a respeito do seguinte tema.

EM BUSCA DA GOVERNANÇA DO ESTADO BRASILEIRO COMO


ALICERCE PARA A CONSOLIDAÇÃO DA CIDADANIA.

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Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes tópicos:

• construção da definição de governança;

• desafios a serem transpostos para a consolidação da governança e da


cidadania.

Vimos que o conceito de governança vem passando por reformulações,


deixando de olhar apenas para o aspecto técnico da gestão para abranger
questões de cunho político relacionadas com a participação da sociedade nas
decisões governamentais. Assim, a legitimidade passa a fazer também do
conceito de governança, entendendo-se aqui que as decisões e ações
governamentais são legítimas porque permitiram que a sociedade participasse
delas.

Outro ponto importante é que a governança envolve a atuação conjunta de


diferentes atores na implementação de políticas públicas, é a capacidade de
gestão integrada, de formação de redes de políticas públicas que atuam
coordenadamente gerando resultados positivos para a sociedade.

Esses são aspectos que deveriam constar da resposta de vocês, principalmente


porque a questão fala bastante em cidadania. Não é à toa que ela usa o termo
mais de uma vez. Atualmente, a governança exige a participação da sociedade
e a construção de canais que permitam que o cidadão controle as políticas
públicas. Não podemos mais falar em governança dissociada de cidadania.

Os desafios para construção da governança são aqueles que nós já vimos na


gestão de redes. Vamos rever os problemas na gestão de redes enumerados
pela Sônia Maria Fleury Teixeira:

Problemas nas redes de políticas públicas

• As redes de políticas apresentariam novos desafios para garantir a rendição


de contas (accountability) em relação ao uso dos recursos públicos, pelo
fato de envolverem numerosos participantes governamentais e privados;
• O processo de geração de consensos e negociação pode ser demasiadamente
lento criando dificuldades para enfrentar questões que requerem uma ação
imediata;
• As metas compartilhadas não garantem a eficácia no cumprimento dos
objetivos já que as responsabilidades são muito diluídas;

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• A dinâmica flexível pode terminar afastando os participantes dos objetivos


iniciais ou comprometer a ação da rede pela deserção de alguns atores em
momentos cruciais;

• Os critérios para participação na rede não são explícitos e universais e


podem provocar marginalização de grupos, instituições, pessoas e mesmo
regiões, podendo deixar a política apenas nas mãos de uma elite;
• As dificuldades de controle e coordenação das interdependências tende a
gerar problemas gestão das redes.

Os desafios são relacionados com a coordenação de diferentes atores numa


mesma política, conciliando a autonomia com a necessidade de cumprimento
de metas, garantir a accountability, conciliar eficiência com processos de
negociação e consenso que normalmente são lentos.

Vamos ver um modelo de resposta:

O conceito de governança tem sido reformulado nos últimos


anos. Antes, o termo era associado com a capacidade gerencial,
financeira e técnica de um determinado governo em implementar
as políticas públicas. Hoje, o conceito precisou se adequar à nova
realidade de gestão em redes, sendo entendida como a
capacidade de atuação conjunto dos órgãos governamentais com
atores privados e do terceiro setor.

A gestão em redes traz uma série de desafios para a


governança. O primeiro deles é a dificuldade em garantir a
accountability, pois a responsabilidade fica diluída. O segundo é
a necessidade de coordenação numa estrutura de gestão flexível,
com ampla autonomia dos atores. O terceiro é a necessidade de
permitir a participação da sociedade nas decisões.

A governança não pode mais ser vista dissociada da cidadania. A


legitimidade, historicamente associada com o conceito de
governabilidade, passa também a integrar a governança porque
as decisões são legítimas na medida em que permitem o controle
social. Não se aceita mais o insulamento burocrático, as decisões
não são as melhores porque são tomadas por técnicos, mas sim
porque atendem ao interesse coletivo.

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2 Lista das Questões


2.1 GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES

1. (CESPE/MDS/2006) O termo governabilidade está associado às condições


políticas de gestão do Estado, enquanto governança refere-se às condições
administrativas de gestão do aparelho estatal.

