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TURBO 6.0
VOLUME
• LÍNGUAGENS E CÓDIGOS
• CIÊNCIAS HUMANAS
3
LIVRO
I
Formato papel capa papel miolo LOMBADA06/02/20
LA PROVA
SFB_PRE 6_VOL3_LA_L1_CAPAS_2020.indd 1 08:59
DADOS DO ALUNO
Nome:
Fone: Celular:
E-mail:
HORÁRIO ESCOLAR
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
6ª
PRÉ-UNIVERSITÁRIO
3
VOLUME
Autores:
Adriano Rodrigues Bezerra, Alexandre Andrade de Lima, Ana Paula Soares Ramos,
Anquisis Moreira Silva, Antonio Ademilton Pinheiro Dantas, Dawison Ponciano Sampaio,
D’Laias Moraes de Oliveira, Francisco Erionilton Ivo de Sousa, Francisco Souza Nunes,
Hermeson Carvalho Veras, Paulo Sérgio Lobão da Costa, Pedro Antonio Queiroz Fernandes,
Victor Alan Andrade Marques, Zilfran Varela Fontenele.
P397p
CDD 373
Pena, Marcelo
Pré-universitário: turbo 6.0, volume 3: linguagens e códigos,
ciências humanas, livro I / Marcelo Pena, organizador. – 4. ed. –
Fortaleza: FB Editora, 2020.
3 v. (várias paginações) : il.; 29 cm. – (Pré-universitário turbo 6.0;
v. 3. Linguagens e Ciências humanas; livro I)
Obra em 6 volumes
ISBN 978-85-8420-153-2
Este material didático, estruturado segundo as Matrizes de Referência do Enem, segue o seu principal
eixo norteador, que é aproximar os conteúdos teóricos de sua aplicação em nosso cotidiano.
Aqui, você encontrará exercícios direcionados ao exame, além da interação com outros importantes recursos
pedagógicos, como a resolução dos exercícios propostos e de fixação no Portal SFB. Tudo parte integrante de
um Projeto maior de Pré-Vestibular pensado para garantir o seu ingresso na Universidade.
E, com a evolução dos processos seletivos, mais do que nunca, faz-se necessário ir muito além da aquisição
de informações. É preciso apropriar-se delas, saber com clareza quando, como e para que finalidade elas servirão
e reconhecê-las nas mais simples situações do nosso dia a dia, ou seja, transformá-las em conhecimento.
Por isso, as competências e habilidades referentes a essas Áreas do Conhecimento foram distribuídas de
maneira a facilitar o seu estudo.
Da mesma forma, o quadro-síntese, apresentado abaixo, foi elaborado para que você entenda melhor, e
de maneira bem objetiva, a estrutura do Enem.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA
matriZ de reFerênCia para o enem
ENEM
EIXOS COGNITIVOS
MATRIZES DE I II III IV V
REFERÊNCIA (ÁREAS
DL CF SP CA EP
DO CONHECIMENTO)
DOMINAR COMPREENDER ENFRENTAR CONSTRUIR ELABORAR
LINGUAGENS FENÔMENOS SITUAÇÕES-PROBLEMA ARGUMENTOS PROPOSTAS
COMPETÊNCIAS DE ÁREA
LINGUAGENS, CÓDIGOS C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9
E SUAS TECNOLOGIAS
H1 a H4 H5 a H8 H9 a H11 H12 a H14 H15 a H17 H18 a H20 H21 a H24 H25 a H27 H28 a H30
HABILIDADES
MATEMÁTICA E SUAS C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7
TECNOLOGIAS
H1 a H5 H6 a H9 H10 a H14 H15 a H18 H19 a H23 H24 a H26 H27 a H30
CIÊNCIAS HUMANAS C1 C2 C3 C4 C5 C6
E SUAS TECNOLOGIAS
H1 a H5 H6 a H10 H11 a H15 H16 a H20 H21 a H25 H26 a H30
CIÊNCIAS DA NATUREZA C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
E SUAS TECNOLOGIAS
H1 a H4 H5 a H7 H8 a H12 H13 a H16 H17 a H19 H20 a H23 H24 a H27 H28 a H30
LÍNGUA PORTUGUESA II
AULA 11: ROMANTISMO IV PRODUÇÃO LITERÁRIA EM PROSA .................................................................................................................................................................. 48
AULA 12: REALISMO I ROMANCES MACHADIANOS ................................................................................................................................................................................ 55
AULA 13: REALISMO II CONTOS MACHADIANOS ................................................................................................................................................................................... 62
AULA 14: NATURALISMO I OBRA DE ALUÍSIO AZEVEDO .......................................................................................................................................................................... 68
AULA 15: NATURALISMO I – OBRA DE RAUL POMPEIA ........................................................................................................................................................................... 72
LÍNGUA PORTUGUESA IV
AULA 11: TIPOS DE VERBOS E LOCUÇÕES VERBAIS............................................................................................................................................................................... 138
AULA 12: VERBOS III: VOZES VERBAIS ............................................................................................................................................................................................ 144
AULA 13: VERBOS IMPESSOAIS ....................................................................................................................................................................................................... 147
AULA 14: PREDICAÇÃO VERBAL....................................................................................................................................................................................................... 151
AULA 15: PREPOSIÇÃO E ADVÉRBIO ................................................................................................................................................................................................. 154
LÍNGUA PORTUGUESA V
AULA 11: AS VANGUARDAS I – CUBISMO E FUTURISMO ....................................................................................................................................................................... 164
AULA 12: AS VANGUARDAS II – EXPRESSIONISMO .............................................................................................................................................................................. 172
AULA 13: AS VANGUARDAS III – DADAÍSMO E SURREALISMO................................................................................................................................................................ 181
AULA 14: O ABSTRACIONISMO ....................................................................................................................................................................................................... 188
AULA 15: A PINTURA MODERNISTA BRASILEIRA ................................................................................................................................................................................. 197
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
LÍNGUA INGLESA
AULA 11: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ESTILO ENEM ............................................................................................................................................................................. 210
AULA 12: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ESTILO ENEM ............................................................................................................................................................................. 213
AULA 13: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ESTILO ENEM – CHARGES E TIRINHAS .............................................................................................................................................. 217
AULA 14: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE OUTROS VESTIBULARES ............................................................................................................................................................ 221
AULA 15: VERBOS ANÔMALOS ........................................................................................................................................................................................................ 224
ESPANHOL
AULA 11: COMPREENSÃO DE TEXTO ................................................................................................................................................................................................. 230
AULA 12: DIVERGÊNCIAS LÉXICAS .................................................................................................................................................................................................... 232
AULA 13: COMPREENSÃO DE TEXTO ................................................................................................................................................................................................. 236
AULA 14: PRONOMES PESSOAIS ...................................................................................................................................................................................................... 240
AULA 15: COMPREENSÃO DE TEXTO ................................................................................................................................................................................................. 242
SUMÁRIO
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
HISTÓRIA I
AULA 11: PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL ................................................................................................................................................................................2
AULA 12: PRIMEIRO REINADO (1822-1831)......................................................................................................................................................................................10
AULA 13: PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) ....................................................................................................................................................................................17
AULA 14: REVOLTAS REGENCIAIS (1831-1840) ..................................................................................................................................................................................23
AULA 15: SEGUNDO REINADO (1841 A 1889) POLÍTICA INTERNA E EXTERNA ............................................................................................................................................28
HISTÓRIA II
AULAS 11 A 13: CIVILIZAÇÃO ROMANA ..............................................................................................................................................................................................38
AULA 14: FEUDALISMO ...................................................................................................................................................................................................................55
AULA 15: IMPÉRIO BIZANTINO ..........................................................................................................................................................................................................61
HISTÓRIA III
AULA 11: REVOLTAS ANTICOLONIALISTAS NA ÁFRICA E NA ÁSIA ...............................................................................................................................................................70
AULA 12: TEORIAS OU DOUTRINAS SOCIAIS .........................................................................................................................................................................................77
AULA 13: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ..............................................................................................................................................................................................86
AULA 14: REVOLUÇÃO SOCIALISTA RUSSA ...........................................................................................................................................................................................97
AULA 15: A CRISE DE 1929 .........................................................................................................................................................................................................107
TEMAS E ATUALIDADES
AULAS 11 E 12: CONSTITUIÇÕES DO BRASIL ......................................................................................................................................................................................118
AULA 13: HISTÓRIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL .....................................................................................................................................................................127
AULA 14: GOLPES, RUPTURAS E PERMANÊNCIAS .................................................................................................................................................................................137
AULA 15: PLANOS ECONÔMICOS DO BRASIL REPUBLICANO ....................................................................................................................................................................144
GEOGRAFIA I
AULA 11: GEOMORFOLOGIA DO BRASIL.............................................................................................................................................................................................134
AULA 12: SOLOS DO BRASIL – POTENCIAIS E DEGRADAÇÃO ...................................................................................................................................................................166
AULA 13: AS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO ..................................................................................................................................................174
AULA 14: OS GRANDES DOMÍNIOS DE VEGETAÇÃO NO BRASIL ...............................................................................................................................................................183
AULA 15: RECURSOS HÍDRICOS DO BRASIL, BACIAS HIDROGRÁFICAS E SEUS APROVEITAMENTOS .....................................................................................................................196
GEOGRAFIA II
AULA 11: SOLOS – POTENCIAIS, DEGRADAÇÃO E SUSTENTABILIDADE .......................................................................................................................................................208
AULA 12: SITUAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA ......................................................................................................................................................................................217
AULA 13: CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA ...............................................................................................................................................................................................231
AULA 14: OS GRANDES DOMÍNIOS DA VEGETAÇÃO NO MUNDO .............................................................................................................................................................244
AULA 15: RECURSOS HÍDRICOS, BACIAS HIDROGRÁFICAS E SEUS APROVEITAMENTOS ....................................................................................................................................256
LINGUAGENS, Volume
CÓDIGOS E SUAS
TECNOLOGIAS
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
ASSUNTOS ABORDADOS NO ENEM–2009 A 2018
LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
LÍNGUA PORTUGUESA
Gramática 3,99%
ESPANHOL
LÍNGUA INGLESA
Objetivo(s):
• Desenvolver a compreensão textual a partir da leitura de poemas.
• Conhecer a riqueza da cultura afrodescendente no Brasil.
• Estudar a história da música brasileira, especialmente da Era de Ouro do Rádio.
Conteúdo:
Aula 11: A Linguagem da Poesia I A capoeira........................................................................................... 22
Leia um pouco sobre poesia.................................................................. 2 A religião africana............................................................................... 23
Com a palavra, o texto poético............................................................. 2 A culinária........................................................................................... 23
Os gêneros poéticos e a poesia............................................................. 2 Exercícios ........................................................................................... 23
Licença poética: o que é?...................................................................... 3 Aula 14: A Linguagem da Música e a Era de Ouro do Rádio no Brasil
Textos representativos da poesia em Língua Portuguesa para análise....... 4 Introdução.......................................................................................... 28
Exercícios ............................................................................................. 5 A linguagem da música...................................................................... 29
Aula 12: A Linguagem da Poesia II Entenda um pouco mais dos seguintes códigos musicais................... 29
Ainda sobre a poesia.......................................................................... 12 Leia sobre a história de alguns ritmos musicais.................................. 29
Diferença entre poesia e poema......................................................... 12 Entenda um pouco sobre a história de nossa música.......................... 31
Textos representativos da poesia em Língua Portuguesa para análise..... 12 A música popular brasileira – Anos 1930............................................ 32
Exercícios ........................................................................................... 14 A cultura de massa na década de 1930.............................................. 32
Aula 13: Africanidades: A Cultura de um Povo em Destaque Os veículos de comunicação............................................................... 33
Entenda um pouco sobre africanidades.............................................. 18 Exercícios ........................................................................................... 36
A cultura africana urbana................................................................... 19 Aula 15: Compreensão Textual III (Análise de Prova de Vestibular)
As artes e a cultura africana............................................................... 19 Exercícios ........................................................................................... 41
A música na cultura africana.............................................................. 21
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Aula 11:
Com a palavra, o texto poético
C-5 H-15, 16
Aula H-17 POESIA E AMOR
A Linguagem da Poesia I
11
M. J. Garnier/Wikimedia Foundation
Leia um pouco sobre poesia
Sendo uma das formas de manifestação humana, a poesia,
ou o gênero lírico, ocupa espaço privilegiado no decorrer da
história da arte ocidental. De fins estéticos, a arte poética é uma das
sete artes tradicionais. Em sua trajetória, a poesia tem despertado
o interesse do homem em relação a diversos temas, tais como:
o amor, a religião, a morte, a infância, o social, a guerra, a doença, A tarde que expira, A órfã que chora,
a paixão, o medo, a vida e a arte. A flor que suspira, A flor que se cora
É bom frisar que uma obra poética é feita com arte, e a arte O canto da lira, Aos raios da aurora,
é a própria poesia. O artífice, que é o poeta, cria a obra de arte Da lua o clarão; No albor da manhã;
(o poema), que expressa poesia, lirismo, sentimento. Na mensagem Dos mares na raia Os sonhos eternos,
poética, a finalidade pode variar, pois o poema pode se prestar tanto A luz que desmaia, Os gozos mais ternos,
ao louvor quanto à sátira de algo ou de alguém. E as ondas na praia Os beijos maternos
Lambendo-lhe o chão; E as vozes de irmã;
Há também o teor metafísico da poesia. Isso ocorre quando
a obra do poeta transcende a materialidade e busca no além Da noite a harmonia O sino da torre
da física a matéria-prima para a construção de uma arte que Melhor que a do dia, Carpindo quem morre,
desperte a reflexão no leitor. Muitos são os poetas que costumam, E a viva ardentia E o rio que corre
em sua poesia, explorar esse universo, pois nele o lirismo passa a Das águas do mar; Banhando o chorão;
incursionar caminhos desconhecidos, muitas vezes sem respostas, A virgem incauta, O triste que vela
que despertam o interesse do homem. As vozes da flauta, Cantando à donzela
Num sentido amplo, a poesia também se identifica com E o canto do nauta A trova singela
Chorando o seu lar; Do seu coração;
a própria arte, pois, assim como ela, quase sempre, a arte busca
o belo, o lírico, o poético e, sendo a arte linguagem, mesmo que Os trêmulos lumes, A luz da alvorada,
não verbal em muitas modalidades, aproxima-se da própria poesia. Da fonte os queixumes, E a nuvem dourada
No sentido mais restrito, a poesia assume formas verbais E os meigos perfumes Qual berço de fada
tanto na modalidade escrita quanto na modalidade oral. No uso Que solta o vergel; Num céu todo azul;
da linguagem, o poeta, por meio do poema, transfigura aquilo que As noites brilhantes, No lago e nos brejos
o inspira em algo poético, ou poesia. Nesse processo, a poesia, E os doces instantes Os férvidos beijos
muitas vezes, se aproxima da música; em outras, não. Como Dos noivos amantes E os loucos bafejos
Na lua de mel; Das brisas do sul;
exemplo dessa relação, podem-se citar a poesia clássica, a poesia
provençal, a poesia romântica e a poesia feita por alguns poetas
Do templo nas naves Toda essa ternura
modernistas brasileiros. Há também a poesia concreta, que é mais As notas suaves, Que a rica natura
“topográfica”, visual, espacial, não tendo, necessariamente, um E o trino das aves Soletra e murmura
compromisso com a lírica. Saudando o arrebol; Nos hálitos seus,
É preciso entender também que a poesia, embora possa As tardes estivas, Da terra os encantos,
estar na prosa, caracteriza-se por ser uma arte tradicional que se E as rosas lascivas Das noites os prantos,
distingue por ter uma composição em versos, com uma organização Erguendo-se altivas São hinos, são cantos
rítmica das palavras e com recursos estilísticos. Ela é também Aos raios do sol; Que sobem a Deus!
entendida como a produção literária de um país, de um povo, ou
A gota de orvalho Os trêmulos lumes,
como o caráter daquilo que pode ser considerado belo, que desperta Tremendo no galho Da veiga os perfumes,
sentimento, emoção. Já, em seu sentido figurado, a poesia está na Do velho carvalho, Da fonte os queixumes,
própria harmonia da obra de arte. Nas folhas do ingá; Dos prados a flor,
Para finalizar, é essencial compreender que o papel de O bater do seio, Do mar a ardentia
um poeta reside na capacidade que ele tem de combinar sinais Dos bosques no meio Da noite a harmonia,
ou símbolos, por meio de uma linguagem verbal acessível, para a O doce gorjeio Tudo isso é – poesia!
transformação do homem, ou mesmo de uma sociedade, que busca Dalgum sabiá; Tudo isso é – amor!
o reconhecimento da própria identidade. Casimiro de Abreu
2 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Os gêneros poéticos e a poesia No poema, o poeta tem o direito de fazer uso dos mais
diversos recursos da linguagem, como o uso da língua falada,
Os gêneros clássicos são três: épico, lírico e dramático. das figuras de estilo e, se preciso for, das palavras de baixo-calão.
Do lírico, surgiram muitos outros gêneros que bebem na fonte No ato criativo, o poeta deve ser um “fingidor”, conforme definira
clássica e que assumem funções em uma sociedade. É o caso, por Fernando Pessoa em “Autopsicografia”.
exemplo, de gêneros poéticos como epitalâmios, éclogas, odes,
hinos, elegias e sonetos. AUTOPSICOGRAFIA
Quanto aos gêneros, a poesia permite também uma O poeta é um fingidor.
classificação de poemas, conforme suas características. O poema Finge tão completamente
épico, por exemplo, aborda temas como a guerra, a bravura de Que chega a fingir que é dor
um povo ou situações extremas e é, quase sempre, narrativo e de A dor que deveras sente.
grande extensão. O poema lírico, porém, pode ser muito curto, E os que leem o que escreve,
pois pode retratar um momento sublime, um flash da vida, uma Na dor lida sentem bem,
situação emocional. Não as duas que ele teve,
Na poesia, tem-se a expressão de um sentimento, que não, Mas só a que eles não têm.
necessariamente, é o amor, embora seja esse o sentimento mais E assim nas calhas de roda
explorado pelos poetas. Atingir o leitor com o sentimento ou com a Gira, a entreter a razão,
beleza de um poema é tarefa que cabe aos poetas, que se dedicam Esse comboio de corda
a embaraçar e a burilar as palavras no intuito de criar imagens e Que se chama coração.
sentimentos que tocam a alma. PESSOA, Fernando. “Autopsicografia”, In.: Fernando Pessoa – Obra Poética,
Vale ressaltar que, numa visão ampla, a poesia é diferente Cia. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1972, pág. 164.
Anual – Volume 3 3
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Outro dado que se deve considerar em relação à forma são Como se pode ver, o ritmo e a melodia dos versos são
as sílabas gramaticais que diferem das sílabas poéticas (ou métricas), importantes na poesia. A esse ritmo, pode ser acrescida a rima,
por vezes, não coincidindo, pois nem sempre o número de sílabas que é a coincidência de sons ao final dos versos. Entenda: não é a
gramaticais é igual ao número de sílabas métricas. A última sílaba rima que faz o poema, e sim todo o conjunto de ritmo e sonoridade,
poética é sempre a última sílaba tônica do verso. Veja: emoção e expressão. No Modernismo, por exemplo, os poetas
costumam dispensar a rima, pois se usam versos brancos,
Sílabas ou seja, sem rimas.
MI NHA TER RA TEM PAL MEI RAS Quanto às rimas, elas podem ser classificadas de acordo com:
gramaticais
Nº de a) a coincidência de vogais e consoantes:
1 2 3 4 5 6 7 8
sílabas
Minha terra tem palmeiras
Sílabas Onde canta o sabiá
MI NHA TER RA TEM PAL MEI* RAS
métricas As aves que aqui gorjeiam
Nº de Não gorjeiam como lá
1 2 3 4 5 6 7 X
sílabas
DIAS, Gonçalves, “Canção do Exílio”.
* última sílaba tônica In.: Primeiros cantos, 1847.
Como você pôde observar, o número de sílabas métricas e Na primeira quadra de “Canção do Exílio”, sabiá e lá têm
gramaticais não coincidiu. As regras básicas para a contagem de sons iguais na sílaba tônica; portanto, são versos consoantes.
sílabas métricas são: Já palmeiras e gorjeiam têm sons parecidos (apenas as vogais
a) Só se contam as sílabas até a última sílaba tônica de cada tônicas EI são iguais); por isso, são versos toantes.
verso. b) a posição do acento tônico:
b) Havendo encontro de vogais, em palavras diferentes,
elas podem fundir-se numa sílaba somente. É o caso da Neste caso, as rimas podem ser: agudas (quando as
elisão. palavras que rimam são oxítonas); graves (quando as palavras que
rimam são paroxítonas); esdrúxulas (quando as palavras que rimam
Atenção: Escandir ou fazer a escansão dos versos é são proparoxítonas).
indicar suas sílabas métricas e seus acentos.
O número de sílabas métricas em cada verso depende da c) a distribuição nas estrofes:
vontade do poeta. Geralmente vão de uma sílaba (verso muito raro)
até doze sílabas. Nesse aspecto, as rimas podem ser: emparelhas
Observe a nomenclatura dos versos, considerando o número (sucedem-se duas a duas); alternadas (o 1º verso rima com o 3º,
de sílabas poéticas: o 2º com o 4º etc.); cruzadas (o 1º verso rima com o 4º, o 2º com
o 3º etc.); encadeadas (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º e
o 6º, 5º com o 7º e o 9º, e assim sucessivamente).
Número de Sílabas Nome dos versos
4 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Posso agora viver: para coroas Texto III
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte BUSCANDO A CRISTO
Nas rosas mais gentis de teus amores.
A vós correndo vou, braços sagrados,
Vale todo um harém a minha bela, Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Em fazer-me ditoso ela capricha... Que, para receber-me, estais abertos,
Vivo ao sol de seus olhos namorados, E, por não castigar-me, estais cravados.
Como ao sol de verão a lagartixa.
AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas. Ed. críticas de Péricles A vós, divinos olhos, eclipsados
Eugênio da Silva Ramos/ Org. Iumna Maria Simon. Campinas/SP: De tanto sangue e lágrimas abertos,
Unicamp; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2002.
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados,
Comentário analítico do poema:
________________________________________________________ A vós, pregados pés, por não deixar-me,
________________________________________________________ A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me.
Texto II
A vós, lado patente, quero unir-me,
O CANTO DO PIAGA A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
I
Ó Guerreiros da Taba sagrada, Gregório de Matos Guerra.
Ó Guerreiros da Tribu Tupi,
Falam Deuses nos cantos do Piaga, Comentário analítico do poema:
Ó Guerreiros, meus cantos ouvi. ________________________________________________________
________________________________________________________ ________________________________________________________
Anual – Volume 3 5
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
C) visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade
da criação poética, conforme expressa o verso “e te
Exercícios de Fixação estilhaces, suicida”.
D) processo de contenção, amadurecimento e transformação
da palavra, representado pelos versos “numa explosão / de
01. (Enem/2018) diamantes”.
E) necessidade premente de libertação da prisão representada
Eu sobrevivi do nada, do nada pela poesia, simbolicamente comparada à “garrafa” a ser
Eu não existia “estilhaçada”.
Não tinha uma existência
Não tinha uma matéria
03. (Enem/2018)
Comecei existir com quinhentos milhões
e quinhentos mil anos o que será que ela quer
Logo de uma vez, já velha essa mulher de vermelho
Eu não nasci criança, nasci já velha alguma coisa ela quer
Depois é que eu virei criança pra ter posto esse vestido
E agora continuei velha não pode ser apenas
Me transformei novamente numa velha uma escolha casual
Voltei ao que eu era, uma velha podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, v. (Org.). Reino dos bichos e dos
animais é meu nome. Rio de Janeiro: Azougue, 2009. mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singularidade da e ela escolheu vestido
expressão lírica manifesta-se na e ela é uma mulher
A) representação da infância, redimensionada no resgate da então com base nesses fatos
memória. eu já posso afirmar
B) associação de imagens desconexas, articuladas por uma fala que conheço o seu desejo
delirante. caro watson, elementar:
C) expressão autobiográfica, fundada no relato de experiências o que ela quer sou euzinho
de alteridade. sou euzinho o que ela quer
D) incorporação de elementos fantásticos, explicitada por versos só pode ser euzinho
incoerentes. o que mais podia ser
E) transgressão à razão, ecoada na desconstrução de
referências temporais. FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho.
São Paulo: Cosac Naify, 2013.
02. (Enem)
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu
À GARRAFA lírico uma identidade que aqui representa a
A) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.
Contigo adquiro a astúcia B) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.
de conter e de conter-me. C) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.
Teu estreito gargalo D) importância da correlação entre ações e efeitos causados.
é uma lição de angústia. E) valorização da sensibilidade como característica de gênero.
Por translúcida pões
o dentro fora e o fora dentro 04. (Enem)
para que a forma se cumpra
e o espaço ressoe. MÃOS DADAS
Até que, farta da constante
Não serei o poeta de um mundo caduco.
prisão da forma, saltes
Também não cantarei o mundo futuro.
da mão para o chão
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
e te estilhaces, suicida,
Estão taciturnos mas nutem grandes esperanças.
numa explosão
Entre eles, considero a enorme realidade.
de diamantes.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
PAES. J. P. Prosas seguidas de odes mínimas.
São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
6 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico Flor é o salto
marcado pelo contexto de opressão política no Brasil e da da ave para o voo:
Segunda Guerra Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico o salto fora do sono
A) considera que em sua época o mais importante é a
quando seu tecido
independência dos indivíduos.
B) desvaloriza a importância dos planos pessoais na vida em se rompe; é uma explosão
sociedade. posta a funcionar,
C) reconhece a tendência à autodestruição em uma sociedade como uma máquina,
oprimida. uma jarra de flores.
D) escolhe a realidade social e seu alcance individual como
MELO NETO, J.C. Psicologia da composição.
matéria poética.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
E) critica o individualismo comum aos românticos e aos Fragmento.
excêntricos.
A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da
05. (Enem/2013) linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento
de João Cabral de Melo Neto, poeta da Geração de 1945,
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem o sujeito lírico propõe a recriação poética de
de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa. A) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz comparada, a fim de assumir novos significados.
por trás de sua casa se chama enseada. B) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia vanguardas do início do século XX.
uma volta atrás da casa. C) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem
Era uma enseada. historicamente ligada à palavra poética.
Acho que o nome empobreceu a imagem. D) uma máquina, levando em consideração a relevância do
BARROS, M. O livro das ignorãças.
discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.
Rio de Janeiro: Record, 2001. E) um tecido, visto que sua composição depende de elementos
intrínsecos ao eu lírico.
Manoel de Barros desenvolve uma poética singular, marcada
por “narrativas alegóricas”, que transparecem nas imagens 02. (Enem/2011)
construída ao longo do texto. No poema, essa característica
aparece representada pelo uso do recurso de Texto I
A) resgate de uma imagem da infância, com a cobra de vidro.
B) apropriação do universo poético pelo olhar objetivo. O meu nome é Severino,
C) transfiguração do rio em um vidro mole e cobra de vidro. não tenho outro de pia.
D) rejeição da imagem de vidro e de cobra no imaginário Como há muitos Severinos,
poético. que é santo de romaria,
E) recorte de elementos como a casa e o rio no subconsciente. deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
Exercícios Propostos do finado Zacarias,
mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
01. (Enem) por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
ANTIODE e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Poesia, não será esse Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
o sentido em que
ainda te escrevo: MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1994 (fragmento).
Anual – Volume 3 7
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na Embora – é meu destino. Em treva densa
análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto Dentro do peito a existência finda
poético e o contexto social a que ele faz referência aponta Pressinto a morte na fatal doença!
para um problema social expresso literariamente pela pergunta
“Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?“. A mim a solidão da noite infinda!
A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da
A) descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem- Possa dormir o trovador sem crença.
-narrador. Perdoa minha mãe — eu te amo ainda!
B) construção da figura do retirante nordestino como um
AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos.
homem resignado com a sua situação.
São Paulo: Martins Fontes, 1996.
C) representação, na figura do personagem-narrador, de outros
Severinos que compartilham sua condição.
D) apresentação do personagem-narrador como uma projeção A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década
do próprio poeta, em sua crise existencial. de 1850, período conhecido na literatura brasileira como
E) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da
de ser descendente do coronel Zacarias. exacerbação romântica identifica-se com o(a)
A) amor materno, que surge como possibilidade de salvação
03. (Enem) para o eu lírico.
DA SUA MEMÓRIA B) saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da
mãe e da irmã.
mil
C) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com
e
mui aparência melancólica.
tos D) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu
out desejo de dormir.
ros E) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir
ros um tormento constante.
tos
sol 05. (Enem)
tos
pou
coa CASAMENTO
pou
coa Há mulheres que dizem:
pag Meu marido, se quiser pescar, pesque,
amo mas que limpe os peixes.
meu
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
São Paulo: Perspectiva, 1998.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
Trabalhando com recursos formais inspirados no concretismo, de vez em quando os cotovelos se esbarram,
o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela ele fala coisas como “este foi difícil“
A) interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica “prateou no ar dando rabanadas“
racional. e faz o gesto com a mão.
B) reestruturação formal da palavra, para provocar o
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
estranhamento no leitor.
C) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido atravessa a cozinha como um rio profundo.
das lembranças. Por fim, os peixes na travessa,
D) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento vamos dormir.
das lembranças. Coisas prateadas espocam:
E) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova
somos noivo e noiva.
vanguarda poética.
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.
04. (Enem)
SONETO
O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de
Oh! Páginas da vida que eu amava, tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!… limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma
Ardei, lembranças doces do passado!
A) expectativa do marido em relação à esposa.
Quero rir-me de tudo que eu amava!
B) imposição dos afazeres conjugais.
E que doido que eu fui! como eu pensava C) disposição para realizar tarefas masculinas.
Em mãe, amor de irmã! em sossegado D) dissonância entre as vozes masculina e feminina.
Adormecer na vida acalentado E) forma de consagração da cumplicidade no casamento.
Pelos lábios que eu tímido beijava!
8 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
06. (Enem) eles se lambuzando e arrotando
Texto I na mesa
e eu a temperada
DOIS QUADROS servindo, contida
Anual – Volume 3 9
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
09. (Enem) Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas,
CIDADE GRANDE penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente
as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de
Que beleza, Montes Claros. uma relação tensa entre o universal e o particular, como se
Como cresceu Montes Claros. percebe claramente na construção do poema “Confidência
Quanta indústria em Montes Claros. do Itabirano”.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória, Tendo em vista os procedimentos de construção do texto
prima-rica do Rio de Janeiro, literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que
o poema anterior
que já tem cinco favelas
A) representa a fase heroica do Modernismo, devido ao tom
por enquanto, e mais promete.
contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos
ANDRADE, Carlos Drummond de.
típicos da oralidade.
B) apresenta uma característica importante do gênero lírico,
que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
Entre os recursos expressivos empregados no texto,
C) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua
destaca-se a
comunidade, por intermédio de imagens que representam
A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se
a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a
à própria linguagem.
constituição do indivíduo.
B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros
D) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de
textos.
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as
C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa,
prendas resgatadas de Itabira.
com intenção crítica.
E) apresenta influências românticas, uma vez que trata da
D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra
sentido próprio e objetivo.
natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas,
atribuindo-lhes vida.
10. (Enem)
CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Fique de Olho
10 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Longe o Infante, esforçado,
Aula 12:
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Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
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Publicado pela primeira vez in Presença, nos 41-42, Coimbra,
maio de 1934. Acerca da epígrafe que encabeça este poema,
diz o próprio autor a uma interrogação levantada pelo crítico A.
Casais Monteiro, em carta a este último:
A citação, epígrafe ao meu poema “Eros e Psique”, de um
trecho (traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro
Grau da Ordem Templária de Portugal, indica simplesmente
– o que é fato – que me foi permitido folhear os Rituais dos
três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou em dormência
desde cerca de 1888. Se não estivesse em dormência, eu não
citaria o trecho do Ritual, pois se não devem citar (indicando
a origem) trechos de Rituais que estão em trabalho [In VO/II.]
Disponível em:<http://www.insite.com.br/art/ Olavo Bilac
pessoa/cancioneiro/182.php>
PROFISSÃO DE FÉ
Transfuchsian/123RF/Easypix
Anual – Volume 3 11
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Imito-o. E, pois, nem de Carrara Como já fizemos na aula anterior, desenvolva sua capacidade
A pedra firo: de analisar atentando para os diversos aspectos que envolvem a
O alvo cristal, a pedra rara, escrita de um poema, tais como: a estética a que ele pertence,
O ônix prefiro. a época de sua produção, o tema abordado, o objetivo do texto,
o tom discursivo, a sequência textual e a estrutura (métrica, estrofe,
Por isso, corre, por servir-me, rima etc.) de cada um deles.
Sobre o papel
A pena, como em prata firme Ainda sobre a poesia
Corre o cinzel.
Na poesia, o significante não existe meramente a serviço
Corre; desenha, enfeita a imagem,
do significado. Nela o significante e o significado funcionam
A ideia veste: juntos, sendo usados para provocar sentimentos, impressões,
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem emoções e reflexões. Isso ocorre porque, na poesia, cada palavra
Azul-celeste. tem seu papel não somente por seu significado, mas também por
seu ritmo, por sua sonoridade, por sua relação interna e por seu
Torce, aprimora, alteia, lima
aspecto visual.
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim. Diferença entre poesia e poema
Quero que a estrofe cristalina, É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de
Dobrada ao jeito serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso dos dois termos
Do ourives, saia da oficina entre os estudiosos apresenta diferenças:
Sem um defeito: • Poesia: caráter do que emociona e toca a sensibilidade devido
à sugestão de emoções por meio de uma linguagem.
E que o lavor do verso, acaso,
• Poema: trata-se de uma obra em verso em que há poesia.
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma
De Becerril.
substância imaterial, é que o primeiro tem uma existência
E horas sem conto passo, mudo, concreta e a segunda não. Ou seja: o poema, depois de criado,
O olhar atento, existe per si, em si mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas
A trabalhar, longe de tudo a poesia só existe em outro ser: primariamente, naqueles onde
ela se encrava e se manifesta de modo originário, oferecendo-se
O pensamento.
à percepção objetiva de qualquer indivíduo; secundariamente,
Porque o escrever – tanta perícia, no espírito do indivíduo que a capta desses seres e tenta
Tanta requer, (ou não) objetivá-la num poema; terciariamente, no próprio
Que ofício tal... nem há notícia poema resultante desse trabalho objetivador do indivíduo-poeta.
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena O poema destaca-se imediatamente pelo modo como se
Segue esta norma, dispõe na página. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa
uma linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode
Por te servir, Deusa serena,
surgir no interior dessa estrofe. A organização do poema em versos
Serena Forma! pode ser considerada o traço distintivo mais claro entre o poema e
(...) a prosa (que é escrita em linhas contínuas, ininterruptas).
BILAC, Olavo. Profissão de fé. Fragmento.
Fique atento!
No panorama da poesia brasileira, muitos são os poetas
A poesia pode-se manifestar de diferentes formas, e não
que merecem crédito e devem ter suas obras lidas, compreendidas
necessariamente no poema. É comum, por exemplo, encontrarmos
e analisadas. No leque de opções, não podem faltar poetas da
peças publicitárias (ou mesmo qualquer outra manifestação
estirpe de Gregório de Matos, Cláudio Manuel da Costa, Gonçalves textual ou social) eivadas de poesia, de subjetividade, de lirismo.
Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Cruz e Souza, Olavo Bilac, Lembrem-se de que, principalmente no Modernismo brasileiro,
Augusto dos Anjos, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, prosa e poesia (no sentido de poema) entrelaçaram-se de tal
Cassiano Ricardo, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, forma que podemos deparar versos nos quais não há poesia,
Paulo Leminski, Vinicius de Moraes, Mário Quintana, Cecília assim como podemos encontrar prosas repletas de teor poético,
Meireles, Ferreira Gullar, entre tantos outros. a chamada prosa poética.
A seleção de poemas a seguir fará com que você mergulhe Outro aspecto que se deve levar em consideração ao ler
poemas são as tonalidades do discurso poético, pois identificá-las
um pouco no universo da poesia brasileira. Atente para o conteúdo
ajuda bastante na hora de compreender o texto. As tonalidades
e para a forma de cada poema, pois, independentemente da época
mais frequentes no poema são estas: lírica, épica, dramática,
em que cada texto foi escrito e do tema abordado, a escolha irônica, cômica, fantástica, mórbida, trágica, patética...
temática e a qualidade estética ou lírica de um poema ultrapassam
Por Tom Dantas
as determinações de tempo e de espaço.
12 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Textos representativos da poesia em Texto III
________________________________________________________ ________________________________________________________
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Anual – Volume 3 13
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Texto V Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
BELEZA MORTA Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
De leve, louro e enlanguescido helianto Marion! Marion!... É noite ainda.
Tens a flórea dolência contristada... Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Há no teu riso amargo um certo encanto Como um negro e sombrio firmamento,
De antiga formosura destronada. Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
No corpo, de um letárgico quebranto, — Boa-noite!, formosa Consuelo!...
Corpo de essência fina, delicada,
Sente-se ainda o harmonioso canto ALVES, Castro. Boa-noite.
Da carne virginal, clara e rosada.
Comentário analítico do poema:
Sente-se o canto errante, as harmonias
________________________________________________________
Quase apagadas, vagas, fugidias
E uns restos de clarão de Estrela acesa... ________________________________________________________
14 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
03. (Enem)
Exercícios de Fixação DESCOBRIMENTO
Anual – Volume 3 15
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
05. (Enem) O texto de Adélia Prado apresenta uma mulher cuja vida se
“resume”. Sua expressão poética revela
SEM ACESSÓRIOS NEM SOM A) contradições do universo feminino infeliz.
B) frustração relativa às obrigações cotidianas.
Escrever só para me livrar C) busca de identidade no universo familiar.
de escrever. D) subterfúgios de uma existência complexa.
Escrever sem ver, com riscos E) resignação diante da condição social imposta.
sentindo falta dos acompanhamentos
02. (Enem/2017 – 2ª Aplicação)
com as mesmas lesmas
e figuras sem força de expressão.
Mas tudo desafina: DOIS PARLAMENTOS
o pensamento pesa
tanto quanto o corpo Nestes cemitérios gerais
enquanto corto os conectivos não há morte pessoal.
corto as palavras rentes Nenhum morto se viu
com tesoura de jardim com modelo seu, especial.
cega e bruta Vão todos com a morte padrão,
com facão de mato. em série fabricada.
Mas a marca deste corte Morte que não se escolhe
tem que ficar e aqui é fornecida de graça.
nas palavras que sobraram. Que acaba sempre por se impor
Qualquer coisa do que desapareceu sobre a que já medrasse.
continuou nas margens, nos talos Vence a que, mais pessoal,
no atalho aberto a talhe de foice alguém já trouxesse na carne.
no caminho de rato. Mas afinal tem suas vantagens
esta morte em série.
FREITAS FILHO, A. Máquina de escrever: poesia reunida Faz defuntos funcionais,
e revista.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
próprios a uma terra sem vermes.
Nesse texto, a reflexão sobre o processo criativo aponta para MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro:
uma concepção de atividade poética que põe em evidência o(a) Nova Fronteira, 1997. Fragmento.
A) angustiante necessidade de produção, presente em
“Escrever só para me livrar/ de escrever”. A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés
B) imprevisível percurso da composição, presente em “no atalho temático muito presente em João Cabral de Melo Neto.
aberto a talhe de foice/ no caminho de rato”. No fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)
C) agressivo trabalho de supressão, presente em “corto as A) inutilidade de divisão social e hierarquia após a morte.
palavras rentes/com tesoura de jardim/ cega e bruta”. B) aspecto desumano dos cemitérios da população carente.
D) inevitável frustração diante do poema, presente em “Mas C) nivelamento do anonimato imposto pela miséria na morte.
tudo desafina:/ o pensamento pesa/ tanto quanto o corpo”. D) tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.
E) conflituosa relação com a inspiração, presente em “sentindo E) indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.
falta dos acompanhamentos/ e figuras sem força de
expressão”. 03. (Enem)
Exercícios Propostos
& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
01. (Enem)
barco & em cada porta m
RESUMO e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
Gerou os filhos, os netos, a me escapo & em cada pe
Deu à casa o ar de sua graça dra te prendo & em cada g
e vai morrer de câncer. rade me escravo & em ca
O modo como pousa a cabeça para um retrato da sótão te sonho & em cada
é o da que, afinal, aceitou ser dispensável. esconso me affonso & em
Espera, sem uivos, a campa, a campa, a inscrição: cada claúdio te canto & e
1906-1970. m cada fosso me enforco &
SAUDADE DOS SEUS, LEONORA.
ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta.
PRADO, A. Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2007. São Paulo: Summus, 1978.
16 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
O contexto histórico e literário do período Barroco- 05. (Enem)
Árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975.
ESTRADA
A restauração de elementos daquele contexto por uma poética
contemporânea revela que
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica,
Interessa mais que uma avenida urbana.
que prevalece sobre a observação da realidade social.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata,
em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Mineira. Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto Cada criatura é única.
do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem Até os cães.
erudita. Estes cães da roça parecem homens de negócios:
D) o eu lírico pretende revitalizar os contastes barrocos, Andam sempre preocupados.
gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e E quanta gente vem e vai!
literários. E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho
linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos manhoso.
inconfidentes. Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos
símbolos,
04. (Enem/2012) Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
O TROVADOR
BANDEIRA. M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.
Anual – Volume 3 17
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
A poesia brasileira sofreu importantes transformações após a 08. (Enem)
Semana de 1922, sendo a aproximação com a prosa uma das
Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo.
mais significativas. O poema da poeta mineira Adélia Prado
Não é.
rompe com a lírica tradicional e se aproxima da prosa por A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
apresentar Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
A) travessão, estrutura do verso com pontuação comum a ela falou comigo:
orações e aproximação com a oralidade, elementos próprios “Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
da narrativa. Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com
B) uma estrutura narrativa que não segue a sequência de água quente.
estrofes nem utiliza de linguagem metafórica. Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
C) personagem situado no tempo e espaço, descrevendo suas
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.
memórias da infância.
D) discurso direto e indireto alternados na voz do eu lírico e
Um dos procedimentos consagrados pelo Modernismo foi
localização espacial.
a percepção de um lirismo presente nas cenas e fatos do
E) narrador em primeira pessoa, linguagem discursiva e cotidiano. No poema de Adélia Prado, o eu lírico resgata a
elementos descritivos. poesia desses elementos a partir do(a)
A) reflexão irônica sobre a importância atribuída aos estudos
07. (Enem) por sua mãe.
B) sentimentalismo, oposto à visão pragmática que reconhecia
FOGO FRIO na mãe.
C) olhar comovido sobre seu pai, submetido ao trabalho
O Poeta pesado.
D) reconhecimento do amor num gesto de aparente banalidade.
A névoa que sobe
E) enfoque nas relações afetivas abafadas pela vida conjugal.
dos campos, das grotas, do fundo dos vales,
é o hálito quente da terra friorenta. 09. (Enem/2012)
Ai, palavras, ai, palavras
O Lavrador que estranha potência a vossa!
Engana-se, amigo.
Todo o sentido da vida
Aquilo é fumaça que sai da geada. principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
O Poeta seu perfume em vossa rosa;
Fumaça, que eu saiba, sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
somente de chama e brasa é que sai!
O Lavrador A liberdade das almas,
E, acaso, a geada não é ai! Com letras se elabora...
fogo branco caído do céu, E dos venenos humanos
tostando tudinho, crestando tudinho, queimando tudinho, sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
se pena, sem dó? e mais que o aço poderosa!
FORNARI, E. Trem da serra. Porto Alegre: Reis, impérios, povos, tempos,
Acadêmica, 1987. pelo vosso impulso rodam...
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro:
Neste diálogo poético, encena-se um embate de ideias entre Nova Aguilar, 1985. (fragmento).
o Poeta e o Lavrador, em que
A) a vitória simbólica é dada ao discurso do lavrador e tem O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da
Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio
como efeito a renovação de uma linguagem poética
histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora
cristalizada. uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o
B) as duas visões têm a mesma importância e são equivalentes homem e a linguagem:
como experiência de vida e a capacidade de expressão. A) A força e a resistência humanas superam os danos
C) o autor despreza a sabedoria popular e traça uma caricatura provocados pelo poder corrosivo das palavras.
do discurso do lavrador, simplório e repetitivo. B) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu
D) as imagens contraditórias de frio e fogo referidas à geada equilíbrio vinculado ao significado das palavras.
C) O significado dos nomes não expressa de forma justa e
compõem um paradoxo que o poema não é capaz de
completa a grandeza da luta do homem pela vida.
organizar. D) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às
E) o discurso do lavrador faz uma personificação da natureza gerações perpetuar seus valores e suas crenças.
para explicar o fenômeno climático observado pelos E) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem
personagens. seu alcance limitado pelas intenções e gestos.
18 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
10. (Enem)
Aula 13:
C-3 H-9, 12
Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. Aula Africanidades: A Cultura de um C-4 H-13, 20
Ele está comprometido de monge.
13 Povo em Destaque
De tarde deambula no azedal entre torsos de
cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros,
de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas
albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos,
linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em
Entenda um pouco
gotas de orvalho etc. etc. sobre africanidades
Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento Quando se usa a expressão africanidades se quer referir
Foi encontrado em osso. às raízes da cultura brasileira que tem origem na África. Há duas
Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. formas de entender esse termo: primeiramente, reporta-se ao modo
BARROS, M. de. Retrato do artista quando coisa. de ser e de viver dos afrodescendentes brasileiros; secundariamente,
Rio de Janeiro: Record, 2002. refere-se às marcas da cultura africana que estão inseridas no
cotidiano do brasileiro, independentemente de sua etnia.
Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, Muito provavelmente você já teve acesso a elementos da
o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque cultura africana, pois já deve ter comido feijoada, ter dançado ou
A) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios
cantado samba, ou mesmo ter praticado capoeira. Nossa cultura foi
perdidos.
B) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina. (e é) influenciada pelos costumes africanos, pois, de norte a sul ou
C) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas de leste a oeste, a África se faz refletir nas atitudes da população
e a tradição. brasileira: seja na dança, seja na música, seja no folclore, seja na
D) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza. religião, seja na gastronomia, seja no artesanato.
E) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas. Em relação à feijoada, ao samba e à capoeira, algumas
considerações devem ser feitas, já que resultam de ações dos
africanos que, escravizados aqui no Brasil, buscavam formas de
sobreviver, expressando seu jeito de ser e de ver a vida, contribuindo,
Fique de Olho assim, para o engrandecimento da cultura brasileira. Sabe-se que
a receita de feijoada ou mesmo de vatapá significa muito mais do
que a mistura de ingredientes, pois é o retrato de soluções para
Reprodução/Editora Objetiva
Anual – Volume 3 19
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
As artes e a cultura africana Obras de Debret
Diversificada é a palavra mais adequada para se falar da Ao observar as obras de Debret a seguir, note que o artista,
cultura africana, que, na arte brasileira, se faz presente em diversos num estado figurativo, tematiza a vida do negro em diferentes
tipos de manifestações, desde os entalhos em madeira até os situações: em momentos de castigo, em momentos de serventia;
trabalhos em bronze ou couro. Há também o uso de máscaras para no convívio social. Debret não teve uma intenção crítica ao pintar
comemorar e celebrar diferentes rituais, pois, na África, dança-se suas telas, pois seu objetivo era retratar o cotidiano da vida do
e canta-se por razões diversas: o nascimento, a morte, a vida, brasileiro, incluindo aí negros, índios e brancos. É possível, porém,
o casamento, a colheita etc. perceber traços da cultura africana em suas obras, como a presença
Além disso, a cultura africana está repleta de esculturas, de da capoeira, por exemplo.
pinturas, de cerâmicas, de máscaras cerimoniais, de pratos típicos
20 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Rubem Valentim: um defensor da cultura
Anual – Volume 3 21
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Veja outra obra de Rubem Valentim:
Anikasalsera/123RF/Easypix
Reprodução autorizada por Roberto Bicca de Alencastro/Coleção
particular
22 Anual – Volume 3
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Vale ressaltar que, na África, o espírito que guia a poesia Cuíca – consiste numa espécie de tambor com uma haste
também guia a música e a dança, pois o poema está interligado de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado
à música e esta se liga à dança. Talvez, por tudo isso, a música popular interno. O polegar, o indicador e o dedo médio seguram a haste no
brasileira seja influenciada pelos ritmos africanos, pois se notam, interior do instrumento com um pedaço de pano úmido, os ritmos
na nossa expressão musical, ritmos diversos, tais como: samba, são articulados pelo deslizamento deste tecido ao longo do bambu.
maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada e maxixe. A outra mão segura a cuíca e com os dedos exerce uma pressão
Durante muitos anos, a música trazida pelos escravos foi na pele. Quanto mais forte a haste for segurada e mais pressão for
desprezada pelo colonizador. Isso acontecera em todo o continente aplicada na pele, mais altos serão os tons obtidos.
americano, já que era vista como uma música de pouco valor, Kora – instrumento musical formado por 21 cordas.
que deveria ser dispensada, contribuindo, assim, para a sua Tem uma caixa de ressonância feita de cabaça e suas cordas
marginalização. Essa música só ganha notoriedade a partir do início eram originalmente feitas de pele de antílope. O instrumentista
do século XX, quando o samba chega à casa das elites brasileiras, usa somente o polegar e o indicador de ambas as mãos para
mesmo que disfarçadamente. Na realização dos ritmos africanos, é dedilhar as cordas da kora, sendo que os dedos restantes seguram
comum a utilização de instrumentos afro-brasileiros, como o afoxé, o instrumento. O som produzido pela kora é semelhante ao da
o agogô, o atabaque, o berimbau e o tambor. harpa.
Leia um pouco mais sobre alguns instrumentos e ritmos
Reco-reco – objeto musical feito de madeira ou bambu com
musicais africanos:
ranhuras transversais que são friccionados por uma vareta. O som
é obtido através da raspagem de uma baqueta sobre as ranhuras
Carlos Mora/123RF/Easypix
transversais.
Tambores – são os principais instrumentos musicais
africanos. Existem dos mais variados formatos, tamanhos e
elementos decorativos. É um objeto musical de percussão, é oco
e feito de bambu ou madeira. Além de sua utilização nos eventos
festivos, os tambores eram uma forma de comunicação entre
comunidades distantes, em razão de sua forte potência sonora.
Veja exemplos:
Andrey Armyagov/123RF/Easypix
Yelena Kovalenko/123RF/Easypix
Musicalidade Africana
Tamara Kulikova/123RF/Easypix
por uma cabaça redonda coberta por uma rede de bolinhas ao redor
de seu corpo. O som é produzido quando se giram as bolinhas em
um sentido, e o cabo no sentido oposto. É um instrumento musical
muito utilizado nos rituais de umbanda e pelos grupos de samba
e reggae.
Agogô
Agogô – instrumento musical percussivo composto de
duas a quatro campânulas (objeto em forma de sino) de tamanhos
diferentes, ligadas entre si pelos vértices. É o instrumento mais Afoxé
antigo do samba.
Berimbau – é um instrumento de corda usado para fazer
percussão na capoeira. É um arco feito de uma vara de madeira, A capoeira
de comprimento aproximado de 1,20 m a 1,60 m, e um fio de aço A capoeira consiste num jogo que envolve dança, luta
(arame) preso nas extremidades da vara. Em uma das extremidades e música. É uma das expressões culturais afro-brasileiras mais
do arco, é fixada uma cabaça que funciona como caixa de desenvolvidas no Brasil. Trazida de Angola para o Brasil, logo depois
ressonância. Para a realização do som, é necessária a utilização de do século XVI, a capoeira se espalhou pelos seguintes estados:
uma pedra ou moeda, vareta e caxixi. Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Caxixi – é um instrumento de percussão que corresponde Na capoeira, forma-se uma roda com os participantes, que revezam
a um pequeno cesto de palha trançada contento sementes ou no toque do berimbau, que acompanha a dança e a luta ritual em
arroz para a produção do som. Esse objeto é um complemento pares no centro do círculo. Utilizam-se, na capoeira, acrobacias,
do berimbau. chutes e rasteiras.
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Embora já existam muitas pesquisas, a origem da capoeira Com o intuito de evitar rebelião, os senhores de escravos
ainda é incerta. Sabe-se, porém, que ela é fruto da combinação de costumam agrupar em suas senzalas escravos de origens distintas,
artes marciais africanas e brasileiras. Há também aqueles que dizem o que facilitou a mistura de costumes e povos africanos. Em função
ser a capoeira um estilo de luta africano e aqueles que acreditam ser disso, o candomblé, religião africana, fertilizou-se no Brasil, pois era
a capoeira uma forma de dança brasileira única, fruto de influências uma das formas de o afrodescendente resgatar a atmosfera mística
africanas e brasileiras. de sua pátria. Era na natureza que os seguidores do candomblé
atribuíam poder, ligando deuses aos elementos presentes nela. Isso
se dava por meio de culto e oração.
A culinária
O principal prato tradicional brasileiro, a feijoada, costuma
ser apontado como tendo sido criado nas senzalas do Brasil.
Ela serviu de alimento aos escravos. Hoje, a feijoada é um prato
saboreado pela maioria dos brasileiros. Há quem diga, porém,
que a feijoada brasileira é uma adaptação da portuguesa, que,
inclusive, não era servida aos escravos.
A cozinha brasileira regional deve muito à culinária africana,
aos elementos portugueses e aos indígenas. De origem africana,
ainda podem ser citadas comidas típicas, como o acarajé, o vatapá
Carybé (1911-1997). Candomblé, 1983. Óleo sobre tela. 70 × 110 cm. e a moqueca.
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Em 20 de novembro de 1695, traído por um dos seus
Exercícios de Fixação homens que sucumbiu às torturas, Zumbi e seus homens
foram surpreendidos e mortos. Sua cabeça foi pregada em
um poste de uma praça da capital pernambucana para servir
01. Leia. de intimidação aos rebeldes. As terras do Quilombo dos
I Palmares foram distribuídas aos vencedores.
Em 1703, um dos negros de Palmares, Camuango,
02. Leia.
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Jean-Baptiste Debret foi um importante artista plástico francês às vezes faço questão de não me ver
que viveu no Brasil. Integrou a Missão Artística Francesa. Suas e entupido com a visão deles
obras formam importante acervo para o estudo da história e da sinto-me a miséria concebida como um eterno
cultura brasileira. Em Interior de uma casa de ciganos, Debret começo
A) explora o cotidiano suntuoso em que viviam os negros no
fecho-me o cerco
Brasil.
sendo o gesto que me nego
B) retrata, num estilo neoclássico, o valor da cultura mística
brasileira. a pinga que me bebo e me embebedo
C) defende a ideia da miscigenação no período imperial brasileiro. o dedo que me aponto
D) descreve o dia a dia harmônico da sociedade brasileira imperial. e denuncio
E) tematiza, no estado figurativo, o cotidiano adverso da o ponto em que me entrego.
sociedade brasileira. às vezes!…
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007. (fragmento).
04. (Enem/2014)
OLÁ! NEGRO
Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente
a presença de elementos que traduzem experiências históricas
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos
de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que
e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor
o eu lírico
tentarão apagar a tua cor! A) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
E as gerações dessas gerações quando apagarem B) submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
a tua tatuagem execranda, C) engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! D) sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.
Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, E) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade
negro-fujão, negro cativo, negro rebelde igualitária.
negro cabinda, negro congo, negro ioruba,
negro que foste para o algodão de USA
para os canaviais do Brasil,
para o tronco, para o colar de ferro, para a canga Exercícios Propostos
de todos os senhores do mundo;
eu melhor compreenda agora os teus blues
nesta hora triste da raça branca, negro! 01. (Enem)
Olá, Negro! Olá. Negro!
Texto I
A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!
Reprodução/Enem 2014
LIMA. J, Obras completas: Rio de Janeiro,
Aguilar, 1958. Fragmento.
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O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das A obra de Rubem Valetim apresenta emblemas que, baseando-se
manifestações artísticas e provocam a em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em
A) consciência do público sobre as razões da desigualdade produção artística. A obra Emblema 78 relacionando-se com
social. o Modernismo em virtude da
B) rejeição do público-alvo à situação representadas nas A) simplificação de formas da paisagem brasileira.
obras. B) valorização de símbolos do processo de urbanização.
C) reflexão contra a indiferença nas relações sociais de forma C) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia.
contundente. D) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional.
D) ideia de que a igualdade é atingida por meio da violência. E) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação
E) mobilização do público contra o preconceito racial em racial.
contextos diferentes.
04. (Enem)
02. (Enem) YAÔ
MARIA DIAMBA
Aqui có terreiro
Para não apanhar mais Pelú adié
falou que sabia fazer bolos: Faz inveja pra gente
virou cozinha. Que não tem mulher
Foi outras coisas para que tinha jeito. No jacutá de preto velho
Não falou mais: Há uma festa de yaô
Viram que sabia fazer tudo,
até molecas para a Casa-Grande. Ôi tem nêga de Ogum
Depois falou só, De Oxalá, de Iemanjá
só diante da ventania Mucama de Oxossi é caçador
que ainda vem do Sudão; Ora viva Nanã
falou que queria fugir Nanã Buruku
dos senhores e das judiarias deste mundo
para o sumidouro. Yô yôo
Yô yôo
LIMA, J. Poemas negros. Rio de Janeiro: Record, 2007.
No terreiro de preto velho iaiá
Vamos saravá (a quem meu pai?)
O poema de Jorge de Lima sintetiza o percurso de vida de
Xangô!
Maria Diamba e sua reação ao sistema opressivo da escravidão.
A resistência dessa figura feminina é assinalada no texto pela VIANA, G. Agô, Pixinguinha! 100 Anos. Som Livre, 1997.
relação que se faz entre
A) o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino. A canção Yaô foi composta na década de 1930 por Pixinguinha,
B) a exploração sexual e a geração de novas escravas. em parceria com Gastão Viana, que escreveu a letra. O texto
C) a prática na cozinha e a geração de novas escravas. mistura o português com o iorubá, língua usada por africanos
D) o prazer de sentir os ventos e a esperança de voltar à escravizados trazidos para o Brasil. Ao fazer uso do iorubá nessa
África. composição, o autor
E) o medo da morte e a vontade de fugir da violência dos A) promove uma crítica bem-humorada às religiões
brancos. afro-brasileiras, destacando diversos orixás.
B) ressalta uma mostra da marca da cultura africana, que se
03. (Enem) mantém viva na produção musical brasileira.
C) evidencia a superioridade da cultura africana e seu caráter
de resistência à dominação do branco.
Reprodução/Enem 2017
05. (Enem)
Texto I
BRASIL AFRICANO
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Texto II 07. (Enem/2017) O hip hop tem sua filosofia própria, com valores
construídos pela condição das experiências vividas nas periferias
Reprodução/Enem
de muitas cidades. Colocando-se como um contraponto à
miséria, às drogas, ao crime e à violência, o hip hop busca
interpretar a realidade social. Seu objetivo é justamente
encontrar saídas e fornecer uma alternativa à população
excluída.
SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua
para a escola. Porto Alegre: Sulina, 2008.
09. (Enem)
SOU NEGRO
Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
Máscara senufo, Mali. Madeira e fibra vegetal. minh’alma recebeu o batismo dos tambores
Acervo do MAE/USP. atabaques, gonguês e agogôs
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Depois meu avô brigou como um danado A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são
nas terras de Zumbi pertinentes à criação popular caracterizam-se por
Era valente como o quê A) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas.
Na capoeira ou na faca B) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais
da arte acadêmica.
escreveu não leu
C) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e
o pau comeu
recepção em museus e galerias.
Não foi um pai João D) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo
humilde e manso criação pessoal particular.
E) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo
Mesmo vovó ou região, gerando movimentos artísticos.
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Fique de Olho
Na minh’alma ficou
o samba
o batuque Este artigo é parte da série:
o bamboleio
e o desejo de libertação… CULTURA DA ÁFRICA
Fedor Selivanov/123RF/Easypix
TRINDADE, Solano. Sou negro. In: BERALDO, Alda.
Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990. v. 2.
10. (Enem/2013)
A cultura da África reflete a sua antiga história e é tão
Texto I diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos milênios.
África é o território terrestre habitado há mais tempo, e supõe-se que
Reprodução/Enem
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A linguagem da música
Aula 14:
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O ritmo bailados de ciganas, cujos vestidos eram ornados com pequenas
bolas (as boleras). Cantores mais famosos: Agustin Lara, Bienvenido
É o tempo que demora a repetição de qualquer fenômeno Granda, Lucho Gatica, Gregório Barros, Pedro Vargas, Consuelo
repetitivo. Essa palavra é normalmente usada quando nos referimos Velásquez, Armando Mazanera, Trio Irakitã e recentemente Luis
à música, à dança ou à poesia. Na música, todos os instrumentistas Miguel.
lidam com o ritmo, mas ele é mais comum ao domínio dos bateristas
e dos percussionistas. Bossa Nova
A melodia Movimento renovador da música popular brasileira,
surgido no Rio de Janeiro, na década de 1950. Caracterizou-se por
É uma sucessão dos sons musicais combinados. É a voz harmonias elaboradas e letras coloquiais.
principal que dá sentido a uma composição musical. Encontra apoio
na harmonia, que é a execução de sons simultâneos dos demais Calypso
instrumentos ou vozes quando se trata de música oral.
Nasceu no carnaval de Trinidad e Tobago. Tinha no
A harmonia seu início um clima de “duelo” político. Cantor mais famoso:
Harry Belafonte.
Entende-se apenas em seu sentido de organização temporal,
pois a música pode conter propositalmente harmonias ruidosas Carimbó
(que contém ruídos ou sons externos ao tradicional) e arritmias
(ausência de ritmo formal ou desvios rítmicos). Música folclórica da Ilha de Marajó desde o século XIX.
Cantores mais famosos: Verequete, Pinduca, Milton Yamada.
Notas musicais Chá Chá Chá
São sinais que representam a altura do som musical.
Dança derivada do danzon cubano, que se seguiu ao
Apesar de serem inúmeros os sons empregados na música, a
mambo. O nome foi tirado do barulho feito pelos dançarinos nas
representação deles pode partir das sete notas: DÓ – RÉ – MI – FÁ –
pistas de dança. Popularizou-se no mundo com as formações das
SOL – LÁ – SI. O conjunto das sete notas sucessivas, com a repetição da
Big Bands, onde havia claro predomínio de instrumentos de sopro.
primeira, chama-se escala, que pode ser ascendente ou descendente.
Cantores mais famosos: Orquestra Aragón e Fajardo y sus Estellas.
Por exemplo, a escala de Sol envolve as seguintes notas ascendentes:
Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol e descendentes: Sol, Fá, Mi, Ré, Dó,
Si, Lá, Sol.
Dance Music
Nasceu na Alemanha, na metade dos anos de 1970, por
um dos homens fortes de Donna Summer. Hoje, quem mais fatura
Leia sobre a história com a dance music são os japoneses.
de alguns ritmos musicais
Descarga
Evgene Kharnam/123RF/Easypix
El Son
Antiga forma musical popular em Cuba.
Forró
Designação popular dos bailes frequentados e promovidos
por migrantes nordestinos nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Teve origem nas festas oferecidas pelos ingleses aos empregados
que construíam estrada de ferro.
Batuque Habanera
Dança de origem africana, caracterizada por requebros, Gênero de música e dança cubana, em compasso binário,
palmas e sapateados, acompanhados ou não de canto. Por extensão, que influenciou o tango, o maxixe e a música popular de quase
nome de certos ritmos marcados por forte percussão. todos os países hispano-americanos. Popular no século XIX,
foi utilizada por grandes compositores, como Bizet, Albéniz e Ravel.
Be Bop
É um tipo de jazz sofisticado. Anos 40.
Jive
Uma mistura de rock com boogie woogie americanos.
Bolero
Lambada
Um dos avós do mambo, do chá chá chá e da salsa,
nasceu na Inglaterra passando pela França e Espanha com nomes Nasceu da adaptação do carimbó eletrificado ao merengue
variados (dança e contradança). Mais tarde um bailarino espanhol, em 1976, Belém do Pará. Cantores mais famosos: Beto Barbosa,
Sebastian Cerezo, fez uma variação baseada nas seguidillas, Márcia Ferreira, Manezinho do Sax, Grupo Kaoma.
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Lundum Apesar de ser um gênero musical resultante das estruturas musicais
europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra brasileira
Conhecido também como Lundu, Landu ou Londu. Dança que o samba se alastrou pelo território nacional. Embora houvesse
e canto de origem africana, baseados em sapateados, movimentos variadas formas de samba no Brasil (não apenas na Bahia, como
acentuados de quadris e umbigadas. Trazidos para o Brasil (Pará) por também no Maranhão, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São
escravos Bantos no século XVIII. Nessa mesma época, os escravos Paulo) sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais
praticam-no no Rio de Janeiro, onde constituiu uma das origens que se originaram do batuque, o samba como gênero musical é
do Samba e da Chula. Cantores mais famosos: grupos folclóricos.
entendido como uma expressão musical urbana do Rio de Janeiro
– então capital do Brasil Imperial – onde chegou durante a segunda
Mambo metade do século XIX levado por negros oriundos do sertão baiano.
Nasceu em Cuba e virou uma salada musical. Tem como No Rio de Janeiro, a dança praticada pelos escravos libertos
antepassados os ritmos afro-cubanos derivados de cultos religiosos entrou em contato e incorporou outros gêneros musicais populares
no Congo. Seu nome vem da gíria usada pelos músicos negros entre os cariocas, como a polca, o maxixe, o lundu e o xote,
(“Estás Mambo”– tudo bem com você? –) que tocavam el son nas adquirindo um caráter totalmente singular nas primeiras décadas
charangas (bandas locais cubanas). Perez Prado adicionou metais do século XX. Um marco dentro da história moderna e urbana do
nas charangas e foi de fato o primeiro a rotular essa nova versão samba ocorreu em 1917, no próprio Rio de Janeiro, com a gravação
de el son de mambo. Invadiu os E.U.A. nos anos de 1950. Cantores em disco de “Pelo Telefone”, considerado o primeiro samba a ser
mais famosos: Perez Prado, Xavier Cugat,Tito Puente e Beny Moré. gravado no Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional).
O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e
Merengue popularização do samba como gênero musical.
Ritmo veloz e malicioso, nascido na República Dominicana, A partir de então, esse estilo de samba urbano surgido
tem o seu nome derivado do jeito que os dominicanos chamavam no Rio começou a ser propagado pelo país e, no ano de 1930,
os invasores franceses no século XVII (merenque). Cantores mais foi alçado da condição “local” a símbolo da identidade nacional
famosos: Juan Luis Guerra e Walfrido Vargas. brasileira. Inicialmente, foi um samba associado ao carnaval e,
posteriormente, adquiriu um lugar próprio no mercado musical.
Milonga Surgiram muitos compositores como Heitor dos Prazeres, João
da Baiana, Pixinguinha, Donga e Sinhô, mas os sambas destes
Popular das zonas próximas ao estuário do rio da Prata, compositores eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe.
interpretada com acompanhamento de violão. Os contornos modernos desse samba urbano carioca viriam somente
no final da década de 1920, a partir de inovações em duas frentes:
Pagode com um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros
Variação do samba que apresenta características do choro, do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz e com compositores dos morros
tem estilo romântico e andamento fácil para dançar. Obteve grande da cidade como em Mangueira, Salgueiro e São Carlos. Não por
sucesso comercial no início da década de 1990. acaso, identifica-se esse formato de samba como “genuíno” ou
“de raiz”. À medida que o samba no Rio de Janeiro consolidava-se
Pasodoble como uma expressão musical urbana e moderna, ele passou a ser
tocado em larga escala nas rádios, espalhando-se pelos morros
Nasceu há três séculos, na Espanha, junto com as touradas. cariocas e bairros da zona sul do Rio de Janeiro. Inicialmente
Tem o mesmo ritmo quente e apaixonante desse espetáculo.
criminalizado e visto com preconceito, por suas origens negras, o
samba conquistaria o público de classe média também.
Polca O samba moderno urbano surgido a partir do início do século
Dança e música originária da Boêmia, popular em meados XX, no Rio de Janeiro, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento
do século XIX nos salões europeus. Caracteriza-se pelo movimento variado, com aproveitamento consciente das possibilidades dos
rápido, em compasso binário e andamento alegreto. estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos
quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias,
Quick Step de versos declamatórios. Tradicionalmente, esse samba é tocado
por instrumentos de corda (cavaquinho e vários tipos de violão) e
Ritmo americano que, como o próprio nome diz, é rápida
variados instrumentos de percussão, como o pandeiro, o surdo e o
e cheia de pulinhos.
tamborim. Com o passar dos anos, outros instrumentos foram sendo
Reggae assimilados, criando-se, assim, novas vertentes oriundas dessa base
urbano-carioca de samba: o samba de breque, o samba-canção, a
Estilo musical que uniu os ritmos caribenhos com o jazz bossa nova, o samba-rock, o pagode... Em 2005, o samba de roda
e o rhythm and blues. Símbolo dos movimentos político-sociais se tornou um Patrimônio da Humanidade da Unesco.
jamaicanos nas décadas de 1960 e 1970. Seus principais intérpretes
são Bob Marley, Peter Tosh e Jimmy Cliff. Wikipédia, a enciclopédia livre.
Samba Xote
O samba é um gênero musical, que deriva de um tipo Xote é um ritmo musical binário ou quaternário e uma
de dança, de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado dança de salão de origem centro-europeia. É um ritmo-dança
uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. muito executado no forró. De origem alemã, a palavra “xote”
Dentre suas características originais, possui dança acompanhada é corruptela de schottisch, uma palavra alemã que signifi ca
por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, “escocesa”, em referência à polca escocesa, tal como conhecida
alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano. pelos alemães. Conhecido atualmente em Portugal como
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“chotiça”, o Schottisch foi levado para o Brasil por José Maria A partir de meados do século XIX, o chorinho surge. Ele
Toussaint, em 1851 e tornou-se apreciado como dança da elite é fruto da mistura do lundu, da modinha e da dança de salão
no período do Segundo Reinado. Daí, quando os escravos negros europeia. Chiquinha Gonzaga, que exerceu importante papel na
aprenderam alguns passos da dança e acrescentaram sua maneira defesa dos direitos dos artistas, compõe Abre Alas (1899), que é
peculiar de bailado, o Schottisch caiu no gosto popular com o uma das marchinhas carnavalescas mais conhecidas da história da
nome de “xótis” ou simplesmente “xote”. música popular brasileira.
É no início do século XX que o samba começa a ganhar
Salsa corpo. De origem baiana, é nos morros e nos cortiços do Rio de
Janeiro que o samba se mistura com o batuque, com o pagode, com
A salsa é uma amálgama de estilos musicais latino-
as batidas dos orixás e com as rodas de capoeira. Em decorrência
-americanos, especialmente cubanos e porto-riquenhos, criada
disso, o carnaval, maior festa popular do mundo, toma forma,
por imigrantes caribenhos na cidade de Nova Iorque no início da
devido à participação de ex-escravos e mulatos. Didaticamente,
década de 1970.
tem-se o ano de 1917 como marco inicial do samba, pois Ernesto
dos Santos (o Donga) compõe o primeiro samba de que se tem
Tango notícia daquela época, chamado “Pelo Telefone”.
O tango é um tipo musical e uma dança a par. Tem forma Ainda nesse período, Pixinguinha, cantor e compositor da
musical binária e compasso de dois por quatro. A coreografia é MPB, grava sua primeira canção. Paralelamente, a música erudita
complexa e as habilidades dos bailarinos são celebradas pelos brasileira tem Heitor Villa-Lobos como seu principal representante.
aficionados. Segundo Discépolo, “o tango é um pensamento triste Nos anos 1920 e 1930, o rádio se populariza e, com ele,
que se pode dançar”. cresce a música popular brasileira. Naquela época, cantores e
compositores, como Ary Barroso, Lamartino Babo, Dorival Caymmi,
Valsa Lupicínio Rodrigues e Noel Rosa, se destacam. É o período também
dos grandes intérpretes da música brasileira, como, por exemplo,
Valsa é um gênero musical de compasso ternário, ou
Carmem Miranda, Mário Reis e Francisco Alves.
então binário composto (embora muitas vezes, para facilitar a
Na década de 1940, vem do Nordeste a inovação, pois Luís
leitura, seja escrita em compasso ternário). As valsas foram muito
Gonzaga, considerado “O Rei do Baião”, começa a despontar na
tocadas nos salões vienenses e muito dançadas pela elite da época.
história da música popular brasileira. “Asa Branca”, de sua autoria,
A valsa surgiu na Áustria e na Alemanha.
é uma das canções mais interpretadas da história de nossa música.
Jackson do Pandeiro também apresenta inovações.
Rock and Roll Em sequência, tem-se o samba-canção, a exemplo de
O rock and roll, conhecido também como rock’n’roll, é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Nesse estilo, o amor era um tema
um estilo musical que surgiu nos Estados Unidos no final dos recorrente. Nomes como Dolores Duran, Antônio Maria, Marlene,
anos 1940 e início dos anos 1950, com raízes nos estilos musicais Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Cauby Peixoto
afro-americanos, tais como: country, blues, R&B e gospel. despontam nessa época.
Rapidamente se espalhou para o resto do mundo. A Bossa Nova aparece no fim da década de 1950. Trata-se de
O instrumento mais comum neste estilo é a guitarra, sempre um estilo suave, sofisticado, melódico. Nomes como Elizeth Cardoso,
presente nas bandas, podendo possuir um único instrumentista, Tom Jobim e João Gilberto merecem elogios. É com a Bossa Nova
ou dois com funções diferenciadas (guitarrista base e solo). que as belezas do país ganham o mundo, pois o estilo faz muito
Normalmente, as bandas, além do instrumento predominante, sucesso no exterior, especialmente nos Estados Unidos da América.
a guitarra, são formadas por um contrabaixo (após 1950, um baixo Em meados dos anos 1960, a televisão começa a se
elétrico) e uma bateria. Nos primórdios do rock and roll, também se popularizar, o que também influencia a música. É nesse período,
utilizava o piano ou o saxofone frequentemente como instrumentos por exemplo, que a TV Record organiza festivais de música popular
bases, mas estes foram substituídos ou suplantados geralmente pela brasileira. Deles surgem nomes como Milton Nascimento, Elis
guitarra a partir da metade dos anos 1950. A enorme popularidade e Regina, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Edu Lobo e
eventual visão no mundo inteiro do rock and roll deu-lhe um impacto tantos outros. Há também nessa época um programa especial para
social único. Muito além de ser simplesmente um gênero musical, promover a Jovem Guarda, que tinha, como representantes, Roberto
como visto nos filmes e na televisão, influenciou estilos de vida, moda, Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.
atitudes e linguagem. Nos anos 1970, inúmeros artistas começam a fazer sucesso
Wikipédia, a enciclopédia livre. pelo Brasil. Nara Leão homenageia Cartola e Nelson do Cavaquinho.
É também o momento das vozes marcantes de Maria Bethânia e Gal
Entenda um pouco sobre a Costa. Há também Djavan, Fafá de Belém, Clara Nunes, Belchior,
Fagner, Alceu Valença, Elba Ramalho, Raul Seixas, Rita Lee, Tim
história de nossa música Maia e Jorge Ben Jor.
Tendo surgido ainda no Período Colonial, a Música Popular De influências externas, o rock, o punk e o new wave
Brasileira é fruto da mistura de vários ritmos. Ela veio das canções despontam nos anos 1980 e 1990. O Rock in Rio, nos anos 1980,
populares, dos ritmos africanos, das fanfarras militares e das músicas é um marco da história do rock brasileiro. Naquela época, surgem
religiosas e eruditas da Europa. Não podemos esquecer os ritmos grupos como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs, Kid
indígenas, que também foram importantes no processo de formação Abelha, RPM, Plebe Rude, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, Engenheiros
da música brasileira. do Hawaii, Ira!, Barão Vermelho... Vozes marcantes despontam
Já, nos séculos XVIII e XIX, o lundu e a modinha assumiram naquela época, tais como: Cazuza, Rita Lee, Lulu Santos, Marina
papéis fundamentais na história de nossa música, pois eram os Lima, Cássia Eller e Raul Seixas. Nos anos de 1990, tem-se o
ritmos das cidades que cresciam. Veja que, naquela época, África e crescimento do estilo sertanejo, agora de batida romântica. Nomes
Europa dão o tom, pois o lundu é de origem africana, e a modinha, como Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Leandro
portuguesa. O primeiro ritmo era sensual, dançante; o segundo, e Leonardo e João Paulo e Daniel. No rap, destacam-se Gabriel,
melódico, calmo, erudito e costumava falar de amor. o Pensador, O Rappa, Planet Hemp, Racionais MCs e Pavilhão 9.
Anual – Volume 3 33
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
O início do século XXI se volta para um público jovem, Os veículos de comunicação
com destaque para Charlie Brown Jr, Skank, Detonautas e
CPM 22. Sem dúvida, a música brasileira já nos deixou grande
legado, mas ainda tem muito o que nos dar. O rádio
Birgit Reitz-Hofmann/123RF/Easypix
A música popular brasileira – Anos 1930
A cultura de massa
na década de 1930
De meados dos anos 1920 e, sobretudo, a partir dos anos
1930, uma série de manifestações culturais desponta, decorrentes
dos avanços midiáticos. A chamada indústria do lazer chegara ao
Brasil, pois o rádio, o cinema e a música popular brasileira
avançavam a saltos largos. Estamos então na chamada Era da
cultura de massas. Era, sem dúvida, algo novo, pois a possibilidade
de atingir um maior número de pessoas de forma simultânea começa
a se tornar real e acaba agradando as massas.
Foi a escola de Frankfurt que nominalizou o novo momento,
chamando-o de período da Indústria Cultural, que é a forma como
as lideranças capitalistas passaria a manipular as massas. É por isso
que a comunicação de massa toma fôlego, pois o capitalismo a usava
para anular a capacidade crítica do homem, o que formaria uma
sociedade homogênea, fácil de consumir tudo que fosse produzido
em larga escala industrial.
34 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
É também na década de1930 que o cinema falado substitui O samba como conhecemos hoje tem marco didático com
o cinema mudo. Isso ocorreu ainda em 1927 quando do sucesso a gravação da canção “Pelo Telefone”, de Donga. Ernesto Joaquim
de The jazz singer, com Al Jonhson. Mais uma vez, Estados Unidos Maria dos Santos, ainda criança, frequentava rodas de samba e
e Alemanha põem-se à frente da produção cinematográfica, candomblé, o que contribuiu para que ele desenvolvesse esse
já que possuíam as patentes para a sonorização do cinema. gênero musical. Donga, por conviver com escravos e negros baianos,
Filmes como O anjo azul (1930), de Josef von Sternberg, aprendeu o jongo, o afoxé e outras danças. Tocou cavaquinho e
e O testemunho do doutor Mabuse (1932), de Fritz Lang, puseram a violão.
Alemanha em destaque. Porém, com a vitória de Hitler, os cineastas Conviveu com João da Baiana e com Pixinguinha. Em 1917,
alemães mudaram para os Estados Unidos. Então, Hollywood toma
gravou o primeiro disco de samba que se tem notícia, “Pelo telefone”.
fôlego e a “sétima arte” depende, sobretudo, da produção americana.
O registro está no nome de Donga e Mauro de Almeida, embora se
A partir daí, surgem musicais, filmes de ação, filmes de aventura,
fale que Mauro participa apenas do registro escrito. Integrou o grupo
filmes de terror, comédias e produções infantis para o deleite da
plateia, que era composta de espectadores de todo o mundo. Os Oito Batutas ao lado de Pixinguinha e outros músicos da época.
John Ford, cineasta de No caminho das diligências (1939), Esse grupo excursiona pela Europa em 1922. Da França, Donga traz
é responsável pela notável expansão do western, gênero criado o violão-banjo. Em 1928, forma a Orquestra Típica Pixinguinha-
para poetizar a dramática vida da nação. Esse estilo de filme tinha Donga, que, nos anos 1920 e 1930, faz algumas gravações.
plateia certa em todo o mundo. Os heróis de John Ford não tinham Em 1940, Donga grava sambas, toadas, macumbas e lundus.
verossimilhança histórica, na verdade, eles eram sequestradores Naquela época, o norte-americano Leopold Stokoeski e o brasileiro
e assassinos, mas as imagens minimizavam essas características Heitor Villa-Lobos organizam essas gravações para o disco Native
desses protagonistas e impulsionavam o cinema americano. Brazilian Music, lançado nos Estados Unidos pela Columbia.
A partir daquela época, o cinema ganha adeptos em todo o mundo. Na década de 1950, retorna ao grupo Velha Guarda.
Aqui, no Brasil, Coisas nossas (1932) é a primeira película Deixa-nos inúmeras canções, tais como: Passarinho Bateu Asas,
sonorizada. Continha samba-título de Noel Rosa, sambista carioca. Bambo-Bamba, Cantiga de Festa, Macumba de Oxóssi, Macumba
Em 1935, foi a vez de Bonequinha de seda, de Oduvaldo Viana. de Iansã, Seu Mané Luís e Ranchinho Desfeito.
Esse filme bateu recordes de bilheteria. Em seguida, se produz Aposentado como oficial de Justiça, doente e quase cego,
Alô, alô, Carnaval (1936), de Adhemar Gonzaga, com Aurora e Donga passa a viver na Casa dos Artistas, de onde só sairia para
Carmem Miranda. ser sepultado no Cemitério de São João Batista.
A Cinédia, primeiro estúdio industrial no Brasil, é
responsável pela realização da maior parte desses filmes. Eram obras
tecnicamente precárias, de histórias ingênuas. Noel Rosa
Nos anos de 1940 e 1950, as chanchadas, que eram
Reprodução/Abril Cultural
comédias musicais com visão malandra, se destacam. Em seguida,
o cinema americano ocupa o espaço e domina o mercado brasileiro,
como o faz até hoje.
A música popular
A Música Popular Brasileira também foi (e continua sendo)
importante veículo na divulgação de ideias, de costumes, de
tendências. Nas décadas de 1920 e 1930, esse estilo se consolida,
e isso só foi possível graças a fatores tecnológicos e comerciais,
pois as inovações fonográficas permitiam ao artista atingir o maior
público possível e a propaganda permitia a fomentação de nomes
fundamentais para o rádio e, consequentemente, para a música
brasileira.
Alguns nomes representativos:
Noel de Medeiros Rosa (Rio de Janeiro, 11 de dezembro de
Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) 1910 – Rio de Janeiro, 4 de maio de 1937) foi um sambista, cantor,
compositor, bandolinista, violonista brasileiro e um dos maiores e
Reprodução/Discos Marcus Pereira
Anual – Volume 3 35
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Embora já tenha arriscado algumas composições, foi com • Leia e escute as canções Três Apitos e Fita Amarela de Noel
o samba Com que roupa? que Noel despontou para o sucesso na Rosa.
música. Trata-se de um samba que ainda hoje faz muito sucesso
ao ser tocado e cantado. TRÊS APITOS
Dentre os diversos aspectos que trazem suas canções,
destaca-se a veia cronística de Noel Rosa, pois soube retratar muito Quando o apito da fábrica de tecidos
bem o mundo que o cercava, já que falou da expansão feminina, Vem ferir os meus ouvidos
do malandro carioca, da filosofia, da desonestidade, do amor, das Eu me lembro de você
histórias do samba etc. Era um excelente letrista. Vários intérpretes Mas você anda
cantavam seus sambas: Mário Reis, Francisco Alves e Aracy de Sem dúvida bem zangada
Almeida. Ou está interessada
Era um boêmio namorador. Casa-se com Lindaura, mas Em fingir que não me vê
era mesmo apaixonado pela dama de cabaré Ceci. Sofreu com a
Você que atende ao apito de uma chaminé de barro
tuberculose e, em decorrência dela, falece aos 26 anos de idade.
Porque não atende ao grito
O país perdera um gênio da música, que deixou um grande legado,
Tão aflito
que até hoje, quando cantado, resulta em muito sucesso.
Da buzina do meu carro
Conheça agora algumas canções de Noel Rosa: Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
• A.E.I.O.U. (com Lamartine Babo), 1931
Não faz fé no agasalho
• Até amanhã, 1932
Nem no frio você crê
• Cem mil reis (com Vadico), 1936
Mas você é mesmo artigo que não se imita
• Com que roupa?, 1929
Quando a fábrica apita
• Conversa de botequim (com Vadico), 1935
Faz reclame de você
• Coração, 1932
Nos meus olhos você lê
• Cor de cinza, 1933
Que eu sofro cruelmente
• Dama do cabaré, 1934 Com ciúmes do gerente
• De babado (com João Mina), 1936 Impertinente
• É bom parar (com Rubens Soares), 1936 Que dá ordens a você
• Feitio de oração (com Vadico), 1933 Sou do sereno poeta muito soturno
• Para me livrar do mal (com Ismael Silva), 1932 Vou virar guarda-noturno
• Pastorinhas (com João de Barro), 1934 E você sabe porque
• Pela décima vez, 1935 Mas você não sabe
• Pierrô apaixonado (com Heitor dos Prazeres), 1935 Que enquanto você faz pano
• Positivismo (com Orestes Barbosa), 1933 Faço junto ao piano
• Pra me mentir (com Vadico), 1936 Estes versos pra você
• Provei (com Vadico), 1936 Noel Rosa
• Quando o samba acabou, 1933
• Filosofia (com André Filho), 1936 FITA AMARELA
• Fita amarela, 1932
• Gago apaixonado, 1930 Quero que o sol
• João Ninguém, 1935 Não invada o meu caixão
• Minha viola, 1929 Para a minha pobre alma
• Mulher indigesta Não morrer de insolação
• Não tem tradução, 1933 Quando eu morrer,
• O orvalho vem caindo (com Kid Pepe), 1934 Não quero choro nem vela,
• O X do problema, 1936 Quero uma fita amarela
• Palpite Infeliz, 1935 Gravada com o nome dela.
• Quem dá mais?, 1930 Se existe alma
• Quem ri melhor?, 1936 Se há outra encarnação
• São coisas nossas, 1936 Eu queria que a mulata
• Tarzan, o filho do alfaiate, 1936 Sapateasse no meu caixão
• Três apitos, 1933 Não quero flores
Nem coroa com espinho
• Último desejo, 1937
Só quero choro de flauta
• Você por exemplo, 1937
Violão e cavaquinho
• Você só… mente (com Hélio Rosa), 1933
Estou contente,
Wikipédia, a enciclopédia livre. Consolado por saber
36 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Que as morenas tão formosas Dorival Caymmi
A terra um dia vai comer.
Domínio Público
Não tenho herdeiros
Não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos
Mas não paguei a ninguém
Meus inimigos
Que hoje falam mal de mim,
Vão dizer que nunca viram
Uma pessoa tão boa assim.
Noel Rosa
Ary Barroso
Caymmi na Rádio Nacional, em 1938.
Reprodução/Abril Cultural
Dorival Caymmi nasceu em Salvador (30 de abril de 1914)
e morreu no Rio de Janeiro (16 de agosto de 2008). Foi cantor,
compositor, violinista, pintor e ator brasileiro. Compôs inspirado
pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como
forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal
de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos,
sensualidade e riqueza melódica. Poeta popular, compôs obras
como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina,
Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo
que a Nega Tem, Rosa Morena.
Domínio Público
Ary Barroso fica órfão de pai e mãe aos sete anos de idade.
Foi adotado pela avó materna. Era de família de classe média.
Estudou teoria, solfejo e piano com a tia Ritinha. Trabalhou
como caixeiro da loja “A Brasileira”. Recebe herança de
40 contos (equivale a milhões de reais) do tio Sabino Barroso,
ex-Ministro da Fazenda. Estudou Direito. A Faculdade foi
importante na consolidação da veia artística, desportiva e política.
Dorival Caymmi, 1956. Arquivo Nacional.
Adepto da boemia, o que o leva a ser reprovado na Faculdade
de Direito. Emprega-se como pianista no Cinema Íris, no Largo
Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho
da Carioca e, depois, na sala de espero do Teatro Carlos Gomes. de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda
Retoma os estudos de Direito em 1926. Depois de algum tempo, sem contrato. Saiu-se bem como calouro e iniciou a cantar dois dias
resolve dedicar-se à composição. Compõe Amor de mulato, por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga.
Cachorro quente e Oh! Nina, em parceria com Lamartine Babo. Neste programa, interpretou O que é que a Baiana Tem?, composta
Mário Reis, seu incentivador, grava Vou à Penha e Vamos deixar de em 1938. Com a canção, fez com que Carmem Miranda tivesse
intimidades, sendo esta seu primeiro grande sucesso. uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938.
Nos anos de 1930, compõe para o teatro musicado do Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores
Rio de Janeiro. A canção Aquarela do Brasil, seu maior sucesso, da Bahia: O Mar, História de Pescadores É Doce Morrer no Mar,
foi regravada diversas vezes no Brasil e no exterior. Por fazer a A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de
trilha sonora do filme Você já foi à Bahia? (1944), de Walt Disney, santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em
recebeu diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica 1972 a canção em sua homenagem: “Oração de Mãe Menininha”,
gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.
de Hollywood.
O primeiro grande sucesso O que é que a baiana tem?, cantado por
Nos anos de 1940, mantém o programa A hora do calouro,
Carmem Miranda, em 1939, não só marca o começo da carreira
na Rádio Cruzeiro do Sul, o qual incentivou vários novos talentos internacional da Pequena Notável vestida de baiana, como também
musicais. Foi também locutor esportivo. Compôs canções de vários influenciou a música popular dentro do Brasil, pois tornou-se
estilos: choro, xote, marcha, foxtrote e samba. São canções de conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro
Ary Barroso O Tabuleiro da baiana (1937), Os Quindins de Yayá “O que é que a baiana tem?”, de Pedro Caetano e Joel de Almeida,
(1941) e Boneca de piche. Foi o compositor dos grandes sucessos ou na canção “A baiana diz que tem”, de Felipe Colognezi.
de Carmem Miranda. Ao compor Aquarela do Brasil, inaugura o Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são
estilo samba-exaltação. as mais lembradas sobre a cultura baiana.
Anual – Volume 3 37
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Noel Rosa foi sambista, cantor, compositor e um dos mais
importantes artistas da música no Brasil. Ele teve papel
Exercícios de Fixação fundamental na legitimação do samba de morro e de “asfalto”.
Morto prematuramente, Noel Rosa deixou um conjunto de
01. (Enem – 2ª aplicação/2016) canções que se tornaram clássicas dentro do cancioneiro
popular brasileiro. Na letra da canção Pierrot Apaixonado, por
exemplo, o autor tematiza o(a)
AQUARELA DO BRASIL A) desilusão amorosa.
B) Comédia Dell’Arte italiana.
Brasil! C) marcha carnavalesca.
Meu Brasil brasileiro D) botequim carioca.
Meu mulato inzoneiro E) samba de morro e asfalto.
Vou cantar-te nos meus versos
38 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
Texto II
Anual – Volume 3 39
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Na década de 1930, Noel Rosa desponta como sendo um dos Porque não tens pudor
maiores sambistas brasileiros. Suas letras exploram o universo Faço tudo para evitar o mal
carioca, tematizando o dia a dia e estabelecem reflexão como Sou pelo mal perseguido
a que ocorre na letra de Filosofia. Segundo o autor, o eu lírico Só o que faltava era esta
que fala na canção opta por uma filosofia de vida, a qual Fui trair meu grande amigo
A) renega o statu quo em defesa de uma satisfação pessoal. mas vou limpar a mente
B) rejeita o samba e exalta uma vida sem ostentação social. Sei que errei
C) inspira uma vida simples em detrimento de satisfação Errei inocente
pessoal.
D) busca na alta sociedade explicação para a composição de Disponível em: <https://www.letras.mus.br>.
Acesso em: 25 set. 2018.
sambas.
E) revela uma sociedade hipócrita ao ostentar momentos de
As marcas linguísticas disseminadas pelo texto permitem
alegria.
identificar o seu locutor, ou o falante desse amor proibido.
Assinale a opção em que essas marcas linguísticas asseguram
03. (Enem) o gênero do locutor.
A) Trata-se de uma figura feminina, como pode ser comprovado
AQUI É O PAÍS DO FUTEBOL no verso “fui presa”.
Brasil está vazio na tarde de domingo, né? B) Trata-se de uma figura masculina, como atesta o verso “Sou
Olha o sambão, aqui é o país do futebol pelo mal perseguido”.
[...] C) Trata-se de uma figura feminina, devido ao adjetivo certa
em “mas fique certa...”.
No fundo desse país
D) Trata-se de uma figura masculina, como autoriza o verso
Ao longo das avenidas “Errei inocente”.
Nos campos de terra e grama E) Trata-se de uma figura feminina, identificada nos versos
Brasil só é futebol “Servi de pasto”.
Nesses noventa minutos
De emoção e alegria 05. (Enem)
Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora PARA O MANO CAETANO
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora O que fazer do ouro de tolo
A mesa fica lá fora Quando um doce bardo brada a toda brida,
Salário fica lá fora Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
A fome fica lá fora
Geografia de verdades, Guanabaras postiças
A comida fica lá fora
A vida fica lá fora 5 Saudades banguelas, tropicais preguiças?
E tudo fica lá fora
A boca cheia de dentes
SIMONAL, W. Aqui é o país do futebol. De um implacável sorriso
Disponível em: <http://www.vagalume.com.br>
Acesso em: 27 out. 2011. Fragmento.
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
Na letra da canção “Aqui é o país do futebol”, de Wilson 10 Ressuscita vampira, sem o menor aviso
Simonal, o futebol, como elemento da cultura corporal de
[…]
movimento e expressão da tradição nacional, é apresentado
de forma crítica e emancipada devido ao fato de E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
A) reforçar a relação entre o esporte futebol e o samba. Tipo pra rimar com ouro de tolo?
B) ser apresentado como uma atividade de lazer. Oh, Narciso Peixe Ornamental!
C) ser identificado com a alegria da população brasileira. 15 Tease me. tease me outra vez1
D) promover a reflexão sobre a alienação provocada pelo futebol. Ou em banto baiano
E) ser associado ao desenvolvimento do país. Ou em português de Portugal
Se quiser, até mesmo em americano
04. (Unifor/2019.1) De Natal
AMOR PROIBIDO […]
1
Tease me (caçoe de mim, importune-me).
Sabes que vou partir LOBÃO. Disponível em: <http://vagatume.uol com.br>.
Com os olhos rasos d’água Acesso em: 14 ago. 2009. Adaptado.
E o coração ferido
Quando lembrar de ti Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários
Me lembrarei também recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos
Deste amor proibido ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do
Fácil demais idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:
Fui presa A) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
Servi de pasto B) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
Em tua mesa C) “Que devora a voz do morto” (v. 9)
Mas fique certa que jamais D) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 12-13)
Terás o meu amor E) “Tease me, tease me outra vez” (v. 15)
40 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
06. (Enem) Agora eu não ando mais fagueiro
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar
ARGUMENTO
Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
Não consigo ter nem pra gastar
Tá legal
Eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim Eu já corri de vento em popa
Olha que a rapaziada está sentindo a falta Mas agora com que roupa?
De um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Sem preconceito Com que roupa que eu vou
Ou mania de passado
Pro samba que você me convidou?
Sem querer ficar do lado
(...)
De quem não quer navegar
Faça como o velho marinheiro
ROSA, Noel. Com que roupa? (1930)
Que durante o nevoeiro Disponível em: <https://www.letras.mus.br>.
Leva o barco devagar. Acesso em: 17 abr. 2018
PAULINHO DA VIOLA.
Disponível em: <www.paulinhcxJaviola.com.br>. Lançada em 1930, é possível perceber, na composição, o
Acesso em: 6 dez. 2012. registro de variedade linguística de tempo, presentes nos versos
abaixo, exceto em:
Na letra da canção, percebe-se uma interlocução. A posição A) Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
do emissor é conciliatória entre as tradições do samba e os B) Pois esta vida não está sopa
movimentos inovadores desse ritmo. A estratégia argumentativa C) Agora eu não ando mais fagueiro
de concessão, nesse cenário, é marcada no trecho: D) Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
A) “Mas não me altere o samba tanto assim”. E) Eu já corri de vento em popa
B) “Olha que a rapaziada está sentindo a falta”.
C) “Sem preconceito / Ou mania de passado”. 09. (Enem)
D) “Sem querer ficar do lado / De quem não quer navegar”.
NÃO TEM TRADUÇÃO
E) “Leva o barco devagar”.
Anual – Volume 3 41
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
10. (Enem) Se observarmos o maxixe brasileiro, a beguine da A clave, sinal colocado no extremo esquerdo da pauta,
Martinica, o danzón de Santiago de Cuba e o ragtime determina a posição das notas sobre esta pauta. Existem três claves:
norte-americano, vemos que todos são adaptações da polca. sol, fá e dó.
A diferença de resultado se deve ao sotaque inerente à música
de cada colonizador (português, espanhol, francês e inglês) e, Partituras
em alguns casos, a uma maior influência da música religiosa.
Contêm as músicas escritas para vários instrumentos e vozes.
CAZES, H. Choro: do quintal ao Municipal. São Paulo: Editora 34, 1998. Adaptado.
Numa partitura orquestral, a música das madeiras aparece
em cima, logo abaixo estão as partes dos instrumentos de percussão
Além do sotaque inerente à música de cada colonizador e da
influência religiosa, que outro elemento auxiliou a constituir os e dos metais, segue-se a música dos solistas, tanto vocais como
gêneros de música popular citados no texto? instrumentais e depois os coros, se houver.
A) A região da África de origem dos escravos, trazendo A música das cordas aparece na parte de baixo da partitura.
tradições musicais e religiosas de tribos distintas. Cada intérprete possui apenas uma partitura que contém só a parte
B) O relevo dos países, favorecendo o isolamento de comunidades, que vai tocar ou cantar e segue sempre as instruções do regente;
aumentando o número de gêneros musicais surgidos. este, sim, tem uma partitura completa com a parte de todos os
C) O conjunto de portos, que favorecem o trânsito de diferentes instrumentos, solistas e coros.
influências musicais e credos religiosos.
D) A agricultura das regiões, pois o que é plantado exerce Disponível em: <http://www.portaldarte.com.br/linguagemdamusica.htm>
influência nas canções de trabalho durante o plantio.
E) O clima dos países em questão, pois as temperaturas
influenciam na composição e vivacidade dos ritmos. Aula 15:
Exercícios de Fixação
Texto
A CASA
Nome das composições 01 Vendam logo esta casa, ela está cheia
de fantasmas.
As obras musicais têm vários nomes oficiais e não oficiais.
Na livraria, há um avô que faz cartões de
O nome oficial pode indicar a forma da obra e identificar a sua
boas-festas com corações de purpurina.
tonalidade, como em Sinfonia nº 9 em Ré Menor; esse nome inclui
05 Na tipografia, um tio que imprime avisos
frequentemente um número de opus (obra) que corresponde
fúnebres e programas de circo.
à ordem de colocação da música na obra do autor, que poderá
Na sala de visitas, um pai que lê romances
ter escrito ou publicado outras obras entre sua 8ª e 9ª sinfonia.
Por exemplo: a Sinfonia nº 8 em Fá Maior, de Beethoven, é opus policiais até o fim dos tempos. No quarto, uma mãe
93 e a sua 9ª Sinfonia em Ré Menor é opus 125. Os números de que está sempre
opus indicam a ordem de publicação, e não a de composição. 10 parindo a última filha.
As músicas de Mozart são identificadas pelo índice Köchel, como Na sala de jantar, uma tia que lustra
K 550, que corresponde à sua colocação no catálogo publicado cuidadosamente o seu próprio caixão.
pelo musicólogo Ludwig von Köchel, em 1862.
Na copa, uma prima que passa a ferro
Notação todas as mortalhas da família.
15 Na cozinha, uma avó que conta noite e dia
É o conjunto de sinais convencionados para representar os histórias do outro mundo.
sons musicais. As partituras são escritas e publicadas de acordo No quintal, um preto velho que morreu na
com essa linguagem própria da música. As notas são sinais gráficos Guerra do Paraguai rachando lenha.
que representam os sons musicais, são símbolos escritos em preto E no telhado um menino medroso que espia
e branco na pauta (conjunto de cinco linhas horizontais). 20 todos eles; só que está vivo: trouxe-o até
A colocação das notas na pauta é que determina: ali o pássaro dos sonhos.
1. a altura dos sons; Deixem o menino dormir, mas vendam a
2. sua colocação numa sequência de sons; casa, vendam-na depressa.
3. sua duração; Antes que ele acorde e se descubra também
morto.
4. indicações do compositor sobre maneira como sua obra deverá
ser executada. PAES, José Paulo, Prosas seguidas de Odes mínimas.
São Paulo: Cia das Letras, 1992.
42 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
01. (Uece) Sobre o tom de linguagem empregado no poema
anterior de José Paulo Paes, é incorreto dizer que
A) o poeta se utiliza de uma linguagem marcada por elementos
Exercícios Propostos
oníricos que se assemelha a uma atmosfera de sonho.
B) o autor traz ao poema um traço de afetividade, ao recuperar, por
Texto
meio da memória, personagens, de um mesmo círculo familiar.
C) o texto poético apresenta-se com um tom saudosista quando EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA
resgata figuras do passado.
D) a poesia reflete fortemente um tom satírico e irônico do autor Dizem que todos os dias você deve comer
ao zombar da ideia de que não há como escapar da morte. uma maçã por causa do ferro. E uma banana
pelo potássio. E também uma laranja pela
02. (Uece) A ordem para vender a casa aparece indicada no início vitamina C.
– “Vendam logo esta casa” (linha 01) – e no final do poema
– “Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na 5 Uma xícara de chá verde sem açúcar para
depressa” (linhas 22-23). O uso repetido deste enunciado se prevenir a diabetes.
justifica pelo fato de o poeta Todos os dias deve-se tomar ao menos dois
A) alertar de uma possível briga entre familiares pela herança litros de água. E uriná-los, o que consome o
do imóvel. dobro do tempo.
B) enfatizar a urgência da venda da casa por ela estar
fortemente associada, em sua memória, à figura de pessoas 10 Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos
mortas. lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é,
C) criar um efeito poético de rima entre os versos do poema. mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
D) destacar a monotonia de viver em uma casa habitada por Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
pessoas já falecidas.
Uma taça de vinho tinto também. Uma de
03. (Uece/2018) Sobre a descrição das personagens do poema, 15 vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
não é lícito afirmar que
A) as personagens descritas pelo poeta estão todas mortas e
Um copo de cerveja, para... não lembro bem
apresentam grau de parentesco entre si.
B) o autor utiliza-se da oração adjetiva restritiva para para o que, mas faz bem.
particularizar aspectos individuais de cada personagem.
C) as ações atribuídas às personagens são condizentes com o O benefício adicional é que se você tomar
espaço onde elas estão descritas e, ao mesmo tempo, com tudo isso ao mesmo tempo e tiver um
o tempo em que estas ações acontecem. 20 derrame, nem vai perceber.
D) há alusão ao tema da morte para descrever, direta ou
indiretamente, quase todas as personagens do poema. Todos os dias deve-se comer fibra. Muita,
muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer
04. (Uece/2018) A relação sintático-semântica estabelecida entre um pulôver.
os períodos do enunciado “Vendam logo esta casa, ela está
cheia de fantasmas” (linhas 01-02) é Você deve fazer entre quatro e seis refeições
A) de conclusão. 25 leves diariamente.
B) de alternância. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos
C) de explicação. cem vezes cada garfada. Só para comer,
D) de adição. serão cerca de cinco horas do dia... E não
esqueça de escovar os dentes depois de
05. Assinale a assertiva que não condiz com as questões temáticas
30 comer.
e estéticas presentes no poema.
A) O poema A casa é o exemplo de um texto poético que se Ou seja, você tem que escovar os dentes
pauta em uma descrição racional e lógica da realidade,
depois da maçã, da banana, da laranja, das
apresentando, para isso, elementos que não ultrapassam o
seis refeições e enquanto tiver dentes,
mundo da imaginação.
B) A poesia de José Paulo Paes mostra que resgatar um passado passar fio dental, massagear a gengiva,
distante para trazer à memória a imagem de pessoas que 35 escovar a língua e bochechar com Plax.
já não mais existem é uma maneira de ter consciência da
passagem fugaz do tempo, o que, consequentemente, pode Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e
trazer à tona a ideia de envelhecimento e de finitude. aproveitar para colocar um equipamento de
C) Pela leitura do poema, entende-se que a recuperação do som, porque entre a água, a fibra e os
passado pode se dar, simbolicamente, pelo auxílio da figura dentes, você vai passar ali várias horas por
do “pássaro dos sonhos”, cuja função é auxiliar o homem 40 dia.
a ter uma visão mais nítida da realidade transitória da vida.
D) Para compor o seu poema, o poeta se utiliza de recursos Há que se dormir oito horas por noite e
próprios da estética surrealista através de um conjunto trabalhar outras oito por dia, mais as cinco
de imagens que têm, entre si, uma relação desconexa e comendo são vinte e uma. Sobram três,
absurda, à semelhança de um pensamento livre, regrado desde que você não pegue trânsito.
pelos impulsos do subconsciente.
Anual – Volume 3 43
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
45 As estatísticas comprovam que assistimos 02. (Uece/2018) No enunciado “Sobram três, desde que você
três horas de TV por dia. Menos você, porque não pegue trânsito” (linhas 43-44), o trecho em destaque
todos os dias você vai caminhar ao menos poderia ser substituído, sem alteração do sentido do período,
meia hora (por experiência própria, após
quinze minutos dê meia volta e comece a pelas orações a seguir, com exceção de
50 voltar, ou a meia hora vira uma). A) ainda que você não pegue trânsito.
B) contanto que você não pegue trânsito.
E você deve cuidar das amizades, porque são C) se você não pegar trânsito.
como uma planta: devem ser regadas
diariamente, o que me faz pensar em quem D) sob condição de você não pegar trânsito.
vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
03. (Uece/2018) Assinale a opção em que o trecho destacado da
55 Deve-se estar bem informado também, lendo
crônica não corresponde à figura de linguagem indicada.
dois ou três jornais por dia para comparar as
informações. A) Há a presença do símile em “E você deve cuidar das
amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o diariamente [...]”. (linhas 51-53)
cuidado de não se cair na rotina. Há que ser
B) O zeugma está fortemente marcado no trecho “Dizem que
60 criativo, inovador para renovar a sedução.
todos os dias você deve comer uma maçã por causa do
Isso leva tempo – e nem estou falando de ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja
sexo tântrico. pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para
Também precisa sobrar tempo para varrer, prevenir a diabetes”. (linhas 1-6)
passar, lavar roupa, pratos e espero que
65 você não tenha um bichinho de estimação.
C) A hipérbole apresenta-se de forma expressiva no enunciado
Na minha conta são 29 horas por dia. A única “E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes
solução que me ocorre é fazer várias dessas cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do
coisas ao mesmo tempo! dia...”. (linhas 26-28)
Por exemplo, tomar banho frio com a boca D) Encontra-se claramente o eufemismo no enunciado “Você
70 aberta, assim você toma água e escova os deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente”.
dentes. (linhas 24-25)
Chame os amigos junto com os seus pais. 04. (Uece/2018) A modalidade é a forma como o enunciador
Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto
com a sua mulher... na sua cama. marca sua relação com o conteúdo do que enuncia por meio
de alguma categoria gramatical. Na crônica de Veríssimo,
75 Ainda bem que somos crescidinhos, senão aparecem diversas expressões verbais como recurso linguístico
ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 para indicar a modalidade. A este respeito, é correto afirmar
minutos, uma colherada de leite de que
magnésio.
A) em “Todos os dias deve-se comer fibra” (linha 21), o verbo
Agora tenho que ir. ‘dever’ traz o sentido de necessidade e, ao mesmo tempo,
80 É o meio do dia, e depois da cerveja, do de possibilidade.
vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E B) no enunciado “Há que se dormir oito horas por noite
já que vou, levo um jornal... Tchau! e trabalhar outras oito por dia” (linhas 41-42), há uma
Viva a vida com bom humor!!! construção com o verbo ‘haver’ como auxiliar, seguido da
preposição ‘de’ e de um verbo no infinitivo, para significar
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Exigências da vida moderna.
necessidade ou obrigatoriedade.
Disponível em: <http:.www.refletirpararefletir.com.br/
4-cronicas-de-luis-fernando-verissimo>. C) o uso do verbo ‘dever’ nos enunciados “Dizem que todos os
Acesso em: 22 jun. 2018. dias você deve comer uma maçã por causa do ferro (linhas
1-2) e “Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros
01. (Uece/2018) A crônica Exigências da vida moderna aborda um de água (linhas 7-8)” tem sentido diferente para expressar
assunto discutido, com bastante frequência em nossos dias: a
a ideia de obrigação.
falta de tempo. Assinale o trecho em que esta ideia não está
explicitamente marcada no texto: D) no trecho “Ou seja, você tem que escovar os dentes depois
A) “Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras da maçã, da banana” (linhas 31-32), a locução verbal indica
oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. a possibilidade que o sujeito tem de realizar ou não a ação
Sobram três, desde que você não pegue trânsito”. de escovar os dentes depois das refeições.
(linhas 41-44)
B) “Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar
05. (Uece/2018) A forma no diminutivo crescidinhos, usada no
roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de
estimação. Na minha conta são 29 horas por dias. A única contexto do enunciado “Ainda bem que somos crescidinhos,
solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos,
tempo!” (linhas 63-68) uma colherada de leite de magnésio” (linhas 75-78), sugere o
C) “Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. sentido de
Fibra suficiente para fazer um pulôver”. (linhas 21-23) A) ironia.
D) “Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um B) depreciação.
Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite C) pequenez.
de magnésio”. (linhas 75-78) D) afeto.
44 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa I LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas
06. (Uece/2018) Ao discorrer sobre o gênero crônica, Antônio II. O uso do pronome você no texto, presente em enunciados
Cândido, estudioso da literatura, afirma que “Ela é amiga da como “Também precisa sobrar tempo para varrer, passar,
verdade e da poesia nas suas formas mais diretas e também nas lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um
suas formas mais fantásticas, sobretudo porque quase sempre bichinho de estimação” (linhas 63-65), procura estabelecer
utiliza o humor” (1992, p. 13-14). O tom humorístico marca a um diálogo do autor com o seu leitor, criando uma certa
linguagem de Veríssimo ao longo de toda a crônica Exigências intimidade entre eles;
da vida moderna. O humor não se mostra evidente em III. A utilização do humor, tal como aparece no trecho “É o
A) “Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho
você toma água e escova os dentes” (linhas 69-71) que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal... Tchau!”
B) “Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, (linhas 80-82), produz um sentido de afinidade na interação
mas faz bem” (linhas 16-17) entre autor e leitor da crônica;
C) “Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por IV. A forma de tratamento de assuntos de cunho particular com
causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma o leitor, como a que se mostra no trecho “Ah! E o sexo!
laranja pela vitamina C” (linhas 1-4) Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina”
D) “Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não (linhas 58-59), marca bem esta busca de proximidade do
se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar autor com o seu interlocutor.
a sedução. Isso leva tempo – e nem estou falando de sexo
tântrico” (linhas 58-62) É correto o que se afirma em:
A) I, II e III apenas.
07. (Uece/2018) O autor faz referência a determinados produtos B) I, II, III e IV.
de marcas estrangeiras bastante divulgadas pela propaganda C) III e IV apenas.
televisiva, como Yakult, Danoninho, Aspirina e Plax. D) I, II e IV apenas.
Considerando o objetivo da menção destes produtos na crônica,
atente aos seguintes itens e assinale com (V) os verdadeiros e 09. (Uece/2018) Sobre o uso dos conectivos oracionais e os seus
com (F) os falsos: respectivos valores semânticos na crônica, é correto dizer que
( ) chamar atenção para a dimensão persuasiva da A) no período “[...] (que ninguém sabe bem o que é, mas que
propaganda que interpela o consumidor a adquirir certos aos bilhões, ajudam a digestão)” (linhas 11-12) há, entre as
produtos, sem refletir, muitas vezes, a respeito da eficácia orações, uma ideia de adição.
deles. B) no enunciado “Cada dia uma Aspirina, previne infarto”
(linha 13), embora falte um conectivo entre as orações,
( ) mostrar que, se atendermos aos apelos a que somos
percebe-se claramente o sentido de conclusão entre elas.
submetidos todos os dias, através do discurso da mídia,
C) em “E já que vou, levo um jornal...” (linhas 81-82), o
nos faltaria, na verdade, tempo para cumprir as atividades
conectivo “já que” poderia ser perfeitamente substituído por
do cotidiano.
“uma vez que”, indicando uma relação sintático-semântico
( ) divulgar produtos de grande qualidade para ajudar na de causa entre as orações.
vida dos seus leitores. D) no trecho “Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar
( ) destacar que, na vida moderna, é difícil escapar da para colocar um equipamento de som, porque entre a
imposição de modelos de comportamento imposta pelos água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por
produtos midiáticos. dia.” (linhas 36-40) o período introduzido pelo conectivo
( ) ressaltar que o homem moderno, ao fazer uso diariamente “porque” mantém com as orações anteriores uma relação
dos produtos promovidos pela mídia, estará preparado de finalidade.
para viver uma vida bem mais saudável e feliz.
10. (Uece/2018) Luís Fernando Veríssimo, para escrever sua crônica,
A sequência correta, de cima para baixo, é: utiliza-se, várias vezes, de forma verbal no imperativo com
A) V – F – V – F – V diferentes funções. No que diz respeito a esse uso, assinale a
B) F – V – F – F – V afirmação falsa.
C) F – F – V – V – F A) O enunciado com que o cronista finaliza o texto – “Viva a
D) V – V – F – V – F vida com bom humor!!!” (linha 83) – tem o objetivo de dar
uma ordem ao leitor.
08. (Uece/2018) Uma das funções textuais da crônica é a de criar B) Em “E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes
uma certa familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem.
cada garfada” (linhas 26-27), o verbo no imperativo tem a
Desde o início até o fim do texto Exigências da vida moderna,
finalidade de propor uma sugestão ao seu interlocutor.
Veríssimo estabelece uma interlocução explícita com o leitor.
Sobre esta questão, considere as seguintes afirmações: C) No enunciado “(por experiência própria, após quinze
I. A utilização de uma sintaxe com período breves e minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira
entrecortados, muito próprios da fala informal, a exemplo uma)” (linhas 48-50), ao fazer udo do imperativo, o cronista
de “Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, tem o objetivo de dar um conselho ao seu interlocutor.
coma a maçã e a banana junto com a sua mulher.. na sua D) No trecho “Chame os amigos junto com os seus pais” (linha 72),
cama” (linhas 72-74), destaca o estilo coloquial de conversa a utilização do imperativo tem o propósito de fazer uma
entre amigos no texto, revelando um efeito de proximidade recomendação ao leitor da crônica.
entre o cronista e o seu leitor;
Anual – Volume 3 45
LInguagens, CÓdIgos e suas teCnoLogIas Língua Portuguesa I
Bibliografia
Fique de Olho AGUIAR E SILVA, Manuel de. Teoria da literatura. 7. ed. Coimbra:
Livraria Almedina, 1986.
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A música do Brasil formou-se, principalmente, a partir da Educação. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos/SP, 1993.
fusão de elementos europeus e africanos, trazidos, respectivamente, JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 2005.
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Até o século XIX, Portugal foi a porta de entrada para a MOISÉS, Massaud. O simbolismo. São Paulo: Cultrix, 1966.
maior parte das influências que construíram a música brasileira, MONTEIRO, José Lemos. A estilística. São Paulo: Ática, 1991.
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sistema harmônico, a literatura musical e boa parcela das formas MARCUSCHI, L.A. Da fala para a escrita: atividades de textualização.
musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, ainda que 3. ed. São Paulo: Contex, 2001, p. 41.
diversos destes elementos não fossem de origem portuguesa, MÁXIMO, João e DIDIER, Carlos. Noel Rosa: Uma biografia. Brasília:
Universidade de Brasília, 1990.
mas genericamente europeia. A maior contribuição do elemento
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa, Saraiva,
africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos, 8. ed. reformulada.
que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música popular NAPOLITANO, Marcos. História & música – História cultural da
e folclórica, florescendo especialmente a partir do século XX. música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
O indígena praticamente não deixou traços seus na corrente PROENÇA, Graça. História da Arte, Ática, 16. ed. – 6a impressão.
principal, salvo em alguns gêneros do folclore, sendo em sua SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. 20. ed. São Paulo:
maioria um participante passivo nas imposições da cultura Cultrix, 1995, p. 22.
colonizadora. SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo,
São Paulo, 34, 1997.
Ao longo do tempo e com o crescente intercâmbio cultural
com outros países, além da metrópole portuguesa, elementos SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira – seus
fundamentos econômicos. 5.ed, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
musicais típicos de outros países se tornariam importantes, como
SOUZA, N. S. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
foi o caso da voga operística italiana e francesa e das danças como
VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira.
a zarzuela, o bolero e habanera de origem espanhola, e as valsas Rio de Janeiro: Martins, 1965.
e polcas germânicas, muito populares entre os séculos XVIII e XIX, VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira, 3. ed, Rio de
e o jazz norte-americano no século XX, que encontraram todos Janeiro: J. Olympio, 1954.
um fértil terreno no Brasil para enraizamento e transformação. ________. Introdução à literatura no Brasil. 17. ed. Rio de Janeiro:
Com o importante infl uxo de elementos melódicos e Bertrand do Brasil, 2001.
rítmicos africanos, a partir de fins do século XVIII, a música popular ________. Notas de teoria literária, 2. ed, Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1978.
começa a adquirir uma sonoridade caracteristicamente brasileira.
Na música erudita, contudo, aquela diversidade de elementos só Sites consultados:
apareceria bem mais tarde. Assim, naquele momento, tratava-se http://www.dicionariompb.com.br
http://cifrantiga3.blogspot.com
de seguir – dentro das possibilidades técnicas locais, bastante http://cliquemusic.uol.com.br
modestas em relação aos grandes centros europeus ou mesmo em http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa
comparação com o México e o Peru – o que acontecia na Europa http://www.revistadoprofessor.com.br
e, em grau menor, na América Espanhola. Uma produção de Quanto às questões da apostila:
caráter especificamente brasileiro na música erudita só aconteceria
• Muitas foram catalogadas de vestibulares de diferentes
após a grande síntese realizada por Villa-Lobos, já em meados universidades brasileiras, tais como: UFC, Uece, UFPE, UFPI, ITA,
do século XX. IME, UFBA, UFPB...
Wikipédia, a enciclopédia livre. • Muitas são inéditas, e outras foram retiradas do Enem, do Enceja,
Acesso em: 29 jun. 2013. do Enade...
46 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II
Romantismo (IV), Realismo e
Naturalismo
Objetivo:
• Estudar o Romantismo, o Realismo e o Naturalismo, focalizando o seu contexto histórico e social, a sua produção literária,
suas características e seus principais representantes.
Conteúdo:
Aula 11: Romantismo IV Produção Literária em Prosa
A prosa romântica................................................................................................................................................................................................... 48
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 52
Aula 12: Realismo I Romances Machadianos
Realismo.................................................................................................................................................................................................................. 56
Machado de Assis – produção literária.................................................................................................................................................................... 57
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 59
Aula 13: Realismo II Contos Machadianos
Contos machadianos................................................................................................................................................................................................ 62
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 65
Aula 14: Naturalismo I Obra de Aluísio Azevedo
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 69
Aula 15: Naturalismo I – Obra de Raul Pompeia
Raul Pompeia........................................................................................................................................................................................................... 73
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 73
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
Aula 11: CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS ROMANCES DO ROMANTISMO
C-5 H-15, 16
Aula Romantismo IV C-6 H-17, 18 1844 A Moreninha (Joaquim Manuel de Macedo)
Representação dos
costumes da elite brasileira
Consolidação da
identidade nacional
48 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
A Moreninha foi o primeiro romance romântico urbano Obras:
com qualidade literária que alcançou grande sucesso de público
1. Romances indianistas: criação de um herói nacional e
e abriu caminho para uma vasta produção de folhetins escritos exaltação da natureza brasileira. Em Ubirajara, Alencar retrata
por autores brasileiros. o índio ainda não tocado pela civilização, em estado puro. Em
Ele conta a história de dois jovens, Augusto e Carolina, Iracema, conta a lenda da fundação do Ceará, descrevendo os
que se conhecem ainda crianças em uma praia. Nesse primeiro primeiros contatos do índio com o colonizador. Em O Guarani,
encontro, juram amor eterno e, como prova de fidelidade, trocam revela um índio vivendo entre os colonizadores. Peri é retratado
dois breves, um branco e um verde. O branco simbolizava a como um autêntico cavaleiro medieval, que põe sua vida a
candura da alma de Carolina, e o verde, a esperança do coração serviço de sua dama (Ceci). Este romance foi tema da ópera do
de Augusto. mesmo nome de Carlos Gomes.
Reprodução/Editora Moderna
Domínio Público
Nasceu em Messejana, no Ceará, tinha o mesmo nome do – Projeto nacionalista: revela o Brasil horizontalmente (em termos
pai, importante figura política do Império. Formado em Direito, geográficos) e verticalmente (em termos históricos).
em São Paulo, Alencar dividiu suas atividades entre a advocacia, – Estrutura romântica, influenciada por Walter Scott, Chateaubriand
o jornalismo e a política, tendo sido deputado pela Província do e Fenimore Cooper.
Ceará e ministro da Justiça. Candidato ao cargo de senador, foi – Idealização permanente da realidade e valorização da natureza.
o primeiro colocado numa lista sêxtupla, da qual o Imperador – Estilo que tende ao “poético”.
deveria escolher dois nomes. – Tentativa de criar uma língua brasileira.
Não sendo escolhido, desgostou-se da política e retirou-se
da vida pública. Como escritor foi o principal prosador do Enredo básico – Senhora
Romantismo brasileiro, destacando-se, sobretudo, pela O tema deste romance – o casamento por interesse –
fecundidade de sua imaginação. Sua obra completa reúne condiciona sua composição. Ele divide-se em quatro partes, que
vinte romances de desigual qualidade, entre os quais duas correspondem às etapas de uma transação comercial: “O preço”,
“Quitação”, “Posse” e “Resgate”.
obras-primas – Iracema e Senhora; seis peças de teatro; crônicas
Fernando Seixas, um rapaz sem posses, mas ambicioso de
e artigos de jornal, polêmicas literárias e políticas, discursos;
subir na escala social, namora Aurélia, moça também humilde e órfã
pareceres jurídicos, uma pequena autobiografia (Como e por de pai. Passando por apuros financeiros, Seixas aceita, por um dote de
que sou romancista), além de um poema épico inacabado (Os trinta contos, a proposta de casamento com Adelaide Amaral. Mas o
Filhos de Tupã). destino preparava-lhe uma peça: Aurélia, a noiva preterida, recebe
Anual – Volume 3 49
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
uma inesperada herança do avô paterno e torna-se uma das mais Personagens:
disputadas moças do Rio de Janeiro. Dividida entre o amor e o
orgulho ferido, ela encarrega seu tutor, o tio Lemos, de negociar seu • Iracema: a virgem dos lábios de mel, guardiã da bebida sagrada
casamento com Fernando por um dote de cem contos. O acordo da Jurema filha do pajé da tribo tabajara, o velho Araquém.
realizado inclui, como uma de suas cláusulas, o desconhecimento Mulher de fibra, corajosa, que não hesita em abandonar seus
da identidade da noiva por parte do contratado até as vésperas valores, sua tribo, sua família e sua condição de sacerdotisa
do casamento. Na noite de núpcias, Aurélia pôde completar seu para entregar-se e viver um grande amor. Simboliza a terra
plano, humilhando o marido comprado e impondo-lhe as regras brasileira: dócil, mas enérgica, acolhedora e pronta para receber o
da convivência conjugal: em casa seriam dois estranhos, para a estrangeiro amigo. Simboliza também o processo de aculturação
sociedade fingiriam a felicidade de um casal perfeito. Fernando que o indígena brasileiro sofrerá.
submete-se às determinações de sua senhora, mas readquire seu
orgulho, e põe-se a trabalhar para reunir o dinheiro necessário • Martim Soares Moreno: guerreiro branco, amigo dos potiguaras
ao seu “resgate”. No final, quando devolve o dote a Aurélia, (habitantes do litoral), inimigo dos tabajaras. Representante do
ela lhe mostra o testamento que fizera no dia do casamento, colonizador português, é enaltecido como bravo, valente, fiel,
nomeando-o seu herdeiro universal. É a prova de seu amor. Estão cristão, pronto a enfrentar os perigos para proteger os interesses
ambos redimidos de seus erros. “As cortinas cerram-se, e as auras de sua pátria. Envolve-se com Iracema, embora guarde lembranças
da noite, acariciando o seio das flores, cantam o hino misterioso da virgem branca que deixou em Portugal.
do santo amor conjugal.”
• Poti: guerreiro potiguara, amigo de Martim, a quem dedicava
Disponível em: <https://faciletrando.wordpress.com/
2015/05/15/analise-da-obra-senhora/> uma lealdade ímpar. É exemplo do índio aculturado que se
cristianiza.
Enredo básico – Iracema • Caubi: irmão de Iracema, índio tabajara, exemplo de lealdade e
dedicação fraternal.
A história transcorre no século XVI, no início da colonização:
Iracema, virgem da tribo tabajara, consagrada a Tupã, conhece na • Irapuã: cacique da tribo dos tabajaras, vingativo e mau.
floresta o “guerreiro branco” Martim, a quem leva para a cabana Apaixonou-se por Iracema e por ela foi capaz de investir na luta
de seu pai, o pajé Araquém. Os jovens apaixonam-se, mas ambos contra os guerreiros liderados por Martim e Poti.
estão impedidos de realizar seu amor: ela, por seus votos a Tupã;
ele, porque sente saudades de Portugal e do que lá deixara. • Moacir: filho de Iracema e Martim, simboliza o nascimento do
Entretanto, não resistem ao impulso amoroso e fogem. primeiro brasileiro. Seu nome significa “filho do meu sofrimento”.
Iracema engravida. Martim se alegra, mas tem que partir para lutar
em outras terras. Quando volta, Iracema morre, depois de ter dado Enredo básico – O Guarani
à luz Moacir, o “filho da dor”. Martim toma o filho e parte com Escrito em folhetins para o Diário do Rio de Janeiro, o
ele para Portugal. romance conta a história do índio goitacá Peri, muito afeiçoado
ao fidalgo português D. Antônio de Mariz, que, no final do
século XVI, se muda para o Brasil com a família: D. Lauriana, a
Museu Nacional de Belas Artes – Iphan/MinC Rio de Janeiro RJ
50 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
Alencar foi o primeiro romancista brasileiro a criar heróis: Encantado com a beleza de Inocência e desconhecendo os
em muitas das suas obras, tais como As Minas de Prata (romance costumes recatados do sertão, não esconde sua admiração.
histórico publicado em 1871), O Sertanejo, O Gaúcho, Ubirajara Pereira, desconfiado, passa a vigiá-lo, o que dá oportunidade a que
e, sobretudo, O Guarani. Surge sempre uma personagem que Cirino e Inocência se vejam mais. Meyer parte, com medo do pai,
é a encarnação do ideal de heroísmo, de nobreza, de lealdade Inocência pede a Cirino que viaje, a fim de pedir ao seu padrinho
etc. A figura do herói, criada por Alencar, traduz um desejo de uma interferência favorável aos dois. Nesse meio tempo, Pereira
compensação da sociedade brasileira de então, ainda mal ajustada, descobre o romance, por meio de um anão, Tico, encarregado de
cheia de problemas econômicos, sociais e políticos a resolver. vigiar Inocência. Manecão persegue Cirino e o mata. Pouco depois,
Destarte, o índio Peri, protagonista de O Guarani, é Inocência também morre.
o herói mítico cuja força e coragem o fazem vencer todos
os perigos, com honra e dignidade. Além disso, ele ama e Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
dedica-se completamente a esse sentimento, que cultiva
Reprodução/Editora Ática
Características da obra:
Reprodução/Editora Ediouro
Anual – Volume 3 51
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
Predomínio do humor sobre o dramático (romance picaresco) 03. Os quadros reproduzidos a seguir dialogam com três obras da
literatura brasileira. Com base em seus conhecimentos literários e
– Personagens caricaturizados. nos motivos retratados pelos artistas plásticos, assinale a alternativa
– Acontecimentos que desmentem as aparências das pessoas. verdadeira sobre fatos relativos às personagens em foco.
– Situações cômicas.
Reprodução/L&PM Editores
– Ausência de tragédia humana.
Precursor do Realismo
– Objetividade.
– Descrença nos valores sociais.
Personagens
– Leonardo, Leonardo Pataca, Major Vidigal, Compadre, Luisinha, MEDEIROS, José de Maria de (1849-1925).
Lindóia, 1882. Óleo sobre tela.
Vidinha, Comadre.
Reprodução/Martin Claret
Enredo básico – Memórias de um Sargento de Milícias
Reprodução/Editora Moderna
anti-herói, leva uma vida de malandro e vadio, envolvendo-se
em vários amores. Suas malandragens só terminam quando
o chefe de polícia, Vidigal, escolhe-o para ocupar uma vaga
na tropa de granadeiros (soldados), em virtude de sua larga
experiência em vadiagem.
02. (PUC)
“Então passou-se sobre este vasto deserto d’água
e céu uma cena estupenda, heroica, sobre-humana; um
espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se
entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas d’água,
e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira
nos seus braços hirtos, abalou-se até as raízes.”
PARREIRAS, Antônio (1860-1937). Iracema, 1909. Óleo sobre tela.
