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Parafraseando um dito de Sartre (1968, p. 117) numa de suas famosas polêmicas com o
estruturalismo, dir-se-ia: o que foi feito do homem são as estruturas; o que ele faz (daquilo que
fizeram dele) é o sistema. p. 8
Está posta, aí, a equação que desembocará na questão escolar: o direito positivo, assim como
o saber sistemático, científico, supõe registros escritos. Assim, o domínio de uma cultura
intelectual, cujo componente mais elementar é o alfabeto, impõe-se como exigência generalizada de
participação ativa na sociedade. Ora, a cultura escrita não é produzida de modo espontâneo, natural,
mas de forma sistemática e deliberada. Portanto, requer, também, para a sua aquisição, formas
deliberadas e sistemáticas, isto é, institucionalizadas, o que fez com que, na sociedade moderna, a
escola viesse a ocupar o posto de forma principal e dominante da educação. p. 20
(…) uma nova reforma, a de Carlos Maximiliano, instituída em 1915, reoficializou o ensino e
introduziu o exame vestibular a ser realizado nas próprias faculdades, podendo a ele submeter-se
apenas os candidatos que dispusessem de diploma de conclusão do curso secundário. p. 31
(…) O Brasil chegou ao século XXI sem resolver um problema que os principais países resolveram
a virada do século XIX para o século XX: a universalização do ensino fundamental, com a
consequente erradicação do analfabetismo. Para enfrentar esse problema, a Constituição de 1988
previu, nas disposições transitórias, que o Poder Público nas suas três instâncias (a União, os
estados e os municípios) deveria, pelos dez anos seguintes, destinar 50% do orçamento educacional
para essa dupla finalidade. Isso não foi feito. p. 31
Essa resistência dos liberais à ideia de sistema nacional de educação persistirá nos anos
subsequentes, estendendo-se até os dias de hoje, sendo agora exacerbada no contexto do chamado
neoliberalismo. p. 36
Assim, além de tornar acessíveis os computadores pela disseminação dos aparelhos e em vez
de lançar a educação na esfera dos cursos a distância de forma açodada, é preciso garantir não
apenas o domínio técnico-operativo dessas tecnologias, mas a compreensão dos princípios
científicos e dos processos que as tornaram possíveis. Se continuarmos pelos caminhos que estamos
trilhando, não parece exagerado considerar que estamos, de fato, realizando aquelas profecias dos
textos de ficção científica que previram uma humanidade submetida ao jugo de suas próprias
criaturas, sendo dirigidas por máquinas engrenadas em processos automáticos. Pois não deixa de ser
verdade que, cada vez mais, nos relacionamos com as máquinas eletrônicas, especificamente com
os computadores, considerando-os fetichisticamente como pessoas a cujos nós nos sujeitamos e,
sem conseguirmos compreendê-los, atribuímos a eles determinadas características psicológicas
traduzidas m expressões que os técnicos utilizam para nos explicar seu comportamento, tais como:
ele, o computador, não reagiu bem ao seu procedimento; ele é assim mesmo, às vezes aceita o que
você propõe e às vezes não aceita etc. p. 60-61
Politécnica significa, aqui, especialização como domínio dos fundamentos científicos das
diferentes técnicas utilizadas na produção moderna. Nessa perspectiva, a educação de nível médico
tratará de concentrar-se nas modalidades fundamentais que dão base à multiplicidade de processos e
técnicas de produção existentes.
Essa é uma concepção radicalmente diferente da que propõe um ensino médio
profissionalizante, caso em que a profissionalização é entendida como um adestramento em uma
determinada habilidade sem o conhecimento dos fundamentos dessa habilidade e, menos ainda, da
articulação dessa habilidade com o conjunto do processo produtivo. p. 58
(…) boa parte das metas também é incontroversa por obviedade ou por ambiguidade. Aliás,
Ivan Valente entende que o texto se rege pelo “conhecido e esperto modo de legislar de nossas
elites”: no que interessa aos “de cima”, no caso do Plano criterioso, detalhista e, regra geral,
autoaplicável” (VALENTE, 2001, p. 14). Naquilo que é de interesse dos “de baixo”, “recorre-se à
redação ‘genérica’, no mais das vezes, sujeita a uma regulamentação, sempre postergada” (idem).
“(…) a força do privado traduzida na ênfase nos mecanismos de mercado vem contaminando
crescentemente a própria esfera pública. É assim que o movimento dos empresários vem ocupando
espaços nas redes públicas via UNDIME e CONSED, nos Conselhos de Educação e no próprio
aparelho de Estado, como o ilustram as ações do Movimento “Todos pela Educação”. É assim
também que grande parte das redes públicas, em especial as municipais, vêm dispensando os livros
didáticos distribuídos gratuitamente pelo MEC e adquirindo os ditos “sistemas de ensino” como
“Sistema COC”, “Sistema Objetivo”, “Sistema Positivo”, “Sistema Uno”, “Sistema Anglo” etc.
com o argumento de que tais “sistemas” lhes permitem aumentar um pontinho nas avaliações do
IDEB, o que até se entende: esses autodenominados sistemas têm know-how em adestrar para a
realização de provas, pois surgiram como cursos preparatórios para a realização dos exames
vestibulares visando ao ingresso nas universidades. É assim, ainda, que os recursos públicos da
educação vêm sendo utilizados para convênios com entidades privadas, em especial no caso das
creches. p. 89-90.
(…) grande parte das 2.915 emendas apresentadas ao Projeto de Lei n. 8.035/2010 não decorreu da
iniciativa parlamentar, mas de entidades da sociedade civil ligadas à educação, ou seja, uma parte
significativa das 2.915 apresentadas se originou da militância educativa no âmbito da sociedade
civil. Assim, constatamos que a Campanha Nacional pelo Direito à Educação apresentou 85
emendas; a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), 181; o
Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES), 206; a União Nacional dos Conselhos
Municipais de Educação (UNCME), 23; a ministra da Igualdade Racial, Luiza Helena de Barros,
50; a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), 60; o Fórum de Professores
das Instituições Federais de Ensino Superior (PROIFES), 41. Somente essas entidades jpa somam
646 emendas. p. 78
16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós-graduação dos professores e das professoras e
demais profissionais da educação básica;
16.6) fortalecer a formação dos professores e das professoras das escolas públicas de educação
básica, por meio da implementação das ações do Plano Nacional do Livro e Leitura e da instituição
de programa nacional de disponibilização de recursos para o acesso a bens culturais pelo magistério
público. p. 148