2. (CESPE/TCE-PE/2004) O conceito de governança pública está associado às


condições políticas de exercício da gestão.

3. (CESPE/TCE-AC/2006) Aumentar a governança do Estado significa


aumentar sua capacidade administrativa de gerenciar com efetividade e
eficiência, voltando-se a ação dos serviços do Estado para o atendimento ao
cidadão.

4. (CESPE/MCT/2004) O conceito de governança está originariamente


relacionado a condições de exercício do governo sem riscos de rupturas
institucionais.

5. (CESPE/INSS/2007) Visando-se ao fortalecimento da regulação coordenada


pelo Estado, é importante reforçar a governança, que diz respeito à maneira
pela qual o poder é exercido no gerenciamento dos recursos sociais e
econômicos de um país, e que engloba, desse modo, as técnicas de governo.

6. (CESPE/MDS/2008) A emergência do paradigma pós-burocrático, descrito


em linhas gerais no texto em questão, é calcada na transição de um tipo
burocrático de administração pública, rígido e ineficiente, para a administração
gerencial, flexível e eficiente. Com isso, busca-se o fortalecimento da
governance, ou seja, das condições sistêmicas mais gerais, sob as quais ocorre
o exercício do poder em determinada sociedade, tais como as características
do regime político, a forma de governo, as relações entre os poderes, os
sistemas partidários, o sistema de intermediação de interesses, entre outras.

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7. (CESPE/TCU/2008) A governabilidade diz respeito às condições sistêmicas


e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os
poderes e o sistema de intermediação de interesses.

8. (ESAF/CGU/2004) Governança e governabilidade são conceitos distintos,


contudo fortemente relacionados, até mesmo, complementares. O primeiro
refere-se às condições substantivas de exercício do poder e de legitimidade do
Estado; o segundo representa os aspectos instrumentais do exercício do poder,
ou seja, a capacidade do Estado de formular e implementar políticas públicas.

9. (CESPE/MCT/2004) Um aspecto importante para dar seguimento à reforma


do Estado é a existência de governabilidade, conceito que descreve as
condições sistêmicas de exercício do poder em um sistema político. Desse
modo, é correto afirmar que uma nação é governável quando oferece aos seus
representantes as circunstâncias necessárias para o tranquilo desempenho de
suas funções.

10. (CESPE/INMETR0/2009) No contexto das transformações do Estado na


década passada, dois conceitos se destacam: governance e governabilidade. O
termo governance é utilizado para caracterizar as condições institucionais e
sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício do poder em uma
sociedade, enquanto o conceito governabilidade expressa a capacidade de ação
do Estado na implementação das políticas públicas e na construção de metas
coletivas.

(CESPE/DPU/2010) O estudo das relações governamentais intriga a sociedade


desde a Grécia antiga; afinal, são relações muito complexas que permeiam as
transações humanas. A ciência política estuda a estrutura e os processos de
governo a fim de compreender melhor tal interação. Acerca dos preceitos
fundamentais da matéria política e dos termos governança e governabilidade,
julgue os itens a seguir.

11. A base da governança, conceito proveniente do mercado privado, diz


respeito à forma de estudo da interação entre partidos políticos e oposição.

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12. A governança está situada no campo específico do Estado e representa um


conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais nenhum
poder será exercido.

13. O conceito de governança corresponde aos padrões de articulação e


cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que
coordenam e regulam transações dentro e por meio das fronteiras do sistema
econômico.

14. A governabilidade possui um aspecto muito abrangente, que por vezes


extrapola a dimensão estatal, pois envolve todo o cenário de articulação social
para garantir a efetividade das medidas adotadas pelo governo por meio do
desempenho dos atores e de sua capacidade de exercer poder.

15. O conceito de governabilidade relaciona-se com a capacidade de


representação das instituições sociais no processo decisório de implementação
de políticas públicas.

