Você está na página 1de 54

Cartilha

Redação
Enem 980
Compilado de redações 980 do Enem 2022

Organização:
Prof. Murilo Henrique
mh.redacao
Seja bem-vindo!

Você está prestes a entrar em contato com a Cartilha de Redação 980


(1ª ed.) referente às redações do Enem 2022. As referidas produções
textuais se enquadram no que conhecemos como “mil batido”: um
corretor deu nota mil e outro 960. Na tiragem da média, fica, por fim, os
980 pontos.

O objetivo deste material é entregar um suporte quanto aos estudos de


redação estilo Enem. Nesse contexto, afirmo, enquanto professor, que o
uso de materiais tais quais este contribui significativamente nos estudos
de produção textual, pois, diante de tais redações modelos base nota mil
(ao menos para um dos corretores), torna-se possível compreender o
que de fato uma redação precisa ter para atingir tal pontuação. Assim, o
estudante que entra em contato com esses textos terá a capacidade de
entender e reaplicar a estruturação textual ideal cobrada pelo Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, enquanto professor, não posso negar que o acesso a tais
redações ajuda – e muito – não só no entendimento do que o Banca
Examinadora cobra, mas também na preparação de aulas, dicas e outras
práticas pedagógicas que têm por finalidade ajudar os alunos para a
prova do Enem. Sendo assim, a você que é professor e que tem esse
material em mãos, faça bom uso.

É válido colocar que tal material é gratuito e foi disponibilizado de


forma pública na internet. Sendo assim, caso alguém tente vendê-lo, não
aceite e, se possível, denuncie.

Por fim, desejo a você bons estudos e que esse material possa auxiliar
mais ainda em sua preparação e concretização de seus sonhos.
Quem
sou eu? Prof. Murilo Henrique
mh.redacao

Olá! Meu nome é Murilo Henrique.

Sou professor de redação, com foco na produção textual estilo Enem. Trabalho
em algumas escolas da minha região e sou administrador da página
@mh.redacao. Além disso, sou responsável pelo curso de redação conhecido
como Método MHreda.

Venho ajudando, por meio de meus ensinamentos, vários alunos a


conquistarem a tão sonhada pontuação 900+ na redação Enem – pontuação
essa muito importante para conquistar a vaga no curso que deseja.

Fazendo uso da página já citada, divulgo várias dicas, técnicas e estratégias


sobre a produção textual estilo Enem. O conteúdo é disponível de forma
gratuita e qualquer um pode ter acesso.

Acerca do material aqui em questão, tive a grande preocupação, enquanto


professor, de coletar e disponibilizar – com a autorização dos logo mais
referidos alunos – este documento com o propósito de que você, ao ter acesso
a ele, consiga ter um material de estudo pertinente àquilo que o Enem cobra.
Isso, porque, afinal, tais redações receberam nota mil de um dos corretores,
logo torna-se válido dizer que, sim, são redações nota mil (o famoso “mil
quebrado”).

Além disso, é com alegria que digo: entre esses alunos, dois deles foram
orientados por mim.

Por fim, desejo bons estudos e grandes realizações em sua vida estudantil.
Agradecimento
Obrigado aos alunos que disponibilizaram suas redações para compor
este e-book. Saibam que, sem dúvida, tal material irá ajudar vários
alunos e professores em, respectivamente, seus estudos e suas aulas.

Obrigado também a todos que me ajudaram a construir este e-book:


quem me incentivou, quem ajudou na coleta das redações, quem
ajudou na digitação, entre outros colaboradores diretos e indiretos.

Sem vocês, este projeto não seria possível.

Obrigado!
Sumário
Vinicius Silveira Gurgel ------------------------------------------------ 07

Vinicius F. R. de Oliveira ----------------------------------------------- 09

Leticia Cristina ------------------------------------------------------------ 11

Laiane Fernandes da Silva --------------------------------------------- 13

Ana Beatriz Alencar Agostinho --------------------------------------- 15

Jonas Silva Cunha ------------------------------------------------------- 17

Erick Dantas Bernardo ------------------------------------------------- 19

Giulia Albuquerque Paiva ---------------------------------------------- 21

Gustavo Sousa Damasceno ------------------------------------------- 23

Vinícius Soares Ferreira Gomes -------------------------------------- 25

Mateus Teles Aguiar ---------------------------------------------------- 27

Felipe Rabelo Costa ----------------------------------------------------- 29

Ana Clara Dornelas Oliveira ------------------------------------------- 31

Ana Sara Cavalcante Beviláqua -------------------------------------- 33

Gabriel Abrahão Gomes de Oliveira --------------------------------- 35

Camily Cavalcanti Silva ------------------------------------------------- 37

Beatriz Macedo Ramos ------------------------------------------------- 39

Andressa Tacimi Vasconcelos ----------------------------------------- 41

Ana Camile de Freitas --------------------------------------------------- 43

Gisele Meireles Silveira -------------------------------------------------- 45

Jhonson Vitor Sales ------------------------------------------------------ 47


Vinícius Santos Carvalho ----------------------------------------------- 49

Vitória Cristina Alexandrino de Melo --------------------------------- 51


Tema Enem 2022
Vinicius Silveira Gurgel

07
Transcrição

Na obra “Utopia”, do escrito inglês Thomas More, é retratada uma


sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de
problemas e conflitos. No entanto, o que se observa, na realidade
contemporânea, é o oposto do que o autor prega, uma vez que os desafios
para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil apresenta
barreiras as quais dificultam a concretização dos planos de More. Tal cenário
antagônico é fruto tanto da omissão governamental quanto da invisibilidade.
Precipualmente, é fulcral apontar, como impulsionadora do problema, a
baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de
mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo o filósofo contratualista
Thomas Hobbes, o Estado é responsável por garantir o bem-estar social,
contudo, isso não ocorre com êxito no Brasil, uma vez que inúmeros povos
acabam sofrendo preconceito e discriminação, como o racismo. Apesar de ser
muito aparente na atualidade, o governo se faz inoperante a esses
acontecimentos, não direcionando uma fiscalização efetiva, visando a punição
desses intolerantes. Logo, é necessário a mudança dessa postura estatal de
forma urgente.
Ademais, é imperiosa ressaltar a invisibilidade, como perpetuadora dessa
mazela. De acordo com o escritor Aldous Huxley, “o fato não deixa de ocorrer
só porque é ignorado”. Partindo desse pressuposto, ignorar o problema
somente irá agravá-lo na sociedade, tendo em vista que muitas pessoas até
possuem o conhecimento acerca dos desafios que comunidades e povos
tradicionais enfrentam no Brasil, porém, decidem ocultá-los e não procurar
meios para ajudar a amenizar a problemática. Tudo isso retarda a resolução
do quadro deletério.
Portanto, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da
problemática. Para isso, cabe ao Governo Federal, órgão responsável por
garantir o bem-estar social, em parceria com prefeituras, formular projetos e
campanhas, que serão divulgadas por meio de escolas e universidades, com o
intuito de informar e conscientizar a população acerca da gravidade dos
desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil, e
em como isso impacta a todos os brasileiros. Então, somente assim, será
conquistada uma sociedade mais integrada, tal como pensava Thomas More.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

08
Vinicius F. R. de Oliveira

09
Transcrição

A escola literária do Romantismo, no século XVIII, caracterizou-se por uma


exaltação ao nacionalismo brasileiro, culminando em uma valorização
importante de comunidades e povos tradicionais. Contudo, no atual cenário
do país, percebeu-se que essa concepção romântica é afetada negativamente
por uma lógica de mercado que coloca em risco a sobrevivência física e
cultural dessa coletividade tradicional. Assim, é imprescindível analisar a
origem e as reverberações dessa problemática.
Em primeiro instante, cabe destacar a ação de empresas usufruintes do
meio ambiente como causa da ameaça supracitada. Diante disso, segundo
Milton Santos – renomado geógrafo – a contemporaneidade do Brasil é
denominada pelo avanço dos princípios capitalistas nas mais variadas esferas
da vida social. Paralelo a isso, de fato, nota-se que redes empresariais do setor
primário da economia , visando à maximização de seus lucros por uma
exploração mais ampla do meio ambiente, acabam sendo responsáveis pela
apropriação de terras originalmente pertencentes aos povos e às
comunidades tradicionais. Com isso, mediante uma frágil fiscalização estatal,
a qual deveria evitar tal tomada ilegal de terras, ocorre uma redução das áreas
geográficas necessárias à sobrevivência física e, consequentemente, cultural
dessas populações.
Nesse sentido, nota-se um rompimento dos princípios legais contidos na
Constituição Federal de 1988, que dita a necessidade de que as mais variadas
formas de expressão sociocultural sejam preservadas no Brasil. Isso ocorre,
pois se essas coletividades tradicionais não possuem seu espaço físico
devidamente assegurado, não será possível que esses entes mantenham seu
tradicionalismo cultural vigente, o qual é dependente do meio ambiente. Tal
situação é legitimada pela teoria de Pierre Bourdieu, sociólogo que
demonstrou o vinculo intrinsicamente necessário entre espaço físico e
sobrevivência da respectiva cultura para uma organização social qualquer, o
que evidencia maleficência desse quadro no país.
Fica claro, portanto, que é improtelável a adoção de medidas capazes de
mitigar esse viés. Para tanto, é preciso que o Governo Federal, via contratação
de agentes públicos por processos seletivos como concursos, promova um
projeto de censo demográfico e geográfico voltado à delimitação precisa de
terras pertencentes às coletividades tradicionais, segundo princípios da já
existente PNPCT – Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais. Desse modo, o setor legislativo, por meio
de uma emenda constitucional, poderá instituir uma intensificação da
fiscalização a ser efetivada pela política ambiental no país, a fim de evitar que
empresas capitalistas façam espoliação indevida de ambientes essenciais à
sobrevivência sociocultural de organizações tradicionais, conforme
preconizado pelo Romantismo.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