O fragmento anterior exemplifica uma característica romântica
de José de Alencar, que é a Poti refletiu:
A) imaginação criadora. — As lágrimas da mulher amolecem o coração do guerreiro,
B) consciência da solidão. como o orvalho da manhã amolece a terra.
C) ânsia de glória. Meu irmão é um grande sabedor. O esposo deve partir sem
D) idealização do personagem. ver Iracema.
E) valorização da natureza.
52 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
O cristão avançou. Poti mandou-lhe que esperasse; da aljava
de setas que Iracema emplumara de penas vermelhas e pretas, e
suspendera aos ombros do esposo, tirou uma. Exercícios Propostos
O chefe potiguara vibrou o arco; a seta atravessou um goiamum
que discorria pelas margens do lago, e só parou onde a pluma não a
deixou mais entrar. 01. (Ceeteps-SP) Leia, com atenção, os trechos seguintes, que
Fincou o guerreiro no chão a flecha, com a presa atravessada, caracterizam as diferentes preocupações temáticas de José de
e tornou para Coatiabo: Alencar.
— Tu podes partir agora. Iracema seguirá teu rastro; Procura focalizar a corte; retrata a vida burguesa da época,
chegando aqui, verá tua seta, e obedecerá à tua vontade. utilizando histórias de amor como assunto das narrativas.
Martim sorriu; e quebrando um ramo do maracujá, a flor da Foi uma das soluções encontradas pelo escritor brasileiro
lembrança, o entrelaçou na haste da seta, e partiu enfim seguido por Poti. para repetir aqui a proposta europeia de volta ao passado.
Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores. A civilização indígena representou literariamente o aspecto
O calor do Sol já tinha secado seus passos na beira do lago. Iracema mais autêntico de nossa nacionalidade.
inquieta veio pela várzea seguindo o rastro do esposo até o tabuleiro. Pretende trazer à tona figuras históricas ou até figuras lendárias,
As sombras doces vestiam os campos quando ela chegou à beira do lago. situando-as em seu tempo e momentos reais.
Seus olhos viram a seta do esposo fincada no chão, o Retrata diferentes partes do país, focalizando seus hábitos,
goiamum trespassado, o ramo partido, e encheram-se de pranto. costumes, linguagens, tradições; sempre em oposição aos
— Ele manda que Iracema ande para trás, como o goiamum, valores urbanos da corte.
e guarde sua lembrança, como o maracujá guarda sua flor todo o Tais características referem-se, respectivamente, aos romances:
tempo, até morrer. A) históricos, indianistas, urbanos, regionalistas.
Iracema, de José de Alencar.
B) regionalistas, históricos, indianistas, urbanos.
04. O quadro de Antônio Parreiras foi inspirado na passagem, C) indianistas, históricos, regionalistas, urbanos.
transcrita anteriormente, do romance de José de Alencar. D) urbanos, indianistas, regionalistas, históricos.
Confrontando a referida passagem com a leitura intertextual E) urbanos, indianistas, históricos, regionalistas.
que o pintor fez dela, é correto afirmar que o artista plástico
retratou 02. (Enem)
A) a tristeza de Iracema, por não entender o significado que a
flecha do esposo simbolizava. Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que
B) a reação de Iracema, ao decodificar a mensagem deixada atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro,
por Martim. e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que
C) a desilusão de Iracema, por sentir-se traída pelo marido, que produzirá seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu
retornava a Portugal para rever sua noiva. a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram
D) a revolta de Iracema, porque Martim partira com Poti sem todos com avidez informações acerca da grande novidade do
lhe dar satisfação. dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu
E) o arrependimento da filha dos tabajaras, por ter deixado sua tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de
tribo para tornar-se esposa de um guerreiro branco inimigo que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era orfã; tinha em sua
de seu povo. companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas,
que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta
05. (UFPE/2001) Sobre o romance romântico no Brasil, é correto não passava de mãe de encomenda, para condescender com
afirmar que: os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não
A) Não houve influência dos autores europeus na criação de tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando
uma narrativa romântica no Brasil, pois, além de os temas e com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não
linguagens diferirem muito, as obras estrangeiras não eram declinava um instante do firme propósito de governar sua casa
divulgadas, nem traduzidas no Brasil. e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que
B) Em 1844, surgiu o primeiro romance brasileiro, A Moreninha, Aurélia tinha um tumor; mas essa entidade era desconhecida, a
de Joaquim Manuel de Macedo, o qual ultrapassou a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência
condição das narrativas europeias, pela temática e pela em sua vontade, do que a velha parenta.
adaptação a cenários brasileiros. ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.
C) Inserido na linha nacionalista do Romantismo, José de
Alencar lança, em 1856, seu primeiro romance, Cinco O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875.
Minutos. Daí em diante, procurou construir uma obra No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas
romanesca que abrangesse todo o Nordeste brasileiro, ao como “parenta” de Aurélia Camargo assimila práticas e
qual se limitou em razão de sua origem nordestina. Escreveu
convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois
romances históricos, regionalistas e indianistas – a maioria
A) o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar
situados na Era Colonial – e romances urbanos.
a condição feminina na sociedade brasileira da época.
D) Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um
B) o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais
Sargento de Milícias (1853), seguiu a tradição sentimental
no enredo de seu romance.
do tipo de narrativa praticado na época. Nos seus textos,
C) as características da sociedade em que Aurélia vivia são
adota a estética romântica na proposta de uma narrativa de
remodeladas na imaginação do narrador romântico.
costumes.
D) o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da
E) Entre os objetivos do movimento romântico no Brasil,
mulher, financeiramente independente.
estava o de revelar o país pela criação de uma literatura de
expressão nacional mais pela paisagem (natureza) e menos E) o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito
pela língua e pela valorização de uma língua brasileira. avançados para a sociedade daquele período histórico.
Anual – Volume 3 53
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
03. D) o indianismo, em ambos os movimentos, já surge como
“Não, não! A namoradeira é em breve tempo conhecida símbolo do povo brasileiro: o índio é o herói que paira
e ninguém a deseja por mulher. Julgas que os homens iludem- acima dos valores dos colonizadores, feito à imagem e
se com ela e que não sabem que valor devem dar aos seus semelhança dos cavaleiros medievais.
protestos? Que mulher pode haver tão fina, que namore a E) a obra dos poetas arcádicos já ganha contornos românticos,
expressando a subjetividade dos autores, quando descreve os
muitos e que faça crer a cada um em particular que é o único
amores arrebatados, em linguagem sentimental e emotiva.
amado? Aqui em nossa terra, grande parte dos moços são
presunçosos, linguarudos e indiscretos. Quando têm o mais • Texto para as questões de 06 a 09.
insignificante namorico, não há amigos e conhecidos que
não sejam confidentes. Que cautela podem resistir a essas (FGV) Leia o seguinte texto sobre a ópera O Guarani,
indiscrições?” de Carlos Gomes.
Desde a chegada à Europa, Carlos Gomes idealizava
O teatro de Martins Pena, conforme lembra o excerto, é o projeto de uma obra de maior vulto, que precisaria ser
A) naturalista: interessa-lhe a realidade como ela se apresenta, enviada ao Brasil como contrapartida pela bolsa recebida
mesmo aquela que tem contorno mais rude e que como tal do governo. A essa altura, seus biógrafos relatam que, com
saudades do Brasil, Gomes passeava sozinho pela Piazza del
deve ser claramente expressa.
Duomo quando ouviu o anúncio de um vendedor ambulante:
B) popular: ocupa-se dos costumes e hábitos do povo, do
“II Guarany, Storia del Selvaggi del Brasile“. Tomado de
retrato de sua cultura e linguagem. susto pela coincidência, conta-se que comprou ali mesmo
C) trágico: as personagens têm os caminhos traçados por um a tradução do livro de Alencar, certo de que aquele era um
destino mais forte que a vontade de cada uma delas. sinal: sua nova obra deveria se voltar às origens. A narrativa
D) alegórico: as personagens correspondem a ideias, e não a serve bem à construção dos mitos em torno do compositor,
tipos realmente humanos. mas o fato é que não há registro oficial algum do episódio,
E) simbolista: a realidade é antes indicada e sugere que seja pelo contrário: cartas e documentos mostram que, ao partir
expressa no sentido conotativo das palavras. para a Itália, Carlos Gomes já pensava em O Guarani como
tema para uma nova obra. Se ele comprou uma versão
04. (UFPE/2004) Sobre o surgimento e as características do italiana do romance foi apenas para facilitar o trabalho do
Romantismo, é insustentável afirmar que libretista Antonio Scalvini.
A) o movimento coincide com a democratização da arte, gerada O romance de José de Alencar tinha todos os
pelas mudanças sociais, políticas e econômicas do fim do século ingredientes de um bom libreto: o triângulo amoroso, a luta
XVIII. Tornou-se a expressão artística de uma nova sociedade entre o bem e o mal e cenas dramáticas e visualmente fortes.
burguesa, em oposição à arte neoclássica da aristocracia. No dia 2 de dezembro de 1870, o escritor José de
B) o Romantismo literário absorveu tendências do liberalismo, Alencar caminhou pela ruas do Rio de Janeiro até o Teatro
que propiciou a liberdade nas artes e, consequentemente, Lírico a fim de acompanhar a estreia brasileira da ópera
a expressão fora dos rígidos modelos precedentes. baseada em seu romance mais famoso, publicado em 1857.
C) foi inspirado pelas obras do francês Rousseau e pelo movimento Ao fim do espetáculo, a intensa ovação não foi suficiente para
alemão Sturm und Drag, que valorizava o folclórico, o popular fazer o escritor esquecer algumas restrições com relação à
e o nacional, em oposição ao universalismo clássico. adaptação. Anos depois, em suas memórias, ele se resignaria:
D) consolidou-se junto ao público europeu, em fins do “Desculpo-lhe, porém, por tudo, porque daqui a tempos,
século XVIII, com o romance Werther, de Goethe. talvez por causa das suas espontâneas e inspiradas melodias,
O sucesso do romance, que culmina com o suicídio, por não poucos hão de ler esse livro, senão relê-lo – e maior favor
amor, do jovem personagem, desencadeia uma onda de não pode merecer um autor“. Alencar não estava errado.
suicídios na Europa. A ópera não apenas ajudou a manter viva a fama do romance
E) apenas nos últimos anos do século XIX é que o Romantismo como se tornou símbolo máximo da obra de seu compositor.
se sedimenta na Europa, quando sua estética é Coleção Folha Grandes Óperas. São Paulo: Moderna, 2011. Adaptado.
introduzida no Brasil, coincidindo, portanto, com a nossa
independência política. 06. (FGV) Segundo o autor do texto, a
A) divulgação das cartas de Carlos Gomes acabou desmentindo
05. (UFPE/2004) O Arcadismo foi um movimento literário que que ele tivesse adquirido, na Europa, a versão italiana do
teve lugar em Vila Rica, Minas Gerais, acompanhando o romance de José de Alencar.
Ciclo do Ouro, no século XVIII. Sobre as semelhanças e B) utilização de O Guarani em italiano, por parte do libretista
diferenças com o movimento que o seguiu historicamente,
da ópera de mesmo nome, deve ser considerada somente
o Romantismo, é correto afirmar que
um hipótese.
A) ambos portam as marcas de submissão e servilismo aos
padrões estéticos europeus. C) estrutura dos libretos de ópera foi utilizada por Alencar
B) predominaram, nestes movimentos, o plágio, a imitação e para criar o enredo do romance O Guarani.
a cópia, sem nenhum traço de originalidade. D) tradução para o italiano do romance O Guarani, feita a
C) ambos propõem um retorno à natureza: o Arcadismo, pedido do próprio Alencar, serviu como um aviso para que
no sentido de uma natureza equilibrada e bucólica, Carlos Gomes compusesse sua ópera.
harmoniosa e pacata; o Romantismo, no sentido de uma E) reação do público à ópera de Carlos Gomes, em sua estreia
natureza exuberante, selvagem e tropical, identificada com no Rio, acabou referendando as críticas que lhe dirigira
os estados de espírito, a grandeza e as potencialidades José de Alencar.
físicas do país.
54 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
07. (FGV) O mencionado triângulo amoroso de O Guarani,
Aula 12:
Anual – Volume 3 55
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
realismo / Naturalismo / Contexto histórico
Século XIX
Parnasianismo: A Europa, na segunda metade do século XIX, foi marcada
• Segunda Revolução Industrial; por novos inventos (telefone, telégrafo, locomotiva a vapor), pela
• Cientificismo: socialismo científico, utilização de novas fontes de energia (petróleo, eletricidade) e pelas
positivismo, evolucionismo e novas descobertas científicas, que explicaram ao ser humano o,
até então, inexplicável. No entanto, a acelerada industrialização,
determinismo;
resultado da Segunda Revolução Industrial e do capitalismo,
• Consequências da Guerra do
contexto histórico: determinou o aparecimento de uma nova classe, o proletariado,
Paraguai; constituída por uma massa de trabalhadores miseráveis, sem direito
• Libertação dos escravos; a nenhuma vantagem trazida por esse progresso.
• Fim da Monarquia e Proclamação Criticando o misticismo, a religião, o sentimentalismo e
da República; o subjetivismo, o homem passou a basear-se na observação e na
• Imigração. experimentação para estudar os mais diversos fenômenos. Valeu-se
para isso de algumas doutrinas.
• Objetividade;
1) Positivismo: filosofia de Augusto Comte, segundo a qual só
• Predomínio da razão; importava o que podia ser medido e provado, isto é, todos os
• Observação, análise e denúncia fenômenos deviam ser explicados pela ciência.
dos males sociais; 2) Evolucionismo: teoria de Charles Darwin, que colocava em
características:
• Criação do romance de análise xeque a origem divina do homem, defendida pela Igreja, e
(Realismo); explicava a evolução das espécies pelo processo de seleção
• Aceitação de determinismos natural, pela sobrevivência do mais forte e do mais apto.
científicos (Naturalismo). 3) Determinismo: teoria de Hipólito Taine, que explicava a obra de
arte como consequência de três fatores: raça (hereditariedade),
meio e momento histórico. Segundo ele, o ser humano era
Projeto literário produto do meio em que vivia.
Realismo: Machado de Assis / 4) Socialismo científico: Engels e Karl Marx denunciaram a
Raul Pompeia. exploração do proletariado.
5) Experimentalismo: o médico Claude Bernard deu bases
Naturalismo: Aluísio de Azevedo /
científicas à medicina (observação, investigação) e demonstrou
autores: Inglês de Sousa / Júlio Ribeiro / Adolfo a importância da Fisiologia no comportamento humano.
Caminha / Domingos Olímpio.
Parnasianismo: Alberto de Oliveira / O Brasil viveu, nesse período, as consequências da Guerra do
Paraguai, o movimento abolicionista e a perspectiva da República.
Raimundo Correia / Olavo Bilac.
O surto modernizador sustentado pela exportação cafeeira fez
surgirem comerciantes e pequenos empresários que aderiram
realismo / Parnasianismo às novas ideias. A economia fortalecida exigia trabalho livre e
romantismo
Naturalismo (prosa) (poesia) começaram, então, as primeiras imigrações. Essas transformações
socioeconômicas apressaram o fim da Monarquia: federalistas,
• Subjetivismo. • Objetivismo. abolicionistas e positivistas opunham-se à centralização do poder
• Racionalismo,
objetivismo, e lutavam pela República. Em 1888, a escravatura foi abolida e, em
• Materialismo/
• Sentimentalismo. impessoalidade. 1889, proclamada a República.
racionalismo.
Realismo
O Realismo e o Naturalismo, surgidos como reação
ao sentimentalismo romântico, iniciaram-se em 1881,
respectivamente, com a publicação de Memórias Póstumas de
Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio de
Azevedo; manifestações poéticas do Parnasianismo já se faziam
sentir desde 1870. Assinala-se o ano de 1893 como início do
Simbolismo e final, portanto, do Realismo. No entanto, essa
data é puramente didática, uma vez que, até as duas primeiras COURBET, Gustave (1819-1877).
décadas deste século, é possível encontrar produções orientadas Les Cribleuses de blé, 1855. Óleo sobre tela.
por todas essas estéticas.
56 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
No Brasil, o que se vê retratado é o cotidiano da burguesia: Machado de Assis – produção literária
Arrufos, de Belmiro de Almeida, mostra a briga de um casal.
Almeida aproxima-se de um realismo mais comprometido com as
classes populares. Realismo
Machado de Assis
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nasceu em 1839, no Morro do Livramento,
Rio de Janeiro, e faleceu também no Rio,
em 1908, aos 69 anos. Filho de um pintor
e uma lavadeira, ambos muito pobres,
ficou órfão muito cedo.
Mulato, tímido, gago e epilético,
conseguiu, no entanto, sobreviver, fazendo
carreira como funcionário público e escritor.
Aos 16 anos, trabalhou como aprendiz de tipógrafo, em jornais da
Imprensa Nacional. Dois anos depois, tornou-se revisor de uma editora
e, em seguida, do Correio Mercantil. Em 1860, passou a trabalhar
ALMEIDA, Belmiro de (1858-1935). Ressentimento, 1887.
na redação do Diário do Rio de Janeiro, colaborando na seção
Óleo sobre tela. “Semana Ilustrada”. Autodidata, foi conquistando vasta cultura
literária e, embora escrevesse críticas teatrais e literárias, crônicas,
Literatura artigos políticos, contos e peças de teatro, a princípio ganhou nome
como poeta.
O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a Aos 30 anos, casou-se com Carolina Xavier de Novais
publicação do romance Madame Bovary, em que seu autor,
e desde então fez carreira burocrática, na qual ascendeu e
Gustave Flaubert, conta a história do adultério e suicídio de
uma jovem burguesa romântica. Dez anos depois, Émile Zola permaneceu até a morte. Foi um dos fundadores e presidente
inaugurou o romance naturalista com a publicação de seu da Academia Brasileira de Letras; ao longo de mais de 50 anos
romance experimental Thérèse Raquin, em que lança mão da de vida literária colaborou em inúmeros jornais e revistas.
observação científica da sociedade e das reações humanas. Considerado o maior escritor em prosa da literatura
Os escritores realistas/naturalistas, opondo-se aos brasileira, Machado de Assis é um autor múltiplo, inventivo, original.
românticos e impulsionados pela filosofia e ciência da época, Além de iniciar o Realismo brasileiro, em 1881, com Memórias
pretendiam reproduzir integralmente o real. Antimonárquicos, Póstumas de Brás Cubas, na mesma obra realiza a superação
antiburgueses e anticlericais, em sua maioria republicanos e desse estilo, dando um salto para a modernidade literária, que
até socialistas, ao sentimentalismo opunham o materialismo antecipa em vários aspectos a crítica da linguagem tradicional
e o racionalismo; ao subjetivismo, o objetivismo; à fantasia e
da narrativa, com microcapítulos digressivos, enredo não linear,
à imaginação, a observação do real; ao retorno ao passado, o
constante metalinguagem; o estilo antirretórico, substantivo;
comprometimento com o momento presente; ao nacionalismo,
o universalismo. a análise psicológica que anuncia a psicanálise; o humor sutil e
O romance realista, cujo maior representante é Machado permanente, destruindo as ilusões e pieguices românticas; a visão
de Assis, preocupou-se com a análise psicológica das personagens, metafísica aguda e relativista de todos os valores, em sentido
em função da qual critica a sociedade. Trata-se de um romance profundo, e por isso considerada pessimista; a linguagem repleta
documental, que pretende ser o retrato da época. Já o romance de ambiguidades e outros recursos estilísticos desconhecidos em
naturalista valorizou o coletivo, a análise social, entendendo o seu tempo. Outros romances fundamentais de Machado, na mesma
homem como um animal sujeito ao instinto, por isso a predileção direção das Memórias..., são Quincas Borba, Dom Casmurro e
temática pelas taras e desvios sexuais. Numa confrontação entre Memorial de Aires.
as duas estéticas, temos:
Principais características literárias de Machado de Assis
Realismo Intersecção Naturalismo
Antecipação da modernidade literária
Influenciados pelo • Enredo não linear.
• Análise
Positivismo e pelo • Análise social.
psicológica. • Microcapítulos digressivos.
Determinismo.
• Metalinguagem.
Anticlericais,
• Romance • Estilo antirretórico.
• Romance antiburgueses,
científico,
documental. antimonárquicos e • Análise psicológica / psicanalítica.
experimental.
antirromânticos.
• Humor sutil e permanente.
Anual – Volume 3 57
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
Principais obras de Machado de Assis maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer,
e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo
• Poesia (em que desenvolveu o estilo parnasiano)
regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios,
Crisálidas, Falenas Americanas e Poesias Completas. guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam,
• Romance: urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”.
– Fase romântica: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Garcia.
– Fase realista: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, – Metalinguagem, ironizando o leitor apressado e acostumado
Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires. com a estrutura dos folhetins românticos: narração direta, regular
e fluente.
• Conto: Contos Fluminenses, Histórias da Meia-Noite, Papéis
Avulsos, Histórias sem Data, Várias Histórias, Páginas Escolhidas, 3. “E aqui façamos justiça à nossa dama. A princípio, cedeu sem
Relíquias da Casa Velha. vontade aos desejos do marido; mas tais foram as admirações
colhidas, e a tal ponto o uso acomoda a gente às circunstâncias, que
• Teatro: Queda que as mulheres têm pelos tolos, Desencanto, ela acabou gostando de ser vista, muito vista, para recreio e estímulo
Quase ministro, Os deuses de casaca, Tu, só tu, puro amor. dos outros. Não a façamos mais santa do que é, nem menos.
Para as despesas da vaidade, bastavam-lhe os olhos, que eram
Os recursos estilísticos ridentes, inquietos, convidativos, e só convidativos: podemos
compará-los à lanterna de uma hospedaria em que não houvesse
Vamos enumerar e exemplifi car alguns dos principais cômodos para hóspedes. A lanterna fazia parar toda a gente,
recursos estilísticos de Machado de Assis, a fim de compreendermos tal era a lindeza da cor, e a originalidade dos emblemas; parava,
aspectos de sua escritura, que não apenas o distanciam dos
olhava e andava. Para que escancarar as janelas? Escancarou-as,
escritores de seu tempo, mas também o transformam em
anunciador da modernidade literária, isto é, das obras produzidas finalmente; mas a porta, se assim podemos chamar ao coração,
no século XX. essa estava trancada e retrancada”.
Quincas Borba.
• O narrador não confiável, que ilude, provoca, desconcerta o leitor,
em “conversas” em que muitas vezes ironiza suas expectativas, – Descrição da personagem Sofia, com comparações sofisticadas,
por exemplo, no caso das leitoras românticas. inesperadas e aguda análise psicológica.
• As reticências – omissões, lacunas, digressões –, que demonstram
capacidade de despistar o leitor ingênuo, fazendo parecer sem 4. “Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos
importância o que é fundamental, e vice-versa. outros – velhos todos – em que a matéria do capítulo era posta
• As reflexões metalinguísticas, que fazem a crítica da linguagem no sumário: ‘De como aconteceu isto assim, e mais assim’.
e da estrutura da narrativa tradicional, e questionam o próprio Aí está Bernardim Ribeiro; aí estão outros livros gloriosos.
processo de criação literária, ao longo de seu desenvolvimento.
Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a
• As comparações insólitas, incongruentes.
Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos
• As citações, das mais díspares e variadas fontes.
• A quebra da linearidade do enredo, com microcapítulos digressivos, quais só pelo sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV,
que explicam outros capítulos e dão pistas para a sua leitura. cap. I, lede este título: Contendo cinco folhas de papel. É claro,
• O estilo substantivo, antirretórico. é simples, não engana a ninguém; são cinco folhas, mais nada,
• O humor sutil e permanente, destruindo as ilusões românticas. quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos é que o
• A linguagem sutil, ambígua, de múltiplos sentidos. autor concluiu obsequiosamente: ‘E agora, sem mais prefácio,
Novas palavras: português, volume único: livro do professor/
vamos ao seguinte capítulo’.”
Quincas Borba.
Emília Amaral (et al.). – 2. ed. – São Paulo: FTD, 2003.
– Microcapítulo digressivo e metalinguístico, com citação de
fontes literárias.
Exemplos:
Memórias Póstumas de Brás Cubas
1. “Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética Publicado em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas é o
para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me ocorre romance que marcou o início do Realismo na literatura brasileira.
imagem capaz de dizer, sem quebrar a dignidade do estilo, o Surgiu, primeiramente, em forma de folhetins.
que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. O protagonista-narrador, Brás Cubas, depois de morto,
É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido,resolve escrever a sua autobiografia. As lembranças vêm
misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como fragmentadas, cabendo ao leitor organizá-las para acompanhar
a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. o relato.
Em capítulos muito curtos, a história se inicia pela morte de
Dom Casmurro. Brás Cubas, e os personagens vão sendo apresentados à medida
– Metalinguagem, com ironia da retórica romântica. que participaram da vida dele. De tudo que narra, ressaltam-se os
seus amores na juventude. Primeiro, o namoro com a prostituta
2. “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; de luxo, Marcela, que o explora e quase acaba com os seus bens.
eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros Para separá-lo dela, os pais o enviam à Europa. Quando volta, já é
capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco doutor. Brás Cubas começa a namorar uma moça pobre, Eugênia,
da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz que tem um defeito na perna. Terminado mais esse namoro, fica
noivo de Virgília. Se realizado, o casamento teria ajudado muito
certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o
suas aspirações políticas, já que o pai de Virgília é muito influente.
58 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
Mas Lobo Neves acaba por casar-se antes com ela. Brás Cubas fica
solteirão. Anos mais tarde, tornar-se-á amante de Virgília, vivendo
uma paixão ardente. A gravidez de Virgília alegra a Brás Cubas,
Exercícios de Fixação
mas a criança morre antes de nascer. Os amantes se separam. A
irmã de Brás Cubas, Sabina, arranja-lhe uma noiva – Eulália – que,
no entanto, morre, vitimada por uma epidemia. • Texto para as questões 01 e 02.
Brás Cubas, completamente sem rumo na vida, encontra
o seu amigo Quincas Borba. O filósofo explica-lhe a teoria do O que singulariza o pessimismo de Machado de Assis é a
Humanitismo. Mais tarde, o filósofo enlouquece. sua posição antagônica em relação ao Evolucionismo oitocentista,
Brás Cubas vai tentar a vida política, pois quer ser célebre.ao culto do progresso e da ciência. Frente às ingenuidades do
Em vão. Apanhado por uma pneumonia, vem a falecer. cientificismo, o sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação
metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do ser humano.
Dom Casmurro Um artista como Machado levou mais a sério do que os arautos
Publicado em 1900, Dom Casmurro é narrado em primeira do Evolucionismo cientificista o golpe que Darwin tinha desfecho
pessoa. Bentinho conta a sua própria história, a partir de um contra as ilusões antropocêntricas da humanidade.
flashback da velhice para a adolescência. MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides
Órfão de pai, cresceu num ambiente familiar muito carinhoso Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172.
– tia Justina, tio Cosme, José Dias –, recebendo todos os cuidados
da mãe, D. Glória, que o destinara à vida sacerdotal. 01. (PUC) É exemplo da atmosfera superiormente sarcástica com
Entretanto, Bentinho não quer ser padre – namora a vizinha, que Brás Cubas conduz suas memórias póstumas o fato de
Capitu, e quer se casar com ela. D. Glória, presa a uma promessa que que, nesse romance magistral,
fizera, aceita a ideia inteligente de José Dias de enviar um escravo A) o tom crítico-documental serviu às gerações seguintes como
ao seminário, para ser ordenado no lugar de Bentinho. uma cruel historiografia da segunda metade do século XIX.
Livre do sacerdócio, o moço se forma em Direito e acaba
B) a personagem que narra logrou combinar a pena da galhofa
se casando mesmo com Capitu. O casal vive muito bem, Bentinho
com a tinta da melancolia, tal como confessa ao seu leitor.
vai progredindo, mantém amizade com Escobar e Sancha. A vida
C) o narrador, um diplomata já aposentado, refaz sua vida
segue o seu curso. Nasce-lhe um filho, Ezequiel.
Escobar morre e, durante o seu enterro, Bentinho começa valendo-se das confissões mais impiedosas.
a achar Capitu estranha: surpreende-a contemplando o cadáver de D) o tom fantástico da narrativa aproxima-o das melhores
uma forma que ele interpreta como apaixonada. páginas da ficção científica que predominará no século XX.
A partir do episódio, Bentinho se consome em ciúmes e E) a estranha narrativa é conduzida de tal modo que apaga
tem início uma crise no casamento. Ezequiel se torna cada vez mais quaisquer traços realistas da sociedade da época.
parecido com Escobar – o que precipita em Bentinho a certeza de
que ele não é seu filho. Em consequência disso, o casal se separa, 02. (PUC-Campinas) Ao afirmar que Machado de Assis referendou
Capitu e Ezequiel vão para a Europa. Algum tempo depois ela morre. o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões
Já moço, Ezequiel volta ao Brasil para visitar o pai, que antropocêntricas da humanidade, o autor do texto dá forças
constata a semelhança entre o filho e o antigo colega de seminário. à ideia de que o criador de Brás Cubas
Ezequiel morre no estrangeiro. Bentinho, cada vez mais fechado em A) deixou-se levar pelo cientificismo dos pesquisadores mais
sua dúvida, ganha o apelido de “Casmurro” e põe-se a escrever o ingênuos.
livro de sua vida. B) acabou se identificando com os arautos do progresso
Quincas Borba histórico.
C) alinhou-se ao pessimismo darwinista em relação ao futuro
Publicado em 1891, Quincas Borba, narrado em terceira
pessoa, é a história do professor Rubião, mineiro de Barbacena, que da humanidade.
recebe como herança todos os bens do filósofo Quincas Borba, mais D) rechaçou a ideia de que os homens constituam o centro
a incumbência de tomar conta de seu cão – também denominado privilegiado do Universo.
Quincas Borba – e divulgar a filosofia conhecida como Humanitismo. E) considerou que a ciência da época soube como aliar-se às
Muda-se de Minas para o Rio de Janeiro, onde se apaixona eculubrações da metafísica.
por Sofia, esposa de Cristiano Palha.
Sabendo da paixão de Rubião por sua mulher, Palha
03. (PUC-RS/2019) No antológico trecho de Dom Casmurro em
incentiva Sofia a aceitar a corte do professor, a fim de usufruir de
vantagens financeiras. Sem desconfiar de nada, Rubião acredita ser que o narrador se refere aos “olhos de cigana oblíqua e
correspondido em sua paixão. Sofia sabe jogar com a paixão do dissimulada” de Capitu,
inocente apaixonado. Sem deixar de ser fiel ao seu marido, ela faz I. ele confere dois atributos aos olhos da cigana;
a paixão crescer. Palha vai enriquecendo. II. a construção contrapõe-se a outra do narrador Bentinho,
Motivado por problemas que já possuía e muito sensível
qual seja: “olhos de ressaca”;
pela paixão não realizada, Rubião começa a ter atitudes estranhas.
Deixa-se explorar, esbanja a fortuna, entra na política e fracassa. III. a capacidade de sedução de Capitu é sugerida por “olhos
Tem Sofia como pensamento fixo. de ressaca”.
Vai enlouquecendo aos poucos e cria fantasias: diz que é
Napoleão III e quer fazer de Sofia a sua duquesa. Está/Estão correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
É abandonado pelo casal, tendo somente o cachorro por A) I.
seu companheiro. Internado numa clínica, certo dia foge para
B) III.
Barbacena, levando o cão. Os dois se unem na miséria, tornando-
se objeto de chacota dos meninos de rua e desocupados. Morre C) I e II.
louco. Ao morrer, pronuncia a frase básica do Humanitismo: “Ao D) II e III.
vencedor, as batatas”.
Anual – Volume 3 59
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
• Texto para a questão 04. C) “fechei o olho três ou quatro vezes”, para o narrador,
ironicamente, não justifica a atitude do poeta de guardar
No meio disso, a que vinha agora uma criança
os versos e lhe alcunhar “Casmurro”.
deformá-la por meses, obrigá-la a recolher-se, pedir-lhe
D) “atribuir-me fumos de fidalgo” revela a aversão do narrador
as noites, adoecer dos dentes e o resto? Tal foi a primeira
aos costumes das classes mais abastadas da sociedade,
sensação da mãe, e o primeiro ímpeto foi esmagar o gérmen. duramente criticadas por ele.
Criou raiva ao marido. A segunda sensação foi melhor. E) “deram curso à alcunha“ revela o uso de vocabulário
A maternidade, chegando ao meio-dia, era como uma aurora rebuscado e inversões sintáticas, índices do tom grave
nova e fresca. Natividade viu a figura do filho ou filha brincando predominante em todo o excerto.
na relva da chácara ou no regaço da ala, com os três anos de
idade, e este quadro daria aos trinta e quatro anos que teria
então um aspecto de vinte e poucos...
Foi o que a reconciliou com o marido.
Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Exercícios Propostos
04. (ESPM/2007) Considerando os aspectos histórico-literários,
pode-se afirmar que o texto 01. (PUC-Campinas) A presença do leitor é uma constante no
A) apresenta aspectos do Barroco por mostrar os conflitos
romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de
existenciais da personagem influenciada pela religiosidade
Assis. O narrador, defunto autor, solicita dele uma participação
(daí o título da obra Esaú e Jacó).
efetiva capaz de balizar o andamento da narrativa e de dar
B) é coerente com o padrão do Realismo ao enfocar uma crítica
social à questão da rejeição da maternidade e o consequente sentido ao texto. Assim, indique, das ações do narrador,
abandono dos filhos. elencadas a seguir, a que se põe em desacordo com as várias
C) tem afinidade com o Naturalismo ao enfatizar o Determinismo referências ao leitor e a função, esperada dele, na leitura do
biológico e as personagens patológicas. romance.
D) está contra o padrão do Romantismo, imediatamente A) Abre o romance com um prólogo “Ao Leitor” e considera
anterior à obra, uma vez que não idealiza o instinto maternal que sua obra terá a acolhida tanto da gente grave quanto da
e a mulher. gente frívola, que são as duas colunas máximas da opinião.
E) faz sintonia com a poesia do Parnasianismo, pois apresenta B) Elabora capítulos desprovidos de palavras, mas configurados
a obsessão pela forma no vocabulário e o tema clássico por diagramação gráfica, como “O Velho diálogo de Adão e
greco-latino. Eva”, desafiando o leitor e pondo em cheque sua capacidade
interpretativa.
• Para responder à questão 05, leia o texto a seguir extraído do
C) Dedica ao leitor um capítulo em especial denominado “O
primeiro capítulo do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Senão do Livro”, em que o considera o maior defeito do
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho livro, por exigir do texto aquilo que ele não lhe pode dar.
Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro,
que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, D) Dirige-se ao leitor esperando sempre sua concordância e
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou opinião favorável, capaz de validar a qualidade que o autor
recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser reconhece que a obra mesma tem.
que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que,
como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; 02. (PUC-Campinas) Machado de Assis revela em Memórias
tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse Póstumas de Brás Cubas uma linguagem rica em recursos
os versos no bolso.
estilísticos capaz de emprestar ao romance uma fina dimensão
— Continue, disse eu acordando.
— Já acabei, murmurou ele. estética. Sua obra é repassada pelas diferentes funções da
— São muito bonitos. linguagem. Assim, indique a alternativa que contém trecho
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, em que predomina a função metalinguística.
mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte A) “Tudo tinha a aparência de uma conspiração das coisas
entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me contra o homem: e, conquanto eu estivesse na minha sala,
Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus olhando para a minha chácara, sentado na minha cadeira,
hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal ouvindo os meus pássaros, ao pé dos meus livros, alumiado
pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos pelo meu sol, não chegava a curar-me das saudades daquela
da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em
outra cadeira, que não era minha”.
bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.”
“— Vou para Petrópolis, Dom Casmurro [...].” B) “Fui ter com Virgília; depressa esqueci o Quincas Borba.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no Virgília era o traveseiro do meu espírito, um travesseiro mole,
sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem tépido, aromático, enfronhado em cambraia e bruxelas”.
calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me C) “Não havia ali a atmosfera somente da águia e do beija-flor;
fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! havia também a da lesma e do sapo. Retira, pois, a expressão,
alma sensível, castiga os nervos, limpa os óculos, – que isso
05. (ESPM/2007) Sobre o texto lido, é correto afirmar que o segmento: as vezes é dos óculos, – e acabemos de uma vez com esta
A) “pode ser que não fossem inteiramente maus “, ao indicar flor da moita”.
a qualidade mediana dos versos do rapaz, revela o tema do D) “Citando o dito da rainha de Navarra, ocorre-me que
conflito entre sentimento e aparência. entre o nosso povo, quando uma pessoa vê outra pessoa
B) “nem por isso me zanguei” revela o ceticismo em relação à arrufada, costuma perguntar-lhe: ‘Gentes, quem matou
natureza humana, tão presente na fase realista da produção seus cachorrinhos?’ Como se dissesse: ‘– quem lhe levou os
machadiana. amores, as aventuras secretas etc.’ Mas este capítulo não é
sério”.
60 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
• Texto para a questão 03. C) Palha, mesmo interessado na riqueza de Rubião, decide
confrontá-lo ao perceber o assédio dele a Sofia.
CAPÍTULO LXXI
D) Sofia tenta esconder do marido o interesse que tem por
Carlos Maria, que a seduziu em um baile.
O senão do livro
E) Sofia, mesmo interessada em Carlos Maria, faz de tudo para
Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; que Maria Benedita se case com ele.
eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros
capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da • Leia o texto a seguir e responda às questões de 07 a 09.
eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa
contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior CAPÍTULO LXXI / O SENÃO DO LIVRO
defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o
Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me
livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo
canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns
regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios,
magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai
guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram,
um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira
gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! – Folhas
a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e
misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras
aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor.
belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de
Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas
saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa
a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este
boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.
livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham,
ameaçam o céu, escorregam e caem...
03. (Fuvest/2014) No contexto, a locução “Heis de cair”, na última
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis.
linha do texto, exprime:
A) resignação ante um fato presente.
B) suposição de que um fato pode vir a ocorrer. 07. (ESPM/2010) Ao comparar seu estilo aos ébrios, o narrador-
C) certeza de que uma dada ação irá realizar-se. -personagem faz alusão metafórica
A) a algumas características da obra como as digressões e a
D) ação intermitente e duradoura.
ausência de linearidade narrativa.
E) desejo de que algo venha a acontecer. B) à falta de compromisso com a escrita, ao utilizar uma
narrativa lenta, ziguezagueante e confusa.
04. (Fuvest/2014) Um leitor que tivesse as mesmas inclinações que C) ao aspecto denso da narrativa, que possui um discurso
as atribuídas, pelo narrador, ao leitor das Memórias póstumas interminavelmente filosofante.
de Brás Cubas teria maior probabilidade de impacientar-se, D) à incompatibilidade entre os leitores apressados e os
também, com a leitura da obra escritores morosos ou bêbados.
A) Memórias de um sargento de milícias. E) a um recurso utilizado pelo narrador para se distrair da
B) Viagens na minha terra. eternidade e substituir o arrependimento do livro.
C) O cortiço.
D) A cidade e as serras. 08. (ESPM/2010) Quando afirma “distrair-se um pouco diante da
E) Capitães da areia. eternidade”, remete-nos ao fato de, em outro momento da
obra, o narrador intitular-se
05. (Fuvest/2014) Nas primeiras versões das Memórias póstumas A) narrador-personagem. B) defunto autor.
de Brás Cubas, constava, no final do capítulo LXXI, aqui C) autor defunto. D) niilista convicto.
reproduzido, o seguinte trecho, posteriormente suprimido E) filho da burguesia.
pelo autor: [... Heis de cair.] Turvo é o ar que respirais, amadas
folhas. O Sol que vos alumia, com ser de toda a gente, é um 09. (ESPM/2010) O trecho: “... resmungam, urram, gargalham,
sol opaco e reles, de _________ e _____________. ameaçam o céu, escorregam e caem...” configura uma
A) anáfora.
As duas palavras que aparecem no final desse trecho, no lugar
B) hipálage.
dos espaços, podem servir para qualificar, de modo figurado, a
C) gradação.
mescla de tonalidade estilísticas que caracteriza o capítulo e o
D) antonomásia.
próprio livro. Preenchem de modo mais adequado as lacunas
E) silepse de número.
as palavras
A) acaso e invernia. B) Finados e ritual.
C) senzala e cabaré. D) cemitério e Carnaval. • Leia o trecho para responder à questão 10.
E) eclipse e cerração.
(...) “Confeitaria do Custódio”. Muita gente
06. (ITA/2019) No Realismo, o adultério subverte o ideal romântico certamente lhe não conhecia a casa por outra designação.
de casamento. Machado de Assis, porém, costuma tratá-lo de Um nome, o próprio nome do dono, não tinha significação
modo ambíguo, valendo-se, por exemplo, do ciúme masculino política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada que
ou da dubiedade feminina. Com isso, em seus romances, a chamasse a atenção dos dois regimes, e, conseguintemente,
traição nem sempre é comprovada, ou, mesmo que desejada que pusesse em perigo os seus pastéis de Santa Clara,
pela mulher, não se consuma. Constatamos tal ambiguidade menos ainda a vida do proprietário e dos empregados.
em Quincas Borba, quando Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma
A) Palha se enraivece com os olhares de desejo que os homens coisa com a troca de uma palavra por outra, Custódio em
dirigem a Sofia nos eventos sociais. vez de Império, mas as revoluções trazem sempre despesas.
B) Sofia decide não contar ao marido que Rubião a assediou Machado de Assis. Esaú e Jacó. Obra completa, 1904.
certa noite, no jardim da casa deles.
Anual – Volume 3 61
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
10. (Unesp/2011) O fragmento, extraído do romance Esaú e Jacó, O conto “A Cartomante” apresenta: unidade de ação, tempo,
de Machado de Assis, narra a desventura de Custódio, dono espaço, objetividade e poucas personagens, isto considerando a teoria
de uma confeitaria no Rio de Janeiro, que, às vésperas da do conto dentro de uma visão mais tradicional. A ação gira em torno
proclamação da República, mandou fazer uma placa com o de um caso de adultério entre Camilo e Rita, esposa de Vilela, amigo
nome “Confeitaria do Império” e agora temia desagradar de infância de Camilo, o que – por sinal – favorece o adultério.
ao novo regime. A ironia com que as dúvidas de Custódio A história está focada num triângulo amoroso, tema
são narradas representa o marcante na literatura machadiana. A narrativa, contudo, não é
A) desconsolo popular com o fim da Monarquia e a queda do linear, pois o relato começa pelo meio, quando Rita e Camilo já são
imperador, uma personagem política idolatrada. amantes há algum tempo e andam preocupados com a possibilidade
B) respaldo da sociedade com que a Proclamação da República da descoberta da relação de ambos por Vilela. Usando a técnica
contou e que a transformou numa revolução social. do flash-back, a partir do quinto parágrafo o narrador intervém na
C) alheamento de parte da sociedade brasileira diante do narrativa para lhe dar uma ordem temporal. Esse recurso vai permitir
conteúdo ideológico da mudança política. ao leitor um apoio na linearidade desde passado-presente-futuro.
D) reconhecimento, pelos cidadãos brasileiros, da ampliação O suspense pode ser percebido a partir do momento em
dos direitos de cidadania trazidos pela República. que Camilo recebe, na repartição, um bilhete de Vilela. A partir daí,
E) impacto profundo da transformação política no cotidiano o narrador cria a expectativa de que algo chocante vai acontecer
da população, que imediatamente apoiou o novo regime. na casa de Vilela. Em seguida, quebra essa tensão através da
presença da cartomante diante de Camilo, dando-lhe tranquilidade
e assegurando-lhe que nada de mal lhe aconteceria, para no final
Aula 13:
acontecer tudo ao contrário, ou seja, o duplo assassinato cometido
C-5 H-15, 16 pelo marido traído.
Aula Realismo II C-6 H-17, 18
Já no início do conto, mais especifi camente nos dois
13 Contos Machadianos primeiros parágrafos, o narrador cria um clima de misticismo
e descrença, esta por parte de Camilo, que se mostra apático
e indiferente com as revelações da cartomante. Mais adiante,
no entanto, Camilo acaba recorrendo aos mesmos recursos
Contos machadianos de Rita. Isto surge no conto como uma revelação, como uma
Machado de Assis é o maior escritor do Brasil de todos forma de reforçar as contradições no interior das personagens
os tempos e um dos maiores da Língua Portuguesa. Sua obra, machadianas. Ainda a respeito desse assunto, fica claro que a
original e única, é lida e comentada em todo o mundo, e referência à tragédia de Shakespeare por meio da fala de Hamlet
continua, apesar dos anos, despertando o mais vivo interesse dos que se dirige ao confidente Horácio parece não deixar dúvida
estudiosos e dos leigos. Apenas para confirmar esta assertiva, quanto às contradições e às ambiguidades, ao inexplicável e
veja o estudo de Mr. John Gledson, Machado de Assis: Impostura ao inesperado dentro da obra machadiana. Senão vejamos
e Realismo, publicado na Inglaterra e lançado no Brasil em 1991 apenas a título de lembrança como o autor inicia o seu conto:
pela Cia. das Letras, e o recém-lançado Machado de Assis: Ficção “Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na
e Utopia, de Massaud Moisés, da Editora Cultrix, São Paulo, 2001. terra do que sonha a nossa filosofia”.
Escrevendo numa linguagem enxuta, objetiva, culta, Machado
de Assis conseguiu fugir dos modismos e cacoetes linguísticos que “O Enfermeiro”
permeavam a literatura brasileira do final do séc. XIX e início do séc. XX.
Os contos de Machado permitem ao leitor vislumbrar a Quem contrata um enfermeiro busca nele um assistente, um
riqueza e a abrangência da sua obra, que aborda um leque temático pilar de sustentação da vida. Contudo, ao contratar o enfermeiro
dos mais variados. Procópio, o Coronel Felisberto podia pensar em ter tudo, menos
O egoísmo humano e o interesse pessoal estão presentes alguém que viesse dar cabo à sua já agonizante existência.
em “O Caso da Vara”; o drama da expressão, a contradição entre
intuição espiritual e a expressão é a tônica de “Cantiga de Esponsais”; Neste conto, os elementos do gênero dramático estão bem
a sedução, a sensualidade e o rito iniciático aparecem em “Missa do presentes, especialmente o trágico: uma ação grave, praticada
Galo”; o sadismo é o tema de “A Causa Secreta”; a crítica ao poder sem vontade objetiva, leva a um resultado capaz de despertar
corruptor do dinheiro, destacando a relação essência-aparência, é terror e piedade. Terror pela ação nefanda praticada; piedade, pela
o tema de “O Enfermeiro” e “Conto de Escola”; o formalismo das involuntariedade de sua prática, suscitando compaixão ante o drama
imposições sociais determinando o comportamento dos indivíduos vivido pelo personagem.
é o tema de “O Espelho” e de “Teoria do Medalhão”; o adultério É nessa linha de análise que Salvatore D’onofrio (O texto
aparece em “A Cartomante”; a vaidade está em “Um Apólogo”; e, literário. São Paulo: Duas Cidades, 1983, pp. 159-170) analisa este
por fim, a sátira à política, na qual prevalece o casuísmo e as falcatruas conto.
estão em “A Sereníssima República”. Partindo do conceito aristotélico de peripécia (Poética, XI),
sendo a oposição de contrários, ou seja, a obtenção de um efeito
“A Cartomante” oposto ao esperado numa sequência narrativa, aquele autor procura
mostrar como “O Enfermeiro” se aproxima de um texto dramático
Conto de suspense, “A Cartomante” traz um trivial caso trágico.
de adultério, servindo de suporte para o autor analisar os No conto, Procópio, um funcionário público pobre, discreto,
mecanismos que informam o funcionamento da mente humana com prática de enfermagem, dirigindo-se a um leitor virtual, a quem
e os desdobramentos que se seguem ao seu atordoamento. se refere como “senhor” e que lhe pedira um relato, conta um fato,
Neste conto, o leitor acompanhará as aventuras de dois amantes um depoimento humano do que ele ocorreu certa vez.
e verá aonde o amor que os une os levará. Precisando ganhar dinheiro, fora servir de enfermeiro a
um velho coronel, Felisberto, prepotente e tirânico, em estado
periclitante, numa vila do Rio de janeiro.
62 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
O texto começa pelo meio, como se o leitor entrasse na A “Missa do Galo” não só é um exemplo perfeito de conto,
conversa como um espectador que a tudo assiste sem interferir. como se constitui num dos mais belos textos de Machado de Assis
As duas personagens pareciam se completar mutuamente: e, provavelmente, de toda a literatura brasileira, pela riqueza das
Procópio precisava de dinheiro e o coronel Felisberto, de imagens, pela simplicidade da trama e pelo caráter enigmático que
assistência. Essa mutualidade, contudo, não ocorreu. Após uma envolve as personagens.
semana de “lua de mel”, Procópio passa a ser tratado como a O conto é formado por um único episódio, o diálogo cheio
seus predecessores, recebendo toda sorte de injúrias do coronel. de sugestões eróticas e sensuais travado pelo narrador, Nogueira,
Aqui, no dizer de Salvatore D’onofrio, ocorreu a primeira peripécia: um jovem de dezessete anos no tempo do enunciado, e Conceição,
para obter vantagem econômica, Procópio se degradou casada e com trinta anos.
“não dormir” = ausência de vida vegetal O tempo e o espaço também são únicos neste conto.
“não pensar” = ausência de vida intelectual Tudo se passa entre as 22 e as 24 horas de uma noite de Natal, na
“recolher injúrias” = ausência de vida moral sala da casa de Conceição e Meneses, localizada na rua do Senado,
(obra citada, p. 165) no Rio de Janeiro.
As personagens centrais são Nogueira e Conceição.
Em função dos maus-tratos recebidos, Procópio tenciona
Nogueira, narrador-personagem, interiorano, está no Rio a fazer
ir embora. O vigário e o coronel instam a que ele fique. Após três
preparatórios (exame de admissão). Gosta de livros de aventuras e
meses, contudo, ele resolve ir-se. Mas tendo que acordar o coronel
tem curiosidade por ver uma missa do galo na Corte. Conceição,
certa noite e não o fazendo, é afrontado pelo velho, que lhe atira
balzaquiana, é tida como santa por suportar a indiferença e o
uma moringa no rosto. Enfurecido, Procópio esgana Felisberto,
desamor do marido, que semanalmente dorme fora. É passiva e
produzindo uma segunda peripécia: para defender-se da agressão
gosta de leituras românticas. As duas personagens guardam em
recebida, acaba matando o coronel. O destino subverteu a vontade
seus interiores as suas verdadeiras essências, já que ao longo da
humana e fez com que o enfermeiro, que fora à vila salvar o coronel,
narração não deixam transparecer o que de fato são.
acabasse por matá-lo de vez.
Toda a ação do conto se passa na conversação que os
Na sequência, ele se sente atordoado, tem visões, alucinações,
dois travam na sala da casa de Meneses, quando este está fora.
pensa em ir embora, mas teme a reação popular. Providencia,
O diálogo dos dois é cheio de implicações e sugestões, mas nunca
então, o enterro do velho e retorna ao Rio de Janeiro. Sete dias
revela claramente nada. A atmosfera de penumbra que perlustra
depois, recebe uma carta do vigário dizendo que fora encontrado o
todo o conto dá a ele o exato tom de mistério e enigma que
testamento de Felisberto, no qual Procópio constava como herdeiro
caracteriza a obra machadiana.
universal. Esse fato, no dizer de Salvatore D’onofrio, constitui o que
O Professor José Fernandes (Cadernos de pesquisa do ICHL,
Aristóteles chamou de anagnorisis ou reconhecimento, entendido
nº 05, Goiânia, Cegraf/UFG, 1990, pp. 722) lança algumas pistas
como a passagem do ignorar ao conhecer e constitui uma dupla
para a compreensão do conto, notadamente analisando o nome
peripécia: o coronel, tencionando premiar seu assistente, premiou
das personagens e a simbologia dos números que as envolvem.
seu assassino; Procópio, tentando livrar-se de seu algoz, terminou
No dizer daquele crítico, Nogueira, entre outras implicações,
por antecipar sua entrada na herança do velho coronel. A verdade
quer dizer “árvore” e assim possui casca e cerne, mas só revela a
essencial vem à tona. Procópio parece vítima, mas é o assassino;
casca, o exterior. O que se passa no seu interior é escamoteado.
Felisberto, apesar de parecer tirano, é a vítima.
Já Conceição tem os significados de “conceber”, “receber”,
recebendo o menino e devolvendo o homem.
Temos aqui o tema do conto, a relação ser-parecer, com o Ainda conforme José Fernandes, a idade de Conceição, trinta
predomínio do parecer sobre o ser. anos, menos a idade de Nogueira no tempo do enunciado, dezessete
anos, dá como resultado o número 13, número do galo no jogo do
O herói machadiano, na verdade, é um anti-herói que goza bicho. Este, por sua vez, relaciona-se à acuidade, à vigilância, ao
o que a sorte benévola e a máscara social lhe proporcionam. Tem-se, sexo. Desta forma, na noite da missa do galo, Nogueira passa por
assim, uma inversão de valores, com o triunfo do mal sobre o bem. um rito de passagem, saindo da infância à maturidade, passando
Machado quis mostrar que a hipocrisia é a chave para se penetrar de frango a galo.
na sociedade e nela permanecer e prosperar. E conseguiu. Estes são apenas alguns dos elementos simbólicos dos
No desfecho do conto, percebe-se toda a ironia com que quais se valeu Machado de Assis para dar a este conto um caráter
Machado de Assis descreve o ser humano e o seu pessimismo misterioso e enigmático, trazendo-o para o centro das discussões
cósmico. Sentindo-se culpado caso recebesse a fortuna deixada literárias em todo o Brasil.
pelo coronel Felisberto, Procópio pensa inicialmente em não
aceitá-la, pois que é fruto de uma ação criminosa; depois, pensa em “O Espelho” – Esboço de uma nova teoria
aceitá-la e dá-la toda; em seguida, cogita em dar apenas a metade, da alma humana
e, finalmente, em não dar nada, já que a sociedade não suspeitava
dele e os braços da lei pareciam nunca atingi-lo. Ele, então, encerra Neste conto surpreendente, Machado de Assis, por meio de
seu relato ironizando o sermão da montanha: “Bem-aventurados seu personagem Jacobina, um alferes, mostra que as pessoas
os que possuem, porque eles serão consolados’’. têm duas almas: uma que olha de dentro para fora, outra que
Consolados, sim, porque a sociedade tal como a retratou olha de fora para dentro. Conheça-as, lendo este conto incrível.
Machado de Assis sempre valorizou a aparência em detrimento da
essência, a posse sobre os valores morais. O conto se estrutura em dois níveis:
I. narrativa moldura: um narrador de terceira pessoa introduz
“Missa do Galo” a história, dizendo que quatro cavalheiros conversavam
calorosamente e um quinto ouvia a tudo sem dizer nada;
Um dos mais perfeitos contos de Machado de Assis, e de toda a
II. narrativa encaixada: Jacobina, o quinto cavalheiro, quando a
literatura brasileira, traz o envolvimento emocional de um jovem
rapaz, Nogueira, com uma senhora balzaquiana, Conceição, discussão recai sobre a alma humana, toma da palavra e, sem
carregado de sugestões e conotações erótico-sensuais tênues, que aceitar réplicas, relata em primeira pessoa uma experiência pela
despertam no leitor o fino gosto pelo detalhe e pelo pormenor. qual passou.
Anual – Volume 3 63
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
No seu relato, Jacobina surpreende a todos afirmando que, Com efeito, a dificuldade de Mestre Romão em conseguir
na verdade, o ser humano não tem só uma, mas duas almas: uma expressar o que sente, transpondo para a linguagem musical tudo
que olha de dentro para fora e outra que olha de fora para dentro. o que sentia em relação à sua jovem esposa, se frustra em razão
Todos ficaram espantados com a afirmativa do cavalheiro de ele se valer do meio impróprio para isto, a arte.
misterioso, mas este não admitiu contestação, ameaçando Ao colocar a jovem nubente cantarolando a frase musical
interromper seu relato. que tanto atormentou mestre Romão, Machado quis demonstrar
Prosseguindo na sua filosofia, afirmou que a alma exterior que é mais importante viver um sentimento do que teorizá-lo.
do homem tanto pode ser um espírito como um objeto. As duas A jovem conseguiu porque não se preocupou em teorizar sem
almas completam o homem, assim como as duas metades de uma sentir, mas simplesmente em exteriorizar um estado de alma pleno
laranja completam a laranja. A alma exterior, segundo ele, não é de prazer e cheio de vida.
única e imutável. A contradição pungente gerada pela conduta da moça que
Exemplificando sua teoria, conta ele um caso pessoal. canta sem refletir e a de mestre Romão, que reflete sem conseguir
Aos vinte e cinco anos foi nomeado alferes da Guarda Nacional e foi compor, gera uma angústia existencial, um sofrimento, um sentido
muito elogiado e bajulado pela família. Todos lhe enalteciam a farda. de vazio que incomoda e envolve a todos quantos leiam este conto.
Sua tia Marcolina o convidou para passar uns dias com ela, colocando A identificação com o desencontro artístico e amoroso do velhinho
até um grande espelho só para que ele pudesse se mirar melhor. se faz de imediato.
Jacobina tinha sonhos, sendo elogiado em todos eles. Certo O drama vivido pelo maestro deslinda o tema do conto – o
dia, contudo, mirou-se no espelho e não viu sua imagem claramente. drama da expressão – e revela que o cotidiano esconde dramas
Estava esfumada, tênue, difusa, sombria. Desesperado, correu e se intensos, embora anônimos e sem voz, mas nem por isso menos
vestiu. De volta à frente do espelho, o vidro o reproduzia agora com importante.
toda nitidez. Com isto finda seu relato. Transformar o cotidiano aparentemente mesquinho e
O narrador de terceira pessoa toma a palavra e emoldura a sem novidades em textos de intenso lirismo e acentuada poesia
narrativa, encerrando-a.
verbal também é característica de Machado de Assis. Nenhuma
Através da filosofia de Jacobina, Machado de Assis endereça
experiência cotidiana, por mais insignificante que pareça, passou
críticas à sociedade que só vê os aspectos exteriores da condição
despercebida pela sua parabólica intelectual.
humana, deixando de olhar para dentro do homem.
O Alienista – Resumo
A alma exterior é a aparência, a falsidade, a falsa imagem
e a falsa opinião. É como a sociedade vê o ser humano: como
um objeto, massificado, desessencializado. Neste sentido, o ser Através da obsessão científica do Dr. Simão Bacamarte
humano vale pelo que possui, pelo que tem. É o domínio do Ter e de suas consequências para a vida de Itaguaí, Machado de
sobre o Ser. Para Jacobina, o Ser só existia diante do Ter. Sua Assis faz neste livro a crítica da importação indiscriminada de
farda era sua identidade social e familiar. Por isso ele não se vê teorias deterministas e positivistas em nosso país.
diante do espelho, por isso sua imagem se esfuma, quando ele
está sem farda.
I – Narrador
Esfuma-se, porque o ser humano se apega demasiado ao
material e olvida o humano, valoriza a aparência e não a essência, Em O Alienista, escrito em terceira pessoa, Machado de
a hipocrisia e não a verdade. Assis usa, inicialmente, a autoridade das crônicas antigas, como
podemos perceber no início do texto:
Já a alma interior é o que de fato o ser humano é. ‘As crônicas da Vila de Itaguaí contam que em tempos
É o domínio do Ser. É a sua essência, os seus valores morais, remotos vivera ali um certo médico...’
éticos, religiosos, filosóficos etc. Em ritmo de ‘era uma vez’ dá-se o começo da narrativa.
Três expressões assumem um papel de relevo neste primeiro contato
Ao falar em duas almas humanas, Machado não está mais nosso com o narrador: crônicas, tempos remotos e o vivera.
do que fazendo uma crítica à obsessiva fixação da sociedade nos As três reforçam a antiguidade da história, dando-lhe a
aspectos exteriores da condição humana, e não na sua conduta mesma autoridade que o amarelado empresta aos livros.
moral, na sua riqueza interior. As crônicas trazem a respeitabilidade do que é aceito pela
tradição como verdadeiro. Se elas dizem, não há que contestar.
“Cantiga de Esponsais” Os tempos remotos servem para distanciar esta narrativa do
tempo presente, evitando qualquer deturpação por interesses
Conto-síntese, trata do fenômeno da criação artística imediatos. Finalmente, o verbo no pretérito mais-que-perfeito
e da sua complexidade como objeto, a partir do qual o artista – vivera – reforça os já distanciados tempos remotos. Assim,
reflete sobre si e o mundo. A criação, contudo, não é produto uma expressão intensifica a outra, cabendo-nos perguntar
só da vontade; há que ter também talento, aptidão interior e, por que o narrador se interessaria tanto em manter a história
sobretudo, sentimento. Mestre Romão queria compor uma peça restrita a um tempo passado, e bastante passado.
musical em homenagem ao seu grande amor, mas faltava-lhe o A resposta já foi colocada no início do parágrafo anterior:
sentimento desse amor, o sentimento da paixão. a distância no tempo aumenta a respeitabilidade da narração,
pretendendo dar-lhe uma autoridade quase que incontestável,
além de favorecer um distanciamento crítico do narrador-cronista
Integrando o volume de História sem Data (1884), em relação à história.
“Cantiga de Esponsais” é um dos mais profundos e líricos contos Entretanto, caso este narrador-cronista queira deturpá-la
de Machado de Assis. em proveito próprio, ele não pode fazê-lo, pois notamos no livro a
O conto desenvolve o tema da impotência criadora, o drama presença de um segundo narrador, que reconta a história, parecendo
da expressão, a contradição entre a intuição espiritual e a expressão garantir a isenção dela.
dessa intuição.
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Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
O foco narrativo deste segundo narrador está em foram soltos após revelarem algum desequilíbrio, provando que
conformidade com os princípios da literatura realista; isto estavam curados, mas o nosso alienista não fica contente: ainda
é, trata-se de um narrador-onisciente, preocupado com a não chegara a uma conclusão em suas pesquisas. Começa a
objetividade. Embora este narrador tenha a capacidade de desconfiar que ele não havia curado ninguém, que os pacientes só
nos trazer os aspectos íntimos dos vários personagens, o que haviam revelado um desequilíbrio que já possuíam anteriormente.
não poderia ser feito pelo narrador-cronista, ele centraliza Com isso, desloca seu estudo para si mesmo. Certifica-se de que é
a sua atenção em Simão Bacamarte, protagonista do conto. a única pessoa realmente equilibrada de toda a vila e se tranca na
Ao mesmo tempo, procura mostrar aqueles que se revelam mais Casa Verde, declarando-se, ao mesmo tempo, médico e paciente.
decadentes e denunciadores dos tipos humanos presentes em Morre depois de alguns meses.
O Alienista. Por exemplo, quando a esposa do boticário Crispim
está presa no hospício e ele não vem libertá-la, o narrador a
faz desfilar uma série de acusações ao marido. Estas acusações O enredo deste conto, além de discutir ironicamente as
estão em desacordo com o comportamento da personagem fronteiras entre a razão e a loucura, também coloca a questão do
ao longo da história – ela sempre pareceu acatar e respeitar o poder. Todos os que o exercem em Itaguaí, incluindo-se dentre
marido – revelando, assim, que na verdade a personagem até eles o revoltoso barbeiro Porfírio, fizeram uma composição com
então apenas ‘mantinha as aparências’, era cúmplice do marido. Simão Bacamarte, o que sugere que tanto a razão quanto a
“— Tratante! ... velhaco! ... ingrato! ... Um patife que loucura são usadas pelo poder, dependendo de seu interesse.
tem feito casas à custa de unguentos falsificados e podres ...Ah! Por isso nada foi feito de efetivo contra a Casa Verde, e os
tratante!...” prisioneiros liberados pelo próprio alienista. Assim, podemos
E assim por diante ... Através da “loucura” de vários concluir esta primeira leitura possível com um pessimismo
personagens [pelo menos assim o julgava o Dr. Bacamarte – o
machadiano: “O mal não parece estar no ‘racional’ ou no
alienista], o narrador vai mostrando as misérias humanas, o que
‘normal’, mas no humano...”
demonstra ser intrusa e não imparcial a sua onisciência.
Entretanto, a suposta “confiabilidade” do narrador-cronista 1. aquele que fábrica ou vende albarda ou albardão, ou seja, sela grosseira para
e a suposta “objetividade” do narrador-onisciente relativizam, aos resguardar o lombo das bestas de carga.
olhos do leitor, esta intrusão, fazendo predominar a impressão de
isenção do[s] narrador[es] que é característica da literatura realista.
II – Enredo Exercícios de Fixação
O Dr. Simão Bacamarte, médico da Corte, volta à terra natal,
Itaguaí, para entregar-se de corpo e alma ao estudo da ciência.
Com o tempo, resolve dedicar-se ao estudo da loucura, fundando • Utilize o texto seguinte para as questões 01 e 02.
o seu manicômio, a Casa Verde.
Com persistência e abnegação, o médico vai trabalhando As crônicas da Vila de Itaguaí dizem que em tempos
com os desequilibrados mentais que mandava recolher à remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte,
Casa Verde, sempre buscando entender o que era loucura. Vem-lhe filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de
então à mente uma nova teoria que alarga o conceito de loucura, Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua.
acabando com a antiga e aceita distinção entre normalidade e Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não
alienação mental. 05
podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo
Expõe a nova teoria ao padre Lopes, o clérigo de Itaguaí, a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da
que a acha perigosa: “Com a definição atual, que é de todos os monarquia.
tempos”, acrescentou, “a loucura e a razão estão perfeitamente – A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego
delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. único; Itaguaí é o meu universo.
Para que transpor a cerca?” 10 Dito isto, meteu em Itaguaí, e entregou-se de corpo e
No entanto, é destruída a cerca [...] O sábio começa a alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras,
encerrar em seu manicômio uma grande quantidade de pessoas, e demonstrando os teoremas com cataplasmas.
cujo comportamento era até então considerado “normal” pela Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e
sociedade: os que possuíam “mania” de oratória, como Martim Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juíz
Brito, os vaidosos, como o albardeiro1 Mateus, os excessivamente de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador
corteses, como Gil Bernardes, os emprestadores de dinheiro, como 15
de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de
o Costa, e, dentre todos eles, a própria esposa, Dona Evarista, que semelhante escolha e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe
passara a noite hesitando entre um colar de granada e outro de safira que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de
para ir ao baile ...É bom que se diga que o padrão da normalidade primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente,
era constituído pelos critérios do alienista, obviamente em tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-
consonância com os ditames da Igreja e dos poderes constituídos. 20 -lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas,
Tão grande foi o número de internações, várias aparentemente – únicas dignas da preocupação de um sábio, – D. Evarista era
injustas, que ocorre uma rebelião em Itaguaí, liderada pelo barbeiro mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a
Porfírio. Este prometera destruir a Casa Verde, mas uma vez no Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da
poder entra em acordo com o Dr. Bacamarte. Isso basta para que ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.
haja uma nova revolta, liderada por outro barbeiro, o João Pina. 25 D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte,
Um destacamento militar, vindo da capital, põe fim às desordens não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural
em Itaguaí e o médico pôde prosseguir seu trabalho. da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três
Com o tempo, as conclusões do alienista sobre a loucura anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez
alteram-se drasticamente. um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores
Louco não é mais o desequilibrado, e sim aquele que exibe árabes e outros, que trouxeram para Itaguaí, enviou consultas
um perfeito equilíbrio das funções mentais. Por causa disso, Simão 30
às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar
Bacamarte liberta os antigos loucos e passa a prender os novos, à mulher um regímen aimentício especial. A ilustre dama,
como o padre Lopes, a esposa do boticário Crispim e o barbeiro nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí,
Porfírio: primeiramente preso pela inconsistência de sua rebelião; não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência,
depois, por ter percebido essa mesma inconsistência, e se recusado – explicável mas inqualificável, – devemos a total extinção da
a liderar outra rebelião... Com alguns meses de tratamento, todos dinastia dos Bacamartes.
Anual – Volume 3 65
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
01. (PUC-Rio) O alienista, publicado entre outubro de 1881 e março 05. Leia o fragmento a seguir, extraído de A Cartomante, de
de 1882, é considerado um dos mais importantes contos de Machado de Assis.
Machado de Assis. A partir da trajetória de Simão Bacamarte,
protagonista da estória, Machado constrói um painel da “Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em
sociedade brasileira de seu tempo, com seus valores, problemas criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal
e impasses. Tomando por base o fragmento selecionado, inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte
assinale a opção que melhor exprime a intenção do autor. anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa
A) Valorização da ciência como caminho preferencial para a vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como
superação do atraso intelectual do país. tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na
B) Ironia em relação aos critérios utilizados por Simão mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total.
Bacamarte na escolha de D. Evarista como sua esposa e
Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo,
genitora de seus filhos.
C) Apoio aos postulados do pensamento positivista e da não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo.
ideologia do progresso defendidos por Simão Bacamarte. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava
D) Crítica aos hábitos culturais da Vila de Itaguaí, em especial incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar
à alimentação, fator que contribuía para a dificuldade de os ombros, e foi andando”.
D. Evarista em engravidar.
E) Exaltação do papel do médico como referência de Segundo o trecho anterior, Camilo,
desenvolvimento de uma sociedade. A) ainda criança, preferiu não acreditar em nada.
B) desde criança desprezava superstições.
02. (PUC-Rio) Em relação ao foco narrativo, podemos afirmar que: C) diante do desconhecido, preferiu ficar indiferente.
A) A narrativa é constantemente interrompida pelos comentários D) era crédulo, apesar de negar qualquer fé.
de Simão, o que faz dele o narrador da estória. E) negava qualquer envolvimento com religião.
B) Alternam-se no trecho narradores de primeira e terceira
pessoas, prática comum na ficção realista.
C) O narrador é de primeira pessoa, onisciente.
D) O narrador constrói a sua narrativa a partir da leitura dos Exercícios Propostos
cronistas de Itaguaí, problematizando a noção de origem e
a veracidade dos fatos narrados.
E) Os cronistas da Vila de Itaguaí são os verdadeiros narradores • As questões 01 e 02 seguintes referem-se ao mesmo texto do
da estória, como pode ser percebido no início do texto.
conto O Alienista, que serve de base para as questões 01 e 02
dos Exercícios de Fixação.
03. (UFRGS/2019) Assinale a alternativa correta sobre o conto A
sereníssima república, de Machado de Assis.
A) O cônego Vargas apresenta, em uma conferência, sua 01. (PUC-Rio) O texto nos permite afirmar que:
pesquisa sobre o regime social das aranhas. A) Evarista recusava-se sisteamticamente a submeter-se aos
B) O tom do conto é eufórico com o sistema eleitoral adotado tratamentos de fertilidade propostos pelo marido.
na república e com a postura idônea dos eleitos e seus B) Evarista não se empenhava no projeto de ter filhos, pois
eleitores. temia que o marido passasse a dedicar somente ao filho o
C) O sistema eleitoral da sereníssima república consiste em pouco tempo livre de que dispunha.
sorteios imunes a fraudes e a qualquer tipo de manipulação. C) Evarista negou-se a fazer uma dieta alimentícia especial, à
D) O conto estrutura-se na forma de uma conferência em que o
base de carne de porco.
cônego Vargas saúda a proclamação da república brasileira.
E) Os fraudadores das eleições na sereníssima república são D) A devoção ao trabalho ajudou Bacamarte a esquecer um
duramente castigados para que a lei se mantenha inalterada. projeto frustrado em sua vida.
E) O tio Simão Bacamarte admirou-se de o sobrinho ter
04. Leia o seguinte trecho. escolhido como esposa a viúva de um juiz de fora.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e 02. (PUC-Rio) O texto nos permite afirmar de Simão Bacamarte que:
nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois A) mudou-se para Itaguaí por tratar-se de um lugar no Brasil
primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira
onde ainda não havia nenhuma autoridade na área da
de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra
patologia cerebral.
a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai
morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe B) declinou das ofertas do rei de Portugal, porque não
lhe arranjou um emprego público. correspondiam a suas expectativas.
C) casou-se com Evarista aos quarenta anos, embora a achasse
Assinale a alternativa correta a respeito de características de
miúda e vulgar, pois via a sua falta de atrativos como um
Machado de Assis, que aparecem no trecho transcrito.
A) Perspectivas detalhistas e cientificistas na composição das aspecto positivo.
cenas. D) passou a dedicar-se especificamente ao estudo das doenças
B) Uso de expressões arcaicas que caracterizam o preciosismo mentais somente alguns anos depois de seu regresso a
da linguagem. Itaguaí.
C) Defesa das relações familiares e dos valores morais. E) era dado a arroubos e explosões de temperamento no
D) Utilização de frases sintéticas e construção de expressões cenário doméstico, embora se mostrasse diferente em sua
irônicas. vida pública.
E) Composição de lirismo saudosista e exaltação nacionalista.
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Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
• Texto para responder à questão 03. • Leia o fragmento a seguir e responda às questões de 05 a 07.
Texto I
Olhei o espelho e recuei. O próprio vidro parecia Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em
conjurado com o resto do Universo; não me estampou a criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal
figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte
de sombra. Então tive medo; atribuí o fenômeno à excitação anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa
nervosa em que andava; receei ficar mais tempo e enlouquecer. vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como
Subitamente por uma inspiração inexplicável, lembrou-me vestir
tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na
a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava
defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total.
o vidro reproduziu então a figura integral; nenhuma linha de Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia
menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo o alferes que dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar
achava, enfim, a alma exterior. tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não
Machado de Assis. O espelho.
formulava incredulidade; diante do mistério, contentou-se
Texto II em levantar os ombros, e foi andando.
– Então, disse Dumbledore, você descobriu os
A Cartomante. de Machado de Assis.
prazeres do Espelho de Ojesed. Mas espero que tenha
percebido o que ele faz?
– Bom, ele mostra a minha família, respondeu Harry. 05. Em relação às descrenças de Camilo, há uma opinião do
– E mostrou seu amigo Rony como chefe dos monitores, disse narrador em:
Dumbledore, perguntando: – Você pode concluir o que é que A) “diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros,
esse espelho mostra a nós todos? Harry sacudiu negativamente e foi andando.”
a cabeça. – Ele nos mostra nada mais nada menos do que o B) “Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia
desejo mais íntimo, mais desesperado de nossos corações. dizê-lo (...)”
Só o homem mais feliz do mundo poderia usar o Espelho
C) “E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não
de Ojesed como um espelho normal, ou seja, ele olharia e
se veria exatamente como é. formulava a incredulidade”
J. K. Rowling, Harry Potter e a Pedra Filosofal.
D) “No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita,
e ficou só o tronco da religião.”
03. (UPE) O espelho é um tema sedutor para a literatura, sendo E) “Também ele, em criança, e ainda depois foi supersticioso”.
trabalhado pelos mais diversos autores. Considerando a leitura
dos dois textos e análise, é incongruente a proposição: 06. “No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita...”,
A) Pode-se dizer que o espelho do conto de Machado funciona a expressão destacada refere-se a
como o “Espelho de Ojesed” do livro de Rowling, ao refletir A) crendices.
o desejo mais íntimo do personagem que nele se contempla. B) ensinos.
B) Os espelhos nessas obras revelam que tanto o personagem C) ilusões.
de Machado, ao se reconhecer na farda de um “alferes”,
D) mistério.
quanto Rony, ao se reconhecer como “chefe dos monitores”,
E) religião.
dão mais valor aos cargos do que a si mesmos.
C) Pelo exposto em ambos os textos, deduz-se que os
personagens dessas histórias são as pessoas mais felizes 07. “... que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram.”,
do mundo. de acordo com o contexto, a palavra destacada significa
D) Baseando-se na verossimilhança entre o real e o ficcional, A) insinuar.
o Realismo procurava apresentar a literatura como um B) informar.
espelho da realidade. C) indicar.
E) No conto “O espelho”, Machado de Assis rompe com D) introduzir.
alguns princípios da escola realista quando evoca o E) invocar.
universo da fantasia.
08. (Insper/2013) É comum na obra de Machado de Assis a crítica
04. (PUC) No conto “Um homem célebre“, da obra Várias à contradição entre aparência e essência. Essa crítica pode ser
Histórias, de Machado de Assis, há uma profunda identificada no fragmento extraído da obra O Alienista, de
investigação da alma humana que pode ser resumida na Machado de Assis.
afirmação do narrador de que “o primeiro lugar na aldeia A) “Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior
não contestava a este César, que continuava a preferir-lhe, dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas.”
não o segundo, mas o centésimo em Roma”. Isso se justifica B) “entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciê ncia,
porque alternando as curas com as leituras e demonstrando os
A) Romão Pires, exímio regente de orquestra, busca aquilo que
teoremas com cataplasmas.”
não consegue alcançar.
C) “casou com D. Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora
B) Pestana, exímio em sua atividade de compositor de polcas,
de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita
não se satisfaz com a perfeição que atinge.
C) Fortunato, dono de uma Casa de Saúde, diante da nem simpática.”
dor alheia sente um enorme prazer e a saboreia D) “cobrir-se de ‘louros imarcescíveis’, – expressão usada por
deliciosamente. ele mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica;
D) Vilela, afamado advogado e marido de Rita, mata a mulher exteriormente era modesto, segundo convé m aos
e o amante, acometido de indignação e furor. sabedores.”
E) Inácio, jovem aprendiz de escritório, refugia-se no sonho/ E) “– A saúde da alma, bradou ele, é a ocupação mais digna
realidade, envolvido pelo objeto de sua amorosa. do médico.”
Anual – Volume 3 67
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
09. Quais os dados objetivos, em Dom Casmurro, que podem ser C) Linguagem carregada de lugares-comuns: há bons momentos
considerados como cabalmente reveladores de adultério? estilísticos no Machado de primeira fase, porém, em geral,
A) Ezequiel tem pés e mãos semelhantes aos de Escobar. surpreendemos um estilo que se compraz na repetição de
B) Não somente os traços físicos, mas os trejeitos do menino frases-feitas, lugares-comuns e imagens inexpressivas, como neste
em tudo lembram Escobar. trecho de Helena.
C) Num certo dia, Bentinho surpreende Escobar saindo de sua casa.
D) Quando Escobar morre, Capitu chora desesperadamente “Estima-te é certo; mas a estima é a flor da razão e eu
sobre seu cadáver. creio que a flor do sentimento é muito mais própria no canteiro
E) Não existe prova objetiva, na obra, para que se afirme do matrimônio.”
cabalmente o adultério de Capitu. Quanto ao aspecto da técnica narrativa, o Machado jovem
é um escritor tradicional, sem inovações.
10. (UFV) Sobre a narrativa machadiana A Cartomante, apenas não
se pode afirmar que:
A) a personagem Rita, ao concluir que “havia muita coisa A segunda fase do romancista
misteriosa e verdadeira neste mundo”, traduz vulgarmente
a sentença de Hamlet, o famoso herói shakespeareano: “Nada escapa ao naufrágio das ilusões”
“há mais coisa no céu e na terra do que sonha a nossa vã
filosofia”. As obras de segunda fase implicam um amadurecimento
B) o desfecho de A Cartomante é trágico e seus personagens, de linguagem e um câmbio de visão de mundo. Ao Machado
Vilela, Camilo e Rita, formam o típico triângulo amoroso de conformista da década de 1970 contrapõe-se um intelectual irônico,
grande parte das obras do período realista. pessimista, crítico. Esta fase apresenta cinco romances:
C) a personagem Rita mostra-se descrente em relação às Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
premonições da cartomante, opondo-se ao comportamento Quincas Borba (1891)
de Camilo, extremamente supersticioso e obcecado por
Dom Casmurro (1900)
bruxarias.
D) a ironia machadiana reflete-se, sobretudo, nos momentos Esaú e Jacó (1904)
finais do texto, pelo contraste entre as profecias otimistas Memorial de Aires (1908)
da cartomante e o destino cruel dos amantes Rita e Camilo. Os três primeiros são encarados como as obras-primas do
E) a narrativa A Cartomante retrata uma situação de adultério escritor carioca.
e confirma a tendência realista para destruir e ridicularizar o Esaú e Jacó e Memorial de Aires complementam a segunda
casamento romântico. fase.
GONZAGA, Sergius. Manual de Literatura Brasileira,
São Paulo: Mercado Aberto, 1996.
C-5 H-15, 16
Aula Naturalismo I C-6 H-17, 18
68 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
Em O Mulato, tratou do racismo e da corrupção dos padres Resumo de O Cortiço
na sociedade do Maranhão. Raimundo, filho de escrava e português
(fato que ele desconhece), embora doutor, bem-apessoado e O cortiço é habitado por pessoas exploradas em três níveis
sedutor, não entende por que a sociedade de São Luís não o aceita. por João Romão, o proprietário: são seus inquilinos, trabalham em
Apaixona-se pela prima, Ana Rosa. A família da moça opõe-se ao sua pedreira e fazem compras em sua taverna.
casamento, ajudada pelo inescrupuloso cônego Diogo, que arquiteta À medida que vai enriquecendo, João Romão prepara-se
o assassinato de Raimundo pelo caixeiro Dias. Ana Rosa aborta. para se casar com Zulmira, filha do Miranda, o burguês dono do
Seis anos depois, ela se casa com o assassino, tem três filhos e vive sobrado no qual sua ambição se espelha, a fim de consolidar a
feliz. Leia esta passagem em que Ana Rosa, em confissão ao cônego própria ascensão social. No entanto, vive amasiado com Bertoleza,
Diogo, revela-lhe estar grávida:
uma escrava supostamente alforriada.
“E o velho apalpava com o olhar o corpo inteiro da afilhada,
como pretendendo descobrir nele a confirmação material do que Jerônimo, um português sério e conservador, e sua
ela dizia. mulher, Piedade, aparecem no cortiço, desencadeando um
— Sim senhora!... episódio marcante do livro. Jerônimo apaixona-se por Rita Baiana,
E tomou uma pitada. a típica mulata sensual e bela, que namora Firmo, um capoeirista,
— Bem vê... arriscou afinal a rapariga, entre lágrimas, que morador do “Cabeça de Gato”, outro cortiço, próximo ao de
não tenho outro remédio senão... João Romão.
— Está muito enganada! interrompeu o cônego No enfrentamento entre os rivais, Jerônimo é ferido com uma
energicamente. Está muito enganada! O que tem a fazer é casar navalha; depois, numa emboscada, assassina Firmo. Esse episódio
com o Dias! E logo! Antes que a sua culpa se manifeste! desemboca num confronto entre os cortiços, do qual resulta um
Ela não deu palavra. incêndio que só trará melhorias e prosperidade a João Romão.
— Quanto a isso... acrescentou o lobo velho, apontando, Para livrar-se da amante negra, ele a delata aos antigos
desdenhoso, com o beiço, o ventre da afilhada, eu me encarregarei senhores. Quando estes aparecem para capturá-la, Bertoleza
de lhe dar remédio para... suicida-se com uma faca de cozinha.
Ana Rosa ergueu-se com um só movimento e ferrou o olhar
no cônego...
— Matar meu filho!... exclamou lívida.
E, como se temesse que o padre lhe arrancasse ali mesmo Exercícios de Fixação
das entranhas, precipitou-se correndo para fora da igreja.”
Em Casa de Pensão, Aluísio Azevedo faz a análise de um
grupo social vivendo no ambiente pegajoso de uma pensão para 01. (PUC-Rio) O romance O Cortiço, escrito por Aluísio de Azevedo,
provar que o meio determina a conduta dos seres humanos. Conta integra a estética naturalista da literatura brasileira. A respeito
a vida de Amâncio e seu assassinato. dele, indique, nas alternativas a seguir, a que foge a uma
O proletariado urbano em formação é tema de O Cortiço, identificação com os fatos e as situações narradas na obra.
outra análise de um grupo social, cuja personagem central é o A) O romance revela a oposição e o contraste entre os dois
próprio cortiço, personificado neste trecho: espaços da narativa, o cortiço e o sobrado, e a disputa
“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo gananciosa que se estabelece entre João e Miranda.
não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.” B) No cortiço, há uma infinidade de tipos, espécie de sínteses
No ambiente promíscuo, misturam-se negros, mulatos, sociais com que o autor procurou estabelecer a ponte
brancos, todos explorados por poucos portugueses e brasileiros entre os seres de ficção e a realidade. Por isso, o romance
endinheirados e reduzidos à animalidade instintiva. As personagens trata dominantemente da história de personagens, em sua
são comparadas a todo momento com animais: a negra Bertoleza individualidade, em detrimento da coletividade.
“tinha ancas de vaca do campo” e ao morrer “emborcou para frente, C) Todos os acontecimentos notáveis do cortiço contam com a
rugindo e esfocinhando moribunda, numa lameira de sangue”. participação do grupo de lavadeiras, que desempenha papel
O português Jerônimo tinha “construção de touro”; Firmo, “agilidade simultâneo de espectador e agente dos acontecimentos.
de maracajá”. Rita Baiana “era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta D) João Romão se desdobra para enriquecer, e o dinheiro é
viscosa, a muriçoca doida”. O ambiente do cortiço é assim descrito: a mola propulsora que o conduz, que o força unicamente
“ E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente para acumular, ainda que para isso seja necessário roubar,
e lodosa, começou a minhocar, a fervilhar, a crescer um mundo, escravizar, mentir, sofrer as maiores agruras.
uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali E) A relação de Bertoleza com João Romão começa com um
mesmo, daquele lameiro e multiplicar-se como larvas no esterco.” engano e termina em tragédia. João Romão a restitui ao
Mesmo Pombinha, uma cândida menina, não conseguindo fugir ao dono e à escravidão. Entre o retorno à escravidão e à morte,
determinismo do meio, transforma-se em meretriz. Bertoleza não tem dúvida: de um só golpe, certeiro e fundo
Ainda merecem destaque no panorama do romance
rasga o ventre de lado a lado.
naturalista:
• Inglês de Sousa (1853-1918) – Em O Missionário, em que
desenvolve a tese do celibato clerical: padre Antônio de Morais, 02. (Fuvest) Os costumes a que adere Jerônimo em sua
em função da hereditariedade (seu exacerbado temperamento transformação, relatada no excerto, têm como referência, na
sensual lhe viera do pai) e da atuação do meio (a selva época em que se passa a história, o modo de vida
amazônica), acaba se unindo à mameluca Clarinha. A) dos degredados portugueses enviados ao Brasil sem a
• Júlio Ribeiro (1845-1890) – Em A Carne, Lenita é totalmente companhia da família.
dominada pelos instintos. B) dos escravos domésticos, na região urbana da Corte, durante
• Adolfo Caminha (1867-1897) – Escreveu dois romances que o Segundo Reinado.
se orientam pelo determinismo do meio e o gosto pelos temas C) das elites produtoras de café, nas fazendas opulentas do
escabrosos: A Normalista e O Bom Crioulo. Vale do Paraíba fluminense.
• Domingos Olímpio (1850-1906) – Em Luzia-homem, as D) dos homens livres pobres, particularmente em região urbana.
personagens são esmagadas pelo meio hostil. O autor conta
E) dos negros quilombolas, homiziados em refúgios isolados e
a história de uma sobrevivente da seca de 1877, cujos modos
másculos ocultam uma alma feminina. anárquicos.
Anual – Volume 3 69
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
• Texto para a questão 03.
“As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de Exercícios Propostos
cavalgar as ilhargas maternas, as cabeças avermelhadas pelo Sol, a
pele crestada, os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e
guinchavam, empinando papagaios de papel.”
• Texto para as questões 01 e 02.
03. O texto faz lembrar que o romance naturalista
A) descreve objetivamente a sociedade, sem interferências, por
parte do autor, que possam influir na opinião do leitor sobre E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma
a realidade narrada. pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério,
B) fixa as características do meio, denunciando aspectos que a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era
sugerem a necessidade de uma reforma social. a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da
C) descreve a realidade de maneira impressionista, fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o
sentimentalista e acientífica.
D) é obra de tese, em que a dissertação e exposição de ideias atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva
ganham importância maior que os aspectos narrativos e que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e o açúcar
descritivos. gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju,
E) escolhe retratar com fidelidade o meio e, para tanto, abdica que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde
da linguagem expressiva para dar ênfase ao rigor científico. e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava
havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os
• Texto para a questão 04.
desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da
“E naquela terra encharcada e fumegante, naquela terra, picando-lhe as artérias para lhe cuspir dentro do sangue uma
umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita
a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia
de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que
brotar espontânea ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se
zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa
como larvas no esterco.”
fosforescência afrodisíaca.
Aluísio Azevedo, O Cortiço.
04. Conforme lembra o trecho de O Cortiço, para o autor naturalista,
A) a vida não pode ser explicada ou esmiuçada: ela é um
fenômeno espontâneo, que se impõe para além da razão 01. (Fuvest/2015) Em que pese a oposição programática do
chã do ser humano. Naturalismo ao Romantismo, verifica-se no excerto – e na obra
B) a existência não oferece saída alguma e tampouco há saída a que pertence – a presença de uma linha de continuidade entre
para os homens, que só são capazes de construir sociedades o movimento romântico e a corrente naturalista brasileira, a
embrutecidas e violentas. saber, a
C) a natureza e as relações sociais devem ser objeto de um esforço A) exaltação patriótica da mistura de raças.
de compreensão fotográfica, fria, impessoal e imparcial. B) necessidade de autodefinição nacional.
D) o ser humano está preso a uma circunstancialidade orgânica C) aversão ao cientificismo.
e movido por sua filosofia, e não só pela razão e emoção.
D) recusa dos modelos literários estrangeiros.
E) a realidade, por ser fragmentária, é recomposta literariamente
com base no registro de pedaços de cenas e imagens, de E) idealização das relações amorosas.
faces isoladas de emoção.
02. (Fuvest/2015) Entre as características atribuídas, no texto,
05. Leia o fragmento de O Cortiço, com especial atenção aos dois à natureza brasileira, sintetizada em Rita Baiana, aquela
trechos a seguir. que corresponde, de modo mais completo, ao teor das
Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e transformações que o contato com essa mesma natureza
choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e provocará em Jerônimo é a que se expressa em:
pelo desespero.
[...] A) “era o calor vermelho das sestas da fazenda”.
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia B) “era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a
dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre nenhuma outra planta”.
as chamas. [...] C) “era o veneno e era o açúcar gostoso”.
No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias D) “era a cobra verde e traiçoeira”.
que configuram imagens plásticas no espírito do leitor, E) “[era] a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo
Aluísio Azevedo apresenta características psicológicas de
em torno do corpo dele”.
comportamento comunitário. Aponte a alternativa que explicita
o que os dois trechos têm em comum.
A) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no 03. Na seguinte passagem de O Cortiço, identifique a figura de
primeiro trecho, e preocupação de poucos em relação à linguagem utilizada pelo narrador.
tragédia comum, no segundo trecho.
B) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo “É que Pombinha, orçando pelos dezoito anos, não tinha
de todos por si próprios, no segundo trecho. ainda pago à natureza o cruento tributo da puberdade.”
C) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro (capítulo III)
trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem
se é ajudado, no segundo trecho. A) Hipérbole.
D) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, B) Eufemismo.
e desespero que se expressa por apatia, no segundo trecho. C) Antítese.
E) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no
D) Disfemismo.
primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos
por todos”, no segundo trecho. E) Ironia.
70 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
• Texto para a questão 04. 05. Pode-se afirmar que o enlace amoroso entre Jerônimo e Rita,
próprio à visão naturalista, consiste
No século XIX, Charles Darwin descobriu que somos
A) na condenação do sexo e consequente reafirmação dos
filhos de macacos. Sob o impacto de sua própria conclusão, o
preceitos morais.
autor de A Origem das espécies ocultou, durante certo tempo,
a sua teoria da evolução. Ele vivia doente, queixando-se de B) na apresentação dos instintos contidos, sem exploração da
intensas dores de cabeça, derramando-se em vômitos e plena sexualidade.
contraindo-se em palpitações cardíacas. Sofria os efeitos de um C) na apresentação do amor idealizado e revestido de certo
conflito íntimo, como quem somatiza um drama de consciência. erotismo.
Darwin, que sonhara ser sacerdote, fora levado por D) na descrição do ser humano sob a ótica do erótico e
caminhos que o tornaram autor de uma teoria que, como animalesco.
a astronomia de Copérnico e Galileu, faria a Igreja vociferar E) na concepção de sexo como prática humana nobre e sublime.
também no século XIX. Chegou a confidenciar a seu amigo
Joseph Hooker que, ao admitir o parentesco entre o ser humano 06. O enlace amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja na de
e os símios, ficou-lhe o sentimento de culpa de quem comete Jerônimo
um crime, um verdadeiro parricídio — o assassinato de Adão. A) é sublimado, o que lhe confere caráter grotesco na obra.
Disponível em: <http://www.correiocidadania.com.br/antigo/ed243/opiniao.htm> B) é desejado com intensidade e lhes aguça os ânimos.
C) reproduz certo incômodo pelo tom de ritual que impõe.
04. Influenciados pelas ideias de Darwin, os representantes do D) representa-lhes o pecado e a degradação como pessoa.
Naturalismo, movimento literário do século XIX, comparavam E) é de sensualidade suave, pela não explicitação do ato.
os seres humanos a animais. Os trechos a seguir foram extraídos
da obra O Cortiço, cujo autor, Aluísio de Azevedo, foi o maior
representante do Naturalismo no Brasil. Assinale a alternativa 07. A atração inicial entre Rita e Jerônimo não acontece na cena
em que essa característica, conhecida como zoomorfização, descrita. Segundo o texto, pode-se inferir que ela se relaciona
não esteja presente. com
A) “A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, A) uma dose de parati.
beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de
B) a cama de Rita.
macaca.”
B) “... uma negrinha virgem, chamada Leonor, muito ligeira C) uma xícara de café.
e viva, lisa e seca como um moleque, conhecendo de D) o perfume de Rita.
orelha, sem lhe faltar um termo, a vasta tecnologia da E) o olhar de Rita.
obscenidade...”
C) “Nenen dezessete. Espigada, franzina e forte, com uma
• Texto para a questão 08.
proazinha de orgulho de sua virgindade, escapando como
enguia por entre os dedos dos rapazes que a queriam sem
ser para casar.” As mães dos outros dois rapazitos esperavam imóveis
D) “A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a e lívidas pela volta dos fi lhos, e, mal estes chegaram à
‘Machona’, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos estalagem, cada uma se apoderou logo do seu e caiu-lhe
e grossos, anca de animal do campo.” em cima, a sová-los ambos que metia medo.
— Mira-te naquele espelho, tentação do diabo!
• (Unifesp) Para responder às questões de números 05 a 07, leia exclamava uma delas, com o pequeno seguro entre as pernas
o trecho a seguir de O cortiço, de Aluísio de Azevedo. a encher-lhe a bunda de chineladas. Não era aquele que
Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de devia ir, eras tu, peste! aquele, coitado! ao menos ajudava
roupa e deitou-se na cama de Rita. a mãe, ganhava dois mil-réis por mês regando as plantas
–– Vem pra cá... disse, um pouco rouco. do Comendador, e tu, coisa-ruim, só serves para me dar
–– Espera! espera! O café está quase pronto! E ela só foi consumições! Toma! Toma! Toma!
ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa E o chinelo cantava entre o berreiro feroz dos dois
bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores (...) rapazes.
Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se João Romão chegou ao terraço de sua casa, ainda em
contra o seu amado, num frenesi de desejo doido.
mangas de camisa, e de lá mesmo tomou conhecimento do
Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir
que acontecera. Contra todos os seus hábitos impressionou-se
na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sentir
inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha e com a morte de Agostinho; lamentou-a no íntimo, tomado de
cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir estranhas condolências.
esmagarem-se no seu largo e peludo colo de cavouqueiro os Pobre pequeno! Tão novo... tão esperto... e cuja vida
dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; não prejudicava a ninguém, morrer assim, desastradamente!...
sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um [...]
metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos João Romão deu-lhe a notícia da morte do Agostinho
os poros do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe e declarou que estava com dor de cabeça. Não sabia que
as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços
diabo tinha ele aquela noite, que não houve meio de pegar
irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por fibra,
direito no sono.
numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos
violentados por diabos, entre a vermelhidão cruenta das Aluísio de Azevedo, O Cortiço.
labaredas do inferno.
Anual – Volume 3 71
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
08. No trecho anterior, narrado em 3ª pessoa, o narrador registra
o fluxo dos pensamentos de certa personagem, por meio
do chamado discurso indireto livre (ou seja: as palavras da Fique de Olho
personagem são apresentadas entre as palavras do narrador, sem
verbo declarativo, como disse, pensou ou outros). A alternativa
em que se verifica esse tipo de discurso é: Características do Naturalismo
A) “Mira-te naquele espelho, tentação do diabo! exclamava
uma delas [...]”. Literatura a serviço da ciência.
B) “Não era aquele que devia ir, eras tu, peste! aquele, coitado!
ao menos ajudava a mãe, ganhava dois mil-réis por mês
regando as plantas do Comendador, e tu, coisa-ruim, só Personagens tratados com olhar científico.
serves para me dar consumições!”
C) “Toma! Toma! Toma!” Olhar racional e objetivo para a realidade.
D) “Pobre pequeno! Tão novo... tão esperto... e cuja vida não
prejudicava a ninguém, morrer assim, desastradamente!...”
72 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
compaixão para ser correto; proceder com segurança, para depois
duvidar; punir para pedir perdão depois... Um labor ingrato, titânico,
Exercícios de Fixação
que extenua a alma, que nos deixa acabrunhados ao anoitecer de
hoje, para recomeçar com o dia de amanhã... Ah! Meus amigos,
concluiu ofegante, não é o espírito que me custa, não é o estudo
• Texto para as questões 01 e 02.
dos rapazes a minha preocupação... É o caráter! Não é a preguiça
o inimigo, é a imoralidade!” Aristarco tinha para esta palavra uma Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me
entonação especial, comprimida e terrível, que nunca mais esquece a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.
quem a ouviu dos seus lábios. “A imoralidade!” Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.
O Ateneu: fusão de romance e memórias Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um
sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos
O componente memorialístico do livro deve-se a um episódio
a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente
marcante da vida de Raul Pompeia, pelo trauma que lhe causou.
de novidade, como os negociantes que liquidam para começar com
Aos dez anos tornou-se aluno de um famoso internato carioca,
artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado
o Colégio Abílio, cujo diretor, o barão de Macaúbas, era conhecido
crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da
por sua severidade e prepotência.
meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.
Assim, reconstruir as atrocidades cometidas nos bastidores
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do
do grande colégio da época, frequentado pela fina flor da sociedade
Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome
brasileira, criticar o sistema educativo do colégio, com suas punições,
de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias,
seu autoritarismo, o regime de hipocrisia e de espionagem instituído
conferêncais em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância,
pelo diretor, constitui uma das faces da obra. Nela o barão de
atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros
Macaúbas transfigurou-se literariamente em Aristarco, o diretor
elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido
do Ateneu.
concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais
Quanto a Raul Pompeia, homem profundamente sensível,
caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas
que se suicidou com trinta e dois anos, podemos dizer que se
públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas,
transfigurou literariamente em Sérgio, o adulto que narra em
amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se
primeira pessoa a própria história, desvendando as raízes de seu
ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins
sentimento de solidão, de inadaptação, de incomunicabilidade.
da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia
Aqui aparece a outra face do romance, em que predomina
surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E
a interiorização, a percepção psicológica fina e de caráter
não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do
impressionista.
espírito.
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
Resumo da obra
01. (FGV) Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o
Chamado pelo autor de “Crônica de saudades”, O Ateneu, narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio
no entanto, ultrapassa essa dimensão autobiográfica por sua demarcado pela
qualidade literária. Classifica-se como um “romance de formação”, A) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades.
B) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo
isto é, um romance que narra a passagem da mente infantil para a
educacional.
adulta, e tem como mola propulsora, como fio da meada, a memória C) produção pioneira de material didático, responsável pela
de Sérgio, o narrador-personagem. facilitação do ensino.
Já adulto, ele relata os episódios emocionalmente mais D) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos
marcantes, mais traumatizantes, ocorridos ao longo dos dois anos custos escolares.
em que foi aluno do Ateneu. E) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo
Tendo por tema central o drama da solidão, o desajuste interesse comum do avanço social.
do indivíduo num ambiente que lhe é hostil, O Ateneu
compõe-se de 12 capítulos que se assemelham a uma sucessão 02. (Puc-Campinas/2014) Em nossa literatura, o romance O Ateneu,
de Raul Pompeia, é a mais intensa narrativa que já se produziu
de quadros, não subordinados necessariamente entre si.
sobre a vida escolar num colégio. Para narrar em tom de
Mais do que relatar episódios, acontecimentos ou ações, tais
depoimento e de modo a preservar tanto os fatos vividos como
quadros relatam as impressões, as sensações que deixaram na as impressões fundas que o deixaram, o narrador conduziu sua
alma de Sérgio, seja em suas tentativas inúteis e malsucedidas narração valendo-se da
de encontrar amigos, seja no amor platônico que dedica a A) terceira pessoa, que garante a impessoalidade, e do estilo
Ema, a esposa de Aristarco. romântico, que favorece a poesia lírica mais exaltada.
Essas duas faces da obra – a de desvendamento do interior B) terceira pessoa, por ser mais fidedigna, e do estilo
do narrador-personagem e a de denúncia de todo um sistema parnasiano, para dar mais peso aos ornamentos retóricos.
educativo – são exemplos de como se reúnem tendências literárias C) primeira pessoa, que favorece o caráter de um testemunho,
e do estilo que conjuga realismo e impressionismo.
opostas, pode-se dizer conflitantes: de um lado a tendência
D) primeira pessoa, que favorece a fantasia e a imaginação, e
impressionista (e podemos acrescentar expressionista, simbolista, na
do estilo parnasiano, para dar mais peso ao classicismo.
medida em que convivem) e, de outro, uma tese a ser defendida, E) terceira pessoa, que favorece o tom documental, e do estilo
bem à moda naturalista. jornalístico, para buscar mais credibilidade.
Anual – Volume 3 73
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
• Texto para a questão 03. 05. Sobre o texto, é correto afirmar:
A mais terrível das instituições do Ateneu não era a famosa A) A atmosfera tensa presente no cotidiano do colégio era
justiça de arbítrio, não era ainda a cafua, asilo das trevas e do soluço, produto, sobretudo, da marcação cerrada dos inspetores, que
intervinham nos muitos conflitos.
sanção das culpas enormes.
B) Rômulo, devido às provocações que sofre, perde as certezas
Era o livro das notas.
sobre si mesmo e assume um comportamento que oscila entre
Todas as manhãs, infalivelmente, perante o colégio em a angústia e ataques de fúria.
peso, congregado para o primeiro almoço, às oito horas, o diretor C) Alguns alunos, por serem muito suscetíveis, importunavam
aparecia a uma porta, com solenidade tarda das aparições, e abria outros colegas, puxando-lhes o cabelo ou colocando-lhes
o memorial das apartes. apelidos.
D) A brutalidade física de Rômulo era a única solução que
03. Em O Ateneu, Raul Pompeia denuncia, como exemplifica o texto, a
encontrava para enfrentar a chacota dos alunos mais fortes.
A) perversidade do sistema educacional.
E) A unanimidade dos alunos em chamar Rômulo de cozinheiro
B) relação perigosa entre adolescentes. fazia com que preponderasse sua atitude de entregar-se ao
C) brutalidade física na educação. acabrunhamento.
D) vontade de poder do educador.
E) política interesseira da escola.
74 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa II LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
¹episcopalmente: à maneira de um bispo. 04. No Romance O Ateneu, coexistem características estéticas
²contrito: arrependido, pesaroso. próprias do Realismo, do Naturalismo, do Impressionismo e
³bonomia: serenidade, lentidão, simplicidade, bondade. do Expressionismo.
“Quando meu pai entrou comigo, havia no semblante de É marcante a presença do Naturalismo em:
A) “O timbre da vogal, o ritmo da frase dão alma à elocução.
Aristarco uma pontinha de aborrecimento. Decepção talvez de
O timbre é o colorido, o ritmo é a linha e o contorno.
estatística: o número dos estudantes novos não compensando o
A lei da eloquência domina na música, colorido e linha,
número dos perdidos, as novas entradas não contrabalançando seriação de notas e andamentos; domina na escultura, na
as despesas do fim do ano. Mas a sombra do despeito apagou-se arquitetura. na pintura: ainda a linha e o colorido.”
logo e foi com uma explosão de contentamento que o diretor B) “O Cerqueira, ratazana, sujeito cômico, cara feita de
nos acolheu.” beiços rachada em boca como as romãs maduras, de
mãos enormes como um disfarce de pés, galopava a
quatro pelos salões zurrando em fraldas de camisa,
01. (FMTM) Os trechos em destaque constituem uma antítese. escoucinhando uma alegria sincera de mu.”
Esse recurso estilístico foi utilizado pelo autor para C) “Modulava-se a harmonia em suave gorjeio, entoando
elevação dos salmos, o êxtase sensual do Cântico dos
A) ressaltar o fato de que Aristarco colocava as questões
Cânticos na boca de Sulamita, e a sedução de Booz enredado
pedagógicas acima dos problemas financeiros do colégio. no estratagema honesto da ternura, e a melancolia trágica
B) demarcar o caráter ambíguo e a oscilação de comportamento de Judite, e a serena glória de Ester, a princesa querida.”
do diretor do colégio. D) “Sua diplomacia (de Aristarco) dividia-se por escaninhos
C) mostrar que Aristarco dava pouca importância aos problemas numerados, segundo a categoria de recepção que queria
financeiros do colégio. dispensar. Ele tinha maneiras de todos os graus, segundo
D) caracterizar o temperamento desconfiado de Aristarco como condição social da pessoa.”
diretor do colégio.
E) demonstrar que Aristarco tinha poucos aborrecimentos à • Leia o trecho a seguir para responder às questões seguintes.
frente da instituição. “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do
Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois
02. (FMTM) Quanto à maneira de recepcionar pais e alunos, pode-se a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões
afirmar que Aristarco os recebia de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é
A) com uma explosão de contentamento. 05 o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra
B) com expressão de aborrecimento. fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos
C) de maneira espontaneamente acolhedora. um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais
D) de maneira habilidosa e calculada. sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento,
E) com um desprezo que ele não se preocupava em ocultar. têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima
10 rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita,
03. (UFGRS) Considere as seguintes afirmações sobre obras de dos felizes tempos: como se a mesma incerteza de hoje, sob
três escritores do século XIX. outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não
viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.
I. O Ateneu, de Raul Pompeia, examina e avalia, mediante Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual
narrador em primeira pessoa, a experiência do menino 15 aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram
Sérgio, que tenta adaptar-se, contestar, estabelecer como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em
amizades etc., no ambiente hostil do colégio sob a todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam,
autoridade Aristarco; das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente
II. O Cortiço, de Aluísio Azevedo, registra o árduo cotidiano do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças,
das camadas populares, na segunda metade do século XIX, 20 a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um
através de um relato pontuado de comentários irônicos pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura
quanto às explicações pretensamente científicas do ao crepúsculo – a paisagem é a mesma de cada lado beirando
comportamento humano; a estrada da vida.
III. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, narra Eu tinha onze anos.
as desventuras de um burocrata patriota que, antes de
POMPEIA, Raul. O Ateneu: crônica de saudades.
combater a Revolta da Armada, tenta incrementar a São Paulo: Ática, p. 11, 1979.
produtividade rural mediante distribuição de terras e diálogo
com os lavradores. 05. O trecho “( ... ), a atualidade é uma.” (linha 20) significa que:
A) a atualidade traz a compensação dos desejos.
Quais estão corretas? B) a atualidade tem sempre a mesma natureza, em qualquer
A) Apenas I. momento.
C) a atualidade é simplesmente uma mesma base fantástica
B) Apenas III
de esperanças.
C) Apenas I e II. D) a atualidade é um eufemismo apenas, igual aos outros que
D) Apenas II e III. nos alimentam.
E) I, II e III. E) a atualidade é uma paisagem única, que só ocorre uma vez
na estrada da vida.
Anual – Volume 3 75
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa II
06. Está em desacordo com o texto de Raul Pompeia:
A) O ambiente familiar da infância aparentemente protege a
Fique de Olho
criança do mundo.
B) A entrada do Ateneu marca o fim de uma etapa.
C) O zelo familiar suaviza a rude impressão do contato com o
O IMPRESSIONISMO E O NATURALISMO EM O ATENEU
mundo.
D) O tempo vivido no Ateneu não é, em essência, diferente das Ao lado de passagens naturalistas, em que Sérgio faz
demais fases da vida.
caricaturas de personagens e de cenas, vendo-os de fora, há outras
E) Todas as fases da vida são substancialmente semelhantes.
de fina e sutil penetração psicológica, nas quais predominam as
impressões de Sérgio, a invasão de sua subjetividade naquilo que vê
07. A estética realista-naturalista se caracteriza no texto:
por dentro, a partir de si mesmo, e assim deformando o visto/vivido.
A) pela louvação da infância e das memórias como forma de Daí as características impressionistas, expressionistas e também
reconstrução do real idealizado. simbolistas dessa obra, rica e múltipla nos recursos estilísticos e
B) pela temática voltada para as classes sociais desfavorecidas. também na profundidade existencial do tema que explorou.
C) pela linguagem simples adotada como forma de reprodução
da fala do protagonista. IMPRESSIONISMO/EXPRESSIONISMO/SIMBOLISMO
D) pela escolha de um narrador de primeira pessoa, que reforça
a verossimilhança do narrado. Movimentos artísticos europeus, nascidos nas artes plásticas,
E) pela figura do protagonista, narrador de primeira pessoa, no final do século XIX, que são considerados fundadores da
que traça para si mesmo um perfil heroico, contestado e modernidade artística.
revolucionário.
Enquanto o Impressionismo consiste em realçar “não as
coisas, mas a impressão que elas causam” (Claude Monet) na
08. A análise seguinte está em desacordo com o texto: interioridade do artista, o Expressionismo enfoca o grotesco, o
A) Apresenta uma visão melancólica e dolorosa sobre a vida. bizarro, o estranho de que os objetos se revestem, deformados
B) Destrói a ingênua ilusão romântica de tempos felizes pela visão do criador. Já o Simbolismo caracteriza-se por uma visão
passados.
simbólica, subjetiva e mística do mundo.
C) Sofre influência da estética impressionista vigente no final
“O livro, pode-se dizer, é a memória adulta de uma
do século XIX.
experiência infantil vista por dentro. Os limites da visão, portanto,
D) Estabelece com o leitor um pacto de cumplicidade através
da utilização da primeira pessoa do plural. são ditados pela criança; só pode ser narrado ou comentado o que
E) Inaugura uma temática intimista precursora da narrativa esta experimentou. O Ateneu atende essa exigência com bastante
proposta pela Semana de 22. rigor. Em coerência com a perspectiva tomada, a única interioridade
que apresenta é a do próprio autor. As outras personagens são todas
vistas de fora, interpretadas à luz dos traços principalmente visuais,
09. A temática da homossexualidade, que ocupa as páginas de
O Ateneu, é também trabalhada no seguinte romance confrontados com um pessimismo biologista, feroz e irônico.”
brasileiro:
Roberto Schwarz. A Sereia e o Desconfiado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
A) Dom Casmurro.
B) O Bom-Crioulo.
C) Esaú e Jacó.
Bibliografia
D) O Mulato.
E) Quincas Borba. BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. Cultrix.
CALLADO, Antônio (s.d.) Retrato de Portinari. Rio de Janeiro:
10. Assinale a alternativa em desacordo com O Ateneu. Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
CORTESÃO, Jaime 1994. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Lisboa:
A) Devido a apresentar uma estrutura bastante eclética, não Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
se trata de um romance que tem uma classificação rigorosa DIONÍSIO, Mário (1963); Portinari (1903-1962).
como representante de uma ou outra tendência literária.
FISCHER, Luís Augusto. Literatura Brasileira: modos de usar.
B) Tem um narrador em primeira pessoa, Sérgio, que relata
Porto Alegre: LP&M, 2008.
fatos ocorridos com ele no passado.
GONZAGA, Sérgius. Manual de Literatura Brasileira. 14. Ed. Porto
C) A ação deste romance transcorre no ambiente fechado
de um internato, onde convivem crianças, adolescentes, Alegre: Mercado Aberto, 1997.
professores e empregados. MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. Cultrix.
D) A maioria das personagens do romance é apresentada de NICOLA, José de. Literatura Brasileira. Scipione.
uma forma caricatural, realçando seus aspectos negativos. OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Literatura brasileira: Teoria e prática.
E) Em função de uma narrativa mais dinâmica, o autor abre 1. ed – São Paulo: Rideel, 2006.
mão da análise psicológica de personagens. PONTES, Marta. Minimanual de redação e literatura. São Paulo: DCL, 2010.
76 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III
Produção Textual
Objetivo(s):
• Capacitar o aluno a produzir textos que, sem transgredir a norma culta, demonstrem competência reflexiva e
crítica.
• Estudar a estrutura e os componentes da notícia, do artigo de opinião e do editorial a fim de produzi-los com
eficiência e eficácia, conforme a exigência dos vestibulares.
• Analisar com detalhes os principais tipos de erros cometidos na elaboração de uma redação, bem como os
mecanismos para superá-los.
• Estudar os mecanismos de elaboração de título e da tese, bem como seu conceito e relevância para o êxito
argumentativo.
• Estudar as principais estratégias argumentativas, com foco nos mecanismos de articulação textual que lhes dão
consistência.
• Estudar os mais importantes tipos de coesão textual como ferramenta indispensável para a articulação do texto.
• Exercitar leitura crítica a fim de fomentar a prática redacional.
• Treinar redação a partir de temas importantes da contemporaneidade.
Conteúdo:
Aula 11: A Notícia, o Artigo de Opinião e o Editorial
Introdução................................................................................................................................................................................................................78
Exercícios .................................................................................................................................................................................................................83
Aula 12: A Correção Textual e a Superação dos Erros
A correção textual.....................................................................................................................................................................................................86
Obediência à norma culta.........................................................................................................................................................................................86
Exercícios .................................................................................................................................................................................................................94
Aula 13: Como Elaborar o Título e a Tese
Introdução................................................................................................................................................................................................................97
Exercícios ...............................................................................................................................................................................................................104
Aula 14: As Estratégias Argumentativas e a sua Aplicação
Principais articuladores textuais.............................................................................................................................................................................107
Exercícios ...............................................................................................................................................................................................................114
Aula 15: A Articulação do Texto Dissertativo-Argumentativo
Introdução..............................................................................................................................................................................................................119
Coesão referencial..................................................................................................................................................................................................119
Coesão sequencial..................................................................................................................................................................................................120
Coesão interfrásica.................................................................................................................................................................................................120
Sinais de pontuação................................................................................................................................................................................................123
Exercícios ...............................................................................................................................................................................................................126
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
Tivemos um ano com muitas expectativas e evoluímos.
Aula 11:
C-6 H-18, 22 O título deste torneio vem presentear esse trabalho. E que o próximo
Aula A Notícia, o Artigo de Opinião C-8 H-23, 27 ano seja feliz que jogará no futebol dos Estados Unidos.
e o Editorial Foi duro. O Canadá se impôs. Mas, mesmo jogando pelo
11 empate, não relaxamos e estamos felizes com mais um título.
E teve um gostinho de forra. Em 2010, aquele empate em 2 a 2
com um gol no finzinho fez o Canadá ser campeão – disse Marta,
que esteve presente nos outros cinco títulos, mas pela primeira vez
Introdução foi a capitã e levantou a taça.
O terceiro lugar ficou com o México, que derrotou Trinidad
e Tobago por 2 a 1.
Notícia Disponível em: <http://esportes.opovo.com.br/app/esportes/minuto/2015/12/20/
noticiaminutol.305672/torneio-de-futebol-feminino-brasil-bate-
É um texto narrativo que apresenta um fato. Normalmente,
canada-em-natal-e-e-hexa.shtml>
há pessoas envolvidas; o tempo e o lugar do fato; como e por que
ocorreu tal fato. Tem, como propósito comunicativo, informar. AUSTRÁLIA E INDONÉSIA REFORÇAM COOPERAÇÃO
A linguagem é objetiva e impessoal. CONTRA O TERRORISMO
• Estrutura A Austrália e a Indonésia firmaram hoje (21) um acordo de
1. Título – que sintetiza o fato. combate ao terrorismo, um dia depois de a polícia indonésia ter
2. Introdução – que identifica o fato. detido seis pessoas que supostamente planejavam um atentado.
3. Parágrafos que narram todos os aspectos do fato. Há uma Os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros dos
progressão temática: o que, quem, onde, quando, como, dois países assinaram o acordo durante reunião em Sydney, na qual
também anunciaram a renovação do acordo de cooperação militar
por que e para que.
que deve ser revisto em 2017.
4. Fechamento: encerra o texto com mais algumas informações
A ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie
sobre o fato.
Bishop, recusou-se a comentar se a Austrália forneceu informações
às autoridades indonésias para facilitar a detenção de um grupo
Exemplos: de supostos jihadistas que pretendia praticar atentados à bomba
durante as festividades do Natal e Ano Novo.
TORNEIO DE FUTEBOL FEMININO: BRASIL BATE CANADÁ
“A Austrália está sempre preparada para assumir o seu
EM NATAL E É HEXA
papel e, nesse caso, parece que a polícia indonésia teve êxito ao
O Brasil sagrou-se neste domingo hexacampeão do Torneio frustrar uma tentativa de ato terrorista”, disse Julie Bishop à estação
Internacional de Futebol Feminino/Copa Caixa, ao derrotar o Canadá de televisão ABC.
por 3 a 1 na Arena de Dunas, em Natal. O time brazuca precisava As detenções foram feitas pela Densus 88, a unidade
apenas do empate, mas venceu de virada, com gols da atacante antiterrorista treinada pelos Estados Unidos e a Austrália, criada
Andressa Alves e dois da zagueira Mônica (com duas assistências de depois do atentado em Bali em 2002, no qual morreram 202
Andressa Alves). Beckie abriu o placar para as canadenses. pessoas, a maioria turistas australianos.
A reunião ocorreu depois de os dois países terem reatado
Todos os gols foram na etapa final e o Canadá vendeu bem
as relações bilaterais, afetadas pela execução, em abril, de dois
caro a derrota, pois começou muito bem na marcação e teve a
australianos por tráfico de droga pelas autoridades indonésias.
melhor chance do primeiro tempo, aos 35 minutos, quando Beckie
Além da luta antiterrorista, durante o encontro também
chutou para grande defesa de Bárbara e, no rebote, Mattheson foram abordados assuntos de segurança nacional, a reabilitação
concluiu e a veterana Formiga deu um carrinho à David Luiz na Copa dos jihadistas e a troca de informação, assim como as relações
das Confederações – 2013 para tirar em cima da linha. Porém, o comerciais, o turismo e o intercâmbio de estudantes.
time perdeu a sua goleira Mcleod, machucada ainda na primeira Também foi abordada a imigração ilegal e a controversa
etapa, viu o Brasil crescer e quase sair na frente num chute de Bia política australiana de devolver aos seus portos de origem,
que bateu na trave. geralmente na Indonésia, os barcos com requerentes de asilo que
A etapa final começou a mil por hora. Antes do primeiro tentam alcançar a Austrália pelo mar.
minuto, Beckie recebeu pela esquerda, cortou a marcação e chutou O acordo foi assinado por Julie Bishop e Marise Payne, titular
cruzado, abrindo o placar para o Canadá, que seria o campeão com da pasta da Defesa australiana, e pelos ministros indonésios Retno
uma vitória. Felizmente para o Brasil, na saída de bola, as garotas Marsudi e Ryamizard Ryacudu.
conseguiram o empate. Marta recebeu na área e chutou cruzado.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-12/
A jogada acabou sendo um passe perfeito para Andressa Alves, australia-e-indonesia-reforcam-cooperacao-contra-o-terrorismo>
desmarcada, concluir para o gol.
Depois disso, a Seleção passou a jogar bem melhor do que Artigo de opinião
a rival e acabou chegando aos gols usando a mesma estratégia:
cobrança de escanteio de Andressa e cabeçadas da zagueira Mônica. O artigo de opinião é um gênero do discurso argumentativo
A primeira, aos 17 minutos. Andressa cobrou pela esquerda, e que tem a finalidade de expressar o ponto de vista do autor a respeito
Mônica entrou em velocidade, testando para o gol de Labbe. Aos 35, de determinado tema. A validade da argumentação é evidenciada
pelas justificativas de posições assumidas pelo autor ao apresentar
o escanteio foi cobrado pela direita. Mônica ganhou da marcação
informações e opiniões que se complementam ou se opõem. No texto,
na subida e mandou para o gol. O Canadá (que foi a única seleção
predominam sequências expositivo-argumentativas. Há vários tipos
a vencer este torneio sem ser a Brasileira) se entregou em campo
de artigo: jornalístico, científico, constitucional etc. Para o vestibular,
e, com muitas substituições, se deu por satisfeita com o resultado. o que mais interessa é o do tipo jornalístico. Feito para publicação em
O Canadá é forte, está entre os quatro melhores, tem jornal, o artigo de opinião é um texto que tem por objetivo tomar uma
condição física boa e marcação perfeita. Por isso, a vitória foi posição em relação a algo; analisar e opinar sobre um fato; argumentar
importante contra essa equipe de peso, terminamos o torneio com sobre determinado assunto. É um texto em que a opinião do autor,
100% de aproveitamento – disse o técnico Vadão. portanto, fica muito bem expressa.
78 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
• Estrutura MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O ACORDO DE PARIS: POR QUE
1. Introdução: anuncia o tema a ser discutido. DEVO ME IMPORTAR?
2. Desenvolvimento: demonstra os argumentos que defendem Um tema importante é pouco considerado por muitas
uma posição. Para isto, é bom que haja mais de um pessoas: as mudanças climáticas. Talvez devido a outros igualmente
parágrafo, de maneira que se desenvolva uma ideia em respeitáveis (inflação, corrupção, desemprego e violência), esse
cada um. assunto passa despercebido. Entretanto, estas mudanças merecem
3. Conclusão: retoma a ideia inicial, desta feita, conclusivamente. mais da nossa atenção. E por quê? Porque elas colocam em
risco todo o esforço que fizermos nas próximas décadas em prol
Observação do desenvolvimento econômico e social no Brasil e no Ceará.
Em situação real, os artigos de opinião têm um título, que As mudanças no clima ocorrem desde o início dos tempos e são
sintetiza a ideia geral do texto. Em alguns concursos vestibulares, elas que provocam mudanças na temperatura do ar e do mar, no
no entanto, esse item não tem sido exigido. regime de chuvas, de ventos, dentre outros.
Os ciclos da natureza e tudo que depende dela são alterados.
Porém, a ciência demonstra que esses ciclos têm sido modificados
Exemplos: devido a nossa interferência. Um recente trabalho da Nature, uma
COMO SERÁ O AMANHÃ? das principais revistas científicas, ilustra bem isso. Do nascimento
de Cristo ao início da Revolução Industrial, em 1800, existia um
Imersos em uma crise sem precedentes, os brasileiros se resfriamento natural do planeta. Segundo essa pesquisa, de 1800 a
perguntam, atordoados, o que acontecerá com suas vidas no 2000, houve aumento da temperatura. Tal pesquisa relaciona o fato
próximo ano. A crise política, iniciada logo após as últimas eleições, com a emissão dos gases de efeito estufa. Nesse mês de dezembro,
alimentada por escândalos diários de corrupção, produz dificuldades líderes de 195 países estão reunidos em Paris na 21ª Conferência
econômicas que retraem investimentos e subtraem empregos, do Clima em busca de um acordo que possa reduzir tais emissões.
esfacelando a credibilidade do País. Esta é mais uma tentativa das muitas que já ocorreram
Neste turbilhão, esperamos ansiosos o fim de 2015, mas em outros anos. Espera-se que essa, diferente das demais, tenha
tememos, aflitos, o início de 2016, acreditando que, dada a resultados satisfatórios. E o que faz com que tantas cabeças
insegurança que paira no ar, nada ainda está tão ruim que não pensantes não entrem em um acordo em um assunto tão
possa piorar. importante? A dificuldade é definir qual seria o papel dos países
O pessimismo se instala e a todos domina, encobrindo ricos e dos pobres. Os países ricos têm recursos e infraestrutura
avanços conquistados no ano que se finda. Eles existem e, para se adaptar ao que virá. E os pobres? Os países pobres querem
tudo indica, serão consolidados. São ganhos institucionais que os ricos assumam o financiamento para as mudanças do clima,
que demonstram que, em momentos de forte crise, abrem-se enquanto que os ricos pretendem dividir essa conta com os pobres.
oportunidades para o fortalecimento de instituições e da própria Segundo o Banco Mundial, devido às mudanças climáticas,
sociedade, com incremento considerável de cidadania. nos próximos 15 anos surgirão mais 100 milhões de pessoas pobres.
Os graves escândalos de corrupção fizeram a sociedade Um exemplo é a redução das chuvas interferindo diretamente na
brasileira transpor os limites de seu elevado grau de tolerância, agricultura, água potável e no aumento do preço dos alimentos.
passando a exigir medidas urgentes de responsabilização, de Chicos O Brasil, em especial o Ceará, deve abrir os olhos para o problema
e Franciscos, ao mesmo tempo em que, finalmente, começou a das mudanças climáticas e seus efeitos na economia, sociedade e
compreender o valor de suas instituições de controle e a importância biodiversidade. A economia do Ceará é baseada na natureza – pesca,
de fortalecê-las. Simplesmente por sentirmos um sopro de igualdade agricultura, água doce, rios, vento etc. Se não vemos importância
na aplicação da Lei, fazendo-a alcançar poderosos, evoluímos, e nisto, estaremos preparados para o que virá?
muito, na nossa consolidação democrática. Marcelo de Oliveira Soares
Temos, portanto, motivos para acreditar que, suportadas Dr. Professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da
e superadas as dificuldades que se avizinham, podemos extrair Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisador visitante da
de toda esta crise novas perspectivas de enfrentamento de nossas Universidade Autônoma de Barcelona.
mazelas e jamais seremos iguais ao que éramos. Seremos mais
conscientes e exigentes, menos tolerantes com desmandos e com Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2015/12/21/
Anual – Volume 3 79
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
• Estrutura
1. Introdução, na qual se situa a tese.
2. Os parágrafos seguintes fundamentam o ponto de vista do jornal.
3. Na conclusão, há sugestões para a solução do problema.
Exemplo:
O VALOR DA INICIATIVA PRIVADA
O Brasil viu nos últimos dois meses uma instigante ebulição no mercado privado. Só em novembro passado, duas operações
nacionais mudaram de mãos. A Camargo Corrêa vendeu para a brasileira J & F (dona da Friboi) a sua participação (44,12%) na tradicional
Alpagartas por U$ 717 milhões. Já a Hipermarcas vendeu por U$ 984 milhões 100% de sua divisão de cosméticos para a francesa Coty.
O mercado viveu novo frisson nesta semana com a notícia de que a empresa cearense Pague Menos, que atua no ramo de
farmácias, passou 17% do negócio para o fundo norte-americano General Atlantic por R$ 600 milhões. Comparando as dimensões
das empresas negociadas no mercado, é possível concluir que a Pague Menos tem um valor global muito aproximado das duas outras
operações citadas.
São três operações que cresceram sem a influência direta do Estado. Nesse sentido, são ótimos exemplares da força empreendedora
dos investidores que fundaram e controlaram esses negócios. O caso da Pague Menos, que nasceu da capacidade empreendedora de
seu dirigente, o empresário Deusmar Queirós, é ainda mais relevante se considerarmos a sua origem baseada em um Estado (o Ceará)
que detém apenas 2% da riqueza brasileira.
No mesmo dia em que o noticiário tratou da venda de 17% da rede de farmácias, veio à tona a informação de que o Governo
Federal não vai bancar a participação da estatal Infraero na concessão dos aeroportos que já estão em processo de privatização. Entre
os quais, o nosso Pinto Martins. Boa notícia.
Quanto mais o Governo se mantiver distante dos negócios que hoje cabem à iniciativa privada, melhor. Operar aeroportos, assim
como terminais de ônibus, há bastante tempo deixou de ser uma obrigação do setor público. O Brasil formou massa crítica privada com
substância suficiente para cuidar desses negócios com muito mais eficiência.
Ao Estado moderno (regulador e fiscalizador), cabe a obrigação de fazer com que certos serviços, como os relacionados aos
terminais aeroportuários, sejam prestados de forma eficiente para o cidadão.
Mesmo diante de uma crise de grande dimensão, há motivos para comemorar dois fatos: 1 – A desenvoltura dos empreendedores
que prosperam (muitas vezes, apesar do Estado); 2 – A decisão do Governo de passar para iniciativa privada a gestão de negócios que
não são de caráter público.
Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2015/12/23/noticiasjornalopiniao,35533044/o-valor-da-iniciativa-privada.shtml>
ESTUDO DE CASO
Apesar de ter ingressado no século XXI como potência econômica, o Brasil enfrenta um dilema já superado por muitos países
desenvolvidos: a desigualdade social e a insegurança pública. Essa realidade deve-se a falhas educacionais e governamentais que
inviabilizam profundas mudanças estruturais na sociedade e contribuem para o agravamento de problemas, como o desemprego
e a violência.