16. (ESAF/CGU/2008) Durante a crise do Estado dos anos 1980 e 1990,


palavras e expressões foram forjadas para possibilitar o entendimento de suas
diferentes dimensões e propiciar a busca de soluções. Neste contexto, quando
um governo está preocupado em legitimar decisões e ações se diz que ele está
buscando maior

Complete a frase com a opção correta.

a) governabilidade.

b) efetividade.

c) governança.

d) accountability.

e) eficiência.

17. (CESPE/TCE-AC/2009) O clientelismo se manifesta pelos processos de troca


de favores, que determinam também uma forma de relação das lideranças
partidárias com suas bases. No entanto, o clientelismo não pode ser
categorizado como um instrumento de legitimação política.

18. (CESPE/TCE-AC/2009) O corporativismo estatal é um instrumento de


legitimação política embasado na representação de grupos funcionais

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produtivos e pela adoção de uma estrutura de associações, diretamente


vinculada ao Estado, no entanto não depende dele para autorização e
reconhecimento.

19. (CESPE/TCE-AC/2009) O neocorporativismo significa a integração da classe


trabalhadora organizada ao Estado capitalista, buscando incrementar o
crescimento econômico e, ainda, assegurar a harmonia em face do conflito de
classe, combinado a um sistema de bem-estar social. Diferentemente do
corporativismo estatal, associações não possuem autonomia, não são capazes
de penetrar no Estado.

20. (CESPE/TCU/2008) O clientelismo e o corporativismo são padrões


institucionalizados de relações que estruturam os laços entre sociedade e
Estado no Brasil. O clientelismo, que faz parte da tradição política secular
brasileira, está associado ao patrimonialismo e ao fisiologismo. O
corporativismo emergiu nos anos 30, sob o governo de Getúlio Vargas. Essas
características passaram, então, a inter-relacionar-se, e constituem
instrumentos de legitimação política.

21. (CESPE/IPEA/2008) O padrão corporativista brasileiro caracterizou-se pela


exclusão dos trabalhadores das arenas decisórias governamentais, ao mesmo
tempo em que os interesses empresariais garantiram sua representação no
aparelho estatal.

22. (CESPE/IPEA/2008) O arranjo corporativista brasileiro configurou-se como


um conjunto articulado de estruturas institucionais, com duas características
centrais: a proibição da unicidade sindical e o pluralismo de representação
imposto pelo Estado.

(CESPE/SECONT/2009) Julgue os itens a seguir, acerca de governabilidade e


governança e intermediação de interesses.

23. Ao analisar o Estado brasileiro, no que tange à sua administração pública,


caso se verifique que não há condições para governar em virtude da falta de
legitimidade democrática, é correto afirmar que há uma crise de governança.

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24. Caso o Estado brasileiro, com relação à sua administração pública, possua
rigidez e ineficiência da máquina administrativa, então é correto afirmar que
existem problemas com a governabilidade.

25. Corporativismo é uma forma de intermediação de interesses em que existe


uma representação dos interesses econômicos e profissionais em
representações políticas que integram até mesmo a própria estrutura estatal.

26. O clientelismo configura-se pela existência de relações comprometidas


entre políticos de profissão e burocratas, que possuem entre si lealdades
pessoais e troca de vantagens na estrutura pública que controlam, obtendo,
desse modo, não só legitimação do voto, mas também apoio.

2.2 PROCESSO DE FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS

(CONSULPLAN/ITABAIANA/2010) Sobre políticas públicas, analise:

27. As políticas públicas são produtos resultantes da atividade política.

28. As políticas públicas compreendem o conjunto das decisões e ações


relativas a alocação imperativa de valores.

29. As políticas públicas são decisões e ações revestidas de autoridade


soberana do poder público.

30. Uma decisão política corresponde a uma escolha dentre um leque de


alternativas, conforme a hierarquia das preferências dos atores envolvidos,
expressando em maior ou menor grau, uma certa adequação entre os fins
pretendidos e os meios disponíveis.

31. Um dos critérios utilizados para identificar os atores em uma política


pública é estabelecer quem tem alguma coisa em jogo na política em questão.

32. (FCC/SGP-SP/2009) Políticas públicas são apenas aquelas decisões e ações


que se revestem de autoridade política soberana.