10
Leticia Cristina

11
Transcrição
Na obra “Cidadania: um projeto em construção”, da erudita Lilia Schwarcz,
constata-se que determinados direitos individuais estão garantidos nos princípios
republicanos, mas não são vivenciados por densa parte dos brasileiros. Para além
da abordagem literária, é possível observar que a valorização de comunidades e
povos tradicionais não ocorre de forma efetiva na contemporaneidade brasileira,
sendo coerente pontuar os excludentes legados capitalistas, bem como a
predominante inoperância governamental como principais empecilhos na
concretização das prerrogativas constitucionais mencionadas na obra. Logo, faz-se
imprescindível discutir acerca de concretas soluções, a fim de promover o respeito
aos direitos humanos desse grupo social.
Diante desse cenário, é oportuno mencionar as raízes históricas do Brasil,
pautadas nos segregados interesses capitalistas, como um forte obstáculo na
valorização de comunidades e povos tradicionais brasileiros. Nessa apreensão,
cabe exemplificar os interesses e irregulares atividades de extrativismo vegetal, a
comercialização desenfreada da madeira, sobretudo na floresta Amazônica, além
das constantes invasões territoriais realizadas por organizações comerciais –
práticas de racismo ambiental que têm suas origens na chegada dos portugueses
ao Brasil e ainda perpetuam-se nas reações sociais – tamanhas atrocidades
corroboram, sem dúvidas, com o dizer do ilustre Caio da Silva Prado, segundo o
qual o Brasil contemporâneo continua sendo o reflexo do período colonial, onde
práticas arcaicas ainda se fazem presentes na maior parte da sociedade atual – o
que fortalece, de fato, o desrespeito à sociobiodiversidade Amazônica e prejudica
a sobrevivência desses povos historicamente marginalizados.
Ademais, muito embora a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável
dos Povos e Comunidades Tradicionais tenha sido criada com o objetivo de
reconhecer e preservar as outras formas de organização social, a prevalente
negligência estatal em garantir a proteção e fiscalização dos crimes
socioambientais dificulta a execução dessa assertiva. Nesse sentido, é válido
destacar os insuficientes orçamentos destinados à vistoria do comércio ilegal em
propriedades indígenas e quilombolas, assim como a ausência, muitas vezes de
serviços básicos de educação e saúde em grande parte das comunidades –
evidenciando, pois, a grande desvalorização sociocultural da qual esses povos são
vítimas. Em face a tais circunstâncias, é plausível referenciar o notável Antônio
Herman e o seu conceito de teatralidade estatal”, em razão de o Estado manter,
nesse caso, uma situação de vácuo entre a lei e a implementação – um acinte à
dignidade humana desses grupos historicamente silenciados.
Torna-se evidente, portanto, a necessidade de combater desafios que dificultam
a valorização de comunidades e povos tradicionais na hipermodernidade
brasileira. Sendo assim, compete ao Ministério Público – órgão essencial na defesa
dos interesses nacionais -, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e as
mídias, a efetivação de um Plano Nacional com o intuito de garantir o respeito às
pluralidades culturais e defender a preservação da biodiversidade brasileira. Essa
ação deverá ser concretizada mediante maiores orçamentos governamentais para
a vistoria dos extrativismos irregulares – em especial na região amazônica -, além
da realização de palestras e atividades lúdicas, com o auxílio de professores e
psicólogos, as quais discutirão acerca da importância dos povos nativos e dos
produtores artesanais no desenvolvimento da sociedade brasileira. Assim, os
direitos humanos discutidos na obra de Lilia Schwarcz serão, com certeza,
respeitados no Brasil.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

12
Laiane Fernandes da Silva

13
Transcrição

Conforme ilustrado nos episódios da novela “Novo Mundo”, transmitida em


2018 pela Rede Globo, os povos tradicionais brasileiros estão historicamente
marcados pelos processos de luta do reconhecimento de suas identidades étnicas
e da garanti de seus direitos. De maneira análoga à ficção, desde o inicio da
colonização do Brasil por Portugal essas comunidades enfrentam desafios para a
valorização de suas culturas. Nesse contexto, destacam-se dois aspectos
importantes: o preconceito e a estigmatização sofridos por esses povos e o
silenciamento das vozes dos mesmos.
Diante desse cenário, percebe-se que a sociedade brasileira carrega desde
sua origem um olhar preconceituoso destinado aos povos tradicionais do país,
visão esta que resulta em atos de violência física e mental, expressos desde
comentários nas redes sociais até uma legislação que os excluem. Dessa forma, de
acordo com dados do Ministério Público Federal a maioria desses povos se
concentram nas regiões Norte e Nordeste, indicando que além dos estigmas
étnicos há também a xenofobia. Nesse sentido, é nítido que esses fatores
culminam na perseguição dessas pessoas, agravando o índice de exclusão social.
Ademais, é válido ressaltar o silenciamento das vozes de membros e
representantes dessas populações, que são apartados da manutenção da vida
social e, principalmente, boicotados da participação no que tange a esfera politica.
Nessa perspectiva, a pensadora Djamila Ribeiro propõe que é preciso retirar uma
questão da situação da invisibilidade para que soluções sejam promovidas. Sendo
assim, a marginalização dos indígenas, quilombolas e demais povos afeta
diretamente a influência dos mesmos nas decisões da sociedade, que é bastante
inferior quando comparada aos demais grupos.
Portanto, fica evidente a necessidade de medidas que venham mitigar os
desafios para a valorização de comunidades e povos nativos. Sob esse viés, cabe ao
Poder Legislativo do Brasil, responsável pela criação e regulamentação de leis, em
conjunto com a mídia, a elaboração de estratégias que colaborem para o resgaste
e preservação da tradição desses povos, por meio de projetos de leis e programas
sociais que assegurem seus direitos, a fim de reafirmar a identidade cultural de
cada um deles. Assim, a realidade do Brasil do século XVI não tornará a se repetir, e
esses povos serão reconhecidos pelo Estado e poderão viver com plenitude.

C1: 200 C2: 180 C3: 200 C4: 200 C5: 200

14
Ana Beatriz Alencar Agostinho

15
Transcrição

O livro “This Perfect Day” narra a história de uma sociedade livre de


quaisquer conflitos e dilemas sociais, de modo a todos usufruírem da plena
felicidade. Contudo, a conjuntura abordada na obra permanece apenas no campo
literário, uma vez que, ao analisar o cenário hodierno brasileiro, é perceptível a
baixa notoriedade dada às comunidades e aos povos tradicionais como um
problema complexo que tem causas e negligência governamental e a falta de
entendimento populacional. Diante dessa perspectiva, surge a necessidade de
tomar sérias medidas acerca do viés.
Em primeira análise, destaca-se a ineficiência do Poder Público em
desenvolver políticas públicas que, efetivamente, garantam o reconhecimento das
comunidades nativas. Nesse contexto, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman,
com o conceito “Instituições Zumbi”, as organizações, dentre elas o Estado,
mantêm sua forma a todo custo, mas perderam sua função social. Sob esse viés, é
notória a perda da incumbência governamental, visto que a ampla diversidade de
grupos étnicos e culturais, como pescadores artesanais, bordadeiras e as diversas
vertentes indígenas, não são reconhecidas, respeitadas e aproveitadas por todo o
corpo social. Em síntese, operações são necessárias para reverter o quadro atual,
em virtude de essa situação objeta corroborar um cenário de segregação e de
marginalização desses indivíduos, pois, sem o devido reconhecimento e a
preservação eficiente, por parte dos órgãos competentes, múltiplas características
sociais e culturais são perdidas, gerando um país pobre em patrimônio cultural.
Ademais, é lícito postular o fato de conhecimento coletivo, acerca da
importância de grupos culturais, como impulsionador da problemática. Nessa
senda, segundo a antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do
Brasil, não há formação de um ideal de coletividade, ou seja, a construção de uma
“Nação” ao invés de, meramente um “Estado”. Sob essa óptica, devido à escassez
de coesão e de mobilização social em relação ao conhecimento e ao respeito às
variadas comunidades existentes no país, as práticas dos indivíduos em questão
são desvalorizadas e estigmatizadas, posto que os povos tradicionais são vistos
preconceituosamente por indivíduos os quais consideram seus saberes
tradicionais e ancestrais “inferiores”. Em suma, entende-se essa questão como
uma mazela social, cuja resolução é essencial, dada a contribuição desse povos
para a perpetuação da cultura popular brasileira.
Portanto, é fulcral o desenvolvimento de intervenções eficazes para a
dissolução do imbróglio. Para tanto, cabe ao Estado, agente responsável pelo
bem-estar social, desenvolver projetos funcionais de proteção as comunidades
nativas, por meio de verbas liberadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a fim
de proporcionar a continuidade de múltiplas identidades culturais brasileiras, bem
como o seu pleno desenvolvimento. Outrossim, compete ao Ministério da
Educação, no papel de estimular a criticidade social, implementar, em instituições
de ensino público e privado, palestras educacionais acerca da relevância dos povos
nativos e sua respectiva contribuição para a preservação do ecossistema de
culturas do país, com o fito deelucidar a população sobre os benefícios de
preservar e respeitar os povos e comunidades nativas. Dessa forma, estabelecer-
se-á uma sociedade mais justa e igualitária, assim como exposta em “This Perfect
Day”.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