Com efeito, a situação precária da educação pública contribui para a persistência da desigualdade social, tendo em vista
que o baixo nível de instrução dificulta o ingresso no ensino superior e no mercado de trabalho, que exige elevada qualificação
profissional a cada ano, acarretando mais desemprego e miséria. Em consequência disso, elevam-se os índices de violência social,
principalmente entre os jovens, que são mais vulneráveis à criminalidade, conforme estudo divulgado, em 2017, pela Unesco,
intitulado Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência. A saída para a superação dessa problemática está em as escolas investirem
no que o historiador Yuval Harari chamou de 4Cs: criticidade, criatividade, comunicação e colaboração. Sem isso, o Brasil continuará
a ocupar as tristes posições nas estatísticas mundiais em educação e em segurança pública.
Outro fator que perpetua a desigualdade no país é a ingerência do Estado brasileiro, pois, segundo o filósofo Thomas
Hobbes, o Estado existe para assegurar a harmonia social, o que não ocorre efetivamente no Brasil. Apesar de os governos terem
criado políticas públicas, como o Bolsa Família e outros programas sociais voltados para a melhoria da educação, esses projetos
não têm sido eficazes no que se propõem. A rigor, ao invés de propiciarem a ascensão social e econômica dos mais carentes, têm
contribuído para sua acomodação e dependência, incapacitando-os para a verdadeira cidadania. Ademais, a falta de investimento
no sistema prisional que incentive os internos a atividades laborativas e à remissão pela leitura tem inviabilizado a reintegração
social deles e aumentado o índice a criminalidade, fazendo do Brasil a terceira maior população carcerária do planeta.
À luz dessas considerações, urge que o Estado brasileiro desempenhe com eficiência a sua função precípua, assinalada por
Hobbes, para superar as injustiças sociais e garantir o crescimento do país. Para isso, deve investir em educação de qualidade,
a começar pela valorização dos docentes e pelo foco no desenvolvimento da criticidade, da criatividade, da colaboração e da
comunicação dos discentes, pilares imprescindíveis para o alcance da cidadania no contexto da 4ª Revolução Industrial. Daí ser
necessário valorizar disciplinas, como Filosofia e Sociologia, que ensinam a pensar. Desse modo, os jovens, os mais vulneráveis,
terão seus caminhos de ascensão sociais desobstruídos para ingressar no ensino superior e posteriormente no mercado de trabalho,
e não na criminalidade. Ademais, deve o Estado reestruturar o sistema prisional adotando políticas de incentivo ao trabalho e
à remissão pela leitura no cárcere, pois só por meio da educação e do trabalho poderão os ex-detentos ter oportunidade de
reintegração social, o que será benéfico para toda a sociedade brasileira.
Bruna de Oliveira Melo – FB MED Sobralense
80 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
RECONHECENDO O PLANEJAMENTO DA REDAÇÃO
TEMA: DESIGUALDADE SOCIAL E VIOLÊNCIA
TESE (NEGATIVA): _______________________________________
ARG. 1 (CAUSA):_______________
CAUSA 1: _______________________
REPERTÓRIO 1: __________________
ARG. 2 (CAUSA):_______________
CAUSA 2: _______________________
REPERTÓRIO 2: __________________
SOLUÇÃO:
1. AGENTE: _____________________________________________________________________________________________________
2. AÇÃO: _______________________________________________________________________________________________________
3. DETALHAMENTO: _____________________________________________________________________________________________
4. MEIO: ________________________________________________________________________________________________________
5. FINALIDADE/EFEITO: __________________________________________________________________________________________
Respostas:
5. Finalidade: Promover ascensão social de jovens.
4. Meio: Valorizar Filosofia e Sociologia.
3. Detalhamento: Valorização docente.
2. Ação: Investir em educação.
1. Agente: Estado.
Solução:
Fique de Olho
Anual – Volume 3 81
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu secretariado. Certo: Depois das últimas chuvas, pode haver centenas de
Ou então, caso o entendimento seja outro: desabrigados.
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exoneração deste. Errado: Devem haver soluções urgentes para estes problemas.
b) pronomes possessivos e pronomes oblíquos: Certo: Deve haver soluções urgentes para estes problemas.
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em seu Disponível em: <http://www.biblioteca.presidencia.gov.br
discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso não /publicacoes-oficiais-1/manual-de-redacao-da-presidencia-da-republica/
manual-de-redacao-da-presidencia-da-republica/view>
o surpreendeu.
Observa-se a multiplicidade de ambiguidade no exemplo acima,
as quais tornam virtualmente inapreensível o sentido da frase. ESPAÇO DA LEITURA
Claro: Em seu discurso, o Deputado saudou o Presidente da República.
No pronunciamento, solicitou a intervenção federal em seu Estado, A CULTURA BRASILEIRA DA PASSIVIDADE
o que não surpreendeu o Presidente da República. publicado em sociedade, por Hugo de Freitas
c) pronome relativo:
Eu cresci ouvindo que político não presta, que o país não
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costumava
tem jeito e que “esse pessoal de Brasília, são todos corruptos”.
trabalhar.
Minhas memórias me fazem refletir, qual foi o ponto específico que
Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração se refere entregamos os pontos? Que aceitamos que nosso país é corrupto
à mesa ou ao gabinete, essa ambiguidade se deve ao pronome e que não tem mais solução?
relativo que, sem marca de gênero. A solução é recorrer às formas Apesar do Brasil ser um país rico em recursos naturais,
o qual, a qual, os quais, as quais, que marcam gênero e número. sempre entre os 10 países com o melhor PIB (Produto Interno
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costumava Bruto), somos um país extremamente injusto no que diz respeito
trabalhar. à distribuição de seus recursos entre a população. Um país rico,
Se o entendimento é outro, então: porém com a maioria das pessoas pobres, devido ao fenômeno da
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costumava desigualdade social. Mesmo com a Constituição Federal e diversos
trabalhar. códigos e estatutos, assegurando o acesso à educação, moradia,
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da dúvida sobre saúde, segurança pública, além de autonomias econômicas e
a que se refere a oração reduzida: ideológicas, a realidade que se vê ainda é distante do que se
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o funcionário. reza nos direitos do cidadão brasileiro no tocante à erradicação
da desigualdade social neste país, em constante crescimento
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, deve-se deixar
econômico e político. Sendo o país extremamente desigual, o acesso
claro qual o sujeito da oração reduzida.
à informação, cultura e lazer são totalmente seletivos e quase nunca
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este indisciplinado.
chegam na parte pobre da população. A falta de conhecimento do
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora chamou funcionamento do nosso sistema político, o descompromisso com
o médico. assuntos envolvendo política e a preguiça em se informar sobre
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi chamado qualquer coisa relacionada a este tema, revelam-se a ponta do
por uma senhora iceberg que este post se propõe. Temos pavor de política.
Em algum ponto entre 1983 e o início de 2016, nós
FALHAS COMUNS: FLEXÃO DE VERBOS IMPESSOAIS desistimos. Me refiro ao ano de 1983, pois foi o início do
movimento Diretas Já, que pedia pela volta das eleições diretas
Errado: Se houverem dúvidas favor perguntar.
para presidente, que não aconteciam desde 1960. Uma população
Certo: Se houver dúvida, por favor perguntar. cansada do Regime Militar, com a inflação alta, dívida externa
Para certificar-se de que esse “haver” é impessoal, basta recorrer exorbitante e desemprego expunham a crise do sistema. O que ficou
ao singular do indicativo: Se há ( e nunca: *hão) dúvidas... conhecido como um dos maiores movimentos populares do Brasil,
Há (e jamais: *Hão) descontentes... — em que o verbo fazer é conseguiu unir o país em apenas um coro, bem diferente do que
empregado no sentido de tempo transcorrido: as recentes manifestações pró-impeachment da presidenta Dilma.
Faz dez dias que não durmo. Nossa sociedade se dividiu em duas. Não conseguimos encontrar
Semana passada fez dois meses que iniciou a apuração das um consenso, tão pouco os partidos políticos, sejam os partidos no
irregularidades. poder ou na oposição. É explícito que enfrentamos não somente
Errado: Fazem cinco anos que não vou a Brasília. uma crise econômica, mas uma crise institucional e política.
Certo: Faz cinco anos que não vou a Brasília. Ora pois, temos o singelo número de TRINTA E CINCO partidos
políticos registrados na Justiça Eleitoral. Destes 35 partidos,
São muito frequentes os erros de pessoalização dos verbos haver e
fazer em locuções verbais (ou seja, quando acompanhados de verbo “apenas” 23 estão representados no Congresso Nacional.
auxiliar). Nesses casos, os verbos “haver” e “fazer” transmitem sua Ao decorrer desses 33 anos de redemocratização, perdemos
impessoalidade ao verbo auxiliar: as contas de por quantos escândalos de corrupção esse país já
passou. Cada um com o objetivo de ser maior que o anterior.
Errado: Vão fazer cinco anos que ingressei no Serviço Público.
Para registro, é importante registrar porque o Brasil perde cerca de
Certo: Vai fazer cinco anos que ingressei no Serviço Público.
10 bilhões de investimentos privados por ano, por conta das
Errado: Depois das últimas chuvas, podem haver centenas de
falcatruas.
desabrigados.
82 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
Como podemos observar, temos um talento nato para a corrupção, até mesmo chego a acreditar que alguns nascem para ela.
Mas não é isso que me espanta, pois canalhas sempre existiram e irão existir. Me espanta uma população passiva e imóvel diante de
tantos bilhões e bilhões roubados do nosso bolso. A lista deixou de fora os casos de corrupção, tão escandalosos quanto, da memorável
e repugnante Ditadura Militar e a recente Operação Lava Jato. O intuito é analisar que, mesmo após a queda da ditadura, onde o povo
se uniu pelas Diretas Já, passamos 33 anos estampados nos jornais como um povo corrupto. O atual momento do governo, com a
deflagração da Operação Lava Jato, 21 bilhões de reais roubados da maior Estatal do país e, ainda sim, continuamos inertes. O escândalo
da FIFA e da Copa do Mundo no Brasil, com todos os seus estádios superfaturados, as mesmas empreiteiras e construtoras da Copa e
Olimpíadas, com seus respectivos CEOs atrás das grades e sendo investigados. A Câmara de Deputados e o Senado, governados por
Eduardo Cunha e Renan Calheiros. O que mais é preciso dizer?
Estamos criando uma geração e ensinando para eles que não existem regras. Tudo é permitido e aqui reina a impunidade.
As únicas explicações plausíveis são: ou nos tornamos estúpidos por vontade própria e em um frenesi coletivo afirmamos
“Odiamos política! Nos deixem em paz!!” ou cientistas precisam investigar a nossa água, pois é possível que esteja lotada de Rivotril.
Disponível: <http://obviousmag.org/pratica_urbana/2016/a-cultura-brasileira-da-passividade.html#ixzz5xRfrmNSP>. Adaptado.
Proposta de Redação
TEXTOS MOTIVADORES
(IFPE/2019.1)
Texto I
O MITO DA PASSIVIDADE DO POVO BRASILEIRO
A ideologia dominante cultiva a imagem do povo brasileiro como um povo “pacífico” e “ordeiro” por natureza. Trata-se de uma imagem
que continua a ter forte aceitação mesmo entre as próprias classes dominadas da sociedade. É comum se ouvir, sobre situações de injustiça
ou de opressão, que exigiriam uma reação contrária, comentários como: “brasileiro é passivo mesmo”, “brasileiro nunca reage” e outros.
Entretanto, não houve nenhum período da história da sociedade brasileira em que o protesto popular não se fez presente de uma
forma ou de outra. Em alguns momentos, a reação popular se fez notar pela sua radicalidade ou pela sua violência, como nos casos,
entre muitos outros episódios, da Guerra de Canudos (no início do século XX), ou da reação popular contra o aumento nas tarifas dos
transportes coletivos na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de junho de 1987, e, também, mais recentemente, na cidade de São Paulo.
O Estado de Pernambuco é um exemplo do espírito contestador e crítico dos movimentos por mais direitos e igualdade. Foi a
primeira província a se rebelar contra a monarquia de Dom João VI. Aqui foi cenário de grandes batalhas, vitórias, derrotas e glórias do
nosso povo. Pernambuco foi protagonista de diversas revoltas: a Guerra dos Mascates, a Confederação do Equador, a Revolução de
1817 (comemoramos 200 anos de Revolução no dia 6 de maio de 2017).
No período da colonização portuguesa, em nosso país, o índio brasileiro foi tachado de “preguiçoso” e “covarde” pelos
portugueses exploradores. Contudo, esse tipo de manifestação passiva foi uma forma de rebeldia velada utilizada pelo nativo brasileiro,
mostrando, assim, um sinal de inteligência e senso crítico contra seus algozes. Os anos de chumbo no Brasil também foram marcados
por várias manifestações de cunho cultural, social e político contra o governo militar instaurado em 1964.
Por fim, a História da sociedade brasileira nos revela outra face de nosso caráter. Os brasileiros não são passivos às injustiças e
aos desmandos cometidos, principalmente, pela classe burguesa.
JERÔNIMO, Thiago. “O mito da passividade do povo brasileiro”.
Disponível em: <http://www.carlosbritto.com/artigo-o-mito-da-passividade-do-povo-brasileiro/>. Acesso em: 13 out. 2018. Adaptado.
Texto II
POLÍTICA IMPORTA, MAS EU NÃO ME IMPORTO
Levantamento mostra que eleitores de Curitiba consideram importante fiscalizar os políticos e manifestar opinião.
Apesar disso, a maioria dos eleitores admite não ser participativa.
Falar é uma coisa. Fazer é outra. Quando o assunto é política, o curitibano vai bem no discurso, mas na prática são poucos os
cidadãos que participam e acompanham a vida política da cidade. Esse é o retrato do eleitor de Curitiba revelado pelo Instituto Paraná
Pesquisas que, a pedido da Gazeta do Povo, fez um levantamento sobre como o curitibano atua e pensa a política.
Metade dos entrevistados acredita que é necessário fiscalizar e manifestar a opinião aos políticos, mas admite que não se
interessa por política. A maioria das pessoas ouvidas disse que não participa de ações como passeatas, associação de bairro e audiências
públicas. Só 3,2% das pessoas consultadas, por exemplo, disseram que costumam ir a audiências públicas - que são reuniões feitas pela
administração pública para ouvir as demandas e opiniões da comunidade.
Acompanhar o desempenho do político durante todo o mandato eletivo também não está entre as prioridades dos curitibanos.
Para 37% das pessoas ouvidas, basta votar e escolher seus representantes para cumprir seu papel político. Só 13,2% responderam que
nos últimos 12 meses, por exemplo, consultaram informações sobre a atividade dos parlamentares - seja no site da Câmara de Curitiba,
da Assembleia Legislativa, da Câmara ou do Senado Federal.
De acordo com o cientista político da UFPR Emerson Cervi, o comportamento do curitibano é semelhante ao do brasileiro em
geral e pode ser explicado por questões culturais e históricas. “A sociedade esteve longe historicamente da política. O cidadão aprendeu
a atuar na democracia através do voto”, diz Cervi, salientando que não necessariamente a participação ativa dos cidadãos na vida política
de uma cidade vai garantir melhor qualidade na democracia.
Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/politica-importa-mas-eu-nao-me-importo-dizcuritibano-elx2yhhtn8avtf1ifi6sphfta/#ancora>.
Anual – Volume 3 83
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
Texto III
PERFIL
Levantamento do NÃO SIM
Instituto Paraná:
Pesquisa mostra que
curitibano acredita que
deve fiscalizar, mas
51% VOCÊ SE
21%
admite preferir não INTERESSSA POR
participar da vida política. POLÍTICA?
Confira o resultado que
traça o perfil da
participação política
dos eleitores de Curitiba:
28% ÀS
VEZES
SEU PAPEL
Como deveria ser a participação do cidadão Qual o principal papel do
cidadão na política?
Como está sendo a sua participação política
Reinvindicar
Fiscalizar e também manifestar 50%
direitos
sempre que
51%
sua opinião para os políticos* 18%
eles forem
violados
23%
Fiscalizar os políticos sempre
16%
84 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
INTERAGINDO
Enviou e-mail ou telefonou para
Participação SIM NÃO
SIM NÃO
Alguma forma de trabalho voluntário 13 87 Serviço
39% 156 da
prefeitura
61%
Grupos de discussão na internet 12 88
Grupos de discussão sobre política 9 91
SIM NÃO
5 95 Governo
Passeatas
13% ou
prefeitura
87%
Associação de bairro 5 95
ONG 4 96
SIM NÃO
Senadores,
Audiências públicas 3 97 5% deputados ou 95%
vereadores
Partido político 3 97
INFORMANDO-SE
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores anteriores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A atitude do
brasileiro em situações decisivas”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Exercícios de Fixação
01. (Fundepes/2017) A propósito da concordância do verbo e do predicativo destacados no texto, é correto afirmar que
A) não está de acordo com a norma-padrão. Uma situação análoga ocorre no fragmento “A maioria das pessoas ficaria curiosa em
saber o que ela quer falar...” .
B) o singular é que é correto, para concordar com o núcleo do sujeito simples, que é o substantivo humano.
C) o plural é que é correto, para concordar com o sujeito composto pensamento e imaginação.
D) o singular é que é correto, porque concorda o verbo com o substantivo sofrimento.
E) é admissível o singular ou o plural.
Anual – Volume 3 85
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
• Texto para a questão 02. EVOLUÇÃO DA LEITURA NO BRASIL – 2011 E 2015
[...]
EvoluçãoPercentual
da leitura node
Brasil – 2011 e 2015
leitores
Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Havaí
(EUA) descobriu que rochas da ilha de Baffin, no Canadá, contêm Percentual de leitores
Norte
indícios de que a água faz parte do planeta desde o início. Essas
rochas foram coletadas em 1985, de modo que os cientistas tiveram 2011: 47%
um longo tempo para analisá-las e concluir que há componentes das 2015: 53%
profundezas do manto terrestre. As rochas são as mais primitivas já
encontradas na superfície da Terra. Por isso, a água que elas contêm
é um recurso de grande valor para estudar as origens da Terra e a
procedência do líquido. [...]
Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/agua-esta-presente-desde-o-
inicio-da-formacao-daterra-indica-novo-estudo>. Acesso em: 10 nov. 2019.
Nordeste
02. (Fundepes/2016) A propósito da concordância das formas Centro-Oeste 2011: 51%
verbais destacadas no fragmento textual, é correto afirmar que 2011: 53% 2015: 51%
A) sendo a forma verbal contêm seguida do sujeito indícios, está 2015: 57%
incorretamente flexionada. A forma correta seria contém.
B) a forma verbal descobriu foi usada incorretamente,
deveria estar pluralizada, uma vez que o sujeito referente é Sul
pesquisadores. 2011: 43%
C) o verbo conter, sendo derivado de ter, está corretamente 2015: 50% Sudeste
flexionado. Caso o sujeito referente estivesse singularizado,
a forma verbal mudaria para contém. 2011: 50%
D) o verbo haver em: “...há componentes das profundezas 2015: 61%
do manto terrestre”, poderia ser substituído por “existir”
flexionado na terceira pessoa do singular. Prof. Roberlei (Gráfico – UFPR/2017).
E) o verbo haver em: “...há componentes das profundezas do
manto terrestre”, não foi corretamente empregado, uma vez Escreva um lead de notícia, em que você apresente a um leitor
que seu emprego, nesse contexto, ocorre na forma pessoal. as informações do enunciado e do infográfico, explicitando as
correlações possíveis entre os dados.
• Texto para a questão 03.
_____________________________________________________
QUANDO A NATUREZA MATA
_____________________________________________________
A natureza não mata apenas com enchentes, deslizamentos,
terremotos e tsunamis. Mata também pelas mãos do homem,
o que é bem mais preocupante. • Texto para a questão 05.
A natureza, da qual fazemos parte, mata com muito mais
crueldade através de nós do que através do clima ou de movimentos Pensar no envelhecimento é algo que costuma incomodar a
da Terra, e de maneira bem mais assustadora: pois nós pensamos maior parte das pessoas. Herdamos das gerações passadas a ideia de
enquanto prejudicamos o nosso semelhante. Temos a intenção que a idade inexoravelmente sinaliza o fim de uma vida produtiva
de atormentar, torturar, matar, mesmo que em vários casos seja
plena e que o melhor a fazer é aceitar a decadência física, almejando
uma consciência em delírio – estamos tão drogados que achamos
contar com o conforto proporcionado por uma boa aposentadoria.
graça em tudo.
LUFT, Lya. Veja, mar. 2010, v. 43, p. 24. Mas o mundo mudou. Hoje, uma nova geração descobre que, se
tomar decisões sábias na juventude, pode tornar o tempo futuro
03. (Fundepes/2016) Assinale a alternativa correta a respeito dos uma genuína etapa da vida e, mais do que isso, uma fase áurea
elementos constituintes do texto. da nossa existência.
A) O vocábulo apenas significa somente e é um reforço Estudos demográficos apontam que as gerações nascidas
intensificador, usado para realçar a ideia exposta. desde a década de 1960 podem contar com, pelo menos, mais
B) O vocábulo apenas funciona como conector de valor 20 anos em sua expectativa de vida. Na verdade, se recuarmos
concessivo.
um pouco mais, vamos constatar que esse bônus de longevidade
C) A expressão articuladora mesmo que apresenta relação
é maior ainda. No início do século XX, mais ou menos na mesma
semântica de conclusão.
D) O vocábulo que é mero expletivo, apresenta-se como palavra época em que a aposentadoria foi criada, a expectativa de vida
de realce. ao nascer do brasileiro era, em média, de 33 anos. Hoje estamos
E) O advérbio bem está sendo usado como modificador de quase chegando aos 80. Em pouco mais de 100 anos o bônus de
um verbo. longevidade foi de quase 50 anos!
Você S/A
Previdência, setembro de 2016.
04. (UFPR) O gráfico a seguir apresenta os resultados da
4ª edição da pesquisa nacional “Retratos da Leitura no
Brasil”, realizada pelo Ibope e encomendada pelo Instituto 05. (FGV) No texto, a frase “Mas o mundo mudou.” (1º parágrafo)
Pró-Livro. O país possui, atualmente, 104,7 milhões relaciona diferentes informações da argumentação do autor.
de leitores (56% da população), o que representa um A) Que tipo de oração coordenada o autor empregou?
crescimento de 6 pontos percentuais em relação à última Que sentido ela estabelece no texto?
apuração, feita em 2011. Foram ouvidas, ao todo, 5.012 __________________________________________________
pessoas em todas as regiões do Brasil, com uma população ___________________________________________________
de 5 anos ou mais. ___________________________________________________
___________________________________________________
86 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
B) Qual é o ponto de vista do autor sobre o assunto de que um rico fazendeiro ao receber de seu filho um telegrama
trata e que tipo de argumento ele usa para sustentá-lo? com a frase singela – “mande-me dinheiro”, que ele
__________________________________________________ lia e relia emprestando-lhe um tom rude e imperativo.
___________________________________________________ O bom homem não era tão néscio quanto a anedota dá a
___________________________________________________ entender: estava no direito de exigir da formulação verbal
___________________________________________________ uma qualidade que lhe fizesse sentir a atitude filial de carinho
e respeito e de refugar uma frase que, sem a ajuda de gestos
e entoação adequada, soa à leitura espontaneamente como
Exercícios Propostos ríspida e seca.
J. Mattoso Câmara Jr.
Manual de expressão oral e escrita. Adaptado.
Reprodução/Ufal
uma conversa telefônica, haveria possibilidade de o pai
entendê-la de modo diferente? Explique.
Anual – Volume 3 87
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
A) Considerando-a no contexto em que ocorre, explique a frase 09. (Fuvest) Texto para a questão seguinte.
“o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde
uma interior”. DITADURA / DEMOCRACIA
Tendo em vista as informações contidas no excerto, o início B) Responda sucintamente à pergunta que encerra o texto:
do texto – “É abril” – é coerente com o emprego do pronome “Por que, então, a palavra cidadania é constantemente
“este”, em “neste tempo de primavera”? Explique. evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido?”
88 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
1.
Nível ortográfico
Muitos erros são comuns nesse domínio, entre os quais os
Aula 12:
C-6 H-18, 22
Aula A Correção Textual e a C-8 H-23, 27
seguintes:
a) No uso da acentuação gráfica:
12 Superação dos Erros Eles sempre obtém boas notas nas provas. (Derivados do verbo
“ter”, como “obter”, “deter” e “reter”, e do verbo “vir”, como
“advir”, sobrevir e provir, recebem acento diferencial ( ) na terceira
pessoa do singular e ( ^ ) na terceira pessoa do plural). Correção:
Eles sempre obtêm boas notas nas provas./ Ele sempre obtém...
A correção textual b) No uso de sinais de pontuação:
Os estudantes quando terminaram as aulas, foram passear
Há duas espécies de erro: o que favorece o aprendizado e no shopping. (Sujeito não deve ser separado por vírgula; nesse caso,
o que o dificulta. A correção textual deve considerá-los para ser a oração temporal deve ficar entre vírgulas).
bem-sucedida. c) No uso das letras ao grafar as palavras:
O erro que dificulta o aprendizado é aquele que se repete, Após analizar o caso, sugeriu-se uma solução paleativa para
sem que o aprendiz lhe descubra a causa. É muito comum esse o problema. (Analizar grafa-se com “s”, e não com “z”: analisar;
tipo de erro na redação, e a sua persistência deve-se ao fato de o paleativo grafa-se com “i”, e não com “e”: paliativo.
aluno não entender o seu mecanismo e automatizá-lo. É preciso d) No uso do acento indicador da crase:
transformar esse erro prejudicial em algo benéfico. É simples. Chegamos a uma da tarde, após um debate à respeito dos
Toma-se nota de cada erro cometido e estuda-se seu mecanismo. Direitos Humanos. (A locução “a uma da tarde”, por referir-se
Quando se sabe a razão por que errou, os erros não se repetem mais. “às treze horas”, exige acento grave que indica crase: à uma da
tarde; já a locução “à respeito de” foi indevidamente acentuada,
A correção textual é linguística por excelência, isto é,
pois não se põe acento grave antes de masculino).
depois de refletir no assunto e selecionar o que vai ser focalizado,
deve-se então produzir um texto claro, preciso, objetivo, coerente, 2. Nível sintático
harmônico e correto. O texto bem escrito é aquele que passa A sintaxe consiste nas regras de combinação das palavras
determinado conteúdo semântico de maneira lógica, com apuro ou frases da língua. Entre os erros mais comuns nesse domínio,
estilístico, obedecendo à boa construção sintática, apresentando podemos apontar:
pertinência e riqueza vocabular, situando-se dentro das regras a) Na sintaxe de concordância:
ortográficas e das normas de pontuação. Ocorreu, na cidade de São Paulo, menos mortes nas estradas
Tudo isso exige um conhecimento preliminar de gramática, por acidente de trânsito este ano que no ano passado. (O verbo
o qual deve ser sempre cultivado e aprimorado. Esse conhecimento “ocorrer”, anteposto ao sujeito “mortes”, não sofreu a devida
depende de um universo amplo de informações gramaticais e flexão de números). Correção: Ocorreram, na cidade de São Paulo,
também da convivência com bons textos. menos mortes...
Li bastante livros nas férias. (bastante comporta-se como
Não poderíamos neste curso cuidar de todos os
muito; se este varia, aquele também varia.) Correção: Li muitos/
conhecimentos gramaticais e lexicais que embasam o nível
bastantes livros nas férias.
textual. Apresentemos, contudo, alguns exercícios práticos que Nos dois períodos seguintes, os erros de concordância são
funcionam mais como sugestão de revisão e aprimoramento dos possivelmente causados por sujeitos longos demais:
conhecimentos gramaticais básicos. É desnecessário dizer que O aumento do álcool e da gasolina em janeiro, registrado nas
as consultas às gramáticas, aos bons manuais e ao dicionário principais revendas das capitais das regiões Sul e Sudeste, refletem
tornam-se indispensáveis. oscilações de preço naturais em uma economia de mercado.
Comentário:
Observe que o núcleo do sujeito da forma verbal “refletem”
Ao longo do ano, tome nota dos erros cometidos é “aumento”, com o qual o verbo deveria ter concordado.
em suas redações e estude-os, a fim de compreendê-los Correção: O aumento do álcool e da gasolina... reflete.
e superá-los. Quando não se sabe a razão por que errou,
O impacto das tecnologias de comunicação em nossos
fica-se vulnerável a errar de novo. Faça uma lista deles
contextos sociais provocam disputas por atenção aos variados
para seu controle.
discursos produzidos.
Comentário:
Obediência à norma culta O núcleo do sujeito da forma verbal “provocam” é “impacto”,
com o qual deveria o verbo ter concordado em número (singular).
A produção de um texto dissertativo-argumentativo, Correção: O impacto das tecnologias de comunicação...
exigido pelo Enem e vestibulares em geral, requer o uso da provoca...
linguagem formal, o que implica a observância da norma culta. b) Na sintaxe de regência:
Assim, é imprescindível respeitar as convenções impostas pelo Estudo implica em declinação e esforço. A inércia da
consenso daqueles que usam esse tipo de linguagem. Nessas defesa implica na revelia do réu. (O verbo “implicar” não admite a
circunstâncias, o desvio gramatical sempre produz efeitos preposição “em” como complemento, exceto quando for o verbo
pronominal “implicar-se” em: Estudo implica dedicação e esforço.
contraproducentes.
A inércia da defesa implica a revelia do réu).
Com a finalidade de facilitar o conhecimento e o domínio
c) Na sintaxe de colocação:
dos aspectos formais da língua, classifi caremos a seguir os
Quando viu-se cercado, não reagiu. (A conjunção “quando”
tipos mais comuns de erros cometidos na prática da escrita. constitui fator de próclise, por isso está mal colocado o pronome “se”.)
O conhecimento desses tipos pode servir de vigilância para aquele Correção: Quando se viu cercado, não reagiu.
que escreve e de roteiro para consultar as obras destinadas a
d) Na sintaxe dos pronomes:
resolver as dúvidas quando elas ocorrerem. Todos disseram que viram ele andando por aqui. (Não se
Os desvios da norma culta mais comumente cometidos pode empregar pronome reto/sujeito na função de oblíquo/objeto.)
podem ser classificados em cinco grandes níveis. Correção: Todos disseram que o viram por aqui.
Anual – Volume 3 89
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
3. Nível morfológico Esses elementos não são de formas vazias que podem ser
Na morfologia, os erros mais comuns localizam-se, substituídas entre si, sem nenhuma consequência. Pelo contrário,
sobretudo, nos seguintes itens: são formas linguísticas portadoras de significado e, exatamente
a) Na conjunção verbal: por isso, não se prestam para ser usadas sem critério. A coesão do
O palhaço entreteu as crianças durante a festa. (O verbo texto é afetada quando se usa o elemento de coesão inadequado.
“entreter” conjuga-se pelo modelo de “ter”. Assim: ele teve, ele Considerem-se estes períodos:
entreteve). Correção: O palhaço entreteve as crianças durante a festa. I. Pode-se definir conhecimento com a reação humana ao
A polícia reaveu as joias furtadas. (“Reaver”segue o modelo meio que o cerca.
de conjugação de “haver”.) Logo: A polícia reouve as joias furtadas. Nesse período, ocorre um problema de coesão porque
o pronome oblíquo “o” deveria retomar um substantivo na
b) Na flexão dos substantivos e adjetivos: superfície do texto, mas esse substantivo não aparece. A expressão
Os meios de comunicações são fundamentais para o
“reação do homem” deveria estar no lugar de “reação humana”,
progresso de qualquer país. (Nas locuções substantivas só varia
para justificar o emprego do referido pronome oblíquo.
o primeiro elemento: os meios de comunicação). Ele comeu dois
Correção: Pode-se definir conhecimento como a reação do homem
pés de moleques. (Só o primeiro elemento varia). Ele comeu dois
pés de moleque. As roupas cinzas são lindas. (Não se deve flexionar ao meio que o cerca. (homem = o).
substantivo que indica cor: As roupas cinza (= cor de cinza) são II. O menor abandonado preocupa a população das grandes
lindas. Os cabelos da moça são castanhos-claros. (Em se tratando cidades porque a marginalidade os leva ao crime.
de adjetivos compostos, somente o segundo elemento varia: Aqui a coesão foi infringida porque se deixou de
Os cabelos da moça são castanho-claros.) realizar a concordância em número com o substantivo que se
estava retomando (o menor abandonado), por meio do plural.
c) Nas palavras invariáveis: Correção: O menor abandonado preocupa a população das
Aquela pessoa é meia distraída. (Meio é advérbio de grandes cidades porque a marginalidade o leva ao crime.
intensidade e constitui, portanto, palavra invariável.) Logo: Aquela
III. Embora ainda cumpra a função principal de assegurar às
pessoa é meio distraída. Não confundir com o adjetivo meio, que
famílias os recursos materiais necessários à sobrevivência,
varia normalmente: Esperarei meia hora; Meias verdades.
o trabalho hoje é também peça fundamental na
4. Nível lexical construção da autoestima das pessoas.
As palavras têm de ser usadas com propriedade, dentro do O emprego do conectivo “embora” criou uma frase sem
significado adequado ao contexto. sentido. Como as duas orações que formam o período composto
Dizer que os índios são aculturados, para dizer que não trazem ideias que se somam, não faz sentido o emprego da
têm cultura, é ignorar o que significa aculturado (o que assimilou concessiva “embora”. Deve-se usar em seu lugar a locução
a cultura de outro povo). Dizer que a estadia de alguém foi aditiva “além de”. Correção: Além de cumprir a função principal
prolongada é confundir permanência de pessoa (estada) com de assegurar às famílias os recursos materiais necessários à
permanência de veículos (estadia). Trata-se de parônimos que não sobrevivência, o trabalho hoje é peça fundamental na construção
devem ser confundidos. É o mesmo que confundir tráfico (comércio da autoestima das pessoas.
ilegal) com tráfego (trânsito). Constitui pleonasmo a expressão
“tráfico ilegal de drogas”. Se é trafico, só pode ser ilegal. Tipologia de erros e Simbologia de Correção
de Texto
Quem que tem o hábito de ler dificilmente comete
erros dessa natureza.
LINGUAGEM
5. Nível coesivo A = ACENTUAÇÃO
É preciso ficar atento aos mecanismos de coesão para não Ausência de acentos gráficos ou o emprego inadequado deles.
ferir as regras dessa importante parte da redação. São elementos Observe algumas falhas de acentuação: cajú, caquí.
de coesão: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, Correção: caju, caqui.
assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e tantas outras.
Esses termos, além de conectarem partes do discurso, P = PONTUAÇÃO
estabelecem entre elas certo tipo de relação semântica: causa, Deve-se atender às regras de pontuação de acordo com a
finalidade, conclusão, contradição, condição etc. Dessa forma, modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
cada elemento de coesão manifesta um tipo de relação distinta. Observe algumas falhas de pontuação:
Ao escrever, deve-se ter o cuidado de usar o elemento apropriado • Esquecer o ponto final no término do texto.
para exprimir o tipo de relação que se quer estabelecer. • Usar inadequadamente a vírgula.
• Utilizar ponto e vírgula indevidamente.
Observe-se o exemplo que segue:
Posto que estava cansado, foi deitar-se. ORT = ORTOGRAFIA
No caso, não faz sentido o uso da locução conjuntiva posto As palavras devem ser escritas de acordo com a modalidade
escrita formal da Língua Portuguesa.
que (= embora). Como ela estabelece um nexo de concessão/
contradição entre as orações, e a ideia que se quis passar era de Exemplo: precisar em vez de prescisar; com certeza em vez
causa, então a coesão foi afetada. A relação entre “estar cansado” de concerteza.
e “ir deitar-se” é de causa e efeito, não de oposição/concessão.
NL = NOTAÇÕES LÉXICAS
Correção: Porque estava cansado, foi deitar-se.
Muitos alunos, ao redigir, não atentam para as diferentes Sinais que contribuem para a pronúncia correta das palavras
relações que os elementos de coesão manifestam e criam problemas ou para o legítimo significado. (Til, cedilha, apóstrofo, hífen,
semânticos. aspas, travessão).
90 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
Exemplos: CN = CONCORDÂNCIA NOMINAL
O til ( ~ ) indica a vogal nasal: ímã, órgão. Segundo a gramática normativa, o adjetivo, o pronome adjetivo,
A cedilha transforma o som do C: moça, feitiço. o artigo e o numeral devem concordar com o substantivo a que
O apóstrofo indica supressão de vogal: olho-d’água. se referem.
O hífen une palavras: guarda-chuva.
As aspas dão ênfase às palavras, destacam vocábulos que Exemplos:
não pertencem à nossa língua e indicam citação de outrem: Meninos e meninas são inteligentes.
“fashion”, “Antes só do que mal acompanhado”. Estes livros são importantes para se adquirir conhecimento.
O travessão indica dialogação, mudança do interlocutor: O povo brasileiro é alegre.
— Você vai à festa hoje? Duas canetas pretas eu comprei.
— Não. Estou ocupado.
CP = COLOCAÇÃO PRONOMINAL
T = TRANSLINEAÇÃO
Translinear é passar de uma linha para outra e deixar uma Colocação dos pronomes oblíquos átonos que acompanham
parte da palavra no fim da primeira linha. Deve-se evitar, o verbo.
nessa divisão silábica, deixar a vogal sozinha ou uma palavra Exemplos:
indecorosa.
Ênclise: Vendem-se apartamentos. / Quis deitar-me cedo.
Exemplos: a-cha-do / i-dei-a / vaga-bunda / pipi-lar / dis-puta Mesóclise: Dar-te-ei mais atenção. / Far-lhe-ei uma sugestão.
R = RASURA Próclise: Isso não se faz, garoto! / Sempre te falo sobre tudo.
Anual – Volume 3 91
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
R = REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL “É tão estranho, os bons morrem jovens e isso nunca foi
profundamente estudado pelos cientistas”. (música de Renato
Relação de dependência existente entre o nome (substantivo, Russo)
adjetivo, advérbio) e seus complementos e os verbos e seus
Atenção! Não se deve transcrever nenhuma citação dos textos
complementos.
usados na proposta. Tais textos têm por finalidade ativar o
Exemplos: conhecimento prévio de quem pretende escrever.
Preste atenção ao ensino de Gramática. EC = EXPRESSÃO CLICHÊ
Estou curioso de saber quem ganhou na loteria. Expressão muito utilizada e desgastada no seu valor estilístico.
É preferível teatro a cinema. É o mesmo que chavão.
Chegamos ao cinema atrasados.
Exemplos:
A filha da vítima precisou o local do crime. (indicar com certeza)
As crianças do Brasil precisam de uma alimentação adequada. “Desde os primórdios da civilização...”
“Venho, por meio desta carta,...”
(ter necessidade)
“Atualmente” (começando dissertação)
V = VERBO (TEMPO VERBAL, MODO VERBAL E CORRELAÇÃO “Era uma vez...” (começando alguns tipos de narração)
TEMPORAL)
MVD = MUDANÇA DA VOZ DISCURSIVA
O tempo do verbo deve situar a ocorrência do fato em relação Não se pode mudar a pessoa exigida pelo discurso. Se a
ao momento em que se fala. Portanto, a correlação deve ser proposta do texto é para ser desenvolvida em 1ª pessoa, o
feita sem comprometer o enunciado. autor não pode escrevê-la em 3ª.
Exemplos: RI = RACIOCÍNIO INTERROMPIDO
O garoto voltou com os pés limpos, embora tinha jogado bola Quebra da sequência de ideias. Isso, geralmente, acontece na
na praça. (tivesse) interrupção de um parágrafo para o outro.
Quando os meninos chegaram, eu sairei. (chegarem) Exemplo:
Ontem eu lhe disse que você não brincará na praça. (brincaria) Logo no primeiro parágrafo, o autor do texto cita problemas
gerados pela poluição. Em seguida, ele não exemplifica esses
EPS = EMPREGO DE PREFIXOS E SUFIXOS
problemas, que são esquecidos ao longo do texto.
Utilização de prefixo ou sufixo para formar palavras que não
AD = AFIRMAÇÃO DESCONTEXTUALIZADA
são reconhecidas pela norma gramatical ou quando os afixos
escolhidos não se referem ao significado que o escritor gostaria Quando o texto apresenta partes que não correspondem a um
de dar ao vocábulo. todo significativo, compromete-se a coerência textual.
Exemplo:
Exemplos:
“Já não se trabalha como antes, porque as pessoas estão cada
Um ensino de qualidade garante a formação de grandes vez mais acomodadas por causa do tempo que não favorece o
profissionalizantes. (profissionais) desempenho das atividades.”
Depois de acertar os números da loteria, João ficou dinheiroso.
AE = AFIRMAÇÃO EXTREMA
(endinheirado)
Uso generalizado de opiniões, geralmente sem comprovação.
AP = ALÍNEA DO PARÁGRAFO Exemplos:
Homem não presta. Os políticos são ladrões.
Espaço dedicado à margem do parágrafo. Deve ter de 2 a 3
cm. AI = ARGUMENTAÇÃO INVÁLIDA
Os argumentos servem para comprovar, realçar ou ilustrar o
EP = EXCESSO DE PALAVRAS assunto sobre o qual se escreve ou se fala.
Acréscimo de palavras totalmente desnecessárias ao enunciado. A argumentação é inválida quando é fraca e apresenta ideias
e fatos óbvios.
Exemplo: Exemplos:
Por causa que (= porque) “A situação do menor abandonado é triste porque não tem
quem o ajude”.
COERÊNCIA “Não sou a favor do aborto porque representa a morte de um
ser.”
CIT = CITAÇÃO
AMB = AMBIGUIDADE
Apropriar-se do discurso alheio, muitas vezes, causa
empobrecimento do texto. A citação é adequada quando servir Quando o duplo sentido do enunciado compromete a
interpretação.
para a fundamentação da ideia.
Exemplos:
Exemplos:
A diretora recebeu a mãe com sua filha. (De quem é a filha:
“Ser ou não ser: eis a questão.” (In.: Hamlet, de William da mãe ou da diretora?)
Shakespeare) O cliente pediu sapato de homem vermelho. (Não se sabe se
vermelho é o homem ou o sapato.)
92 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
IDV = INADEQUAÇÃO VOCABULAR ISC = IDEIAS SEM COMPLEMENTAÇÃO
Uso de termo ou expressão inadequada ao contexto proposto. Ideia que não traz nada de específico, isto é, solta, que precisa
Exemplo: de complementos para ser entendida.
Ele se preparou para executar os problemas no dia seguinte. Exemplos:
(Executar é uma expressão não coerente para esse contexto.
Para se manter a coerência, dever-se-ia usar solucionar.) “A morte tem assolado a população. A falta de assistência (?)
é a maior causadora disso”. (Que tipo de assistência? A quem?
COE = COERÊNCIA De que forma isso amenizaria do problema?)
Conjunto harmônico de ideias, no qual todas as partes se
encaixam perfeitamente, formando um todo significativo sem COESÃO
contradições.
ECI = EMPREGO DOS CONECTORES INTRAFRASAIS
• Coerência sintática
Exemplo: Emprego de proposições, conjunções e pronomes que ligam
termos dentro das frases.
A alegria é um sentimento onde as pessoas se tornam mais
felizes. (O referente do pronome onde só pode ser um Exemplos:
lugar.)
Mas, porém, no entanto etc. (sem ter ideia adversativa);
• Coerência semântica
Portanto, (sem apresentar ideia de conclusão);
Exemplo: Este (quando se refere a algo já citado = esse);
Ele se preparou para executar os problemas no dia seguinte.
(Executar é uma expressão não coerente para esse contexto. PSE = PARALELISMO SEMÂNTICO
Para se manter a coerência, dever-se-ia usar solucionar.)
Expressões que se apresentam, geralmente, em par e que
• Coerência estilística precisam uma da outra para completar o significado no
Exemplo: texto.
Os elementos de um mesmo grupo devem se apresentar na
Excelentíssimo Senhor Ministro da Previdência,
mesma forma, registrando uma equivalência de significado.
Que medidas o senhor pretende tomar em relação às escolas
públicas?
Exemplos:
(O enunciado estaria adequado se o destinatário fosse o
ministro da Educação) Não só os professores são importantes para a educação, mas
também os pais.
• Coerência Pragmática A economia do país está melhorando, tanto para quem ganha
Exemplo: muito quanto para quem ganha pouco.
Primeiro, é necessário decidir isso; segundo, pôr em prática
— Você já tomou banho hoje? tal ideia.
— Pretendo comer camarão.
(Para atingir a coerência desses enunciados, o leitor terá de PG = PARAGRAFAÇÃO
criar uma situação que justifique a resposta inusitada.)
Fique atento, pois a incoerência compromete totalmente o Parágrafo muito extenso. Por conter muita informação,
texto. geralmente ocasiona perda de referencial, por causa disso,
quem escreve tende a cometer erro de concordância, já
Exemplo:
que os referentes das palavras já foram, há muito tempo,
“Ontem, na boate, o gelo seco tomou conta do ambiente, citados. O ideal é que um parágrafo tenha, no máximo,
de forma que eu não conseguia enxergar ninguém. Fiquei 6 linhas.
encostado na parede lateral e presenciei cenas engraçadíssimas.
A Vidinha ficou com o meu melhor amigo, que pisou o RED — REDUNDÂNCIA OU TAUTOLOGIA
pé dela enquanto dançavam.”
Repetição de ideias, que geralmente são ditas de forma
FME = FRASE MAL ESTRUTURADA diferente, porém com o mesmo significado. Essa falha ocorre,
quase sempre, quando o autor do texto não possui domínio
Que apresenta os termos desorganizadamente, gerando sobre o assunto.
problemas de entendimento para o leitor.
Exemplos:
Exemplo:
“Geralmente, são grupos de menores de idade, de várias classes A televisão influencia de forma negativa a população (...)
sociais, que se arriscam à noite para pichar muros, e não com o A televisão torna a população alienada (...)
intuito de expressar algo, somente para rabiscos escrever que A televisão inibe a criatividade das pessoas (...)
entre eles é uma forma de serem identificados, muitos morrem A televisão faz a população refém, à medida que rouba a
na tentativa de muros mais altos pichar.” capacidade das pessoas de pensar.
Anual – Volume 3 93
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
ESTUDO DE CASO
A questão da violência urbana no Brasil tem ampliado a sensação de insegurança e a descrença nos serviços de segurança pública,
os quais se tornam cada vez mais ineficientes. Destarte, pode-se dizer que, dentre os fatores que acarretam a violência, destacam-se a
desestruturação familiar e a alta taxa de desemprego no país, fatos que necessitam de uma maior atenção para minimizar os índices
de violência.
De fato, sabe-se da importância da educação familiar para o desenvolvimento do cidadão. Segundo Immanuel Kant, o ser humano
é aquilo que a educação faz dele. Diante disso, crianças e adolescentes que crescem sem a orientação familiar estão propensos a apresentar
comportamentos agressivos, visto que não lhes foram apresentados valores éticos e morais, como respeito e tolerância. Dessa forma, é
imprescindível a presença de orientadores durante o desenvolvimento dos jovens, a fim de que possam tornar-se cidadãos de caráter.
Além disso, conforme o Atlas da Violência 2018, divulgado pelo Ipea, o alto índice de desemprego que assombra o Brasil
está entre os grandes pivôs da violência urbana, visto que, ao encontrar-se em situação de risco, o indivíduo busca outros meios
para a subsistência e, na maioria das vezes, acaba associando-se a organizações criminosas e cometendo atos infracionais,
aumentando o índice de violência social. Sendo assim, são necessárias medidas para a redução do desemprego e, por conseguinte,
da violência urbana.
Logo, a presença dos pais ou responsáveis durante o crescimento dos jovens se faz importante fator de minimização da
violência urbana. Para isso, o Ministério da Educação adjunto com o Conselho Tutelar deve promover palestras em escolas e
comunidades sobre a importância do acompanhamento familiar para a formação do caráter. Ademais, é preciso que a Justiça do
Trabalho, em parceria com o Ministério da Economia, implante medidas que resultem em maior empregabilidade, como obras e
isenções ficais, por meio de parcerias com empresas, a fim de contratar um maior número de pessoas. Assim, o Brasil poderá ter
uma sociedade menos violenta e mais justa.
Antonio Gabriel Martins Maciel FB – SP
ARG. 1 (CAUSA):_______________
CAUSA 1: _______________________
REPERTÓRIO 1: __________________
ARG. 2 (CAUSA):_______________
CAUSA 2: _______________________
REPERTÓRIO 2: __________________
SOLUÇÃO:
1. AGENTE: ______________________________________________________________________________________________________
2. AÇÃO: ________________________________________________________________________________________________________
3. DETALHAMENTO: _____________________________________________________________________________________________
4. MEIO: ________________________________________________________________________________________________________
5. FINALIDADE/EFEITO: ___________________________________________________________________________________________
Respostas:
5. Finalidade: Contratar pessoas.
4. Meio: Parcerias com empresas.
3. Detalhamento: Obras e isenções fiscais.
2. Ação: Medidas para empregabilidade.
1. Agente: Justiça no trabalho.
Solução:
94 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
Para você ter uma ideia do inestimável valor do ponto
e vírgula em situações sintáticas desse tipo, vamos reescrever o
Fique de Olho
primeiro exemplo, usando apenas vírgulas para separar os vários
itens da enumeração. Como você verá, a leitura torna-se quase
ASPECTOS FORMAIS DA LÍNGUA impossível:
Entre várias pessoas que ele lesou estavam Antero, meu tio
O mais valioso de todos os talentos é o de nunca usar duas
por parte de mãe, Anita, minha prima, que também era minha
palavras, quando uma diz o que você quer.
colega de faculdade, Laura, minha vizinha do segundo andar,
Thomas Jefferson
Aldagisa, minha tia, mãe de Anita e Arlindo, seu marido.
O ponto e vírgula
Este utilíssimo sinal quase foi sepultado pela equivocada Ponto ou ponto e vírgula?
ligação da pontuação com as pausas da fala. Na antiga e fantasiosa
Use ponto e vírgula entre orações assindéticas
definição que afirmava que “a vírgula serve para assinalar uma
pausa, e um ponto, uma pausa maior”, cabia um papel muito triste Uma oração é assindética quando está relacionada à
ao ponto e vírgula: assinalar uma pausa maior do que a da vírgula anterior sem que haja entre elas uma conjunção explícita. Nesse
e menor do que a do ponto – o que quer que isso queira dizer. caso, a vírgula não pode ser usada, e você escolherá entre colocar
O incrível é que assim ele ainda é definido no dicionário um ponto ou um ponto e vírgula entre as duas orações. Embora
Aurélio e, mais espantoso ainda, no moderníssimo Houaiss. estejam corretas as duas opções, recomendamos a segunda por
Os usuários, desestimulados por essa personalidade tão vaga, seu valioso efeito retórico, pois o ponto e vírgula avisa o leitor de
praticamente abandonaram o ponto e vírgula, que muitos julgam ser que a frase está dividida em duas partes claramente identificáveis,
um sinal completamente supérfluo, servindo apenas como ornato mas relacionadas entre si para formar um pensamento completo.
nalinguagem dos pedantes.
A ideia equivocada de que o ponto e vírgula é apenas Em outras palavras, quando em frases desse tipo você usa
uma pausa maior do que a da vírgula e menor do que o ponto e vírgula em vez do ponto, obriga o leitor a perceber
a do ponto fez com que muitos deixassem de usar esse que o pensamento iniciou na maiúscula e prolongou-se até o
utilíssimo sinal gráfico. momento em que você o declarou encerrado com o ponto final.
Mesmo que o leitor não perceba exatamente qual o nexo entre
Clareza e legibilidade as duas partes, a presença do ponto e vírgula vai obrigá-lo a
pensar nisso.
No entanto, agora que a pontuação deixou de ser defendida
por sua relação com as pausas e passou a manter um vínculo cada Vou sortear outro jurado; este foi recusado pela acusação.
vez mais estreito com a sintaxe, o ponto e vírgula começou a ter Atentar para o clamor popular é uma coisa; condenar
funções tão específicas quanto úteis, tornando-se um recurso muito apenas para agradar à opinião pública é bem diferente.
eficiente para deixar o texto mais claro e mais legível. Ninguém pode Eu, de minha parte, não nego os fatos; o reclamante foi meu
se dar o luxo de dispensá-lo. empregado por cinco anos, mas nunca gerenciou a loja.
Anual – Volume 3 95
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
As conjunções pospositivas podem deslocar-se para o interior Nesse caso, o texto fica muito mais bem escrito se você
da segunda oração: aproveitar a característica mais importante desse tipo de conjunção,
A viúva não quer nada para si; o avô quer garantir, contudo, que é deslocabilidade, e recuá-la para o meio da frase. Assim,
um bom patrimônio para os dois netos. o parágrafo vai começar pelo sujeito, o que anuncia ao leitor,
Ele só conseguiu a soltura do preso para a próxima semana; é como vimos, qual será o tema discutido nas linhas seguintes.
melhor, portanto, impetrar um habeas corpus. O parágrafo anterior poderia ser reescrito da seguinte maneira:
Ele só conseguiu a soltura do preso para a próxima semana; é
melhor impetrar um habeas corpus, portanto. Nos países de Primeiro Mundo, contudo, a situação é
diferente, pois a economia é estável e os investimentos dos
É bom destacar alguns pontos importantes: fundos previdenciários são rigorosamente fiscalizados.
a) o ponto e vírgula não sai de sua posição; ele está ali para
assinalar o fim da primeira parte do período; Tudo agora fica mais claro para o leitor. Primeiro, você o
b) em seu lugar, seria também correta a utilização de um informa de que este parágrafo vai falar dos países do Primeiro
simples ponto, mas haveria, é claro, a perda daquele efeito Mundo; logo depois, com a conjunção adversativa “contudo”,
retórico que já descrevemos; deixa claro que as ideias que pretende desenvolver sobre o tema
c) a conjunção, uma vez deslocada, passa a ser tratada se opõem ao que foi dito no parágrafo anterior.
como uma intercalação comum, ficando obrigatoriamente
separada por vírgulas.
O encadeamento de dois parágrafos através do uso de
conjunções pospositivas é perfeitamente simétrico ao de
Nessas hipóteses, o ponto e vírgula assinala com perfeição duas orações. Além disso, ao movimentar a conjunção,
o fim da primeira parte do período; mas, ao contrário do você tem a vantagem de começar a frase pelo sujeito,
simples ponto, não interrompe o raciocínio. anunciando ao leitor o assunto que será tratado.
Os lugares do “pois” Sempre que puder, posponha a conjunção, para que ela
não fique evidente demais. Muitos leitores se queixam quando
Note que existem dois tipos de “pois”, com pontuações sentem que estão sendo conduzidos pelo autor, a golpes de
diferentes. O primeiro “pois” é explicativo, sinônimo de “porque”; conjunção:
o segundo é conclusivo, sinônimo de “portanto”: O aqui investigado admite as relações sexuais com a
Eles devem ter desistido da empreitada, pois nunca mais prima do investigante. Contudo, faz questão de deixar
entraram em contato conosco. (porque) claro que não foi o único a compartilhar de seu leito
Tudo foi feito conforme tinha sido previamente acordado de mulher solteira. Por conseguinte, não pode ser
conosco; não temos, pois, objeções à renovação do contrato apontado como pai da criança, pois a mãe fez uma
de locação. (portanto) verdadeira eleição do genitor, na qual infelizmente ele
saiu vencedor, pois usufrui de boa situação econômica.
A diferença entre eles fica marcada exatamente pela Portanto, repele a paternidade que lhe é imputada.
posição que ocupam na frase: o primeiro sempre virá no início da
oração que introduz; o segundo, para distinguir-se dele, sempre O uso acintoso de conjunções transmite autoritarismo
será pospositivo. Dessa forma, o primeiro é antecedido de vírgula, para com o leitor. Evite os excessos.
enquanto o segundo, por estar deslocado, virá sempre entre vírgulas.
Português para convencer: comunicação e persuasão em direito/Cláudio Moreno,
Túlio Martins, 2ª ed., São Paulo: Ática, 2011, p. 154-160.
O “pois” explicativo é antecedido por uma vírgula e
virá sempre no início da oração que introduz; o “pois”
conclusivo, equivalente a “portanto”, deve ser colocado ESPAÇO DA LEITURA
entre vírgulas.
POR QUE DEMARCAR?
96 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
recursos relacionados às políticas habitacionais voltadas às terras indígenas, recursos destinados a ações de etnodesenvolvimento,
fomento à produção indígena e assistência técnica agrícola em terras indígenas etc.). Especialmente nos estados e municípios
localizados em faixa de fronteira, a demarcação de terras indígenas garante uma maior presença e controle estatal nessas áreas
especialmente vulneráveis e, em muitos casos, de remoto acesso.
Conservação ambiental
Beneficiam-se, ademais, a sociedade nacional e mundial com a demarcação das terras indígenas, visto que tal medida protetiva
consolida e contribui para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade, bem como para o controle climático global, visto
que as terras indígenas representam as áreas mais protegidas ambientalmente (segundo dados PPCDAM - Plano de Prevenção e
Controle do Desmatamento na Amazônia, 2004-2012), localizadas em todos os biomas brasileiros. Assim, a demarcação de terras
indígenas também contribui para que seja garantida a toda a população brasileira e mundial um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, nos termos do art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Desmatamento médio
(2008-2012)
UC Federal 291,9
UC Estadual 353,7
Proposta de Redação
TEXTOS MOTIVADORES
(IFPE/2019.2)
Texto I
ÁREAS COM RISCO DE CONFLITO SOCIOAMBIENTAL NO BRASIL
Estudo traz mapeamento de 4.536 conflitos socioambientais latentes, locais onde atividades de mineração são vizinhas
de comunidades quilombolas, indígenas, assentamentos de trabalhadores rurais e áreas de proteção ambiental
Lançado no dia 10 de dezembro, o projeto jornalístico Latentes divulgou um estudo sobre os riscos de conflito socioambiental
relacionados à mineração em todo o Brasil. Foram mapeados 4.536 pontos de conflito socioambiental latente - nos quais áreas indígenas,
comunidades remanescentes de quilombolas, assentamentos e unidades de conservação são vizinhas ao extrativismo mineral. Foram
considerados 30.554 empreendimentos extrativistas legalizados no Brasil, georreferenciados a partir de informações da Agência Nacional
de Mineração ANM.
Anual – Volume 3 97
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
Unidade de
conservação Assentamento
1.079 3.029
24%
TOTAL
4.536
4% áreas em risco 67%
245
Área de conflito
5%
indígena
183
comunidade
quilombola
LÁZARO JR., José. “Próximas de mineração, 194 áreas correm risco de conflito socioambiental no Paraná”. Jornal Gazeta do Povo. Publicado em 20 dez. 2018.
Disponível em: <https://infograficos.gazetadopovo.com.br/meio-ambiente/areas-com-risco-de-conflito-socioambiental-no-brasil/>. Acesso em: 20 maio 2019. Adaptado.
Texto II
TERRAS INDÍGENAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS
De acordo com a Constituição Federal vigente. os povos indígenas detém o direito originário e o usufruto exclusivo sobre as
terras que tradicionalmente ocupam. As fases do procedimento demarcatório das terras tradicionalmente ocupadas, abaixo descritas,
são definidas por Decreto da Presidência da República e, atualmente, consistem em:
• Em estudo: é a fase de realização dos estudos antropológicos, históricos, fundiários, cartográficos e ambientais, que
fundamentam a identificação e a delimitação da terra indígena.
• Delimitadas: são as terras que tiveram os estudos aprovados pela Presidência da Funai, com a sua conclusão publicada no
Diário Oficial da União e do Estado, e que se encontram na fase do contraditório administrativo ou em análise pelo Ministério
da Justiça, para decisão acerca da expedição de Portaria Declaratória da posse tradicional indígena.
• Declaradas: são as terras que obtiveram a expedição da Portaria Declaratória pelo Ministro da Justiça e estão autorizadas
para serem demarcadas fisicamente, com a materialização dos marcos e o georreferenciamento.
• Homologadas: são as terras que possuem os seus limites materializados e georreferenciados, cuja demarcação administrativa
foi homologada por decreto Presidencial.
• Regularizadas: são as terras que, após o decreto de homologação, foram registradas em Cartório em nome da União e na
Secretaria do Patrimônio da União.
• Interditadas: são as áreas com restrições de uso e ingresso de terceiros, para a proteção de povos indígenas isolados.
QUANTIDADE DE
FASE DO PROCESSO SUPERFÍCIE (ha)
TERRAS
DELIMITADAS 44 2.184.522,4500
DECLARADAS 74 7.612.149,3759
HOMOLOGADAS 13 1.497.048,9576
98 Anual – Volume 3
Língua Portuguesa III LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS POR REGIÃO DO PAÍS
Área indígena
72
Assentamento Área indígena
627 44
Comunidade Unidade de Assentamento
Quilombola conservação
41 146 1412
Comunidade Unidade de
Quilombola conservação
74 200
Área indígena
44
Assentamento
354
Comunidade Unidade de
Quilombola conservação Área indígena
8 94 28
Assentamento
310
Comunidade Unidade de
Quilombola conservação
Área indígena 40 498
57
Assentamento
326
Comunidade Unidade de
Quilombola conservação
20 141
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Conflitos socioambientais:
desafios para assegurar a manutenção de terras demarcadas no Brasil.”, apresentando proposta de intervenção, que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.
Exercícios de Fixação
01. (Fundepes/2017) No contexto, os verbos destacados possuem valores semânticos do presente do indicativo e sugerem noções
A) de presente em relação a um fato passado.
B) que não se referem a um tempo específico.
C) que perduram depois do momento da fala.
D) corriqueiras, habituais ou repetitivas.
E) de futuro próximo ou indeterminado.
Anual – Volume 3 99
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa III
• Texto para a questão 02. O acento recai, sobretudo, na sua capacidade de fundar uma
comunidade emocional, de agir como conectores de um “nós”
Reprodução/Fundepes – Adaptada
nacional.
O segundo aspecto é relativo à separação que se
verifica, no contexto contemporâneo, dos vínculos que
pareciam indissoluvelmente ligar sociedade e estado nacional.
A relação identificatória entre estado-nação e sociedade
perdeu a obviedade e naturalidade, quando, no contexto
da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas de
socialidade completamente desvinculadas do estado-nação:
a “explosão” da complexidade social, no momento em que
outras agências de produção de significados (as religiões,
o mercado, a indústria cultural etc.) competem com o estado-
-nação, o que acaba por minar irreversivelmente sua centralidade
e capacidade de integração social.
Disponível em: <http://umvirgulacincoporcento.blogspot.com.br/>. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Ficção televisiva e identidade cultural da
Acesso em: 09 fev. 2017.
nação. In: Revista Alceu, nº 20. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2010, p. 11-12.
Disponível em: <http://revistaalceu.com.puc-rio.br>.
02. (Fundepes – Adaptada) No trecho do quadro, a vírgula foi
Acesso em: 21 jul. 2015. Adaptado.
empregada para:
A) separar oração intercalada.
04. (PUC-RJ)
B) separar a oração principal da subordinada.
C) separar orações pertencentes a uma mesma categoria. A) O texto apresenta duas visões distintas que, hoje,
D) separar termos de uma mesma função sintática. encontram-se relacionadas ao conceito de nação.
E) isolar adjuntos adverbiais deslocados. Estabeleça a diferença entre elas.
__________________________________________________
• Texto para a questão 03.
__________________________________________________
Se, na educação básica, ____ homogeneidade de conteúdos __________________________________________________
básicos é uma condição essencial de equidade e de cidadania, __________________________________________________
na educação superior ____ insistência em um “modelo único”
de universidade tem levado na prática ____ consolidação das B) Com relação ao trecho abaixo, faça o que é solicitado a
desigualdades e ____ desqualificação da grande maioria dos seguir.
estudantes e seus cursos, por contraste com um suposto padrão de
“qualidade” que precisaria ser melhor explicitado e compreendido. A relação identificatória entre estado-nação e sociedade
perdeu a obviedade e naturalidade, quando, no contexto
CORRÊA, S. B.; MASSON, M. A. C. Indivíduo, universidade e sociedade brasileira.
Brasília: EducaçãoBrasileira, 1995. p. 47. da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas
de socialidade completamente desvinculadas do estado-
03. (Fundepes/2017) Assinale a alternativa que completa, correta
-nação.
e respectivamente, as lacunas do texto.
A) à / à / a / à I) Justifique o emprego da forma verbal “tornaram-se” na
B) à / à / a / a 3ª pessoa do plural.
C) a / a / à / à _______________________________________________
D) a / à / à / à
_______________________________________________
E) a / a / a / à
_______________________________________________
• Texto para a questão 04. _______________________________________________
Há dois aspectos imprescindíveis a qualquer discurso que II) Reescreva o trecho, iniciando-o por “É possível que”.
queira, hoje, tratar do significado da nação.
Faça as modificações necessárias.
O primeiro é relativo à dimensão simbólica da ideia
de nação, entendida menos como território, mais como _______________________________________________
repertório de recursos identitários. Sobre o papel de constructo _______________________________________________
cultural e simbólico que a ideia de nação representa, temos _______________________________________________
autores que convergem sobre a arbitrariedade de sua gênese
(a nação como invenção histórica arbitrária, de Gellner; • Os textos a seguir se referem à questão 05.
como invenção da tradição, de Hobsbawm; como comunidade
imaginada, de Anderson). Porém, independentemente do ÚLTIMO TREM DA CANTAREIRA
reconhecimento de sua função ideológica ou de legitimação Estrada de ferro que ligava o centro da cidade à zona
política, o que hoje se enfatiza na ideia de nação é a forte
norte foi desativada em 1964.
carga simbólica e o caráter cultural que carrega. Dizer, então,
que os sentimentos de pertencimento são culturalmente O saudoso “trenzinho da Cantareira”, como era
construídos não significa necessariamente que eles se fundem carinhosamente chamado pelos paulistanos, fez sua última viagem
em manipulações mistificadoras ou subficções arbitrárias. há 50 anos, conforme noticiou, na época, o jornal O Estado.
B) Reescreva, de forma correta, o trecho que contém o erro DAMATTA, Roberto. O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”.
gramatical. O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 1884. P79-89. Adaptado.
__________________________________________________
__________________________________________________ 02. Ao afirmar ‘No Brasil, entre o “pode” e o “não pode”,
__________________________________________________ encontramos um “jeito”’, para a sustentação da sua tese,
o autor faz uso de duas estratégias argumentativas que podem
ser identificadas como:
Exercícios Propostos A) exemplificação e repetição de ideias.
B) postura objetiva e desconstrução de tese.
• Texto para a questão 01. C) generalização e inclusão do emissor no discurso.
D) autoquestionamento e conformidade.
FIM
Murilo Mendes
03. Ao estabelecer uma distinção entre o “Jeitinho” e o “Você
[...]
Eu preciso assistir ao fim do mundo sabe com quem está falando?”, o autor mostra que, em sua
para saber o que Deus quer comigo e com todos opinião, ambos são:
e para saciar minha sede de teatro. A) práticas que fazem uso da hierarquização como mecanismo
Disponível em: <http://artedofim.blogspot.com.br/2010/07/
de obtenção de benefícios.
fim_de_murilo?_mendes.html>. Acesso em: 10 fev. 2019. B) formas de evidenciar uma crítica clara aos sistemas das
instituições em geral.
01. (Fundepes/2017) Assinale a alternativa que apresenta uma C) meios regulamentados que solicitam a denúncia dos
reescritura do verso destacado no poema, sem danos à norma envolvidos nas práticas.
culta.
D) estratégias diferenciadas que visam a driblar regras ou
A) O fim do mundo, eu preciso ver-lhe.
mecanismos protocolares.
B) Eu quero presenciar ao fim do mundo.
C) Eu preciso constatar ao fim do mundo.
D) O fim do mundo, eu preciso assistir-lhe. 04. Em “Há sempre outra autoridade, ainda mais alta,”, o emprego
E) Ao fim do mundo, eu preciso assistir a ele. do singular na forma verbal em destaque deve-se:
A) à impessoalidade do verbo “haver” no contexto.
• Texto para a questão 02. B) à concordância entre o verbo e o sujeito “autoridade”.
No Brasil, entre o “pode” e o “não pode”, encontramos um C) ao emprego do advérbio sempre com sentido atemporal.
“jeito”, ou seja, uma forma de conciliar todos os interesses, criando D) ao sujeito desinencial subentendido pelo verbo “haver”.
uma relação aceitável entre o solicitante, o funcionário autoridade
e a lei universal. Geralmente, isso se dá quando as motivações 05. Na última frase do texto, o autor faz uso de uma ideia que
profundas de ambas as partes são conhecidas; ou imediatamente, confere à conclusão um sentido figurado que deve ser
quando ambos descobrem um elo em comum banal (torcer pelo
entendido como uma:
mesmo time) ou especial (um amigo comum, uma instituição pela
A) hipérbole.
qual ambos passaram ou o fato de se ter nascido na mesma cidade).
A verdade é que a invocação da relação pessoal, da regionalidade, B) metáfora.
do gosto, da religião e de outros fatores externos àquela situação C) antítese.
poderá provocar uma resolução satisfatória ou menos injusta. D) prosopopeia.
C-6 H-18, 22
Marco Aurélio garantiu a decisão do STF, que confirmou a Aula Como Elaborar o Título C-8 H-23, 27
constitucionalidade do artigo que estabelece os limites de gastos
13 e a Tese
com pessoal para os três poderes. A revisão promovida pelo
ministro Marco Aurélio favoreceu o governo, que corria o risco
de ficar impedido de aplicar cortes de despesas com folha de
pagamento previstas na lei, especialmente em relação aos Poderes Introdução
Legislativo e Judiciário no âmbito dos Estados e Municípios. Pontos relevantes em uma redação, o título e a tese são os
Existem ainda no STF outras cinco ações propostas pela desafios iniciais de um elaborador durante o processo de criação
oposição contra dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal. textual. Essa árdua tarefa se dá logo após o entendimento da
proposta e tipologia exigidas pela banca examinadora e necessita de
O Estado de S. Paulo, 12/10/2000.
algumas habilidades, como: criatividade e capacidade de sintetizar e
Nota: O título de “ministro” é dado aos juízes do Supremo julgar. Neste encontro, você terá informações mais específicas que
o ajudarão a lograr êxito nessa etapa da prova de redação.
Tribunal Federal.
A) No texto acima, ocorrem vários termos de jargão técnico que Importante:
remetem a diversas fases do andamento de um processo no • Toda dissertação se caracteriza, essencialmente, por uma
judiciário. Transcreva pelo menos três. tese. O texto pode até não apresentar um título, mas nunca
__________________________________________________ deixará de apresentar uma tese.
__________________________________________________ Título → Trata-se de um recurso de linguagem com
a finalidade de apresentar, resumidamente, um texto a um
B) O que os termos “retificação” e “revisão” informam sobre a examinador ou a um leitor.
participação do juiz Marco Aurélio de Mello no julgamento Nas redações de exames, os títulos geralmente são
da questão? opcionais, fato que ocorre no Enem. Porém, quando há
__________________________________________________ obrigatoriedade desse recurso, a banca coloca em letras garrafais
__________________________________________________ tal informação: “Dê um título a seu texto”. Há, também,
casos em que a banca dá um título expresso ao candidato,
C) Do que trata o artigo 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal? devendo este, obrigatoriamente, ser colocado, na linha 1 (um),
Responda, com base no texto. centralizado, ou em um local específico para ele. Já no caso de
__________________________________________________ o elaborador criar o próprio título, é determinante que aquele
__________________________________________________ siga algumas instruções. Veja:
Tese → é o posicionamento ou ponto de vista do participante diante do tema e da situação-problema apresentada nos textos
motivadores. Trata-se da ideia que você vai defender, devendo estar relacionada ao tema e apoiada em argumentos ao longo do texto.
Sua tese deve ser apresentada logo no primeiro parágrafo (introdução), em forma de período simples ou composto.
Observe o modelo:
O aumento dos casos de dengue, no Brasil, não pode ser visto, hodiernamente, como um mero problema de saúde.
Trata-se de uma grave questão social cujo combate requer medidas eficazes.
Urge, pois, que o poder público se mobilize no sentido de superar esse desafio.
Legendas
– Apresentação do tema
– Tese
– Fechamento do parágrafo
Para construir uma boa tese, são necessárias algumas ações, tais como:
Fazer uma ampla pesquisa sobre o tema a ser discutido;
Coletar informações e transformá-las em argumentos que sustentem sua tese;
Reconhecer as diferentes opiniões sobre o tema e usá-las a seu favor;
Elencar fatos e a partir deles criar uma tese;
Distinguir juízo de fato × juízo de valor.
Juízo
É notório que o acesso à saúde pública, no Brasil hodierno, é um desafio que compromete o bem-estar social. Isso se
deve, sobretudo, à elevada demanda por atendimentos e à ausência de profissionais, especialmente, nos Interiores do país. Dessa
maneira, é de substancial relevância que o Poder Público e as mídias realizem providências cabíveis.
Sob esse viés, a crescente demanda por atendimento na saúde pública é um desafio para atender às necessidades da sociedade,
uma vez que, diante da falta de infraestrutura e esclarecimento informacional, essencialmente nas periferias dos grandes centros urbanos,
o cidadão fica suscetível à contaminação de parasitoses, por exemplo. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha em parceria com o
Conselho Federal de Medicina, 44% dos entrevistados esperavam há mais de um ano para agendar uma cirurgia e 19% aguardavam
há dois meses ou mais por consulta ou atendimento médico. Em razão disso, a proliferação de doenças aumenta vertiginosamente,
ocasionando superlotação nos atendimentos de saúde e instabilidade social.
Outrossim, a falta de profissionais, notadamente nos Interiores do Brasil, dificulta o acesso do indivíduo a um atendimento
de saúde de qualidade. Quando foi criado pela Constituição de 1988, o SUS tinha como base os princípios da universalidade,
integralidade e equidade, mas a prática é completamente diferente. Falta infraestrutura tecnológica nas regiões interioranas e é
escasso o número de médicos dispostos a lidar com esse inconveniente. Em consequência disso, a população sofre com o descaso
público, o qual gera longas e infindáveis filas de espera, comprometendo o bem-estar social.
Destarte, é de fulcral relevância o combate aos desafios do acesso à saúde gratuita. Para tanto, o Poder Público, em conjunto
com as mídias, deve intensificar as políticas de profilaxia, por meio de campanhas e palestras ministradas por profissionais de endemias,
além de compartilhar postagens nas redes sociais e promover melhorias estruturais de saneamento básico, a fim de conscientizar a
população sobre os riscos e, assim, reduzir os casos de doenças e suprir a demanda no atendimento. Ademais, urge que as secretarias
municipais busquem verbas para a aquisição de aparelhos modernos, com o intuito de melhorar a oferta de consultas e internamentos,
a fim de mitigar a superlotação.
Otávio Lopes FB Med.
ARG. 1 (CAUSA):_______________
CAUSA 1: _______________________
REPERTÓRIO 1: __________________
ARG. 2 (CAUSA):_______________
CAUSA 2: _______________________
REPERTÓRIO 2: __________________
SOLUÇÃO:
1. AGENTE: _____________________________________________________________________________________________________
2. AÇÃO: _______________________________________________________________________________________________________
3. DETALHAMENTO: _____________________________________________________________________________________________
4. MEIO: ________________________________________________________________________________________________________
5. FINALIDADE/EFEITO: __________________________________________________________________________________________
Respostas:
5. Finalidade: Conscientizar/contratar mais profissionais.
4. Meio: Campanhas e palestras de conscientização.
3. Detalhamento: Postagens em redes sociais.
profissionais.
2. Ação: Políticas de profilaxia e ampliação do número de
1. Agente: Poder público.
Solução:
Federal de Medicina.
Repertório 1: Instituto Datafolha em parceria com o Conselho
Causa 1: Susceptibilidade à contaminação por parasitose.
Arg. 1 (desafio): Grande demanda por atendimento.
bem-estar.
Tese (negativa): O precário acesso à saúde compromete o
Fabrice Coffrini/AFP
caminho.
3) Quando ele for usado antes do verbo regente:
Ao chegarem ao colégio, os alunos entraram em forma.
4) Quando ele iniciar uma oração que represente sujeito do verbo
“parecer”, usado no singular:
As estrelas parecia brilharem com mais intensidade.
5) Quando ele estiver muito distante do verbo regente, para efeito
de clareza:
Deixem as pobres crianças desta escola brincarem.
Disponível em : <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/07/para-3-em-cada-10-brasileiros-pais-nunca-deve-violar-lei-de-direitos-humanos.shtml>.
Proposta de Redação
TEXTOS MOTIVADORES
(IFPE/2018.2)
Texto I
A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
Os direitos humanos consistem em direitos naturais garantidos a todo e qualquer indivíduo, e que devem ser universais,
isto é, se estender a pessoas de todos os povos e nações, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, nacionalidade ou
posicionamento político.
São exemplos de direitos humanos o direito à vida, à integridade física, à dignidade, entre outros. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos foi criada com a liderança da Organização das Nações Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial.
No Brasil, os direitos humanos são garantidos na Constituição Federal de 1988, a qual garante os direitos civis, políticos, econômicos,
sociais e culturais dos nossos cidadãos. Essas garantias aparecem, por exemplo, logo no primeiro artigo, em que é estabelecido o
principio da cidadania, da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho. Já no artigo 5º, é estabelecido o direito à vida,
à privacidade, à igualdade, à liberdade e outros importantes direitos fundamentais, sejam eles individuais ou coletivos.
Disponível em: <http://www.politize.com.br/direitos-humanos-no-brasil/>. Acesso em: 10 maio 2018. Adaptado.
Texto II
VIOLAÇÕES CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES FORAM AS MAIS DENUNCIADAS NO DISQUE 100
A Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu 133.061 mil denúncias de violação de direitos humanos no ano de 2016.
O módulo Crianças e Adolescentes lidera a quantidade de ligações que o Disque Direitos Humanos - Disque 100 - registra, somando
76 mil atendimentos, 58% do total. Pessoa Idosa (32.632) e com Deficiência (9.011) ocupam, respectivamente, o segundo e terceiro
lugar no recebimento de denúncias.
1,21% 0,7%
0,65%
8,19%
Crianças e adolescentes: 58,91%
Outros: 3,86%
Reprodução/IFPE 2018.2
Disponível em: <http://valdecyalves.blogspot.com.br/2015/12/10-de-dezembro-de-2015-dia.html>.
Acesso em: 10 maio 2018. Adaptado.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Como garantir o cumprimento
dos direitos humanos no Brasil?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Exercícios de Fixação
NICK VUJICIC: AUSTRALIANO SEM BRAÇOS E PERNAS PASSARÁ EM 5 CIDADES DO BRASIL EM OUTUBRO DE 2016
Histórias de superação são sempre fascinantes, porque nos mostram que vencer as dificuldades, por piores que elas sejam,
é possível. A incrível e emocionante vida do australiano Nick Vujicic já tinha sido transformada em livros, e agora ele chega com uma
turnê ao vivo entre 3 e 8 de outubro no Brasil. Já estão confirmadas as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Nick Vujicic nasceu sem pernas e sem braços devido a uma síndrome rara, denominada tetra-amelia, que ocorre por falha na
formação embrionária. Apesar de suas limitações, aprendeu a escrever com a boca, a digitar, nadar, mergulhar, surfar, jogar futebol, andar
de skate, jogar golfe... Formou-se em Economia e Contabilidade, casou-se e é pai. Não satisfeito, tornou-se palestrante motivacional e
escritor best-seller. Já falou para mais de seis milhões de pessoas, em 50 países, sendo sempre ovacionado pelo público.
“Sabe por que consigo fazer tudo isso? Porque não tenho medo de dificuldades e me esforço bastante!”, conta Nick, no
seu livro Me Dá Um Abraço, lançado pela editora Mundo Cristão. Em oito capítulos ricamente ilustrados, o autor narra alguns
acontecimentos que mais marcaram sua vida, sempre ressaltando a importância do amor e dos gestos daqueles que influenciaram
positivamente sua trajetória. Logo no primeiro capítulo ele traz o emocionante relato sobre um encontro com uma garotinha de
três anos de idade, que o olhava espantada, mas que, para a surpresa dele, aproximou-se para abraçá-lo com os braços para trás.
“Que jeito mais especial de abraçar! Esticou o pescoço, apoiou a cabeça em meu ombro e pressionou seu pescoço de leve contra o
meu. Nós nos abraçamos como duas girafas”, escreveu.
01. (Consulplan) É possível identificar elementos que constituem um discurso subjetivo em:
A) “Formou-se em Economia e Contabilidade, casou-se e é pai.” (2º§)
B) “[...] conta Nick, no seu livro Me Dá Um Abraço, lançado pela editora Mundo Cristão.” (3º§)
C) “Histórias de superação são sempre fascinantes, porque nos mostram que vencer as dificuldades, por piores que elas sejam, é
possível.” (1º§)
D) “Nick Vujicic nasceu sem pernas e sem braços devido a uma síndrome rara, denominada tetra-amelia, que ocorre por falha na
formação embrionária.” (2º§)
A) adição B) adversidade
C) concessão D) ratificação
E) ressalva
Regência Verbal – Parte III
07. (Consulplan) É possível constatar no texto o emprego de uma
variedade linguística informal através das expressões “bolada”
e “cabreiro”, por exemplo. Ocorre, porém, que também é
possível reconhecer o emprego da variedade culta ultraformal
da língua através da expressão vista no trecho: Aula 14:
Só é percebido que este parágrafo se liga à introdução A moral de uma época nunca pode desvencilhar-se do
porque um vem seguido do outro, isto é, justapostos. Isso constitui momento histórico. As normas sociais consideradas coerentes
risco à textualidade. É importante mostrar como isso é feito: e, por vezes, despercebidas por alguns não aceitam distorções
emprega-se um elo de coesão no início, no meio ou no final do e necessitam de influências para mudar.
primeiro período do segundo parágrafo, e, a título de exemplo, Nesse sentido, observa-se uma constante mudança de
sugere-se o articulador / marcador textual “nesse sentido” costumes no Brasil desde a chegada dos portugueses. Os índios,
(o sentido do que foi tratado no primeiro parágrafo, retomando a com a vida igualitária e as poucas vestes, foram aculturados pela
ideia ali contida), assim: postura católica de então, que considerava imoral e herético
esse modo de viver.
Observa-se nesse sentido uma constante mudança de Por outro lado, vive-se uma moral efêmera e manipulada
costumes no Brasil desde a chegada dos portugueses. Os índios, devido às rápidas mudanças deste século. O avanço nas
com a vida igualitária e as poucas vestes, foram aculturados telecomunicações influencia nesse processo em nível global,
pela postura católica de então, que considerava imoral e herege faz com que as culturas se mesclem e deem origem a várias
esse modo de viver. transformações culturais.
Assim, não se podem adotar posturas radicais para
O articulador/marcador textual poderia ficar no início do influências estrangeiras nem nacionalismos exagerados.
parágrafo e a reescrita seria: É preciso assumir uma postura crítica, ser coerente e atencioso
para descobrir os benefícios e os prejuízos dessa nova moral.
Nesse sentido, observa-se uma constante mudança
de costumes ... Chega-se à avaliação verificando se o resumo implícito nos
tópicos frasais dos parágrafos constitui uma síntese do texto, assim:
O terceiro parágrafo da composição, e segundo do
desenvolvimento, é: A moral de uma época nunca pode desvencilhar-se
do momento histórico. Nesse sentido, observa-se uma
Vive-se uma moral efêmera e manipulada devido às constante mudança de costumes no Brasil desde a chegada
rápidas mudanças deste século. O avanço das telecomunicações dos portugueses. Por outro lado, vive-se uma moral efêmera
influencia esse processo em nível global, faz com que as e manipulada devido às rápidas mudanças deste século.
culturas se mesclem e deem origem a várias transformações Assim, não se podem adotar posturas radicais para influências
culturais. estrangeiras nem nacionalismos exagerados.
Sugere-se o marcador/articulador textual “por outro A convergência entre resumo e texto comprova a qualidade
lado” devido às informações do terceiro parágrafo, além de e a textualidade da redação, o que garante boa estratégia
complementarem as do segundo, se opõem, em períodos distintos. argumentativa.
E o parágrafo seria reescrito, assim:
SKEFF, Alvisto. Curso Interativo de Redação. 1ª. edição, 1988.
Edições Demócrito Rocha, p. 278; 323-330
ARG. 1 (CAUSA):_______________
CAUSA 1: _______________________
REPERTÓRIO 1: __________________
ARG. 2 (CAUSA):_______________
CAUSA 2: _______________________
REPERTÓRIO 2: __________________
SOLUÇÃO:
1. AGENTE: ______________________________________________________________________________________________________
2. AÇÃO: ________________________________________________________________________________________________________
3. DETALHAMENTO: _____________________________________________________________________________________________
4. MEIO: ________________________________________________________________________________________________________
5. FINALIDADE/EFEITO: ___________________________________________________________________________________________
Respostas:
5. Finalidade: Ácompanhamento dos atos.
4. Meio: Diálogo com a Universidade.
3. Detalhamento: Incentivo ao trote dentro da instituição.
2. Ação: Deve-se informar sobre a recepção de novatos.
1. Agente: Família.
Solução:
Proposta de Redação
TEXTOS MOTIVADORES
(Enem 2ª – Aplicação)
Texto I
A beleza parece caminhar em uma linha tênue entre as escolhas do indivíduo e a imposição coletiva. Se, por um lado, cada um
pode buscar a beleza da maneira que considerar melhor para si, por outro, cuidar da beleza torna-se um imperativo. Modelos funcionam
como fonte de comparação social e a exposição às imagens idealizadas da mídia tem como efeito uma redução no nível de satisfação dos
indivíduos com relação à própria imagem Este processo de comparação social também influencia fortemente a autoestima do indivíduo.
A percepção de uma discrepância acentuada entre o eu real e o eu ideal gera ansiedade e sentimento de insatisfação com relação ao
seu autoconceito e, consequentemente, uma redução na sua autoestima Na tentativa de atingir um ideal estético socialmente aceito,
muitos se dedicam a uma luta incansável para esculpir o corpo perfeito e aproximar-se de um padrão de beleza.
FONTES, O. A.; BORELLI, F. C.; CASOTTI, L. M. Como ser homem e ser belo? Um estudo exploratório sobre a relação entre masculinidade e o consumo de beleza.
Disponível em: http://seer.ufrgs.br Acesso em: 22 jun. 2015. Adaptado.
Texto II
Reprodução/Enem 2017
Texto III
Os transtornos alimentares mais relevantes em nosso contexto sociocultural são a anorexia e a bulimia nervosas. A anorexia
nervosa se caracteriza pelo pavor descabido e inexplicável que a pessoa tem de engordar, com grave distorção da sua imagem
corporal. Para atingir esse padrão de “beleza” inatingível, o anoréxico se submete a regimes alimentares bastante rigorosos e
agressivos. Já a bulimia nervosa se caracteriza pela ingestão compulsiva e exagerada de alimentos, geralmente muito calóricos,
seguida por um enorme sentimento de culpa em função dos ‘excessos* cometidos. Não podemos perder de vista que a formação
da autoimagem corporal de cada pessoa está fortemente influenciada pela maneira como a sociedade “impõe” o que é ter um
corpo esteticamente apreciável.
SILVA, A. B. B. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Adaptado.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Consequências da busca por padrões
de beleza idealizados”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Enem 2017, 2ª Aplicação.
Exercícios de Fixação
01. (Unicamp) Em transmissão de um jornal noturno televisivo (RedeTV, 7/10/2008), um jornalista afirmou: “Não há uma só medida
que o governo possa tomar.”
A) Considerando que há duas possibilidades de interpretação do enunciado acima, construa uma paráfrase para cada sentido
possível de modo a explicitá-los.
B) Compare o enunciado citado com: Não há uma medida que só o governo possa tomar. O termo ‘só’ tem papel fundamental na
interpretação de um e outro enunciado. Descreva como funciona o termo em cada um dos enunciados. Explique.
02. (Unicamp) A comunidade do Orkut “Eu tenho medo do Mesmo” foi criada em função do aviso bastante conhecido dos usuários
de elevadores: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.
Reprodução/Unicamp
A) Explique o que torna possível o jogo de palavras “Mesmo, o maníaco dos elevadores” usado pelos membros dessa comunidade.
B) Reescreva o aviso de forma que essa leitura não seja mais possível.
Reprodução/Unicamp
B) Identifique pelo menos duas possibilidades de leitura de
“sua obra” e justifique cada uma delas.
1. afinidade moral, similitude no sentir e no pensar que 05. (Unicamp) O texto abaixo é parte de uma campanha promovida
aproxima duas ou mais pessoas. [ ... ] 3. Impressão agradável, pela ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas).
disposição favorável que se experimenta em relação a alguém
que pouco se conhece. [ ... ] 6. atração por uma coisa ou
uma ideia. [ ... ] 9. Brasileirismo: usada como interlocutório SURFAMOS A INTERNET, NADAMOS EM REVISTAS
pessoal (– qual o seu nome, simpatia?). 10. Brasileirismo: A Internet empolga. Revistas envolvem.
ação (observação de algum ritual, uso de um determinado
A Internet agarra. Revistas abraçam.
objeto etc.) praticada supersticiosamente com finalidade de
conseguir algo que se deseja. A Internet é passageira. Revistas são permanentes.
A) Dentre as definições do Dicionário Houaiss mencionadas, E essas duas mídias estão crescendo.
qual é a mais próxima do sentido da palavra “simpatia” no
texto? Um dado que passou quase despercebido em meio ao
barulho da Internet foi o fato de que a circulação de revistas
aumentou nos últimos cinco anos. Mesmo na era da Internet,
o apelo das revistas segue crescendo. Pense nisto: o Google
B) Há, no texto, duas ocorrências de “desvendar”, sendo que existe há 12 anos. Durante esse período, o número de títulos
uma delas não coincide com o uso padrão desse termo. de revistas no Brasil cresceu 234%. Isso demonstra que uma
Qual é, e por quê? mídia nova não substitui uma mídia que já existe. Uma mídia
estabelecida tem a capacidade de seguir prosperando, ao
oferecer uma experiência única. É por isso que as pessoas não
deixam de nadar só porque gostam de surfar.
C) Independentemente do título, algumas características da
Imprensa, nº 267, maio 2011, p. 17. Adaptado.
segunda parte do texto são de uma oração ou prece ou reza.
Quais são essas características?
A) O verbo “surfar” pode ser usado como transitivo ou
intransitivo. Exemplifique cada um desses usos com
enunciados que aparecem no texto da campanha.
Indique, justificando, em qual desses usos o verbo assume
04. (Unicamp) Em sua coluna na Folha Ilustrada, Mônica Bergamo um sentido necessariamente figurado.
comenta o curta-metragem previsto para ser lançado em
novembro de 2003 – Um Caffé com o Miécio. Transcrevemos
parte da coluna a seguir:
(...) Quando ouvia a trilha sonora do curta Um Caffé B) Que relação pode ser estabelecida entre o título da
com o Miécio, que Carlos Adriano finaliza sobre o caricaturista, campanha e o trecho reproduzido a seguir? Como essa
colecionador de discos e estudioso Miécio Caffé (1920-2003), relação é sustentada dentro da campanha?
Caetano Veloso se encantou por uma música específica.
Era a desconhecida marchinha “A Voz do Povo”, de A Internet empolga. Revistas envolvem.
Malfitano e Frazão, que Orlando Silva gravou em 1940, cuja A Internet agarra. Revistas abraçam.
letra diz “que raiva danada que eu tenho do povo, que não A Internet é passageira. Revistas são permanentes.
me deixa ser original”. “É um manifesto, como sua obra”,
disse o músico baiano ao cineasta paulistano.
Mônica Bergamo, Folha de S. Paulo, 11/10/2003, p. E2. Adaptado.
A) Explique o que o autor identifica como “um interessante B) A partir do trecho transcrito, pode-se dizer que o folheto
toma posição numa polêmica que tem um aspecto
paradoxo”.
ético-religioso e um aspecto científico. Qual é a questão
ético-religiosa da polêmica? Qual é a questão científica?
10. (Unicamp) Em setembro de 2003, uma universidade brasileira veiculou um convite-propaganda para a palestra “Desenvolvimento
da saúde e seus principais problemas”, que seria proferida por José Serra, ex-ministro da saúde. Do convite-propaganda fazia parte
uma foto de José Serra sobre a qual foi colocada uma tarja branca com o seguinte enunciado:
A “Universidade X “Adverte:
ESSA PALESTRA FAZ BEM À SAÚDE
Aula 15:
C-6 H-18, 22
Aula C-8 H-23, 27
A Articulação do Texto Dissertativo-Argumentativo
15
Introdução
A articulação das ideias de um texto em um todo enunciativo se caracteriza por meio da coesão e de seus mecanismos
(pronomes, advérbios, relações semânticas...). Tal recurso, responsável pela ligação de ideias, é avaliado, na prova do Enem,
na Competência IV – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação – e para
mais esclarecimento, destacamos as informações presentes no Guia de Redação do Enem. Observe o quadro abaixo:
Nível 0
Ausência de marcas de articulação, resultando em fragmentação das ideias;
0 pontos
Nível 1
Articula as partes do texto de forma precária;
40 pontos
Nível 2 Articula as partes do texto, de forma insuficiente, com muitas inadequações e apresenta repertório limitado de
80 pontos recursos coesivos;
Nível 3 Articula as partes do texto, de forma mediana, com inadequações e apresenta repertório pouco diversificado de
120 pontos recursos coesivos;
Nível 4
Articula as partes do texto com poucas inadequações e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos;
160 pontos
Nível 5
Articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos.
200 pontos
Coesão referencial
A coesão referencial é aquela que se estabelece entre dois ou mais componentes da superfície textual que remetem a (ou permitem
recuperar) um mesmo referente (que pode, evidentemente, ser acrescido de outros traços que se lhe vão agregando textualmente).
A coesão referencial ocorre quando um componente da superfície textual é retomado (anáfora) ou precedido (catáfora)
por um pronome, verbo, advérbio ou quantificadores que substituem outros elementos do texto. Em outras palavras, esse tipo de
coesão é feito pela citação de elementos que já apareceram ou vão aparecer, no próprio texto. Para a efetivação dessas citações,
são utilizados pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos ou expressões adverbiais. Esses recursos tanto podem se referir,
por antecipação, a elementos que serão citados na sequência do texto, quanto podem retomar elementos já citados no texto ou
que são facilmente identificáveis pelo leitor.
Exemplo de coesão referencial:
A prática de violência contra as mulheres, no Brasil, apresenta um índice elevado, o que é preocupante. Com isso, a fim
de minimizar as consequências dessa ação nefasta, foi aprovada a Lei Maria da Penha.
Ex.: As famosas capas sem manchetes da Revista X já não existem, pois elas foram proibidas pelo editorial da empresa.
B. Catáfora: ocorre quando o elemento referente do texto é precedido (antecipado) por um pronome, verbo, advérbio ou quantificadores
que substituem outros elementos do texto.
Ex.: Isto é inaceitável em nosso meio, uma vez que a negligência na Saúde atrasa o Brasil.
C. Coesão por Elipse (Ø): é uma estratégia que permite a omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já tenham sido citados
anteriormente. Algumas vezes, essa omissão é marcada por uma vírgula. Pronomes, verbos, nomes e frases inteiras podem estar
omissos.
Ex.: No Brasil, a mulher é muito discriminada, sobretudo, a Ø negra.
D. Coesão Lexical: a coesão pode ser lexical, ou seja, por meio do léxico: hiperônimos, sinônimos, nomes genéricos, expressões
nominais definidas, repetição do mesmo item lexical e nominalizações.
Ex.: O Zika vírus tem causado grande preocupação à comunidade científica, já que há suspeitas da relação desse agente etiológico
com os casos de microcefalia registrados no Brasil.
Em verdade, ___________
__________________________. No 3º parágrafo, os conectivos ligam as ideias
Nesse contexto, ____________ do parágrafo anterior aos novos períodos
__________________________ do parágrafo.
__________________________.
Coesão interfrásica
Há também a coesão interfrásica, que designa mecanismos de sequenciação que marcam diversos tipos de interdependência
entre as frases que ocorrem em um texto. Basicamente, a conexão interfrásica é assegurada por conectores: conjunções, advérbios,
locuções conjuncionais, locuções adverbiais, preposições, locuções prepositivas, expressões adjetivas ou orações completas.
Ex.: Em São Paulo, os brasileiros fizeram um protesto contra a corrupção praticada no Congresso Nacional, porque a consideram o
principal elemento do constante atraso social em nosso meio. Diante disso, o ministro da Segurança veio a público e considerou
a manifestação um ato democrático, uma vez que este julga essencial e legítima a participação popular para a construção
do País.
Erros graves na Competência IV
I. Período truncado: um enunciado incompleto, que carece do emprego de elementos gramaticais para a conclusão do pensamento.
Ex.: “Alguns dias atrás, assistindo a um noticiário na tevê, tomei conhecimento de que um grupo de rapazes, que se encontrava
em uma rua para se divertir, apostando corridas de carros e quem seria o melhor, ou seja, o mais rápido. Por isso, é bom
evitar acidentes.”
II. Conector inadequado: uso de um elemento de ligação impróprio, inadequado para relacionar frases, parágrafos no texto.
Ex.: “Eu sou um grande jogador onde sempre sei que vou fazer uma jogada de craque.”
III. Quebra da sequência lógica discursiva: é vista como uma descontinuidade da ideia (salto temático) que vinha sendo tratada
anteriormente no texto.
Ex.: “Nós, brasileiros, sofremos preconceitos de nós mesmos, se não começarmos a nos valorizar e querer melhorar o nosso
país, tudo continuará do mesmo jeito, todos nós seremos uns europeus frustrados.”
IV. Má ordenação das ideias ou dos parágrafos: é a apresentação, por exemplo, de uma conclusão antes das demais partes do
texto, por falta de um planejamento de ideias.
Ex.: “O que preocupa Portugal, país de língua que originou a nossa, porque os portugueses não querem ver o léxico
do país que eles colonizaram ficar “americanizado”, é o governo brasileiro não tomar nenhuma providência para
proibir o uso exagerado de estrangeirismos no país.”
V. Quebra do paralelismo sintático: fenômeno linguístico caracterizado pela falta de correspondência estrutural no enunciado.
Ex.: “Não é somente o povo acolhedor, mas também as belíssimas praias, calor e diversas opções de lazer fazem do
Ceará um dos lugares mais escolhidos no Brasil para o turismo.”
VI. Quebra do paralelismo semântico: fenômeno linguístico caracterizado pela falta de correspondência de significado entre os
elementos do enunciado.
Ex.: “Se não houvesse tanta corrupção, muitas áreas seriam beneficiadas, como a construção de hospitais, escolas e alimentação
farta aos carentes.”
Ideias Conectores
Adição /soma / E, também, mas também, além disso, outrossim, ademais, diante disso, com isso, ainda, nesse sentido, nesse contexto,
continuidade para tanto, nessa perspectiva, nesse âmbito, no que tange a, em face disso...
Explicação /
Pois, porque, uma vez que, devido a, já que, como, que, por causa de, por isso, em verdade, com efeito, em virtude
justificativa /
disso, por meio de, por intermédio de...
causa
Oposição / Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, mesmo que, ainda que, posto que, apesar de que,
concessão não obstante, a despeito...
Conclusão Portanto, logo, desse modo, dessa maneira, destarte, por conseguinte, pois...
ESTUDO DE CASO
No Brasil, a prática da automedicação surgiu com os índios, os quais produziam substâncias voltadas para a solução de suas
enfermidades. Mais de quatrocentos anos depois, tal prática, embora perigosa, tem-se intensificado em boa parte da sociedade brasileira
devido à falta de informação e de fiscalização, o que deve ser combatido urgentemente em razão de suas graves consequências. Para
isso, é primordial a participação do Poder Público e da população nesse combate.
Efetivamente, entre os males da automedicação, está a possibilidade do aparecimento de diversos tipos de câncer, como o de
estômago, pâncreas, fígado; o aumento de resistência de bactérias a tratamentos com antibióticos e a redução da imunidade. Além disso,
esse ato contribui para o maior número de internações e mais gastos para a cura de pacientes, o que ocorre tanto no sistema público
de saúde quanto na rede privada. Diante de tão graves problemas, por que ainda persiste a prática de automedicar-se? Certamente,
a desinformação e a falta de fiscalização por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) são as causas principais dessa
persistência.
Com efeito, uma das razões desse mau hábito é o fato de milhares de brasileiros desconhecerem os perigos da automedicação,
já que a sazonalidade de campanhas educativas sobre o tema, normalmente, contribui para isso. Pouco se debate esse assunto, por
exemplo, em âmbitos laborais, escolares, midiáticos. Outras são deficiências no Sistema Único de Saúde (SUS), visto que, principalmente
no atendimento primário do qual fazem parte postos de saúde, revela-se nestes um modelo burocrático que dificulta a marcação de
consultas e gera longas filas, o que se deve também ao número reduzido de médicos. Há de se registrar inclusive a falta de medicamentos
nas farmácias desses postos.
Portanto, urge combater a automedicação no Brasil. Para isso, é preciso que o Ministério da Saúde, com apoio de secretarias
estaduais e municipais, direcione mais verbas, por meio de previsão orçamentária, para ampliar a oferta de médicos, abastecer os
postos de saúde com os necessários medicamentos e desburocratizar atendimentos. É necessário ainda que o Poder Público intensifique
as campanhas educativas, especialmente em mídias de longo alcance, esclarecendo a população mais humilde sobre os riscos da
automedicação. Desse modo, a saúde da população estará resguardada.
ARG. 1 (CAUSA):_______________
CAUSA 1: _______________________
REPERTÓRIO 1: __________________
ARG. 2 (CAUSA):_______________
CAUSA 2: _______________________
REPERTÓRIO 2: __________________
SOLUÇÃO:
1. AGENTE: ______________________________________________________________________________________________________
2. AÇÃO: ________________________________________________________________________________________________________
3. DETALHAMENTO: _____________________________________________________________________________________________
4. MEIO: ________________________________________________________________________________________________________
5. FINALIDADE/EFEITO: ___________________________________________________________________________________________
Respostas:
automedicação.
5. Finalidade: Orientar e conscientizar sobre os riscos da
4. Meio: Campanhas e palestras de conscientização.
3. Detalhamento: Divulgação, postagens nas redes sociais.
2. Ação: Ampliar a oferta de médicos / abastecer postos.
1. Agente: Ministério da Saúde.
Solução:
Repertório 2: SUS.
Causa 2: Automedicação.
conscientização / pouca oferta de médicos.
Arg. 2 (desafio): A sazonalidade de campanhas de
Repertório 1: ANVISA.
Causa 1: Surgimento de doenças graves e superbactérias.
Arg. 1 (desafio): Falta de informação.
Fique de Olho
As conjunções coordenativas unem elementos de mesma Adjetivas: desempenham a função de adjetivo, restringindo
natureza (substantivo + substantivo; adjetivo + adjetivo; o sentido do substantivo a que se referem, ou simplesmente lhe
advérbio + advérbio; e oração + oração). Em períodos, as orações acrescentando outra característica. São introduzidas pelos pronomes
por elas introduzidas recebem a mesma classificação, a saber: relativos que, o (a) qual, quem, quanto, cujo, como, onde,
quando. Podem ser, portanto:
Aditivas: relacionam pensamentos similares. São duas:
e e nem. A primeira une duas afirmações; a segunda, a) Restritivas:
duas negações. Só poderão inscrever-se os candidatos que preencheram todos
O Embaixador compareceu à reunião e manifestou o os requisitos para o concurso.
interesse do seu governo no assunto. b) Não restritivas (ou explicativas)
O Embaixador não compareceu à reunião, nem manifestou O Presidente da República, que tem competência exclusiva nessa
o interesse de seu governo no assunto. matéria, decidiu encaminhar o projeto.
Adversativas: relacionam pensamentos que se opõem Observe que o fato de a oração adjetiva restringir, ou não,
ou contrastam. A conjunção adversativa por excelência é “mas”. o substantivo (nome ou pronome) a que se refere repercute na
Outras palavras também têm força adversativa na relação entre pontuação. Na frase de a), a oração adjetiva especifica que não
ideias: porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. são todos os candidatos que poderão inscrever-se, mas somente
O piloto gosta de automóveis, mas prefere deslocar-se em aqueles que preencherem todos os requisitos para o concurso.
aviões. Como se verifica pelo exemplo, as orações adjetivas restritivas
O piloto gosta de automóveis; prefere, porém, deslocar-se não são pontuadas com vírgula em seu início. Já em b) temos o
em aviões. exemplo contrário: como só há um Presidente da República, a
Alternativas: relacionam pensamentos que se excluem. oração adjetiva não pode especificá-lo, mas apenas agregar alguma
As conjunções alternativas mais utilizadas são: ou, quer...quer, característica ou atributo dele. Este segundo tipo de oração vem,
ora...ora, já...já. obrigatoriamente, precedido por vírgula anteposta ao pronome
O Presidente irá ao encontro (ou) de automóvel, ou de avião. relativo que a introduz.
Proposta de Redação
TEXTOS MOTIVADORES
(Enem/2018)
Texto I
Reprodução/Enem 2018
Portal G1 com dados do iBGE.
Disponível em: <http:/g1.globo.com>. Acesso em: 7 maio 2018. Adaptado.
Texto II
Moedas sociais circulam por todo o Brasil e impulsionam economia das comunidades
Engana-se quem pensa que o Real é a única moeda em circulação no Brasil. Além dele, existem centenas de outras, chamadas de
moedas sociais, já muito usadas em diversas regiões do país. As moedas sociais estão ligadas a bancos comunitários. Elas são consideradas
complementares à moeda oficial brasileira e, em geral, são lastreadas pelo Real. Hoje, as mais de cem moedas sociais em circulação no
Brasil movimentam mais de R$ 6 milhões por ano, seja em crédito produtivo, seja em meio circulante físico. Esses bancos atuam onde
os bancos tradicionais não entram.
Disponível em: <www.conexaoplaneta.com.br>.
Acesso em: 7 maio 2018. Adaptado.
Texto III
Reprodução/Enem 2018
Desde 2011, os Xavante da aldeia Marãiwatsédé fazem parte da Rede de Sementes do Xingu. A aldeia Ripá, da mesma etnia,
se juntou a eles no trabalho de coleta e comercialização de sementes florestais para a recuperação de áreas degradadas. Além de ser
uma importante alternativa econômica para os Xavante, a atuação na produção de sementes efetiva caminhos para o mapeamento
participativo dos territórios e integra valorização da cultura tradicional com novas oportunidades para os jovens.
Disponível em: <http://terramirim.org.br>. Acesso em: 7 maio 2018. Adaptado.
P.S.O.: Qual seria a importância principal da economia solidária na sociedade brasileira atual?
Paul Singer: O trabalho é uma forma de aprender, de crescer, de amadurecer, e essas oportunidades a economia solidária oferece
a todos, sem distinção. [...] Os trabalhadores não têm um salário assegurado no fim do mês, que é uma das conquistas importantes dos
trabalhadores no sistema capitalista, no qual eles não participam dos lucros e tampouco dos riscos. Agora, trabalhando em sua própria
cooperativa, eles são proprietários de tudo o que é produzido, mas também os prejuízos são eles.
SINGER, Paul. Economia Solidária. [Jan/Abr. 2006] São Paulo: Estudos Avançados.
v. 22. nº 62. Entrevista concedida a Paulo de Salles Oliveira.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Formas de organização
da sociedade para o enfrentamento de problemas econômicos no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
Exercícios de Fixação
03. (Unicamp/2015) No texto abaixo, há uma presença significativa 04. (UnB) Considerando o parágrafo retirado do Correio
de metáforas que auxiliam na construção de sentidos. Braziliense como parte de um texto dissertativo, que deve
primar pela objetividade, pela clareza, pela coerência e pelo
ENTRE SILÊNCIOS E DIÁLOGOS tratamento consistente da ideia principal escolhida, julgue os
Havia uma desconfiança: o mundo não terminava onde itens a seguir.
os céus e a terra se encontravam. A extensão do meu olhar ( ) Por apresentar mais de três ideias diferentes, esse
não podia determinar a exata dimensão das coisas. Havia o parágrafo faz parte do desenvolvimento de uma
depois. Havia o lugar do sol se aninhar enquanto a noite se argumentação.
fazia. Havia um abrigo para a lua enquanto era dia. E o meu
( ) Nesse parágrafo, não há conectivo ou outro elemento de
coração de menino se afogava em desesperança. Eu que não
coesão.
era marinheiro nem pássaro – sem barco e asa.
Um dia aprendi com Lili a decifrar as letras e suas somas. ( ) A coerência desse parágrafo baseia-se no processo
E a palavra se mostrou como caminho poderoso para encurtar de repetição de algumas palavras-chave; por exemplo,
distância, para alcançar onde só a fantasia suspeitava, para “tempo” e “rota”.
permitir silêncio e diálogo. Com as palavras eu ultrapassava
a linha do horizonte. E o meu coração de menino se afagava 05. (Unicamp) O autor do texto a seguir conhece um tipo de
em esperança. raciocínio cuja estrutura lembra propriedades de um círculo e
Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma esquina, tenta reproduzi-lo. No entanto, não é bem-sucedido.
escalava uma montanha, transpunha uma maré.
Ao passar uma folha, eu frequentava o fundo dos (...) Gera-se, assim, o círculo vicioso do pessimismo. As coisas
oceanos, transpirava em desertos para, em seguida, me fazer não andam porque ninguém confia no governo. E porque
hóspede de outros corações. ninguém confia no governo as coisas não andam.
Pela leitura temperei a minha pátria, chorei sua miséria,
provei de minha família, bebi de minha cidade, enquanto, Gilberto Dimenstein,
pacientemente, degustei dos meus desejos e limites. Folha de S. Paulo, 22/11/1990.
Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta,
o meu cais, a minha rota. Pelo livro soube da história e criei os A) Reescreva o trecho de maneira que ele passe a ter estruturas
avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das várias de um verdadeiro círculo vicioso.
faces e dos tantos lugares de se olhar. (...) Ler é aventurar-se
pelo universo inteiro.
A) No trecho “Assim, o livro passou a ser o meu porto, B) Comparando o que você fez e o que fez o autor, explique
a minha porta, o meu cais, a minha rota”, há metáforas que em que ele se equivocou.
expressam a experiência do autor com a leitura. Escolha uma
dessas metáforas e explique-a, considerando seu sentido
no texto.
Anotações
Anotações
Objetivo(s):
• Reconhecer os tipos de verbos e suas variações.
• Identificar as formas nominais exercendo função de verbo principal.
• Diferenciar os tipos de locuções verbais em uma estrutura sintática.
• Empregar corretamente os verbos abundantes nos tempos compostos e na voz passiva.
• Diferenciar voz ativa, passiva e reflexiva.
• Compreender o conceito de voz reflexiva.
• Reconhecer o uso gramaticalmente incorreto dos pronomes reflexivos na linguagem informal.
• Adequar à norma-padrão as inadequações recorrentes no uso da voz passiva na oralidade e na escrita.
• Analisar o uso das vozes verbais no cotidiano.
• Reconhecer, em estruturas linguísticas, os verbos denominados impessoais.
• Empregar corretamente a concordância dos verbos impessoais em orações.
• Identificar os sentidos denotados pelos verbos impessoais.
• Compreender a predicação verbal de acordo com as relações semânticas existentes na estruturação linguística.
• Classificar os verbos quanto à sua predicação no contexto em que estão inseridos.
• Reconhecer as particularidades de cada transitividade verbal e seu papel na construção do predicado das orações.
• Identificar morfologicamente preposições e advérbios.
• Empregar os advérbios e as preposições na estruturação textual.
• Reconhecer as circunstâncias que os advérbios denotam.
• Perceber a funcionalidade coesiva dos advérbios e das preposições.
Conteúdo:
Aula 11: Tipos de Verbos e Locuções Verbais
Tipos de Verbos...................................................................................................................................................................................................... 138
Locução Verbal....................................................................................................................................................................................................... 138
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 140
Aula 12: Verbos III: Vozes Verbais
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 145
Aula 13: Verbos Impessoais
Os verbos impessoais............................................................................................................................................................................................. 147
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 148
Aula 14: Predicação Verbal
Predicação Verbal................................................................................................................................................................................................... 151
Verbos de Ligação.................................................................................................................................................................................................. 151
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 152
Aula 15: Preposição e Advérbio
Preposição............................................................................................................................................................................................................. 154
Advérbio................................................................................................................................................................................................................ 156
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 157
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Portuguesa IV
• Verbos anômalos: são os verbos que apresentam, em suas
Aula 11:
O SAL DA TERRA
Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br>.
Falo desse chão, da nossa casa
E) Vem que tá na hora de arrumar
Reprodução/Insper 2014
05 Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
C-8 H-27
“o fenômeno só pode ser chamado de tornado quando a coluna
Aula de ar em forma de redemoinho toca o solo.”
Verbos III: Vozes Verbais Percebe-se que há os sujeitos, no caso, “Os vídeos”, “o
12 vídeo” e “o fenômeno” os quais sofrem as ações das estruturas
verbais “estão sendo encaminhados”, “foi gravado” e “pode ser
chamado”, porém não se pode identificar o agente que pratica
SUPOSTO TORNADO EM SANTANA DO ACARAÚ essas ações, isto é, no caso, o agente da passiva. Isso não quer
ACONTECEU, NA VERDADE, NO PARÁ. E NÃO FOI TORNADO.
dizer que toda notícia terá voz passiva com seu agente da passiva
E na verdade não foi um tornado, mas uma nuvem-funil. indeterminado, pois, como exemplo ainda na notícia analisada,
encontramos trecho em que há esse agente:
Formação de ventos circulares durante tempestade “Fontes foram ouvidas pela Rede Liberal, afiliada da Globo no
foi chamada de “tornado” e atribuída a Santana do Acaraú, Pará”. O termo em evidência pratica a ação sofrida pelo sujeito
município distante 242,3 km de Fortaleza. Os vídeos estão sendo “Fonte”.
encaminhados em redes sociais. Mas, na verdade, o vídeo foi
gravado em Ananindeua, município da Região Metropolitana de Existem dois tipos de voz passiva:
Belém do Pará. a) A passiva analítica: formada por locução verbal com o verbo
Fontes foram ouvidas pela Rede Liberal, afiliada da Globo “ser” exercendo função de auxiliar e o principal no particípio,
no Pará, as quais afirmaram que a ventania é uma nuvem-funil (já o qual concorda com o sujeito paciente em número e gênero.
que os tornados tocam o chão). O fenômeno aconteceu no fim de Ademais, há o agente da passiva, o qual pratica a ação que o
semana e foi suficiente para causar estragos: algumas casas ficaram sujeito sofre e é iniciado por preposição “por” ou “per” e suas
destelhadas, no município. contrações(pelo, pela, pelos, pelas) e tem como núcleo um
Para entender substantivo ou palavra a qual esteja exercendo a função deste.
Para a meteorologia, o fenômeno só pode ser chamado de Pode-se, então, definir a estrutura de uma oração na voz passiva
tornado quando a coluna de ar em forma de redemoinho toca o da seguinte maneira:
solo. Nesse caso, aparentemente, houve apenas uma nuvem-funil. sujeito verbo agente da
Apesar de o registro em questão não ter sido no Ceará, + + particípio + preposição +
paciente auxiliar passiva
O POVO Online buscou a Fundação Cearense de Meteorologia e ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
Recursos Hídricos (Funceme), que já recebeu as imagens e analisa Fontes foram ouvidas pela Rede Liberal
registros de fenômenos do tipo na região Norte do Ceará.
Observação:
Disponível em: <https://www.opovo.com.br>. Além do verbo “ser”, existem outros verbos auxiliares que,
Acesso em: 3 dez. 2018. Adaptado. embora menos frequentes, podem formar a voz passiva
analítica, como os verbos estar, ficar, andar, viver etc.
O texto anterior é uma notícia e, nesse tipo de gênero, é
bastante comum encontrarmos estruturas linguísticas envolvendo b) Voz passiva sintética: Nessa estrutura, é comum encontrarmos
o agente da passiva indeterminado, pois é bastante utilizada em
as vozes verbais, dentre elas, a voz passiva, uma vez que esta dá ao
anúncios de compra e venda, ou quando não se quer atribuir
texto um teor de impessoalidade, típica de qualquer notícia, e a voz a ação a um ser específico. É formada por um verbo transitivo
ativa, mostrando as ações presentes nesse texto. Entende-se por direto conjugado na 3.ª pessoa do singular ou do plural mais o
voz verbal as situações em que se indicam se o sujeito gramatical é pronome apassivador “se”, seguindo quase sempre a estrutura:
agente ou paciente da ação expressa pelo verbo. Ela é classificada Verbo transitivo + pronome “se” + sujeito paciente.
em três tipos: a voz ativa, a passiva e a reflexiva.
dimaberkut/123RF/Easypix
Voz ativa
Diz-se que o verbo se encontra na voz ativa quando se
percebe que o sujeito gramatical é o agente da ação, ou seja,
quando este pratica a ação verbal.
Exemplos:
“Os tornados tocam o chão”.
“O POVO Online buscou a Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme)”
Voz passiva
O verbo se encontra na voz passiva quando o sujeito
gramatical é paciente da ação, ou seja, quando este sofre a ação Na propaganda anterior, o verbo “vende” encontra-se
verbal praticada. Em algumas situações, podemos encontrar o que no singular, pois concorda com o sujeito, “um lugar ao sol”.
se chama de agente da passiva, isto é, o elemento textual que Além disso, a presença do pronome “se” deixa o verbo na voz
pratica a ação que o sujeito sofre. Na notícia anterior, esse tipo passiva sintética, ou pronominal como também é chamada.
de estrutura verbal, como já dito, é utilizada para dar um ar de Essa construção, muitas vezes, quando produzida, sofre erro de
impessoalidade. Veja: concordância, uma vez que há uma tendência a colocar o verbo
“Os vídeos estão sendo encaminhados em redes sociais” apenas no singular. Isso pode ser comprovado em anúncios de
“o vídeo foi gravado em Ananindeua, município da Região compra e venda colocados nas cidades.
Exercícios de Fixação
Na imagem anterior, a voz passiva tem sua concordância em 01. Das orações presentes no trecho acima, a única que se pode
desacordo com a norma-padrão da língua, porque a forma verbal transcrever para voz passiva se encontra na alternativa
“Aluga” deveria concordar com o sujeito “salas comerciais”, nesse A) “A confusão era geral.”
caso, no plural. Por isso, é bastante importante observar nas produções B) “Capitu olhou alguns instantes para o cadáver”
textuais se os verbos se encontram na voz passiva pronominal para C) “As minhas cessaram logo.”
que desacordo dessa natureza não venha a acontecer. D) “...lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...”
E) “Capitu enxugou-as depressa,”
Como passar a voz ativa para passiva
Para que isso ocorra, é necessário observar o seguinte
• Texto para a questão 02.
esquema:
(...)
VOZ ATIVA
“Os tornados tocam o chão”. As noções de segurança e de vida comunitária foram
substituídas pelo sentimento de insegurança e pelo isolamento
que o medo impõe.
Sujeito agente VTD complemento verbal (OD) (...)
Violência urbana, 2003.
O chão é tocado pelos tornados. 02. (Unesp/2017) O trecho acima foi construído na voz passiva.
Ao se adaptar tal trecho para a voz ativa, a locução verbal
“foram substituídas” assume a seguinte forma:
VOZ PASSIVA ANALÍTICA A) substitui. B) substituíram.
C) substituiriam. D) substituiu.
Ao se analisar o esquema, percebe-se que o sujeito da voz E) substituem.
ativa, “os tornados”, vira o agente da passiva, “pelos tornados”
na voz passiva; o verbo na voz ativa, “tocam”, assume a forma de • Texto para a questão 03.
locução verbal formada pelo verbo “ser” e o particípio “tocado”; (...)
e o complemento verbal, “o chão“, torna-se o sujeito paciente.
Às vezes guardavam-se joias nas capelas, enfeitando os santos
Voz reflexiva (...)
O verbo encontra-se na voz reflexiva quando o sujeito In: Silviano Santiago (coord.). Intérpretes do Brasil, 2000.
02. (UFRGS/2017) Assinale a alternativa que apresenta a correta A INTERNET E A NEUTRALIDADE DA REDE
passagem do segmento em negrito da voz ativa para a voz A Internet vista, unanimemente, como o território livre,
passiva. a tecnologia libertadora que, em muitos países, permitiu o
A) Como os dois formam uma realidade única – Como uma florescimento da cidadania, a ampliação das oportunidades
realidade única é formada pelos dois. de educação, o ambiente para novas empresas e novos
B) Trata-se, sempre, da questão de identidade – É tratado, empreendedores, para o trabalho colaborativo em rede.
sempre, da questão de identidade. Graças a seu ambiente libertário, internacionalmente
C) A pergunta, na sua discreta singeleza, permite ajudou a derrubar ditaduras e monopólios de mídia, o controle da
descobrir algo muito importante – Algo muito importante informação, tanto por governos como por cartéis.
é perguntado, na sua discreta singeleza. 1
No entanto, não se considere um modelo consolidado.
D) O Brasil ter sido descoberto por portugueses e não por Em outros momentos da história surgiram novas tecnologias,
chineses – Portugueses, e não chineses, terem descoberto promovendo rupturas, abrindo espaço para a democratização e,
o Brasil. no momento seguinte, quedaram dominadas por novos cartéis e
E) Nunca lhe propusemos esta questão relacional e monopólios que se formaram.
reveladora – Esta questão relacional e reveladora nunca (...)
lhe foi proposta. Luís Nassif. Coluna Econômica. 7 set. 2013.
C-8 H-27
na mão(...)” Aula
Ao passar a oração destacada nesse trecho para a voz passiva
Verbos Impessoais
analítica, teremos:
13
A) O livro era recebido por mim.
B) O livro é recebido por mim.
C) O livro será recebido por mim. Os verbos impessoais são aqueles que, por uma situação de
D) O livro foi recebido por mim. sentido ou normatização da língua, não possuem sujeito e estão
E) O livro seria recebido por mim. conjugados, em sua maioria, na 3ª pessoa do singular. A oralidade
muitas vezes interfere no emprego desses verbos, uma vez que os
• Texto para a questão 08. falantes os flexionam de forma inadequada à norma-padrão ou
dão essa impessoalidade a outros verbos os quais não se encaixam
(...) nessa categoria. Vejamos:
(...)
Olavo Bilac
C-6 H-18
sujeito ou sujeito inexistente, assinale a alternativa que contém Aula C-8 H-27
a informação correta quanto ao sujeito das orações 1 e 2. Predicação Verbal
1) Existem homens loucos nas ruas. 14
2) Há homens sadios nos hospícios.
A) oração sem sujeito (1) – indeterminado (2)
B) oração sem sujeito (1) – homens sadios (2)
C) homens loucos (1) – homens sadios (2)
D) homens loucos (1) – oração sem sujeito (2) Predicação Verbal
E) indeterminado (1) – oração sem sujeito (2) A predicação verbal diz respeito à situação em que alguns
verbos necessitam ou não de complemento para que seu sentido
08. (EsPCEx-Aman/2016) Assinale a alternativa correta quanto ao possa ser entendido. Essa predicação pode ser classificada de
emprego do verbo “haver”. seguinte maneira:
A) Eu não sei, doutor, mas devem “haver” leis. 1) Verbos Intransitivos: são aqueles cujo sentido não transitam para
B) Também a mim me hão ferido. outro elemento, isto é, a informação se encerra nele. Muitas
C) Haviam tantas folhas pelas calçadas. vezes, são agregadas a esses verbos expressões circunstanciais,
D) Haviam oito dias que não via Guma. porém não necessárias para entendimento.
E) Não haverão umas sem as outras. Exemplo:
“Porém existem arestas para serem aparadas.”
09. (EsPCEx-Aman/2014) Marque a única alternativa em que o
emprego do verbo “haver” está correto. 2) Verbos Transitivos: são aqueles cujo sentido transitam para outro
A) Todas as gotas de água havia evaporado. elemento o qual irá completar o sentido deles. Pode-se dividi-los
B) Elas se haverão comigo, se mandarem meu primo sair.
em três tipos:
C) Não houveram quaisquer mudanças no regulamento.
a) Transitivo direto: pede complemento que não será iniciado
D) Amanhã, vão haver aulas de informática durante todo o
período de aula. por preposição.
E) Houveram casos significativos de contaminação no hospital Exemplo:
da cidade.
“Até hoje ultrajam a consciência de todos nós”.
• Texto para a questão 10. “Os direitos humanos protegem os cidadãos, suas vidas e
liberdades.”
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos b) Transitivo indireto: pede complemento que será iniciado
precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se por preposição.
de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente Exemplo:
porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a
alegria, e precisa 2reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: “Configura-se em um pacto internacional que projeta
minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente, pois a avanços concretos.”
alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece
que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes preposição
da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é c) Transitivo direto e indireto: pede dois complementos – um
possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio iniciado sem preposição e outro iniciado por preposição.
só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não Exemplo:
faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é “Assegurem aos cidadãos do mundo o direito a uma vida
tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em mais digna e justa.”
drama. Implora-se também que venha, 1implora-se com a humildade
da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa preposição sem preposição
com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o
direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não
se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a
Verbos de Ligação
dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria São denominados assim os verbos cuja função é ligar o
até mesmo divina para dar. sujeito à expressão que denota estado ou qualidade desse agente
Clarice Lispector. verbal. Esses verbos não são constituídos de significado e os mais
Disponível em: <http://pensador.uol.com.br>. Acesso em: 30 maio 2012.
comuns são ser, estar, permanecer, continuar, ficar, tornar-se, virar,
andar etc.
10. (EPCar (CPCAR)/2013) Assinale a afirmativa falsa a respeito do
texto. Exemplo:
A) A palavra “fugaz”, no contexto, está sendo empregada no
sentido de “que passa rapidamente; de pouca duração; “O documento foi uma resposta aos horrores cometidos durante
transitório, efêmero, fugidio, fugitivo”. a Segunda Guerra Mundial.”
B) Em “reparti-la” (ref. 2), o pronome “la” retoma o Observação:
antecedente “alegria”.
C) A preposição “a” em “Essa pessoa que atenda ao anúncio A classificação dos verbos quanto à transitividade depende
[...]” (ref. 3) é justificada pela regência do verbo “atender”. do contexto em que estão inseridos. Observe:
D) O verbo “haver” na última frase do texto iria para o plural, 1) O barco virou devido às grandes ondas.
2) Sempre disseram que Marina viraria uma grande atriz.
caso o sujeito dele fosse substituído, por exemplo, por “em
3) Após o sinal do professor, o aluno virou a prova para resolvê-la.
meu rosto e em meus olhos”.
C-6 H-18
(...) Aula C-8 H-27
Preposição e Advérbio
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela 15
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem
sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha,
vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi
andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia
Preposição
mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, A preposição estabelece uma relação entre dois ou mais
a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou termos da oração. Essa relação é subordinativa, isto é, entre os
ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou elementos ligados por ela não existe sentido individualizado, uma
esperando o baile. vez que o sentido da expressão é dependente da união de todos
os elementos que a preposição vincula.
Machado de Assis, Um Apólogo. Veja:
A mulher de Pedro tem um modo estranho de andar.
07. Quanto à transitividade verbal é correto afirma que A mulher de Pedro / modo estranho de andar.: elementos ligados
A) “respondia“ (l.1) é um verbo transitivo indireto. por preposição
B) “faz“(l.3) é um verbo intransitivo. de: preposição
C) “dava” (l.4) é um verbo transitivo direto e indireto. Ela leu com decepção a carta que lhe escrevera.
D) “Continuou” (l.7) é um verbo de ligação. leu com decepção: elementos ligados por preposição com
Nesse tipo de relação, os conectivos cumprem a função de
ligar elementos. A preposição é um desses conectivos e se presta a
ligar palavras entre si num processo de subordinação denominado
08. Dependendo do contexto, um verbo, comumente empregado
regência.
como transitivo direto, pode tornar-se intransitivo. Assinale a Exemplos:
alternativa em que aparece um exemplo disso: A leitura das obras machadianas é essencial na escola.
A) Eles não têm maldade no coração. A leitura das obras machadianas: elementos ligados por preposição
B) Alguém ama sem carinho. de + as = das: preposição
leitura: termo antecedente = rege a construção “das obras
C) Quem o afaga sem vontade?
machadianas”
D) Ele virou um grande artista. “obras machadianas”: termo consequente = é regido pela
E) Ele o consome sem necessidade. construção “leitura da”
Meus pais passaram por problemas no início de suas vidas..
passaram por problemas: elementos ligados por preposição
09. (Fuvest/1993) Observar a oração: por: preposição
passaram: termo antecedente = rege a construção “por problemas”
“... e Fabiano saiu de costas...” problemas: termo consequente = é regido pela construção
Assinale a alternativa em que a oração também tenha verbo “passaram por”
intransitivo: As preposições, por não sofrerem flexão de gênero e
número, são consideradas palavras invariáveis, no entanto, em
A) “... Fabiano ajustou o gado...”
diversas situações, elas se combinam a outras palavras da língua
B) “... acreditara na sua velha.” (fenômeno da contração) e, assim, estabelecem uma relação de
C) “... davam-lhe uma ninharia.” concordância em gênero e número com essas palavras às quais
D) “Atrevimento não tinha...” se ligam. Apesar disso, não se trata de uma variação própria da
E) “Depois que acontecera aquela miséria...” preposição, mas sim da palavra com a qual ela se funde.
Por exemplo:
de + o = do
por + a = pela
10. (Cesgranrio/1995–Adaptada) Assinale a opção que traz correta
em + um = num
classificação da predicação verbal.
A) “Houve... uma considerável quantidade” – verbo transitivo As preposições podem introduzir:
direto. A) Complementos Verbais
B) “que jamais hão de ver país como este” – verbo transitivo Por exemplo: Eu creio “nos meus pais”.
indireto. B) Complementos Nominais
C) “mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um” Por exemplo: Tenho credibilidade “em meus pais”.
– verbo transitivo direto e indireto. C) Locuções Adjetivas
D) “que se recebe em herança” – verbo transitivo indireto. Por exemplo: É uma garota “de coragem”.