33. (CESPE/PMRB/2007) O termo público, associado à política, não se refere


exclusivamente à ação do Estado, mas, sim, à coisa pública,ou seja, àquilo que
é de todos.

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34. (CESPE/CHESF/2002) Por meio das políticas públicas são formulados,


desenvolvidos e postos em prática programas de distribuição de bens e
serviços, regulados e providos pelo Estado, com a participação e o controle da
sociedade.

35. (CESPE/SEFAZ/2002) Políticas públicas são predominantemente iniciativas


autônomas das instâncias governamentais dotadas de responsabilidades legais
sobre determinadas áreas de atuação ou questões de interesse público.

36. (CESPE/TJ-AP/2007) Política pública significa ação coletiva cuja função é


concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis.

37. (CESPE/CHESF/2002) Política pública é uma ação coletiva que tem por
função concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas
leis. Os direitos declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio
de políticas públicas.

38. (CESPE/TJ-AP/2007) Os direitos declarados e garantidos nas leis são


operacionalizados por políticas públicas, mediante programas, projetos e
serviços.

39. (CESPE/CAIXA/2006) Não é constitucional a intervenção do Poder


Judiciário, com a finalidade de realização de controle jurisdicional, em tema de
implementação de políticas públicas, ainda que configurada hipótese de
abusividade governamental.

40. (CESPE/SGA-AC/2006) Política pública é sinônimo de decisão política:


ambas envolvem a alocação imperativa de valores e recursos.

(FCC/SGP-SP/2009) Com relação às três dimensões clássicas da policy


analysis, considere:

41. A dimensão institucional da politics tem em vista os processos políticos de


caráter conflituoso, dizendo respeito à imposição de objetivos e decisões que
afetam a distribuição de poder numa comunidade.

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42. Nos casos de políticas setoriais novas e fortemente conflituosas, como é o


caso da política ambiental, tende a inverter-se a relação de causalidade
esperada entre polity, politics e policy.

43. No caso de políticas setoriais consolidadas com estruturas de decisão


relativamente estáveis, espera-se que a policy seja a variável independente.

44. Quanto mais conflituosa a dimensão da politics, maior a autonomia da


policy community na definição dos rumos de determinada política pública.

45. A prática comum da policy analysis de considerar a polity como variável


independente e a policy como variável dependente tem-se mostrado
inadequada para os casos de países em desenvolvimento.

46. (CESPE/MDS/2006) Somente para fins analíticos é que se estabelecem


distinções entre o processo de formulação e as demais fases das políticas
públicas: a implementação e a avaliação.

47. (ESAF/EPPGG/2009) Uma política pública é constituída por uma série de


etapas: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação e seleção
das opções, implementação e avaliação dos resultados.

48. (CESPE/SGA-AC/2006) Todos os problemas sociais relevantes fazem parte


da agenda de políticas públicas.

49. (ESAF/APO/2001) Uma demanda só passa a constituir um item da agenda


governamental quando se torna um problema político.

(ESAF/CGU/2008) De acordo com a literatura em políticas públicas, agenda


governamental consiste em um conjunto de temas que, em dado momento,
são alvo de séria atenção tanto por parte das autoridades governamentais
como de atores fora do governo, mas estreitamente associadas às autoridades.
Sobre a formação ou construção da agenda de políticas públicas, pode-se
afirmar que:

50. Consiste em um processo de identificação e reconhecimento de problemas,


o que a distingue da formulação, que consiste na especificação das alternativas
de ação governamental.

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51. Consiste em uma lista de temas que são objeto das preocupações de todos
os agentes governamentais, independentemente dos diferentes níveis e
setores de governo.

52. Depende de uma diferenciação entre o que é uma situação e o que é um


problema, com base em valores, na análise de dados empíricos, em pressões
políticas, em eventos críticos e até no fluxo da política.

53. Não envolve a exclusão de problemas, que é naturalmente causada pela


mudança da realidade ou do foco de atenção das autoridades, pela banalização
das situações ou pela dinâmica dos ciclos sociais.