16
Jonas Silva Cunha

17
Transcrição

O Utilitarismo, primeiramente apresentado por Jeremy Benthan, afirma que


uma ação aprovada quando tem a tendência de oferecer mais felicidade ao
indivíduo, sobretudo no tocante ao bem-estar coletivo. Entretanto, percebe-se
que, no Brasil, o efeito da teoria benthoneana encontra-se deturpado, pois a falta
de valorização de comunidades e povos tradicionais traz sérios problemas, ao
interferir na harmonia social. Dessa forma, essa problemática da desvalorização de
alguns povos, ocorrido devido à negligência do governo e à banalização por parte
da sociedade, precisa ser superado de imediato.
Por esse viés, é valido ressaltar a forma como parte do Estado costuma lidar
com os problemas relacionados à questão da desvalorização de comunidades e
povos tradicionais. Isso ocorre, porque, como afirmou Gilberto Dimenstein, a
legislação brasileira é ineficaz, pois, embora aparente ser completa na teoria,
muitas vezes não se concretiza na prática. Nesse contexto, tal apontamento fica
evidente no âmbito nacional, porquanto se constata uma escassez de políticas
públicas satisfatórias voltadas para auxiliar e para valorizar as comunidades e
povos tradicionais. A título de comprovação, destaca-se a ineficiência do Estado na
efetivação do artigo 6º da Constituição Cidadã, o qual garante, entre tantos
direitos, a assistência aos desamparados. Logo, é notório que a omissão
governamental perpetua a manutenção desse paradigma.
Outrossim, é pertinente analisar a banalização da falta de valorização das
comunidades e dos povos tradicionais como outro fator responsável por gerar
inúmeros problemas para a sociedade. Nessa perspectiva, é lícito referenciar a
socióloga Hannah Arendt, a qual, em seu conceito Banalidade do Mal, expõe que o
pior ócio é aquele visto de forma comum por se tornar eventual e corriqueiro. Sob
esse prisma, tal abordagem é facilmente visível no contexto brasileiro, pois a
desvalorização das comunidades tradicionais é bastante banalizada pela
população e, muitas vezes, não é tratada com a importância necessária. Isso se
evidencia, por exemplo, nas minoritárias manifestações sociais diante da falta de
valorização dos povos indígenas e dos quilombolas, cuja baixa visibilidade dada
pela mídia a esses problemas corrobora ainda mais a negligência da sociedade.
Assim, verifica-se a coerência da premissa sociológica, haja vista a banalidade
desse tema caracterizar-se como uma problemática.
Portanto, o governo, responsável pela manutenção do bem-estar coletivo,
deve realizar um programa nacional de assistência às comunidades e povos
tradicionais, por meio da criação e efetivação de políticas públicas, a fim de mitigar
a desvalorização desses indivíduos. Ademais, a mídia, no dever de oferecer uma
comunicação de qualidade, precisa dispor de maior tempo de visibilidade de
cobertura em reportagens sobre a importância de valorizar as comunidades e os
povos tradicionais, mediante a revisão de pautas em noticiários, com fito de
mostrar para a população a gravidade dessa problemática. Dessarte, com a
resolução desse imbróglio, a sociedade aproximar-se-á da ideia proposta pelo
Utilitarismo de Benthan.

C1: 200 C2: 200 C3: 180 C4: 200 C5: 200

18
Erick Dantas Bernardo

19
Transcrição

Na obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, da renomada escritora


Carolina Maria de Jesus, é mostrado como determinadas classes sociais,
consideradas “mais baixas”, são tratadas como o “despejo” da sociedade. Tal
situação se aplica, também, às várias comunidades e aos povos tradicionais
brasileiros, evidenciando os desafios que a valorização dessas parcelas da
população apresenta. Essa valorização acaba sendo cercada pela falta de
conhecimento do corpo social brasileiro e pela insuficiência das políticas públicas
do país.
Com efeito, a deficiência informacional de grande parte da população sobre
o tema representa um nefasto desafio. Acerca disso, o sociólogo Florestan
Fernandes afirma que a falta de conhecimento é responsável pela maioria das
“misérias” que afetam a nação brasileira. Nesse viés, muitos indígenas,
quilombolas, ciganos, entre outras comunidades e povos acabam sofrendo
preconceito e, por consequência, são marginalizados, em vista, essencialmente,
dessa terrível e persistente ignorância que está entremeada pelos habitantes do
Brasil.
Ademais, a existência de políticas públicas insuficientes voltadas para essas
pessoas esquecidas socialmente demonstra outro imenso obstáculo para que a
elas seja dada a devida importância. Isso se comprova pelos constantes ataques
sofridos por esses povos realizados pelas grandes empresas que só visam o lucro,
principalmente, no que tange àquelas comunidades dependentes do meio
ambiente para a sua sobrevivência. Essa inoperância por parte do Estado vai ser
conceitualizada pelo jurista Antônio Herman, que a inclui como parte de um
“estado teatral”, o qual embora tenha leis e ações formuladas e vigentes, não as
exerce de forma satisfatória e efetiva no âmbito nacional.
Portanto, faz-se notória a tomada de medidas que combatam esses desafios
que impedem a valorização das comunidades e povos tradicionais no Brasil. Para
isso, o Ministério da Cultura, com o auxílio das Secretarias Municipais de Cultura,
deve promover palestras e mesas redondas que tratem desse assunto, por meio
de “Workshops” realizados em escolas e praças dos municípios brasileiros, visando
a sensibilização e a disseminação de conhecimentos à população. Assim, às
comunidades e povos tradicionais não serão mais considerados “despejo”.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

20
Giulia Albuquerque Paiva

21
Transcrição
Identidade cultural e raiz histórica. Essas são algumas das principais
características relacionadas à importância da valorização das comunidades e dos
povos tradicionais do Brasil. No entanto, tais ações não têm atingido seus
objetivos devido à omissão estatal e à banalização social da importância dessas
comunidades no país. Dessa forma, a sociedade enfrenta esse conspícuo percalço
que, infelizmente, se agrava e, diante disso, necessita de uma intervenção urgente,
a fim de conter esse cenário.
Nesse contexto, a omissão estatal diante da questão dos povos tradicionais
do Brasil acentua suas desvalorizações no território nacional. Em concordância, o
contratualista Thomas Hobbes afirma que é dever do Estado viabilizar meios que
promovam o progresso social e cultural e o reconhecimento de elementos,
materiais ou não, de caráter identitário na construção histórica da nação.
Entretanto, isso não ocorre de maneira assídua no país, visto que muitas
comunidades são invisíveis aos olhos do Governo Federal e têm seus direitos
violados constantemente no corpo social, como o respeito moral e cultural e a
proteção à propriedade privada, A título de comprovação, a Constituição Federal
de 1988 assegura, em condições igualitárias, a proteção aos povos pertencentes ao
corpo citadino, aos seus respectivos exercícios das liberdades individuais e
valorização do patrimônio, saberes e expressões que possuem participação
importante na estruturação histórica dos país, mas isso não acontece de forma
efetiva na realidade brasileira. Destarte, faz-se urgente uma mobilização estatal
diante da necessidade de proteção e valorização dos povos tradicionais e de seus
vieses.
Sob esse viés, a banalização social da importância das comunidades
tradicionais brasileiras é um fator potencial para o não reconhecimento dela e
para a marginalização dessas pessoas. Analogamente, a Teoria da Banalidade do
Mal, de Hannah Arendt, afirma que o mal já está tão presente na sociedade que
ela o considera como normal e não se mobiliza para reverter esse cenário. Em
consonância, a normalização da desvalorização dos povos tradicionais culmina no
agravamento dela e na continuidade de circulo de sobreposição cultural, pois
muitos cidadãos desvalorizam e segregam essas comunidades por acreditarem
que a cultura desses povos é “ultrapassada” ou inferior a cultura predominante no
corpo social moderno. A exemplo disso, o escritor Paulo Freire garante a
inexistência biológica da hierarquia cultural e reitera a necessidade de constante
integração e reconhecimento dos povos e das culturas, pioneiras e tradicionais ou
não, no país, pois estes fazem jus À “pluralidade brasileira”. Logo, a banalização da
importância dos pilares sócio-culturais e tradicionais do Brasil deve ser combatida
com êxito.
Portanto, faz-se necessário uma intervenção diante da necessidade e da
importância da valorização das comunidades e dos povos tradicionais no Brasil.
Para tanto, o Estado, que é um importante componente social, deve garantir, de
forma efetiva, os direitos e a proteção relacionados às comunidades tradicionais,
por meio da (?) com a Constituição e da criação de uma agenda de ações
permanentes acerca do reconhecimento desses indivíduos, com o feito de
contribuir com a valorização e perpetuação da importância desses povos.
Ademais, a média, que exerce forte influencia sob o individuo, deve promover a
visibilidade das comunidades tradicionais e da importância deles para a
construção histórica do país, por meio de campanhas, em (?) público-privados,
exibidas em rede nacional, a fim de alcançar o progresso e a coesão social.