D) Locuções Adverbiais
E) “a quem tutela” – verbo intransitivo.
Por exemplo: Falou “com arrogância”.
E) Orações Reduzidas
Por exemplo: “Ao entrar”, percebeu a bagunça.
Reprodução/Unicamp 2018
às vezes às claras às cegas
à esquerda à direita à distância
ao lado ao fundo ao longo
a cavalo a pé às pressas
ao vivo a esmo à toa
de repente de súbito de vez em quando
por fora por dentro por perto
por trás por ali por ora
com certeza sem dúvida de propósito
lado a lado passo a passo o mais das vezes Bruno Fonseca. Facebook.
Disponível em: <https://www.facebook.com>. Acesso em: 31 ago. 2017.
Reprodução/Ebmsp 2018
Faltou a reunião e ainda foi desaforado ao telefone.
• Afastamento: embora:
Foi embora de sua cidade natal há anos.
• Afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente:
Ainda bem que o ano está acabando.
Aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de:
Ela quase conseguiu descobrir o segredo de sua receita de bolo.
• Designação: eis:
Eis nosso novo modelo de sociedade.
• Exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive,
exceto, senão, sequer, apenas:
Não me deu sequer um adeus.
• Explicação: isto é, por exemplo, a sabe:
Revisou vários textos, a saber, os artigos científicos.
• Inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive:
Eu também vou ficar no Rio de Janeiro mais alguns dias.
AJUDE daqui a espalhar o que acontece lá.
• Limitação: só, somente, unicamente, apenas: Disponível em: <http://voxnews.com.br>. Acesso em: ago. 2017.
Só ele não compreende o assunto da prova.
• Realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque: A campanha dos Médicos sem Fronteiras desenvolve sua
E você lá sabe o que é ser adulto? argumentação na chamada principal, através de elementos
O que não diria esse jovem se soubesse que já fui amigo de verbais e não verbais, que estão corretamente analisados na
infância de seu pai. alternativa
• Texto para a questão 03. • Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de Carlos Drummond
de Andrade, para responder à questão 05.
Texto (...)
OS BENS E O SANGUE Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam
VIII dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não
(...) explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam
demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente
Ó filho pobre, e descorçoado*, e finito
adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades.
ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que
com a faca, o formão, o couro... Ó tal como quiséramos miséria. E os três sentiam-se inclinados a 1lapidar a doida, isolada
para tristeza nossa e consumação das eras, e agreste no seu jardim.
para o fim de tudo que foi grande! (...)
Ó desejado, Contos de aprendiz, 2012.
ó poeta de uma poesia que se furta e se expande
à maneira de um lago de pez** e resíduos letais... 05. (Unifesp/2019) No trecho “Dos doidos devemos ter piedade,
És nosso fim natural e somos teu adubo, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos,
tua explicação e tua mais singela virtude... fomos aquinhoados”, em respeito à norma-padrão, estaria
Pois carecia que um de nós nos recusasse correto o uso da preposição “a” em lugar de “com” se a
expressão destacada fosse substituída por
para melhor servir-nos. Face a face
A) fazemos jus. B) recebemos.
te contemplamos, e é teu esse primeiro C) somos merecedores. D) estamos satisfeitos.
e úmido beijo em nossa boca de barro e de sarro. E) nos orgulhamos.
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
03. (Fuvest/2018) Considere o tipo de relação estabelecida pela • A questão a seguir refere-se ao que segue, trecho adaptado de
preposição “para” nos seguintes trechos do poema: matéria publicada na Revista da Cultura, editada pela Livraria
I. “ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais”; Cultura (edição 113, junho de 2017).
II. “Ó tal como quiséramos para tristeza nossa e consumação
Texto
das eras”;
III. “para o fim de tudo que foi grande”; São as contradições e as fragilidades do ser humano que
IV. “para melhor servir-nos”. muito interessam à dramaturga já premiada Silvia Gomez. É
assim desde o início de sua trajetória no teatro, na mineira Belo
A preposição “para” introduz uma oração com ideia de Horizonte, sua terra natal, e de 1onde saiu, em 2001, para residir
finalidade apenas em em São Paulo.
A) I 2
Agora, a partir deste mês de junho, nossos conflitos voltam
B) I e II ao tablado em São Paulo, em mais um texto da dramaturga.
C) III A célebre artista Selma Egrei, com mais de quatro décadas
D) III e IV’ de trajetória na arte da interpretação, empresta sua grande
E) IV sensibilidade à construção de uma importante personagem da
peça, chamada NC.
06. (ESPM/2017) Quando se perde o grau de investimento, corre- A prova dos 1 500 metros rasos, juntamente com a da
se o risco de uma debandada dos capitais estrangeiros, aí é
milha (1609 metros), característica dos países anglo-saxônicos,
preciso tomar medidas mais drásticas do que se desejaria.
é considerada prova tática por excelência, sendo muito importante
Joaquim Levy. o conhecimento do ritmo e da fórmula a ser utilizada para vencer
O vocábulo destacado aí é: a prova. Os especialistas nessas distâncias são considerados
A) advérbio, expressando a ideia de “nesse lugar”. completos homens de luta que, após um penoso esforço para
B) interjeição, traduzindo ideia de apoio, animação. resistir ao ataque dos adversários, recorrem a todas as suas energias
C) palavra expletiva (dispensável) ou de realce. restantes a fim de manter a posição de destaque conseguida
D) advérbio, expressando ideia de conclusão “então”. durante a corrida, sem ceder ao constante assédio dos seus
E) substantivo, traduzindo ideia de “por outro lado”. perseguidores.
[...] Para correr essa distância em um tempo aceitável,
07. No trecho “Sempre vivi por amor à minha família”, a locução
deve-se gastar o menor tempo possível no primeiro quarto da prova,
adverbial em destaque denota ideia de
devendo-se para tanto sair na frente dos adversários, sendo essencial
A) causa. B) concessão.
C) explicação. D) tempo. o completo domínio das pernas, para em seguida normalizar o
E) modo. ritmo da corrida. No segundo quarto, deve-se diminuir o ritmo, a
fim de trabalhar forte no restante da prova, sempre procurando
• Texto para a questão 08. dosar as energias, para não correr o risco de ser surpreendido por
um adversário e ficar sem condições para a luta final.
Se o relógio da História marca tempos sinistros, o tempo Deve ser tomado cuidado para não se deixar enganar por
construído pela arte abre-se para a poesia: o tempo do sonho e da algum adversário de condição inferior, que normalmente finge
fantasia arrebatou multidões no filme O mágico de Oz estrelado por possuir energias que realmente não tem, com o intuito de minar
Judy Garland e eternizado pelo tema da canção Além do arco-íris. o bom corredor, para que o companheiro da mesma equipe possa
Aliás, a arte da música é, sempre, uma habitação especial do tempo: tirar proveito da situação e vencer a prova. Assim sendo, o corredor
as notas combinam-se, ritmam e produzem melodias, adensando experiente saberá manter regularmente as suas passadas, sem
as horas com seu envolvimento. deixar-se levar por esse tipo de artimanha. Conhecendo o estado
de suas condições pessoais, o corredor saberá se é capaz de um
08. (PUC-Camp/2016) Considere o parágrafo e o verbete extraído sprint nos 200 metros finais, que é a distância ideal para quebrar a
do Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa a seguir.
resistência de um adversário pouco experiente.
Aliás:
O corredor que possui resistência e velocidade pode conduzir
Advérbio
a corrida segundo a sua conveniência, impondo os seus próprios
1. De outro modo, de outra forma.
Ex.: Sempre ajudou o filho, aliás seria mau pai se não o meios de ação. Finalmente, ao ultrapassar um adversário, deve-se
fizesse. fazê-lo decidida e folgadamente, procurando sempre impressioná-lo
2. Além disso. com sua ação enérgica. Também deve-se procurar manter sempre
Ex.: Aliás, não era a primeira sujeira que ele fazia. uma boa descontração muscular durante o desenvolvimento da
3. Emprega-se em seguida a uma palavra proferida ou escrita corrida, nunca levar a cabeça para trás e encurtar as passadas para
por equívoco; ou melhor, digo. finalizar a prova.
Ex.: Estávamos em março, aliás, abril.
Disponível em: <http://treino-de-corrida.f1cf.com.br >.
4. Seja dito de passagem; verdade seja dita; a propósito.
Ex.: Não aceitou o emprego, que aliás, é muito cobiçado.
10. (Unesp/2015) Observando as seguintes passagens, marque a
5. No entanto, contudo.
alternativa em que as duas palavras em negrito são utilizadas
Ex.: Andar muito é cansativo, sem, aliás, deixar de ser
como advérbios.
saudável.
A) “não correr o risco de ser surpreendido”.
O sentido preciso com que a palavra “aliás” foi empregada no B) “finge possuir energias que realmente não tem”.
texto está indicado em: C) “deve-se fazê-lo decidida e folgadamente”.
A) 3 B) 2 D) “nunca levar a cabeça para trás”.
C) 5 D) 4 E) “forte no restante da prova, sempre procurando dosar”.
E) 1
Anotações
Anotações
Objetivo(s):
• Possibilitar ao aluno uma reflexão acerca dos movimentos culturais que marcaram a história da arte no início do século XX;
• Proporcionar ao aluno o conhecimento sobre os conceitos estéticos que definiram as seguintes escolas: Suprematismo,
Construtivismo, Neoplasticismo e Bauhaus;
• Desenvolver no aluno o gosto pela produção das artes plásticas modernas no Brasil;
• Possibilitar ao aluno o contato com a produção artística dos maiores expoentes da pintura moderna brasileira;
• Oportunizar ao aluno a compreensão das técnicas desenvolvidas pelos expressionistas, cubistas, dadaístas, futuristas na
produção artística, especialmente na pintura.
• Promover uma discussão sobre os aspectos que envolvem a pintura O Grito, de Edvard Munch, um dos mais importantes
representantes da corrente artística expressionista, destacando cores, formas e representações.
Conteúdo:
Aula 11: As Vanguardas I – Cubismo E Futurismo
Introdução.............................................................................................................................................................................................................164
Cubismo.................................................................................................................................................................................................................164
Futurismo...............................................................................................................................................................................................................166
Exercícios ..............................................................................................................................................................................................................167
Aula 12: As Vanguardas II – Expressionismo
Introdução.............................................................................................................................................................................................................172
Exercícios ..............................................................................................................................................................................................................174
Aula 13: As Vanguardas III – Dadaísmo e Surrealismo
Dadaísmo...............................................................................................................................................................................................................181
Surrealismo............................................................................................................................................................................................................181
Exercícios ..............................................................................................................................................................................................................183
Aula 14: O Abstracionismo
Introdução.............................................................................................................................................................................................................188
Tendências Abstratas ............................................................................................................................................................................................189
Exercícios ..............................................................................................................................................................................................................191
Aula 15: A Pintura Modernista Brasileira
Introdução.............................................................................................................................................................................................................197
Representantes da Moderna Pintura Brasileira......................................................................................................................................................198
Exercícios ..............................................................................................................................................................................................................203
Linguagens, CÓdigos e suas teCnoLogias Língua Portuguesa V
Aula 11:
C-04 H-12, 13
Aula H-14
As Vanguardas I – Cubismo E Futurismo
11
Introdução
A segunda metade do século XIX tornou-se uma espécie de celeiro de movimentos
Cubismo
Sucession Pablo Picasso/AUTVIS, Brasil 2019
Fases cubistas
Duas vertentes cubistas merecem destaque: Cubismo
Analítico e Cubismo Sintético.
Questão comentada
• (Enem – 2ª Aplicação/2016)
Reprodução/Enem 2016
Reprodução/Unifesp 2017
composição recorre à manifestação cultural de um determinado
grupo étnico, que se caracteriza por
A) produção de máscaras ritualísticas africanas.
B) rituais de fertilidade das comunidades celtas.
C) festas profanas dos povos mediterrâneos.
D) culto à nudez de populações aborígenes.
E) danças ciganas do sul da Espanha.
Comentário:
A arte africana teve grande influência sobre a arte moderna,
isso devido ao valor dado ao primitivismo no final do século Salvador Dalí. Leda atômica.
XIX, manifestado por artistas como Gauguin ou poetas como
Rimbauld. Além do caráter ideológico, o que despertou a atenção
B)
Reprodução/Unifesp 2017
dos modernistas foi a simplificação, a sintetização e a estilização
das formas. Essas características encontraremos principalmente no
Cubismo de Picasso e no Fauvismo, estando presente também em
esculturas expressionistas de Modigliani. A confecção de máscaras
constitui uma tradição cultural africana. As máscaras são utilizadas
nos ritos e mitos africanos, e a arte da sua confecção é passada
de geração para geração na África.
Resposta: A
Roy Lichtenstein. Ohhh...Atright
Exercícios de Fixação C)
Reprodução/Unifesp 2017
01. (UFRGS) Assinale com (V) verdadeiro ou (F) falso as afirmações
abaixo, sobre as relações entre arte, política e sociedade no
século XX.
( ) Pablo Picasso denunciou o regime franquista ao retratar
as consequências do bombardeio aéreo na cidade de
Guernica, no período da Guerra Civil espanhola.
( ) A arte, durante o Nazismo na Alemanha, foi vinculada
Pablo Picasso. Mulher sentada.
aos aspectos étnicos do povo alemão, com a condenação
de expressões artísticas consideradas inferiores ou
degeneradas. D)
Reprodução/Unifesp 2017
para baixo, é
A) V – V – F – F
B) V – F – V – F
C) F – V – V – F
D) F – F – V – V
E) V – V – F – V
Reprodução/FGV-RJ 2016
constante havia motivado experiências sociais como a
Comuna de Paris.
Reprodução/Unesp 2018
Reprodução/Unesp 2018
Reprodução/Unesp 2018
Reprodução/Fuvest 2017
Delaunay. Ritmo, 1938.
02. (Unifesp/2018) Tal vanguarda rompeu radicalmente com a Disponível em: <http://institutotomieohtake.org.br>.
ideia de arte como imitação da natureza, prevalecente na
pintura europeia desde a Renascença. Seus principais adeptos
Nas expressões “Mão erudita” e “Olho selvagem”, que
abandonaram as noções tradicionais de perspectiva, tentando
compõem o texto do anúncio, os adjetivos “erudita” e
representar solidez e volume numa superfície bidimensional,
“selvagem” sugerem que as obras do referido artista conjugam,
sem converter pela ilusão a tela plana num espaço pictórico
respectivamente,
tridimensional. Múltiplos aspectos do objeto eram figurados
A) civilização e barbárie.
simultaneamente; as formas visíveis eram analisadas e
B) requinte e despojamento.
transformadas em planos geométricos, que eram recompostos
C) modernidade e primitivismo.
segundo vários pontos de vista simultâneos. Tal vanguarda era
D) liberdade e autoritarismo.
e dizia ser realista, mas tratava-se de um realismo conceitual, e
E) tradição e transgressão.
não óptico.
Ian Chilvers (org). Dicionário Oxford de arte, 2007. Adaptado. 04. (Enem-PPL/2017)
Reprodução/Unifesp 2018
C) D)
Reprodução/Unifesp 2018
Reprodução/Unifesp 2018
PICASSO. P. Guitar, Sheet Music, and Glass, Fall. Papel colado, guache e carvão,
48 x 36,5 cm. McNay Art Museum, San Antonio, Texas, 1912.
FOSTER, H. Et al. Art since 1900: Modernismo, Antimodernism,
Pablo Picasso, As senhoritas de Henri Matisse, Violinista Postmodernism. Nova York: Thames & Hudson, 2004.
Avignon, 1907. à janela, 1917.
Reprodução/Enem 2011
Reprodução/ Enem 2016
Reprodução/Enem 2011
Vicente do Rego Monteiro.
Michelangelo. Pietà, século XV. Pietà, 1924.
SEVERINI, G. A hieroglífica dinâmica do Bal Tabarin. Óleo sobre tela, 161,6 x 156,2 cm.
Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, 1912. Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores, cujas telas
Disponível em: <www.moma.org>. Acesso em: 18 mai. 2013.
foram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Tal como
Texto II Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos, porém com
A existência dos homens criadores modernos é muito um estilo peculiar. Considerando-se as obras apresentadas, o
mais condensada e mais complicada do que a das pessoas dos artista brasileiro
séculos precedentes. A coisa representada, por imagem, fica A) estava preocupado em retratar detalhes da cena.
menos fixa, o objeto em si mesmo se expõe menos do que B) demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.
antes. Uma paisagem rasgada por um automóvel, ou por um
C) optou por fazer uma escultura minimalista, diferentemente
trem, perde em valor descritivo, mas ganha em valor sintético.
de Michelangelo.
O homem moderno registra cem vezes mais impressões do que
o artista do século XVIII. D) deu aos personagens traços cubistas, em vez dos traços
europeus, típicos de Michelangelo.
LEGÉR, F. Funções da pintura. São Paulo: Nobel, 1989.
E) reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo, uma
A vanguarda europeia, evidenciada pela obra e pelo texto, vez que retratou a mesma cena bíblica.
expressa os ideais e a estética do
A) Cubismo, que questionava o uso da perspectiva por meio 08. (Enem/2011)
da fragmentação geométrica.
Reprodução/Enem 2011
B) Expressionismo alemão, que criticava a arte acadêmica,
usando a deformação das figuras.
C) Dadaísmo, que rejeitava a instituição artística, propondo a
antiarte.
D) Futurismo, que propunha uma nova estética, baseada nos
valores da vida moderna.
E) Neoplasticismo, que buscava o equilíbrio plástico, com
utilização da direção horizontal e vertical.
Reprodução/Enem 2016
PICASSO, Pablo. Guernica, 1937.
Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Madri.
PICASSO, P. Les demoiselles d’Avignon. Óleo sobre tela, 243,9 × 233,7 cm.
Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, 1907.
Disponível em: <www.moma.org>. Acesso em: 13 set. 2012. Fique de Olho
Divulgação
grupo étnico, que se caracteriza por
A) produção de máscaras ritualísticas africanas.
B) rituais de fertilidade das comunidades celtas.
C) festas profanas dos povos mediterrâneos.
D) culto à nudez de populações aborígines.
E) danças ciganas do sul da Espanha.
C-04 H-12, 13
Aula H-14
As Vanguardas II – Expressionismo
12
Introdução
O Expressionismo constituiu um movimento artístico heterogêneo que destacou
A pintura pré-expressionista
Pintores do século XIX, como Paul Gauguin, Van Gogh e Henri Matisse, tiveram forte influência sob os artistas expressionistas,
sobretudo Van Gogh, que oscilou entre o Impressionismo e o Expressionismo. Surgia, nesse contexto, a pintura pré-expressionista
cuja técnica era chamada de empaste, camada de tinta grossa para que as pinceladas fiquem visíveis e pareçam sair da tela
quando seca. Van Gogh foi mestre nessa técnica ao utilizá-la para retratar a paisagem com formas retorcidas e, com isso, sugerir
o movimento instável das plantas ao vento e de sua própria vida íntima. Observe a obra Campo de trigo com cipreste:
National Gallery, Londres
Box de Informações:
Edvard Munch foi um pintor que estudou na Escola de Artes e Ofícios de Oslo, vindo a ser influenciado por Courbet e
Manet. No lugar das ideias, o pensamento de Henrik Ibsen e Bjornson, marcou o seu percurso inicial. A arte era considerada
como uma arma destinada a lutar contra a sociedade. Os temas sociais estão assim presentes em O Dia Seguinte e O dia depois
de amanhã, de 1886.
Munchmuseet/Oslo, Norway
Edvard Munch/Galeria Nacional, Oslo
MUNCH, Edvard (1983-1944). MUNCH, Edvard (1983-1944).
O Grito (1893). Óleo sobre tela. Madona (1894). Óleo sobre tela.
Com A Menina Doente (Das Kränke Mädchen, 1885) inicia uma temática que surgiria como uma linha de força em todo
o seu caminho artístico. Fez inúmeras variações sobre este último trabalho, assim como sobre outras obras, e os seus sentimentos
sobre a doença e a morte, que tinham marcado a sua infância (sua mãe morreu quando ele tinha 5 anos, a irmã mais velha faleceu
aos 15 anos, a irmã mais nova sofria de doença mental e uma outra irmã morreu meses depois de casar; o próprio Edvard estava
constantemente doente), assumem um significado mais vasto, transformados em imagens que deixavam transparecer a fragilidade
e a transitoriedade da vida. Edvard Munch descobre em Paris a obra de Vincent van Gogh e Paul Gauguin, e indubitavelmente o seu
estilo passa então por grandes mudanças.
Em 1892 um convite para expor em Berlim torna-se num momento crucial da sua carreira e da história da arte alemã. Inicia
um projeto que intitula O Friso da Vida. Edvard Munch representou a dança em 1950.
Aos trinta anos ele pinta “O Grito”, considerada a sua obra máxima, e uma das mais importantes da história do
Expressionismo. O quadro retrata a angústia e o desespero, e foi inspirado nas decepções do artista tanto no amor quanto com
seus amigos. É uma das peças da série intitulada O Friso da Vida. Os temas da série recorrem durante toda a obra de Munch,
em pinturas como A Menina Doente (1885), Amor e Dor (1893-94), Cinzas (1894) e A Ponte. Rostos sem feições e figuras
distorcidas fazem parte de seus quadros.
Em 1896, em Paris, interessa-se pela gravura, fazendo inovações nesta técnica. Os trabalhos deste período revelam uma
segurança notável. Em 1914 inicia a execução do projeto para a decoração da Universidade de Oslo, usando uma linguagem simples,
com motivos da tradição popular.
Munch retratava as mulheres ora como sofredoras frágeis e inocentes (ver Puberdade e Amor e Dor), ora como causa de
grande anseio, ciúme e desespero (ver Separação, Ciúmes e Cinzas). As últimas obras pretendem ser um resumo das preocupações
da sua existência: Entre o Relógio e a Cama, Auto-Retrato de 1940. Toda a obra está impregnada pelas suas obsessões: a morte,
a solidão, a melancolia, o terror das forças da natureza.
Faleceu em 23 de janeiro de 1944. Encontra-se sepultado no Cemitério de Nosso Salvador, Oslo, na Noruega.[1]
Wikipédia, a enciclopédia livre.
O estilo de Munch
• Abordagem de temas relacionados aos sentimentos e tragédias humanas (angústia, morte, depressão, saudade).
• Pintura de imagens desfiguradas, passando uma sensação de angústia e desespero.
• Forte expressividade no rosto das personagens retratadas.
• Pintura de figuras marcadas por fortes atitudes.
Reprodução/Enem 2017
• (Enem/2017)
Texto I
Reprodução/Enem 2017
Mineiro, Diego Rivera.
Reprodução/Enem 2017
GOELDI, O. Sem título. Bico de pena, 29,4 x 24 cm.
Coleção Ary Ferreira Macedo, circa 1940.
Reprodução/Enem 2017
pessoal e político, sua melancolia e paixão sobre os intensos
aspectos mais latentes em sua obra, como: cidades, peixes,
urubus, caveiras, abandono, solidão, drama e medo.
ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável. Revista de Arte, Mídia e Política.
Acesso em: 24 abr. 2017. Adaptado.
Reprodução/UEL
C) nascimento da arquitetura moderna com o movimento
Bauhaus.
D) florescimento do teatro político em que sobressaiu, entre
seus autores, Bertold Brecht;.
E) filmagem de “O Triunfo da Vontade” de Leni Riefenstahl.
02. (Enem) Ela nasceu lesma, vivia no meio das lesmas, mas
não estava satisfeita com sua condição. Não passamos de
criaturas desprezadas, queixava-se. Só somos conhecidas por
nossa lentidão. O rastro que deixaremos na História será tão
desprezível quanto a gosma que marca nossa passagem pelos
pavimentos.
Acervo CGPH – UEL. Fundo Nixdorg, 1932.
A esta frustração correspondia um sonho: a lesma queria ser
como aquele parente distante, o escargot. O simples nome já a
Reprodução/UEL
deixava fascinada: um termo francês, elegante, sofisticado, um
termo que as pessoas pronunciavam com respeito e até com
admiração. Mas, lembravam as outras lesmas, os escargots são
comidos, enquanto nós pelo menos temos chance de sobreviver.
Este argumento não convencia a insatisfeita lesma, ao contrário:
preferiria exatamente terminar sua vida desta maneira, numa
mesa de toalha adamascada, entre talheres de prata e cálices
de cristal. Assim como o mar é o único túmulo digno de um
almirante batavo, respondia, a travessa de porcelana é a única
lápide digna dos meus sonhos.
SCLIAR, M. Sonho de lesma. In: ABREU, C. F. et al. A prosa do mundo.
São Paulo: Global, 2009.
Incorporando o devaneio da personagem, o narrador compõe Cândido Portinari. Café, 1935. Óleo sobre tela. 130 × 195 cm.
uma alegoria que representa o anseio de Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)
A) rejeitar metas de superação de desafios.
B) restaurar o estado de felicidade de desafios. A relação do homem com a terra, expressa pelo universo do
C) materializar expectativas de natureza utópica. trabalho, é assunto recorrente na produção de fotógrafos
D) rivalizar com indivíduos de condição privilegiada. e artistas plásticos. A fotografia e a pintura abordam
E) valorizar as experiências hedonistas do presente. essa temática. Com base na análise dessas figuras e nos
conhecimentos sobre arte e história, considere as afirmativas
03. (G1–CFTMG) Analise a reprodução do quadro Café, pintado a seguir.
por Cândido Portinari, em 1935. I. Tanto na fotografia quanto na pintura, há elementos
compositivos que constituem um sistema perspectivo
Reprodução/CFTMG
Reprodução/Unesp2018
Reprodução/UPE
Jean-Auguste-Dominique Ingres.
Retrato da Condessa
Disponível em: <http://metropolis1927.com/>. d’Haussonville, 1854.
C)
Reprodução/Unesp 2018
Ela retrata uma das mais destacadas produções do
expressionismo alemão nas primeiras décadas do século XX.
Sobre esse movimento artístico, não é correto afirmar que
A) ele foi um movimento de vanguarda surgido na primeira
década do século XX.
B) teve como principal influência o movimento operário,
tomando como base o cinema soviético de David W. Griffith.
C) se manifestou basicamente na pintura, na literatura e no
teatro. Edward Hopper. O farol em duas luzes, 1929.
D) no cinema, suas principais preocupações foram o indivíduo, D)
Reprodução/Unesp2018
suas inquietações pessoais e o drama de uma sociedade
devastada pela guerra.
E) suas mais destacadas produções no cinema foram o
Gabinete do Dr Caligari, Nosferatu e Metrópolis.
Exercícios Propostos
ArtInstituteofChicago/Chicago,EstadosUnidos
Edvard Much. O grito, 1893.
B) VAN GOGH, Vincent (1853-1890).
Rijksmuseum/Amesterdã
Roy Lichtenstein,
Luminárias vermelhas, 1990.
C) VERMEER, Johannes (1657-1658).
Leiteira (1660). Óleo sobre tela.
© Photothèque R. Magritte/
AUTVIS, Brasil, 2019.
C)
© Photothèque R. Magritte/
AUTVIS, Brasil, 2019.
Reprodução/Enem 2015
06. (UEG/2013) Analise as imagens.
Reprodução/UEG 2013
Reprodução/UEG 2013
DESCENDO O CASTELO. Publicado na
AVENIDA CENTRAL. revista O Malho em 1905. In: RODRIGUE,
In: RODRIGUE, Joelza Ester. Joelza Ester. História em documento:
História em documento: imagem e texto 8. São Paulo:
imagem e texto 8. FTD, 2000. p. 39.
FREUD, L. Francis Wyndham. Oléo sobre tela, São Paulo FTD, 2000, p. 39.
64 x 52 cm, Coleção pessoal, 1993.
imagens.
D) uma disparidade entre o exílio da população da área central
e a instalação da nova avenida, que pode ser vista pela
semelhança da técnica de representação entre o desenho e
o registro da imagem.
E) uma reprodução fiel da realidade do século XIX em que a
arte serviu como uma arma de denúncia social e explorou
SEGALL, Laser. Emigrantes. Disponível em: <http://www.museusegal.org.br>.
o grotesco para atingir seu objetivo.
Acesso em: 27 ago. 2014.
07. (ESPM/2017) No ano de 1917, o evento artístico que mais
[...] magro e macilento, um tanto baixo, um tanto
repercutiu e mais levantou questões quanto à necessidade de
curvado, pouca barba, testa curta e olhos fundos. O uso
uma revolução na arte e cultura brasileira, foi a nova exposição
constante dos chinelos de trança fizera-lhe os pés monstruosos
e chatos; quando ele andava, lançava-os desairosamente da pintora Anita Malfatti, em São Paulo, no dia 12 de dezembro.
para os lados, como o movimento dos palmípedes nadando. A exposição marcava o coroamento dos anos de estudo da
Aborrecia-o o charuto, o passeio, o teatro e as reuniões em pintora pela Europa e Estados Unidos.
que fosse necessário despender alguma coisa; quando estava ALAMBERT, Francisco. A Semana de 1922: A Aventura Modernista no Brasil.
perto da gente sentia-se logo um cheiro azedo de roupas sujas.
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. p. 17. Em cartaz entre 07/02/2017 e 30/04/2017, no MAM (Museu
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 21 ago. 2014 de Arte Moderna), a mostra sobre Anita Malfatti é uma
A pintura de Lasar Segall e o fragmento de Aluísio de homenagem ao centenário da polêmica exposição de 1917.
Azevedo, embora afastados no tempo, servem-se de motivos Dividida em três núcleos, a exposição reúne cerca de setenta
semelhantes, e caracterizam, respectivamente, o obras, entre desenhos e pinturas, sendo que dez telas estavam
A) Simbolismo e o Naturalismo na exposição de 1917.
B) Arcadismo e o Colonialismo Disponível em: <guia.folha.uol.com.br/exposições/2017/02>.
C) Expressionismo e o Realismo
Reprodução/ESPM 2017
os principais ingredientes do Expressionismo. O cenário tenso,
a distorção da forma humana que chega a beirar o caricatural,
a agressividade das pinceladas, tudo colabora para compor
uma atmosfera dramática, que emana desolação, tragédia e
pessimismo. ‘A imagem expressionista tenta impressionar não
o olho, mas penetrar, atingir profundamente quem vê’, definiu
o crítico italiano Giulio Carlo Argan, autor do já clássico Arte
Moderna.
09. (UFF/2010)
Reprodução/UPE
Reprodução/UPE
O GRITO
Reprodução/UFF 2010
MUNCH, Edvard.
O Grito, 1893. KOLLWITZ, Káthe. Necessidade,
(1893-1901)
Eles são parte integrante do movimento artístico que marcou
A tucana Yeda Crusius se descontrola diante do a transição do século XIX para XX, denominado
protesto à sua porta. A) cubista, graças ao tratamento da natureza mediante formas
geométricas.
A governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB) bateu boca com B) futurista, baseando-se na velocidade e nos desenvolvimentos
cerca de 200 professores que, na porta de sua casa, pediam seu tecnológicos.
impeachment. Irritada, Yeda acusou os professores de “torturar C) dadaísta, por questionar o conceito de arte antes da Primeira
crianças” porque seus netos ficaram com medo de sair para ir Guerra Mundial.
D) impressionista, por meio da exploração da forma conjunta
à escola.
da intensidade das cores e da sensibilidade do artista.
O Globo, 17/07/09. p.11. E) expressionista, com o objetivo de mostrar como uma emoção
é capaz de transformar nossas impressões sensoriais.
Assinale a obra de arte que, pela intertextualidade, encaminha
uma determinada compreensão da foto e do título da notícia.
A) B) Fique de Olho
Reprodução/UFF 2010
Reprodução/UFF 2010
Divulgação
CHAGALL, Marc. (1887-1985) PORTINARI, Cândido. Mulher
Autorretrato com um cavalete do Pilão. Óleo sobre tela.
(1914). Óleo sobre tela.
Reprodução/UFF 2010
C) D)
Reprodução/UFF 2010
PICASSO, Pablo (1881-1973). MALFATTI, Anita. (1889- Esse filme dirigido por Peter Watkins foi primeiramente
As senhoristas de Avignon 1964). Autorretrato (1922). projetado como uma minissérie para TV, com três episódios.
(1907). Óleo sobre tela. Pastel sem cartão rígido
(desenho). No entanto, uma versão para o cinema foi lançada e selecionada
E) para o Festival de Cannes em 1976. Acompanha-se cerca de 30
Reprodução/UFF 2010
Dadaísmo
1. Poesia Fonética – Consiste na utilização da abstração do som O Surrealismo foi, inicialmente, um movimento literário
em detrimento do significado das palavras, ocorrendo desvio criado por poetas no começo do século XX. Com intenção elevar
quanto à acepção prévia do vocábulo. o movimento a outras vertentes da arte, o poeta André Breton
(1896-1966), membro desse grupo de poetas vanguardistas,
2. Ready Made – Trata-se da ressignificação de qualquer objeto e chamou para si essa responsabilidade ao estabelecer os parâmetros
o aproveitamento deste como material artístico. Assim, surgem do primeiro Manifesto Surrealista, que propunha a relação entre
trabalhos a partir de fotomontagem e da collage derivada do a criação artística e automatismo psíquico puro. Nesses termos,
Cubismo. a proposta dos surrealistas era de que a produção artística fosse
concebida a partir do ilogismo, do absurdo e do universo onírico.
3. Performance – O artista “dadá” tinha participação direta em No manifesto do Surrealismo apresentado em 1924, André Breton
eventos, deslocando a essência do fazer artístico para a vivência declara: “Creio na integração destes dois estados, aparentemente
cotidiana. contraditórios, que são o sonho e a realidade, e que formam uma
espécie de realidade absoluta, a “surrealidade”, se podemos chamá-la
Reprodução
aos estudos psicanalíticos de Freud. Dessa forma, a arte surreal se
consolidou como criativa porque procurava uma nova realidade e
tentava explorar o inconsciente e o subconsciente.
Reprodução/Enem
ready-made. Este mesmo procedimento foi utilizado por
Duchamp para ressignificar o urinol batizado de A Fonte, uma
das obras mais icônicas do dadaísmo.
Resposta: B
Exercícios de Fixação
Reprodução/UEL
No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg
(n. 1925) criou o termo combine para se referir a suas novas
obras que possuíam aspectos tanto da pintura como da
escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída
em uma exposição de jovens artistas americanos e italianos no
Festival dos Dois Mundos em Spoleto, na ltália.
Os responsáveis pelo festival, entretanto, se recusaram
a expor a obra e a removeram para um depósito. Embora o
mundo da arte debatesse a inovação de se pendurar uma cama
numa parede, Rauschenberg considerava sua obra “um dos
quadros mais acolhedores que já pintei, mas sempre tive medo
de que ninguém quisesse se enfiar nela”.
DEMPSEY. A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna.
São Paulo: Cosac & Naify. 2003.
Kurt Schwitters, Something or Other,
A obra de Rauschenberg chocou o público na época em “que colagem, 8,2 × 14,5 cm, 22.
Reprodução/UEL
a sequência correta.
A) V – F – V – V – F
B) V – F – F – F – V
C) F – V – V – F – V
D) F – V – F – V – F
E) F – F – V – V – V
Reprodução/UEL
As origens do Surrealismo nas artes visuais estão no
movimento Dadá e nas obras de De Chirico e Marc Chagall.
Esses artistas já realizavam um arranjo irracional de objetos, em
uma ausência de lógica que caracteriza as imagens oníricas,
abrindo caminho para os domínios do inconsciente. Com
a colaboração dos dadaístas, Hans Arp e Max Ernst, Breton
propôs, com base na psicanálise, um método de criação
poética espontâneo, denominado “automatismo psíquico”. 03. (ESPM)
Tal método pretendia acessar diretamente as imagens simbólicas
Reprodução/ESPM
Reprodução/ESPM
do inconsciente, independente de qualquer preocupação
estética ou moral, sem o “filtro” da razão e da lógica. Além de
Ernst e Arp, se destaca o trabalho de Joan Miró, com poéticas
mais intuitivas que racionais. Alguns artistas, como Buñuel,
Dali, Magritte, Giacometti, tiveram relação com o movimento
surrealista. Artistas brasileiras, como a escultora Maria Martins e
a pintora Tarsila do Amaral (na sua fase antropofágica), tiveram
influência marcante desse movimento.
HERBERT, R. História da Pintura Moderna. Roda de bicicleta (1912) Fonte (1917)
São Paulo: Círculo do Livro S.A., s/d. p.23-143. Adaptado.
O autor foi o criador do Ready-made, termo criado para
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, designar um tipo de objeto, por ele inventado, que consiste em
assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em massa,
selecionados sem critério estético e expostos como obras
as imagens das obras de um precursor do surrealismo, de um
de arte em espaços especializados como museus e galerias.
surrealista europeu e de um artista brasileiro surrealista.
Ao transformar qualquer objeto em obra de arte, o artista
A) realiza uma crítica radical ao sistema da arte.
Reprodução/UEL
04. (Unesp) A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp
e apresentada em Nova Iorque em 1917.
Reprodução/Unesp
C)
Reprodução/UEL
Reprodução/UEG 2018
E) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância
social da produção artística.
05. (Enem)
Texto I
Ta m b é m c h a m a d o s i m p re s s õ e s o u i m a g e n s
fotogramáticas [...], os fotogramas são, numa definição
genérica, imagens realizadas sem a utilização da câmera
fotográfica, por contato direto de um objeto ou material com
uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de luz. Essa
técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu de modelo
a muitas discussões sobre a ontologia da imagem fotográfica, FRANCO, Siron. O aliado (1978). Óleo sobre tela.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br
foi profundamente transformada pelos artistas da vanguarda,
/obra12757/o-aliado>.
nas primeiras décadas do século XX. Representou mesmo, Acesso em: 24 ago. 2017.
ao lado das colagens, foto montagens e outros procedimentos
técnicos, a incorporação definitiva da fotografia à arte moderna Um galo sozinho não tece uma manhã:
e seu distanciamento da representação figurativa. ele precisará sempre de outros galos.
COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e vanguardas: De um que apanhe esse grito que ele
as experiências de Man Ray. Studium, n. 2, 2000. e o lance a outro; de um outro galo
Texto II que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
Reprodução/Enem
Reprodução/Unifesp
Texto I
Reprodução/Enem PPL
As férias de Hegel, 1958.
C)
Reprodução/Unifesp
DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Aço e madeira, 1,3 m x 64 cm x 42 cm, 1913.
Museu de Arte Moderna de Nova York.
DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Barcelona: Polígrafo, 1995.
Texto II
Ao ser questionado sobre seu processo de criação de
ready-mades, Marcel Duchamp afirmou:
— Isto dependia do objeto; em geral, era preciso tomar Decalcomania, 1966.
cuidado com o seu look. É muito difícil escolher um objeto
porque depois de quinze dias você começa a gostar dele D)
Reprodução/Unifesp
ou a detestá-lo. É preciso chegar a qualquer coisa com uma
indiferença tal que você não tenha nenhuma emoção estética.
A escolha do ready-made é sempre baseada na indiferença
visual e, ao mesmo tempo, numa ausência total de bom ou
mau gosto.
CABANNE, P. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido.
São Paulo: Perspectiva, 1987. Adaptado.
A)
Reprodução/Unifesp
BACON, F. Três estudos para um autorretrato. Óleo sobre tela.37,5 x 31,8 cm (cada).
Disponível em: <www.metmuseum.org>.
A explicação, 1954. Acesso em: 30 maio. 2016.
Reprodução/UFV
matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído.
DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
Texto I
Reprodução/Enem
Texto II
Reprodução/Uel2016
MAGRITTE, R. A reprodução proibida.
Óleo sobre tela, 81,3 x 65 cm.
Museum Boijmans Van Buningen, Holanda, 1937.
Reprodução
A Tentação de Santo Antão (1946), de Salvador Dali.
Disponível em: <https://trabalhosparaescola.com.br>.
Acesso em 7 out. 2018.
Texto II
Sua ênfase no poder da imaginação colocou-os
na tradição do Romantismo, mas ao contrário de seus
antepassados, eles acreditavam que as revelações poderiam ser
encontradas na rua e na vida cotidiana. O impulso de tocar a
mente inconsciente, e seus interesses em mito e primitivismo,
passou a moldar muitos movimentos posteriores, e o estilo
permanece influente até hoje.
LEGÉR, F. Funções da pintura. São Paulo: Nobel, 1989.
Aula 14:
C-04 H-12, 13
Aula H-14
O Abstracionismo
14
Tendências Abstratas
Vladimir Tatlin, Monumento à
Terceira Internacional, 1919.
Suprematismo
Aspectos:
Segundo Stephen Little, “o Suprematismo rejeitava os
conceitos convencionais da arte em favor da exploração artística Construtivismo Russo:
de uma realidade espiritual capaz de se expressar por meio da • Movimento estético-político de vanguarda;
abstração geométrica”*. Essa tendência abstrata foi idealizada pelo • Iniciado na Rússia em 1919 após a Revolução Soviética;
russo Kazimir Malevich, que utilizou as formas geométricas e, muitas • Forte influência na arquitetura e na arte ocidental;
vezes, a ausência de cores para criar suas obras, defendendo um • Movimento com tendência para a arquitetura e design;
puro visual plástico, aspecto que o difere do Cubismo. Malevich, no • Arte inspirada pela máquina e pela industrialização;
Manifesto do Suprematismo, apresentado em 1915, afirmava que • Opção pela atividade coletiva em oposição ao individualismo;
o Suprematismo significava a supremacia do sentimento puro da • Os seus pioneiros foram Malevich e Rodchenko;
arte, um sentimento de negação à objetividade que tentava libertar • O escultor mais importante foi Vladimir Tatlin.
a arte do lastro do mundo das coisas.
* *LITTLE, Stephen ...ismos, Para entender a arte. São Paulo: Globo, 2010. Neoplasticismo
O Neoplasticismo tem ligação profunda e indissolúvel com
Museu Stedelijk Amsterdã Holanda
Construtivismo Russo
Tendência artística utópica, oriunda dos ideais da Revolução
Russa, o que a caracteriza como uma espécie de arte totalitária. MONDRIAN, Piet. Composição A.
Óleo sobre tela, 90 × 91. Roma, Itália.
Seus adeptos buscavam desenvolver uma forma de arte voltada
para a renúncia de qualquer traço natural do objeto, bem como
Características do Neoplasticismo:
romper com as formas de fazer arte passadistas, o que torna o • Emprego de formas em grade;
Construtivismo próximo ao Futurismo. Além disso, o objeto artístico • Aplicação de cores primárias e chapadas;
se liberta de sua base, do pedestal, do paralelismo à parede, • Desnudamento do figurativo;
trabalha mais com o espaço como elemento da linguagem plástica. • Redução da pintura ao estilo;
Na pintura chega ao branco sobre o branco, ressaltando a presença • Ordem espiritual;
matérica da tela, o objeto “tela” como mais importante que • Descentralização da imagem na pintura; pintura periférica;
representações feitas sobre sua superfície. • Destaca-se o elementar.
Domínio Pùblico
Franz Kline. Nas suas obras, bastante gestualistas, a tinta era lançada
diretamente na tela, através de gestos instintivos, onde o acaso e o
aleatório determinavam a evolução da pintura. A outra tendência,
a Color Field, mais meditativa ou “mística”, integra os pintores
Rothko e Gottlieb. Estes artistas exploraram preferencialmente as
qualidades tácteis e os efeitos sensitivos da cor e produziram quadros
abstratos utilizando poucos elementos, representados com limites
indefinidos e relações cromáticas de grande sutileza.
Wikipédia, a enciclopédia livre
Questão comentada
Reprodução/UFMS 2008
Reprodução/UEL
Cézanne após a Segunda Guerra Mundial.
D) A obra Composição em vermelho, preto, amarelo e cinza
(1920), pintada por Kandinsky, revolucionou o período
Abstracionista.
E) A obra Composição em vermelho, preto, amarelo e cinza
(1920), pintada por Kandinsky, é um dos maiores ícones da
história do movimento Cubista.
Comentário:
Reprodução/UEL
ou de detalhes individuais de objetos naturais. Assim, Mondrian
restringiu os elementos de composição pictórica à linha reta,
ao retângulo e às cores primárias, azul, amarelo e vermelho,
aos tons de cinza, preto e branco.
Essa pintura representa um modelo exemplar da harmonia
universal ou verdadeira beleza, a medida da evolução humana
por um ambiente total que pudesse viver em harmonia.
Considera-se a obra de Mondrian o expoente máximo do
Abstracionismo Geométrico.
Resposta: B
D)
Reprodução/UEL
Exercícios de Fixação
Reprodução/UEL
através de uma forma orgânica e dinâmica. Lygia Clark e Hélio
Oiticica assumiram radicalmente a ruptura com as linguagens
tradicionais, integrando a participação do corpo na constituição
da obra, desencadeando o movimento neoconcreto. Lygia Clark
explorou a experiência tátil e Oiticica explorou formas e cores
no espaço e criou os Ambientes e Parangolés.
RIBEIRO, M. A. Neovanguardas: Belo Horizonte anos 60.
Belo Horizonte: Cia das Artes, 1997. p.58-61. Adaptado.
A)
Reprodução/UEL
Ttéia, 2002.
Reprodução/UEL
I.
Reprodução/UEL
PROENÇA, Graça. História da Arte,
2009. p. 49.
II.
Reprodução/UEL
Cambuí, 2011.
III.
Reprodução/UEL
III.
Reprodução/UEL
Escultura do monumento do emissário de
Santos, 2008.
IV.
Reprodução/UEL
IV.
Reprodução/UEL
Reprodução/Enem 2018
na Praça da Sé, em São Paulo.
Reprodução/Unesp
A escultura possui influências do movimento artístico
A) neoconcreto e apresenta um corte e uma dobra na chapa.
A representação da chapa original e seu corte correspondem
à figura GRIMBERG, N. Estrutura vertical dupla.
Disponível em: <www.normagrimberg.com.br>.
Acesso em: 13 dez. 2017.
Texto II
Reprodução/Enem 2018
B) cubista e apresenta um corte na chapa, seguido de
soldagem. A representação da chapa original e seu corte
correspondem à figura
Exercícios Propostos
04. (Enem/2011)
Reprodução/Fuvest 2019
Reprodução/Enem 2011
Lasar Segall, Navio de Emigrantes, 1939-1941,
óleo com areia sobre tela.
KAPROW, A. Yard: environments, situations, spaces. 1961. 05. Leia atentamente o trecho abaixo e, em seguida, assinale o que
Sculputure Garden at Martha Jackson Gallery. Nova York.
estiver correto a respeito do estudo de História da Arte.
Reprodução/Enem 2017
Stedelijk Museum/Amsterdam
Texto I
Joan Miró sentia a mão direita demasiado sábia e que de saber
tanto já não podia intentar nada. Quis então que desaprendesse
o muito que aprendera a fim de reencontrar a linha ainda fresca
da esquerda. Pois que ela não pôde, ele, ele pôs-se a desenhar
com esta até que, se operando, no braço direito ele a enxerta.
A esquerda (se não se é canhoto) é mão sem habilidade:
reaprende a cada linha, cada instante, a recomeçar-se. Piet
Mondrian, também, da mão direita andava desgostado; não por
ser ela sábia: porque, sendo sábia, era fácil. Assim, não a trocou
MALEVICH, Kazimir (1879–1935). de braço: queria-a mais honesta e por isso enxertou outras mais
Pintura suprematista: oito retângulos vermelhos
(1915). Óleo sobre a tela. sábias dentro dela. Fez-se enxertar réguas, esquadros e outros
utensílios para obrigar a mão a abandonar todo improviso.
B)
Domínio Público
Assim foi que ele, à mão direita, impôs tal disciplina: fazer o
que sabia como se o aprendesse ainda.
MELO NETO, J. C. “O sim contra o sim”. In: Serial e antes.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. Adaptado.
Texto II
Reprodução/ENADE2017
COUBERT, Gustave (1819-1877).
O homem desesperado (1843). Óleo sobre a tela.
C)
Museu do Louvre, Paris
Texto III
Reprodução/ENADE 2017
VINCI, Leonardo da (1452-1519). Monalisa (1503).
Óleo sobre tela.
D)
Museu do Louvre, Paris
MONDRIAN, P. Composition
No. II, with Red and Blue. 1930.
DAVID, Jacques-Louis (1748-1825). O Juramento dos Horácios (1784). Ao estabelecer relações intersemióticas com os procedimentos
Óleo sobre tela.
composicionais dos pintores Joan Miró e Piet Mondrian, o poeta
E) A) valoriza a imposição de constantes desafios ao ato de
Museu Nacional de Belas Artes
(MNBA, Rio de Janeiro
Reprodução/Enem 2016
Reprodução/UFMS 2011
TOZZI, C. Colcha de retalhos. Mosaico figurativo.
Beatriz Milhazes. As meninas de Lázaro, 1960.
Estação de Metrô Sé.
Técnica mista.
Disponível em: <www.arteforadomuseu.com.br>.
Acesso em: 8 mar. 2013.
A complexidade formal compreende um aspecto visual
Colcha de retalhos representa a essência do mural e convida o constituído por muitos elementos, resultando em uma leitura
público a difícil e lenta.
A) apreciar a estética do cotidiano. Quadro III
B) interagir com os elementos da composição.
Reprodução/UFMS 2011
C) refletir sobre elementos do inconsciente do artista.
D) reconhecer a estética clássica das formas.
E) contemplar a obra por meio da movimentação física.
Reprodução/UFMS 2010
panorama da evolução artística em seus mais importantes estilos e
movimentos, apresentando as obras emblemáticas da pintura, da
escultura, da arte conceitual e da performática, além de análises
detalhadas que facilitam sua compreensão.
• Contém mais de 1.100 ilustrações coloridas de obras-primas.
• Abrange todos os gêneros artísticos, da pintura e escultura
tradicionais à arte contemporânea.
• Traz a cronologia dos principais acontecimentos, o que ajuda o
leitor a compreender o contexto sociocultural da época em que
as obras foram criadas.
• Apresenta a história da arte de maneira acessível, numa
diagramação que facilita a leitura.
Disponível em: <https://www.amazon.com.br/
A partir das imagens 1, 2 e 3, assinale a alternativa correta. Tudo-sobre-arte-Stephen-Farthing>.
A) A simplicidade da linguagem, obtida pelos contrastes tonais
e a linha, aponta para o movimento Cubista Sintético.
B) As imagens estão compostas por formas orgânicas Aula 15:
Fique de Olho
São Paulo e em Paris, o que gerou uma artista sem amarras estéticas
ou imposições formais. Muito pelo contrário, a formação acadêmica
só reforçou a singularidade da cultura popular brasileira para
Tarsila. Podemos dizer que Tarsila do Amaral encontrou soluções
extremamente pertinentes para o que talvez seja o maior dilema da
arte brasileira contemporânea: a difícil combinação entre as novas
informações e a tradição advindas da arte europeia e o caldo cultural
brasileiro, principalmente no que se refere à expressão popular.
Tarsila do Amaral foi uma artista muito consciente da sua
importância no movimento modernista e da inserção da sua obra no
panorama brasileiro das artes plásticas. Tarsila integrava a vanguarda
MALFATTI, Anita (1889-1964).
intelectual e artística da época, cultivando uma forte amizade com
A Estudante (1915). o intelectual franco-suíço Blaise Cendrars.
Óleo sobre tela.
Texto II
Considerando as informações, o comentário que apresenta
coerência em relação aos textos propostos para análise é o
Reprodução/Enem 2013 indicado na alternativa C.
Resposta: C
• (Enem/2010)
Reprodução/Enem 2010
PORTINARI, C. O desenvolvimento do Brasil. 1956.
Óleo sobre tela, 199 × 169 cm
Disponível em: <www.portinari.org.br>.
Acesso em: 12 jun. 2013.
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro, 1925.
Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos Óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.
portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
A) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das O Modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas
primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras
europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos
brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente.
B) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados,
cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se
brasileira e a contestação de uma linguagem moderna. que, nas artes plásticas, a
C) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar A) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, B) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.
em primeiro plano, a inquietação dos nativos. C) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
D) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – D) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e E) forma apresenta contornos e detalhes humanos.
artística.
Comentário:
Comentário:
A tela de Tarsila proposta para análise integra a fase Pau-
A carta conhecida como “Carta de Pero Vaz de Caminha” Brasil, momento da pintura da artista bastante influenciada
é um documento no qual o escrivão (Pero Vaz de Caminha) pelo Cubismo, o que na obra se caracteriza pela valorização
de Pedro Álvares Cabral registrou suas primeiras impressões
das linhas retas. Some-se a isso a temática do cotidiano tão
sobre a terra descoberta. É considerado o primeiro
explorada pela autora.
documento escrito da História do Brasil. A carta exemplifica
o deslumbramento típico dos europeus em relação ao “Novo Resposta: B
Reprodução/ESPM
semelhantes à norte-americana e opostas à velha Europa.
E) pela recusa crescente à arte academicista e à busca de
propostas formais que traduzissem a realidade vertiginosa
da modernidade, explorando a beleza encontrada nas
máquinas, nas geometrias, no uso da eletricidade e na
comunicação de massa.
nossa cultura.
E) Mostra o rompimento de vários artistas nacionais, como
Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, com as influências
externas, principalmente com o movimento futurista italiano,
profundamente aliado aos ideais fascistas e autoritários.
Reprodução/UFRGS
Samba, de Di Cavalcanti.
Óleo sobre tela, 1927.
Disponível em: <plastico.blogfolha.uol.com.br>.
Reprodução/Uerj
Reprodução/Fuvest 2005
A) domínio do academicismo, que dificulta a recepção da
vertente realista na obra de Anita Malfatti.
B) dissonância entre as vertentes artísticas, que divergiam sobre
a validade do modelo estético europeu.
C) exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justificavam
a adaptação da estética europeia à realidade brasileira.
D) impacto de novas linguagens estéticas, que alteravam o
conceito de arte e abasteciam a busca por uma produção
artística nacional.
E) influência dos movimentos artísticos europeus de vanguarda,
que levava os modernistas a copiarem suas técnicas e
Sobre este quadro, “A Negra”, pintado por Tarsila do Amaral temáticas.
em 1923, é possível afirmar que
A) se constituiu numa manifestação isolada, não podendo ser • Texto para a questão 06.
associada a outras mudanças da cultura brasileira do período.
B) representou a subordinação, sem criatividade, dos A mulher era uma pena na cidade grande.
padrões da pintura brasileira às imposições das correntes E a cidade grande se lhe exibia como uma prostituta na
internacionais. vitrine. E se insinuava, sorrateira, entre um e outro setor. Vista
C) estava relacionado a uma visão mais ampla de nacionalização num relance, seu conjunto urbano parecia se erigir em meio
das formas de expressão cultural, inclusive da pintura. aos interstícios de sonhos diacrônicos, que, unidos, formavam
D) foi vaiado, na sua primeira exposição, porque a artista pintou um mosaico por meio de cujo vislumbre o presente e o passado
uma mulher negra nua, em desacordo com os padrões conviviam na forma arquitetônica de seus prédios. Era antiga e
morais da época. nova ao mesmo tempo. Essa cidade grande se chamava Trude
E) demonstrou o isolamento do Brasil em relação à produção e era fruto de um desejo e de uma realidade.
artística da América Latina, que não passara por inovações. [...] Então Heloíse Dena passou a sentir muito medo.
Não da cidade em si, nem dos perigos e dos riscos multiplicados
05. (Enem-PPL) pela configuração da urbe imensa. Seu medo era de algo mais
Texto I profundo, menos aparente. No fundo, receava não conseguir
viver o contexto de uma busca e de um encontro em meio a
Embora eles, artistas modernos, se deem como novos tantos e tão altos prédios. Por essa época, só se sentia realmente
precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte à vontade dentro de seu carro, quando estava com os vidros
anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em seus fechados e as portas trancadas.
tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam
as paredes internas dos manicômios. Essas considerações são FREITAS, Ewerton. As metades invisíveis.
São Paulo: Ixtlan, 2010. p. 130.
provocadas pela exposição da Sra. Malfatti. Sejam sinceros:
futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam
Reprodução/UEG
de outros tantos ramos da arte caricatural.
LOBATO, M. Paranoia ou mistificação: a propósito da exposição de Anita Malfatti.
O Estado de São Paulo, 20 dez. 1917. Adaptado.
Texto II
Anita Malfatti, possuidora de uma afta consciência
do que faz, a vibrante artista não temeu levantar com os
seus cinquenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais
contrariantes hostilidades. As suas telas chocam o preconceito
fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas
exposições de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é o que
todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que
melhor conseguem iludir.
ANDRADE. O. A exposição Anita Malfatti. Jornal do Commercio, AMARAL, Tarsila do. Operários (1933).
11 jan. 1918 Adaptado. Disponível em: <http//novaescola.org/arte/prática-
pedagógica/tem-muitas-histórias-brasil-telas-tarsilia-424884.shtml>.
Texto III Acesso em: 22 ago. 2016.
Reprodução/Enem
Reprodução/CFT MG 2014
romantizada dos primeiros dias dos portugueses no Brasil.
09. (Fuvest)
Reprodução/Fuvest
Museu Nacional de Belas Artes, RJ.
Reprodução/Vunesp 2017
disso, na segunda, não se vê a cruz fincada no altar.
Reprodução/Enem
Anotações
Conteúdo:
Aula 11: Interpretação de Textos Estilo Enem
Exercícios ...............................................................................................................................................................................................................210
Aula 12: Interpretação de Textos Estilo Enem
Exercícios ...............................................................................................................................................................................................................213
Aula 13: Interpretação de Textos Estilo Enem – Charges e Tirinhas
Exercícios................................................................................................................................................................................................................216
Aula 14: Interpretação de Textos de Outros Vestibulares
Exercícios................................................................................................................................................................................................................220
Aula 15: Verbos Anômalos
Exercícios ...............................................................................................................................................................................................................224
LInguagens, cÓdIgos e suas tecnoLogIas Língua Inglesa
O texto anterior relata o caso de um fazendeiro prestes a se
aposentar e vender sua fazenda. O aspecto cômico desse texto
Aula 11:
C-2 H-5, 6
Aula Interpretação de Textos H-7, 8 provém da
A) constatação pelo fazendeiro da razão de sua aposentadoria.
11 Estilo Enem B) opinião dos vizinhos referente à forma de se livrar dos animais.
C) percepção do fazendeiro quanto à relação de poder entre
o casal.
D) agressividade da esposa relacionada a um questionamento
inocente.
E) indecisão dos cônjuges quanto à melhor escolha a ser feita
Exercícios de Fixação no momento.
Reprodução/Unicamp 2019
01. (Uespi) The text says that
A) it is safe for people go to the doctor when they are sick.
B) people should not go to the doctor when they are sick.
C) medical mistakes kill a great number of people in the U.S.
D) many people die in hospitals in the United States.
E) the Institute of Medicine advises people to consult the doctor.
Going to the doctor isn’t as safe as you might 06. (Uespi) A synonym for the word “blunders” (line 6) is
think. Medical mistakes kill between 44,000 and 98,000 A) tests.
people in the United States annually, reports the Institute of B) mistakes.
Medicine — a private agency that advises the government C) medications.
05 and industry. The problem isn’t the cold you might catch D) exams.
in the waiting room, but blunders like improper testing, E) diagnoses.
incorrect diagnoses, and medicine mix-ups.
C-2 H-5, 6
DNA computing uses DNA, biochemistry and molecular Aula Interpretação de Textos H-7, 8
The Segway PT is a two-wheeled, self-balancing, zero-emission, Air pollution may be damaging every organ and virtually
electric vehicle used for “personal transport”. Segways have every cell in the human body, according to a comprehensive
had success in niche markets such as transportation for police new global review. The research shows head-to-toe harm, from
departments, military bases, warehouses, corporate campuses or heart and lung disease to diabetes and dementia, and from liver
industrial sites, as well as in tourism. problems and bladder cancer to brittle bones and damaged
skin. Fertility, fetuses and children are also affected by toxic air,
1994 Quantum Cascade Laser the review found.
The systemic damage is the result of pollutants causing
A quantum cascade laser is a sliver of semiconductor inflammation that then floods through the body and ultrafine
material about the size of a tick. Inside, electrons are constrained particles being carried around the body by the bloodstream.
within layers of gallium and aluminum compounds, called quantum Air pollution is a “public health emergency”, according to the
wells are nanometers thick, much smaller than the thickness of a World Health Organization, with more than 90% of the global
hair. Electrons jump from one energy level to another, rather than population enduring toxic outdoor air. New analysis indicates
moving smoothly between levels and tunnel from one layer to the 8.8m early deaths each year – double earlier estimates – making
next going “through” rather than “over” energy barriers separating air pollution a bigger killer than tobacco smoking. But the
the wells. When the electrons jump, they emit photons of light. The impact of different pollutants on many ailments remains to be
quantum cascade laser was co-invented by Alfred Y. Cho, Claire F. established, suggesting well-known heart and lung damage is
Gmachl, Federico Capasso, Deborah Sivco, Albert Hutchinson, and only “the tip of the iceberg”.
Alessandro Tredicucci at Bell Laboratories in 1994.
Disponível em: <https://www.theguardian.com/environment>.
Acesso em: 18 jul. 2019.
1995 JavaScript
A poluição do ar tem sido, talvez, um dos maiores problemas
JavaScript, a scripting language widely used for client-side da humanidade nos últimos séculos. As revelações do texto
web development, became the originating dialect of the ECMAScript acima podem ser consideradas alarmantes porque, dentre
standard. It is a dynamic, weakly typed, prototype-based language outras coisas, indicam que
with first-class functions. JavaScript was influenced by many A) não há solução a curto, médio ou longo prazo para o
languages and was designed to look like Java, but to be easier for problema da poluição do ar no nosso planeta.
non-programmers to work with. Brendan Eich invented JavaScript B) haverá, em pouco tempo, quase nove milhões de mortes
(which he called Mocha) in 1995; it later became renamed to anuais decorrentes de problemas de saúde causados pelas
LiveScript, and finally to JavaScript. partículas tóxicas encontradas no ar poluído das grandes
cidades.
1996 Adobe Flash C) o ar poluído afeta diretamente as crianças, podendo
causar infertilidade e interferir diretamente no processo de
Adobe Flash is a multimedia platform created by Macromedia reprodução da espécie num futuro não tão distante.
and currently developed and distributed by Adobe Systems. Since D) os efeitos causados por diferentes poluentes ainda carecem
its introduction in 1996, Flash has become a popular method for de mais esclarecimentos, pois o que se sabe, até agora,
adding animation and interactivity to web pages. Jonathan Gay pode ser considerado apenas uma pequena amostra do
wrote the Flash code in 1996 by while in college and extended it problema.
while working for Silicon Beach Software and its successors. E) as recentes pesquisas revelam uma situação irreversível no
que diz respeito aos efeitos da poluição do ar na saúde dos
Wikipedia, the free encyclopedia.
cidadãos.
Reprodução/Unicamp 2019
Mae, a sort of showers on wheels, a new project that aims to
turn decommissioned city buses into shower stations for the
homeless. Each bus will have two shower stations and Sandoval
expects that they’ll be able to provide 2,000 showers a week.
ANDREANO, C. Disponível em: <http://abcnews.go.com>.
Acesso em: 26 jun. 2015. Adaptado.
Reprodução/ITA 2019
13 Tirinhas
Exercícios de Fixação
CommitStrip.com
Reprodução/Unicamp 2019
GLASBERGEN, R. Disponível em: <www.glasbergen.com>.
Acesso em: 3 jul. 2015. Adaptado.
Reprodução/Unifor 2019.2
There was a house in the great Metropolis which was
older than the town. Many said that it was older, even, than
the cathedral, and, before the Archangel Michael raised his
voice as advocate in the conflict for God, the house stood there
in its evil gloom, defying the cathedral from out its dull eyes.
It had lived through the time of smoke and so. Every
year which passed over the city seemed to creep, when dying,
into this house, so that, at last it was a cemetery – a coffin,
filled with dead tens of years. Set into the black wood of the
door stood, copper-red, mysterious, the seal of Solomon, the
pentagram.
It was said that a magician, who came from the East
(and in the track of whom the plague wandered) had built
Quando o colega pergunta ao outro “How do you turn this the house in seven nights. But the masons and carpenters
thing on?”, podemos concluir que of the town did not know who had mortared the bricks,
A) o que os alunos têm nas mãos é um minicomputador. nor who had erected the roof. No foreman’s speech and
B) os alunos estão confusos com as instruções do professor.
no ribboned nosegay had hallowed the Builder’s Feast after
C) os alunos não estão mais habituados a manipular livros.
the pious custom. The chronicles of the town held no record
D) os alunos não estão mais habituados a manipular
computadores. of when the magician died nor of how he died. One day it
E) os alunos estão surpresos com o que eles têm que fazer na occurred to the citizens as odd that the red shoes of the
sala de aula. magician had so long shunned the abominable plaster of
the town. Entrance was forced into the house and not a
living soul was found inside. But the rooms, which received,
neither by day nor by night, a ray from the great lights of
Exercícios Propostos the sky, seemed to be waiting for their master, sunken
in sleep. Parchments and folios lay about, open, under a
covering of dust, like silver-grey velvet.
01. (PUC-SP – Inverno/2017) HARBOU, T. von. Metropolis. [S.l.]:
The Gutenberg Project, 2006.
Dmytro Demianenko/123RF/Easypix
Reprodução/Enem 2013
IT‛S THE SCARIEST “AMERICA‛S FUNNIEST ...”YOU‛RE GOING TO
THING ANYONE HOME VIDEOS” YEAH! MY FAVORITE
TONIGHT WAS
GROW UP TO BE JUST
COULD EVER SAY IS THE BEST THE GUY WHO LIKE YOUR MOM
SHOW ON TV!
TO ME... ACCIDENTALLY
SWALLOWED
AND DAD”.
A WHOLE
WATERMELON!
Peanuts, Charles Schulz © 1964 Peanuts Worldwide LLC. / Dist. by Andrews McMeel Syndication
Reprodução/Unifor/2017.2
Reprodução/Enem 2011
“I start every song by counting 1-2-3-4 because it
reminds me of Math. Math depresses me and
that helps me sing the blues.” “I’ll have the misspelled ‘Ceasar‘ salad and the improperly
hyphenated veal osso-buco.”
Ao estabelecer uma relação entre a matemática e o blues a John Denmone Ziegler Jr. nasceu no Brooklyn, em Nova
partir da opinião pessoal de um dos rapazes, a charge sugere Iorque, no dia 13 de julho de 1942, em Forest Hills, Queens, e
que morreu aos 74 anos, no dia 31 de março de 2017, em Kansas City,
A) as canções iniciadas com a contagem de 1 a 4 fazem lembrar Kansas. Iniciou sua carreira em meados de 1970, que foi
definida pelo seu estilo satírico, observador e irônico.
o blues.
B) o blues, com seu ritmo depressivo, alivia o sentimento Observe a tirinha de Ziegler Jr. e analise as afirmações:
causado pela matemática. I. O cliente está indeciso sobre seu pedido;
C) as canções devem se iniciar com a contagem de 1 a 4 para II. O cliente está reclamando da ortografia dos pratos de seu pedido;
se tornarem tristes. III. O cliente decidiu por uma salada ‘Caesar‘ e um ossobuco
D) o blues, assim como a matemática, consegue despertar um de vitela;
sentimento inspirador. IV. O cliente está pedindo informações sobre a salada ‘Caesar‘
E) o sentimento despertado pela matemática serve como e ossobuco de vitela;
motivação para o blues. V. O cliente está criticando a qualidade da salada ‘Caesar‘ e
do ossobuco de vitela.
09. (Enem/2011 – 2ª Aplicação)
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III
B) II e III
C) IV e V
D) II e IV
E) I, II e IV
Fique de Olho
C-2 H-5, 6
The atmosphere is unabashedly intimate, cozy and
Aula Interpretação de Textos de H-7, 8 feminine — an aesthetic choice that also makes commercial sense,
given that women account for some 60 percent of book buyers.
14 Outros Vestibulares A section called “The Joy of the Table” stocks Indigo-brand ceramics,
glassware and acacia wood serving platters with the cookbooks. The
home décor section has pillows and throws, woven baskets, vases
and scented candles. There’s a subsection called “In Her Words,”
which features idea-driven books and memoirs by women. An area
Exercícios de Fixação labeled “A Room of Her Own” looks like a lush dressing room, with
vegan leather purses, soft gray shawls, a velvet chair, scarves and
journals alongside art, design and fashion books.
Books still account for just over 50 percent of Indigo’s sales
• Texto para as questões de 01 a 05. and remain the central draw; the New Jersey store stocks around
HOW A CANADIAN CHAIN IS REINVENTING 55,000 titles. But they also serve another purpose: providing a
BOOK SELLING window into consumers’ interests, hobbies, desires and anxieties,
which makes it easier to develop and sell related products.
By Alexandra Alter Publishing executives, who have watched with growing alarm
About a decade ago, Heather Reisman, the chief executive of as Barnes & Noble has struggled, have responded enthusiastically
Canada’s largest bookstore chain, was having tea with the novelist to Ms. Reisman’s strategy. “Heather pioneered and perfected the
Margaret Atwood when Ms. Atwood inadvertently gave her an idea art of integrating books and nonbook products,” Markus Dohle,
for a new product. Ms. Atwood announced that she planned to the chief executive of Penguin Random House, said in an email.
go home, put on a pair of cozy socks and curl up with a book. Ms. Ms. Reisman has made herself and her own tastes and
Reisman thought about how appealing that sounded. Not long after, interests central to the brand. The front of the New Jersey store
her company, Indigo, developed its own brand of plush “reading features a section labeled “Heather’s Picks,” with a display table
socks.” They quickly became one of Indigo’s signature gift items. covered with dozens of titles. A sign identifies her as the chain’s
“Last year, all my friends got reading socks,” said Arianna “founder, C.E.O., Chief Booklover and the Heather in Heather’s
Huffington, the HuffPost cofounder and a friend of Ms. Reisman’s, Picks.” She appears regularly at author signings and store events,
who also gave the socks as gifts to employees at her organization and has interviewed prominent authors like Malcolm Gladwell,
Thrive. “Most people don’t have reading socks — not like Heather’s James Comey, Sally Field, Bill Clinton and Nora Ephron.
reading socks.” When Ms. Reisman opened the first Indigo store in
Over the last few years, Indigo has designed dozens of other Burlington, Ontario, in 1997, she had already run her own consulting
products, including beach mats, scented candles, inspirational wall firm and later served as president of a soft drink and beverage
art, Mason jars, crystal pillars, bento lunchboxes, herb growing company, Cott. Still, bookselling is an idiosyncratic industry, and
kits, copper cheese knife sets, stemless champagne flutes, throw many questioned whether Indigo could compete with Canada’s
pillows and scarves. biggest bookseller, Chapters. Skepticism dissolved a few years later
when waking.
C) being woken in the second REM stage of sleep and forgetting Aula
things more easily. Verbos Anômalos
D) the non-REM stage of sleep and the reactivation and 15
consolidation of memories.
10. (Uece/2019) The new investigation was led by researchers Todos os verbos auxiliares em inglês, à exceção de be, do e
working at have, são caracterizados como defectivos ou anômalos. Diferente
A) the University of New York and a team from the University de outros verbos auxiliares, os anômalos só podem ser usados na
of Birmingham. função de auxiliares; eles não podem aparecer isolados na frase,
B) the University of Birmingham and another university in atuando como verbo principal.
the UK. Be, do e have também se diferenciam dos demais verbos
C) two American universities and two other British institutions. auxiliares porque podem servir como verbos comuns (ordinary) em
D) a British University and Dexter’s Lab. determinadas frases.
Os verbos anômalos são: can / could / may / might / must /
ought to / shall / should / will / would.
We ought to employ a professional Saying what’s right or 03. Assinale a alternativa correta:
Ought to
writer. correct.
Shall We ________ hurry. The bus leaves in 10 minutes.
(More Shall I help you with your luggage? Offer.
common Shall we say 2.30 then? Suggestion. A) can
in the UK Shall I do that or will you? Asking what to do. B) must
than the C) do
US) D) did
We should sort out this problem Saying what’s right or E) would
at once. correct.
Should I think we should check everything Recommending action. 04. Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche
again. corretamente as lacunas da frase apresentada.
Profits should increase next year. Uncertain prediction.
Janet: Look, our boat is sinking!
I can’t see any taxis so I’ll walk. Instant decisions. Peter: Oh, dear! Can you swim?
I’ll do that for you if you like. Offer.
Janet: Yes, but we won’t have to, there’s a life boat on board.
Will I’ll get back to you first thing on Promise.
Monday.
In the above dialogue, the verbs can and have to express
Profits will increase next year. Certain prediction.
respectively ________ and ________.
Would you mind if I brought a Asking for permission. A) ability – obligation
colleague with me? B) permission – prohibition
Would you pass the salt, please? Request. C) possibility – prohibition
Would you mind waiting a moment? Request. D) permission – possibility
“Would three o’clock suit you?” – Making arrangements E) ability – necessity
Would
“That’d be fine.”
Would you like to play golf this Invitation 05. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna da
Friday?
frase apresentada.
“Would you prefer tea or coffee?” Preferences
– “I’d like tea, please.” – Excuse me, sir. ___________ you tell me the time?
– Sure, it’s 5:20.
Disponível em: <http://www.learnenglish.de/grammar/verbmodal.htm>.
A) May
Atenção: B) Do
Os verbos anômalos são sempre seguidos por um verbo C) Can
normal (ordinary) na sua forma básica. D) Have
E) Shall
01. When he was a little boy, he suffered an accident and became BANK HOLIDAYS IN ENGLAND
blind, so he _________ see you at all.
A) can’t B) mustn’t The 1871 Bank Holiday Act awarded the British a series of
C) shouldn’t D) couldn’t paid off work, many of which seem to have been chosen entirely
E) may not at random.
Many, however, were chosen by very important people to
02. In the 1980s very few athletes _________ run 100 m in less coincide with big meetings in the village cricketing calendar.
than 10 seconds. While the English and the Welsh have accepted these ever
A) can B) must
since, the Northern Irish and Scots have understandably picked
C) may D) might
days that actually mean something to them to celebrate. And also
E) could
managed somehow to wrangle some extra time off into the bargain.
03. __________ you have left the keys in the car? So, the Scots get less excited about Easter, but give
A) Could B) Must themselves an extra day to recover after New Year. Both the Irish
C) Needn’t D) May and the Scots take a day to celebrate their national saints, while
E) Will the Welsh wave flowers and the English grumble about the April
showers.
04. Well, you __________ have sold him the car if you didn’t think Moves to put the English and the Welsh on the same par
he would pay you.
A) mustn’t B) needn’t by giving them their Saint’s Day off have been promised. For the
C) may not D) can’t English, this would mean a day off to celebrate the legendary
E) mightn’t victory in combat of a Christian knight with a murky past over a
fire-breathing creature that almost certainly never existed.
05. The students _________________ to use the phone in class
because they had to search for some information on Google.
A) are allowed B) were allowed New Year’s Day
1st January
C) are able D) was allowed 2 January (Scotland)
E) have to
Saint David’s Day
1st March
06. It’s forbidden to park in this area, so you ____________ leave (Patron Saint of Wales)
your car around here. Saint Patrick’s Day
A) may B) could 17 March
(Patron Saint of Ireland)
C) can D) can’t
E) couldn’t Saint George’s Day
23 April
(Patron Saint of England)
07. I fell off the boat but, fortunately, I ________________ swim
to the river bank. Good Friday Friday before Easter Monday
A) can B) could
C) may D) was able to
E) am able to Easter Monday Between 22 March and 25 April
08. Assinale a alternativa que traduz melhor a se guinte sentença: Easter Tuesday (Northern
Between 22 March and 25 April
Ireland)
I can’t tell one from the other.
Early May Bank Holiday First Monday in May
A) Não distingo uma da outra.
Victoria Day (Scotland) 3rd Monday in May
B) Não conto com nenhuma outra.
C) Não falo com nenhuma outra. Spring Bank Holiday Last Monday in May
D) Não posso falar de uma para outra.
Orangeman’s Day (Northern
E) Não posso dizer para a outra. On or after 12 July
Ireland)
09. Assinale a alternativa correta. Summer Bank Holiday
First Monday in August
(Scotland)
He ____ avoid ____ mistakes.
Summer Bank Holiday
A) ought – making (England, Northern Ireland Last Monday in August
B) must – make and Wales)
C) shall – make Remembrance Day 11 November
D) needs – make
E) should – making Saint Andrews Day
30 November
(Patron Saint of Scotland)
10. He _______________ to see a doctor. He looks pale.
A) should B) can Christmas Day 25 December
C) may D) might Boxing Day 26 December
E) ought
Bibliografia
CRYSTAL, Ben & RUSS, Adam. Sorry, I’m british! An Insider’s Guide
to Britain from A to Z. Oxford, England: Oneworld Publications, 2010
DRISCOLL, Liz. Real Reading, Volume 2. Press – Cambridge, England:
Cambridge University, 2008.
Provas:
Enem
Unicamp
Uespi
Unesp
PUC-SP
ITA
Unifor
Uece
Anotações
Anotações
Objetivo(s):
• Analisar, interpretar e aplicar as habilidades propostas na Competência de área 2, Língua Espanhola, enfoque nas habilidades
5, 6, e 8.
• Explicar sobre as principais divergências existentes entre espanhol e português, no tocante ao seu vocabulário, quanto à
tonicidade, à grafia, ao gênero e ao significado.
• Ensinar sobre os pronomes pessoas sujeitos, bem como as formas de tratamento em espanhol.
Conteúdo:
Aula 11: Compreensão de Texto
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 230
Aula 12: Divergências Léxicas
Heterosemántico.................................................................................................................................................................................................... 232
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 234
Aula 13: Compreensão de Texto
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 236
Aula 14: Pronomes Pessoais
Pronombres Personales Sujetos y Pronombres Personales Objetos........................................................................................................................ 240
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 241
Aula 15: Compreensão de Texto
Exercícios .............................................................................................................................................................................................................. 242
lInGuaGEns, cÓdIGos E suas tEcnoloGIas Espanhol
01. (UFRGS/2019) O cantor e compositor uruguaio Jorge Orexler,
Aula 11:
C-2 H-5, 6
nessa canção, conta a história da vinda de sua família para a
Aula H-7, 8 América do Sul. A ideia central do texto é:
Compreensão de Texto A) Destacar a atitude dos bolivianos de receberem imigrantes
11 europeus que escapavam dos horrores da Segunda Guerra
Mundial.
B) Chamar a atenção para que os viajantes levem sempre
documentação adequada sob o risco de serem barrados nas
alfândegas.
Exercícios de Fixação C) Afirmar que aqueles que saem de seus países por conta de
guerras logo vão querer retornar.
D) Relembrar que imigrantes europeus, na Segunda Guerra
Mundial, temiam vir para a América do Sul.
• Texto para as questões de 01 a 05. E) Concluir que pessoas em contexto de guerra imploram para
conseguir as coisas de que necessitam.
BOLIVIA
02. (UFRGS/2019) Considere as seguintes afirmações sobre o texto:
Europa, 1939
I. A cidade de Berlim é apresentada como um espaço
Todos decían que no en las cancillerías
dominado por alguém que possui um discurso ameaçador
(Años de guerra caliente
e arrogante;
Varios años antes de la Guerra Fría)
II. A história é metaforicamente comparada a uma porta
giratória, em que os acontecimentos históricos não estão a
5 Todos decían que no
salvo de serem repetidos;
Cuando dijo que sí Bolivia
III. O medo aparece representado como algo que ia crescendo
com o tempo.
Berlín era un nido de ratas
EI paladín de la bravata, gritaba Quais estão corretas?
Llenaba estadías A) Apenas I. B) Apenas II.
10 De un árido erial de desvarío ario C) Apenas III. D) Apenas II e III.
Un árido erial de desvarío ario E) I, II e III.
Las puertas se iban cerrando 03. (UFRGS/2019 Assinale com (V) verdadeiro ou (F) falso as
EI tiempo colgaba de un pelo seguintes afirmações sobre o texto:
Y aquel niño en los brazos de mis abuelos ( ) Todos estavam seguros de que as autoridades bolivianas
permitiriam a entrada de imigrantes no país.
15 Y el pánico era evidente ( ) Os avós de Jorge Drexler deixaram a Europa e vieram para
Y todo lo presagiaba: a América do Sul.
EI miedo ganaba cauce ( ) Muitos países se abstiveram de receber pessoas que saíam
Abría fauces, vociferaba da Europa por causa da Segunda Guerra Mundial.
Y entonces llegó del frío ( ) As pessoas, em 1939, vinham continuamente da Europa
20 En pleno glaciar hiriente à América do Sul de barco.
Una insólita vertiente de agua tibia:
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima
Todos decían que no para baixo, é:
Cuando dijo que sí Bolivia A) V – V – F – F
B) V – F – V – V
Y el péndulo viene y va C) F – V – F – V
25 Y vuelve a venir e irse D) F – V – V – F
Y tras alejarse vuelve E) F – F – F – V
Y tras volver, se distancia
Y cambia la itinerancia 04. (UFRGS/2019) Considere as seguintes propostas de substituição
Y los barcos van y vienen de expressões no texto.
30 Y quienes hoy todo tienen I. A expressão “las puertas se iban cerrando” (I. 12) poderia
Mañana por todo imploran ser substituída por las puertas iban cerrándose.
Y la noria no demora II. A expressão “Y todo lo presagiaba” (I. 16) poderia ser
En invertir los destinos substituída por “Y todo le presagiaba”.
En refrescar la memoria III. A expressão “Y vuelve a venir e irse” (I. 25) poderia ser
substituída por “Y va y vuelve”.
35 Y los caminos de ida
En cambias de regreso Quais substituições poderiam ser realizadas sem afetar as
Se transforman, porque eso: regras gramaticais da Língua Espanhola?
Una puerta giratoria A) Apenas I.
No más que eso, es la historia B) Apenas II.
C) Apenas III.
DREXLER, Jorge. Bailar en la cueva. 2016.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.
Aula 12:
C-2 H-5, 6
Aula
Quino
H-7, 8
Divergências Léxicas
12
Heterosemántico
Falso amigo, seudo equivalente, falso cognato
Son palabras que presentan una falsa semejanza entre el
español y el portugués.
1. absolutamente -
2. lienzo -
3. torpe -
4. novelista -
5. rubio -
6. apurado -
Disponível em: <locosporlasintaxis.wordpress.com>.
7. testar -
09. A conversa entre Mafalda e seu amigo 8. exquisito -
A) desvaloriza as atividades escolares e a capacidade de 9. rojo -
entendimento e respeito pelas mesmas.
B) expressa o predomínio de uma forma de pensar e a 10. cachorro -
possibilidade de realizar entre posições divergentes. 11. encerrado -
C) ilustra a possibilidade da realização e de respeito pela
12. largo -
importância das atividades como prioridade.
D) mostra a preponderância do ponto de vista de Mafalda na 13. atestado -
importância das atividades para superar divergências. 14. zurdo -
E) revela a real dificuldade de fazer atividades cotidianas que se
se transformam em atividades pesadas e difíceis de cumprir. 15. carroza -
144. carreta - “Las especies que nos resultan más cercanas, simpáticas o
carismáticas.”
145. sobre -
146. cuchillo - La palabra “cercanas” puede ser sustituída, sin perder su
sentido, por
147. acordarse - A) conocidas.
148. blanco - B) apartadas.
C) angostas.
149. facha - D) insociables.
150. ciruela -
151. sortear - 02. (Uece/2019.1 – 1ª Fase)
C-2 H-5, 6
británico Gerald Durrell en el libro Rescate en Madagascar, tras Aula H-7, 8
una expedición en 1990. En realidad, el dedo central del aye-aye Compreensão de Texto
es una adaptación única entre los mamíferos; lo emplea para 13
golpear los árboles en busca de huecos donde se ocultan las larvas
de las que se alimenta.
Javier Yanes. El País (España). 27/06/2019.
Reprodução/IFPE/2018.1
08. (Uece/2019.2 – 2ª Fase)
El texto nos dice todavía que el aye-aye
A) utiliza su dedo medio para sobrevivir.
B) es muy respetado por los habitantes.
C) se alimenta de las hojas de los árboles.
D) tiene hábitos nocturnos y es muy tardo.
03. (IFPE/2018.1) Os moradores de Casuarina acreditam que a 01. De acordo com o texto, Raimundo aprendeu a latir para
construção do muro é um “mal necessário”. Essa afirmação A) ser mais amigo de seu cachorro.
expressa: B) brincar com seus amigos humanos.
A) el sentimiento de superioridad en relación a los pobladores C) passar as tardes com seu cachorro.
de Pamplona bajo el pretexto de seguridad. D) entender o que falava seu cachorro.
B) el rechazo a la construcción del muro. E) comunicar-se com seus irmãos cachorros.
C) la concienciación de la necesidad de la construcción del muro.
D) la certeza del mal que el muro hace a los dos barrios 02. (Uncisal/2016)
E) la conciencia de la discriminación que la separación pode
causar a todas las personas del entorno. SÓLO VINE A HABLAR POR TELÉFONO
04. (IFPE/2018.1) Quanto ao termo “aunque” (3º parágrafo), […] Estábamos en el Marítim, el populoso y sórdido
é correto dizer que: bar de la gauche divine en el crepúsculo del franquismo,
A) Es un vocablo que expresa una explicación. alrededor de una de aquellas mesas de hierro con sillas
B) Es un conectivo que establece una relación de concesión de hierro donde sólo cabíamos seis a duras penas y nos
entre las dos oraciones. sentábamos veinte […].
C) Es una conjunción que puede ser sustituida por la expresión MÁRQUEZ, Gabriel García. Doce cuentos peregrinos, 1992.
“con tal que”. Disponível em: <http://www.ciudadseva.com/textos/cuentos/esp/ggm/
solo_vine_a_hablar_por_telefono.htm>. Acesso em: 08 dez. 2015.
D) Establece una relación de causa entre las oraciones.
E) Expresa comparación entre las dos oraciones.
A palavra destacada pode ser substituída, sem alteração de
05. (IFPE/2018.1) O vocábulo “reportaje” muda de gênero em sentido da frase, por
relação ao idioma português, por isso está incluído no grupo A) à frente de.
dos heterogenéricos. Marque a alternativa em que todas as B) ao lado de.
palavras sofrem a mesma mudança. C) à direita de.
A) Escoba, sal, costumbre B) Miel, puente, oso D) ao redor de.
C) Sangre, sal, viaje D) Garaje, rato, puente E) à esquerda de.
E) Sangre, vaso, taza
Hace unos dos años, le conté un episodio de la vida […] Las cartas comenzaron a llegar regularmente.
real al director mexicano de cine Jaime Humberto Hermosillo, Sencillo papel blanco y tinta negra, una escritura de trazos
con la esperanza de que lo convirtiera en una película, pero grandes y precisos. Algunas hablaban de la vida en el campo,
no me pareció que te hubiera llamado la atención. Dos meses de las estaciones y los animales, otras de poetas ya muertos y
después, sin embargo, vino a decirme sin ningún anuncio de los pensamientos que escribieron. A veces el sobre incluía
previo que ya tenía el primer borrador del guión, de modo que un libro o un dibujo hecho con los mismos trazos firmes de la
seguimos trabajándolo juntos hasta su forma definitiva. Antes caligrafía. Analía se propuso no leerlas, fiel a la idea de que
de estructurar los caracteres de los protagonistas centrales, cualquier cosa relacionada con su tío escondía algún peligro,
nos pusimos de acuerdo sobre cuáles eran los dos actores que pero en el aburrimiento del colegio las cartas representaban
podían encarnarlos mejor: María Rojo y Héctor Bonilla. Esto su única posibilidad de volar. Se escondía en el desván, no ya
nos permitió además contar con la colaboración de ambos a inventar cuentos improbables, sino a releer con avidez las
para escribir ciertos diálogos, e inclusive dejamos algunos notas enviadas por su primo hasta conocer de memoria la
apenas esbozados para que ellos los improvisaran con su propio inclinación de las letras y la textura del papel. Al principio no
lenguaje durante la filmación […]. las contestaba, pero al poco tiempo no pudo dejar de hacerlo.
El contenido de las cartas se fue haciendo cada vez más útil
GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. El país, 5 mayo.
Disponível em: <http://elpais.com/diario/1981/05/05/opinion/
para burlar la censura de la Madre Superiora, que abría toda
357861609_850215.htlm>. Acesso em: 08 dez. 2015. la correspondencia. Creció la intimidad entre los dos y pronto
lograron ponerse de acuerdo en un código secreto con el cual
No trecho “[…] Dos meses después, sin embargo, vino a empezaron a hablar de amor […].
decirme sin ningún anuncio previo que ya tenía el primer ALLENDE, Isabel. Cuentos de Eva Luna.
borrador del guión, de modo que seguimos trabajándolo juntos Disponível em: <http://www.cuentosinfin.com/cartas-deamor-traicionado/>.
hasta su forma definitiva [...]”, a palavra destacada se refere a Acesso em: 08 dez. 2015.
A) ele.
B) dois. No trecho “[...] Se escondía en el desván, no ya a inventar
C) meses. cuentos improbables, sino a releer con avidez las notas
D) esboço. enviadas por su primo hasta conocer de memoria la inclinación
E) anúncio. de las letras y la textura del papel […]”, a expressão destacada
estabelece, com a frase anterior, uma relação de
04. (Uncisal/2016) A) condição.
B) oposição.
LA HONESTIDAD C) retificação.
D) acréscimo.
Empujando un carrito con una bandeja en la que hay E) comparação.
un vaso de agua, un frasco de cápsulas, un termómetro y una
carpeta, la enfermera entra en la habitación 93, dice «Buenas 06. (Uncisal/2016)
tardes» y se acerca a la cama del enfermo, que yace con los ojos
cerrados. Lo mira sin excesivo interés, consulta las indicaciones DISCONTINUIDADES EN AMÉRICA LATINA
colgadas a los pies de la cama, saca una cápsula del frasco que Las fronteras en América Latina pueden ser consideradas
lleva en el carrito y, mientras coge el vaso de agua, dice: como espacios dinámicos en los que se entrecruzan categorías
— Señor Rdz, es hora de la cápsula. como tiempo, territorio y etnia. Esta característica atraviesa el
El señor Rdz no mueve ni un párpado. La enfermera continente y marca límites materiales y simbólicos entre sus
le toca el brazo. habitantes. Se puede hablar de fronteras desde distintos puntos
— Vamos, señor Rdz. de vista, refiriéndolas tanto a los límites políticos entre estados,
Con los presentimientos más negros, la enfermera como a las discontinuidades existentes entre grupos humanos
coge la muñeca del enfermo para tomarle el pulso. No tiene. diferenciados en razón del género, la posición generacional,
Está muerto. la cultura u otros aspectos considerados relevantes para
Guarda la cápsula en el frasco, arrincona el carrito y distinguirlos entre sí. Tanto en el caso de las fronteras étnicas
sale de la habitación. Corre hasta el mostrador de control de como en el de las estatales, la común noción de discontinuidad,
esa ala del hospital (la D) y le anuncia a la enfermera jefe que de un “adentro” y un “afuera”, y la consiguiente dinámica de
el paciente de la habitación 93 ha muerto […]. inclusión y exclusión que generan, es el factor compartido que
MONZÓ, Quim. El porqué de las cosas, 1994. guía la reflexión propuesta en estas páginas […].
Disponível em: <https://www.wattpad.com/87451468-elporqu%
BARTOLOMÉ, Miguel A. Todavía. Nº 15, Abril, 2003.
C3%A9-de-las-cosas-la-honestidad>. Acesso em: 08 dez. 2015.
Disponível em: <http://www.revistatodavia.com.ar/
todavia26/15.bartolomenota.html>. Acesso em: 08 dez. 2015.
No trecho “[…] Lo mira sin excesivo interés, consulta las
indicaciones colgadas a los pies de la cama, saca una cápsula Pode-se entender como fronteiras, de acordo com o texto, as
del frasco que lleva en el carrito y, mientras coge el vaso descontinuidades entre
de agua, dice [...]”, a expressão destacada estabelece, com a A) tempo, território e etnia.
frase anterior, uma relação de B) política, grupos e tempo.
A) causa. B) finalidade. C) estados, posição e etnia.
C) conclusão. D) consequência. D) tempo, espaço e crenças.
E) simultaneidade. E) estados, geração e cultura.
Una mañana se levantó y fue a buscar al amigo, al otro […] Hace una semana, mi abuela me abrazó sin lágrimas
lado de la valla. Pero el amigo no estaba, y, cuando volvió, le en el aeropuerto de San Francisco y me repitió que, si en algo
dijo la madre: valoraba mi existencia, no me comunicara con nadie conocido
— El amigo se murió. hasta que tuviéramos la certeza de que mis enemigos ya no
— Niño, no pienses más en él y busca otros para jugar. me buscaban. Mi Nini es paranoica, como son los habitantes
El niño se sentó en el quicio de la puerta, con la cara de la República Popular Independiente de Berkeley, a quienes
entre las manos y los codos en las rodillas. «Él volverá», pensó. persiguen el gobierno y los extraterrestres, pero en mi caso no
Porque no podía ser que allí estuviesen las canicas, el camión exageraba: toda medida de precaución es poca. Me entregó un
y la pistola de hojalata, y el reloj aquel que ya no andaba, y el cuaderno de cien hojas para que llevara un diario de vida, como
amigo no viniese a buscarlos. Vino la noche, con una estrella hice desde los ocho años hasta los quince, cuando se me torció
muy grande, y el niño no quería entrar a cenar. el destino. «Vas a tener tiempo de aburrirte, Maya. Aprovecha
— Entra, niño, que llega el frío – dijo la madre. para escribir las tonterías monumentales que has cometido, a
Pero, en lugar de entrar, el niño se levantó del quicio y ver si les tomas el peso», me dijo. Existen varios diarios míos,
se fue en busca del amigo, con las canicas, el camión, la pistola sellados con cinta adhesiva industrial, que mi abuelo guardaba
de hojalata y el reloj que no andaba. Al llegar a la cerca, la voz bajo llave en su escritorio y ahora mi Nini tiene en una caja de
del amigo no le llamó, ni le oyó en el árbol, ni en el pozo. Pasó zapatos debajo de su cama. Éste sería mi cuaderno número 9.
buscándole toda la noche. Y fue una larga noche casi blanca, Mi Nini cree que me servirán cuando me haga un psicoanálisis,
que le llenó de polvo el traje y los zapatos. Cuando llegó el sol, porque contienen las claves para desatar los nudos de mi
el niño, que tenía sueño y sed, estiró los brazos y pensó: «Qué personalidad; pero si los hubiera leído, sabría que contienen
tontos y pequeños son esos juguetes. Y ese reloj que no anda, un montón de fábulas capaces de despistar al mismo Freud. En
no sirve para nada». Lo tiró todo al pozo, y volvió a la casa, con principio, mi abuela desconfía de los profesionales que ganan
mucha hambre. La madre le abrió la puerta, y dijo: «Cuánto ha por hora, ya que los resultados rápidos no les convienen. Sin
crecido este niño, Dios mío, cuánto ha crecido». Y le compró embargo, hace una excepción con los psiquiatras, porque uno
un traje de hombre, porque el que llevaba le venía muy corto. de ellos la salvó de la depresión y de las trampas de la magia
cuando le dio por comunicarse con los muertos […].
MATUTE, Ana María. Los niños tontos, 1962.
Disponível em: <http://www.ciudadseva.com/textos/cuentos/esp/matute/ ALLENDE, Isabel. El cuaderno de Maya.
el_nino_al_que_se_le_murio_el_amigo.htm>. Acesso em: 08 dez. 2015. Disponível em: <http://www.isabelallende.com/es/book/maya/excerpt>.
Acesso em: 08 dez. 2015.
Após a leitura do conto, podemos entender que o trecho “Y
le compró un traje de hombre, porque el que llevaba le venía O título do livro El cuaderno de Maya pode ser explicado, de
muy corto” remete à metáfora de que o menino tinha acordo com o fragmento anterior, por tratar-se de
A) amadurecido pela perda do amigo. A) um caderno especial que contaria sua viagem.
B) crescido após buscar seu amigo. B) uma recomendação psiquiátrica para a menina.
C) deixado de usar roupas infantis. C) uma ideia da avó para saber tudo da vida da neta.
D) se tornado um homem adulto. D) uma menina que gostava de escrever em cadernos.
E) vestido roupas muito curtas. E) uma avó que obrigava que a menina escrevesse em cadernos.
CENA ZARITÉ
El fulano que acaba de sentarse cerca de mi mesa tiene En mis cuarenta años, yo, Zarité Sedella, he tenido
aspecto de estar bastante satisfecho de la existencia. Entró, cruzó mejor suerte que otras esclavas. Voy a vivir largamente y mi
el local y se acomodó como si la noche le perteneciera, gozando vejez será contenta porque mi estrella – mi z’etoile – brilla
de la silla, la refrigeración, el murmullo de la gente y toda la también cuando la noche está nublada. Conozco el gusto
fuerza de sus 50 años. Pasea alrededor una mirada cargada de de estar con el hombre escogido por mi corazón cuando sus
simpatía. Nadie parece haber advertido esta generosa propuesta manos grandes me despiertan la piel. He tenido cuatro hijos y
de comunicación. Nadie, salvo yo, que me pongo alerta. un nieto, y los que están vivos son libres. Mi primer recuerdo
Se acerca el mozo y le alcanza la lista forrada en cuerina de felicidad, cuando era una mocosa huesuda y desgreñada,
marrón. El fulano agradece con un gesto, la recorre, estudia, es moverme al son de los tambores y ésa es también mi más
llama al mozo y formula un par de preguntas. Arranca con el reciente felicidad, porque anoche estuve en la plaza del Congo
antipasto de la casa y una botella de buen vino blanco (el bailando y bailando, sin pensamientos en la cabeza, y hoy mi
más caro, según compruebo inmediatamente al consultar mi cuerpo está caliente y cansado […].
propia lista). Llega la fuente y cualquiera, esté cerca o lejos, ALLENDE, Isabel. La isla bajo el mar, 2009. Disponível em: <http://www.
puede apreciar el deleite con que el fulano ataca los fiambres. isabelallende.com/es/book/island/excerpt>. Acesso em: 08 dez. 2015.
MASETTO, Antonio Dal. Contratapa, 1996. No trecho “[…] Mi primer recuerdo de felicidad, cuando era
Podemos substituir as palavras “mozo”, “lista” e “antipasto”, una mocosa huesuda y desgreñada, es moverme al son de
respectivamente, sem alteração de sentido, por: los tambores y ésa es también mi más reciente felicidad […]”,
A) Moço, lista, antepasto. a palavra destacada pode ser substituída, sem alteração de
B) Moço, cardápio, antepasto. sentido da frase, por
C) Garçom, menu, sobremesa. A) moçoila. B) pirralha.
D) Moço, listagem, sobremesa. C) atrevida. D) manhosa.
E) Garçom, cardápio, antepasto. E) malandra.
Los pronombres sujeto • Vemos a Juan cada dos días. Juan = objeto directo
Lo vemos cada dos días.
• Amo mucho a mis hijas. Mis hijas = objeto directo
Masculino Femenino Neutro De cortesía Las amo mucho.
Aula 15: 01. (PUC-RS/2019.1) Las palabras que rellenan correctamente las
C-2 H-5, 6 lagunas entre las líneas del 2º y 3º parrafos son, respectivamente:
Aula H-7, 8
A) Aún más – Sin embargo – sobre todo
Compreensão de Texto
15 B) Es decir – Pero – aunque
C) O sea – Todavía – aún más
D) Por lo tanto – Más – aun
Volume
CIÊNCIAS
HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS
HISTÓRIA
TEMAS E ATUALIDADES
GEOGRAFIA
ASSUNTOS ABORDADOS NO ENEM–2009 A 2018
CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS
HISTÓRIA GEOGRAFIA
FILOSOFIA
Mitologia e Filosofia Antiga 28,57%
(Pré-Socráticos, Grécia Clássica e Helenismo)
Estética 1,43%
Lógica 0,71%
SOCIOLOGIA
Objetivo(s):
• Compreender a conjuntura mundial no início do século XIX, destacando o choque de interesses entre França e
Inglaterra.
• Contextualizar a fuga da Família Real para o Brasil dentro da situação histórica gerada pelo Bloqueio Continental
napoleônico.
• Destacar os principais fatos econômicos, sociais, políticos e culturais do Período Joanino (1808-21).
• Relacionar a proposta recolonizadora da Revolução do Porto com a chamada Independência do Brasil.
• Entender o conteúdo elitista, excludente e dependente do processo emancipacionista brasileiro.
• Explicar os principais fatos da política interna e externa do Primeiro Reinado.
• Interpretar a abdicação de D. Pedro I como a vitória do liberalismo da aristocracia brasileira sobre o autoritarismo
e absolutismo do imperador.
• Analisar a evolução histórica do Período Regencial, destacando os principais fatos históricos.
• Citar e explicar as principais revoltas do Período Regencial (Cabanagem, Sabinada, Balaiada e Farrapos).
• Entender o Golpe da Maioridade como uma articulação política dos liberais.
• Identificar e explicar os principais fatos da política interna do Segundo Reinado.
• Identificar e explicar os principais fatos da política externa do Segundo Reinado.
Conteúdo:
Aula 11: Processo de Independência do Brasil Aula 14: Revoltas Regenciais (1831-1840)
Introdução: de olho no Enem................................................................. 2 Introdução: de olho no Enem............................................................... 23
A situação de Portugal e a transferência da Corte Portuguesa para o Levante dos Malês (Bahia/1835).......................................................... 23
Brasil...................................................................................................... 2 Cabanagem (Grão-Pará – 1835 a 1840).............................................. 23
O governo de D. João no Brasil ............................................................. 2 Sabinada (Bahia – 1837 a 1838).......................................................... 24
Revolução Liberal do Porto (1820)......................................................... 4 Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul / Santa Catarina –
Exercícios .............................................................................................. 6 1835 a 1845)....................................................................................... 24
Aula 12: Primeiro Reinado (1822-1831) Exercícios ............................................................................................ 25
Introdução: de olho no Enem............................................................... 10 Aula 15: Segundo Reinado (1841 a 1889) Política interna e externa
A Constituição de 1824........................................................................ 11 Introdução: de olho no Enem............................................................... 28
A Confederação do Equador (1824)..................................................... 12 Política interna do Segundo Reinado................................................... 28
O processo de impopularidade de D. Pedro I........................................ 13 Política externa do Segundo Reinado................................................... 30
Exercícios ............................................................................................ 14 Exercícios ............................................................................................ 32
Aula 13: Período Regencial (1831-1840)
Introdução: de olho no Enem............................................................... 17
Evolução histórica................................................................................ 17
Regência Trina Provisória (1831).......................................................... 18
Regência Trina Permanente (1831 a 1835)........................................... 18
Surgem os choques políticos................................................................ 18
Regência Una de Feijó (1835 a 1837).................................................. 19
Regência Una de Araújo Lima (1837 a 1840)....................................... 19
Exercícios ............................................................................................ 20
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Ao tomar conhecimento do acordo anglo-português,
Aula 11:
2 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
Decreto da abertura dos portos, Tratados assinados com a Inglaterra
Biblioteca Nacional do Brasil
Em 1810 foram assinados tratados comerciais entre Portugal e
Anual – Volume 3 3
ciências Humanas e suas tecnologias História I
A elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal Foi instituída uma Lei Orgânica enquanto não era convocada
uma Assembleia Constituinte. Esta determinava a adoção do regime
e Algarves republicano, a liberdade de comércio e de imprensa.
Após a derrota de Napoleão Bonaparte, os países vencedores A reação do governo português foi imediata, enviando
organizaram, em 1814/1815, o Congresso de Viena, que tinha tropas da Bahia e do Rio de Janeiro, bloqueando o porto de Recife
como objetivo básico a reorganização da Europa e a restauração e atacando os revoltosos por terra e mar. Despreparado, o exército
das estruturas do Antigo Regime abaladas pela expansão francesa revolucionário foi derrotado facilmente pelas tropas leais ao governo
e difusão dos ideais revolucionários. Joanino. Alguns líderes foram mortos em combate, enquanto outros
Para Portugal participar do Congresso era necessário foram executados em Salvador (Padre Miguelinho e Domingos José
regularizar a situação do país, pois a Corte estava na colônia e Martins) e no Recife (Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Leal).
seu território na Europa estava sob dominação inglesa. A solução Alguns envolvidos foram anistiados em 1821 pelo príncipe
foi a oficialização do Brasil como sede da monarquia lusa, através D. Pedro, como Frei Caneca, Antônio Carlos de Andrada e o padre
de elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves, cearense José Martiniano de Alencar.
equiparando-o a Portugal e oficializando o Rio de Janeiro como
centro das decisões políticas portuguesas.
A medida agradava aos brasileiros, que temiam que, com o Revolução Liberal do Porto (1820)
fim das guerras napoleônicas, a Família Real voltasse para Portugal
Após a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, o
e restaurasse os laços coloniais aos ingleses, que continuariam livres
reino português ficou em uma difícil situação: abandonado por seu
para dominar o comércio brasileiro.
governo, nobreza e fidalguia, teve seu território ocupado por tropas
franco-espanholas no final de 1807. Convém lembrar que as elites
A Revolução Pernambucana de 1817 portuguesas embarcaram para o Brasil, levando aproximadamente
A economia nordestina e a pernambucana enfrentavam séria 80% do dinheiro que circulava no país, mergulhando-o em uma
crise econômica no início do século XIX, devido à queda nos preços séria crise econômica agravada pela perda do monopólio comercial
e na exportação de açúcar e algodão, respectivamente os maiores sobre o Brasil. Em 1809 os franceses foram expulsos e o território
produtos de exportação da região e da capitania. O açúcar sofria ainda português passou a ser um protetorado inglês, governado pelo Lorde
a concorrência do açúcar produzido pelos ingleses a partir da beterraba, Beresford, cujo autoritarismo desagradava a população.
enquanto o algodão sofria concorrência da produção norte-americana. A situação do país estava precária: a produção agrícola
Os grandes proprietários rurais e a população nordestina em estava em crise, as manufaturas, falidas e o comércio, decadente.
geral enfrentavam sérias dificuldades, agravadas pelas constantes A burguesia tinha perdido o monopólio comercial sobre o Brasil
secas ocorridas na região, provocando mais carestia, fome e e não tinha perspectivas de melhoria econômica. A inflação, o
miséria. Além disso, o comércio era controlado por portugueses e desemprego e a miséria completavam a triste realidade portuguesa.
os cargos públicos eram sempre oferecidos aos lusitanos, excluindo A situação revoltava a população, e sociedades secretas
os brasileiros das decisões políticas. como a Maçonaria e o Sinédrio começaram a se organizar para reagir
A presença da Corte portuguesa no Rio de Janeiro à situação, contando com rápida adesão da burguesia comercial e
demandava altos gastos para o Estado e, para sustentá-la, D. João industrial, militares e nobres.
promovia constantes aumentos de tributos, aumentando ainda mais Em agosto de 1820 teve início a Revolução Liberal do Porto,
o custo de vida dos brasileiros e nordestinos. que tinha como objetivos:
Esta realidade levou alguns segmentos sociais pernambucanos • expulsar Lorde Beresford do governo e do país;
a organizar um movimento revolucionário influenciado pelas ideias • elaborar uma Constituição;
Iluministas e pelo liberalismo político do movimento de Independência • a volta da Família Real;
dos EUA e da Revolução Francesa, que objetivava a separação de • acabar com o absolutismo;
Pernambuco. Os principais meios de difusão das ideias liberais em • recuperar a economia;
Pernambuco eram o Seminário de Olinda e o Areópago de Itambé. • recolonizar o Brasil.
Além da independência, os revolucionários pernambucanos O movimento contou com a rápida adesão da população
queriam a adoção de uma república federalista e a adesão de outras portuguesa e imediatamente se espalhou pelo país, atingindo
províncias contrárias à presença e políticas da Corte portuguesa no Brasil, Lisboa e Coimbra. Formou-se uma Junta Provisional do Governo
bem como o fim dos monopólios comerciais e dos tributos excessivos. Supremo do Reino, que convocou eleições para a formação das
Participavam do movimento alguns clérigos, fazendeiros, Cortes Constituintes, que elaborariam uma Constituição para o país.
militares e maçons, cabendo a liderança a Antônio Carlos Ribeiro de A notícia da revolução logo chegou à América, empolgando
Andrada, Padre Miguelinho, Frei Caneca, o comerciante Domingos portugueses e brasileiros. Chegou a ficar acertado que o Brasil
José Martins e o capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado. poderia enviar deputados para participar da elaboração da
O movimento teve início quando o Governador de Constituição, o que não foi respeitado pelas Cortes, que iniciaram
Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, recebeu
os trabalhos à revelia dos brasileiros.
denúncias de que estava sendo organizada uma conspiração e
Jurando lealdade ao rei D. João VI, as Cortes exigiam a volta
ordenou a prisão dos líderes civis e militares. A prisão dos civis foi
da Família Real a Lisboa e começaram a adotar medidas restritivas
tranquila, enquanto o capitão José de Barros Leal, o Leão Coroado,
às liberdades econômicas do Brasil, demonstrando claramente o
reagiu ao ser preso, matando os portugueses brigadeiro Barbosa
interesse pela recolonização.
de Castro e o tenente-coronel Alexandre Tomás. Daí em diante, os
Pressionado de um lado por portugueses, que queriam que
revoltosos anteciparam o levante e tomaram o poder, instituindo
obedecesse às Cortes, e por outro por brasileiros, temerosos pela
um governo provisório composto por representantes do Comércio
recolonização, D. João resolveu ficar no Brasil e enviar o herdeiro do
– Domingos José Martins; Agricultura – Manuel Correia de Araújo;
trono, Príncipe D. Pedro a Portugal. A decisão não foi aceita pelas
Exército – Domingos Teotônio Jorge; Igreja – padre João Ribeiro; e
Cortes, que exigiam a presença do próprio rei. Em 26 de abril de
Magistratura – José Luís de Mendonça. O movimento contou ainda
1821, D. João VI retornou a Portugal, deixando o Príncipe D. Pedro
com a adesão de revolucionários da Paraíba, Rio Grande do Norte,
como governante regente do Brasil.
Ceará e Alagoas.
4 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
O embarque da Corte ocorreu em meio a grande tumulto, As Cortes acirraram os decretos recolonizadores. As tropas
pois manifestantes brasileiros protestavam contra o embarque de metropolitanas sediadas no Brasil movimentaram-se contra o
grande quantidade de ouro brasileiro e dinheiro que havia sido regente D. Pedro.
retirado do Banco do Brasil. Os protestantes gritavam: “Olho vivo, Isto acelerou os acontecimentos.
pé ligeiro! Vamos a bordo, buscar nosso dinheiro!” • Instituição do decreto do “Cumpra-se”. As leis portuguesas,
Demonstrando seu autoritarismo, o Príncipe Regente enviou doravante, só seriam acatadas após receber o visto de D. Pedro.
tropas que reprimiriam violentamente a manifestação. • Convocação no Rio de Janeiro do Conselho de Procuradores
Gerais das Províncias do Brasil.
agrárias e escravistas.
Havia a necessidade de uma definição. Um abaixo-assinado
foi levado a D. Pedro por José Clemente Pereira, no dia 9 de janeiro
de 1822. Pressionado pelo presidente do Senado e da Câmara,
comprometeu-se diante do povo a permanecer aqui.
Anual – Volume 3 5
ciências Humanas e suas tecnologias História I
• Rio de Janeiro – 1808: desembarque da Família Real
portuguesa na cidade onde residiriam durante sua
Exercícios de Fixação permanência no Brasil.
• Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura
dos portos ao comércio de todas as nações amigas, ato
01. (Enem-PPL/2016) É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da
da capital do Império a mais remota e insignificante de suas escolta dada à esquadra portuguesa.
aldeolas, congrega-se unânime para comemorar o dia que o • Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de
tirou dentre as nações dependentes para colocá-lo entre as Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.
nações soberanas, e entregou-lhe os seus destinos, que até • Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a
então haviam ficado a cargo de um povo estranho. revolução republicana.
Gazeta de Notícias, 7 set. 1883. GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.
As festividades em torno da Independência do Brasil marcam o São Paulo: Planeta, 2007 (adaptado).
nosso calendário desde os anos imediatamente posteriores ao
7 de setembro de 1822. Essa comemoração está diretamente Uma das consequências desses eventos foi
relacionada com A) a decadência do império britânico, em razão do contrabando
A) a construção e manutenção de símbolos para a formação de produtos ingleses através dos portos brasileiros.
de uma identidade nacional.
B) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra
B) o domínio da elite brasileira sobre os principais cargos
decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em
políticos, que se efetivou logo após 1882.
seus domínios.
C) os interesses de senhores de terras que, após a Independência,
C) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança
exigiram a abolição da escravidão.
entre a Espanha e a França de Napoleão.
D) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo imperial
D) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do
para a expulsão de estrangeiros do país.
isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que
E) a consciência da população sobre os seus direitos adquiridos
dificultava a comunicação antes de 1808.
posteriormente à transferência da Corte para o Rio de Janeiro.
E) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a
vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as
02. (UEMG/2017)
despesas de manutenção do rei e de sua família.
“Ouvi, ó Povos, o grito,
Que vamos livres erguer; 04. (Enem/2014) A transferência da Corte trouxe para a América
O Brasil sacode o jugo, portuguesa a Família Real e o governo da Metrópole. Trouxe
Independência ou Morrer. também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo
Congresso opressor jurara português. Personalidades diversas e funcionários régios
Nossos povos abater: continuaram embarcando para o Brasil atrás da Corte, dos seus
Em seu despeito amamos empregos e dos seus parentes após o ano de 1808.
Independência ou Morrer. NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil.
São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
Depois de trezentos anos
Livre o Brasil vai viver:
Deve a Pedro a Liberdade, Os fatos apresentados se relacionam ao processo de
Independência ou morrer.” independência da América portuguesa por terem
A) incentivado o clamor popular por liberdade.
“Independência ou morrer”. Poesia anônima, publicada pela Tipografia do
B) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
Diário no ano de 1822, Rio de Janeiro. Apud: CARVALHO,
José Murilo de, BASTOS, Lúcia & BASILE, Marcelo C) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
(Orgs.). Guerra literária: panfletos da Independência (1820-1823). D) obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, 257-258. 4 v. E) provocado os movimentos separatistas das províncias.
No cenário político em que a poesia acima foi elaborada, as
relações entre Brasil e Portugal agravaram-se devido à/ao: 05. (UFSM/2002)
A) tentativa das Cortes portuguesas de recolonizar o Brasil. INDEPENDENCE OF BRAZIL
B) objetivo das elites brasileiras de expulsar o Príncipe Regente.
C) expectativa dos liberais portugueses em fortalecer o
Reprodução/UFSM 2002
Absolutismo.
D) esforço dos deputados escravistas para criar a Constituição
cidadã.
6 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
O quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, 02. (Enem/2007) Após a Independência, integramo-nos como
concluído em 1888, é uma representação do 7 de setembro exportadores de produtos primários à divisão internacional
de 1822, quando o Brasil rompeu com Portugal. Essa do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha.
representação enaltece o fato e enfatiza a bravura do herói O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo
importado da África, de plantas tropicais para a Europa
D. Pedro, ocultando que:
e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de
A) o fim do Pacto Colonial, decretado na Conjuração Baiana,
nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos
conduziu à ruptura entre Brasil e Portugal. um país essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado
B) o processo de emancipação política iniciara com a por depender de produtores cativos. Não se poderia confiar
instalação da Corte portuguesa no Brasil e que as medidas a trabalhadores forçados outros instrumentos de produção
de D. João puseram fim ao monopólio metropolitano. que os mais toscos e baratos.
C) o Brasil continuara a ser uma extensão política e O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora.
administrativa de Portugal, mesmo depois do 7 de Era do exterior que vinham os bens de consumo que
setembro. fundamentavam um padrão de vida “civilizado”, marca que
distinguia as classes cultas e “naturalmente” dominantes do
D) a Abertura dos Portos e a Revolução Pernambucana se
povaréu primitivo e miserável. (...) E de fora vinham também
constituíram nos únicos momentos decisivos da separação
os capitais que permitiam iniciar a construção de uma
Brasil-Portugal. infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes
E) a separação estava consumada, o processo estava e comunicações.
completo, visto que havia, em todo o Brasil, uma forte
Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional.
adesão militar, popular e escravista à emancipação. In: I. Sachs; J. Willheim;P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de
transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80.
Anual – Volume 3 7
ciências Humanas e suas tecnologias História I
04. (UFMG/2008) Analise estas duas representações do chamado A) O processo de Abertura dos Portos é visto como o fim do
Grito do Ipiranga, de 7 de setembro de 1822. monopólio lusitano sobre o comércio brasileiro e marca
uma nova fase das relações internacionais do Brasil com a
8 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
08. (Uece/2007.1) “...diz Oliveira Lima que um oficial português 10. (Uespi/2007) Houve mudanças na economia brasileira, no
jurou a um oficial brasileiro que o Brasil continuaria escravo de século XIX, que indicavam crescimento das cidades e sinais de
Portugal e que o príncipe embarcaria, mesmo que, para isto, modernização. A cidade do Rio de Janeiro, capital do Império,
tivesse sua espada de servir-lhe de prancha”. A) tornou-se o centro político e cultural do Brasil, influenciada
LUSTOSA, Isabel. Perfis Brasileiros: D. Pedro I. por hábitos franceses.
São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p 132/133. B) teve um surto de industrialização bastante significativo para
O episódio acima narrado refere-se ao famoso “Dia do Fico”. a época.
Em relação aos desdobramentos dele decorrentes, considere C) comandou o movimento abolicionista, liderado por
as seguintes afirmativas: intelectuais socialistas.
I. A oficialidade portuguesa não se conformou com a decisão D) dinamizou seu comércio, embora não tenham sido feitas
reformas urbanas.
de D. Pedro I de permanecer no Brasil. As tropas armadas
E) cresceu com a chegada de imigrantes, mas perdeu sua
portuguesas saíram dos quartéis, armados de cassetetes,
importância política.
insultando transeuntes e praticando desacatos;
II. Medidas para conter os desagravos das tropas portuguesas
não foram tomadas e, contraditoriamente, D. Pedro I exigiu
que as mesmas permanecessem no Brasil e posteriormente Fique de Olho
premiou as tropas, tornando-as sua guarda pessoal;
III. Instalou-se um clima de guerra com toda tropa de linha e
miliciana do país. A estes juntaram-se cidadãos de todas Sites:
as classes: roceiros, agregados, negros forros, escravos
dispostos a enfrentar a divisão portuguesa. http://espacohistorico.blogspot.com/2008/01/chegada-da-familia-
São corretas: real-portuguesa-ao-html
A) I, II e III. http://www.historiamais.com/familia_real.htm
B) apenas I e III. http://www.vestibulareconcurso.com/modules/smartsection/item.
C) apenas I e II. php?itemid=354
D) apenas II e III. http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=3
http://www.vertibulareconcurso.com/modules/smartsection/item.
09. (Mackenzie/2011) No ano de sua independência, o Brasil php?itemid=265
tinha […] tudo para dar errado. De cada três brasileiros,
dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou Sugestão de Livros:
mestiços. Era uma população pobre e carente [...]. O medo
de uma rebelião dos cativos assombrava a minoria branca. • Ilmar R. de Matos e outros. O Rio de Janeiro, capital do Reino.
O analfabetismo era geral. […]. Os ricos eram poucos e, com Atual, 1995.
raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades • Manuel Correia de Andrade. A Revolução Pernambucana de
entre as províncias prenunciavam uma guerra civil […]. 1817. Ática, 1995.
• Berbel, Márcia. A Independência do Brasil, | 1889-1923/1999
Laurentino Gomes, 1822. Saraiva.
• Albuquerque, Wlamyra Ribeiro de. Algazarra nas ruas:
É correto afirmar que a Independência do Brasil só não comemorações da independência na Bahia, 1889-1923/1999
confirmou os temores apresentados no trecho, Ed. da Unicamp/Unicamp, Centro de Pesquisa em História Social
A) porque ao defender a revolução popular de inspiração da Cultura.
camponesa, inspirou legisladores como José Bonifácio e • O Brado do Ipiranga/1999 Edusp/Museu Paulista.
Joaquim Nabuco a defenderem a emancipação completa • Villa, Marcos Antonio, Sociedade e história do Brasil/
em relação a Portugal. Independência do Brasil/1999 Instituto Teotônio Vilela.
B) porque o povo conseguiu entender os anseios de D. Pedro • Bagno, Marcos, O processo de independência do Brasil/2000.
e da elite brasileira, ao pegar em armas e defender até a
morte uma independência que parecia condenada em sua Vídeo:
própria estrutura.
C) porque foi realizada à revelia da população pobre – • Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (BRA, 1994). Dir. Carla
destacadamente de origem africana e indígena – uma vez Camurati.
que suas simpatias pela Revolução Americana ameaçavam
os poderes da elite branca.
D) porque parcelas significativas da elite brasileira se Seção Videoaula
aglutinaram em torno de D. Pedro, a fim de manter as
antigas bases de um Brasil colonial na estrutura do novo
país que nascia em 1822.
E) porque foi inspirada pela Revolução Francesa e pelas O Processo de Independência do Brasil
ideias iluministas, no contexto da crise do Antigo Sistema
Colonial, sendo liderada pela elite burguesa contra a
tirania representada por D. Pedro. O movimento de
independência foi liderado pela elite rural e pela alta
burocracia civil e militar ligada a D. Pedro I.
Anual – Volume 3 9
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Os grupos dominantes temiam, ainda, que ocorresse
Aula 12:
10 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
O reconhecimento de Portugal e Inglaterra foi seguido por
Anual – Volume 3 11
ciências Humanas e suas tecnologias História I
A Primeira Constituição é uma Carta Os rebeldes objetivavam, além do regime republicano,
o federalismo, adotando provisoriamente a Constituição da
Outorgada Grã-Colômbia. O nome escolhido para a jovem república nordestina
Depois de dissolver a Assembleia Constituinte de 1823, foi Confederação do Equador, em virtude de sua posição setentrional,
D. Pedro I nomeou um Conselho de Estado composto por dez próxima à linha imaginária do Equador. Houve, ainda, a proibição
membros, com a função de elaborar, sob a supervisão pessoal do provisória do desembarque de escravos no porto de Recife e a
imperador, um novo projeto constitucional para o Brasil. Apesar de ter questão abolicionista se tornou o centro das discussões, provocando
adotado alguns aspectos do Projeto de Constituição da Mandioca, a divergências e afastando as elites do movimento, enfraquecendo-o.
nova Constituição ficou pronta em 1824, sendo outorgada (imposta) O governo imperial organizou imediatamente uma violenta
por D. Pedro I em 25 de março com as seguintes características: repressão, cujo comando da esquadra foi entregue ao Lorde Cochrane
• Monarquia Hereditária Constitucional; e do Exército ao brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Foram realizadas
várias prisões e muitos rebeldes morreram em combate. Paes de
• Unitarismo, que é a centralização do poder político, sendo que
Andrade conseguiu fugir do país e Frei Caneca foi preso e condenado
as províncias não teriam autonomia e seus presidentes seriam
à forca. Como os carrascos se recusaram a executar a pena, o frei
nomeados pelo poder central;
carmelita foi fuzilado por ordem direta de D. Pedro I.
• 4 poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Além destes, outros envolvidos das outras províncias
O poder Legislativo seria exercido por deputados e senadores também foram fuzilados em Fortaleza e Natal, demonstrando a
e o Judiciário, pelos juízes de paz. O poder Executivo seria exercido intolerância do imperador e a força com que trataria qualquer
pelo Imperador, Ministros de Estado e Presidentes das Províncias. Já movimento que contestasse sua autoridade.
o poder Moderador era exclusivo do Imperador, podendo intervir
nos demais poderes e servindo como ponto de equilíbrio político
12 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
Finalmente, a Inglaterra interveio. Interessava-lhe a A Guerra da Cisplatina (1825-1828) também contribuiu
independência da província. Quanto mais países livres, maiores significativamente para a crescente impopularidade do imperador,
seriam os mercados consumidores. A existência de um país em que insistiu numa guerra onerosa e desnecessária para evitar
cada margem do rio do Prata assegurar-lhe-ia a livre navegação a independência da Província Cisplatina para, posteriormente,
pela bacia interior da América Latina. Com isso, estenderia seu atendendo à pressões inglesas, conceder através de decreto a
imperialismo ainda mais. Independência da Cisplatina, que adotou o nome de República da
Em 1828, Brasil e Argentina reconheciam a Independência Banda Oriental do Uruguai.
da República Oriental do Uruguai. O conflito acabou por A insatisfação contra o governo era constantemente
comprometer D. Pedro I.
manifestada através da imprensa, em jornais como A malagueta
e Aurora Fluminense, que assumiam postura contrária e de
O processo de impopularidade denúncia das arbitrariedades do imperador. Este, por sua vez,
de D. Pedro I ordenava o fechamento de jornais, o espancamento e prisão
de jornalistas e impediu a investigação acerca do assassinato
Inicialmente considerado herói nacional por ter rompido do jornalista Líbero Badaró, editor do jornal oposicionista
com sua pátria e ter liderado o processo de Independência do O Observador Liberal.
Brasil, D. Pedro I passou a ser mal visto no Brasil e criticado por
suas atitudes autoritárias, o que fez com que fosse perdendo apoio
e, consequentemente, se isolando na condução política do Brasil. O fim do Primeiro Reinado
Podemos citar vários motivos para justificar a Alvo de constantes críticas, D. Pedro resolveu viajar para
impopularidade de D. Pedro I, principalmente seu autoritarismo, escapar um pouco do ar pesado da Corte (Rio de Janeiro) e visitar
expresso na dissolução da Assembleia Constituinte de 1823,
outras províncias, onde poderia manter contato com a população,
na Outorga da Constituição de 1824 e na violenta repressão à
melhorando sua imagem. Outra medida neste sentido foi a
Confederação do Equador.
nomeação de um ministério composto somente por brasileiros,
Também desagradavam e suscitavam críticas a falta de
atitudes concretas para resolver a crise econômica que afetava reduzindo a influência política dos membros do Partido Português,
o país, bem como a vida pessoal promíscua do imperador, que o que desagradava a população.
possuía várias amantes, sendo mais conhecida a Marquesa de A viagem começou por Minas Gerais, onde o imperador
Santos, Domitila de Castro, que chegou a ser nomeada camareira foi recebido friamente: os sinos das Igrejas tocavam um som
da imperatriz para ficar mais perto de D. Pedro I. fúnebre e várias casas tinham panos pretos exibidos em suas
Outro fato que suscitou críticas ao imperador foi sua atuação janelas, demonstrando luto pela morte do jornalista Líbero Badaró.
na questão da sucessão do Trono português. Com a morte de Insatisfeito e contrariado, D. Pedro I resolveu voltar ao Rio de Janeiro.
D. João VI em 1826, a Coroa portuguesa deveria ser herdada Para animar o imperador e manifestar seu apoio, os
por D. Pedro I. Este renunciou ao Trono luso em nome de sua portugueses prepararam uma festa de boas-vindas, no dia
filha mais velha, D. Maria da Glória. Como esta era menor de 13 de março. Sabendo da recepção, brasileiros oposicionistas foram
idade quando o monarca seu avô falecera, ficou acertado que ao local da festa, entrando em conflito com os portugueses, na
D. Miguel, irmão de D. Pedro, assumiria o Trono português chamada Noite das Garrafadas.
como regente enquanto sua sobrinha atingia a maioridade. Diante da situação e das críticas, D. Pedro I percebeu que a
Neste momento, os dois se casariam e assumiriam em definitivo nomeação de um ministério composto somente por brasileiros não
o Trono. Descumprindo o acordo, D. Miguel usurpou o trono surtiu efeito e resolveu substituí-lo por um ministério formado por
luso em 1828, se autoproclamando rei. A situação revoltou
portugueses – o Ministério dos Marqueses, no dia 05 de abril de
D. Pedro, que interviu e mobilizou a diplomacia brasileira,
1831. Esta medida provocou aumento nas manifestações contra o
ameaçando inclusive enviar tropas brasileiras a Portugal.
imperador, que viu-se completamente isolado e sem apoio popular.
Os brasileiros não aprovaram as atitudes de D. Pedro I, que
deveria se preocupar com os graves problemas brasileiros e D. Pedro I resolveu, então, abdicar do trono brasileiro,
não podia usar recursos ou tropas nacionais para intervir em no dia 07 de abril de 1831, em nome de seu filho D. Pedro
assuntos internos de Portugal. de Alcântara, que na época tinha apenas 5 anos de idade.
A medida pôs fim ao Primeiro Reinado e é vista por alguns autores
como a consolidação da Independência do Brasil, afastando
Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa, Portugal.
Anual – Volume 3 13
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Leitura Complementar C) Ao declarar que a América estava tão distante da Europa
“como a lua da Terra”, Nabuco reforçava a necessidade
imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com
O ENDIVIDAMENTO EXTERNO Portugal.
”Logo após a Independência, nosso país começou a D) O pensamento americano considerava legítimas as intenções
tomar os primeiros empréstimos externos, enveredando dessa norte-americanas na América Central, bem como o apoio
forma por um caminho que seria longo e melancólico, trazendo às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.
consideráveis prejuízos à economia nacional. A propósito de nossa
primeira operação desse tipo, escreveu um estudioso do assunto.” 02. (Enem/2011)
E a verdade é que, com aquele empréstimo, o Brasil declarava ao
mundo a sua independência política, mas o que é mais grave, ficava 0,7%
RELIGIÕES NO BRASIL – 2007
(...). A operação foi realizada com êxito no ano seguinte, em SMITH, D. Atlas da Situação Mundial. São Paulo: Cia.