54. É determinada pelos meios mediante os quais as autoridades tomam


conhecimento das situações, como, por exemplo, os indicadores, os eventos-
foco, críticas severas do Congresso ou da mídia.

(CONSULPLAN/ITABAIANA/2010) Julgue os itens abaixo:

55. Podemos considerar que grande parte da atividade política dos governos se
destina à tentativa de satisfazer as demandas que lhe são dirigidas pelos
atores sociais ou aquelas formuladas pelos próprios agentes do sistema
político, ao mesmo tempo que articulam os apoios necessários.

56. As demandas novas são aquelas que resultam do surgimento de novos


atores políticos ou de novos problemas.

57. As demandas reprimidas são aquelas em que os políticos não vão atender
aos atores sociais, não reconhecendo sua necessidade.

58. As demandas recorrentes são aquelas que expressam problemas não


resolvidos ou mal resolvidos, que constam da agenda governamental.

59. (ESAF/MPOG/2008) Embora grande parte das análises de políticas públicas


se concentre nos aspectos relativos à formulação, a literatura vem enfatizando,
cada vez mais, a importância dos estudos da formação da agenda
governamental. Em resposta à indagação sobre como as agendas
governamentais são estabelecidas, um modelo largamente conhecido
apresenta três explicações: problemas, política e participantes visíveis. Esse
modelo é conhecido como Modelo de Múltiplos Fluxos.

(ESAF/CGU/2008) Sobre os atores envolvidos nas políticas públicas, assinale o


único enunciado incorreto.

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60. Atores são exclusivamente aqueles que têm algum tipo de interesse em
jogo em uma política pública e variam conforme a sua inserção institucional, os
seus recursos de poder e suas expectativas quanto aos efeitos das decisões
sobre tais interesses.

61. Os atores visíveis definem a agenda de políticas enquanto os atores


invisíveis têm maior poder de influência na escolha das alternativas de
resolução dos problemas.

62. São atores invisíveis aqueles que, embora atuem fora do centro das
atenções da sociedade, são dotados de elevado poder de influenciar as
políticas públicas devido à sua posição econômica, como financistas,
banqueiros, empreiteiros.

63. Também são atores invisíveis as comunidades de especialistas que agem


de forma relativamente coordenada: acadêmicos, consultores, assessores e
funcionários legislativos, burocratas de carreira e analistas ligados a grupos de
interesses.

64. Os empresários políticos são atores de origem diversa, dispostos a investir


recursos para promover políticas que possam lhes favorecer, por exemplo:
políticos eleitos ou sem mandato, burocratas de carreira, lobistas, jornalistas,
acadêmicos.

65. (CESPE/TCE-AC/2009) Pode-se considerar que as políticas públicas são o


conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de
poder e se destinam à solução pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos
públicos.

66. (CESPE/TCE-AC/2009) A secretaria executiva de educação de determinado


município idealizou um programa inédito de democratização da gestão escolar.
Organizada em gerências, a secretaria assumiu a responsabilidade pela
implantação e condução dos projetos e programas de democratização da
gestão escolar. Ressalta-se que as propostas não tiveram suporte de pesquisas
ou percepções da sociedade, ou grupos específicos desta. Assinale a opção que
identifica o modelo gerencial adotado na situação hipotética acima.

(A) Modelo institucional: as instituições governamentais são os responsáveis


oficiais pelo estabelecimento, pela implantação e pela gestão de políticas.

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(B) Modelo de processo: tal perspectiva interpreta o policy process como uma
série de atividades políticas, de identificação de problemas e formulação,
legitimação, implementação e avaliação de políticas.

(C) Modelo de elite: as políticas públicas fluem de cima para baixo, refletindo
em maior intensidade as preferências e os valores das elites.

(D) Modelo incremental: vê a política pública como uma continuação das


atividades do governo anterior com apenas algumas modificações
incrementais.

(E) Modelo sistêmico: encara as políticas públicas como respostas de um


sistema político para as forças e vozes oriundas de um sistema social.

(CESPE/TCE-AC/2009) Com relação às políticas públicas, seu processo de


formulação e seu desenvolvimento, julgue os itens abaixo.