C1: 200 C2: 200 C3: 180 C4: 200 C5: 200
22
Gustavo Sousa Damasceno

23
Transcrição
A Conferência de Estocolmo, em 1972, objetivou o desenvolvimento
econômico atrelado à diminuição da degradação ambiental. Nesse sentido, tal
conduta é defendida, principalmente, pelas comunidades e povos tradicionais.
Entretanto, nota-se, no Brasil, a desvalorização desses grupos sociais, acarretada
pelo histórico privilégio das elites, assim como pela negligência midiática. Desse
modo, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do enaltecimento
dessa população culturalmente diferenciada.
Nesse âmbito, é fundamental destacar que o beneficiamento histórico de
classes sociais mais altas marca o negligenciamento das comunidades e povos
tradicionais no Brasil. Sobre isso, para o historiador Sérgio Buarque de Holanda, a
partir do conceito de Cultura do Privilégio, desde o Período Colonial, é possível
observar a primazia das elites e a marginalização das minorias. Por esse viés, vê-se
que a teoria holandiana assume contornos específicos no país. Prova disso é,
relativamente, a precária condição de vida dessa população em comparação com
os grandes latifundiários brasileiros. Dessa maneira, evidencia-se a coerência de
Sérgio Buarque ao determinar o privilégio das elites como empecilho para o
enaltecimento desse grupo culturalmente diferenciada.
Além disso, cabe ressaltar que a improficiência midiática é um entrave para
o enfrentamento dessa desvalorização social. Em face disso, o parnasianismo,
movimento literário do final do século XIX, caracterizou-se pela despreocupação
com os problemas sociais da época, uma vez que, mesmo com a ocorrência de
levantes republicanos e abolicionistas, tais acontecimentos não eram retratados
nos poemas parnasianos. Nesse contexto, pode-se observar, relativamente,
semelhança entre poemas parnasianos e a mídia brasileira atual, visto que ela
omite, por vezes, a realidade das comunidades e povos tradicionais, fato que
acarreta a percepção social da inexistência de problemáticas e, logo, a
desvalorização desse grupo. Como constatação dessa displicência, evidencia-se,
muitas vezes, a pequena divulgação de campanhas comunitárias sobre essa
parcela da sociedade, a qual tem grande papel na preservação ambiental. Desse
modo, percebe-se a negligência da imprensa brasileira como um desafio para o
favorecimento dessas comunidades.
Portanto, é urgente a intervenção de atores sociais diante da desvalorização
da população tradicional no Brasil. Para tanto, o Governo Federal, responsável por
gerenciar crises, deve criar fóruns nacionais de discussão sobre as condições dessa
parcela social, mediante a consulta a especialistas no tema, com o feito de buscar
a equidade da sociedade. Ademais, a mídia, responsável por favorecer o
imaginário social, deve criar um portal de visibilidade nacional sobre esses povos,
por meio da supervisão do Ministério do Desenvolvimento Social, a fim de
beneficiar as comunidades e povos tradicionais. Espera-se, assim, a concretização
das ideias propostas pela Conferência de Estocolmo.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

24
Vinícius Soares Ferreira Gomes

25
Transcrição
O sociólogo Karl Max, em sua teoria Silenciamento dos Discursos, discorre
acerca de fatos contidos da sociedade a fim de se ocultar as mazelas sociais. De
maneira análoga, tal aspecto sociológico pode ser aplicado no atual contexto
brasileiro a partir da falta de visibilidade da valorização de povos e comunidade
tradicionais do Brasil. Logo, é necessário inverter esse cenário oblívio, que tem
como causas o histórico desprezo social e a ineficiência do Estado.
Nesse sentido, percebe-se a desvalorização das pequenas comunidades
brasileiras ao longo dos anos. À vista disso, o escritor Euclides da Cunha, na obra
“Os Sertões”, relata a história de Canudos, comunidade esquecida pelo Poder
Público e violentamente atacada pelo exército nacional no início da república do
Brasil. Sob esse viés, tal acontecimento histórico ainda pode ser revelado na
atualidade do país, pois muitos povos tradicionais, como as tribos indígenas, não
são auxiliados adequadamente pelo governo. Como consequência disso, essas
pequenas esferas sociais, que geralmente sobrevivem da subsistência, não só tem
sua qualidade de vida prejudicada, mas também têm sua formação cultural
ameaçada, de modo a modo a tornar essas populações desvalorizadas pela nação.
Dessa forma, é necessário combater essa problemática de desmerecimento
sociocultural.
Ademais, nota-se o descaso governamental na proteção efetiva dos povos
tradicionais. Nesse contexto, destaca-se o filósofo inglês John Locke, em sua teoria
intitulada Contrato Social, na qual afirma ser responsabilidade do Estado ofertar os
direitos básicos aos cidadãos. No entanto, tal estrutura filosofia é deturpada no
atual contexto brasileiro, pois o governo não protege, de maneira eficaz, as regiões
de abrigo das pequenas comunidades. A exemplo disso, a plataforma jornalística
G1 expõe a conduta do Governo Federal em facilitar o desmatamento da região
Amazônica para fins agropecuários, fator que põe em risco a existência das
organizações ribeirinhas e das tribos indígenas, de modo a desqualificar a função
do Poder Público. Desse modo, constata-se o desserviço estatal como um
agravante da problemática.
Urge, portanto, que o Ministério da Cidadania realize uma campanha
nacional de valorização das comunidades tradicionais, a partir de projetos
educativos de cunho democrático – a exemplo de palestras públicas com
profissionais da área sobre a importância sociocultural dessas organizações sociais
-, com o fito de proteger a história e a existência dessas esferas da sociedade.
Outrossim, com os mesmos objetivos, o Estado tem que proteger efetivamente as
pequenas organizações populacionais, por intermédio d criação de políticas
públicas – como a formação de zonas de preservação das regiões povoadas por
esses indivíduos e o auxílio econômico para o suporte à subsistência. Destarte,
com essas medidas, o discurso de silenciamento proposto por Karl Max deixará de
representar o Brasil.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

26
Mateus Teles Aguiar

27
Transcrição
Na série “Aruanas”, produzida pela Rede Globo, o Governo assume o papel de
protagonista ao evidenciar a relação conflituosa entre o homem e o meio, dado
que a trama rivaliza os interesses da elite e a identidade dos povos habitantes da
Amazônia. Em paralelo, fora da ficção, as narrativas das comunidades tradicionais
brasileiras também são violentadas, em virtude, sobretudo, da desvalorização
sociocultural de grupos minoritários e da subrepresentatividade desses sujeitos no
imaginário popular. Portanto, cabe avaliar a morosidade histórica do Estado em
atender as demandas de preservação humanitária, além do silenciamento dos
discursos democráticos de autoafirmação.
Convém ressaltar, a princípio, o higienismo étnico-cultural sistemático desde
os primeiros anos do Brasil Colônia, cuja atuação simbolizou a supressão de
manifestações tradicionais a fim de uniformizar o patrimônio das comunidades
indígenas e quilombolas, por exemplo. No entanto, os atos de subversão
garantiram, em parte, a conservação da diversidade antropológica do século XXI, a
partir de reações autônomas dos povos violentados, ou seja, sem apoio dos órgãos
públicos de maneira intensiva. À vista disso, conforme as causas reativas
ganhavam reconhecimento mundial, o Estado iniciou, gradativamente, a
expansão das políticas de preservação do modo de vida autócne, por meio do
reconhecimento de múltiplas categorias sociais. A título de comprovação, o
Ministério do Desenvolvimento Social criou cúpulas de projetos sustentáveis
acordados com comunidades tradicionais para orientar o diálogo de exploração
dos recursos naturais. Dessa forma, configura-se uma abordagem plural, sem a
violência higienista.
Outrossim, as ações reparativas do Estado isoladas não representam a plena
valorização dos nativos tradicionais, posto que as intervenções agem muitas vezes,
por ordens gerais, sem acentuar as diferenças humanitárias. À luz de tal
pensamento, o sociólogo Nicky Couldry manifesta a importância da voz como
elemento identitário, isso é, os sujeitos devem expor sua visão de si, no caso, a
partir da autoafirmação e da celebração dos princípios exclusivos de cada povo.
Sob essa perspectiva, agrupar culturas distintas, arbitrariamente, fere o direito de
representação, além de enraizar, no imaginário popular, a uniformização das
múltiplas identidades, pois silencia os pescadores artesanais, quebradeiras de
coco babaçu e outras minorias. A exemplo, a idealização indígena provocada por
obras do romantismo alencanano – “Iracema” – fomentaram, até a resposta do
movimento modernista, uma visão infantilizada dos povos originários. Assim,
negar representatividade ativa naturaliza estereótipos.
Inferem-se, pois, os desafios para a valorização de comunidades e dos povos
tradicionais no Brasil. Para tanto, o Ministério do Desenvolvimento Social, insendo
na atual posta da cidadania, e os veículos midiáticos devem encaminhar planos de
preservação do patrimônio nacional à Câmara Legislativa, seguidos pela produção
de conteúdos multimídia com protagonismo da classe estereotipada. Tais
iniciativas serão implementadas por meio de fóruns de conciliação – a exemplo
das cúpulas de sustentabilidade – e da divulgação de mídias engajadas. Objetiva-
se, por fim, o reconhecimento de múltiplas identidades, além de menos conflitos
como em “Aruanas”.