1824, montando a 3.686.200 libras... (com prazo de trinta anos) Editora Nacional, 2007 (adaptado).
e dando uma garantia à hipoteca das rendas das alfândegas do Uma explicação de caráter histórico para o percentual da
Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Maranhão. Sua aplicação religião com maior número de adeptos declarados no Brasil
foi de 56% para pagamento do Governo ao Banco do Brasil e foi a existência, no passado colonial e monárquico, da
o restante consumido em juros e amortizações. Ao terminar seu A) incapacidade do Cristianismo de incorporar aspectos de
prazo, em 1854, só haviam sido amortizadas 513.000 libras, de outras religiões.
onde decorreram prorrogações sucessivas até sua liquidação que B) incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera pública.
se deu em 1890, o que quer dizer que pagamos juros durante mais C) permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs.
de 65 anos... D) relação de integração entre Estado e Igreja.
Pelo tratado de paz e aliança firmado entre o Brasil e E) influência das religiões de origem africana.
Portugal em agosto de 1825, através do qual Portugal reconhecia
nossa Independência, assumimos um compromisso de 2.000.000 03. (Enem PPL/2015) É simplesmente espantoso que esses núcleos
de libras, das quais 1.400.000 constituíam uma dívida de Portugal à tão desiguais e tão diferentes se tenham mantido aglutinados
Inglaterra e 600.000 do que se denominou de “conta das 600.000 numa só nação. Durante o Período Colonial, cada um deles
libras”. Devido ao atraso nos pagamentos de juros e amortizações, o teve relação direta com a metrópole. Ocorreu o extraordinário,
dispêndio, mais tarde, para sua liquidação, importou em 6.186.199 fizemos um povo-nação, englobando todas aquelas províncias
libras, ou seja, três vezes mais do que o compromisso inicial.” ecológicas numa só entidade cívica e política.
LIMA, Heitor Ferreira. História Político-Econômica e Industrial do Brasil.
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil.
Coleção Brasiliana, vol. 347. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
São Paulo: Cia. das Letras, 1988.
1976, p. 194 e 195.
Após a conquista da autonomia, a questão primordial do
Brasil residia em como garantir sua unidade político-territorial
diante das características e práticas herdadas da colonização.
Exercícios de Fixação Relacionando o projeto de independência à construção do
Estado nacional brasileiro, a sua particularidade decorreu da
A) ordenação de um pacto que reconheceu os direitos políticos
01. (Unicamp/2012) “Ninguém é mais do que eu partidário de aos homens, independentemente de cor, sexo ou religião.
uma política exterior baseada na amizade íntima com os B) estruturação de uma sociedade que adotou os privilégios
Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos de nascimento como critério de hierarquização social.
uma política externa que se começa a desenhar. (…) Em tais C) realização de acordos entre as elites regionais, que evitou
condições a nossa diplomacia deve ser principalmente feita em confrontos armados contrários ao projeto luso-brasileiro.
Washington (...). Para mim, a Doutrina Monroe (...) significa D) concessão da autonomia política regional, que atendeu aos
que politicamente nós nos desprendemos da Europa tão interesses socioeconômicos dos grandes proprietários.
completamente e definitivamente como a lua da terra.” E) Afirmação de um regime constitucional monárquico que
garantiu a ordem associada à permanência da escravidão.
Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva,
“Manoel Bonfim e a ideologia do imperialismo na América Latina”,
04. (FMP/2017) O texto a seguir é um fragmento de decreto de
em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1988, p.88.
D. Pedro I, de 1823, em que o imperador dissolve a Assembleia
Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro
Constituinte.
Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar que:
A) A Doutrina Monroe a que Nabuco se refere estabelecida Havendo Eu convocado, como Tinha Direito de convocar, a
em 1823, tinha por base a ideia de “a América para os Assemblea Geral, Constituinte e Legislativa, [...] e havendo esta
americanos”. Assemblea perjurado ao tão solemne juramento, que prestou á
B) Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador, Nação [...]: Hei por bem, como Imperador, e Defensor Perpetuo
antecipou a política imperialista americana de tornar o Brasil do Brasil, dissolver a mesma Assemblea, e convocar já huma
o “quintal” dos Estados Unidos. outra na forma das Instruções, feitas para a convocação desta,
14 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
que agora acaba; a qual deverá trabalhar sobre o Projecto de 02. (Enem/2011) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias
Constituição, que Eu Hei-de em breve Apresentar; que será Paroquiais:
duplicadamente mais liberal, do que a extincta Assemblea I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se
acabou de fazer. compreendam os casados, e Oficiais Militares, que forem
D. PEDRO I. Decreto de dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, em maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clérigos
12 nov. 1823 apud PEREIRA, V. “A longa ‘noite da agonia’”. Revista de História de Ordens Sacras.
da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: SABIN, ano 7, n. 76, jan. 2012, p. 42. IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por
Com base na justificativa do ato político explicitado no texto bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.
do decreto, e analisando as suas consequências, identifica-se Constituição Política do Império do Brasil (1824).
um antagonismo entre: Disponível em: <https://legislacao.planalto.gov.br>. Acesso em: 27 abr. 2010.
A) Monarquia e República. Adaptado.
B) Capitalismo e Socialismo. A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do
C) Imperialismo e Independência. contexto histórico de sua formulação. A Constituição de 1824
D) Absolutismo e Liberalismo. regulamentou o direito de voto dos “cidadãos brasileiros“ com
E) Nacionalismo e antilusitanismo. o objetivo de garantir
A) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira.
05. (Enem/2012) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, B) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros
onde Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários nascidos livres.
prepararam uma série de manifestações a favor do imperador C) a concentração de poderes na região produtora de café, o
no Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade. Sudeste brasileiro.
Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos D) o controle do poder político nas mãos dos grandes
que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante proprietários e comerciantes.
os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras “portuguesas” E) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões
e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos político-administrativas.
de garrafas jogadas das janelas.
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. 03. (Unifor/2009.2) Considere os textos.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 (adaptado). O que deveria ser a República brasileira começou a
Os anos finais do Primeiro Reinado (1822-1831) se caracterizaram tomar forma de Monarquia. Em maio de 1822, o príncipe foi
pelo aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos aclamado Defensor Perpétuo do Brasil; (...) em 6 de agosto de
episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela 1822 foi assinado um manifesto dirigido “às nações amigas”,
A) estímulos ao racismo. anunciando a Independência do Brasil, mas ressalvando que o
B) apoio ao xenofobismo. país se mantinha “reino irmão de Portugal”.
C) críticas ao federalismo. O Estado nacional brasileiro, no século XIX, era
D) repúdio ao republicanismo. fortemente controlado pela elite agrária e pelos dois
E) questionamentos ao autoritarismo. imperadores, Pedro I e Pedro II. (...) As camadas populares
foram sistematicamente excluídas das decisões políticas e dos
benefícios econômicos. Um dos mecanismos de exclusão foi o
voto censitário baseado na renda: para votar ou se candidatar
Exercícios Propostos a cargo público eletivo era necessário rendimento somente
alcançado pelos ricos. Outro fator de exclusão era a cor da pele.
Para a parcela de população que descendia de africanos o acesso
01. (IFMG/2010.2) “Na Assembleia-Geral, Constituinte e Legislativa aos canais de participação política era ainda mais bloqueado.
do Império do Brasil, em 1823, houve uma discussão sobre Em geral, as pessoas oriundas das camadas mais pobres
quem seriam membros da sociedade política. O deputado dificilmente enriqueciam a ponto de alcançar o rendimento
paulista Nicolau Vergueiro propôs que o termo ‘membros’ exigido pelo voto censitário.
fosse substituído por ‘cidadãos’ e argumentou: ‘Pouco importa, Adaptados de Nicolina L de Petta e Eduardo A. B. Ojeda. História:
que nem todos gozem dos mesmos direitos, e que alguns não uma abordagem integrada. São Paulo: Moderna, 2003. p. 160.
exercitem os direitos políticos, por não terem os requisitos, que Com base nas informações dos textos, pode-se associar o regime
a Lei exige: todos eles são hábeis para o exercício de todos os político adotado no Brasil, após a Independência, ao fato de a
direitos uma vez que consigam as qualificações da Lei’.” A) monarquia garantir a ordem e a tranquilidade necessárias
Diário da Assembleia Geral Constituinte e Legislativa para a elite brasileira promover a autonomia provincial e o
do Império do Brasil: 1823. Brasília: Senado Federal, 1973, vol. 3, p. 92.
desenvolvimento econômico do país.
B) monarquia garantir a manutenção da política econômica
O argumento do deputado Vergueiro demonstra a favorável à aristocracia rural brasileira e privilégios, como a
A) certeza de que a condição de cidadania não garantia concentração de terras e a escravidão.
participação política a todas as pessoas. C) aristocracia rural defender a monarquia constitucional como
B) determinação de construir uma nacionalidade fundamentada única via capaz de ampliar o direito de liberdade e assegurar
nos direitos iguais para os cidadãos. a autonomia econômica do país.
C) vontade política de adotar o sufrágio universal nos processos D) aristocracia rural acreditar que o estabelecimento da
de escolha dos representantes da Nação. República seria fator de estabilidade social e política, como
D) opinião de que os princípios políticos liberais não deveriam ocorreu nas colônias inglesas da América.
ser adotados em uma sociedade escravocrata. E) monarquia ser a única forma de governo capaz de acabar
E) convicção de que era inviável organizar politicamente a com as rebeliões regionais e de promover a ampliação da
sociedade civil de um país marcado pela desigualdade social. participação política do povo brasileiro.
Anual – Volume 3 15
ciências Humanas e suas tecnologias História I
04. (Uece/2010.1) “Tivemos nossas guerras de independência, só C) os quadros dos monarcas têm baixo impacto promocional,
que não para realizá-la, mas sim para sustentá-la.” uma vez que não estão usando a coroa, nem ocupam o trono.
FRANCES, Daniel. História do Brasil. Fortaleza: Premius, 2004, p 187.
D) a arte dos retratos, no Brasil do século XIX, era monopólio
de pintores franceses, como Debret.
A partir da frase anterior, entende-se que a independência E) o fato de pai e filho aparecerem pintados de forma
brasileira de 1822 representou: semelhante sublinha o caráter de continuidade dinástica,
A) Uma ruptura completa com a metrópole colonizadora e a aspecto político essencial ao exercício do poder régio.
vitória dos grupos defensores da República no Brasil.
B) Um ato político-administrativo, porém, na prática, a 07. (Uece/2017) Observe o seguinte enunciado:
continuidade da ordem econômica e social.
“Com a dissolução da Assembleia Constituinte, em 12 de
C) A ruptura da ordem econômica com a abolição da
novembro de 1823, aumentou a insatisfação com o governo de
escravatura e o fim da estrutura do latifúndio.
D. Pedro I, sobretudo no Nordeste. Em 2 de julho de 1824, em
D) A diminuição radical dos desníveis socioeconômicos
Pernambuco, Manuel Carvalho Paes de Andrade lança o manifesto
herdados do Período Colonial.
que dá origem ao movimento. Contudo, antes da manifestação
ocorrida no Recife, apoiada por Cipriano Barata e por Joaquim
05. (UEPB/2008) Em relação aos primeiros anos de independência
da Silva Rabelo (o Frei Caneca), ambos experientes revoltosos,
política do Brasil, é correto afirmar:
a província do Ceará já tinha sua manifestação contrária ao
A) A Constituição de 1824 consagrou o princípio democrático
Imperador, ocorrida no município de Nova Vila do Campo Maior
e garantiu às camadas populares o direito de voto e acesso
(hoje Quixeramobim), em 9 de janeiro de 1824 e liderada por
à candidatura para os diversos cargos eletivos.
Gonçalo Inácio de Loyola Albuquerque e Melo (o Padre Mororó)”.
B) O Primeiro Reinado (1822-1831) foi marcado pelas lutas
entre as elites regionais das províncias e os partidários de O movimento ocorrido no Brasil durante o Império a que o
D. Pedro I, que defendiam medidas centralizadoras e não enunciado acima se refere é denominado
afastavam a hipótese de uma reunificação do império A) Revolução Pernambucana.
luso-brasileiro. B) Revolução Praieira.
C) A independência política do Brasil formalizada em 1822 C) Contestado.
garantiu mudanças estruturais da economia brasileira, D) Confederação do Equador.
inclusive com a extinção do sistema plantation.
D) O primeiro país a reconhecer a independência do Brasil foi 08. (Uern/2015) Observe o quadro.
a França, em 1825, que emprestou dois milhões de libras
ao Brasil para pagar de indenização a Portugal. SISTEMA ELEITORAL DA CONSTITUIÇÃO DE 1824
E) O espírito liberal de D. Pedro I garantiu o fim do centralismo
político no Primeiro Reinado, bem como maior autonomia Eleitor de paróquia
100 mil réis ao ano
para as províncias do Nordeste, sobretudo após a
Confederação do Equador. ELEGE
16 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
D) fizeram alianças com as províncias do Norte, mas se limitaram
Aula 13:
à assinatura de um manifesto político contra a escravidão. C-2 H-9
E) defenderam o liberalismo, propondo mudanças na Aula C-3 H-14, 15
Constituição de 1824, sem, contudo, almejar a radicalização Período Regencial (1831-1840)
política. 13
10. (Unifor/2006.1) “Termos da abdicação de D. Pedro I: Usando do
direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito
voluntariamente abdicado na pessoa do meu mui amado e Introdução: de olho no Enem
prezado filho o Sr. Pedro de Alcântara. Boa Vista _ 7 de abril
Nesta aula analisaremos um dos períodos mais agitados
de 1831, décimo da Independência e do Império _ D. Pedro I.”
da história do Brasil denominado de Período Regencial. O debate
Antonio Mendes Jr. et al. Brasil-História, Texto e Consulta. Império. São Paulo: em torno da centralização ou descentralização do poder entre os
Brasiliense, 1977. p.200.
diversos grupos políticos exige uma avaliação crítica dos verdadeiros
interesses envolvidos. A forma de atuação do Estado para solucionar
Os fatos que conduziram à abdicação foram: questões de ordem econômica e social também é elemento fundamental.
A) repressão aos revolucionários da Confederação do Observa-se ainda a origem de fenômenos como o Coronelismo
Equador, incorporação da Guiana Francesa e outorga da diretamente relacionada à criação de instituições como a Guarda Nacional.
Constituição. De fato, todo esse quadro de instabilidade nas regências é, em
B) favorecimento aos comerciantes brasileiros em detrimento parte, síntese da herança do Primeiro Reinado e que requer uma avaliação
dos portugueses, dívida externa elevada com a Guerra da histórica para que possamos entender a importância deste momento.
Cisplatina e falência do Banco do Brasil. Mas, afinal, por que deveria existir uma regência? É o que
C) repressão contra os revolucionários da Confederação do vamos descobrir a seguir.
Equador, perda da província Cisplatina e falência do Banco
do Brasil.
D) perda da Província Cisplatina, dissolução da Assembleia Evolução histórica
Constituinte e punição exemplar aos pistoleiros que
O Período Regencial teve início com a abdicação de D. Pedro I,
executaram o jornalista Líbero Badaró.
em 7 de abril de 1831 e se estendeu até o Golpe da Maioridade,
E) controle das finanças nacionais, respeito aos constituintes
em 1840, quando a antecipação da maioridade de D. Pedro II
que elaboraram a primeira constituição e favorecimento aos
deu início ao Segundo Reinado.
comerciantes brasileiros.
O período é um dos mais agitados da História do Brasil,
marcado por séria crise econômica, instabilidade política e revoltas
em várias províncias, que ameaçaram a unidade do território
nacional. Apesar das dificuldades, as elites nacionais assumiram o
Fique de Olho controle do poder político e afastaram definitivamente o risco de
recolonização do Brasil, consolidando o Estado Nacional.
Sugestão de Livros:
• LEITE, Glacyra Lazzari. A confederação do Equador. Ática, 1996.
• TAVARES, Luís Henrique Dias. O fracasso do Imperador. Ática,
1995.
• OLIVEIRA, Cecília Helena Salles. A Independência e a Construção
do Império. Atual, 1995.
• TEIXEIRA, Francisco M. P. Frei Caneca e a Resistência PALLIÈRE, Armand (1784-1862).
Pernambucana. Ática, 1991. Dom Pedro de Alcântara, 1830.
• TELLES, Carlos Queiroz. O Menino das Canecas. Frei Joaquim do Óleo sobre tela.
Amor Divino Caneca. Moderna, 1993. A Regência foi necessária porque, segundo a Constituição de
1824, o imperador é considerado menor de idade até os 18 anos e
caso o trono fique vago por qualquer motivo e o herdeiro não seja
Seção Videoaula
maior de idade, o governo deveria ser exercido por uma regência,
da qual deveria pertencer o parente mais próximo do imperador com
mais de 25 anos. Caso esta exigência não pudesse ser atendida, o
país deveria ser governado por uma regência trina e permanente,
Primeiro Reinado escolhida pela Assembleia Geral, até que o imperador completasse a
maioridade. Como o herdeiro do trono brasileiro D. Pedro II contava
apenas com 5 anos de idade no momento da abdicação de seu pai,
fez-se necessária a instalação de uma regência no Brasil.
Anual – Volume 3 17
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Regência Trina Provisória (1831) Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional (1840–1845).
Oficina litográfica Brito & Braga
A abdicação de D. Pedro I ocorreu num momento em que
18 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
Restauradores ou Caramurus Regência Una de Araújo Lima
• Portugueses, descendentes de portugueses e burocratas ligados
ao antigo governo de D. Pedro I.
(1837 a 1840)
• Contrários a qualquer reforma política (conservadores). Pedro de Araújo Lima assumiu interinamente o cargo de
• Absolutistas. Regente Uno após a renúncia do padre Feijó e foi efetivado no
• Objetivo básico: volta de D. Pedro I. cargo em 1838, após vencer as novas eleições regenciais. O novo
• Clube político: Sociedade Militar. regente era representante da ala dos Regressistas.
• Jornais: O Caramuru, O Caolho e O Tamoio. O gover no de Araújo Lima se caracterizou pelo
conservadorismo, justificado como necessário para conter as
Em 1834, com o objetivo de acalmar as agitações sociais revoltas cada vez mais graves que agitavam o país e ameaçavam a
e políticas no Brasil, foi realizada uma reforma na Constituição de unidade do território nacional. O liberalismo do Ato Adicional era
1824: o Ato Adicional de 1834. apontado como principal responsável pelas agitações do período e
Através deste, a Regência Trina Permanente seria substituída a volta à centralização era vista como necessária para restabelecer
por uma Regência Una, eletiva e temporária (4 anos). Foi extinto a ordem no país.
o Conselho de Estado (órgão vinculado ao do Poder Moderador), Araújo Lima nomeou Bernardo Pereira de Vasconcelos para
e foram criadas as Assembleias Legislativas Provinciais, foi criado o
Ministro da Justiça e estes foram responsáveis pela Lei Interpretativa
Município Neutro do Rio de Janeiro. O voto censitário e o senado
vitalício foram mantidos. do Ato Adicional, em 1840. Na prática, a nova lei anulava várias
As medidas e mudanças desencadeadas pelo Ato foram medidas descentralizadoras do Ato Adicional, com destaque
consideradas uma “experiência republicana” no Brasil, levando o para a redução do poder das Assembleias Legislativas Provinciais.
período a ser considerado um Avanço Liberal. As medidas centralizadoras levaram o período a ser definido como
No mesmo ano foram marcadas eleições para a escolha do Regresso Conservador.
novo regente, sendo eleito por uma pequena diferença de votos o Contrários à centralização do regime, os Progressistas/
padre Diogo Antônio Feijó, que representava as oligarquias agrárias Liberais fundaram o Clube da Maioridade, que tinha como objetivo
sulistas, concorrendo pelo partido Liberal Moderado. antecipar a maioridade de D. Pedro II, permitindo sua imediata
ascensão ao trono e afastando os Regressistas/Conservadores do
Regência Una de Feijó (1835 a 1837) poder. Desenvolveu-se então a Campanha da Maioridade, que
cresceu e ganhou adeptos em todas as províncias, especialmente
Na chefia do Governo, Feijó enfrentou muitos problemas:
revoltas nas províncias (Cabanagem, Sabinada e Farroupilha); crise no Rio de Janeiro, até mesmo entre o grupo palaciano que gozava
econômica; divergências com a Igreja Católica, pois defendia a de grande intimidade junto ao jovem herdeiro do trono.
extinção de ordens eclesiásticas e o fim do celibato clerical, além de A proposta foi levada ao jovem herdeiro por uma
maior autonomia para os membros do clero; falta de apoio político; comissão, que o consultou se aceitava ascender ao Trono imperial.
e divisão interna no seu partido. O fato ocorreu no dia 22 de julho de 1840 e o regente Araújo
Uma parcela significativa dos membros do Partido Liberal Lima chegou a propor que a maioridade lhe fosse concedida
Moderado, o mesmo do Regente, não apoiava seu governo. no próximo dia 2 de dezembro, quando completaria 15 anos.
A divergência provocou uma divisão no partido. A ala que apoiava D. Pedro de Alcântara respondeu que queria a antecipação de sua
Feijó o acompanhou em um novo partido, o Partido Progressista. maioridade imediatamente.
Os outros membros do antigo Partido Liberal Moderado, mais O Golpe da Maioridade pôs fim ao Período Regencial e
conservadores, formaram o Partido Regressista, que fez forte oposição
marcou o início do Segundo Reinado, que duraria até 1889, quando
a Feijó.
foi proclamada a República no Brasil.
O mandato de Feijó deveria se estender até 1839, já que
o mandato do Regente Uno era de 4 anos. Todavia, diante das
dificuldades econômicas e políticas que seu governo enfrentava e Estudo para a sagração de Dom Pedro II – 1840. Manuel de
de uma saúde seriamente comprometida, Feijó resolveu renunciar Araújo Porto-alegre
ao mandato para o qual tinha sido eleito em 1837.
Diogo Antônio Feijó, regente único de 1834 a 1837.
Por Miguelzinho Dutra (1810–1870) Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.
Museu Republicano “Convenção de Itu”.
Anual – Volume 3 19
ciências Humanas e suas tecnologias História I
03. (Ibmec-RJ/2009.2) Medida jurídica da maior importância,
o Ato Adicional de 1834 introduziu as seguintes reformas no
Exercícios de Fixação
Período Regencial brasileiro:
A) reabertura do Banco do Brasil e a transformação da Regência
Trina em Uma.
01. (UPE-SSA-2/2017) Rio de Janeiro, 1831. Com cerca de 150 mil
B) separação entre a Igreja e o Estado e a criação do
habitantes, a capital do Império era um grande caldeirão político
parlamentarismo.
e social em ebulição. A chamada Revolução de 7 de abril forçara
a abdicação do primeiro imperador e instituíra uma regência C) fim do regime de Capitanias Hereditárias e a instituição da
trina para governar a nação até a maioridade de Pedro II. Lei de Terras.
D) criação das Assembleias Legislativas Provinciais e a supressão
BASILE, Marcello. “Revolta e cidadania na corte regencial”.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tem/v11n22/v11n22a03>. do Conselho de Estado.
E) suspensão do Poder Moderador e a introdução da eleição
No contexto apontado, a arena política brasileira encontrava- direta para os cargos de regente, com a participação de
se dividida entre três grupos, que disputavam o poder e os todos os cidadãos maiores de 21 anos.
cargos públicos com interesses bastante distintos. Eram eles,
respectivamente: 04. (Unesp/2015) A escravatura, que realmente tantos males
A) unitaristas, maragatos e jacobinos. acarreta para a civilização e para a moral, criou no espírito dos
B) liberais, militares e conservadores. brasileiros este caráter de independência e soberania, que o
C) socialistas, federalistas e anarquistas. observador descobre no homem livre, seja qual for o seu estado,
D) liberais moderados, liberais exaltados e caramurus.
profissão ou fortuna. Quando ele percebe desprezo, ou ultraje
E) comerciantes, proprietários de escravos e militares.
da parte de um rico ou poderoso, desenvolve-se imediatamente
o sentimento de igualdade; e se ele não profere, concebe
02. (Unicamp/2017) O escritor José de Alencar relata como ocorriam
as reuniões do Clube da Maioridade, realizadas na casa de ao menos, no momento, este grande argumento: não sou
seu pai em 1840. Discutia-se nessas ocasiões a antecipação escravo. Eis aqui no nosso modo de pensar, a primeira causa da
da maioridade do imperador D. Pedro II, então com apenas tranquilidade de que goza o Brasil: o sentimento de igualdade
14 anos, para que ele pudesse assumir o trono antes do profundamente arraigado no coração dos brasileiros.
tempo determinado pela Constituição. No fim da vida, José
Padre Diogo Antônio Feijó apud Miriam Dolhnikoff.
de Alencar rememora os episódios de sua infância e chega a
O pacto imperial, 2005.
uma surpreendente conclusão: os políticos que frequentavam
sua casa na ocasião iam lá não porque estavam pensando no
futuro do país, mas apenas para devorar tabletes e bombons O texto, publicado em 1834 pelo Padre Diogo Antônio Feijó,
de chocolate. Conforme o relato do escritor, os membros do A) parece rejeitar a escravidão, mas identifica efeitos positivos
Clube da Maioridade, discutindo altos assuntos na sala de sua que ela teria provocado entre os brasileiros.
casa, pareciam realmente gente séria e preocupada com os B) caracteriza a escravidão como uma vergonha para todos os
destinos do Brasil, até que chegava a hora do chocolate. brasileiros e defende a completa igualdade entre brancos e
Para Alencar, a discussão política no Brasil se resumia a um negros.
“devorar de chocolate”, isto é, cada um defendia apenas seus C) defende a escravidão, pois a considera essencial para a
interesses particulares e nada mais. manutenção da estrutura fundiária.
Adaptado de Daniel Pinha Silva, “O império do chocolate”, D) revela as ambiguidades do pensamento conservador
Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/. brasileiro, pois critica a escravidão, mas enfatiza a
Acessado em: 01/08/2016.
importância comercial do tráfico escravagista.
Sobre o Golpe da Maioridade e a visão de José de Alencar a E) repudia a escravidão e argumenta que sua manutenção
esse respeito, é correto afirmar que: demonstra o desrespeito brasileiro aos princípios da
A) O golpe foi uma manobra das elites políticas, que criaram igualdade e da fraternidade.
uma forma de alterar a Constituição e contemplar os seus
05. (ESPM/2014) Num momento da história do império conhecido
interesses durante o Período Regencial, fato criticado por
Alencar ao fazer uma anedota com o chocolate. como “avanço liberal”, durante as regências, foram adotadas
B) Ao entregar o poder a um jovem de 14 anos, alegando ser algumas medidas que concediam maior poder à representação
maior de 18, os políticos do Império manifestavam uma local.
ousada visão política para evitar a influência da Inglaterra Sonia Guarita do Amaral.
nos assuntos brasileiros, preservando seus interesses como O Brasil como império.
donos de escravos.
C) O golpe foi uma resposta dos conservadores às propostas Aponte entre as alternativas aquela que apresente duas
liberais que pretendiam estabelecer a República no país, e reformas liberais.
Alencar apontou uma prática política dos parlamentares que A) Ato Adicional – Reforma do Código de Processo Criminal.
é recorrente na história do país. B) Lei de Terras – Lei Saraiva Cotegipe.
D) José de Alencar expressou sua decepção com os políticos e, C) Lei Rio Branco – Código de Processo Criminal.
ao registrar sua visão sobre o Clube da Maioridade, o escritor D) Tarifa Alves Branco – Lei Interpretativa do Ato Adicional.
contribuiu para inibir procedimentos semelhantes durante E) Código de Processo Criminal – Ato Adicional.
o Império, assegurando uma transição pacífica e legal para
a República, em 1889.
20 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
04. (UEPB/2009) A Guarda Nacional foi criada para defender a
Constituição, a liberdade, a independência e a integridade
Exercícios Propostos
do Império. Sobre ela, é correto afirmar:
A) O alistamento para compor a Guarda Nacional era
facultativo.
01. (Uece/2015.2) Aprovado em agosto de 1834, o chamado Ato
Adicional propôs alterações à Constituição brasileira de 1824. B) A Lei Orgânica que deu origem à Guarda Nacional
inspirou-se em lei inglesa promulgada em 1850.
A principal delas se caracterizou por C) Era uma milícia civil formada por homens livres, em sua
A) conceder maior autonomia às Províncias. maioria ofi ciais do Exército, proprietários de terras e
B) substituir a Regência Una Pela Regência Trina. comerciantes, burocraticamente controlada e sob estreita
C) manter e ampliar o poder do Conselho de Estado. supervisão do Estado.
D) extinguir a vitaliciedade do Senado. D) Nenhum fazendeiro ou chefe político podia receber a
patente de coronel da Guarda Nacional.
02. (UFRGS/2011) O cargo de juiz de paz teve suas funções
E) A Guarda nacional não podia combater nenhum grupo,
regulamentadas pelo Código de Processo Criminal de 1832.
facção ou instituição que contestassem as autoridades do
Esses juízes representavam o liberalismo brasileiro durante o
Período Regencial. Império. Esta era uma atribuição exclusiva do Exército.
Esses magistrados eram 05. (UFC/2009) O Ato Adicional, decretado no período das
A) nomeados diretamente pelo Imperador, exercendo as regências no Brasil, pela Lei nº 16, de 12 de agosto de 1834,
funções de chefe de polícia. estabeleceu algumas modificações na Constituição de 1824.
B) designados diretamente pelo ministro da Justiça, exercendo Acerca dessas alterações, assinale a alternativa correta.
as funções de promotor público. A) O Conselho de Estado foi reorganizado para que fosse
C) eleitos pelos cidadãos para exercer funções conciliatórias e possível conter os conflitos provinciais.
de qualificação eleitoral. B) Os presidentes provinciais passaram a ser eleitos a ter o
D) eleitos pelos deputados gerais para administrar os bens dos poder de aprovar leis e resoluções referentes ao controle
órfãos e de pessoas ausentes. dos impostos.
E) indicados pelo presidente provincial para pacificar os
C) O estabelecimento da Regência Una, ao invés da Regência
conflitos pela terra.
Trina, signifi cou a eleição de um único regente, com
03. (UEFS/2016) mandato até a maioridade de D. Pedro II.
D) As Assembleias legislativas provinciais foram criadas
Exaltados moderados Restauradores para proporcionar autonomia política e administrativa às
províncias no intuito de atender às demandas locais.
Democracia! E) A Corte, com sede no Rio de Janeiro, por meio da aliança
ordem!
entre progressistas e regressistas, continuou centralizando
saudade! as ações em defesa da Constituição de 1824.
Anual – Volume 3 21
ciências Humanas e suas tecnologias História I
07. (FGV/2017) Sobre a regência do paulista Diogo Antônio Feijó, 09. (IFCE/2006.2) De acordo com o Período Regencial, é correto
entre 1835 e 1837, é correto afirmar que afirmar que:
A) o regente conseguiu vencer a eleição devido ao apoio A) foi uma das fases de maior estabilidade de nossa História,
recebido dos produtores de algodão do Nordeste, classe sendo marcada pela balança comercial favorável, mais
emergente nos anos 1830, o que possibilitou o combate às intensidade na representatividade (principalmente com o
rebeliões regenciais e o início do processo de centralização Ato Adicional de 1834), além da ampliação da autonomia
político-administrativa. nas províncias.
B) o apoio inicial que Feijó recebeu de todas as forças políticas B) com a abdicação de D. Pedro I, as elites políticas formaram
do Império foi, progressivamente, sendo corroído porque imediatamente a Regência Trina Permanente. Esta foi
o regente eleito mostrou simpatia pelo projeto político da escolhida pela Câmara de Deputados Imperiais.
Balaiada, que defendia uma Monarquia baseada no voto C) durante a Regência Trina Permanente, desenvolveram-se
universal. três tendências políticas: o Partido Exaltado, o Partido
C) a opção de Feijó em negociar com os farroupilhas e com Moderado e o Partido Restaurador.
a liderança popular da Cabanagem provocou forte reação D) com o Ato Adicional de 1834, a Regência Una foi
dos grupos mais conservadores, especialmente do Partido substituída pela Regência Trina Permanente, pondo fim na
Conservador, que organizaram a queda de Feijó por meio pseudo experiência federativa do Brasil.
de um golpe de Estado. E) a economia brasileira passava por uma de suas melhores
D) o isolamento político do regente Feijó, que provocou a sua fases na exportação, tendo como principais produtos o
renúncia do mandato, relacionou-se com a sua incapacidade açúcar, o fumo e o algodão.
de conter as rebeliões que se espalhavam por várias
províncias do Império e com a vitória eleitoral do grupo 10. (PUC-RJ/2006) “E foi justamente com o objetivo de garantir
regressista. a continuidade desse ‘mal menor’ que o governo regencial
E) as condições econômicas brasileiras foram se deteriorando promulgou, em novembro de 1831, uma lei proibindo
durante a década de 1830 e provocaram um forte desgaste o tráfico negreiro para o Brasil, declarando livres os
da regência de Feijó, que renunciou ao cargo depois de um escravos que aqui chegassem e punindo severamente os
acordo para uma reforma constitucional. importadores. Por meio dela, não se pretendia, na verdade,
pôr fim ao tráfico negreiro, e sim diminuir a pressão dos
08. (UFV/2010) Observe a imagem a seguir. interesses ingleses. Não por outra razão, comentava-se na
Câmara, nas casas e nas ruas, que o ministro Feijó fizera
Museus Castro Maya, Rio de Janeiro, Brasil.
22 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
Domínio Público.
Aula 14:
C-2 H-10
Aula C-3 H-13
Revoltas Regenciais (1831-1840)
14
Anual – Volume 3 23
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Luís Alves de Lima e Silva, futuro Barão de Caxias, foi
Domínio Público.
nomeado presidente da província em 1840, promovendo forte
repressão aos revoltosos. Quando ascendeu ao trono, D. Pedro
II concedeu anistia aos rebeldes que ainda restavam, pondo fim
ao movimento.
Domínio Público
O revolucionário brasileiro Eduardo
Angelim (1814-1882), participante da
Cabanagem, 1850. Fabricantes de balaios, século XIX.
24 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
Em 1840, teve início o Segundo Reinado e o jovem A Guerra dos Farrapos em quadro
imperador D. Pedro II nomeou o Luís Alves de Lima e Silva, o de Guilherme Litran
Barão de Caxias, para a presidência do Rio Grande do Sul, para
Anual – Volume 3 25
ciências Humanas e suas tecnologias História I
03. (Unesp/2017) A Revolta dos Malês, ocorrida em 1835 na Bahia,
contou com ampla participação popular e defendeu, entre
outras propostas,
Exercícios Propostos
A) a rejeição ao catolicismo e a construção de uma ordem
islâmica.
B) a manutenção da escravidão de africanos e a ampliação da 01. (Uespi/2012) Entre os movimentos sociais que contestavam o poder
escravização de indígenas. centralizado do Império brasileiro, destaca-se o conflito cuja duração
C) o retorno de D. Pedro I e o restabelecimento da monarquia se estendeu da Regência ao Segundo Reinado, reconhecido como
absolutista. A) Confederação do Equador, que, iniciando-se em Pernambuco, contou
D) a ampliação das relações diplomáticas e comerciais com os com a adesão de grande parte das demais províncias nordestinas.
países africanos. B) Revolução Praieira, que se singularizou pela luta contra o
E) o reconhecimento dos direitos e deveres de todo cidadão poder das oligarquias locais de Pernambuco.
brasileiro. C) Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador (BA) e organizada
por negros de religião muçulmana, sendo considerada a
04. (Mackenzie/2017) “... esses males, nós os temos suportado em maior rebelião de escravos do Brasil.
comum com as outras Províncias da União Brasileira (...). Para D) Guerra dos Farrapos, empreendida pelos Republicanos
que lançássemos mãos das armas foi preciso a concorrência gaúchos, denominados de Farroupilhas, em que lutaram
de outras causas (...) que nos dizem respeito(...) e que nos juntos grandes estancieiros, peões e escravos.
trouxeram íntima convicção da impossibilidade de avançarmos E) Revolta de Beckman, deflagrada no Maranhão pelos colonos,
na carreira da Civilização e prosperidade sujeitos a um governo contra o poder dos jesuítas e o monopólio comercial português.
que há formado o projeto iníquo de nos submeter à mais abjeta
escravidão (...).” 02. (Unicamp/2011 – Simulado) Desde 1835 cogitava-se antecipar
O trecho do Manifesto Farroupilha de 1838 referia-se ao a ascensão de D. Pedro II ao trono. A expectativa de um
A) fortalecimento do poder central nas mãos da elite imperador capaz de garantir segurança e estabilidade ao país
latifundiária, ligados ao setor exportador, impedindo, era muito grande. Na imagem do monarca, buscava-se unificar
assim, a participação política das camadas médias urbanas, um país muito grande e disperso.
sobretudo dos militares. Adaptado de Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador:
B) estabelecimento de tarifas alfandegárias favoráveis aos D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo:
interesses dos estanceiros gaúchos e charqueadores e maior Companhia das Letras, 2006, p. 64, 70, 91.
autonomia aos governos provinciais. No Período Regencial, a estabilidade e a unidade do país
C) desejo de um governo federalista capaz de limitar o anseio e estavam ameaçadas porque:
efetiva participação das classes populares e ampliar o poder A) a ausência de um governo central forte causara uma crise
dos grandes proprietários de escravos junto ao governo. econômica, devido à queda das exportações e à alta da
D) anseio autonomista das diversas províncias do país e inflação, o que favorecia a ocorrência de distúrbios sociais
eliminação do regime de produção escravista, vigente e o aumento da criminalidade.
também no sul do país, para tentar dinamizar o mercado B) o desenvolvimento econômico ocorrido desde a transferência
consumidor nacional. da corte portuguesa para o Rio de Janeiro levou as elites
E) repúdio à política centralizadora do governo imperial, assim provinciais a desejarem a emancipação em relação à metrópole.
como às demais rebeliões populares que assolavam o país, C) a ausência de um representante da legitimidade monárquica
defendendo reformas sociais e a adesão a um regime unitarista. no trono permitia questionamentos ao governo central,
levando ao avanço do ideal republicano e à busca de maior
05. (Mackenzie/2005) Durante o Período Regencial, o processo de autonomia por parte das elites provinciais.
integração política do Brasil foi marcado por uma série de rebeliões. D) a expansão da economia cafeeira no Sudeste levava as
Assinale a alternativa que apresenta a correta relação entre elites agrárias a desejarem uma maior participação no
essas rebeliões e o centralismo da época. poder político, levando à ruptura da ordem monárquica e à
A) As rebeliões regências foram movimentos de cunho instauração da República.
exclusivamente econômico, que tiveram em comum o
objetivo de reduzir a cobrança de impostos e taxas realizada 03. (Vunesp/2010.2) Entre as várias rebeliões ocorridas no Período
pelo governo central. Regencial, destaca-se a chamada Guerra dos Farrapos, iniciada
B) Todos os movimentos chamados rebeliões do Período em 1835. O conflito
Regencial tiveram como característica comum a luta A) prosseguiu até a metade da década seguinte, quando o governo
pela descentralização político-administrativa, visando à do Segundo Império aumentou os impostos de importação dos
autonomia provincial. produtos bovinos argentinos e anistiou os revoltosos.
C) Para os grandes proprietários rurais, interessava que B) demonstra que as disputas comerciais entre Brasil e Argentina
as Assembleias provinciais não tivessem o mínimo de se iniciaram logo depois da independência e desde então se
autonomia e que sua liberdade de ação fosse controlada agravaram, até atingir a atual rivalidade entre os dois países.
pelo governo no Rio de Janeiro. C) permitiu a adoção de um regime federalista no Brasil,
D) Os participantes das rebeliões coloniais (Balaiada, uma vez que as negociações entre o governo imperial e os
Cabanagem, Sabinada e Farroupilha) desejavam, todos, a rebeldes determinaram a autonomia política riograndense.
implantação imediata de um regime republicano de governo D) revela a impossibilidade de estabelecer relações políticas e
em todo o território brasileiro. diplomáticas na América Latina após a independência política
E) Nesse período de transição, do Primeiro Império para o
e durante o período de formação dos estados nacionais.
Segundo, as lutas das várias correntes políticas regionais
E) impediu a continuação do Período Regencial e levou à
representavam opiniões diferentes a respeito da maneira
aceitação de outra exigência dos participantes da revolta: a
de organizar a economia do país.
antecipação da maioridade do futuro imperador Pedro II.
26 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
04. (UFG/2010.2) A ocorrência de rebeliões, tais como a 07. (UEPB/2008) O Período Regencial é marcado por tensões entre
Cabanagem (1835-1840), no Pará, a Sabinada (1837-1838), o governo central e algumas províncias, o que provocou o
na Bahia, e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão, determinou surgimento de vários conflitos, como a Guerra dos Malês, a
a caracterização da Regência como um período conturbado. Cabanagem, a Guerra dos Farrapos, a Sabinada e a Balaiada,
Todavia, a ocorrência de rebeliões tão distintas apresenta como entre outros. Sobre a Guerra dos Malês é correto afirmar:
aspecto comum a A) Conseguiu unir por um certo período escravos foragidos,
A) reivindicação popular pela abolição da escravatura, índios, camponeses, mestiços e trabalhadores independentes
na luta contra a interferência do Rio de Janeiro na
tornando inviável o apoio das camadas médias urbanas aos
administração local.
movimentos contra a ordem regencial.
B) Os Malês conseguiram grandes vitórias devido ao efeito
B) influência da experiência republicana da América Hispânica, surpresa, e chegaram a dominar a província da Bahia, sendo
decorrente da proximidade intelectual entre as elites reprimidos por tropas imperiais.
imperiais e os criollos. C) Rebelião urbana de escravos com lideranças exclusivamente negras,
C) mobilização das camadas populares pelos segmentos que teve como principal objetivo exterminar brancos e mulatos.
da elite, objetivando o controle do poder nas referidas D) Caracterizou-se pela ampla participação das camadas
províncias. populares que escapavam ao controle da oligarquia local
D) tentativa de restabelecer o poder moderador, transferindo-o dividida em duas tendências: liberais e conservadores.
para a Regência Una como forma de resistir às reformas E) Não sofreu influência religiosa, apesar de muitos integrantes
liberais. do movimento serem adeptos do judaísmo, em decorrência
E) rejeição ao regime monárquico, revelador da permanência do ambiente urbano de Salvador ter facilitado de muitas
do privilégio concedido ao português desde a Colônia. maneiras a propagação judaica.
05. (IFSUL/2017) A Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador, 08. (Unifesp/2007) Como elemento comum aos vários movimentos
insurrecionais que marcaram o Período Regencial (1831-1840),
Província da Bahia, na noite de 24 de janeiro de 1835, durante
destaca-se
o Brasil Império, mais precisamente durante o Período Regencial
A) a oposição ao regime monárquico.
(1831 a 1840), representou uma rápida rebelião organizada B) a defesa do regime republicano.
pelos escravos e que foi reprimida pelas tropas imperiais. C) o repúdio à escravidão.
Disponível em: <https://www.todamateria.com.br>. D) o confronto com o poder centralizado.
Acesso em: 22 jul. 2016. Adaptado. E) o boicote ao voto censitário.
Essa revolta representou a mobilização de cerca de 1500
09. (PUC-PR/2004) O Período Regencial da História do Brasil durou
escravos africanos, os quais lutavam pela
de 1831 a 1840.
A) libertação dos negros de origem islâmica e pela tomada do
Sobre o mesmo, pode-se afirmar corretamente que
poder. A) o Governo Regencial não estava previsto no texto da
B) libertação dos índios guaranis e de outros escravos dos constituição e foi uma improvisação política, necessária
engenhos vizinhos. devido à renúncia de D. Pedro I.
C) independência do Brasil e pelas ideias republicanas. B) das guerras civis que eclodiram no período, a Cabanagem
D) defesa da religião católica e pela manutenção de suas foi a que mais teve a participação das elites regionais.
crenças, cultos e costumes. C) apresentou grande instabilidade política, nele ocorrendo o perigo
de fragmentação territorial, decorrente das várias guerras civis.
06. (UEPB/2007) Podemos perceber várias rebeliões no chamado D) durante o período foi alterada a constituição, o que permitiu
“Período das Regências”. Sobre isso, assinale a alternativa a substituição da forma unitária do Estado pela forma
correta. denominada federação.
A) A Cabanagem foi um movimento da elite do Pará contra E) a criação da Guarda Nacional para a manutenção da ordem
os altos impostos cobrados pelo governo imperial sobre pública foi obra do Regente Uno Pedro de Araújo Lima.
os produtos que saíam da província pelo Porto de Belém, 10. (Uece 2017) Entre abril de 1831 e julho de 1840, durante o
que não precisou da repressão das tropas governamentais, período em que o príncipe herdeiro, Pedro de Alcântara, foi
sendo resolvido através da negociação de cargos e favores menor de idade, o Brasil esteve sob comando de regentes. As
entre os governos da província e do país. quatro regências (duas trinas e duas unas) se seguiram durante
B) As chamadas rebeliões regenciais tinham forte cunho nove anos que marcaram a nossa história no século XIX. Sobre
liberal, questionavam o excesso de centralização política e esse período, é correto afirmar que
a situação de miséria do povo brasileiro, além de reivindicar A) ocorreram avanços sociais inegáveis, como a abolição
mais liberdade e maior participação no cenário político. da escravatura e a concessão do direito ao voto para os
C) As rebeliões regenciais tinham como fio condutor a luta analfabetos, contudo, ambos foram revogados com a
contra a escravidão e a criação de um sistema republicano chegada de D. Pedro II ao trono.
no Brasil que garantisse o fim da instabilidade política e B) foi um período de grande agitação social e política no qual
criasse uma forma mais justa de cobrança de impostos. ocorreram revoltas de escravos, como a dos Malês, em
Salvador e revoltas separatistas como a Cabanagem, no
D) A Revolução Farroupilha foi uma das mais consequentes
Pará, a Sabinada, na Bahia e a Farroupilha, no Rio Grande
revoltas do período regencial, pois além de reivindicar maior
do Sul e Santa Catarina.
autonomia provincial e a redução dos altos impostos, defendia C) foi um período de grande paz interna, o que proporcionou
a total e imediata abolição da escravidão e até mesmo uma um desenvolvimento econômico e social sem precedentes,
reforma agrária que distribuísse terras com os ex-escravos. isso foi o que garantiu a D. Pedro II um governo longevo de
E) Os revoltosos que fizeram parte da Sabinada na Bahia 49 anos que só acabou com sua morte em 1889.
defendiam a abolição da escravidão, ao ponto de não D) durante esses anos o país expandiu seu território, tendo
terem definido uma posição clara sobre a autonomia da anexado a Província Cisplatina e o estado do Acre, definindo,
província, ao contrário de todas as outras revoltas do assim, suas atuais fronteiras e sua posição de maior país da
Período Regencial. América do Sul.
Anual – Volume 3 27
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Bandeira do Segundo Reinado do Brasil
Perceba as semelhanças com o pavilhão republicano.
Fique de Olho
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Sites:
• http://www.vestibulareconcursos.com/modules/smartsection/
item.php?item=454
• http://www.planetarios.com/manual-independencia-Brasil/
brasilimprio.html
• http://www.mundovestibular.com.br/articles/405/1/ O-BRASIL-
IMPERIO/Paacutegina1.html
Sugestões de Livros:
• FLORES, Moacyr. Revolução dos Farrapos, Ática, 1994. Estruturando nosso estudo
• OLIVEIRA, Roberson. As Rebeliões Regenciais. FTD, 1996.
• SCILIAR, Moacyr. O Rio Grande Farroupilha. Ática, 1995. O Segundo Reinado teve início com o Golpe da
Maioridade, quando D. Pedro II teve sua maioridade decretada
• LYRA, Maria de Lourdes Viana. O Império em Construção –
quando tinha apenas 14 anos, em julho de 1840. A medida foi
Primeiro Reinado e Regências. Atual, 1999. uma iniciativa dos Liberais que desejavam retomar o controle
• MOREL, Marco. O Período das Regências (1831-1840). J do poder central, do qual foram afastados desde a ascensão do
Zahar, 2003. regente Araújo Lima. A medida procurava, ainda, a estabilidade
• Movimentos Populares no Nordeste no Período Regencial. política do Império e o controle das rebeliões que ameaçavam
Fundação Joaquim Nabuco, Massangana, 1989. a integridade do território, através da ascensão da figura do
• FAZOLI FILHO, Arnaldo. O Período Regencial. Ática, 1990. Imperador, dotado de grande prestígio e poder, e da restauração
do poder Moderador.
Apenas para fins didáticos, vamos dividir o estudo do
Segundo Reinado em três fases:
Seção Videoaula • Estruturação (1840-1850): Período de consolidação do
governo, marcado pela pacificação das revoltas que surgiram
na regência e no próprio Segundo Reinado e criação de leis
voltadas para o equilíbrio e a ordem internas.
Período Regencial • Apogeu (1850-1870): Fase de grande prosperidade e
desenvolvimento econômico, com uma série de realizações
modernizantes e um surto industrial, motivados especialmente
pelas grandes rendas geradas pela exportação de café.
O Império envolveu-se ainda em questões na região Platina e na
Guerra do Paraguai (1864-1870), vencendo-as todas, apesar da
Aula 15: última deixar-lhe grandes sequelas.
C-2 H-7, 9
Aula Segundo Reinado (1841 a 1889) C-3 H-15
• Declínio (1870-1889): Os movimentos abolicionista e
republicano cresceram, bem como o prestígio de exército.
15 Política Interna e Externa Além disso, o Império se envolveu em questões que lhe tiraram
importantes bases de sustentação, contribuindo para sua queda
e a proclamação da República.
28 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
As primeiras eleições do Segundo Reinado foram que, por sua vez, indicava o resto do ministério. Além disso,
realizadas ainda em 1840. No poder, os liberais utilizaram a o primeiro-ministro se tornava Chefe de Governo, ficando o rei como
coação, a fraude e a violência como instrumentos para garantir Chefe de Estado, representando o país no exterior e resguardando
a vitória dos deputados de seu partido e a maioria das cadeiras internamente o sistema com o poder de demitir o primeiro-ministro
no Congresso. Estas eleições ficaram conhecidas como Eleições e dissolver o parlamento, convocando novas eleições.
do Cacete e foram vencidas pelos liberais. Os incidentes No Brasil, o Imperador utilizava-se do Poder Moderador para
levaram D. Pedro II a anular as eleições e dissolver o Gabinete nomear o primeiro-ministro e os outros ministros, e então eram
liberal, nomeando um outro composto pelos Conservadores. convocadas eleições. Se o primeiro-ministro fosse Conservador,
No poder, estes restauraram o Conselho de Estado (Órgão do através de meios fraudulentos, procurava garantir a vitória dos
Poder Moderador extinto na Regência). Todavia, aquelas práticas conservadores; se fosse Liberal, fazia o mesmo para garantir a
eleitorais perduraram por todo o Segundo Reinado, sempre maioria liberal no Legislativo. Por funcionar de maneira diferente do
procurando favorecer o partido que estava no poder. modelo clássico inglês, o parlamentarismo brasileiro era chamado
Revoltados com a sua saída do poder e com a anulação de “Parlamentarismo às avessas”.
das Eleições do Cacete, os liberais promoveram revoltas em
algumas províncias, conhecidas como Revoltas Liberais de 1842. FUNCIONAMENTO DO PARLAMENTARISMO NO BRASIL
O movimento eclodiu em São Paulo, tendo como principais nomeia nomeia
Imperador
lideranças o ex-regente Feijó e o senador e ex-regente provisório Poder Moderador
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Em Minas Gerais, o
escolhe
movimento teve início na cidade de Barbacena, liderado por Teófilo Conselho de Estado Senado
Otoni. O movimento foi reprimido sob comando de Luís Alves de
Lima e Silva e as lideranças foram presas, sendo anistiadas em 1844, Presidente do
marca e comanda Conselho de Ministros preside Conselho de
quando um gabinete liberal ascendeu ao poder. (1º Ministro)
Ministros
Em 1853, foi formado o Ministério da Conciliação, por
iniciativa de Honório Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, que aprova Câmara de
formou o ministério composto tanto por liberais quanto por Eleições Deputados
conservadores. A conciliação caracterizou-se pela alternância
pacífica entre liberais e conservadores, que adotavam a mesma
política, tanto no Governo quanto na oposição.
Revolução Praieira (Pernambuco – 1848)
Qual a diferença entre um liberal e um A situação de Pernambuco, os movimentos liberais ocorridos
conservador? em 1848 na Europa e a excessiva centralização política do Império
podem ser considerados os principais motivos da Revolução Praieira.
Os partidos políticos que se formaram no Brasil não
Predominavam na província a concentração de terras e
traziam em si uma constituição ideológica. Muito menos conteúdo
a exclusão social e política da maioria da população. A maioria
programático. Muitas leis apresentadas pelos liberais foram
dos engenhos (cerca de 1/3) concentrava-se em poder da família
aprovadas e executadas pelos conservadores. Então, qual a
Cavalcanti, enquanto as outras terras estavam em poder de outras
diferença entre liberais e conservadores? Há uma frase famosa que
famílias como os Barros, Souza Leão e Rêgo. A concentração
diz “nada mais parecido com um conservador do que um liberal”.
fundiária provocava miséria e dependência para a maioria da
Por aí conclui-se que os partidos políticos do império eram totalmente
população. Além disso, o comércio na província era controlado por
artificiais. Haviam sido criados sem nenhuma consulta às bases
portugueses, que se recusavam a oferecer trabalho a brasileiros,
populacionais, sem nenhuma coerência. Eram típicos partidos de
agravando a exclusão social na região.
patronagem. Deles faziam parte a aristocracia rural e os bacharéis.
A política pernambucana era controlada pelos Cavalcanti,
O denominador comum dos partidos era a manutenção da
que comandavam tanto o Partido Liberal quanto o Conservador,
estrutura escravista de produção e a alienação das massas do processo
garantindo sua perpetuação no poder. Os liberais mais radicais eram
político. Assim se faria o resguardo dos privilégios e se evitaria que as
revoltados com a situação e fundaram um novo partido para se opor
classes mais baixas alcançassem o poder. Os dois partidos alternavam-
aos latifundiários. Como a sede do novo partido ficava situada no
se no poder, defendendo os interesses comuns e lutando pela posse
prédio do jornal Diário Novo, situado na Rua da Praia, o partido ficou
do poder político.
conhecido como Partido da Praia e seus membros como praieiros.
A pacificação do país, cujo agente mais importante foi
Suas ideias continham ainda propostas do Socialismo Utópico.
Caxias, alcançou importante vitória ao findar-se a Guerra dos
O movimento eclodiu em novembro de 1848 quando o
Farrapos, em 1845. O Sul voltava a fazer parte da nação, com o
liberal Antônio Pinto Chichorro da Gama foi demitido da presidência
indulto dos chefes políticos e a absorção de chefes militares pelo
de Pernambuco, sendo substituído pelo conservador Herculano
Exército. No fim da década de 40, o Império estava suficientemente
Pena, o que revoltou ainda mais os praieiros. Os principais líderes
calmo e assentado no revezamento dos partidos no poder.
foram o próprio Chichorro da Gama; o capitão Pedro Ivo Veloso; os
deputados Nunes Machado e Félix Peixoto de Brito; e o jornalista
O parlamentarismo brasileiro é “às avessas” e proprietário do jornal Diário Novo Antônio Borges da Fonseca,
Em 1847, foi criado o cargo de Presidente do Conselho de autor do Manifesto ao Mundo, que trazia as principais reivindicações
Ministros, que formalizava a implantação do sistema Parlamentarista dos revoltosos:
no Brasil. As razões para a implantação do novo sistema foram a • República;
pouca idade e inexperiência do Imperador D. Pedro II e a influência • Federalismo;
inglesa no Brasil. • Voto Universal;
Entretanto, o parlamentarismo brasileiro funcionava de • Liberdade de Imprensa;
maneira diferente do britânico, onde o povo através de eleições • Nacionalização do Comércio;
escolhia os membros do Parlamento, com o partido que obtivesse • Extinção do Senado Vitalício e do Poder Moderador;
mais votos ganhando o direito de indicar o primeiro-ministro, • Garantia de emprego para os brasileiros.
Anual – Volume 3 29
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Observe que o programa não trazia proposta de grandes Imperador Dom Pedro II do Brasil, 1873
mudanças nas estruturas sociais, como a abolição da escravidão ou
Domínio Público
30 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
que apoiava os Blancos uruguaios. O Brasil contou com o apoio das Em 1867, as tropas aliadas passaram a ser comandadas
províncias de Corrientes e Entre Rios que se opunham ao ditador. por Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias. No mesmo ano,
Após a vitória sobre Rosas, os Unitaristas assumiram o poder Argentina e Uruguai se retiraram da guerra alegando problemas
no país, que passou a ser governado por Justo José de Urquiza, econômicos, deixando o Brasil sozinho na luta contra o Paraguai.
ex-governador de Entre Rios. Caxias reorganizou e reaparelhou as tropas, comprando armas
Em 1864, os Blancos retomaram o poder no Uruguai, e canhões, filtros de água para evitar epidemia de cólera e
liderados por Atanásio Aguirre, que deu apoio a ataques de estendeu cabos telegráficos até a região de combate para facilitar
pecuaristas locais a fazendas gaúchas da fronteira e posteriormente as comunicações. Caxias comandou vitórias brasileiras em várias
se recusou a pagar as indenizações exigidas pelo Governo brasileiro. batalhas, como Itororó, Avaí e Lomas Valentinas. Em 1869, Assunção
Esta recusa levou tropas brasileiras, comandadas pelo general Mena foi tomada e Solano López retirou-se para o interior, onde continuou
Barreto a invadirem o Uruguai para depor Aguirre e recolocar os a resistir. Caxias então solicitou seu desligamento do comando das
Colorados no poder do país, quando as exigências brasileiras foram tropas alegando problemas de saúde.
atendidas.
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias,
em rótulo de cigarro
Guerra do Paraguai (1864 a 1870)
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O maior e mais sangrento conflito da América do Sul teve
início em virtude da represália do ditador paraguaio Solano López ao
Brasil pela deposição de seu aliado, Atanásio Aguirre, no Uruguai.
López determinou, em novembro de 1864, a apreensão do navio
brasileiro Marquês de Olinda, que navegava pelo rio Paraguai em
direção ao Mato Grosso e não atendeu ao ultimátum brasileiro pela
libertação do navio, rompendo relações com o Império brasileiro em
dezembro de 1864 e atacando o sul de Mato Grosso.
A medida paraguaia dava início à concretização do sonho do
ditador de criar o “Paraguai Mayor”, ou seja, estender o território
do país até o litoral do oceano Atlântico, conquistando uma saída
para o mar, tomando terras brasileiras, uruguaias e argentinas.
Quando assumiu a presidência em 1862, Solano López
Para substituir Caxias, D. Pedro II nomeou seu genro
recebeu um país desenvolvido, autônomo e industrializado. Todavia,
Gastão de Orleans, o Conde D’eu, que perseguiu Solano López
o Paraguai dependia da navegação na Bacia Platina para escoar
até Cerro Cora, onde derrotado, o ditador paraguaio foi morto,
sua produção, tendo que pagar impostos alfandegários a Brasil,
encerrando-se definitivamente o conflito.
Argentina e Uruguai.
A guerra levou à total destruição do Paraguai, incluindo
A saída para o mar era o que restava para o pequeno país
suas indústrias e lavouras. Aproximadamente 90% da população
que construíra sua autonomia econômica a partir de medidas
masculina morreu, sobrando apenas crianças, velhos e mutilados.
implantadas desde sua independência, em 1811, pelos presidentes
O país mergulhou em grave crise econômica e não mais conseguiu
Gaspar Rodrigues Francia, Carlos Antônio Lopez e Francisco Solano se recuperar.
Lopez. O primeiro confiscou inúmeras propriedades, distribuiu A vitória na guerra consolidou a hegemonia do Brasil no
terras a camponeses ao criar as Estâncias da Pátria, aumentou continente, mas agravou a situação econômica do país em virtude
impostos para os ricos e combateu o analfabetismo. O segundo da elevação da dívida externa e do aumento da dependência em
deu continuidade à política desenvolvimentista e estimulou a relação à Inglaterra. O exército saiu fortalecido e grande parte de
industrialização, criando a Fundição Ibycuí. Além disto, o país seus membros assumiram posições abolicionistas e republicanas,
possuía navios, ferrovias e cabos telegráficos cobrindo praticamente passando a contestar o regime imperial.
todo o território.
Domínio Público
Além do expansionismo de López e das tensões na região
platina, podemos apontar como motivo para a Guerra do Paraguai
os interesses ingleses na América do Sul, com destaque para o
desejo de destruir um país que poderia se tornar um concorrente
e que servia de exemplo de autonomia e desenvolvimento para
seus vizinhos.
Em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai firmaram uma
aliança militar chamada Tríplice Aliança, totalmente apoiada pela
Inglaterra, muito interessada na destruição paraguaia. Enquanto o
exército paraguaio tinha um número estimado de 90 mil homens,
além de pólvora e armamentos fabricados em seu território, os
exércitos da Tríplice Aliança contavam algo em torno de 30 mil
homens e dependiam totalmente de armas e munições importadas
da Inglaterra. Para reforçar o exército brasileiro, D. Pedro II convocou
escravos aos quais seria garantida a liberdade, bem como a esposas
e filhos ao final da guerra.
Inicialmente a Tríplice Aliança foi comandada pelo presidente
argentino Bartolomeu Mitre. Sob seu comando, os aliados venceram
a Batalha Naval do Riachuelo, em junho de 1865, bloqueando a
ofensiva paraguaia. Daí em diante, todas as batalhas ocorreram em
AGOSTINI, Ângelo (1843-1910).
território paraguaio. De Volta do Paraguai, 1870.
Anual – Volume 3 31
ciências Humanas e suas tecnologias História I
03. (Enem/2013)
Exercícios de Fixação
Domínio Público.
No texto, o autor compara a composição das forças políticas que
atuaram no Segundo Reinado (1840-1889). Dois aspectos que
caracterizam os partidos Conservador e Liberal estão indicados,
respectivamente, em:
A) Abolição da escravidão – Adoção do trabalho assalariado.
B) Difusão da industrialização – Conservação do latifúndio
monocultor.
C) Promoção do protecionismo – Remoção das barreiras
alfandegárias.
D) Preservação do unitarismo – Ampliação da descentralização
provincial.
E) Implementação do republicanismo – Continuação da
FERREZ, Marc (1843-1923).
monarquia constitucional. Dom Pedro II, O Imperador, 1885.
02. (USF/2017) Leia o excerto a respeito da política brasileira durante As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II,
o Segundo Reinado. procuram transmitir determinadas representações políticas
Conservadores e liberais, apesar de lutarem intensamente pelo acerca dos dois monarcas e seus contextos de atuação.
poder, representavam basicamente os mesmos interesses, ou A ideia que cada imagem evoca é, respectivamente,
seja, os interesses dos grandes proprietários rurais. A afirmação A) habilidade militar – riqueza pessoal.
da época “nada mais parecido com um conservador do que B) liderança popular – estabilidade política.
um liberal no governo” tanto era verdadeira que, no início C) instabilidade econômica – herança europeia.
da segunda metade do século XIX, liberais e conservadores D) isolamento político – centralização do poder.
chegaram a participar do mesmo ministério. Durante quase todo E) nacionalismo exacerbado – inovação administrativa.
o Segundo Reinado, predominou o regime parlamentarista.
04. (UFG/2005) Durante o Segundo Reinado, as relações entre o
Sobre a política do Segundo Reinado, assinale a alternativa Brasil e a Inglaterra ficaram tensas. Nesse clima, a Questão
correta. Christie (1863) foi deflagrada pela
A) O Brasil adotou o regime parlamentarista sob os moldes A) resistência das elites escravistas brasileiras em extinguir o
britânicos, extinguindo o Poder Moderador, valorizando, tráfico de africanos, gerando descontentamento entre os
assim, as atividades do Poder Legislativo. diplomatas ingleses.
B) O Ministério da Conciliação foi formado por representantes B) decisão do governo brasileiro de não renovar o tratado de
dos partidos Restaurador e Farroupilha, constituindo uma comércio com a Inglaterra, favorecendo a situação financeira
ala progressista de apoio ao governo imperial. do governo imperial.
C) O Exército brasileiro participou ativamente da política C) aprovação da lei Bill Aberdeen pelo Parlamento inglês,
brasileira nesse período, defendendo desde o início do proibindo o tráfico de escravos no Atlântico, sob pena da
Império ideias positivistas. apreensão de navios negreiros.
D) A Revolução Praieira, ocorrida em Pernambuco, apresentava D) pilhagem da carga de um navio inglês naufragado no Brasil
caráter republicano liberal, tendo influência das revoluções e pelo aprisionamento, pela Inglaterra, de navios brasileiros
europeias de 1848. no Rio de Janeiro.
E) Ao final do Império, os partidos Republicano Paulista e o E) instabilidade nas relações comerciais do Brasil com a Inglaterra,
Republicano Mineiro, promoveram um golpe de Estado que decorrente da entrada de produtos industrializados,
resultou no novo regime a partir de 1889. principalmente dos Estados Unidos.
32 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
05. (Enem/2010-2a aplicação) Para o Paraguai, portanto, essa foi O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil,
uma guerra pela sobrevivência. De todo modo, uma guerra tinha como meta a implantação do
contra dois gigantes estava fadada a ser um teste debilitante e A) regime monárquico representativo.
severo para uma economia de base tão estreita. Lopez precisava B) sistema educacional democrático.
de uma vitória rápida e, se não conseguisse vencer rapidamente, C) modelo territorial federalista.
provavelmente não venceria nunca. D) padrão político autoritário.
LYNCH, J. As Repúblicas do Prata: da Independência à Guerra do Paraguai. E) poder oligárquico regional.
BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: da Independência até 1870,
v. III. São Paulo: EDUSP, 2004. 03. (FGV-RJ/2007) No curso do século XIX, os principais conflitos
militares, em termos de número de vítimas e impactos sociais,
A Guerra do Paraguai teve consequências políticas importantes ocorreram no continente americano: a Guerra de Secessão, nos
para o Brasil, pois Estados Unidos, entre 1861 e 1865, e a Guerra do Paraguai,
A) representou a afirmação do Exército Brasileiro como um ato envolvendo os governos do Paraguai, da Argentina, do Uruguai
político de primeira ordem. e do Brasil, entre 1864 e 1870.
B) confirmou a conquista da hegemonia brasileira sobre a Assinale a alternativa que identifica corretamente um efeito
comum a esses dois episódios.
Bacia Platina.
A) A abolição do regime republicano de governo e o
C) concretizou a emancipação dos escravos negros.
crescimento das influências de militares na vida política.
D) incentivou a adoção de um regime constitucional
B) A aceleração do crescimento industrial em detrimento da
monárquico.
expansão das atividades agroexportadoras.
E) solucionou a crise financeira, em razão das indenizações C) A crise do escravismo, fosse por sua abolição, fosse pelo
recebidas. aumento de críticas à sua vigência.
D) A corrida armamentista e a implementação do serviço militar
obrigatório.
E) A adoção de políticas alfandegárias de natureza protecionista
Exercícios Propostos associadas ao reforço do intervencionismo estatal.
Anual – Volume 3 33
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 09. (Enem/2010 – 1ª aplicação) “Substitui-se então uma história
1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o
Considerando o contexto histórico em que foram produzidas patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a
e os elementos simbólicos destacados, essas imagens vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros
representavam um e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que
A) jovem maduro que agiria de forma irresponsável. já se viu na América Latina, a do Paraguai.”
B) imperador adulto que governaria segundo as leis.
C) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares. CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai.
São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).
D) soberano religioso que acataria a autoridade papal.
E) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
“O imperialismo inglês, ‘destruindo o Paraguai, mantém o
06. (IFMG/2010.1) Analise a tabela abaixo referente à representação status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu
partidária no Período Imperial brasileiro. único Estado economicamente livre’. Essa teoria conspiratória
vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais.
Partido Conservador Partido Liberal Contudo essa teoria tem alguma repercussão.”
Proprietários rurais 47,54% 47,83% DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai.
São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).
Comerciantes 13,12% 8,69%
Outros 18,03% 26,09% Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas
Sem informação 21,31% 17,39%
estão refletindo sobre
A) a carência de fontes para pesquisa sobre os reais motivos
CARVALHO, José Murilo. A construção da ordem: teatro de sombras. dessa Guerra.
Rio de Janeiro: UFRJ, Relume-Dumará, 1996. p. 192.
B) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra.
Considerando-se o contexto sociopolítico nesse período e as C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de
informações obtidas na tabela, é correto afirmar que batalha.
A) a predominância de proprietários rurais e comerciantes D) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os
acirrava os conflitos internos. motivos dessa Guerra.
B) os partidos políticos no Império representavam igualmente E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e
os interesses sociais no Brasil. argentino durante o conflito.
C) o índice de filiados sem informação profissional refletia a
atuação de escravos forros na política. 10. (Unicamp/2012) “A política do Império do Brasil em relação
D) a origem social comum dos membros fazia com que ambos
ao Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles
os partidos representassem as elites econômicas.
foi o de obter a livre navegação do rio Paraguai, de modo a
E) a presença de classes populares nos partidos facilitava a
garantir a comunicação marítimo-fluvial da província de Mato
mobilização de massas através de comitês eleitorais.
Grosso com o restante do Brasil. O segundo objetivo foi o de
07. (IFCE/2010.1) Corresponde a uma das reivindicações do buscar estabelecer um tratado delimitando as fronteiras com o
Manifesto ao Mundo da Revolta Praieira de 1848 em país guarani. Por último, um objetivo permanente do Império,
Pernambuco: até o seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência
A) O voto censitário baseado na renda da terra para o povo argentina sobre o Paraguai, convencido de que Buenos Aires
brasileiro. ambicionava ser o centro de um Estado que abrangesse o antigo
B) O comércio a retalho só para os comerciantes portugueses. vice-reino do Rio da Prata, incorporando o Paraguai.”
C) A independência dos poderes constituídos.
Adaptado de Francisco Doratioto, Maldita Guerra: nova história da Guerra do
D) A manutenção do Poder Moderador e a criação do sistema Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 471.
parlamentar.
E) O unitarismo e a criação do juro convencional. Sobre o contexto histórico a que o texto se refere, é correto
afirmar que
08. (Vunesp/2011) A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi definida, A) a Guerra do Paraguai foi um instrumento de consolidação
por alguns historiadores, como um momento de apogeu do de fronteiras e uma demonstração da política externa do
Império brasileiro. Outros preferiram considerá-la como uma Império em relação aos vizinhos, embora tenha gerado
demonstração de seu declínio. Tal discordância se justifica
desgastes para Pedro II.
porque o conflito sul-americano
B) as motivações econômicas eram suficientes para empreender
A) estabeleceu pleno domínio militar brasileiro na região do
Prata, mas provocou grave crise financeira no Brasil. a guerra contra o Paraguai, que pretendia anexar territórios
B) abriu o mercado paraguaio para as manufaturas brasileiras, do Brasil, da Bolívia e do Chile, em busca de uma saída para
mas não evitou a entrada no Paraguai de mercadorias o mar.
contrabandeadas. C) a Argentina pretendia anexar o Paraguai e o Uruguai, mas
C) freou o crescimento econômico dos países vizinhos, mas foi contida pela interferência do Brasil e pela pressão dos
permitiu o aumento da influência americana na região. EUA, parceiros estratégicos que se opunham à recriação do
D) ajudou a profissionalizar e politizar o Exército brasileiro, vice-reino do Rio da Prata.
mas contribuiu na difusão, entre suas lideranças, do D) o mais longo conflito bélico da América do Sul matou
abolicionismo. milhares de paraguaios e produziu uma aliança entre
E) fez do imperador brasileiro um líder continental, mas gerou indígenas e negros que atuavam contra os brancos
a morte de milhares de soldados brasileiros. descendentes de espanhóis e portugueses.
34 Anual – Volume 3
História I ciências Humanas e suas tecnologias
Seção Videoaula
Fique de Olho
Anual – Volume 3 35
ciências Humanas e suas tecnologias História I
Anotações
36 Anual – Volume 3
História II
História Geral I
Objetivo(s):
• Analisar o processo de ocupação da Península Itálica.
• Analisar a formação da civilização romana.
• Analisar a evolução política e social de Roma nos períodos da Monarquia e República.
• Observar a influência da família e da religião na formação política, social e jurídica de Roma.
• Analisar o expansionismo romano e suas consequências.
• Identificar as características políticas e sociais de Roma no Período do Império.
• Analisar as políticas públicas adotadas no Período Imperial.
• Observar o processo de decadência do Império Romano.
• Identificar os principais aspectos da cultura romana e sua influência no mundo ocidental.
• Analisar as principais características do Direito Romano e sua influência no Ocidente.
• Observar o processo de formação, desenvolvimento e consolidação do Cristianismo em Roma.
• Identificar as influências romanas e bárbaras na formação do sistema feudal.
• Analisar a importância dos povos bárbaros na formação da Europa Medieval.
• Observar as características do Feudalismo.
• Analisar o processo de separação entre as partes ocidental e oriental do Império Romano.
• Identificar as principais características do Império Bizantino.
• Observar o processo de reconquista bizantina no Mediterrâneo Oriental.
• Analisar o Cisma do Oriente.
Conteúdo:
Aulas 11 a 13: Civilização Romana
Introdução............................................................................................................................................................................................................... 38
Monarquia ou realeza (753-509 a.C.)...................................................................................................................................................................... 38
República (509-27 a.C.)........................................................................................................................................................................................... 39
Expansionismo romano............................................................................................................................................................................................ 39
Lutas de classes....................................................................................................................................................................................................... 40
A crise agrária e as tentativas de reformas.............................................................................................................................................................. 40
A crise da República Romana e os triunviratos........................................................................................................................................................ 41
Império (27 a.C. – 476)............................................................................................................................................................................................ 41
Baixo Império (236-476).......................................................................................................................................................................................... 42
Os povos bárbaros................................................................................................................................................................................................... 43
Cultura romana........................................................................................................................................................................................................ 43
O cristianismo.......................................................................................................................................................................................................... 44
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 45
Aula 14: Feudalismo
O Sistema Feudal..................................................................................................................................................................................................... 55
Características do Feudalismo.................................................................................................................................................................................. 55
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 56
Aula 15: Império Bizantino
Introdução............................................................................................................................................................................................................... 61
Política..................................................................................................................................................................................................................... 61
Economia e sociedade............................................................................................................................................................................................. 62
Cultura..................................................................................................................................................................................................................... 62
Religião.................................................................................................................................................................................................................... 63
Exercícios ................................................................................................................................................................................................................ 63
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
região onde foram encontrados pela misteriosa loba, na encosta do
Aulas 11 a 13:
C-2 H-7, 10
monte Palatino. Ainda segundo a lenda, os deuses apresentavam
Aulas C-3 H-12 preferências por Remo. Com ciúmes do irmão, Rômulo matou Remo
Civilização Romana C-5 H-22 e se tornou o primeiro rei de Roma. Apesar do caráter lendário, a
11 a 13 C-18 H-18, 20 obra de Virgílio traz importantes informações da Roma primitiva.
A provável origem de Roma está relacionada à existência
de numerosas aldeias de agricultores e pastores latinos no alto das
colinas existentes à margem esquerda do rio Tibre. O surgimento de
Introdução Roma se deu quando essas aldeias se uniram numa liga de caráter
defensivo e religioso, denominada Septimontium, criando uma única
A Roma Antiga pode ser considerada como a civilização da comunidade, por volta de 753 a.C.
Antiguidade que mais exerceu e exerce influência sobre a civilização A história de Roma é dividida em três fases, de acordo com
ocidental. Dos romanos, o Ocidente herdou princípios políticos, sua constituição política: Monarquia ou Realeza (753-509 a.C.),
a base da organização jurídica, a religião cristã e a língua latina, que República (509-27 a.C.) e Império (27a.C.-476 d.C.).
deu origem a vários idiomas como o português – considerado pelo
poeta Olavo Bilac “a última flor do Lácio”.
Monarquia ou
Iofoto/123RF/Easypix
realeza (753-509 a.C.)
Na fase inicial de sua história política, a economia dos
romanos baseava-se na produção agrícola, especialmente de
cereais, e na pecuária. Com o aumento da população, o comércio
e o artesanato também se desenvolveram, bem como houve
divisão de trabalhos e o surgimento de classes sociais, tornando
aquela sociedade mais complexa.
As classes sociais eram determinadas pela origem ou
nascimento dos indivíduos, sendo a sociedade romana composta
por patrícios, plebeus e escravos.
Os patrícios eram os descendentes das famílias (gens) que
fundaram Roma, sendo, portanto, cidadãos que possuíam terras e
rebanhos e exerciam o poder político na cidade. As famílias patrícias –
Estátua do Capitólio mostrando loba amamentando Remo e Rômulo. as “gentes” – reconheciam ter um antepassado comum, praticavam
o culto familiar e formavam uma aristocracia. Os membros das
Roma situava-se na Península Itálica, na planície do Lácio, “gentes” eram denominados patrícios, nome derivado de pater
região de solo fértil banhada pelo rio Tibre, próximo ao litoral (pai), o chefe todo-poderoso de cada família nobre.
pelo Mar Tirreno. A cidade foi fundada por povos de origem A maioria da população de Roma era formada pela plebe,
indo-europeia que migraram para a região por volta do segundo constituída por pessoas sem organização gentílica, de origem
milênio a.C., com destaque para sabinos e latinos que formaram variada. Os plebeus correspondiam aos estrangeiros e descendentes
tribos a partir da fusão de várias famílias (gens) e da união destas de estrangeiros, que viviam basicamente do comércio e artesanato.
em cúrias. Apesar de livres, não possuíam direitos políticos e não lhes era
No início do 1o milênio a.C., a região do litoral do Mar permitido casar com patrícios. Havia ainda os clientes, plebeus
Tirreno, entre os rios Tibre e Arno, foi conquistada pelos etruscos que recebiam proteção jurídica ou estavam associadas a famílias
(invasores vindos da Ásia Menor) que aí se estabeleceram e patrícias. A clientela permaneceu como um traço marcante da
penetraram pelo interior até o vale do rio Pó, ao norte da Península. sociedade romana até o Império, e como símbolo do poder das
Os etruscos praticavam a agricultura e a pecuária, exploravam as
famílias patrícias.
minas de cobre e ferro da região, produziam objetos de metais e
A classe dos escravos era formada por prisioneiros de guerra
tecidos e desenvolviam um amplo comércio com as colônias gregas
e indivíduos que não conseguiam quitar suas dívidas. Não possuíam
ao sul da Itália e com a colônia fenícia de Cartago, ao norte da África.
Entre os séculos VIII e VI a.C., o litoral sul da Península Itálica liberdade nem direitos sociais ou políticos, sendo considerados
foi ocupado pelos gregos, cuja colonização deu origem às cidades instrumentos de trabalho e exploração por seus donos.
de Siracusa, Tarento, Nápoles, Síbares, Crotona, Megara, região No período monárquico, a estrutura do poder político
conhecida como Magna Grécia. de Roma era controlada pelos patrícios, subdividida entre o Rei,
A origem de Roma é apresentada em uma versão lendária, Senado e a Assembleia Curial. Os reis exerciam funções religiosas
citada na obra A Eneida, do poeta Virgílio. Segundo o autor, Roma e militares, além de contar com dois atributos especiais: o imperium
foi fundada no século VIII a.C. pelos irmãos gêmeos Rômulo e (mando supremo), e o auspicium (capacidade de interpretar
Remo, filhos da princesa Réia Silvia e do Troiano Enéas. Estes eram a vontade dos deuses pelo voo dos pássaros). O Senado era
netos do rei Numitor de Alba Longa, que havia sido deposto do composto por anciãos e exercia funções legislativas, podendo vetar
trono por seu irmão Amúlio. Os gêmeos teriam sido colocados medidas reais sempre que contrariassem as leis tradicionalmente
em um cesto e abandonados no rio Tigre. Os meninos teriam estabelecidas, baseadas nos costumes dos antepassados. Havia
sido encontrados na encosta do monte sagrado, amamentados ainda a Assembleia Curial, composta por cidadãos em idade militar,
por uma loba e posteriormente foram criados por um pastor que confirmava ou não algumas decisões do senado.
chamado Fáustulo. Quando cresceram, retornaram a Alba Longa e Neste período, Roma sofreu a dominação dos etruscos,
vingaram-se matando o usurpador Amúlio e reconduzindo o avô com a imposição por parte destes dos três últimos reis romanos –
Numitor ao trono. Em seguida, os gêmeos fundaram Roma na Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo.
38 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
A Reforma Serviana e a queda da Monarquia Expansionismo romano
Sérvio Túlio foi o sexto rei de Roma, segundo de origem O Período Republicano foi marcado pelo grande expansionismo
etrusca. O monarca foi responsável por várias medidas que, em dos romanos, que necessitavam ampliar a obtenção de alimentos
geral, desagradaram os patrícios e beneficiavam a classe plebeia, para abastecer a crescente população da cidade que se desenvolvia,
com destaque para a elevação de famílias plebeias à condição de especialmente após o início do processo de incorporação de
nobres. O rei propunha ainda uma nova divisão social, baseada no outras pequenas cidades próximas, ainda na fase monárquica.
critério censitário e não mais na origem dos indivíduos. As medidas Quando caíram os reis etruscos, as populações vizinhas deram
enfraqueciam o domínio exclusivo dos patrícios e permitiam a início a um movimento para exigir maior autonomia, o que
ascensão política de plebeus ricos. obrigou Roma a intensificar suas ações militares e até reconstruir
Os patrícios reagiram, lutando contra Sérvio Túlio e depondo a antiga Liga Latina, dessa vez sob seu comando.
seu sucessor, Tarquínio, o Soberbo, proclamando a República, Ao longo do século V a.C., Roma dominou diversos povos
em 509 a.C. O novo regime garantiu a supremacia do senado e na Península Itálica. A vizinha cidade etrusca de Veios, principal
manteve a exclusividade do poder político dos patrícios. rival de Roma, foi destruída em 396 a.C., ao fim de dez anos
de guerra. No início do século IV, povos celtas procedentes da
República (509-27 a.C.) planície da Europa Central invadiram o norte da Itália e venceram
os etruscos. Prosseguindo seu avanço pela Península, chocaram-se
Com o advento da República, Roma passou a ter uma nova com as forças romanas junto ao Rio Ália e as derrotaram em
estrutura política, marcada pela supremacia do Senado, órgão 390 a.C. Os celtas apoderaram-se então de Roma e a incendiaram
mais importante, centro das decisões políticas, que controlava a ao abandoná-la, depois de reunir um grande saque. Roma se
estrutura administrativa, jurídica e financeira. recuperou rapidamente e, em poucos anos, se transformou na maior
potência da Itália Central, ao mesmo tempo que as cidades etruscas
Anual – Volume 3 39
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
Após dominar a Península Itálica, Roma empreendeu Lutas de classes
a expansão em direção ao Mar do Mediterrâneo, que seria
completamente dominado e chamado pelos romanos de “mare O monopólio político exercido pelos patrícios e a situação
nostrum”. Para isso, era inevitável o confronto com um poderoso de desemprego, miséria e exclusão da maioria dos plebeus
inimigo: Cartago, nas chamadas Guerras Púnicas (264 a 146 a. C.). desencadearam uma acirrada luta social, na qual a plebe começou
a exercer forte pressão sobre os patrícios, exigindo reformas que
A cidade localizava-se no norte da África e controlava um extenso
incluíam a melhoria das suas condições de vida, bem como a
império comercial que incluía, além das costas africanas, o sul da
formalização destas conquistas através de uma legislação clara,
Península Ibérica, a Córsega, a Sardenha e a maior parte da Sicília.
que contemplasse seus interesses. Apesar de a plebe possuir alguns
Todas as três ilhas caíram em poder dos romanos após a Primeira direitos, como o direito de propriedade, a opressão dos patrícios se
Guerra Púnica, de 264 a 241 a. C. fazia indistintamente entre plebeus ricos e pobres.
Paralelo ao estabelecimento de seu domínio sobre o Diante do poder de pressão da plebe, que se dava pelo fato
Mediterrâneo Ocidental, Roma empreendeu a expansão pela de esta ser a maioria da população e a base do exército romano, os
zona oriental. A intervenção na Macedônia e Grécia teve início na patrícios foram obrigados a fazer algumas concessões aos plebeus,
época da Segunda Guerra Púnica, mas a Macedônia só se tornou dentre as quais podemos destacar:
província romana em 148 a. C. Os romanos passaram a controlar • A participação política, com a instituição, em 494 a.C., do cargo
praticamente toda a costa do Mediterrâneo, passando a chamá-lo de Tribunos da Plebe (inicialmente dois e, posteriormente,
de “Mare Nostrum”. passando a dez, em 471 a.C.).
• A publicação da Lei das Doze Tábuas, primeiras leis escritas, que
Consequências do expansionismo apesar de quebrar o monopólio da interpretação das leis, baseado
A expansão romana e a conquista e dominação da costa nos costumes pelos patrícios, permitiu a estes a manutenção
mediterrânea trouxeram profundas transformações para a República dos seus privilégios. Este Código foi elaborado por Decênviros
patrícios e plebeus, convocados em 450 a.C., gravado em tábuas
Romana, que se transformou na maior potência econômica e
de bronze, serviu como um dos fundamentos do Direito Romano.
comercial do mundo antigo. O gigantesco acúmulo de riquezas veio
• Através da Lei Licínia-Sextia, publicada em 367 a.C., os plebeus
através do domínio de territórios onde era grande a produção agrícola
puderam participar do Consulado, que passaria a ter um cônsul
e pastoril, gerando um grande afluxo de gêneros primários para a
patrício e outro plebeu.
Itália, bem como estimulou a produção e o comércio de manufaturas.
• A Lei Canuleia permitiu o casamento entre patrícios e plebeus.
Os vários territórios dominados foram incorporados como
É importante lembrar que, por ocasião do expansionismo, muitas
províncias ao domínio romano, a Grécia foi saqueada e seus tesouros
famílias plebeias enriqueceram, ao passo que a desvalorização
artísticos enviados a Roma. As classes altas assimilaram a cultura
das terras arruinou muitas famílias patrícias, que utilizaram o
helênica, que foi amplamente incorporada ao cotidiano romano casamento misto como forma de garantir os seus interesses.
em seus vários aspectos, como ocorreu com a religião, que adotou Esses casamentos resultaram na formação de uma aristocracia
alguns deuses gregos rebatizando-os com nomes romanos. de dinheiro, os Nobilitas.
O sistema econômico, muito monetarizado, foi marcado por • A Lei Ogúnia estabeleceu a igualdade religiosa entre patrícios
notável acúmulo de capitais, em virtude da ampliação dos negócios e plebeus, permitindo o acesso dos últimos aos Colégios
e rotas de comércio. Os grandes comerciantes e banqueiros romanos Sacerdotais e ao cargo de Pontífice Máximo.
pertenciam em geral à classe dos cavaleiros (equestre), intermediária • Outra importante conquista plebeia foi a criação do Concílium
entre as grandes famílias que dividiam as cadeiras do Senado Plebis, que posteriormente, à partir da aprovação da Lei Hortência
(ordem senatorial) e as classes baixas. as decisões do Concílium ganharam força de lei (Plebiscito).
Rotas comerciais passaram para o controle romano, bem • Em 326 a.C. foi extinta a escravidão por dívida.
como as guerras constantes levaram à formação de grandes
contingentes de escravos recrutados entre os prisioneiros de guerra. Apesar de todas as conquistas, faz-se necessário lembrar
Estes constituíram um imenso exército de cativos, cujo trabalho que apenas os plebeus ricos que contraíram casamento com os
barato nas grandes propriedades e nas manufaturas arruinou os patrícios tiveram os seus direitos ampliados, com o poder deixando
camponeses e os artesãos livres da Península Itálica. de vir do nascimento para a riqueza. Na prática, os plebeus pobres
A massa plebeia romana foi extremamente prejudicada continuavam explorados e com limitado acesso às decisões políticas.
pela ampliação da escravidão, pois o baixo preço dos escravos
estimulava a demissão de trabalhadores livres e a ruína dos A crise agrária e as
pequenos proprietários rurais, impossibilitados de concorrer com
os latifúndios escravistas. A plebe transformou-se numa classe tentativas de reformas
ociosa que vivia miseravelmente das subvenções e distribuições de As tensões sociais e os problemas ligados à expansão
alimentos, frequentava as termas e era entretida com jogos públicos. dos latifúndios estimularam a mobilização de grupos na busca
A própria Roma tornou-se uma grande cidade parasita, que importava por reformas mais profundas, que atendessem efetivamente aos
grande quantidade de mercadorias de luxo e especiarias orientais, interesses das massas plebeias. Neste contexto, merece destaque
além de produtos como o trigo da Sicília e do norte da África, azeite a atuação dos Irmãos Graco, que ocuparam o cargo de Tribunos
da Espanha e escravos de todo seu imenso território colonial. da Plebe.
A enorme quantidade de escravos e a exploração a que Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe em 133 a.C. e
estavam submetidos provocaram revoltas e rebeliões dos cativos, através da Lex Agrária elaborou uma proposta de reforma agrária
merecendo destaque a sublevação liderada por Spartacus, ocorrida que limitava o acesso a terras públicas, confiscando as áreas que
entre os anos de 73 e 71 a. C., que chegou a aglutinar um numeroso excedessem os limites impostos e distribuindo-as entre os pobres, na
exército rebelde que ameaçou a própria cidade de Roma e serviu forma de arrendamento. O projeto foi vetado pelo Senado e Tibério
de exemplo para outros levantes. acabou assassinado juntamente com seus seguidores.
40 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Caio Graco assumiu o cargo de tribuno da plebe em desencadeou novo período de lutas civis. Em 43 a.C., o Senado
123 a.C., sendo apoiado pela plebe urbana e rural. Tentou implantar foi obrigado a reconhecer um Segundo Triunvirato, integrado
uma democracia do tipo ateniense, ao propor que as decisões por Marcus Antonius, Marcus Aemilius Lepidus (Lépido) e Caius
importantes fossem transferidas do Senado para a Assembleia Octavius Thurinus (chamado depois Otávio Augusto). Os triúnviros
Popular. Lutou ainda pela aprovação da Lex Frumental, que dividiram os domínios de Roma, mas nem por isso cessaram as lutas
obrigava o Estado a vender trigo mais barato ao povo pobre. internas. Lépido, logo neutralizado por Marco Antônio e Otávio,
Perseguido como o irmão e sofrendo forte oposição do Senado, ocupou habilmente o poder no Ocidente, aliando-se ao Senado,
acaba se suicidando, o que impede a continuidade e a efetivação colocando-o contra Marco Antônio, cada vez mais impopular em
de seu projeto de reforma. Roma devido a seu comportamento de déspota oriental e sua aliança
com Cleópatra. Após vencer Marco Antônio, na batalha de Actium,
em 31 a.C., Otávio tornou-se o único senhor de Roma.
A crise da República
Romana e os triunviratos Império (27 a.C. – 476)
A morte dos Graco foi sucedida pela radicalização das lutas
Anual – Volume 3 41
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
Otávio Augusto adotou uma política de distribuição de proprietários começaram a arrendar parcelas de terras a agricultores
cereais e alimentos à massa pauperizada e criou empregos através livres (colonos) em troca de uma parte da produção, iniciando-se o
de um amplo programa de construções e embelezamento urbano. sistema de colonato. A produção de metais diminuiu provocando
Reformulou a arrecadação de impostos nas províncias, acabando constantes desvalorizações monetárias. As fronteiras começaram
com os abusos e instituiu um novo sistema de taxação sobre a terra, a ser ameaçadas pela presença cada vez mais constante de tribos
bem como a capitação. Criou ainda um serviço postal e um sistema “bárbaras”. O grande número de funcionários e a manutenção do
regular de comunicações ligando as províncias. Instalou colônias exército aumentavam as despesas do Estado, levando o governo
em pontos afastados do Império, concedeu às famílias ricas das a constantes elevações de impostos, que recaiam principalmente
províncias o direito de participar do Senado e das Magistraturas. sobre os pequenos produtores e arrendatários.
42 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Em meio às dificuldades do período, destacou-se a atuação vitalidade demográfica e econômica, enquanto que o império
do imperador Diocleciano (284-305), que impôs o Edito Máximo, ocidental se decompôs com rapidez.
estabelecendo limites aos preços das mercadorias e aos salários. O último imperador ocidental foi Rômulo Augusto, deposto
Estabeleceu ainda um governo de caráter despótico, denominado por Odoacrus, rei dos hérulos, no ano 476 d.C, conquista que pôs
Dominato, pois o imperador se intitulava Dominus et Deus (Senhor fim ao Império Romano do Ocidente. O império oriental prolongou
e Deus), devendo ser adorado e reverenciado como os soberanos sua existência, com diversas vicissitudes, durante um milênio, até
orientais. Outra medida de Diocleciano foi a divisão administrativa a conquista de Constantinopla pelos Turcos, em 1453.
do Império entre quatro generais de sua confiança – Tetrarquia,
afim de garantir a restauração da ordem interna.
Com o intuito de garantir o sustento da burocracia estatal, Os povos bárbaros
foram lançadas novas taxações sobre a terra, o comércio e as Os romanos se consideravam extremamente evoluídos e
demais atividades. Foi também criado um imposto em gêneros consideravam inferiores os povos que viviam fora das fronteiras
– a “anoma” – recolhido pelos “curiales”, altos funcionários do imperiais, pois não falavam o latim, não conheciam suas leis e
governo, destinado à manutenção da burocracia e dos exércitos. não possuíam seu nível de desenvolvimento cultural, taxando-os
Diocleciano foi sucedido por Constantino (306/337), que pejorativamente de Bárbaros.
adotou medidas importantes como a mudança da capital de Roma De uma maneira geral, esses povos não possuíam organização
para Constantinopla, a concessão de liberdade religiosa através do estatal e se organizavam em tribos divididas em vários grupos, como os
Edito de Milão (313), beneficiando a religião cristã que conquistava Tártaro-mongóis (hunos, turcos e búlgaros); Eslavos (russos, poloneses
a sua efetiva liberdade. Constantino baixou decretos no sentido de e sérvios); Escandinavos (vikings, normandos e magiares) e Germânicos
vincular o homem à terra e às suas profissões urbanas, facilitando (ostrogodos, visigodos, hérulos, anglos e saxões).
a cobrança de impostos. Também não possuíam leis escritas, suas normas eram
Nas áreas agrícolas, os camponeses e colonos foram consuetudinárias (baseadas nos costumes), transmitidas de forma oral,
proibidos de abandonar a gleba em que trabalhavam, beneficiando bem como eram politeístas e praticavam uma economia agro-pastoril.
os grandes proprietários. Nas cidades, as atividades administrativas, Os bárbaros começaram a adentrar as fronteiras do Império
comerciais e artesanais se tornaram obrigatoriamente hereditárias Romano no início do século I, em busca de terras para o cultivo
e seus membros foram proibidos de mudar de ramo, favorecendo ou fugindo da violenta pressão de outros grupos, como os hunos.
os detentores de melhores cargos públicos. Inicialmente foram incorporados como mão de obra servil e até
As reformas introduzidas por Diocleciano e Constantino mesmo ao exército, como mercenários. O agravamento da crise
conseguiram preservar, ainda que de forma atabalhoada, a unidade econômica e das tensões sociais levaram o governo romano a
política do Império durante o século IV. Em 395, com a morte do limitar o acesso dos bárbaros ao interior do Império, levando estes
imperador Teodósio, o Império foi dividido entre seus filhos Honório e a promoverem invasões que levaram à desestruturação e queda
Arcádio, em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente. do Império Romano do Ocidente.
Além dos problemas internos que Roma enfrentava, as
invasões dos povos bárbaros, especialmente de origem germânica,
agravaram a situação de crise que no século V se manifestou em Cultura romana
toda a parte ocidental do Império.
A influência romana no mundo ocidental se faz presente
em diversos aspectos, como as línguas derivadas do latim e o direito.
Bretanha O sistema jurídico romano foi constituído gradativamente desde o
início da civilização, baseando-se na religião e na família, dividindo-
Gália se em Jus Naturale, Jus Gentium e Jus Civili. Os princípios jurídicos
romanos são aplicados constantemente na atualidade, sendo
comuns os termos em latim nas petições e despachos jurídicos.
Hispania Na literatura, destacaram-se Virgílio, autor de Eneida;
Itá
lia
Mérida Roma Macedônia Bizâncio Tito Lívio, que escreveu A história de Roma; Ovídio, autor de A arte
Ponto
de amar; e o orador Cícero. A arquitetura romana foi marcada pelo
Nisibis
uso de colunas e abóbadas, além da suntuosidade presente nas
construções de palácios e prédios públicos, aquedutos e estradas.
A religião romana era politeísta, de caráter familiar,
cultuando-se antepassados como deuses. Houve ainda a influência
Alexandria grega quando os romanos dominaram esta civilização, adaptando
Egipto
sua mitologia à realidade romana e incorporando vários deuses,
I. R. do Ocidente I. R. do Oriente rebatizando-os com nomes latinos.
Divisão do Império Romano
depois da morte de Teodósio (395 d.C.)
NoMe GreGo NoMe LatiNo
A crise motivou a degeneração política do Império, que
enfraquecia-se cada vez mais. O imperador Teodósio (379 a 395) Zeus deus-rei do Olimpo Júpiter
foi o último a exercer sua autoridade sobre todo o Império, Hera esposa de Zeus Juno
preservando a integridade territorial diante da ameaça dos bárbaros
e suas constantes investidas contra as fronteiras imperiais. Teodósio Atena deusa da inteligência Minerva
adotou religião Católica como oficial e obrigatória através do Edito
Ares deus da guerra Marte
de Tessalônica (391), que ainda proibia cultos pagãos.
Foi Teodósio que determinou a separação do Império Afrodite deusa do amor Vênus
entre o Oriente e o Ocidente do império ao entregar o governo
de Roma a seu filho Honorius, e o de Constantinopla, no Oriente, Deméter deusa da agricultura Ceres
ao primogênito, Arcadius. A parte oriental conservou uma maior
Anual – Volume 3 43
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
Darryl Brooks/123RF/Easypix
NoMe GreGo NoMe LatiNo
De todas essas divindades, a trindade principal, cultuada Apesar das perseguições, o cristianismo crescia, especialmente
no período republicano, era formada por Júpiter, Juno e Minerva. entre as classes baixas, pois a mensagem de fé e esperança alcançava
Refletindo o caráter prático e utilitário da cultura romana, a grande repercussão nos grupos sociais baixos, marcados pela miséria
religião baseava-se num princípio utilitarista: eu dou algo aos e sofrimento. O martírio dos cristãos era visto como prova de fé e o
deuses (cerimônias e ritos) para receber alguma recompensa sofrimento era visto como forma de purificação e aproximação com
(saúde, boa sorte, sucesso etc.). Jesus, que morreu crucificado depois de longas horas de tortura e
violência física.
Em 312, o imperador Constantino conduziu suas tropas à
O cristianismo vitória contra o general Maxêncio, na batalha de Ponte Mívio, próximo
às muralhas de Roma. Segundo a tradição cristã, o imperador romano
O Cristianismo surgiu na Palestina, com a fundação da havia invocado a proteção de Deus e tido uma visão de uma cruz com
Igreja Cristã por Jesus Cristo (1 a 33 d.C.). Sua mensagem e os dizeres: “Com este símbolo vencerás”. Assim, a cruz foi usada pelas
seus ensinamentos se propagaram pelas províncias do Império legiões romanas que venceram a batalha.
Romano, a partir dos discípulos de Jesus, baseados nas ideias
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História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Na estrutura geral da Igreja cristã, os bispos, considerados os Dentre os vários aspectos da arquitetura romana, destaca-se a
sucessores dos apóstolos, conquistaram em muitas cidades poderes monumentalidade de suas construções. A relação entre o “arco
maiores do que as autoridades do Estado. Assim, a organização do triunfo” e a História de Roma está baseada
primitiva comunitária da Igreja foi sendo substituída por um sistema A) no processo de formação da urbe romana e de edificação de
administrativo e hierárquico, semelhante ao do Império. A cidade, com entradas defensivas contra invasões de povos considerados
seu território urbano e rural, formava uma diocese sob a liderança de bárbaros.
um bispo, auxiliado pelos cônegos e pelos curas, encarregados das
B) nas celebrações religiosas das divindades romanas vinculadas
paróquias. As dioceses agrupavam-se em províncias, que tinham à
frente um arcebispo ou bispo metropolitano. No topo da hierarquia aos ritos de fertilidade e aos seus ancestrais etruscos.
encontravam-se os patriarcas, encarregados de um conjunto de C) nas celebrações das vitórias militares romanas que
províncias com sede nas cidades mais importantes: Roma, Alexandria, permitiram a expansão territorial, a consolidação territorial
Jerusalém, Antioquia e Constantinopla. e o estabelecimento do sistema escravista.
Foi estabelecido no ocidente que o bispo de Roma, sucessor D) na edificação de monumentos comemorativos em memória
do apóstolo Pedro e pastor da primeira cidade do mundo, exercesse das lutas dos plebeus e do alargamento da cidadania
uma posição predominante, sendo chamado de Sumo Pontífice romana.
ou Papa, o chefe supremo da Igreja Católica Romana. No Oriente, a E) nos registros das perseguições ao cristianismo e da destruição
supremacia do Papa nunca foi aceita, prevalecendo a existência dos de suas edificações monásticas.
patriarcas.
03. (UECE/2018) As Guerras Púnicas, que se constituíram por uma
série de combates entre Roma e Cartago no período entre o
Exercícios de Fixação século III e o século II a.C., assinalaram uma mudança radical
na história de Roma e do mundo antigo, porque
A) mesmo tendo Roma sofrido algumas derrotas, triunfou com
01. (PUC/SP – 2018) Considere os textos abaixo. as vitórias de Aníbal.
B) os conflitos entre Roma e Cartago duraram mais de um
“[...] Amúlio expulsa seu irmão e apodera-se do trono. século.
Depois deste crime, cometeu outro: ele extermina todos os
C) após o fim do conflito, Roma se aproximou de uma civilização
filhos varões do irmão e, sob o pretexto de honrar sua sobrinha
Réia Sílvia, colocando-a entre as vestais, ele tira toda a esperança mais avançada e rica.
de se tornar mãe condenando-a à virgindade perpétua. D) redesenhou toda a organização do mundo antigo e Roma
Mas acredito que o destino estava encarregado da fundação de transformou-se na grande potência do Mediterrâneo.
uma cidade tão poderosa: era a ele que cabia lançar os alicerces
deste vasto império que iguala o dos deuses. [...]” 04. (UERR/2019) Leia o texto e responda à questão conforme se
pede.
Tito Livio – História de Roma, livro I, p.10. – Texto traduzido e adaptado de
TITO LÍVIO. Historia de Roma desde su fundación. (Ab urbe condita). “Em suma parece que as mulheres desempenharam um
Disponível em: <http:// historicodigital.com/download/tito%20livio%20i.pdf>.
Acesso em: 07 nov. 2017. papel de destaque nas igrejas dos tempos de Paulo. De certo
“Os romanos foram honrados em quase todas as modo, esse destaque não era comum no mundo greco-romano
nações: impuseram as leis da sua hegemonia a muitos povos: e pode estar baseado, como defendo, na proclamação de Jesus
hoje, as letras e a história celebramos em quase todas as raças. de que no Reino vindouro haveria igualdade entre homens e
Não têm motivo para queixar-se da justiça do Deus supremo mulheres (...). Ao mesmo tempo intérpretes modernos têm a
e verdadeiro: eles receberam sua recompensa...; os judeus, impressão de que Paulo não se empenha por uma revolução no
que tinham morto Cristo, foram justamente entregues aos relacionamento entre homens e mulheres – assim como não se
romanos, para a glória destes. Aqueles, que pelas suas virtudes, empenhou pela abolição da escravatura, mesmo tendo afirmado
[...] procuraram e obtiveram a glória terrestre deviam vencer que em Cristo ‘não há nem escravo nem livre’. Em vez disso, ele
aqueles que, com seus enormes vícios, mataram e recusaram o insistia: dado que o ‘tempo é curto’ (antes da vinda do Reino),
dispensador da verdadeira glória e da Cidade Eterna.” cada um devia se contentar com os papéis a si atribuídos e que
Santo Agostinho – A Cidade de Deus – Livro V, cap. XVIII, p. 527. - Texto adaptado:
Disponível em: <http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Cidade-de-Deus- ninguém devia mudar a própria posição – seja escravo, livre,
Agostinho.pdf>. Acesso em 07 nov. 2017. casado, solteiro, homem ou mulher”.
BART, Ehrman. O que Jesus disse? O que Jesus não disse?
Os textos foram escritos por cidadãos romanos, em diferentes São Paulo: Prestígio, 2006. p. 190-191.
épocas, e tratam momentos distintos da história de Roma.
No entanto, eles concordam que De acordo com o texto, Paulo não se empenhou por fazer
A) a dominação militar de Roma sobre outros povos não seria revoluções sociais através das doutrinas cristãs. Entretanto,
duradoura. o Cristianismo mudou radicalmente o curso da história no
B) o poder de Roma dependeu da conquista militar e da Ocidente. Pensando nessas questões levantadas no texto,
aceitação das leis. aliadas aos seus conhecimentos sobre a História de Roma na
C) a explicação para o imenso poderio romano é de ordem Antiguidade, reflita e escolha a alternativa correta dentre as
religiosa.
afirmações a seguir.
D) o crime e os vícios dos fundadores de Roma foram os
fundamentos do império. A) Os romanos apreciavam tanto a liderança feminina que,
quando César se apaixonou por Cleópatra, rainha do Egito,
02. (Fuvest/2019) (...) o “arco do triunfo” é um fragmento de logo a nomearam imperatriz de Roma e encarnação da deusa
muro que, embora isolado da muralha, tem a forma de uma Isis, também adorada entre os romanos.
porta da cidade. (...) Os primeiros exemplos documentados são
B) As mulheres do primeiro século desfrutavam de grande
estruturas do século II a.C., mas os principais arcos de triunfo
são os do Império, como os arcos de Tito, de Sétimo Severo prestígio social e liberdade no mundo grecoromano. Tanto
ou de Constantino, todos no foro romano, e todos de grande que poderiam participar da vida política, exercer cargos
beleza pela elegância de suas proporções. públicos, votar e serem votadas, por isso tiveram uma
PEREIRA, J. R. A., Introdução à arquitetura. participação efetiva no ministério de Jesus e na igreja
Das origens ao século XXI. Porto Alegre: Salvaterra, 2010, p. 81. primitiva.
Anual – Volume 3 45
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
C) O cristianismo não teve nenhuma relação com a decadência Tendo como alvo a República Romana, assinale a alternativa
do Império Romano, visto que a queda dele se deu correta.
quatro séculos depois da origem daquela religião e estava A) A desestruturação agrária em Roma, que estabeleceu
relacionada com as invasões bárbaras, bem como aos baixos sistemas de latifúndios, beneficiou os grupos empobrecidos,
salários que acarretaram a falta de mão de obra no império. uma vez que estes podiam abandonar o campo e se
D) A religião romana, muito semelhante à grega, era politeísta estabelecer em cidades.
e por isso não era compatível com o Cristianismo. O principal B) As guerras constantes ajudaram as classes dominantes
motivo de discordância entre as duas religiões era o culto ao da Roma republicana a desviar a atenção dos problemas
imperador romano, a que os cristãos se negavam a praticar fundiários derivados do latifundium nos séculos seguintes.
devido a sua crença em Jesus e ao monoteísmo. C) Foi por meio da intervenção dos irmãos Graco que o
E) A religião em romana não tinha muita importância e por isso problema da reforma agrária foi resolvido no século II, pois
não interferia na vida política ou nas relações sociais, essa os poderes políticos foram transplantados ao senado e,
interferência só veio ocorrer anos após a queda de Roma por assim, Roma viu mais um século de paz.
conta das invasões bárbaras e o misticismo desses povos. D) Os tribunos da plebe tiveram um papel importante no
processo da reforma agrária romana, possibilitando a
05. (UEL/2018) Durante o século II, o Império Romano atingiu sua transformação do modo de vida de maneira a permitir que
máxima extensão territorial, dominando quase toda a atual todo pequeno agricultor transformasse sua propriedade em
Europa, o norte da África e partes do Oriente Médio. No final um Domus.
do século IV, porém, essa unidade começaria a ser desfeita E) O domínio social e econômico das cidades provinha de
com a divisão do império em duas porções: a ocidental, com a delicada relação entre a manutenção de sistemas agrários
capital em Roma, e a oriental, com a capital em Bizâncio. Nos em que a mão de obra escrava era aproveitada de forma
séculos IV e V, a fragmentação territorial se aprofundou ainda esporádica e a utilização ocasional de grandes extensões de
mais e o Império Romano do Ocidente acabou desaparecendo terra.
para dar lugar a diversos reinos germânicos.
Reprodução/Unesp 2018.1
A) O êxodo rural causado pelos ataques dos povos germânicos MAR DO
NORTE
resultou em um crescimento desordenado das cidades, criando
instabilidade e desordem política nos centros urbanos e
Augusta
forçando a abdicação do último imperador romano. Treverorum Carnunto
B) O paganismo introduzido no Império Romano pelas tribos Sarmicegetusa
germânicas enfraqueceu o cristianismo e causou a divisão entre
cristãos católicos e ortodoxos, encerrando o apoio da Igreja ao MAR NEGRO
Roma MAR
imperador e consequentemente fazendo ruir o império. CÁSPIO
C) A língua oficial do Império Romano, o latim, ao se fundir com os Pérgamo
idiomas falados pelos invasores, deu origem às línguas germânicas,
Cartago
dificultando a administração dos territórios que se tornaram cada Palmira
MAR MEDITERRÂNEO
vez mais autônomos até se separarem de Roma.
Cirene
D) A disputa entre os patrícios romanos e a plebe pelas terras Alexandria
férteis facilitou a invasão do império pelos “povos bárbaros”, Disponível em: <http://recursostic.educacion.es>
pois o exército romano foi obrigado a deixar as fronteiras
desguarnecidas para defender os proprietários das terras O mapa do Império Romano na época de Augusto (27 a.C. – 14 d.C.)
das constantes rebeliões. demonstra
E) Com o fim das conquistas territoriais, o escravismo e a A) a dificuldade das tropas romanas de avançar sobre territórios
produção entraram em declínio, somado às “invasões da África e a concentração dos domínios imperiais no
bárbaras” e à ascensão do cristianismo, que aceleraram a continente europeu.
fragmentação e queda de Roma. B) a resistência do Egito e de Cartago, que conseguiram impedir
o avanço romano sobre seus territórios.
06. (UFPR/2018) Leia o texto a seguir: C) a conformação do maior império da Antiguidade e a
Foi a República Romana que primeiro uniu a grande imposição do poder romano sobre os chineses e indianos.
propriedade agrícola com a escravidão em grupos no interior D) a iminência de conflitos religiosos, resultantes da tensão
em maior escala. O advento da escravidão como um modo de provocada pela conquista de Jerusalém pelos cristãos.
produção organizado inaugurou – como na Grécia – a fase E) a importância do Mar Mediterrâneo para a expansão imperial
clássica que distinguia a civilização romana, o apogeu de seu e para a circulação entre as áreas de hegemonia romana.
poder e de sua cultura. Mas enquanto na Grécia isso havia
coincidido com a estabilização da pequena agricultura e de um 08. (Udesc/2018.2) Observe a linha do tempo a seguir.
compacto corpo de cidadãos, em Roma foi sistematizado por
uma aristocracia urbana a qual já gozava de um domínio social 1500 a.C (1) (2) (3) (4) (5) 475 d.C
e econômico sobre a cidade. O resultado foi a nova instituição
rural do latifundium escravo extensivo. A mão de obra para as A respeito da chamada Antiguidade Clássica, assinale a
enormes explorações que emergiam do século III a.C. em diante alternativa que apresenta a correta ordem dos eventos, segundo
era abastecida pela espetacular série de campanhas que deu a a linha do tempo apresentada.
Roma o poder sobre o mundo mediterrâneo. A) Fundação de Roma pelos etruscos; Configuração do modelo de
ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. democracia ateniense; Instauração do Império Romano; Queda
São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 58. do Império Romano; Instauração da República Romana.
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História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
B) Acontecimentos narrados por Homero em Ilíada e Odisseia; O texto anterior faz referência a acontecimentos importantes
Desenvolvimento das noções de democracia e cidadania grega; do governo de Constantino, entre os quais se destaca
Crise da República Romana; Instauração do Império Romano; A) o fim da escravidão e a adoção de um amplo processo de
Oficialização do cristianismo como religião do Império Romano. reforma agrária e econômica.
C) Expansão do Império Romano; Queda do Império Romano; B) o combate à revolta dos escravos e a divisão do Império
Estruturação do Sistema Feudal; Crise do século XIV; Renascimento. Romano em Oriental e Ocidental.
D) Queda do Império Romano; Oficialização do cristianismo;
C) a adoção de um novo sistema de cobrança de impostos,
Proclamação da República Romana; Proclamação da República
que reorganizou a economia do Império.
Grega; Expansão dos etruscos para Atenas.
D) a instalação da república romana e a criação de uma
E) República Ateniense; Ascensão do Império Espartano;
Oficialização do cristianismo; Proclamação da República hierarquia administrativa baseada na tetrarquia.
Romana; Expansão do Império Romano. E) o estabelecimento de outra capital para o Império, em
Constantinopla, e a liberdade de culto aos cristãos.
09. (Enem/2017)
12. (Unicsal/2013)
Texto I
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando Quando Orestes morreu, os invasores, liderados pelo general
terra e dívida são mencionadas juntas. Logo depois de 600 a.C., Odoacro, condenaram o César à morte. Mas como era apenas
ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem um garoto, a pena foi cancelada, ele recebeu uma mesada e se
precedentes, porque a exigência de redistribuição de terras e mudou para um castelo na cidade de Nápoles, onde viveu até os
o cancelamento das dívidas não podiam continuar bloqueados 51 anos. Foi [...] sorte, no fim das contas. Dos 111 imperadores
pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou romanos da história, só 31 não foram assassinados. E Rômulo
de pequenas concessões. foi um deles. Quando Rômulo trocou o papel de imperador por
FINLEY. M. Economia e sociedade na Grécia Antiga. uma casa e a aposentadoria, o título de César desapareceu em
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013 (adaptado).
Roma. [...] Com sede na cidade de Constantinopla, na Turquia,
Texto II o império Romano Oriental teve césares até 1453, quando
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais Constantino X foi derrubado pelos turcos-otomanos.
do direito romano, uma das principais heranças romanas que Que fim levou o último césar? Aventuras na História,
chegaram até nós. A publicação dessas leis, por volta de 450 a.C., especial Roma, São Paulo: Abril, p. 66, fev. 2007.
foi importante, pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida
em sociedade é um instrumento favorável ao homem comum e Sobre o fim deste grande Império que foi o Romano, é válido dizer:
potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos. A) a entrada de Odoacro marcou o início da República em Roma,
FUNARI, P. P. Grécia – Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado). caracterizando como uma época de grandes conquistas e
realizações no governo romano.
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas B) a partir de Odoacro, a unidade política romana se
indicadas nos textos consiste na ideia de que a estabeleceu, as cidades tornaram-se mais seguras e foram
A) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia. reconstruídas.
B) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias. C) com Odoacro, um novo modo de vida se estabeleceu:
C) formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades. voltavam-se as atividades agrícolas, as pessoas começaram
D) definição de princípios morais encerrou os conflitos de a buscar abrigos nos feudos, as rotas comerciais foram
interesses. desaparecendo.
E) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de
D) nas novas cidades, os hábitos romanos foram valorizados,
tratamento.
dentre eles o respeito à individualidade, a lealdade para com
10. (UVA/2017.2) Roma foi a sede de um poderoso império. o governo e o compromisso perante suas dívidas financeiras
Mas decaiu com o correr do tempo. No ano 476, um povo e pagamentos em dia às instituições financeiras (bancos).
estrangeiro, a quem os romanos chamavam de bárbaro, a E) a adaptação entre os vários povos que formaram Roma e
conquistou. Este acontecimento marcou o as novas situações existentes a partir de então fizeram com
A) início da Idade Antiga. que novas estruturas governamentais existissem, inclusive,
B) início da Idade Média. novos reinados, como o governo dos Francos.
C) fim da Idade Média.
D) fim da Idade Moderna. 13. (FDF/2017) A conquista do Mediterrâneo por Roma, a partir
do século III a.C., provocou, entre outros efeitos,
11. (Unicsal/2016) Os pesquisadores que têm se aproximado das A) a supressão do trabalho escravo, que foi substituído
questões que envolviam o Império Romano no reinado de
pelo trabalho assalariado de pessoas vindas das áreas
Constantino I (306-337), encontram grande diversidade de
conquistadas.
ideias e imagens ao retratá-lo. Ora visto como um político
astuto, pragmático em suas decisões, ora visto como um B) a reação de outras cidades e impérios europeus, que
imperador com preocupações místicas religiosas. Mas uma imediatamente atacaram e ocuparam a cidade de Roma.
coisa é inegável, “um dos acontecimentos decisivos da história C) a realização de um amplo programa de reforma agrária, que
ocidental, e mesmo mundial, se produziu em 312, no imenso permitiu a fragmentação dos territórios conquistados.
Império Romano”, sob o governo de Constantino. D) a ampliação dos recursos financeiros de Roma, que passou
SILVA, Diogo Pereira da. As abordagens historiográficas sobre Constantino I a recolher regularmente tributos nas áreas conquistadas.
(306-337): uma revisão. Dimensões, Vitória, vol. 25, p. 32-45, 2010 (adaptado).
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CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
14. (Fatec/2015.1)
Exercícios Propostos
Reprodução Fatec/2015.1
01. (Unicamp/2019 – 2ª Fase) Havia em Alexandria uma filósofa
chamada Hipátia que foi admitida na escola de Platão,
demonstrando competência para ensinar as ciências a todos
os que o desejassem. Hipátia interrogava: “Por que as estrelas
não caem do céu?” E respondia: “Porque seguem a rota mais
perfeita, que é o círculo do céu em tomo da Terra, que, por sua
vez, é centro do cosmos.” Acreditando nesta tradição e movida
pela curiosidade, ela instigava: “Se você não questiona aquilo
em que acredita, não pode acreditar.” Além disso, acrescentava:
“Eu acredito na filosofia e é preciso nos livrarmos de todas as
ideias preconcebidas de qualquer natureza.” Na história da
filosofia, Hipátia é considerada uma expoente do neoplatonismo.
A oposição entre o neoplatonismo e o cristianismo teria
Disponível em: http://<tinyurl.com/l4w436k Acesso em: 30 jun 2014.>
marcado o tempo em que ela viveu. Para o filósofo Pierre Hadot.
Durante toda a História, os homens criaram tecnologias, inclusive o neoplatonismo foi um foco de resistência ao cristianismo. Essa
para proteger o corpo, buscando atingir seus objetivos. Podemos resistência continuou até 529, quando o imperador Justiniano
ver um exemplo disso nas formações militares desenvolvidas proibiu os pagãos de ensinar, fechou as escolas filosóficas de
pelos romanos, chamadas de “tartaruga” ou “testudo”. Atenas e passou a perseguir filósofos em Alexandria. Nesse
Nessas formações, a aproximação com o inimigo era facilitada por contexto, a matemática Hipátia foi assassinada em 415, em
grandes escudos empunhados à frente e acima do corpo pelos Alexandria, por cristãos fanáticos.
soldados, como podemos ver na imagem apresentada.Sobre o período
da República Romana, em que foram desenvolvidas as formações Salma Tannus Muchail, Notícias de Hipátia. Labrys, estudos feministas,
militares citadas, é correto afirmar que ele foi caracterizado v. 23, jan./jun. 2013.
A) pela expansão territorial, que levou ao domínio de territórios Disponível em: <http://www.labrys.net.br/labrys23/filosofia/salma.htm>.
na Europa e no Mediterrâneo. Acesso em: 10 jul. 2017.
B) pelo governo dos grandes imperadores, que centralizavam
o poder em todo o território romano. A partir do texto anterior e de seus conhecimentos históricos
C) pela predominância de Assembleias populares e democráticas, e filosóficos,
conduzidas por senadores e magistrados. A) identifique dois princípios filosóficos defendidos por
D) pelos conflitos entre plebeus e patrícios, visando à libertação Hipática;
dos escravos de origem africana. B) aponte explique uma motivação do imperador Justiniano
E) pelos tratados de cooperação entre reis e senadores, para para perseguir correntes de pensamento não cristãs.
evitar guerras contra os bárbaros germânicos.
02. (Uece/2018.2) A partir do século V d.C., a língua latina, utilizada
15. (Unicamp/2017-2ª fase) em todo o Império Romano, passou a ser influenciada pelos
idiomas falados por populações que invadiram o Império,
“Onde está aquela tua prudência? Onde está a sagacidade nas especialmente os germânicos e os árabes, dando surgimento
coisas que se devem discernir? Onde está a grandeza de alma? às Línguas Românicas, também conhecidas como Línguas
Já as pequenas coisas te afligem? (....) Nenhuma destas coisas é Neolatinas. São línguas neolatinas que surgiram do encontro
insólita, nenhuma inesperada. Ofender-te com estas coisas é tão do latim com outros idiomas:
ridículo quanto te queixares porque caíste em público ou porque A) inglês, mirandês, alemão, occitano, sardo, austríaco, búlgaro.
te sujaste na lama. (...) O inverno faz vir o frio: é necessário gelar. B) italiano, francês, provençal, espanhol, catalão, português,
O tempo traz de novo o calor: é necessário arder. A intempérie romeno.
do céu provoca a saúde: é necessário adoecer. Uma fera em C) friulano, romanche, espanhol, grego, russo, mandarim,
algum lugar se aproximará de nós, e um homem mais pernicioso dalmático.
que todas as feras. Algo a água, algo o fogo nos retirará. Esta D) lombardo, vêneto, lígure, siciliano, piemontês, napolitano,
condição das coisas não podemos mudar. Mas isto podemos: valenciano.
adotar um espírito elevado e digno do homem nobre para que
corajosamente suportemos as coisas fortuitas e nos harmonizemos 03. (UFPR/2019) Leia o trecho abaixo, escrito por Agostinho de
Hipona (354-430) em 410, sobre a devastação de Roma:
com a Natureza.
Sêneca, Carta de Sêneca a Lucflio. CVII. Prometeus. Maceió, ano 1 - n°1, “Não, irmãos, não nego o que ocorreu em Roma. Coisas horríveis
p.121. jan.-jun. 2008. Disponível em: <https://www.academia edu/4204064>. nos são anunciadas: devastação, incêndios, rapinas, mortes
Acessado em 19/12/2016. e tormentos de homens. É verdade. Ouvimos muitos relatos,
gememos e muito choramos por tudo isso, não podemos
A partir da leitura do texto escrito pelo filósofo Sêneca, consolar-nos ante tantas desgraças que se abateram sobre a
A) identifique e explique um princípio do estoicismo latino. cidade.”
B) cite dois legados culturais do mundo romano, além da filosofia, Santo Agostinho. Sermão sobre a devastação de Roma. Tradução de Jean Lauand.
Disponível em: Acesso em: 11 de ago. 2018.
para a tradição ocidental.
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História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Considerando os conhecimentos sobre a história do Império 06. (ESPM/2018.1) Durante o seu governo, Otávio apoiado pelos
Romano (27 a.C. – 476 d.C.) e as informações do trecho equestres e conciliando com a aristocracia senatorial, enfeixou
anterior, assinale a alternativa que situa o contexto histórico em suas mãos imensos poderes. No plano da organização militar
em que ocorreram os problemas relatados sobre Roma e a sua criou-se uma guarda especial, a Guarda Pretoriana.
consequência para o Império, entre os séculos IV e V. Rubim Santos Leão de Aquino. História das Sociedades
A) Trata-se do contexto das invasões dos povos visigodos, sendo das comunidades primitivas às sociedades medievais
uma das causas do final do Império Romano do Oriente. A Guarda Pretoriana citada no texto era encarregada
B) Trata-se do contexto dos saques de povos vândalos, A) de defender as fronteiras e as províncias afastadas.
sendo uma das causas do final do Sacro Império Romano- B) da segurança pessoal do imperador e da vigilância da capital.
Germânico. C) da expansão territorial e da obtenção de mão de obra
C) Trata-se do contexto das pilhagens de povos ostrogodos, escrava.
sendo uma das causas do final do Império Bizantino. D) de garantir a reunião da Assembleia Curiata, da qual
D) Trata-se do contexto das incorporações de povos vikings, participavam todos os patrícios.
sendo uma das causas do final do Sacro Império Romano E) de garantir a arrecadação dos tributos e proteger os
do Oriente. questores.
E) Trata-se do contexto das invasões de povos bárbaros, sendo
uma das causas do final do Império Romano do Ocidente. 07. (FMABC/2017) “O cidadão romano era aquele que possuía
direitos e obrigações políticas, econômicas e militares. Devia
04. (FAMERP/2019) Leia o texto para responder à questão. participar das assembleias, pagar impostos e ir para a guerra
para exercer plenamente sua cidadania.”
Enquanto nas cidades o poder ficou nas mãos Carlos Augusto Ribeiro Machado. Roma e seu império.
São Paulo: Saraiva, 2004, p. 20. Adaptado.
dos bispos, nos campos, concentrou-se na dos grandes
proprietários. O governo romano perdeu força: já não era capaz
A partir da afirmação anterior, sobre a República romana, é
de cobrar os impostos de maneira eficiente, nem mesmo de
correto afirmar que a cidadania
pagar os exércitos. Em 476, o último imperador romano foi
A) associava-se prioritariamente às atividades agrícolas e
deposto. Era o fim do Império Romano e do mundo antigo e comerciais.
o início de uma nova era, a Idade Média. B) implicava a participação nas atividades militares, produtivas
Carlos Augusto Ribeiro Machado. Roma e seu império, 2004. Adaptado. e políticas.
C) era desempenhada pelos homens que viviam na cidade,
A queda do Império Romano do Ocidente foi provocada, entre livres ou escravos.
outros fatores, D) dependia da participação voluntária dos camponeses no
A) pela fragilização do poder central, que gradualmente perdeu exército.
o controle das províncias que compunham o Império.
B) pelo declínio econômico das colônias asiáticas, que deixaram 08. (FDF/2017) A conquista do Mediterrâneo por Roma, a partir
de fornecer matérias-primas à capital do Império. do século III a.C., provocou, entre outros efeitos,
C) pela hegemonia econômico-financeira da Igreja, que passou A) supressão do trabalho escravo, que foi substituído pelo trabalho
a combater militarmente os imperadores pagãos. assalariado de pessoas vindas das áreas conquistadas.
D) pelo desenvolvimento militar dos impérios macedônio e B) a reação de outras cidades e impérios europeus, que
persa, que se tornaram rivais de Roma e a derrotaram. imediatamente atacaram e ocuparam a cidade de Roma.
E) pelas invasões dos bárbaros, que saquearam o Império C) a realização de um amplo programa de reforma agrária, que
Romano e, assim, facilitaram sua conquista pelos hunos. permitiu a fragmentação dos territórios conquistados.
D) a ampliação dos recursos financeiros de Roma, que passou
05. (UFRGS/2019) Considere as seguintes afirmações sobre a a recolher regularmente tributos nas áreas conquistadas.
história antiga de Roma.
I. Com o fim do período monárquico, a hierarquia social na 09. (Enem-PPL/2016)
República deixou de estar fundada na descendência familiar No aniversário do primeiro decênio da Marcha sobre Roma,
e na propriedade de terras, valorizando as ocupações ligadas em outubro de 1932, Mussolini irá inaugurar sua Via dell
ao comércio urbano e à prática da magistratura; Impero; a nova Via Sacra do Fascismo, ornada com estátuas de
II. No contexto dos séculos III e II a.C., a manumissão de César, Augusto, Trajano, servirá ao culto do antigo e à glória
estrangeiros, escravizados a partir de conquistas bélicas, do Império Romano e de espaço comemorativo do ufanismo
possibilitava a tais indivíduos liberdade social e cidadania italiano. Às sombras do passado recriado ergue-se a nova Roma,
política; que pode vangloriar-se e celebrar seus imperadores e homens
III. Entre as principais causas do fim da República, estão a fortes; seus grandes poetas e apólogos com Horácio e Virgílio.
invasão de tribos normandas oriundas do norte da Europa, SILVA, G. História antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da
a difusão do cristianismo e a crise econômica provocada Antiguidade sob o regime de Vichy. São Paulo: Annablume, 2007 (adaptado).
pela chamada “Conspiração de Catilina”.
A retomada da Antiguidade clássica pela perspectiva do
Quais estão corretas? patrimônio cultural foi realizada com o objetivo de
A) Apenas I. A) afirmar o ideário cristão para reconquistar a grandeza perdida.
B) Apenas II. B) utilizar os vestígios restaurados para justificar o regime político.
C) Apenas III. C) difundir os saberes ancestrais para moralizar os costumes sociais.
D) Apenas I e II. D) recompor a organização republicana para fortalecer a
administração estatal.
E) I, II e III.
Anual – Volume 3 49
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
10. (UNP – Medicina/2015.2) Na Antiguidade, sobressai-se a cultura A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima
greco-romana; sobre ela, podemos afirmar que: para baixo, é
A) Os gregos e os romanos, em igualdade de condições, A) 2 – 1 – 4. B) 1 – 2 – 4.
contribuíram de maneira significativa apenas para a C) 2 – 1 – 3. D) 1 – 2 – 3.
formação do mundo medieval. E) 3 – 4 – 2.