67. As políticas públicas, no processo de construção do Estado moderno, são


instrumentos de materialização da intervenção da sociedade no Estado,
expressando as dimensões de poder, estabelecendo os limites, o conteúdo e os
mecanismos dessa intervenção.

68. A produção de políticas públicas é resultado de um processo decisório


baseado nas relações de poder e na alocação imperativa de valores, a
princípio, para benefício da sociedade.

69. Pode-se considerar que as políticas públicas são o conjunto de


procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e se
destinam à solução pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos públicos.

70. A construção das políticas públicas tem como alicerces o regime político
nacional, a política estatal e a realidade nacional, com suas necessidades
sociais, em uma dimensão interna do Estado.

71. A política pública, sob a égide do modelo institucional, tem como


pressuposto basilar a compreensão de que a interação entre os grupos é o
aspecto mais importante da política.

(ESAF/MP0G/2002) O estudo das políticas públicas mostra que é possível


haver diferentes arenas decisórias, caracterizando distintas modalidades de
policies. Julgue os itens abaixo.

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72. As políticas redistributivas acirram os conflitos, caracterizando-se como


jogos de soma-zero, nos quais o benefício de um grupo ou coletividade só
pode ocorrer a partir do prejuízo dos interesses do grupo oposto.

73. O mais intenso nível de conflito de interesses ocorre nas arenas


distributivas, já que, cada vez mais os governos sofrem com a escassez de
recursos.

74. As políticas redistributivas sempre contam com elevado grau de


legitimidade social, já que expressam a disposição da classe política para
superar as desigualdades sociais.

75. As políticas regulatórias têm por finalidade assegurar a proteção dos


cidadãos contra o poder dos monopólios privados.

76. As políticas distributivas são aquelas que mais contribuem para o avanço
da democracia, já que permitem, aos representantes políticos, alianças,
composições e barganhas com elevado grau de legitimidade e transparência.

(CESPE/SGA-AC/2006) Considerando os diferentes modelos de análise de


políticas públicas, julgue os itens a seguir.

77. O chamado modelo de escolha racional (ou modelo racional-compreensivo)


preconiza uma análise detalhada e abrangente das alternativas de política
pública, garantindo mais agilidade e eficácia ao processo decisório, sem
desconsiderar potenciais conflitos de interesse e poder entre os atores.

78. O modelo incremental reconhece os limites da racionalidade técnica e busca


adotar alternativas de modo gradual, assegurando acordos entre os interesses
envolvidos.

79. Uma das críticas ao modelo incremental diz respeito a seu viés
conservador, que tende a dificultar a adoção de políticas inovadoras.

80. Os modelos racional e incremental podem ser combinados num modelo


misto, que diferencia dois processos decisórios: um relativo a questões
estruturantes e outro relativo a questões de caráter ordinário.

81. (ESAF/MPOG/2002) Indique qual dos itens abaixo não é considerado


característico do processo de decisão incremental em políticas públicas.

a) Busca de composição de interesses e utilização das informações disponíveis,


ainda que incompletas.

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b) Mudanças graduais ao longo do tempo.

c) Inexistência de análise exaustiva das possibilidades de políticas existentes.

d) Pressão dos usuários, funcionários e beneficiários de um programa ou


política pública, visando a sua continuação.

e) Possibilidade de reverter às condições anteriores a implementação do


programa ou política pública.

82. (ESAF/MPOG/2008) A tomada de decisão representa um dos passos


centrais do processo das políticas públicas. O modelo de exploração mista ou
exploração combinada, ou ainda, mixed-scanning caracteriza-se por:

a) estabelecer objetivos finais amplos e avaliar exaustivamente as alternativas


de maneira a selecionar objetivamente aquela mais capaz de conduzir aos
resultados pretendidos.

b) distinguir decisões estruturantes e ordinárias, baseando as decisões sobre


as primeiras no exame das principais alternativas em função da concepção das
metas, sem descer a detalhes que prejudicam a visão de conjunto.

c) basear-se na convicção de que o conhecimento da realidade é sempre


limitado e nem sempre uma alternativa tecnicamente recomendável conquista
o apoio dos atores políticos.

d) levantar informações exaustivas sobre cada uma das alternativas


possivelmente cabíveis e combiná-las de maneira a atender às preferências
hierarquizadas que expressam os valores em jogo.

e) avaliar as alternativas à luz das relações de poder e dos compromissos


institucionais prévios que condicionam e limitam a alocação de recursos pelos
tomadores de decisão.