C1: 200 C2: 200 C3: 200 C4: 180 C5: 200

28
Felipe Rabelo Costa

29
Transcrição
No livro “O Cidadão de Papel”, do jornalista Gilberto Dimenstein, a ineficiência
de diversos mecanismos legais é feita, ao evidenciar uma cidadania aparente,
metáfora utilizada pelo autor. Nesse sentido, pode-se relacionar tal premissa ao
que ocorre no Brasil, como exemplo, a pouca valorização de comunidades e povos
tradicionais, o que inviabiliza a plenitude dos direitos cidadãos. Esse panorama
ocorre devido à inércia do governo, como forte aliada da Cultura do Privilégio.
Dessa forma, contribuir com esse cenário degradante é não só infringir a
Constituição, como também desconstruir o país para as próximas gerações.
A princípio, cabe elencar o descaso do governo com os investimentos, cujos
objetivos são assegurar o direito dos povos tradicionais, como fator agravante da
problemática. Nesse contexto, o escritor brasileiro Milton Santos, em sua obra
“Cidadanias Mutiladas”, defende a extensão democratizada dos direitos,
constitucionalmente previstos, em todo o território brasileiro. No entanto, o ideário
miltoniano é desvirtuado, visto que, inúmeros indivíduos, os quais utilizam a
natureza como meio de sustento, sequer usufruem da segurança adequada para
realizarem as práticas necessárias para viver e ficam, muitas vezes, sem acesso à
terra por conta da criminalidade, a exemplo, a atuação dos “grileiros”. Isso posto,
embora a Constituição assegure as garantias básicas aos cidadãos, o direito à
propriedade não é posto em prática devido a inércia do governo. Destarte,
percebe-se a coerência de Santos ao revelar a necessidade da plena aplicação das
dignidades essenciais.
Além disso, é pertinente ressaltar a Cultura do Privilégio, que tem
responsabilidade substancial frente à desvalorização dos grupos tradicionais.
Nesse viés, o historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda, em sua teoria
“Cultura do Privilégio”, revela a distribuição desigual dos benefícios aos cidadãos,
sobretudo ao grupo em questão, desde o Período Colonial. Sobre isso, o
pensamento de Holanda assume contornos específicos na sociedade brasileira,
uma vez que o tecido social pobre é menos favorecido quanto ao acesso aos
investimentos do governo. Esse processo tem como reflexo a invisibilização e a
marginalização dos indivíduos, os quais desempenham funções primordiais para o
ambiente. Logo, algumas intervenções são necessárias para o quadro.
Infere-se, portanto, que a desvalorização dos povos tradicionais é um mal
para o Brasil. Para tanto, urge que o Ministério do Meio Ambiente, órgão
responsável pela administração da natureza, em parceria com o Estado, passe a
intensificar os investimentos na segurança das comunidades, por meio da reserva
de propriedades para as atividades sustentáveis, bem como deve aumentar a
fiscalização nas áreas reservadas, com o intuito de assegurar o direito à terra aos
indivíduos e atenuar a Cultura do Privilégio. Por fim feito isso, tais ações
contribuirão para a formação de uma nação mais justa e realidades, como a falta
de cidadania na obra supracitada, se tornarão a exceção.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

30
Ana Clara Dornelas Oliveira

31
Transcrição
Na sociedade brasileira atual, é evidente que existe uma grande parcela de
povos tradicionais e comunidades, uma vez que, de acordo com o Ministério
Público Federal, há 26 povos reconhecidos assim oficialmente. Entretanto, essas
pessoas convivem hoje com dificuldades e desafios, pois não há uma valorização e
proteção deles atualmente. Isso se deve, em parte, ao processo de colonização do
Brasil e à negligência governamental, sendo necessário criar medidas para
reverter esse cenário.
Em primeira análise, nota-se que a desvalorização de povos nativos e o não
reconhecimento destes advém de um processo histórico, já que, com a
colonização do Brasil, houve uma imposição da cultura europeia e catequização
dos índios pelos colonos. Nesse contexto, ocorreu um genocídio cultural e étnico
dos primeiros habitantes, fazendo com que seus costumes, saberes tradicionais e
religiosos fossem esquecidos e considerados inferiores aos dos colonizadores, por
meio da ideia de superioridade étnica presente no modo de agir e de pensar dos
povos que vieram dos demais continentes. Como consequência, o país enfrenta
hoje enormes desafios para mudar essa condição e garantir os direitos das
comunidades tradicionais.
Além disso, vale ressaltar que há também no Brasil uma negligência e
inoperância por parte do Estado para o reconhecimento dos territórios
pertencentes aos povos nativos. Segundo o site jornalístico G1, existem cerca de
829 terras indígenas que dependem do Governo para demarcação e
reconhecimento de território, porém, desse total 536 ainda não tiveram nenhuma
ação tomada para a resolução desse problema. Sob essa ótica, evidencia-se que o
atual Governo não tem se empenhado e se preocupado com a valorização o
protegimento dos povos tradicionais brasileiros, criando políticas públicas
ineficientes, acentuando as dificuldades vivenciadas por esses cidadãos.
Portanto, é imprescindível que o Governo Federal – principal responsável
pela garantia de direitos e bem-estar do povo – por meio de verbas e leis, crie
novas políticas públicas visando o reconhecimento da cultura das comunidades e
povos tradicionais do Brasil, demarcando seus territórios e dando apoio e suporte
para a manifestação, preservação e manutenção de seus costumes originais na
sociedade. Isso deve ser feito para que esses povos não sofram mais com a
desvalorização e o etnocentrismo e possam reproduzir livremente suas crenças e
saberes, com a finalidade de que esse não seja mais um desafio na nação e se
tenha um país mais justo e igualitário.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

32
Ana Sara Cavalcante Beviláqua

33
Transcrição
No Período Colonial os portugueses chegaram a um Brasil que já era
habitado por diversos povos, os quais foram perdendo suas identidades ao
decorrer do processo colonizador. De maneira análoga ao fato histórico, a
sociedade tradicional hodierna enfrenta obstáculos sociais e governamentais para
conseguir reconhecimento e valorização. Desse modo, torna-se irrefutável uma
remodelação dos projetos vigentes no país, a fim de reverter essa mazela.
Nesse âmbito, a apatia social é um dos desafios perante à valorização das
comunidades históricas brasileiras. Sob esse viés, os pensamentos de José
Saramago sobre a “Cegueira Social” afirmam a respeito do indivíduo não enxergar
além dos seus próprios interesses e estar alheio aos problemas sociais. À vista
disso, tal perspectiva sociológica se constata no país por meio da grande parcela
de empresários, principalmente no setor agropecuário, os quis ignoram a
existência de comunidades nos locais de seus empreendimentos e priorizam o
lucro em detrimento da vontade e do bem-estar do morador local. A título de
ratificação, na novela “Pantanal”, são elucidados diversos povos ribeirinhos e
pescadores sendo expulsos de suas terras por indústrias agrícolas. Logo, percebe-
se a coerência de Saramago e a urgência de uma mudança civil.
Além disso, a débil ação estatal e mais um óbice ligado às dificuldades
enfrentadas pela população tradicional do Brasil. Nesse sentido, a Constituição
Federal de 1988 designa como direito de todo cidadão ter uma vida digna e de
qualidade. Entretanto, ao se analisar o cenário atual, essa premissa não é
completamente cumprida, pois o Poder Público, por vezes, não oferece a
assistência necessária às comunidades primárias e mais reclusas territorialmente.
Para fins de comprovação, de acordo com dados divulgados pelo site G1, tais
povos são os menos favorecidos com políticas públicas, apesar de representarem
patê considerável dos brasileiros. Dessa forma, por consequência do descaso
governamental, o problema perdura.
Portanto, a Sociedade deve, por intermédio de ONG’s, combater a ação
abrasiva das indústrias nos territórios das comunidades tradicionais, a exemplo
dos indígenas, com o feito de protegê-los das ações capitalistas. Ademais, cabe ao
Estado ampliar a aplicação de suas leis, por meio de auxílios e infraestrutura, como
escolas e hospitais