B) Os gregos foram conquistados militarmente pelos romanos,
mas os romanos absorveram a cultura grega ajudando a 13. (Fatec/2009) As civilizações da antiguidade clássica – Grécia e
difundi-la pelo mundo. Roma – desenvolveram uma estrutura socioeconômica alicerçada
C) Os romanos militarmente destruíram a cultura grega e deram no escravismo. Sobre essa temática, pode-se afirmar que:
origem a uma nova mentalidade, baseada na praticidade, I. a escravidão foi indispensável para a manutenção do ideal
haja vista a criação do Direito. democrático em Atenas, uma vez que os cidadãos ficavam
D) Os gregos militarmente se destruíram na guerra civil do desincumbidos dos trabalhos manuais e das tarefas ligadas
Peloponeso e os romanos não puderam usufruir da grandeza à sobrevivência;
cultural helênica. II. a escravidão foi abolida em Atenas quando Péricles estabeleceu
o direito político a todos os cidadãos, reconhecendo, dessa
11. (UFPR/2015) Tendo em vista diferentes contextos históricos em forma, a igualdade jurídica e social da população da Grécia;
que predominou a escravidão, identifique como verdadeiras III. os escravos romanos, por terem pequenas propriedades e
(V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas que comparam a direitos políticos, conviveram pacificamente com os cidadãos
escravidão na Roma Antiga e a escravidão no Período Colonial romanos, como forma de evitar conflitos e a perda de direitos;
da América portuguesa: IV. os escravos romanos, que se multiplicavam com o expansionismo
( ) Na Roma Antiga os escravos eram mercadorias obtidas no de Roma, estavam submetidos à autoridade de seu senhor,
comércio triangular, enquanto que no Período Colonial e sua condição obedecia mais ao direito privado do que ao
brasileiro os escravos eram prisioneiros de guerra ou direito público.
apreendidos por motivo de dívida.
( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no Período É correto apenas o que se apresenta em:
Colonial brasileiro, os escravos obedeciam a uma hierarquia A) I e II B) I e IV
de funções, sendo utilizados para vários tipos de atividades C) II e III D) II e IV
– afazeres domésticos, comércio e trabalho na agricultura. E) III e IV
( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no Período
Colonial brasileiro, a escravidão era considerada uma 14. (UFPR/2006) Os dois trechos a seguir referem-se a momentos
realidade natural, justificada por pensadores e por distintos de expansão e imperialismo: o primeiro diz respeito
sacerdotes, mas também era questionada por opositores à Antiguidade Clássica, quando Roma havia conquistado uma
da escravidão dentro das próprias elites. grande quantidade de territórios, e o segundo se refere ao
( ) Na Roma Antiga, as rebeliões de escravos eram raras, domínio que a Europa exerceu sobre o mundo no final do século
pois eles viviam em boas condições e tinham a compra XIX. Compare essas duas formas distintas de imperialismo.
da alforria facilitada, enquanto que no Período Colonial
brasileiro, as rebeliões eram constantes devido às “Os conquistados recebiam um tratamento muito diversificado,
condições desumanas de tratamento e impossibilidade segundo sua posição em relação ao poder romano. Os que
de alforria. se aliassem, recebiam direitos totais ou parciais de cidadania,
enquanto os derrotados que não cedessem eram subjugados,
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de muitos vendidos como escravos, outros eram submetidos
cima para baixo. a tratados muito desiguais e que davam ao Estado romano
A) F–V–F–V. grandes rendas na forma de impostos e tributos. Roma, surgida
B) F–V–V–F. de uma união de povos, sabia conviver com as diferenças (…).”
C) V–F–F–V. FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001, p. 86.
D) V–V–F–F.
E) F–F–V– V. “A dominação política e industrial que a Europa exerceu
sobre o mundo no final do século XIX e a teoria do progresso
12. (UFRGS/2013) No bloco superior a seguir, são listados alguns foram a reivindicação dos europeus como portadores de
líderes que atuaram no período republicano da Antiga Roma; um direito moral para liderar outros ramos da humanidade.
no inferior, são citadas ações desses líderes. Muitos vitorianos tardios influentes reivindicaram que sua
sociedade estava no auge do desenvolvimento social, com
Associe corretamente o bloco inferior ao superior. todos os estágios ‘anteriores’ da humanidade colocados em
1. Otávio uma progressão linear em direção a este estado ideal.”
2. Caio Mário
HINGLEY, Richard. Concepções de Roma – uma perspectiva glesa. In: FUNARI,
3. Tibério Graco Pedro Paulo. “Repensando o mundo antigo”.Textos didáticos n. 47, IFCH/Unicamp, 2002.
4. Pompeu
15. (Unesp/2014) Apesar de não ter sido tão complexo quanto os
( ) Operou uma reforma militar que permitiu o recrutamento
governos modernos, o Império (Romano) também precisava
de soldados entre a população mais pobre de Roma.
pagar custos muito altos. Além de seus funcionários, da
( ) Acumulou uma série de títulos e cargos e acabou por
manutenção das estradas e da realização de obras, precisava
estabelecer em Roma o sistema político imperial.
manter um grande exército distribuído por toda a sua extensão.
( ) Tentou implementar uma reforma que permitisse a
A cobrança de impostos é que permitia ao governo continuar
distribuição de terras públicas entre os cidadãos mais
funcionando e pagando seus gastos.
pobres de Roma.
MACHADO, Carlos Augusto Ribeiro. Roma e seu império, 2004.
50 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Os gastos militares intensificaram-se a partir dos séculos III a IV 18. (Uece/2014.2) O desenvolvimento de núcleos urbanos, o
d.C., devido: crescimento demográfico, a necessidade de intensificar as
A) ao esforço romano de expandir suas fronteiras para o centro trocas e controlar as rotas comerciais e as zonas ricas de
da África. matérias- primas impulsionaram a criação de “colônias gregas”
B) às perseguições contra os cristãos, que, bem sucedidas, ao longo da costa do Mediterrâneo; dessa maneira, o modelo
permitiram o pleno retorno ao politeísmo. urbano e habitacional grego se difundiu, em larga escala,
C) à necessidade de defesa diante de ataques simultâneos de
influenciando e marcando o molde de uma cultura comum, a
bárbaros em várias partes da fronteira.
D) aos anseios expansionistas, que levaram os romanos a buscar estrutura e o gosto urbano de cidades distantes entre si.
o controle armado e comercial do Mar Mediterrâneo.
Assinale a opção que corresponde a dois exemplos de grandes
E) à guerra contra Cartago pelo controle de terras no norte da
África e na Península Ibérica. centros urbanos resultantes de ocupações gregas.
A) Roma e Cartago.
16. (Uece/2014.1) “(...) com seus 10 a 15 mil habitantes, a B) Pérgamo e Alexandria.
Pompeia dos anos 70 d.C. apresentava-se como uma C) Constantinopla e Mileto.
cidadezinha provinciana enriquecida. Possuía uma agricultura D) Capadócia e Luxor.
desenvolvida, que alguns autores consideram capitalista devido
à sua orientação para o mercado. No campo, predominavam 19. (Simulado/FB) Ao referir-se aos gregos antigos como uma
fazendas escravistas voltadas para a produção de mercadorias, civilização clássica talvez não tenhamos a dimensão da
trigo, azeite e, principalmente, vinhos de diversas qualidades: importância do legado dessa civilização para o mundo
populares, aromatizados, para aperitivo, medicinais, para citar contemporâneo. A filosofia, a história, os Jogos Olímpicos, o
apenas alguns. A criação de gado e a floricultura também eram teatro e a ciência política tiverem ali notável destaque.
praticadas no campo. As principais manufaturas encontravam-
se concentradas no interior do recinto urbano: fábricas de
Qual das opções abaixo nos permite melhor associar as
cerâmica, construção civil, tinturarias, lavanderias, manufaturas
têxteis e de confecções, de conservas de peixe e panificadoras. manifestações culturais do presente aos seus processos
Embora não possamos falar em revolução industrial, não cabe históricos:
dúvida que a urbanização ligava-se ao papel articulador do A) noções de cidadania e democracia foram desenvolvidas entre
mercado numa economia baseada no consumo de massa.” os gregos com tal perfeição que no mundo contemporâneo
FUNARI, Pedro Paulo A. A vida quotidiana na Roma Antiga.
se estruturaram em bases idênticas.
São Paulo: Annablume, 2003. p. 54-55. B) a história teve espaço destacado com representantes ilustres
como Heródoto que narrou com fidelidade, imparcialidade
No fragmento anterior, Pedro Paulo de Abreu Funari se refere a:
e rigor metodológico o episódio das Guerras Médicas.
A) uma cidade medieval que vivenciou o lento processo de
C) o Teatro grego se notabilizou como elemento de inclusão
transição da economia rural e agrícola do feudalismo para
uma economia urbana e mercantil da modernidade. social tendo em vista que todos os membros da comunidade,
B) uma cidade romana que viveu o seu apogeu no período do independente de classe social, podiam participar de suas
Império, com grande pujança econômica e desenvolvimento encenações.
urbano grandioso, até sua destruição pela erupção vulcânica D) a escultura helênica, estando desligada de valores religiosos,
do monte Vesúvio. valorizava o corpo humano, inspirou os artistas renascentistas
C) uma colônia inglesa na América que se desenvolveu que, da mesma forma, repudiavam temas religiosos.
autonomamente em relação à sua metrópole, praticante E) a vitória nos Jogos Olímpicos assumia um significado de
comércio com áreas vizinhas e diversificando suas atividades poder entre as cidades-estados como ainda ocorre nas atuais
econômicas. olimpíadas entre as nações hegemônicas.
D) uma cidade europeia que teve seu desenvolvimento econômico
ligado ao processo de industrialização de manufaturas têxteis
20. (UEA/2013)
e de confecções desenvolvidas a partir da evolução técnica
oportunizada pela revolução industrial moderna.
Anual – Volume 3 51
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
C) a imitação servil da construção grega e a falta de criatividade C) após a vitória, Roma entrou em contato com diversas
nas construções civis e militares. civilizações e adquiriu maior progresso.
D) a fragilidade de suas construções e a natureza espiritual e D) Roma se afirmou como primeira potência e dominou política
religiosa de suas edificações. e culturalmente os povos do Mediterrâneo.
E) a ausência de funcionalidade de seus prédios e o desejo de
provocar temor aos povos conquistados. 25. (UEA/2011) “Outros talvez, que não tu, saberão, acredito, dar
melhor vida ao bronze e tirar do mármore vívidas figuras; outros
21. (UFPB/2007) O escravismo constituiu-se em uma das mais saberão melhor defender causas, melhor descrever o movimento
importantes instituições das chamadas Sociedades Clássicas – dos céus e dos astros. Mas tu, romano, lembra-te que nascestes
Grécia e Roma. para impor tuas leis ao universo. Teu destino é ditar tuas condições
Sobre o escravismo romano, é correto afirmar: de paz, poupar os vencidos e domar os soberbos.”
A) Durante a fase final da República romana, o número de Virgílio. Eneida, século I a.C.
escravos diminuiu sensivelmente, aumentando a importância
dos camponeses e artesãos livres. Segundo o poeta Virgílio, os romanos:
B) Devido à proliferação de movimentos abolicionistas cada A) eram pacíficos nas suas relações com os vizinhos, procurando
vez mais organizados, a escravidão em Roma foi abalada e, solucionar os conflitos pela diplomacia.
posteriormente, acabou sendo extinta. B) desconheciam as artes plásticas, como a pintura e a escultura,
C) Embora a maioria dos escravos fossem destinados aos serviços a retórica e a ciência da astronomia.
pesados, alguns deles exerciam atividades especializadas, C) eram tolerantes internamente, protegendo os plebeus e
como médicos, dançarinos, músicos e professores. proibindo a exploração da mão de obra escrava.
D) Entre o crescimento do cristianismo e o fim do escravismo D) eram senhores de si mesmos, dominadores, livres e guiados
em Roma, não há uma relação direta, pois a Igreja nascente por sentimentos de severidade e de qualidades morais.
ignorou os escravos. E) evitavam desenvolver relações comerciais com outras
E) Na fase de desagregação do Império, a mais belicosa da história cidades, temendo enfraquecer-se militarmente.
romana, o número de escravos elevou-se consideravelmente,
barateando o preço e popularizando o uso dessa mão de obra. 26. (Uece/2010.2 - 2ª fase - 1° dia) Entre os séculos VI e VIII,
passaram a figurar no contexto histórico da Europa povos que
22. (Unicamp/2013) Por que as pessoas se casavam na Roma até então estavam às margens, que eram conhecidos como
Antiga? Para esposar um dote, um dos meios honrosos de “bárbaros”: germanos, francos, godos, lombardos, hunos
enriquecer, e para ter, em justas bodas, rebentos que, sendo etc. Estes povos consolidaram seu poder e formaram reinos
legítimos, perpetuassem o corpo cívico, o núcleo dos cidadãos. independentes, dando início a uma nova fase da história do
Os políticos não falavam exatamente em natalismo, futura mundo ocidental. Assinale a afirmação verdadeira.
mão de obra, mas em sustento do núcleo de cidadãos que A) O termo “bárbaro” era utilizado para reconhecer e
fazia a cidade perdurar exercendo a “função de cidadão” ou glorificar aqueles povos que negociaram com os romanos
devendo exercê-la. e alternaram, com estes, a posição de poder.
Adaptado de ARIÈS, P. e DUBY, G. História da Vida Privada. B) A palavra “bárbaro” era empregada por gregos e romanos para
São Paulo: Companhia das Letras, 1990. v. 1, p. 47. delimitar o que, para eles, significava povos não civilizados.
C) Os diferentes povos, oriundos de locais geograficamente
A) Por que o casamento tinha uma conotação política entre distantes, se autodenominavam bárbaros.
os cidadãos, na Roma Antiga? D) A denominação “bárbaros” foi empregada especificamente
B) Indique dois grupos excluídos da cidadania durante a pelos historiadores para contrapor a “romanos”.
República Romana (509-27 a.C.).
27. (Enem/2009 – Prova Cancelada) O fenômeno da escravidão, ou
23. (UEA/2012) A cidade de Roma foi fundada em meados seja, da imposição do trabalho compulsório a um indivíduo ou a
do século VIII a.C. sobre colinas nas margens do rio Tibre. uma coletividade, por parte de outro indivíduo ou coletividade,
Os materiais diversos depositados pelo rio nas suas margens é algo muito antigo e, nesses termos, acompanhou a história
formaram colinas ou rochedos escarpados. Considerando o da Antiguidade até o séc. XIX. Todavia, percebe-se que tanto
local escolhido para a fundação de Roma, percebe-se que os o status quanto o tratamento dos escravos variou muito da
primeiros romanos: Antiguidade greco-romana até o século XIX, em questões
A) buscaram edificar a cidade longe de rotas comerciais e militares. ligadas à divisão do trabalho.
B) preocuparam-se com a proteção militar da cidade e com
a prática da agricultura. As variações mencionadas anteriormente dizem respeito:
C) escolheram espaços adequados para a instalação de A) ao caráter étnico da escravidão antiga, pois certas etnias
monumentos públicos. eram escravizadas em virtude de preconceitos sociais.
D) visavam a organização de uma República pacífica e democrática. B) à especialização do trabalho escravo na Antiguidade, pois
E) pretendiam iniciar a conquista das cidades gregas instaladas certos ofícios de prestígio eram frequentemente realizados
na Itália. por escravos.
C) ao uso dos escravos para a atividade agroexportadora, tanto
24. (Uece/2012.2) As Guerras Púnicas foram uma série de combates na Antiguidade quanto no mundo moderno, pois o caráter
entre Roma e Cartago, entre o III e o II século a.C.; receberam étnico determinou a diversidade de tratamento.
esse nome porque os romanos chamavam os cartagineses de D) à absoluta desqualificação dos escravos para trabalhos
púnicos. Tiveram importância significativa na história de Roma mais sofisticados e à violência em seu tratamento,
e do mundo antigo, porque: independentemente das questões étnicas.
A) Roma não superou várias derrotas para Aníbal. E) ao aspecto étnico presente em todas as formas de escravidão,
B) o embate entre Roma e Cartago durou muito tempo, mais pois o escravo era, na Antiguidade greco-romana, como no
de um século. mundo moderno, considerado uma raça inferior.
52 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
28. (Enem/2000)
“Somos servos da lei para podermos ser livres.” Fique de Olho
Cícero
As frases acima são de dois cidadãos da Roma Clássica que Ascensão a Augusto do Ocidente
viveram praticamente no mesmo século, quando ocorreu a
Nascido em Naissus, na Mésia (actual Niš na Sérvia), filho
transição da República (Cícero) para o Império (Ulpiano).
de Constâncio Cloro (ou Constâncio I Cloro) e da filha de um casal
Tendo como base as sentenças acima, considere as afirmações.
de donos de uma albergaria na Bitínia, Helena de Constantinopla,
I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente,
Constantino teve uma boa educação – especialmente por ser filho
uma vez que os romanos não levavam em consideração as
de uma mulher de língua grega e haver vivido no Oriente grego,
normas jurídicas;
o que facilitou-lhe o acesso à cultura bilingue própria da elite
II. Tanto na República como no Império, a lei era o resultado
romana – e serviu no tribunal de Diocleciano depois do seu pai ter
de discussões entre os representantes escolhidos pelo povo
sido nomeado um dos dois Césares, na altura um imperador júnior,
romano;
na Tetrarquia, em 293. Embora sua condição junto a Diocleciano
III. A lei republicana definia que os direitos de um cidadão
fosse, em parte, a de um refém, Constantino serviu nas campanhas
acabavam quando começavam os direitos de outro cidadão;
do César Galério e de Diocleciano contra os Sassânidas e os sármatas.
IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legislação
Quando da abdicação conjunta de Diocleciano e Maximiano,
romana.
em 305, Constâncio seria proclamado Augusto (imperador senior),
mas Constantino seria descartado como César em proveito de Flávio
Estão corretas, apenas: Severo (também conhecido modernamente como Severo II, título
A) I e II. B) I e III. que jamais usou, para não ser confundido com o grande imperador
C) II e III. D) II e IV. do século anterior, Septímio Severo).
E) III e IV. Pouco antes da morte de seu pai, em 25 de julho de 306,
Constantino conseguiu a permissão de Galério para reunir-se a
29. (UFG/2009) A utilização de trabalho forçado é um fenômeno ele no Ocidente, chegando a fazer uma campanha juntamente
verificado na Roma Antiga e no Brasil atual. Ao comparar-se esses com Constâncio Cloro contra os pictos, estando junto do leito de
dois contextos, observa-se como elemento comum a ocorrência: morte do seu pai, em Eburacum (atual York) na Britânia, o que lhe
A) do estatuto jurídico dos indivíduos cativos, que é sustentado permitiu impor o princípio da hereditariedade em seu proveito,
pelo Estado. proclamando-se César e sendo reconhecido como tal por Galério,
B) da concepção de inferioridade racial atribuída a um grupo, então feito Augusto do Oriente. Desde o início de seu reinado,
que redunda na perda de sua liberdade. assim, Constantino tinha o controle da Britânia,Gália, Germânia e
C) do período de permanência no cativeiro, que é vitalício e Hispânia, com sua capital em Trier, cidade que fez embelezar e fortificar.
hereditário. Nos dezoito anos seguintes, combateu uma série de batalhas
D) do endividamento pessoal, que serve à manutenção do e guerras que o fizeram governador supremo do Império Romano.
trabalho compulsório. Como Maximiano desejava retomar sua posição de Augusto, da qual
E) do apadrinhamento, que serve de mecanismo de atenuação havia-se afastado a contragosto junto com Diocleciano, Constantino
das condições de trabalho. recebeu-o na sua corte e aliou-se a ele por um casamento, em
307, com a filha de sete anos de Maximiano, Fausta, o que lhe
30. (Fatec/2008) “A principal diferença entre as pessoas, quanto permitiu ser reconhecido tacitamente como Augusto, em 308,
ao direito, é esta: todos os homens são ou livres ou escravos. por Galério, numa conferência dos tetrarcas em Carnuntum (atual
Os homens livres subdividem-se, por sua vez, em nascidos livres Petronell-Carnuntum, na Áustria). Em 309, no entanto, Constantino
e libertos ou forros. São nascidos livres os que assim nasceram; enfrentaria seu sogro, que tentava recuperar abertamente o
são libertos os que foram alforriados. Os libertos são de três poder, capturando-o em Marselha e fazendo assassiná-lo; em 310,
tipos: cidadãos romanos, cidadãos latinos ou não cidadãos.” Constantino seria formalmente reconhecido como Augusto por
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Roma. Vida pública e Galério. Severo, havendo sido entrementes eliminado, em 307, por
vida privada. São Paulo: Atual, 1993. p. 29. Maxêncio, filho de Maximiano, que havia-se proclamado imperador
em Roma, Constantino deveria acabar por enfrentrar seu cunhado
O documento acima retirado do Institutas, cap. I, versículos para conseguir o domínio completo do Ocidente romano. Após uma
9-17, demonstra a existência em Roma de uma: série de mediações fracassadas e lutas confusas, Constantino, após
A) sociedade dividida por classes, onde a diferenciação era feita apoiar o usurpador africano Lúcio Domício Alexandre, cortando
pelo acúmulo de riquezas dessa ou daquela classe. o suprimento de trigo de Roma, de 308 a 309, desceu, em 312,
B) divisão bastante clara dos homens, mas ao mesmo tempo, até a Itália para eliminar Maxêncio.
deixa evidente que havia possibilidade de mobilidade, Essas guerras civis constantes e prolongadas fizeram de
mudança de um grupo para outro. Constantino, antes de mais nada, um reformador militar, que, para
C) sociedade igualitária, onde todos eram cidadãos romanos aumentar o número de tropas à sua disposição imediata, constituiu
com direitos e deveres muito claros. o cortejo militar do imperador (comitatus) num corpo de tropas
D) divisão entre homens livres e não livres que se mantinha por de elite autossuficiente – um verdadeiro exército de campanha –
toda a vida, uma vez que era proibida a mobilidade entre principalmente pelo recrutamento de grande número de germanos
os grupos. que se apresentavam ao exército romano nos termos de diversos
E) sociedade capitalista em que o crescimento pela força tratados de paz, a começar pelo chefe dos alamanos, Chrocus, que
do trabalho definia o lugar de cada indivíduo dentro da teve um papel decisivo na aclamação de Constantino como Augusto.
sociedade.
Anual – Volume 3 53
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
Religião Hídria observa: “Constantino nunca se tornou cristão”. No dia
anterior ao da sua morte, Constantino fizera um sacrifício a Zeus, e
O fato de Constantino ser um imperador de legitimidade até o último dia usou o título pagão de Sumo Pontífice. E, de fato,
duvidosa foi algo que sempre influiu nas suas preocupações Constantino, até o dia da sua morte, não havendo sido batizado, não
religiosas e ideológicas: enquanto esteve diretamente ligado a participou de qualquer ato litúrgico, como a missa ou a eucaristia.
Maximiano, ele apresentou-se como o protegido de Hércules, No entanto, era uma prática comum na época retardar o batismo,
deus que havia sido apresentado como padroeiro de Maximiano que era suposto oferecer a absolvição a todos os pecados anteriores
na primeira Tetrarquia; ao romper com seu sogro e eliminá-lo, – e Constantino, por força do seu ofício de imperador, pode ter
Constantino passou a colocar-se sob a proteção da divindade percebido que suas oportunidades de pecar eram grandes e não
padroeira dos imperadores-soldados do século anterior, Deus Sol desejou “desperdiçar” a eficácia absolutória do batismo antes de
Invicto, ao mesmo tempo que fez circular uma ficção genealógica haver chegado ao fim da vida.
(um panegírico da época, para disfarçar a óbvia invenção, falava, Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino,
dirigindo-se retoricamente ao próprio Constantino, que se tratava de o fato é que ele educou seus filhos no cristianismo, associou a sua
fato “ignorado pela multidão, mas perfeitamente conhecido pelos dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença institucional no
que te amam”) pala qual ele seria o descendente do imperador Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local,
Cláudio II – ou Cláudio Gótico – conhecido pelas suas grandes a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um
vitórias militares, por haver restabelecido a disciplina no exército processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da cidade.
romano, e por ter estimulado o culto ao Sol. E quanto às suas profissões de fé pública, num édito do início de seu
Constantino acabou, no entanto, por entrar na história reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os pagãos
como primeiro imperador romano a professar o cristianismo, com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar “os ritos
na sequência da sua vitória sobre Maxêncio na Batalha da Ponte de uma velha superstição”.
Mílvio, em 28 de outubro de 312, perto de Roma, que ele mais Esta clara associação da casa imperial ao Cristianismo criou uma
tarde atribuiu ao Deus cristão. Segundo a tradição, na noite anterior situação equívoca, já que o cristianismo tornou-se a religião “pessoal”
à batalha sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim: dos imperadores, que, no entanto, ainda deveriam regular o exercício do
paganismo – o que, para um cristão, significava transigir com a idolatria.
“In hoc signo vinces” O paganismo retinha ainda grande força política – especialmente
— “Sob este símbolo vencerás” entre as elites educadas do Ocidente do Império – situação que só
seria resolvida por um imperador posterior, Graciano, que renunciaria
De manhã, um pouco antes da batalha, mandou que ao cargo de Sumo Pontífice em 379 – sendo assassinado quatro anos
pintassem uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu uma depois, por um usurpador, Máximo. Somente após a eliminação de
vitória esmagadora sobre o inimigo. Esta narrativa tradicional não Máximo e de outro usurpador pagão, Eugênio, por Teodósio I, é que
é hoje considerada um fato histórico, tratando-se antes da fusão o cristianismo tornar-se-ia a única religião legal (395).
de duas narrativas de fatos diversos encontrados na biografia de O imperador romano Constantino influenciou em grande
Constantino, pelo bispo Eusébio de Cesareia. parte na inclusão na igreja cristã de dogmas baseados em tradições.
No entanto, é certo que Constantino era atraído, enquanto Uma das mais conhecidas foi o Édito de Constantino, promulgado
homem de estado, pela religiosidade e pelas práticas piedosas – em 321, que determinou oficialmente o domingo como dia
ainda que se tratasse da piedade ritual do paganismo: o Senado de repouso, com exceção dos lavradores – medida tomada por
Romano, ao erguer em honra a Constantino o seu arco do triunfo, Constantino, utilizando-se da sua prerrogativa, como Sumo
o Arco de Constantino, fez inscrever sobre este que sua vitória Pontífice, de fixar o calendário das festas religiosas, dos dias fastos
devia-se à “inspiração da Divindade”(instinctu divinitatis mentis), e nefastos (o trabalho sendo proibido durantes estes últimos).
o que certamente ia de encontro às ideias do próprio imperador. Note-se que o domingo foi escolhido como dia de repouso, não apenas
Até um período muito tardio de seu reinado, no entanto, em função da tradição sabática judaico-cristã, como também por
Constantino não abandonou claramente sua adoração com relação ser o “dia do Sol” – uma reminiscência do culto de Sol Invictus.
ao deus imperial Sol, que manteve como símbolo principal em suas
moedas, até 315. Wikipédia, a enciclopédia livre.
Só após 317 é que ele passou a adotar clara e, principalmente,
lemas e símbolos cristãos, como o “chi-rô”, emblema que Sugestão de Filme:
combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo O GLADIADOR (Gladiator, EUA, 2000).
(“X” e “P” superpostos). No entanto, já quando da sua entrada Direção: Ridley Scott
solene em Roma, em 312, Constantino recusou-se a subir ao
Reprodução/Universal Home Video
Capitólio para oferecer culto a Júpiter, atitude que repetiria nas suas
duas outras visitas solenes à antiga capital para a comemoração
dos jubileus do seu reinado, em 315 e 326.
A sua adoção do cristianismo pode também ser resultado de
influência familiar. Helena, com grande probabilidade, havia nascido
cristã e demonstrou grande piedade no fim da sua vida, quando
realizou uma peregrinação à Terra Santa, localizou em Jerusalém
uma cruz que foi tida como a Vera Cruz e ordenou a construção
da Igreja do Santo Sepulcro, substituindo o templo à Afrodite, que
havia sido instalado no local – tido como o do sepultamento de
Cristo – pelo imperador Adriano.
Mas, apesar de seu batismo, há dúvidas se realmente ele se
tornou cristão. A Enciclopédia Católica diz: “Constantino favoreceu
de modo igual ambas as religiões. Como sumo pontífice, ele velou
pela adoração pagã e protegeu seus direitos.” E a Enciclopédia Capa do filme O Gladiador (2000),
do diretor Ridley Scott.
54 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
um pouco de terra para sobreviverem e retirarem seu sustento, em
Seção Videoaula
troca de seu trabalho nos domínios senhoriais. Esse sistema ficou
conhecido como colonato, que originou a servidão feudal.
Origem
A origem do sistema feudal está diretamente ligada
à decadência do Império Romano do Ocidente, a partir do
século III, e às invasões bárbaras, podendo ser apontado como
resultado da fusão de elementos de origem romana, que
sobreviveram à destruição do Império Ocidental; e elementos de
origem bárbara, com destaque para os germânicos, que passaram
a integrar o cotidiano da população europeia.
Elementos Romanos: Inicialmente, os latifundiários romanos
viviam nas cidades, que eram os principais centros econômicos do
Império. A partir do século II, com a anarquia militar que marcou
a estrutura romana e do século III, quando se iniciaram as várias
crises que culminaram na própria destruição de Roma, os grandes
proprietários rurais começaram a se fixar em seus domínios – as villas,
em busca de segurança. Para lá, pelo mesmo motivo e em busca de
trabalho e proteção, migraram grandes levas de pobres e miseráveis.
D’EYCK, Barthélemy (1444-1469).
Diante da falta de mão de obra escrava, os senhores passaram a Très Riches Heures du duc de Berry.
absorver estes contingentes que vinham das cidades, fornecendo-lhes
Anual – Volume 3 55
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
As principais atividades econômicas do feudalismo eram É importante lembrar que as obrigações variavam,
a agricultura e a pecuária. Em virtude da insegurança, lutas pois cada senhor determinava em seus domínios, de acordo com
e invasões, principalmente nos núcleos urbanos, o comércio suas vontades, os tributos que os servos deviam pagar. Segundo
praticamente desapareceu, e com ele o uso sistemático de Leo Hubermam:
moedas. Desta forma, a produção tendeu à subsistência,
com a terra passando a ser a principal unidade de produção. Havia vários graus de servidão(…) Havia os “servos dos
Os feudos eram os instrumentos de acumulação de produção e domínios”, que viviam permanentemente ligados à casa do
riqueza, sendo a terra o principal tipo, podendo-se ainda observarsenhor e trabalhavam em seus campos durante todo o tempo(…)
cargos e até pontes servindo de feudo. Havia camponeses muito pobres, chamados “fronteiriços”, que
As terras eram subdivididas em reservas ou mansos: mantinham pequenos arrendamentos (…) a orla da aldeia, e os
senhorial, comunal e servil. O manso senhorial correspondia “aldeões”, que nem mesmo possuíam um pequeno arrendamento,
às terras do senhor feudal, onde tudo o que era produzido lhe mas apenas uma cabana, e deviam trabalhar para o senhor, como
pertencia; manso comunal eram as áreas de uso comum, como braços contratados, em troca de comida.
florestas, rios e pastos; enquanto no manso servil ou tenência os Havia os “vilãos” que, ao que parece, eram servos com maiores
servos viviam e retiravam seu sustento. privilégios pessoais e econômicos. Distanciavam-se muito dos servos
A produção agrária era exercida pelos camponeses em na estrada que conduz à liberdade, gozavam de maiores privilégios
regime de servidão. Submetidos a rígidas obrigações de trabalho, e menores deveres para com o senhor. Uma diferença importante,
eram obrigados a trabalhar e produzir nas terras senhoriais – também, está no fato de que os deveres que realmente assumiam
manso senhorial, sem direito a nada do que colhiam nesta área. eram mais precisos que os dos servos. Isso constituía grande vantagem,
Além disso, eram obrigados a entregar aos senhores parte do pouco porque então os vilãos sabiam qual sua exata situação. O senhor não
que produziam para si nas terras que lhes eram destinadas. podia fazer-lhes novas exigências a seu bel prazer(…)
Sociedade HUBERMAM, Leo. História da riqueza do homem.
21. ed. São Paulo: JC Editora. p. 7.
Clero
Nobreza
Política
Servos O poder político no contexto do feudalismo era diretamente
Vilões
ligado à posse da terra, assumindo um caráter local e, portanto,
descentralizado. Apesar da existência de reis, de uma maneira geral,
estes não exerciam o controle político de seus reinos, mantendo grandes
poderes econômicos e militares. Para compreender esta situação,
devemos esclarecer as relações de suserania e vassalagem.
Suseranos eram indivíduos que doavam lotes de terra de
extensão variável, enquanto os vassalos recebiam estas terras
Adaptado de: VICENTINO, Cláudio; DORICO, Giampaolo. (beneficium) em uma cerimônia chamada Homenagem, jurando
História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2002, p. 121. fidelidade e ajuda militar, bem como o compromisso de transferir
parte de sua arrecadação a seu suserano. Além das terras, este se
A sociedade feudal era predominantemente rural, composta comprometia com a proteção de seus vassalos e das terras que
por ordens onde praticamente inexistia mobilidade social, adquirindo ocupavam.
um caráter estamental. As ordens sociais básicas da estrutura feudal De uma maneira geral, os reis eram grandes vassalos que
eram senhores, clérigos e servos. transferiam terras a nobres – os seus vassalos. Estes, por sua vez,
Os senhores correspondiam à nobreza em suas diversas também poderiam ter vassalos e doar terras para a Igreja. Como os
hierarquias. Os clérigos eram os membros da Igreja Católica, que reis geralmente possuíam muitos vassalos, eram fortes econômica e
constituíam uma hierarquia: no baixo clero, que vivia em condições militarmente, enquanto o poder político-administrativo era exercido
miseráveis eram encontradas pessoas oriundas de camadas sociais por nobres que detinham o controle efetivo das terras – o senhor
baixas, enquanto fazia parte do alto clero, que ocupava as posições feudal. Assim, de forma hierárquica, ía se constituindo uma cadeia
de liderança somente elementos oriundos da nobreza. de relações que se estendia até os servos, que deviam obediência
Os servos correspondiam a camponeses e vilões, que viviam e produção a seu senhor, que tinha um suserano, que era vassalo
miseravelmente, submetidos a grande exploração por parte de seus de outro nobre e assim sucessivamente, até chegar ao rei.
senhores, a quem deviam obediência e fidelidade por juramento,
além de várias obrigações de produção e trabalho, dentre as quais
destacamos:
• Corveia – obrigação dos servos de trabalhar nas terras do senhor Exercícios de Fixação
feudal, sem direito ao que era produzido.
• Talha – o servo deveria entregar parte de sua produção no manso
servil a seu senhor.
• Banalidades – imposto pago em produtos ou trabalho pela 01. (Uece/2019.1) As principais características do Feudalismo são
utilização de instrumentos do senhor, como ferramentas, as relações de dependência e fidelidade. A doação do feudo
moinhos ou armazéns. se concretizava com um juramento por meio do qual o nobre
• Capitação – imposto pago por cada membro (per capta) da se comprometia a
família dos servos. A) proteger e auxiliar militarmente o outro.
B) respeitar e amar o seu vassalo.
• Mão morta – imposto pago pelos filhos de um servo morto para
C) pagar o direito de usufruto.
continuar ocupando as terras fornecidas a seu pai pelo senhor.
D) proporcionar isenção no pagamento de tributos.
56 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
02. (IFRR/2019.1) Assinale a única alternativa que traz uma das D) localizavam-se no manso comum, sendo utilizados
características marcantes da política medieval: coletivamente pelos diversos grupos sociais.
A) A lei dos feudos era baseada nos costumes e muitas vezes E) evidenciavam a dependência da natureza em face da
as lideranças religiosas eram responsáveis por determinar constante estagnação comercial daquele período.
punições a quem fosse considerado um perigo para a
sociedade. 04. (Unesp/2018) A era feudal tinha legado às sociedades que
B) O poder do estado era centralizado em um rei absoluto que a seguiram a cavalaria, cristalizada em nobreza. [...] Até nas
produzia as leis, a justiça e a administração pública. nossas sociedades, em que morrer pela sua terra deixou de ser
C) Havia muitos estados organizados em que os três poderes – monopólio de uma classe ou profissão, o sentimento persistente
executivo, legislativo e judiciário - eram exercidos pelo clero, de uma espécie de supremacia moral ligada à função do guerreiro
a nobreza e os servos. profissional – atitude tão estranha a outras civilizações, tal como
D) O clero detinha muito poder religioso, mas não se a chinesa – permanece uma lembrança da divisão operada, no
pronunciava sobre questões políticas como a distribuição começo dos tempos feudais, entre o camponês e o cavaleiro.
de terras ou as noções de justiça. Marc Bloch. A sociedade feudal, 1987. Adaptado.
E) Entre os líderes católicos, os monges e os mosteiros eram
os mais envolvidos em questões relacionadas à política dos Segundo o texto, a valorização da ação militar
feudos. A) representa a continuidade da estrutura social originária da
Idade Média.
03. (FB UNI/2017.2) “Uma inovação do período medieval foi o B) ultrapassa as barreiras de classe social, igualando os homens
emprego de moinhos. Os romanos tinham conhecido as rodas medievais.
de água, porém praticamente não as utilizaram, em parte C) deriva da associação, surgida na Idade Média, entre nobres
porque possuíam escravos em número suficiente para não e cavaleiros.
se preocuparem com máquinas poupadoras de mão de obra D) surgiu na Idade Média e é desconhecida nas sociedades
e em parte porque na maioria dos territórios romanos não modernas.
abundavam correntes rápidas.” E) revela a identificação medieval de quem trabalhava com
quem lutava.
BURNS, Edward, McNall. História da civilização ocidental: do homem das
cavernas às naves espaciais. São Paulo: Globo, 2000, p. 240-241. Adaptado.
05. (UAB-Ufal/2014)
Crispi/Wikimedia Foundation;
Anual – Volume 3 57
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
04. (Unicsal/2014) O período de auge do Feudalismo foi o que se
costuma chamar de Alta Idade Média (séculos V a X). Mas,
Exercícios Propostos a partir do século X, as coisas começaram a mudar. Diversos
fatores ajudam a explicar por que a agricultura deixara de ser a
principal atividade econômica, abrindo espaço para o chamado
01. (Famerp-2019) Leia o texto para responder à questão. Renascimento Comercial, que, a partir do século XI, inaugurou
definitivamente a Baixa Idade Média, que se estenderia até o
“Enquanto nas cidades o poder ficou nas mãos século XV.
dos bispos, nos campos, concentrou-se na dos grandes Disponível em: <http://educacao.uol.com.br.>
proprietários. O governo romano perdeu força: já não era capaz Acesso em: 25 out. 2013.
de cobrar os impostos de maneira eficiente, nem mesmo de
pagar os exércitos. Em 476, o último imperador romano foi O período referido no texto é caracterizado pelo
deposto. Era o fim do Império Romano e do mundo antigo e A) fortalecimento do sistema de colonato; relações de suserania
o início de uma nova era, a Idade Média.” e vassalagem.
B) aumento do despovoamento; incremento da regressão urbana.
Carlos Augusto Ribeiro Machado. Roma e seu império, 2004. Adaptado.
C) aumento do número de conflitos entre vilas e burgos.
D) incremento da liberdade política e econômica; desativação
O texto alude à gênese de duas características importantes da da produção artesanal.
Idade Média Ocidental: E) crescimento populacional; florescimento das cidades e do
A) o fim do comércio internacional e o crescimento do trabalho urbano.
republicanismo.
B) a feudalização e o aumento do poder político da Igreja. 05. (Enem/2019)
C) o desaparecimento do poder real e a ruralização.
D) a supressão dos exércitos nacionais e o avanço do islamismo. A lei dos lombardos (Edictus Rothari), povo que se instalou na
E) o igualitarismo social e a autossuficiência das propriedades Itália no século VII e era considerado bárbaro pelos romanos,
estabelecia uma série de reparações pecuniárias (composições)
rurais.
para punir aqueles que matassem, ferissem ou aleijassem os
homens livres. A lei dizia: “para todas estas chagas e feridas
02. (UVA/2019.1) Na chamada Alta Idade Média estabeleceu-se
estabelecemos uma composição maior do que a de nossos
uma estrutura social, econômica, política e cultural chamada antepassados, para que a vingança que é inimizade seja
de Feudalismo, o qual teve como características: relegada depois de aceita a dita composição e não seja mais
A. ( ) Predomínio da agricultura para consumo local. exigida nem permaneça o desgosto, mas dê-se a causa por
Ausência/inexistência de utilização de moeda e comércio terminada e mantenha-se a amizade.”
bastante reduzido
ESPINOSA. F. Antologia do textos históricos medievais.
B. ( ) Predomínio da agricultura em larga escala. Uso de mão Lisboa: Sá da Costa. 1976 (adaptado).
de obra escrava para o cultivo das terras. Intensiva
circulação de moedas entre os vários reinos. A justificativa da lei evidencia que
C. ( ) Intensificação do comércio agrícola. Intensa circulação A) se procurava acabar com o flagelo das guerras e dos mutilados.
de moedas movida pelas relações comerciais agrícolas. B) se pretendia reparar as injustiças causadas por seus
Uso de servidão coletiva no cultivo das terras disponíveis. antepassados.
D. ( ) Desenvolvimento das relações comerciais entre os C) se pretendia transformar velhas práticas que perturbavam
reinos. Centralização econômica e política. Circulação a coesão social.
de variados tipos de moedas. D) havia um desejo dos lombardos de se civilizarem, igualando-se
aos romanos.
03. (Uece/2018.2) A historiografia recente não aceita mais uma E) se instituía uma organização social baseada na classificação
ideia negativa sobre a Idade Média, porque considera essa ideia de justos e injustos.
um juízo de valor do humanismo renascentista que pretendia
ligar-se diretamente ao pensamento clássico da antiguidade 06. (Uern/2015) Na Idade Média, um mesmo cavaleiro podia ser
greco-romana. vassalo de um suserano e um suserano de outro cavaleiro.
O vassalo de um vassalo de determinado cavaleiro também era
Atente ao que se diz a seguir em relação à Idade Média, e vassalo do mesmo cavaleiro. E se um cavaleiro fosse vassalo de
dois suseranos que entravam em guerra? Nessa caso, prevalecia
assinale com (V) o que for verdadeiro e com (F) o que for falso.
o princípio da “homenagem lígia”.
( ) Nesse período foram extintas algumas línguas e literaturas. Vainfas, 2010.
( ) Ocorreu aumento demográfico causado por maior
produtividade. Nesse contexto medieval de suserania e vassalagem, e correto
( ) Houve dinamismo social impulsionado pelos comerciantes afirmar que “homenagem” era:
e artesãos. A) a cerimônia de entrega, lealdade e submissão de um vassalo
( ) Foram criadas as primeira universidades. a outro nobre que seria, então, seu suserano.
B) o contrato estabelecido entre as partes, em que constavam
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: os valores, prazos, direitos e deveres de suseranos e vassalos.
A) F, V, V, V. C) o juramento feito diante de toda a comunidade medieval, que
B) V, F, V, F. tornava suseranos e vassalos “irmãos na vida e na morte.”
C) V,V, F, F. D) o feudo, na forma de terra, pensão, ou rendimento agrícola,
recebido pelo suserano, devido à gratidão do vassalo à sua
D) F, F, F, V.
pessoa.
58 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
07. (ExPCEx/2012) O período conhecido por Idade Média prevaleceu na Europa desde a queda do Império Romano Ocidental (século
V) até a queda de Constantinopla (século XV). Nesse período, o sistema vigente era o feudal.
Leia atentamente os itens abaixo.
I. Fortalecimento do poder real e enfraquecimento dos poderes locais;
II. Declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural;
III. Uso generalizado de trabalho escravo no campo;
IV. Os nobres estavam obrigados a pagarem aos seus servos uma pequena indenização, que passou a ser conhecida
por banalidade;
V. Existência de vínculos pessoais entre os nobres mais poderosos e os nobres mais fracos (suserania e vassalagem).
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse período.
A) I e II
B) II e IV
C) III e V
D) I e IV
E) II e V
08. (IFRN/2015) Em uma aula que remete ao contexto da Idade Média, o professor deve compreender que conceito de feudo era:
A) um privilégio adquirido por conquistas militares, responsável pela concentração fundiária entre os membros dos estamentos
dominantes no medievo.
B) a concessão de terras entre os integrantes da elite fundiária, resultante do crescimento econômico verificado na Europa durante
o auge do regime feudal.
C) um benefício de natureza e amplitude variáveis, concedido pelos senhores a seus vassalos o qual, com relativa frequência,
desvinculava-se de base territorial.
D) a prerrogativa conquistada por nobres, no âmbito das relações de suserania e vassalagem, na qual o direito adquirido limita-se
à posse de bens de raiz.
09. (Uece/2015.2) Robin Hood, o herói mítico inglês, era conhecido também como “príncipe dos ladrões”, porque praticava crimes como
roubar da nobreza para dar aos pobres no tempo do rei Ricardo Coração de Leão. Segundo a história, ele era um aventureiro muito
ágil no uso do arco e flecha, que deixou sua cidade para viver na floresta de Sherwood em companhia de vários amigos. Ali era
possível usufruir de liberdade, companheirismo, manter-se distante da opressão dos senhores e das hierarquias do poder monárquico
e feudal. Esse personagem representa bem o imaginário medieval em relação à floresta, a contraparte do mundo humano que tem
um horizonte inquietante e ambíguo. A importância da floresta no período medieval indica o quanto aquela sociedade dependia
economicamente dos recursos disponíveis nesse local. A economia na fase medieval era movimentada pela utilização de
A) sementes para o plantio nos campos.
B) raízes e frutos para a alimentação.
C) madeira para a construção de casas.
D) animais de caça para alimentação.
10. (Uern/2014) “Os nobres são guerreiros, protetores das igrejas, defensores do povo, do grande e dos pequenos. A outra classe é
a dos servos: essa raça infeliz nada possui sem sofrimento. Alimentos e roupas, os servos fornecem tudo a toda gente. A casa de
Deus, que se crê uma, está pois dividida: alguns rezam, outros combatem e outros trabalham. Essa três partes não suportam ser
separadas; os serviços prestados por uma são condição das obras das duas outras.”
oratores bellatores
laboratores
Anual – Volume 3 59
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
Fique de Olho
CASTELOS MEDIEVAIS
A principal função de um castelo não era servir de residência
lianem/123RF/Easypix
para o senhor feudal, mas sim como uma construção fortificada para
proteger o feudo. Para entender porque é que eles surgiram, é preciso
pensar sobre a Idade Média (entre os séculos V e XV). O período histórico
surgiu após a dissolução do Império Romano.“A Europa se fragmentou,
se perderam as rotas de comércio e transporte, a economia se organizou
em unidades pequenas e independentes, chamadas feudos. Os castelos
surgiram para defender essas unidades econômicas, e todo feudo se
estruturava em torno deles”, explica Oswaldo Coggiola, professor
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da
Universidade de São Paulo (USP).
Ou seja, um castelo não tem nada a ver com as construções
luxuosas dos desenhos animados. O que acontece é uma mistura dos
conceitos de castelos e palácios. “Há uma confusão histórica. O palácio
existe desde o Império Romano e é basicamente uma casa luxuosa. Seu
nome vem do latim ‘palazzo’, nome dado às residências dos imperadores Fachada do Castelo de Óbidos, em Portugal.
que ficavam no Monte Palatino, em Roma. Outra característica é que os palácios são tipicamente urbanos, enquanto o castelo é rural”, explica
Coggiola. Se os palácios já existiam desde o Império Romano, os castelos de pedra surgiram só na metade da Idade Média e seu nome vem do
latim “castellum”, que significa “local fortificado”.
Desde o Período Neolítico, os homens constroem fortificações. E os castelos são uma evolução de construções como a cidade
de Jericó, Troia e os fortes romanos. Os precursores dos castelos que se tornaram famosos surgiram já no começo da Idade Média,
quando góticos, lombardos e francos se apoderaram das construções romanas e criaram as primeiras fortificações rurais. Porém, Kelly
DeVries, em seu livro Medieval Military Technology (Tecnologia Militar Medieval, inédito em português), conta que o que impulsionou a
construção de grandes fortificações foi a invasão de vikings e húngaros. Frente à ameaça, a Inglaterra e a Europa continental sentiram
a necessidade de construções capazes de conter o avanço inimigo. Os primeiros castelos surgiram entre os séculos IX e X, e foram
construídos com madeira e terra. Os mais eficazes tinham um muro de madeira cercando uma colina de terra, com um grande pátio no
centro. Porém, os castelos só se tornaram eficazes quando passaram a ser feitos de pedra. Kelly DeVries diz que não há evidências de
quando os primeiros foram construídos. O que se sabe é que no século XII essas construções dominavam a Europa. No início do reinado
de Henrique II, em 1154, havia 274 castelos de pedra sob o domínio do rei.
A estrutura defensiva do castelo era impressionante. A primeira defesa era feita por um fosso, que possuía as famosas pontes
elevadiças. Ao redor do fosso, havia um muro externo, que poderia chegar a até 10 metros de altura e 8 metros de espessura. Em
muitos castelos, esse muro também tinha muralhas, grandes blocos de pedra atrás dos quais os soldados podiam ficar em guarda. Os
muros também podiam ter passarelas e aberturas por onde soldados e arqueiros atacavam os inimigos. Logo após os muros vinham
as torres, estruturas mais altas e arredondadas, pelas quais se fazia o monitoramento. A porta de entrada, que ficava no muro dos
castelos, também era uma estrutura de defesa. Chamada de cabine do portão, era um túnel com aberturas pelas quais se podia lançar
flechas ou jogar líquidos quentes nos invasores. No fim do túnel, portas pesadas de madeira ofereciam mais um obstáculo. Depois de
tudo isso, ainda podia existir mais um muro e torres internas, com as mesmas estruturas das externas. Em seguida, vinha o pátio, um
espaço aberto, onde o invasor ficava vulnerável ao ataque vindo das torres. No meio de tudo isso é que ficavam as outras estruturas nas
quais viviam o senhor feudal, sua família, soldados e alguns súditos. Atrás dos muros havia a torre onde vivia o senhor feudal, a capela,
os estábulos, os poços e os salões de exposição. Há controvérsias sobre qual seria o maior castelo já construído. Mas, segundo O livro
Guinness dos Recordes, o maior castelo do mundo ainda em pé é o Castelo de Praga, com 70000 m2.
Paula Sato / Abril Comunicação S / A Nova Escola / FVC
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/serviam-castelos>
474476.shtml. Acesso em 23 jul. 2018.
Sessão Videoaula
60 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Aula 15:
C-1 H-5
Aula C-3 H-12, 15
Império Bizantino
15
Introdução
O Império Romano do Oriente surgiu quando, por determinação do imperador Teodósio, em 395, o Império Romano
foi dividido em duas partes: Império do Ocidente, com sede em Roma e Império do Oriente, com sede em Constantinopla. A capital
Oriental chamava-se anteriormente Bizâncio, de origem grega, e apresentava grande desenvolvimento econômico comercial, especialmente
em virtude de sua privilegiada e estratégica localização, entre os mares Egeu e Negro. O Imperador Constantino planejava transformá-
la na nova sede do Império Romano e promoveu uma grande reforma na mesma, construindo palácios e prédios públicos, passando a
denominá-la Constantinopla.
Os orientais preferiam chamar a cidade por seu antigo nome grego, daí o Império Oriental ser conhecido também como Império Bizantino.
A localização privilegiada de Constantinopla era de vital importância estratégica, cultural e comercial. Neste último caso, em
virtude das rotas que passavam obrigatoriamente pela cidade, que ligavam a Europa à Ásia.
Política
A divisão do Império Romano, determinada pelo imperador Teodósio, tinha finalidades militares: garantir que cada uma das partes
pudesse se defender das invasões bárbaras de maneira satisfatória. Enquanto a parte Ocidental ruiu, o Império Oriental ou Bizantino
sobreviveu às migrações e ataques de povos como godos e hunos, especialmente nos séculos V e VI. Já no século VII, o imperador
Heráclio I conseguiu estabelecer uma trégua com os persas, que atacavam ao sul, recuperando a Síria, a Palestina e o Egito.
Ainda no século VII, o Império Bizantino e, principalmente sua capital, foram alvos de incursões árabes, que se estenderam pelos
séculos seguintes. Todavia, a força militar dos bizantinos impediu que sua capital e partes importantes do território fossem conquistados
pelos inimigos muçulmanos durante longo período, até o século XV, quando Constantinopla finalmente foi tomada pelos poderosos
turcos Otomanos, que a transformaram na capital de seu Império.
A principal explicação para a força do Império Bizantino foi o enriquecimento proporcionado pelo comércio, que favoreceu o
fortalecimento econômico do Estado e permitiu a formação de uma monarquia centralizada, despótica, teocrática e hereditária.
O imperador possuía grandes poderes políticos, além de ser chefe do Exército e da Igreja, possuindo o direito de intervir nos
assuntos eclesiásticos, originando o Cesaropapismo. A burocracia estatal era composta por grande número de ministros, funcionários
públicos, lideranças militares, e uma corte requintada e onerosa.
O principal imperador Bizantino foi Justiniano, que governou no século VI, entre os anos de 527 a 565. Neste período, o poder
imperial atingiu seu apogeu, sendo conferidos poderes ilimitados ao imperador que, por sua vez, ampliou os privilégios do clero e da
nobreza, marginalizando colonos e escravos. Durante seu governo, as conquistas territoriais se estenderam às Penínsulas Itálica e Ibérica,
e levaram à dominação de territórios no norte da África.
Anual – Volume 3 61
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
O início do século IX foi marcado por grande esplendor
Domínio Público
para o Império Romano do Oriente, sob o comando da dinastia
Macedônia, iniciada com Basílio I. Houve grande impulso cultural,
com destaque para as artes e a literatura, que buscaram revigorar
os valores clássicos.
O declínio do Império Bizantino foi motivado pelos
constantes ataques que Bizâncio passou a sofrer, especialmente
de cidades italianas, a partir do século XI, e das investidas de
bárbaros e árabes. Sua posição e riqueza despertavam a cobiça
de impérios que surgiam e se fortaleciam. Depois de um longo
cerco, em 1453, os turcos otomanos conquistaram a cidade de
Constantinopla ou Bizâncio, destruindo o Império Bizantino.
A tomada de Constantinopla é utilizada como marco de transição
da Idade Média para a Idade Moderna.
Economia e sociedade
A localização estratégica – entre os mares Egeu e Negro,
onde se permitiam contatos comerciais e culturais entre Oriente e
Ocidente, constituiu-se em importante elemento de constituição
Justiniano I da realidade bizantina. O comércio permitiu o crescimento da
importância e gerou grande enriquecimento para Bizâncio, que se
A estrutura burocrática, associada aos enormes gastos tornou a grande metrópole oriental, a ponto de despertar o interesse
militares, obrigaram o governo a promover a elevação de impostos, do Imperador Constantino, que a converteu em nova capital romana.
provocando insatisfações e revoltas populares, dentre as quais Centro de importantes rotas comerciais, a cidade passou a
destacamos a Sedição de Nike, em 532, reprimida com grande controlar o intercâmbio de produtos que eram transportados pelo
violência, sob a liderança do general Belizário. mar Negro e através do estreito de Bósforo. A produção agrícola
A referida revolta eclodiu no Hipódromo de Constantinopla, fornecia alimentos e produtos primários para o comércio, e era
em virtude de uma discussão acerca de uma dúvida quanto ao realizada predominantemente em latifúndios onde prevalecia
vencedor. Mas a aparentemente simples discussão evoluiu, em a exploração de colonos livres e escravos.
virtude da insatisfação da população por vários motivos, como os A sociedade bizantina era predominantemente urbana.
altos impostos, a fome e a falta de moradia. Dinâmica, era dominada por comerciantes, nobres e clérigos.
Ainda no governo de Justiniano foi construída a igreja de Vale lembrar que a maior parte da sociedade era composta por
Santa Sofia, considerada a mais importante obra da arquitetura trabalhadores assalariados ou arrendatários, bem como servos
bizantina, cuja suntuosidade exprimia a força do poder estatal. e escravos eram muito utilizados nas atividades em geral, como
A igreja passou a ser o palco da maioria das cerimônias de coroação comércio, artesanato e agricultura.
de imperadores bizantinos.
Os bizantinos preservaram algumas instituições ocidentais,
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Cultura
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62 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
As manifestações culturais bizantinas foram marcadas pela fusão de aspectos, elementos e influências romanas, gregas e orientais,
com predomínio das últimas, especialmente em virtude do isolamento em relação ao Ocidente. O luxo, a ostentação e o fausto faziam
parte do cotidiano das camadas dominantes e comerciantes, sendo elemento recorrente nas artes.
As igrejas e palácios representam os maiores exemplos da suntuosidade da arte a da arquitetura bizantina. Os mosaicos foram
bastante utilizados como adornos, com temas predominantemente religiosos, sendo também comuns imagens de imperadores.
As imagens em mosaicos eram constituídas por pequenos pedaços coloridos, normalmente de pedras, que eram agrupados e colados
até que as figuras que se queria representar fossem formadas.
Outro traço marcante da cultura bizantina é na arquitetura, com destaque para a construção de igrejas, nas quais eram construídas
cúpulas majestosas sustentadas por enormes colunas, e que buscavam representar a grandiosidade de Deus. A Basílica de Santa Sofia é
considerada uma das mais importantes construções bizantinas.
Na pintura bizantina, os afrescos ganharam destaque, especialmente as pinturas que adornavam as igrejas e as miniaturas, que
eram utilizadas para ilustrar livros. Aqui também observamos o predomínio de temas religiosos.
Religião
Antes da divisão do Império Romano em duas partes (Ocidente e Oriente), o imperador Teodósio havia determinado a oficialização
e obrigatoriedade do cristianismo em todas as fronteiras imperiais, através do Edito de Tessalônica (391).
No Oriente, o cristianismo foi integrado à cultura local, sendo marcante na vida das pessoas e na produção cultural, incorporando
aspectos da realidade bizantina inteiramente diversos da realidade ocidental. Assim, o cristianismo oriental passou a ter características próprias,
diferenciando-se cada vez mais do ocidental, destacando-se a valorização da espiritualidade, com grande ligação com a cristandade helenística,
através de ritos predominantemente de origem grega. As diferenças litúrgicas evoluíram para divergências dogmáticas, e como consequência,
surgiram elementos doutrinários no oriente – as heresias, com destaque para o monofisismo e a iconoclastia.
Os monofisistas defendiam a natureza unicamente divina de Cristo, enquanto os iconoclastas pregavam a destruição das imagens.
Alguns estudiosos apontam ainda para o fato de o movimento iconoclasta buscar a redução do poder e influência dos mosteiros.
As divergências levaram à separação entre as igrejas oriental e ocidental, em 1054 – o Cisma do Oriente, que levou à formação
de duas igrejas distintas: a Igreja Católica Apostólica Romana, dirigida pelo Papa, com sede em Roma; e a Igreja Cristã Ortodoxa, liderada
pelo Patriarca de Constantinopla e subordinada ao Imperador Bizantino.
Exercícios de Fixação
01. (UPE/2018) O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes do Império Bizantino. Essa
iluminura, em especial, retrata um importante movimento sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de
Reprodução/UPE 2018
Anual – Volume 3 63
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
02. (FPP MEDICINA/2018) Leia o excerto a seguir. se diz também, secular. Poderíamos crer que, na parte do mundo
marcada pela tradição cristã, essa relação em torno da questão
[…] Os povos ainda pagãos que se tornarão cristãos ao da autonomia já estaria prontamente organizada, pois o Cristo
longo da Idade Média serão convertidos a oeste por Roma e a
anunciou que seu reino não era deste mundo, que a submissão
leste por Constantinopla.
a Deus não interferia em nada na submissão a César. No entanto,
Dessa forma, estabelece-se na Europa uma ruptura,
a partir do momento em que o imperador Constantino impôs o
essencialmente religiosa, mas correspondente sem dúvida às
cristianismo como religião de Estado, no século IV, a tentação de
diferenças mais gerais e mais profundas entre os europeus
apoderar-se de todos os poderes de uma vez revelou-se. É fácil
do Oeste e os europeus do Leste. Outras diferenças virão, ao
longo da história, agravar essa ruptura, mas, dos dois lados, entender a razão desse movimento. Dir-se-á que a ordem temporal
somos cristãos. reina sobre os corpos, a ordem espiritual sobre as almas. Mas
alma e corpo não são entidades simplesmente justapostas, no
LE GOFF, Jacques. Uma breve história da Europa. Petrópolis: Vozes, 2010. interior de cada ser eles formam inevitavelmente uma hierarquia.
Para a religião cristã, a alma deve comandar o corpo; por isso
Uma das instituições mais poderosas do planeta, a Igreja cabe às instituições religiosas, isto é, à Igreja, não somente
Católica Apostólica Romana passou por conflitos internos que
dominar diretamente as almas, mas também, indiretamente,
culminaram em rupturas, algumas delas definitivas.
controlar os corpos e, portanto, a ordem temporal. Por sua vez,
Analise as afirmativas abaixo. o poder temporal procurará defender suas prerrogativas e exigirá
I. Instituído como religião oficial desde o Império Romano a manutenção do controle sobre todos os negócios terrestres,
pelo imperador Teodósio, o cristianismo gerou discussões inclusive sobre uma instituição como a Igreja. Para proteger sua
irreconciliáveis e a divisão, durante o mesmo governo, autonomia, cada um dos dois adversários fica então tentado a
do Império Romano em Ocidental, com sede em Roma, e invadir o território do outro.”
Oriental, com sede em Constantinopla;
O espírito das Luzes, 2006.
II. O clero do cristianismo bizantino não se submetia ao Papa, e
sim ao Imperador. Surgiram também diversas heresias, como
Considerando o modo como as ideias estão organizadas, é
a negação da virgindade de Maria. Tal quadro se agravou até
correto afirmar que o texto
a ruptura com Roma e a criação da Igreja Cristã Ortodoxa;
A) defende a ideia de que a verdade sobre os fatos é uma só
III. Um dos maiores problemas enfrentados pelo cristianismo
e independe das opiniões e dos pontos de vista.
foi a crise moral de parte do clero, principalmente durante
o século XVI; os abusos de poder; a compra de cargos; a B) descreve uma polêmica com duas soluções possíveis,
venda de indulgências, levando ao surgimento da chamada justapondo argumentos em favor de uma e contra a outra
Reforma Protestante; solução.
IV. A corrupção e a desmoralização de uma parcela do clero C) argumenta sobre como dois pontos de vista opostos podem
católico levaram a um processo chamado de Cisma do ser conciliados se os defensores das opiniões divergentes
Oriente no século XVI, quando, após anos de tensão, a Igreja entrarem em diálogo.
Católica dividiu-se em Igreja Católica Apostólica Romana e D) expõe uma questão polêmica e elenca elementos para
Igreja Cristã Ortodoxa, que negava a autoridade papal, além mapear as divergências entre diferentes pontos de vista.
de condenar a prática da simonia. E) narra a saga das religiões cristãs, do tempo de Cristo até os
tempos de hoje.
Marque a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
A) II e III. 05. (UPF/2013) Após a desagregação do Império Romano, se
B) I e II. destacaram o Bizâncio, o Islamismo e a cristandade europeia.
C) I e III. A civilização bizantina distinguiu-se pela riqueza econômica,
D) II e IV. pela religião cristã, pela língua e cultura de base grega e
E) III e IV. pela organização administrativa romana. Sobre a civilização
bizantina, é incorreto afirmar que:
03. (UVA/2017.1) Justiniano, notável Imperador bizantino, foi A) apresentava cultura qualificada e diversificada, apoiada
também grande administrador e deixou obras monumentais,
nos estudos dos eruditos nas áreas da literatura, filosofia,
viveu no luxo e no esplendor.
cartomancia, energia atômica, telepatia, ciência e direito.
Dos fatos mencionados a seguir, assinale o que não está
B) Constantinopla, sua capital, apresentava inúmeras escolas,
relacionado ao governo de Justiniano.
bibliotecas, praças, mercados.
A) elaboração do “Corpus Juris Civilis“.
C) adotou os ritos, cerimônias e demais práticas ditadas pela
B) construção da Igreja de Santa Sofia.
Igreja Ortodoxa, após o Cisma do Oriente (1504), que
C) conquista do reino dos vândalos.
D) questão iconoclasta. fracionou a Igreja Católica entre ortodoxos e apostólicos
romanos.
04. (Famerp/2016) D) manteve o grego como língua base da religião, enquanto
que no Ocidente predominava o latim.
“Desde o início da história europeia, criamos o hábito de distinguir E) seus governantes apresentavam-se como escolhidos
entre poder temporal e poder espiritual. Quando cada um deles por Deus para empreender os anseios divinos na Terra e
dispõe da autonomia em seu domínio e se vê protegido contra
detinham poder absoluto para com seus súditos.
as intrusões do outro, fala-se de uma sociedade laica ou, como
64 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
03. (PUC – PR/2015) O Império Bizantino foi uma civilização na qual
a religião tinha um lugar de grande destaque. Temas religiosos
Exercícios Propostos eram muito correntes entre a opinião pública em geral. Em
diversos setores da vida bizantina havia forte influência religiosa.
Em especial, na vida política havia uma conexão importante entre
01. (CUSC/2016) Estado e Igreja, chegando o imperador a ter um papel de destaque
na vida religiosa em Bizâncio. Com base no exposto, indique o
O papa Francisco mostrou abertura para debater e
tipo de regime político que se desenvolveu no Império Bizantino.
rever a regra do celibato na Igreja Católica, dizendo que não
A) Califado.
é um “dogma de fé” e prometeu “tolerância zero” contra os
B) Monarquia absolutista.
abusos sexuais a crianças.
C) Cesaropapismo.
O chefe do Vaticano lembrou ainda que há sacerdotes
D) Monarquia eletiva.
casados nos ritos orientais e que “a porta está sempre aberta”
E) Sacro Império Romano.
para tratar o tema mas que, no entanto, esta não é uma
questão com “prioridade imediata”.
04. (Uece/2011.1) O Corpus luris Civilis (Corpo do Direito Civil)
“O celibato não é um dogma de fé, é uma regra de
é a reunião e atualização de inúmeras leis imperiais romanas
vida, que aprecio muito e creio que é uma oferta à Igreja”, disse
compiladas por ordem do imperador romano do Oriente,
o chefe do Vaticano durante o voo de regresso a Roma desde
Justiniano. Obra extensa publicada em 533 d.C. contém noções
Israel, segundo a agência noticiosa italiana Ansa.
fundamentais de direito civil. Sobre o Corpus luris Civilis, assinale
A afirmação do Papa Bergoglio foi feita dias depois de
o correto.
se conhecer uma carta a solicitar uma revisão da disciplina do
A) Não obstante o imenso volume da obra, representou a
celibato, escrita por um grupo de 26 mulheres, que vivem ou
manutenção do ordenamento jurídico do direito romano
viveram uma relação com um sacerdote. Até hoje, a Santa Sé
sem repercussões maiores para o Direito Civil do Ocidente.
não tinha feito qualquer comentário sobre esta carta.
B) Base da jurisprudência latina, seus princípios jurídicos
Na Igreja Católica de rito latino, o celibato eclesiástico,
influenciaram legislações europeias, sendo a base de vários
isto é, a renúncia ao matrimônio, e a promessa de castidade,
códigos civis, inclusive no Brasil.
são uma obrigação para os sacerdotes desde o II Concílio de
C) Coleção monumental cuja repercussão esteve estritamente
Letrán, em 1139. Ao contrário, nas igrejas católicas de rito
ligada ao direito canônico e eclesiástico; uma coleção que
oriental esta obrigação não se verifica. [...]
constituiu a base estrutural da legislação cristã antiga.
Disponível em: <http://economico.sapo.pt/noticias/papamostra-
abertura-para-rever-celibato_194279.html>.
D) Este documento reuniu fragmentos de obras de juristas
clássicos, entretanto, Justiniano manteve sua posição de
A questão do celibato eclesiástico, ainda bastante polêmica no teocrata e de representar-se como um porta-voz de Deus.
seio da Igreja Católica Romana, não abrange a Igreja de rito
oriental. Esta divergência entre os ritos da Igreja de Roma e a 05. (UFPB) Em inícios do século VIII, o império Bizantino, tendo à
Igreja oriental tem origem frente Leão Isáurico, encontrava-se abatido diante da expansão
A) já no século I da era cristã, quando os governantes do muçulmana. Leão entendeu que as derrotas do Império
Império Romano proibiam o culto a Jesus Cristo. deviam-se à adoração crescente dos fiéis às imagens de santos
B) no século V, quando o Império Romano é invadido por povos resolveu destruí-las.
asiáticos que aos poucos vão adotando o cristianismo e Esse movimento ficou conhecido como:
adaptando-o a seus ritos. A) Monofisista.
C) na disputa política entre a Igreja Católica e os príncipes B) Cesaropapista.
alemães que pretendiam fundar sua própria religião. C) Iconoclasta.
D) no século XI com o Cisma do Oriente que deu origem D) Telefisita.
à Igreja Católica Apostólica Romana, sob orientação do E) Legitimista.
papa, e à Igreja Ortodoxa, sob a liderança do patriarca de
Constantinopla. 06. (Uece/2016.1) O Império Otomano foi um dos mais longos
E) na Idade Média, quando o poder da Igreja passa a superar e duradouros da história. Seu apogeu, que ocorreu entre os
o poder temporal. séculos XVI e XVII sob o reinado de Solimão, o Magnífico, era
então um império multiétnico, multicultural e plurilinguístico,
02. (ACAFE Medicina 2019.1) Em 1054, o Cisma do Oriente
que se estendia dos confins do Império Sacro Romano, nas
serviu para acentuar o distanciamento já existente entre
periferias de Viena e da Polônia, ao norte, até o Yemen e a
Constantinopla e a Igreja da Europa Ocidental. Uma das
Eritreia, ao sul; da Algéria, a oeste, até o Azerbaijão e, a leste,
principais consequências do Cisma do Oriente foi:
controlando grande parte dos Balcãs, do Oriente Próximo e do
A) a criação do termo “cristãos novos” para designar a
Norte da África. Constantinopla era a sua capital e mantinha
população do Império bizantino que tinha se desfiliado da
um rigoroso controle no Mediterrâneo. Foi o centro das
Igreja Romana.
relações entre o Ocidente e o Oriente por quase cinco séculos.
B) a Convocação das Cruzadas para invadir e conquistar o
Durante a Primeira Guerra Mundial, aliou-se à Alemanha, ao
reino de Jerusalém e a formação de um Exército no Império
Império Austro-húngaro e ao Reino da Bulgária, e foi duramente
Bizantino para apoiar os cruzados que se dirigiam para a
abatido até ser desintegrado por vontade dos vencedores.
Terra Santa.
C) o início das Guerras Religiosas, que vai determinar o Esse império foi controlado pelos:
surgimento da Reforma Protestante e acentuar as divisões A) persas.
internas do cristianismo europeu. B) romanos.
D) o surgimento da Igreja Ortodoxa, ligada ao Patriarcado C) turcos.
de Constantinopla e a Igreja Católica Apostólica Romana, D) alemães.
dirigida pelo Papa.
Anual – Volume 3 65
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
07. (ESPM/2012) Observe a imagem, leia o texto e responda. 10. (Unesp/2010) Observe a imagem.
Reprodução/ESPM 2012
e Teocrática.
B) autonomia comercial das Cidades-estados otomanas
subordinadas ao Império Romano do Ocidente.
C) essencial ruralização da sociedade para proteger-se de
migrações desagregadoras.
D) capacidade do Sultão Maomé II de manter, ao longo de seu
governo, a unidade otomana do Império Bizantino.
E) política descentralizada, consequência das migrações gregas
e romanas.
66 Anual – Volume 3
História II CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
O cerco de Constantinopla em 1453, de acordo com uma vez do Império de Trebizonda. No entanto, localidades isoladas
miniatura francesa do século XV. como Monemvasia, a península de Mani e o castelo Salmênico,
(...) A situação piorou para o império durante as guerras civis
este último controlado por um paleólogo (Graitzas Paleólogo),
que se seguiram à morte de Andrônico III. Uma guerra civil de seis resistiram por mais algum tempo. André Paleólogo, o sobrinho
anos devastou o império, possibilitando que o governante sérvio de Constantino XI, recebeu o título do imperador do extinto
Estêvão IV Duchan (r. 1331-1346) invadisse a maioria dos territóriosImpério Bizantino, intitulando-se Imperator Constantinopolitanus
bizantinos restantes nos Bálcãs e criasse um Império Sérvio de curta(“imperador de Constantinopla”); em 1491, em uma viagem à
duração. Em 1354, um terremoto em Galípoli devastou a fortaleza, França, cedeu ao rei Calos VIII (r. 1483-1498) seu direito ao trono.
o que permitiu que os otomanos, que tinham sido contratados Após a sua morte, o papel do imperador como patrono da Ortodoxia
como mercenários durante a guerra civil por João VI Cantacuzeno Oriental foi reivindicado por Ivã III (r. 1462-1505), grão-duque da
(r. 1347-1354), se instalassem na Europa. Quando as guerras Moscóvia, casado com a irmã de André, Sofia Paleóloga, cujo
civis terminaram, os otomanos haviam derrotado os sérvios e os neto, Ivã IV (r. 1547-1584), tornar-se-ia o primeiro czar da Rússia.
subjugado como vassalos e, depois da batalha do Kosovo, grande Seus sucessores consideraram Moscou como a herdeira legítima
parte dos Bálcãs estava nas mãos dos otomanos. de Roma e Constantinopla e mantiveram a ideia do Império Russo
Os imperadores bizantinos pediram ajuda ao Ocidente, como a “Terceira Roma” até seu desaparecimento com a Revolução
mas o papa só enviaria ajuda em troca de uma reunião da Igreja Russa em 1917. Além deles, os próprios turcos e os monarcas dos
Orodoxa com a Sé de Roma. Essa união foi considerada e finalmente Principados do Danúbio também se intitularam sucessores dos
realizada por decreto imperial, mas os cidadãos e o clero ortodoxos imperadores bizantinos.
ressentiram-se intensamente da autoridade de Roma e do rito As diversas transformações econômicas e políticas que
latino. Algumas tropas ocidentais chegaram para reforçar a defesa se seguiram à queda do Império Romano do Oriente levaram
de Constantinopla, mas a maioria dos governantes ocidentais, os historiadores a convencionarem o ano de 1453 como o
distraídos com seus próprios assuntos, nada fez em relação aos marco do fim da Idade Média. Entre as principais consequências
avanços dos otomanos, que foram tomando os territórios bizantinos da conquista de Constantinopla destaca-se a migração de
que restavam. intelectuais bizantinos que levaram consigo conhecimentos que
Nessa época, a cidade de Constantinopla estava despovoada influenciaram o movimento cultural conhecido como Renascimento.
e em ruínas. A população havia se reduzido de tal forma que Com a conquista de Constantinopla, o comércio de especiarias,
a cidade não passava de um aglomerado de vila separadas por anteriormente monopolizado pelas repúblicas de Veneza e de
campos. Em 1402, o império experimentou algum desafogo da Gênova, foi abalado, pois além de serem cobradas taxas altíssimas
ameaça otomana quando Tamerlão (r. 1370-1405) derrotou os pelos produtos comercializados, tornou-se muito perigoso para
otomanos na batalha de Ancara. Porém, isso não impediu que, cristãos navegarem no Mediterrâneo Oriental. Esse foi um dos
em 2 de abril de 1453, o sultão Maomé II, o Conquistador (r. 1451- motivos que levaram os estados nacionais a procurar por novas
1481) lançasse um ataque contra Constantinopla com um exército rotas para adquirir as especiarias da Índia e da China. Foi depois
de 80000 homens. Apesar da defesa desesperada de última hora da queda de Constantinopla que Portugal descobriu o caminho
pelas tropas cristãs (cerca de 7000 homens, dos quais 2000 eram marítimo para a Índia e a Espanha chegou à América.
estrangeiros), Constantinopla finalmente caiu em 29 de maio de
Wikipédia, a enciclopédia livre.
1453, depois de dois meses de cerco. As muralhas da cidade,
poderosas e inexpugnáveis por séculos, não conseguiram deter Bibliografia
o avanço otomano. O último imperador bizantino, Constantino
XI Paleólogo (r. 1449-1453), foi visto pela última vez despojando-se AQUINO, Rubim Leão Santos de & outros. História das Sociedades:
de suas insígnias imperiais, antes de lançar-se em combate corpo a das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro:
corpo depois de as muralhas da cidade terem sido tomadas. Ao Livro Técnico, 1980.
CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Reinaldo. Domínios da
História. São Paulo: Campus, 2000.
LEGADO POLÍTICO E CONSEQUÊNCIAS CARDOSO, Ciro Flamarion. Sete olhares sobre a Antiguidade.
Brasília: Editora UNB, 1994.
Biblioteca do Congresso, Washington DC, Estados Unidos.
Anual – Volume 3 67
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História II
Anotações
68 Anual – Volume 3
História III
História Contemporânea
Objetivo(s):
• Analisar o comportamento geral das populações coloniais diante das imposições do imperialismo, identificando o seu grau de
resistência e/ou passividade, a partir das revoltas empreendidas.
• Comparar as diversas revoltas existentes na África e na Ásia como forma de entender os caracteres e necessidades de cada
região, bem como perceber o que há de comum entre elas, no que pese à percepção da opressão capitalista sofrida.
• Identificar autores e teorias sociais na perspectiva do contexto histórico em que estas se desenvolveram, compreendendo a
correlação entre suas ideias e a realidade social, econômica, política, ideológica e cultural.
• Compreender as Doutrinas Sociais como uma forma de reação ao processo de desenvolvimento do capitalismo, sobretudo,
em relação aos princípios capazes de estabelecer a exploração do homem pelo homem.
• Reconhecer os fatores que contextualizaram o século XIX e que serviram de fundamento para a eclosão da Primeira Guerra
Mundial, bem como a dinâmica do seu desenvolvimento na perspectiva capitalista.
• Perceber no desfecho da Primeira Guerra Mundial os elementos comprovadores de que esta se tratava de um conclave resultante
das disputas imperialistas preexistentes.
• Entender o nível de estagnação econômica da Rússia como um lento desdobramento do Antigo Regime e a Revolução Russa
como sendo uma forma de ponto de saturação generalizada do seu organismo socioeconômico e político.
• Avaliar o processo de consolidação do Socialismo na dinâmica do processo revolucionário russo e a sua repercussão no contexto
histórico mundial, como também as permanências e rupturas existentes entre a teoria aplicada e a realidade do país.
• Enumerar os principais elementos ou fatores, em contexto, que foram capazes de provocar a Crise de 1929.
• Verificar o comportamento geral dos Estados Nacionais no que se refere ao seu nível de intervenção, no que se refere aos
colapsos cíclicos do sistema capitalista, bem como o processo de adaptação do sistema a essas fases de crise.
Conteúdo:
Aula 11: Revoltas Anticolonialistas na África e na Ásia O fim do isolamento dos Estados Unidos e do Brasil na guerra.......... 91
Introdução.......................................................................................... 70 O desfecho da guerra.......................................................................... 92
A expansão colonial no continente asiático........................................ 71 A herança da guerra........................................................................... 93
A situação geral do continente africano............................................. 72 Exercícios ........................................................................................... 93
As guerras do ópio.............................................................................. 72 Aula 14: Revolução Socialista Russa
A Revolta dos Cipaios......................................................................... 73 Introdução.......................................................................................... 97
A Rebelião dos Boxers........................................................................ 74 A Rússia pré-revolucionária................................................................ 98
A Guerra dos Bôeres........................................................................... 74 A guerra russo-japonesa e a situação interna..................................... 99
Exercícios ........................................................................................... 75 O advento da Primeira Guerra.......................................................... 100
Aula 12: Teorias ou Doutrinas Sociais O governo provisório........................................................................ 100
Introdução.......................................................................................... 77 A revolução de outubro.................................................................... 101
Primeiras manifestações sociais.......................................................... 78 As reformas de Lenin........................................................................ 101
O movimento operário........................................................................ 78 A nova política econômica................................................................ 101
Os socialistas utópicos........................................................................ 79 Stalin × Trotsky................................................................................. 102
O socialismo científico........................................................................ 80 O stalinismo...................................................................................... 102
O Anarquismo..................................................................................... 81 Exercícios ......................................................................................... 103
O Catolicismo social............................................................................ 82 Aula 15: A Crise de 1929
Exercícios ........................................................................................... 83 Introdução........................................................................................ 107
Aula 13: Primeira Guerra Mundial Uma sociedade de consumo em euforia e expansão........................ 108
Introdução.......................................................................................... 86 Contradições..................................................................................... 108
As unificações tardias e o tardio Imperialismo.................................... 87 E o tempo parou............................................................................... 108
O fim do “equilíbrio europeu” e a política de alianças....................... 87 A crise nos Estados Unidos............................................................... 109
A velada corrida armamentista........................................................... 88 O New Deal....................................................................................... 110
A questão balcânica e o estopim da guerra........................................ 89 Exercícios ......................................................................................... 112
O processo de guerra.......................................................................... 89
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Aula 11:
C-2 H-8, 9
Aula C-3 H-14, 15
Revoltas Anticolonialistas na África e na Ásia
11
Introdução
Reino Unido
Domínios Britânicos
França
Portugal
Espanha
Holanda
Belgica
Estados Unidos
Neocolonialismo em 1945.
O processo de desenvolvimento do Imperialismo foi marcado pela ideologização de uma exploração capitalista em escala global
e de caráter inicialmente irreversível, tendo em vista a fundação de núcleos econômico-políticos de domínio e hegemonia europeia.
Tensões começaram a se estabelecer não somente entre as nações dominantemente imperialistas, devido à grande concorrência entre
os países que já consolidavam a Segunda Revolução Industrial. No interior das próprias colônias, as populações submetidas despertaram.
Aquela ideia de Missão Civilizadora, caracterizada pelo discurso de levar o progresso, a evolução aos “povos primitivos”;
a promessa da gestão de um amplo desenvolvimento para os povos afro-asiáticos caía por terra, na medida em que a exploração da
mão de obra se tornava cada vez mais humilhante.
As populações dos continentes ditos inferiores passaram a identificar a incompatibilidade dos interesses dos povos exógenos
ou estrangeiros que se fixavam em seus territórios, atribuindo-se um poder governamental, solapando a liberdade e a autonomia das
nacionalidades.
Começaram, portanto, a irromper diversos movimentos, coordenados ou não, consistentes ou não, mas reveladores de uma
forma de protesto quanto à invasão de capitais, pessoas e imposições políticas.
Na China, a Guerra do Ópio e dos Boxers; na Índia, a Revolta dos Cipaios; na África do Sul, a Guerra dos Bôeres, para citar
alguns dos movimentos de resistência à manutenção do imperialismo; do neocolonialismo, enfim, da sujeição que sofriam as massas
humanas que viviam “abaixo da linha do equador”.
Não se suportava mais o “fardo do homem Branco”, conforme a metáfora de Hudyard Kipling, poeta inglês que exprimiu
o preconceito do século XIX.
Apesar do regionalismo das revoltas ou guerras antes mencionadas, podemos afirmar que elas não tiveram a força necessária para
determinar a libertação definitiva da África e da Ásia, elas serviram de base para a elaboração futura do processo de descolonização.
Se associarmos tais manifestações ao desenvolvimento do desgaste geral da Europa com a Primeira e a Segunda Guerras, teremos uma
visão mais ampla de como os povos afro-asiáticos conseguiram produzir um ideal de emancipação, com o auxílio de organismos internacionais.
Ressalte-se ainda o advento dos Direitos Humanos, com a criação da Organização das Nações Unidas e a consolidação de princípios
que também abrigaram o direito às identidades nacionais, éticas e linguísticas.
Os efeitos do Imperialismo
A Segunda Revolução Industrial acirrou a concorrência entre os países europeus e o ostensivo desenvolvimento da industrialização
acelerou os métodos de exploração dos territórios além do Mediterrâneo.
Hegemônica, a Inglaterra controlava um quarto de todas as regiões neocolonizadas, enquanto nações como a Alemanha e a
Itália, tardiamente unificadas, tentavam garantir alguma fatia desse domínio econômico, durante o final do século XIX e início do século XX.
A Bélgica, a Holanda, a Noruega, a Dinamarca, a Rússia, a França, Portugal e Espanha e até a Turquia estavam determinados ao
enriquecimento pela apropriação político-econômica das regiões afro-asiáticas.
Essa atmosfera de euforia se coordenava por meio da configuração de um complexo sistema financeiro monopolista,
estruturado com base nas operações bancárias, já relativas a títulos, ações e papéis da Bolsa de Valores.
70 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Países como a Inglaterra chegaram a formular uma A iniciativa de negociar os limites e fronteiras das regiões
infraestrutura política chamada “protetorado”, com a capacidade exploradas no continente africano visava aliviar uma concorrência,
de controlar e garantir os interesses metropolitanos e suprimir as que beirava a possibilidade de novos confrontos de guerra.
revoltas que viessem a surgir no embate com as necessidades de Muitas das diferenças ampliadas entre tribos e etnias foram
cada população submetida.
iniciativas estratégicas usadas pelos países imperialistas, com a
A presença de um aparato militar também se tornou uma
finalidade de enfraquecer e evitar a organização de movimentos
espécie de padrão, independente da nação metropolitana envolvida,
capaz de inibir e evitar movimentos de resistência interna, oposicionistas de relevância.
também com o fim de garantir a submissão da mão de obra e a Foi exatamente esse conjunto de fatores que provocou
usurpação da matéria-prima. a formulação de um sentimento nacionalista por parte de
Por mais que todos viessem a elaborar uma forma de variadas populações dos continentes africano e asiático, com vistas
ideologização para maquiar a realidade exploradora do Imperialismo, a lutar por sua emancipação e autonomia diante das imposições
nem sempre tais ideias vieram a se tornar uma mentalidade geral metropolitanas.
por parte dos povos explorados.
(POR) NÍGER
FRANCÊS
SENEGAL SUDÃO
GÂMBIA
ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA
ALTO ANGLO-EGÍPCIO
ERITRÉIA
SOMÁLIA
Desse modo, o Japão tornou-se a mais significativa exceção
GUINÉ VOLTA
DAOMÉ
CHADE
LIBÉRIA COSTA
CAMARÕES
(ETIÓPIA)
chegando mesmo ainda a provocar uma guerra contra a Rússia, em
UA
DO OURO SOMÁLIA
Príncipe (POR) RIO MUNI UGANDA ÁFRICA ITALIANA 1904, estimulando a posse da Coreia e da Manchúria, por parte da
EQ
N
São Tomé (POR) GABÃO ORIENTAL
A
CONGO OCEANO
IC
BRITÂNICA
Inglaterra, com a consequente derrota dos russos.
FR
Á BELGA ÍNDICO
ÁFRICA
Seichelles
ORIENTAL
ALEMÃ
(GB)
Comores
Mas a hegemonia industrial europeia também se fez sentir
Territórios sob controle de
países europeus antes de 1914 ANGOLA RODÉSIA
(FRA)
NIASSALÂNDIA
no Vietnã e no Camboja, que passaram ao controle da França, bem
Alemanha
Bélgica
DO NORTE
RODÉSIA QU
E
como o Afeganistão, o Oriente Médio e a Birmânia com a introdução
MADAGASCAR
I
MB
ÁFRICA DO DO SUL
Espanha SUDOESTE BECHUA- do domínio da Inglaterra.
MOÇA
Maurício
França ALEMÃ NALÂNDIA
Inglaterra
TRANSVAAL (GB) Após o enfraquecimento geral da China, o seu vasto
Itália UNIÃO DA
SUAZILÂNDIA
território foi dividido em várias zonas de influência, durante toda a
Portugal BASUTOLÂNDIA
ÁFRICA DO SUL
sua fase imperial-monárquica; regiões sob o controle do Japão, da
Países independentes 0 900 1800 km
França, da Alemanha e da Rússia.
Anual – Volume 3 71
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Devemos pensar na subversão cultural do trabalho
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entre os próprios africanos confrontando o antes e o depois da
presença imperialista europeia. Também devemos reflexionar sobre
os aspectos relativos a uma rotina em que a religião se inseria no
seu cotidiano. Tudo foi modificado.
As exigências do capitalismo transformavam qualquer
trabalho humano em uma forma de engrenagem que deveria
funcionar na mesma velocidade das máquinas e dos negócios, ritmo
esse ao qual os africanos não se achavam acostumados, em face
da predominância das atividades eminentemente agrárias e, ainda,
classificadas pelos europeus como feudais.
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continente e os governos dos países europeus resultou na expansão
desse domínio.
Instituições empresariais tais como a Real Companhia do
Níger e a Companhia da África do Sul, ambas de origem inglesa;
as alemãs Companhia Sudoeste da África e a Companhia da África
Ocidental, bem como a lusitana Companhia do Niassa foram
responsáveis pela introdução do capital europeu de forma impositiva
e irreversível, através da cobrança de tributos, e abolição da moeda
regional, sem qualquer declaração ou autorização dos governos das
áreas nas quais se instalaram.
Com a finalidade de garantir o extrativismo do cacau,
açúcar, borracha, minério e ferro, vasta mão de obra foi mobilizada,
sobretudo, para também trabalhar na construção de ferrovias
que ligariam o interior das áreas de domínio aos seus respectivos Juncos chineses sob bombardeio britânico durante a Guerra
litorais, estruturando, com velocidade assombrosa, um processo do Ópio. Pintura de Edward Duncan, 1843.
amplo de urbanização geral. O assim conhecido “Dragão Chinês”, durante o século XIX,
A subjugação pelo trabalho forçado estabeleceu uma visão tornou-se uma das regiões mais atraentes para a expansão do
equivocada de submissão e passividade negra diante da presença capitalismo financeiro monopolista europeu, tendo em vista a
europeia, ou mesmo de aceitação, de ideação de uma parceria amplitude territorial, bem como de seus produtos e matérias-
que houvesse se desenvolvido na mentalidade local, porém, não -primas, tais como a seda, o chá, a porcelana e um artesanato,
corresponde à realidade. verdadeiramente, incomum.
72 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Tal comércio se desenvolveu, inicialmente, em uma
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A Revolta dos Cipaos.
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Anual – Volume 3 73
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
A Rebelião dos Boxers Os Bôeres, ao longo do desenvolvimento intracolonial
haviam estruturado latifúndios e negócios comerciais variados.
Ficaram com receio de perder seus privilégios financeiros, bem
Leitura Complementar
A RESISTÊNCIA AFRICANA
“Entre os anos de 1880 e 1900, a África tropical apresentava
um estranho e brutal paradoxo. Se o processo da conquista e da
Soldados boxers. ocupação pelos europeus era claramente irreversível, também era
altamente resistível. Irreversível por causa da revolução tecnológica –
A reação não se fez por esperar, entre 1900 e 1901, os pela primeira vez os brancos tinham uma vantagem decisiva nas armas,
boxers foram rechaçados por uma aliança entre norte-americanos e, também pela primeira vez, as ferrovias, a telegrafia e o navio a vapor
e japoneses que passou a exigir o pagamento de indenizações permitiam-lhes oferecer resposta ao problema das comunicações no
pelos prejuízos de guerra e o livre trânsito das tropas estrangeiras. interior da África e entre a África e a Europa. Resistível devido à força
das populações africanas e porque na ocasião a Europa não empregou
A Guerra dos Bôeres na batalha recursos muito abundantes nem em homens nem em
tecnologia. De fato, os brancos compensavam a escassez de homens
Bôeres era o termo que se utilizava para denominar os
recrutando auxiliares africanos. Mas eles não eram manipuladores
descendentes dos holandeses no processo de colonização da África
diabolicamente inteligentes de negros divididos e atrasados. Os
do Sul. Desse modo, eles formavam uma espécie de elite branca
europeus estavam apenas retomando o repertório das estratégias dos
local, relativamente integrada à população nativa daquela região
antigos impérios. Quanto a detalhes, muitas vezes sabiam menos das
do continente.
coisas que os dirigentes africanos. A implementação da estratégia de
No jogo das relações internacionais, dos países europeus
penetração foi muito desordenada e inábil. Os europeus enfrentaram
imperialistas, sobretudo, depois da Conferência de Berlim, em
uma enormidade de movimentos de resistência, que provocaram e
1884/85, o domínio colonial da África do Sul passou para o controle
até inventaram por ignorância e medo. Tinham de ‘obter a vitória
metropolitano da Inglaterra.
74 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
final’, e, uma vez obtida, trataram de pôr em ordem o conturbado Texto II
processo. Escreveram-se livros sobre a chamada ‘pacificação’; tinha-se
a impressão de que, na maior parte, os africanos haviam aceito a Pax [...] Por outro lado, é forçoso reconhecer que o fim dos
Colonica com reconhecimento e fez-se caso omisso de todos os fatos impérios coloniais dos séculos XIX e XX não resultou de uma
da resistência africana. Mas a vitória dos europeus não significa que a decisão metropolitana ou do desejo de abdicação do poder,
resistência africana não tenha tido importância no seu tempo ou que e sim da capacidade de revolta que é inerente ao oprimido.
não mereça ser estudada agora. E, efetivamente, tem sido objeto de Daí, a impropriedade do termo “descolonização”, que reflete a
muitos estudos nos últimos vinte anos. visão eurocêntrica da História. A liberação do sistema colonial,
Em seu conjunto, as pesquisas dessas duas décadas são sérias, sobretudo na década 1950-1960, resultou muito mais de uma
detalhadas e eruditas, não evitando as ambiguidades características de necessidade ou de uma imposição, do que propriamente de
grande número dos movimentos de resistência. Mas, na maior parte, uma escolha unilateral por parte do poder metropolitano [...].
apoiam-se ou servem para demonstrar três postulados doutrinários, A própria resistência de Portugal à ideia de “descolonização”
que, a meu ver, continuam verdadeiros em essência, embora recentes pôde ir até o momento em que as revoltas nas colônias se
trabalhos de pesquisa e análise os tenham corrigido. tornou irresistível [...].
Em primeiro lugar, afirmou-se que a resistência africana
LINHARES, Maria Yedda. A Luta Contra a Metrópole.
era importante, já que provava que os africanos nunca se haviam São Paulo: Brasiliense, 1981.
resignado à ‘pacificação’ europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se
que, longe de ser desesperada ou ilógica, essa resistência era muitas Analisando-se os textos, percebe-se que o primeiro trata
vezes movida por ideologias racionais e inovadoras. Por fim, em A) da implantação do salazarismo, que favoreceu a
terceiro, argumentou-se que os movimentos de resistência não eram descolonização tanto na África quanto na Ásia, já o segundo
insignificantes; pelo contrário, tiveram consequências importantes critica a visão eurocêntrica da História.
em seu tempo, e têm, ainda hoje, notável ressonância.” B) da Revolução Constitucionalista do Porto, que, através de suas
RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da ações liberais, emancipou as colônias, enquanto no segundo
conquista. In: BOAHEN, A. Adu (Coord.). História geral da África: África sob
dominação colonial, 1880-1935, 2, ed. Brasília: Unesco, 2010. p. 51-52. há uma forte crítica ao imperialismo português na África.
C) da queda do franquismo e a implementação da monarquia
em Portugal, e o segundo, dos movimentos emancipatórios
na África.
D) das emancipações políticas afro-asiáticas no contexto da
Exercícios de Fixação Guerra Fria, ao passo que o segundo demonstra essas
emancipações como reflexo das transformações na
metrópole.
01. (Unesp/2017) Em 1955, foi realizada na Indonésia a Conferência E) da Revolução dos Cravos e define que a política das colônias
de Bandung, que lançou as bases do chamado Movimento portuguesas foi consequência dessa, enquanto o segundo
dos Não Alinhados. Considerando o contexto do Pós-Segunda destaca a autonomia dos movimentos emancipatórios.
Guerra Mundial, a Conferência de Bandung expressava
A) uma manifestação pelo reconhecimento internacional da 03. (PUC-RJ/2009) A caricatura a seguir representa de forma satírica
hegemonia asiática sobre a economia do pós-guerra. a expansão imperialista na Ásia por parte dos Estados Unidos
B) uma ruptura com os padrões socioculturais preconizados (tio Sam), da Grã Bretanha (leão), da França (galo), da Alemanha
pela Tríplice Aliança e pela Tríplice Entente. (águia imperial germânica) e da Rússia (urso siberiano). Com
C) a resistência política contra os confrontos armados entre os base em seus conhecimentos e a partir da imagem, é possível
Países Aliados e os Países do Eixo. afirmar que ela se refere:
D) a consolidação da influência socialista no hemisfério oriental,
Reprodução/Pucrj 2009
com a redefinição de antigas fronteiras políticas.
E) a tentativa de alguns países de se manterem neutros diante
da bipolaridade estabelecida pela Guerra Fria.
02. (UFPEL/2006)
Texto I
Anual – Volume 3 75
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
C) à Revolta dos Cipaios, sufocada pelas potências europeias De acordo com o texto, é possível concluir:
e pelo Japão no século XIX, de modo a abrir caminho para A) prega-se como instrumento de libertação anti-colonial a
a penetração imperialista na China. luta em termos morais e diplomáticos apenas, sem o uso
D) à imposição de tratados desiguais à China (como o Tratado da violência.
de Nanquim) por meio de ameaça de bombardeio por parte B) trata-se de uma condenação ao Colonialismo, porém
do navio US Mississipi do Comodoro Perry (1853), com o apenas nos seus aspectos políticos contrários à autonomia
objetivo de forçar a abertura dos portos daquele país. colonial.
E) à força expedicionária de várias nações que sufoca o levante C) a questão colonial revela-se em sua plenitude após a
dos Boxers (1900/1901), derruba o governo Manchu e Segunda Guerra Mundial, abrindo o caminho para a
estabelece uma República. descolonização.
D) o Congresso anteriormente citado representou apenas uma
04. (UFPEL/2007) Em 1887 o Vietnã passou a ser, oficialmente, uma forma de chamar a atenção mundial para as reivindicações
colônia, situada na Península da Indochina e era fornecedora dos colonizados, com o objetivo de que fossem feitas
de arroz, borracha e madeira para o mercado europeu, nos reformas na administração colonial.
moldes do modelo imperialista implantado pelas grandes E) dá-se ênfase especial à dominação econômica, deixando
nações capitalistas. para segundo plano a questão do auto-governo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, foi fundada a Liga para a
Independência do Vietnã (Vietminh), de orientação socialista 03. (Uepa/2015) A Conferência de Berlim, realizada na Alemanha
e liderada por Ho Chi Minh.
em 1885, sacralizou o processo de partilha da África. Dela
Depoimento do advogado português Jorge Santos, fizeram parte a Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália,
In: RODRIGUES, Urbano Tavares (org.). “A Guerra do Vietname”. Portugal e Espanha. A geopolítica imposta ao Continente
Lisboa: Estampa, 1968.
Africano gerou, nas décadas posteriores, o sentimento
A colonização referida foi efetivada no século XIX pelo seguinte anticolonialista, pois
país: A) a s i t u a ç ã o d e s u p re m a c i a e u ro p e i a d e f i n i u - s e
A) China. B) Japão. diplomaticamente, garantindo a prerrogativa de defesa
C) Estados Unidos. D) Inglaterra. dos direitos civis dos países que negassem o princípio de
E) França. protetorado que as potências do Norte queriam implantar
nas colônias do Atlântico Sul, assegurando aos africanos a
05. (PUC-PR/2007) Um dos fatores decisivos para as rivalidades liberdade de expressão.
políticas da segunda metade do século XIX foi B) os territórios afro-asiáticos a serem explorados formaram
A) o apoio da Inglaterra à emancipação política da América Latina. a Aliança Nacional Libertadora e, apoiados pelos Estados
B) as disputas entre Estados católicos e Estados protestantes. Islâmicos, resistiram ao domínio europeu transformando o
C) as divergências entre capitalistas e socialistas utópicos no Norte da África em um campo intercultural, em que cristãos
que dizia respeito às conduções dos negócios do Estado. e muçulmanos buscavam a supremacia.
D) a disputa colonial e o parcelamento dos continentes. C) a luta pela independência das colônias africanas
E) a luta entre Estados com regime constitucional e os que transformou-se posteriormente em objeto de debate local
defendiam o Absolutismo. e global, ora de orientação capitalista, ora de orientação
socialista, mesclados aos discursos locais nacionalistas,
representados por diferentes projetos políticos.
D) o nível de atraso no desenvolvimento tecnológico,
Exercícios Propostos industrial e econômico africano em comparação
aos outros continentes deixou de existir graças aos
empreendimentos dos países capitalistas nas áreas de
01. (ESPM/2007) Ocorreu em Cuba, durante o mês de setembro, dominação, assinalando o avanço bem-sucedido do
cúpula com 56 chefes de Estado e de Governo em que houve capitalismo em relação ao socialismo.
um virtual relançamento do movimento nascido durante a E) o processo de independência das colônias em relação
Guerra Fria. O Brasil, que participou como observador, enviou às metrópoles europeias foi assegurado através das
o chanceler Celso Amorim. reedições da Conferência, que a cada ano estabelecia
Folha de São Paulo, 17 ago. 2006.
um plano de metas de desenvolvimento local garantindo
O movimento em questão, citado no enunciado, é o para as partes envolvidas igual partilha dos recursos
A) movimento dos países emergentes. naturais.
B) movimento pan-americano.
C) movimento dos não-alinhados. 04. (Unesp/2015) A partilha da África entre os países europeus, no
D) movimento de coexistência pacífica. final do século XIX,
E) movimento de neutralismo. A) buscou conciliar os interesses de colonizadores e colonizados,
valorizando o diálogo e a negociação política.
02. (Fatec/1999) Nós afirmamos o direito de todos os povos B) respeitou as divisões políticas e as diferenças étnicas então
coloniais seguirem seu próprio destino. É preciso que todas as existentes no continente africano.
colônias sejam libertadas da dominação imperialista estrangeira, C) ignorou os laços comerciais, políticos e culturais até então
quer seja ela política ou econômica. Os povos colonizados existentes no continente africano.
devem ter o direito de eleger seus próprios governantes, sem D) privilegiou, com a atribuição de maiores áreas coloniais, os
restrições de vindas de potências estrangeiras. Afirmamos aos países que haviam perdido colônias em outras partes do
povos colonizados que eles devem lutar para alcançar seus mundo.
objetivos por todos os meios à sua disposição. E) afetou apenas as áreas litorâneas, sem interferir no Centro
Declaração do V Congresso Pan-Africano, março de 1945, Manchester. e no Sul do continente africano.
76 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
05. (Cefet-MG/2014) 09. (G1/1996) No final do século XIX, em decorrência do neocolonialismo,
um violento conflito se deu entre China e Inglaterra, devido ao
O FARDO DO HOMEM BRANCO (1899) interesse britânico em impor seu domínio sobre a China.
O conflito a que se refere o texto foi
Tomai o fardo do Homem Branco A) a Guerra da Manchúria. B) a Guerra dos Bôeres.
Envia teus melhores filhos C) a Guerra dos Boxers. D) a Guerra dos Cipaios.
Vão, condenem seus filhos ao exílio E) a Guerra do Ópio.
Para servirem aos seus cativos;
10. (UFSM/1999) Assinale a afirmativa correta em relação ao
Para esperar, com arreios processo de colonização da África e da Ásia, realizado pelas
Com agitadores e selváticos principais potências mundiais, nos séculos XIX e XX.
Seus cativos, servos obstinados, A) O término do Apartheid, na África do Sul, só foi possível
Metade demônio, metade criança. pela derrota dos exércitos ingleses na Guerra dos Bôeres.
Rudyard Kipling. B) O fim da escravidão, apesar de ser fundamental para a
Disponível em: <http://historiacontemporaneaufs.blogspot.com.br>. implantação do capitalismo na África, só ocorreu quando
Acesso em: 25 mar. 2014. o MPLA (Movimento pela Libertação de Angola) tomou o
poder em Angola.
O poema desse escritor inglês, nascido na Índia, durante a C) A conquista colonial teve a finalidade de transformar a África
dominação inglesa e a Ásia em fornecedores de matérias-primas, consumidores
A) critica a teoria da superioridade entre raças. de produtos industriais e receptores de investimentos das
B) defende a convivência pacífica entre os povos. potências mundiais.
C) denuncia o inútil sacrifício civilizatório europeu. D) O Japão foi o país asiático que mais se beneficiou das
D) reconhece a natureza humana em sua diversidade. colônias conquistadas na África, pois nelas instalou o seu
E) condena a prática do trabalho servil dos migrantes. excedente populacional, entre outros benefícios.
E) A chamada partilha da África foi consequência direta do
06. (UFSM/2013) Analise o fragmento a seguir. Tratado de Paz de Versalhes, firmado entre os vencedores e
os perdedores da Primeira Guerra Mundial.
A primeira grande fome registrou-se entre os anos de 1800
e 1825 e matou 1,4 milhão de pessoas. De 1827 a 1850,
morreram de fome cinco milhões de pessoas. Entre 1875 e Fique de Olho
1900, a Índia sofreu dezoito grandes epidemias de fome que
mataram 26 milhões de pessoas. Em 1918, houve mais de oito
milhões de mortos por desnutrição e gripe. Filmes:
55 dias em Pequim (1953, EUA, Direção: Nicholas Ray)
BRUIT, Héctor, in VICENTINO, Cláudio. História Geral: ensino médio.
São Paulo: Scipione, 2006. p. 356.
Diamante de Sangue – Blood Diamond (EUA) 2006
07. (G1/1996) A reação à presença inglesa na Índia pelos soldados C-3 H-11, 13
Anual – Volume 3 77
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
mais radicais do processo revolucionário. Era a Revolta dos
78 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
O Ludismo, como ficou conhecido, definiu-se pela a existência de membros do anarquismo.
destruição das máquinas, por forma de protesto contra a exploração A II Internacional foi caracterizada pela existência de duas
que os operários vinham sofrendo, a partir de baixos salários e concepções relacionadas com a forma de realizar uma revolução
jornadas de trabalho que chegavam a quinze horas diárias. proletária: aqueles que imaginavam chegar ao poder pela via
Embora tenha assombrado muitos donos de fábricas e democrática ou parlamentar e aqueles que acreditavam numa
se espalhado por algumas cidades da Inglaterra, o Movimento ação mais radical e armada para se chegar à implementação da
Ludista não conseguiu alcançar maiores objetivos ou ter mais ampla Doutrina Socialista.
consistência ideológica. Por ocasião do desenvolvimento de uma atuação política dos
A quebradeira de máquinas gerou reações nas elites bolcheviques na Rússia, foi que se desenvolveu a III Internacional,
patronais e no governo, chegando a punir com a prisão e a morte tornando-se uma referência para outras organizações operárias ou
aqueles que quebrassem máquinas ou integrassem tais movimentos, sindicais espalhadas por outros países.
acusados de criminosos.
Por volta de 1875, surgiram as chamadas Trade Unions,
antes consideradas ilegais pelas autoridades e governos constituídos; Os socialistas utópicos
transformaram-se em agremiações operárias, cuja finalidade era a Alguns autores e ativistas, diante da dicotomia criada
luta pelos direitos dos trabalhadores urbanos. pelo Capitalismo e da percepção de grande abismo social que se
Somente em 1830, organizações mais consistentes desenvolvia com a lógica da economia de mercado, elaboraram
apontaram com a formulação do que mais tarde seriam chamados ideias do que seria um mundo ideal, criticando o modelo burguês
de sindicatos, abrindo caminho para manifestações, tais como o de sociedade, no século XIX.
Cartismo, resultante de uma organização operária, de 1837 que Muitos deles estavam ainda impregnados pelos ideais
veio a elaborar um documento: a Carta ao Povo, escrita por William iluministas, sobretudo aqueles que tinham sido formulados
Lovett e enviada ao parlamento inglês. pelo pensador Jean Jacques Rousseau, pois este autor situava a
propriedade privada como sendo a base de toda a desigualdade
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existente.
Tais socialistas foram definidos por Friedrich Engels como
utópicos, pois os classificava como empíricos em seus sistemas de
pensamento, já que eles se limitavam a querer uma nova sociedade
por meio de estratégias de propaganda, práticas ou experiências que
servissem de modelo, porém fantasiosos na pouca aplicabilidade
que tinham, concretamente.
Segundo essa premissa, os socialistas utópicos sonhavam
sem grande possibilidade de realizar o seu intento, pois lhes faltava
uma sistematização de ideias, uma práxis capaz de mobilizar a
profunda transformação das estruturas socioeconômicas.
Anual – Volume 3 79
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Por volta de 1824 e 1829 tentou ampliar essa prática, Embora fosse de origem alemã, ele viveu muitos anos (de 1949
aplicando-a também no continente americano, através da ideia de até a sua morte) em Londres. Em face da humilde condição da sua
uma colônia comunitária que ele denominou “Nova Harmonia”, posição social e do seu isolamento, Marx foi, durante muito tempo,
porém, a economia de mercado, a concorrência e a deturpação da praticamente, sustentado pelo seu incansável colaborador Friedrich
sua iniciativa entre os próprios operários levaram o empreendimento Engels, cujas publicações também esposavam as ideias marxistas.
ao fracasso. A obra O Capital, de Karl Marx foi produzida ao longo de uma
O religioso francês, de origem nobiliárquica, Claude-Hanri década, desde 1850, sendo, o primeiro volume somente publicado
de Rouvroy ou, simplesmente, Saint-Simon (1760-1825) enxergava em 1867, desvelando, em sua exposição cientificamente detalhada,
na pobreza uma anomalia, sendo a desigualdade social, para ele, os meios e modos de produção; a posição dos trabalhadores,
uma falha sistêmica de grave efeito sobre a criatura humana. forçados a viver sem a parte que lhes cabia nos lucros; as bases da
Por isso, acreditava que o processo da industrialização deveria se lógica do sistema capitalista; como os trabalhadores eram alienados
desenvolver mediante a equanimidade ou igualitarização favorável e forçados a vender a sua força de trabalho.
ao operariado, já que se tratava da maioria da força produtiva. O marxismo defendia que as revoluções anteriores foram de
Saint-Simon não aceitava plenamente as ideias iluministas natureza burguesa e que não eram verdadeiras, pois não alteraram
e revolucionárias francesas, pois acreditava que o individualismo profundamente o construto social. Somente o proletariado, segundo
pregado pela ilustração, bem como o seu conceito de liberdade a sua teoria, era capaz de promover a verdadeira transformação social.
ameaçavam a coletivização dos benefícios em favor do proletariado.
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Apesar de não pregar a eliminação completa da propriedade
privada, defendia a tese de que o patronato empresarial deveria
desenvolver os negócios sem esquecer das necessidades ou
responsabilidade social. Daí, Saint-Simon imaginou ser possível
reunir diversos empresários para formular um projeto de sociedade
justa e igualitária.
Ainda segundo o pensamento do Conde de Saint-Simon,
o construto social se achava dividido em dois grupos: os “ociosos”
e os “produtores” e que eles necessitavam de um governo que
atendesse às suas respectivas necessidades, pela harmonização de
interesses entre patrões e empregados.
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80 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
do construto social, econômico, político, cultural e até religioso.
Anual – Volume 3 81
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
O Estado, segundo o sociólogo e revolucionário russo, era Embora não venha a ser considerada uma doutrina social
o resultado de uma construção ideológica de natureza burguesa, propriamente dita, o Catolicismo Social abriu espaço para a
portanto, abominável e incapaz de promover a verdadeira reforma inserção de padres e freiras no ambiente social e político, servindo
social, que somente se daria mediante a destruição das suas bases como um certo precedente para a formulação de associações como
fundamentais. os COCs (Círculos Operários Católicos), com atuação para a eleição
Os anarquistas, em geral, defendiam algumas ações de políticos católicos, no Brasil; a LCT (Legião Cearense do Trabalho),
desestabilizantes dos poderes constituídos, tais como greves, sob a liderança de Severino Sombra e que chegou a reunir cerca de
passeatas, protestos, motins, revoltas armadas, panfletagem e o trinta mil operários católicos; uma instituição de cunho antiliberal
uso de jornais denunciadores. Também condenavam a existência e anticomunista, extremamente conservador. Também podemos
de partidos políticos, exaltando o livre-arbítrio humano, contra citar que, dessa tendência social da encíclica, surgiram as chamadas
toda e qualquer forma de autoritarismo, já que este destruía a livre pastorais da fé, com grande atuação até os dias atuais.
manifestação do ser humano. Embora polêmica e não plenamente aceita pela cúpula da
Desse modo, quaisquer decisões de interesse geral deveriam Igreja, tal preocupação religiosa com o mundo serviu de base para
ser tomadas com igual direito de voz por todos os membros de uma a formulação da Teologia da Libertação que, durante as décadas
determinada comunidade. de 70 e 80 teve uma grande atuação na América Latina, sobretudo,
No anarquismo parece haver uma contradição ou paradoxo, com a liderança do padre Leonardo Boff.
tendo em vista que, embora contrários às formas usuais de
autoritarismo e uso do poder militar, somente imaginavam o Leitura Complementar
fim da sociedade capitalista por meio da revolta armada. Além
disso, negavam a existência de qualquer forma de liderança para o
O MANIFESTO DE MARX E ENGELS
movimento, atuando de modo disperso e sem grande consistência
revolucionária. “A história de todas as sociedades até hoje existentes é
a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e
plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro,
O Catolicismo social em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição,
Com o avanço das ideias marxistas e anarquistas, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada;
a Igreja Católica passou a revelar uma grave preocupação, não uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação
somente pelo fato de a humanidade estar em contato com uma revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas
modernidade que tendia a afastá-la de Deus, mas, sobretudo, classes em conflito. [...]
porque as novas ideologias o negavam, através do cepticismo A burguesia desempenhou na história um papel
materialista. eminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado
Em 1874, o papa Leão XIII elabora uma Encíclica o poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais e
denominada Rerum Novarum, cujo cerne propunha uma nova idílicas. Rasgou todos os complexos e variados laços que prendiam
concepção da sociedade, pela aplicação da harmonia proposta pelo o homem feudal a seus ‘superiores naturais’, para só deixar subsistir,
Evangelho do Cristo. de homem para homem, o laço do frio interesse, as duras exigências
do ‘pagamento à vista’. [...]
Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime
Library of Congress
82 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
burguesa. [...] A sociedade vê-se subitamente reconduzida a um ‘A capacidade de raciocínio é tão reduzida nas mulheres
estado de barbárie momentânea; [...] o comércio e a indústria que elas necessitam de ajuda adventícia, e se não têm a orientação
parecem aniquilados. E por quê? Porque a sociedade possui e a supervisão de uma consciência religiosa, é inútil esperar que
civilização em excesso, comércio em excesso. [...] As armas que a tenham autocontrole quanto a princípios abstratos. Não avaliam
burguesia utilizou para abater o feudalismo voltam-se hoje contra as consequências e são negligentes quando se transige com
a própria burguesia. A burguesia, porém, não se limitou a forjar as elas uma vez, de modo que só se mantêm corretas por meio de
armas que lhe trarão a morte; produziu também os homens que suas afeições, do sentimento religioso e do senso moral de boa
empunharão essas armas – os operários modernos, os proletários.” formação’.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. Ao contrário da maioria de seus contemporâneos,
São Paulo: Boitempo, 1999. p. 40-46 alguns homens ilustres apoiaram a igualdade de direitos para
as mulheres. ‘Pode o homem ser livre se a mulher for escrava?’,
FEMINISMO: ESTENDENDO O PRINCÍPIO DA IGUALDADE perguntou Shelley, que era favorável ao sufrágio feminino.
“Um outro exemplo da expansão do liberalismo foi o Assim também pensavam o teórico social Jeremy Bentham e o
surgimento dos movimentos feministas na Europa Ocidental e economista político William Tompson (...) [Apelo de uma metade
nos Estados Unidos. As feministas insistiam em que os princípios da raça humana] (1825). John Stuart Mill achava que as diferenças
de liberdade e igualdade fossem incorporados à Declaração dos entre os sexos (e entre as classes) deviam-se mais à educação que
Direitos do Homem e do Cidadão na França e a Declaração de às desigualdades herdadas. Acreditanto que todas as pessoas –
Independência dos Estados Unidos, fossem aplicados às mulheres. homens e mulheres – deveriam ser capazes de desenvolver seus
Assim, a Declaração dos Direitos das Mulheres (1791), de Olympe talentos e intelectos tão plenamente quanto possível, Mill foi um
de Gouges, formulada com base na Declaração dos Direitos dos primeiros a defender a igualdade das mulheres, inclusive, o
do Homem e do Cidadão – tributo da Revolução Francesa aos sufrágio feminino.”
ideais iluministas – , afirmava: ‘mulher nasce livre e permanece
PERRY, Marvin. Civilização ocidental, uma história concisa.
igual ao homem em direitos (...) o objetivo de toda associação São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 437-439.
política é a preservação dos [direitos] naturais (...) do homem
e da mulher.’ Em 1837, a romancista e economista inglesa
Harriet Martineau observou: ‘um dos princípios fundamentais
anunciados na Declaração de Independência é de que os poderes
emanam seu justo poder do consentimento dos governados. De Exercícios de Fixação
que maneira a condição política das mulheres pode conciliar-se
com isso?’
Nos Estados Unidos, na década de 1830, Angelina e 01. (Cesgranrio/1997) Ao longo do século XIX, a difusão da
Sarah Grinke falaram em público – o que as mulheres raramente Revolução Industrial alterou as condições de vida nas diversas
faziam – contra a escravidão e pelos direitos femininos. Em 1838, áreas atingidas pelo processo de industrialização, o que fez
Sarah Grinke publicou Cartas sobre a igualdade dos sexos e a surgirem novas concepções e doutrinas comprometidas com
condição das mulheres, em que declarava enfaticamente o seguinte: o desenvolvimento ou com a reforma da sociedade capitalista.
‘Homens e mulheres foram criados iguais: são ambos seres morais e Dentre as propostas dessas doutrinas sociais, identificamos
responsáveis, e o que for direito do homem fazer, é também direito corretamente a
das mulheres (...) Quão monstruosa e anticristã é a doutrina de que a A) crítica da propriedade privada, formulada pelo marxismo
mulher deve ser dependente do homem!’. O movimento pelo Sufrágio científico.
Feminino, que realizou sua primeira convenção, em 1848, em Seneca B) submissão integral do trabalhador ao capital, expressa pela
Falls, Nova York, redigiu uma Declaração de afirmações e Princípios doutrina social da Igreja, na Rerum novarum.
que ampliou a Declaração de Independência: ‘Sustentamos que estas C) defesa da livre associação dos trabalhadores em corporações
verdades são evidentes por si mesmas: que todos os homens e mulheres e sindicatos profissionais, proposta pelo liberalismo
foram criados iguais’. O documento protestava ‘que a mulher por muito doutrinário.
tempo se acomodou aos restritos limites que lhe foram traçados por D) subordinação do cidadão a um Estado totalitário, pregada
costumes corruptos e por uma aplicação deturpada das Escrituras’. pelo movimento anarquista.
E exortava ao esforço incansável, por parte de homens e mulheres, E) opção pela democracia partidária, defendida pelos socialistas
para assegurar a estas ‘uma participação igual a dos homens nas várias utópicos, sendo o sufrágio universal censitário o único meio
ocupações, profissões e comércio’. de o proletariado alcançar o poder.
Em sua luta pela igualdade, as feministas tiveram que
vencer premissas profundamente arraigadas sobre a inferioridade 02. (Unesp/1994) Leon Trotsky argumentava, em 1904, que a tese
e deficiências da mulher. Os oponentes dos direitos femininos política defendida por Lênin poderia “conduzir a organização
argumentavam que as exigências feministas ameaçariam a do partido a substituir o partido, o Comitê central a substituir
sociedade, por minarem o casamento e a família. Um artigo na a organização do partido, e finalmente um ‘ditador’ a substituir
Saturday Review, periódico inglês, declarou: ‘Não é do interesse o Comitê central”.
dos Estados (...) encorajar a existência de mulheres que não sejam
dependentes do homem, tanto para a sua subsistência como TROTSKY. Nossas tarefas políticas.
para proteção e amor. O casamento é a profissão da mulher.’ Brochura redigida e publicada em 1904, em genebra.
Em 1870, um membro da Câmara dos Comuns indagou ‘o que
seria, não apenas da influência da mulher, mas de suas obrigações Assinale a alternativa com o nome do responsável pelo regime
no lar, de seu cuidado com os assuntos domésticos, sua supervisão que, na prática, confirmou a previsão de Trotsky.
de todas aquelas tarefas e ambientes que fazem um lar feliz (...) se A) Bukharin.
começássemos a ver as mulheres tomando a frente e participando B) Stalin.
do governo do país’. Essa preocupação com a família ajustava-se C) Kalinin.
à visão tradicional e enviesada da natureza da mulher, conforme D) Brejnev.
revelou um dos escritores da Saturday Review: E) Molotov.
Anual – Volume 3 83
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
• Texto O fragmento do jornal conclama a uma prática organizativa
própria do movimento anarquista brasileiro, segundo a qual
Brás Cubas busca articular a política de domínio paternalista, A) o exercício físico seria o meio para o fortalecimento do
sob fogo cerrado nos anos 1870, com aspectos da onda de ideias espírito dos militantes.
cientificistas europeias do tempo – especialmente no que tange ao B) a militância política deveria ser exercida em todas as
darwinismo social como forma de explicar a origem e a reprodução dimensões da vida do trabalhador.
das desigualdades sociais. C) a participação dos cidadãos nos clubes de futebol das
fábricas reforçaria a harmonia social.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis Historiador.
São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 96.
D) a aliança proletário-burguesa deveria ser buscada por
intermédio das práticas desportivas.
03. (Puccamp/2017) Os altos índices de pobreza, o aumento E) os militantes deveriam conscientizar os operários de que o
futebol é um esporte alienante.
das desigualdades sociais e a precária condição de trabalho
nas fábricas, entre outros fatores, contribuíram para o
crescimento do movimento operário na Europa, no século
XIX. Diversas organizações operárias sofreram influência
do socialismo e do anarquismo, ideologias que postulavam, Exercícios Propostos
respectivamente,
A) a ação armada para intensificar a luta de classes; e a proposta
de que a sociedade se organizasse em comunidades 01. (UFMG/1994) Leia o texto:
operárias, denominadas falanstérios.
B) a aliança entre trabalhadores e burguesia para a destruição O bem estar de grande número, único fim legítimo, deve ser
do sistema capitalista; e a ditadura do proletariado, a única preocupação também do governo. Como preliminar
organizado em sindicatos. essencial a estas reformas e a outras para assegurar ao povo
C) a construção de um Estado forte, proletário, clerical; e a os meios pelos quais seus interesses poderão ser eficazmente
crença na existência de uma fraternidade natural entre os defendidos e assegurados, pedimos que, na confecção das leis,
homens. a voz de todos possa, sem entraves, ser ouvida.
D) o avanço revolucionário rumo ao desenvolvimento de uma
Petição Cartista. Inglaterra, 1838.
sociedade sem classes; e o autogoverno dos trabalhadores.
E) a supressão da propriedade privada e das fronteiras Entre as reformas defendidas pelo Movimento Cartista,
nacionais; e a destruição do Estado burguês para a livre podemos destacar:
organização da sociedade em comunas. A) A intituição do voto censitário.
B) A extinção do bicameralismo.
04. (ESPM/2011) Em conjunto com as grandes transformações C) O fim das eleições anuais.
econômicas, políticas e sociais do século XIX, surgiram D) A supressão dos deputados.
doutrinas e correntes ideológicas. Uma delas foi o Anarquismo, E) O sufrágio universal.
que pregava
A) o respeito à propriedade privada, o controle demográfico e 02. (Unifesp/2007) Do papa Leão XIII na encíclica Diuturnum,
a observância da lei natural da oferta e da procura. de 1881: “se queremos determinar a fonte do poder no Estado,
B) a revolução socialista, o controle do Estado pela ditadura a Igreja ensina, com razão, que é preciso procurá-la em Deus.
do proletariado, o comunismo. Ao torná-la dependente da vontade do povo, cometemos
C) a erradicação do Estado, das classes, das instituições e primeiramente um erro de princípio e, além disso, damos à
tradições visando à imediata instalação do comunismo. autoridade apenas um fundamento frágil e inconsistente”.
D) a necessidade de um contrato entre os governados e o Nessa encíclica, a Igreja defendia uma posição política
Estado, o imperativo da moral e do bem comum como A) populista. B) liberal.
fundamentos do poder político. C) conservadora. D) democrática.
E) a religião como instrumento de reforma e justiça social, além E) progressista.
da formação de comunidades coletivistas.
03. (Unesp/2016) A condição essencial da existência e da
05. (UFG/2010) Leia o texto a seguir. supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas
mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital;
VIVA O ESPORTE PROLETÁRIO! a condição de existência do capital é o trabalho assalariado.
[...] O desenvolvimento da grande indústria socava o terreno
A necessidade de esporte para a juventude é um fato em que a burguesia assentou o seu regime de produção e de
incontestável. apropriação dos produtos. A burguesia produz, sobretudo,
A burguesia se aproveita desse fato para canalizar todos os seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado
jovens das fábricas para seus clubes. são igualmente inevitáveis.
Que fazem os jovens nos clubes burgueses? Karl Marx e Friedrich Engels. Manifesto Comunista.
Defendem as cores desses clubes. Se o clube é de uma fábrica, Obras escolhidas, vol. 1, s/d.
84 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
C) a caracterização da sociedade capitalista como jurídica e 06. (UFC/2010) “A maneira como os indivíduos manifestam sua
socialmente igualitária. vida reflete exatamente o que são. O que eles são coincide,
D) o reconhecimento da importância do trabalho da burguesia pois, com sua produção, isto é, tanto com o que eles produzem
na construção de uma ordem socialmente justa. quanto com a maneira como produzem. O que os indivíduos
E) a celebração do triunfo da revolução proletária europeia e são depende, portanto, das condições materiais da sua
o desconsolo perante o avanço imperialista. produção.”
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã.
04. (FGVRJ/2016) O direito ao sufrágio torna-se, na viragem do São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 13.
século, o eixo principal da luta feminista. Para as radicais
não se trata apenas de um princípio de igualdade, mas de Com base nessa citação do livro A ideologia alemã, que trata
uma condição sine qua non da realização dos direitos na vida da teoria marxista para a interpretação da sociedade, é correto
privada e pública. Para as moderadas, o sufrágio permanece afirmar que
um objetivo longínquo; ele será a coroação de seus esforços: A) o capitalismo teve origem no modo de produção socialista,
devem merecê-lo graças a uma melhor formação e dar as suas a partir de uma revolução burguesa.
provas por meio de um trabalho de utilidade pública. B) o capitalismo teve origem em ideias religiosas, a partir do
KÄPPELI, A.-M., “Cenas feministas”, in DUBY, G. e PERROT, M. dir., Renascimento, e no crescimento da burguesia.
História das Mulheres. O século XIX. Trad., Porto: Afrontamento, 1994, p. 556. C) a produção de ideias na vida social, no decorrer da história,
está separada da produção da vida material.
Os movimentos feministas, no final do século XIX, D) a perspectiva de análise marxista examina a sociedade
A) possuíam como objetivo o estabelecimento de cotas de levando em consideração as relações sociais estabelecias
participação de mulheres nas atividades públicas nos países no modo de produção.
europeus. E) o pensamento marxista surgiu no início da revolução
B) conseguiram a equiparação com os homens no que diz francesa, com a defesa da igualdade e da fraternidade entre
respeito ao direito de voto em todos os países europeus até todos os seres humanos.
o final do século XIX.
C) tinham como objetivo o direito de voto mesmo que, para 07. (FGV/2014) O “socialismo real” agora enfrentava não apenas
as mais moderadas, não fosse uma conquista a ser obtida seus próprios problemas sistêmicos insolúveis, mas também,
imediatamente. os de uma economia mundial mutante e problemática, na
D) obtiveram o direito ao trabalho para as mulheres e para as qual se achava cada vez mais integrado.
crianças nas fábricas e em outros serviços urbanos oferecidos Com o colapso da URSS, a experiência do “socialismo
nos países da Europa. realmente existente” chegou ao fim. Pois, mesmo onde os
E) mantiveram-se isolados e independentes dos movimentos regimes comunistas sobreviveram e tiveram êxito, como na
socialistas e anarquistas do período. China, abandonaram a ideia original de uma economia única,
centralmente controlada e estatalmente planejada, baseada
05. (Unicamp/2011) A história de todas as sociedades tem sido a em um Estado completamente coletivizado.
história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo
feudal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado Eric Hobsbawm, Era dos extremos. p. 458 e 481.
Adaptado.
moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a
exploração velada por ilusões religiosas.
A partir do texto, é correto afirmar que
A) os países do socialismo real, como a União Soviética,
A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas formas
acompanharam em parte as mudanças da década de 1970
jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é
e sobreviveram sem reformas, pois, mesmo sem o grande
a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao
avanço técnico-científico, conseguiram neutralizar os
contrário, são as relações de produção que ele contrai que
graves efeitos da burocratização, da economia planificada,
determinam a sua consciência.
da proletarização da classe média e do obsoleto parque
Adaptado de K. Marx e F. Engels, Obras escolhidas.
industrial e, ainda, mantiveram a unidade do bloco
São Paulo: AlfaÔmega, s./d., vol 1, p. 21-23, 301-302. socialista.