(CESPE/SECONT/2009) Julgue os próximos itens, acerca do processo de


formulação e desenvolvimento de políticas públicas.

83. Ao se elaborar um método para formulação de políticas públicas, constrói-


se uma agenda.

84. A utilização do modelo incremental para formulação de políticas públicas


parte do pressuposto de que não se deve buscar a informação completa para
enfrentar a situação, conformando-se em melhorar um pouco o que já existe.

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85. (ESAF/MPOG/2002) O modelo racional-compreensivo de tomada de


decisões tem, entre vários outros, o seguinte pressuposto:

a) Existência de informações e livre acesso a elas, bem como análise de todas


as possibilidades de ação nos seus aspectos positivos e negativos.

b) Análise dos aspectos culturais e de personalidade do decisor,


individualmente ou enquanto grupo.

c) Proposta de consecução simultânea de diversas linhas de ação até que uma


delas se consolide como a mais eficiente.

d) Ênfase nas organizações e nos seus aspectos culturais: os valores de quem


toma as decisões, e a fragmentação das instituições nos diversos segmentos.

e) Ênfase nas organizações e nos seus aspectos formais: as normas, como são
formuladas, quem toma as decisões e os diversos níveis das normas
existentes.

86. (CESPE/SGA-AC/2006) As fases de formulação e implementação da política


pública são empiricamente distintas, inexistindo quaisquer sobreposições
factuais ou temporais entre elas.

(CESPE/TCE-AC/2009) O sistema político é um conjunto de estruturas e


processos inter-relacionados, que oficialmente exerce as funções de alocar
valores pela sociedade. O processo de implementação das políticas públicas
como uma das fases do policy cycle é reconhecidamente o alicerce de todo o
ciclo produtivo que busca, a princípio, um resultado positivo para a sociedade.
Acerca desses temas, julgue os itens a seguir.

87. Na visão tradicional da ação governamental, a formulação e a


implementação são os dois únicos parâmetros para aferição da eficiência dos
programas ou políticas e seu grau de eficácia. Essa visão clássica considera o
policy cycle como um processo contínuo, em uma perspectiva de sistema
aberto.

88. Na visão do policy cycle como um processo linear, o monitoramento e a


avaliação das políticas são considerados instrumentos que permitem a
correção de rotas. No entanto, por ser linear, a visão do policy cycle
apresenta-se como uma visão de sistema fechado.

89. A adoção da visão tradicional e da visão de processo linear é, ao mesmo


tempo, a consagração de uma visão caracteristicamente bottom-up da

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formulação e desenho dos programas, pois enfatiza os incentivos que induzem


os agentes implementadores a aderirem normativa e operacionalmente aos
objetivos traçados pela política.

90. A visão da implementação de políticas como um jogo, um aprendizado,


envolve a troca, a barganha e a negociação. Em vez de controle, autoridade e
legitimidade, apresentam-se a ambiguidade de objetivos e os desafios de
coordenação intergovernamental, recursos e informações escassos. Sob essa
visão, os níveis de incerteza de resultados são eliminados, pois são conhecidas
as limitações e as posições de cada participante, sendo possível prever as
contingências que podem afetar o policy environment (ideal weberiano) no
futuro.

91. As vicissitudes, os obstáculos e os problemas da implementação, sob a


ótica da visão clássica e da visão de processo linear, estão associados à
capacidade institucional dos agentes implementadores, entre outros aspectos,
problemas de natureza política na implementação, ou derivam de resistência e
boicotes realizados por setores ou grupos que se consideram prejudicados pela
política.

(CESPE/SGA-AC/2006) A implementação de uma política pública multiplica a


complexidade do processo decisório e é determinante do sucesso ou fracasso
da iniciativa. Acerca da implementação de políticas públicas, julgue os itens a
seguir.