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

34
Gabriel Abrahão Gomes de Oliveira

35
Transcrição
Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos de maior
hierarquia jurídica da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo o conteúdo
garante cidadania a todos. Todavia, a desigualdade sociocultural impede que essa
minoria usufrua desse direito constitucional. Com efeito, a solução do problema
pressupõe que se combata não só a invisibilidade social desses cidadãos, mas
também a omissão do Estado.
Diante desse cenário, a vulnerabilidade social fragiliza a dignidade humana
dessas pessoas. Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos Humanos –
promulgada em 1948 pela ONU – assegura que todos os indivíduos fazem jus a
direitos básicos, a exemplo acesso à cidadania e valorização cultural. Ocorre que,
no Brasil, a desvalorização cultural e a desigualdade socioeconômica deixa os
povos e as comunidades tradicionais distantes de vivenciar os benefícios previsto
pelas Nações Unidas, sobretudo por conta do contraste social. Sendo assim, se
essa população continuar sendo tratadas como invisíveis, os direitos firmados em
1948 no Brasil permanecerão como privilégios.
Ademais, a negligência governamental facilita na perpetuação da exclusão e
desvalorização social desses indivíduos no Brasil. Sob esse viés, o filósofo italiano
Norberto Bobbio desenvolveu o “Dicionário de Política”, a qual o Estado é detentor
da responsabilidade de garantir que todos os cidadãos usufruam dos direitos que
por ele é assegurados. Entretanto, a insuficiência de políticas públicas para
valorizar toda a nação brasileira na sociedade mostra o Poder Público incapaz de
cumprir com o dicionário de Bobbio, na medida em que essa minoria é excluídas
de exercerem seus direitos. Desse modo, enquanto a inércia estatal se mantiver, o
Brasil será obrigado a conviver com uma das mais cruéis mazelas para esses povos
e comunidades tradicionais: a desvalorização social.
É urgente, portanto, que medidas sejam tomadas para impregnar a
desvalorização sociocultural no Brasil. Nesse sentido, infere-se ao Governo Federal
– órgão responsável pelo sistema social – fornecer políticas públicas como ações
sociais e propagandas publicitárias para conscientizar a todos sobre a importância
da valorização de toda nação brasileira, mitigando as desigualdades sociais e
culturais em todo território verde e amarelo, dando jus a maior legislação do Brasil:
a Constituição Federativa de 1988.

C1: 200 C2: 200 C3: 180 C4: 200 C5: 200

36
Camily Cavalcanti Silva

37
Transcrição
Segundo a Constituição Federal brasileira um dos objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil é promover o bem de todos, sem quaisquer formas
de discriminação. Entretanto, tal norma é corrompida visto que os desafios para a
valorização de comunidades e povos tradicionais são muitos, acarretando a
exclusão desses cidadãos como pertencentes da nação verde-amarelo, e gerando
sentimento de desintegração social por parte deles. Com isso, fatores históricos,
atrelados ao desprezo governamental, e a falta de educação fomentam as
dificuldades para a harmonia comunitária.
Sob esse prisma, é válido salientar como um dos principais desafios para a
valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil são os fatores históricos
que em conjunto com o governo, reproduz até os dias atuais, o conceito
preconceituoso de raça inferior. Nesse sentido, com a chegada dos portugueses,
em 1500, nas terras brasileiras, a exploração dos nativos para exportar os recursos
naturais do país, fez com que a escravidão se tornasse a principal forma de
garantir lucrativa dos europeus, devido a imensa diversidade floral da nação e ao
conhecimento territorial dos indígenas. Sendo assim, tendo em vista que o
modelo escravista se propaga desde o período colonial, a ignorância sobre essa
população permanece crescente, pois com o regime hostilizador e com poucas
medidas inclusivas, é notório que os civis reprimidos historicamente não são
reconhecidos como cidadãos da nação e consequentemente sendo afastados de
seus direitos constitucionais.
Ademais, cabe ressaltar como a falta de educação dificulta a valorização dos
povos tradicionais no Brasil. Nessa lógica, segundo o patrono da educação Paulo
Freire em seu livro “Pedagogia da Autonomia”, as escolas têm a importância de
propagar não só conhecimento, mas também habilidades que fomentem a
manutenção da sociedade, como problemas de ordem sócio-inclusivas. Nessa
perspectiva, os ensinamentos escolares não dão visibilidade as comunidades
conservadoras ambientais, tendo em vista que seu modelo conteudista não
representa maneiras de inclusão e importância dos ribeirinhos, quilombolas e
pescadores que, como todos os brasileiros, possuem direitos e necessidades
legislativas que devem ser aprimoradas. Dessa forma, é necessário que as
instituições gerem ações para a efetivação dessa integração.
Portanto, medidas devem ser efetivadas para que os povos tradicionais sejam
valorizados no Brasil. Logo, cabe ao Governo Federal, mediante o capital fornecido
pelo Tribunal de Contas da União, investir nessas comunidades historicamente
reprimidas, por meio de visitas as regiões que mais abrigam as populações
originárias, para entender as necessidades deles e garantir tanto
infraestruturalmente quanto legalmente esses direitos civis, a fim de integrá-los
na sociedade. Além disso, é de fundamental importância a participação do
Ministério da Educação em lidar de forma didática sobre os cidadãos inassistidos,
a partir de atividades informativas, que mostrem a contribuição deles para a
população brasileira, com o objetivo de os reconhecerem como pessoas
merecedoras de respeito e visibilidade. Somente assim, com essas ações, a
Constituição de 1988 será devidamente oficializada na realidade do país.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

38
Beatriz Macedo Ramos

39
Transcrição
A Constituição Federal de 1988 – máxima norma jurídica brasileira – garante,
em um de seus artigos, prioridade absoluta em assegurar o reconhecimento e a
preservação das diversas formas de organização social. No entanto, essa garantia é
deturpada na prática, porque a desvalorização social das comunidades
tradicionais e a ingerência governamental das políticas públicas assistencialistas
se revelam agravantes da plena defesa da sociobiodiversidade em território
nacional. Com isso, faz-se imperiosa a desconstrução da postura de indiferença
social e a revitalização do aparato legal protetivo, a fim de espaldar os povos
ancestrais.
Nessa perspectiva, é preciso elucidar a falta de uma cultura escolar e midiática
de valorização das comunidades tradicionais como um dos principais desafios
para o reconhecimento efetivo desses cidadãos por parte da sociedade. Sob esse
viés, desde o Período Colonial, com a exploração indígena, até a
contemporaneidade, com a expansão da fronteira agrícola, por exemplo, nota-se a
persistência de uma lógica de mercado que ameaça os direitos de minorias
quilombolas, pescadores artesanais e populações ribeirinhas. Como prova disso, o
profundo desconhecimento dos saberes e práticas dos povos tradicionais
contribui para a estigmatização e para a invisibilidade dos movimentos sociais e
ambientais dessas comunidades, fenômeno que denuncia a desinformação e a
indiferença de significativa parcela da sociedade. Dessa forma, é bastante
contraditório o Brasil ostentar o slogan “Um país de todos”, mas não valorizar e
incluir grupos vulneráveis.
Por outra concepção, o Governo Federal torna-se um agente falho ao não
disponibilizar uma legislação capaz de contemplar a totalidade de populações
culturalmente distintas e ao não garantir o cumprimento do aparato legal já
existente, o que inviabiliza a defesa de direitos básicos. A respeito disso, o conceito
de “Monstro Macrocéfalo”, desenvolvido pelo sociólogo Raymundo Faoro, revela a
ineficácia das instituições governamentais, já que o Estado é comparado a um
monstro por possuir muitas leis, que não funcionam na prática devido à atrofia das
demais entidades. Nesse particular, a explicação faoriana mantém correlação
direta com o Brasil, onde as agências reguladoras dos direitos das comunidades
tradicionais demonstram profundo desprezo na execução da lei, pois falham na
fiscalização das terras e na preservação dos acervos culturais e materiais. Logo,
percebe-se a coerência de Faoro ao determinar a defasagem da gestão pública.
Portanto, o Ministério da Cidadania – responsável pela inclusão social – deve
viabilizar uma Agenda Global Cidadã Itinerante, por meio de um ciclo de ações
públicas socioeducativas para a valorização das comunidades tradicionais, a
exemplo de palestras e campanhas, cuja proposta é esclarecer, com didática e
conhecimento, a contribuição histórica desses grupos. Ademais, o Ministério da
Justiça – responsável por fiscaliza – precisa amparar legalmente as minorias
ancestrais, mediante um maior investimento em profissionais e tecnologias
capazes de vigiar demarcações, com o intuito de efetivar a prescrição
constitucional.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