B) nos anos 1980, as reformas econômicas e políticas –
As proposições dos enunciados anteriores podem ser associadas a perestroika – colocaram os países do socialismo
ao pensamento conhecido como real no rumo do capitalismo, substituindo a ação
A) materialismo histórico, que compreende as sociedades estatal pelo mercado, com ênfase nas privatizações e
humanas a partir de ideias universais independentes da na abertura para o capital estrangeiro, medidas que
realidade histórica e social. obtiveram pleno êxito e fizeram a economia perder
B) materialismo histórico, que concebe a história a partir da suas características estatizantes, impedindo, ainda, o
luta de classes e da determinação das formas ideológicas fim do bloco socialista.
pelas relações de produção. C) a unidade do bloco do socialismo real foi motivada
C) socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo pelo equilíbrio da estrutura política dos Estados em se
por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura adaptar às necessidades da economia de mercado, pois a
do proletariado. planificação pelo Estado burocratizado é incompatível com
D) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, a economia de mercado, apoiada no desenvolvimento
com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado técnico-científico, nas crescentes privatizações, no apoio
por meio da ação direta. do capital externo e nas diferenciações salariais.
Anual – Volume 3 85
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
D) nos países do socialismo real, os problemas externos, D) Os movimentos de esquerda foram um dos fatores decisivos
isto é, da economia mundial, a partir dos anos 1970, no encerramento do Império alemão, instituindo o regime
responsáveis pelas oscilações do comércio internacional, socialista na Alemanha no início do século XX, por meio da
prevaleceram sobre os problemas internos, como a organização dos anarquistas. As forças de esquerda naquele
burocratização do Estado e o atraso técnico-científico, que país desejavam se articular com as revoluções socialistas em
sofreram reformas estatais nos anos 1980 e minimizaram curso no restante da Europa.
as graves tensões sociais, mantendo a união do bloco E) A esquerda dividiu-se em muitas vertentes entre o final
do século XIX e início do século XX, o que permitiu que
socialista.
somente os anarcossocialistas se tornassem uma força
E) além dos problemas internos da própria estrutura política
política crucial no cenário europeu, em especial na Itália
endurecida pela burocracia e pelo autoritarismo, os países
e na Espanha. Até então, as forças de esquerda foram
do socialismo real, a partir dos anos 1970, já inseridos no irrelevantes naquele continente, ficando à margem da
mercado mundial, enfrentaram o baixo desenvolvimento política de massas.
técnico-científico e as tensões sociais e ensaiaram, sem
êxito, nos anos 1980, reformas políticas e econômicas 10. (Uespi/2012) A modernidade não se fez sem a multiplicidade de
para manter a unidade do bloco socialista. saberes e o confronto de concepções de mundo. Por exemplo,
no século XIX, o movimento romântico
08. (Uespi/2012) O capitalismo se propagou em busca de mercados A) incentivou ideais nacionalistas e construiu críticas ao Iluminismo.
e de novas técnicas de produção. No entanto, o progresso B) negou as principais teorias de Rousseau e dos filósofos idealistas.
desejado não atingia a todos e provocava desigualdades. C) foi contra as tradições populares, o que favoreceu a escolha
Uma crítica radical ao capitalismo se expressou na obra de de caminhos elitistas.
Marx, que D) aceitou muitas regras do classicismo, desprezando o
A) renovou a concepção econômica da época, negando todos individualismo burguês.
os princípios defendidos pelos economistas clássicos e E) anulou a importância da memória histórica e do apego às
fisiocratas. tradições.
B) formulou propostas de revoluções sociais que lembram
as teses anarquistas mais comuns no movimento
bolchevique. Fique de Olho
C) definiu utopias importantes para resolver as questões
da desigualdade social, adotadas, com coerência, pelo
socialismo no século XX. Filmes:
D) acusou a existência de exploração do trabalho humano, Oliver Twist. Direção de Roman Polanski. Inglaterra/República Tcheca/
que trazia dificuldades sociais para a maioria da França/Itália, 2005. 130 min.
população. 1900 (Bernardo Bertolucci, 1976)
E) defendeu a organização da classe operária em sindicatos Pocilga (Pier Paolo Pasolini, 1969)
urbanos com a finalidade de constituir seus movimentos de Livros:
reivindicação.
ZOLA, Émile. Germinal. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 358-361.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo:
09. (UFPR/2012) Considerando os conhecimentos sobre os movimentos
Expressão Popular, 2009. p. 87-88.
de esquerda política na Europa ao longo do século XIX, é correto KROPOTIKIN, Piotr. O Estado e seu papel histórico. São Paulo:
afirmar: Imaginário, 2000. p. 90-91.
A) A esquerda foi importante para a implantação definitiva
do comunismo na França, por meio da Comuna de Site:
Paris, trazendo os sovietes para homens e mulheres, Aula respectiva da FBTV.
além de condições igualitárias de acesso ao trabalho
e à educação. Mas a sua atuação não foi favorável à
democracia, pois, após a I Internacional Comunista, a Aula 13:
C-2 H-7, 9
esquerda desvirtuou-se e passou a favorecer governos
Aula C-3 H-15
aristocráticos. Primeira Guerra Mundial C-4 H-18
B) A esquerda abrangeu um amplo espectro de ideais, 13
partidos, sindicatos e organizações (jacobinismo,
socialismos utópico e científico, anarquismo, partidos
e sindicatos de massa). De forma geral, ela exerceu
uma pressão fundamental para a instituição de direitos Introdução
democráticos em muitos países da Europa ocidental ao Ninguém imaginava que a Segunda Revolução Industrial,
final do século XIX, tais como legislação trabalhista e além de criar as bases para o desenvolvimento do imperialismo e
sufrágio universal masculino, que foram incorporados por do neocolonialismo, abrigaria motivações suficientes para ampliar
Estados aristocráticos e burgueses temerosos pelo “medo diferenças, conflitos, disputas e concorrências entre as nações
vermelho” (comunista/socialista). europeias, a ponto de produzir não somente artefatos de comércio
C) Os movimentos de esquerda fizeram uma grande pressão mas, também, uma Guerra de proporções consideráveis.
para que governos monárquicos adotassem constituições, O fato é que o século XIX, ao elaborar uma mentalidade
mas os socialistas utópicos recusavam-se a participar de romântica e nacionalista também ampliou as manifestações de
qualquer forma de governo burguesa. Isso frustrou o projeto sectarismo, mesmo que, aparentemente a parentela entre as nações
de uma revolução internacionalista, articulada pela I e II fosse caracterizada por casamentos e promessas entre filhos e netos
Internacional Comunista. de líderes governamentais.
86 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Bismarck chegou a afirmar o seu tédio, pois “todas as coisas As unificações tardias e o tardio
já haviam sido criadas...”. Ele mesmo acreditou que a Conferência
de Berlim fosse suficiente para apaziguar os possíveis e futuros Imperialismo
conclaves quando, na verdade, nem todos saíram satisfeitos Quando abordamos a retardatária unificação de nações
daquelas reuniões demoradas que transitaram entre 1884 e 1885. como a Itália e a Alemanha, não percebemos, em toda a sua inteireza
O fato é que, do interior das colônias africanas e asiática, que, o atraso não foi somente quanto à definição de um governo
bem como de suas fronteiras começaria a exsudar um cheiro de único para italianos e alemães, mas quanto à corrida imperialista
pólvora; também a pólvora de um passado no qual a França houvera para a qual a Inglaterra havia se tornado hegemônica.
perdido a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, na Guerra Com um quarto de todas as colônias extraeuropeias sob
Franco-Prussiana, de 1870. o controle britânico, pouco sobrou para suprir as necessidades
O revanchismo francês, aliás, foi um outro motivo da industrializantes dos germânicos, por exemplo, diante de uma
iniciativa de Otto Von Bismarck quanto à realização da Partilha da tímida e ainda limitada Itália.
África que tentava, com isso, compensar as perdas francesas e isolar Se Bismarck exaltou o espírito nacionalista alemão, através do
a França de alianças que viessem a ameaçar a geografia da recém pangermanismo, se a autoestima do país cresceu com a sua estratégia
unificada Alemanha. e discursos nacionalistas, bem como com a vitória sobre os franceses,
garantindo a tomada de um território rico em carvão mineral da Alsácia-
Hohum/Wikimedia Foundation
Lorena, por outro lado, os limites internacionais e colonialistas deixaram
os povos germânicos, de um certo modo, frustrados.
A necessidade de expansão industrial e comercial deixou a
Alemanha em um impasse diante da Inglaterra, sobretudo, quanto
à indústria naval e se os ingleses eram os líderes inquestionáveis
da corrida imperialista, sentiam-se agora ameaçados, enquanto os
alemães já não aceitavam esse status quo internacional.
A Conferência de Berlim não foi capaz de satisfazer
plenamente os anseios da Alemanha. Por isso, não se tratava de
esperar uma guerra, mas enxergar na guerra uma oportunidade de
aquisição e de ampliação territorial.
Mesmo que o governo italiano se identificasse com os
mesmos objetivos dos alemães, o fato é que os italianos estavam
confusos, pois também cobiçavam possessões similares às da
Alemanha. Daí a sua fragilidade em manter-se aliada.
O fim do “equilíbrio europeu” e a
política de alianças
A Guerra Franco-Prussiana pode ser definida como
o marco inicial da perda do chamado equilíbrio europeu, tão
defendido pelo antigo Congresso de Viena (1815), uma vez que
desencadeou o revanchismo francês e tensões entre as duas nações
Imagens da Primeira Guerra Mundial. em face da necessidade de controle de um território rico em carvão
mineral e ferro.
Outro importante elemento de análise, sobre os fatores que Tal rivalidade se estenderia às disputas pelas regiões da
levariam à Primeira Guerra Mundial e sobre o contexto anterior a África, sobretudo, com o surgimento da Questão Marroquina.
esse fenômeno histórico se prende à conjunção de aspectos relativos O século desfechara com a região do Marrocos sob forte
ao culto ao passado, associado ao romantismo; uma já complexa concorrência alemã, francesa e inglesa, situação de tensão geral
globalização do sistema capitalista consolidado e a existência de reações que somente alcançou algum apaziguamento com a realização da
aos impérios constituídos sob bandeiras ideológicas emancipacionistas. Convenção de Madri, em 1880, determinando que o território
Os alemães pareciam viver uma fase adolescente, seria igualmente explorado por essas nações.
querendo que o mundo os reconhecesse através de uma guerra; O problema é que aquela convenção foi transgredida no
a França parecia aguardar uma oportunidade para reaver a posse momento em que os franceses vieram a apoiar a posse britânica do
de territórios perdidos; a Inglaterra, ainda hegemônica, começava Egito, recebendo apoio para dominar completamente o Marrocos.
a se sentir ameaçada com o progresso germânico, enquanto o Em 1905 o então kaiser germânico Guilherme II passou a apoiar a
anarquismo era usado como estratégia por um grupo de bósnios autonomia do povo marroquino, abalando a diplomacia francesa
na região balcânica. com o sultão da colônia em litígio. O conflito somente voltou a ser
E o entusiasmo ou euforia nacionalista se misturava apaziguado com a realização da Conferência de Algeciras (1906)
ao medo de um conclave irreversível, daí as nações buscarem que decretava o igual direito de atuação econômica francesa e alemã
se proteger através da formação de blocos ou alianças na região; mesmo assim, novos conflitos não se fizeram esperar e
econômico-militares. somente se redefiniu novo apaziguamento quando os alemães cederam
Porém, se de um lado não estar sozinho para uma possível o direito de exploração do Congo Francês. Porém, a insatisfação
guerra representava alguma segurança para evitá-la, sob outro prisma, germânica prosseguiria alimentando as bases para a eclosão de uma
a formação de acordos comprometia as nações aliadas a se envolverem, grande guerra.
por efeito dominó, com motivações locais ou particularistas de guerra. Todo esse estado de tensão generalizada deixava clara a
A Primeira Grande Guerra representou, no cenário mundial, possibilidade de maiores conclaves, por isso, as nações se organizaram,
a expressão militar de uma guerra que já existia nos bastidores das mediante a formação de alianças. Em 20 de maio de 1882 foi criada
máquinas industriais – era a Guerra do Capitalismo; a guerra das a Tríplice Aliança com a ideia de formular uma espécie de barreira
burguesias politicamente consolidadas. político-militar, isolando a França, diplomaticamente.
Anual – Volume 3 87
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Alianças militares
em 1914
Poderes centrais
Tríplice Entente
Aliados eslavos da
Rússia
Grupos minoritários
da Áustria-Hungria
Mapa das alianças militares da Europa, em 1914.
A Tríplice Aliança confluiu os interesses da Alemanha e da Itália, porém, os italianos estabeleceram limites quanto ao seu apoio
em um caso de guerra e esse limite era a Inglaterra, ou seja, não se oporiam ao Império Britânico no caso de um conflito armado.
A Itália também assumiu esse acordo confusamente, já que a aliança era compartilhada pela adesão da Áustria-Hungria, antiga
inimiga do seu processo de unificação e regiões como da Dalmácia, Trentino e Ístria ainda tinha populações italianas e estavam sob o
controle austríaco.
Quando se falou em traição italiana na Primeira Guerra, os italianos, ao apoiarem a Entente, alegaram que a Tríplice Aliança era
um acordo de defesa, acusando a Alemanha e a Áustria-Hungria de desencadearem a guerra.
O direcionamento político de confronto, articulado pelo kaiser Guilherme II, com a questão marroquina e com a indústria naval
e com a aliança firmada com os austríacos e italianos, fizeram com que a França, interessada em combater o pangermanismo e as
pressões colonialistas alemã e austríaca, firmando um acordo com a Inglaterra, ficando pendente o apoio da Rússia à formação da
Tríplice Entente, sob a promessa de adquirir o domínio sobre o Império Turco Otomano que fracassara nas tentativas de obter um
acordo de apaziguamento com britânicos e franceses, por isso a sua aproximação do outro bloco.
Acrescentamos, ainda, que o afastamento de Otto Von Birmarck do centro do processo decisório, quanto aos rumos da política
europeia, também foi um fator decisivo para desequilibrar os acordos de paz de uma Europa que, há quase nove décadas não vivia um
processo de guerra.
Se o processo de industrialização já era ostensivo na transição do século XIX para o século XX, o desenvolvimento das máquinas
não se limitou à produção de artefatos ou produtos domésticos, importação e exportação do próprio maquinário na concorrência
selvagem que se estabeleceu entre as diversas nações europeias, a ponto de conduzi-las à exploração dos continentes africano e asiático.
Com a percepção mais clara de que as tensões nacionalistas se avolumavam e, sobretudo, com a formação de alianças,
inaugurou-se uma nova modalidade de indústria; a indústria armamentista.
88 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
British Government
Serbian archives.
Rei George V e um grupo de oficiais inspecionam
uma fábrica de munições britânica em 1917.
Essa foto é geralmente associada à prisão de Gavrilo Princip, embora alguns
acreditam que se trate de Ferdinand Behr, um espectador que foi inicialmente
Tão eficiente quanto a indústria comum, a indústria suspeito do envolvimento no assassinato.
armamentista também geraria lucros e empregos, alimentando a
Gavrilo Príncip, anarquistas, nacionalistas e radicais do
guerra não mais como possibilidade, mas como necessidade, para
Grupo Mão Negra conseguiram promover o atentado contra o
dar sentido à fabricação de armamentos em geral. arquiduque e a sua esposa Sophie, em 28 de junho de 1914, sendo
Interessante é notar que a divisão do trabalho, além arrastado pelos policiais, depois de duas tentativas fracassadas de
de atender à uma lógica própria do sistema fabril, também, suicídio: com um tiro e com um veneno já vencido.
garantiu a alienação do proletariado quanto ao fato de estarem Estava, portanto, deflagrada a faísca que fez explodir a
produzindo tanques, metralhadoras, submarinos ou aviões, Primeira Guerra, uma vez que a Áustria-Hungria, diante da iminência
enfi m, de um certo modo, estava garantido o “segredo de declarar guerra à Sérvia (apoiada pela Rússia), pediu o apoio da
Estado” necessário. Alemanha. O problema é que a entrada da Alemanha na guerra
levaria à oportunidade de confronto que a França tanto esperava
para recupera a Alsácia-Lorena.
A questão balcânica e Mesmo com as solicitações alemãs de neutralidade da
Rússia diante do evento, os russos, que já tinham aderido à Entente,
o estopim da guerra em 1907, demoraram a responder e acabaram apoiando os sérvios,
associando-se militarmente aos franceses.
As tensões entre sérvios e austro-húngaros se ampliaram A Inglaterra pretendia permanecer neutra, no entanto,
na medida em que os primeiros conseguiram garantir alguma os alemães invadiram a sua aliada Bélgica, sendo forçada a entrar
autonomia territorial, frente ao domínio imperialista na região. diretamente no conflito.
O território da Bósnia-Herzegovina tornou-se o epicentro
de um impasse que levaria a acender o estopim da Primeira Grande
Guerra.
O processo de guerra
Diversos grupos de ativistas se organizaram no interior do
Anual – Volume 3 89
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Estamos diante de uma guerra de caráter industrial; O problema é que a Alemanha sofria um cerco, contra a
seu armamentismo estaria forjado em uma tecnologia que a França e contra a Rússia na parte oriental, tendo que lutar em duas
tornava rápida, letal e extremamente eficiente. Desse modo, frentes de batalha mas concentrando-se, sobretudo, na busca por
foram abandonados os confrontos ou estratégias de colunas debilitar o exército russo, a partir de 1915. O problema é que a Itália
antes utilizados pelas nações, mediante marchas ao som de rompeu com a Tríplice Aliança, integrando-se à Entente Cordiale,
tambor e trompetes. ainda assim, os alemães contaram com a adesão da Turquia e da
Bulgária.
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90 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
A essa altura, a Europa caminhava para um colapso econômico; as matérias-primas estavam em processo de total
esgotamento; os milhões de soldados mortos tencionava ainda mais o apoio popular aos governos envolvidos; mulheres e crianças
tiveram que ser introduzidas no interior das fábricas; estouraram revoltas sociais na Itália, bem como na França, Áustria e Alemanha;
o estado de desequilíbrio minava a infraestrutura geral, provocando uma crise no próprio sistema capitalista.
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Tratado de Brest-Litovski, 1918.
No entanto, dois eventos alteraram os rumos da guerra: a Revolução Socialista Russa levou à assinatura do Tratado Brest-
Litovscky com a Alemanha – um armistício. E a entrada dos Estados Unidos na guerra, em face do afundamento do navio Luzitânia
que, embora inglês, conduzia civis norte-americanos.
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Anual – Volume 3 91
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
No entanto, a guerra trouxe consigo uma grande possibilidade O desfecho da guerra
de ampliar os lucros, provocando a expansão do parque industrial
dos Estados Unidos, por isso mesmo, mantendo-se neutro diante do
função da guerra.
1.000.000
O Brasil, por sua vez, vivia uma atmosfera de Bélle Époque
866.000
durante o século XIX e início do século XX, de modo que apenas
ensaiava maiores iniciativas na expansão industrial, mesmo que
ainda estivesse radicado como um país eminentemente agrário 500.000
exportador.
O governo Venceslau Brás havia optado pela neutralidade,
até porque o Brasil não tinha infraestrutura para uma guerra daquele 0
porte, além dos problemas internos que o mesmo enfrentava quanto Apr. 1 May 1 June 1 July 1 Aug. 1 Sept. 1 Oct. 1 Nov. 1
às questões trabalhistas e sociais, já em pauta naquele momento Aliados aumentaram sua força de linha de frente enquanto a força
histórico. alemã caiu na metade de 1918.
92 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
de marcos-ouro (moeda alemã); fornecer dezenas de toneladas de O NACIONALISMO
carvão sob o controle da França; devolver o território da Alsácia-
Entre as duas guerras, o esporte como um espetáculo de
-Lorena àquele país; eliminar a sua força área; aceitar a emancipação
massa foi transformado numa sucessão infindável de contendas,
da Polônia e Lituânia; ceder todas as suas colônias de ultramar para
onde se digladiavam pessoas e times simbolizando Estados-nações,
os países da Tríplice Entente; limitar o seu continente militar a apenas
o que hoje faz parte da vida global. [...] Eles simbolizavam a unidade
cem mil homens e não mais produzir armamentos. desses Estados, assim como a rivalidade amistosa entre suas nações
O fato é que tal humilhação desferida contra os alemães reforçava sentimento de que todos pertenciam a uma unidade, pela
se tornaria uma ferida, um rancor não curado, tornando o Tratado institucionalização de disputas regulares, que proviam uma válvula
de Versalhes, uma motivação para a eclosão da Segunda Guerra de escape para as tensões grupais, as quais seriam dissipadas de
Mundial, sob a liderança de Adolf Hitler, que havia sido um mero modo seguro nas simbólicas pseudolutas. [...]
soldado durante a Primeira Guerra. Entre as guerras, porém, o esporte internacional tornou-se
[...] uma expressão de luta nacional, com os esportistas representando
A herança da guerra seus Estados ou nações, expressões fundamentais de suas
comunidades imaginadas. Foi nesse período que [...] a Copa do
Novas fronteiras e espaços geográficos foram delimitados Mundo foi introduzida no meio futebolístico e, como demonstrou
após a Primeira Guerra Mundial, sobretudo com o surgimento o ano de 1936, que os Jogos Olímpicos se transformaram
do que se convencionou chamar de Leste Europeu, a partir da indubitavelmente em ocasiões competitivas de autoafirmação
fragmentação dos impérios Austro-húngaro e Turco-otomano. nacional. O que fez do esporte um meio único, em eficácia, para
A Áustria-Hungria se dividiu entre Tchecoslováquia, Áustria inculcar sentimentos nacionalistas, de todo modo só para homens,
e Hungria, sendo obrigada, ainda, a ceder territórios para a Itália, foi a facilidade com que até mesmo os menores indivíduos políticos
também para novos países como a Iugoslávia, Romênia e Polônia. ou públicos podiam se identificar como a nação, simbolizada por
Os turcos-otomanos tiveram que sofrer o domínio inglês jovens que se destacavam no que praticamente todo homem
fragmentando a sua parte oriental e tomando posse da Palestina quer, ou uma vez na vida terá querido: ser bom naquilo que faz.
(região neutra) e da Mesopotâmia, com a França controlando a A imaginária comunidade de milhões parece mais real na forma de
Síria e o Líbano. um time de onze pessoas com nome. O indivíduo, mesmo aquele
Além disso, devemos registrar o massacre ou genocídio que apenas torce, torna-se o próprio símbolo de sua nação. [...]
armênio que se iniciou em 1915, levando à morte de mais de [...] Entre os ex-beligerantes, o nacionalismo, é claro, tinha
1 milhão de armênios, que tiveram seus livros queimados, perseguição sido reforçado pela guerra, especialmente após a maré de esperança
de literatos, pensadores e poetas, além da sua deportação. revolucionária ter baixado no início da década de 20. O fascismo
Pode-se afirmar que a Primeira Guerra Mundial ocasionou e outros movimentos direitistas foram rápidos em explorar isso,
o fim da hegemonia europeia mundial e o enfraquecimento do fazendo-o, em primeira instância, para mobilizar os estratos médios,
exclusivismo econômico e industrial inglês, diante, sobretudo, da e outros apavorados com a revolução social, contra a ameaça
ascensão dos Estados Unidos. vermelha que podia ser – especialmente na sua forma bolchevique
O depauperamento geral das economias europeias também – rapidamente identificada com o internacionalismo militante e, o
que parece ser a mesma coisa, com um antimilitarismo reforçado
contribuiria para a futura crise do liberalismo econômico e político,
pelas experiências bélicas em 1914-1918. O apelo de tal propaganda
tendo como desdobramento o surgimento dos estados totalitários
nacionalista era bem mais eficiente, de fora, e os traidores, de
e a eclosão da crise de 1929, que abalaria o mundo capitalista.
dentro, pelo fracasso ou pela fraqueza. E havia bastante fracasso e
Também podemos anotar a formação do primeiro país
fraqueza para serem explicados.
socialista do mundo, com a vitória da Revolução Bolchevique,
liderada por Lenin, provocando, ainda, alguma industrialização dos HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780.
países da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. p. 170-2.
De algum modo estava predestinada a Segunda Guerra, em
face do revanchismo alemão que se estabeleceu e, sobretudo, em
função das problemáticas imperialistas que não foram solucionadas, Exercícios de Fixação
nem as disputas territoriais diluídas.
Anual – Volume 3 93
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
O Tratado de Versalhes foi elaborado no contexto das 03. (FGV/2018) Observe os dois mapas.
negociações de paz após o fim da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). A partir do texto anterior, observa-se que no
Reprodução/FGV 2018
tratado foram instituídas cláusulas para o governo alemão com
base no seguinte princípio:
A) belicismo.
B) revanchismo.
C) integracionismo.
D) colaboracionismo.
02. (Mackenzie/2018)
Reprodução/Mackenzie 2018
94 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
04. (Unesp/1998) “A guerra atual é, por parte de ambos 02. (PUCRJ/2017)
os grupos de potências beligerantes, uma guerra (...)
conduzida pelos capitalistas pela partilha das vantagens
Reprodução/PUCRJ 2017
que provêm do domínio sobre o mundo, pelos mercadores
do capital financeiro (bancário), pela submissão dos povos
fracos etc.”
Resolução sobre a Guerra, publicada no jornal
PRAVDA em abril de 1917.
05. (PUC-Camp/1998)
I. “... a disputa de mercados pela indústria inglesa, mais antiga,
e a emergente indústria alemã”;
II. “... conflitos do capital internacional e problemas das
minorias nacionais oprimidas pelos grandes impérios”;
III. “... interesse anglo-francês em manter a sua hegemonia
imperialista sobre as áreas periféricas do planeta,
situação privilegiada, ameaçada pela concorrência
da Alemanha Imperial, recém-chegada à corrida Disponível em: <http://www.iwmshop.org.uk/images/prod_12784.jpg>.
neocolonialista.” Acesso em: 19 set. 2016.
Anual – Volume 3 95
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
04. (ESPM/2015) “Foi um período caracterizado por rápidas CARTAZ FRANCÊS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
investidas. Os alemães invadiram a Bélgica, cuja resistência
Reprodução/Mackenzie 2014
heroica, notadamente em Liège, possibilitaria a plena mobilização
dos franceses e dos russos. Apesar dos esforços franceses, 78
divisões germânicas armadas com artilharia pesada chegaram às
vizinhanças de Paris. Graças à extrema habilidade do general Joffre,
os alemães foram obrigados a recuar até o vale do Rio Marne,
onde, em setembro, foi disputada a primeira batalha do Marne
com a participação de 2 milhões de homens.”
Luiz Cesar Rodrigues. A Primeira Guerra Mundial
96 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
C) Ao aliar-se à Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial, 10. (FGV/2000) Os 14 pontos apresentados pelo presidente
o Império Turco-Otomano saiu fortalecido do conflito tanto norte-americano Woodrow Wilson, em janeiro de 1918,
política quanto economicamente, o que lhe proporcionou refletem alguns objetivos para a paz na Europa após a Grande
uma sobrevida até a Segunda Guerra Mundial. Guerra. Entre eles destacou-se a
D) Uma consequência direta da Grande Guerra foi o A) determinação da independência da Hungria, da Polônia, da
estabelecimento de uma República Turco-Grega com sede Iugoslávia e da Tchecoslováquia.
em Istambul e liderada por Mustafá Kemal. B) autorização para que os franceses passassem a controlar a
E) A Grande Guerra exauriu todos os recursos do sultanato, Síria, e os ingleses, a controlar a Mesopotâmia e a Palestina.
deixando-o definitivamente à mercê das grandes potências, C) correção do episódio que tinha perturbado a paz mundial
que, entre 1915 e 1917, negociaram a futura partilha do seu por muito tempo e determinava a devolução do território
território. da Alsácia-Lorena à França.
D) incorporação da Eslováquia à República Tcheca.
08. (UPF/2013) Após a Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos E) determinação de que a Bulgária cedesse para a Romênia, a
da América destacaram-se no contexto internacional como Iugoslávia e a Grécia, a maior parte dos territórios anexados
um dos vencedores do conflito e como principal país industrial durante as guerras balcânicas.
do mundo. Sua riqueza contrastava com a Europa, devastada
com o conflito e ainda buscando sua reconstrução. Todavia,
a prosperidade dos anos 1920 não duraria muito para os
estadunidenses. Em 1929 a queda brusca dos valores das ações Fique de Olho
negociadas na Bolsa de Nova York desencadeou uma das mais
graves crises do capitalismo mundial.
Filmes:
Sobre o contexto mencionado anteriormente é correto afirmar Nada de Novo no Front (1930)
que: Glória Feita de Sangue (1957)
A) a Primeira Guerra Mundial foi muito vantajosa para os Lawrence da Arábia (1962)
estadunidenses, pois, para suprir a demanda de produtos e
alimentos da Europa em guerra, os EUA tiveram sua indústria Livros:
ampliada, diversificada e consolidada. ISNENGHI, Mario. História da Primeira Guerra Mundial. São Paulo:
B) as vendas de produtos foram estimuladas pela oferta de crédito Ática, 1995.
facilitado e de parcelamento das compras de bens duráveis. HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780. Rio de
C) a situação de depressão econômica nos EUA começou a Janeiro: Paz e Terra, 1991
ser diminuída com a eleição do democrata Franklin Delano KROPOTIKIN, Piotr. O Estado e seu papel histórico. São Paulo:
Roosevelt e a posterior implantação do New Deal (Novo Imaginário, 2000. p. 90-91.
Acordo).
D) o cotidiano dos cidadãos norte-americanos foi bruscamente Site:
alterado pela crise iniciada em 1929. A Cruz Vermelha Aula respectiva da FBTV
organizava filas para a distribuição de comida e roupas, http://spotniks.com/a-1-guerra-mundial-em-25-fotos-colorizadas/
em um contraste com o anunciado american way of life
(estilo de vida americano), que tinha como pressupostos o
Seção Videoaula
consumismo e o liberalismo econômico.
E) todas as alternativas estão corretas.
C-2 H-10
independentes e adotaram o socialismo soviético, conforme Aula C-3 H-11, 14
acordado no Tratado de Brest-Litovski. Revolução Socialista Russa H-15
C) Essa Guerra marcou o final dos Impérios Austro-Húngaro 14
e Otomano, a implantação do modelo democrático-liberal
em vários países europeus, a afirmação do princípio de
autodeterminação dos povos em bases étnicas e culturais e a
grande penalização da Alemanha pelo Tratado de Versalhes. Introdução
D) A Alemanha e a Itália foram as grandes derrotadas nessa A história não se desenvolve de um modo uniforme.
guerra, perdendo parte de seus territórios, que se declararam A prova disso é a Revolução Russa diante de um passado marcado
independentes pelo princípio de autodeterminação do pelo Antigo Regime e da presença ainda de elementos próprios do
presidente Woodrow Wilson. arcaico sistema feudal.
E) Além do final do Império Otomano, essa guerra trouxe o fim Também não podemos afirmar que os historiadores,
dos impérios coloniais de França e Alemanha, sem contar analistas, revisionistas e pensadores da ciência histórica são profetas,
o fim do recém-implantado socialismo soviético, por conta tendo em vista que muitas das suas perspectivas também sofrem o
do Tratado de Versalhes. condicionamento e o limite do seu tempo.
Anual – Volume 3 97
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Karl Marx, por exemplo, imaginava que o Socialismo seria o Ao lado desse cenário de euforia transformadora e radical
resultado das contradições capitalistas e acreditava, portanto, que a se conglomeravam os mencheviques, mais moderados e crentes
nação que se achasse mais desenvolvida em termos capitalistas é que em uma mudança que preservasse a figura do czar sem grandes
sofreria a revolução do proletariado. No entanto, a Inglaterra, como poderes, subserviente à autoridade do parlamento.
berço e liderança industrial, prosseguiu capitalista e o socialismo viria a De fato, o turbilhão histórico-social da Rússia viveria três
se manifestar em um país ainda, predominantemente, rural. momentos de grande convulsão: o Ensaio Geral, a Revolução
de Março e a Revolução de Novembro.
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O governo marcou a sua administração pelo abuso do
poder, pelo descaso com os problemas econômicos e sociais dos
camponeses, pela irreflexão na utilização do exército na Guerra
Russo-Japonesa de 1904, por ignorar a força das novas ideias
marxistas, pela violência com que tratou a Passeata Pacífica de
1905, pela irresponsabilidade e falha estratégica ao enviar as suas
tropas para a Primeira Guerra, desprotegendo-se internamente,
diante dos rumores revolucionários que já tomavam conta das ruas
de São Petersburgo.
“Todo poder aos soviets” era o grito que ressoava nos quatro
cantos da Rússia...
A Rússia pré-revolucionária
Maior país de toda a Europa, a Rússia tinha uma densidade
demográfica de, aproximadamente, cento e setenta milhões de
habitantes, situando-se entre o extremo leste da Ásia e toda a
Europa Oriental. Era um mosaico de culturas, etnias e nações fixadas,
sobretudo, na zona rural.
O processo de industrialização russo, portanto, representou
um anacronismo diante de tanto atraso econômico e tão variadas
Única página que restou do primeiro rascunho
do Manifesto Comunista, escrito à mão
crises existentes entre o campesinato, diante de um reduzido
por Karl Marx. operariado que se formava incipientemente.
98 Anual – Volume 3
História III CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias
Com a ascensão de Nicolau II (1894-1917) houve algum
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impulso ao processo de industrialização geral, a partir do
endividamento externo e de alianças feitas com o capital
internacional.
A circulação de capital permitiu um fluxo financeiro capaz O investimento financeiro foi alto, porém, os russos vieram
de dar suporte à urbanização, com o crescimento das cidades e a ser derrotados, desestruturando o exército e a população pelo
abertura de vias férreas que alcançaram até o extremo oriente do elevado número de mortos, bem como pela vergonha nacional.
país. Desse modo, os contrastes e abismos sociais se alargaram Durante o processo de guerra, marinheiros iniciaram uma
ainda mais, diante de um reduzido número de burgueses e de um revolta, tomando o couraçado Potekimin, juntamente com soldados
extremo autoritarismo de Estado. do exército; explodiram, ainda, greves e protestos contra o regime
czarista e o seu autoritarismo e descaso.
Quaisquer revoltas eram duramente reprimidas, sendo quase
Parte da classe média, intelectuais e uma minoria elitista,
todas as forças oposicionistas anuladas, inibidas ou expulsas do
articulados através do partido Cadete ou Partido Constitucional
território nacional. Democrático passaram a pressionar o governo por reformas
Com a criação do Partido Social-Democrata Russo, em sociais urgentes. Manifestações se fizeram sentir diante do Palácio
1898 e de cunho socialista, o número de seus coligados cresceu de Inverno, em São Petersburgo, por volta do mês de janeiro de
assombrosamente, compondo-se de operários, camponeses e 1905, na tentativa de fazer o czar despertar da sua indiferença,
intelectuais variados, porém, muitos dos seus líderes, exilados utilizando-se de um manifesto.
que se achavam, fora da Rússia, realizaram uma Convenção Também chamada de a “Passeata Pacífica”, com a presença,
em Londres, por volta de 1903, contando com a presença de inclusive, de padres como o Padre Gapon, o movimento conduzia
personalidades como Lenin e Plekhakov. uma espécie de petição dos operários ao czar; no entanto, o
A convenção, entretanto, não se desenvolveu de forma Czar Nicolau II mandou atirar na multidão, causando centenas de
homônima, em face da oposição interna de ideias entre os mortes e fazendo esse domingo ser conhecido como o “Domingo
seus integrantes. A maioria (os bolcheviques), sob a liderança Sangrento”.
de Vladimir Lenin, pretendia criar um exército popular para Com a derrota para o Japão, a crise russa aumentou.
articular uma luta armada a fim de tomar o poder; a minoria O Japão tinha navios de tecnologia e potencial superior aos da
(menchevique), encabeçada por Julius Martov, imaginava Rússia, humilhando o seu rival e se revelando como uma potência
imperialista, fato que também ajudou a desgastar, cada vez mais a
chegar ao poder de modo pacífico, sem confrontos ou
imagem da família real e do regime czarista.
traumas, desenvolvendo alianças e acordos, mediante eleições
O episódio da tomada do couraçado Potekin, em 1905,
democráticas.
no mar negro reforçou a pressão popular, obrigando Nicolau II a
fazer algumas reformas liberalizantes, tais como a aceitação de
A guerra russo-japonesa uma Assembleia Constituinte, que mais tarde se converteria
em Congresso Nacional, mesmo com a maioria das atribuições e
e a situação interna deliberações centradas nas mãos do czar.
O imperialismo alcançou a esfera geográfica do Oriente,
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Anual – Volume 3 99
CiÊnCias Humanas e suas teCnoloGias História III
Na medida em que a autocracia do governo não cedia O governo provisório
espaço para uma mais ampla cidadania popular, camponeses,
soldados e operários formavam conselhos chamados “sovietes”, A expansão das revoltas em 1917 tomou as ruas de
permitindo uma unidade revolucionária que serviu de base para a Petrogrado, que passou a ser chamada de São Petersburgo, já que
futura articulação bolchevique, na tomada do poder. aquele nome era tido como de origem alemã. Os ativistas exigiam
O Parlamento ou Duma Legislativa, no entanto, apenas o fim do governo czarista. Em março, os revoltosos dominaram,
completamente, as ruas da capital e as tropas acionadas pelo
figurava diante das medidas neutralizantes do Czar, afastando a
governo agora se recusavam a atirar na multidão.
possibilidade de uma mudança pautada em parâmetros pacíficos,
ainda mais que a repressão aos movimentos populares prosseguiu
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até 1912.
um governo provisório.
Com a renúncia do Czar, o poder da Duma se ampliou,
com a presidência atribuída ao presidente, um liberal de
nome Georgy Lvov, tendo Kerenski como vice-presidente,
representando o soviete de Petrogrado. O governo provisório
discutiria a permanência ou não na Primeira Guerra Mundial
e o perdão daqueles que se achavam exilados. Isso permitiu
o retor no de Lenin e Leon Trotski, que contribuiriam
ostensivamente para o fortalecimento político dos sovietes.
Os radicais esbarraram na premissa menchevique de
que as classes populares não tinham condições de assumir o
poder diretamente.
O problema é que o estado da Rússia na guerra se
agravava com o avanço da Alemanha e uma atmosfera de
insegurança tomou conta da população, gerando pressões
sobre o governo provisório e a consequente renúncia de
Lvov. Kerenski assumiu o comando sob a tentativa fracassada
de golpe por parte dos bolcheviques, que passaram a ser
Grigori Rasputin.
perseguidos violentamente, a ponto de Lenin ter que se exilar
As derrotas militares da Rússia, em 1915, foram vergonhosas, na Finlândia, enquanto Trotsky organizava uma revolta armada
mais de um milhão de soldados mortos. Foi por isso que Gregory a partir de Petrogrado, na condição de presidente do soviete
Rasputin, um místico que havia se associado à família Romanov em local, formulando o que se convencionou chamar de “Guarda
face da doença do filho do Czar e da sua esposa Alessandra, Alexei Vermelha”.
que tinha hemofilia, aconselhou Nicolau II a retirar urgentemente Em agosto de 1917, um novo golpe foi articulado
as suas tropas. pelo partido Cadete, juntamente com outras forças
Rasputin foi misteriosamente morto, para que a sua contrarrevolucionárias, ameaçando o encaminhamento
influência evitasse a saída da Rússia da guerra. O militarismo das transformações soviéticas. Embora debelado o golpe,
czarista tornou-se o seu suicídio político, já que a família real ficou fortaleceram-se as bases do bolchevismo quanto à necessidade
desprotegida em relação à possibilidade de uma guerra civil. de tomar o poder urgentemente.
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geral do governo se tornou o epicentro na busca por compatibilizar produção e população.
de um grave conflito, aparentemente Em 1921, foi criado o GOSPLAN, ou Comitê Estatal de
ideológico. Planejamento, cuja função específica seria formular os planos
O então secretário-geral do econômicos do governo para aplicação de cinco anos; também
Partido Comunista, Josef Stalin e Leon chamados de Planos Quinquenais. Dois deles foram instituídos no
Trotsky, que era o chefe da Guarda período entre guerras.
Vermelha, também líder da Revolução Embora a prioridade do primeiro plano (1928-1932) fosse
de Outubro (novembro), bem como garantir a plena reforma agrária ou coletivização da propriedade,
comissário de Defesa da URSS, travaram também se preocupou em expandir o processo produtivo nas áreas
uma verdadeira guerra de poder pela industrial e agrária, sobretudo, quanto à indústria pesada ou de
condução dos destinos do país. Josef Stalin. base.
O motivo da divisão instaurada pelos dois ativistas era o fato O fechamento da União Soviética à economia de mercado e
de não concordarem sobre o futuro da revolução. Trotsky defendia aos capitais estrangeiros a protegeu dos abalos sofridos pelos países
a internacionalização do processo revolucionário, sob pena capitalistas quando da Crise de 1929. Nesse momento da história,
de a União Soviética ficar tão isolada que se fragilizaria diante do a população russa enxergava em Stalin uma espécie de “messias”,
ataque de países anticomunistas. Segundo ele, a revolução viveu isso comemorando o que acreditavam ser um acerto do seu governo
quando ingleses, norte-americanos, japoneses e franceses tentaram e de Karl Marx.
auxiliar as tropas contrarrevolucionárias. Foi nesse período que surgiram os sovcoses; assim chamadas
Stalin tinha uma abordagem voltada para a consolidação e as fazendas estatais que funcionavam mediante o assalariamento
o fortalecimento interno do socialismo na URSS, que era a política do camponês integrado e os kolcoses ou cooperativas com terras
conhecida como “o socialismo em um só país”; para somente depois destinadas à produção camponesa.
disseminar o regime por outras nações. Isso permitiu que a Rússia chegasse a uma condição de
Embora a diferença estivesse mais no momento da difusão potência industrial até que fosse aplicado o segundo plano, entre
do que na posição, em si, de ambos o fato é que essa luta se tornou 1933 a 1937, com a aceleração do processo produtivo e a aplicação
violenta, sobretudo, com a vitória de Stalin, em 1928, que foi de tecnologias mais avançadas. Porém, por mais espantoso que
empossado pelo Partido Comunista e, assim que assumiu o comando pareça, o status social do trabalhador ainda parecia pior do que
central do país, passou a perseguir Trotsky que foi obrigado a fugir, em países com regime capitalista de trabalho e assalariamento.
primeiramente para a Inglaterra e depois para o México, onde foi Na aplicação do terceiro plano, a URSS acabou se envolvendo
encontrado por um agente secreto de Stalin e morto. na Segunda Guerra Mundial, voltando a sua produtividade para
a indústria armamentista de guerra. A conjunção de fatores
associando o estado de guerra com a necessidade de garantir
Bundesarchiv, Bild 183-R15068 CC-BY-SA 3.0/ Wikimedia Foundation
Reprodução/UFU 2017
baseava-se na ideia de que
A) as revoluções operárias vitoriosas ocorreram ao longo da
história nos países mais industrializados.
B) as rupturas sociais radicais, inauguradas pela Revolução
Francesa, deram origem a regimes totalitários.
C) o sucesso revolucionário seria possível somente no caso
da propagação da revolução para países dominados pelos
europeus.
D) a vitória dos comunistas na Rússia foi liderada por partidos
oriundos dos movimentos camponeses.
E) a revolução bolchevista deveria enfrentar a questão do
desenvolvimento econômico do país.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História: geral e Brasil.
Vol. único, 1. ed. São Paulo: Atual, 2003, p. 316.
04. (UFRRJ/2005) Leia o texto a seguir.
Em 1921, o problema nacional central era o da Essas imagens apresentam um dos recursos utilizados pelo
recuperação econômica – o índice de desespero do país é stalinismo para a anulação dos “inimigos” do regime soviético.
eloquente: naquele ano, 36 milhões de pessoas não tinham A respeito do stalinismo na União Soviética, marque a
o que comer. Nas novas e ruinosas condições da paz, alternativa correta.
o “comunismo de guerra” revelava-se insuficiente: era preciso A) Stalin empreendeu um governo autoritário, com
estimular mais efetivamente os mecanismos econômicos da características totalitárias, espalhando o terror, massacrando
sociedade. Assim, ainda em 1921, no X Congresso do Partido, grupos considerados oposicionistas, cujas práticas
Lenin propõe um plano econômico de emergência: a Nova foram denunciadas e apuradas após sua morte, o que
Política Econômica. desencadeou uma grande crise do socialismo real e do
marxismo ocidental.
NETO, J. P. O que é Stalinismo. São Paulo: Brasiliense, 1981. B) No plano econômico, foram estabelecidos os chamados
Planos Quinquenais, responsáveis pela implementação da
Sobre a chamada Nova Política Econômica, é correto afirmar reforma agrária com distribuição de pequenas propriedades
que aos camponeses e incentivo ao consumo de bens
A) ela reintroduziu práticas de exploração econômica anteriores domésticos que promoveu a melhoria do padrão de vida
à Revolução Russa de 1917 que se traduziram em um dos trabalhadores em relação ao mundo capitalista.
abandono temporário de todas as transformações socialistas C) A segunda fotografia, ao retirar a figura de Trotsky,
já feitas e um retorno ao capitalismo. demonstra a tentativa de eliminar não só a presença deste
B) ela consistiu na manutenção de elementos econômicos líder dos documentos oficiais, mas a sua própria memória
socialistas, na organização da economia (como o planejamento) em relação à Revolução Russa, quando defendia que a
e na permissão para o estabelecimento de elementos revolução socialista deveria ser limitada ao território russo
capitalistas por meio da livre iniciativa em certos setores. para depois estendê-la a outros países, na chamada política
C) ela significou fundamentalmente uma reforma agrária radical do socialismo em um só país.
que promoveu a coletivização forçada das propriedades
D) A imagem de Stalin como o grande líder da revolução pode
agrárias e a construção de fazendas coletiva, os Kolkhozes.
ser atestada pela sua postura diante dos trabalhadores na
D) seu resultado foi catastrófico, mesmo permitindo a volta
foto e pela técnica de adulteração de fotografias que retirou
controlada de relações capitalistas na economia, já que ela
Trotsky da segunda imagem. Estas iniciativas foram também
ampliou ainda mais o nível de desemprego e produziu fome
implementadas nos programas radiofônicos e na produção
em grande escala.
de filmes pelo governo de Stalin, a fim de justificar as suas
E) ela significou, com a abertura para o capitalismo, um aumento
medidas impopulares no chamado “comunismo de guerra”.
substancial da produção industrial, mas, ao mesmo tempo,
por ter retirado todos os incentivos anteriormente concedidos
à produção agrícola, foi a razão da ruína do campo.
Exercícios Propostos
05. (UFU/2007) Interprete as imagens a seguir.
ANTES
01. (Mackenzie/1998) “Hoje ainda é moda (...) falar da Revolução
Reprodução/UFU 2007
03. (Unesp/2015) A influência e o domínio do povo pelo A partir do fragmento, é correto afirmar que
“partido”, isto é, por alguns recém-chegados (os ideólogos A) o processo de criação do Estado socialista na Rússia,
comunistas procedem dos centros urbanos), já destruiu a a partir de 1917, faz-se com métodos violentos,
influência e a energia construtiva desta promissora instituição defendidos pela autora: esvaziamento do poder dos
que eram os sovietes. No momento atual, são os comitês sovietes, fortalecimento da polícia secreta, burocracia e
do partido e não os sovietes que governam a Rússia. E sua implantação de uma ditadura para realizar as mudanças
organização padece de todos os defeitos da organização econômicas tão importantes naquele momento de
burocrática. crise.
B) o texto da militante comunista é uma crítica à forma
KROPOTKIN, Piotr. Carta a Lênin (04.03.1920). como a Revolução de 1917, liderada por Lênin, organizou
Textos escolhidos, 1987.
o Estado de forma centralizadora, burocrática, sem
As críticas do anarquista Kropotkin a Lenin, presentes nessa tolerar a oposição, impunha a requisição de grãos, a
carta de 1920, indicam a sua estatização com o comunismo de guerra, afastando-se
A) crença de que o partido bolchevique consiga reconhecer o da democracia.
C) a militante anarquista russa critica a forma como a
poder supremo dos sovietes e extinguir a injustiça social,
liderança menchevique usa meios violentos para implantar
a hegemonia burguesa e o autoritarismo.
o socialismo, baseado na reforma agrária, no controle dos
B) insatisfação em relação à diminuição da influência das bancos, dos transportes e das riquezas do subsolo, na
associações de soldados e trabalhadores e ao aumento da tentativa de diminuir as distâncias sociais e aumentar o
influência política das lideranças bolcheviques. poder dos sovietes.
C) disposição de anular a influência dos sovietes, para que D) a autora considera que a Revolução Russa de 1917 havia
o Estado russo seja eliminado e se instale uma nova avançado no seu projeto de construção do Estado socialista e
organização política, baseada na supressão de toda forma no êxito de suas realizações econômicas: controle da máquina
de poder. administrativa para evitar a corrupção, a organização do
D) avaliação de que o partido social-democrata se tornou, após Estado de forma democrática e o estabelecimento da
propriedade coletiva.
a Revolução de Outubro de 1917, o único grupo político
E) a militante comunista alemã, a partir de uma crítica
capaz de conter as manifestações sociais e reestruturar o
contundente, aponta erros na rota planejada por Lênin
Estado russo. para o Estado socialista russo e sugere caminhos como:
E) discordância diante do esforço organizativo do país, o controle público da economia, o terror com a polícia
empreendido pelos bolcheviques, e sua aposta no retorno secreta, sanções contra a corrupção administrativa
da monarquia parlamentar derrubada pela Revolução de e, por fim, a ditadura para garantir os princípios
Outubro de 1917. socialistas.
Site:
100
Aula respectiva da FBTV.
Seção Videoaula Oct Jan Apr Jul Oct Jan Apr Jul Oct
1929 1930
C-2 H-10
Aula
James Eaton-Lee CC BY-AS 3.0/Wikimedia Foundation
C-3 H-11, 14
A Crise de 1929 H-15
15
Introdução
Pode-se afirmar que a Primeira Guerra Mundial se
transformou em um mercado; o mercado de armas, munição, aço,
roupas, medicamentos, alimentos e suprimentos em geral; embora
caracterizada como Mundial, o eixo da guerra se concentrou no
epicentro Europa, África e Ásia. Isso tornou possível o lucrativo
isolamento norte-americano. E um dos fatores para a quebra
dessa política de neutralidade foi exatamente o risco de que o
prolongamento da guerra não garantisse o retorno financeiro do
que foi aplicado.
Concluído o conclave, os Estados Unidos retornam à posição
de isolamento por força da oposição no Congresso Nacional, quanto
à possibilidade de envolvimento mais direto do país na Liga das Uma placa comemorativa para Adam Smith
Nações. está localizada na sua cidade natal, Kirkcaldy.
Wikimedia Foundation
Em quase todas as fábricas e indústrias já se utilizavam dos
motores elétricos e as mercadorias de lá saiam obedecendo a um
padrão específico, sob a supervisão de escritórios burocráticos e do
planejamento do sistema fabril.
Henry Ford, o pioneiro da indústria automobilística
aplicou os princípios do taylorismo de modo a também oferecer um
modelo eficiente que, logo, foi adotado pelos setores produtivos
de eletrodomésticos.
O gover no autorizou e instituiu os sistemas de
crédito que se tornou uma forma de equalizar os possíveis
desequilíbrios entre a oferta e a procura, incrementando o
mercado de consumo, com a ilusão da fácil aquisição e da
Agentes do governo no ato de confiscar e descartar
euforia consumista, sobretudo nos segmentos médio e bebidas clandestinas em Chicago em 1921.
elitizado da sociedade norte-americana, uma vez que a política
salarial havia se tornado cada vez mais desigual.
O decreto dividiu opiniões e causou grande polêmica,
O equilíbrio desse quadro interno estava no consumo
porém enriqueceu os bolsos de indivíduos que passaram a ver no
proveniente dos mercados europeus que adquiriam produtos
momento uma oportunidade de crescimento financeiro, a partir
norte-americanos quase que, por tradição ou status.
da formação de um comércio paralelo e clandestino. O tráfico de
A aplicação da eletricidade pode ser considerada um dos
bebidas alcoólicas tornou homens como Capone milionário; nascia
grandes marcos desencadeadores do desenvolvimento industrial dos
o gangsterismo, que se tornou um dos graves problemas da lei
países ricos da década de 20, mas a sua utilização não se limitou
às máquinas convencionais. Também contribuiu para a difusão da naquele momento, em face de assassinatos individuais e coletivos,
cultura e da informação, encurtando distâncias. forjados pela luta de grupos mafiosos por áreas ou pontos de
O século XX, aliás, tornou-se a época da modernização das comércio negro.
prensas, das comunicações, da difusão dos jornais, da mudança Na perspectiva do conservadorismo, houve o crescimento
da linguagem que passou a ser mais direta e objetiva, mais visual e da K, ou Ku Klux Klan; desde 1865, quando foi criada, a KKK
dinâmica. Assim, fotos, ilustrações, cartuns e imagens em geral eram ampliou o número dos seus adeptos em função da tentativa de
rapidamente impressos para alcançar as mais diversas distâncias, já manter as tradições escravistas de algumas regiões como Pulaski,
que os transportes também encurtaram as distâncias. Alabama, Virgínia, Tennessee, tendo sido reprimida pelo governo
Além disso, o processo de fotografar e revelar se tornou mais federal, no final do século XIX e retornado com grande força a partir
simples e veloz, aperfeiçoando uma invenção do século anterior; desse de 1915. Dessa vez, o objeto de ódio ou agressão do grupo não
modo, o mundo da imagem abriu caminho para a expansão do mundo eram somente os negros, mas também judeus, afrodescendentes,
do cinema, também do século XIX, adquirindo som, especialização de católicos e estrangeiros.
estúdios, registros mais eficientes e de melhor qualidade. Alguns historiadores denominam essa fase com o tempo de
Mas a década de 20 foi a década do rádio, tornando-se um Wasp, iniciais das palavras White, anglo-saxon, protestant, como
dos instrumentos mais eficazes de difusão da comunicação à época, imposição de um padrão para se viver nos Estados Unidos.
a ponto de, em apenas uma década depois, haver um verdadeiro
parque radiofônico na maioria dos países ocidentais; assim, músicas, E o tempo parou
notícias e propagandas alcançavam as mais diversas pessoas.
Da radiofonia, os inventores desenvolveram o fonógrafo, A Europa, como epicentro da Primeira Guerra, teve a sua
capaz de gravar a voz e o canto, a música e a melodia, enfim, a partir vida financeira estagnada, sobretudo porque os países das potências
da confecção de vitrolas, eletrolas e congêneres, multiplicando, com centrais e mesmo dos vencedores da Entente tiveram grande
isso as agências de propaganda, algumas das quais se tornaram dificuldade em se recuperar da guerra, com graves problemas
poderosas. socioeconômicos para solucionar.
Abria-se, desse modo, um caminho também para a difusão O antigo Império Britânico, líder hegemônico da industrialização
das ideias, ideologias e concepções políticas; a massificação não e imperialismo, sofreu uma grave decadência e, mesmo a tentativa de
se fecharia no aspecto de natureza industrial ou econômica, mas aumentar a produção industrial, na busca de ampliar os seus mercados
também no sentido cultural, inclusive, padronizado, gerando consumidores, deu-lhe uma sobrevivência econômica tímida, com a
debates e críticas variadas. desvalorização da libra e a retração da demanda externa.
NARA
britânicos, estava afundada em dívidas e retardou a sua recuperação
econômica, mesmo com o saldo territorial, relativamente positivo e
com os benefícios advindos do Tratado de Versalhes.
O pior contexto econômico foi o da Alemanha, devastador,
por sinal, uma vez que, além das imposições dos tratados de guerra,
dos pesados encargos e indenizações, não houve qualquer chance de
recuperação econômica, sofrendo uma hiperinflação, desemprego em
massa e humilhação internacional. De um lado cresciam, em projeção,
os países de esquerda, de outro as ideologias totalitárias do nazismo.
Os países do Leste Europeu e da Região Balcânica também
enfrentaram grandes dificuldades, sobretudo em face da política
geográfica adotada que levou ao esfacelamento dos impérios
austro-húngaro e otomano.
A crise afetou também os países mediterrâneos, tais como a
Espanha e a Itália, abrindo caminho para o extremismo nacionalista
do franquismo e do fascismo, em face da ameaça de adoção de
ideologias de esquerda.
Diversas nações da América Latina tiveram que alterar
o curso dos seus investimentos para promover a substituição
das importações, estimulando o processo de industrialização e
reforçando a ideologia nacionalista dessas regiões. Programas do New Deal contratavam
professores desempregados para
Dorothea Lange/Library of Congress
providenciar programas
educacionais gratuitos.
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Um exame atento das ideias de Quesnay revela um
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source: Historical Stats US series F32 and Y493
sabor curiosamente pessoal em seu pensamento. Ele chegou à
Dívida pública dos EUA - 1929-50. economia em uma idade tardia, após uma vida inteira na medicina.
Sua receita para a economia tem impressionante semelhança com
Outra observação que podemos fazer é a de que a maioria sua atitude em relação à saúde. O direito natural faz eco à sua
dos países capitalistas sofreram com a crise de 1929, porém a União crença da capacidade do corpo de se curar por si só; o laissez-faire
Soviética, em face do seu isolamento em relação à economia de corresponde à abordagem não intervencionista. E suas virulentas
mercado não sofreu qualquer forma de desestruturação, fato que ideias anticomerciantes? É impossível não pensar que o sucesso de
foi objeto de grande exaltação por parte dos intelectuais socialistas, seu pai como pequeno negociante, e talvez sua atitude laissez-faire
atribuindo uma condição messiânica salvacionista a Stalin. em relação à educação do filho, podem ter alguma coisa a ver com
isso. Um engenhoso psicólogo francês propôs uma sugestão ainda
Leitura Complementar mais arguta. Aparentemente, a condenação de seu pai à classe
estéril, feita por Quesnay, contém a sugestão implícita de que o
jovem Quesnay suspeitava que era ilegítimo.
ANTES DE ADAM SMITH A capacidade racional de Quesnay de perceber um esquema
global de coisas é que se provaria mais produtiva. Os fisiocratas exibiam
Muitos mercantilistas haviam acreditado também que
a riqueza de uma nação podia ser medida por seu ouro, uma uma curiosa mescla de liberalismo (laissez-faire) e feudalismo (sistema
suposição natural da parte de um negociante. No entanto, um de classes). Ali estava, contudo, o primeiro pensamento estruturado
proprietário de terras numa economia, predominantemente, rural sobre esse assunto, e alguns dos conceitos que eles elaboraram
tende a ver sua terra como sua riqueza. E essa era precisamente deveriam se tornar traços permanentes do cenário econômico.
a ideia dos fisiocratas: seu terceiro conceito central. Segundo O mais notável deles foi, é claro, o laissez-faire, junto com as primeiras
Quesnay, “a agricultura é a fonte de toda a riqueza do Estado e sugestões de suas vantagens e de como operava.
da riqueza de todos os cidadãos”. Outras formas de indústria, Quesnay atraiu vários seguidores fisiocratas talentosos.
como aquelas praticadas por comerciantes e negociantes, nada O mais influente deles foi o político Pierre Samuel du Pont de Nemours,
acrescentavam. que editou uma coleção de escritos de Quesnay a que chamou
Essa visão um tanto rústica do comércio refletia-se na A fisiocracia. Esse foi de fato o primeiro uso da palavra fisiocracia,
concepção que os fisiocratas tinham das classes sociais, que viam e a obra enfatizava a tese central de que toda riqueza vinha “do
com uma estrutura de três camadas. No nível superior estavam solo”. Du Pont iria se distinguir escrevendo a primeira história da
aqueles que possuíam a terra e eram responsáveis pela produção economia, antes mesmo que essa disciplina tivesse propriamente
agrícola. Em seguida vinha a “classe produtiva”, que de fato fazia nascido. Os franceses o declaram o primeiro economista a pôr
o trabalho na propriedade rural. Depois que tinham recebido paga suas ideias em prática no governo. (Esta omissão nacional no que
suficiente para subsistir, o dinheiro restante ia para os proprietários diz respeito a John Law é certamente compreensível.) Du Pont foi
das terras. Este era então usado para financiar o incremento da responsável pelo tratado de livre-comércio entre a Grã-Bretanha e
produção: a safra do ano seguinte e assim por diante. Quesnay a França em 1783. Como membro do governo de Luís XVI, foi um
era contrário ao acúmulo de riqueza na forma de poupança. realista fiel, mas era também um forte partidário de reformas. Isso
Considerava que isso não contribuía para nada. O ouro não o deixou numa posição delicada quando a Revolução Francesa foi
utilizado, a verdadeira riqueza dos comerciantes, era na verdade deflagrada em 1789. Durante alguns anos difíceis, ele fez o que
nocivo à produção. pôde para salvar a pele, oferecendo conselhos econômicos aos
Na camada inferior da estrutura social estava a terceira classe, revolucionários, mas finalmente foi obrigado a se esconder. No
que incluía comerciantes, negociantes, manufatores, artesãos e rastro do Terror, foi preso e teve a sorte de escapar com vida. Em
congêneres. Estas eram ocupações exercidas nos burgos, e não no 1799 emigrou para a os Estados Unidos com seu filho Eleuthère,
campo, onde o direito natural prevalecia de maneira mais ostensiva. que fora discípulo de Lavoisier, o fundador da química moderna.
(“Fisiocracia” significa “governo pela natureza”.) Segundo Quesnay, Dois anos mais tarde, Eleuthère usou seu conhecimento científico
essas ocupações urbanas não davam absolutamente nenhuma para instalar uma fábrica de pólvora em Brandywine Creek, perto de
contribuição para a riqueza nacional. Ele chegou mesmo a chamá-la Wilmington, em Delaware. Foi o começo da Du Pont, o conglomerado
a “classe estéril” (insulto não pequeno para um francês). As atividades químico americano que iria se tornar uma das maiores corporações
dessa classe eram indiscutivelmente secundárias. Antes de se poder do país. Diferentemente de organizações similares fundadas mais
ter mais costureiros, era preciso ter mais carneiros. No entanto, essa tarde naquele século por gente do porte de Rockefeller e J.P. Morgan,
visão bastante deformada dos moradores das cidades e seus negócios, a Du Pont permaneceria sob o controle da família por mais de 150 anos. Os
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica Como exemplo dessa realidade, é correto afirmar que
mencionada foi o(a) A) a crise econômica de 1929 foi antecedida de diversas
A) atração de empresas estrangeiras. crises ao longo das primeiras duas décadas do século XX,
B) reformulação do sistema fundiário. que foram encaradas pelos economistas como acertos
C) incremento da mão de obra imigrante. necessários para fortalecer a economia capitalista-
D) desenvolvimento de política industrial. -liberal.
E) financiamento de pequenos agricultores. B) a Revolução Russa de 1917, responsável pela implantação
do socialismo no país, já tinha sido antecedida por diversas
04. (PUC-RS/2010) Inicialmente favorecida pelas condições manifestações populares de oposição ao czarismo autoritário
internacionais do pós-Primeira Guerra, a economia dos do país, como a Guerra Civil de 1905, liderada por Rasputin,
Estados Unidos conheceu um período de forte expansão e revolucionário ligado ao anarquismo e defensor das ideias
de Lênin.
euforia nos anos 1920. Todavia, ao final dessa década, o país
C) a Revolução Francesa de 1789, longe de ser inédita, já
seria um dos focos da crise mundial de 1929 e da Grande
tinha sido anunciada pela tomada do poder do país por
Depressão que a seguiu. Um dos motivos dessa violenta
Louis Blanc e seus revolucionários, e pela jornada dos
reversão de expectativas foi
três dias gloriosos, curtos em sua duração, mas evidentes
A) a falência das principais medidas estabilizadoras do New
em denunciar o desgaste do governo absolutista dos reis
Deal. Bourbon.
B) a política antitruste determinada pela Sociedade das D) a independência dos Estados Unidos em 1776, longe de
Nações. ser original, foi o ponto final de diversos movimentos
C) a perda de mercados devido à descolonização afro-asiática. emancipatórios ocorridos no continente americano
D) a superprodução no setor primário dos Estados Unidos. iniciados pelas lutas no Haiti e que tiveram em
E) o crescimento da dívida norte-americana em relação às Simon Bolívar um inspirador maior e conselheiro dos
principais potências europeias. estadunidenses.
Reprodução/PUCMG 2018
investimentos dos fundos financeiros particulares norte-
-americanos.
C) Os contínuos aumentos das exportações do café, fazendo
com que o Brasil se mantivesse fora da crise.
D) O abandono do padrão ouro por parte da Inglaterra, permitindo
a desvalorização da Libra, fazendo com que o mundo todo
fosse afetado drasticamente.
E) A duplicação da produção industrial alemã nos primeiros anos
da década de 1930, acarretando o crescimento do comércio
mundial.
Anotações
Objetivo(s):
• Analisar as Constituições brasileiras, levando em consideração o contexto histórico em que cada uma delas foi elaborada.
• Relacionar as transformações econômicas e políticas vivenciadas pela sociedade brasileira, assim como os seus
interesses conflitantes que resultaram na promulgação ou outorga de novas constituições.
• Identificar as diferenças entre uma Constituição promulgada e uma Constituição outorgada.
• Atentar para as conquistas sociais e a ampliação da cidadania ao longo das Constituições brasileiras.
• Reconhecer e analisar o papel dos partidos políticos nas relações de poder na história do Brasil a partir do processo
de independência.
• Comparar a organização dos grupos políticos do Brasil no período imperial com as estruturas partidárias desenvolvidas
no período republicano, destacando as mudanças nessa área a partir da segunda metade do século XX.
• Destacar a importância dos partidos políticos na construção e no fortalecimento dos regimes democráticos.
• Refletir sobre a crise de representatividade que reflete na insatisfação da sociedade brasileira com a classe política do País.
• Identificar as diferenças entre golpe, revolta e revolução.
• Analisar alguns momentos decisivos na história política brasileira, buscando compreender suas rupturas e
permanências, avanços, retrocessos e os grupos sociais que estiveram na condução desses episódios que de uma
forma ou de outra, trouxeram mudanças para o País.
• Analisar os diversos planos econômicos implantados nos primeiros anos da Nova República.
• Buscar compreender termos e conceitos inerentes à economia, como inflação, recessão, deficit etc.
• Relacionar os problemas econômicos vivenciados no Brasil nos anos 1980 e 1990 com o contexto internacional,
como a crise do socialismo no Leste Europeu, globalização, neoliberalismo etc.
Conteúdo:
Aulas 11 e 12: Constituições do Brasil O funding loan.................................................................................. 145
Evolução Histórica............................................................................ 118 O dirigismo econômico da Era Vargas .............................................. 145
1o Projeto × 1a Constituição.............................................................. 118 O Plano Salte no Governo Dutra....................................................... 146
1891: 1a Constituição Republicana................................................... 119 A política desenvolvimentista de
1937: A Constituição Polaca.............................................................. 120 Juscelino Kubitschek: o Plano de Metas............................................ 146
1946: A Redemocratização................................................................ 120 O modelo econômico do regime civil-militar .................................... 146
1967: Institucionalização do Regime Militar..................................... 120 Planos econômicos na Nova República............................................. 147
A Constituição Cidadã de 1988......................................................... 121 Exercícios ......................................................................................... 147
Exercícios ......................................................................................... 121
Aula 13: História dos Partidos Políticos no Brasil
Introdução........................................................................................ 127
República.......................................................................................... 130
Exercícios ......................................................................................... 134
Aula 14: Golpes, Rupturas e Permanências
Introdução........................................................................................ 137
Processo de Independência............................................................... 137
Proclamação ou Golpe Republicano................................................. 137
Revolução de 1930........................................................................... 138
A Era Vargas...................................................................................... 138
O colapso do populismo................................................................... 138
Redemocratização............................................................................. 140
Exercícios ......................................................................................... 141
Aula 15: Planos Econômicos do Brasil Republicano
Introdução........................................................................................ 144
A política econômica de Rui Barbosa: o encilhamento...................... 145
CiênCias Humanas e suas TeCnoloGias Temas e Atualidades
Essa Constituição foi a que mais tempo durou, cerca de
Aulas 11 e 12:
C-3 H-12
67 anos, e que tinha ambiguidades e características específicas.
Aulas C-5 H-22, 24 Em linhas gerais, o projeto pode ser sintetizado no Art. 3º,
Constituições do Brasil H-25 que estabelece que “o seu governo é monárquico hereditário,
11 e 12 constitucional e representativo”. A ambiguidade fica pelo caráter
liberal, pois a existência de um projeto constitucional com a divisão
dos poderes e a realização de eleições regulares eram características
liberais (não confundir liberalismo com democracia).
Evolução Histórica Vale salientar que, assim como no primeiro projeto
(Constituição da Mandioca), o voto era censitário e indireto, ainda
Nestas duas aulas, pretendemos desenvolver uma breve
que o critério fosse alterado, passando a exigência a ser feita em
análise das sete Constituições brasileiras (alguns consideram oito,
dinheiro. Para ser eleitor de primeiro grau era necessária renda de
tomando por base a Emenda Constitucional de 1969), abordando
100 mil réis; para ser eleitor de segundo grau, a exigência aumentava
também o contexto histórico em que foram geradas, o que nos
para 200 mil réis; para ser Deputado era necessária a comprovação
possibilitará um verdadeiro passeio pela história do Brasil.
de 400 mil réis de renda e, finalmente, para Senador a renda deveria
Você já deve ter se perguntado: “por que o Brasil teve
ser de 800 mil réis para compor a lista da qual o Imperador indicaria
tantas Constituições? Foi uma questão de incompetência dos que
o escolhido em caráter vitalício.
elaboraram os primeiros projetos? Por que os EUA tiveram, ao longo
Aos poucos nota-se o seu verdadeiro objetivo, que era
de sua história, apenas uma única Constituição?” Talvez algumas
reforçar o poder do Imperador, a quem cabia, além da chefia dos
dessas perguntas tenham ficado sem respostas, mas vamos tentar
Poderes Executivo e Moderador, outras atribuições, como a de
elucidá-las ao longo deste trabalho.
indicar os senadores que exerceriam mandato vitalício, bem como
Primeiro observamos que, ao contrário do Brasil, desde a sua
o direito de nomear os juízes dos tribunais.
independência, obtida em 1776, os EUA já nascem fundamentados
Destaque especial merece a criação do Poder Moderador,
no modelo republicano confirmado na Constituição de 1787, em
inspirado nas ideias de Benjamim Constant e de competência
que a opção pelo federalismo permitia aos estados resolver as
exclusiva do Imperador, que em princípio deveria ter um caráter
questões de ordem específica, respeitando as particularidades de
conciliador, como especifica o Art. 98: “O Poder Moderador é a
um País, assim como o nosso, de dimensões continentais e, óbvio,
chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao
de características culturais bem distintas. Mas veja que mesmo lá
Imperador. (..) para que incessantemente vele sobre a manutenção
alguns pontos geraram divergências que resultaram em conflitos,
da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes
como, por exemplo, a questão da manutenção ou abolição dos
políticos (..) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em
escravos, que resultou na Guerra de Secessão, no século seguinte.
que o exigir a salvação do Estado”.
Não obstante a isso, a história norte-americana não passou por sérios
abalos na sua estrutura política, ao contrário do Brasil, que alternava
períodos democráticos com períodos autoritários. A estabilidade Poder Moderador
política nos EUA foi fator determinante para a manutenção de um Imperador
projeto constitucional durante tantos anos. +
Conselho de Estado
1o Projeto × 1a Constituição
Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judiciário
A independência do Brasil assumiu características
específicas, na medida em que era comandada pela aristocracia Câmara Imperador Supremo Tribunal
rural, que temia mudanças radicais que viessem a comprometer dos Senado + de Justiça
Deputados Ministério
os seus privilégios e buscou todos os meios de manter a mesma
estrutura agrária e exportadora, uma marca do período colonial.
Aliás, esteve à frente da independência do Brasil D. Pedro I, Presidentes
filho de D. João VI, rei de Portugal, ou seja, nos separamos de Província
politicamente de Portugal, mas quem comandava o País era o
herdeiro legítimo do trono português.
Eleitorado Conselhos
No contexto do pós-independência surgia o projeto de 2o grau ou
de Paróquia Provinciais
constitucional, em 1823, denominado de Constituição da Mandioca,
elaborado em uma Assembleia Constituinte controlada pela
aristocracia rural brasileira, que procurou assegurar sua hegemonia Eleitorado Conselhos
ao estabelecer o voto censitário com critério fixado na posse das de 1o grau ou Municipais
terras (alqueires de mandioca) e dividido em dois graus. Portanto, de Paróquia
havia o eleitor de paróquia (com exigência mínima de 150 alqueires
de mandioca) e o eleitor de província (com exigência mínima de Flávio de Campos e Miriam Dolhnikoff. Atlas História do Brasil. Adaptado.
250 alqueires de mandioca).
O anteprojeto ainda tinha um caráter liberal e antilusitano Percebe-se, de fato, que era concedido ao Imperador
(com restrições políticas específicas aos elementos portugueses) que, poderes praticamente ilimitados, já que ele não precisaria prestar
na prática, limitaria os poderes do Imperador. O projeto foi rejeitado contas de seus atos a nenhum outro órgão ou instância, como
por D. Pedro I, que ordenou a dissolução da Assembleia, o que estabelece o Art. 99: “A pessoa do Imperador é inviolável e sagrada,
resultou no episódio da Noite da Agonia. Mas a nação independente não estando sujeita a responsabilidade alguma”.
não poderia ficar sem uma Constituição. D. Pedro I estabelece e No mais, podemos destacar o caráter unitário e o caráter
nomeia alguns dos integrantes para a formação do Conselho de confessional, isto é, a existência de uma religião oficial no Império
Estado, órgão encarregado de elaborar a nova Constituição, que Brasileiro, do que podemos concluir que havia submissão da
acabou outorgada pelo Imperador em 1824. Igreja ao Estado, manifesta em dois mecanismos básicos, que
Domínio Público
Reprodução
Agência Brasil
Mesmo que muitos questionamentos possam ser feitos
sobre a sua eficácia e aplicabilidade, temos nela, especialmente
no que se refere aos direitos sociais, a mais ampla, sem esquecer
que com a garantia do direito ao voto, de liberdade de expressão
e associação, consolidava-se definitivamente o regime democrático
A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, outorgada instituído em 1985. Desse projeto podemos destacar a ampliação da
pela Junta Militar, incorpora nas suas Disposições Transitórias os legislação trabalhista, a permissão do voto em caráter facultativo aos
dispositivos do Ato Institucional nº 5 (AI–5), de 1968, permitindo que jovens maiores de 16 anos e menores de 18 anos, bem como aos
o presidente, entre outras coisas, feche o Congresso, casse mandatos analfabetos, a instituição do habeas data que permite livre acesso
e suspenda direitos políticos. Dá aos governos militares completa a documentos de órgãos públicos que se refiram à sua pessoa,
liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica e a instituição do racismo como crime inafiançável e imprescritível,
tributária. Na prática, o Executivo substitui o Legislativo e o Judiciário. além de legislações específicas sobre a proteção ao índio e ao meio
No período da abertura política, várias outras emendas preparam o ambiente. O texto ainda previa uma revisão constitucional após
restabelecimento de liberdades e instituições democráticas. 5 anos, que incluía um plebiscito, realizado em 1993, em que a
maioria da população optou pela manutenção da forma republicana
e do sistema presidencialista.
A Constituição Cidadã de 1988
Com o fim do regime militar em 1985, o Brasil entraria em
uma nova fase. Democracia e cidadania eram os principais temas do Exercícios de Fixação
momento. E você sabe, mudou o regime, mudou o modelo, sinal de
uma nova Constituição. Mesmo diante do contexto conturbado da
gestão de Sarney, mergulhado em denúncias de corrupção e perdido
01. (Enem (Libras) 2017) Constituição Política do Império do Brasil
em meio à inflação descontrolada, havia certa esperança de que esse (de 25 de março de 1824)
novo projeto constitucional fosse enfim capaz de dar a estabilidade
política e garantir avanços concretos nas áreas social e econômica Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização
de que o País necessitava. Vale lembrar que sobre Sarney pesava política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe
forte desconfiança por ter, durante anos, militado pela Arena e pelo Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que
PDS, partidos que deram sustentação ao regime militar. incessantemente vele sobre a manutenção da independência,
A ideia da formação de uma Assembleia Constituinte eleita equilíbrio e harmonia dos demais Poderes Políticos.
com a finalidade exclusiva de elaboração do projeto não vingou. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>.
Convocadas as eleições gerais de 1986, os Deputados e Senadores Acesso em: 18 abr. 2015. Adaptado.
eleitos foram transformados em Assembleia Nacional Constituinte,
tiveram a missão de elaborar o novo projeto constitucional que A apropriação das ideias de Montesquieu no âmbito da norma
deveria seguir os indicativos da Emenda de Maio de 1985, que constitucional citada tinha o objetivo de
ampliava, pelo menos na teoria, o exercício da cidadania e da A) expandir os limites das fronteiras nacionais.
liberdade de expressão (direito de voto aos analfabetos, eleições B) assegurar o monopólio do comércio externo.
diretas para presidente e legalização de todos os partidos políticos). C) legitimar o autoritarismo do aparelho estatal.
D) evitar a reconquista pelas forças portuguesas.
Diversas tendências políticas compuseram aquela Assembleia,
E) atender os interesses das oligarquias regionais.
mas, de fato, esta foi dominada pelo grupo do Centrão no qual se
destacava o PMDB, que obteve expressiva votação em virtude do
02. (Enem/2016) A regulação das relações de trabalho compõe
sucesso inicial do Plano Cruzado em 1986. uma estrutura complexa, em que cada elemento se ajusta aos
Surgiram, nesse contexto, denúncias da realização de demais. A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa
Lobbies de empresários, latifundiários e de outros grupos poderosos vasta engrenagem. A presença de representantes classistas
sobre os parlamentares, que pretendiam, pela pressão exercida, que na composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também
determinadas emendas que lhes beneficiassem fossem incorporadas resultante da montagem dessa regulação. O poder normativo
ao texto da Constituição. também reflete essa característica. Instituída pela Constituição
Enfim, em meio a esse emaranhado de interesses, foi de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no ambiente político
promulgada em outubro de 1988, após um ano e meio de debates, do Estado Novo instaurado em 1937.
tendo como relator Ulysses Guimarães, deputado ícone da campanha
ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo. In: PANDOLFI, D.
Diretas Já, a Constituição Cidadã, apelido pelo qual ficaria conhecida. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.
Reprodução/CFTMG/2018
parlamentares em torno do direito do voto
feminino são os debates que antecederam a
Constituição de 1824, que não trazia qualquer
impedimento ao exercício dos direitos políticos
por mulheres, mas, por outro lado, também não
era explícita quanto à possibilidade desse exercício. Foi somente
em 1932, dois anos antes de estabelecido o voto aos 18 anos,
que as mulheres obtiveram o direito de votar, o que veio a se
concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da aprovação
do Código Eleitoral de 1932.
Disponível em: <http://tse.jusbrasil.com.br>.
Acesso em: 14 maio 2018.
DRUMOND, Maurício. Esporte e Política no Estado Novo. In: PONTES JR, Geraldo; C-2 H-9
PEREIRA, Victor Hugo Adler (Org). O Velho, o novo, o reciclável Estado Novo. Aula História dos Partidos Políticos C-3 H-15
Rio de Janeiro: De Letras, 2008, p.167.
13 no Brasil
O texto demonstra que, no âmbito sociopolítico, o governo
Vargas de 1930-1945 não objetivava
A) promover o espírito nacionalista que, pela Constituição de
1937, torna obrigatório o ensino de educação física. Introdução
B) formar o ‘novo homem’ nacional com a ligação entre Estado
e juventude, utilizando-se do esporte e das festas cívicas De uma forma objetiva podemos definir partido político
como recurso. como sendo um agrupamento de indivíduos que apresenta um
C) utilizar o futebol e outras atividades esportivas como ideário político, um programa de governo e tem como objetivo
propaganda para a difusão da popularidade do governo. atingir o poder, exercer o governo de determinado estado ou
D) oficializar o controle sobre as práticas esportivas, com o nação. Teoricamente, os partidos devem representar os anseios
intuito de manter a sociedade sob sua tutela, nos mais da sociedade, servindo como mais um meio para que o cidadão
variados aspectos. expresse suas opiniões no campo da política.
E) cercear práticas esportivas consideradas populares, como o O nosso objetivo nesta aula é fazer uma abordagem da
futebol, para garantir a homogeneização da sociedade. história dos partidos políticos no Brasil, partindo dos grupos políticos
que surgiram no processo de independência com seus interesses
20. (Imed/2018) A respeito da Constituição Federal de 1988 (CF/88), particulares até o surgimento de legendas tal como conhecemos
marque a alternativa incorreta: os partidos atualmente.
A) Trata-se da primeira constituição brasileira em que não há
religião oficial, pois todas as anteriores declaravam o Brasil Império
como um país oficialmente católico. No decorrer do processo de independência do Brasil, ainda
B) Além de reafirmar a função social da terra e a realização no contexto da presença de D. João VI no Rio de Janeiro, surgem
da reforma agrária como um objetivo, assegurou aos dois grupos políticos, o “Partido português”, composto por militares
povos indígenas e quilombolas a demarcação de áreas de alta patente, burocratas e comerciantes que tinham o interesse
tradicionalmente ocupada por eles. em manter o Brasil subordinado à metrópole, dentro dos padrões
C) Estabeleceu o meio-ambiente saudável como um direito do exclusivismo comercial, os monopólios, e o imediato retorno do
fundamental dos cidadãos brasileiros, bem como definiu o Rei, bem como do príncipe D. Pedro a Portugal.
Brasil como uma República Federativa. Contrários a esse posicionamento, formou-se o “Partido
D) Assegurou o voto secreto como um direito fundamental, brasileiro”, composto por grandes proprietários rurais, comerciantes,
funcionários públicos, alguns setores urbanos e burocratas que
assim como concedeu o direito ao voto, pela primeira vez
nasceram no Brasil. A princípio estavam mais preocupados em
na história do País, aos analfabetos.
garantir seus interesses do que propriamente com a ruptura
E) Ao longo da história brasileira, a Constituição Federal de imediata com Portugal. Esse grupo sentia-se ameaçado diante
1937 é uma da que apresenta características mais diferentes das medidas recolonizadoras que vinham das Cortes portuguesas,
daquelas da CF/88, pois a primeira legitimava um Estado representava em sua essência os interesses das elites agrárias,
autoritário, enquanto a segunda estabeleceu o Estado a aristocracia rural, objetivando manter a liberdade comercial e a
Democrático de Direito no Brasil. autonomia administrativa. Posteriormente, dissidentes desse grupo
Partido Partido
Liberal Republicano Outros pontos de divergências foram surgindo à medida
Liberais Exaltados
(ou “Farroupilhas”) Radical que o País passava por mudanças, como a expansão da economia
SOCIEDADE FEDERAL cafeeira que fortaleceu os políticos paulistas, que passaram a
exigir reformas administrativas no sentido de garantir uma maior
descentralização do poder (o federalismo), daí surgindo o Partido
Republicano Paulista, fruto de uma dissidência do Partido Liberal e
que teve papel decisivo no processo que desencadeou o golpe da
proclamação da República.
Os dois partidos refletiam o contexto da crise do liberalismo • Getulio coloca a ANL na ilegalidade (Jul/1935).
da década de 1930, quando os governos buscavam soluções A ANL, com seu discurso, acabou atraindo trabalhadores
para os efeitos da crise econômica iniciada em 1929. Na Europa, urbanos, sindicatos, setores da classe média urbana, militares,
os regimes totalitários de direita defendiam que somente um intelectuais, profissionais liberais e estudantes. Porém, em 1935,
Estado forte atuando em todas as áreas seria capaz de superar os o congresso aprovou a Lei de Segurança Nacional e no mesmo ano
problemas econômicos, a instabilidade política e as agitações sociais. o governo Vargas decretou a ilegalidade da ANL, argumentando
Era o caso do fascismo italiano e do nazismo alemão. Já no que o manifesto de julho, no qual aparecia o lema “Todo poder
totalitarismo de esquerda soviético a solução seria a superação à ANL!”, atentava contra a ordem pública e social. Diante desse
do capitalismo e a estatização dos meios de produção com a quadro, os comunistas organizaram o levante de 1935, uma
implantação do socialismo. tentativa fracassada de se iniciar um movimento revolucionário.
Em linhas gerais, os integralistas seguiam os ideais Os líderes foram presos e o Partido Comunista continuou na
nazifascistas e os aliancistas se inspiravam em algumas propostas ilegalidade até o fim do Estado Novo.
comunistas. A seguir um breve resumo da ideologia dos dois
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partidos:
• AIB (Ação Integralista Brasileira):
– Grupo fascista.
– Plínio Salgado (líder).
– Condenavam o capitalismo financeiro internacional
(associado aos judeus), mas não a propriedade privada.
– Totalitarismo, unipartidarismo e Estado centralizado forte.
– Lema: “Deus, Pátria e Família”.
– Saudação: ANAUÊ.
– Apoiados por setores da Igreja (combate ao “comunismo
ateu”), classe média alta, empresários capitalistas e
imigrantes ou descendentes de imigrantes ítalo-germânicos
radicados especialmente no RS e SC.
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Reprodução
Domínio Público
10 PSC Partido Social Cristão 29.3.1990 Everaldo Dias Pereira 20
Partido da Antonio Carlos
11 PMN 25.10.1990 33
Mobilização Nacional Bosco Massarollo
Roberto João Pereira
12 CIDADANIA Cidadania 29.10.1992 23
Freire
José Luiz de França
13 PV Partido Verde 30.9.1993 43
Penna
Luis Henrique de
14 AVANTE Avante 11.10.1994 70
Oliveira Resende
Ciro Nogueira Lima
15 PP Partido Progressista 16.11.1995 11
Filho
Partido Socialista
José Maria de
16 PSTU dos Trabalhadores 19.12.1995 16
Almeida
Unificado
Partido Comunista
17 PCB 9.5.1996 Edmilson Silva Costa 21
Brasileiro
Merece destaque, nesse contexto, a atuação da luta armada. Partido Renovador José Levy Fidelix da
18 PRTB 18.2.1997 28
Ainda no início do regime militar, logo após o golpe de 1964, grupos Trabalhista Brasileiro Cruz
de esquerda não concordaram com a posição do Partido Comunista 19 DC Democrata Cristã 5.8.1997 José Maria Eymael 27
Brasileiro (PCB), acusando a liderança do partido de não oferecer 20 PCO
Partido da Causa
30.9.1997 Rui Costa Pimenta 29
resistência à implantação do regime. Muitos decidiram, então, partir Operária
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os ANISTIA REMOTA. Militar que participou da Intentona Comunista é
integrantes e suas posições político-ideológicas. reincorporado. Revista Consultor Jurídico, online, 11 de julho de 2005.
A) Os cabanos situavam-se na região norte do país, eram
Sobre esse evento, é correto afirmar que
administradores das províncias, corporações do exército local
e elite dos comerciantes portugueses; defendiam o retorno A) tendo sido organizado pela Aliança Nacional Libertadora
da família imperial. (ANL), que era liderada por Luís Carlos Prestes, esse levante
B) Os farroupilhas eram pequenos proprietários rurais e realizado por militares rebeldes insatisfeitos com o governo
comerciantes, representavam o setor mais conservador do constitucional de Vargas amotinou quartéis em Natal, Recife
grupo dos chimangos; postulavam o retorno da monarquia e Rio de Janeiro.
com a imposição de medidas centralizadoras. B) foi arquitetado e executado por membros da Ação
C) Os liberais exaltados eram proprietários rurais, integrantes do Integralista Brasileira (AIB) que pretendiam derrubar o
exército e classe média urbana, que defendiam a descentralização Governo democrático de Getúlio Vargas e impor um estado
do poder imperial e a autonomia das províncias. totalitário de orientação fascista no Brasil.
D) Os liberais moderados, ou chimangos, eram comerciantes C) teve sua origem no movimento das Ligas Camponesas, de
portugueses, aristocratas e integrantes da alta patente orientação Comunista, que, a partir das ações no campo
do exército, que defendiam a volta do ex-imperador e a passaram a apoiar movimentos grevistas de trabalhadores
autonomia das províncias. urbanos, com o intuito de derrubar o Estado Novo instituído
E) Os restauradores, ou caramurus, eram membros do setor por Getúlio Vargas.
rural abolicionista e intelectuais da classe média; defendiam D) foi uma artimanha de Vargas, que utilizou este evento falso
as reformas socioeconômicas que visavam à expulsão do como justificativa, perante a opinião pública, para instituir
ex-imperador. um governo totalitário de características fascistas, chamado
Estado Novo, em 1937.
03. (G1 - col. naval/2017) Leia a frase a seguir.
Nada se assemelha mais a um “saquarema” do que 05. (Espm/2017) Tratava-se de um parlamentarismo sem povo.
um “luzia” no poder. Os partidos, criados pelas camadas economicamente
dominantes, sem ideários muito nítidos, coagiam e manipulavam
Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque
(1797-1863), político do Império do Brasil.
um eleitorado ínfimo, sem traduzir-lhes os interesses concretos.
Biblioteca Nacional
China comunista, o que reforçava ainda mais tais desconfianças.
Porém, a expectativa de Jânio que houvesse alguma manifestação
ou manobra política para demovê-lo da renúncia não se concretizou;
aliás, sua renúncia foi interpretada por alguns políticos como uma
atitude irresponsável, pois quase mergulhou o País numa guerra civil.
O embate entre os grupos que apoiava a posse de João
Goulart a partir do Rio Grande do Sul, conhecido como Rede
pela Legalidade, e os que eram contrários, alegando que o
vice-presidente tinha ligações com o comunismo, só não produziram
confronto de fato pela adoção em caráter emergencial do sistema
parlamentarista em 1961, que, na prática, iria garantir a posse de
João Goulart, mas com poderes limitados. Jango só teria plenos
poderes após o plebiscito realizado antecipadamente em 1963
(estava previsto apenas para 1965), quando o povo decidiu pelo
retorno ao Presidencialismo.
Já no controle do Poder Executivo, as medidas nacionalistas
de João Goulart, somadas às suas propostas de reformas de
base, levaram ao esgotamento do modelo populista que vinha
numa espécie de sobrevida desde a morte de Vargas, em 1954.
Crise econômica, inflação e greves se espalharam pelo País. Além A aparente estabilidade obtida pelo binômio crescimento
disso, é necessário lembrar o cenário político internacional marcado econômico (milagre brasileiro) e repressão, que atingiu seus
pelo auge das tensões da Guerra Fria. Os EUA estavam preocupados níveis máximos no governo Médici, deu sinais de decadência,
que a evolução do quadro político do Brasil se assemelhasse ao especialmente pelos reflexos da crise mundial de 1973, que
que houvera ocorrido em Cuba, entre 1959 e 1962. De fato, os repercutiu fortemente no Brasil. O esgotamento do modelo
norte-americanos tiveram forte influência para o golpe que destituiu econômico que sustentava o milagre brasileiro contribuiu para o
o presidente e que a princípio era conhecido como a Revolução fortalecimento dos que criticavam o regime militar.
de 1964. Naquele momento, muitos comemoravam um possível Com a posse do general Geisel, em 1974, iniciava-se um
retorno à normalidade. A promessa era que os militares restituíssem período de transição para a democracia que, segundo o presidente,
a lei e a ordem e, em seguida, devolvessem o País aos civis. deveria ocorrer de forma lenta, segura e gradual, posição que, em
Redemocratização
Para concluir nosso trabalho, faremos referência à última
grande alteração da normalidade política (pelo menos por enquanto,
lembre-se que a história é dinâmica e se constrói diante dos nossos
olhos a cada dia), analisando o processo que culminou com o
primeiro impeachment de um presidente na República brasileira.
Mesmo diante de tal frustração, a indicação do moderado Estamos nos referindo a Fernando Collor de Mello.
Tancredo Neves como candidato pelo PMDB aglutinou em torno Vale lembrar que Collor foi também o primeiro presidente
de si diversos grupos políticos, tendo recebido apoio inclusive dos eleito por voto direto desde a eleição de Jânio Quadros para
dissidentes do PDS (partido herdeiro da Arena), como foi o caso de presidente em 1960. Aliás, os dois têm muitos aspectos em comum.
José Sarney, que acabou como vice na chapa de Tancredo. Nova Primeiramente, elegeram-se por pequenas legendas buscando se
frustração: Tancredo vence as eleições, mas não assume, pois teve distanciar dos políticos e partidos tradicionais, tentando se apresentar
complicações em sua saúde, o que resultou em sua morte. Sarney, ao eleitorado com alternativas de mudança, porém contando com
que tinha assumido provisoriamente, foi efetivado na presidência. apoio de legendas tradicionais; no caso de Jânio, a UDN, e no caso
Para muitos, o caminho da redemocratização estaria comprometido, de Collor, o PFL. Tinham também discursos moralizadores com a
pois Sarney era egresso dos quadros da antiga Arena, partido que promessa de combate à corrupção. Jânio subia no palanque com
dava sustentação ao regime militar. sua tradicional vassoura, prometendo varrer a corrupção; já Collor
prometia acabar com a farra dos Marajás, denominação dada a
Biblioteca Nacional
elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, C-4 H-18
Reprodução/Pucpr 2018
Período Mundo Brasil Participação (%)
1900 115.100 12.069 80
1910 14.350 10.653 74
1920 20.290 17.116 84
1930 25.230 17.652 70
1940 26.500 15.797 60
1950 31.300 16.754 54
A tabela apresenta os dados para as décadas de 1900, 1910,
1920, 1930, 1940 e 1950 no mundo e no Brasil. A participação
relativa do Brasil em cada período é, respectivamente, 80%,
Inflação do ano atinge 1.764,86%. O Estado de S. Paulo. 24 dez. 1989. 74%, 84%, 70%, 60% e 54%.
Disponível em: <http:// economia.estadao.com.br/>.
Acesso em: 12 de jun. 2017. Disponível em: <http://revistacafeicultura.com.br/?mat=3640>.
Acesso em: 20.06.2017.
A imagem reproduz uma manchete do jornal O Estado de Sobre a importância do café na economia brasileira da primeira
São Paulo, datado de 29 de dezembro de 1989, com o seguinte metade do século XX, é incorreto afirmar que
título: “Inflação do ano atinge 1.764,86%”. A) pela importância que tinha na produção mundial, as safras de
café brasileiro impactavam diretamente no preço do produto
Considerando o contexto econômico das décadas de 1970 a no mercado internacional, fazendo com que políticas ativas
de manutenção de preço fossem empreendidas desde o
1990 no Brasil, assinale a alternativa correta.
Império.
A) A inflação no Brasil se tornou crescente desde o final do B) a diminuição da participação relativa do Brasil no mercado
chamado “Milagre Brasileiro” (1968-1973), ainda no Regime mundial de café derivou tanto do estabelecimento de novos
Militar, até a estabilização de preços gerada pelo Plano Real polos produtores mundiais (como o Sudeste asiático), como
(1994), com breves intervalos de queda proporcionados por da diversificação da pauta de exportações brasileiras, que
planos econômicos como o Plano Cruzado e o Plano Verão. incorporou novos produtos como minérios e bens industriais.
B) A inflação, ao final da década de 1980, era bastante inferior C) a importância do café na economia brasileira traduziu-se na
aos níveis observados durante o Regime Militar, período no hegemonia política das elites dos estados produtores durante
a segunda metade do Império e na República Velha.
qual o país viveu sob permanente hiperinflação. D) a política de queima dos estoques de café, realizada
C) O Plano Real foi a primeira iniciativa governamental tomada principalmente pelo primeiro governo Vargas (1930-1945),
desde o início dos anos 1970 visando a contornar o problema visava a diminuição da dependência que o Brasil tinha desse
crônico da subida de preços. produto, pois a diminuição de sua oferta possibilitou uma
D) O sucesso no combate à inflação obtido pelo Plano Real maior participação de outros bens e produtos na balança
só foi possível pela dolarização da economia, ou seja, pelo comercial nacional.
uso preponderante do dólar nas transações domésticas em E) a industrialização pioneira da cidade de São Paulo e região,
no início do século XX, tem relação com a riqueza acumulada
substituição à moeda nacional. pela produção e pela exportação cafeeira no interior do
E) A hiperinflação e a crise econômica ocorridas no final dos estado.
anos 1980 levaram à deposição do Regime Militar e ao
reestabelecimento da democracia em 1994, a partir da 03. (Fac. Pequeno Príncipe - Medici 2018) Fenômeno político que
promulgação de uma nova Constituição. ocorreu entre os anos de 1930, o populismo, como ideologia
política, se caracterizou por um discurso de libertação nacional,
anti-imperialista e críticas moderadas ao sistema capitalista.
Na América Latina, de maneira geral, a sua forma de atuação
política foi baseada na relação direta entre o Estado e as massas
Exercícios Propostos populares, por intermédio de um líder popular e carismático.
Anotações
Conteúdo:
Aula 11: Geomorfologia do Brasil Economia de fronteira e Amazônia................................................... 185
Introdução........................................................................................ 154 Políticas de proteção à Amazônia..................................................... 186
O relevo brasileiro............................................................................. 154 Floresta Subtropical ou Mata de Araucárias...................................... 186
O relevo brasileiro e sua classificação............................................... 155 Formações arbustivas e herbáceas.................................................... 187
Resumo didático............................................................................... 159 Vegetações litorâneas....................................................................... 191
Exercícios ......................................................................................... 162 Exercícios ......................................................................................... 192
Aula 12: Solos do Brasil – Potenciais e degradação Aula 15: Recursos Hídricos do Brasil,
Introdução........................................................................................ 166 Bacias Hidrográficas e seus Aproveitamentos
Fatores condicionantes na formação do solo.................................... 166 As reservas brasileiras de água doce................................................ 196
Características gerais dos solos das regiões brasileiras..................... 168 Características gerais da hidrografia brasileira................................. 197
Erosão do Solo.................................................................................. 168 Bacias hidrográficas do Brasil........................................................... 197
Exercícios ......................................................................................... 170 Exercícios ......................................................................................... 202
Aula 13: As Características Climáticas do Território Brasileiro
Introdução........................................................................................ 174
Características gerais do clima do Brasil........................................... 174
Condicionantes do clima do Brasil.................................................... 174
ZCIT (Zona de Convergência Intertropical)........................................ 174
ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul)................................. 174
Massas de ar..................................................................................... 175
A Influência do El Niño no Brasil....................................................... 176
Climas do Brasil................................................................................ 176
Exercícios ......................................................................................... 179
Aula 14: Os Grandes Domínios de Vegetação no Brasil
Introdução........................................................................................ 183
Floresta Equatorial ou Amazônica..................................................... 184
ciÊncias Humanas e suas tecnoloGias Geografia I
Aula 11:
Leitura complementar
C-6 H-26, 27
Aula H-28, 29 IBGE revê altitude de sete picos brasileiros: o da
Geomorfologia do Brasil
11 Neblina fica mais alto
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
revisou a altitude dos sete maiores pontos culminantes do país.
Os dois pontos mais altos, os picos da Neblina e o 31 de Março,
fi caram ofi cialmente 1,52 metro mais elevados. Segundo as
Introdução medições feitas no final de 2015, o Pico da Neblina passou a ter
Ao analisarmos a geomorfologia do Brasil, de cima para baixo, 2.995,30 metros.
podemos visualizar as altitudes modestas de seu relevo. Ao observar
O relevo brasileiro
O relevo brasileiro, como o de toda a Terra, é resultado da
Antigo atuação de agentes internos e externos. O Brasil tem uma estrutura
geológica bastante antiga (Arqueozoico e Proterozoico para os
terrenos cristalinos, e Paleozoico e Mesozoico para boa parte dos
sedimentares) e é exatamente por ser antiga que ela foi e é bastante
erodida. Os processos que modelaram as formas do nosso território
como se apresentam atualmente são, de modo geral, recentes
(Era Cenozoica) e, é claro, continuam atuando.
Nossa estrutura antiga e nossa estabilidade tectônica atual
não nos deram condições de possuirmos Dobramentos Modernos.
A erosão é o agente responsável pelo desgaste do relevo. Ela atua Na realidade, o que temos é a presença de alguns Dobramentos
como uma espécie de “lixa de carpinteiro”, que vai talhando a rocha. Antigos, como é o caso dos escudos das guianas e os planaltos
A estrutura geológica antiga do Brasil favoreceu o maior e serras do Leste e Sudeste. Essas duas unidades já sofreram
desgaste de seu relevo. movimentos orogênicos, isso porque o Brasil já viveu períodos de
Planícies
0 a 200 m 40% do território acúmulo de partículas
200 m a 900 m 57% do território
Maior 900 m 3% Diminuem de tamanho
com o tempo
RAS
Apesar de tentativas anteriores, somente na década de 1940 CENTRAL PLANALTO
NORDESTINO
EI
foi realizada uma classificação do relevo brasileiro considerada a
ST
PLANALTO BRASILEIRO CO
mais próxima da realidade. Ela foi elaborada por um dos primeiros
AS
professores do Departamento de Geografia da Universidade de OCEANO
BAIX
São Paulo (USP), Aroldo de Azevedo (1910-1974), que teve como ATLÂNTICO
PLANÍCIE DO SERRAS E
critério de classificação apenas as cotas altimétricas, definindo o PANTANAL
R RAS
PLANALTOS
que seria planalto e o que seria planície (nessa classificação não foi DO LESTE E
OCEANO SUDESTE
TE
considerada a depressão). Segundo os critérios de Aroldo Azevedo, PACÍFICO
PLANALTO E
IES Tr ó p i c o d e C a
pricórni
planaltos são terrenos levemente acidentados, com mais de 200 N
MERIDIONAL NÍC o
A
Planícies e
inferiores a 200 metros. Essas classificações mostram os planaltos Terras Baixas
ocupando 59% do território e as planícies, os 41% restantes. 0 660 1320 PLANALTO
URUGUAIO SUL- Planaltos
km RIO-GRANDENSE
RELEVO DO BRASIL - CLASSIFICAÇÃO DE AROLDO DE AZEVEDO
PL
A
um mapeamento completo e preciso do país, no qual se desvendam
O
P L A N A LT O C E N T R A L
IC
T
NT
S
O solos férteis e recursos hídricos.
LÂ
PLANÍCIE DO
C
PANTANAL
N
C I E
NO NE PLANALTO
AL
MERIDIONAL
O L
N
L
P
L
SO SE
S
Planalto das Guianas A classificação de Ross associa critérios altimétricos aos
ESCALA Planalto Brasileiro processos de erosão, sedimentação e gênese, integrando-os às
0 554 1108
Planícies estruturas geológicas nas quais ocorrem. Nessa classificação, o relevo
km
brasileiro passou a ser classificado de três formas, isto é, além do
Fonte: IBGE. Atlas Nacional do Brasil, 2000.
planalto e planície, passou a considerar a depressão.
A proposta de Jurandyr Ross vai ajudar na atividade da mineração, porque essa divisão identifica as áreas de acordo com a
geologia. Jurandyr vai dividir o relevo brasileiro em 28 unidades de relevo, e assim teremos: 11 planaltos, 11 depressões e 6 planícies.
Vento quente
Planalto da
e úmido
Borborema Zona
da
Agreste Planície
Sertão Mata
costeira
Oceano
Atlântico
As planícies são unidades mais restritas e em alguns casos estão sujeitas a inundações. Nessas áreas, o processo de sedimentação
é predominante. As planícies apresentam bordas em aclive e suas altitudes variam entre 0 e 100 metros.
No Brasil, a planície é pouco apresentada, sua formação está associada à deposição de sedimentos de origem marinha, lacustre ou
fluvial; sendo a sedimentação, nesse caso, um processo recente, ocorrido no Quaternário. Exemplos: margens de rios como o Amazonas
e alguns de seus afluentes, o Rio Araguaia, Pantanal, Lagoas dos Patos e Mirim, no Rio Grande do Sul.
Do Amapá até o Rio Grande do Sul, em vários trechos do litoral, estão presentes os tabuleiros costeiros, onde suas bordas
voltadas para o mar sofrem abrasão marítimo e formam as barreiras (geologia sedimentar) ou falésias (origem cristalina). Os tabuleiros
têm, em média, 50 metros de atitude.
Região Norte
Perfil 1
Planaltos Residuais
Norte-Amazônicos Planalto da
Amazônia Oriental
3000 m
Planaltos
Depressão Marginal
2000 m Planície do Residuais
Norte-Amazônica Depressão Marginal
Rio Amazonas Sul-Amazônicos
Sul-Amazônica
1000 m
0m
NORTE Esse perfil (noroeste-sudeste), com cerca de 2 mil quilômetros, vai das altas serras de Roraima até Mato Grosso.
Mostra as faixas de planícies às margens do Rio Amazonas, a partir das quais vêm extensões de terras mais altas:
planaltos e planícies.
A Amazônia apresenta o maior conjunto de terras baixas do Brasil, onde predominam baixos platôs e depressões; a planície está
em menor porção, sendo vista apenas na área de várzea, seguindo o rio. Então, se formos tirar o perfil do relevo amazônico, observamos
que as bordas são planaltos cristalinos intercalando com sedimentares – ao Norte, o planalto residual norte-amazônico (pertence ao
escudo das Guianas) e ao Sul, os planaltos residuais sul-amazônicos (pertencem ao escudo central) –, em seguida, nós temos a depressão
marginal, que está entre o planalto oriental (platôs) ou terras firmes, e os planaltos das bordas e, seguindo o rio, temos a área de várzea,
essa corresponde à planície.
0m
NORDESTE Com quase 1,5 mil quilômetros, esse perfil vai do Maranhão a Pernambuco. É um retrato fiel do relevo da
região, com destaque para os dois planaltos (o da bacia do Parnaíba e o da Borborema) cercando a Depressão Sertaneja
(ex-Planalto Nordestino).
Saindo de Piauí até o litoral do Nordeste, observamos, já no Piauí, a presença de um planalto sedimentar, a Chapada de
Ibiapaba, conhecida também por Cuesta (chapada cuja geometria tem uma borda íngreme e a borda reversa, uma inclinação
mais suave). Logo após, vamos à maior unidade geomorfológica do Nordeste, a Depressão Sertaneja, cuja estrutura é cristalina;
no Agreste (área de transição), observamos a presença do planalto da Borborema que, ao contrário do planalto da Bacia do
Parnaíba, é de formação cristalina. O planalto da Borborema é uma formação cristalina de 250 km de norte a sul, cortando os
estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, com altitude, em média, de 400 m, mas atinge picos de 1.000 m,
encravado entre a depressão sertaneja e a planície litorânea. No leste, vamos ter os tabuleiros (formação sedimentar que mede até
50 m, cujas bordas revelam-se na praia, em forma de barreiras ou falésias) e as planícies litorâneas.
Os planaltos cristalinos e sedimentares do Nordeste, dentro do ponto de vista climatológico, são considerados enclaves úmidos.
Esses enclaves úmidos são microclimas, que têm um clima diferenciado. No meio de toda aquela semiaridez, ela vai se apresentar mais
úmida em função das condições geomorfológicas (do relevo) e das condições termopluviométricas (chuvas), ou seja, a altitude do relevo
condiciona, na vertente do barlavento, a formação de florestas pluvio-nebulosas, com presença da Mata Atlântica, formação de brejos
de altitude e pé-de-serra, formação de ressurgência e redução da taxa de evaporação.
Os enclaves úmidos do nordeste são importantes para a economia, isso explica a maior ocupação da depressão sertaneja ser
maior nessas regiões.
0m
CENTRO-OESTE E SUDESTE Esse corte, de cerca de 1,5 mil quilômetros, vai do Mato Grosso do Sul ao litoral paulista.
Além da planície do Pantanal, pode-se ver a bacia do Paraná, formada por rios de planalto, que abriga as maiores
hidrelétricas do país.
Perfil 4
PERFIL ESQUEMÁTICO DO RELEVO DO ESTADO DE SÃO PAULO
A B
Rio Paraná
3
Ribeirão São Paulo
Preto 4
1 2
Santos
5
ONO ESE
Ab’Saber, 1954. Adaptado.
A
B
SERRA DA MANTIQUEIRA VALE DO PARAÍBA DO SUL SERRA DO MAR PLANÍCIE COSTEIRA
PICO
OCEANO ATLÂNTICO
m chuva ITAPEVA
2000– (1800 mm)
chuvas aumentando
(até 2000 mm)chuvas ilha seca na chuvas aumentando
1500 – fracas sombra da montanha (até 4500 mm)
Corta (1200 mm)
1000 – MG Corta chuvas
RJ RJ (2500 mm)
SP SP
500 – PR
A SC B
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Resumo didático
Os planaltos são relevos de superfície irregular com presença de escarpas nas bordas. São relevos em que o processo de erosão
supera o de deposição, portanto, são relevos em processo de desgaste. Quando uma formação cristalina se apresenta em conjunto,
denominamos de maciços, caso se apresente como uma elevação isolada, denominamos de monólitos; quanto à formação sedimentar,
o planalto recebe o nome de chapada; quando essa chapada apresenta uma geometria na qual uma borda se apresenta íngreme e a
outra borda com suave inclinação, essa chapada é denominada de cuesta.
As planícies são zonas de depósitos sedimentares pela ação do rio ou do mar. Não por acaso, a maioria das planícies estão
localizadas às margens de rios e mares.
Com a nova classificação, muitas unidades que eram consideradas planícies passaram a ser consideradas depressões marginais,
com isso, as unidades das planícies ocupam agora menor porção do território brasileiro. As planícies estão presentes somente nas áreas
de várzea que acompanham o Rio Amazonas, o Pantanal e a região litorânea que vai do Amapá até o Rio Grande do Sul.
Para sua melhor compreensão, veja o mapa a seguir, tendo as planícies destacadas de cor verde.
Deltas
Litoral
Planícies flúvio-marinhas
Pantanal
Planaltos
Depressões
As áreas classificadas como planícies são formadas por sedimentos que têm sua origem em material de origem marinha, lacustre
ou fluvial em áreas planas, como se verifica nas várzeas e “igapós” da Amazônia, no pantanal mato-grossense ou planície mato-grossense,
com oscilação de altitude entre 100 e 150 m.
• Planícies costeiras: na área costeira nordestina, aparecem planícies e os tabuleiros costeiros (baixos planaltos que sofrem erosão e
podem ter no limite, junto ao mar, as barreiras).
• Planícies continentais: planície do Pantanal e planícies fluviais junto aos rios.
• No litoral do Rio Grande do Sul podem se destacar as planícies da Lagoa dos Patos e Mirim.
NASA/GSFC/LaRC/JPL, MISR Team/Wikimedia Foundation
Depressões
São áreas rebaixadas. De acordo com a última classificação (Jurandyr Ross), muitas unidades que eram consideradas planícies
passaram a ser consideradas depressões marginais; o Brasil apresenta onze depressões, que recebem nomes diferentes, conforme suas
características e localização.
• Depressões periféricas:
Nas regiões de contato entre estruturas sedimentares e cristalinas, como a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense.
• Depressões marginais:
Margeiam as bordas de bacias sedimentares, esculpidas em estruturas cristalinas, como a Depressão Marginal Sul-Amazônica.
• Depressões interplanálticas:
São áreas mais baixas em relação aos planaltos que as circundam, como a Depressão Sertaneja e do São Francisco.
Allants/Wikimedia Foundation
São formações sedimentares datadas da Era Cenozoica, período Terciário, superfície tabular com altitude que varia entre 20 a 50 m.
No lado do mar afloram as barreiras, popularmente, conhecidas por falésias.
Observações:
• Barreiras: são afloramentos rochosos, voltados para o mar, de geologia sedimentar.
• Falésias: são afloramentos rochosos, voltados para o mar, de geologia cristalina.
• Costões: são as escarpas (bordas) das serras cristalinas voltadas para o mar. Ex.: Serra do Mar. Veja o exemplo a seguir.
É um vale cujo relevo foi adelgaçando (afinando) pela água, que dissolveu o calcário, e sofreu um colapso (afundou), formando
esse vale. Essa formação dá origem a grutas e cavernas, e é por esse motivo que esses tipos de relevos também são chamados de cársticos.
A formação desse relevo está condicionada a fatores geológicos, como a presença de calcário, e fatores pluviométricos, com a ocorrência
de chuva. A água dissolve o calcário até ele colapsar.
Reprodução/UPE-SSA 2018
01. (CP2/2016) Observe atentamente o mapa:
200
250
300
350
Urca
Legenda
curvas de nível Praia de
orientação/ Fora
perspectiva da Urca
observação
50 Praia Enseada
Morro Cara da Urca de Botafogo
de Cão
Graben II - Horst
II – Horst 4
5
Reprodução/Unesp 2015
No Brasil, os exemplos para I e II são, respectivamente,
A) Vale do Itajaí e Serra Geral.
B) Vale do Paraíba e Serra do Mar.
C) Planície Amazônica e Serra do Cachimbo.
D) Vale do São Francisco e Chapada Diamantina. A partir de conhecimentos cartográficos sobre orientação,
E) Planície Costeira e Serra do Espinhaço. localização e altimetria, é correto afirmar que a fotografia foi
realizada a partir da posição
08. (Unicamp) As restingas podem ser definidas como depósitos
A) 2 B) 5
arenosos produzidos por processos de dinâmica costeira
C) 3 D) 4
atual (fortes correntes de deriva litorânea, podendo interagir
com correntes de maré e fluxos fluviais), formando feições E) 1
alongadas, paralelas ou transversais à linha da costa. Podem
apresentar retrabalhamentos locais associados a processos 10. (UFRN – Adaptada) Em uma aula de Geografia sobre a dinâmica
eólicos e fluviais. Quando estáveis, as restingas dão forma às da população brasileira, o professor apresentou dados do
“planícies de restinga”, com desenvolvimento de vegetação Censo Demográfico 2010. Segundo esses dados, o país atingiu
herbácea e arbustiva e até arbórea. As restingas são áreas um total de 190.755.799 habitantes, que se encontram
sujeitas a processos erosivos desencadeados, entre outros distribuídos pelos seus 8.514.876,599 km2, apresentando uma
fatores, pela dinâmica da circulação costeira, pela elevação do densidade demográfica média de 22,43 hab./km2. Para ilustrar
nível relativo do mar e pela urbanização. as informações, o professor mostrou aos alunos os mapas a
Adaptado de Célia Regina G. Souza e outros, Restinga: conceitos e emprego seguir.
do termo no Brasil e implicações na legislação ambiental.
São Paulo: Instituto Geológico, 2008.
Brasil: Densidade Demográfica
por Regiões (2010) Brasil: Relevo
Planalto Central
e Planícies e
Terras Baixas
m2 Costeiras
Planície
do Serras e
Sudeste Pantanal Planaltos do
6,92 hab. km2 OCEANO
Leste e
Planalto Sudeste
PACÍFICO Meridional
N
OCEANO
O L
ATLÂNTICO Florianópolis
. km2
S Planalto
C-6 H-26, 27
para o dia, ele é resultado de um processo que dura milhares de
Aula Solos do Brasil – Potenciais e H-28, 29
anos (segundo os especialistas em gênese do solo, são necessários
10.000 anos para formar 1 cm de solo).
12 degradação H-30
O elemento a partir do qual vai dar início a formação do solo
é o substrato rochoso (material não intemperizado), daí o porquê
da denominação “rocha-mãe” ou “rocha matriz” atribuída à rocha,
pois é a partir da intemperização da rocha que o solo vai se organizar
em camadas (horizontes). É importante o aluno saber que quando
falamos em intemperização significa o processo de desintegração e
decomposição da rocha; assim temos: o intemperismo físico (quebra
a rocha) e o químico (provoca a dissolução química da mesma).
Essa atividade faz do clima o agente mais importante no processo
de formação do solo.
Fatores condicionantes na
LEGENDA formação do solo
ARGISSOLOS
CAMBISSOLOS
CHERNOSSOLOS
Clima Clima
Organismos
ESPODOSSOLOS Relevo
GLEISSOLOS
LATOSSOLOS
NEOSSOLOS
NITOSSOLOS N
SOLO
PLANOSSOLOS Rocha Processos
PLINTOSSOLOS
ORGANOSSOLOS
VERTISSOLOS Tempo
Erosão do Solo
Características gerais dos solos das
regiões brasileiras O solo é um ambiente totalmente exposto à atmosfera e
essa condição dá a ela um ônus, uma desvantagem, que é a de
ser vítima da ação da erosão e da ação antrópica, que acelera e
Solo Amazônico
intensifica seu desgaste.
• Latossolo na Mata de Terra Firme; Então, quando falamos em erosão, nós pensamos em
• Raso na região de Várzea (considerado mais fértil quando não dois agentes erosivos: a natureza e o homem, com o manuseio
inundado); inadequado do solo. Por exemplo:
• Pobre (sobrevive da reciclagem); A natureza contribui com a chamada erosão pluvial
• Lixiviação (principalmente nas várzeas); (chuva). A água, ao atingir a superfície, tem dois destinos:
• Soja em terra firme / agricultura de subsistência nas várzeas infiltrar ou escoar. Quando isso acontece em superfícies
(arroz); cobertas por matas, o impacto da água é menor, a vegetação
• Arenoso, avermelhado, pobre em potássio, fósforo, cálcio e serve ali como um agente que disciplina a violência da água.
magnésio; Ao praticar o desmatamento, o homem deixa a superfície despida,
• Período úmido: solo fica ácido (reage com óxido). mais vulnerável, frágil, e essa ausência vai custar caro para o solo,
pathomp/123RF/Easypix
• Atividade agrícola: o uso de máquinas agrícolas pesadas e o pisoteamento do gado contribuem para a compactação do solo e sua
impermeabilidade, exigindo técnicas de aeração e descompactação do solo.
Robert Mawby/123RF/Easypix
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Exercícios de Fixação
01. (Fuvest) Os desmatamentos, as queimadas, o estabelecimento da agropecuária extensiva ou da agricultura itinerante, seguidos pela
lixiviação dos solos, podem acarretar, nas zonas tropicais,
A) a exposição de lateritas ou crostas ferruginosas.
B) a alteração da fertilidade dos solos podzóis.
C) a concentração excessiva de fosfatos nos tchernozions.
D) o empobrecimento dos solos de pradarias.
E) o aumento do latossolo nas regiões semi-áridas.
02. (Uece/2017) Observe a seguinte descrição de uma parcela da compartimentação geoambiental do Ceará:
“O relevo cearense tem uma predominância muito significativa de terras situadas abaixo do nível de 300 m. Os compartimentos
serranos de maciços residuais e de planaltos sedimentares acima de 700 m têm extensões restritas. No litoral, além dos campos
de dunas modelados em sedimentos atuais, os depósitos mais antigos são entalhados incipientemente pela drenagem superficial,
isolando interflúvios tabulares que representam os tabuleiros pré-litorâneos inaparentes.”
Souza, M. J. N. de. Compartimentação Geoambiental do Ceará. Ceará um novo olhar geográfico. Borzacchiello, J. et. al. Ed. Demócrito Rocha. Fortaleza. 2007. p. 131.
afirmar que:
A) o horizonte (ou camada) O corresponde
ao acúmulo de material orgânico Horizonte C
que é gradualmente decomposto e
incorporado aos horizontes inferiores,
acumulando-se nos horizontes B e C.
B) o horizonte A apresenta muitos Rocha não
alterada
minerais não alterados da rocha N
que deu origem ao solo, sendo
normalmente o horizonte menos fértil do perfil. 0 1200 2400
C) o horizonte C corresponde à transição entre solo e rocha, km
apresentando, normalmente, em seu interior, fragmentos
da rocha não alterada.
D) o horizonte B apresenta baixo desenvolvimento do solo, Amazônico Cerrado Mares de Morros
sendo um dos primeiros horizontes a se formar e o horizonte
com a menor fertilidade em relação aos outros horizontes. Caatingas Araucária Pradarias
Faixas de transição
03. (Uece) Solos pouco evoluídos, delgados, com ausência de
horizonte B, onde predominam de forma bastante preservadas Aziz Nacib Ab’Saber. Os domínios de natureza no Brasil,
as características da rocha original, são conhecidos como 2003. Adaptado.
A) luvissolos. B) argissolos.
C) neossolos. D) planossolos. São características do domínio morfoclimático dos Mares de
Morros:
04. (UFG/2010) Segundo os geógrafos Aroldo de Azevedo (1948) A) relevo com morros residuais; solos litólicos; vegetação
e Aziz Ab’Saber (1956), no Planalto Meridional do Brasil, formada por cactáceas, bromeliáceas e árvores; clima
destaca-se a ocorrência de solos de terra roxa, caracterizados semiárido.
por elevada fertilidade natural e por isso muito utilizados nas B) relevo com topografia mamelonar; solos latossólicos; floresta
atividades agrícolas. O tipo de rocha, a estrutura geológica latifoliada tropical; climas tropical e subtropical úmido.
que dá origem ao solo de terra roxa e a atividade agrícola C) relevo de chapadas e extensos chapadões; solos latossólicos;
historicamente nele desenvolvida são, respectivamente: vegetação com arbustos de troncos e galhos retorcidos; clima
A) o basalto, que é uma rocha ígnea extrusiva da Bacia Sedimentar tropical.
do Paraná, onde se desenvolveu o cultivo de café. D) relevo de planaltos ondulados; manchas de terra roxa;
B) o arenito, que é uma rocha sedimentar marinha da Bacia vegetação de pinhais altos, esguios e imponentes; clima
Sedimentar do Maranhão, onde se desenvolveu a plantação temperado úmido de altitude.
de arroz. E) relevo baixo com suaves ondulações; terrenos basálticos;
C) o granito, que é uma rocha ígnea intrusiva do Escudo Cristalino vegetação herbácea; clima subtropical.
do Brasil Central, onde se desenvolveu o cultivo de feijão.
D) o gnaisse, que é uma rocha metamórfica bandeada do Escudo 07. (Unimontes – Adaptada) Sobre os tipos de solos e suas
Cristalino Atlântico, onde se desenvolveu o plantio de laranja. características, assinale a alternativa correta.
E) o diabásio, que é uma rocha ígnea extrusiva da Bacia A) Os solos eluviais formam-se por acúmulo de sedimentos e
Sedimentar da Amazônia, onde se desenvolveu o cultivo partículas, transportados a grandes distâncias pela força das
de pimenta-do-reino. águas e dos ventos.
B) O solo muito arenoso apresenta alto teor de matéria orgânica
05. (Mack) Os solos do semiárido nordestino são, em geral, mais e grande capacidade de retenção de água, sendo, assim,
rasos que os solos do Sul e do Sudeste do Brasil, em virtude
muito fértil.
A) da intensa lixiviação na região, que provoca constante dissolução
C) Os solos mais claros, como os do semiárido, são os de
e transporte dos elementos mais solúveis contidos nos solos.
mais alto valor para a agricultura, pois apresentam grande
B) da formação das lateritas, ocasionadas pelos baixos índices
quantidade de matéria orgânica.
pluviométricos da região.
D) O processo de formação do solo, a partir de uma rocha
C) do aumento da acidificação, que compromete o uso do solo
para as atividades agrárias. matriz, é um processo lento e depende da ação de elementos
D) da fraca pluviosidade e da elevada evapotranspiração da região. naturais, como o clima.
E) da diminuição de nutrientes minerais e orgânicos, decorrente E) O solo coluvial é formado a partir da decomposição da rocha
do clima seco e quente. que está imediatamente abaixo do solo.
C-6 H-26, 27
Aula As Características Climáticas do H-28, 29 térmica e a presença bem definida das estações primavera e outono.
13 Território Brasileiro
Condicionantes do clima do Brasil
Vários fatores condicionam e dinamizam o clima do Brasil,
dentre eles podemos citar a grande extensão latitudinal (5º Norte
a 33º Sul), ou seja, as insolações no Brasil são desiguais, vai de
muito quente na região Norte até o frio na região Sul. As chuvas
são controladas por sistemas atmosféricos como as massas de ar,
as estações do ano, o El Niño, a ZCIT, a ZCAS e fatores tradicionais
Trópico de Câncer como a altitude, o relevo e a vegetação.
23° 27’ Norte
92% do território brasileiro está inserido na zona
mais iluminada, a Zona Tropical. Grosso modo, essa
ZCIT (Zona de Convergência
Brasil região apresenta apenas duas estações bem definidas.
Intertropical)
Trópico de Capricórnio
Ventos carregados de umidade, oriundos dos trópicos
23° 27’ Sul
(alísios), que se deslocam para a região do Equador, provocando
8% do território situa-se na Zona Temperada chuvas no Norte e Nordeste do Brasil.
do Sul, Subtropical. Essa região apresenta as
quatro estações bem definidas.
Introdução
O clima tem o poder de intervir na vida de todos, na
sociedade e natureza, talvez seja o elemento mais importante da
natureza, pois participa do processo de formação do solo, define
os tipos de paisagens, de vegetações, define o regime de rios
(perenes ou temporários), modela o relevo, decompõe rochas e
ainda interfere em atividades humanas, como a agropecuária, e,
como se não bastasse, ainda participa, direta ou indiretamente,
de certas matrizes de energia, como a eólica, a solar e a hidráulica
– dessas, podemos considerar a agropecuária como sendo a
atividade que mais depende do clima. Imagem de satélite da Zona de Convergência Intertropical.
Dentro desse contexto, podemos dizer que o clima
possui a capacidade de afetar, interferir em um complexo que ZCAS (Zona de Convergência do
envolve produção, distribuição, elevação de preços, inflação,
desemprego, enfim, crises ou crescimentos.
Atlântico Sul)
Estudar o clima não signifi ca tão somente estudar o
estado atmosférico, mas significa também uma necessidade de
compreender sua dinâmica, como forma de tentar minimizar
estragos causados por interferência negativa do clima. Podemos
citar como exemplo disso a seca do nordeste, em 2012, e a B
seca em São Paulo, em 2014, problemas esses que geram mal-estar Baixa pressão
econômico, com a elevação de preço de produtos básicos
para nossa alimentação como feijão e farinha, e, o que é pior,
o mal-estar social. A severidade da seca foi em um grau tão
elevado que levou à morte de centenas e centenas de gado,
suicídio de proprietários de gado (a depressão ocasionada pela
seca), à falta de água para a família rural. Qualquer menção A
que se faça à citação “Futuramente a guerra será por água.”
já não é hoje nenhuma frase exagerada ou dramática, pois em Alta pressão
A Influência do El Niño
no Brasil Aqui falta
chuva
As frentes frias
É um fenômeno que provoca mudanças no deslocamento de normais não passam Jato antinordeste...
massas, isto é, um desarranjo nas massas de ar, afetando o clima no Correntes de jato são rios
Corrente de ar que disparam a
Brasil e no mundo, provocando chuvas em algumas regiões, como
de jato Aqui sobra 12 000 metros de altura.
no sul do Brasil, e secas em outras, como no nordeste do Brasil. chuva Com o El Niño, uma delas
Ocorre de forma irregular, em intervalos de 2 a 7 anos, bloqueia as frentes frias
com duração que varia entre 12 e 18 meses. que, normalmente, criam
No El Niño, a velocidade dos ventos alísios diminui por Frentes frias as chuvas do Nordeste
cerca de 1 a 2 m/s; sem a força dos ventos, a água fria das desviadas em fevereiro e março.
porções mais profundas do oceano não ascende, não ressurge, ficam no Sul
...e antisul.
fica, então, na superfície, a água quente, favorecendo o aumento Na Região Sul, o bloqueio da
da temperatura da superfície do mar. Esse fenômeno vai provocar corrente tem um efeito oposto.
mudanças nas temperaturas, na circulação dos ventos e das Ele trava as frentes frias sobre
ele, provocando chuvas
massas de ar. Esse cenário vai ser responsável por mudar de rota
torrenciais e enchentes.
uma massa de ar que é responsável pelas chuvas no nordeste
do Brasil, a MEC (Massa Equatorial Continental), que vai ser
arrastada no sentido Noroeste-Sudeste, em direção ao Sul do
país. A consequência é a ocorrência de enchentes no Sul do país Climas do Brasil
e de seca na região do clima semiárido nordestino e extremo
norte do país, principalmente em Roraima.
A La Niña é o inverso, ocorre com menor frequência. Tropical
0° Equador
As causas que levam ao aparecimento desses dois fenômenos
ainda são desconhecidas.
Equatorial
Circulação 10° Semiárido
da Convecção
Tropical
América
do Sul
Tropical Tropical
20° de Atlântico
altitude
Trópico de
Capricórnio
Subtropical
Entenda o fenômeno 30° Km 400
0
Condições Normais
• Os ventos que sopram na superfície do Pacífico de leste para oeste 70° 60° 50° 40°
empurram a massa de água aquecida pelo sol em direção à Ásia,
expondo águas frias no litoral Sul-americano.
• Com a concentração de água quente (vermelho), aumentam a
evaporação e as chuvas na Ásia. O ar chega à alta atmosfera e é
empurrado, para depois descer. Cria-se uma corrente de convecção.
El Niño
176 Anual – Volume 3
Geografia I ciÊncias Humanas e suas tecnoloGias
• Média térmica inferior a 18ºC; • Média térmica superior a 18ºC; • 3000 mm/ano;
• Alta amplitude térmica; • Baixa amplitude térmica; • Esse clima apresenta uma expressiva homogeneidade térmica,
• Clima regido pela Massa Polar • Clima regido pelas massas sem grande amplitude térmica (a pequena amplitude é devido
Atlântica; equatoriais e tropicais no verão, a umidade), oscilando entre 24ºC e 27ºC;
• Apresenta as quatro estações no inverno tem influência da • Maiores índices de chuvas: verão e outono;
bem definidas. Massa Polar Atlântica; • Na porção mais norte da Amazônia chove mais no inverno,
• Influência de sistemas atmosféricos porque coincide com a estação de verão no Hemisfério Norte;
como a ZCIT e ZCAS; no restante da região, a precipitação é menor no inverno.
• Não apresenta as quatro estações
bem definidas.