92. Diversos elementos da concepção de uma política pública são determinados


ou alterados durante sua implementação pela chamada "burocracia do nível da
rua", que atua em contato direto com os cidadãos.

93. O processo de implementação é sempre uma decorrência automática e


imediata da etapa de formulação de políticas públicas.

94. A implementação não sofre a influência de conflitos de interesse,


característicos da fase de formulação das políticas públicas.

95. A garantia de recursos orçamentários é condição suficiente para assegurar


uma implementação bem-sucedida.

(CESPE/SGA-AC/2006) A implementação de uma política pública diz respeito


às ações necessárias para tirá-la do papel e fazê-la funcionar na prática.
Considerando os potenciais problemas de implementação que podem afetar as
políticas públicas, julgue os itens a seguir.

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96. Políticas complexas, que envolvem diferentes níveis governamentais e


diversas organizações, requerem relações de competição e concorrência entre
as agências implementadoras para atingir os objetivos pretendidos.

97. As políticas que instituem programas inteiramente novos são sempre mais
difíceis de implementar do que as que ajustam ou reformulam programas
existentes, pois exigem alteração de situações de poder já constituídas.

98. A implementação de uma política pública está imune a influências


decorrentes de conflitos de poder no interior da agência implementadora.

99. Fracassos de implementação podem decorrer de situações em que os


decisores deliberadamente formulam uma política de caráter simbólico, sem
intenções reais de implementá-la.

100. (CESPE/SEFAZ/2002) A implementação de políticas públicas é o aspecto


mais importante e o mais contemplado pela literatura especializada na gestão
de políticas públicas.

2.3 QUESTÃO DISCURSIVA

(CESPE/TRE-MA/2009) Torna-se essencial dotar o Estado de condições


para que seus governos enfrentem com êxito as falhas do mercado. Para
isso, é necessário dotar o Estado de mais governabilidade e governança; é
preciso, além de garantir condições cada vez mais democráticas de
governá-lo, torná-lo mais eficiente, de forma a atender as demandas dos
cidadãos com melhor qualidade e a um custo menor.

Bresser Pereira, 1998.

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija


um texto dissertativo a respeito do seguinte tema.

EM BUSCA DA GOVERNANÇA DO ESTADO BRASILEIRO COMO


ALICERCE PARA A CONSOLIDAÇÃO DA CIDADANIA.

Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes tópicos:

• construção da definição de governança;

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• desafios a serem transpostos para a consolidação da governança e da


cidadania.

3 Gabarito
1. C 16. X (C) 31. C 46. C 61. C 76. E 91. E

2. E 17. E 32. C 47. C 62. E 77. E 92. C

3. C 18. E 33. C 48. E 63. C 78. C 93. E

4. E 19. E 34. C 49. C 64. C 79. C 94. E

5. C 20. C 35. E 50. E 65. E 80. C 95. E

6. E 21. X (C) 36. C 51. E 66. A 81. E 96. E

7. C 22. E 37. C 52. C 67. E 82. B 97. E

8. C 23. E 38. C 53. E 68. C 83. E 98. E

9. C 24. E 39. E 54. E 69. E 84. C 99. C

10. E 25. C 40. E 55. C 70. E 85. A 100. E

11. E 26. C 41. C 56. C 71. E 86. E

12. E 27. C 42. C 57. C 72. C 87. E

13. C 28. C 43. E 58. C 73. E 88. E

14. E 29. C 44. E 59. C 74. E 89. E

15. E 30. C 45. C 60. C 75. E 90. C

4 Leitura Sugerida
Vinícius de Carvalho Araújo. "A conceituação de governabilidade e governança,
da sua relação entre si e com o conjunto da reforma do Estado e do seu
aparelho".
www.enap.gov.br/index.php?option=com docman&task=doc download&gid = 1
649

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"Análise de Políticas Públicas: Conceitos Básicos". Maria das Graças Rua.


http://vsites.unb.br/ceam/webceam/nucleos/omni/observa/downloads/pol pub
licas.PDF

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