40
Andressa Tacimi Vasconcelos

41
Transcrição
Durante o século XVI, houve a consolidação do Quinhentismo, o qual possuía
como uma de suas vertentes a literatura de informação, que foi responsável por
registrar os dados históricos sociais sobre o povo brasileiro, a exemplo da cata de
Pero Vaz de Caminha, caracterizada por uma visão etnocêntrica em relação aos
indígenas. Para além do processo histórico, é perceptível a permanência dessa
postura desrespeitosa direcionada aos grupos tradicionais no cenário hodierno.
Semelhante contexto ocorre devido à desvalorização desses grupos e à
invisibilidade dos pontos desses indivíduos pela mídia. Desse modo, é salutar
romper tais desafios para a valorização de comunidades tradicionais.
Em virtude desse cenário, cabe mencionar como a desvalorização estrutural
de grupo tradicionais se configura como um desafio para a visibilidade desses
indivíduos. Acerca disso, o sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (?) essa
realidade histórica em seu livro “Raízes do Brasil”, no qual é retratado que uma das
características do povo brasileiro é a negligência em relação à importância dos
povos tradicionais. Nesse sentido, tal situação é explicada pela continuidade da
concepção colonizadora, pois os portugueses observaram tais comunidades como
empecilhos para a exploração dos recursos naturais brasileiros, haja vista a
percepção desses grupos com a preservação da natureza, o que consequenciou a
marginalização e a negligência em relação às suas pautas. Como afirmação da
continuidade desse pensamento, cita-se a invenção tardia dos direitos desses
grupos na esfera legislativa os quais foram contemplados apenas na Constituição
de 1988, entretanto não foram garantidos plenamente. Dessa forma, é necessário
perceber essa postura colonial de descaso e de desrespeito em relação a
indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
Outrossim, a visibilidade das tradições e das características dos povos
tradicionais é um desafio pra a valorização das demandas daqueles, a qual é
assegurado pelo mídia negligente. Nesse particular, o geógrafo brasileiro Milton
Santos criou o conceito de Cidadanias Mutiladas, o qual explica que uma das
características da sociedade brasileira é a mutilação dos direitos dos indígenas, em
razão da postura social negligente. Tal concepção é verificável por meio da
atuação midiática, visto que é falha na valorização e na divulgação das demandas
dos povos tradicionais. Esse contexto tem como efeito a invisibilidade das
manifestações culturais e das pautas defendidas por esses indivíduos, como o
cuidado com o meio ambiente, por causa da falta de comprometimento midiático
em relação à divulgação dos direitos desses grupos. A exemplo disso, cita-se o
reduzido tempo destinado à disponibilização de informações sobre as
comunidades predominantes. Dessarte, é notório a coerência de Milton Santos ao
retratar a mutilação da cidadania.
Portanto, cabe ao Ministério da Cidadania, associado à Comissão Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Sociedades tradicionais, realizar um
projeto itinerante de valorização das práticas e das pautas desses grupos, por
intermédio de eventos culturais e educativos – os quais serão realizados com a
participação de apresentações culturais e com a realização de rodas de conversa
sobre as ideias defendidas por essas comunidades – com o objetivo de romper a
postura colonial de desrespeito. Ademais, é imperativo a mídia ampliar o tempo
destinado à divulgação dos direitos e das necessidades de grupos tradicionais, por
meio de campanhas midiáticas informativas de fácil entendimento – as quais
serão divulgadas na (?) (?) – com o fito de expandir a visibilidade dessas práticas.
Com tudo isso, a visão etnocêntrica retratada na carta de Caminha será atenuada
e os povos tradicionais serão devidamente valorizados.
C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200
42
Ana Camile de Freitas

43
Transcrição
O livro “o ceifador” se passa em uma sociedade futurística e expõe um grupo
social de teor religioso que é julgado pelo governo vigente, mostrando toda sua
luta para ser respeitado em sociedade. Trazendo ao presente contexto, vê-se
estreita semelhança com a sociedade brasileira, tendo em vista o quanto é
desvalorizado os povos e comunidades tradicionais do Brasil, fator que é agravado
pela ausência de políticas públicas efetivas que reconheçam os saberes desses
indivíduos e pelo desrespeito dos direitos dessas populações. Com isso, nota-se a
evidente necessidade de políticas públicas que sanem os desafios da valorização
de povos tradicionais no Brasil.
De início, vê-se o quanto a ineficácia de ações governamentais afetam no
processo de reconhecimento dos setores culturais de diferentes povos. De acordo
com Augusto Cury, é preciso dar importância aos conhecimentos e valores do
próximo, aprender com eles e cuidar desse processo válido de aprendizado. Tendo
em vista essa máxima, percebe-se o quão importante é para a sociedade conhecer
e validar os saberes culturais das comunidades tradicionais do Brasil, fator que
deve ser incentivado por políticas públicas. No entanto, há dificuldades na
realização desse processo como o evidenciado pela lógica do mercado vigente no
meio social, que é baseado na exploração e lucro máximo, que difere do modo
desses povos de se relacionar com a natureza, tendo em vista o quão harmônico é
essa relação; além da evidente desconsideração do possível uso desses
conhecimentos para um modo de produção que respeite o tempo de recuperação
do meio natural. São estes desafios que devem ser superados para sanar a
problemática presente.
Diante disso, nota-se que o respeito aos direitos das populações é importante
para maior inclusão social. Segundo Hannah Arendt, a essência dos direitos
humanos é o direito a ter direito. Tendo isso em vista, vê-se a necessidade de
assegurar de maneira constante as concessões cidadãs desses indivíduos, fator
que deve ser fiscalizado de forma enérgica, são só pelo Estado, mas também pela
população. Para isso deve-se levar em conta a falta de informação por parte d
população no que diz respeito aos direitos dos inúmeros povos brasileiros, devido
o não conhecimento das diferentes culturas e vivências, e pelos estigmas
associados aos valores destes, que são perpetuados pela desvalorização como
comunidades originárias do Brasil. Com isso, percebe-se que esta problemática
deve estar em ênfase nas discussões sociais.
Portanto, é evidente a necessidade de medidas efetivas. Para tanto, cabe ao
Estado, no dever de proporcionar o bem-estar social, desenvolver um plano
nacional de inclusão dos povos e comunidades tradicionais do Brasil, por meio do
inserimento dessas pessoas e de seus conhecimentos no meio econômico e social,
para promover inclusão social em sociedade. Além disso, o Governo deve
disponibilizar formações e informações à sociedade, com o intuito de
conscientizar em torno da abrangência das culturas dessas comunidades e de
seus devidos direitos. Tudo isso para que casos como o evidenciado em “O
ceifador” sejam evitados.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

44
Gisele Meireles Silveira

45
Transcrição
Milton Santos, geógrafo brasileiro, afirma que a democracia só é efetiva à
medida que abrange a totalidade do corpo social, ou seja, quando os direitos
constitucionais são usufruídos por todos os cidadãos. Entretanto, o Brasil enfrenta
desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais, que são
recorrentemente marginalizados e excluídos socialmente. Desse modo, faz-se
necessário analisar os efeitos danosos do colonialismo para os indígenas e as
heranças históricas violentas dos negros.
Diante desse cenário, é importante destacar que a vida dos nativos
brasileiros foi desestruturada pelo contraste cultural, desde a chegada dos
portugueses no continente. Nesse sentido, na obra “Iracema”, do romancista José
de Alencar, a protagonista é retratada de forma idealizada e subjetiva, além de um
contato harmônico com o chamado “homem branco”. Contudo, fora da ficção, a
realidade do indígena revela traços de aversão e imposição cultural por arte dos
dominantes europeus, que trazem marcas estruturais hodiernas de preconceito.
Logo, é inaceitável que os povos tradicionais sejam discriminados em um país,
cuja Constituição Cidadã prevê a todos o tratamento igualitário, independente das
origens.
Sob outro viés, ressalta-se que a exploração da força de trabalho de
afrodescendentes escravizados refletem desigualdades, ainda hoje, presentes.
Nessa perspectiva, segundo o ativista sul-africano, Nelson Mandela, “ninguém
nasce racista, torna-se racista”. A esse respeito, nota-se que as práticas de
prejulgamento são reproduzidas ainda na atualidade, o que acarreta em
segregação étnica e marginalização nociva da minoria, infelizmente, atualmente
prejudicial à coesão social. É, pois, inadmissível que as autoridades
governamentais permaneçam inertes diante de tal descumprimento velado aos
Direitos Humanos.
Portanto, o Governo Federal – responsável por gerenciar impasses – deve
promover conferências educacionais sobre a importância do reconhecimento
cultural, por meio de parcerias público-privadas com instituições de ensino, a fim
de atenuar o preconceito contra os indígenas. Ademais, o Poder Legislativo deve
rever o plano jurídico atual sobre a discriminação racial, por meio de consultas e
especialistas, a exemplo de ativistas renomados, a fim de refrear o desrespeito
étnico e impulsionar que os direitos legislativos sejam gerais como afirma Milton
Santos.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