Observação:
Se a temperatura é homogênea não podemos dizer o
Clima Equatorial mesmo da chuva, pois essa apresenta uma distribuição mais
heterogênea – áreas mais chuvosas com 3 000 mm/anual, é o
É um tipo de clima tropical marcante nas regiões próximas
extremo leste (Ilha de Marajó, no Baixo Amazonas, devido à
à linha do Equador, região mais úmida do Brasil, isso porque essa
ação da MEA) e o extremo oeste (Amazônia Ocidental, onde
região tem duas “fábricas de umidade”, o Rio Amazonas e a Floresta
a presença da baixa pressão equatorial é quase permanente),
Amazônica (vale lembrar que uma árvore na Amazônia joga, em média,
ao passo que em outras áreas não passam de 1 600 mm/anual,
1 000 litros de água na atmosfera) são verdadeiros rios voadores
como nas regiões Noroeste e Sudoeste.
que se formam. Esse clima tem elevada temperatura (acima de
18 graus Celsius), baixa amplitude térmica, alto índice de pluviosidade
(média de 3 000 mm/ano), recebe influência de mecanismos
atmosféricos como MEC (Massa Equatorial Continental), MEA Tropical Semiúmido ou Tropical Típico
(Massa Equatorial Atlântica) e no inverno a porção sul da região
Norte vai atrair a MPA. Essa massa fria e úmida vai aproveitar o Clima Tropical Continental
corredor de terras baixas na porção mais interior do continente mm ºC
(Depressão do Paraguai), deslocando-se até lá e, ao estacionar 425 31
sobre essa região, vai alterar o clima: essa massa fria e úmida vai 400 30
reduzir a temperatura da região e, consequentemente, reduzir 375 29
a pluviosidade – a queda da temperatura pode chegar até 8 ºC 350 28
no Sudoeste da região (posso até citar que, em 1936, em Sena 325 27
Madureira, município do Estado do Acre, a temperatura foi a 300 26
7,9ºC), fenômeno esse conhecido como friagem. 275 25
250 24
225 23
Clima Equatorial (2.892 mm) 200 22
175 21
mm Cº
Lugar: Uaupés (AM) 150 20
425 31 125 19
400 30 100 18
375 29 75 17
350 28 50 16
325 27 25 15
300 26 0 14
275 25 J F M A M J J A S O N D
250 24
225 23 Predomina na maior parte do país, especialmente nas regiões
200 22 Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste e no estado de Tocantins. É um
175 21 clima quente, marcado por duas estações bem distintas: verão
150 20 úmido e inverno seco.
125 19 É o clima da famosa vegetação do cerrado (o cerrado é uma
100 18 paisagem transicional entre os quentes e úmidos das florestas e o
75 17
subtropical frio e úmido ao Sul). É um clima regido por sistemas
50 16
25 15 atmosféricos equatoriais (como é o caso da MEC) e tropicais (como
0 14 é o caso da MTA e MTC) e também tem influência da atuação da
J F M A M J J A S O N D
MPA. Essas características atmosféricas determinam a alternância
do clima nessa região – quente e úmido concentrado no verão e
quente e seco concentrado no inverno. É exatamente por isso que
Vale lembrar também que esse clima é controlado por esse clima evidencia a tropicalidade do Brasil – marcado por duas
sistemas atmosféricos úmidos, que são atraídos por essa região estações distintas: verão úmido e inverno seco.
equatorial pelo fato dela ter baixa pressão (áreas de baixa pressão Média das máximas: 36ºC em setembro, o mês mais quente
são zonas convergentes de ar, essa área recebe dois nomes que da região.
estão ligados a ela: Calmarias e Doldrums), isto é, sistemas Ao contrário do norte, tem uma heterogeneidade térmica:
atmosféricos carregados de umidade são atraídos para ela, o mais ao sul, média térmica anual de 20ºC e, na porção mais ao
que favorece a ocorrência de chuvas: são os alísios (ventos que norte, média térmica anual de 26ºC.
vêm das áreas tropicais de alta pressão para a zona equatorial). As chuvas são concentradas no verão (entre novembro e
• Médias térmicas estão acima de 24ºC; março) – 1 500mm/2 000mm.
Em função da severidade climática e da fraca economia, Clima que corresponde às áreas elevadas da região
é considerada a região que apresenta os piores índices sociais do Sudeste, são regiões serranas e planaltos. As temperaturas são
país; é considerada a região semiárida mais populosa do mundo, mais baixas do que as registradas no Tropical Típico. Apesar de
com pouco mais de 20 milhões de habitantes, o que corresponde ter ocorrência de chuva o ano todo, o índice de pluviosidade é
a cerca de 10% da população do Brasil. maior no verão.
P (mm) T (°C)
400 40
Exercícios de Fixação
35
300 30
01. (Fuvest/2019) O gráfico mostra as temperaturas médias mensais
25
históricas de cinco cidades, todas localizadas em altitudes
próximas do nível do mar: Alexandria (Egito), Barcelona 200 20
(Espanha), Buenos Aires (Argentina), Santos (SP, Brasil), São 15
Luís (MA, Brasil).
100 10
30 5
0 0
25 J F M A M J J A S O N D
Temperatura média (°C)
Pluviosidade média
20 Temperatura média
Fonte: IBGE. In: ALMEIDA; RIGOLIN. Geografia: Geografia geral e do
15 Brasil. São Paulo: Ática, 2008, p. 114-115.
Trópico de Capricórnio
Inverno
(não atua no Brasil
nesse período) O verdadeiro “pulmão do mundo” são
A) as algas marinhas, uma vez que produzem mais oxigênio
OCEANO
ATLÂNTICO pela fotossíntese do que precisam na respiração.
Equador
OCEANO
B) as áreas cultivadas, porque impedem que os raios solares
PACÍFICO
transformem o oxigênio em gás carbônico.
Friagem
Chuvas
C) as estepes e campos que, devido à vegetação de gramíneas,
Periodo de
frontais consomem menos oxigênio do que produzem.
Trópico de Capricórnio
estiagem
D) os bosques e florestas, porque seus arbustos promovem a
Baixas absorção do oxigênio através de suas folhas.
temperaturas
e geadas
OCEANO E) os continentes gelados que, durante o degelo, promovem
OCEANO
PACÍFICO
ATLÂNTICO
a liberação de oxigênio para a atmosfera.
Exercícios Propostos
LUCCI, Ellan Alabl. et all. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia
geral e do Brasil – ensino Médio, volume único. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 529.
TEMPERATURA
PRECIPITAÇÃO
08. (Ufla) A relação entre a massa de ar atuante no Brasil e suas Fique de Olho
características está correta na alternativa:
A) Tropical Atlântica (fria/seca) – Atua com mais intensidade nas
regiões Sul e Sudeste. Provoca chuvas de inverno no litoral CHUVA DE GRANIZO ASSUSTA NO SERTÃO DO CEARÁ
do Nordeste e quedas de temperatura na Amazônia.
B) Equatorial Continental (quente/úmida) – Atua na Amazônia federicofoto/123RF/Easypix
C-6 H-26, 27
Aula H-28, 29
Os Grandes Domínios de Vegetação no Brasil
14
49%
Amazônia
2%
Pantanal
2%
Pampa
Introdução
A vegetação é o espelho do clima, portanto, o clima é o fator determinante da distribuição dos vegetais na superfície terrestre.
No Brasil, essa ideia pode ser comprovada relacionando-se os tipos de clima com os de vegetação.
O Brasil possui grande extensão territorial e também latitudinal, é uma área de 8.515.767,049 km2 “esparramada” nos dois
hemisférios, Hemisfério Norte (apenas 7% de seu território) e no Hemisfério Sul (93%). Essa realidade permite, ao Brasil, ostentar
uma diversidade climática e, consequentemente, favorecer a ocorrência de vegetações que vão da Floresta Amazônica à Caatinga.
O território brasileiro apresenta diversos tipos de florestas e vegetação arbustiva e herbácea. O número de espécies nativas de vegetais
existentes no Brasil é estimado em cerca de 56.000.
No Brasil, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Mata de Araucárias e a Mata dos Cocais constituem as formações florestais.
Entre as formações arbustivas, destacam-se a Caatinga e o Cerrado e, entre as herbáceas, temos os Campos. (É bom lembrar que
tanto a Caatinga como o Cerrado são arbustivas, intercalando com herbáceas). Temos ainda na fitogeografia do Brasil, o Pantanal e a
vegetação litorânea.
As fortes atividades econômicas realizadas em detrimento das vegetações brasileiras colocam o Brasil na condição de país com
alto índice de desmatamento e outros tipos de degradações, que trazem problemas nas esferas ambiental e social. Uma realidade atual
que ratifica essa imagem negativa é o fato de que o Brasil já tem dois biomas considerados pela ONU como hotspots (não confundir
o termo aplicado à geomorfologia), isto é, área de elevada riqueza natural e de biodiversidade que se encontram ameaçadas. No caso
do Brasil, o Cerrado e a Mata atlântica.
ZONAS DA TERRA
Círculo
polar Ártico Zona polar 66º33’
do Norte
Trópico de Zona temperada 23º27’
Câncer do Norte
Zona Tropical
5º Norte
Equador 0º
A grande extensão latitudinal do
Brasil favorece a diversidade de
climas e paisagens.
Trópico de 33º Sul
Zona temperada 23º27’
Capricórnio
do Sul
Zona polar
Círculo polar do Sul 66º33’
Antártico
7
1 8
2
7
6 7
Formações complexas e litorâneas
6 – Complexo do Pantanal
5 7 – Vegetação litorânea:
• Manguezais
• Vegetações de dunas
9
7
3
0 375 750 1.500
Km
Maior floresta tropical do mundo, representa quase metade do território do país. É dona do maior estoque de vida animal e
vegetal, com um número incalculável de espécies. É uma floresta heterogênea, com milhares de espécies vegetais (muitas ainda sem
classificação), e perene, isto é, sempre verde, não perde as folhas no outono-inverno. É uma mata densa e intricada, onde as plantas
crescem bastante próximas umas das outras e são comuns as plantas parasitas.
A floresta abriga cerca de 2 500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do planeta) e quase 40 mil das 100 mil espécies
de plantas da América Latina.
A Floresta Amazônica se estende por oito países Sul-americanos: Brasil, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru
e Bolívia e mais a Guiana Francesa (França). Abrange nove estados brasileiros: Maranhão, Pará, Amapá, Roraima, Amazonas, Acre,
Rondônia, Mato Grosso e Tocantins.
Apesar de apresentar uma rica flora e fauna, em geral, o solo amazônico apresenta baixa fertilidade, reduzidos nutrientes, e a
maior parte desses nutrientes é produzida pela própria floresta.
Por baixo da floresta, uma fina camada de solo fértil orgânico (húmus) é, continuamente, renovada pela decomposição de folhas,
galhos e animais mortos, os quais são convertidos em nutrientes e reabsorvidos pelas raízes das plantas. A retirada da vegetação significa
alterar esse delicado equilíbrio e o empobrecimento dos solos em curto prazo.
N S
3 1
Mata de Mata de Depressão marginal
Planalto das Guianas Terra Firme Igapó sul-amazônica e planaltos
2
Nível das águas altas residuais sul-amazônicos
Serras Planalto Mata de (enchente)
norte-amazônico Várzea
Rio Amazonas
Solo sedimentar
Depósitos sedimentares recente de várzea
terciários de terra firme Sedimentos
1. Mata de Igapó: sua ocorrência é em terrenos próximos ao rio, constantemente alagados. São plantas aquáticas, permanentemente
inundadas, com presença de plantas epífitas; nesse patamar encontramos também plantas como as orquídeas, as bromélias,
a vitória-régia e outras.
2. Mata de Várzea: são plantas inundadas na época de cheia do rio, medem entre 25 a 30 m, como as seringueiras; solo fértil,
areno-argiloso e pouco desenvolvido, nutrido pelas cheias do rio, planta-se, na época do recuo da água do rio, a policultura de
produtos como arroz pela, agricultura de família.
Na época de cheias, o rio inunda uma área equivalente à da Inglaterra. Destacam-se a seringueira, a sumaúma e outras.
3. Mata de Terra Firme: cobre 80% da floresta; essas áreas não são atingidas pelas inundações. É o habitat da maior estrutura
vegetal da região. São as vegetações mais distantes do rio, portanto isentas de inundação, com plantas que podem atingir até
50 m, como a Castanha do Pará, a Maçaranduba, Mogno e Cedro, ocorrência do desmatamento em função da agricultura da soja
e do extrativismo vegetal.
A Floresta Amazônica tem um importante papel no ecossistema, ela é fundamental para a sustentabilidade climática do
globo. Por se tratar de uma verdadeira fábrica de umidade, a floresta atua como um ar-condicionado, ela refrigera e circula o
ar; eleva a umidade; eleva a pluviosidade; participa do ciclo hidrológico, sorvedor de CO2 (regulador térmico); participa do ciclo
do carbono e do ciclo do nitrogênio. Diante de toda essa importância ambiental, o uso não sustentável da floresta provoca uma
desordem no meio ambiente, as atividades econômicas, como o desmatamento, reduzem o verde e, com isso, vem os impactos,
como a redução do albedo; intensificação do CO2; intensificação do efeito estufa; redução da biodiversidade, redução da umidade;
redução das chuvas; as hidrelétricas inundam as matas que, apodrecidas, lançam um gás estufa mais poderoso do que o dióxido
de carbono, o metano.
Cerca de 20% da floresta já foi devastada, essa degradação é puxada por atividades econômicas, das quais destacamos:
• Expansão da pecuária bovina;
• Atividade das madeireiras, geralmente, atuando de forma clandestina;
• Garimpo;
• Agronegócios (formando o arco do desmatamento).
Leitura complementar
Considerado como um hotspot mundial de biodiversidade,
o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas
e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da
diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a
savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas
nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats,
que determinam uma notável alternância de espécies entre
diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são
conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies.
A Caatinga é uma área de, aproximadamente, 800.000
Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies)
quilômetros quadrados, localizada na Região Nordeste do Brasil.
e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes
endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante Abrange os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e
altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De Paraíba, além de algumas áreas da Bahia, Alagoas, Pernambuco e
acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% Sergipe. Localiza-se entre a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica
das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos. e o Cerrado.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande As temperaturas, em geral, são altas e as chuvas são
importância social. Muitas populações sobrevivem de seus escassas, concentradas principalmente nos meses de verão. Os solos
recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, são pedregosos e secos, ocasionando uma rápida evaporação das
geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades águas. Os rios e cursos d´água, na sua maioria, são intermitentes,
quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e ou seja, secam por um período de sete a nove meses do ano e
cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua reaparecem na época de chuva. Quando chove, a paisagem muda
biodiversidade. Mais de 220 espécies têm uso medicinal e mais rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado
416 podem ser usadas na recuperação de solos degradados, de pequenas plantas.
como barreiras contra o vento, proteção contra a erosão, ou Há várias fisionomias de Caatinga, desde a florestal até a
para criar habitat de predadores naturais de pragas. Mais de
herbácea, passando pela Caatinga arbustiva.
10 tipos de frutos comestíveis são regularmente consumidos
A biodiversidade de flora é média, e a vegetação em geral
pela população local e vendidos nos centros urbanos, como os
é xerofítica, ou seja, adaptada à escassez periódica da água, como
frutos do pequi (Caryocar brasiliense), buriti (Mauritia flexuosa),
no Cerrado. O endemismo nas plantas superiores chega a 30%.
Mangaba (Hancornia speciosa), cagaita (Eugenia dysenterica),
bacupari (Salacia crassifolia), cajuzinho-do-cerrado (Anacardium A fauna, por sua vez, é relativamente pobre se comparada a outros
humile), araticum (Annona crassifolia) e as sementes do baru biomas. Os animais aproveitam o período de chuvas para reprodução
(Dipteryx alata). e engorda.
Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm Não se sabe ainda a importância do impacto humano na
risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e Caatinga. Estima-se que entre 30 e 50% da região já foi alterada
endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos pelo homem, e o restante do bioma é bastante fragmentado.
137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas É uma região pouco estudada e pouco habitada, com projetos
de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma de desenvolvimento falidos e abandonados. As unidades de
brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana. conservação são poucas, espalhadas e cobrem uma pequena área
Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando territorial, tornando a Caatinga o bioma de menor área protegida
incrementar a produção de carne e grãos para exportação, tem entre os biomas brasileiros.
havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais da
Parin Kiratiatthakun/123RF/Easypix
evaporação;
• Formações arbustivas intercaladas com cactáceas;
• Vegetação lenhosa, xerófila, raiz profunda, casca espessa no
caule (para respiração);
• Vida latente (maior biodiversidade entre os climas semiáridos);
• As plantas e os animais apresentam condições específicas que lhes
permitem viver nessas condições desfavoráveis, fato que faz dessa
região ter bastante endemismo (tanto da flora como da fauna),
plantas e animais que ocorrem naturalmente somente nessa região;
• Formações arbustivas intercaladas com cactáceas (cactos que têm A desertificação é a degradação dos solos em regiões de
capacidade fisiológica de armazenar água), vegetação lenhosa, baixa pluviosidade, onde a evaporação supera a precipitação,
xerófila, raiz profunda, geralmente as folhas pequenas possuem isto é, em regiões de clima árido ou semiárido.
uma cera e espinhos para impedir a evaporação. A vegetação pode
ser formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 m de
altura; o arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, Leitura complementar
com a vegetação abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns,
As representações sobre o bioma Caatinga, no semiárido
estão: umbuzeiro, mandacaru e amburana. Algumas dessas plantas
brasileiro, são, geralmente, marcadas por preconceitos, além de
podem produzir cera, óleo vegetal, fibra e, principalmente, frutas.
serem extremamente superficiais. A nossa sociobiodiversidade é
tratada como homogênea, quando possui um número significativo
Processo de desertificação de paisagens singulares.
A Caatinga é o único bioma totalmente brasileiro e, até hoje,
Definida como sendo a perda total ou redução do potencial
não foi considerada patrimônio nacional como é a Amazônia e a
biológico da terra, a desertificação tem causas relacionadas a
Mata Atlântica, como consta na Constituição Federal, que também
condições naturais (desertização) e à ação antrópica (desertificação),
excetua o Cerrado. Incrível como as lutas (PEC 123/2003 e PEC
que podem ocorrer de forma separada ou simultaneamente.
504/2010) para que isso se efetive no Brasil esbarram no destrutivo
Entre as causas humanas, estão: o desmatamento, as
e silencioso sentido de se tratar a Caatinga como um lugar inóspito
queimadas, o uso inadequado do solo, entre outras.
e pobre. O próprio site do Ministério do Meio Ambiente refere-se
No processo de desertificação, há um desequilíbrio entre
a “um agrupamento de pessoas carentes”.
a quantidade de água perdida por evaporação e escoamento e
Tentam fazer acreditar que a Caatinga é um bioma pobre
a proveniente das precipitações. Isso pode levar à redução da
em espécies e endemismos. Mas, mesmo sendo a região menos
formação vegetal preexistente e ao consequente comprometimento
pesquisada do Brasil, já foram identificadas em torno de 178
da fauna, com reflexos, portanto, em toda a biodiversidade.
espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies
A perda de vegetação e de matéria orgânica, no solo, nos
de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas. Segundo Giullieti, na
processos de desertificação, desprende carbono, que, por sua vez,
Caatinga já foram identificadas mais de 5.344 espécies de plantas
contribui para o aquecimento global.
que produzem flores e sementes (fanerógamas), caracterizando-se
No caso brasileiro, as áreas suscetíveis aos processos de
como local de rica biodiversidade.
desertificação atingem, aproximadamente, 1.340.000 km2, dos
A região é a mais diversa do mundo, considerando as condições
quais 180.000 km já estão em situação grave ou muito grave,
2
de clima e solo semelhantes. Suas florestas e outras áreas naturais
principalmente, o Nordeste, mas abrangem também trechos do
representam 12% do território nacional, abrangendo os estados do
Norte (Tocantins) e do Sudeste (norte de Minas Gerais). E também,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
devemos contar com a área afetada pelo processo de arenização
Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais. Sua rica biodiversidade confere
no Rio Grande do Sul.
valores biológicos e econômicos significativos para o Brasil, fazendo
da Caatinga, hoje com cerca de 28 milhões de habitantes, um bioma
A saber! prioritário para a conservação na América Latina.
Entenda a diferença entre desertificação e arenização: Não há consenso quanto ao tamanho e caracterização
Arenização do bioma Caatinga. De forma genérica, quando nos referimos
a ela, tratamos do tipo de vegetação que cobre boa parte da
RELEVO AÇÃO HUMANA
área, com clima semiárido na região Nordeste. Hoje, o sentido
CHUVAS
que atribuímos à Caatinga ultrapassa a noção de uma formação
CONSEQUÊNCIA
E VENTO vegetal especificamente. Ela é sinônimo de Nordeste (dimensão
Dep sociocultural) e de semiárido (dimensão climática).
o
Sed sição d B a De origem indígena, Caatinga significa “mata”, “floresta
ime e nco
ntos de a
reia branca”, certamente, em decorrência da sua extraordinária
capacidade de resistir a períodos de longas estiagens, protegendo-se
N TES E P OIS das adversidades climáticas quentes, ficando com um aspecto
A DEPOIS
D
esbranquiçado, como as árvores e outros organismos fazem em
áreas geladas. Em outros períodos, volta a ficar totalmente verde.
Conhecida também como processo de formação de bancos Parte da Caatinga é cortada pelo Velho Chico, um oásis que
de areia, a arenização se dá pela retirada da cobertura vegetal abriga mais de 17 milhões de pessoas e que agoniza, sobretudo,
em solos arenosos, em regiões de clima úmido, com regime de pela visível morte do Cerrado, de onde vem seus principais volumes
chuvas constantes, como é o caso do Rio Grande do Sul (nos de água. O Vale do São Francisco é um grande polo da fruticultura
Pampas). irrigada. Além da produção de frutas e verduras, hoje sua produção
de bons vinhos já é reconhecida mundialmente.
Leitura complementar
O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões
úmidas contínuas do planeta. Este bioma continental é considerado
o de menor extensão territorial no Brasil, entretanto, este dado
em nada desmerece a exuberante riqueza que o referente bioma • Planície flúvio-marinha(formação quaternária), área onde a
abriga. A sua área aproximada é 150.355 km², ocupando assim água do rio se encontra com a água do mar, configurando um
1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço territorial ambiente Ecótono;
o bioma, que é uma planície aluvial, é influenciado por rios que • Formação vulnerável, frágil e homogênea;
drenam a bacia do Alto Paraguai. O Pantanal sofre influência direta • Formações arbóreas e arbustivas, latifoliadas, higrófilas,
de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata perenifólias, halófitas, pneumatófilas;
Atlântica. Além disso, sofre influência do bioma Chaco (nome dado • Rica biodiversidade (mais da fauna do que da flora);
ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia). • Berçário ecológico;
Reprodução Fuvest/2017
agrotóxicos aplicados na região se deslocam para as áreas
da Mata, desde a Bahia até o Maranhão, foi oficialmente Acesso em: 2 jun. 2012.
Hidrografia do Brasil
O regime de um rio diz respeito à variação do nível de suas
águas. No Brasil, os rios dependem da ocorrência das chuvas,
ou seja, regime pluvial (a Amazônia, além de pluvial é nival).
A dinâmica desse regime varia de acordo com o clima, vejamos: os
rios de regiões de clima tropical possuem cheias de verão e vazante
no inverno; os de clima semiárido são, em sua maior parte, rios
temporários (intermitentes); os de clima equatorial são caudalosos;
A natureza foi bastante generosa com a hidrografia do os de clima subtropical apresentam pequenas variações de nível
Brasil, pois temos um estoque gigante de água doce. Esse grande entre os períodos de cheias e vazantes. Quando a variação depende
capital hídrico corresponde a 12% de toda água doce do mundo do degelo, o regime é nival ou glacial. Um rio que apresenta regime
disponível em superfície, e se falarmos da água doce confinada no
nival e pluvial possui um regime misto.
subsolo, ou seja, os aquíferos, o Brasil se faz mais gigante ainda,
temos os dois maiores aquíferos do mundo – o Guarani, com 46 Grosso modo, os cursos d’água brasileiros são perenes,
mil km cúbicos de água (para você ter uma ideia da dimensão do nunca secam totalmente, mesmo em período de estiagem mais
volume de água no Guarani, ela é superior a todo o volume de água prolongada, exceção feita aos rios que têm curso limitado ao sertão,
doce superficial do mundo) e, na região Norte, no estado do Pará, devido ao clima semiárido.
temos o maior aquífero do mundo, o Alter do Chão, considerado A maior parte das águas brasileiras escorre por relevos de
o dobro do volume de água do aquífero Guarani. planaltos ou depressões, com diversos trechos em declive, favoráveis
Os responsáveis pelo Brasil ostentar essa riqueza hídrica
ao aproveitamento energético. Os poucos rios de planícies estão
estão ligados a condições físicas, como a localização geográfica, que
permite boas condições termopluviométricas – a zona equatorial distantes das regiões de maior aglomeração humana e de maior
é uma área de baixa pressão, isto é, atrai ventos dos trópicos, economia, o que explica, em parte, o subaproveitamento do
que favorecem a ocorrência das famosas chuvas ZCIT (Zona de transporte hidroviário.
Convergência Intertropical), sem falar na presença da Floresta O Brasil apresenta também uma má distribuição de seus
Amazônica e do Rio Amazonas, que funcionam como “fábricas de recursos hídricos, pois cerca de 80% da água do país está em uma
umidade”. Toda essa combinação, aliada aos relevos planálticos, região que não tem 10% da população, a região Norte.
permite que o Brasil possua vocação para energia hidráulica.
Divisor de águas
áfica
rogr
a c i a hidrio B
B do
áfica
h i d rogr
Bacia do rio A
Luís
9 17
s
3.300 MW 528 MW
ra
3 Santo Antônio 17 Jardim do Ouro ei s
10 11
AM ad ajó MA
Jamanxin
227 MW 12
3.150 MW M p 20 31
Juruá Ta 16 1
4 Teles Pires 18 Santo Antônio do Jari 29 30
1.820 MW 373 MW
gu
Purus 3 4
Xin
5 Sinop 19 Bem Querer 26 23
Tocantins
Porto 2 22
i
Rio
Irir
461 MW 708,4 MW 27
Peru AC Velho 13 24 8 7
6 Colider 20 Marabá Branco Te
28 25 le
342 MW 2.160 MW sP
Araguaia
Ro ire 6 TO
7 São Manoel 21 Paredão A 25 Ilha Três Quedas RO oseArip s
Palmas
746 MW 199,3 MW 115,5 MW vel uan
t ã MT
8 Foz do Apiacás 22 Prainha 26 Cachoeira Galinha 29 Santa Isabel 5
275 MW 796,4 MW 399,8 MW 1.087 MW
9 São Luiz do Tapajós 23 Sumauma 27 Inferninho 30 Estreito
6.133 MW 458,2 MW 361,1 MW 1.087 MW Bolívia
OBS: A Usina de Torixoréu, a ser instalada na Bacia do Araguaia/
10 Jatobá 24 Quebra Remo 28 Ilha São Pedro 31 Serra Quebrada Tocantins saiu do planejamento da EPE
2.338 MW 267,8 MW 131 MW 1.328 MW Fontes: Dados/Documentos disponíveis na internet: EPE, Aneel,
Ibama, Eletrobrás, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A hidrovia na Bacia Amazônica serve para transportar a soja produzida no Mato Grosso, que vai pelo Rio Madeira até o porto de
Itacotiara (AM) ou pelo Rio Tapajós até o porto de Santarém (PA), ambos situados no Rio Amazonas. Nesses portos a carga é coletada
e segue para o mercado externo pelo Rio Amazonas.
Bacia do Tocantins
Hallel CC BY-SA 3.0/Wikimedia Foundation
Barr.de RECIFE
Bacia do PI
Cabrobó Itaparica PE
Barr.de
São Francisco Sobradinho
Petrolina Ibó Barr.de
Remanso Juazeiro Paulo Paulo Afonso
Ecl.de Afonso AL
PALMAS Sento Sé Sobradinho MACEIÓ
Propria
Barra Xique-Xique
TO e SE ARACAJU
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Barreiras G Ibotirama
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Correntina da Lapa
SALVADOR
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GO
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São
Januária
DF
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GOIÂNIA Parac
Oceano
Pirapora MG Atlântico
Três
Marias
Velha
Eclusas em Construção
s
BELO
ES Eclusas em Operação
aop
HORIZONTE Navegáveis
Navegáveis nas cheias
aba
Segunda maior bacia do Brasil, drena uma área com cerca de 640.000 km2, o que equivale a 7,5% do território. Passando por
cerca de 500 municípios, é o mais extenso rio nacional com 2.830 km. O Rio São Francisco possui vários apelidos: Velho Chico, Rio dos
Currais e Nilo brasileiro. Nasce em MG, na Serra da Canastra, e deságua no Oceano Atlântico, entre os estados de Sergipe e Alagoas.
Ao longo do seu percurso, passa pelos estados de MG, BA, PE, AL e SE. O Rio São Francisco é um rio multifuncional, apresentando vários
atributos – geração de energia, navegação, irrigação, apresenta trechos de relevos altos, favorecendo a construção de UHE. Depois da
bacia do Paraná, a bacia do São Francisco é o maior potencial aproveitado, suas águas irrigam o maior polo de fruticultura do semiárido
localizado entre Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
O rio apresenta um currículo histórico de ocupação e povoamento ao longo do seu curso, as populações foram se fixando. A criação
de gado nas margens do rio rendeu o apelido “Rio dos Currais”; esse gado serviu para fornecer carne e couro para o litoral nordestino.
Hoje, o Rio São Francisco disponibiliza água para o polo agrícola localizado entre Petrolina (Pernambuco) e Juazeiro (Bahia).
Sua vocação para hidrelétrica é retratada nas hidrelétricas existentes nessa bacia, que ajudam a fornecer energia tanto para o
Sudeste, com a usina de Três Marias, como também para o Nordeste, com as usinas de Paulo Afonso (BA), Sobradinho (PE/BA), Xingó (AL/
SE), Itaparica (PE/BA) e Moxotó (AL).
A bacia vem sendo devastada pelo uso excessivo de suas águas para a irrigação, efluentes químicos da agricultura, água de
esgotos, destruição da mata ciliar, entre outros.
O garimpo, o uso excessivo de suas águas para irrigação, a poluição por defensivos agrícolas, a carência de esgotos e de coleta
de lixo e a destruição da mata ciliar em suas cabeceiras são alguns dos problemas ambientais na bacia do São Francisco.
Ao longo do tempo, a retirada das matas ciliares provocou o alagamento das margens e assoreamento do rio, prejudicando a
pesca, a navegação e a dispersão dos poluentes.
as
iranh Campina
Sousa Rio P Grande
propriedades quando há necessidade de maior contingente de
aribe
João Pessoa
Juazeiro
do Norte araíb
a trabalhadores na época de plantio e colheita.
EIXO NORTE Rio
P
Recife
Rio
Salgueiro Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/>.
Bríg
ido Cabrobó
Petrolina
Juazeiro
de Itaparica Rio M
ororó
Maceió Leitura complementar 2
Barragem Adutoras Obras em execução
de Sobradinho
Cidades O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) informou,
Obras em projeto
Penedo
Eixos Açudes
Rios receptores em nota divulgada nesta terça-feira (12), que o governo federal
Adutoras futuras
Porto Ladário
Rio Taquari
A MG
Bacia do Paraná
Porto Esperança MS
R
Porto Murtinho
Paraguai RIO APA
SP
PR
Local onde o rio
Paraná e Paraguai
se cruzam. SC
Argentina
Bacia do Uruguai
Pe
Ijuí
lot
Hidrovia do Paraná (Ahrana), ligada ao Ministério dos Transportes,
as
i
ua
ug
Taqu
ari e 800 quilômetros no Rio Tietê, sob responsabilidade do
Ur
São Borja
Ibi
RS Lajeado
cu
í
Estrela Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo. A hidrovia
Dona Mariante Ecl.
Uruguaiana
Cacequi
Francisca Cach.
do Sul Jacuí
Bom Retiro
Ecl.
amarópolis Porto
conecta áreas de produção aos portos marítimos e serve aos
Qu Ecl. Charqueadas
ar Alegre
Barra do aí
Fandango
Ecl. Anel de principais centros do Mercosul, além de integrar um sistema de
Quaraí Dom Marco
Quaraí
Camaquâ
Lagoa
dos transporte multimodal nos estados de São Paulo, do Paraná, do
Patos Oceano
Atlântico Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.
Canal de Pelotas
São Gonçalo Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>.
Ja
gu Rio Grande
ar
Jaguarão ão Lagoa Santa Isabel
Uruguai
Mirim do Sul
Bacias de importância regional
Santa Vitória As demais bacias hidrográficas têm importância regional.
do Palmar
Dentre elas, destacam-se: a Bacia do Rio Parnaíba no Nordeste, que
drena o Piauí e boa parte do Maranhão, cuja foz em delta forma os
É a menor das bacias brasileiras, drena uma área de
lençóis maranhenses. Ainda no Nordeste, temos as bacias costeiras
173.533 km2, abrange trechos de relevo planáltico e também de
do Nordeste ocidental (rios Gurupi, Turiaçu, Mearim, Itapecuru e
áreas planas, portanto, apresenta um bom potencial para energia
Munim) e as costeiras do Nordeste oriental (rios Acaraú, Jaguaribe,
hidrelétrica. O rio nasce da junção dos rios Canoas e Pelotas, tendo
Apodi, Paraíba, Capibaribe, Itapecuru, de Contas, Jequitinhonha,
suas nascentes na Serra Geral; é divisa natural dos estados do Rio
Grande do Sul e Santa Catarina. entre outros).
São importantes fontes de contaminação das águas No Sudeste temos as bacias costeiras do Sudeste (São
superficiais e subterrâneas na região: os efluentes da suinocultura Mateus, Doce, Paraíba do Sul, entre outras); no Sul, as bacias
e avicultura, no oeste catarinense, e os agrotóxicos utilizados, costeiras do Sul (Itajaí, Capivari, Guaíba e do Sistema Lagunar);
principalmente, na rizicultura. e no Norte, as bacias costeiras do Oiapoque e do Araguari.
As hidrovias do Mercosul
Exercícios de Fixação
As hidrovias Tietê-Paraná e Paraguai-Paraná constituem
importantes vias de transporte. O custo vantajoso desse sistema e
a integração econômica entre os países do Mercosul intensificou 01. (UENP) Observe a figura a seguir e assinale a alternativa correta.
o tráfego de mercadorias nas regiões atravessadas por esses rios.
BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BRASIL
Leitura complementar
Atlântico
NAVEGAÇÃO NA HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ É LIBERADA NE Ocidental
ANTES DA DATA PREVISTA
Atlântico
Amazônica NE Oriental
A navegação na Hidrovia Tietê-Paraná foi reativada hoje Parnaíba
(27), após uma interrupção de 20 meses, por causa do baixo Tocantins –
nível dos reservatórios das hidrelétricas Três Irmãos e Ilha Solteira. – Araguaia Atlântico
São
A suspensão da navegação no trecho que fica no Noroeste do Leste
Francisco
estado de São Paulo atingiu principalmente o transporte de soja,
milho, celulose e madeira. Paraguai
A retomada da navegação na hidrovia foi possível por causa Atlântico
Paraná
Sudeste
das chuvas registradas na região nas últimas semanas, além de
operações para a transferência de água dos reservatórios localizados
a montante de Três Irmãos e Ilha Solteira. Com isso, o Departamento
Uruguai
Hidroviário do estado de São Paulo determinou a reabertura da Atlântico
hidrovia antes da previsão inicial, que era fevereiro deste ano. Sul
Argentina.
350
ZANATTA, L. C. et. al. “Qualidade das águas subterrâneas do Aquífero
300 Guarani para abastecimento público no Estado de Santa Catarina”.
250 XV Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, Natal, 2008. Adaptado.
200
150 Com base nos conhecimentos sobre o Aquífero Guarani e águas
100 subterrâneas, assinale a alternativa correta.
50 A) As águas subterrâneas podem ser captadas e ter seu uso
0 imediato no consumo diário, já que sua principal característica
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez é a potabilidade em toda a extensão do aquífero.
Agência Nacional de Águas, ANA. B) O conhecimento hidrogeológico deste Aquífero é amplo,
o que permite uma gestão adequada de seus recursos,
Considerando as informações dos gráficos e seus conhecimentos, possibilitando a exploração racional e equitativa por parte
assinale a alterativa correta. dos países da borda oriental.
A) O volume correspondente à vazão dos dois rios é similar, e C) Com o desenvolvimento dos planos diretores de uso do
o volume de chuvas responsáveis pela recarga desses cursos solo, todos os municípios localizados sobre o Aquífero são
d’água é o mesmo. obrigados a aplicar a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
B) Os dois rios possibilitam, durante todo o ano, o abastecimento o que garante a qualidade das águas infiltradas.
humano, a geração de energia, a navegação e a pesca. D) Os aquíferos estão protegidos da poluição, já que seu
C) A captação de água nos rios A e B pode ocorrer durante processo de formação impede que os agentes poluidores
todo o ano, pois em ambos há excesso de água no verão e cheguem às suas águas, o que permite manter sua qualidade.
deficit no inverno. E) Os aquíferos abastecem a região em que estão inseridos e
D) Os rios apresentam regimes fluviais diferentes: o rio A colaboram com a dinâmica ambiental, econômica e social,
corresponde ao Regime Pluvial Tropical e o rio B representa mantendo a quantidade de água subterrânea e superficial
o Regime Pluvial Semiárido. do planeta.
01. (Unesp/2017) A fotografia mostra a elevada concentração de 03. (UENP – Adaptada) Sobre as bacias hidrográficas do Brasil,
aguapés em um trecho do Rio Tietê, localizado a montante da analise as assertivas a seguir.
barragem de Barra Bonita (SP). I. A bacia do Rio Paraná é a que possui maior potencial
Reprodução/Unesp 2017
hidráulico instalado;
II. O Rio Amazonas possui baixo potencial hidráulico, no entanto,
seus afluentes têm grande potencial hidroenergético;
III. Na bacia do Rio Tocantins encontra-se instalada a usina
de Tucuruí, a maior hidrelétrica da região Norte do país,
construída para atender à principal região produtora de
alumínio do país;
IV. Na bacia do Rio São Francisco localizam-se algumas das
principais usinas hidrelétricas do Brasil, tais como: Três
Marias, Sobradinho, Itaparica e Xingó.
Estão corretas:
A) apenas I e II. B) apenas II e III.
C) apenas III e IV. D) apenas I e IV.
E) todas as assertivas.
O desenvolvimento acelerado dessas plantas constitui um
04. (UFRGS/2019) Leia o texto abaixo.
indicador de
A) assoreamento, oriundo do depósito de rejeitos de mineração O Perfil dos Municípios Brasileiros em 2017, divulgado
e da diminuição da matéria orgânica em suspensão. pelo IBGE, indica que, “dos municípios com mais de 500 mil
B) eutrofização, decorrente do aprofundamento dos leitos e habitantes, 93% foram atingidos por alagamentos e 62% por
da intermitência dos corpos d’água. deslizamentos. As secas foram o tipo de desastre que afetou
C) eutrofização, resultante do despejo de esgotos e da descarga a maior parte dos municípios brasileiros: 2.706 ou 48,6%,
de fertilizantes agrícolas. seguido por alagamento (31%) e enchentes ou enxurradas
D) assoreamento, proveniente do aumento da precipitação (27%). A região Nordeste teve 82,6% de seus municípios
média e da ocorrência da chuva ácida. afetados, especialmente o Ceará, em que essa proporção
E) lixiviação, derivada do turbilhonamento do fundo de lagos chegou a 98%, Piauí (94%), Paraíba (92%) e Rio Grande
do Norte (91%). Os outros desastres foram mais frequentes
e da oxigenação da água.
no Sul, em que 53,9% dos municípios foram atingidos por
alagamento, 51% por enchentes ou enxurradas, 25% por
02. (IFSC/2015) Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e deslizamentos e 24,5% por erosão acelerada”.
da população no país (em %). Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br>.
Acesso em: 09 out. 2018.
Recursos
Região Superfície População Considere as seguintes afirmações sobre eventos climáticos
Hídricos
extremos e planejamento urbano:
Norte 68,50 45,30 6,98 I. Episódios de precipitação intensa podem levar à diminuição
Centro-Oeste 15,70 18,80 6,41 da capacidade de infiltração do solo e, consequentemente,
a perdas e danos em áreas urbanas;
Sul 6,50 6,80 15,05 II. As secas independem do quantitativo pluviométrico
Sudeste 6,00 10,80 42,65 e do armazenamento de água disponível superficial e
subsuperficialmente, pois são o reflexo do desajuste entre
Nordeste 3,30 18,30 28,91
o consumo e a disponibilidade;
Total 100 100 100 III. As cidades com maior concentração de áreas verdes, por
Disponível em: <http://www.daescs.sp.gov.br>. diminuírem a velocidade do vento e reterem a umidade do
Acesso: 13 ago. 2014. ar, propiciam melhores condições urbanas para ilhas de calor.
Bacia Amazônica
Bacia do Tocantins
Bacia do Paraná
Hidrografia do Brasil
D
E
F Bibliografia
ONNIG, James e MENDES, Ivan. Estudos para compreensão do
espaço. Ed. FTD, 2004.
ALABI, Elian, Lazaro, Anselmo e MENDONÇA, Cláudio. Território e
sociedade: no mundo globalizado. Ed. Saraiva, 2010.
CARLOS, João e SENE, Eustáquio. Espaço geográfico e globalização.
Sobre os rios identificados no mapa, é correto afirmar que: Ed. Scipione, 2008.
I. o Rio Araguaia, grifado pela letra E, localiza-se em uma zona ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. Moderna.
de transição morfoclimática, identificada por uma extensa COELHO, Marcos de Amorim. Geografia Geral. Moderna.
baixada, com formações vegetais heterogêneas e é utilizado GARCIA, Hélio Carlos. Geografia: de olho no mundo do trabalho.
São Paulo 2005.
para a irrigação das lavouras de soja; MORAIS. Geografia Geral e do Brasil. Harbra.
II. o Rio Amazonas, grifado pela letra A, destaca-se SILVA, Vagner Augusto. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo.
mundialmente tanto pela sua extensão como pelo seu AB´SABER, Aziz Nacib. Dominios da Natureza no Brasil, as
débito; na região Norte, este rio e seus tributários constituem potencialidades paisagísticas. Ateliê Editorial.
TERRA, Lygia e BORGES Raul Guimarães. Estudos da Geografia Geral
importantes hidrovias;
e do Brasil. Geografia Conxexões. Ed. Moderna, 2010.
III. o Rio São Francisco, grifado pela letra C, nasce em Minas
Gerais e drena o polígono das secas; atualmente está
sofrendo modificações para que suas águas possam ser
transpostas a outras bacias do semiárido; Anotações
IV. o Rio Paraná, grifado pela letra D, desempenha importante
papel por drenar extensa planície, sendo amplamente
navegável até sua foz, no estuário do Prata;
V. o Rio Uruguai, identificado pela letra F, é um divisor político/
administrativo e amplamente navegável desde a nascente
até sua foz, no estuário do Prata.
10. (Enem)
SOBRADINHO
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia
que o Sertão ia alagar.
SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta.
Som Livre, 1977. Adaptado.
Conteúdo:
Aula 11: Solos – Potenciais, Degradação e Sustentabilidade Aula 15: Recursos Hídricos, Bacias Hidrográficas e seus Aproveitamentos
Introdução........................................................................................ 208 Introdução........................................................................................ 256
Horizontes do solo............................................................................ 208 A água no planeta ........................................................................... 257
Principais solos do Brasil................................................................... 208 Mares e oceanos............................................................................... 258
Degradação do solo.......................................................................... 209 Principais canais de navegação......................................................... 260
Processos de natureza climática ou antrópica Rios e lagos....................................................................................... 261
que ocorrem no território brasileiro. . ......................................210 O maior depósito de lixo dos oceanos.............................................. 263
Formas de conservação do solo........................................................ 212 Exercícios ......................................................................................... 265
Exercícios ......................................................................................... 213
Aula 12: Situação Geral da Atmosfera
Introdução........................................................................................ 217
Tempo e clima................................................................................... 218
Exercícios ......................................................................................... 226
Aula 13: Classificação Climática
Introdução........................................................................................ 231
Frio de montanha.............................................................................. 237
Exercícios ......................................................................................... 239
Aula 14: Os Grandes Domínios da Vegetação no Mundo
Introdução........................................................................................ 244
Classificação das formações vegetais............................................... 245
Formações vegetais de médias e altas latitudes............................... 245
Formações não florestais de médias e altas latitudes....................... 247
Formações não florestais de baixa latitude....................................... 248
Formações florestais de baixa latitude.............................................. 249
Exercícios ......................................................................................... 252
CiÊnCiaS HumanaS e SuaS teCnoloGiaS Geografia II
Aula 11:
Horizontes do solo
C-6 H-27, 28
Aula Solos – Potenciais, Degradação H-29 O solo possui camadas morfológicas dispostas de formas
horizontais que se diferenciam entre si. Essas camadas são chamadas
11 e Sustentabilidade
de horizontes. A soma destas camadas define o perfil do solo.
Quanto mais distante da rocha matriz, mais profundo é o solo e
mais intensa ou antiga foi a ação pedogênica.
Introdução
PERFIL DO SOLO
O solo pode se apresentar sob diferentes pontos de vista.
Para a Engenharia civil, solo é um corpo possível de ser escavado, Matéria orgânica (O)
sendo utilizado dessa forma como suporte para construções. Para a
agronomia (edafo/pedologia), solo é a camada na qual se desenvolve Horizonte (A)
vida vegetal e animal. Para a Biologia (ecologia e pedologia), o solo (matéria orgânica
e inorgânica)
atua no ciclo biogeoquímico dos nutrientes minerais.
Nessa unidade, levaremos em consideração os conceitos Horizonte (B)
relacionados à Biologia e a Agronomia, desse modo, o solo é (zona de acumulação)
constituído por materiais inconsolidados, formando a camada mais
superficial da litosfera, com capacidade arável e agricultável onde se
Horizonte (C)
desenvolve a vida. É constituído por duas partes básicas: a primeira (materiais provenientes
é orgânica, composta pela mistura de restos de animais e vegetais, da rocha-mãe)
atingidos pela ação de fungos e bactérias, formando o húmus;
a segunda, contendo minerais intemperizados (areia, calcário e argila),
formando a parte inorgânica do solo e se juntam ao ar e água.
Rocha-mãe (R)
Água
Um perfil de solo pode apresentar os seguintes horizontes:
± 25% • O – O horizonte orgânico superficial do solo. É formado por
restos de vegetais e substâncias húmicas que sofreram a ação de
Sólidos
Minerais
Poros
biológica.
• B – Horizonte que apresenta grande quantidade de minerais
gân
± 4%
Tom Grundy/123RF/Easypix
Massapé: É um solo encontrado principalmente na Zona da
Mata nordestina com coloração escura, constituído a partir da
decomposição de rochas como gnaisses e calcários. É utilizado desde
o período colonial para o plantio da cana-de-açúcar.
Salmorão: Esse tipo de solo é encontrado ao longo das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, é constituído pela fragmentação
de rochas graníticas e gnaisses.
Aluviais: É um tipo de solo encontrado em áreas de várzeas ou vales
fluviais, formado a partir da sedimentação de matérias transportadas
pelas águas correntes ou vento.
Degradação do solo
Enquanto recurso natural, o solo é possível de ser degradado
em função do uso inadequado pela ação humana. A contaminação
do solo por resíduos industriais ou agrícolas, o uso indevido do
solo e de técnicas arcaicas na agricultura, os desmatamentos,
as queimadas, o lixo, os esgotos e a mineração são agentes
responsáveis pelas interferências negativas no equilíbrio ambiental,
diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos ecossistemas. A substituição da cobertura vegetal original por uma
A seguir, estão colocadas algumas técnicas agrícolas ou
monocultura é uma prática que traz prejuízo ao solo, pois
práticas de exploração que trazem prejuízos ao solo.
acarreta desequilíbrio ambiental, reduzindo a biodiversidade,
provocando o empobrecimento e a redução da produtividade,
Erosão dos solos sendo necessária a aplicação de adubação química. Apresenta
A FAO (Fundação das Nações Unidas para a Alimentação também desvantagens sociais, porque reduz o uso da mão
e Agricultura) estima que 75 bilhões de toneladas de solos férteis de obra no campo, responsável pelo êxodo rural. E ainda há
sejam perdidos anualmente devido ao uso de técnicas inadequadas desvantagens econômicas, já que uma única doença ou praga
para o cultivo, que provoca o processo de desgaste acelerado do ou a queda do preço do produto no mercado podem abalar a
solo, reduzindo a capacidade produtiva e aumentando os índices economia local. Na Pré-História, o cardápio humana era formado
de subalimentação em várias partes do globo. por mais de 5 mil tipos de plantas alimentares, hoje os 7 bilhões
de habitantes do planeta têm somente 150 plantas presentes no
comércio mundial. Quase toda a produção de batata dos EUA
depende de três variedades. Situações similares ocorrem para o
trigo, café, soja e milho.
Desmatamento
Teeravut Atthasak/123RF/Easypix
Roger Rosentreter/123RF/Easypix
solos, a contaminação de rios e lençóis freáticos. A contaminação
da água também pode levar à sua eutrofização, onde compostos
nitrogenados ou fosfatados, ao chegarem no meio aquático, estimulam
o crescimento e o aumento do número de algas, que, por sua vez,
levam à diminuição do oxigênio e à morte de diversos organismos.
Alguns ambientalistas afirmam que esse processo gera “zonas mortas”.
Uso de pesticidas
Sakhorn Saengtongsamarnsin/123RF/Easypix
Nas regiões mais pobres dos países subdesenvolvidos, é comum
a prática da queimada, que consiste em desmatar áreas nativas, para
posterior queima da biomassa e plantio. É uma prática antiga e barata,
mais bastante prejudicial ao solo. O fogo mata, além das plantas e
animais, os microrganismos. As cinzas são transportadas pela erosão
para outros locais, empobrecendo, desta maneira, o solo. Com o passar
do tempo, a falta de nutrientes no solo faz diminuir a produção agrícola,
sendo necessário a abertura de novos campos.
Os pesticidas são compostos químicos naturais ou sintéticos
utilizados para controlar insetos, ácaros, ervas daninhas, fungos e
Extrativismo outras formas de vida animal ou vegetal que prejudicam a lavoura e a
pecuária. Quando usados de forma indevida, acumulam-se no solo, os
Stephen Codrington CC BY 2.5/Wikimedia Foundation
zych/123RF/Easypix
RN
Gilbués 1 PI PB
PE
Cabrobó 4 AL
SE
BA
Área desertificada
Área de alto risco
Área Habitantes
A região foi devastada
1 6131 km2 10000
por mineradoras
A ocupação desordenada
2 4000 km2 34250
arruinou o solo
A caatinga foi destruída para
Desertificação 3 2341 km2 244000
a extração de argila e lenha
4 5960 km2 24000 O solo frágil não suportou a
pecuária e a agricultura
Arenização
4 kg ha ano
Pastagem
• Plantio consorciado – ocorre quando num mesmo espaço
Formas agrícola são cultivadas duas ou mais espécies de plantas
de 700 kg ha ano diferentes. Existe a cultura principal e secundária, com múltiplos
manejo
fins: servindo para fertilizar a terra, evitar ataques de pragas, ou
e
produzir um rendimento financeiro adicional para o agricultor.
perdas Cafezal
de solo
Surachet Khamsuk/123RF/Easypix
1100 kg ha ano
Algodoal
38000 kg ha ano
• Plantio em curvas de nível – é considerado uma das práticas • Rotação de cultura – visa diminuir a exaustão do solo devido a
mais eficientes para a conservação do solo, onde as curvas sucessivos plantios da mesma cultura no mesmo espaço agrícola.
diminuem a velocidade de escoamento da água, funcionam Geralmente, a alternância é feita entre uma leguminosa (chamada
como anteparo à enxurrada, retendo os elementos solúveis e de adubo verde, pois retira da atmosfera o nitrogênio e fixando
facilitam a infiltração da água no solo. no solo com suas raízes) e um cereal.
Tanakorn Moolsarn/123RF/Easypix
Sylvie Bouchard/123RF/Easypix
de outras culturas são mantidos na superfície do solo, garantindo a
proteção contra os processos erosivos, e mantendo a umidade.
02.
TAXA DE INFILTRAÇÃO EM DIFERENTES
TIPOS DE SOLO
• Reflorestamento – visa recompor áreas que tiveram a vegetação 125
suprimida pela ação humana (expansão de áreas agrícolas ou
exploração de madeira), ou por força da natureza.
100
Fábio Pozzebom/ABr
75
areia
Taxa terminal
50
silte
25
argila
Exercícios Propostos
0 0 0 0
J F MAM J J ASOND J F MAM J J ASOND O texto enfatiza uma consequência da relação conflituosa entre
GARCIA Hélio C. e GARAVELLO Tito M. Lições de Geografia.
(Caderno de atividades). p. 10
a sociedade humana e o ambiente que diz respeito ao processo de
A) inversão térmica.
Assinale a alternativa que identifica condições de uso da B) poluição atmosférica.
terra adequadas às áreas que apresentam as características C) eutrofização da água.
climáticas, descritas, respectivamente, em I e II. D) contaminação dos solos.
A) I – Solos profundos, que devem sofrer aragem constante E) desertificação de ecossistemas.
para continuarem férteis.
06. (Mackenzie/2017.2)
II – Solos profundos, que devem receber cultivos permanentes
para não sofrerem erosão.
B) I – Solos rasos, que necessitam de irrigação controlada para
evitar laterização.
II – Solos profundos, que necessitam de aragem controlada
para evitar a salinização.
C) I – Solos profundos e muito férteis, que comportam plantas
temporárias, sem risco de erosão.
II – Solos rasos, que necessitam de constante adubação para
Disponível em: <http://crisisgroup.org/africa>.
evitar o intemperismo.
D) I – Solos rasos, que necessitam de constante adubação para A respeito da área destacada no mapa da África Setentrional,
evitar o intemperismo. julgue as afirmações a seguir:
II – Solos rasos, que necessitam de aragem profunda para I. Corresponde à região do Sahel. Apresenta baixos níveis
aumentar a produtividade. pluviométricos anuais a vegetações típicas de Estepes;
E) I – Solos profundos e pouco férteis, que necessitam de II. Essa extensa faixa territorial enfrenta conflitos tribais históricos e
cuidados para não sofrerem lixiviação. pobreza extrema. As populações locais dedicam-se à economia
II – Solos rasos, que necessitam de irrigação controlada para primário-extrativista e agropecuária de subsistência;
evitar salinização. III. Atualmente passa por um processo de desertificação devido ao mau
uso do solo, prolongadas estiagens e ao intenso desmatamento;
Estão corretas
A) I e II, apenas. Mata
4 kg ha/ano
B) II e III, apenas.
C) III e IV, apenas.
D) I, II e III, apenas.
E) I, II, III e IV.
A
A
Cafezal
A 1100 kg ha/ano
Legenda:
A = solo arável
B B = subsolo
R C = regolito
R = rocha-mãe Solo Erodido
C Algodoeiro 38000 kg ha/ano
C-6 H-27, 28
Aula H-29
Situação Geral da Atmosfera
12
Introdução
Exosfera
sfera 10000 km
Fique de Olho
• Mesosfera
Esta camada tem início no final da estratosfera e vai até 80 km acima do solo. É marcada pela substancial queda de
temperatura, chegando até –100 °C, pois não há gases ou nuvens capazes de absorver a radiação. Nesta camada ocorre o fenômeno
da aeroluminescência e se dá a combustão dos meteoroides.
• Termosfera
Essa camada se inicia com 80 km e se estende até 500 km do solo, sendo, portanto, a mais extensa. É uma camada que atinge
altas temperaturas, pois apresenta uma grande quantidade de oxigênio atômico capaz de absorver a radiação do Sol, chegando a
apresentar 1.500 ºC de temperatura.
• Exosfera
A exosfera se estende a mais de 900 km acima do nível do mar, antecedendo o espaço sideral. Nessa porção da atmosfera, o ar
é muito rarefeito e as partículas se desprendem da gravidade do planeta. É a camada onde ocorre o fenômeno da aurora boreal e estão
situados os satélites de telecomunicações. É bastante importante, pois o campo magnético terrestre que nos protege dos perigosos
ventos solares fica situado nessa camada.
Tempo e clima
TEMPO CLIMA
Tempo e clima não são sinônimos
Comportamento momentâneo
Comportamento Comportamento duradouro
da atmosfera
atual da atmosfera da atmosfera
Equatorial
Tropical
Semiárido
Subtropical
Tropical Litorâneo
Tropical Litorâneo
Todos os dias os noticiários dos principais canais de televisão divulgam a previsão do tempo, como forma de alertar a população
sobre a ocorrência ou não de certos fenômenos meteorológicos. É exatamente nessa hora que a maioria da população confunde os
termos: Tempo e Clima. O primeiro pode ser descrito como o estado momentâneo da atmosfera, ou seja, ele é passageiro, sujeito a
mudanças a qualquer momento; já o segundo, diz respeito a uma sucessão habitual dos tipos de tempo num determinado local da
superfície terrestre, ao longo do ano, que para ser determinado, depende do estudo do comportamento do tempo durante pelo menos
30 anos, observando todas as variações da temperatura, umidade, precipitação etc.
Ar convergente
e ar ascendente
0,5
Chuvas ciclônicas
Sentido do deslocamento
ou frontais
0
0 São Paulo La Paz 5 Everest 10 15 Ar quente
Altitude em quilômetros
Ar frio posterior
Ar frio anterior
Limite superior da atmosfera
Col. de ar
Chuvas orográficas
ou de relevo
Ar convergente
e ar ascendente
Geografia II CiÊnCiaS HumanaS e SuaS teCnoloGiaS
pressão (ciclonal). Desse modo, as zonas de alta pressão são
Elena Duvernay/123RF/Easypix
áreas dispersoras de ventos, enquanto as zonas de baixa pressão
são receptoras de ventos. Como consequência do movimento
de rotação da Terra, no hemisfério Norte, o seu deslocamento
obedece ao sentido horário nos centros de alta pressão e anti-
horário nos centros de baixa pressão. No hemisfério Sul, ocorre
o inverso.
1010
1000
990
+ –
1030
• Geada: 1025
É um fenômeno que ocorre quando se formam camadas finas de 1020
gelo sobre as plantas ou outras superfícies lisas, como vidros de
janelas. Os períodos mais comuns de ocorrência são o inverno Área anticiclonal Área ciclonal
ou o outono, quando as temperaturas estão mais baixas. Mas
as geadas também podem acontecer em outras épocas do ano, Os ventos se originam de áreas:
com a passagem de frentes frias ou de massas de ar polar.
ANTICICLONAIS
Krystyna Wojciechowska-Czarnik/123RF/Easypix • Frias
• Alta Pressão
• Dispersoras
CICLONAIS
• Quentes
• Baixa Pressão
• Receptoras
Quanto maior for a diferença de pressão, maior será a
velocidade de deslocamento do vento. Essa velocidade é medida
através de um aparelho denominado de anemômetro, e para
indicar o sentido do deslocamento utiliza-se o anemoscópio, ou
popularmente conhecido como biruta.
• Granizo:
É uma precipitação composta por pedras sólidas de gelo, que Circulação Geral da Atmosfera
podem medir de 5 mm ao tamanho de uma laranja. Ocorre
devido à ascensão vertical do ar atmosférico, no interior das Célula Polar
nuvens cumulo-nimbus, que ao atingir grandes altitudes, sofre
condensação e posterior congelamento. Célula de
Ferrel
Christa Eder/123RF/Easypix
Cédula
de
Hadley
Cédula
de
Hadley
Célula de
Ferrel
Ventos
Célula Polar
O vento pode ser descrito como o deslocamento do ar
De acordo com a circulação geral da atmosfera (Lei de Buys
presente na atmosfera. Esse movimento é contínuo e depende
Ballot), o planeta é circundado por zonas de ventos que formam um
das diferenças de pressão e temperatura entre as faixas climáticas,
padrão global. O dínamo desse processo e o Sol, que ao aquecer
nas quais o ar se desloca de forma horizontal ou vertical, de
a superfície terrestre origina zonas de baixa pressão, nas quais
uma zona de alta pressão (anticiclonal) para uma zona de baixa
ocorre a ascensão vertical do ar e posterior resfriamento com a
ALTA PRESSÃO
BAIXA PRESSÃO
HIMA
LAIA
OCEANO
ÍNDICO
FLUXO DOS VENTOS
Região de chuvas MONÇÕES DE VERÃO
Célula polar abundantes (Julho - Agosto)
Corrente em jorro Polo Norte
Região de chuvas
Célula
de Ferrel médias
Ventos BAIXA PRESSÃO
Direção de do leste
rotação polares
Ventos HIMA
do oeste LAIA
Célula de
Hadley
Ventos alísios
NASAGsSFC
durante o dia e do continente para o mar durante a noite, devido
à diferença de calor específico entre os meios sólido e líquido.
DURANTE O DIA A terra se aquece mais rápido que o mar.
Resfriamento
do ar
O ar se movimenta
ocupando o lugar
AR FRIO
do ar que desce.
O ar frio desce,
ocupando o lugar
do ar quente • Ciclone: É o nome genérico para ventos circulares, como tufão e
NTE
que sobe
furacão. Caracteriza-se por uma tempestade violenta que ocorre
QUE
em regiões tropicais ou subtropicais, produzida por grandes massas
AR
de ar em alta velocidade de rotação. O nome ciclone é utilizado
para denominar os furacões que ocorrem no Oceano Índico.
• Tufão: É o nome que se dá aos ciclones formados no sul da Ásia
DURANTE A NOITE A terra esfria mais rápido que o mar. e na parte ocidental do Oceano Índico, entre julho e outubro.
Os tufões surgem no Mar da China e atingem o Leste asiático.
Resfriamento • Tornado: É o mais forte dos fenômenos meteorológicos, menor,
do ar porém mais intenso que os demais tipos de ciclone. Com alto
poder de destruição, atinge até 490 km/h de velocidade no centro
AR
FRIO
David Schliepp/123RF/Easypix
Aquecimento
TE
do ar Ar frio
Ventos locais:
Os ventos locais são aqueles que se deslocam somente em certas
porções do planeta Terra, em determinadas épocas do ano.
• Bora: Sopra do Ártico em direção à Europa – é um vento frio e
seco.
• Simum: Sopra do sul do Saara em direção ao norte – é um vento
quente e seco.
• Siroco: Do norte da África (Saara) em direção ao sul da Europa
– é um vento quente e seco.
• Vendaval: Vento forte com um grande poder de destruição, que
• Minuano: Do deserto da Patagônia (Argentina), chegando ao
chega a atingir até 150 km/h. Ocorre, geralmente, de madrugada
Uruguai e ao sul do Brasil. Na Argentina, recebe o nome de
e sua duração pode ser de até cinco horas.
Pampero.
• Aracati: Sopra durante o período da seca em parte do sertão
nordestino. Fatores do clima
Ventos perigosos: São deslocamentos de ar que ocorrem acima Latitude
de 119 km/h, provocando muitas vezes grandes tragédias materiais
PN
e perda de vidas humanas. Zona fria do Norte
• Furacão: São ventos circulares que sopram a mais de 119 km/h, Cí
rcu
lo P
girando no sentido horário (no Hemisfério Sul) ou anti-horário o l ar
Tró
pi Á rtic o
co
(no Hemisfério Norte). Nascem próximos à Costa africana e de
Câ
nce
Zona temperada
do Norte
se deslocam na direção do Continente americano, atingindo Eq
r
ua
o Mar do Caribe e os EUA. Medem de 200 km a 400 km de do
r
p ic
em cinco categorias, e podem provocar danos gigantescos ao od Zona quente ou
eC
apr intertropical
patrimônio e a perda de vidas humanas. Em 2004, foi registrada icó
rnio
Altitude
A
B
C
É a distância vertical medida em relação ao nível do mar. Quanto maior a altitude, menor será a temperatura, uma vez que o ar se
torna rarefeito, ou seja, a concentração de gases e de umidade é menor, o que vai reduzir a retenção de calor nas camadas mais elevadas
da atmosfera. Somado a esse fato, ainda existe outro ingrediente importante, pois nas regiões de baixa altitude, a atmosfera se torna mais
densa, retendo e conservando o calor por mais tempo. Em média, a cada 200 metros de altitude a temperatura diminui cerca de 1 °C (grau
hipsométrico).
Massas de ar
A A
A
A
Pc A Pc
Pm Pc
Pm
Pc
Tm
Tm Tc
Tm A Tc A Tm
Tm A A Tc Tc
Tm
Tc Tm Tm
Tm
Tm
Tm Tm
A A Tm
A
Pm Pm
Pm
Pm
AA A
AA 0 3.060 km
São grandes porções da atmosfera que se deslocam pela superfície terrestre, levando consigo as características das regiões onde
foram formadas (temperatura, umidade e pressão). O encontro de duas massas de ar (geralmente quente e fria) implica na formação
de uma frente, resultando na ocorrência de chuvas e mudanças do estado do tempo.
mEc mEc
mEa → Equatorial
atlântica
mEc → Equatorial
continental
mTa → Tropical
atlântica
mTc mTc → Tropical mTc mTa
continental
mTa mPa → Polar Alísios de
mPa sudeste
atlântica
• As massas de ar tropicais são formadas nas regiões intertropicais, e apresentam elevadas temperaturas. Podem ser úmidas quando
formadas sobre os oceanos; ou secas, quando formadas sobre os continentes.
• As massas polares são frias e originárias de regiões de elevadas latitudes. Elas também são secas, visto que as baixas temperaturas não
possibilitam uma forte evaporação das águas.
Maritimidade e continentalidade
DESERTO CIDADE LITORÂNEA
Calor
Raios solares
A estreita relação entre o volume de terras emersas e a proximidade de grandes massas líquidas, exerce influência direta na
variação da temperatura. Isso porque a água, por apresentar maior calor específico, demora a aquecer e perder calor, enquanto que os
continentes se aquecem e perdem calor em menor tempo. Desse modo, quanto mais estamos afastados dos oceanos, maiores serão
as variações da temperatura ao longo do ano, isso explica o fato do Hemisfério Norte (hemisfério das terras) apresentar invernos mais
rigorosos e verões mais quentes, em relação ao Hemisfério Sul (Hemisfério das águas).
Correntes marítimas
Corrente da
Groenlândia
Derivação
Atlântico Norte
Corrente de
Labrador
Oya-Shivo
Corrente da Corrente
Califórnia Equatorial Norte
Contra-Corrente
Corrente Equatorial
Corrente do Brasil
Sub-Equatorial
Corrente de Bengala
Corrente das
Agulhas
Reprodução/Vunesp 2017
20.000°
0°
10.000°
0°
Reprodução/Unesp
FORMAÇÃO DA BRISA MARINHA
TERRA M
MAAR
Figura 2 EUA
OCEANO
FORMAÇÃO DO TERRAL Golfo do México ATLÂNTICO
México
Península
ALTA PRESSÃO BAIXA de Yucatán
PRESSÃO Ilhas
Cancún Cayman
Cuba
TERRA M
MAAR Guatemala
OCEANO
PACÍFICO Venezuela
SALGADO-LABOURIAU, M. L. História ecológica da Terra.
Colômbia
São Paulo: Edgard Blucher, 1994. Adaptado.
Nas imagens constam informações sobre a formação de brisas Assinale a alternativa que identifica o fenômeno climático
em áreas litorâneas. Esse processo é resultado de representado anteriormente, a área de ocorrência e a causa
A) uniformidade do gradiente de pressão atmosférica. principal que favorece sua formação:
B) aquecimento diferencial da superfície. A) Ciclone; Mar das Caraíbas; áreas oceânicas com
C) quedas acentuadas de médias térmicas. predominância de ventos fracos, mas constantes, fenômeno
D) mudanças na umidade relativa do ar. típico de áreas tropicais.
E) variações altimétricas acentuadas. B) Tufão; Antilhas; formação de frentes frias em áreas
oceânicas, fenômeno típico de altas latitudes.
04. (UFMG)
UTILIZAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE
EM DIFERENTES PORÇÕES DO GLOBO (EM %)
Total da radiação
100% 100% 100%
solar incidente
% usada na
5% 60% 88%
evaporação
% usada no
Disponível em: <http://earthdata.nasa.gov>
aquecimento 95% 40% 12%
do ar
O furacão é um sistema circular que se estende a alturas de
12 km a 14 km, formando uma coluna elevada de ar em espiral.
Um furacão como o da imagem ocorre
A) no hemisfério sul em uma superfície oceânica fria a cerca
de 17 ºC.
B) no hemisfério sul em uma superfície oceânica aquecida a
cerca de 27 ºC.
C) no hemisfério norte em uma superfície oceânica aquecida
a cerca de 27 ºC.
D) na linha do equador em uma superfície oceânica aquecida deserto floresta na oceano
estação de
a cerca de 27 ºC. plena atividade
E) no hemisfério norte em uma superfície oceânica fria a cerca
RUMMEY, G. R.. (1970). “The Geosystem: dynamic integration of
de 17 ºC. land, sea and air”. WMC Brown, Dubuque, p: 35 (adaptado)
Menor pressão
Brisa marítima
Maior
temperatura
Menor temperatura
Seção Videoaula
C-6 H-27, 28
Aula H-29
Classificação Climática
13
Introdução
O clima compreende um padrão dos diversos elementos atmosféricos, como temperatura, umidade, pressão, ventos e precipitações,
associados a certos fatores que ocorrem de forma regional, como latitude, altitude, maritimidade, continentalidade, correntes marinhas
e massas de ar. As semelhanças em várias regiões da Terra de tipos específicos caracterizam os diversos tipos de clima, que, para a sua
determinação, são consideradas as variações médias dos elementos meteorológicos ao longo das estações do ano num período de 30
anos. De acordo com o tamanho de sua área de abrangência, podemos constatar a existência de microclimas, mesoclimas e macroclimas.
• Microclimas – variam de acordo com a superfície, mais, de uma modo geral, podemos considerar o microclima urbano e vegetal.
• Mesoclimas – são aqueles que sofrem uma variação local em algumas das suas características, pelos diversos aspectos da paisagem,
como o relevo ou altitude.
• Macroclimas – ou grandes tipos climáticos, são sempre classificados atendendo a um, dois ou mais elementos, em particular, a
temperatura e umidade. Pode ser denominado também de clima regional, correspondendo sempre ao clima médio presente num
território relativamente vasto da superfície do planeta.
40º
0º Equador
20º
Trópico de Capricórnio
40º
ESCALAS DE CLIMA
Mario Sergio Araujo dos Passos/Wikimedia Foundation
Mesoclima Macroclima
O estudo dos mesmos é de suma importância, em particular para a atividade agrícola, onde se pode escolher o melhor sistema
da agricultura a ser implementado, bem como prever o melhor momento para o plantio e a colheita.
Climograma
É a forma de representar graficamente o clima, permitindo de uma maneira simples e eficaz a verificação da sazonalidade
climática de determinada região do globo. Para a sua confecção, usamos o sistema de coordenadas cartesianas (ordenadas e abscissas).
Um climograma tem duas ordenadas: uma à esquerda, onde normalmente são representadas a incidência quantitativa das
precipitações anuais, e outra à direita, onde são marcadas as variações das temperaturas. No eixo das abscissas são representados os
meses do ano. As temperaturas são representadas por uma linha vermelha; e as precipitações, por barras azuis. Quando a concavidade
da linha de temperatura estiver para cima, o climograma representa uma região do hemisfério Sul. Se a concavidade estiver para baixo,
será o hemisfério Norte.
Análise do Climograma
Maior pluviosidade?
Maior temperatura? Em torno de 42 mm,
Em torno de 27 ºC Toledo em outubro
em julho
Menor pluviosidade?
Menor temperatura? TºC P. en
Em torno de 6 ºC, mm Em torno de 10 mm,
em janeiro 90 em julho e agosto
80 Comportamento da
Amplitude térmica?
70 pluviosidade em
27 ºC - 6 ºC = 21 ºC 30 60 relação às estações
25 50
Hemisfério? do ano?
20 40
Norte, pois as maiores 15
No verão ocorrem menos
30
temperaturas indicam a 10 chuvas do que nas demais
20
ocorrência do verão no 5 estações, quando as chuvas são
10
meio do ano 0 poucas e bem distribuídas.
0
J F M A M J J A S O N D
Tipos climáticos
Diferentes tipos climáticos compõem a dinâmica terrestre. Eles são determinados por uma gama de fatores e elementos que,
combinados, conferem a cada região do planeta um conjunto de características atmosféricas próprias. Existem diferentes classificações
do macroclimas presentes no planeta Terra, contudo, as mais usuais, relacionam as precipitações com a temperatura, desse modo,
usaremos essas características para nortear a descrição dos principais tipos climáticos do globo.
Thulé
10 20
0 0
–10
Média anual Total anual
(–12,5 ºC) (109 mm) clima polar
–20
–30
J F MA M J J A S O N D
Está presente nas elevadas latitudes, precisamente norte do Canadá, da Rússia e do Alasca, em parte da Península Escandinava
e em todo o Continente Antártico. É marcado pela baixa temperatura, as menores registradas no planeta, com inverno longo,
permanece em torno de –30ºC e curto verão, com média de 4 ºC. A umidade relativa do ar é bastante elevada (70% e 80%), mas
raramente há precipitações (100 milímetros) que ocorre sob a forma de neve, mas como essa neve não derrete, são formados os
campos de gelo.
Subpolar ou subático
Está presente na transição entre os tipos climáticos polar e temperado, sendo, desse modo, reconhecido como o segundo tipo de
clima mais frio do planeta, pois sofrem grande influência de massas de ar polares continentais. Ocorre entre as latitudes 50 º e 70 º Norte, nas
porções mais setentrionais do Canadá, Alasca e Rússia. Caracteriza-se pela existência de verões curtos e pouco quentes (temperaturas
média de 10 º C) e invernos frios e prolongados (durante 6 a 8 meses do ano, a temperatura permanece com valores negativos).
Apresentam baixos índices pluviométricos do verão, correndo geralmente na forma de neve.
T(°C) P (mm)
160
140
120
100
80
30 60
20 40
10 20
0 0
-10
-20
-30
-40
J F M A M J J A S O N D
C Oceano
Pacífico
A
Oceano
Oceano Atlântico
Pacífico
Oceano
Índico
240
230 Climas temperados
220 0 4000 Tipo .....
210
200 km Mediterrâneo
190 Continental
180 CLIMA TEMPERADO CONTINENTAL C Marítimo
170
160 CLIMA TEMPERADO MEDITERRÂNEO A
150
140 140
130 130
120 60 120
120
110 110
110
50 100 50 100
50 100
90 90
90
40 80 40 80
40 80 70 70
70
30 60 30 60
30 60
50 50
50 20 40 20 40
20 40 30 30
30 10 20 10 20
10 20 10 10
10 0 0 0 0
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
0 0
J F M A M J J A S O N D
Está presente em latitudes médias, em torno de 30 até 65 Norte/Sul, entre as regiões polares e os Trópicos de Câncer e Capricórnio.
As temperaturas giram em torno de 18 °C, porém no inverno podem chegar a menos de zero. As chuvas são distribuídas de forma
regular durante o ano e as quatro estações são bem definidas: verão quente, outono com temperaturas amenas, inverno frio e primavera
mais quente com o passar dos dias. Podemos constatar a existência de vários subtipos climáticos.
• Temperado mediterrâneo: Apresenta verões quentes e secos (média 25 °C) e invernos moderados (0 –15 °C), e chuvosos, com
médias variando de 500 a 1.000 mm. É predominante no sul da Europa, influenciada pelo Mar Mediterrâneo, mas também ocorre
no Golfo do México, sudeste da China e no Chile.
• Temperado continental: Está presente nas áreas interiores da América do Norte, da Europa e do leste da Ásia. A continentalidade
age como um fator climático, tornando a umidade relativa do ar mais baixa e elevando a amplitude térmica anual. O inverno é muito
rigoroso, com média em torno de –5 ºC, e o verão quente, com média de 24 ºC, respectivamente. As precipitações são escassas,
ocorrendo, sobretudo no inverno.
• Temperado oceânico: Está presente nas fachadas litorâneas das latitudes médias, como o oeste e noroeste da Europa,
onde o fator maritimidade mantém a amplitude térmica baixa, com os invernos frios (média de – 3 ºC) e os verões, frescos
(média de 15 ºC). As chuvas são abundantes e bem distribuídas ao longo do tempo, devido à chegada de massas de ar do Oceano.
Está presente na transição entre o clima temperado e tropical, sendo mais específico no sul da América do Norte, sudeste
da América, regiões do Centro, Norte e Sul do continente africano, Austrália, sudeste da China, Península Arábica e norte da Índia.
É caracterizado por apresentar uma grande amplitude térmica no decorrer do ano, as chuvas são bem distribuídas e há ocorrência de
queda de temperatura na estação do inverno, chegando a nevar. No verão, as temperaturas são semelhantes às de clima tropical.
Tropical
Está presente nas áreas situadas entre 5° e 30° de latitude Norte/Sul, entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, abrangendo grande
parte do território brasileiro, África, Índia, Península da Indochina e norte da Austrália. Apresenta temperatura média superior a 20 °C, pequena
amplitude térmica, e alto índice de chuvas, com precipitações de 1.000 a 2.000 mm, concentradas no período do verão. São registrados vários
subtipos climáticos, como o tropical continental ou típico (tropical seco), tropical úmido (litorâneo) ou o tropical monçônico, presente no Sudeste
asiático, destacam-se as chuvas de monções, tempestades torrenciais provocadas pelo vento úmido que sopra do Oceano.
Está presente nas regiões localizadas próximas à Linha do Equador (5° latitude Norte e Sul), é encontrado em parte da América
do Sul, em especial no Brasil, na região central da África (Vale do Rio Congo) e Indonésia e Malásia (Ásia). O clima se destaca por ser
quente (25 ºC) e úmido durante o ano inteiro, com média anual de umidade relativa do ar de 90%, e a chuva é abundante durante o
ano todo, com médias acima de 2000 mm anual.
Árido ou desértico
Localização dos principais
T (°C) P (mm) desertos quentes
30 60
20 40
Saara
10 20 Equador
Arábico
Namíbia
Média anual 0 0 Total anual
J F M A M J J A S O N D Calaári Australiano
(20,2 °C)
(102,3 mm)
Clima encontrado na faixa de 20° a 40° de latitude Norte/Sul. Sendo marcado pelo baixíssimo índice pluviométrico, onde a média
anual de precipitação é inferior a 250 milímetros, o equivalente a cerca de um mês de chuva no clima equatorial. A umidade relativa
do ar também é muito baixa, aproximadamente de 15%. Apresenta altas temperaturas, com média de 30 °C, com elevada amplitude
térmica diária: de dia a temperatura ultrapassa os 40 ºC e, à noite, chega a graus negativos. Esse tipo climático é encontrado na parte
central da Austrália (Oceania), na China (Ásia), norte do México e sul dos Estados Unidos (América do Norte), no Chile e no Peru
(América do Sul) e na Namíbia e Saara (África), por exemplo.
Andes de vegetação
T(ºC)
40
8000 Oceano
30
20 Atlântico
10 7000 Oceano
0
J F M AM J J A S O N D Neves eternas Equador Pacífico
- 10 6000
Campos alpinos Oceano Oceano
5000 Pacífico Índico
4000
Coníferas
3000
Floresta temperada
0 3000 km
2000
Floresta tropical
1000
Ocorre nas grandes cadeias montanhosas do globo, como a Cordilheiras dos Andes, as Montanhas Rochosas, os Alpes e Himalaia,
onde a altitude age como um fator climático, independentemente da latitude, preservando e formando as neves eternas. Apresenta
baixas temperaturas, com médias anuais de 0°, com a redução de 6 ºC a cada mil metros de altitude. A quantidade de precipitação
também é variável, com médias de 1.500 mm.
80º 75º 70º 65º 60º 55º 50º 45º 40º 35º
5º 5º
Aw
Am Equador
Af
Af
5º
5º
Am Aw
Bsh
10º
Aw Am
CLIMA 10º
MEGATÉRMICO ÚMIDO
Am
E SUBÚMIDO
Af Sempre úmido
Am
Af 15º
Am Curta estação seca
Cwa
Aw Inverno Seco
Cwb
SECO 20º
Cfb
Bah Semiárido
Cfb Trópico d
Cfa e C ap r
icórni
MESOTÉRMICO ÚMIDO o
E SUBÚMIDO
Cfa Sempre úmido, verão quente Cfb OCEANO 25º
A 1ª letra maiúscula representa a característica geral do clima da região, a 2ª letra minúscula representa as particularidades
relacionadas à taxa de precipitação, a 2ª letra maiúscula é usada para classificar características específicas de climas secos ou climas polares, e a
3ª letra minúscula é usada para descrever as características de climas micro ou mesotérmicos. Veja:
1ª letra
– A: clima megatérmico (temperaturas médias superiores a 18 ºC)
– B: clima seco (precipitação anual menor que 500 mm)
– C: clima mesotérmico (–3 ºC > temperatura média < 18 ºC)
– D: clima microtérmico (temperatura < –3ºC)
– E: climas polares
2ª letra (junto com A, C, D)
– f: sempre úmido (mês mais seco com precipitação superior a 60 mm)
– m: monçônico, predominantemente úmido
– s: chuvas de inverno (mês mais seco com precipitação inferior a 60 mm)
– w: chuvas de verão (mês mais seco com precipitação inferior a 60 mm)
2ª letra (junto com B)
– S: clima semiárido (chuvas anuais entre 250 e 500 mm)
– W: clima árido ou desértico (chuvas anuais menores que 250 mm)
2ª letra (junto com E)
– T: clima de tundra (temperatura média entre 0 ºC e 10 ºC)
– F: clima de calota de gelo (temperatura inferior a 0 ºC)
3ª letra (junto com C e D)
– a: verões quentes (média igual ou superior a 22 ºC)
– b: verões brandos (média inferior a 22 ºC)
– c: frio o ano todo (média abaixo de 10 ºC)
3ª letra (junto com B)
– h: deserto ou semideserto quente (média anual igual ou superior a 18 ºC)
– k: deserto ou semideserto frio (média anual inferior a 18 ºC)
Exercícios de Fixação
Deserto
do Floresta
27 Saara 27 Tropical
-20
-10
0
10
20
30
600
12 °C
500
12,6 °C
C) T (ºC) D) T (ºC)
-10
10
20
0
30
10
20
0
30
40
400
P (mm) P (mm)
Metros
13,2 °C
2000
1000
500
0
200
100
2000
1000
500
0
200
100
300
13,8 °C
200
100
14,4 °C E) T (ºC)
-20
-10
0
10
20
0
16 °C P (mm)
3000
2000
1000
500
200
100
200
OCEANO PACÍFICO
Acima de 30 °C -10 a 0 ºC
20 a 30 °C -20 a -10 ºC 50º
10 a 20 °C -30 a -20 ºC
0 a 10 °C Abaixo de -30 °C 50º
CÍRCU
LO
P
Olly Philipson. Atlhas geográfico mundial, 2014. POLO NORTE
O
LA
Ártico
A legenda do mapa está organizada segundo 90ºw
RTICO
N
O
AT
02. (PUC/2018) Cinturões de vento surgem porque o Sol aquece a L ÂN
TIC
superfície mais intensamente no equador, onde os raios solares O
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO ÍNDICO
0 2690 5380 km
09. (PUC-RS) Resolver a questão com base nos climogramas que Deserto de Cobi
tratam da situação climática de três diferentes cidades. Pequim
CHINA
Precipitação Temperatura Oceano
0 240 km Pacífico
400 40
300 30
3º A 10ºC
MAIS QUENTE
Absorção e
retenção de
calor
Maior
Menor
Transpiração das
plantas e
evaporação
da água do
solo.
Penetração
de água
É um fenômeno climático que ocorre nas zonas urbanas, a Em 1872, o climatologista inglês Robert Angus Smith, elaborou o
partir da elevação da temperatura média da sua zona central, em termo “chuva ácida” para relacionar a elevação dos índices de poluição na
comparação com as zonas periféricas ou rurais, com oscilações cidade de Manchester, ao fenômeno da revolução industrial. São comuns
nos grandes centros urbanos e industrializados, mas podem ser levados
térmicas variando entre 4°C ou 11°C.
pelas corretes de vento para regiões mais distantes.
A origem desse fenômeno está relacionada às alterações da
As chuvas ácidas são oriundas das emissões de gases resultantes
paisagem realizadas pelo homem, como a retirada de áreas verdes
da queima de combustíveis fósseis, sobretudo o carvão mineral, que
e as construções de edificações, que alteram a capacidade térmica
provocam a liberação de óxidos de nitrogênio (NO), dióxido de carbono
do solo. Esses fatores, associados à pavimentação excessiva por (CO2) e do dióxido de enxofre (SO2). Ao serem lançados na atmosfera,
camadas de asfalto ou concreto, máquinas com motores ligados, e o os compostos químicos são combinados com o vapor-d’água,
próprio calor antropogênico, contribuem para concentrar mais calor. transformando-se, respectivamente, em ácido sulfúrico (H2SO4) e
A formação de ilha de calor provoca também a redução da umidade do ácido nítrico (HNO3). Ocorrendo a condensação na atmosfera, os
ar, alterações das precipitações e circulação do vento e são responsáveis compostos químicos chegam por gravidade à superfície na forma de
pela intensificação do fenômeno do aquecimento global. chuva, com pH inferior a 5,4, alterando a composição química dos
Inversão Térmica solos e ecossistemas aquáticos, provocando a corrosão de materiais,
a morte da vegetação, entre outros.
Fluxo Normal Inversão Térmica
A maior ocorrência de chuvas ácidas e registradas nas nações
desenvolvidas, como os Estados Unidos, Japão e países componentes
da União Europeia. Entretanto, com a transferência de parte dos
Ar mais frio Ar frio parques fabris para as nações em desenvolvimento, em fenômeno
passou a ser presente em outras partes do mundo, sobretudo na
China, que responde pela metade do consumo de carvão mineral
Ar frio Ar quente no mundo, superando os Estados Unidos no índice de emissão de
poluentes. No Brasil, a chuva ácida é mais comum nos estados de
Ar quente Ar frio
São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Efeito Estufa
Efeito de Estufa
Nos centros urbanos industrializados, principalmente aqueles B - Uma parte da radiação
cercados por cadeias serranas, é comum acontecer fenômenos que solar é refletida de volta
A - A radiação para o espaço.
alteram a circulação vertical da atmosfera. solar atravessa
a atmosfera. C - Outra parte da radiação infravermelha
As massas de ar movimentam-se verticalmente porque A maior parte é refletida pela superfície da Terra, mas não
a atmosfera sofre resfriamento nas camadas mais elevadas. da radiação consegue deixar a atmosfera.
é absorvida Ela é refletida novamente em direção à Terra
A Constância desse movimento provoca a dispersão dos gases pela superfície e de novo absorvida pela camada de gases
poluentes, gerados nas camadas mais baixas. Nas madrugadas frias terrestre e que envolve a atmosfera. A
aquece-a. B
(outono e inverno), as temperaturas próximas ao solo ficam mais C
baixas, dessa forma, ocorre uma inversão das camadas de ar: o ar ATMO
SFE
RA
frio (mais pesado) não consegue subir, e o ar quente (mais leve)
não chega a descer.
Outro agravante provocado pela inversão térmica é a
retenção próxima ao solo de uma grande concentração de gases
poluentes, formando uma camada de cor cinza, provocando
doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações.
C-6 H-27, 28
Kyoto (Japão). Nessa reunião foi firmado um acordo, denominado Aula Os Grandes Domínios da H-29
s
ta Alta
le
avio atmosfera
Trópico de Câncer
Oceano
ultr io
Atlântico
os ôn Oceano
i de oz Pacífico
Ra ada
Cam 15 km Equador
Oceano Oceano
Pacífico Índico
Baixa
atmosfera Trópico de Capricórnio N
0 3000
km
Floresta equatorial Estepe e pradaria Vegetação mediterrânea Taiga Tundra
Floresta tropical Deserto Floresta caducifolia Vegetação de alta montanha
Globo
terrestre Savana
Quanto ao porte
Arbórea: Vegetação de porte alto, geralmente superior aos sete metros.
Arbustiva: Formação vegetal de porte médio, com tamanho estimado entre 3 e 5 metros.
Herbácea: Vegetação rasteira, formada por gramíneas.
Estratificado: Quando apresenta mais de um estrato simultâneo.
Quanto à umidade
Higrófilas: Plantas adaptadas a muita umidade (climas úmidos), sendo necessariamente perenes.
Xerófilas: Plantas adaptadas à aridez (climas secos).
Mesófila/Tropófilas: Plantas adaptadas à alternância de uma estação seca e outra chuvosa.
Ombrófilas: Plantas que estão situadas em regiões de estrato índice pluviométrico.
Hidrófilas: Plantas aquáticas.
Outros tipos
Orófilas: Planta adaptada às grandes altitudes.
Halófitas: Plantas adaptadas a ambientes salinos.
Umbrófilas: Plantas que estão adaptadas a ambientes com sombra.
Não existe consenso sobre quantos biomas existem no planeta, pois a definição de bioma varia de autor para autor. Contudo,
são citados 11 tipos de biomas diferentes, onde os mais destacados estão expressos a seguir:
Groelândia
Ásia
Europa
América
do Norte
África
América
do Sul
Austrália
O bioma da tundra aparece nas fraudas boreais da região Ártica, precisamente entre os paralelos 60º e os 75º de latitude
Norte, estendendo-se pelas porções setentrionais da Rússia (Sibéria), Europa (Escandinávia), Groenlândia, Canadá e Alasca. O clima que
influencia essa formação vegetal se destaca pelo rigor, recebendo pouca luz solar e pouca umidade, onde em grande parte do ano a
temperatura não ultrapassa os – 6 ºC.
Antikainen/123RF/Easypix
Yanlev/123RF/Easypix
Pilens/123RF/Easypix
Melinda Fawver/123RF/Easypix
da Europa, leste dos Estados Unidos e da Ásia e sul da América
do Sul, regiões influenciadas pelo clima temperado e frio, com
invernos não prolongados e estações bem definidas, com acentuada
amplitudes térmicas, podendo variar entre –30 °C no inverno e
30 °C no verão.
Irantzu Arbaizagoitia/123RF/Easypix
Esse bioma pode ser encontrado entre 30º e 40º Norte
e Sul, mais precisamente nas margens da região banhada pelo
Mar Mediterrâneo, na Europa, África e Ásia, mas é possível de
ser encontrada em certas regiões da Califórnia (Estados Unidos),
Chile, África do Sul e também da Austrália. O clima desse bioma
é marcado por uma estação muito seca e quente: o verão.
O inverno é ameno e chuvoso. As características climáticas citadas
favorecem o desenvolvimento de uma vegetação composta por
Os vegetais são do tipo caducifoliados ou decídua, pois pequenas árvores distanciadas umas das outras, ou por bosques
as árvores perdem as folhas no período do outono/inverno, onde de árvores de folhas duras (esclerófilas). A vegetação original foi
bastante alterada, em muitas vezes, substituídas por plantações
reduzem a atividade metabólica, como forma de adaptação
de oliveira e videiras. Podem ser encontrados dois subtipos de
contra a seca fisiológica, uma vez que o período do inverno, que
vegetação:
dura aproximadamente três meses, é bastante rigoroso, com
• Garrigue: Formação bem aberta, encontrada em solos
congelamento da água no solo. No outono, as folhagens se tornam
calcários;
multicoloridas, variando do vermelho ao castanho, passando pelo
• Maqui: Formação bem fechada que cresce em solos
alaranjado, dourado e cobre. Esse acúmulo de folhas mortas silicosos.
enriquece com matéria orgânica e nutrientes o solo que geralmente
apresenta coloração escura, apresentando elevada fertilidade.
A floresta temperada pode apresentar até quatro estratos
Estepes e pradarias
diferentes, apresentando desde as coníferas e árvores com folhas
largas caducas, até arbustos, plantas herbáceas e musgos. Entre as ESTEPES E PRADARIAS
espécies mais significativas encontramos as bétulas, as nogueiras,
as sequoias, os pinheiros, faias, os castanheiros, ciprestes, olmos,
abetos etc.
Como essas formações estão situadas nas regiões mais
densamente povoadas, são também as mais ameaçadas de extinção
devido à expansão da atividade urbana industrial, sendo que em
porções da Europa só restam bosques secundários.
Gary Tognoni/123RF/Easypix
Tykhyi/123RF/Easypix
Estepe na Mongólia
Pradaria
É uma cobertura vegetal onde predominam as gramíneas,
George Burba/123RF/Easypix
com árvores esparsas e arbustos isolados ou em pequenos grupos.
É encontrada em vários continentes, em particular nas regiões
intertropicais, com duas estações bem definidas, um período seco
bastante longo, alternado por uma estação chuvosa. Geralmente,
fazem a transição para outros tipos de biomas (campos e florestas).
A vegetação herbáceo-arbustivo, possui uma elevada
resistência ao fogo, algumas espécies necessitam de altas
temperaturas para que suas sementes quebrem a dormência. As
gramíneas apresentam folhas compridas que aproveitam ao máximo
a umidade existente e rizomas resistentes à seca. As árvores possuem
os troncos retorcidos, espessos e duros, onde algumas espécies
possuem a particularidade de armazenarem água em seus trocos,
como o baobá, africano, ou a barriguda, brasileira. A folhagem
das árvores são do tipo caducifoliada, uma vez que caem durante
o período seco, como estratégia de reduzir a evapotranspiração. A
As pradarias ocupam as regiões de planície, abrangendo uma
savana se apresenta sob várias denominações regionais: Venezuela e
área de 9.000.000 km², sob domínio de clima temperado continental da Colômbia (llanos); o cerrado, vegetação correspondente no Brasil;
úmido, presente em praticamente todos os continentes, com maior scrubs, no norte da Austrália; jungle, na Índia.
ocorrência no norte dos EUA, sul do Canadá, sul da América do Sul
e o leste da Europa. São vastas regiões abertas, onde predominam Desertos
gramíneas, alguns arbustos e quase nenhuma árvore, que
oferecem pastagens naturais, utilizadas para o desenvolvimento da DESERTOS
pecuária, e os melhores solos agricultáveis do planeta (Thernozion). LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS DESERTOS QUENTES
Pastoreo do solo da pradaria está levando esse bioma ao processo de
desertificação. Na América do Sul, essas formações estão localizadas
na Argentina, Uruguai e no estado do Rio Grande do Sul, onde
recebem a denominação de pampas.
Namíbia
Savanas Calaári
Austráliano
SAVANAS
Kjersti Jorgensen/123RF/Easypix
Jane Rix/123RF/Easypix
Formações florestais de baixa latitude
Florestas tropicais
FLORESTAS TROPICAIS
Equador
As florestas tropicais estão presentes dentro das latitudes 28 graus ao norte ou ao sul do Equador, sendo submetidas a altas
temperaturas e a uma quantidade significativa de chuva, características do tropical úmido. Uma das principais características da floresta
tropical é a riquíssima biodiversidade vegetal e animal, onde muitas destas espécies ainda não são registradas pela ciência, e possivelmente
60% de todas as espécies do planeta se encontram neste ecossistema. O intenso desmatamento ocorrido nessas regiões estão reduzindo
de forma drástica essas formações vegetais.
Apesar de existirem subtipos de florestas tropicais, elas apresentam certas características comuns: heterogêneas, densas,
perenefoliadas, higrófilas, latifoliadas. Quanto mais próximo ao Equador, mais fechadas são as florestas, apresentado vários estratos
diferentes com árvores de diversos tipos e portes, com muitos cipós em seus troncos e galhos. A maior incidência dessas florestas pode
ser encontrada nas seguintes regiões: Brasil (Floresta Amazônica e Mata Atlântica), África (Bacia do Rio Congo), América Central, Ásia
(Vietnã, Laos, Camboja e Tailândia) e parte da Oceania (Nova Guiné, Bornéo e costa norte da Austrália).
Morley Read/123RF/Easypix
15
8
14 20
19 25
3
2 18
21
11
5 16
6 10
1 9 17
25 23
4
13
7 22
12
24
1. Tropical Andes, 2. Mesoamerica, 3. Caribbean, 4. Brasil’s Atlantic Forest, 5. Chico/Darien Western Equador, 6. Brasil’s Cerrado, 7. Central Chile,
8. California Floristic Province, 9. Madagascar, 10. Eastern Arc & Costal Forest of Tanzania/Kenia, 11. West African Forest, 12. Cape Floristic Province,
13. Succulent Karoo, 14. Mediterranean Basin, 15. Caucasus, 16. Sundiand, 17. Wallacea, 18. Phillippines, 19. Indo-Burma, 20. South-Central Chaina,
21. Western Ghats/Sri Lanka, 22. Southwest Australia, 23. New Caledonia, 24. New Zealand, 25. Polynesia/Micronesia.
Biopirataria
No ano de 1876, o inglês Henry Wickham, contrabandeou 70.000 sementes da Hevea brasiliensis (seringueira) da região de
Santarém no Pará, para a Malásia, e outras possessões tropicais administradas pelos britânicos, no que ficou marcado na história como
o maior caso de biopirataria do Brasil. Todavia, desde o momento em que os portugueses aportaram no país, aprenderam, com os índios
nativos, a técnica de extrair o corante vermelho do pau-brasil. Já se estabelecia o primeiro caso de biopirataria do país.
Esse tema passou a ganhar destaque mundial, muito tempo depois, com a “Convenção Sobre Diversidade Biológica” realizada
pela ONU, no Rio de Janeiro em 1992, onde ficou definido que biopirataria consiste na apropriação indevida de recursos da fauna e
flora, e do conhecimento das comunidades tradicionais. Segundo as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio), as patentes
registradas a partir de pesquisas realizadas em outros países possuem validade legal, desde que as comunidades locais também tenham
participações nos lucros obtidos. Contudo, na grande maioria das vezes, esses tratados não são obedecidos pelas grandes corporações.
Estimativas superficiais dão conta que o Brasil, detentor do maior patrimônio genético do globo, perde mais de cinco bilhões de dólares
por ano com a biopirataria, porém esse número parece ser bem maior, uma vez que somente o lucro das indústrias farmacêuticas, onde
40% dos medicamentos são de origem natural, passe de U$400 bilhões por ano. Nesse contexto, o Brasil é um grande fornecedor de
material genético. Estima-se que 25 mil espécies de plantas sejam usadas para a produção de medicamentos. O incrível é que não existe
ainda uma legislação específica que defina a biopirataria como crime previsto em lei.
Outros casos de biopirataria no Brasil:
Jararaca Ana (Bothrops jararaca) – o veneno dessa serpente, cujo princípio ativo foi descoberto por cientistas brasileiros, mas
o registro da patente foi feita por uma empresa dos Estados Unidos, é utilizado na produção de um medicamento para hipertensão,
denominado de captropil.
Cupuaçu – fruto típico da floresta Amazônica, utilizado na extração do óleo de suas sementes e na produção do chocolate da
fruta, denominada de cupulate. Existem patentes registradas no Japão e Inglaterra.
Açaí – palmeira nativa da região Amazônica, da qual se extrai um fruto saboroso e de grande poder nutritivo, foi patenteado
pela empresa japonesa K. K. Eyela Corporation, em 2003, e só foi caçada devido à pressão internacional.
Andiroba (Carapa guianensis) – cujo óleo e extrato de seus frutos foram registrados pela empresa francesa Yves Roches, no
Japão, França, União Europeia e Estados Unidos, em 1999, e pela empresa japonesa Masaru Morita, em 1999.
Copaíba (Copaifera sp.) – teve sua patente registrada pela empresa francesa Technico-flor.
Espinheira santa (Maytenus ilicifolia) – A empresa japonesa Nippon Mektron detém uma patente de um remédio que se utiliza
do extrato da espinheira santa, desde 1996.
alexwhite/123RF/Easypix
Área desmatada Percentual desmatado
(em quilômetros quadrados)
1º-Burundi 15,64%
1º-Brasil 22.264
2º-Haiti 7,95%
2º-Indonésia 13.124
3º-El Salvador 5,95%
3º-Sudão 9.589 4º-Santa Lucia 5,56%
4º-Zâmbia 8.509 5º-Ilhas Comoro 5%
No ano 2000, a FAO (Fundação das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) definiu o termo “floresta” como uma área
de pelo menos 0,5 hectares, contendo árvores com porte superior a 5 metros de altura, e com um dossel de copas que gerem sombra
sobre 10% do solo desta área. É importante ressaltar que terras agricultadas com monoculturas, pomares ou parques urbanos estão
fora desta definição. Atualmente, cinco países – Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e China – concentram mais de 50% de toda a
área de florestas do globo.
Dessa forma, o desflorestamento ou desmatamento é o termo utilizado para designar o processo contínuo de supressão vegetal de
uma determinada área. A retirada aleatória de certas espécies arbóreas do meio natural, não pode ser configurada como desmatamento,
pois, a floresta continua a manter o seu equilíbrio biológico. O problema consiste na remoção acentuada da vegetação original.
O desflorestamento é um fenômeno antigo, que segundo evidências antropológicas, ocorre desde períodos pré-históricos em
diversas partes do mundo. Contudo, com a intensificação das atividades produtivas e o aumento da demanda global por áreas agricultáveis
ou matérias-primas, desencadeado com a Revolução Industrial em meados do século XVIII, a quase totalidade das florestas temperadas
do Hemisfério Norte foram suprimidas e, durante a segunda metade do século XX, esse processo passou a impactar também as florestas
tropicais, assumindo proporções alarmantes e catastróficas.
Essa devastação promovida através das atividades humanas já alterou, no período de apenas 300 anos, grande parte da superfície
que corresponde às terras emersas do planeta, pois mais de 50% de toda a cobertura vegetal natural já foi suprimida, restando apenas
31% de áreas florestais em diferentes graus de conservação, das quais aproximadamente 20% delas ainda estão em condições intocadas.
A taxa global de desflorestação foi da ordem de 170.000 km2 anuais entre as décadas de 2000 e 2010. Cerca de 70% da degradação
florestal no subcontinente Latino-americano, Oceania e Ásia (que já perdeu 60% de suas florestas) possui como causa a atividade extrativa
madeireira, e a maior parte da degradação existente na África tem origem no uso da madeira como matriz energética. Outros fatores podem
ser acrescidos como a expansão de áreas agricultáveis, a abertura de estradas, a expansão urbana e o extrativismo mineral.
As consequências da retirada da cobertura vegetal original são por demais danosas ao meio ambiente, e consistem principalmente
na erosão biológica (perda da biodiversidade), degradação do solo e o aumento da incidência do processo de desertificação, erosões,
mudanças climáticas (elevação da temperatura e redução das precipitações atmosféricas) e na rede hidrográfica.
Quadro síntese
APROVEITAMENTO IMPACTO
VEGETAÇÃO CLIMA LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS
ECONÔMICO AMBIENTAL
Norte da Ásia, Europa e Derramamento de
Tundra Polar e subpolar Musgo e liquens
América petróleo
Temperado Rússia, Leste europeu e Homogênea, perene e
Taiga Extrativismo vegetal Desmatamento
continental Canadá aciculifoliada
Arbustiva, tropófitas e
Savanas Tropical continental Zona intertropical Agropecuária Desertificação
heterogênea
Exercícios de Fixação
Relacionando as informações dois dois períodos históricos citados no texto, é correto afirmar que
A) a Europa, sem a Rússia, foi o continente que possuía a maior quantidade de floresta do planeta e, no início do século XXI, possuía
a menor área florestada.
B) o ritmo do desmatamento, no território onde o Brasil está situado, foi menor se comparado aos continentes citados.
C) a Ásia e a Europa, sem a Rússia, ao longo dos séculos, aumentaram o tamanho de suas áreas de florestas.
D) a África e a Ásia apresentaram o mesmo ritmo de desmatamento ao longo dos séculos.
E) ao contrário de outras localidades do planeta Terra, não ocorreu desmatamento no Brasil.
e
nt
A) As florestas têm um aumento na diversidade de suas
ce
Taiga
espécies à medida que a precipitação aumenta e as
res
Subártico
ec
temperaturas apresentam declínio. od
B) Os desertos e as savanas ocorrem em todos os continentes,
çã
Floresta
em áreas com temperaturas elevadas e baixo volume de Bosque
ita
Chaparral Latitude
cip
precipitação. média
Pastagens Deserto
Pre
03. (Unicamp) O mapa a seguir mostra a distribuição global do fluxo de carbono. As regiões indicadas pelos números I, II e III são,
respectivamente, regiões de alta, média e baixa absorção de carbono.
3000 km
05. (Fuvest/1998) Analisando, de forma esquemática, a relação entre temperatura e precipitação anual, em um corte do Polo Norte ao
Equador, os domínios vegetais predominantes nas regiões 1, 2, 3 e 4 são:
Temperaturas Precipitações
anuais anuais
ºC zona zona zona ? zona tropical 2500
polar subpolar temperada
40 2000
Floresta floresta
1 2 caducifólia 3 4 fluvial 1500
30
e estepes
20 1000
10 500
0 0
Polo Norte Equador
10. (UFSM)
B) são constituídas de baixa à média biodiversidade. nível
C) são os ecossistemas mais bem preservados da Terra. médio
20 m
D) têm uma composição de flora dominantemente latifoliada.
E) reduzem a umidade do ar através da evapotranspiração. 10 m
nível herbáceo
0m
08. (Enem/2008) As florestas tropicais estão entre os maiores e mais
diversos complexos biomas do planeta. Novos estudos sugerem LUCCI, E. A.; MENDONÇA, C; BRANCO, A. L. Geografia Geral
que elas sejam potentes reguladoras do clima, ao provocarem um e do Brasil – Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 326.
fluxo de umidade para o interior dos continentes e tenham umidade
para o interior dos continentes, fazendo com que essas áreas de Em relação ao perfil da vegetação mostrado na figura, é correto
florestas não sofram variações extremas de temperatura e tenham afirmar que caracteriza o bioma de formação vegetal do tipo
umidade suficiente para promover a vida. Um fluxo puramente físico A) floresta equatorial com o dossel superior formado por árvores
de umidade do oceano para o continente, em locais onde não há de grande porte e, no nível médio, por espécies arbóreas de
florestas, alcança poucas centenas de quilômetros. Verifica-se, porém, médio porte e epífitas.
que as chuvas sobre florestas nativas não dependem da proximidade B) tundra com cobertura vegetal de pequeno porte, constituída
do oceano. Esta evidência aponta para a existência de uma poderosa de musgos, liquens e gramíneas de ciclo vegetativo curto.
“bomba biótica de umidade” em lugares como, por exemplo, a C) floresta boreal, caracterizada por uma vegetação de grande
bacia amazônica. Devido à grande e densa área de folhas, as quais porte, relativamente homogênea, representada pela taiga.
são evaporadores otimizados, essa “bomba” consegue devolver D) vegetação mediterrânea bastante variada, com predominância
rapidamente a água para o ar, mantendo ciclos de evaporação e
de arbustos.
condensação que fazem a umidade chegar a milhares de quilômetros
E) savana composta por dois extratos, o arbóreo-arbustivo de
no interior do continente.
caráter lenhoso e o herbáceo-subarbustivo, formado pelas
NOBRE A. D. Almanaque Brasil socioambiental. Instituto Socioambiental, 2008. gramíneas e outras ervas.
p. 368-9 (com adaptações).
Fique de Olho
A HISTÓRIA DA BIOPIRATARIA
Planta Origem Uso tradicional Patente/Proprietários Uso comercial
No Brasil, na Região
Norte, onde se situa a
Em 1876, as sementes foram
Floresta Amazônica. Extração do látex utilizado para a fabricação de Extração do látex utilizado para a fabricação
Seringueira levadas para a Malásia pelo
Presente em outras borracha de borracha.
inglês Henry Wickman.
regiões da América
Latina.
Foi disseminada pelo mundo.
Consumida como alimento, com registros de sua Brasil é um dos maiores
Soja China Gênero alimentício de exportação no Brasil.
utilização entre 2883 e 2838 a.C. produtores, ficando atrás
apenas dos EUA.
Foi disseminada em diversas
Café Etiópia A infusão dos grãos era utilizada como estimulante regiões, mas o Brasil é o maior Gênero alimentício de exportação no Brasil.
produtor mundial.
Jaborandi Laboratório Merck mais outros Seu princípio ativo, a pilocarpina, é utilizado
Tribos indígenas o utilizavam no preparo de chás
(Pilocarpus Amazônia brasileira 20 registros por outras em tratamentos de calvície e no controle do
diuréticos e expectorantes
microphyllus) empresas. glaucoma.
Espinheira-
Estudo feito por
santa
grupo de pesquisa Ação antiúlcera gástrica Nippon Mektron Ação antiúlcera gástrica
(Maytenus
brasileiro
ilicifolia)
Fonte primária de alimento para as populações
Cupuaçu Usado para fabricar um tipo de chocolate
Região Amazônica indígenas e animais. A polpa é usada para fazer sucos, Empresa ASAHI Foods Co., Ltd.
(Theobroma (o “cupulate”), além da geleia, bastante
brasileira e Peru cremes de sorvete, geleia e tortas. O povo tikuna utiliza de Kyoto, no Japão.
grandiflorum) comercializada.
as sementes para curar dores abdominais.
A polpa dos frutos é utilizada para fabricação de sucos,
sorvetes, cremes, picolés, licores, mingau. O caroço pode “Amazon Açaí” e “Açaí
ser usado para produzir artesanato e adubo orgânico de Power” são marcas registradas
Açaí (Euterpe Região Amazônica
excelente qualidade. O cacho é empregado na fabricação na Europa. A palavra açaí é Gêneros alimentícios e energéticos
precatoria) brasileira
de vassoura, adubo orgânico, repelente de insetos como de domínio da comunidade
o carapanã e maruim. As raízes combatem hemorragias europeia.
e verminoses.
Anti-inflamatório, diurético, expectorante,
O uso mais comum do óleo de copaíba é o medicinal, desinfetante, estimulante, anticoncepcional,
Região Amazônica sendo empregado como anti-inflamatório e vermifugo. É usada também no tratamento
TECHNICO-FLOR S.A. (França)
Copaíba brasileira e região anticancerígeno. A casca entra na composição de de caspa, dermatites, úlceras de estômago,
/ AVEDA CORP (EUA)
andina do Peru todos os xaropes para tosse. Utilizado também para dermatoses e psoríase; e ainda como
estrangúria e sífilis. combustível, substituindo o óleo diesel nas
lamparinas.
BANKS, Martin. Preserve as florestas tropicais. São Paulo: Moderna, 1999.
C-6 H-27
Aula
Aula 15:
Introdução
A hidrosfera é a camada líquida da Terra, formada pelas águas dos oceanos, mares, rios, lagos e a água que se encontra no
subsolo. A água se movimenta perpetuamente na natureza, num processo conhecido como ciclo hidrológico. A água em estado líquido
passa para a atmosfera em forma de vapor, em um processo chamado de evaporação ou evapotranspiração (animais e vegatais). Na
alta atmosfera, as reduzidas temperaturas fazem esse vapor de água se condensar, e se precipita sobre a superfície sob várias formas
(chuva, neve, granizo, nevoeiro e orvalho). Na superfície terrestre, as águas seguem três caminhos: escorrer, evaporar e infiltrar-se no
solo. Quando evapora, a água retorna à atmosfera como vapor, reiniciando assim, o ciclo hidrológico. A diferença entre a precipitação
e a evaporação é chamada de excedente hídrico e transformam-se em rios, lagos ou em lençóis de água subterrânea.
A origem da água está ligada aos primórdios da história geológica do planeta, quando a intensa atividade vulcânica do período,
lançou para a atmosfera primitiva grandes volumes de gases, entre os mais destacados o Oxigênio (O) e o Hidrogênio (H) que ao se
combinarem formam a água (H2O). Naquela época, as elevadas pressões e temperatura só possibilitavam a existência da água em estado
gasoso. Com o posterior resfriamento do planeta, ocorreu à condensação da umidade, precipitando-se pela superfície do planeta na
forma de chuva. Teorias científicas mais recentes apontam para uma possível origem cósmica da água, quando a mesma foi trazida por
corpos siderais (cometas), que impactaram com a Terra ainda no seu processo de formação.
A água no planeta
A Terra possui 1.386 milhões de quilômetros cúbicos de
água, que recobrem 2/3 da superfície do planeta. Desse volume
total, cerca de 97,4% estão nos oceanos em estado líquido, com
elevada concentração de sais. A chamada água doce corresponde a
apenas 2,6% do total de água do planeta, onde 70% é encontrado
em estado sólido, formando grandes massas de gelo nas regiões
polares ou as neves eternas das grandes cadeias montanhosas. Pouca ou nenhuma Não avaliado Próximo da escassez
As águas subterrâneas correspondem a 29,7% da água doce, o escassez de água física de água
restante, 0,3%, está disponível em rios, lagos, lagoas e pântanos. Escassez física de água Escassez econômica
de água
DIAGRAMA DE BARRAS DA DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA Segundo um relatório elaborado pelo Banco Mundial em
1998, as guerras do século XXI não serão mais motivadas pelo
Água doce 3% Outras 0,9% Rios 2%
petróleo, e sim pela água, onde cerca de 80 países podem entrar
Pântanos 11% em conflito devido à escassez do mais importante recurso natural
Água do Água da
subsolo do planeta. Já ocorreram conflitos motivados pelo ouro amarelo,
superfície
30,1% 0,3% ou seja, o metal, depois o ouro negro, o petróleo, que – a partir
Salgada Lagos dos anos 60 – causou enormes crises econômicas mundiais. Agora,
(Oceanos) 87% já é perceptível na política internacional que o pomo da discórdia
97% Camadas entre as nações será o ouro azul, ou seja, a água, cada vez mais
de gelo necessária devido ao aumento da população mundial e, portanto,
e geleiras
68,7% aumento das demandas ligadas à industrialização e à agricultura.
Nos países periféricos, metade da população consome
água sem o devido tratamento; todos os anos, pelo menos
Água da Terra Água doce Água doce 2,2 milhões de pessoas morrem em decorrência de água contaminada.
da superfície E, diariamente, 25 mil pessoas morrem devido à má qualidade das
(lagos)
águas que utilizam. Segundo estimativas, existe atualmente cerca de
Desse ínfimo percentual, 70% é utilizado pelo setor 1,1 bilhão de pessoas que praticamente não têm acesso à água potável
agropecuário, 22% pelo setor industrial e 8% se destinam ao em quantidade suficiente para realizar suas atividades cotidianas.
abastecimento humano. O consumo per capita de água é uma das Em 2025, 75% da população mundial estarão nessa mesma situação.
formas de atestar o grau de desenvolvimento de uma nação. A OMS Esses conflitos deverão ter início a partir de 2070, no
(Organização Mundial da Saúde), afirma que 110 litros/dia de água Continente africano e Oriente Médio, mais precisamente nas Bacias
são suficientes para suprir as necessidades básicas do ser humano, do rio Nilo, onde o Egito, Sudão e Etiópia divergem sobre o uso das
todavia, existe um desequilíbrio no uso da água. Os habitantes da águas; na Bacia do rio Tigre e Eufrates, envolvendo países como
cidade americana de Nova Iorque utilizam mais de 470 litros/dia de Iraque e Turquia; Bacia do rio Jordão, disputadas por Israel, Líbano,
água, enquanto os habitantes do interior do Sudão só têm acesso Jordânia e Síria. O Oriente Médio apresenta 60% do petróleo,
a 3 míseros litros. apenas 0,5% de água do planeta.
Mar do
Báltico
Tipos de mares
Abertos N
Interiores Oceano Glacial Antártico
Fechados
• Abertos: São aqueles que se comunicam amplamente com os oceanos que os formam. Como exemplos, podemos citar o Mar
do Caribe, o Mar do Japão, o Mar da China etc.
• Fechados: São aqueles que se encontram nos interiores dos continentes, desse modo, não apresentam uma ligação de maneira
direta com os oceanos. Foram formados por fenômenos geológicos pretéritos, e são alimentados por rios de drenagem endorreica.
São exemplos: o Mar Cáspio, o Mar de Aral, o Mar Morto etc.
• Mares interiores ou mediterrâneos: São aqueles que se comunicam com oceanos através de estreitos e canais, encontram-se
quase totalmente envolvidos por terra. Como exemplo, citamos o Mediterrâneo, Vermelho, Negro e Báltico.
Segundo a Organização Hidrográfica Internacional, existem 60 mares no mundo.
Oceanos
Oceano é uma gigantesca massa líquida de água salgada (em média 35 g/l) que se encontra dispersa sobre grande parte da
superfície terrestre, ocupando cerca de 71% de nosso planeta. Existe apenas um único oceano, uma vez que as águas se comunicam,
existindo assim ligações entre os oceanos. Porém, para facilitar o entendimento e a orientação, os oceanos por convenção, receberam
cinco nomenclaturas diferentes para suas localidades geográficas: Oceano Pacífico; Oceano Atlântico; Oceano Índico; Oceano Glacial
Ártico; Oceano Glacial Antártico.
Oceano Glacial
Ártico
Oceano
Pacífico
Oceano
Pacífico
Oceano
Atlântico
Oceano
Índico
Oceano Glacial
Antártico
NASA
(27,7% dos oceanos), e possui uma grande importância para o
fluxo comercial internacional, pois concentra grande parte das
rotas marítimas. O Atlântico está localizado entre as Américas,
Europa e África (costa Oeste).
• Índico: Ocupa uma extensão de 74,9 milhões de km2 (21,2% das
zonas oceânicas), e fica localizado entre África, Ásia e Oceania.
O Índico se destaca por apresentar a maior salinidade e maior
temperatura entre os oceanos.
• Glacial Ártico: Cobre uma extensão de cerca de 14.056.000
km2, envolvendo o Polo Norte e abrangendo as fraudas boreais
da Eurásia e a América do Norte. É parcialmente coberto por
gelo durante todo o ano.
• Glacial Antártico: Circunda o continente Antártico, com uma
superfície de 20 milhões de km², sendo coberto por gelo durante
grande parte do ano. Durante o período do inverno, os glaciares
e mantos de gelo são formados e flutuam sobre a superfície do Possui uma extensão de 195 quilômetros, e liga Porto Said,
oceano formando as plataformas de gelo. Com a chegada do no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho. Desse modo,
verão, pedaços dessas plataformas são rompidos, formando os permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem
icebergues. que contornar a África. Foi inalgurado em 1869, onde estima-se
que 1,5 milhão de egípcios tenham participado da construção, e
Salinidade que 120 000 morreram, principalmente, de Cólera. Em 1956, o
presidente egípcio Gamal Abdel Nasser nacionalizou a companhia
Marcello Malgari/123RF/Easypix
O Canal do Panamá
Kobby Dagan/123RF/Easypix
Grande parte da salinidade dos oceanos tem origem na
atividade vulcânica ocorrida no assoalho submarino, que fornece
elementos primordiais como bromo, cloro e principalmente sódio Atlantique
(Caribes)
CANAL DE PANAMÁ
que gradualmente são transformados em sais. Outra contribuição
provém das rochas da crosta terrestre, que se desgastam através dos Baie
Limón
Route maritime principale
Écluses Coupe Banana (route de service)
diferentes processos de erosão, onde uma parte significativa desse Rio Chagres Gatún
material é transportada para os mares ou oceano através dos rios.
A salinidade da água do mar não é uniforme ao redor Barrage
Gatún Barrage
do globo. Em média, a concentração de sais dissolvidos na água Madden
Miraflores
apresenta uma salinidade 10 vezes superior à de qualquer outro
mar ou oceano. No Brasil, o litoral do nordeste é o que apresenta O L Pont des
Amériques
maior salinidade, em virtude das elevadas temperaturas e escassez
de chuvas da região. S Pacifique (Golfo do Panamá)
Maré
ÁRTICO
DISTÂNCIA ENTRE DISTÂNCIA ENTRE
ULSAN E ROTERDÃ ULSAN E ROTERDÃ
Lua Nova Lua Cheia
Via Passagem Nordeste Via Canal de Suez TERRA
SOL
14.800 quilômetros 20.000 quilômetros
Duração da viagem: 70 dias Quarto
Duração da viagem: 60 dias
Minguante
Roterdã Maré
HOLANDA
SOL TERRA
Quarto
Achim Baque/123RF/Easypix
Crescente
Rios e lagos
Um rio é uma corrente natural de água que possui um
curso definido, sempre se deslocando das áreas mais altas para
áreas mais baixas. Podem nascer em lagos, fontes ou até mesmo
em outros rios e deságuam no mar, em lagos ou em outros rios.
O conjunto de rios forma a bacia de drenagem ou bacia hidrográfica,
que são áreas onde ocorre a capitação das precipitações pluviais.
Quanto ao tipo de drenagem das bacias, as mesmas podem ser
agrupadas em:
• Exorreica: Quando as águas drenam direta ou indiretamente
para o mar.
• Endorreica: Quando as águas são desaguadas em um lago
As mudanças climáticas estão provocando o derretimento da ou mar fechado.
calota polar Ártica em ritmo acelerado, o que tornará a navegação pelo • Arreica: Quando as águas alimentam os lençóis freáticos.
Oceano Glacial cada vez mais comum. A rota direta pelo Polo Norte é • Criptorreica: Quando o rio se infiltra no solo sem alimentar
20% mais curta do que a opção atual, que contorna a costa da Rússia. lençóis freáticos ou evapora, como acontece nos desertos.
Por volta de 2040, o período navegável ficará cada vez mais longo a De acordo com a frequência com que a água ocupa as
cada ano, à medida que o aquecimento global avança e encolhe mais drenagens, os rios podem ser classificados em:
o Ártico. Em 2012, em pleno período do inverno, a banquisa atingiu • Perenes: São rios que contêm água durante o ano
a sua menor dimensão da história, isso foi suficiente para que navios inteiro. Eles são alimentados por escoamento superficial e
russos estabelecessem uma nova linha de navegação marítima. subterrâneo.
Meandros
Andamanse/123RF/Easypix
Delta
Curso
superio Foz
r
Curso
interm
ediário
Curso
inferio
r
Europa América
Ásia
do Norte
Havaí
América
África Central
América
Oceania do Sul
Giros
oceânicos
Em certas porções dos oceanos, as correntes marítimas se movimentam em vórtices, formando gigantescos redemoinhos. O lixo
lançado nos oceanos (80% proveniente dos continentes e 20% de navios ou plataformas petrolíferas) após vagar por anos fica gradualmente
aprisionado por esses giros, formando uma “Grande Mancha de Lixo”. O lixo exposto à superfície é apenas a “ponta de um iceberg”, pois
com o passar do tempo, os materiais começam a se degradar, formando uma amálgama com até 10 m de profundidade, que afeta a cadeia
alimentar, o equilíbrio dos ecossistemas e consequentemente o próprio homem.
O maior depósito de lixo do mundo está no Oceano Pacífico, mas precisamente entre a costa da Califórnia e o arquipélago do
Havaí. Possui um tamanho aproximado de 680 mil quilômetros quadrados, contendo 100 milhões de toneladas de detritos. Para termos
uma ideia da dimensão aproximada desse problema, a área dessa “ilha de lixo” é equivalente aos territórios dos estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Espírito Santo somados.
Águas subterrâneas
Precipitação
Zona do solo
Zona não
Recarga do
saturada
lençol freático
Lençol freático
Franja capilar
Zona saturada abaixo
do lençol freático
Água do lençol
AM
EQUADOR Aquífero Alter do Chão
A extensão superficial do Alter do Chão é PA MA CE
menor que a do Aquífero Guarani, mas tem RN
maior volume de água. PI PB
Dados preliminares apontam umACvolume de TO PE
água superior a 86 mil km3 no Aquífero AL
Alter do Chão. A capacidade
RO SE
PERU do Aquífero MT
BA
do Guarani gira em torno de 45 mil km3.
DF
PERU BOLÍVIA
MG ES
No caso do Aquífero Guarani, sua grande
extensão superficial ultrapassa a fronteira RJ
brasileira chegando a outros países. A gestão PARAGUAI Aquífero Guarani
do Aquífero Alter do Chão será facilitada
porque é exclusivamente nacional a da
Amazônia, pertencendo aos estados do Pará,
Amazonas e Amapá.
CHILE
ARGENTINA
Szefei/123RF/Easypix
Narcis Parfenti/123RF/Easypix
Oceano
Pacífico
Oceano Oceano
Oceano
Pacífico Índico
Atlântico
Áreas industriais
Seasonal zones of oxygen depleted waters
05.
RELEVO SUBMARINO
metros
2.000 1
– 2.000 2 3
– 4.000
– 6.000 4
Julho/setembro 1989 Agosto/2003
– 8.000
– 10.000
900
800 03. (FGV-SP) Leia atentamente o texto a seguir:
700
600 As Nações Unidas estimam que, até 2025,
500
400 dois terços da população mundial sofrerão escassez,
300 moderada ou severa, de água. Essa situação tem sido
200
100 interpretada como resultante da falta física de água doce
0 para o atendimento da demanda das populações da Terra.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Entretanto, no plano geral, há água suficiente no mundo
(...) para satisfazer as necessidades de todos. De fato, este
Regime Fluvial do Rio B
m3/seg
África; 11%
Ásia; 35%
América do Norte;
15%
América do Sul;
26%
5% 10% 20% 40%
Excelente Confortável Preocupante Crítica Muito crítica Com base nos conhecimentos sobre o tema e o auxílio do
Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. gráfico, podemos afirmar:
C. OIA
OCEANO SIVO
L
C. NORTE EQUATORIA
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
C. DAS MONÇÕES
EQUADOR
Considerando as relações existentes entre zonas climáticas, sistema de circulação atmosférica e correntes marítimas de superfície,
é correto afirmar que:
A) as correntes quentes predominam nas zonas intertropicais e o sentido de seu deslocamento está associado aos ventos de oeste
predominantes na região.
B) as correntes frias predominam na zona equatorial e o sentido de seu deslocamento está associado aos ventos de leste predominantes
na região.
C) as correntes quentes predominam na zona equatorial e o sentido de seu deslocamento está associado aos ventos de leste
predominantes na região.
D) as correntes quentes predominam nas zonas subtropicais e o sentido de seu deslocamento está associado aos ventos de leste
predominantes na região.
E) as correntes frias predominam nas zonas intertropicais e o sentido de seu deslocamento está associado aos ventos de oeste
predominantes na região.
06. A escassez de recursos hídricos pode ser vista como resultado de um conjunto de fatores naturais e humanos que variam em cada
região. No caso da região Sudeste, em especial da região metropolitana de São Paulo, entre os fatores humanos que contribuem
diretamente para a restrição da disponibilidade de água estão:
A) a transposição de bacias hidrográficas e o grande consumo agrícola de recursos hídricos.
B) a intensa poluição de rios e lençóis freáticos e o grande consumo urbano e industrial de recursos hídricos.
C) o grande consumo urbano e agrícola de recursos hídricos e a inexistência de infraestrutura de captação, tratamento e distribuição
de água.
D) a preservação de vastas extensões de floresta nativa e a transposição de bacias hidrográficas.
E) a inexistência de infraestrutura de captação, tratamento e distribuição de água e a intensa poluição de rios e lençóis freáticos.
5
Observe o mapa.
Gizé O L
B) curso inferior, tributários, rio principal, planície fluvial e Mênfis Esaqqara
Heliópolis
MAR DE JUNCOS SO SE
8.000 km
Aventuras na História. Egito edição especial, 2011. Adaptado.
0º
Drenagem
Tipo de drenagem:
– Exorreica – o rio corre direto para o mar ou oceano.
– Endorreica – o rio corre para o interior do continente.
– Arreico – sem drenagem ou direção específica, o rio infiltra-se
no solo ou evapora.
– Criptorreica – drenagens subterrâneas que se formam em
solos de formação calcária.
Disponibilidade de água
Tipo de disponibilidade de água:
– Perene – possui água o tempo todo.
– Temporário ou intermitente – seca durante a estiagem.
– Efêmeros – aparecem apenas nas épocas das chuvas.
Aula 13: Africanidades: A Cultura de um Povo em Destaque Aula 13: Como Elaborar o Título e a Tese
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C A C B C D E D D D C A B C C E A B A D
Aula 14: A Linguagem da Música e a Aula 14: As Estratégias Argumentativas e a sua Aplicação
Era de Ouro do Rádio no Brasil
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01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
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C A D B D A C D C A – Resolução e resposta no site.
Aula 15: Compreensão Textual III Aula 15: A Articulação do Texto Dissertativo-Argumentativo
(Análise de Prova de Vestibular)
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D A – – – – – – – –
C A D B A C D B C A
– Resolução e resposta no site.
Aula 13: As Vanguardas III – Dadaismo e Surrealismo Aula 13: Compreensão de Texto
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B D D B A D B B C A E D D E C E A E A B
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B A E D C B A E C B
Aula 12: Primeiro Reinado (1822-1831)
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Aula 15: Império Bizantino Aula 15: Planos Econômicos do Brasil Republicano
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Geografia I
C D A A D
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Aula 12: Solos do Brasil – Potenciais e Degradação
C C C C C D A B E C
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Aula 13: As Características Climáticas do Território Brasileiro
E C B C B D E D B A
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Aula 13: Primeira Guerra Mundial
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Aula 14: Os Grandes Domínios de Vegetação no Brasil
A B A C D C E E C C
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Aula 14: Revolução Socialista Russa
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Aula 15: Recursos Hídricos do Brasil, Bacias Hidrográficas e
C E B C B C C D B D seus Aproveitamentos
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Aula 15: A Crise de 1929
C D E A B B A D B A
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Anotações