46
Johnson Victor Sales Rodrigues

47
Transcrição
De acordo com o sociólogo Durkheim, os fatos sociais podem ser divididos em
normais ou patológicos. Em um ambiente patológico, ou seja, em crise, rompe-se
toda a harmonia social, desfavorecendo o progresso coletivo. De modo análogo, a
realidade brasileira se encontra nessa patologia no tocante à falta de valorização
de comunidades e povos tradicionais do país. A partir desse contexto, é
imprescindível a participação ativa dos cidadãos e dos governantes para mudar
esse quadro vigente, ocasionado pelo preconceito social e pela inércia estatal.
Diante desse cenário, pode-se afirmar que o preconceito da sociedade com os
povos tradicionais do país, a exemplo dos índios, perpetua-se como um
desestimulador da valorização destes. Isso pode ser teorizado pelo sociólogo
Sérgio Buarque, quando descreve, em “Raízes do Brasil”, sobre o processo de
colonização do país e o seu resultado na personalidade do brasileiro. Ele afirma
que o primeiro contato da colonizador em terras brasileiras, foi marcado pela
recepção dos indígenas, povos nativos , e pelo definitivo “estranhamento” dos
portugueses, pois os índios possuíam uma cultura diferente. Esse ato de
estranhamento foi concretizado pelo etnocentrismo europeu, o qual consideram
suas culturas mais civilizada e a certa a ser seguida. Nesse sentido, tal
etnocentrismo, preconceito, em relação aos povos nativos tradicionais, tem
origem de formação histórica, afetando diretamente a sociedade atual. Por
consequência, esse estigma é institucionalizado nas esferas sociais, políticas e
econômicas, dificultando a valorização dessas comunidades. Dessa forma, é
preciso debater tal tema com a população, para extinguir esse pensamento
preconceito e superar esse desafio.
Outrossim, faz-se mister ressaltar que a inércia estatal configura-se como uma
mantenedora dessa problemática. O sociólogo Zgymunt Bauman ajuda a
compreender esse argumento, ele afirma que a sociedade caminha para uma
desordem mundial, causada, sobretudo, pela falta de controle do Estado. Essa
ausência de controle é evidente na carência de políticas públicas par incentivar
civilização dos povos tradicionais. Nessa perspectiva, a escassez de debates
escolares acerca da importância desses sujeitos para a sociedade evidencia essa
carência. De modo que a compressão sobre esses indivíduos e sua relação com a
natureza, mostrando seus saberes ancestrais a essas contribuições para diversos
estudos científicos, como a invenção de remédios por folhas naturais, ajudaria na
valorização destes pelos cidadãos, associando a sua devida importância.
Portanto, é inegável que a problemática é fruto da má questão política. Por
fim, cabe ao Estado – principal provedor do bem-estar social – adicionar palestras
nas agendas das escolas públicas, que ressaltem a importância das comunidades
tradicionais na sociedade brasileira, mostrando seus saberes acerca da natureza e
sua devida contribuição para estudos científicos. Essa ação terá por finalidade a
redução de preconceitos e etnocentrismo antes estabelecidos, a fim de aumentar
a valorização e inclusão desses sujeitos no âmbito comunitário. Tudo isso deve ser
feito por meio da elaboração de estratégias educacionais, assim, o ambiente
patológico de Durkheim voltará ao normal.
C1: 200 C2: 200 C3: 180 C4: 200 C5: 200

48
Vinícius Santos Carvalho

Espelho
não disponível

49
Transcrição
A Constituição Federal de 1988, apesar de recentemente elaboração, possui
representatividade internacional pela sua vanguarda jurídica em garantir um
corpo social justo e uma vivência digna a todos os sujeitos em território brasileiro.
No entanto, mesmo perante a existência desse arcabouço normativo, os desafios
para a valorização de comunidades e povos tradicionais ainda persistem no Brasil,
demonstrando a limitação prática desse código legal e a necessidade de se
combater essa vicissitude que acaba por romper com a dignidade e a harmonia
da sociedade. Com efeito, não so a falha educacional, como também a
manipulação midiática aprofundam essa problemática.
Diante desse cenário, torna-se evidente que a falha educacional cristaliza a
dificuldade de valorização de grupos tradicionais no Brasil. Isso ocorre, porque,
observa-se a deterioração do papel formador do jovem na escola, visto que a
ingerência governamental prevê uma educação que limita a instrução social, de
modo que a sociedade não esteja preparada para valorizar esses indivíduos, muito
menos, propor caminhos para dilacerar essa realidade. Nesse sentido, tal situação
encontra forças no ensaio “pedagogia do Oprimido” cunhado pelo pedagogo
Paulo Freire, no qual retrata o ambiente escolar como uma ferramenta de
opressão que não habilita o sujeito para a convivência social e,
consequentemente, o torna incapaz de enaltecer minorias sociais, como é notado
na persistência de desafios de se valorizar grupos tradicionais do país.
Além disso, é inegável como a manipulação midiática alicerça a falta de
reconhecimento da importância desses povos. Isso acontece, pois os veículos de
comunicação, pautados em uma perspectiva lucrativa, valorizam o engajamento
de seus conteúdos, marginalizando, assim, a abordagem de situações que não
evocam a atenção do público, tal como procede com o enaltecimento de povos e
comunidades tradicionais. Dessa forma, a análise precária, que cerca o tema, é
silenciada na mídia or não ser um assunto atrativo e que envolve a maior parte do
público-alvo desses veículos. Nessa óptica, essa reflexão encontra forças na
afirmação de Zygmunt Bauman, para quem “Na era da informação, a
invisibilidade é equivalente a morte”, já que a pouca visibilidade midiática
direcionada a esse grupo leva à sua continuidade de desvalorização.
Portanto, é imprescindível a formulação de medidas para desconstruir o
problema. A partir disso, cabe ao Ministério da Educação, instruir as escolas a
aderir métodos que ajudem os alunos a reconhecer a importância de grupos
tradicionais do país, por meio de profissionais altamente qualificados que
consigam promover eficientes palestras, com o fito de minimizar a falha
educacional. Ademais, o Ministério da Comunicação – órgão responsável pelo
controle da informação – deve por intermédio da fiscalização dos assuntos
disseminados pela mídia, fazer com que os veículos midiáticos tragam
informações a respeito da importância de se valorizar comunidades e povos
tradicionais, com a finalidade desses grupos não serem invisibilizados nesse meio.
Desse modo, o acesso aos direitos constitucionais, serão, de fato uma realidade no
Brasil.

C1: 180 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200

50
Vitória Cristina Alexandrino de Melo

Espelho
não disponível

51
Transcrição
A chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, foi marcada por um confronto
cultural com os indígenas e por um interesse comercial com a exploração da terra,
como a extração do pau-brasil. No contexto nacional atual, compreende-se como
povos tradicionais os indígenas, os quilombolas, os ribeirinhos, entre outros.
Porém, ainda existem desafios para a valorização dessas pessoas. Isso ocorre
devido ao baixo empenho governamental para proteger esses grupos e tem como
consequência o enfraquecimento da preservação ambiental e das práticas
culturais.
Diante disso, o Brasil -país de enorme potencial social- ainda enfrenta
dificuldades para preservar as comunidades que realizam uma troca recíproca
com a natureza. Nesse sentido, esses povos preservam o meio ambiente e retiram
dele apenas o necessário para a sobrevivência, como o uso da agricultura e da
pesca artesanal. Desse modo, segundo o Jornal BBC News, as regiões Norte e
Nordeste do país são responsáveis por 79% dos povos tradicionais e eles afirmam
temer o avanço do agronegócio e do extrativismo na Amazônia. Logo, o estímulo
governamental para a proteção desses grupos está associado diretamente ao
controle do desmatamento e à manutenção dos biomas brasileiros.
Por consequência, o baixo empenho do Estado para manter a tradição desses
povos viva leva ao enfraquecimento da preservação ambiental e das práticas
culturais. Nesse contexto, as comunidades e os povos tradicionais defendem o
cuidado com a natureza, pois encontram nela tudo o que precisam para
sobreviver. Dessa forma, a Constituição Federal, no artigo 225, assegura que é
direito do cidadão viver em um país ecologicamente equilibrado e,
consequentemente, essa população necessita disso para preservar práticas
culturais passadas de geração em geração, como o manejo da terra e a relação
com a fauna e a flora.
Em síntese, o cuidado com esses povos significa manter viva a preservação do
meio ambiente e a cultura do país. Portanto, em virtude dos fatos mencionados, é
necessário buscar medidas para solucionar os desafios para a valorização de
comunidades e povos tradicionais no Brasil. Para isso, cabe ao Ministério da
Cidadania -órgão responsável pela garantia dos direitos civis- criar projetos de
auxilio financeiro e de assistência social aos povos tradicionais, por meio de locais
de apoio perto dessas comunidades que fiscalizem e garantam os direitos dessa
população, a fim de incentivar o cuidado com a natureza e proteger os hábitos
culturais desses indivíduos. Dessa maneira, o Artigo 225 da Constituição Federal
será efetivado na prática e o Brasil seguirá rumo ao desenvolvimento.

C1: 200 C2: 200 C3: 180 C4: 200 C5: 200

52
Professores
orientadores
Murilo Henrique (@mh.redacao)

Rennan Torres (@redatorres_)

Vinícius Oliveira (@profinho_)

Edilberto Ferreira (@betoredacao)

Paulo Alves (@fpauloalves07)

Rogelma Soares (@rogelmasoares)

Hermeson Veras (@edeverasoficial)

CR (@cursoredacao)

Augusto Sousa (@augusto_m_s)

Você também pode gostar